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1 A ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA Lei 12.850/2013 traz um novo conceito de organização criminosa, anteriormente, a Lei 9.034/1995, que dispunha sobre a utilização de meios operacionais para a prevenção e repressão de ações praticadas por organizações criminosas, ora revogada, não conceituava estas organizações. Por muito tempo, estas foram tratadas como se fossem quadrilhas, previstas no art. 288 do CP, gerando um tremendo desconforto para uma exata tipificação penal. Tinha-se então, um conceito de organização criminosa determinado pela Convenção de Palermo, integrada ao ordenamento jurídico pelo Decreto 5.015/2004, embora ainda não tivesse o respectivo tipo penal. A Convenção de Palermo exige apenas três membros para a existência de uma organização criminosa, ao passo que a Lei 12.850/2013 exige quatro pessoas. INVESTIGAÇÃO E MEIOS DE OBTENÇÃO DE PROVAS O diploma prevê as medidas de investigação e meios de obtenção de provas disponíveis em qualquer fase da persecução penal. Esta deve ser entendida em duas fases distintas: uma processual, na qual atuam as partes do processo na ação penal, e outra extrapocessual, nas quais são realizadas as atividades de investigação destinadas a delimitar as circunstâncias do fato criminoso e indicar o possível acusado. Assim, são medidas aplicáveis tanto na fase do Inquérito Policial quanto no transcorrer do processo. Na fase do Inquérito Policial as medidas investigativas serão levadas a cabo diretamente pelo Delegado de Polícia que representará pelas medidas cabíveis ao Juízo competente, abrindo vistas ao Ministério Público o qual funcionará como fiscal da lei. Na fase processual, em algumas das medidas de obtenção de prova, o membro do Ministério Público poderá atuar diretamente quando for possível ou requisitada atuação da Polícia Judiciária. DA COLABORAÇÃO PREMIADA A colaboração premiada é modalidade meio de prova disponibilizada às partes envolvidas na persecução criminal, tanto em sua fase investigativa, quanto em sua fase processual, possibilitando a negociação entre os agentes públicos encarregados da atividade de persecução e os integrantes de organizações. A colaboração premiada é um procedimento formal composto pelas negociações entre os agentes públicos encarregados da persecução penal e o integrante da organização criminosa que tenha interesse em, prestar auxílio nas investigações com vistas à apuração da autoria e materialidade das condutas advindas das práticas realizadas pelas organizações criminosas. São competentes para propor e realizar a colaboração premiada. O integrante da organização criminosa que decide colaborar com as investigações, será sempre acompanhado de seu defensor desde o início das negociações, sejam estas realizadas pelo Delegado de Polícia ou pelo Promotor de Justiça. O Juiz não participa das negociações voltadas ao estabelecimento de um acordo de colaboração premiada. DA AÇÃO CONTROLADA São medidas de ação controlada e a utilização de agentes infiltrados com vistas à efetiva investigação, a doutrina denomina flagrante postergado ou retardado, o flagrante permanece suspenso, mantendo as atividades do grupo criminoso sob observação e acompanhamento, aguardando o momento mais oportuno para atuação com eficaz produção de provas e coleta de informações. 2 DA INFILTRAÇÃO DE AGENTES A infiltração de agentes de investigação nas atividades desenvolvidas pelas organizações criminosas é medida que já era prevista, porém não regulamentada, na legislação anterior. Consiste na infiltração de agentes públicos para atuarem de forma dissimulada junto a membros da organização criminosa visando obter informações a respeito de seus integrantes, estruturas e atividades desenvolvidas, para a apuração dos fatos. O agente público se faz passar por criminoso, integrando a organização criminosa. DO ACESSO AOS REGISTROS, DADOS CADASTRAIS, DOCUMENTOS E INFORMAÇÕES. Investigação de atividades de organização criminosa, o Delegado de Polícia e o Ministério Público terão acesso, independente de autorização judicial, aos dados cadastrais dos investigados relativos tão somente à sua qualificação pessoal, filiação e endereços, disponíveis na Justiça Eleitoral, bem como empresas telefônicas, instituições financeiras, provedores de internet e administradoras de cartão de crédito. As empresas mencionadas na Lei têm o dever legal de prestar as informações, constituindo ilícito penal o desatendimento da requisição de informações. CONCEITO DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA - Para obter vantagem de qualquer natureza - Crimes com penas superiores há quatro anos ou transnacionais - Resultado a ser ocorrido no exterior ou execução no exterior e resultado no Brasil. - Aumento da metade da pena se houver uso de arma de fogo. - Haverá agravante para aquele que seja o líder. - Causa de aumento de pena de 1/6 a 2/3 participação de criança ou adolescente, funcionário público, produto ou proveito enviado para o exterior, contato com outras organizações/transnacionalidade. - É efeito da sentença a perda do cargo + inabilitação para cargos públicos pelo período de 08 anos após o cumprimento da pena. COLABORAÇÃO PREMIADA - Há suspensão do prazo para denunciar em 06 meses prorrogável por igual período, suspendendo a prescrição. - O MP pode deixar de denunciar se o colaborador não for o líder ou for o primeiro a colaborar. - Se a colaboração for feita após a sentença, pode haver redução de pena ou progressão de regime prisional, mesmo sem os requisitos objetivos. - O juiz não participa da colaboração, mas pode homologá-la, recusá-la ou adequá-la ao caso concreto. - O pedido de homologação é sigiloso e só contém informação que não identifique o colaborador. Estas informações detalhadas vão direto para o juiz que recebeu a colaboração após a devida distribuição. - Só podem ter acesso à colaboração o juiz, MP e delegado, ressalvado o acesso do advogado somente ao que interessar a defesa e depois de autorização judicial. - Após o recebimento da denúncia, acaba o sigilo. AÇÃO CONTROLADA - É o retardamento da ação policial ou administrativa para que a medida seja feita de maneira mais eficaz. Deve ser comunicado ao juiz, na lei 11343/06 é necessária à autorização judicial. - Havendo necessidade de transpor fronteiras, a medida só pode ser feita se houver colaboração das outras autoridades, pois há risco de fuga. 3 INFILTRAÇÃO DE AGENTES - Necessidade - Indícios de organização criminosa - Que a prova não pode ser feita por outros meios - Prazos de 06 meses prorrogáveis sucessivamente. SIGILO DAS INVESTIGAÇÕES POLICIAIS Pode ser decretada através de decisão judicial. Se houver depoimento do investigado, a defesa terá acesso aos autos com antecedência de 03 dias. Fora esta situação, o acesso do advogado só ocorre com autorização judicial. INSTRUÇÃO CRIMINAL Réu preso deve terminar em 120 dias prorrogável por igual período. A lei 12850/13 nova pune o agente que promove, constitui, financia ou integra organização criminosa. Apresenta causas de aumento de pena e estabelece como efeito extrapenal automático da condenação a perda do cargo, função, emprego ou mandato eletivo. Havendo indícios de participação de policial em organizações criminosas, determina que a Corregedoria de Polícia instaure inquérito policial e comunique ao Ministério Público. Com o advento da Lei 12.850 de 2 de Agosto de 2013, criando uma definição do tipo penal incriminador e trazendo novidades que vêm aprimorar o sistema de combate legal ao crime organizado no campo penal e processual penal. LAVAGEM DE CAPITAIS E ALTERAÇÕES DECORRENTES DA LEI 12.683/2012 - Lei 9.613/98 - Lei 12.683 em julho de 2012. Termo lavagem de dinheiro foi empregado inicialmentepelas autoridades norte-americanas para descrever o método usado pela máfia nos anos 30 do século XX para justificar a origem dos recursos ilícitos Está ligada à Convenção das Nações Unidas contra o tráfico de drogas celebrada no ano de 1988 na cidade de Viena. Os países signatários da referida Convenção entenderam que é impossível combater o tráfico de drogas se não combater o dinheiro que o tráfico de drogas pode gerar. A referida Convenção foi ratificada pelo Brasil pelo Decreto 154/91, comprometendo-se o Brasil, portanto, a punir e a reprimir a lavagem de capitais. CONCEITO Lavagem de capitais é o conjunto complexo de operações integrado pelas etapas de conversão, dissimulação e integração de bens, direitos ou valores, que tem por finalidade tornar legítimos ativos http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/104073/lei-de-lavagem-de-dinheiro-lei-9613-98 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033502/lei-12683-12 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/113865/decreto-154-91 4 oriundos da prática de ilícitos penais, mascarando esta origem, para que os responsáveis possam escapar da ação repressiva da justiça. A lavagem de capitais é a atividade consistente na desvinculação ou afastamento do dinheiro de sua origem ilícita, para que possa ser aproveitado. CONFIGURA O CRIME: Existência de, pelo menos, uma infração penal antecedente, que gere lucro, é um crime parasitário. A lavagem é um crime autônomo, possibilitando que o autor ou partícipe do ilícito penal antecedente pratique a lavagem também, respondendo em concurso material. Nada impede, portanto, que o sujeito ativo que figurou no crime antecedente seja também sujeito ativo do crime de lavagem de capitais. Quem lava pode ser concorrente do delito antecedente em concurso material de crimes. O processo e julgamento do crime de lavagem de capitais independem do processo e julgamento da infração penal antecedente, inexistindo relação de prejudicialidade, conforme dispõe o artigo 2º, II, lei 9.613/98. De acordo com o parágrafo 1 º, artigo 2 º, lei 9.613/98, a denúncia será instruída com indícios suficientes da existência da infração penal antecedente, sendo puníveis os fatos ainda que o autor da infração antecedente seja desconhecido. Assim, é forçoso concluir que o crime de lavagem de capitais tem autonomia processual, tanto que o Ministério Público deve trazer cópias do processo envolvendo o ilícito penal em que o agente da lavagem foi o próprio autor ou beneficiário. GERAÇÕES DE LEIS DA LAVAGEM DE CAPITAIS 1ª GERAÇÃO: As primeiras leis que incriminaram a lavagem de capitais traziam apenas o tráfico ilícito de drogas como crime antecedente, razão pela qual ficaram conhecidas como legislação de primeira geração. 2ª GERAÇÃO: A segunda lei 9.613/98 ampliou o rol de crimes antecedentes, porém este rol é taxativo. 3ª GERAÇÃO: A terceira lei 12.638/2012 considera que qualquer infração penal (crime ou contravenção penal) pode figurar como delito antecedente da lavagem de capitais. Para o STF não há necessidade de um vulto assustador de quantias envolvidas, nem tão pouco de complexidade de operações para se configurar o crime de lavagem de capitais. ETAPAS DA LAVAGEM DE CAPITAIS: 1 ª ETAPA – Conversão - sinônimos: colocação, ocultação, introdução. Consiste no afastamento, na separação física do dinheiro dos autores dos crimes antecedentes sem a ocultação da identidade dos titulares. Movimenta-se o dinheiro em pequenas quantias para diluir ou fracionar as grandes somas. http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11319672/artigo-2-da-lei-n-9613-de-03-de-marco-de-1998 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11319601/inciso-ii-do-artigo-2-da-lei-n-9613-de-03-de-marco-de-1998 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/104073/lei-de-lavagem-de-dinheiro-lei-9613-98 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11319672/artigo-2-da-lei-n-9613-de-03-de-marco-de-1998 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/104073/lei-de-lavagem-de-dinheiro-lei-9613-98 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/104073/lei-de-lavagem-de-dinheiro-lei-9613-98 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1031969/lei-12638-12 5 É a fase mais fácil de combater o delito, pois os valores ou bens estão mais próximos da sua origem. 2 ª ETAPA – Dissimulação Consiste na lavagem propriamente dita, em que o sujeito multiplica as operações anteriores, tendo como objetivo a não identificação da origem ilícita. O objetivo é afastar o máximo possível o dinheiro de sua origem ilegal, através de múltiplas transações. Ex.: Revenda de um carro de luxo comprado com o dinheiro do tráfico; transferência do dinheiro em várias contas bancárias. 3ª ETAPA – Integração O agente se faz passar por investidor, empresário, empregando dinheiro em negócios lícitos ou na compra de bens, é a fase final e exaurimento da lavagem de dinheiro. PESSOA JURÍDICA O artigo 173, § 5º da CF/88 autoriza a responsabilidade penal de pessoas jurídicas em crimes contra a ordem econômica (é o caso), só que a nossa lei de lavagem não define sanções penais para pessoas jurídicas. Então, quando houver utilização de pessoa jurídica como fachada para a lavagem de capitais, ela não poderá ser atingida na esfera penal, mas sim sanções administrativas, desconsideração da personalidade para atingir seu patrimônio etc. http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10660176/artigo-173-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10659742/par%C3%A1grafo-5-artigo-173-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
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