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Ficha de Leitura 2 UNIDADE IV Finanças Públicas como Instrumento da Política Económica Introdução Nesta unidade pretende-se que os Estudantes conheçam as três funções do Sector Público Segundo Musgrave Ao completar esta unidade/lição, você será capaz de: Definir as funções do Estado Identificar os objectivos das funções do Estado Mencionar as características das funções estabilizador do Estado Função do Estado A síntese de Musgrave – As três funções do Sector Público Segundo Musgrave Richard Abel Musgrave (1910-2007) foi um dos fundadores da teoria contemporânea de finanças públicas e professor na Universidade de Harvard University. Publicou em 1959, “The Theory of Public Finance”, obra em que teoriza sobre o papel económico dos governos em associação com o sector privado, nas sociedades democráticas. Richard Abel Musgrave, “Pai de Finanças Públicas do Século XX” nasceu na Alemanha em 1910. Musgrave sistematizou as três funções do sector public numa economia mista contemporânea: A função da Afectação A função de afectação tem por objectivos: Promover a afectação eficiente de recursos Assegurar os fundamentos dos mercados (direitos e propriedades, etc) Ultrpassar os fracassos do mercado (provisão de bens públicos, correcção das externalidades, lidar com informação assimétrica). Uma das áreas de intervenção do sector público é a da provisão de bens e serviços públicos que, sendo desejados pelos cidadãos, não encontram provisão através do funcionamento dos mercados. Como vimos anteriormente, para certos bens, os preços a que são transaccionados reflectem os custos privados necessarios à sua produção, mas não o custo global que a sociedade tem que suportar com a sua produção, referimo-nos das externalidades. Há pois que tributar, penalizar, desencorajar as empresas poluidoras ou os consumidores com vista aos agentes económicos incorporarem esses efeitos externos nas suas decisões. Um terceiro tipo de intervenção pública no âmbito da função afectação diz respeito à regulação. Muitos mercados funcionam de forma não competitiva (em oligopólio – poucos vendedores ou monopólio – um único vendedor) o que requer a intervenção do Estado de forma a regular a correcção das restrições à concorrência. Um dos objectivos da regulamentação é evitar que as empresas pratiquem preços de monopólio. Assim no âmbito da intervenção pública no campo da função afectação é a provisão de bens e serviços públicos, a correcção do comportamento dos agentes económicos através de impostos ou subsídios para que incorporem os efeitos externos das suas actividades e finalmente, a regulação de certas actividades produtivas. A Função Distribuição A função distribuição tem por objectivo: Promover uma sociedade mais justa Igualdade de oportunidades – assegurar a todos os cidadãos o acesso a certos bens e serviços considerados meritórios (cuidados básicos de saúde, ensino básico, defesa, etc) Desigualdade de rendimentos – alterar a distribuição de rendimentos resultante do mercado. A distribuição de rendimento e riqueza numa sociedade é, em grande parte, uma herança do passado, na medida em que determina a distribuição de direitos de propriedade entre os agentes económicos. Algumas pessoas detêm terras, outros activos financeiros, outras apenas a sua força de trabalho, os seus talentos e capacidade que são valorizadas de forma diversa pelo mercado. As diferenças dotações de factores produtivos e o seu valor de mercado (o seu preço) determinam a distribuição de rendimento e riqueza num determinado momento histórico numa sociedade. Essa distribuição poderá ser considerada “justiça”, no primeiro caso não haverá razões para que o governo intervenha por motivos de distribuição de rendimento. Certos bens e serviços, embora de natureza essencialmente privada, são designados por bens de mérito ou bens primários, como é o caso de níveis de instrução básica, dos cuidados primários de saúde, de àgua potável, do pão, etc. Uma sociedade justa baseia-se no princípio de igualdade de oportunidades para todos cidadãos o que pressupõe, entre outras coisas, uma igualdade de acesso implica que o Estado intervenha ao nível do ensino básico obrigatório, ao nível de campanhas de vacinação gratuitas, ao nível do saneamento do meio, e noutros sectores. Está-se, neste caso, na presença de uma provisão a todos os cidadãos de certos bens e serviços directamente “em espécie”. É nestes dois sentidos que se pode falar numa função de distribuição com o duplo objectivo de intervir, quer a distribuição de rendimento e riqueza com vista a adequá-la a uma norma distributiva considerada mais desejável, quer a provisão em espécie de certos bens/serviços (primários e de mérito) com vista a contribuir para uma maior igualdade de oportunidades. A Função de Estabilização A função de estabilização tem por obejctivo principal o seguinte: O de promover a estabilização macroeconómica da economia, ao nível de: Emprego; Estabilidade de preços; Equilíbrio de contas existentes e; Crescimento económico. A função de estabilização tem por objectivo, promover a estabilização macroeconómica da economia, de forma a contribuir para o crescimento sustentado da economia, para níveis de emprego elevados, para uma estabilidade de preços para um equilíbrio das contas externas. É sabido que, o livre funcionamento dos mercados não leva necessariamente a situações de pleno emprego (ou da taxa “natural” de desemprego) e que a intervenção da política orçamental poderá ter um papel importante na mautenção de níveis mais desejados de crescimento económico e de desemprego. É também sabido que, níveis de despesa pública elevados, não acompanhados das respectivas receitas fiscais, tendem a gerar pressões inflacionistas, devido a pressão sobre as taxas de juro das acrescidas necessidades de financiamento do Estado, e que mesmo orçamento equilibrados têm efeitos expansionistas. A utilização da política orçamental com vista a alcançar certos objectivos de natureza macroeconómica está precisamente relacionada com a função de estabilização. Teoria de Tributação Para poder desempenhar as suas funções, o governo precisa de recursos. Os tributos são a principal fonte de geração de receitas do governo. O tributo é gênero cujas espécies são: Impostos taxas Contribuições Imposto Imposto é o tributo cuja obrigação tem por facto gerador uma situação independente de qualquer actvidade estatal específica, relativa ao contribuinte. (Código Tributário Nacional) Taxa As taxas são a compensação de um serviço obtido do Estado ou dos poderes locais paga por serviço particular, de natureza divisível. Taxa é o tributo instituído para remunerar um determinado serviço (ou uma determinada actividade) especial do Estado, e que seja cobrado somente dos contribuintes de que facto se utilizam desse serviço ou actividade ou que os tenham à sua disposição (Rubens Gomes Souza). Contribuições Compete exclusivamenten à União instituír contribuições sociais, de intervençõo no domínio económico e de interesse das categorias profissionais ou económicas. Para tornar o sistema tributário adequado à sociedade, alguns conceitos devem ser considerados: Equidade Progressividade Neutralidade Simplicidade Exercícios 1. A função distribuição na sua explicação funcional tem duplo objectivo de interveição. Comente 2. Em que consiste a intervenção pública no campo da função afectação? 3. Musgrave sistematizou as três funções do sector público numa economia mista contemporânea como a: a função da fectação, Distribuição e Estabilização. a) Mencione as principais características das funções acima sistematizados pelo Musgrave e caracterize o objectivo principal da última função. NB: Quem quiser aprofundarmais sobre esta matéria, procure ler a Obra do Richard Abel Musgrave