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CURSO DSC APOSTILA DE CONTABILIDADE PÚBLICA ÁREA 5 BACEN Prof. José Antônio Felgueiras e_mail: jose@crcrj.org.br telefone: 2524-2330 Contabilidade Pública – Prof. José Antônio Felgueiras 2 1 CONTABILIDADE PÚBLICA 1.1 CONCEITO A Contabilidade Aplicada à Administração Pública nas áreas Federal, Estadual, Municipal ou no Distrito Federal, tem, como base, a Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, que estatui normas gerais de direito financeiro para a elaboração e o controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Pode-se dizer que a Lei 4.320/64 está para a Contabilidade Aplicada à Administração Pública assim como a Lei das Sociedades por Ações, Lei nº 6.404/76, está para a Contabilidade aplicada à atividade empresarial. Com base nos dispositivos da Lei 4.320/64, podemos então definir a Contabilidade Pública como sendo o ramo da contabilidade que coleta, registra e controla os atos e fatos da Fazenda Pública, mostra o Patrimônio Público e suas variações, bem como acompanha e demonstra a execução do orçamento. 1.2 OBJETO O objeto de qualquer contabilidade é o Patrimônio. O da Contabilidade Pública é o Patrimônio Público, exceto os bens de domínio público ou de uso comum do povo, como: lagoas, rios, praças, estradas, ruas, etc... A principal característica para se identificar os bens de domínio público, ou de uso comum do povo é observar o uso direto e imediato desses bens pela sociedade. Entende-se por uso direto aquele que se faz pessoalmente; e o imediato, aquele que se faz sem intermediário. Importante : Alguns examinadores consideram o Orçamento como objeto da contabilidade, tendo em vista que na contabilidade pública quase tudo se origina nele. 1.3 OBJETIVO O objetivo da Contabilidade Aplicada à Administração Pública é fornecer informações atualizadas e exatas à Administração para subsidiar as tomadas de decisões e, aos Órgãos de Controle Interno e Externo para o cumprimento das normas legais, bem como às instituições governamentais e particulares informações estatísticas e outras de interesse dessas instituições. 1.4 EXERCÍCIO FINANCEIRO O Exercício Financeiro corresponde ao período de doze meses (um ano) no qual o orçamento será executado. No Brasil, segundo o art. 34 da Lei n.º 4.320/64, o exercício financeiro coincidirá com o ano civil, iniciando-se em 1º de janeiro e findando em 31 de dezembro. 1.5 REGIME CONTÁBIL A Lei 4.320/64, em seu artigo 35, determina o seguinte: “Pertencem ao exercício financeiro: I - as receitas nele arrecadadas; II- as despesas nele, legalmente, empenhadas”. Este artigo da lei consagrou, sob o aspecto orçamentário, o regime contábil misto para a Contabilidade Aplicada à Administração Pública, no Brasil, ou seja, de caixa, para as receitas (as receitas nele arrecadadas pelo ingresso dos recursos financeiros) e o de competência, para as despesas (legalmente empenhadas). Contabilidade Pública – Prof. José Antônio Felgueiras 3 1.6 CONTABILIDADE PÚBLICA X CONTABILIDADE GERAL Na tabela 3 evidenciamos as principais diferenças entre a Contabilidade Pública e a Contabilidade Geral. Verifica-se nesta tabela pontos importantes no exercício profissional. Aspectos Contabilidade Publica Contabilidade Geral Legislação Lei 4320/64 Lei 6.404/76 Princípios PFC e Princípios Orçamentários PFC Registro Atos e Fatos Administrativos Fatos Administrativos Regime de Escrituração Regime Misto, ou seja, de Caixa para as Receitas e de Competência para as Despesas Regime de Competência Resultado Superávit ou déficit de gestão Lucro ou prejuízo do Exercício Demonstrações Financeiras Balanço Orçamentário, Financeiro, Patrimonial e Demonstração das Variações Patrimoniais. Balanço Patrimonial, DRE, DFC, DLPA, DMPL e DVA Sistemas de Escrituração Orçamentário, Financeiro, Patrimonial e Compensação. Contas Financeiras e Patrimoniais registradas em um só sistema 1.7 EXERCÍCIOS 1 – (Contador/TRF 4ª região) No Brasil, pertencem ao exercício financeiro as: (A) Receitas nele lançadas (B) Despesas nele fixadas e processadas (C) Despesas nele empenhadas e liquidadas (D) Despesas que nele tenham sido pagas (E) Receitas nele arrecadadas 2 – (Analista Judiciário/TRE-PA) Os tipos de entes a que se aplica a contabilidade pública: (A) Organizações da sociedade civil de interesse público. (B) Empresas Públicas dependentes. (C) Sociedades de Economia Mista. (D) Associações beneficentes que tenham contrato com o poder público. (E) Fundações privadas de utilidade pública. 3 – (Técnico de Promotoria/Ciências Contábeis/MPE-PB) A Contabilidade Pública tem como objeto: (A) Relatórios exatos e precisos, para subsidiar a administração na tomada de decisões. (B) O Patrimônio Público e o controle orçamentário. (C) Os órgãos de controle interno e externo. (D) O Patrimônio e os bens de domínio público. (E) Todas as instituições governamentais e particulares. 4 – (Contador/Eletronorte) Sobre a Contabilidade Pública, de acordo com a Lei n.º 4.320/64, é correto afirmar que: (A) Evidenciará os fatos ligados à administração orçamentária, financeira, patrimonial e industrial (B) O registro contábil da receita e despesa pública obedecerá ao regime de competência (C) O registro contábil da receita e despesa far-se-á de acordo com as especificações do decreto- lei 200/67 (D) A contabilidade manterá registros sintéticos das dívidas flutuante e fundada (E) A depreciação dos bens públicos registrada em contas redutoras da conta patrimonial Contabilidade Pública – Prof. José Antônio Felgueiras 4 5 – (Advocacia Geral da União/2006) Considere as opções a seguir: I. despesas relativas a X0, pagas em X1 – R$ 90.000; II. despesas relativas a X1, pagas em X0 – R$ 45.000; III. despesas relativas a X0, pagas em X0 – R$ 60.000; IV. receitas relativas a X0, recebidas em X1 – R$ 120.000; V. receitas relativas a X1, recebidas em X0 – R$ 70.000; VI. receitas relativas a X0, recebidas em X0 – R$ 65.000. Sabendo-se que foi apurado um lucro de R$ 35.000, o regime de contabilização adotado (receitas e despesas) foi: (A) Regime de Caixa para Receitas e Despesas (B) Regime de Caixa para Receitas e Regime de Competência para Despesas (C) Regime de Competência para Receitas e Despesas (D) Regime de Competência para Receitas e Regime de Caixa para Despesas (E) Regime Complexo 6 – (Analista Legislativo Contador/Assembléia Legislativa do Espírito Santo) São características da Contabilidade Pública: (A) Regime contábil misto, apuração de lucro ou prejuízo e controle orçamentário rígido (B) Resultados de acordo com a natureza das despesas, apuração de superávit ou déficit e controle orçamentário flexível (C) Regime contábil de competência, apuração de superávit ou déficit e controle orçamentário rígido (D) Regime contábil misto, apuração de superávit ou déficit e controle orçamentário rígido (E) Regime contábil de competência, apuração de superávit ou déficit e resultados de acordo com a natureza das despesas 7 – (Contador/Câmara Municipal de Vassouras) Os regimes contábeis utilizados pela contabilidade pública para os registros da despesa e da receita são, respectivamente: (A) Caixa e Competência (B) Competência e Caixa (C) Misto e Caixa (D) Competência e Misto 8 – (Analista de Finanças e Controle) O campo de aplicação da contabilidade pública vem-se expandindo nos últimos anos, sobretudo por determinação da legislação federal. Assinale a opção que indica os entes incluídos no seu campo de aplicação, em razão da Lei Complementar n.º 101/2000 – LRF: (A) Autarquias federais (B) Empresas estatais dependentes (C) Fundações privadas pertencentes aos Municípios (D) Empresas controladas pelas instituições financeiras públicas (E) Empresas públicas financeiras 9 – (Analista de Finanças e Controle/CGU) Sobrea Contabilidade Pública no Brasil, NÃO podemos afirmar que: (A) É instrumento de registro e controle da execução do orçamento aprovado pelo Poder legislativo (B) Registra a fixação da receita e a previsão da despesa (C) Não contabiliza praças e arruamentos (D) Adota, para apuração de resultados, o regime contábil misto, isto é, regime de caixa para a receitas e de competência para despesas (E) Adota o sistema de partidas dobradas Contabilidade Pública – Prof. José Antônio Felgueiras 5 10 – (Analista Judiciário/TRT) O regime orçamentário da receita é estabelecido: (A) Pela sua previsão (B) Pela sua arrecadação (C) Pela sua inscrição como dívida ativa (D) Pelo seu recolhimento (E) Pelo seu lançamento 11 – (Analista Judiciário/TRT) O exercício financeiro compreende: (A) 12 meses consecutivo quaisquer (B) 12 meses coincidindo com o ano-calendário (C) 18 meses consecutivos (D) 18 meses coincidindo com o ano civil (E) 24 meses consecutivo 12 – (Analista de Finanças e Controle) Pertencem necessariamente ao exercício financeiro as despesas nele: (A) Previstas (B) Empenhadas (C) Liquidadas (D) Liquidadas e pagas (E) Empenhadas e não-liquidadas 13 – (Contador/UERJ) São considerados bens de uso comum do povo: (A) Mares, estradas, ruas e praças (B) Ruas, praças, edifícios e escolas (C) Edifícios; praças, hospitais e ruas (D) Terrenos, praças, mares e estradas (E) Estradas, edifícios, mares e hospitais 14 – (Analista de Finanças e Controle) Não integram o patrimônio das entidades públicas: (A) Os bens de uso comum, generalizado e indiscriminado, tais como praças, estradas, ruas e etc (B) Os bens recebidos por doações (C) Os bens intangíveis (D) Os bens oriundos de produção própria (E) Os bens em construção 15 – (Inspetor de Controle Externo/TCE-RN) A Contabilidade Pública, no Brasil, tem algumas peculiaridades em relação à Contabilidade Empresarial. Entre as características mencionadas a seguir, uma delas, apenas, é comum à Contabilidade Pública e à Empresarial. Assinale a opção correspondente: (A) O reconhecimento dos encargos de depreciação (B) A apropriação da receita quando a mesma é auferida (C) O provisionamento das obrigações a pagar (D) A adoção do regime de competência para a despesa (E) A classificação como permanente do material com vida útil superior a um ano Contabilidade Pública – Prof. José Antônio Felgueiras 6 2 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 2.1 CONCEITO É todo aparelhamento do ente público, ordenado para gerir serviços públicos, visando à satisfação das necessidades da sociedade. Por meio da administração pública, cabe aos administradores públicos gerenciar os programas governamentais, a fim de cumprir os objetivos e metas estabelecidas no plano de governo quanto aos aspectos da economicidade, eficiência, eficácia e efetividade. 2.2 ESTRUTURAÇÃO O campo de atuação da Administração Pública compreende os órgãos da Administração Direta e os da Administração Indireta. 2.2.1 Administração Direta Abrange a estrutura administrativa dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. No Poder Executivo, a nível Federal, é constituído da Presidência da República e dos Ministérios, a nível Estadual, da Governadoria e Secretarias de Estado, a nível Municipal, Prefeitura e Secretarias. No Poder Legislativo, a nível Federal, é constituído do Senado Federal, Câmara dos Deputados e Tribunal de Contas da União, a nível Estadual, Assembléia Legislativa, Tribunal de Contas do Estado e Conselho de Contas, a nível Municipal, Câmara dos Vereadores e Tribunal de Contas do Estado ou Município (somente as cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo possuem Tribunal de Contas do Município). No Poder Judiciário, a nível Federal, é constituído do Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça, Tribunais Regionais Federais, Tribunal Superior do Trabalho, Tribunal Superior Eleitoral e Superior Tribunal Militar, a nível Estadual, Tribunal de Justiça e Tribunais de Alçada. 2.2.2 Administração Indireta Atividade administrativa descentralizada exercida por entidades com personalidade jurídica de direito público ou privado, vinculadas a um órgão da administração direta, criadas ou autorizadas por lei específica, com a função de prestar serviço público ou de interesse público, para satisfação do Estado e das necessidades coletivas. A legislação existente que dispõe sobre a administração indireta (Decreto-Lei Federal nº 200/67, alterado pelo Decreto-lei nº 900/69), contempla uma série de entidades, quer de direito público (autarquias) quer de direito privado (empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações), através das quais o Estado pode descentralizar os serviços públicos ou de interesse público. 2.2.2.1 Entidades que Compõem a Administração Indireta O Estado pode utilizar-se de instituições com personalidade jurídica de direito público ou de direito privado, dependendo dos serviços que pretende transferir, quer por força de contingência ou de conveniência administrativa. A tabela 5 mostra essas entidades: ADMINISTRAÇÃO INDIRETA Autarquias, incluindo as Agências Reguladoras. Empresas Públicas Fundações Sociedades de Economia Mista Contabilidade Pública – Prof. José Antônio Felgueiras 7 Importante: As organizações sociais não fazem parte da administração indireta. Essas entidades quando preencherem os requisitos legais poderão celebrar contratos com a administração pública para formação de parceria e execução de determinadas atividades. 2.2.2.2 Autarquias É uma entidade criada por lei, com personalidade de direito público, com patrimônio e receitas próprias, para executar atividades típicas da administração pública, ou seja, atribuições estatais específicas. À autarquia geralmente, são indicados serviços que requeiram maior especialização e, conseqüentemente, organização adequada, autonomia de gestão e pessoal técnico especializado. Exemplos de Autarquias: Autarquias Profissionais Autarquias Especiais Conselho Federal de Contabilidade Banco Central do Brasil Conselho Federal de Medicina Comissão de Valores Mobiliários Conselho Federal de Administração INSS 2.2.2.3 Entidades Paraestatais São pessoas jurídicas de direito privado, cuja criação é autorizada por lei, com patrimônio público ou misto, para a realização de atividades, obras ou serviços de interesse coletivo, sob normas e controle público. Ressalta-se que, do ponto de vista de enquadramento no entendimento de administração indireta ou descentralizada, existem algumas formas de constituição de entidades paraestatais, como tais configuradas, quais sejam: • Empresas Públicas • Fundações • Sociedades de Economia Mista 2.2.2.4 Empresas Públicas Entidades dotadas de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivamente governamental, criação autorizada por lei, para exploração de atividade econômica ou industrial, que o governo seja levado a exercer por força de contingência ou conveniência administrativa. Exemplos de Empresas Públicas: Casa da Moeda do Brasil, Caixa econômica Federal, Imprensa Oficial, entre outras. 2.2.2.5 Fundações Entidades dotadas de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio, criação autorizada por lei, escritura pública e estatuto registrado e inscrito no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, com objetivos de interesse coletivo, geralmente de educação, ensino, pesquisa, assistência social, com personificação de bens públicos, sob amparo e controle permanente do Estado. Exemplos de Fundações: Fundação Nacional do Índio, Fundação Osvaldo Cruz, Fundação Padre Anchieta, entre outras. Contabilidade Pública – Prof. José Antônio Felgueiras 8 2.2.2.6 Sociedades de Economia Mista Entidades dotadas de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio, criação autorizada por lei para a exploração de atividadeeconômica ou serviço, com participação do poder público e de particulares no seu capital e na sua administração. Exemplos de Sociedades de Economia Mista: Petrobrás S.A., Banco do Brasil S.A. 2.3 SERVIÇO PÚBLICO É o conjunto de atividades e bens que são exercidos ou colocados à disposição da coletividade, visando abranger e proporcionar o maior grau possível de bem-estar social ou de prosperidade pública. O Estado (organização do poder político da comunidade), é organizado com a finalidade de harmonizar sua atividade em função destes objetivos. Os serviços públicos cuja finalidade é prover às necessidades coletivas por meio do provimento dos chamados bens públicos podem ser considerados como: a) Gerais ou Universais: O Estado identifica a necessidade coletiva e, sem que ninguém lhe peça, cria e executa o serviço. A necessidade dos serviços não é de todos, mas todos devem pagá-lo. Este pagamento será exigido pelo Estado na forma de IMPOSTO. b) Particulares, Especiais ou Específicos: Os cidadãos pedem espontaneamente ou são obrigados a pedi-los, tendo por conseqüência a possibilidade de se utilizar deles individualmente. Esses serviços são chamados de indivisíveis e seu pagamento será feito na forma de TAXA. Os SERVIÇOS PÚBLICOS são todos aqueles: I. Prestados exclusivamente pelo Estado, II. Delegados por Concessão ou por Permissão ou, III. Utilidade Mista. São prestados sob condições impostas e fixadas pelo Estado, visando à satisfação de necessidades da comunidade. Não se justifica a existência do Estado senão como entidade prestadora de serviços e utilidades aos indivíduos que o compõem. O serviço público deve ser geral, uniforme, regular e contínuo, e deve tutelar o direito e o bem- estar geral. A tabela 4 mostra que os serviços públicos podem abranger atividades que competem exclusivamente ao Estado e por ele são exercidos diretamente, e também por atividades exercidas por delegações do Poder Público, visando atender sempre aos interesses da sociedade. Tabela 4 – Serviços Públicos SERVIÇOS PRIVATIVOS DO ESTADO competem exclusivamente ao Estado SERVIÇOS DE UTILIDADE PÚBLICA serviços prestados por delegação PRESTAÇÃO DE SERVIÇO MISTA prestado pelo Estado como seu dever, ou por pessoa física ou jurídica de caráter privado, independente de delegação para tanto Contabilidade Pública – Prof. José Antônio Felgueiras 9 2.3.1 Serviços Privativos do Estado São as atividades exercidas diretamente pelo Estado, que pela sua natureza exigem centralização e exclusividade, pois satisfazem necessidades de subsistência da coletividade. São aqueles que se relacionam intimamente ao bem-estar coletivo e por isso mesmo só podem ser executados diretamente pelo Poder Público, sem delegações a particulares. Cabe ao Estado a promoção dos serviços que proporcionam à sociedade bens que não possam ser alcançados pela atividade de particulares. Exemplos: relações diplomáticas e consulares; defesa e segurança do território nacional; emissão de moeda; poder de polícia e segurança públicas; e outras que exigem medidas compulsórias em relação aos indivíduos, impostas através de preceitos constitucionais e por isso incontestáveis. 2.3.2 Serviços de Utilidade Pública São os serviços públicos prestados por delegação do Poder Público, sob condições fixadas por ele, onde prevalece o princípio da boa-fé e lealdade para com os administradores em toda a atividade administrativa. Eles facilitam a existência do indivíduo na sociedade (comodidade, conforto e bem- estar). Eles se subordinam às exigências da comunidade, às conveniências do todo social e mantêm-se na conformidade de satisfação das necessidades do indivíduo na coletividade. Assiste ao usuário não só o direito de obtenção e fruição do serviço, mas também da sua regular e permanente prestação. Os serviços de Utilidade Pública podem ser prestados das seguintes formas: 2.3.2.1 Por Concessão É a delegação contratual ou legal da execução de um serviço público. Procedimento pelo qual uma pessoa de direito público (autoridade concedente), confia mediante delegação contratual a uma pessoa jurídica (concessionário), o encargo de explorar um serviço público. A concessão é um ato que deve ser amparado por autorização legislativa, conforme o edital de Licitação na modalidade Concorrência. O contrato de concessão não transfere propriedade ao concessionário, sendo-lhe somente delegada a prática da atividade pública. A fiscalização e regulamentação dos serviços são reservadas ao Poder Público, fixando unilateralmente o funcionamento, a organização e a forma da prestação de serviço. As atribuições podem ser modificadas pelo Estado, sempre que o interesse público o exigir, bem como pode também revogar a concessão, caso não se cumpra eficientemente à delegação concedida. Ao Concessionário é concedido o direito de remuneração através de cobrança de tarifas aos usuários, dando-lhe assim a garantia de um equilíbrio econômico-financeiro. O equilíbrio financeiro é condição essencial de legalidade na concessão de serviço público. Sempre que o Estado modificar unilateralmente os encargos do Concessionário, é obrigado a compensar o abalo da parte econômica da concessão, por meio da revisão de tarifas. Por se tratar de serviços que devem ser obrigatoriamente oferecidos ininterrupta e permanentemente, cabe também ao usuário o direito de fiscalizar e exigir do Concessionário o correto fornecimento do serviço. O usuário que se sentir prejudicado pode exigir judicialmente o cumprimento da prestação do serviço. Exemplos: fornecimento de energia elétrica, abastecimento de água, comunicações telefônicas, radiodifusão, os serviços de transporte coletivo, exploração de jazidas e fontes minerais, entre outros. Contabilidade Pública – Prof. José Antônio Felgueiras 10 2.3.2.2 Por Permissão É aquele pelo qual o Poder Público (autoridade permitente), concede, em caráter precário a uma pessoa de direito privado (permissionário), a título gratuito ou oneroso, a exploração de um serviço público. A precariedade existe em função de não ser imposto ao permissionário a necessidade de dispor de grandes importâncias para exercer a atividade, porém a permissão pode ser revogada a qualquer momento sem direito a indenização. A permissão de serviço ou de uso de bens públicos serão outorgados por decreto, após edital de licitação para escolha do melhor prestador de serviço. Exemplos: colocação de bancas para venda de jornais na via pública, os serviços de transporte coletivos, quando não forem outorgados pelo ato convencional de concessão, entre outros. 2.3.3 Prestação de Serviço Mista São as atividades prestadas pela Administração, por seu dever de Estado, que também podem ser executadas por pessoa jurídica de caráter privado, independente de delegação para tanto. Em função de existirem alguns mandamentos constitucionais que atribuem certos direitos aos cidadãos e outros que atribuem certas obrigações ao Estado, sem, entretanto, vedar a execução de tais serviços a pessoas físicas ou jurídicas de direito privado. Exemplos: Secretaria de Educação e entidades de ensino particulares; Previdência Pública e Privada; Hospitais Públicos e Privados. Contabilidade Pública – Prof. José Antônio Felgueiras 11 2.4 EXERCÍCIOS 16 – (Auditor-Fiscal/Prefeitura de São Paulo) Uma agência reguladora e uma organização social, respectivamente: (A) Integra a Administração Direta e integra a Administração Indireta (B) Integra a Administração Indireta e integra a Administração Indireta (C) Integra a Administração Indireta e não integra a Administração Pública (D) Não integra a Administração Pública e integra a Administração Indireta (E) Não integra a Administração Pública e não integra a Administração Pública 17 – (Auditor-Fiscal/Prefeitura de São Paulo) Aorganização administrativa brasileira tem como característica a: (A) Não previsão de estruturas descentralizadas (B) Personificação de entes integrantes da Administração Indireta (C) Ausência de relações de hierarquia (D) Ausência de mecanismos de coordenação e de controle finalístico (E) Inexistência de entidades submetidas a certas regras de direito privado 18 – (Auxiliar de Controle Externo/TCE-MG) São Empresas Públicas: (A) As Autarquias. (B) As Agências Reguladoras. (C) As Fundações Públicas. (D) Aquelas constituídas por Lei, com patrimônio do Estado e da iniciativa privada. (E) Aquelas constituídas por Lei, com patrimônio exclusivo do Estado. 19 - (Auditor/INSS) De acordo com as normas legais vigentes, as chamadas fundações públicas, na área federal, são: (A) Equiparadas às empresas públicas (B) Entidades privadas fora da Administração (C) Entidades da Administração Indireta (D) Regidas por disposições do Código Civil (E) Órgãos da Administração Direta 20 – (Auditor/INSS) As autarquias federais, pela sua natureza, são consideradas pessoas: (A) Políticas; (B) Administrativas, com personalidade jurídica de direito privado; (C) Jurídicas de direito privado; (D) Administrativas, sem personalidade jurídica própria; (E) Jurídicas de direito público Contabilidade Pública – Prof. José Antônio Felgueiras 12 3 ORÇAMENTO PÚBLICO 3.1 CONCEITO É o instrumento de que dispõe o Poder Público, em qualquer de suas esferas, para expressar, em determinado período de tempo, o seu programa de atuação, discriminando a origem e o montante dos recursos a serem obtidos, bem como os dispêndios a serem efetuados. É a materialização da ação planejada do Estado na manutenção de suas atividades e na execução de seus projetos. Lei de iniciativa do Poder Executivo que estima a receita e fixa a despesa da administração pública. É elaborada em um exercício e, após aprovada pelo Poder Legislativo, vigora no exercício seguinte. 3.2 TIPOS DE ORÇAMENTO Corresponde à característica que determina a maneira pela qual o orçamento é elaborado, segundo o regime político vigente, variando de acordo com a forma de Governo. O Brasil já vivenciou três tipos de orçamento, que são: • Legislativo É o tipo utilizado em países parlamentaristas, no qual a elaboração, a votação e a aprovação do orçamento são de competência do poder Legislativo, cabendo ao Executivo a sua execução; • Executivo É o tipo em países onde impera o poder absoluto, no qual a elaboração, a aprovação, a execução e o controle do orçamento são da competência do Poder Executivo; • Misto Este tipo é utilizado nos países cujas funções legislativas são exercidas pelo Congresso ou Parlamento, sendo sancionado pelo Chefe do Poder Executivo. Sua elaboração e execução é competência do Poder Executivo, cabendo ao Poder Legislativo sua votação e seu controle. Este é o tipo utilizado atualmente no Brasil, previsto na Constituição Federal de 1988. 3.3 CICLO ORÇAMENTÁRIO O ciclo orçamentário ou processo orçamentário pode ser definido como um processo contínuo, dinâmico e flexível, através do qual se elabora, aprova, executa, controla e avalia os programas do setor público. Preliminarmente é conveniente ressaltar que o ciclo orçamentário não se confunde com o exercício financeiro. Este, na realidade, é o período durante o qual se executa o orçamento, correspondendo, portanto, a uma das fases do ciclo orçamentário. Identificam-se, basicamente, quatro etapas no ciclo ou processo orçamentário: I. Elaboração da proposta orçamentária: a elaboração do orçamento, em conformidade com o disposto na Lei de Diretrizes Orçamentárias, compreende a fixação de objetivos concretos para o período considerado, bem como o cálculo dos recursos humanos, materiais e financeiros, necessários à sua materialização e concretização. Contabilidade Pública – Prof. José Antônio Felgueiras 13 II. Estudo/Discussão e Aprovação da Lei do Orçamento: esta fase compete ao Poder Legislativo e basea-se na necessidade de que o povo, através de seus representantes, intervenha na decisão de suas próprias aspirações, bem como na maneira de alcança-las. III. Execução orçamentária e financeira: a execução do orçamento constitui a concretização anual dos objetivos, diretrizes e metas determinadas para o setor público, no processo de planejamento integrado, e implica a mobilização de recursos humanos, materiais e financeiros. IV. Avaliação ou Controle: refere-se à organização, aos critérios e trabalhos destinados a julgar o nível dos objetivos fixados no orçamento e as modificações nele ocorridas durante a execução, além de referir-se à eficiência com que se realizam as ações empregadas para tais fins e o grau de racionalidade na utilização dos recursos correspondentes. 3.4 INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO A Constituição Federal de 1988 no artigo 165 estabeleceu como instrumentos do processo de planejamento (processo racional para definir objetivos e determinar os meios para alcançá-los) as seguintes leis: 3.4.1 PLANO PLURIANUAL (PPA) É um plano de médio prazo, através do qual procura-se ordenar as ações do governo que levem ao atingimento dos objetivos e metas fixados para um período de quatro anos, situados entre o segundo ano do mandato do responsável pela sua elaboração e o primeiro ano do mandato subseqüente. É um Instrumento constitucional utilizado para o planejamento estratégico, estabelecendo, de forma regionalizada, diretrizes, objetivos e metas da administração pública para: a) despesas de capital e os correspondentes custos de operação e manutenção; b) programas de duração continuada (cuja duração ocorra por mais de um exercício). Importante: A disciplina sobre o Plano Plurianual – PPA, ainda se restringe às regras previstas na Constituição Federal, em decorrência do veto imposto ao art. 3º da Lei Complementar n.º 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal). 3.4.2 LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS (LDO) Esta Lei tem a finalidade de nortear a elaboração dos orçamentos anuais, compreendidos aqui o orçamento fiscal, o orçamento de investimento das empresas e o orçamento da seguridade social, de forma a adequá-los às diretrizes, objetivos e metas da administração pública. Compreende as metas e prioridades da administração pública, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subseqüente, tendo como objetivos fundamentais: a) orientar a elaboração da lei orçamentária anual, bem como sua execução; b) dispor sobre as alterações na legislação tributária; c) estabelecer a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento. 3.4.3 LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL (LOA) Para viabilizar a concretização das situações planejadas no Plano Plurianual e, obviamente, transformá-las em realidade, obedecida a Lei de Diretrizes Orçamentárias, elabora-se o Orçamento Anual, onde são programadas as ações a serem executadas, visando alcançar os objetivos propostos. Esta Lei define as prioridades contidas no PPA e as metas que deverão ser atingidas naquele ano. Estima as receitas e autoriza as despesas de acordo com a previsão de arrecadação que compreende: Contabilidade Pública – Prof. José Antônio Felgueiras 14 a) O ORÇAMENTO FISCAL - Demonstra a ação governamental dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, excluídos: os investimentos das empresas; os órgãos, fundos e entidades vinculados ao sistema de seguridade social. b) O ORÇAMENTO DE INVESTIMENTO DAS EMPRESAS - Aquelas em que a administração pública detenha, direta ou indiretamente, a maioria do capital social com direito a voto. Detalha as fontes de recursos e a programação de seus investimentos, discriminando as receitas e despesas operacionais a fim de evidenciar o déficit ou superávit resultante. c) O ORÇAMENTO DA SEGURIDADESOCIAL - Compreende as ações integradas dos poderes públicos e destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, previdência e assistência social. Importante : No Brasil, a Lei do Plano Plurianual, a Lei das Diretrizes Orçamentárias e a Lei do Orçamento Anual são de iniciativa do Poder Executivo, que deverá fazer o encaminhamento das propostas em prazo determinado na Constituição ou em Lei Complementar. A tabela 6 mostra um resumo da vigência e encaminhamento dos projetos dos Instrumentos de Planejamento: Encaminhamento do Projeto Instrumento Vigência Proposta do Executivo ao Legislativo Devolução ao Executivo p/ sanção Plano Plurianual PPA Quadrienal do 2º ano do mandato até o 1º ano do mandato subsequente 4 meses antes do término do 1º exercício financeiro do mandato (31 de agosto) até o encerramento da sessão legislativa em que for encaminhado (22 de dezembro) Lei de Diretrizes Orçamentárias LDO Anual da sua publicação até o término do exercício que orienta 8 meses e meio antes do término do exercício financeiro (15 de abril) até o encerramento do 1º período da sessão legislativa (17 de julho) Lei Orçamentária Anual LOA Anual No exercício financeiro ao qual se refere 4 meses antes do término do exercício financeiro (31 de agosto) até o encerramento da sessão legislativa (22 de dezembro) Tabela 6 – Vigência e Encaminhamento do PPA, LDO e LOA. Importante : O não envio da proposta orçamentária no prazo estabelecido e a falta de votação do orçamento acarreta: I. Caso o Legislativo não receba a proposta orçamentária no prazo, fica automaticamente considerada a proposta (Lei) anterior; II. Caso o Legislativo não aprove a proposta antes do início do exercício, o Poder Executivo realizará suas despesas com base nos duodécimos do valor estimado; e III. O Congresso deverá ser convocado extraordinariamente por se tratar de matéria cuja votação deve ser efetuada antes do início do exercício financeiro. Contabilidade Pública – Prof. José Antônio Felgueiras 15 3.5 PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS Os Princípios Orçamentários são aquelas regras mais fundamentais e que funcionam como norteadoras da prática orçamentária. São um conjunto de premissas que devem ser observadas durante cada etapa da elaboração do orçamento. Existem princípios básicos que devem ser seguidos para elaboração e controle do orçamento, que estão definidas na Constituição de 1988, na Lei 4.320 de 1964, no Plano Plurianual e na Lei de Diretrizes Orçamentárias. O art. 2º da Lei 4.320/64 estabelece os fundamentos da transparência orçamentária: “A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa, de forma a evidenciar a política econômico-financeira e o programa de trabalho do governo, obedecidos os princípios da unidade, universalidade e anualidade”. A tabela abaixo mostra os aspectos gerais e específicos dos Princípios Orçamentários: PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS GERAIS (Receita e Despesa) ESPECÍFICOS Substanciais Formais Receita Anualidade Especificação Não-Afetação da Receita Unidade Programação Legalidade da Tributação Universalidade Publicidade Equilíbrio Clareza Despesa Exclusividade Uniformidade Precedência • ANUALIDADE - O orçamento deve ser elaborado e autorizado para execução em um período determinado de tempo (exercício financeiro). Segundo a legislação brasileira, o exercício financeiro coincide com o ano civil (01/01 a 31/12). A Lei de Responsabilidade Fiscal vem reforçar este princípio ao estabelecer que as obrigações assumidas no exercício sejam compatíveis com os recursos financeiros obtidos no mesmo exercício. • UNIDADE - O orçamento deve ser uno: a lei orçamentária anual compreenderá o orçamento fiscal referente aos poderes públicos, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações, e ainda o orçamento de investimentos das empresas e o orçamento da seguridade social. • UNIVERSALIDADE - O orçamento deve compreender as receitas e os gastos necessários para a manutenção dos serviços públicos pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções. Este Princípio é também denominado princípio do orçamento bruto. • EQUILÍBRIO - Neste princípio fica evidente que os valores autorizados para a realização das despesas no exercício deverão ser compatíveis com os valores previstos para a arrecadação das receitas. Receita Prevista = Despesa Fixada, observando-se: a) equilíbrio: Receitas Próprias X Despesas Ordinárias; b) operações de crédito limitadas às despesas de capital. • EXCLUSIVIDADE - A lei orçamentária não poderá conter dispositivo estranho à fixação das despesas e previsão das receitas. Exceções: a) autorização para abertura de créditos suplementares; b) contratação de operações de crédito; c) autorização p/ destinação do superávit ou cobertura do déficit. Contabilidade Pública – Prof. José Antônio Felgueiras 16 • ESPECIFICAÇÃO - São vedadas as autorizações globais, tanto para arrecadar tributos como para aplicar os recursos financeiros. O plano de cobrança dos tributos e o programa de custeios e investimentos deverão ser expostos pormenorizadamente. • PUBLICIDADE - Este princípio diz respeito à garantia da transparência e pleno acesso a qualquer cidadão às informações sobre a utilização dos recursos arrecadados dos contribuintes. O orçamento deve ser objeto de publicidade: em sua preparação, em sua discussão legislativa, em sua execução e em seu controle subseqüente. • PROGRAMAÇÃO – O orçamento deve ter o conteúdo e a forma de programação. Os programas de trabalho de cada um dos órgãos governamentais visa à concretização dos objetivos, diretrizes e metas definidos no Plano Plurianual – PPA. • CLAREZA - O orçamento deve ser claro e compreensível para qualquer indivíduo, sem, no entanto, descuidar das exigências da técnica orçamentária, especialmente em matéria de classificação das receitas e despesas. • UNIFORMIDADE - O orçamento deve conservar estrutura uniforme através dos distintos exercícios, permitindo uma comparação ao longo do tempo. • NÃO-AFETAÇÃO DA RECEITA - Todos os recursos devem ser recolhidos a uma caixa única do Tesouro, sem discriminação quanto à sua destinação. A Constituição de 1988 só consagrou este princípio para as receitas provenientes de impostos, vedando a sua vinculação a determinado órgão, fundo ou despesa. • LEGALIDADE DA TRIBUTAÇÃO - Limitações que o Estado possui quanto ao seu poder de tributar. São vedados: a) exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; b) instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente; c) cobrar tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado; d) cobrar tributos no mesmo exercício em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou: Exceções: � imposto sobre a importação de produtos estrangeiros; � imposto sobre a exportação de produtos nacionais ou nacionalizados; � imposto sobre Produtos Industrializados; � do imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativos a títulos e valores mobiliários; � extraordinários, na eminência ou no caso de guerra externa. e) utilizar tributo, com efeito, de confisco; f) estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais: Exceção: � Cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público. • PRECEDÊNCIA - A autorização prévia das despesas constitui um ato obrigatório para o Poder Legislativo. Contabilidade Pública – Prof. José Antônio Felgueiras 17 3.6 EXERCÍCIOS 21 – (Contador/BNDES) A Lei de Diretrizes Orçamentárias compreende as metas e prioridades da administração, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subseqüente. A Lei OrçamentáriaAnual obedecerá à orientação da Lei de Diretrizes Orçamentárias e compreenderá: Orçamento Fiscal; Orçamento de Investimento das Empresas Estatais; Orçamento da Seguridade Social. O Orçamento Fiscal demonstrará a ação governamental referente à (aos): (A) Identificação das necessidades de curto prazo das entidades de economia mista e autarquias vinculadas ao sistema financeiro nacional, bem como aos órgãos de seguridade social (B) União, aos Estados e aos Municípios, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, aos investimentos das empresas e aos órgãos, fundos e entidades vinculados ao sistema de seguridade social. (C) Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, excluídos os investimentos das empresas e os órgãos, fundos e entidades vinculados ao sistema de seguridade social. (D) Órgãos responsáveis pela saúde, previdência social e assistência social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias, assegurada a cada área a gestão de seus recursos. (E) Órgãos responsáveis pela saúde, previdência social e assistência social, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, excluídos os investimentos das empresas e as aplicações financeiras de curto prazo. 22 – (Analista Orçamento/MPU) Analise as afirmações a seguir, relativas à elaboração, acompanhamento e fiscalização do orçamento público no Brasil. I. O projeto de lei orçamentária anual deverá ser encaminhado pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo até 31 de agosto do exercício financeiro corrente; II. Os parlamentares poderão apresentar emendas ao projeto de lei orçamentária anual, desde que sejam compatíveis com o plano plurianual e a lei de diretrizes orçamentárias; III. O Presidente da República deverá sancionar o projeto de lei orçamentária aprovado pelo Congresso Nacional, estando impedido de vetá-lo, no todo ou em parte; IV. O controle externo das contas públicas da União está a cargo do Congresso Nacional e será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União. É correto o que consta APENAS em: (A) I e II (B) I e III (C) II e III (D) III e IV (E) I, II e IV 23 – (Analista Orçamento/MPU) A vigência do Plano Plurianual de Investimentos é de ..I.. anos, iniciando-se no ..II.. exercício financeiro do mandato do Chefe do Poder Executivo e terminando no ..III.. exercício financeiro do mandato subseqüente. Preenchem respectiva e corretamente as lacunas I, II e III : (A) Três, Primeiro, Segundo. (B) Quatro, Primeiro, Segundo. (C) Quatro, Segundo, Primeiro. (D) Cinco, Primeiro, Segundo. (E) Cinco, Segundo, Primeiro. Contabilidade Pública – Prof. José Antônio Felgueiras 18 24 – (Analista Orçamento/MPU) O princípio orçamentário da não afetação das receitas implica no fato de que: (A) Todas as receitas devem estar previstas no orçamento. (B) As receitas devem estar equilibradas com as despesas. (C) As receitas devem constar do orçamento pelos seus valores brutos. (D) As receitas de capital devem ser superiores, em valor absoluto, às despesas de capital. (E) As despesas não podem estar vinculadas às receitas, salvo exceções previstas em lei. 25 – (Contador/TRF) O art. 165, parágrafo 3º da Constituição federal de 1988 diz que: “o Executivo publicará, até trinta dias após o encerramento de cada bimestre, relatório resumido da execução orçamentária”. Este artigo corresponde ao princípio orçamentário da: (A) Exclusividade. (B) Periodicidade. (C) Publicidade (D) Discriminação (E) Universalidade. 26 – (Analista Judiciário/TRE-MS) O Princípio Orçamentário que está relacionado com a afirmação: É vedada a vinculação de impostos a órgãos e despesas, é o: (A) Universalidade. (B) Unidade. (C) Singularidade. (D) Exclusividade. (E) Não Afetação da Receita. 27 – (Técnico de Promotoria/Ciências Contábeis/MPE-PB) A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 165, postula que as leis de iniciativa do poder executivo estabelecerão: (A) O Plano Plurianual (PPA), o Orçamento Fiscal e o orçamento de Investimentos. (B) O Plano Plurianual (PPA), as Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Orçamentos Anuais (LOA). (C) O Orçamento Fiscal, o Orçamento de Investimentos e o Orçamento da Seguridade Social. (D) O Orçamento de Metas Fiscais e da Seguridade Social e o Orçamento de Investimentos. (E) O Anexo de Metas Fiscais, as Reservas de Contingência e o Demonstrativo de Impacto Orçamentário-Financeiro. 28 – (Técnico de Controle Externo/TCE-MG) A lei que contém as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subseqüente, orienta a elaboração da lei orçamentária anual, dispõe sobre as alterações na legislação tributária e estabelece política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento denomina- se: (A) Plano Plurianual. (B) Lei Orçamentária Anual. (C) Lei de Diretrizes Orçamentárias. (D) Orçamento Fiscal. (E) Orçamento de Investimentos das Empresas Estatais. 29 – (Técnico de Controle Externo/TCE-RO) A Constituição de 1988 trouxe diversas mudanças na formulação do orçamento público. Em relação às novas leis que surgiram para definir planejamento e execução do orçamento público, é correto afirmar que o(a): (A) Plano Plurianual contém as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes. (B) Lei Orçamentária Anual determina que as despesas de juros da dívida pública não devem ultrapassar 5% das despesas correntes. (C) Lei de Diretrizes Orçamentárias surgiu em 1988 para substituir a Lei Orçamentária na execução e planejamento do Orçamento Plurianual. (D) Lei de diretrizes Orçamentárias tem o papel de determinar o percentual de impostos a serem cobrados de empresas estrangeiras no exercício atual. (E) Comissão Mista de Orçamentos e Planos é responsável pela redação do orçamento que é, então, encaminhado para o veto do Ministro da Fazenda. Contabilidade Pública – Prof. José Antônio Felgueiras 19 30 – (Técnico em Gestão Pública/Auditoria Geral do Estado do Pará) O princípio orçamentário que estabelece que todas as receitas e todas as despesas devem constar da lei orçamentária por seus totais, vedadas quaisquer decisões, denomina-se: (A) Especificação. (B) Universalidade. (C) Unidade. (D) Exclusividade. (E) Uniformidade. 31 – (Técnico em Gestão Pública/Auditoria Geral do Estado do Pará) O Orçamento no Brasil tem como características ser do tipo: (A) Executivo, pois sua elaboração, aprovação, execução e controle cabem ao Poder Executivo. (B) Executivo, pois sua elaboração, aprovação e execução cabem ao Poder Executivo, e o controle ao Tribunal de Contas e ao Ministério Público, órgãos subordinados ao Poder Executivo. (C) Democrático, pois sua elaboração e execução cabem ao Poder Executivo, a aprovação ao Legislativo e o controle ao tribunal de Contas e ao Ministério Público. (D) Misto, pois é elaborado e executado pelo Poder Executivo, cabendo ao Poder Legislativo sua votação e controle. (E) Misto, pois é elaborado e executado pelo Poder Executivo, cabendo ao Poder Legislativo sua votação e ao Poder Judiciário seu controle. 32 – (Técnico em Gestão Pública/Auditoria Geral do Estado do Pará) O Orçamento do Estado do Pará planeja arrecadar R$ 2.000.000,00 de ICMS, cabendo desta receita R$ 500.000,00 aos municípios paraenses em razão dos direito aos municípios da cota-parte de 25% sobre o total do ICMS arrecadado. A forma correta de evidenciação no Orçamento do Estado é registrar a receita de ICMS prevista na seguinte forma: (A) R$ 1.500.000,00 seguindo o princípio da Unidade. (B) R$ 1.500.000,00 seguindo o princípio da Universalidade. (C) R$ 2.000.000,00 seguindo o princípio da Universalidade. (D) R$ 2.000.000,00 seguindo o princípio da Unidade. (E) R$ 2.000.000,00 seguindoo princípio da Anuidade. 33 – (Auditor de Finanças e Controle/Auditoria Geral do Estado do Pará) O princípio orçamentário que estabelece que o orçamento público deve conter apenas matéria orçamentária é denominado: (A) Exclusividade. (B) Unidade. (C) Universalidade. (D) Especificação. (E) Orçamento Bruto. 34 - (Contador/ANTT) Um regime político e as formas de relações entre os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário interferem na forma de elaboração de um orçamento que, usualmente, pode ser classificado em legislativo, executivo ou misto. Um orçamento: (A) Legislativo é o executado pelo Poder Legislativo, após elaboração e aprovação do Poder Executivo. (B) Legislativo é o votado e controlado pelo Poder Legislativo, mas elaborado pelo Poder Executivo. (C) Executivo é o executado pelo Poder Executivo, após elaboração e aprovação do Poder Legislativo. (D) Misto é elaborado e executado pelo Poder Executivo, mas votado e controlado pelo Poder Legislativo. (E) Misto é o elaborado pelo Poder Judiciário, votado pelo Poder Legislativo e executado pelo Poder Executivo. Contabilidade Pública – Prof. José Antônio Felgueiras 20 35 - (Contador/INPI) O prazo limite para o encaminhamento da proposta orçamentária ao Congresso nacional é: (A) 15 de abril. (B) 30 de junho. (C) 31 de agosto. (D) 15 de dezembro. (E) 31 de dezembro. 36 - (Contador/INPI) A aprovação da Lei do Orçamento, já com emendas propostas pelo Poder Legislativo, deve ocorrer até: (A) 15 de abril. (B) 30 de junho. (C) 31 de agosto. (D) 22 de dezembro. (E) 31 de dezembro. 37 – (Analista Judiciário/TRF) A inclusão de dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa na Lei Orçamentária Anual fere o Princípio Orçamentário da(o): (A) Publicidade. (B) Unidade. (C) Anualidade. (D) Exclusividade. (E) Orçamento Bruto. 38 – (Analista/CVM) Acerca do Plano Plurianual, é correto afirmar tratar-se de uma lei de periodicidade: (A) Quadrienal, sendo suas macro orientações de caráter indicativo para o setor público e mandatório para o setor privado. (B) Anual, sendo suas macro orientações de caráter indicativo para os setores público e privado. (C) Quadrienal, sendo suas macro orientações de caráter indicativo para o setores público e privado. (D) Anual, sendo suas macro orientações de caráter mandatório para o setor público e indicativo para o setor privado. (E) Quadrienal, sendo suas macro orientações de caráter mandatório para o setor público e indicativo para o setor privado. 39 - (Analista Previdenciário/INSS) Dependendo da forma de governo existente, os orçamentos podem ser classificados em três tipos: (A) Geral, Específico e Especial. (B) Presidencialista, Parlamentarista e Judicialista. (C) Legislativo, Executivo e Misto. (D) Plurianual, Qüinqüenal e Anual. (E) De Investimentos, Corrente e Complementar. 40– (Contador/TRF 4ª Região) O orçamento elaborado no Brasil é do tipo: (A) misto (B) executivo (C) legislativo (D) judiciário (E) parlamentar Contabilidade Pública – Prof. José Antônio Felgueiras 21 4 CRÉDITOS ADICIONAIS 4.1 CONCEITO São créditos adicionais às autorizações de despesas não computadas ou insuficientemente dotadas na Lei de Orçamento. (art. 40 da Lei n° 4.320/64) O Orçamento é um Instrumento de planejamento das atividades a serem desenvolvidas pelos órgãos da Administração Pública para a satisfação das suas necessidades e principalmente das necessidades coletivas. Nesse planejamento são definidas (autorizadas) a execução dos programas de trabalho a cargo de cada um dos órgãos. Essa autorização dada na lei orçamentária leva o nome de crédito orçamentário ou inicial. No transcorrer do exercício financeiro, ocorrem fatos novos que provocam o surgimento de novas necessidades e reduzem ou ampliam as existentes, ou seja, há necessidade de se redimensionar o planejamento anterior, definindo novas autorizações para a execução dos programas de trabalho. Para o atendimento a situações como estas, a lei dispõe da figura dos créditos adicionais. 4.2 CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS ADICIONAIS Os Créditos Adicionais podem ser de três tipos: (art. 41 da Lei nº 4.320/64) I. Créditos Suplementares - destinados a reforço de dotação orçamentária; II. Créditos Especiais - destinados a atender despesas (programas) não existentes na Lei Orçamentária (não tenha dotação orçamentária específica); e III. Créditos Extraordinários - destinados a despesas urgentes e imprevisíveis (em casos de guerra, comoção interna ou calamidade pública). 4.3 CARACTERÍSTICAS DOS CRÉDITOS ADICIONAIS A tabela abaixomostra um resumo das principais características dos créditos adicionais: Características SUPLEMENTARES ESPECIAIS EXTRAORDINÁRIOS AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA Prévia, em Lei especial ou incluída na LOA. Prévia em Lei especial Independe de Lei ABERTURA Decreto do Executivo Decreto do Executivo Decreto do Executivo (Estados e Municípios) Medida Provisória (União) VIGÊNCIA No Exercício No Exercício, se aberto nos últimos quatro meses poderá ser prorrogado para o exercício seguinte. No Exercício, se aberto nos últimos quatro meses poderá ser prorrogado para o exercício seguinte. FONTE DE RECURSOS Requer Requer Independe Contabilidade Pública – Prof. José Antônio Felgueiras 22 Importante: No art. 167,§ 2° da Constituição Federal de 1988, diz que os créditos especiais e extraordinários terão vigência no exercício financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato da autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele exercício, caso em que, reabertos no limite de seus saldos, serão incorporados ao orçamento do exercício financeiro subseqüente. 4.4 FONTES DE ABERTURA DE CRÉDITO ADICIONAL O art. 43 da Lei n.º 4.320/64 dispõe que a abertura dos créditos adicionais suplementares e especiais depende da existência de recursos disponíveis para ocorrer à despesa e será precedida de exposição justificada. O § 1º do artigo supracitado menciona que são considerados recursos para abertura de créditos adicionais, desde que não comprometidos, os seguintes fontes de recursos: 1. SUPERÁVIT FINANCEIRO apurado em balanço patrimonial do exercício anterior, entendido como a diferença positiva entre o ativo e o passivo financeiro, conjugando-se os saldos dos créditos adicionais transferidos (especiais e extraordinários) e as operações de crédito a eles vinculadas; 2. os provenientes de EXCESSO DE ARRECADAÇÃO, entendido como o saldo positivo das diferenças, acumuladas mês a mês, entre a arrecadação prevista e a realizada, considerando-se a tendência do exercício, devendo ser deduzidos os créditos extraordinários abertos no exercício; 3. os resultantes de ANULAÇÃO PARCIAL OU TOTAL DE DOTAÇÕES orçamentárias ou créditos adicionais; 4. produto de OPERAÇÕES DE CRÉDITO autorizadas, em forma que juridicamente possibilite ao Poder Executivo realizá-las; 5. a dotação global não especificamente destinada a órgão, unidade orçamentária, programa ou categoria econômica, denominada de RESERVA DE CONTINGÊNCIA ; e os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição do projeto de Lei Orçamentária Anual, ficarem sem despesas correspondentes. 4.5 EXERCÍCIOS 41 - (Contador/TRF 4ª Região) Em relação aos créditos adicionais, é correto afirmar que: (A) Os créditos adicionais são classificados em três tipos: complementares, especiais e extraordinários. (B) Os créditos extraordinários podem já estar previstos na lei orçamentária através de reserva de contingência. (C) Os créditos complementares destinam-se ao reforço de categoria de programação orçamentária já existente. (D) Os créditos extraordinários destinam-se às despesas para as quais não haja categoria de programação orçamentária específica, visando atender objetivo não previsto no orçamento. (E)É vedada a abertura de crédito especial ou suplementar sem prévia autorização legislativa e 42 - (Analista Orçamento/MPU) Os Créditos Adicionais Especiais têm por característica: (A) Independerem de autorização legislativa. (B) Dependerem da existência de recursos para financiá-los. (C) Destinarem-se ao reforço de dotação orçamentária insuficiente. (D) Serem previstos na Lei Orçamentária Anual. (E) Atenderem a despesas de caráter urgente e imprevisto. Contabilidade Pública – Prof. José Antônio Felgueiras 23 43 - (Técnico de Controle Externo/TCE-MG) Sobre os Créditos Adicionais, é correto afirmar: (A) O ato que abrir crédito adicional não precisa indicar a classificação da despesa e a importância correspondente. (B) A abertura dos créditos suplementares e especiais é autorizada por decreto executivo. (C) Os créditos suplementares são os destinados a despesas para as quais não haja dotação orçamentária específica. (D) Os créditos extraordinários são os destinados a reforço de dotação orçamentária. (E) Os créditos suplementares terão vigência adstrita ao exercício financeiro em que forem abertos. 44 - (Analista de Controle Externo/TCU) De acordo com os tipos de créditos orçamentários, assinale a única opção falsa: (A) O crédito especial destina-se à despesa para o qual não haja dotação orçamentária específica. (B) O crédito extraordinário é autorizado por lei e aberto por decreto do Poder Executivo. (C) O crédito suplementar é destinado ao reforço de dotação já existente no orçamento. (D) Os créditos adicionais são autorizações de despesa não computadas ou insuficientemente dotadas na lei de orçamento. (E) A abertura dos créditos suplementares e especiais depende da existência de recursos disponíveis para ocorrer à despesa e será precedida de exposição justificada. 45 - (Agente de Fiscalização/TCM-SP) Identifique qual das alternativas constitui recursos (desde que não comprometidos) para a abertura de créditos suplementares e que devem ser incorporados ao orçamento, considerando o disposto na Lei n.º 4.320/64: (A) O excesso de arrecadação desde que ajustado pelo déficit financeiro apurado no balanço patrimonial do exercício anterior ou o produto de operações de crédito autorizadas ou a anulação parcial ou total de dotações orçamentárias para reforçar a dotação orçamentária quando do acréscimo de despesas por subestimativa da previsão. (B) Os créditos adicionais autorizados em lei para a cobertura de despesas urgentes e imprevistas, como nos casos de guerra ou calamidade pública. (C) O produto de operações de crédito autorizadas ou a anulação parcial ou total de dotações orçamentárias para a cobertura de despesas para as quais não exista dotação específica, como da criação de órgãos da administração pública. (D) O excesso de arrecadação ou o produto de operações de crédito autorizadas ou a anulação parcial ou total de dotações orçamentárias para a cobertura de despesas urgentes e imprevistas, como em caso de guerra ou calamidade pública, ou para cobrir despesas para as quais não exista dotação específica ou ainda para reforçar a dotação orçamentária, quando do acréscimo de despesas por subestimativa da previsão. (E) O excesso de arrecadação ou o superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do exercício anterior ou o produto de operações de crédito autorizadas ou a anulação total ou parcial dotações orçamentárias para reforçar a dotação orçamentária, quando do acréscimo de despesas por subestimativa da previsão. 46 - (Analista Contábil/MPE-RO) Os créditos adicionais que dependem da prévia autorização legislativa para sua abertura são: (A) Suplementares e Especiais. (B) Suplementares e extraordinários. (C) Especiais e Extraordinários. (D) Especiais, somente. (E) Extraordinários, somente. Contabilidade Pública – Prof. José Antônio Felgueiras 24 5 RECEITA PÚBLICA 5.1 CONCEITO É representada pelos ingressos ou embolsos (fontes/origens) de recursos financeiros que serão aplicados na aquisição de bens e serviços, visando à prestação de serviços públicos à coletividade. A Receita Pública efetiva provém dos serviços gerais prestados pelo Estado à sociedade, em troca da cobrança de impostos, taxas e contribuições. 5.2 CLASSIFICAÇÃO DA RECEITA PÚBLICA 5.2.1 Quanto à Natureza a) Orçamentárias: como o próprio nome bem define, são aquelas receitas que foram previstas na Lei Orçamentária. Exemplos: Taxa, Imposto, Patrimonial, Operação de Crédito, as Alienações de Bens, Transferência de Capital e Corrente, etc. Importante : A sua arrecadação depende da autorização legislativa, que é a Lei Orçamentária Anual - LOA. A Lei n° 4.320/64, em seu art. 35: “Pertencem ao exercício financeiro: I – as receitas nele arrecadadas...”, Estabeleceu que a receita devesse ser reconhecida adotando-se o “regime de caixa”, referiu-se à receita orçamentária, evitando a inclusão na lei orçamentária, como receita, de outros ingressos que não poderão financiar os gastos públicos. b) Extra-Orçamentária: É aquela que não integra o orçamento público. Sua realização não se vincula à execução do Orçamento, nem constitui renda do Estado, que é apenas depositário desses valores. A sua arrecadação independe da autorização legislativa. Exemplos: as Inscrições em Restos a Pagar, Cauções em espécie, Fianças, Depósitos de Terceiros etc. 5.2.2 Quanto à Categoria Econômica O art.11 da Lei n° 4.320/64 classificou a receita orçamentária em duas categorias econômicas: Receitas Correntes e Receitas de Capital. Pelo § 4° desse mesmo artigo, a classificação da receita deverá obedecer ao seguinte esquema: A classificação por categoria econômica é importante para o conhecimento do impacto das ações de governo na conjuntura econômica do país. Por esse critério, o orçamento se divide em dois grandes grupos: as Contas Correntes e Contas de Capital: Contabilidade Pública – Prof. José Antônio Felgueiras 25 5.2.2.1 São Receitas Correntes Receita Tributária: é a receita decorrente da competência tributária instituída pela Constituição Federal. Entende-se por tributo toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Os tributos compreendem os Impostos, as Taxas e as Contribuições de Melhoria; a) Impostos: são os tributos que compreendem à contribuição monetária, que os poderes públicos exigem da sociedade para atendimento de serviços não específicos. É a modalidade de tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativamente ao contribuinte. b) Taxas: é o tributo cobrado pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, tendo como fato gerador o exercício regular do poder de polícia ou a utilização efetiva ou potencial de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. c) Contribuição de Melhoria: é o tributo gerado pela valorização imobiliária decorrentes das obras públicas realizadas, como forma de ressarcimento do dinheiro público gasto para execução dessas obras. Portanto, a Contribuição de Melhoria é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária. Receita de Contribuições: é destinada a arrecadar contribuições sociais e econômicas, visando à manutenção dos programas e serviços sociais e de interesse público, como por exemplo a Contribuição de Empregadores e Trabalhadores para Seguridade Social, Contribuição sobre o Lucro Líquido, etc. Receita Patrimonial: decorrente da utilização de bens pertencentes ao Estado, como aluguéis, arrendamentos, laudêmios, rendimentos de valores mobiliários, tais como títulos de rendas e receitas derivadas do patrimônio(juros bancários). Receita Agropecuária: são receitas decorrentes de explorações agropecuárias: agricultura (cultivo do solo), inclusive hortaliças e flores: pecuária (criação, recriação ou engorda do gado e de pequenos animais); silvicultura (ou reflorestamento) e extração de produtos vegetais; Receita Industrial: são aquelas provenientes das atividades industriais definidas como tais pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, como indústria extrativa mineral, de transformação e de construção. Receita de Serviços: são as receitas decorrentes daquelas atividades que se caracterizam pela prestação de serviços tais como: comércio, transporte, comunicação, serviços hospitalares, armazenagem, serviços recreativos e culturais. Transferências Correntes: é oriunda de recursos recebidos de outra pessoa de direito público ou privado, independente de contraprestaçõe direta de bens ou serviços. Podem ocorrer a nível intragovernamental (dentro do âmbito de um mesmo governo) e intergovernamental (entre governos diferentes, da União para o Estado, do Estado para os Municípios), assim como recebidos de Instituições Privadas, do Exterior e de Pessoas Físicas. Outras Receitas Correntes: integram essas receitas as Multas e Juros de Mora, Indenizações e Restituições, Receita da Dívida Ativa e Receitas Diversas. Contabilidade Pública – Prof. José Antônio Felgueiras 26 5.2.2.2 São Receitas de Capital Operações de Crédito: recursos decorrentes da colocação de títulos públicos ou de empréstimos obtidos junto a entidades estatais ou particulares internos ou externos. No orçamento este título representa, como regra, o déficit orçamentário e no Balanço, os ingressos efetivos. Alienação de Bens: proveniente da alienação de bens patrimoniais móveis e imóveis. Amortização de empréstimos: provenientes da amortização de empréstimos concedidos, ou seja, a receita obtida com o retorno de recursos que haviam sido emprestados. Transferências de Capital: por identidade, as descrições das transferências de capital correspondem àquelas apresentadas em transferência correntes, salvo no que se refere à sua destinação, pois as receitas de capital, em sua aplicação, devem ser destinadas obrigatoriamente em gastos de capital: investimentos ou inversões financeiras. Outras Receitas de Capital: neste título serão classificadas as receitas de capital que não atendem às especificações anteriores. Deve ser empregado apenas no caso de impossibilidade de utilização dos demais títulos. Como exemplo podemos citar o Superávit do Orçamento Corrente. 5.3 ESTÁGIOS DA RECEITA PÚBLICA A receita orçamentária passa por quatro estágios, denominados de: 1º Previsão – expectativa do Estado de quanto estima arrecadar no exercício. É expressa na Lei Orçamentária Anual. 2º Lançamento – reconhece a procedência do crédito fiscal e o contribuinte que lhe é devedor. 3º Arrecadação – quando o contribuinte se dirige aos agentes arrecadadores (instituições financeiras) e realiza o pagamento da divida. 4º Recolhimento – quando o recolhimento do produto arrecadado é repassado para os Bancos Oficiais (caixa único do tesouro). 5.4 EXERCÍCIOS 47 - (Contador/TRF 4ª Região) É uma receita de capital orçamentária: (A) Aluguéis de imóveis de propriedade da unidade gestora. (B) Juros recebidos relativos à dívida pública. (C) Multa de ofício sobre tributos. (D) Ingresso decorrente da alienação de bens móveis. (E) Receita industrial. 48 - (Contador/TRF 4ª Região) É um exemplo de receita corrente: (A) Receita patrimonial. (B) Receita da alienação de bens. (C) Receita de operações de crédito. (D) Amortização de empréstimos concedidos. (E) Depósito recebido para garantia de instância. Contabilidade Pública – Prof. José Antônio Felgueiras 27 49 – (Técnico de Controle Externo/TCE-RO) “Receita derivada que o Estado arrecada mediante o emprego de sua soberania, nos termos fixados em lei, sem contraprestação diretamente equivalente, e cujo produto se destina ao custeio das atividades gerais ou específicas que lhe são próprias”. Essa é a definição de: (A) Receita Patrimonial. (B) Receita de Prestação de Serviços. (C) Receita Tributária. (D) Operações de Crédito. (E) Transferências Correntes. 50 – (Técnico de Promotoria/Ciências Contábeis/MPE-PB) De acordo com o art. 11 da Lei n.º 4.320/64, as Receitas, por categoria econômica, são classificadas em: Receitas Correntes e Receitas de Capital. Analisando as receitas abaixo, podem-se considerar Receitas Correntes: I. Receita Tributária e Receita de Contribuições. II. Amortização de Empréstimos e Transferências de Capital. III. Operações de Créditos e Alienação de Bens. IV. Receita Patrimonial e Receita de Serviços. V. Receita Industrial e Receita Agropecuária. Está(ão) correta(s) apenas: (A) I e V. (B) I, III e IV. (C) III e IV. (D) I, IV e V. (E) III e V. 51 - (Analista de Finanças e Controle/CGU) No que diz respeito à receita pública, indique a opção falsa: (A) A Lei n.º 4.320/64 classifica receita pública em orçamentária e extra-orçamentária, sendo que esta apresenta valores que não constam do orçamento. (B) A receita orçamentária divide-se em dois grupos: correntes e de capital. (C) As receitas correntes compreendem as receitas tributárias, de contribuições, patrimoniais, agropecuárias, industriais, de serviços, de alienação de bens, de transferências e outras. (D) A receita pública é definida como os recursos auferidos na gestão, que serão computados na apuração do resultado financeiro e econômico do exercício. (E) A receita extra-orçamentária não pertence ao Estado, possuindo caráter de extemporaneidade ou de transitoriedade nos orçamentos. 52 - (Agente de Fiscalização/TCM-SP) Dentre as alternativas abaixo, assinale a que contém somente receitas públicas da categoria econômica e do tipo receitas correntes: (A) Receita tributária, de contribuições e de superávit orçamentário corrente. (B) Receita de serviço, receita patrimonial e receita proveniente de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas correntes. (C) Receita de atividade industrial ou agropecuária e receita proveniente da realização de recursos financeiros oriundos de constituição de dívida. (D) Receita tributária, receita de serviços e receita proveniente da conversão, em espécie, de bens e direitos. (E) Receita de contribuições, receita patrimonial e receita proveniente de amortização de empréstimos anteriormente concedidos. Contabilidade Pública – Prof. José Antônio Felgueiras 28 53 – (Analista Judiciário/TRT) O regime orçamentário da receita é estabelecido: (A) Pela sua previsão. (B) Pela sua arrecadação. (C) Pela sua inscrição como dívida ativa. (D) Pelo seu recolhimento. (E) Pelo seu lançamento. 54 – (Contador/INPI) A Fazenda Pública identifica o contribuinte, o valor devido e efetua a inscrição fiscal do devedor. Esta ação constitui o estágio da receita denominado: (A) Arrecadação. (B) Liquidação. (C) Lançamento. (D) Recolhimento. (E) Remissão. 6 DESPESA PÚBLICA 6.1 CONCEITO São os gastos fixados pelo Estado na Lei Orçamentária, destinados a execução dos serviços públicos e aos aumentos patrimoniais, a realização dos compromissos com a dívida pública e a restituição das importâncias recebidas a título de cauções, fianças, depósitos e consignações. Em outras palavras, as despesas públicas formam o complexo da distribuição e emprego das receitas para custeio de diferentes setores da administração. 6.2 CLASSIFICAÇÃO DA DESPESA PÚBLICA 6.2.1 Quanto à Natureza a) Orçamentárias: são aquelas despesas autorizadas (fixadas) na Lei Orçamentária. Sua realização depende de autorização legislativa. Exemplos: Despesas Correntes e de Capital b) Extra-Orçamentária: são aquelas despesas que não integram o Orçamento Público. Seu pagamento está vinculadoa uma receita extra-orçamentária anteriormente recebida. O seu desembolso independe da autorização legislativa. Exemplos: Pagamento de Restos a Pagar, restituição de Cauções e de depósitos, etc. 6.2.2 Quanto à Categoria Econômica A classificação econômica possibilita analisar o impacto das ações do Governo na economia como um todo. Ela pode proporcionar uma indicação de contribuição governamental na formação bruta do capital do País. O artigo 12 da Lei 4.320/64 classifica a despesa pública nas seguintes categorias econômicas. a) Despesas Correntes: são despesas orçamentárias que visam manter o funcionamento dos serviços públicos. As despesas correntes referem-se ao conceito de consumo do Governo e não produzem qualquer acréscimo patrimonial. Contabilidade Pública – Prof. José Antônio Felgueiras 29 São divididas em: DESPESAS DE CUSTEIO: são dotações para manutenção de serviços anteriormente criados, inclusive as destinadas a obras de conservação e adaptação de bens imóveis. Exemplos: Pessoal e encargos, juros e encargos da dívida, serviços de terceiros, material de consumo. TRANSFERÊNCIAS CORRENTES: são as dotações para despesas, às quais não corresponda contraprestação direta em bens ou serviços, inclusive para contribuições e subvenções destinadas a tender à manutenção de outras entidades de direito público ou privado. Exemplos: Transferências constitucionais da repartição de receitas tributárias, decorrentes de convênio, b) Despesas de Capital: São os gastos realizados pela administração pública com o objetivo de adquirir ou criar bens de capital São divididas em: INVESTIMENTOS : são as dotações para o planejamento e a execução de obras, inclusive as destinadas à aquisição de imóveis consideradas necessários à realização destas últimas, bem como para os programas especiais de trabalho. Exemplos: Aquisição de instalações, equipamentos e material permanente; constituição ou aumento de capital de empresas que não sejam de caráter comercial ou financeiro. INVERSÕES FINANCEIRAS : são as dotações destinadas a: I. Aquisição de imóveis, ou bens de capital já em utilização; II. Obtenção de títulos representativos do capital de empresas ou entidades de qualquer espécie, já constituídas, quando a operação não importe aumento de capital; III. Constituição ou aumento de capital de entidades ou empresas que visem a objetivos comerciais ou financeiros. TRANSFERÊNCIA DE CAPITAL : são as dotações destinadas a investimentos ou inversões financeiras que outras pessoas de direito público ou privado devam realizar, independentemente de contraprestação direta em bens ou serviços, constituindo essas transferências auxílios ou contribuições, segundo derivem da lei de orçamento ou lei especial anterior. Exemplos: Pagamento da dívida pública (Principal), transferências para construção de escolas e hospitais. 6.3 – ESTÁGIOS DA EXECUÇÃO DA DESPESA A execução da despesa pública percorre quatro estágios que são: Fixação, Empenho, Liquidação e Pagamento. 1º A FIXAÇÃO é o primeiro estágio percorrido pela despesa orçamentária e está consubstanciado em vários dispositivos constitucionais. A Constituição Federal veda, expressamente, a realização, por qualquer dos poderes, de despesas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais. 2º O EMPENHO é o segundo estágio da despesa. O empenho é conceituado conforme prescreve o art. 58 da lei n.º 4.320/64: “o empenho da despesa é o ato emanado da autoridade competente que cria para o estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição”. Contabilidade Pública – Prof. José Antônio Felgueiras 30 São Modalidades de Empenho: Os empenhos, de acordo com a sua natureza e finalidade, têm as seguintes modalidades ou tipos: a) Empenho Ordinário – quando se tratar de despesa de valor fixo e previamente determinado e o seu pagamento deva ocorrer de uma só vez; b) Empenho por Estimativa – quando se tratar de despesa cujo montante não se possa determinar, previamente, tais como: serviços de telefone, água e energia elétrica, aquisição de combustíveis e lubrificantes, reprodução de documentos, etc. c) Empenho Global - quando se tratar de despesa contratual e outras de valor determinado, sujeitas a parcelamento, tais como: compromissos decorrentes de aluguéis de imóveis e de equipamentos, serviços de terceiros, vencimentos, salários, proventos e pensões, inclusive as obrigações patronais decorrentes. 3º A LIQUIDAÇÃO é o terceiro estágio da despesa. De acordo com o artigo 63 da Lei 4.320/64, “a liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito”. Esse estágio da despesa é a comprovação de que o credor cumpriu todas as obrigações constantes do empenho. A liquidação da despesa tem por finalidade reconhecer ou apurar: - a origem e o objeto do que se deve pagar; - a importância exata a pagar; e - a quem se deve pagar a importância para extinguir a obrigação. Somente após a apuração do direito adquirido pelo credor, tendo por base os documentos comprobatórios do respectivo crédito, ou da completa habilitação da entidade beneficiada, a unidade gestora providenciará o pagamento da despesa. 4º O PAGAMENTO é o quarto estágio da despesa. É o ato pelo qual o poder público satisfaz o credor, através da entrega do numerário correspondente, extinguindo a obrigação. 6.4 RESTOS A PAGAR 6.4.1 CONCEITO Consideram-se restos a pagar, de acordo com o art. 36 da lei n.º4.320/64, as despesas legalmente empenhadas, mas não pagas dentro do exercício financeiro (até 31 de dezembro), distinguindo-se as processadas das não processadas. 6.4..2 Classificação Conforme a sua natureza, as despesas inscritas em “Restos a Pagar” podem ser classificadas em: PROCESSADAS: Despesas liquidadas, ou seja, as despesas em que o credor já cumpriu as suas obrigações, isto é, entregou o material, prestou os serviços ou executou a etapa da obra, dentro do exercício, tendo portanto direito líquido e certo, faltando apenas o pagamento. NÃO PROCESSADAS: Despesas não liquidadas, ou seja, são aquelas que dependem da prestação do serviço ou fornecimento do material, isto é, cujo direito do credor não foi apurado. Contabilidade Pública – Prof. José Antônio Felgueiras 31 6.4.3 Inscrição É vedada a inscrição em restos a pagar do saldo de empenhos para pagamento de despesas com vencimentos, diárias e ajudas de custo. Os empenhos não anulados, bem como os referentes a despesas já liquidadas e não pagas, serão inscritos em restos a pagar no encerramento do exercício, pelo valor devido, ou se este for desconhecido, pelo valor estimado. A inscrição de empenho em restos a pagar terá validade até 31 de dezembro do ano subsequente, quando será automaticamente cancelado. Permanecerá em vigor, no entanto, o direito do credor por 5 (cinco) anos, a partir da data de inscrição. É vedada a reinscrição de empenhos em restos a pagar. O reconhecimento de eventual direito do credor far-se-á através da emissão de nova nota de empenho, no exercício do reconhecimento, à conta de despesas de exercícios anteriores, respeitada a categoria econômica própria. 6.4.4 Prescrição Os Restos a Pagar prescrevem após 5(cinco) anos a partir da data de inscrição. Os restos a pagar com prescrição interrompida assim considerada a despesa cuja inscrição em restos a pagar tenha sido cancelada, mas ainda vigente o direito do credor, poderão ser pagos à conta de despesas de exercícios anteriores, respeitada a categoria econômica própria. 6.4.5 Pagamento O pagamento de despesas inscritas em restos a pagar é feito tal como ocorre com o pagamento de qualquer despesa, exigindo-se apenas a observância das formalidades legais, independente de requerimento do credor e será feito no ano seguinte ao da
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