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DIREITO CONSTITUCIONAL

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1 
 
DDIIRREEIITTOO CCOONNSSTTIITTUUCCIIOONNAALL 
CAPÍTULO 01 
 
 
DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS E 
COLETIVOS (DIREITO À VIDA, À 
LIBERDADE, À IGUALDADE, À SEGURANÇA 
E À PROPRIEDADE) 
 
 
 Direitos e garantias fundamentais – a Constituição 
Federal de 1988 divide os direitos fundamentais em 
cinco capítulos: 
 
- Direitos e deveres individuais e coletivos (capítulo I); 
 
- Direitos sociais (capítulo II); 
 
- Da nacionalidade (capítulo III); 
 
- Dos direitos políticos (capítulo IV); 
 
- Dos partidos políticos (capítulo V). 
 
 Distinção entre direitos e garantias fundamentais 
 
 Direitos fundamentais – são os bens em si mesmo 
considerados, declarados como tais no texto 
constitucional (ex.: direito à vida); 
 
 Garantias fundamentais – são estabelecidas pelo 
texto constitucional como instrumentos de proteção 
dos direitos fundamentais. As garantias possibilitam 
que os indivíduos façam valer, frente ao Estado, os 
seus direitos fundamentais (ex.: habeas corpus); 
 
 Características dos direitos fundamentais 
(sintetização feita por Alexandre de Moraes): 
 
 imprescritibilidade – os direitos fundamentais não 
desaparecem com o decurso de tempo; 
 
 inalienabilidade – não há possibilidade de 
transferência dos direitos fundamentais a outrem; 
 
 irrenunciabilidade – em regra, os direitos 
fundamentais não podem ser objeto de renúncia; 
 
 inviolabilidade – impossibilidade de sua não 
observância por disposições infraconstitucionais ou 
por atos das autoridades públicas; 
 
 universalidade – devem abranger todos os 
indivíduos, independentemente de sua nacionalidade, 
sexo, raça, credo ou convicção político-filosófica. 
Conforme entendimento do Supremo Tribunal 
Federal (STF), alguns dos direitos fundamentais 
podem ser aplicados, inclusive, às pessoas jurídicas. 
 
 efetividade – a atuação do Poder Público deve ter por 
escopo garantir a efetivação dos direitos fundamentais; 
 interdependência – as várias previsões 
constitucionais, apesar de autônomas, possuem 
diversas intersecções para atingirem suas finalidades. 
Assim, a liberdade de locomoção está intimamente 
ligada à garantia de habeas corpus; 
 
 complementaridade – os direitos fundamentais não 
devem ser interpretados isoladamente, mas sim de 
forma conjunta com a finalidade de alcançar os 
objetivos previstos pelo legislador constituinte. 
 
 Natureza relativa dos direitos fundamentais – os 
direitos fundamentais dispõem de um caráter relativo 
(não absoluto), visto que encontram limites nos demais 
direitos igualmente consagrados pelo texto 
constitucional. 
 
 Conflito ou colisão entre direitos fundamentais – 
ocorre conflito ou colisão entre direitos fundamentais 
quando, em um caso concreto, uma das partes invoca 
um direito fundamental em sua proteção, enquanto a 
outra se vê amparada por outro direito fundamental 
(ex.: possibilidade de violação de sigilo telefônico por 
ordem judicial para fins de investigação criminal ou 
instrução processual penal x inviolabilidade da 
intimidade e da vida privada). 
 
 Inexistência de hierarquia entre direitos 
fundamentais – não existe hierarquia entre direitos 
fundamentais, o que o impossibilita cogitar-se a 
aplicação integral de um deles, resultando na 
aniquilação total de outro. 
 
 Princípio da harmonização, ou da relativização, 
ou da concordância prática – havendo conflito 
entre direitos fundamentais, o intérprete deverá 
realizar um juízo de ponderação, consideradas as 
características do caso concreto. Conforme as 
peculiaridades da situação concreta com que se depara o 
aplicador dos direitos, um ou outro direito fundamental deverá 
prevalecer. Haverá assim a redução proporcional do 
âmbito de alcance de cada qual, sempre em busca do 
verdadeiro significado da norma e da harmonia do 
texto constitucional com suas finalidades precípuas. 
 
 DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS E 
COLETIVOS 
 
 Art. 5º - Todos são iguais perante a Lei, sem 
distinção de qualquer natureza, garantindo–se aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade, nos 
termos seguintes: 
 
 Princípio da igualdade ou isonomia - A principal 
disposição do caput deste art. 5º é o Princípio 
Igualdade, segundo o qual “todos são iguais perante a 
Lei”. Não significa que todas as pessoas terão 
tratamento igual pelas leis brasileiras, mas que terão 
tratamento diferenciado na medida das suas 
diferenças. O que a Constituição exige é que as 
diferenças impostas sejam justificáveis pelos objetivos 
que se pretende atingir pela lei. Assim, por exemplo, 
diferençar homem e mulher num concurso público 
será, em geral, inconstitucional. Mas, por exemplo, é 
possível tratar homens e mulheres de forma 
 
2 nuceconcursos.com.br 
 
DDIIRREEIITTOO CCOONNSSTTIITTUUCCIIOONNAALL 
diferenciada em concurso público no teste físico posto 
que homens e mulheres fisicamente estão em situação 
de desigualdade. 
 
 Igualdade formal – todos são iguais perante a Lei, 
sem distinção de qualquer natureza; 
 Igualdade material – deve-se tratar de forma igual, 
os iguais; e de forma desigual, os desiguais. 
 
 Direito à vida - o direito individual fundamental à 
vida possui duplo aspecto: um biológico, que diz 
respeito à integridade física e psíquica (desdobramento 
do direito à saúde, à vedação à pena de morte, à 
proibição do aborto etc.); outro prisma é o sentido 
mais amplo, que significa condições materiais e 
espirituais mínimas necessárias a uma existência 
condigna à natureza humana (direito a uma vida 
digna). 
 
 O STF entendeu, em 2012, por maioria de votos, 
ser constitucional a interrupção da gravidez do 
feto anencéfato (sem cérebro), em atendimento ao 
princípio da dignidade da pessoa humana, à 
liberdade sexual, autonomia da vontade, 
privacidade, integridade física, psicológica e 
moral da mulher e à saúde (ADPF 54). 
 
 O STF entendeu, em 2008, em apertada votação 
(6x5), que as pesquisas com células tronco 
embrionárias, nos termos da Lei de 
Biossegurança (lei nº 11.105/205., não violam o 
direito à vida (ADI n. 3.510.. 
 
 Abrangência dos direitos fundamentais à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade - A CF/88 dispõe de forma expressa que 
os direitos fundamentais nela previstos são aplicáveis 
aos “brasileiros [natos ou naturalizados] e aos 
estrangeiros residentes no país”. Apesar da restrição 
feita em sua redação para beneficiar apenas os 
estrangeiros residentes no país, o entendimento 
pacificado do STF é no sentido de que os direitos 
fundamentais, pela sua própria natureza, se 
aplicam a todos os brasileiros e estrangeiros, 
residentes ou não em nosso país, bastando que 
estejam em solo brasileiro (de passagem, em 
trânsito, a turismo etc.). Acrescenta, ainda, o STF 
que alguns dos direitos fundamentais como a 
inviolabilidade da imagem podem ser aplicados 
também às pessoas jurídicas. 
 
 I - Homens e mulheres são iguais em direitos e 
obrigações, nos termos desta Constituição; 
 
 Este inciso trata também do princípio da isonomia 
ou da igualdade, porém voltado especificamente para 
homens e mulheres. Apesar de ele impor uma 
igualdade entre homens e mulheres, essa igualdade é 
relativa e não absoluta, posto que homens e mulheres 
sejam tratados de forma igual quando estiverem em 
situação de igualdade e de forma desigual quando 
estiverem em situação de desigualdade. 
 A lei nº 9.029/95, por exemplo, proíbe a exigência de 
atestados de gravidez e esterilização, e outras práticas 
discriminatórias, para efeitos admissionais ou de 
permanência de relação jurídica de trabalho. 
 
 II - Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de 
fazer alguma coisa senão em virtude da lei; 
 Tal princípio visa combater o poder arbitrário do 
Estado. Só por meio das espécies normativas 
devidamente elaboradas conforme regras de processo 
legislativo constitucionalpodem-se criar obrigações 
para o indivíduo. 
 Este é o chamado princípio da legalidade. 
 
 
 Diferença entre o princípio da legalidade do art. 
5º (aplicável ao particular) e o do art. 37, caput 
(aplicável à Administração Pública): 
 
 Princípio da legalidade do art. 5º - somente a lei 
pode criar obrigações e, por outro lado, a inexistência 
de lei proibitiva de determinada conduta implica ser 
ela permitida. 
 
 Princípio da legalidade da Administração Pública 
(art. 37, caput) – pelo princípio da legalidade 
aplicável à Administração Pública, tem-se que o 
Estado está sujeito às leis. Assim, tem-se que o Estado 
não pode atuar, nem de forma contrária à lei, nem na 
ausência de lei. Assim, sendo a Lei omissa, o Estado não 
poderá atuar. 
 
 
 III - Ninguém será submetido à tortura nem a 
tratamento desumano ou degradante; 
 
 Esse inciso visa, dentre outras coisas, proteger a 
dignidade da pessoa humana contra atos que poderiam 
atentar contra ela. Tratamento desumano é aquele que 
se tem por contrário à condição de pessoa humana. 
Tratamento degradante é aquele que, aplicado, diminui 
a condição de pessoa humana e sua dignidade. Tortura 
é sofrimento psíquico ou físico imposto a uma pessoa, 
por qualquer meio. A lei nº 9.455/97 veio definir, 
finalmente, os crimes de tortura, até então não 
existentes no Direito brasileiro. Com essa lei de 1997, 
passou a ter definição legal, qual seja o 
constrangimento a alguém, mediante o emprego de 
violência ou grave ameaça, física ou psíquica, 
causando-lhe sofrimento físico ou mental ou submeter 
alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com 
emprego de violência ou grave ameaça, a intenso 
sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar 
castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. 
 A palavra “ninguém” na redação do art. 5º, inciso III, 
da CF/88 abrange qualquer pessoa, brasileiro ou 
estrangeiro. 
 
 IV - É livre a manifestação do pensamento, sendo 
vedado o anonimato; 
 
 A liberdade de manifestação do pensamento é o 
direito que a pessoa tem de exprimir, por qualquer 
forma e meio, o que pensa a respeito de qualquer 
coisa. A única exigência da Constituição é de que a 
 
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DDIIRREEIITTOO CCOONNSSTTIITTUUCCIIOONNAALL 
pessoa que exerce esse direito se identifique, para 
impedir que ele seja fonte de leviandade ou que seja 
usado de maneira irresponsável. Sabendo quem é o 
autor do pensamento manifestado, o eventual 
prejudicado poderá usar o próximo inciso, o “V”, para 
defender-se. 
 Os abusos porventura ocorridos no exercício indevido 
da manifestação do pensamento são passíveis de 
exame e apreciação pelo Poder Judiciário com a 
consequente responsabilidade civil e penal de seus 
autores. 
 
 O STF entendeu que a “marcha da maconha”, na 
condição de movimento em defesa da 
descriminalização do uso da maconha, não viola a 
liberdade de manifestação de pensamento nem a 
liberdade de reunião. 
 
 Vedação ao anonimato – essa vedação abrange 
todos os meios de comunicação e tem o intuito de 
possibilitar a responsabilização de quem cause danos a 
terceiros em decorrência da expressão de juízos ou 
opiniões ofensivas, levianas, caluniosas etc. 
 
 Caráter relativo – O direito à manifestação do 
pensamento é relativo e, como tal, não autoriza toda 
e qualquer manifestação, como, por exemplo, a 
apologia de fatos criminosos, a propaganda do 
nazismo ou crimes considerados como injúria, calúnia 
e difamação. A vedação ao anonimato também é 
relativa, sendo admitido o anonimato em casos, o do 
sigilo da fonte previsto no inciso XIV, da CF/88. 
 
 Denúncias anônimas – a vedação ao anonimato 
impede o acolhimento de denúncias anônimas. 
Entretanto, de acordo com o posicionamento do STF, 
“nada impede que o Poder Público, provocado por 
delação anônima (‘disque-denúncia’, p. ex.), adote 
medidas informais destinadas a apurar, previamente, 
em averiguação sumária, ‘com prudência e discrição’, a 
possível ocorrência de eventual situação de ilicitude 
penal, desde que o faça com o objetivo de conferir 
verossimilhança dos fatos nela enunciados, em ordem 
de promover, então, em caso positivo, a forma 
instauração da ‘pesecutio criminis’, mantendo-se assim 
completa desvinculação desse procedimento estatal em 
relação às peças apócrifas”; (Inquérito 1.957/PR) 
 
 V - É assegurado o direito de resposta, 
proporcional ao agravo, além da indenização por 
dano material, moral ou à imagem; 
 O direito de resposta impõe um limite à liberdade de 
expressão, procurando evitar que o uso abusivo e 
leviano da mesma possa redundar em agressões à 
honra de terceiros (pessoas físicas ou jurídicas). É uma 
garantia de eficácia do direito à privacidade. 
 A norma pretende a reparação da ordem jurídica 
lesada, seja por meio de ressarcimento econômico, seja 
por outros meios, por exemplo, do direito de resposta. 
 A consagração constitucional do direito de resposta 
proporcional ao agravo é instrumento democrático 
moderno previsto em vários ordenamentos jurídico-
constitucionais, e visa proteger a pessoa de imputações 
ofensivas e prejudiciais a sua dignidade humana e sua 
honra. 
 O desagravo deverá ter o mesmo destaque, a mesma 
duração (no caso de rádio e televisão), o mesmo 
tamanho (no caso de imprensa escrita) que a notícia 
que gerou a relação conflituosa para garantir a 
proporcionalidade. 
 
 VI - É inviolável a liberdade de consciência de 
crença, sendo assegurado o livre exercício de 
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a 
proteção aos locais de culto e as suas liturgias; 
 
A abrangência do preceito constitucional é ampla, pois 
sendo a religião o complexo de princípios que dirigem 
os pensamentos, ações e adoração do homem para 
com Deus, acaba por compreender a crença, o dogma, 
a moral, a liturgia e o culto. O constrangimento à 
pessoa humana de forma a renunciar sua fé representa 
o desrespeito à diversidade democrática de ideias, 
filosofias e a própria diversidade espiritual. 
A liberdade religiosa abrange inclusive o direito de não 
acreditar ou professar nenhuma fé, devendo o Estado 
respeito ao ateísmo. 
É assegurado o livre exercício do culto religioso, 
enquanto não for contrário à ordem, tranquilidade e 
sossego público, bem como compatível com os bons 
costumes. 
A liberdade religiosa não atinge grau absoluto, não 
sendo, pois, permitidos, a qualquer religião ou culto, 
atos atentatórios à Lei, sob pena de responsabilização 
civil e criminal. 
 
Obs.: Estado laico – a Constituição Federal de 1824 
consagrava a religião Católica Apostólica Romana 
como a religião oficial do País. Atualmente, a 
Constituição Federal de 1988 consagra o Estado como 
sendo laico, ou seja, sem religião oficial, consagrando, 
ainda, a liberdade religiosa. 
 
De acordo com o STF, a utilização de símbolos 
religiosos (como crucifixos, imagens, etc.) em 
locais públicos ou abertos ao público, bem como 
os feriados religiosos não violam a CF/88, tendo 
em vista que, além de constituírem símbolos 
culturais do povo brasileiro, estão dentro da 
liberdade de crença religiosa. No país laico, a 
crença religiosa não é proibida, é, ao contrário, 
livre. Por isso o preâmbulo da CF/88 menciona 
“Deus” e nas notas de dinheiro têm escrito “Deus 
seja louvado”. 
 
O STF, na ADI 4439 proposta pela PGR, 
entendeu ser possível o ensino confessional 
(direcionado a uma religião) nas escolas públicas 
podendo ser ministrado, inclusive, por líderes 
religiosos. Porém, vale salientar que a matrícula 
no ensino religioso nas escolas públicas é 
facultativa. 
 
O STF decidiu em 2019 que é constitucional a 
lei de proteção animal que, a fim de resguardar 
a liberdade religiosa, permite o sacrifício ritual 
de animais em cultos de religiões de matriz 
africana (RE 494601 RS). 
 
 
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DDIIRREEIITTOO CCOONNSSTTIITTUUCCIIOONNAALL 
VII - É assegurada, nos termos da lei, a prestação 
de assistência religiosa nas entidades civis e 
militares de internação coletiva;Encerra um direito subjetivo daquele que se encontra 
internado em estabelecimento coletivo. Trata-se de 
norma assecuratória que garante o livre exercício da 
liberdade de crença ao detento, paciente, servidor, 
hóspede, interno, a fim de que possa exercer, ou ser 
assistido por sua crença, independentemente da 
eventual orientação religiosa do estabelecimento de 
internação coletiva em que se encontre. 
 
Assim, ao Estado, cabe, nos termos da lei, a 
materialização das condições para prestação dessa 
assistência religiosa, que deverá ser de tantos credos 
quanto aqueles solicitados pelos internos. 
 
Não se poderá obrigar nenhuma pessoa que se 
encontrar nessa situação, seja em entidades civis ou 
militares, a utilizar-se da referida assistência religiosa, 
em face da total liberdade religiosa vigente no Brasil. 
 
VIII - Ninguém será privado dos direitos por 
motivo de crença religiosa ou de convicção 
filosófica ou política, salvo se as invocar para 
eximir-se de obrigação legal a todos imposta e 
recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada 
em lei; 
 
O texto atual criou a possibilidade da prestação 
alternativa, fixada em lei, para aquele que se eximir da 
obrigação primária a todos imposta. Essa 
alternatividade não é fruto da discricionariedade da 
autoridade pública, pois deve estar previamente 
estabelecida em lei. A recusa injustificada de cumprir 
obrigação legal e a prestação alternativa implicará na 
privação de direitos. Ocorre que há divergência 
doutrinária em relação a essa privação de direitos, 
sendo que alguns autores defendem se tratar de uma 
perda de direitos políticos (dentre eles, Alexandre 
de Moraes) e outros defendem se tratar de uma 
suspensão dos direitos políticos. 
 
O direito à escusa de consciência não está adstrito 
simplesmente ao serviço militar obrigatório, mas pode 
abranger quaisquer obrigações coletivas que conflitem 
com as crenças religiosas, convicções políticas ou 
filosóficas, como, por exemplo, o dever de alistamento 
eleitoral aos maiores de 18 anos e o dever de voto aos 
maiores de 18 anos e menores de 70 anos (CF/88, art. 
14, § 1o, I e II), cujas prestações alternativas vêm 
previstas nos arts. 7o e 8o do Código Eleitoral 
(justificação ou pagamento de multa pecuniária). 
 
A prestação alternativa, porém, terá que ser 
compatível com as crenças ou convicções do 
indivíduo. Se o sujeito cumprir a prestação alternativa, 
não poderá ele ser privado de seus direitos. 
 
Serviço militar obrigatório – O art. 143 da 
Constituição Federal prevê que o serviço militar é 
obrigatório nos termos da lei (lei n° 4.375/64, 
regulamentada pelo Decreto n° 57.654/66), 
competindo às Forças Armadas, na forma da lei, 
atribuir serviços alternativos aos que, em tempo de 
paz, depois de alistados, alegarem imperativo de 
consciência, entendendo-se como tal o decorrente de 
crença religiosa e de convicção filosófica ou política, 
para eximirem-se de atividade de caráter 
essencialmente militar. 
 
Entende-se por serviço militar alternativo o exercício 
de atividades de caráter administrativo, assistencial 
filantrópico ou mesmo produtivo, em substituição às 
atividades de caráter essencialmente militar. 
 
IX - É livre a expressão da atividade intelectual, 
artística, científica e de comunicação, 
independentemente de censura ou licença; 
 
A liberdade de expressão e de manifestação do 
pensamento não pode sofrer nenhum tipo de 
limitação prévia, no tocante a censura de natureza 
política, filosófica, ideológica e artística. 
 
 Caráter relativo – este princípio não tem caráter 
absoluto, visto que encontra limite em outros valores 
protegidos constitucionalmente, sobretudo, na 
inviolabilidade da privacidade e da intimidade do 
indivíduo e na vedação do racismo. Caso esta 
manifestação ato ilícito, será a pessoa que a manifestou 
responsabilizada civil e penalmente pelo ato praticado, 
sendo resguardado o direito à indenização por danos 
morais e materiais. 
 
O texto constitucional repele frontalmente a 
possibilidade de censura prévia. Essa previsão, porém, 
não significa que a liberdade de imprensa é absoluta, 
não encontrando restrições nos demais direitos 
fundamentais, pois a responsabilização do autor e/ou 
responsável pelas notícias injuriosas, difamantes e 
mentirosas sempre será cabível, em relação a eventuais 
danos materiais e morais. 
 
X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a 
honra e a imagem das pessoas, assegurado o 
direito à indenização pelo dano material ou moral 
decorrente de sua violação; 
 
Os direitos à intimidade e à própria imagem formam a 
proteção constitucional à vida privada, salvaguardando 
um espaço íntimo intransponível por intromissões 
ilícitas externas. 
 
A proteção constitucional refere-se tanto a pessoas 
físicas quanto a pessoas jurídicas, abrangendo, 
inclusive, à necessária proteção à própria imagem 
frente aos meios de comunicação em massa (televisão, 
rádio, jornais, revistas, etc.). 
 
A intimidade relaciona-se às relações subjetivas e de 
trato íntimo da pessoa, suas relações familiares e de 
amizade; enquanto a vida privada envolve todos os 
demais relacionamentos humanos, inclusive os 
objetivos, tais como relações comerciais, de trabalho, 
de estudo, etc. 
 
 
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DDIIRREEIITTOO CCOONNSSTTIITTUUCCIIOONNAALL 
 
Pessoas de vida pública – A proteção constitucional 
em relação àquelas pessoas de vida pública, como 
políticos e artistas em geral, deve ser interpretada de 
uma forma mais restrita, havendo necessidade de 
uma maior tolerância ao se interpretar o ferimento das 
inviolabilidades à honra, à intimidade, à vida privada e 
à imagem, posto que, devido ao próprio exercício de 
suas atividades profissionais, se exige maior e 
constante exposição à mídia. Esta necessidade de 
interpretação mais restrita, porém, não afasta a 
proteção constitucional contra ofensas 
desarrazoadas, desproporcionais e, 
principalmente, sem qualquer nexo causal com a 
atividade profissional realizada. 
 
Pessoas jurídicas – as pessoas jurídicas também têm 
direito à indenização por danos morais, em razão de 
fato ofensivo à sua honra e à imagem. 
 
 
XI - A casa é asilo inviolável do indivíduo, 
ninguém nela podendo penetrar sem 
consentimento do morador, salvo em caso de 
flagrante delito ou desastre, ou para prestar 
socorro, ou, durante o dia, por determinação 
judicial; 
 
Violação de domicílio legal, sem consentimento do 
morador, é permitida, porém, somente nas hipóteses 
constitucionais: 
 
DIA E NOITE APENAS DIA 
- Flagrante delito; 
- Desastre; 
- Prestar socorro. 
- Por ordem judicial. 
 
Mutação constitucional – Apesar de a Constituição 
se utilizar da palavra “casa”, deve-se entender, por 
força de mutação constitucional, a mesma no 
sentido de “domicílio” o que engloba tanto a 
residência e a habitação com intenção definitiva ou 
temporária de estabelecimento, como também o local 
onde se exerce a profissão ou atividade, desde que 
constitua um ambiente fechado ou de acesso restrito 
ao público, como é o caso típico dos escritórios 
profissionais e consultórios. 
 
Obs.: O STF tem entendido que o termo 
“domicílio” utilizado para fins de inviolabilidade 
é mais amplo que o termo “domicílio” utilizado 
no Código Civil. Por isso, considera-se domicílio, 
para fins de inviolabilidade, os escritórios, as 
oficinas, as garagens, os quartos de hotel etc. 
(RT 467/385) 
 
Conceito de dia - Parte da doutrina entende que 
dia é de 06:00 as 18:00 (José Afonso da Silva). 
Outra parte se filia à Teoria Físico-astronômica 
que considera o dia como o período 
compreendido entre a aurora e o crepúsculo 
(Celso de Mello e Alexandre de Moraes). 
 
 Cláusula de reserva jurisdicional – consistente na 
expressa previsão constitucional de competência 
exclusiva dos órgãos do Poder Judiciário, com total 
exclusão de qualquer outro órgão estatal, para a prática 
de determinados atos. Assim, nem a Polícia Judiciária, 
nem o Ministério Público, nem a AdministraçãoTributária, nem a Comissão Parlamentar de Inquérito 
ou seus representantes, agindo por autoria própria, 
podem invadir domicílio alheio com o objetivo de 
apreender, durante o período diurno, e sem ordem 
judicial, quaisquer objetos que possam interessar ao 
Poder Público. 
 
Exceção: Em 2008, o STF admitiu, 
excepcionalmente, a violação de domicílio 
profissional durante a noite por ordem judicial 
para fins de viabilizar alguns tipos de prova como 
a instalação de escuta ambiental. (Informativo n. 
529/208. 
 
XII - É inviolável o sigilo da correspondência e 
das comunicações telegráficas, de dados e das 
comunicações telefônicas, salvo, no último caso, 
por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que 
a lei estabelecer para fins de investigação 
criminal ou instrução processual penal; 
 
 Posicionamento jurisprudencial – embora a 
Constituição Federal não tenha previsto a 
possibilidade de quebra de sigilo de correspondência, 
das comunicações telegráficas e de dados, a 
jurisprudência do STF é assente no sentido de ser 
possível a quebra desses sigilos sempre que tais 
liberdades públicas estiverem sendo utilizadas como 
instrumento de salvaguarda de práticas ilícitas. 
 
 Quebra de sigilo de correspondência – de acordo 
com o STF, o sigilo de correspondência pode ser 
quebrado por ordem judicial e da administração 
penitenciária (Habeas Corpus n. 70.814-5/SP). 
 
 Agentes que estão autorizados a quebrar o sigilo 
bancário – a garantia da inviolabilidade do sigilo 
bancário pode ser afastada: 
 
 por determinação judicial; 
 
 por determinação das Comissões Parlamentares 
de Inquérito (CPIs). 
 
 por determinação da autoridade fiscal – o STF, em 
24/02/2016, julgando as ADIs 2.390, 2.386, 2.397 e 
2.859, bem como o RE 601.314, determinou 
constitucional a LC 105/2001 que permite às 
autoridades tributárias e agentes fiscais da União, 
dos Estados, do DF e dos Municípios, a examinar 
documentos, livros e registros de entidades 
financeiras, inclusive referentes a contas de 
depósitos e aplicações financeiras, quando houver 
procedimento administrativo instaurado ou 
procedimento fiscal em curso e tais exames sejam 
 
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DDIIRREEIITTOO CCOONNSSTTIITTUUCCIIOONNAALL 
considerados indispensáveis pela autoridade 
administrativa competente, devendo tais 
informações ser mantidas em sigilo, observada a 
legislação tributária. No entendimento do STF, 
não se trata propriamente de uma quebra de 
sigilo de dados bancários, mas de uma 
transferência desse sigilo da órbita bancária para 
a órbita fiscal. 
 
 Requisitos para a interceptação telefônica – a 
Constituição Federal permitiu a interceptação 
telefônica, desde que obedecidos alguns requisitos: 
 
 deve haver uma lei que preveja as hipóteses e a forma 
em que pode ocorrer a interceptação telefônica, 
obrigatoriamente no âmbito da investigação criminal 
ou instrução processual penal; 
 
 tem que haver uma efetiva investigação criminal ou 
instrução processual penal; 
 
 tem que haver ordem judicial específica no caso 
concreto (trata-se da denominada “cláusula de 
reserva jurisdicional”; nem mesmo a CPI pode 
determinar quebra de sigilo telefônico. 
 
Sendo deferida a interceptação telefônica, a prova 
colhida por meio desta permanecerá em segredo de 
justiça. 
 
Interceptação telefônica 
 
 
 
 Escuta telefônica (ou interceptação parcial) é a 
captação realizada por um terceiro de uma 
comunicação telefônica alheia, mas com o 
conhecimento de um dos comunicadores. 
 
 O STF entende que, apesar de clandestina, é 
lícita e, portanto, admitida como prova em 
legítima defesa nos processos: 
- a escuta telefônica feita por um dos partícipes da 
conversa ou por terceiros, mas com o 
consentimento de um dos partícipes da conversa; 
- ou ainda, a gravação feita com a autorização de 
todos os partícipes da conversa (o que é muito 
comum nos atendimentos de “telemarketing”). 
 
 XIII - É livre o exercício de qualquer trabalho, 
ofício ou profissão, atendidas as qualificações 
profissionais que a lei estabelecer; 
 
 A regra é simples. Se não houver lei dispondo sobre 
determinada profissão, trabalho ou ofício, qualquer 
pessoa, a qualquer tempo, e de qualquer forma, pode 
exercê-la (por exemplo, artesão, marceneiro, 
carnavalesco, detetive particular, ator de teatro). Ao 
contrário, se houver lei estabelecendo uma 
qualificação profissional necessária, somente aquele 
que atender ao que exige a lei pode exercer esse 
trabalho, ofício ou profissão (é o caso do advogado, 
do médico, do engenheiro, do piloto de avião). Trata-
se, portanto, de norma de eficácia contida porque 
pode ser restringida por norma infraconstitucional. 
 
XIV - É assegurado a todos o acesso à 
informação e resguardado o sigilo da fonte, 
quando necessário ao exercício profissional; 
 
Defende abertamente o acesso à informação de forma 
ampla e autoaplicável. Traz, em si, liberdade de 
informação jornalística como expressão mais sensível 
de sua concretização. O resguardo do sigilo da fonte 
tem por escopo garantir uma espécie de segredo 
profissional, necessário em alguns casos para proteger 
o informante. 
 
Note-se, entretanto, que o jornalista ou a 
autoridade policial serão direta e legalmente 
responsáveis pelas notícias e/ou diligências que 
protagonizarem. 
 
XV - É livre a locomoção no território nacional em 
tempo de paz, podendo qualquer pessoa nos termos 
da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus 
bens; 
 
Consagrado aqui um dos direitos mais imediatos e 
inalienáveis do ser humano, o direito de ir, vir, 
permanecer, ficar ou sair; direito à livre locomoção. 
 
Qualquer cerceamento da liberdade de locomoção com 
ilegalidade ou abuso de poder será coibido pela 
impetração do habeas corpus. 
 
A parte final diz que qualquer pessoa (inclusive 
estrangeiro) poderá entrar, ficar ou sair do Brasil, nos 
termos da lei. Lei esta que pode dispor sobre passaporte, 
registro, tributos e coisas do gênero. Qualquer bem móvel 
está compreendido na proteção do dispositivo. 
 
XVI - Todos podem reunir-se pacificamente, sem 
armas, em locais abertos ao público, independente de 
autorização, desde que não frustrem outra reunião 
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo 
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; 
 
 Conceito de reunião – o direito de reunião é meio de 
manifestação coletiva da liberdade de expressão, em 
que pessoas se associam temporariamente tendo por 
objeto um interesse comum. 
 
 Requisitos – são requisitos do direito de reunião: 
 
 finalidade pacífica – não há direito à realização de 
reuniões que tenham por fim praticar quaisquer 
 
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DDIIRREEIITTOO CCOONNSSTTIITTUUCCIIOONNAALL 
espécies de atos de violência; 
 
 ausência de armas – os participantes da reunião não 
podem usar armas. Entretanto, se algum participante 
estiver portando arma, o fato não autoriza a dissolução 
da reunião. Nesse caso, a autoridade policial 
competente deverá desarmá-lo ou desarmar o 
indivíduo infrator, permitindo que a reunião tenha 
andamento; 
 
 é realizada em locais abertos ao público – deve ser 
realizada em locais abertos ao público, ainda que de 
percurso móvel, evitando com isso a perturbação da 
ordem pública, ou mesmo a lesão de eventual direito 
de propriedade; 
 
 não pode frustrar outra reunião anteriormente 
convocada para o mesmo local – uma reunião não 
pode atrapalhar outra anteriormente convocada para o 
mesmo local. Irá prevalecer sempre aquela que 
primeiro comunicou à autoridade competente. 
 
 independe de autorização – as autoridades públicas 
não dispõem de competência para discricionariamente 
decidir pela conveniência, ou não, da realização da 
reunião, tampouco para interferirem indevidamente 
nas reuniões lícitas e pacíficas, em que não haja lesão 
ou perturbação da ordem pública. 
 
 necessidade de prévio aviso à autoridade 
competente – o prévio aviso tem por finalidadedar 
conhecimento à autoridade competente sobre a 
realização da reunião, para que esta adote as 
providências que se fizerem necessárias, tais como a 
regularização do trânsito, a garantia da segurança e da 
ordem públicas, o impedimento de realização de outra 
reunião no mesmo local. 
 
 Exemplos de direito de reunião – galo da 
madrugada, blocos carnavalescos, marcha da maconha 
(considerada Constitucional pelo STF), passeatas 
pacíficas etc. 
 
 XVII - É plena a liberdade de associação para fins 
lícitos, vedada a de caráter paramilitar; 
 
 É plena a liberdade de associação desde que para fins 
lícitos, vedada a de caráter militar. A associação de 
caráter paramilitar ou facção é uma sociedade armada, 
dotada de hierarquia, disciplina e com ideologia 
própria que, ao contrário do partido político, objetiva 
atingir o poder e desestabilizá-lo, através de quaisquer 
meios, inclusive pela força. 
 
 XVIII - A criação de associações e, na forma da 
lei, a de cooperativas independem de autorização, 
sendo vedada a interferência estatal em seu 
funcionamento; 
 
 Se for plena a liberdade de associação, nada mais 
lógico do que o direito de criá-las ser independente de 
autorização de quem quer que seja. Quem determina 
como vai ser a associação são os seus membros, e o 
Estado não pode interferir, por nenhum de seus 
órgãos no funcionamento da entidade. Entretanto, 
nada impede a necessidade do seu registro no órgão 
competente para possibilitar a sua fiscalização. 
Quanto a cooperativas, a disciplina é um pouco 
diferente. A sua criação também não depende de 
autorização de ninguém, e nenhum órgão estatal 
poderá interferir na sua gestão. No entanto, a 
Constituição determina que se obedeça a uma lei que 
vai dispor sobre a criação dessas entidades especiais. 
 
XIX - As associações só poderão ser 
compulsoriamente dissolvidas ou ter suas 
atividades suspensas por decisões judiciais, 
exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em 
julgado; 
 
A dissolução voluntária de associação depende do que 
os associados decidirem a respeito, ou da disciplina do 
assunto dado pelo regimento interno, se houver um. O 
que a Constituição trata é como se fará a dissolução 
compulsória de associação, isto é, quando ela tiver 
que ser dissolvida contra a vontade dos sócios. 
Tanto para a suspensão das atividades quanto para 
dissolução compulsória, exige a Constituição uma 
decisão judicial, o que importa dizer que ordens 
administrativas ou policiais 
sobre o assunto são inconstitucionais. Entretanto, a 
suspensão das atividades da associação não depende 
do trânsito em julgado da decisão, já a sua 
dissolução compulsória depende. 
 
 
 
XX - Ninguém poderá ser compelido a associar-
se ou a permanecer-se associado; 
 
Ninguém será privado de exercício de um direito por 
não pertencer a qualquer espécie de associação. 
 
O direito individual de associar-se é exatamente isso: 
um direito. Ninguém pode ser obrigado a associar-se, 
nem a permanecer associado. 
 
XXI - As entidades associativas, quando 
expressamente autorizadas, têm legitimidade para 
representar seus filiados judicial ou 
extrajudicialmente; 
 
Uma das funções das associações é representar seus 
associados em ações judiciais ou administrativamente 
(extrajudicialmente). Porém, para tanto as mesmas 
necessitam de uma autorização expressa. 
 
 Representação processual x substituição 
processual – vejamos a diferença entre representação 
processual (art. 5º, XXI) ou substituição processual 
(art. 8º, III): 
 
 
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DDIIRREEIITTOO CCOONNSSTTIITTUUCCIIOONNAALL 
 representação processual (art. 5º, XXI) – 
usualmente, aquele que pode ajuizar uma ação, isto é, 
aquele que tem legitimidade ativa, é o próprio titular 
do direito. O titular do direito pode, ele próprio, 
buscar a tutela do direito ou pode conferir a alguém a 
atribuição de representá-lo. Se o titular do direito for 
representado, o representante, ao ajuizar a ação, estará 
atuando em nome do representado, e na defesa de alegado direito 
do representado (portanto, em nome alheio e na defesa 
de direito alheio). Nesse caso, é necessário que o 
representado expressamente autorize o 
representante a ajuizar a ação. 
 
 substituição processual (art. 8º, III) – em alguns 
casos, o ordenamento jurídico prevê 
a possibilidade da denominada legitimidade ativa 
extraordinária também chamada de substituição 
processual. Nessas situações, o substituto ajuíza a ação 
em seu nome próprio, mas na defesa de alegado direito alheio 
(direito do substituído). Quando isso ocorre, não é 
necessário que o substituído autorize 
expressamente o substituto a ajuizar a ação. 
 
 Dualidade de tratamento em relação à 
legitimidade das associações (RMS 23.566-DF, 
Rel. Min. Moreira Alves) – o STF firmou o 
entendimento de que as associações, em algumas 
situações, atuam na qualidade de representante e, em 
outras, na qualidade de substituto processual: 
 
XXII - é garantido o direito de propriedade; 
 
Este dispositivo assegura as mais variadas espécies de 
propriedade, desde a imobiliária ou mobiliária até a 
intelectual e de marcas. É um dispositivo pelo qual se 
reconhece à pessoa, no Brasil, o direito de ser 
proprietário de algo, em contraponto com 
exclusividade da propriedade estatal de outros regimes. 
A CF, portanto, acaba indiretamente dispondo que o 
Brasil é um país capitalista. 
 
XXIII - A propriedade atenderá a sua função 
social; 
 
A determinação deste inciso recai sobre o bem de 
produção (seja urbano ou rural), definindo-se se a 
propriedade aferida é ou não dinâmica, gera ou não 
renda e empregos, é ou não produtiva. Logo, a função 
social da propriedade rural está direta e 
umbilicalmente ligada, dentre outras coisas, à sua 
produtividade. Se a propriedade é estática e 
improdutiva, o Poder Público é dotado de meios 
constitucionais e legais de intervenção no domínio 
econômico, que, embora gradativos, podem culminar 
com a perda do direito à propriedade sobre 
determinado bem. 
 
Se a propriedade rural não estiver cumprindo a sua 
função social, ela poderá ser desapropriada pela União 
para fins de reforma agrária com indenização em 
títulos da dívida agrária com prazo de resgate de até 20 
anos, iniciando-se o resgate a partir do segundo ano de 
sua emissão. 
 
 
 
DESAPROPRIAÇÃO DE PROPRIEDADE 
RURAL POR FALTA DE FUNÇÃO SOCIAL 
 
Art. 184. Compete à União desapropriar por 
interesse social, para fins de reforma agrária, o 
imóvel rural que não esteja cumprindo sua função 
social, mediante prévia e justa indenização em 
títulos da dívida agrária, com cláusula de 
preservação do valor real, resgatáveis no prazo de 
até vinte anos, a partir do segundo ano de sua 
emissão, e cuja utilização será definida em lei. 
 
Já o imóvel urbano não possui função social quando 
não está adequado ao Plano Diretor (lei de 
desenvolvimento urbano), podendo vir a ser 
desapropriado pelo Município com indenização paga, 
em regra, em dinheiro. Excepcionalmente, quando se 
tratar de imóvel não edificado, não utilizado ou 
subutilizado, a indenização pode ser feita em títulos da 
dívida pública com prazo de resgate de até 10 anos. 
 
DESAPROPRIAÇÃO DE PROPRIEDADE 
URBANA POR FALTA DE FUNÇÃO SOCIAL 
 
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, 
executada pelo Poder Público municipal, 
conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por 
objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das 
funções sociais da cidade e garantir o bem-estar 
de seus habitantes. 
§ 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara 
Municipal, obrigatório para cidades com mais de 
vinte mil habitantes, é o instrumento básico da 
política de desenvolvimento e de expansão 
urbana. 
§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função 
social quando atende às exigências fundamentais 
de ordenação da cidade expressas no plano 
diretor. 
§ 3º As desapropriações de imóveis urbanos serão 
feitas com prévia e justa indenização em dinheiro. 
§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, 
mediante lei específicapara área incluída 
no plano diretor, exigir, nos termos da lei 
federal, do proprietário do solo urbano não 
edificado, subutilizado ou não utilizado, que 
promova seu adequado aproveitamento, sob pena, 
sucessivamente, de: 
I - parcelamento ou edificação compulsórios; 
II - imposto sobre a propriedade predial e 
territorial urbana progressivo no tempo; 
III - desapropriação com pagamento mediante 
títulos da dívida pública de emissão previamente 
aprovada pelo Senado Federal, com prazo de 
resgate de até dez anos, em parcelas anuais, 
iguais e sucessivas, assegurados o valor real da 
indenização e os juros legais. 
 
Desapropriação confiscatória ou expropriação 
(art. 243) – esse tipo de desapropriação não assegura 
ao proprietário nenhum direito a indenização, que é 
sempre devida nas demais hipóteses de 
 
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DDIIRREEIITTOO CCOONNSSTTIITTUUCCIIOONNAALL 
desapropriação. Dispõe o art. 243 da CF que “as 
propriedades rurais e urbanas de qualquer região do 
País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas 
psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo, 
na forma da lei, serão expropriadas e destinadas à 
reforma agrária e a programas de habitação popular, 
sem qualquer indenização ao proprietário e sem 
prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, 
no que couber, o disposto no art. 5º.” (EC 81/2014) 
 
XXIV - A lei estabelecerá o procedimento para 
desapropriação por necessidade ou utilidade 
pública, ou por interesse social, mediante justa e 
prévia indenização em dinheiro, ressalvados os 
casos previstos nesta Constituição; 
 
Esta, sem dúvida, é a forma mais violenta de o Estado 
intervir na propriedade, pois determina a sua perda 
irreversível em favor do Poder Público. Note-se que 
este dispositivo não faz distinção entre bem 
de consumo e bem de produção, podendo a 
desapropriação, aqui regulada, recair sobre um ou 
outro indistintamente. Neste caso, a indenização seria 
justa, prévia e em dinheiro. 
 
Agora a motivação da desapropriação é um interesse 
público inquestionável que suplanta o interesse 
particular do proprietário que acaba não podendo 
impedir ou questionar a desapropriação. 
 
 Quem pode desapropriar – além da União, dos 
Estados, do DF, dos Municípios e das entidades da 
Administração Indireta desses entes políticos 
(autarquias, fundações públicas, sociedades de 
economia mista e empresas públicas), as empresas que 
prestam serviços públicos por meio de concessão 
ou permissão podem executar a desapropriação, 
figurando no processo com todas as prerrogativas, 
direitos, obrigações, deveres e respectivos ônus, 
inclusive o relativo ao pagamento da indenização. 
 
XXV - No caso de iminente perigo público, a 
autoridade competente poderá usar de 
propriedade particular, assegurada ao proprietário 
indenização ulterior, se houver dano; 
 
Temos aqui a ocupação temporária, que é outra 
forma – embora menos drástica que a desapropriação 
– de o Estado intervir na propriedade privada. 
Ocorrendo o iminente perigo público, fica no 
âmbito do poder discricionário da autoridade 
competente utilizar a propriedade para 
salvaguardar bens jurídicos mais relevantes e que 
se encontrem, no momento, ameaçados. Ao 
contrário da desapropriação, a ocupação temporária 
não é indenizável, a indenização só será devida 
posteriormente no caso de perdas e danos. 
 
XXVI - A pequena propriedade rural, assim 
definida em lei, desde que trabalhada pela 
família, não será objeto de penhora para 
pagamento de débitos decorrentes de sua 
atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios 
de financiar o seu desenvolvimento; 
 
 
O constituinte procurou proteger a pequena 
propriedade rural, estabelecendo a sua 
impenhorabilidade enquanto bem de família. Para isso, 
é necessária a observância de três requisitos: 
- seja a propriedade pequena, nos termos da lei; 
- seja exclusivamente trabalhada pela família; 
- e o crédito advenha da atividade produtiva. 
 
XXVII - Aos autores pertence o direito exclusivo 
de utilização, publicação ou reprodução de suas 
obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que 
a lei fixar; 
 
 Direito imaterial – os direitos autorais são 
considerados direitos imateriais ou incorpóreos, mas 
que recebem proteção constitucional. 
 
 Duração – após a morte do autor, os direitos autorais 
são transmitidos aos herdeiros pelo tempo que a lei 
fixar. Após isso, caem em domínio público, passando 
a ser livre a utilização, publicação e reprodução dessas 
obras. 
 
XXVIII - São assegurados, nos termos da lei: 
 
a) A proteção às participações individuais em obras 
coletivas e à reprodução da imagem e voz 
humanas, inclusive nas atividades desportivas; 
 
Entende-se a imagem e a voz como patrimônio 
pessoal e, portanto, suscetível de aferição monetária. 
Uma peça teatral com vários autores, um clipe com 
vários cantores, uma obra de arte concebida por vários 
artistas, etc., onde cada um detém uma participação 
pessoal na medida de sua contribuição para o 
engrandecimento do todo. 
 
b) O direito de fiscalização do aproveitamento 
econômico das obras que criarem ou de que 
participarem aos criadores, aos intérpretes e às 
respectivas representações sindicais e 
associativas; 
 
Aqui, a preocupação do constituinte atinge a 
fiscalização e o aproveitamento econômico das obras 
como decorrência lógica e efetiva dos direitos autorais. 
Seria exemplo a exibição de uma telenovela várias 
vezes, quer aqui ou no exterior, e a cada exibição os 
seus integrantes terão direito a receber uma 
participação a ser paga pela produtora. 
 
XXIX - A lei assegurará, aos autores de inventos, 
privilégio temporário para sua utilização, bem 
como proteção às criações industriais, à 
propriedade das marcas, aos nomes de empresas 
e a outros signos distintivos, tendo em vista o 
interesse social e o desenvolvimento tecnológico 
e econômico do País; 
 
Buscando evitar a criação de monopólios, o 
constituinte deferiu um privilégio temporário para 
que os autores de inventos industriais explorem sua 
 
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criação, depois deste prazo qualquer empresa poderá 
fabricar ou aperfeiçoar o invento industrial cujo preço 
passa a ser regulado pelas leis de mercado. 
XXX - É garantido o direito de herança; 
 
Herança é o patrimônio do falecido, o conjunto de 
seus direitos e deveres. Com a morte do titular, 
chamado por alguns de de cujus e por outros de autor 
de herança, esse conjunto se transfere, no momento 
exato do falecimento, aos herdeiros legítimos e 
testamentários do morto, garantindo-se assim que o 
Estado não tome o patrimônio do falecido. 
 
XXXI - A sucessão de bens de estrangeiros 
situados no País será regulada pela lei brasileira 
em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, 
sempre que não lhes seja mais favorável a lei 
pessoal do de cujus; 
 
 Aplicação da lei mais benéfica aos brasileiros - 
Por outras palavras, entre a lei brasileira e a lei 
estrangeira (do país do falecido), deverá sempre ser 
aplicada a mais favorável ao cônjuge e aos filhos 
brasileiros, quanto aos bens situados no Brasil. 
 
Obs.: de cujus = falecido 
 
XXXII - O Estado promoverá, na forma da lei, a 
defesa do consumidor; 
 
Com a promulgação do Código de Defesa do 
Consumidor (lei nº 8.078/90), ficou preenchido o 
sentido desse dispositivo, que se voltou à pessoa na 
condição de consumidor, para assegurar a ela um 
grupo de direitos que a tirem da posição de 
inferioridade em que estão em relação ao produtor ou 
ao vendedor de determinado produto ou serviço. 
 
XXXIII - Todos têm direito a receber dos órgãos 
públicos informações de seu interesse particular, 
ou de interesse coletivo ou geral, que serão 
prestadas no prazo da lei, sob pena de 
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo 
seja imprescindível à segurança da sociedade e do 
Estado; 
 
Reafirmação ampliada do inciso XIV, protegendo a 
liberdade de informação pessoal que,se negada, 
enseja a impetração de Habeas Data. Mas o habeas data 
apenas é cabível para a obtenção de informações 
pessoais, nunca de terceiros. Também prevê o inciso a 
possibilidade de obtenção de informações de 
interesse coletivo ou geral. Todavia, fica 
resguardado o sigilo da informação necessária à 
segurança da sociedade e do Estado. 
 
XXXIV - São a todos assegurados, 
independentemente do pagamento de taxas: 
 
a) o direito de petição aos poderes públicos em 
defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso 
de poder; 
 
O direito de petição aqui surge aliado à dispensa do 
pagamento de taxas a fim de facilitar o relacionamento 
do súdito com os poderes e as autoridades do Estado, 
exercendo relevante função catalisadora e buscando 
evitar demandas judiciais desnecessárias. 
O direito de petição pode ser exercido perante os Três 
Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), 
buscando de qualquer um deles uma decisão 
administrativa que independe de representação por 
advogado. Além disso, o direito de petição pode ser 
exercido por estrangeiros. 
 
Como se trata de um processo administrativo (e não 
judicial) para o exercício do direito de petição, não há 
a obrigatoriedade de representação por advogado. 
 
O direito de petição pode ser exercido por qualquer 
pessoa, física ou jurídica, nacional ou estrangeira. 
 
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, 
para defesa de direitos e esclarecimentos de 
situação de interesse pessoal; 
 
A obtenção de certidões objetiva facilitar o exercício 
da cidadania plena e vem engrossar o rol de medidas 
constitucionais neste sentido. 
 
A negativa do Poder Público em fornecer uma 
certidão para o esclarecimento de situações de 
interesse pessoal de quem pede dá ensejo ao manejo 
de Mandado de Segurança para proteger o direito 
líquido e certo de obtenção da certidão. 
 
XXXV - A lei não excluirá da apreciação do Poder 
Judiciário lesão ou ameaça a direito: 
 
Consagra-se o Princípio da Inafastabilidade da Tutela 
Jurisdicional como verdadeiro alicerce de uma 
sociedade civilizada e democrática na solução de seus 
conflitos sociojurídicos. 
 
O princípio da inafastabilidade da jurisdição é basilar 
na existência do Estado de direito, determinando a 
Constituição Federal, sua garantia, sempre que houver 
violação do direito. Dessa forma, será chamado a 
intervir o Poder Judiciário, que, no exercício da 
jurisdição, deverá aplicar o direito ao caso concreto. 
Importante lembrar que a ameaça ao direito da parte 
já enseja a possibilidade de ajuizamento de ação 
judicial como, por exemplo, ocorre no habeas corpus 
preventivo para cessar a ameaça ilegal ou abusiva à 
liberdade de locomoção de alguém. 
 
Assim, a regra constitucional em análise exige a 
submissão ao Poder Judiciário de todo ou qualquer 
conflito de interesses juridicamente relevantes, a fim 
de que se promova a solução dos conflitos. 
 
A Constituição Federal não exige o esgotamento 
da via administrativa como condição para o 
ingresso da ação judicial exceto em três situações: 
Justiça Desportiva, Reclamação ao STF 
(conforme entendimento de alguns doutrinadores 
ante ao disposto no art. 7º, § 1º, da lei 11.417/206. 
e habeas data. 
 
 
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EXCEÇÕES 
 
 
Súmula 02 do STJ - Não cabe o habeas data (CF, 
art. 5., LXXII, letra "a") se não houve recusa de 
informações por parte da autoridade 
administrativa. 
 
XXXVI - A lei não prejudicará o direito adquirido, 
o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; 
 
O Princípio da Irretroatividade da Lei estabelece que a 
lei nova não vá retroagir (não produzirá seus efeitos 
para o passado) para alcançar o direito adquirido, o ato 
jurídico já aperfeiçoado ou a coisa julgada. A intenção 
é dotar as relações jurídicas de uma estabilidade e de 
um mínimo de segurança para as partes envolvidas. 
 
DIREITO ADQUIRIDO: Constitui-se num dos 
recursos de que se vale a constituição para limitar a 
retroatividade da lei. Consiste em situações jurídicas 
que já tinham se consolidado no tempo. Ex.: 
aposentadoria (cumpridos os requisitos para a 
aposentadoria, a pessoa tem o direito adquirido de se 
aposentar, mesmo que se edite uma lei nova 
modificando estes requisitos). 
 
ATO JURÍDICO PERFEITO: É aquele que se 
aperfeiçoou, que reuniu todos os elementos 
necessários a sua formação, debaixo da lei velha. 
 
COISA JULGADA: É a decisão judicial transitada em 
julgado, ou seja, a decisão judicial que se torna 
imutável. 
 
 
 
Súmula Vinculante 01 - Ofende a garantia 
constitucional do ato jurídico perfeito a decisão 
que, sem ponderar as circunstâncias do caso 
concreto, desconsidera a validez e a eficácia de 
acordo constante de termo de adesão instituído 
pela Lei Complementar nº 110/2001. 
 
XXXVII - Não haverá juízo ou tribunal de 
exceção; 
 
A imparcialidade do Judiciário e a segurança do povo 
contra o arbítrio estatal encontram no princípio do 
juiz natural uma de suas garantias indispensáveis. 
O juiz natural é somente aquele integrado no Poder 
Judiciário, com todas as garantias institucionais e 
pessoais previstas na Constituição Federal. Somente os 
juízes, tribunais e órgãos jurisdicionais previstos na 
Constituição se identificam com o juiz natural. 
 
As Justiças especializadas no Brasil não podem ser 
consideradas Justiças de exceção, pois são 
devidamente constituídas e organizadas pela própria 
Constituição Federal e demais leis de organização 
judiciária. 
 
Juízo de exceção é aquele criado especialmente para 
julgar determinados fatos, após sua ocorrência; por 
exemplo: após uma revolução, os seus responsáveis 
criam uma corte especialmente para julgar os 
derrotados e seus crimes contra a nação. 
 
XXXVIII - É reconhecida a instituição do júri, 
com a organização que lhe dar a lei, assegurados: 
 
O júri é uma garantia de cada cidadão, consistente no 
direito de, em determinadas acusações, ser julgado 
pelos seus pares (julgados pelo próprio povo). A 
confirmação do fato punido pela lei será feita não por 
juízes profissionais, mas por pessoas do povo, que 
julgam não de modo técnico, mas pelo senso comum 
prevalecente no meio social. 
 
São assegurados no Tribunal do Júri: 
 
a) A plenitude de defesa; 
 
 Garante ao réu todas as oportunidades probatórias 
permitidas pelo Direito. Este princípio caminha 
associado ao contraditório e à igualdade das partes 
processuais. Todos os acusados, qualquer que seja o 
crime, têm direito à ampla defesa. A violação dessa 
norma enseja a nulidade do processo. 
 
b) O sigilo das votações; 
 
 Depois de composto o Conselho de Sentença e da 
prestação do compromisso, os sete jurados ficarão 
incomunicáveis, devendo se abster de qualquer 
comentário sobre o processo em pauta e, ao final, 
votando sigilosamente. 
 
c) A soberania dos veredictos; 
 
 Nenhum outro tribunal pode reformar o mérito da 
decisão do júri; pode, quando muito, anular o processo 
por vício de forma, mas não mudar o veredicto do 
júri. Isso só ocorrerá se e quando o júri for refeito. 
 
d) A competência para o julgamento dos crimes 
dolosos contra a vida; 
 
 A Constituição Federal prevê regra mínima e 
inafastável de competência do Tribunal do Júri, não 
impedindo, contudo, que o legislador 
infraconstitucional lhe atribua outras e diversas 
 
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competências. 
 
 Caráter relativo do Tribunal do Júri - O art. 5º, 
XXXVIII, da Constituição Federal, não deve ser 
entendido de forma absoluta, uma vez que 
existirão hipóteses, sempre excepcionais, em que 
os crimes dolosos contra a vida não serão 
julgados pelo Tribunal do Júri. Estas hipóteses 
referem-se, basicamente, às competências 
especiais por prerrogativa de foro em razão do 
cargo. 
 
 Assim, todas as autoridades com foro de processo e 
julgamento previsto diretamente pela Constituição 
Federal, mesmo que cometam crimes dolosos contra a 
vida, estarãoexcluídas da competência do Tribunal do 
Júri. 
 
 Esta regra aplica-se nas infrações penais comuns 
cometidas pelo presidente da República, vice-
presidente, membros do Congresso Nacional, 
ministros do STF, procurador-geral da República, 
ministros de Estado, etc., pois já se firmou posição 
que crimes comuns, previstos no art. 102, I, b e c 
da Constituição Federal, abrangem todas as 
modalidades de infrações penais, inclusive os crimes 
dolosos contra a vida, que serão processados e 
julgados pelo STF. 
 
 São da competência do Tribunal do Júri os crimes 
dolosos contra a vida (homicídio, infanticídio, 
instigação, induzimento e auxílio ao suicídio e aborto). 
 
 Obs.: latrocínio (roubo com resultado morte) não 
é da competência do Tribunal do Júri, posto que 
foi considerado pelo Código Penal como crime 
contra o patrimônio e não crime contra a vida. 
 
 Súmula Vinculante 45 - A competência 
constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre 
o foro por prerrogativa de função estabelecida 
exclusivamente pela Constituição estadual. 
 
 XXXIX - Não há crime sem lei anterior que o 
defina, nem pena sem prévia cominação legal; 
 
 Princípio da anterioridade penal – além da 
exigência de lei formal para tipificar crimes e cominar 
sanções penais, deflui do dispositivo que a lei somente 
se aplicará, para qualificar como crime, aos atos 
praticados depois que ela tenha sido praticada. Esse 
princípio é aplicável aos crimes e às penas. 
 
 Para que uma conduta seja punida criminalmente, ela 
tem que estar previamente proibida, com clara 
definição de qual o comportamento vedado e qual a 
consequência para o descumprimento da proibição (a 
sanção). Essa previsão se faz através do tipo penal, 
que descreve a conduta vedada. 
 
 Conduta típica será toda ação ou omissão humana que 
coincidir com aquilo que está descrito legalmente no 
tipo, sendo chamado de fato típico. 
 
 
 Obs.: Não confundir princípio da legalidade (ou 
reserva legal) com o princípio da anterioridade 
penal. Pelo princípio da legalidade (ou reserva 
legal) tem-se que apenas a lei formal pode definir 
o crime e a pena. Pelo princípio da anterioridade 
penal, a lei tem que existir antes do crime e antes 
da pena. 
 
 XL - A lei penal não retroagirá, salvo para 
beneficiar o réu; 
 
 Eis aqui outro importante princípio do Direito Penal, 
que é o princípio da retroatividade da lei penal 
mais benéfica ou princípio da irretroatividade da 
lei penal in pejus. 
 
 A legislação mais benéfica ao réu retroage. A que vai 
prejudicar o réu, em direito penal, não retroage. 
 
 Súmula Vinculante 26 - Para efeito de progressão 
de regime no cumprimento de pena por crime 
hediondo, ou equiparado, o juízo da execução 
observará a inconstitucionalidade do art. 2º da lei 
nº 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de 
avaliar se o condenado preenche, ou não, os 
requisitos objetivos e subjetivos do benefício, 
podendo determinar, para tal fim, de modo 
fundamentado, a realização de exame 
criminológico. 
 
 Súmula 471 do STJ - Os condenados por crimes 
hediondos ou assemelhados cometidos antes da 
vigência da lei nº 11.464/2007 sujeitam-se ao 
disposto no art. 112 da lei nº 7.210/1984 (Lei de 
Execução Penal) para a progressão de regime 
prisional. 
 
XLI - A lei punirá qualquer discriminação 
atentatória dos direitos e liberdades 
fundamentais; 
 
O que se pretende nesse inciso é que a lei venha a 
estabelecer punições para toda e qualquer conduta 
com fundamento discriminatório, quer cometida por 
particular, quer pelo Estado. O dispositivo é, na 
verdade, um reforço da garantia de igualdade perante a 
Lei. 
 
XLII - A prática do racismo constitui crime 
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de 
reclusão, nos termos da lei; 
 
Este inciso tem vários pontos técnicos. Primeiro, o 
próprio crime de racismo, que à época da 
promulgação da Constituição ainda não existia. 
 
Crime inafiançável é crime que não admite fiança 
(pagamento que a pessoa faz na Delegacia ou no 
Poder Judiciário para poder responder ao processo em 
liberdade provisória). 
Crime imprescritível é crime que não sofre prescrição 
(prazo dentro do qual o Estado tem poder para 
encontrar, processar, punir e executar a pena do 
 
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criminoso). Findo esse prazo, nada mais a Justiça pode 
fazer contra o criminoso. Crime imprescritível, pois, é 
crime em relação ao qual a Justiça jamais perde o 
poder de punir o seu autor. 
 
A pena de reclusão é mais rigorosa que a pena de 
detenção. 
 
Racismo x injúria racial - Não confundir racismo 
com injúria racial. Racismo ocorre quando 
alguém trata os iguais de forma diferenciada por 
causa da raça, da cor ou da etnia. O crime de 
racismo encontra-se previsto na lei 7.716/1989. Já 
a injúria consiste em “injuriar alguém, ofendendo 
lhe a dignidade ou o decoro” (art. 140 do Código 
Penal). Porém, quando a injúria consistir na 
utilização de elementos referentes à raça, cor, 
etnia, religião, origem ou à condição de pessoa 
idosa ou portadora de deficiência, considera-se 
injúria qualificada. Quando motivada, portanto, 
pela cor, pela raça ou pela etnia, denomina-se de 
injúria racial (art. 140, § 3º, do Código Penal). 
Importante observar que racismo é inafiançável e 
imprescritível. Já a injúria é afiançável e 
prescritível. 
 
XLIII - A lei considerará crimes inafiançáveis e 
insuscetíveis de graça ou anistia a prática da 
tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas 
afins, o terrorismo e os definidos como crimes 
hediondos, por eles respondendo os mandantes, 
os executores e os que, podendo evitá-los, se 
omitirem; 
 
 Perdão – tanto a graça quanto a anistia são 
considerados formas de perdão: 
 
ANISTIA GRAÇA 
 
– é um perdão concedido 
mediante lei, 
aplicados a crimes 
coletivos, em geral 
políticos, que produz 
efeitos retroativos, ou 
seja, desfaz todos os 
efeitos penais da 
condenação (mas não 
eventual ação civil de 
indenização por 
danos eventualmente 
causados pelo 
anistiado). 
 
 
- é ato de clemência 
do Poder Executivo, 
favorecendo um 
condenado por crime 
comum ou por 
contravenção, 
extinguindo ou 
diminuindo-lhe a 
pena imposta. Ter-
se-á perdão, se a 
graça for individual, e 
o indulto, se for 
coletiva. É o perdão 
concedido pelo 
presidente da 
República para 
relevar da pena. 
 
 Obs.: Embora não esteja previsto no texto 
constitucional, os crimes insuscetíveis de graça 
também não admitem indulto, pois este é uma 
espécie de graça. 
 
 Obs.: a competência para conceder indulto e 
comutar pena é privativa do presidente da 
República (art. 84, XII); e a anistia exige lei do 
Congresso Nacional (art. 48, VIII). 
 
Os crimes hediondos foram tratados pela lei nº 
8.072/90. 
 
XLIV - Constitui crime inafiançável e 
imprescritível a ação de grupos armados, civis ou 
militares, contra a ordem constitucional e o 
Estado democrático; 
 
Por ação de grupos armados civis ou militares contra a 
ordem constitucional e o Estado democrático, 
entende-se o golpe de estado. Note que o fato de ser 
imprescritível torna o golpe de estado punível mesmo 
que tenha êxito e derrube o governo. Anos ou décadas 
depois, se o governo recuperar sua legitimidade, os 
golpistas poderão ser presos, sem direito à fiança, 
processados e condenados. 
 
XLV - Nenhuma pena passará da pessoa 
do condenado, podendo a obrigação de reparar o 
dano e a decretação do perdimento de bens 
serem, nos termos da lei, estendidas aos 
sucessores e contra eles executadas, até o limite 
do valor do patrimônio transferido; 
 
O presente inciso trata do Princípio da Pessoalidade 
da Pena. Igualmente consagra a responsabilidade 
penal subjetiva – somente a pessoa física que, de 
algum modo, concorreu para o crime por ele 
responderá na medida de sua culpabilidade. 
 
Por outro lado, surge o perdimento de bens ou 
ressarcimento de danos com nova pena, de forma a 
permitir ao Estado perseguir aqueles bens frutos de 
aquisiçãoilícita, estejam eles onde estiverem, quer no 
patrimônio do condenado quer de um herdeiro. Por 
princípio de justiça, a extensão dessa responsabilidade 
patrimonial não atinge aqueles bens cuja origem é 
notoriamente lícita. 
 
 Perda de bens e ressarcimento de danos – não 
prejudica o princípio da pessoalidade da pena; se aplica 
inteiramente às sanções penais, à obrigação de reparar 
o dano e ao perdimento de bens, sanções de natureza 
patrimonial, que podem ser estendidas aos sucessores. 
É necessário, todavia, observar que, o sucessor não 
está sofrendo sanção nenhuma; no máximo, 
determinado patrimônio que a ele caberia por sucessão 
causa mortis deixará de ser recebido, mas o patrimônio 
originário do sucessor não pode, em nenhuma 
hipótese, sofrer decesso em decorrência de uma 
condenação sofrida pelo de cujus. 
 
Obs.: Não confundir pena de perda de bens ou 
ressarcimento de danos com a pena de multa. A 
pena de perda de bens ou ressarcimento de danos 
pode ser estendida aos sucessores até o limite do 
patrimônio transferido. A pena de multa é 
personalíssima. 
 
XLVI - A lei regulará a individualização da pena e 
 
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adotará, entre outras, as seguintes: 
a) privação ou restrição da liberdade; 
b) perda de bens; 
c) multa; 
d) prestação social alternativa; 
e) suspensão ou interdição de direitos; 
 
Consagrado neste inciso o Princípio da 
Individualização da Pena. 
 
Este inciso trata das penas constitucionais, das penas 
possíveis no Direito brasileiro e firma o princípio da 
individualização da pena. 
 
A privação é a perda da liberdade, pela reclusão ou 
pela detenção. A restrição de liberdade é apenas um 
cerceamento, uma diminuição dela, e ocorre no sursis, 
nos regimes aberto e semiaberto de prisão e no 
livramento condicional, por exemplo. 
 
Perda de bens significa tê-los retirados pelo Estado, 
para reparar a vítima ou a si próprio. 
 
Multa é a imposição de uma penalidade pecuniária, de 
um valor a ser pago pelo preso. 
 
Prestação social alternativa é a condenação do réu a 
fazer alguma coisa em benefício da sociedade, como 
forma de reparar todo ou parte de seu crime, como 
pintar as paredes de uma associação comunitária, 
auxiliar no atendimento em creche ou orfanatos, 
ministrar aulas gratuitas e outros. Correspondem às 
penas restritivas de direitos, autônomas e substitutivas 
das penas privativas de liberdade, indicadas no Código 
Penal, art. 44. 
 
Suspensão de direito é a supressão temporária dele, 
como no caso do motorista que atropela e mata um 
pedestre, sendo que dirigia embriagado. A pena, além 
das referentes ao crime, poderá alcançar a retirada 
temporária ou definitiva da carteira de habilitação e, 
com ela, do direito de dirigir. 
 
A individualização da pena de que fala o inciso é a sua 
fixação de acordo com as características pessoais do 
condenado, sua personalidade, a conduta social, sua 
condição escolar e financeira, dentre outras. 
 
Progressão de regime e liberdade provisória aos 
condenados por crimes hediondos e o princípio 
da individualização da pena - por causa do 
princípio da individualização da pena, o Supremo 
Tribunal Federal entendeu ser inconstitucional o § 1º 
do art. 2º da lei n° 8.072/90 (antes da sua alteração 
pela lei nº. 11.464/207., que proibia de forma absoluta 
a progressão do regime nos crimes hediondos, e o art. 
2º, II, que veda a concessão de liberdade provisória ao 
condenado pela prática de crime de hediondo, pois 
nesses casos não se estaria levando em consideração as 
características pessoais do infrator. (Vide súmula 
vinculante 26 e Súmula 471 do STJ tratada no 
inciso XL do art. 5º desta apostila) 
 
XLVII - Não haverá penas: 
 
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos 
termos do art. 84, XIX; 
b) de caráter perpétuo; 
c) de trabalhos forçados; 
d) de banimento; 
e) cruéis. 
 
 A pena de morte apenas será admitida em casos de 
guerra declarada de acordo com o Código Penal 
Militar. Sendo o direito à vida petrificado, é 
dogmaticamente impossível a ampliação de sua 
aplicação aos crimes hediondos. Entretanto, é 
importante ressaltar que é admissível a pena de 
morte em caso de guerra, declarada pelo 
presidente da República, no caso de agressão 
estrangeira, autorizada pelo Congresso Nacional 
ou referendada por ele, quando ocorrida durante 
os recessos parlamentares. 
 
Art. 84. Compete privativamente ao presidente da 
República: 
(...) 
XIX - declarar guerra, no caso de agressão 
estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional 
ou referendado por ele, quando ocorrida no 
intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas 
condições, decretar, total ou parcialmente, a 
mobilização nacional; 
 
Por questão de política criminal, as penas de caráter 
perpétuo estão vedadas pela Constituição, que, neste 
passo, consagra o caráter reeducativo da pena. A 
legislação penal permite, dentro desse espírito, a 
unificação das penas, estabelecendo, ainda, que o 
tempo de cumprimento das penas privativas de 
liberdade não pode ser superior a 30 (trinta) anos. 
 
A pena de trabalhos forçados no Brasil também é 
proibida, tendo em vista que viola o princípio da 
dignidade da pessoa humana. 
 
IMPORTANTE 
 
Apesar de a CF/88 proibir a pena de trabalhos 
forçados, a Lei de Execuções Penais (LEP) 
dispõe que o preso condenado à pena privativa de 
liberdade é obrigado a trabalhar, na medida de 
suas aptidões e capacidade (art. 31 da LEP). E 
acrescenta que o descumprimento do dever de 
trabalhar é previsto como falta grave (art. 50, VI, 
da LEP) impondo sanções disciplinares. Porém, 
não se pode confundir trabalhos forçados com o 
dever de trabalhar. A obrigação de trabalhar, 
quando obedecida, gera benefícios; e quando 
desobedecida, gera sanções disciplinares. Ainda 
assim não é considerado trabalho forçado, uma 
vez que os presos não podem ser coagidos 
fisicamente ao trabalho. 
 
Banimento é um ato unilateral que recairia sobre 
brasileiros natos e naturalizados, retirando-os de seu 
país. Não confundir com expulsão que é ato idêntico, 
mas que recai sobre estrangeiro e é admitida na 
 
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legislação brasileira infraconstitucional (lei nº 
6.815/50). 
As penas cruéis são igualmente excluídas por serem 
incompatíveis com a sadia evolução do Direito Penal, 
por importarem em grande dor física ou moral. 
 
XLVIII - A pena será cumprida em 
estabelecimentos distintos, de acordo com a 
natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; 
 
Existirão estabelecimentos correcionais de segurança 
mínima, máxima e média, a fim de servirem para o 
cumprimento progressivo da pena. Da mesma forma, 
deve haver separação por motivo de sexo e idade. 
 
XLIX - É assegurado aos presos o respeito à 
integridade física e moral; 
 
O preso só perderá a sua liberdade de locomoção, 
mantendo todos os demais direitos que dela não 
derivam. 
 
L - Às presidiárias serão asseguradas condições 
para que possam permanecer com seus filhos 
durante o período de amamentação; 
 
Inovação constitucional que objetiva assegurar a 
maternidade e o direito de a criança ser amamentada, 
já que a pena não pode passar da pessoa da 
condenada. 
 
LI - Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o 
naturalizado, em caso de crime comum, praticado 
antes da naturalização, ou de comprovado 
envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e 
drogas afins, na forma da lei; 
 
LII - Não será concedida extradição de 
estrangeiro por crime político ou de opinião; 
 
A extradição é um ato político bilateral que pressupõe 
um tratado internacional prévio entre os países 
envolvidos. 
Extradição é o ato pelo qual um Estado entrega um 
indivíduo, acusado de um delito ou já condenado 
como criminoso, à Justiça do outro país, que o 
reclama, e que é competente para julgá-lo e puni-lo. 
Quanto à extradição, a Constituição Federal prevê 
tratamento diferenciado aos brasileiros natos,naturalizados e aos estrangeiros, segundo o disposto 
nos incisos LI e LII, do art. 5º. 
 
Requisito da dupla tipicidade - o Brasil apenas 
poderá extraditar um indivíduo se a conduta 
tipificada como crime no país requerente também 
for considerada crime (típica) no Brasil. 
 
Há duas espécies de extradição: 
 
 Ativa: é requerida pelo Brasil a outros Estados 
soberanos; 
 Passiva: é a que se requere ao Brasil, por parte dos 
Estados soberanos. 
 
 A Constituição prevê o seguinte: 
 
a) O brasileiro nato nunca será extraditado; 
b) O brasileiro naturalizado somente será extraditado 
em dois casos: 
I. por crime comum, praticado antes da naturalização; 
II. quando da participação comprovada em tráfico ilícito 
de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei, 
independentemente do momento do fato, ou seja, não 
importa se foi antes ou depois da naturalização; 
 
c) O estrangeiro poderá, em regra, ser extraditado, 
havendo vedação apenas nos crimes políticos ou de 
opinião. 
 
 Obs.: O português equiparado, nos termos do § 1º 
do art. 12 da Constituição Federal, tem todos os 
direitos do brasileiro naturalizado; assim, poderá 
ser extraditado nas hipóteses descritas no item II. 
Porém, em virtude de tratado bilateral assinado 
com Portugal, convertido no Decreto Legislativo 
nº 70.391/72 pelo Congresso Nacional, somente 
poderá ser extraditado para Portugal; 
 
 RESUMO 
 
 
 
LIII - Ninguém será processado nem sentenciado 
senão pela autoridade competente; 
 
Este inciso consagra o Princípio do Juiz Natural 
segundo o qual cada um dos súditos do Estado 
disporá de um Juízo com competência natural para 
processá-lo e julgá-lo com observância obrigatória de 
outros princípios de processo constitucional. 
 
LIV - Ninguém será privado da liberdade ou de 
seus bens sem o devido processo legal; 
 
O Princípio do Devido Processo Legal (due process of 
law) é o mais importante de todos aqueles que tratam o 
processo. Refere-se à necessidade do devido processo 
legal para que alguém perca sua liberdade ou qualquer 
de seus bens. A honra, o patrimônio, o uso do nome, a 
integridade física e moral, tudo isto faz parte dos bens 
corpóreos e incorpóreos da pessoa humana. 
 
O Devido Processo Legal tem como corolários a 
ampla defesa e o contraditório, que deverão ser 
assegurados aos litigantes, em processo judicial ou 
administrativo, e aos acusados em geral. 
 
Nenhuma penalidade poderá ser imposta, tanto no 
campo judicial, quanto nos campos administrativos ou 
 
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disciplinares, sem a necessária amplitude de defesa. 
LV - Aos litigantes, em processo judicial ou 
administrativo, e aos acusados em geral são 
assegurados o contraditório e ampla defesa, com 
os meios e recursos a ela inerentes; 
 
Por ampla defesa entende-se a necessidade de 
assegurar, ao réu, condições que lhe possibilitem trazer 
para o processo todos os elementos tendentes a 
esclarecer a verdade ou mesmo de omitir-se ou calar-
se, se entender necessário. 
 
O contraditório assegura que a parte tem o direito de 
se manifestar sobre todas as provas produzidas e sobre 
as alegações feitas pela parte adversa. A igualdade das 
partes impede que acusação ou defesa possuam 
privilégios. 
 
LVI - São inadmissíveis, no processo, as provas 
obtidas por meios ilícitos; 
 
Aqui se encontra o Princípio da Licitude da Prova. 
A prova obtida por meio ilícito é aquela colhida com 
infração das leis, como, por exemplo, as obtidas 
através de tortura, lesões corporais, invasões, fraude, 
etc. 
 
Teoria dos frutos da árvore envenenada - As 
provas ilícitas, bem como todas as derivadas dela, 
são constitucionalmente inadmissíveis, devendo, 
pois, ser desentranhadas do processo, não tendo, 
porém, o condão de anulá-lo, permanecendo 
válidas as demais provas lícitas e autônomas delas 
não decorrentes. 
 
LVII - Ninguém será considerado culpado até o 
trânsito de julgado de sentença penal 
condenatória; 
 
Aqui se encontra consagrado o Princípio da Presunção 
de Inocência, um dos basilares do Estado de Direito 
como garantia processual penal. Mantém a 
primariedade do réu até que se ultime a decisão 
condenatória transitada em julgado. 
 
Obs.: Por maioria, o Plenário do Supremo 
Tribunal Federal (STF) entendeu que o artigo 283 
do Código de Processo Penal (CPP) impede o 
início da execução da pena após condenação em 
segunda instância por violar o princípio da 
presunção de inocência. 
 
LVIII - O civilmente identificado não será 
submetido à identificação criminal, salvo nas 
hipóteses previstas em lei; 
 
Quando se fala em identificação criminal, está a 
Constituição se referindo ao registro, guarda e 
recuperação de todos os dados e informações 
necessários para estabelecer a identidade do acusado. 
 
Identidade é o conjunto de características que 
distinguem uma pessoa da outra (arcada dentária, 
digitais, voz, altura, etc.). 
 
 
Identificação será o processo de estabelecer a 
identidade. 
 
 Este inciso não permitiu a recepção do inciso VIII do 
art. 6º do Código de Processo Penal, que ordenava a 
identificação datiloscópica dos indiciados. 
 
 Obs.: Convém observar que a Constituição cria 
restrições à identificação criminal, não 
se referindo à civil. Portanto, não há 
inconstitucionalidade se, determinado por edital 
de concurso público, o candidato, no momento da 
resolução da prova, for obrigado a identificar--se 
datiloscopicamente para o fiscal. 
 
 LIX - Será admitida ação privada nos crimes de 
ação pública, se esta não for intentada no prazo 
legal; 
 
- Ação penal pública – ocorre quando a titularidade do 
seu exercício é do Ministério Público. 
 
- Ação penal privada – ocorre quando o seu titular é o 
particular ofendido ou o seu representante legal. 
 
- Ação penal privada subsidiária da pública - será 
admitida ação privada nos crimes de ação pública, se 
esta não for intentada no prazo legal. Para isso exige-
se que, na ação penal pública, o Ministério 
Público se mantenha inerte, não ajuizando a ação 
nem requerendo o seu arquivamento. 
 
 Atuação do Ministério Público nas ações penais 
privadas subsidiárias da pública – nas ações penais 
privadas subsidiárias da pública em que o ofendido ou 
o seu representante legal ingressa com a queixa-crime 
ante a inércia do Ministério Público, este (o MP) 
atuará no processo com as mesmas prerrogativas que 
possui relativamente às ações penais públicas (art. 29 
do CPP). 
 
 Inquérito arquivado por requerimento do MP – 
quando o inquérito é arquivado por requerimento do 
Ministério Público, não cabe ação penal privada 
subsidiária da pública. Esta somente é cabível quando 
o não oferecimento da denúncia decorre de inércia 
injustificada do Ministério Público. 
 
 LX - A lei só poderá restringir a publicidade dos 
atos processuais quando a defesa da intimidade 
ou o interesse social o exigirem; 
 
 O Princípio da Publicidade dos Atos Processuais 
ainda encontra respaldo no art. 93, IX e, em ambos os 
dispositivos, admite-se como exceção a possibilidade 
do segredo de Justiça que torna, excepcionalmente, os 
atos de processo sigilosos, limitando a presença, em 
determinados atos, às próprias partes e seus 
advogados, tudo com o intuito de evitar evidente 
prejuízo que poderia advir da publicidade de certos 
processos. Há casos em que a própria lei ordinária 
processual determina o segredo de Justiça. 
 
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 LXI - Ninguém será preso senão em flagrante 
delito ou por ordem escrita e fundamentada 
de autoridade judiciária competente, salvo nos 
casos de transgressão militar ou crime 
propriamente militar, definidos em lei; 
 
 Considera-se em flagrante delito quem: 
a) está cometendo a infração penal: 
b) acaba de cometê-la; 
c) é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo 
ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça 
presumir ser autor da infração; 
d) é encontrado,

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