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montagem clássica Segundo Jacques Aumont, em “A Estética do Filme”, o raccord seria propriamente a construção de uma ligação formal entre dois planos sucessivos. Ele afirma também que ele reforçaria a ideia de continuidade representativa, provocando um efeito de ligação ou até mesmo de disjunção. Esse último seria um caso particular, o falso raccord, caracterizado quando essa ligação não transmite a noção de continuidade de uma ação ou fato apresentado, e sim uma ruptura no tempo/espaço. A ESTÉTICA DO FILME. JACQUES AUMONT raccord Raccord de movimento Ocorre quando um movimento parece manter continuidade entre um plano e outro. Por exemplo, um jogador de futebol chuta uma bola em um plano e no plano seguinte vemos a imagem do gol e da bola entrando na rede. Raccord de direção / eixo Na montagem de dois planos seguidos no qual um personagem ou veículo se movimenta pela tela, é necessário que este objeto ou veículo siga a mesma direção nos dois planos. Assim se o personagem se desloca da direita para a esquerda em um plano, no plano seguinte ele deve surgir na tela deslocando- se da direita para a esquerda, até que um movimento deste personagem indique o contrário (como uma curva ou uma parada no seu deslocamento). Raccord de Analogia / plástico Quando um plano possui uma imagem, objeto, cor, figura ou qualquer outro conteúdo da cena que remete a um conteúdo da cena anterior, a isto chamamos de Raccord por Analogia. tipos de raccord Willianson / Ação individual (atrações): The Big Swallow (1901) G.A Smith / Uso do close como intenção narrativa (pré-Griffith): The little doctor and the sick kitten (1901) Porter / princípio da continuidade: Life of an american fireman (1903) Charles Pathé / Montagem alternada: Le Cheval emballé (1907) Lois Weber / Montagem alternada: Suspense (1913) D.W. Griffith / Montagem alternada / desenvolvimento do campo-contracampo: Enoch Arden (1911) paradigmas percurso -> montagem clássica - Como pode contar uma história indo e vindo deste jeito? As pessoas não vão entender o que está acontecendo. - Bem, disse o Sr. Griffith, Dickens não escreve deste modo? - Sim, mas isto é Dickens, este é um modo de escrever um romance; é diferente. - Oh, não tanto; escrevemos romances com imagens; não é tão diferente! Griffith chegou à montagem paralela através de Dickens, cujos romances realizavam um “corte” na narrativa, ou seja, uma troca, na história, de um grupo de personagens por outro. A prática, aliás, não era exclusividade de Dickens: Alexandre Dumas Sr., Tolstói, Turgueniev e Balzac também a usavam montagem paralela D.W. Griffith Organicidade da montagem em Griffith, para Deleuze, contém 3 formas de alternância rítmica: Alternância das partes diferenciadas; Alternância das dimensões relativas; Alternância das ações convergentes (levando à montagem acelerada). organicidade montagem D.W. Griffith Alternância das partes diferenciadas é propriamente a montagem paralela, tomada em “relações binárias”: “O organismo é primeiramente uma unidade no diverso, isto é, um conjunto de partes diferenciadas: há os ricos e os pobres, a cidade e o campo, o Norte e o Sul, os interiores e os exteriores, etc.” (Deleuze, 1985, p.45) organicidade montagem D.W. Griffith ALTERNÂNCIA DAS PARTES DIFERENCIADAS “A segunda forma griffithniana de montagem, a alternância das dimensões relativas irá conferir um novo uso ao primeiro plano da cena. A utilização do primeiro plano de rostos e objetos nos filmes de Griffith dará ao conjunto objetivo uma subjetividade. Visando extrair efeitos dramáticos do ângulo de visão focalizando o conjunto da cena e depois o ator com maior intimidade de modo a destacar sua face, suas expressões mais íntimas e seus gestos menores, o primeiro plano terá como objetivo chamar atenção do espectador do pormenor que é, em determinado momento, importante para o percurso da ação” (AUGUSTO, 2004) organicidade montagem D.W. Griffith ALTERNÂNCIA DAS DIMENSÕES RELATIVAS A montagem cinematográfica e a lógica das imagens - Maria de Fátima Augusto “É instrutivo observar que o plano aproximado aparece na obra de Griffith justamente nos filmes dramáticos e intimistas, pois a caracterização de estados psicológicos semelhantes àqueles que se poderiam ler nos romances exigiam que se pudesse observar os protagonistas de perto, isolar um face transformada de dor, tornar visível uma mão que se contorce em um gesto nervoso”. (MACHADO apud AUGUSTO, 1997, p. 110) organicidade montagem D.W. Griffith ALTERNÂNCIA DAS DIMENSÕES RELATIVAS 2:17_intolerance A montagem cinematográfica e a lógica das imagens - Maria de Fátima Augusto Esse tipo de montagem presente em Griffith, compreende as ações que convergem para o mesmo fim, utilizando a alternância em duas ações que vão se encontrar. organicidade montagem D.W. Griffith AÇÕES CONVERGENTES “De fato enquanto a ordenação de duas ou mais cenas já era conhecida e praticada tanto no teatro quanto na literatura (Eisenstein afirma que Griffith aprendeu com Dickens a editar paralelo), a construção de uma série sintagmática com base em fragmentos de uma mesma ação em um mesmo espaço não encontra antecedentes na história dos meios narrativos, nem mesmo na tradição da lanterna mágica. Daí que Griffith vai preferir multiplicar infinitamente a matriz a-b-a-b em mais de uma centena de filmes, visto que ela não apresentava grandes problemas de decupagem. Assim a contribuição de Griffith para a consolidação de um modelo narrativo do cinema é inegável.” (MACHADO, 1997, p. 42) AÇÕES CONVERGENTES organicidade montagem D.W. Griffith “As ações convergentes tendem para o mesmo fim, reganhando o lugar do duelo, para inverter seu desfecho, salvar a inocência ou reconstituir a unidade comprometida, como a galopada dos cavaleiros que vêm socorrer os sitiados ou o percurso do salvador que alcança a jovem sobre os blocos do gelo (Orfãos da tempestade)" (MACHADO apud AUGUSTO, p46) AÇÕES CONVERGENTES organicidade montagem D.W. Griffith a montagem alternada intercala os planos de duas ou mais cenas e/ou sequências, apresentando ações que se desenrolam ao mesmo tempo em locais diferentes, mas que estão diretamente relacionados. Por sua vez, a montagem paralela alterna série de planos que não têm entre si qualquer relação de simultaneidade, sendo discursiva e não narrativa, podendo ser usada com fins retóricos de simbolização, para criar efeitos de comparação ou de contraste. montagem D.W. Griffith Assistir Enoch Arden, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=vhs-ez0JVdg Enoch Arden, D.W. Griffith https://www.youtube.com/watch?v=vhs-ez0JVdg montagem paralela D.W. Griffith montagem paralela As horas [2002] (direção: Stephen Daldry / montagem: Peter Boyle) https://www.imdb.com/name/nm0197636/?ref_=tt_ov_dr montagem paralela Cibo Matto - Sugar Water [1996] (direção: Michel Gondry) Algumas das contribuições de Griffith à montagem são: A variação de planos para criar impacto emocional - incluindo o grande plano geral, o close-up (primeiro plano), insert (plano de pormenor de um objecto), câmara subjectiva (o ponto de vista da personagem ou do actor) e o travelling (deslocação da câmara de filmar no espaço), a montagem alternada, a montagem paralela, os flashback (retrocessos temporais), as variações de ritmo, entre outras grandes contribuições montagem paralela D.W. Griffith Enoch Arden, D.W. Griffith “É importante lembrar ao roteirista o seguinte ponto: um roteiro sempre possui em seu desenvolvimento um momento de grande tensão, geralmente encontrado quase no final do filme. A fim de preparar o espectador, ou, mais corretamente, para preservá-lo para esta tensão final, é especialmente importante observar que o espectador não seja afetado por um cansaço desnecessário durante o decorrer do filme. Um método já discutido, no qual o roteirista consegue este objetivo,consiste na cuidadosa distribuição dos letreiros (que sempre distraem o espectador), comprimindo-os, numa quantidade maior, nos primeiros rolos e deixando o último rolo para a ação ininterrupta.” (PUDOVKIN in XAVIER, p. 63) montagem do roteiro. Pudovkin Montagem, para Pudovkin, como um método de controle da “direção psicológica” do espectador -> MONTAGEM RELACIONAL / INSTRUMENTO PARA IMPRESSIONAR 1. CONTRASTE. 2. PARALELISMO 3. SIMBOLISMO 4. SIMULTANEIDADE 5. LEITMOTIV montagem relacional PUDOVKIN CONTRASTE Evidencia aspectos antagônicos na sequência forçando o espectador a comparar as duas ações, sendo que uma reforça a outra. PARALELISMO Um objeto ou tom utilizado em determinadas cenas constrói uma relação paralela para a sequência. Por exemplo, um relógio que funciona como um eixo paralelo / marcante na ação de distintos personagens para uma ação que se dará em um tempo determinado. SIMBOLISMO Introdução de um conceito abstrato / associativo na cabeça do espectador SIMULTANEIDADE Tem como objetivo final criar no espectador uma situação máxima de excitação a partir da simultaneidade entre duas sequências em que uma depende da resolução da outra. LEITMOTIV Reiteração do tema a partir de uma construção sígnica específica. montagem relacional PUDOVKIN montagem relacional PUDOVKIN https://www.youtube.com/watch?v=-jiiM3X3_XM ver o vídeo Pudovkin's 5 Editing Techniques, disponível em: O montador Walter Murch chama atenção para a característica notadamente arbitrária na imposição de que o corte obedeça a ordem de uma “continuidade tridimensional”. Em sua concepção, a escolha do momento de definir um corte, com base neste parâmetro, não é suficiente para garantir uma boa montagem (como exemplo cita os programas sitcom). Para ele, o corte ideal deve ser definido em função de seis regras que se apresentam em ordem de importância. regra de SEIS (MURCH) regra de SEIS (MURCH) 1. Emoção (51%): Reflete a emoção do momento 2. Enredo (23%): Faz o enredo avançar 3. Ritmo (10%): Acontece no momento “certo”, dá ritmo 4. Alvo da imagem (7%): Respeita o que podemos chamar de alvo da imagem (eye trace), ou seja, a preocupação com o foco de interesse do espectador e sua movimentação dentro do quadro. 5. Plano bidimensional da tela (5%): Respeita a “planaridade” - a gramática das três dimensões transpostas para duas pela fotografia (a questão da linha de eixo, stageline). 6. Espaço tridimensional da ação (4%): Respeita a continuidade tridimensional do próprio espaço (onde as pessoas estão na sala e em relação uma as outras).
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