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18/03/2022 2 Avaliação de toxicidade • A avaliação de toxicidade é importante para definir as condições seguras de uso de substâncias químicas para os humanos e ambiente. • É necessário que haja mecanismos e testes padronizados para que os limites e efeitos das substâncias em humanos sejam estabelecidos. Avaliação de toxicidade • O efeito tóxico pode ser causado pela substância inalterada ou seus metabólitos e são classificados em: – Alta toxicidade: causa efeito tóxico em pequenas quantidades. – Baixa toxicidade: necessidade de altas doses para promover o efeito tóxico. • Obs. Substâncias de baixa toxicidade podem causar efeitos carcinogênicos ou teratogênicos, mesmo sem manifestar sintomas agudos. 18/03/2022 3 Avaliação de toxicidade • Fatores a serem levados em conta na avaliação: – Vias e locais de exposição: varia de acordo com a via: gastrointestinal, pulmonar ou cutânea. – Duração e frequência de exposição: os efeitos tóxicos podem sofrer variação caso ocorram, por exemplo, em uma única dose ou repetidas vezes. Aspectos de bioética em pesquisa • Quais serão os indivíduos que participarão dos testes de avaliação de toxicidade? Fonte: https://media.istockphoto.com/vectors/sign-man-silhouette-in-crossed- out-red-circle-vector-icon-vector-id904817630 Fonte: https://cloudflare2.jove.com/files/ftp_upload/53770/5 3770fig3.jpg 18/03/2022 4 Aspectos de bioética em pesquisa • É necessário que sejam utilizadas pelo menos 2 espécies de animais, sendo uma delas não roedora, tanto machos como fêmeas. Mas esse parâmetro pode variar de acordo com a agência reguladora. • Devido às problemáticas envolvendo animais em pesquisas, os novos métodos desenvolvidos buscam: – Usar espécies de “ordens inferiores”, utilizar menor número de animais assim como causar menor sofrimento, e utilizar sistemas orgânicos “ex vivos”. Informações preliminares das substâncias • O xenobiótico a ser analisado precisa ser caracterizado ao início dos estudos: – Presença e quantificação de impurezas. – Propriedades físico-químicas: cor, odor, ponto de fusão e ebulição; pressão de vapor, densidade, solubilidade, entre outros. – Conhecimentos prévios sobre níveis de exposição e população vulnerável. – Mobilidade da substância no meio-ambiente. 18/03/2022 5 Toxicidade aguda • São testes que avaliam a toxicidade de uma substância em doses administradas (uma ou mais) em um período de 24 horas, com a observação dos animais por 14 dias após a exposição. • Devem ser avaliadas as evidências clínicas, assim como as anatomopatológicas para animais que venham a morrer. • Os resultados de toxicidade aguda são utilizados naqueles de maior duração. Índices de toxicidade aguda • Dose letal (DLXX): indica a dose única necessária para causar a morte de determinado percentual de indivíduos de uma amostra em ensaios estatisticamente controlados. – DL50: morte de 50% da amostra. – DL10: morte de 10% da amostra. • Concentração letal (CLXX): utilizado para substâncias inaladas. Fonte: Klaassen, 2012. 18/03/2022 6 • Dose efetiva ou eficaz (DE): é um índice mais utilizado para substâncias com fins terapêuticos, definido como as doses que promovem o efeito desejado no organismo. • São os mais utilizados: DE50 e DE90 • A partir destas informações, é possível calcular o índice terapêutico e margem de segurança. Índices de toxicidade aguda Índices de toxicidade aguda Fonte: https://slideplayer.biz.tr/slide/12661274/76/images/10/LD50%2C+LC50.jpg 18/03/2022 7 • Índice terapêutico (IT): é calculado pela razão entre a dose letal e a dose efetiva que correspondem a 50% da amostra testada. IT = DL50 DE50 • A partir de então, as substâncias são classificadas como: – Alto índice terapêutico – Baixo índice terapêutico Índices de toxicidade aguda • Margem de segurança (MS): relaciona a dose letal e dose eficaz para estabelecer o percentual de segurança da substância. MS = DL10 −DE90DE90 x 100 ou MS = DL1DE99 x 100 Pergunta: Quanto mais alto o IT e a MS, mais tóxica ou menos tóxica é a substância? Índices de toxicidade aguda 18/03/2022 8 Toxicidade subcrônica • A duração do teste deve ser de 21 a 90 dias (3 meses), com exposições repetidas. • É necessário utilizar pelo menos 3 doses diferentes: – Dose de alta toxicidade, mas que produz ao menos DL10; – Dose baixa que não causa efeitos tóxicos aparentes; – Dose intermediária. Toxicidade subcrônica • O acompanhamento clínico dos animais deve ser diário. • Ao fim do período, os animais sobreviventes devem ser sacrificados para exames anatomopatológicos. • É recomendado a realização de exames bioquímicos, hematológicos e de urina antes, durante a após o teste. 18/03/2022 9 Índices de avaliação subcrônica e crônica • NOAEL (no observable adverse effect level): é o valor máximo de exposição em que não há aumento significante dos efeitos tóxicos para o organismo. Pode até haver efeitos, mas não são considerados nocivos. • É geralmente obtido em estudo de toxicidade subcrônica ou crônica, e serve de base para outros parâmetros: – DNEL (derived no effect level): limite de exposição ao qual humanos não devem ser expostos – OEL (occupational exposure limit) – ADI (acceptable daily intake) • LOAEL (lowest observed adverse effect level): é o limite de exposição mais baixo que causa aumento da frequência significante de efeitos tóxicos ao organismo. Fonte: https://www.chemsafetypro.com/upload/image/2016/ 06/170755337596.png Índices de avaliação subcrônica e crônica 18/03/2022 10 Toxicidade crônica • A duração do teste é maior do que 3 meses, mas geralmente varia entre 6 meses e 2 anos, com exposições repetidas. • Embora os testes subcrônicos forneçam informações sobre toxicocinética e os efeitos tóxicos, não são capazes de avaliar ações mutagênicas, carcinogênicas e embriotóxicas. Toxicidade crônica • Os protocolos em geral seguem o que é estabelecido pelos testes subcrônicos, com emprego de: – 50 animais para cada dose e sexo; – Doses cuidadosamente calculadas para evitar morte precoce da população. • Os exames clínicos devem ser realizados duas vezes ao dia. 18/03/2022 11 Toxicidade local sobre a pele e olhos • Os testes de exposição de pele e olhos são geralmente aplicados para cosméticos e agentes tóxicos ocupacionais. • O método utilizado foi desenvolvido por Draize em 1944, e é utilizado até hoje. • Além da pele íntegra, avalia-se também a pele com feridas. Toxicidade local sobre a pele e olhos • Testes de irritação: – Irritação local ou aguda: resposta causada por aplicação ou exposição única do agente tóxico. – Irritação cumulativa: resposta causada por aplicação ou exposição repetida. – Irritação induzida fotoquimicamente 18/03/2022 12 Toxicidade local sobre a pele e olhos • Técnica: – Pele: aplicação do produto sobre a pele, cobrindo por 4 horas. – Olhos: instilar o agente sobre o olho e utilizar o órgão contralateral como controle. • Parâmetros avaliados : – Pele: eritema, escara, edema e corrosão. – Olhos: alterações na conjuntiva, íris e cristalino. Toxicidade local sobre a pele e olhos • Os animais de escolha são coelhos e cobaias (porquinho da Índia), pois são espécies mais sensíveis aos agentes químicos. Fonte: https://assets.change.org/photos/9/qw/du/nmQwdUicmTQxbBM- 1600x900-noPad.jpg?1509529145 Fonte: https://image.slidesharecdn.com/acuteeyeirritation-405- 171118110245/95/acute-eye-irritationcorrosion-405-15- 638.jpg?cb=1511003933 18/03/2022 13 Estudos de mutagênese e carcinogênese • A carcinogênese é o processo de formação das neoplasias, que pode ser induzida por um carcinógeno. • Os carcinógenos (ou agentes carcinogênicos) podem ser classificados de duas formas principais: – Genotóxico: interage com o DNA e induz uma mutação; – Não genotóxico: modificam a expressão gênica, mas sem causar danos ao DNA. Características dos carcinógenos e etapas da carcinogênese Fonte: Klaassen, 2012. 18/03/2022 14 Testes de mutagenicidade • Os testes de mutagenicidadesão empregados para prever o desenvolvimento de câncer em decorrência da exposição aos agentes tóxicos, porém possuem algumas limitações: – Os modelos animais apresentam muitas diferenças em relação ao homem. – Permite avaliar apenas substâncias carcinogênicas por mecanismos genotóxicos (alteração do material genético). Testes de mutagenicidade – curta duração • Testes in vitro: – Teste de Ames: utiliza cepas de Salmonella tuphimurium que não são capazes de reparar DNA e sintetizar histidina. – Teste de avaliação de linfoma em camundongos: utiliza cultura de células eucarióticas. • Testes in vivo: possuem vantagem de avaliar a toxicocinética dos toxicantes. Avalia-se alterações cromossômicas, danos ao DNA, entre outros. 18/03/2022 15 Testes de mutagenicidade – longa duração • Bioensaio crônico: seguem o protocolo dos testes de avaliação de toxicidade crônica (início em 8 semanas de idade da cobaia e mantem a exposição pelo resto da vida). • Bioensaios órgão específicos: – Carcinogenicidade hepática: órgão de maior alvo aos agentes químicos. – Carcinogenicidade na pele: utiliza pele de camundongos e com vantagem do resultado poder ser observado visualmente. – Carcinogenicidade em outros órgãos: pulmão, bexiga, rim, pâncreas, estômago, etc. Toxicologia do desenvolvimento • Toxicologia do desenvolvimento: é o estudo dos efeitos tóxicos das substâncias no período antes da concepção (nos genitores), durante o desenvolvimento perinatal e pós natal, até a puberdade. • Deve ser avaliado o desempenho reprodutivo, teratogenicidade (defeitos estruturais congênitos), toxicidade peri e pós-natal. 18/03/2022 16 Evento Talidomida Fonte: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/upload/conteudo/isomeros%20peri gosos%20form-%20M_E.jpg Fonte: https://lh6.googleusercontent.com/proxy/kvtryd9iSA6QFdznJDkf4D0J_7TCN d- FwQukCEnOim1fLIe7xPv0HFyCHiirGsxbbo41ntMfq67yxXdAScaVMpoZ6ZivF1 RNkCki1DFdzaT0kYi3hfpvk884PoUU Toxicologia do desenvolvimento • Abrange duas principais vertentes: – Embriofetotoxicidade: avalia as alterações causadas durante o período compreendido entre a concepção e o nascimento. – Toxicologia da reprodução: avalia os efeitos adversos nos sistemas reprodutores masculino e feminino. 18/03/2022 17 Toxicologia do desenvolvimento • A depender do objetivo do estudo, as condições de exposição sofrem modificações, a exemplo: – Avaliação de teratogenicidade: a exposição ao toxicante deve ocorrer em animais prenhes, em altas doses e durante a organogênese. – Avaliação de efeitos embriogênicos: administração do toxicante durante a gestação, mas em doses menores. – Avaliação do sistema reprodutor: machos tratados com o toxicante acasalam com fêmeas saudáveis, ou vice-versa, ou ambos tratados. Toxicantes e desenvolvimento humano Fonte: Klaassen, 2012. 18/03/2022 18 Toxicantes e desenvolvimento humano Fonte: Klaassen, 2012. Referências BRUNTON, L. L. et al. As bases farmacológicas da terapêutica de Goodman & Gilman. 12 ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. OGA, S.; CAMARGO, M. M. A.; BATISTUZZO, J. A. O. Fundamentos de toxicologia. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 2014. RANG, H. P. et al. Rang & Dale farmacologia. 6 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. 18/03/2022 19 MUITO OBRIGADO POR SUA ATENÇÃO E PACIÊNCIA!!
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