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ACESSE AQUI O SEU LIVRO NA VERSÃO DIGITAL! PROFESSORA Dra. Carmem Patrícia Barbosa Anatomia Humana FICHA CATALOGRÁFICA C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância. PATRÍCIA BARBOSA, Carmem. Anatomia Humana. Carmem Patrícia Barbosa. Maringá - PR.: Unicesumar, 2021. 200 p. “Graduação - EaD”. 1. Anatomia 2. Humana. EaD. I. Título. CDD - 22 ed. 611 CIP - NBR 12899 - AACR/2 ISBN 978-65-5615-431-2 Impresso por: Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar Diretoria de Design Educacional NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Coordenador de Conteúdo Lilian Rosana dos Santos Moraes Designer Educacional Raquel Frata; Antonio E. Nicacio Revisão Textual Meyre Aparecida B. da Silva Editoração Lavígnia S. Santos Ilustração Andre Luis A. da Silva Realidade Aumentada Maicon Douglas Curriel Fotos Shutterstock. PRODUÇÃO DE MATERIAIS EXPEDIENTE DIREÇÃO UNICESUMAR NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Graduação Marcia de Souza Head de Metodologias Ativas Thuinie Medeiros Vilela Daros Head de Tecnologia e Planejamento Educacional Tania C. Yoshie Fukushima Head de Recursos Digitais e Multimídias Franklin Portela Correia Gerência de Planejamento e Design Educacional Jislaine Cristina da Silva Gerência de Produção Digital Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Recursos Educacionais Digitais Daniel Fuverki Hey Supervisora de Design Educacional e Curadoria Yasminn T. Tavares Zagonel Supervisora de Produção Digital Daniele Correia Reitor Wilson de Matos Silva A UniCesumar celebra os seus 30 anos de história avançando a cada dia. Agora, enquanto Universi- dade, ampliamos a nossa autonomia e trabalhamos diariamente para que nossa educação à distância continue como uma das melhores do Brasil. Atu- amos sobre quatro pilares que consolidam a visão abrangente do que é o conhecimento para nós: o intelectual, o profissional, o emocional e o espiritual. A nossa missão é a de “Promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária”. Neste sentido, a UniCesumar tem um gênio importante para o cumprimento integral de- sta missão: o coletivo. São os nossos professores e equipe que produzem a cada dia uma inovação, uma transformação na forma de pensar e de aprender. É assim que fazemos juntos um novo conhecimento diariamente. São mais de 800 títulos de livros didáticos como este produzidos anualmente, com a distribuição de mais de 2 milhões de exemplares gratuitamente para nos- sos acadêmicos. Estamos presentes em mais de 700 polos EAD e cinco campi: Maringá, Curitiba, Londri- na, Ponta Grossa e Corumbá), o que nos posiciona entre os 10 maiores grupos educacionais do país. Aprendemos e escrevemos juntos esta belíssima história da jornada do conhecimento. Mário Quin- tana diz que “Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas”. Seja bem-vindo à oportunidade de fazer a sua mudança! Tudo isso para honrarmos a nossa missão, que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. BOAS-VINDAS Aqui você pode conhecer um pouco mais sobre mim, além das informações do meu currículo. MEU CURRÍCULO MINHA HISTÓRIA Aqui você pode conhecer um pouco mais sobre mim, além das informações do meu currículo. Meu nome é Carmem Patrícia Barbosa. Embora nos meus ambientes profissionais todos me chamem de Carmem, em casa e para as pessoas mais próximas eu sou chamada de Patrícia, porque Carmem era o nome da minha mãe (meu pai a homenageou dando-me o nome dela). Fique à vontade se preferir me chamar de Patrícia. Eu sou mãe da Nayara, da Tayná e da Yasmin. Elas são, literalmente, a melhor parte da minha história. Não posso dizer que minha história foi daquelas fáceis. Fui de família pobre e batalhadora, filha de pais separados, estudei a vida toda em escola pública, mas sempre fui muito deter- minada e sempre contei com a poderosa ajuda de Deus e de pessoas maravilhosas que ele colocou em minha vida como anjos. Sempre amei estudar e aprender coisas novas. Apren- der para mim (até hoje) é maravilhoso. Gosto de aprender sobre tudo e sempre. Ensinar também sempre foi uma paixão para mim. Brinco que, se eu não fosse professora, o meu sonho seria ser. De igual modo, a Anatomia Humana sempre despertou em mim curio- sidade e fascínio. Desde o primeiro ano da minha graduação, eu olhava o cadáver dissecado e pensava quão fabuloso seria ter o conhecimento pleno de cada pedacinho dele (artérias, veias, nervos, gânglios, músculos, ligamentos etc.). E, assim, eu vim parar aqui. Espero que você se apaixone por esta ciência tão bela como um dia eu me apaixonei. Forte abraço e muito estudo pra você! http://lattes.cnpq.br/9374304100882579 IMERSÃO RECURSOS DE Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e transformar. Aproveite este momento. PENSANDO JUNTOS EU INDICO Enquanto estuda, você pode acessar conteúdos online que ampliaram a discussão sobre os assuntos de maneira interativa usando a tecnologia a seu favor. Sempre que encontrar esse ícone, esteja conectado à internet e inicie o aplicativo Unicesumar Experience. Aproxime seu dispositivo móvel da página indicada e veja os recursos em Realidade Aumentada. Explore as ferramentas do App para saber das possibilidades de interação de cada objeto. REALIDADE AUMENTADA Uma dose extra de conhecimento é sempre bem-vinda. Posicionando seu leitor de QRCode sobre o código, você terá acesso aos vídeos que complementam o assunto discutido PÍLULA DE APRENDIZAGEM Professores especialistas e convidados, ampliando as discussões sobre os temas. RODA DE CONVERSA EXPLORANDO IDEIAS Com este elemento, você terá a oportunidade de explorar termos e palavras-chave do assunto discutido, de forma mais objetiva. INICIAIS PROVOCAÇÕES ANATOMIA HUMANA Prezado(a) aluno(a), vamos supor que um hospital da rede pública de saúde da sua cidade abra uma vaga de estágio remunerado, no setor de atendimento aos pacientes pós-consultas médicas. Esta vaga é exclusiva para alunos do segundo ano de gradua- ção, na área da saúde e do bem-estar, pois, assim, a disciplina de Anatomia Humana já teria sido cursada. Você precisa muito conseguir este estágio para adicionar em seu currículo, pois sua intenção é prestar concurso público nesta área. Além disso, você também precisa da remuneração oferecida (que é muito boa, aliás, e servirá para mantê-lo em melhores condições, durante seu período de graduação). Você conhece os órgãos que constituem os sistemas que formam o nosso corpo? Considerando a complexidade da linguagem médica para os pacientes bem como o agravamento desta dificuldade, devido à baixa escolaridade da população, e os conhecimentos de Anatomia Humana que constituem a base da prova, você se considera apto para prestar esta avaliação?O setor em que você buscará o estágio é de extrema importância, pois muitos pacientes e/ou acompanhantes têm dificuldade de entender o que os médicos dizem em relação ao diagnóstico, aos procedimentos terapêuticos e, até mesmo, em relação ao prognóstico dos pacientes. Esta dificuldade é agravada pelo baixo nível de escolaridade da maioria deles e pelo estresse que envolve esta etapa da internação. Assim, a prova de seleção avaliará o conhecimento específico dos candidatos em relação ao corpo humano e à anatomia humana é a base da prova. A Anatomia Humana é a área de conhecimento que intenciona estudar o corpo huma- no. Por meio dela, compreendemos a morfologia do corpo, ou seja, a forma de suas estruturas. Assim, cada sistema e cada órgão, individualmente, pode ser plenamente conhecido a partir do estudo anatômico. Os principais sistemas estudados neste campo de pesquisa são o esquelético, articular, muscular, nervoso, circulatório, tegumentar, respiratório, digestório, urinário, endócrino e reprodutor. Vamos imaginar que você passou na prova de seleção para o estágio, e, em seu primeiro dia de estágio, aparece uma mãe cujo filho foi internado com muita fraqueza muscular, falta de ar e cianose (arroxeamento das extremidades). O médico disse a ela que seu filho tem sopro cardíaco. Por não ter entendido as palavras do médico, ela te pergunta: O que é sopro cardíaco? O que são válvulas cardíacas? Como será feita a cirurgia que o médico disse ser necessária? Analisando estas e tantas outras perguntas às quais você poderá ser confrontado, explique como você responderia aos questionamentos desta mãe. Veja bem, se você não tiver o pleno conhecimento da morfologia (forma) e da fisiologia (função) do coração, você será incapaz de passar as adequadas informações a esta mãe e aos outros tantos pacientes/familiares que lhe pedirão orientações em seu estágio. Desta forma, é importante que você tenha em mente que a disciplina Anatomia Huma- na é imprescindível para lhe dar competência suficiente para solucionar este e tantos outros problemas que você enfrentará. Considerando todas as necessidades dos profissionais da área da saúde e do bem-estar em relação ao mercado de trabalho e à qualificação profissional, este livro visa elucidar as funções de cada sistema do corpo humano. Além disso, todas as estruturas anatô- micas que os formam serão abordadas de maneira pormenorizada visando esclarecer os principais aspectos morfológicos e funcionais de maneira aplicada à prática de sua profissão. Quando eu era criança, encantava-me ao ver um mecânico abrindo o capô do carro, observando, atentamente, seu motor, olhando cada detalhe daquele monte de peças e fios que formam o que dá vida ao carro, o motor. Para ser sincera, até hoje eu olho e penso: “Como deve ser difícil desvendar com precisão onde está o problema e como o consertar! Tem muita coisa aí dentro”! Pois bem, após o término da minha graduação, decidi estudar Anatomia Humana, e imagine qual foi a minha reação ao começar a estudar com mais detalhes todas as artérias, veias, nervos, linfáticos e tudo o mais que forma nosso corpo? Lembrei dos mecânicos, com admiração, e pensei: “Se eles conseguem, eu também vou conseguir”. De fato, hoje, considero o corpo humano de muito maior complexidade do que qualquer motor que o homem já possa ter inventado. Sempre que estudo (e olha que eu estudo muito), penso e digo aos meus alunos que, cada vez que compreendo algo novo sobre o corpo, não posso deixar de enfatizar a perfeição da criação de Deus: o homem. Ainda precisamos, no entanto, aprender mais sobre esta extraordinária máquina, a fim de que possamos encontrar a cura para graves doenças como a de Alzheimer ou mesmo a esclerose lateral amiotrófica. Sendo assim, o estudo não pode parar, e você faz parte disso. Enquanto profissional da área da saúde e do bem-estar, você não é apenas responsável por manter o corpo em perfeito funcionamento, mas também deve atentar para a qualidade de vida das pessoas. Além disso, tem a responsabilidade de pesquisar e divulgar o conhecimento, pois você teve a oportunidade de conhecer todos os sistemas do corpo e de inter-relacioná-los. Isso é fabuloso! Espero que considere tudo isto para sempre e nunca pare de se aperfeiçoar. Forte abraço! Carmem. 1 2 4 3 9 91 41 153 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANATOMIA HUMANA E SISTEMA TEGUMENTAR ESPLANCNOLOGIA APARELHO LOCOMOTOR SISTEMA NEUROENDÓCRINO APRENDIZAGEM CAMINHOS DE 1 Na Unidade 1, você terá seu primeiro contato com a Anatomia Humana. Entenderá seus principais conceitos, a importância, os aspectos históricos e a terminologia. Ademais, você entenderá as divisões do corpo humano, seus planos de estudo (aqueles que o tocam e aqueles que o cortam) e os eixos que permitem seus mo- vimentos. Por fim, você terá a oportunidade de aprender sobre a constituição do tegumento comum, entender as funções de cada uma de suas estruturas e entenderá as alterações mais comuns que podem acometê-lo. Introdução ao Estudo da Anatomia Humana e Sistema Tegumentar Dra. Carmem Patrícia Barbosa 10 UNICESUMAR Caro(a) aluno(a), imagine, agora, que você seja contratado para prestar uma consultoria especial no Instituto Médico Legal (IML) de sua cidade, em decorrência de um homicídio doloso que ocorreu com uma mulher, há 15 dias. Em seu relato, você precisaria descrever quais foram os danos causados ao tegumento comum da vítima e quais foram os planos de corte usados na secção do corpo pela arma branca utilizada pelo assassino. Está sentindo que tem um nó em sua cabeça, ou você tem noção de como um cadáver é dissecado? E os planos e os eixos do corpo humano, você conhece? Você já ouviu falar do tegumento comum, que seria de sua responsabilidade tratar no relatório? Pois bem! Talvez você nunca tenha ouvido falar destes termos, mas você precisará ter esses conceitos muito bem definidos porque, em sua atuação profissional, enquanto na área da saúde e do bem-estar, tais conceitos sempre serão, amplamente, usados e adotados como padrão e referência. Assim, ser assertivo em seu relato enquanto legista é de extrema importância, pois você poderá contribuir para que um criminoso seja preso e a justiça prevaleça. A fim de que você possa ter um conhecimento prévio sobre o caso descrito anteriormente, gostaria que você fizesse uma pesquisa sobre quais são as estruturas que compõem o tegumento comum e qual destas poderia revelar algo mais específico sobre o assassino e a forma como se deu o assassinato. Adicionalmente, quero que você faça uma pesquisa básica sobre quais são os planos de corte usados em anatomia humana para que um cadáver possa ser dissecado de forma correta. Acho que, refletindo no caso apresentado, você concordará comigo que é, realmente, muito impor- tante você se dedicar ao estudo da anatomia humana porque, só assim, você será capaz de responder com propriedade as perguntas que lhe serão impostas, no decorrer de sua vida profissional. Refletindo bem, você também concordará que conhecimentos prévios básicos sobre essa disciplina são essenciais para lhe dar segurança em seu desempenho laboral. Respondendo aos questionamentos apresentados, as estruturas que compõem o tegumento comum incluem a pele e seus anexos, bem como a tela subcutânea (também conhecida como hipoderme). Entre tais estruturas, a pele e as unhas da vítima poderiam revelar algo mais específico sobre o assassino e a forma como se deu o assassinato, pois poderiam conter material biológico do assassino para uma possível análise de DNA. Em relação aos planos de corte usados em anatomia humana para dissecar o cadáver, estão o sagital, o coronal e o transversal. Contudo não precisamos ter pressa, pois ainda abordaremos estes temas com mais profundidade. 11 UNIDADE 1 CONCEITO E INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANATOMIA HUMANA Depois de tantas informações iniciais, vamos, agora, caro(a) aluno(a), entender sobre este assuntopor etapas. Para muitas pessoas, falar em anatomia humana pode ser assustador. Isso porque muitos pensam (talvez até para você) que anatomia é sinônimo de pessoas mutiladas, assombrações ou coisas do gênero. Na verdade, a anatomia não tem nada de assustador, muito pelo contrário, é uma ciência simplesmente encantadora, que muito nos tem esclarecido ao longo dos anos. A anatomia estuda a estrutura do ser humano e as relações entre as partes que o formam. O termo anatomia deriva de duas palavras gregas, ana e tomnein, que significam, respectivamente, em partes e cortar ou incisar. Esta palavra foi escolhida porque, na Grécia Antiga, a atenção era dada, exclu- sivamente, ao ato de cortar, o que estava implícito no conceito geral da anatomia. Tal fato explica, ao menos parcialmente, porque, até mesmo nos dias de hoje, muitas pessoas se sentem incomodadas ou têm medo de estudar anatomia. Enquanto ciência, a anatomia tem um significado muito mais amplo, pois estuda, macro e micros- copicamente, a constituição e o desenvolvimento do ser humano. Sua existência sempre esteve rela- cionada à imensa curiosidade do homem em compreender as estruturas que o formam e as diferenças que existem em relação aos seus semelhantes, em termos de constituição e função. O início dos estudos anatômicos foi difícil, pois princípios éticos e religiosos da época impunham restrições ao ato de expor o corpo humano, já que, para desvendar os mistérios desta fabulosa máquina, a simples observação superficial não era suficiente. Por isso, a necessidade de aprofundar tal estudo foi, posteriormente, saciada pela dissecação (ou dissecção). DIÁRIO DE BORDO 12 UNICESUMAR A palavra dissecar tem origem latina e é produto da fusão de dis (separar) e secare (cortar). Assim, por meio da dissecação, o corpo e seus órgãos podem ser expostos, cirurgicamente, de maneira metódica, por meio de incisões adequadas que mantêm a organização natural de cada parte. Dessa forma, é possível manter os órgãos separados, mas, ao mesmo tempo, em uma relação de dependência entre forma e função. Assim, a anatomia enquanto ciência está, amplamente, embasada no ato de cortar o corpo humano pelo método da dissecção ou dissecação, a fim de melhor compreender sua estrutura externa e interna (FREITAS, 2004). Vale ressaltar que os estudos da anatomia humana são realizados no cadáver - nome dado ao corpo após a morte, enquanto este ainda conserva parte de seus tecidos. O termo cadáver, segundo a etimologia popular, teve origem na expressão latina caro data vermibus, que significa a carne dada aos vermes. Os etimologistas defendem que a palavra deriva da raiz cado, que significa caído. Estranho, não é? Esse termo foi escolhido, devido ao fato de que, como o estudo anatômico era, inicialmente, proibido, aqueles que se interessavam pela dissecação, muitas vezes, o faziam às escuras, violando sepulturas e dissecando corpos que já estavam em estado de putrefação. Complementarmente, estudos realizados em animais originaram a anatomia comparativa, por meio da qual a compreensão da constituição do corpo era realizada, primeiramente, em animais para posterior comparação com seres humanos. Inclusive, a dissecação de animais prenhes permitiu a observação de fetos e representou o início da Embriologia como ciência. A Embriologia (estudo da formação dos órgãos e sistemas), a Citologia (estudo das células) e a Histologia (estudo dos tecidos) tiveram seus desenvolvimentos fortemente marcados pelo surgimento do microscó- pio. Isto porque este instrumento possibilitou o estudo específico dos elementos constituintes dos seres organizados. Vale ressaltar que, embora todas estas ciências sejam consideradas especializações, são vistas, originalmente, como ramos da anatomia. Em relação aos principais aspectos históricos da anatomia humana, sabe-se que os primeiros es- boços anatômicos datam do período paleolítico, e que os gregos foram grandes responsáveis por seu desenvolvimento. No Brasil, a Bahia destacou-se como berço do ensino médico e, na mesma época, iniciou-se o ensino médico oficial, no Rio de Janeiro. Atualmente, o estudo da anatomia ainda é realizado, por meio da dissecação de cadáveres humanos considerados normais, embora, possam existir variações anatômicas individuais e diferenças morfológicas em decorrência da passagem do estado vivo ao cadavérico. No entanto, é possível aprender anatomia mesmo sem a dissecação, por meio da observação do corpo humano, por sua palpação e pelo estudo da anatomia de superfície (a qual avalia os relevos e as depressões que as estruturas anatômicas são capazes de formar). Na anatomia, estudamos o corpo humano considerado normal, já que a patologia e outras ciências se dedicam ao estudo das doenças que o acometem. No entanto, para definir normal em anatomia, é ne- cessário considerar os conceitos estatístico e idealístico. O conceito idealístico considera normal aquilo que é melhor para o desempenho da função da estrutura anatômica. Por exemplo, para que a mão consiga desempenhar, adequadamente, sua função de pinça fina, é ideal que o indivíduo tenha cinco dedos em cada uma delas. Já o conceito estatístico considera normal aquilo que a maioria dos indivíduos apresenta. Por exemplo, a maioria das pessoas tem cinco dedos em cada mão, por isso, é normal ter cinco, e não três ou quatro dedos (WATANABE, 2000). 13 UNIDADE 1 Quando comparamos diferentes indivíduos em um pequeno grupo, todavia, sempre podemos identificar a existência de pequenas diferenças morfológicas entre eles. Faça isso onde você estiver agora, caro(a) aluno(a), e perceba como as pessoas são mesmo diferentes. De acordo com Watanabe (2000), quando tais diferenças não prejudicam a função desempenhada pela estrutura anatômica, di- z-se que são apenas variações anatômicas. No entanto, quando tais diferenças atrapalham a função da estrutura, estas são ditas anomalias e, inclusive, podem ser denominadas monstruosidades, se impedirem que o indivíduo permaneça vivo. Uma variação anatômica pode ser, por exemplo, as diferentes tonalidades na cor dos olhos de dois irmãos. Uma anomalia pode ser a miopia que um deles apresenta. Uma monstruosidade pode ser exemplificada quando dois irmãos nascem unidos, e um deles tem de ser sacrificado para que o outro possa viver (é o que ocorre com gêmeos siameses ou xifópagos). Para que estes conceitos de normal, variação anatômica, anomalia e monstruosidade possam ser empregados, é necessário saber que alguns fatores podem causar variação. Isto ocorre, por exem- plo, com a idade do indivíduo, com seu sexo, o grupo étnico, o biotipo, entre outros. Por exemplo, é normal que um bebê apresente os ossos do crânio separados, mas não é normal que isso ocorra em um adulto. É normal que uma mulher tenha os ossos da pelve mais abertos a fim de facilitar o parto pélvico, mas não é normal que isso ocorra em um homem. É normal que um indivíduo negro tenha a pele escura e os cabelos encaracolados, mas não é normal em um japonês. É normal que um indivíduo longilíneo tenha os membros longos em relação ao corpo, mas não o é em um indivíduo brevilíneo. Por fim, é importante destacar que o estudo da anatomia humana pode ser feito de diferentes formas, conforme o objetivo do estudo. Por exemplo, a anatomia pode ser estudada a partir dos sistemas que compõem o corpo humano (esta é a anatomia sistêmica que aprenderemos aqui e que lhe permitirá estudar os sistemas circulatório, respiratório, digestório, urinário, genital masculino, genital feminino, nervoso, endócrino, esquelético, articular, muscular e o tegumento comum). Por outro lado, o estudo anatômico pode abranger regiões específicas do corpo - o que ocorre na chamada anatomia topográ- fica (a odontologia, por exemplo, estuda anatomia topográfica da cabeça e do pescoço). Além disso, o estudo anatômico pode ser feito, por meio de imagens (anatomia radiológica ou de imagem),em comparação a seres de outras espécies (anatomia comparativa), com fins artísticos (anatomia artística), em comparação aos diferentes tipos raciais e morfológicos (anatomia antropológica e biotipológica) etc. (WATANABE, 2000). Caro(a) aluno(a), será que algum dia você imaginou que a Anatomia Humana poderia ter tantas áreas de atuação, enquanto meio de trabalho? 14 UNICESUMAR Cientistas e profissionais da área da saúde usam uma linguagem própria ao se referirem às estruturas do corpo humano e à forma como a dissecção é feita. Por isso, estar atualizado em relação à nomen- clatura utilizada é essencial ao estudante de anatomia humana bem como aos profissionais da saúde e do bem-estar. Na anatomia, esta nomenclatura engloba termos gerais e especiais originados da língua grega, latina e outras. Em conjunto, a Nômina Anatômica, publicada com o nome de Terminologia Anatômica, tem o objetivo de evitar que estruturas do corpo humano recebam diferentes denominações em diversos centros de estudos e pesquisas em anatomia no mundo (DI DIO, 2002). Considerada um documento oficial que deve ser obedecido por professores e alunos da disciplina Anatomia Humana, a terminologia anatômica é constituída por cerca de 6.000 termos, esporadica- mente, revistos e atualizados, os quais são traduzidos pelas sociedades de anatomia de cada país. No Brasil, a terminologia é traduzida pela Comissão de Terminologia Anatômica da Sociedade Brasileira de Anatomia (SBA) (CFTA, 2001; FREITAS, 2004; TORTORA; DERRICKSON; WERNECK, 2010). Este conjunto de termos empregados fundamenta-se na forma da estrutura ou em parte dela (como o músculo deltoide que recebe este nome por lembrar um delta, uma estrutura triangular), na localização da estrutura (artéria vertebral), em sua função (glândula lacrimal) e outras peculiaridades. Vale destacar que a utilização de abreviações é permitida a fim de facilitar seu uso prático. Assim, utiliza-se a. (para artéria), v. (para veia), n. (para nervo), m. (para músculo), lig. (para ligamento), gl. (para glândula) e g. (para gânglio). O plural destes termos, normalmente, emprega a duplicação da letra utilizada na abreviação, por exemplo, aa. (para artérias), vv. (para veias) etc. (WATANABE, 2000). Ademais, caro(a) aluno(a), a posição anatômica, vista logo a seguir, de descrição ou posição de refe- rência, foi instituída e se tornou de grande valia para evitar erros na nomenclatura e no posicionamento do corpo a ser estudado. Em tal posição, supõe-se que o indivíduo esteja ereto, com a cabeça em nível horizontal, olhos voltados para a frente, pés plantados no chão e direcionados para frente, membros superiores ao lado do corpo com as palmas das mãos voltadas para frente (MOORE et al., 2014). 15 UNIDADE 1 A partir da posição anatômica, as várias regiões do corpo são denominadas, por exemplo, cabeça, pescoço, tronco, membros superiores e membros inferiores. A cabeça é subdividida em crânio facial ou viscerocrânio e crânio neural ou neurocrânio. Enquanto o crânio facial é anterior, menor, constituído por catorze ossos cujas funções se relacionam a abrigar e proteger os órgãos dos sentidos e possibilitar a fonação e a mastigação, o crânio neural é posterior, maior, constituído por oito ossos os quais estão, diretamente, relacionados à proteção do sistema nervoso central localizado em seu interior (TORTO- RA; DERRICKSON; WERNECK, 2010). Já o pescoço é dividido em pescoço anterior (visceral) e posterior (muscular), também denominado nuca. Segundo Freitas (2004), o tronco também é subdividido em tórax (limitado, superiormente pela clavícula e inferiormente pelo músculo diafragma), abdome (limitado superiormente, pelo músculo dia- fragma e, inferiormente, pela abertura superior da pelve) e pelve (localizada entre os ossos do quadril). Os membros superiores e inferiores também são subdivididos em uma região conectada ao tronco, denominada cíngulo (ou raiz ou cintura) e uma parte livre. A raiz ou cíngulo do membro superior é a cintura escapular e sua parte livre inclui braço, antebraço e mão (sendo sua parte anterior deno- minada palma e sua parte posterior chamada de dorso). A raiz ou cíngulo do membro inferior é a cintura pélvica e sua parte livre inclui coxa, perna e pé (sendo sua parte superior denominada dorso e sua parte inferior chamada de planta). As articulações conectam as várias partes do corpo, como é o caso das articulações intervertebrais, da articulação do ombro, cotovelo, quadril, joelho e tornozelo (FREITAS, 2004). Descrição da Imagem: na figura, temos um desenho com a representação de um corpo humano feminino. Este corpo está em posição ereta, com os braços es- tendidos, e as palmas das mãos viradas para frente. Figura 1 - Posição anatômica de descrição 16 UNICESUMAR A partir da posição anatômica de descrição, que vimos anteriormente, supõe-se a existência de planos imaginários que tangenciam (ou tocam) a superfície externa do corpo a fim de facilitar a localização das estruturas corpóreas. Tais planos são denominados superior ou cranial, inferior ou podálico, lateral direito, lateral esquerdo, anterior ou ventral e posterior ou dorsal (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014). Assim, pode-se afirmar que os olhos são estruturas superiores à cicatriz umbilical já que se locali- zam mais próximos ao plano superior ou cranial do que a cicatriz umbilical. De igual modo, pode-se afirmar que as escápulas são estruturas posteriores em relação ao osso esterno uma vez que estão mais próximas do plano posterior. Embora os planos de tangenciamento facilitem a localização das estru- turas corpóreas, o estudo da anatomia também se faz, por meio do corpo seccionado. Lembra? Assim, planos de referência de secção (ou corte) também tiveram que ser padronizados. Neste contexto, os termos plano sagital, plano transversal (ou horizontal) e plano coronal (ou frontal) foram adotados. O plano sagital é uma secção longitudinal, que divide o corpo ou qualquer uma de suas partes em porções direita e esquerda. Se este plano passa, exatamente, sobre a linha mediana do corpo, ele é chamado de plano sagital mediano, o qual divide o corpo em duas metades iguais, denominadas antímero direito e antímero esquerdo. O plano coronal é uma secção longitudinal, que divide o corpo em porção anterior e posterior, denominadas paquímero anterior ou ventral e paquímero posterior ou dorsal. Por fim, o plano transversal divide o corpo em porção superior e inferior, denominadas metâmero superior ou cranial, e metâmero inferior ou podálico (FREITAS, 2004). CRÂNIO FACIAL TÓRAX ABDOME PELVE DORSO REGIÃO GLÚTEA PESCOÇO E NUCA RAIZ PARTE LIVRE MEMBRO INFERIOR RAIZ PARTE LIVRE MEMBRO SUPERIOR CRÂNIO NEURAL Descrição da Imagem: na figura, há um desenho do corpo humano em vista anterior, posterior e lateral com suas subdivisões: crânio neural e facial, pescoço e nuca, tronco (tórax, abdome, pelve, dorso e região glútea) e membros superiores e inferiores (raiz do membro e suas partes livres). Figura 2 - Partes do corpo humano 17 UNIDADE 1 Um dos objetivos do estudo da anatomia humana é empregar os conhecimentos adquiridos também no corpo vivo. Dessa forma, existem termos usados para descrever os diferentes movimentos dos membros e outras partes corpóreas que podem ser realizados nas articulações móveis do corpo. Tais movimentos são descritos como pares de opostos, ou seja, flexão e extensão, abdução e adução, ro- tação medial e lateral, supinação e pronação etc. (MOORE et al., 2014; TORTORA; DERRICKSON; WERNECK, 2010). Todos estes movimentos serão abordados, posteriormente, quando falarmos sobre o aparelho locomotor e as funções dos diversos músculos do corpo humano. Os movimentos sempre ocorrem em um plano (sagital, coronal ou transversal) e por meio de um eixo de movimento corpóreo. Os eixos são linhas imaginárias denominadas perpendiculares aos pla- nos nos quais ocorrem. Assim, os movimentosde flexão e extensão, por exemplo, ocorrem no plano sagital e no eixo coronal. Os movimentos de abdução e adução ocorrem no plano coronal, a partir do eixo sagital. Por fim, as rotações medial e lateral ocorrem no plano transversal, a partir do eixo longitudinal (WATANABE, 2000). Descrição da Imagem: a figura mostra o corpo humano com os três planos de secção: sagital, coronal e transversal. Figura 3 - Planos de secção do corpo Imagem 18 UNICESUMAR TEGUMENTO COMUM Como já mencionado, caro(a) aluno(a), conhecer o tegumento comum é de extrema importância aos profissionais da saúde e do bem-estar uma vez que este se relaciona, diretamente, às suas atividades profissionais. O termo tegumento comum engloba a pele e seus anexos e a tela subcutânea que tam- bém é conhecida como hipoderme. Enquanto a tela subcutânea tem localização profunda, a pele é superficial e é constituída por duas camadas sobrepostas: a epiderme e a derme (NARCISO, 2012). Agora, caro(a) aluno(a), observe as duas principais camadas da pele humana (epiderme e derme) e a tela subcutânea ou hipoderme na figura a seguir. Epiderme Derme HipodermeDescrição da Imagem: a figura mostra um pedaço da pele (com a epiderme e a derme) e a tela subcutânea (ou hipoderme). Figura 4 - Tegumento comum A pele é considerada o maior órgão do corpo humano, equivalente a 16% do peso corporal de um in- divíduo adulto e com uma área total de cerca de 2m2. Ela reveste, externamente, a superfície do corpo, margeia seus orifícios e se prolonga com as mucosas do corpo, dando proteção contra desidratação e agentes nocivos (que podem ser agentes químicos, físicos e biológicos). Além disso, a pele apresenta inúmeros receptores sensitivos (de dor, tato, temperatura, pressão etc.) os quais se ligam ao sistema nervoso central informando-o, constantemente, das condições do meio externo. Adicionalmente, por seu intermédio, pode ocorrer eliminação e absorção de várias substâncias do corpo, como medicamentos. Ela é fantástica! Algumas características da pele podem variar de acordo com as regiões do corpo. Sua espessura, por exemplo, pode variar de 0,5 a 4 mm. Normalmente, é mais espessa nas superfícies dorsais e extensoras do corpo e em regiões sujeitas à pressão, onde é chamada de pele grossa, como podemos verificar na imagem da palma da mão. Em contrapartida, em áreas, como pálpebras e lábios, ela é, extremamente, delicada, sendo chamada de pele fina (DÂNGELO; FATTINI, 2011). 19 UNIDADE 1 A pele prende-se, apenas frouxamente, às estruturas próximas (como a tela subcutânea e as fáscias) e, por isso, pode ser, facil- mente, deslocada ou mesmo se adaptar às irregularidades do corpo. Todavia existem faixas de tecido conjuntivo chamadas retináculos da pele, os quais podem limitar, parcialmente, esta mobilidade. Tais retináculos prendem-se à tela subcutânea e às fáscias, formando pontos de fixação profunda da pele. Nos pontos onde estas estrutu- ras estão bem presentes, formam-se sulcos superficiais, chamados linhas de clivagem, que indicam a direção dos feixes de fibras colá- genas. Por isso, a pele (mais especificamente a epiderme) é rica em sulcos e cristas que caracterizam as pessoas (como as impressões digitais) e as regiões do corpo (JUNQUEIRA et al., 2018). Em algumas regiões do corpo, a pele apresenta capacidade de contração, devido à presença de fibras musculares lisas. Isso acon- tece, por exemplo, na pele dos mamilos e do escroto. Ademais, a pele pode ser, extremamente, elástica (como ocorre no dorso da mão) ou pouco elástica (como ocorre na palma da mão). No entanto o envelhecimento faz com que ocorra expressiva perda da elasticidade da pele uma vez que suas fibras elásticas diminuem em termos quantitativos e se tornam desorganizadas. Tal fato associa-se ao aumento do número de rugas e de flacidez. Vale ressaltar que, quando ocorre a distensão excessiva da pele (em caso de gestação, obesidade, edema etc.), pode haver alteração da sua estrutura, com adelgaçamento e ruptura dos feixes de fibras elásticas. A B Descrição da Imagem: a figura mostra, à esquerda, um pedaço de pele fina (como do antebra- ço) e, à direita, um pedaço de pele grossa (como da palma da mão). Figura 5 - Diferentes tipos de pele hu- mana: a) Pele fina; b) Pele grossa REALIDADE AUMENTADA PROCESSO DE ENVELHECIMENTO DA PELE 20 UNICESUMAR Outra questão importante que merece destaque, caro(a) aluno(a), é que a pele pode apresentar-se flá- cida quando a ingestão de proteínas é muito baixa. Isto porque os fibroblastos da pele necessitam de aminoácidos para efetivarem a síntese de colágeno cuja ausência implica flacidez cutânea. A vitamina C estimula a síntese de colágeno e, de igual modo, sua ausência a reduz (JUNQUEIRA et al., 2018). A proliferação das células da pele depende do ritmo circadiano, sendo mais acentuada durante o repouso. O conhecimento da cronobiologia da pele tem permitido aos dermatologistas, cosmetologistas e pro- fissionais que trabalham em seu benefício, otimizar a absorção de compostos pela pele, estimulando a utilização de protetores solares, durante o dia, e cremes hidratantes e nutritivos, durante a noite. A cor da pele depende de alguns fatores, como a quantidade de pigmentos (principalmente me- lanina e caroteno), a cor do sangue circulante, a espessura da epiderme e a quantidade de vasos capi- lares sanguíneos. Este último fator explica, por exemplo, o fato de a pele ficar avermelhada quando aquecida em decorrência da vasodilatação periférica e, em contrapartida, o fato de a pele ficar pálida (esbranquiçada) em função da vasoconstrição. Você sabia que a pele tem importante participação da síntese da vitamina D? Isso é importante, pois a vitamina D aumenta a absorção de fosfato e cálcio no intestino. Sua síntese depende da incidência dos raios ultravioletas do sol, os quais, ao atingirem a pele, transformam a pré-vita- mina D obtida nos alimentos em sua forma ativa. Descrição da Imagem: a figura mostra um corte histológico da pele do mamilo humano com muitos melanócitos e melanina abundante. Figura 6 - Histologia da pele humana. Observar os muitos melanócitos e a abundante quantidade de melanina na pele do mamilo humano 21 UNIDADE 1 A melanina é produzida pelos melanócitos de maneira, geneticamente, determinada. Embora o número de melanócitos seja quase o mesmo em todas as raças, a quantidade de melanina que eles produzem determina a cor que a pele apresentará (negros têm muita melanina e albinos não a apresentam). É importante destacar que a melanina protege dos raios solares (e, consequentemente, da incidência de câncer de pele). Todavia um tipo específico de câncer, o melanoma maligno, pode acometer os mela- nócitos. Sua prevenção relaciona-se à menor exposição aos raios ultravioletas. A exposição da pele ao sol causa escurecimento porque a melanina já existente na pele sofre um processo de escurecimento e, concomitantemente, ocorre ativação da síntese de nova melanina a partir da liberação do hormônio estimulante de melanócitos (MSH), produzido pela glândula hipófise (DÂNGELO; FATTINI, 2011). O caroteno também influencia na coloração da pele, podendo fazer com que ela apresente uma coloração amarelada. Este pigmento está presente em alimentos, como cenoura, abóbora e mamão. No entanto, é importante enfatizar que a pele amarelada pode surgir em decorrência de doenças que podem alterar a coloração normal da pele (como icterícia, hepatites etc.). Ainda falando em vitamina D, no verão sua síntese é grande, permitindo que o excedente do consumo seja armazenado no fígado, possibilitando que a reserva seja consumida durante o inverno (pela menor disponibilidade de luz solar). Deficiência de vitamina D pode causar raquitismo (nas crianças) e osteomalácea (nos adultos). Um dado interessante é o fato de a vitamina A (ácido retinoico) ser fundamental para a manutenção da estrutura epitelial normal, poisé necessária para que as células basais se diferenciem em epitélio, garantindo, assim, a integridade da pele e das mucosas. Sua deficiência causa lesões cutâneas como hipercerato- se folicular (pele de sapo, escamas de jacaré), cegueira noturna (nictalopia), amolecimento e ulceração da córnea. Como visto anteriormente, a pele é constituída por duas camadas sobrepostas: a epiderme e a derme. A epiderme é formada por várias camadas de células. As mais profundas sofrem divisões celulares, proliferam-se e empurram as demais células para regiões mais superficiais as quais passam por um processo de queratinização. Assim, quando queratinizadas e mortas, tais células são eliminadas pelo próprio atrito. Como a queratina é uma proteína de fácil hidratação, a tumefação característica da pele de indiví- duos que ficam muito tempo submersos na água se deve à hidratação excessiva dela. Além disso, na epiderme, a queratina é responsável pela relativa impermeabilidade que a pele apresenta dificultando a evaporação de água (o que é essencial à manutenção da homeostasia corpórea), impede a penetração de substâncias químicas lesivas e minimiza a invasão de microrganismos. 22 UNICESUMAR A epiderme não tem vasos linfáticos nem sanguíneos e, por isso, recebe sua nutrição do tecido conjuntivo da derme. Apresenta três tipos principais de células: as células epiteliais (que são as mais abundantes e formam o epitélio pavimentoso queratinizado), os melanócitos e as células do sistema imune. Histologicamente (ou seja, quando vista ao microscópio), a epiderme é constituída por cinco estratos (camadas) de células: estrato córneo, estrato lúcido, estrato granuloso, estrato espinhoso e estrato basal (ou germinativo) (JUNQUEIRA et al., 2018). Epiderme Derme Hipoderme Camadas da Epiderme Estrato córneo Estrato lúcido Estrato Granuloso Estrato Espinhoso Estrato Basal Descrição da Imagem: a figura à esquerda mostra um corte da pele (Epiderme, Derme) e da Hipoderme. À direita, destacam-se as cinco camadas da epiderme: estrato córneo, estrato lúcido, estrato granuloso, estrato espinhoso e estrato basal. Figura 7 - Corte da pele e da hipoderme (em destaque, as camadas da epiderme) A derme fica abaixo da epiderme, tem muito tecido conjuntivo e é a camada mais espessa da pele. É rica em fibras colágenas e elásticas, o que lhe dá a capacidade de distensão quando tracionada. Apre- senta muitos vasos sanguíneos e linfáticos, nervos e terminações nervosas. Devido aos vasos sanguí- neos e às glândulas que apresenta, ela participa da regulação da temperatura corporal, na chamada termorregulação. A derme apresenta duas camadas: papilar e reticular. A camada papilar é fina e formada por tecido conjuntivo frouxo que penetra nas papilas dérmicas, formando as cristas dérmicas (impressões digitais) visíveis na superfície da pele. Nas papilas dérmicas, estão presentes vasos sanguíneos e receptores do tato. Complementarmente, a camada reticular apresenta muitas fibras colágenas, elásticas e reticulares entrelaçadas. 23 UNIDADE 1 Na derme, conforme imagem a seguir, estão os folículos pilosos, as glândulas sudoríparas, as glândulas sebáceas e os músculos eretores do pelo. Sua superfície profunda se fixa aos ossos, aos músculos ou ao tecido conjuntivo da tela subcutânea (JUNQUEIRA et al., 2018). CAMADAS DA PELE E HIPODERME Folículo piloso Epiderme Derme Gordura Subcutânea (hipoderme) Tecido subcutâneo Veia Corpúsculo de Paccini Artéria Estrato córneo Estrato lúcido Estrato Granuloso Estrato Espinhoso Estrato Basal Membrana Basal Papila Dérmica Corpúsculo tátil de Meissner Glândula Sebácea Folículo Piloso Camada Reticular Nervos sensitivos Ducto da Glândula Sudorípara Glândula Sudorípara Descrição da Imagem: a figura mostra as camadas da pele e a hipoderme. Nela, aparecem pelos, glândulas sudo- ríparas e sebáceas, vasos sanguíneos e nervos. Com destaque para: à esquerda - Folículo piloso, epiderme, derme, gordura subcutânea (hipoderme), tecido subcutâneo, veia, corpúsculo de Paccini, artéria. À direita - estrato córneo, estrato lúcido, estrato granuloso, estrato espinhoso, estrato basal, membrana basal, papila dérmica, corpúsculo tátil de Meissner, glândula sebácea, folículo piloso, camada reticular, nervos sensitivos, ducto da glândula sudorípara, glândula sudorípara. Figura 8 - Camadas da Pele e Hipoderme 24 UNICESUMAR Os anexos da pele localizam-se na epiderme, na derme e, até mesmo, na tela subcutânea. Incluem as glândulas sudoríparas, as glândulas sebáceas, as mamas, os pelos e as unhas. As glândulas sudorípa- ras possibilitam a sudorese, ou também chamada transpiração, que nada mais é do que a eliminação do suor a fim de manter a homeostasia corpórea (tais glândulas atuam na termorregulação). O suor é semelhante ao plasma sanguíneo, contém sódio, potássio, cloreto, ureia, amônia, ácido úrico e uma pequena quantidade de proteínas. O odor do suor se deve à ação das bactérias sobre o mesmo e das substâncias orgânicas eliminadas. As glândulas sudoríparas também atuam na excreção de metabólitos, medicações e alimentos. Elas são inervadas pelo sistema nervoso autônomo simpático e, por isso, podem ser influenciadas pelas emoções (o que explica o fato de, em situações de estresse físico ou psicológico, haver aumento da sudorese). Seu número varia de acordo com as regiões do corpo, sendo abundantes nas palmas das mãos e plantas dos pés, escassas no dorso das mãos e pés, e ausentes nas pálpebras e glande. Em algumas regiões do corpo (como axila, região inguinal, órgãos genitais externos e ânus) existem algumas glândulas muito semelhantes às glândulas sudoríparas. Todavia a secreção de tais glândulas é um pouco diferenciada, pois é, ligeiramente, viscosa, apresenta alguns produtos da desintegração de células glandulares e pode desenvolver um odor característico em função das bactérias locais. Poros Glândula sebácea Glândula sudorípara Folículo piloso Adipócitos Epiderme Derme Hipoderme Músculo Descrição da Imagem: a figura mostra a pele humana (com a epiderme, contendo poros; e a derme, contendo glându- las sudoríparas e sebáceas, e o folículo piloso). Além disso, mostra a hipoderme (com adipócitos) e, por fim, os músculos. Figura 9 - Pele humana 25 UNIDADE 1 As glândulas sebáceas secretam sebo (constituído de gorduras) cuja função é lubrificar a pele e os pelos. Assim, o sebo diminui o ressecamento dos pelos e previne a evaporação excessiva da pele, mantendo-a macia e inibindo o crescimento bacteriano. Normalmente, elas ficam próximas aos folí- culos pilosos e não existem nas regiões palmares e plantares. Na adolescência, é comum, por influência hormonal, que as glândulas sebáceas sejam estimuladas e passem a produzir maior quantidade deste sebo. Tal fato, associado à queratinização anormal, à impactação do fluxo do sebo e ao crescimento bacteriano exacerbado, pode causar uma infecção dérmica ou hipodérmica conhecida como acne. Glândulas sebáceas Poro Glândulas sudoríparas écrinas (liberam sua secreção sem que haja perda do citoplasma da célula secretora)Glândulas sudoríparas apócrinas (eliminam secreção com porções do citoplasma) Folículo piloso Descrição da Imagem: a figura mostra um corte da pele e da hipoderme com as glândulas sudoríparas e sebáceas, e o folículo piloso, destacando: glândula sebácea, poro, glândula sudorípara, folículo piloso. Figura 10 - Glândulas sudoríparas e sebáceas As mamas situam-se à frente dos músculos peitorais e são, popular e erroneamente, chamadas seios. Este termo foi atribuído às mamas em decorrência do fato de entre elas existir um sulco intermamá- rio, o qual, no passado, era chamado seio. Elas têm por função secretar, inicialmente, o colostro e, posteriormente, o leite para a nutrição do recém-nascido uma vez que é rico em proteínas, lactose, lipídios e sais minerais. As mamas são constituídas por 15 a 20 glândulas especializadas na produçãode leite, as quais pas- sam por um amplo desenvolvimento durante a puberdade em decorrência da influência hormonal. 26 UNICESUMAR Por isso, as mamas são vistas como caracteres sexuais secundários e sofrem uma involução (chamada de involução climatérica da mama), o que gera redução de tamanho, atrofia de ductos, de glândulas e tecido conjuntivo, caracterizando a involução senil. Nos homens, elas são pouco desenvolvidas. A influência hormonal sobre as mamas também pode ser vista durante o período gestacional e de lactação e durante o período pré-menstrual. No primeiro caso, as mamas podem até triplicar de tamanho. No segundo, pode haver enrijecimento e um quadro doloroso nas mamas. Elas apresentam uma região central projetada chamada papila mamária onde desembocam de 15 a 20 ductos lactíferos. A papila é bastante inervada e sua pele apresenta fibras musculares lisas cuja contração (desencadeada por estímulos mecânicos, táteis, térmicos ou sexuais) faz com que ela endureça. Ao redor da papila está a aréola da mama, uma área bastante pigmentada onde existem glândulas sudoríparas e sebáceas que são visíveis como pequenas saliências. Na gravidez, a aréola da mama escurece e tende a manter esta cor após o período gestacional. Internamente, as mamas são compostas por glândulas mamárias cujos ductos lactíferos se abrem na papila mamária, como pode ser visto na imagem a seguir. O conjunto destas glândulas é chamado corpo da mama. Além disso, uma grande quantidade de tecido conjuntivo forma o estroma da mama. O tecido conjuntivo denso forma trabéculas (ligamentos cutâneos ou ligamentos suspensores da mama) que sustentam o tecido adiposo da mama. A forma e o tamanho das mamas dependem da quantidade de tecido adiposo que elas apresentam. Infelizmente, caro(a) aluno(a), o câncer de mama atinge grande parte da população feminina mundial. A prevenção é a melhor forma de conter esta doença. Para tanto, a palpação periódica dos linfonodos de drenagem das mamas e o autoexame de mama são essenciais. Músculo Peitoral Maior Tecido Adiposo Glândulas Mamárias Mamilo Papila Mamária Ductos Lactíferos Costelas Descrição da Imagem: a figura mostra a estrutura constitucio- nal da mama, com a respectiva indicação de cada elemento: músculo peitoral maior, tecido adiposo, glândulas mamárias, mamilo, papila mamária, ductos lactíferos e costelas. Figura 11 - Anatomia da mama 27 UNIDADE 1 Os pelos recobrem uma parte considerável da pele dos mamíferos, embora em algumas regiões es- pecíficas possam ser ausentes (como no dorso das falanges distais e nas regiões palmar e plantar). Os pelos dão proteção ao corpo, participam da termorregulação, da evaporação do suor e da sensibilidade tátil. Eles variam de acordo com as diferentes regiões corpóreas, com o sexo e grupo étnico. Sua colo- ração depende da quantidade de melanina que apresentam de forma que a ausência deste pigmento faz com que sejam brancos. Os pelos apresentam duas partes: haste (acima da pele) e raiz (dentro do folículo piloso que fica dentro da derme e da tela subcutânea). A base do folículo piloso é dilatada, formando o bulbo piloso, e a cada pelo há um músculo eretor do pelo cuja contração faz que ele fique ereto e a pele próxima arrepiada. Além disso, ocorre a contração da glândula sebácea cuja secreção é eliminada ao meio externo para diminuir a perda de calor corpóreo. O músculo eretor do pelo pode se contrair, invo- luntariamente, a partir de emoções (como susto e medo) e, também, pela influência do frio. Ao redor das raízes dos pelos, existem várias terminações nervosas e vasos sanguíneos. Os pelos, como pode ser observado na imagem a seguir, são constituídos de células queratinizadas e incluem cabelos, supercílios, cílios, vibrissas (pelos do nariz), bigode, barba, hircos (pelos da axila) e púbios (pelos da região púbica). Pelos escuros apresentam medular, cortical (pigmentada) e cutícula; pelos brancos têm as mesmas camadas, mas a cortical é despigmentada; pelos loiros não têm medular. Músculo Eretor do Pelo Folículo Piloso Raíz do Pelo Vasos Sanguíneos Papila do Pelo Escalpo Glândula Sebácea Pelo Descrição da Imagem: a figura tem uma ilustração que demonstra um pedaço de pele com a estrutura do pelo (com o folículo piloso e a raiz do pelo). Na figura, à esquerda, estão indicados: haste do pelo, escalpo, glândula sebácea, papila do cabelo. À direita, estão indicados: músculo eretor do pelo, folículo piloso, raiz do pelo, vasos sanguíneos. Figura 12 - Anatomia do pelo 28 UNICESUMAR As unhas são lâminas constituídas de células queratinizadas, que recobrem a maior parte das falanges distais das mãos e pés a fim de protegê-las. Sua parte proximal é chamada de matriz da unha (oculta pela pele que a recobre), e sua parte distal e principal é o corpo da unha. A matriz da unha garante a formação e o crescimento da unha. Próximo à raiz, há uma região esbranquiçada em forma de meia lua chamada de lúnula e uma prega que a fixa chamada de eponíquio (ou popularmente, cutícula). As margens laterais e a margem proximal da unha são fixas aos dedos, e sua margem distal é livre. Sua transparência permite ver a tonalidade rosada do leito da unha (local bastante vascularizado e inervado onde a unha repousa). As unhas crescem durante toda a vida (cerca de 1mm/semana), pois as células epiteliais da raiz se proliferam e sofrem queratinização, formando a placa córnea constituída de células mortas. O cresci- mento das unhas tende a ser maior no verão e não ocorre em cadáveres. Ma triz da un ha Ra iz d a u nh a Pre ga pr ox im ida l d a u nh a Ep on íqu io/ Cu tíc ula Co rpo da un ha Le ito da un ha mar gem livr e da unh a Falange distal Estrato germinativo Descrição da Imagem: a ilustração mostra a constituição anatômica da unha, com os seguintes componentes: matriz da unha, raiz da unha, prega proximal da unha, eponíquio/cutícula, corpo da unha, leito da unha, margem livre da unha, falange distal, estrato germinativo. Figura 13 - Anatomia da unha A tela subcutânea (Figuras 7 e 8) é formada por tecido conjuntivo frouxo, tecido adiposo e fibras elásticas. Ela une, frouxamente, a derme aos órgãos adjacentes, protege contra choques e atua como isolante térmico. Adicionalmente, a tela subcutânea representa uma reserva de nutrientes e armazena, temporariamente, alguns hormônios e medicamentos lipossolúveis. Tal fato pode ser útil quando se utilizam injeções subcutâneas de liberação lenta aplicada, diretamente, na tela subcutânea. Todavia isso pode ser indesejável quando a via de administração é outra, mas o medicamento é, parcialmente, armazenado na tela subcutânea comprometendo sua biodisponibilidade e, consequentemente, sua ação (é o caso, por exemplo, de medicamentos à base de hormônios lipossolúveis). 29 UNIDADE 1 A tela subcutânea forma uma camada variável de tecido adiposo chamada de panículo adiposo. Embora ela seja mais espessa nas mulheres e sua distribuição no corpo feminino seja uma caracte- rística sexual secundária (haja vista ela predominar na região do baixo ventre e quadris), em alguns lugares do corpo ela quase inexiste (como no pavilhão auditivo, pálpebras, lábios menores do pudendo, escroto e prepúcio). O tecido conjuntivo subcutâneo tem muitos vasos sanguíneos e vasos linfáticos. Além disso, apre- senta raízes dos folículos pilosos, parte das glândulas sudoríparas, nervos cutâneos e terminações ner- vosas (principalmente aquelas relacionadas à pressão). A espessura da tela subcutânea varia de acordo com o estado nutricional do indivíduo e tende a ser maior nas mulheres e a aumentar com a idade em ambos os sexos. Histologicamente, apresenta as camadas areolar, lamelar e a fáscia superficial. A gordura da tela subcutânea, normalmente, é usada em situações de privação alimentar e desnutrição. As principais alterações correlatas ao tegumento comum incluem dermatite, vitiligo,caspas, cianose, eritema, icterícia, queloide, estrias cutâneas, queimaduras e acne. A dermatite é a inflamação da pele que pode ocorrer, por exemplo, quando a pele é exposta a substâncias irritantes químicas ou físicas, ao contato com agentes tóxicos, ou pode ser em decorrência à exposição excessiva aos raios ultravioletas do sol. Quando Streptococos pyogenes infectam a pele, podem aparecer impetigo (lesão ulcerosa e até purulenta) e erisipela (grave infecção da pele). O vitiligo é uma doença na qual os melanócitos são perdidos, parcial ou completamente. Assim, a atuação deles na produção de pigmento na epiderme é prejudicada, fazendo que apareçam manchas de tonalidade mais clara pelo corpo. Suas causas incluem autoimunidade, fatores neuro-humorais e autodestruição dos melanócitos por intermediários tóxicos da síntese de melanina. As caspas, também chamadas dermatite seborreica, são caracterizadas por placas amareladas e oleosas em toda a extensão do couro cabeludo. Seu agente causador são fungos e, normalmente, culminam em queda dos cabelos. A cianose é a pele azulada comum em casos de hipóxia ou anóxia (diminuição ou falta de oxigê- nio). Isso ocorre porque a hemoglobina (responsável pelo transporte de gases no sangue) apresenta coloração vermelho vivo ao transportar o oxigênio, e coloração arroxeada quando o oxigênio não está em quantidade suficiente. É mais evidente onde a pele é fina, como nos lábios, pálpebras e unhas transparentes. O eritema é a coloração, anormalmente, avermelhada da pele que ocorre em casos de lesão cutânea, exposição ao calor excessivo, infecção, inflamação ou reações alérgicas. Ocorre por ingurgitamento dos leitos capilares superficiais. A icterícia é a coloração amarelada da pele e das escleras dos olhos. É comum em alguns distúr- bios do fígado, porque um pigmento amarelado (chamado bilirrubina) acumula-se no sangue. É mais evidente em pessoas de pele clara. Queloide é a cicatrização excessiva ou alterada da pele. Incisões paralelas às linhas de clivagem da pele tendem a cicatrizar facilmente e com pouca marca de cicatrização. No entanto, quando a incisão é transversal às linhas de clivagem, mais fibras colágenas são rompidas, e a cicatrização é mais difícil, podendo desencadear uma cicatrização anormal chamada queloide. 30 UNICESUMAR Estrias cutâneas são linhas finas e enrugadas que aparecem na pele, inicialmente, com a coloração avermelhada e, posteriormente, esbranquiçada. Elas surgem porque os ajustes da pele em relação à distensão e ao crescimento não são suficientes para evitar que as fibras colágenas da derme se rompam. Ocorrem, comumente, em gravidez, com o aumento de peso acentuado (obesidade), em algumas doen- ças (hipercortisolismo ou síndrome de Cushing), e são comuns nas nádegas, abdome, coxas e mamas. Queimaduras são causadas por trauma térmico, radiação ultravioleta ou ionizante, agentes quí- micos entre outros. São classificadas de acordo com a profundidade da lesão em queimaduras de primeiro, segundo e terceiro graus. A queimadura de primeiro grau é mais superficial, pois se limita à epiderme. Ocorre, por exemplo, por exposição ao sol. Seus principais sintomas incluem dor, eritema e edema. Geralmente, causa descamação da camada mais superficial, sendo facilmente substituída sem que haja cicatriz. A queimadura de segundo grau tem uma profundidade intermediária, havendo danos à epiderme e à derme superficial. É comum o aparecimento de bolhas e dor em função da agressão às terminações nervosas. A cicatrização é lenta (em média três meses) e pode haver cicatriz e algum grau de retração ou contratura. A queimadura de terceiro grau é profunda, pois acomete toda a espessura da pele, tela subcutânea e, até mesmo, músculos subjacentes. É comum o aparecimento de edema e anestesia da região aco- metida em função da lesão das terminações nervosas locais. Pode exigir, inclusive, enxerto de pele. É importante enfatizar que a extensão da queimadura, geralmente, é mais importante do que o grau da lesão. De acordo com a American Burn Association, uma queimadura extensa é representada por uma queimadura de 3° grau em mais de 10% da área de superfície corporal, ou uma queimadura de 2° grau em mais de 25% desta área ou, ainda, qualquer queimadura de 3° grau em mãos, pés, face ou períneo. Quando a área queimada do corpo ultrapassa 70% da área de superfície corporal, a taxa de mortalidade passa a ser superior a 50%. Por fim, a acne é uma infecção dérmica ou hipodérmica comum, mas não exclusiva da adolescência (devido à forte influência hormonal que ocorre nesta fase da vida). Ela é causada pela estimulação excessiva das glândulas sebáceas, que passam a produzir maior quantidade de sebo, aliada à querati- nização anormal, à impactação do fluxo do sebo e ao crescimento bacteriano exacerbado. Querido(a) aluno(a), convido você a clicar aqui e ouvir o Podcast so- bre algumas alterações relacionadas ao tegumento comum com a professora mestre Renata Cappellazzo. 31 UNIDADE 1 Assim, encerramos esta unidade com o pleno conhecimento da história, definição, conceitos e utili- zações da anatomia humana, bem como das subdivisões do corpo humano, dos planos usados para o estudo anatômico do corpo. Adicionalmente, esta unidade proporcionou o estudo do tegumento comum em termos da sua constituição, funções e anormalidades. Espero que você tenha gostado e aprendido bastante. Você se lembra que, no início desta unidade, eu pedi para que você se imaginasse prestando uma consultoria ao IML de sua cidade em decorrência de um homicídio? Você precisaria descrever quais foram os danos causados ao tegumento comum da vítima e quais foram os planos de corte usados na secção do corpo pela arma branca utilizada pelo assassino. Além disso, você se lembra que não tinha a menor noção de como um cadáver é dissecado, nem dos planos e eixos do corpo humano? Pois bem! Agora, você tem conteúdo suficiente para entender que entre as estruturas do tegumento comum, a pele (epiderme e derme) foi a mais afetada pelo corte, e que as unhas da vítima poderiam mostrar evidências físicas do assassino (como pele e sangue). Provavelmente, o assassino usou como plano de corte o transversal ao deferir golpes com a arma branca. Ademais, você aprendeu que, para que o cadáver seja dissecado, além do plano transversal, pode-se usar o sagital e o coronal, e que os movimentos do corpo humano sempre ocorrem em eixos específicos. O conteúdo exposto nesta unidade sobre os conceitos básicos da anatomia humana deve instigar você a ver esta ciência tão bela como a base de toda profissão da área da saúde e do bem-estar. Ademais, ao chegar ao término do estudo específico do tegumento comum, você deve ser capaz de diferenciar as estruturas anatômicas que formam o tegumento comum e precisa entender seus principais aspectos morfológicos e funcionais. Por isso, é importante que você se sinta familiarizado com as principais alterações do tegumento comum e que busque sempre o conhecimento específico das principais téc- nicas profiláticas e terapêuticas de tais males. Além disso, você não pode se esquecer de que a pele é um dos melhores indicadores da saúde do corpo humano. Por isso, seu exame detalhado, além de ser facilmente realizado, é imprescindível e pode evitar maiores complicações à saúde. Por isso, é importante que você se aplique à prática da ana- tomia humana e se aperfeiçoe em suas habilidades profissionais, sempre se capacitando e buscando a excelência. Muito sucesso a você! 32 M A P A M E N T A L Caro(a) aluno(a), gostaria que você fizesse, agora, uma verificação crítica dos conhecimentos ad- quiridos por você ao término desta unidade. Para tanto, verifique o Mapa Mental a seguir e, com base nos questionamentos, faça uma descrição resumida dos principais conceitos de Anatomia Humana e do Tegumento Comum. Você pode fazer em formato de texto e utilizar paraseu estudo pessoal. Vamos lá? Explique a importância da Anatomia Humana ANATOMIA HUMANADefina esta ciência Cite os principais planos usados para o estudo anatômico TEGUMENTO COMUM Cite os componentes do tegumento comum Cite as principais alterações do tegumento comum Descreva cada componente do tegumento comum em termos de constituição 33 M A P A M E N T A L 34 A G O R A É C O M V O C Ê 1. O estudo dos planos de secção e tangenciamento do corpo humano é essencial à anatomia humana uma vez que auxilia no corte anatômico e na nomenclatura das estruturas estudadas. Analise, com atenção, as proposições que seguem: I) Uma secção do corpo humano, de acordo com o plano sagital mediano, origina um metâmero superior e outro inferior. II) Ao contrário do proposto acima, uma secção do corpo humano, de acordo com o plano sagital mediano, origina um paquímero anterior e outro posterior. III) Pode-se afirmar que o osso esterno é anterior em relação às escápulas. IV) Pode-se afirmar que as costelas são laterais em relação ao osso esterno. Assinale a alternativa que contém apenas as proposições verdadeiras. a) I e III. b) III e IV. c) II e III. d) I e IV. e) II e IV. 35 A G O R A É C O M V O C Ê 2. A anatomia humana estuda a constituição do corpo, considerando que cada indivíduo pode apresentar diferenças, devido a fatores que causam variações anatômicas. Analise, com atenção, as proposições a seguir: I) A idade é um fator causador de variação anatômica. Bom exemplo disso é o fato de que os ossos do crânio de indivíduos idosos tendem a se fundir com o decorrer da idade. II) O biótipo é outro fator causador de variação anatômica. Indivíduos do biótipo lon- gilíneo apresentam tórax arredondado, membros curtos em relação ao tronco e baixa estatura corporal. Em contrapartida, indivíduos brevilíneos têm tórax alongado, membros longos em relação ao tronco e maior estatura corporal. III) Outro diferente fator causador de variação anatômica é a etnia. No entanto, diferen- tes grupos raciais apresentam diferenças anatômicas apenas externamente (cor de pele, cor de olhos, aspecto do cabelo, do nariz etc.). Não há diferenças anatômicas internas entre grupos raciais. IV) O sexo também causa variação anatômica e, inclusive, pode ser usado na anatomia legal para identificação de cadáveres. O crânio masculino, por exemplo, apresenta a fronte mais inclinada (na mulher ela é verticalizada). Além disso, o crânio masculi- no tem acidentes anatômicos mais salientes devido à maior força muscular que os homens apresentam tracionando os ossos ao ponto de marcá-los. Assinale a alternativa que contém apenas as proposições verdadeiras. a) I e II. b) I e III. c) II e III. d) I e IV. e) III e IV. 3. Sobre o tegumento comum, assinale o que for correto. a) O termo tegumento comum é constituído pela pele e seus anexos. A pele, por sua vez, é formada pela epiderme, derme e hipoderme (ou tela subcutânea). b) A derme não tem vasos linfáticos nem sanguíneos e, por isso, recebe sua nutrição do tecido conjuntivo da epiderme. c) A epiderme fica abaixo da derme, tem muito tecido conjuntivo e é a camada mais espessa da pele. d) Na epiderme, estão os folículos pilosos, as glândulas sudoríparas, as glândulas sebáceas e os músculos eretores do pelo. e) A superfície profunda da derme é fixa aos ossos, músculos ou ao tecido conjuntivo da tela subcutânea. 36 A G O R A É C O M V O C Ê 4. Sabemos que a cor da pele depende de alguns fatores, como a quantidade de pigmentos (principalmente melanina e caroteno), da cor do sangue circulante, da espessura da epiderme e da quantidade de vasos sanguíneos capilares. Considerando tais fatores, explique por que a pele fica avermelhada em função do calor e esbranquiçada em função do frio. 5. Explique como a tela subcutânea é constituída e cite quatro de suas principais funções. 37 C O N F IR A S U A S R E S P O S T A S 1. B. As alternativas I e II estão erradas, pois uma secção do corpo humano, de acordo com o plano sagital mediano, origina antímeros direito e esquerdo. 2. D. A alternativa II está errada, pois indivíduos do biotipo brevilíneo apresentam tórax arredon- dado, membros curtos em relação ao tronco e baixa estatura corporal e indivíduos do biótipo longilíneo têm tórax alongado, membros longos em relação ao tronco e maior estatura corporal. A alternativa III está errada porque as diferenças anatômicas decorrentes da etnia não são apenas externas, havendo diferenças anatômicas internas como, por exemplo, predomínio de diferentes tipos de fibras musculares em pessoas das raças branca e negra. 3. E. A alternativa A está errada porque a pele é formada pela epiderme e derme. A alternativa B está errada porque é a epiderme que não tem vasos linfáticos nem sanguíneos e, por isso, recebe sua nutrição do tecido conjuntivo da epiderme. A alternativa C está errada porque é a derme que fica acima da hipoderme, que tem muito tecido conjuntivo e é a camada mais espessa da pele. A alternativa D está errada porque é na derme que estão os folículos pilosos, as glândulas su- doríparas, as glândulas sebáceas e os músculos eretores do pelo. 4. Entre os vários fatores que influenciam na cor da pele, a quantidade de vasos presentes na região é fundamental. Ademais, você precisa citar o fato de que o aumento da temperatura (calor) causa vasodilatação, aumentando o fluxo sanguíneo e dando aspecto avermelhado à pele. Ao contrário, a diminuição da temperatura (frio) causa vasoconstrição, diminuindo o fluxo sanguíneo e minimizando o aspecto avermelhado da pele. 5. A tela subcutânea é formada por tecido conjuntivo frouxo, tecido adiposo e fibras elásticas. Ela une, frouxamente, a derme aos órgãos adjacentes, protege contra choques e atua como isolante térmico. Adicionalmente, a tela subcutânea representa uma reserva de nutrientes e armazena, temporariamente, alguns hormônios e medicamentos lipossolúveis. 38 M E U E S P A Ç O 39 M E U E S P A Ç O 40 M E U E S P A Ç O 2 Na Unidade, 2 você entenderá como o aparelho locomotor é cons- tituído e como cada sistema que o forma atua a fim de possibilitar o movimento humano harmônico e de forma coordenada pelo sistema nervoso. Nesta unidade, você também entenderá as particu- laridades dos ossos, das articulações e dos músculos que compõem o corpo humano. Aparelho Locomotor Dra. Carmem Patrícia Barbosa 42 UNICESUMAR Você sabe quantos ossos tem o corpo humano? Será que um recém-nascido tem a mesma quantidade de ossos que um adulto? Você tem noção de quantos músculos temos? Será que todos os músculos agem ao mesmo tempo? Acho que de imediato você só saberá a resposta para estas perguntas se for realmente um interes- sado em Anatomia Humana. No entanto, você será bastante questionado em relação a estas e muitas outras curiosidades do corpo quando estiver atuando profissionalmente. Por isso, ao ler e participar das atividades propostas nesta unidade, você se tornará hábil a respondê-las de prontidão. Perceba a importância de sua atuação como futuro profissional da saúde. Em sua jornada, você irá se deparar com diversos perfis sociais, econômicos e técnicos de pacientes, cujas necessidades deverão ser identificadas segundo suas habilidades e conhecimentos na área de Anatomia. O Governo Federal, por exemplo, em conjunto com o Ministério da Saúde, dentro das estratégias públicas de atenção à saúde da família, desenvolveu o Programa Saúde na Escola. Este projeto tem o objetivo de, entre outros, promover e ampliar “o alcance e o impacto de suas ações relativas aos educandos e suas famílias, otimizando a utilização dos espaços, dos equipamentos e dos recursos disponíveis” (BRASIL, 2021). Uma das diretrizes básicas do Programa, é a articulação entre saberes compartilhados entre a comunidade escolar, pais e sociedade, tornando-os agentes ativos e com autonomia e participaçãona construção de políticas públicas em Saúde. E é aqui que você entra! Como futuro profissional da Saúde e Bem-Estar, você poderá contribuir diretamente nesta empreitada. 43 UNIDADE 2 Imagine que, após terminar sua graduação, você seja convidado a ministrar uma palestra sobre o aparelho locomotor para uma turma de ensino médio que prestará vestibular na área da Saúde e do Bem-Estar. Com base no artigo “A importância da Educação Postural evitando situações que possam afetar a saúde de crianças e adolescentes em idade escolar”, uma das preocupações diz respeito às frequentes alterações posturais e queixas de dor na região da coluna vertebral em crianças e adolescentes, pelas possíveis consequências patológicas nos indivíduos na fase adulta. Suponha que durante tais aulas alguns alunos lhe façam as perguntas que eu mesma fiz no início da unidade, e também questionem outras coisas mais profundas, por exemplo, sobre como as nossas articulações se mantêm funcionantes durante o envelhecimento. A fim de que você esteja bastante preparado para estes e tantos outros questionamentos aos quais você irá responder ao longo da sua vida profissional, fundamente-se nas informações trazidas pelo artigo indicado, bem como, o que você estudou até aqui, na Unidade 1, e identifique os principais argumentos e estratégias para que sua palestra junto aos adolescentes os esclareça e seja engajadora. Experimente pensar em demonstrar a esta turma de ensino médio um laboratório de aula prática de anatomia humana, na qual ela poderá ter contato com um esqueleto humano adulto e compará-lo aos ossos de um feto, por exemplo. Aqui, você pode correlacionar a proposta de sua palestra com a iden- tificação de importantes articulações que podem ser comprometidas pela falta de Educação Postural. No laboratório, você também poderá mostrar aos alunos um cadáver com suas articulações e músculos dissecados e eles poderão entender como o envelhecimento afeta o sistema articular. Após esta prática, você chegará à conclusão de que seus conhecimentos prévios são essenciais para seu de- senvolvimento profissional, seja na docência ou na atuação prática. Para tanto, anote suas conclusões no Diário de Bordo. DIÁRIO DE BORDO 44 UNICESUMAR SISTEMA ESQUELÉTICO Ossos são peças rígidas, com formatos variados. Eles são muito plásticos, ou seja, adaptam-se às es- truturas vizinhas, inclusive permitindo que tais estruturas lhes imprimam marcas em decorrência do contato. A criança apresenta um total de 350 ossos, mas o indivíduo adulto tem este número reduzido para 206. Você pode se perguntar: “O que ocorre para este número reduzir tanto”? Na verdade, há uma fusão em vários ossos do corpo, por exemplo, no osso frontal, no sacro e nos ossos do quadril. Além disso, você precisa saber que este número pode sofrer variações de acordo com características individuais. Por exemplo, se a pessoa tiver um dedo ou uma costela a mais ou a menos. Além disso, este número total de ossos também pode ser influenciado pelo critério de contagem adotado. Muitas vezes escuto pessoas dizendo que o peso alto na balança não é porque estão acima do peso, e sim por conta de terem ossos largos e pesados. Sorrio quando ouço isso porque tenho a impressão de que as pessoas se veem como o Wolverine e seus ossos de adamantium. Acho que as pessoas imaginam que os ossos pesam muito mais do que verdadeiramente pesam. Você sabe qual é o peso real dos seus ossos? Por exemplo, em um homem adulto de cerca de 80 Kg, os ossos pesam cerca de 12 Kg. Assim, não é tanto quanto a maioria das pessoas julgam ser. Se você acha que a função dos ossos se restringe a possibilitar movimentos, você está muito enganado. Na verdade, o esqueleto desempenha várias funções, inclusive algumas consideradas vitais (MOORE et al., 2014). De fato, os ossos se relacionam ao movimento, embora não os produzam. Isto porque quem faz o movimento acontecer são os músculos e, por isso, estes são considerados os elementos ativos do movimento (por outro lado, os ossos são elementos passivos do movimento). Eles são tracionados 45 UNIDADE 2 pelos músculos em um efeito de alavanca. É o que ocorre, por exemplo, quando o músculo quadríceps femoral traciona a tíbia e gera movimento de extensão do joelho. Outras duas funções dos ossos podem ser identificadas quando observamos atentamente o corpo humano na posição bípede (em pé). A habilidade dos ossos em suportar o peso corporal e dar forma aos diferentes segmentos do corpo é extraordinária. Tais funções são percebidas quando imaginamos um osso fraturado (o fêmur, por exemplo) e temos a certeza de que é impossível descarregar peso sobre ele. Além disso, se você comparar a forma arredondada do seu crânio à forma alongada de seus dedos terá clareza de que os ossos são os responsáveis por tais diferenças. Quando os ossos protegem os órgãos internos, sintetizam células sanguíneas e absorvem toxinas, certamente concluímos que suas funções também são vitais. Ao observarmos, por exemplo, a impor- tante ação das costelas e do osso esterno envolvendo o coração e os pulmões, e do crânio envolvendo o encéfalo, fica claro o quanto os ossos são relevantes. Além disso, os ossos atuam como reservatórios de cálcio, fosfato e magnésio os quais são essenciais à transmissão sináptica e à contração muscular. A síntese de células sanguíneas ocorre por meio da medula óssea vermelha que se localiza no interior dos ossos. Por fim, os ossos são hábeis em absorver toxinas e metais pesados da corrente sanguínea diminuindo os efeitos deletérios destes compostos em outros tecidos (principalmente no fígado e rins). O esqueleto pode ser dividido em duas partes funcionais interligadas: o esqueleto axial e o esqueleto apendicular. O esqueleto axial é formado pelos ossos localizados na região central do corpo, como aqueles da cabeça (ossos do crânio), pescoço (osso hioide e vértebras cervicais) e no tronco (osso esterno, costelas, vértebras e sacro). O esqueleto apendicular é formado pelos ossos localizados nas extremidades do corpo, ou seja, nos membros superiores e inferiores, incluindo aqueles que formam os cíngulos (escápula, clavícula e ossos do quadril) (DANGELO; FATTINI, 2011). ANATOMIA DO SISTEMA ESQUELÉTICO HUMANO Esqueleto apendicular Esqueleto axial Descrição da Imagem: esque- leto apendicular (ossos dos membros superiores e inferio- res e ossos dos cíngulos). Es- queleto axial (ossos da cabeça, pescoço e tronco). Figura 1 - Esqueleto apendicular e es- queleto axial 46 UNICESUMAR Ao avaliar o comprimento, a largura e a espessura dos ossos, podemos agrupá-los em 6 tipos principais: longos ou tubulares, curtos, laminares ou planos, irregulares, sesamoides e pneumáticos (WATANABE, 2000). Ossos longos ou tubulares têm predomínio do comprimento em relação à largura e à espessu- ra. Apresentam uma cavidade central (chamada cavidade medular) que abriga a medula óssea. Além disso, sua parte central é chamada de diáfise e suas extremidades são as epífises. Enquanto, a epífise proximal fica mais próxima do cíngulo do membro, a epífise distal fica mais distante dele. A região de transição entre epífise e diáfise recebe o nome de metáfise. O fêmur é um exemplo deste tipo de osso. Estrutura do osso longo (úmero) inteiro Epífise proximal Diáfise Epífise distal Vasos sanguíneos Periósteo Osso compacto Endósteo Osso esponjoso Cavidade medular Osso esponjoso Placa óssea cortical Artéria nutrícia Periósteo Endósteo Cavidade medular Descrição da Imagem: a imagem mostra, à esquerda, o exemplo de um osso longo (o úmero inteiro), destacando suas partes: Epífise proximal, diáfise, epífise distal. À direita, o úmero aparece cortado, mostrando sua estrutura interna. Es- querda (de cima de baixo): Epífise proximal; Diáfise; Epífise distal; No meio: Periósteo; Osso compacto; Osso esponjoso; Endósteo; Cavidade medular; Vasos sanguíneos; Direita (de cima de baixo):
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