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Psicologia e Comunidade

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Prévia do material em texto

Indaial – 2020
Psicologia e 
comunidade
Profª. Tais Martins
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Profª. Tais Martins
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
M386p
 Martins, Tais
 Psicologia e comunidade. / Tais Martins. – Indaial: 
UNIASSELVI, 2021.
 178 p.; il.
 ISBN 978-65-5663-437-1
 ISBN Digital 978-65-5663-433-3
 1. Psicologia comunitária. - Brasil. II. Centro Universitário 
Leonardo da Vinci.
 
CDD 155.94
aPresentação
A obra Psicologia Social Comunitária é responsável pela abordagem 
de conteúdos importantes e desafiadores da Psicologia. Os alunos dedicados 
a esses aprendizados, certamente, tornar-se-ão profissionais de qualidade 
e dispostos ao olhar humanitário. Este material foi elaborado através da 
conjugação de saberes entre a Teoria e a Prática da Psicologia Comunitária, 
que traz em seu bojo um conteúdo valioso e inquietante. Essa seara vem 
expandindo a sua atuação e também a sua amplitude conceitual em função 
das produções científicas e acadêmicas.
Os estudantes dispostos a amealhar esse conhecimento devem 
constatar o quanto ele é agradável e ao mesmo tempo muito próximo dos 
contextos pessoais e profissionais. A valorização da vida humana recebe um 
novo contorno na medida em que aumenta a conscientização da sociedade 
e o conhecimento, sendo um dos melhores instrumentos de uma sociedade 
afinada com os valores humanos. 
A elaboração deste material contou com uma ampla pesquisa 
bibliográfica, textos sobre o assunto e até mesmo debates promovidos em 
encontros e Congressos Nacionais e Internacionais, pois não há profissional 
qualificado que descuide do aprimoramento permanente. Na Unidade 
1, abordaremos a Psicologia Comunitária. Em seguida, na Unidade 2, 
estudaremos a Influência dos Grupos. Por fim, na Unidade 3, aprenderemos 
sobre a Psicologia Comunitária e a Atuação Profissional. 
A Psicologia Social Comunitária oferece um panorama dinâmico, 
pois a relação da realidade social com o processo culmina com a construção 
das identidades sociais e do fortalecimento do grupo. A construção 
ideológica está corporificada através do sentimento de pertencimento, pois 
a comunidade não é apenas um corpo ou um objeto. A busca do corpo 
perfeito e a luta contra o peso e o reganho de peso constituem uma tomada 
social e não exclusivamente individual, pois a identidade das pessoas obesas 
encontra um possível modelo de desenvolvimento humano que mesmo 
estigmatizado se identifica e passa a compor uma comunidade.
Através da contextualização com a PSC, destaca-se o contexto 
dialético da inclusão-exclusão que é imbuído de uma subjetividade, pois 
os sujeitos sentem-se ao mesmo tempo incluídos e discriminados diante 
dos conflitos sociais comuns à vida em grupo e em comunidade. A PSC 
tem como uma de suas ocupações o estudo da comunidade. Os processos 
psicossociais e as relações de poder são vinculados às transformações sociais. 
Nesse sentido, a contingência cultural, a solução de conflitos e a resolução 
de problemas indicam que a comunidade acaba por formar-se através de um 
processo identitário. A integração e a satisfação das necessidades aumentam 
o sentimento de comunidade, e justamente aí há um elo entre os três tópicos 
desta unidade, pois a influência dos grupos e a atuação comunitária do 
psicólogo social comunitário oferecem uma visão panorâmica da teoria, mas 
também um recorte prático, diante das possíveis interações que o exercício 
da psicologia possibilita vivenciar.
A Psicologia Comunitária dedica-se a estudar, compreender e intervir 
no cenário de questões psicossociais que caracterizam uma comunidade. 
Os objetivos da Psicologia Social Comunitária transitam compreensão das 
necessidades do campo biopsicossocial, pois vislumbram construir um 
entendimento acerca do conceito da Psicologia Social Comunitária e de seu 
objeto de estudo.
Por certo não se pode esquecer que a tratativa desta disciplina 
transita na construção social de realidades subjetivas e humanas. Tão logo 
é preciso atentar o que são elementos permeados por uma práxis ética. 
Quando mencionamos os objetivos desse estudo não podemos esquecer 
que se faz necessário compreender, analisar e interpretar problemas de 
origem psicológica, tais como: questões de ordem cognitiva, emocional, 
comportamental e ecológica. Sendo assim, é notória a necessidade de 
desenvolver habilidades para atuação em diversas áreas de intervenção, coisa 
que só a conduta facilitará o direcionamento teórico e prático do psicólogo 
para o desenvolvimento das suas habilidades profissionais.
A comunidade apresenta um traço dinâmico. O binômio indivíduo-
sociedade recebe a influência dos processos socioculturais. O homem se insere 
no processo histórico, mas não representa somente um papel determinado, 
torna-se agente da história, pois transforma a sociedade em que vive. Por sua 
vez, Martin-Baró (1989) chama a atenção para a ligação da realidade como 
processo. Nesse ponto surge a responsabilidade do psicólogo social diante da 
sua contribuição na construção das identidades pessoais e do fortalecimento 
do grupo. Para Wienselfeld (2014), a comunidade não é apenas um corpo 
ou um objeto, mas uma construção ideológica que se corporifica através do 
sentimento de pertencimento.
Por fim, a psicologia social comunitária traz algumas etapas 
desafiadoras que merecem atenção: 1) o fato de que não há uma base 
consensual que reúna os trabalhos dentro de uma mesma terminologia, 
indicando aproximações teórico-conceituais; 2) revela a necessidade de 
serem feitas análises epistemológicas sobre as práticas desenvolvidas com 
o intuito de analisar criticamente as incoerências e pseudoconciliações no 
campo da dimensão teórica e metodológica; 3) é necessário discutir o grau 
de impacto e importância dessas práticas na vida comunitária, a fim de se 
fazer uma reflexão crítica sobre o tipo de compromisso implícito e as alianças 
estabelecidas nos trabalhos de PSC.
Com esta discussão surgem os novos caminhos para uma nova 
consciência mais politizada através da participação popular. Tal debate, que 
traz como um dos seus pontos nodais a crítica ao elitismo da Psicologia, 
coincide com o desenvolvimento da Psicologia Comunitária no Brasil. Esta 
se edifica a partir do movimento de uma série de psicólogos que criticavam o 
viés positivista da Psicologia social até então hegemônica, buscando construir 
propostas de transformação social, a partir de maior aproximação do 
psicólogo com as dinâmicas do cotidiano da maioria da população. Compete 
ao profissional da Psicologia Social Comunitária atender às demandas 
psicológicas, visando abranger aspectos sociopolítico-econômicos.
Dessa feita é fulcral para o psicólogo estudar e compreender que a 
Teoria da Psicologia Social Comunitária tem relevância significativa para 
a formação de um psicólogo, não apenas por se tratar de uma abordagem 
pioneira e abrangente, que busca entender a pessoa em seus contextos, mas 
também por ser uma teoria condizente com explicações a respeito do ser 
humano dentro dos grupos aos quais pertence ou dos grupos em que resta 
alijado.
O material contou também com o apoio incondicional da Equipe 
UNIASSELVI. Uma equipe qualificada e sempre disposta ao apoio e aos 
esclarecimentos necessários.
Bons estudos!
Profª. Tais Martins
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitandoao máximo o espaço da página, o que também contribui 
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida-
de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-
to em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você 
terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-
tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
sumário
UNIDADE 1 — PSICOLOGIA COMUNITÁRIA ............................................................................ 1
TÓPICO 1 — CONCEITO ..................................................................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 O PENSAMENTO SOCIAL E AS INFLUÊNCIAS SOCIAIS ..................................................... 4
2.1 A EMERGÊNCIA E A FORMAÇÃO DA PSICOLOGIA SOCIAL
COMUNITÁRIA (PSC) NO BRASIL .................................................................................................. 5
2.1.1 Etapas desafiadoras da psicologia social comunitária ..................................................... 5
3 A HISTÓRIA DA CONSTRUÇÃO DA PSICOLOGIA SOCIAL NO BRASIL
 E NA AMÉRICA LATINA .................................................................................................................. 6
3.1 CARACTERÍSTICAS DA PSICOLOGIA SOCIAL COMUNITÁRIA ...................................... 7
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 12
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 13
TÓPICO 2 — HISTÓRICO ................................................................................................................. 15
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 15
2 O ESTUDO DA PSICOLOGIA SOCIAL COMUNITÁRIA ...................................................... 17
2.1 A PSICOLOGIA COMUNITÁRIA É UMA DISCIPLINA RECENTE ................................... 17
2.1.1 A evolução da Psicologia .................................................................................................... 19
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 20
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 21
TÓPICO 3 — IDENTIDADE .............................................................................................................. 23
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 23
2 AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS ................................................................................................. 24
2.1 REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SÃO FENÔMENOS DA VIDA COTIDIANA ................... 25
2.1.1 As três dimensões das representações sociais ................................................................. 26
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 29
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 30
TÓPICO 4 — COMUNIDADE ........................................................................................................... 33
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 33
2 A PSICOLOGIA SOCIAL COMUNITÁRIA TEM COMO UMA DE SUAS
 OCUPAÇÕES O ESTUDO DA COMUNIDADE ........................................................................ 34
2.1 O SENTIDO DE COMUNIDADE SURGE A PARTIR DA CONCEPÇÃO DE SAÚDE
E DE EMAGRECIMENTO COMO FORMA DE MANUTENÇÃO DA SAÚDE....................... 34
2.1.1 Preconceitos e estereótipos ................................................................................................. 35
3 A PSICOLOGIA SOCIAL COMUNITÁRIA ESTUDA AS RELAÇÕES ENTRE O 
 INDIVÍDUO E A SOCIEDADE ...................................................................................................... 36
3.1 O DIREITO HUMANO À ALIMENTAÇÃO ADEQUADA ................................................... 37
3.1.1 O ganho de peso é um problema ....................................................................................... 38
RESUMO DO TÓPICO 4..................................................................................................................... 41
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 42
TÓPICO 5 — CRENÇAS E JULGAMENTOS SOCIAIS ............................................................... 45
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 45
2 O CONCEITO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL.................................................................. 46
2.1 INTERVENÇÃO SOCIAL ............................................................................................................ 47
2.1.1 A vida social diante da nossa formação filogenética e ontogenética ........................... 48
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 50
RESUMO DO TÓPICO 5..................................................................................................................... 53
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 54
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 56
UNIDADE 2 — A INFLUÊNCIA DOS GRUPOS ........................................................................... 59
TÓPICO 1 — RELAÇÕES SOCIAIS ................................................................................................. 61
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 61
2 REFLEXÕES NECESSÁRIAS .......................................................................................................... 61
3 INTERFACE ENTRE A PERCEPÇÃO SOCIAL E AS RELAÇÕES SOCIAIS........................ 63
4 ENTRE A SOCIOLOGIA E A PSICOLOGIA ............................................................................... 63
4.1 A IMIGRAÇÃO COMO EXEMPLO NA PSICOLOGIA SOCIAL COMUNITÁRIA ......... 65
4.2 O CONTROLE DAS RELAÇÕES É ALGO JÁ MENCIONADO PELA OBRA 
FOUCALTIANA ............................................................................................................................ 70
5 OBJETOS DO MEIO SOCIAL ........................................................................................................ 71
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 74
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 75
TÓPICO 2 — CONFLITOS E PACIFICAÇÃO ................................................................................ 77
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 77
2 A POSSIBILIDADE DE AUTONOMIA E LIBERDADE ........................................................... 77
3 VIOLÊNCIA E SAÚDE MENTAL .................................................................................................. 80
3.1 PROTEÇÃO E EXPOSIÇÃO DIANTE DA VIOLÊNCIA ........................................................ 80
3.1.1 Violência doméstica ............................................................................................................. 81
3.1.2 Violência contra o idoso ...................................................................................................... 83
3.1.3 Violência obstétrica .............................................................................................................. 85
4 GRUPOS SOCIAIS ............................................................................................................................ 88
4.1 FUNÇÃO DO PSICÓLOGO ........................................................................................................ 88
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 90
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 91
TÓPICO 3 — VIOLÊNCIA E VITIMOLOGIA ............................................................................... 93
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 93
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 95
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 96
TÓPICO 4 — PERCEPÇÃO SOCIAL ................................................................................................ 99
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 99
2 A PSICOLOGIA SOCIAL E A PERCEPÇÃO DO OUTRO ..................................................... 100
RESUMO DO TÓPICO 4................................................................................................................... 104
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 105
TÓPICO 5 — PRECONCEITOS, ESTEREÓTIPOS E DISCRIMINAÇÃO ............................. 107
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 107
2 CARACTERIZAÇÃO DO PRECONCEITO ............................................................................... 107
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 110
RESUMO DO TÓPICO 5................................................................................................................... 116
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 117
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 119
UNIDADE 3 — PSICOLOGIA COMUNITÁRIA E A ATUAÇÃO PROFISSIONAL ........... 121
TÓPICO 1 — ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NA PSICOLOGIA SOCIAL
 COMUNITÁRIA ........................................................................................................ 123
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 123
2 ESPÉCIE HUMANA NO PLANETA ............................................................................................ 124
2.1 A PSICOLOGIA É UMA CIÊNCIA AMPLA .......................................................................... 125
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 128
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 129
TÓPICO 2 — DIREITOS HUMANOS E PSICOLOGIA COMUNITÁRIA ............................ 133
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 133
2 O PROGRESSO NO BRASIL ........................................................................................................ 134
2.1 GRUPOS DE APOIO .................................................................................................................. 135
2.2 A LIBERDADE ............................................................................................................................ 136
2.3 EMANCIPAÇÃO ........................................................................................................................ 138
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 141
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 142
TÓPICO 3 — OBESIDADE E SEUS CONTORNOS NA PSICOLOGIA
 COMUNITÁRIA ........................................................................................................ 145
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 145
2 A OBESIDADE É EXPOSTA NA ÁREA DA SAÚDE COMO UMA EPIDEMIA
 MUNDIAL ......................................................................................................................................... 146
2.1 A OBESIDADE É UM PROBLEMA DE SAÚDE, MAS TAMBÉM SOCIAL ...................... 147
3 A TEORIA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS (TRS) ........................................................... 150
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 152
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 153
TÓPICO 4 — VIOLÊNCIA E SEUS CONTORNOS NA PSICOLOGIA SOCIAL ......................
 COMUNITÁRIA ........................................................................................................ 155
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 155
2 O CONCEITO DA PALAVRA VIOLÊNCIA ..............................................................................155
2.1 PSICOLOGIA SOCIAL............................................................................................................... 158
3 A CONDENAÇÃO “SOCIAL” ...................................................................................................... 161
3.1 O PROCESSO HISTÓRICO BRASILEIRO .............................................................................. 161
4 A VIOLÊNCIA É UM ELEMENTO QUE PROPICIA UM DEBATE ...................................... 163
RESUMO DO TÓPICO 4................................................................................................................... 164
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 165
TÓPICO 5 — APLICAÇÕES GERAIS DA PSICOLOGIA COMUNITÁRIA ......................... 167
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 167
2 MASSAS E AS CONDUTAS HUMANAS .................................................................................. 167
2.1 MUITOS TEMAS DESAFIAM A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO COMUNITÁRIO .......... 168
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 170
RESUMO DO TÓPICO 5................................................................................................................... 173
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 174
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 176
1
UNIDADE 1 — 
PSICOLOGIA COMUNITÁRIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
 A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• identificar fundamentos da Psicologia que contribuem na compreensão 
dos fenômenos jurídicos;
• delimitar o objeto e as áreas de abrangência da Psicologia Comunitária 
nos contextos sociais e também das organizações pertinentes à proteção 
dos indivíduos e dos grupos; 
• distinguir no campo das relações entre a Psicologia e a Comunidade, 
dominando as técnicas para ampliar esses saberes para auxiliar na paci-
ficação dos conflitos.
 Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No decorrer da 
unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o 
conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – CONCEITO
 
TÓPICO 2 – HISTÓRICO
TÓPICO 3 – IDENTIDADE
TÓPICO 4 – COMUNIDADE
TÓPICO 5 – CRENÇAS E JULGAMENTOS SOCIAIS
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1 — UNIDADE 1
CONCEITO
1 INTRODUÇÃO
A Psicologia Social Comunitária traz em seu bojo um estudo científico 
sobre o modo como as pessoas pensam e também a forma como elas se relacionam. 
É da competência dessa ciência o estudo da influência do comportamento de uma 
pessoa sobre as outras, uma vez que a honestidade, a crueldade e a prestatividade 
são interligadas através de elementos como: a) o pensamento social, b) a influência 
social e c) as relações sociais.
É de responsabilidade da psicologia social comunitária a análise do 
pensamento social, tendo em vista os indivíduos e a sua realidade social através 
de suas capacidades intuitivas. As atitudes possuem uma ligação direta, sujeito 
que influencia e que pode também ser influenciado pelo comportamento do 
grupo no qual está inserido. Nesse sentido, é preciso observar que existem as 
influências sociais que certamente interferem no comportamento dos sujeitos e 
também no comportamento dos grupos.
A psicologia social pode ser entendida como um ramo de estudo da 
psicologia que tem como centro de sua análise o comportamento do indivíduo 
e as relações sociais estabelecidas por este indivíduo. Podemos afirmar também 
que a psicologia social estabelece um limite entre o que vem a ser psicologia e o 
que é a área de atuação da sociologia.
Podemos asseverar que o ponto nevrálgico de diferenciação entre ambas 
está centrado no objeto de estudo, pois a psicologia tem como objeto de estudo 
o indivíduo e as interdependências entre os sujeitos, ou seja, o comportamento 
da pessoa e o condicionamento humano são observados através do pensamento 
e do comportamento das pessoas. Kurt Lewin (1890-1947) é considerado por 
muitos o fundador da psicologia social. Já no que concerne à sociologia, o seu 
objeto de estudo está concentrado no grupo social. A riqueza dessa disciplina é 
justamente o que a transforma num desafio reflexivo inesgotável, como veremos 
nos subtópicos que seguem.
UNIDADE 1 — PSICOLOGIA COMUNITÁRIA
4
O olhar, a escuta e a contextualização são capazes de qualificar ainda mais 
o exercício profissional do Psicólogo Social, pois é o ato de olhar compreensivamente, 
suspendendo valores e sustentando o que é trazido pelas pessoas, pelo grupo e pela 
comunidade, que permitirá um olhar do psicólogo, que se diferencia dos demais 
profissionais que atuam com as Ciências Sociais.
• A psicologia comunitária tem seus precedentes pelas correntes de pensamento social 
do século XIX. Notoriamente, através da Revolução Industrial, que teve seu início no 
final do século XVIII, presenciou o surgimento de grandes transformações econômicas, 
sociais, políticas e tecnológicas. 
• Esses acontecimentos promoveram uma mudança do sistema de economia agrícola, 
produção mecanizada e um agrupamento nos grandes núcleos urbanos. É notório 
que houve uma mudança no estilo de vida e nos costumes das pessoas. É diante da 
mudança de panoramas históricos e do pensamento social que se estabelecerá a sua 
preocupação com as problemáticas sociais.
• O psicólogo é um catalisador de processos. Seus temas são: os processos de formação 
de consciência, a construção de identidade, as representações sociais, a apatia social, 
a desorganização e mobilização, o individualismo, a solidariedade, os processos de 
ação social etc.
• Reiteramos que o papel do psicólogo em contextos comunitários é um tema 
de primeira ordem, pois enseja a grande tarefa de conhecer as necessidades da 
comunidade, orientar e dinamizar as estratégias que facilitem a solução. Os objetivos 
da Psicologia Social Comunitária transitam a compreensão das necessidades do campo 
biopsicossocial, pois vislumbram construir um entendimento acerca do conceito da 
psicologia social comunitária e de seu objeto de estudo.
IMPORTANT
E
2 O PENSAMENTO SOCIAL E AS INFLUÊNCIAS SOCIAIS
O pensamento social e as influências sociais culminam a compreensão 
das relações sociais, pois é por meio dela que seremos capazes de observar os 
comportamentos que são biológicos e também os comportamentos que são 
sociais. Por meio dos valores, observaremos a positividade e a negatividade de 
determinadas condutas; a estrutura e a organização social permitem e proíbem 
determinados comportamentos. Com a aplicação da psicologia social comunitária, 
será possível verificar os contextos da vida cotidiana.
Estudar o comportamento do ser humano e no que ele é influenciado 
socialmente é uma das competências dessa ciência, pois antes mesmo de 
nascermos, somos influenciados pela cultura a qual pertencemos, uma vez que 
as condições históricas e sociais e a história do grupo no qual seremos inseridos 
determinam o que é bom ou ruim, positivo e negativo, reforçador ou não.
Não devemos descartar o fato de que muitas vezes a psicologia social é 
confundida com a sociologia. É bom recorte e da competência da psicologia social 
TÓPICO 1 — CONCEITO
5
comunitária analisar e investigar o estudo dos indivíduos e como eles influenciam 
e são influenciados pelas pessoas que compõem a sociedade.
Destarte, é possível mencionar que a psicologia social comunitária é 
fronteiriça com os estudos de sociologia, pois é da competência da sociologia 
a análise dos grupos eda sociedade; na psicologia social comunitária os 
indivíduos são observados através de uma experimentação, analisando, de modo 
científico, a construção do pensamento social, a análise da influência social e, 
por fim, a construção das relações sociais. Em outras palavras, significa explicar 
o comportamento humano através da personalidade ou através das crianças; 
combina por configurar o objeto do estudo da psicologia social comunitária, que 
tem seu foco sobre a construção da realidade social.
2.1 A EMERGÊNCIA E A FORMAÇÃO DA PSICOLOGIA 
SOCIAL COMUNITÁRIA (PSC) NO BRASIL
A emergência e a formação da Psicologia Social Comunitária (PSC) no 
Brasil, nos últimos 50 anos, foram marcadas, por um lado, pela contraposição 
aos dispositivos conceituais, aos locais de trabalho consagrados e às práticas da 
psicologia social norte-americana ao longo do século XX e, por outro, pela inserção 
da noção de comunidade em seu conjunto de princípios (FREITAS, 2013).
Por meio da linguagem se estabelecem os significados das palavras que 
são atribuídas pelo grupo social e pela cultura e através delas se determinam uma 
visão de mundo, um sistema de valores e, por consequência, ações, sentimentos 
e emoções decorrentes. Embora as emoções sejam universais – tristeza, medo, 
alegria, nojo –, o que nos faz senti-las varia conforme os significados atribuídos 
pelo grupo social ao qual pertencemos.
A palavra se torna poderosa quando alguma “autoridade” social impõe 
um significado único e inquestionável, que determina uma ação automática. A 
contra-arma do poder da palavra se encontra na própria natureza do significado: 
ampliá-lo, questioná-lo, pensar sobre ele, e não agir automaticamente em resposta 
a uma palavra. Entre a palavra e a ação deve sempre existir o pensamento para 
não sermos dominados por aqueles que detêm o poder da palavra.
2.1.1 Etapas desafiadoras da psicologia social 
comunitária
A psicologia social comunitária traz algumas etapas desafiadoras que 
merecem atenção:
• O fato de que não há uma base consensual que reúna os trabalhos dentro de 
uma mesma terminologia, indicando aproximações teórico-conceituais.
UNIDADE 1 — PSICOLOGIA COMUNITÁRIA
6
• Revela a necessidade de serem feitas análises epistemológicas sobre as 
práticas desenvolvidas, com o intuito de analisar criticamente as incoerências 
e as pseudoconciliações no campo da dimensão teórica e metodológica.
• É necessário discutir o grau de impacto e importância dessas práticas na vida 
comunitária, a fim de se fazer uma reflexão crítica sobre o tipo de compromisso 
implícito e as alianças estabelecidas nos trabalhos de PSC (JACQUES, 2013).
Com essa discussão surgem os novos caminhos para uma nova 
consciência mais politizada através da participação popular. Tal debate, que traz 
como um dos seus pontos nodais a crítica ao elitismo da Psicologia, coincide 
com o desenvolvimento da Psicologia Comunitária no Brasil. Esta se edifica a 
partir do movimento de uma série de psicólogos que criticavam o viés positivista 
da Psicologia social até então hegemônica, buscando construir propostas 
de transformação social a partir de maior aproximação do psicólogo com as 
dinâmicas do cotidiano da maioria da população (JACQUES, 2013).
3 A HISTÓRIA DA CONSTRUÇÃO DA PSICOLOGIA SOCIAL 
NO BRASIL E NA AMÉRICA LATINA
A história da construção da psicologia social no Brasil e na América Latina 
construiu uma psicologia social como um campo de produção de conhecimento 
relacionando a relação homem x sociedade, através da compreensão do indivíduo 
e no papel de identificação dos grupos aos quais esse indivíduo pertence. Ao 
qualificar a psicologia como social e posteriormente como comunitária, fica claro 
o objetivo de colaboração dos espaços relacionais que aproximam o indivíduo a 
partir de seus territórios, mas que posteriormente constroem seus processos de 
identificação, sejam eles físicos ou simbólicos (SAWAIA, 2000). 
A Psicologia Social Comunitária utiliza o enquadre teórico da Psicologia 
Social, privilegiando o trabalho com os grupos, colaborando para a formação da 
consciência crítica e para a construção de uma identidade social e individual, 
orientada por preceitos eticamente humanos (FREITAS, 1996).
É muito difícil encontrar comportamentos humanos que não envolvam 
componentes sociais. Esses aspectos sociais são o enfoque da psicologia social. 
A Psicologia Social Comunitária reúne diversos campos de atuação, pois seu 
intuito é trabalhar com os grupos populares na busca contínua do protagonismo e esse 
protagonismo só é construído a partir de um pensamento crítico.
IMPORTANT
E
TÓPICO 1 — CONCEITO
7
A psicologia social estuda a relação entre o indivíduo e a sociedade, entendida 
historicamente desde como seus membros se organizam para garantir sua 
sobrevivência até seus costumes, valores e instituições necessárias para a 
continuidade da sociedade.
Psicologia social como o estudo científico da ação enquanto 
ideológica. Ao dizer ideológica, estamos expressando a mesma ideia 
de influência ou relação interpessoal, do jogo do pessoal e social; 
porém estamos afirmando também que a ação é uma síntese de 
objetividade e subjetividade, de conhecimento e de valorização, não 
necessariamente consciente, quer dizer que a ação está significada 
por conteúdos valorados e referidos historicamente em uma estrutura 
social (MARTÍN-BARÓ, 2012, p. 17).
Podemos fazer todas as variações que quisermos, desde que as relações 
sejam mantidas. Há situações ou papéis mais determinados e outros mais livres. 
Ao conviver em grupos, cada um vai construindo seu EU. No processo de 
interação, desenvolvemos nossa consciência, nossa identidade.
A psicologia corresponde a desmascarar os vínculos que ligam os 
atores sociais com os interesses de classe, colocando em evidência as 
mediações através das quais as necessidades de uma classe concreta 
se tornam imperativos interiorizados pelas pessoas, desarticular o 
emaranhado de forças objetivadas em uma ordem social que manipula 
os sujeitos através de mecanismos de falsa consciência (MARTÍN-
BARÓ, 2012, p. 48).
Podemos asseverar que a psicologia social comunitária ganhou uma 
visão crítica acerca dos problemas sociais e aos poucos foi transformando a 
comunidade e seu principal referencial de análise. “A comunidade é o eixo 
geográfico ou psicossocial onde a vida cotidiana é vivida” (CAMPOS, 2013, p. 8). A 
investigação das relações entre uma determinada comunidade e as ligações entre 
os seus componentes possibilita destacar a relevância da formação dos grupos, 
justificando a ampliação da perspectiva social em promover mudanças através 
do compromisso ético e político considerado pela psicologia social comunitária.
Para Jacob (1999), a comunidade é um propósito da verdadeira essência 
da Psicologia Comunitária, em que se constitui o objeto de estudo e implementa 
a teorização e a intervenção, pois é através da cultura e dos significados 
compartilhados que os indivíduos constituem o elemento de um grupo social 
concreto: o sentir-se parte e o fazer parte. Aprofundaremos esse conceito no 
tópico sobre comunidade.
3.1 CARACTERÍSTICAS DA PSICOLOGIA SOCIAL 
COMUNITÁRIA
A Psicologia Social Comunitária apresenta traços muito particulares 
desde sua história até os seus papéis de atuação. É uma psicologia que tem como 
UNIDADE 1 — PSICOLOGIA COMUNITÁRIA
8
diretriz a tratativa com os grupos populares, pois por meio da compreensão da 
história dos sujeitos e dos grupos sociais é possível traçar estratégias para que 
cada grupo assuma o seu real protagonismo.
Através dos estudos de filosofia elencados por Aristóteles é possível 
observar a necessidade humana de digestão nos contextos sociais. No entanto, 
nem toda interação é fácil e nem toda linguagem possibilita uma convivência 
harmônica. As relações de poder se estabelecem e com elas surgem as fragilidades, 
as relações positivas e negativas advindas da vida social.
No que concerne ao delineamento histórico, é possível verificar que no 
Brasil,entre as décadas de 1960 e 1970, a anteriormente denominada psicologia 
na comunidade assumia um serviço necessário e indispensável à população, 
pois por meio das organizações políticas e das novas frentes de trabalho foi 
possível observar a retirada de um serviço clandestino que somente contribuía 
com as referências sociológicas e antropológicas, em que se constrói um trabalho 
comunitário de estofo que apresenta um compromisso teórico e prático com o fito 
de ampliar a resolução das demandas sociais, através do emprego de estratégias 
intervencionais que facilitaram a interação com as comunidades e também a 
compreensão dos valores e da cultura de cada espaço.
Surge nesse momento o grande papel do psicólogo como identificador 
das demandas sociais e das estratégias de intervenção, através de um diálogo 
de confiabilidade e de conhecimento. Nesse diapasão, a psicologia comunitária 
tornou-se o campo social (GÓIS, 1993).
As características da psicologia social comunitária, segundo Montero 
(2004), podem ser compreendidas da seguinte forma, a saber:
• preocupa-se com fenômenos psicossociais relacionados aos processos de 
construção do caráter comunitário, levando em conta o contexto cultural e 
social do qual surgem;
• aceita a comunidade como um ser dinâmico composto por agentes ativos, 
relacionados à realidade em que vivem;
• enfatiza as forças e capacidades e não as carências e debilidades;
• considera a relatividade cultural;
• inclui a diversidade;
• assume as relações que ocorrem entre as pessoas e seu meio ambiente;
• assume uma orientação voltada às mudanças sociais e ao desenvolvimento 
comunitário a partir da dupla motivação, seja ela comunitária ou científica;
• inclui uma orientação voltada às mudanças pessoais e no processo de inter-
relação entre indivíduos e comunidade;
• vislumbra a possibilidade de poder da comunidade sobre os processos que 
afetam;
• delineia uma condição política que supõe a formação da cidadania através do 
fortalecimento da sociedade;
• defende uma ação comunitária que seja fundamentada pela participação da 
TÓPICO 1 — CONCEITO
9
própria comunidade;
• considera a Psicologia Social Comunitária uma ciência aplicada que é capaz 
de produzir intervenções sociais;
• apresenta um caráter eminentemente preventivo;
• seu caráter científico promove interferências na esfera crítica e também na 
construção de novas teorias.
O intento das intervenções da psicologia social comunitária tem como 
foco promover mudanças e adaptações na estrutura das comunidades através 
de uma participação coletiva. Essa participação deve ser favorecida através 
de processos de fortalecimento interpessoais, interativos e comportamentais 
(ÁLVARO; GARRIDO, 2006).
Os processos de autopercepção trazem uma grande contribuição para a 
compreensão da capacidade e da manutenção exitosa dos sistemas sociais, uma 
vez que o ambiente social e político exige dos indivíduos uma organização que se 
perfaz através das atividades comunitárias (MONTERO, 2004).
No que diz respeito ao papel do Psicólogo Comunitário, o trabalho de 
Maria de Fátima Quintal (1994) é muito significativo, visto que aborda o fato 
de que existem diferenças no tipo de identidade e nos produtos das práticas 
profissionais. Ela elenca um quadro de quatro tipos de práticas contempladas no 
trabalho comunitário, a saber:
• A Psicologia Comunitária define estratégias para diagnosticar, de uma 
perspectiva psicológica e individual, e se preocupa com as estruturas internas 
individuais. É a psicologia clínica tradicional em outro cenário social e espacial, 
ou seja, assume um novo espaço de ação. Utiliza técnicas e instrumentos 
tradicionais de psicoterapia, diagnóstico e testes. Busca identificar crises 
vivenciadas e promove classificações. Considera que os problemas da 
comunidade são causados principalmente por problemas mentais. Seus temas 
de interesse são: neurose, psicose, histeria, relações familiares e pessoais. 
Outros problemas são vistos de uma perspectiva situacional. A comunidade 
é um mero destinatário. Significa uma defesa da especificidade profissional e 
crença na determinação psicológica.
• A Psicologia Comunitária é aquela em que a ênfase é determinada pela 
população. O psicólogo participa de discussões e mobilizações; ele é um 
ativista político. Os problemas comunais derivariam de fatores econômicos, 
políticos e sociais; ele não atribui causas psíquicas a eles, o pessoal é analisado 
como o resultado das condições sociais. O psicólogo atende populações 
carentes contribuindo para aprender a se expressar, organizar e atender 
demandas. Contribui para a organização e mobilização popular. Para isso, 
utiliza dinâmicas de grupo para facilitar os processos de comunicação e 
organização, utilizando instrumentos de outras áreas. Com ela, a psicologia 
pouco contribui, pois seu caráter é basicamente político; se detecta novas 
situações e problemas, eles requerem maior análise e treinamento; dessa 
forma, a população ganha em possibilidades organizacionais. A prática 
UNIDADE 1 — PSICOLOGIA COMUNITÁRIA
10
psicológica é pobre. É uma não defesa da especificidade profissional e da 
crença numa determinação psicológica.
• A Psicologia Comunitária atribui causas psíquicas a problemas comunitários, 
vendo-os como traços ou tendências internas da estrutura psíquica. Suas 
técnicas buscam fortalecer a organização, a mobilização e a participação. O 
psicólogo é um intermediário entre a população e as instituições. Implica 
a não defesa da especificidade profissional e a crença numa determinação 
psicológica. Carece de identificação profissional ou social.
• A Psicologia Comunitária enfrenta os problemas das comunidades e estuda 
os aspectos subjetivos que contribuem para uma maior incidência das 
determinações. Analisa a realidade concreta da vida e da vida diária.
O Psicólogo é um catalisador de processos. Seus temas são: os processos de 
formação de consciência, a construção de identidade, as representações sociais, a 
apatia social, a desorganização e mobilização, o individualismo, a solidariedade, 
os processos de ação social etc.
Os problemas individuais são vistos a partir de uma perspectiva 
psicossocial e como uma construção sócio-histórica. Use as técnicas psicológicas 
existentes, mas crie outras, participando com a população. Desmistifique as 
explicações frequentes. É uma posição de defesa de especificidade profissional e 
crença na determinação sócio-histórica.
Com ela, a psicologia e a comunidade ganham; cria-se a necessidade de 
reflexão e sistematização, constroem-se novos instrumentos e novas relações de 
produção e intervenção do conhecimento. A comunidade tem novas possibilidades 
como ator social, construindo novas formas de vida comunitária.
O objeto de estudo está inacabado, em construção permanente. Requer 
coerência nos pressupostos científicos e rigor nos instrumentos de apreensão do 
objetivo e subjetivo das determinações sociais. Significa, então, um novo tipo de 
intervenção e relacionamento da psicologia com a comunidade. É preciso observar 
um viés contextual, pois há três subdivisões importantes que merecem destaque:
• Psicologia na Comunidade (sai do espaço elitista de atuação).
• Psicologia da Comunidade (envolve processos coletivos e públicos e também 
institucionais).
• Psicologia Comunitária (modelo de psicologia crítica, não adaptacionista, 
tomada de consciência e identidade cultural).
Até agora, apresentamos algumas ideias que acreditamos serem 
essenciais para entender o que significa o conceito de apoio social e a razão de seu 
protagonismo na Psicologia Comunitária. Intervir é empoderar, e para empoderar 
é preciso promover o uso de recursos, disponibilizar ou desenvolver práticas 
que permitam o acesso a esses recursos. O papel que eles desempenham neste 
processo é essencial, uma vez que o empoderamento envolve o desenvolvimento 
de capacidades das pessoas, organizações e comunidades, e as capacidades são 
TÓPICO 1 — CONCEITO
11
intimamente relacionadasà identidade. Nesse sentido, não é possível desvincular 
identidade com valores ou cultura, porque um dá conteúdo ao outro.
O problema então é como promover o desenvolvimento sem cancelar os 
sistemas de crenças e valores, que são, precisamente, o motor que orienta todo o 
processo. Tolerância, colaboração, comunicação, discussão de objetivos, consenso 
etc. são todos os aspectos da intervenção a que se pode promover para que o 
empoderamento aconteça sem anular a identidade. Seguimos para os próximos 
tópicos.
LANE, S. T. M. A Psicologia Social e uma nova concepção de homem para 
a Psicologia. In: LANE, S. T. M.; CODO, W. Psicologia Social: O homem em movimento. 
São Paulo: Brasiliense, 1984.
MARTIN-BARÓ, I. El Poder Social. In: MARTIN-BARÓ, I. Sistema, grupo y poder: psicología 
social desde Centroamérica (II). San Salvador: UCA Editores, 1989.
MONTERO, M. Crítica, autocrítica y construcción de teoria en la psicología sociallatino-a-
mericana. Revista Colombiana de Psicología, v. 19, n. 2, p. 177-191, 2010.
DICAS
12
Neste tópico, você aprendeu que:
• Estudar o comportamento do ser humano e no que ele é influenciado 
socialmente é uma das competências dessa ciência, pois antes mesmo de 
nascermos, somos influenciados pela cultura a qual pertencemos, uma vez 
que as condições históricas e sociais e a história do grupo no qual seremos 
inseridos determinam o que é bom ou ruim, positivo e negativo, reforçador 
ou não.
• A história da construção da psicologia social no Brasil e na América Latina 
construiu uma psicologia social como um campo de produção de conhecimento 
relacionando a relação homem x sociedade, através da compreensão do 
indivíduo e no papel de identificação dos grupos aos quais esse indivíduo 
pertence.
• A Psicologia Social Comunitária apresenta traços muito particulares desde 
sua história até os seus papéis de atuação. É uma psicologia que tem como 
diretriz a tratativa com os grupos populares, pois por meio da compreensão 
da história dos sujeitos e dos grupos sociais é possível traçar estratégias para 
que cada grupo assuma o seu real protagonismo.
• Tolerância, colaboração, comunicação, discussão de objetivos, consenso etc. 
são todos os aspectos da intervenção a que se pode promover para que o 
empoderamento aconteça sem anular a identidade.
RESUMO DO TÓPICO 1
13
1 A obra Psicologia Social Comunitária é responsável pela abordagem de 
conteúdos importantes e desafiadores da Psicologia. Os estudos de Bader 
Sawaia e Regina Helena Freitas Campos caracterizam a comunidade por 
vários elementos, EXCETO:
a) ( ) Abranger todas as formas de relacionamento marcadas por um grau 
elevado de intimidade pessoal, profundeza emocional, engajamento 
moral e continuidade no tempo.
b) ( ) Fundamentar-se no homem e na mulher, vistos em sua totalidade e 
não neste ou naquele papel que possam desempenhar na ordem social.
c) ( ) Ver como elemento vital o fazer e o pensar coletivos, destituídos das 
individualidades que os compõem.
d) ( ) A fusão do sentimento da tradição que se constitui só no pensamento 
e não na participação.
e) ( ) Sua base cotidiana deve ser sustentada somente no espaço geográ-
fico.
2 A Psicologia Social Comunitária utiliza o enquadre teórico da Psicologia 
Social, privilegiando o trabalho com os grupos, colaborando para a formação 
da consciência crítica e para a construção de uma identidade social e 
individual, orientada por preceitos eticamente humanos. Quais as possíveis 
marcas que se pode ter com a produção teórica e a prática da psicologia social 
comunitária?
a) ( ) A busca do desenvolvimento da consciência crítica, da ética, da soli-
dariedade e das práticas cooperativas ou mesmo autogestionárias.
b) ( ) A busca da autogestão como única maneira de termos as comunida-
des vivendo sua autonomia em nossa sociedade.
c) ( ) A definição junto às ONGs de como devem agir na solução imediata 
dos problemas sociais que atingem apenas parte da população.
d) ( ) Orientar as Comunidades Urbanas marginalizadas a se conscienti-
zarem de seus direitos.
e) ( ) A definição das ações políticas partidárias como únicas capazes de 
garantir a tomada de consciência da realidade vivida.
3 O psicólogo trabalha com grupos atendidos pelo Programa de Atenção 
Integral à Família (PAIF) nos Centros de Referência e Assistência Social 
(CRAS), população em situação de vulnerabilidade social. Os objetivos do 
PAIF são: a) a prevenção e enfrentamento de situações de risco social; b) 
dos vínculos familiares e comunitários; c) promoção de aquisições sociais e 
materiais das famílias, visando fortalecer o protagonismo e a autonomia das 
famílias e da Comunidade. Com pauta nessas análises, cabe ao psicólogo:
AUTOATIVIDADE
14
a) ( ) Estruturar um planejamento que permita a escolha de técnicas e di-
nâmicas que estimulem a participação e a criação das atividades gru-
pais, construindo um programa social, pois é através do conhecimento 
e do planejamento feito conjuntamente com os líderes comunitários que 
será possível construir os grupos focais.
b) ( ) Facilitar o atendimento da população em situação de vulnerabilida-
de, possibilitando o acolhimento econômico.
c) ( ) Identificar as alternativas ecológicas de intervenção.
d) ( ) Organizar os trabalhos de ambulatório para dar suporte à saúde da 
população.
4 Quais são os objetivos da Psicologia Social Comunitária e no que 
compreendem?
5 O processo histórico da Psicologia Social Comunitária aponta para qual 
sentido?
15
TÓPICO 2 — 
UNIDADE 1
HISTÓRICO
1 INTRODUÇÃO
A Psicologia Comunitária é uma disciplina de gênese recente, pois seu 
surgimento é constatado no último terço do século XX nos Estados Unidos. Uma 
vez instalada, ela restou disseminada em larga escala pela Europa e pela América 
Latina.
Existem diferentes formas de conceber a Psicologia Comunitária. Destas, 
duas merecem destaque, a saber: a norte-americana e a latino-americana, por 
sua graduação e autonomia – o que facilita a sua análise – e também porque são 
suficientemente documentadas em estudos empíricos que analisam sua trajetória 
e produção investigativa, bem como suas principais orientações práticas.
A Psicologia Social como ciência independente nasce entre 1930-1940. 
Embora tenha raízes e precedentes, a Psicologia Social Comunitária se cristalizou 
institucional e academicamente nos Estados Unidos, na década de 1960-1970, 
vinculada ao campo da saúde mental. A história e a pré-história do movimento 
da comunidade americana são suficientemente detalhadas em vários livros e 
capítulos, o que nos exime de seu relato factual. Nós mesmos tentamos sintetizar 
o como e o porquê do surgimento da Psicologia Social Comunitária.
A Psicologia Social Comunitária tem sua construção pautada na 
preocupação com a cidadania e com a interação dos grupos sociais; a busca de um 
processo de conhecimento social comunitário que possa assegurar o protagonismo 
das populações.
No início do século XX, o psiquiatra Sigmund Freud utilizou a Psicologia 
Social para estudar o caráter social e psiquicamente condicionado das neuroses e 
psicoses de massas. Para ele, toda a psicologia é social. Toda disciplina científica 
tem como tarefa a busca de soluções para problemas práticos que surgem dentro 
de grupos e comunidades com um impacto direto sobre os indivíduos.
A intervenção nos grupos sociais é responsável pelo favorecimento da 
autonomia e dos processos de engajamento e de criticidade diante dos problemas 
comuns que são enfrentados pelos grupos, pela comunidade e pela sociedade.
No surgimento da Psicologia Social Comunitária, aliam-se uma série de 
forças e fatores, sejam eles técnicos, profissionais ou sociopolíticos, que serviram 
de amadurecimento da aplicação da Psicologia. Notoriamente, após a Segunda 
16
UNIDADE 1 — PSICOLOGIA COMUNITÁRIA
Guerra Mundial, há uma abertura para as mudanças sociais que ocorreram nos 
anos 1960. Ganha força o ativismo e o intervencionismo dos cientistas sociais.
Essa situação não é pacífica,uma vez que não há uma unanimidade 
entre os autores, pois uns defendem que a Psicologia Social surgiu em 1859 com 
a edição da revista “Grande Enciclopédia Soviética”, de Steintahl e Lazarus. 
Enquanto outra vertente fala do surgimento de um processo de psicologização 
da sociologia que surge no final do século XIX.
Cronologicamente, podemos situar o processo de psicologização da 
Sociologia burguesa na última década do século passado. Nas palavras do 
sociólogo e publicista francês G. Le Bon (1841-1931): “ao século dos heróis sucedia 
o século das massas”. Por fim, nos compete destacar que a crise da Psicologia 
Social incentivou vários pesquisadores a formularem alternativas para uma nova 
Psicologia Social mais comprometida com a realidade.
Por um lado, a insuficiência do modelo médico-clínico da doença e do 
hospital, seu eixo principal, compreende e resolve não só muitos problemas 
de saúde mental, mas também as novas patologias psicossociais (drogas, 
marginalização, violência, desintegração da família etc.) resultantes das profundas 
deslocações e desintegração social que acompanham as mudanças tecnológicas e 
sociais em curso. Soma-se a isso, o desencanto da psicoterapia para atender às 
expectativas inicialmente geradas e a impossibilidade de atingir por meio desse 
método todos aqueles que precisam de ajuda psicológica (principalmente os mais 
marginalizados: a psicoterapia sempre foi um valor e uma prática das classes 
médias altas).
Notoriamente, a reflexão sobre o surgimento da psicologia social através 
do seu processo histórico tem uma ligação com a Segunda Guerra Mundial, pois é 
a partir desse momento que a psicologia social passou a ser compreendida como 
estudo das interações humanas; elementos, como o preconceito, a liderança e os 
problemas comuns às interações humanas passam a ser observados de maneira 
mais atenta. Por sua vez, não podemos descurar do fato de que a psicologia social 
comunitária tradicional não trazia ainda em seu bojo esses delineamentos.
No Brasil e na América Latina, esse movimento ganha força a partir 
da década de 1970, pois dentro da própria psicologia social um movimento 
começa a apresentar questionamentos sobre a diversidade cultural e sobre o 
comprometimento da Psicologia com os problemas da sociedade, é isso uma 
construção, ainda que incipiente, do modelo tradicional de psicologia social 
comunitária que começava a voltar o seu olhar para uma concepção mais 
harmônica, dualista e psicologizante sobre o homem e a vida social.
TÓPICO 2 — HISTÓRICO
17
2 O ESTUDO DA PSICOLOGIA SOCIAL COMUNITÁRIA
O estudo da Psicologia Social Comunitária enseja uma breve análise sobre 
as características e as interações humanas no que concerne aos problemas que 
surgem no seio social, os valores, o ajustamento social, as atitudes e condutas 
humanas, que podem ser estruturados através de contextos históricos e também 
culturais.
A Psicologia Social Comunitária é demarcada através, especialmente, da 
Segunda Guerra Mundial, pois antes deste momento nevrálgico a preocupação 
dela estava centrada no estudo dos grupos e nas questões específicas de conduta 
e de ajustamento ou desajustamento social. É no pós-guerra que as práticas 
comunitárias encontram seu momento de ascensão e o modelo de Psicologia 
anteriormente conhecido passa a ser revisitado.
A Psicologia Social Comunitária reúne intervenções diversas em várias 
áreas de atuação, pois sua base teórica e prática está fundamentada na concepção 
de princípios morais de solidariedade e de cooperação, pois, muitas vezes, é 
através do corpo social que podemos compreender as resoluções da vida cotidiana.
2.1 A PSICOLOGIA COMUNITÁRIA É UMA DISCIPLINA 
RECENTE
A Psicologia Comunitária é uma disciplina recente. Sua origem tem contato 
com a psiquiatria social e preventiva, e, posteriormente, relaciona-se à dinâmica 
e à psicoterapia de grupos. Há uma conceituação que vai surgindo através da 
análise das origens sociais nos objetos de estudo dos psicólogos e psicólogas. Um 
dos marcos inquestionáveis desse processo são os decisivos acontecimentos de 
maio de 1968, na França e Itália, que colocam em evidência a neutralidade dos 
pesquisadores. Esse momento é conhecido como Crise da Psicologia Social, que 
se constitui sob o questionamento do modelo empírico-analítico.
Na interpretação de José Costa (2015, s.p., grifos do autor) sobre a 
psicologia política abordada por Maritza Montero:
A contribuição de Montero para o desenvolvimento da disciplina 
também passa pela importância de suas obras de sistematização 
teórico-metodológica e divulgação do estado da arte da PC na América 
Latina e em outros locais do globo. Em 2007, participou de um projeto 
liderado por Isaac Prilleltensky para divulgar o desenvolvimento da 
PC ao redor do mundo, coeditando, com Stephanie Reich e Manuel 
Riemer, o livro International Community Psychology: History and 
Theories, no qual são apresentados trabalhos de psicólogas e psicólogos 
comunitários de mais de vinte países, em todos os cinco continentes. 
Em 2011 Montero publicou, junto a Irma Serrano-García, a obra 
Historias de la Psicología Comunitária en América Latina: participación y 
transformación com artigos sobre a história da PC em dezenove países 
latino-americanos. Não obstante, a produção individual de Montero 
18
UNIDADE 1 — PSICOLOGIA COMUNITÁRIA
mais significativa ao campo da PC corresponde à tríade formada 
pelos livros: Teoría y Práctica de la Psicología Comunitaria: la tensión 
entre comunidad y sociedade, Introducción a la Psicología Comunitaria: 
desarrollo, conceptos y procesos e uma obra dedicada exclusivamente ao 
método: Hacer para Transformar: el método en Psicología Comunitaria. É 
possível afirmar que esses livros têm contribuído em grande medida 
para o fortalecimento do campo da PC na última década, tornando-
se bibliografia obrigatória em diversos cursos de graduação e pós-
graduação em Psicologia Comunitária. A maioria dos capítulos pode 
ser lida independente dos demais, de modo a iluminar um tema 
específico da PC, mas tomados em conjunto, esses três livros significam 
uma contribuição sumamente original de Montero à construção de um 
paradigma latino-americano crítico e construcionista para a Psicologia 
Comunitária.
Existem três subdivisões da Psicologia, a saber:
• Psicologia Social: estudo acerca das multidões e também dos processos de 
comunicação entre o indivíduo e a dinâmica das relações interpessoais. 
Tem como cerne estudar como as pessoas se relacionam e se influenciam 
mutuamente.
• A Psicologia Comunitária: estudo dos grupos nas comunidades e das 
instituições sociais. Tem como esteio o estudo das experiências sociais que o 
indivíduo adquire e partilha através dos grupos nos quais transita.
• A Psicologia Social Comunitária: nessa conjunção podemos afirmar que há 
um fio condutor entre as duas classificações anteriores, pois a Psicologia 
Social Comunitária fundamenta-se pelos princípios éticos e humanitários 
com as práticas direcionadas para a participação coletiva. Segundo Yamamoto 
(2007), paralelamente ao desenvolvimento da Psicologia Comunitária, podem 
ser observadas contínuas mudanças nos cenários das políticas públicas 
brasileiras. Essa situação nos direciona para o bem-estar social, que é a seara 
de atuação do psicólogo.
Nos tópicos seguintes, procuraremos trazer algumas ideias e características 
básicas que definem a Psicologia Comunitária como conceito teórico e como 
campo de intervenção. No entanto, é preciso tratar os conteúdos através de uma 
contextualização sócio-histórica. É necessário compreender que o conjunto de 
conhecimentos teóricos transferido para um contexto ou situações específicas 
sempre ficam aquém das necessidades específicas de uma comunidade. Uma 
ação em que os objetivos da ciência e da prática são combinados e a teoria seja 
validada pelo fazer empírico, por sua vez, torna-se um conhecimento teórico e dá 
um sentido dialético de conhecimento, pois essa troca de imbricações e sentidosultrapassa os limites do atendimento clínico e cede espaço para um novo viés de 
atuação profissional.
Não devemos esquecer, em nosso entendimento, as raízes socioestruturais 
desses eventos: a industrialização e o desenvolvimento dos anos 1960 geram 
possibilidades muito maiores de diferenciação social, pois aparecem assim grupos 
sociais marginalizados e profundas mudanças socioculturais como: a) aumento 
da competitividade, b) individualismo, c) diminuição da solidariedade do papel 
TÓPICO 2 — HISTÓRICO
19
dos grupos sociais primários, d) estabelecimento dos valores do sucesso face à 
realização pessoal ou afiliação, entre outros. Essas situações colocam dramáticos 
problemas de adaptação a grandes grupos populacionais, sejam imigrantes, 
desempregados, excluídos e marginalizados.
2.1.1 A evolução da Psicologia
Com a evolução da Psicologia, surgiram múltiplas ramificações, algumas 
enfatizando a teoria, outras norteando seus trabalhos na prática de Psicologia 
Social. Posteriormente, as áreas de Psicologia Comunitária da Psicologia Geral 
tiveram pretensões aplicadas eminentemente e suas principais intenções eram 
distanciar-se de laboratórios psicológicos descontextualizados da realidade 
humana.
Ao longo dos estudos de psicologia comunitária nos Estados Unidos 
e das influências do contexto social e político, é notório que a América Latina 
conduziu momentos de protagonismos e continuou exercendo sua influência. 
Especificamente, diferentes ciclos políticos (alternância entre governos 
democráticos e republicanos) marcaram a predominância de uma ou outra teoria 
sobre saúde mental. Durante os períodos mais progressivos, determinantes 
ambientais têm mais peso na explicação do comportamento humano, enquanto 
em períodos de conservadorismo político e social, tem-se a importância das 
variáveis pessoais.
Além disso, essa influência política não se limita apenas a perspectivas 
teóricas predominantes, mas, sobretudo, afeta os tipos de intervenções que eles 
são promovidos e desenvolvidos.
GUARESCHI, P. Psicologia Social Crítica como prática de libertação. Porto 
Alegre, RS: Editora da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2004.
FREITAS, M. Desafios contemporâneos à Psicologia Social Comunitária: que visibilidade e 
que espaços têm sido construídos? Psicologia e Argumento, v. 22, n. 36, p. 33-47, 2004.
SAWAIA, B. Comunidade: a apropriação científica de um conceito tão antigo quanto a 
humanidade. In: CAMPOS, R. Psicologia Social Comunitária: da solidariedade à autono-
mia. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
DICAS
20
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• A Psicologia Social Comunitária reúne intervenções diversas em várias áreas 
de atuação, pois sua base teórica e prática está fundamentada na concepção 
de princípios morais de solidariedade e de cooperação, pois, muitas vezes, 
é através do corpo social que podemos compreender as resoluções da vida 
cotidiana.
• A Psicologia Comunitária é uma disciplina recente. Sua origem tem contato 
com a psiquiatria social e preventiva, e, posteriormente, relaciona-se à 
dinâmica e à psicoterapia de grupos.
• Com a evolução da Psicologia, surgiram múltiplas ramificações, algumas 
enfatizando a teoria, outras norteando seus trabalhos na prática de Psicologia 
Social. Posteriormente, as áreas de Psicologia Comunitária da Psicologia Geral 
tiveram pretensões aplicadas eminentemente e suas principais intenções eram 
distanciar-se de laboratórios psicológicos descontextualizados da realidade 
humana.
21
1 A psicologia social comunitária pode ser definida como uma área da 
psicologia social que estuda a atividade do psiquismo decorrente do modo 
de vida do lugar/comunidade; estuda o sistema de relações e representações, 
identidade, consciência, identificação e pertinência dos indivíduos ao lugar/
comunidade e aos grupos comunitários. A história da psicologia comunitária 
no Brasil apresenta como primeiras práticas de intervenção da psicologia 
social comunitária:
a) ( ) A prevenção da saúde mental e a educação popular.
b) ( ) A intervenção sindical e a violência entre gêneros.
c) ( ) A violência urbana e a perda de identidade pelas migrações.
d) ( ) A melhoria das condições de trabalho e a análise da ação ideológica 
dos meios de comunicação.
e) ( ) A ausência de organização popular e a superação do individualismo.
2 A Psicologia Comunitária é uma aplicação da psicologia social para a 
resolução dos problemas sociais nas comunidades. Qual é o objetivo da 
psicologia comunitária?
a) ( ) Atuar com grupos nos quais as relações de poder garantam o status 
quo.
b) ( ) Atuar no sentido de manter relações verticalizadas e conscientes.
c) ( ) Atuar na comunidade apontando os caminhos que deverão ser segui-
dos para que os sujeitos encontrem a emancipação.
d) ( ) Atuar no sentido de preservar relações assistencialistas e paternalistas.
e) ( ) Atuar com a população excluída, buscando trabalhar a consciência 
crítica e o empoderamento dos sujeitos. 
3 A Psicologia Comunitária se caracteriza por trabalhar com sujeitos sociais em 
condições ambientais específicas. Sobre o objetivo da psicologia comunitária 
através de seu processo histórico, assinale a alternativa INCORRETA:
a) ( ) O objetivo é discutir as relações entre Saúde Comunitária e Psicologia 
Comunitária na perspectiva dos processos de participação e de libertação 
que contribuem na construção de metodologias participativas.
b) ( ) A comunidade é o principal ator e o foco está mais nos processos 
de saúde que nos processos de doença. As metodologias participativas 
presentes na caminhada comunitária, na visita domiciliar e no círculo de 
cultura propiciam uma prática condizente com esses princípios.
c) ( ) O envolvimento dos profissionais de saúde e dos moradores das co-
munidades favorece processos de saúde e de autonomia.
AUTOATIVIDADE
22
d) ( ) A Psicologia Social Comunitária compartilha valores e práticas que 
possuem como princípios a libertação e a participação, que contribuem 
na construção de espaços que rompam com os processos de opressão.
e) ( ) A Psicologia Social Comunitária priva valores e práticas que possuem 
como princípios a libertação e a participação, impedindo uma prática con-
dizente com esses princípios.
4 A ideia de uma Saúde Comunitária aparece de maneira imprecisa e 
polissêmica nos discursos e práticas de saúde, tanto no Brasil como em outros 
países da América Latina, tornando-se necessária uma clarificação desse 
conceito. O que busca a análise da Psicologia Social Comunitária?
5 A Psicologia Social Comunitária apresenta duas vertentes. Quais são as que 
se constituem como um princípio da vertente latino-americana?
23
TÓPICO 3 — UNIDADE 1
IDENTIDADE
1 INTRODUÇÃO
A identidade social pode ser entendida como a influência dos grupos 
no pensamento de seus membros, até que possam então desenvolver os seus 
próprios pensamentos. Os grupos têm influência sobre o pensamento de seus 
membros e desenvolvem até mesmo um estilo de pensamento distinto, tão logo 
as representações preencham funções de manutenção da identidade social que 
resta entremeada pelo equilíbrio sociocognitivo (JODELET, 2001).
Identidade, poder e atividade não são aspectos grupais independentes. 
[...] em cada situação concreta, os grupos se encontram imbricados, 
diretamente ou através de seus membros, o que gera identidades 
grupais parcialmente comuns ou difusas, poderes compartilhados e 
ações com efeitos múltiplos (MARTÍN-BARÓ, 1989, p. 227).
Menciona, ainda, que há quatro fatores importantes que devem ser 
considerados:
Quatro fatores podem influir na formação espontânea de um grupo 
primário: a) a atração entre seus membros; b) alguma semelhança entre 
eles; c) a ansiedade; d) a complementaridade de suas características 
pessoais [...]. A própria atividade dos grupos primários vai gerando 
vínculos afetivos e de complementaridade funcional entre os 
membros, tornando-os mais interdependentes, até o ponto de modelaras necessidades e ainda a identidade pessoal de cada um (MARTÍN-
BARÓ, 1989, p. 305-306).
Tendo como base essas três condições, Martín-Baró (1989, p. 206) define 
grupo enquanto “uma estrutura de vínculos e relações entre pessoas que 
canalizam em cada circunstância suas necessidades individuais e/ou interesses 
coletivos”. Ressalta ainda que um grupo é uma estrutura social: é uma realidade 
total, um conjunto que não pode ser reduzido à soma de seus membros. “A 
totalidade do grupo supõe alguns vínculos entre os indivíduos, uma relação de 
interdependência que é a que estabelece o caráter de estrutura e faz das pessoas 
membros” (MARTÍN-BARÓ, 1989, p. 206).
Assim, segundo o autor, um grupo constitui um canal de necessidades 
e interesses em uma situação e circunstância específica, afirmando com isso o 
caráter concreto, histórico de cada grupo. Apresenta, ainda, três parâmetros 
principais para a análise do processo grupal:
24
UNIDADE 1 — PSICOLOGIA COMUNITÁRIA
• A identidade do grupo, ou seja, a definição do que é e o que o caracteriza 
como tal frente a outros grupos.
• O poder de que dispõe o grupo em suas relações com os demais grupos.
• A atividade grupal e mais a significação social do que produz essa atividade 
grupal.
Três aspectos devem ser considerados na conformação da identidade 
de um grupo: – formalização organizativa: determinação das condições de 
pertencer ao grupo (normas formais ou informais, rígidas ou flexíveis, estáveis 
ou passageiras); requer ainda uma definição de suas partes e uma regulação 
das relações entre elas (divisão ou não das funções, sistematização das tarefas, 
distribuição de trabalho e atribuições); – as relações com outros grupos: a dialética 
intergrupal produzida historicamente em cada sociedade interfere no surgimento 
do grupo, assim como a sua conexão com as necessidades e os interesses de uma 
classe social; – a consciência de pertencer a um grupo: o grupo passa a ser para o 
indivíduo uma referência para a sua própria identidade ou vida, referência essa 
criada a partir do sentimento de pertença subjetiva a um grupo. Esse sentimento 
é que contribui para que um grupo de pessoas se sinta e atue como grupo, 
possibilitando a sua identificação.
2 AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
As Representações Sociais são estudadas através da articulação de 
elementos mentais, sociais e afetivos. Esses elementos são integrados por meio 
da cognição, da linguagem e da comunicação. As relações sociais afetam as 
representações sociais e interferem sobre elas, pois através de uma realidade 
material surge uma interação recíproca e permanente entre o que se compreende 
da realidade e como essa realidade se apresenta para cada sujeito, uma vez que os 
elementos afetivos e de comunicação são variáveis entre o grupo e isoladamente 
(JODELET, 2001).
A cultura, a classe social, a linguagem e os interesses comuns aproximam 
as pessoas com a intenção de compreender os processos sociais aos quais estão 
submetidas (GARCIA, 1994). As Representações Sociais permitem compreender 
a relação entre as formas de violência ocorridas entre as pessoas e também o 
efeito da cultura, pois a satisfação com a imagem pessoal não corresponde à 
busca da saúde mental e emocional das pessoas. Dá-se ênfase ao processo de 
estigmatização, culpabilização e exclusão que as pessoas que sofrem com a 
violência ou outras formas de exclusão são submetidas.
A Psicologia Social Comunitária busca compreender tais processos 
considerando os laços estabelecidos por pessoas que vivenciam condições 
semelhantes. Muitos fatores são essenciais para essa formulação, pois a 
identidade dos membros se constitui por meio dos sentimentos de exclusão que 
são comuns aos indivíduos que sofrem ou sofreram com a violência. Por sua vez, 
a integração entre as pessoas que sofreram violência confere uma característica 
TÓPICO 3 — IDENTIDADE
25
transformadora, pois através das necessidades comuns emerge também a busca 
de satisfações comuns pautadas na superação (MONTERO, 2004).
As Representações Sociais são crenças compartilhadas e são elas que 
auxiliam na compreensão de grupo e de pertencimento ou de afastamento 
do grupo. Através delas os valores e as ideias são partilhados e com elas são 
construídas as ideologias sociais (MOSCOVICI, 2003). É preciso destacar que há 
mais aspectos negativos do que positivos em relação à violência, e para além de 
um processo de identificação das pessoas que sofrem com essa culpabilização e 
estigmatização não há uma identificação entre elas, pois não se pode ignorar que 
há condenação social.
Na Psicologia Social, as Representações Sociais (RS) ganham um sentido 
para além da apreensão e conceituação, pois são sistemas mentais também 
criativos, autônomos e que constroem o real. Nesse modelo, as Representações 
Sociais não são somente resultado da ação mental, mas sua motivadora, sendo 
também vista como eminentemente social em suas origens e função. Para 
Moscovici (2003, p. 49):
Há um poder criador de objetos e eventos da atividade representativa, 
há [...] relações entre o nosso reservatório [...] de imagens e a nossa 
capacidade de combiná-las, de engendrar novas e surpreendentes 
combinações. [...] a representação constitui uma preparação para a 
ação, pois, além de guiar o comportamento, ela remodela e reconstitui 
os elementos do meio ambiente em que o comportamento deve se ligar. 
Ela consegue incutir um sentido ao comportamento, integrá-lo numa 
rede de relações em que está vinculada ao seu objeto, fornecendo ao 
mesmo tempo as noções, as teorias e os fundos de observação que 
tornam essas relações estáveis e eficazes. 
2.1 REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SÃO FENÔMENOS DA 
VIDA COTIDIANA 
Representações Sociais são fenômenos da vida cotidiana. As pessoas 
constroem através da comunicação os seus símbolos e as suas identificações. A 
escolha dos temas segundo sua relevância e interesse é capaz de reproduzir e 
por vezes criar Representações Sociais (MOSCOVICI, 1976). “As Representações 
Sociais, além de configurarem como pensamento compartilhado socialmente 
sobre um fato social que tem importância para um grupo de pessoas, também são 
teorizadas” (POLLI; CAMARGO, 2010, p. 13).
26
UNIDADE 1 — PSICOLOGIA COMUNITÁRIA
Representações Sociais são pensamentos construídos e compartilhados 
socialmente por meio das comunicações estabelecidas entre as pessoas. Também 
designadas como saber do senso comum, criam um mundo de significados que são 
compartilhados por pessoas que fazem parte de um grupo social (JODELET, 2001).
IMPORTANT
E
As interações sociais e o desenvolvimento humano se constituem por meio 
da linguagem. Essa interação constrói as RS, uma vez que estabelece significados 
entre os indivíduos. Há uma busca pela personalização. Dessa forma, o sujeito 
social se aproxima ou se afasta da comunidade diante das suas concordâncias e 
dissonâncias com as relações sociais (LANE, 1984).
Para Jodelet (2001), os conhecimentos compartilhados de forma comum 
estruturam um modelo de comunidade. Através das RS existe a constituição 
de um senso comum. Há uma relação que é dialética, pois as relações humanas 
são compreendidas por meio de informações e comportamentos que de forma 
conflituosa ou amena são partilhados e essa partilha aponta para o contexto das 
representações sociais. O domínio das informações promove processos reflexivos 
que constroem a apropriação da realidade social e as impressões sobre o mundo 
externo seguem paulatinamente internalizadas nos indivíduos, e essa apropriação 
constitui as RS.
2.1.1 As três dimensões das representações sociais
As Representações Sociais são formadas por três dimensões, a saber: 1) 
informação; 2) atitude; 3) campo de representação ou imagem. Essas dimensões 
apontam para o fato de que existe um modelo social que possui uma unidade. 
Essa unidade pode se apresentar de três modos: 1) hegemônica; 2) emancipada; 
3) polêmica. Significa dizer que é possível que haja situações em que a unidade 
entre as pessoas aponte para uma

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