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Disciplina: Economia Empresarial Aula 8: O pensamento econômico e a globalização Apresentação Nesta aula, estudaremos três principais vertentes do pensamento econômico — os liberais, os marxistas e os keynesianos — e destacar seus representantes como pensadores das referidas teorias. Apresentaremos as características de cada escola, estabelecendo um comparativo entre elas, situando-as nos períodos temporais nas quais foram concebidas. Em seguida, analisaremos a importância do comércio internacional para o crescimento econômico dos países e as principais teorias do comércio internacional e seus formuladores. Estudaremos o conceito de globalização e a importância das organizações internacionais na sua constituição. Objetivos Comparar o pensamento das escolas liberal, marxista e keynesiana; Avaliar o que é a globalização e analisar a importância do comércio exterior para as economias nacionais; Identificar as principais organizações que formam o sistema internacional de comércio contemporâneo. Principais vertentes do pensamento econômico Podemos definir as seguintes correntes, como as mais representativas do pensamento econômico, elencadas de acordo com seus idealizadores: Segunda metade do século XVIII e primeira metade do século XIX Adam Smith e seus seguidores Segunda metade do século XIX e século XX Karl Marx Século XX John Maynard Keynes Essas três escolas têm desempenhado papéis marcantes na elaboração da teoria macroeconômica, apresentando posicionamentos diferenciados quanto ao papel do Estado. Adam Smith — a Escola Liberal Clássica A Escola Clássica considera que a explicação da Economia está centrada no mercado. Um conjunto de novas ideias fundamentadas em novos princípios coincidiu com a Revolução Industrial, com a guerra de Independência dos Estados Unidos e com a Revolução Francesa. Passou-se a não aceitar que os governos regulassem todos os aspectos da vida econômica e social. Começou a circular a ideia de que era natural e conveniente não houver qualquer intervenção do Estado. A riqueza das nações (1776), trabalho escrito por Adam Smith, constituiu uma crítica aos controles exercidos pelos governos mercantilistas. Na obra, encontram-se as bases para a compreensão de como funcionam as economias de mercado. Ele construiu os alicerces da teoria econômica clássica e descreveu os fundamentos dos sistemas de livre empreendimento, nos quais a propriedade dos meios de produção é privada e o mercado atua como centro de coordenação do processo econômico. De início, as doutrinas centravam-se sobre a ideia de individualismo, segundo a qual o indivíduo era o objeto principal do interesse social e não o governo. Surgiu o laissez-faire, expressão que implica a não interferência do governo na vida econômica da sociedade. Apareceu também o conceito de mão invisível do mercado, preconizando que o automatismo das forças de mercado substituiria as ordens emanadas pelo governo. Princípios interdependentes da escola Liberal Clássica Em síntese, as proposições da corrente liberal e, consequentemente, da economia de mercado, fundamentam-se em quatro princípios interdependentes: O individualismo A racionalidade do homem econômico O automatismo da força de mercado Os ajustamentos pela concorrência Em consequência, o pensamento liberal propôs o fim das práticas intervencionistas e estabeleceu como traços dominantes da ordem econômica: Interferência mínima do governo nos mecanismos de livre mercado Propriedade privada dos meios de produção Livre iniciativa industrial O mercado como centro da coordenação da economia Em consequência, o pensamento liberal propôs o fim das práticas intervencionistas e estabeleceu como traços dominantes da ordem econômica: Proteger a sociedade da agressão e invasão de outras sociedades independentes Proteger cada membro da sociedade da injustiça e opressão, praticando a justiça Edificar e manter obras públicas que não fossem do interesse de outros agentes econômicos Para os clássicos, a riqueza de uma nação era representada pela quantidade de bens e serviços à disposição da comunidade (quanto maior o volume, maior a riqueza). Eles consideravam todas as atividades produtivas importantes para a promoção da riqueza nacional. Herdando dos fisiocratas a ideia do laissez-faire, laissez-passer, os clássicos acreditavam na eficiência do mercado regido pelo sistema de preços. Consideravam a economia autoajustável, tendendo para o equilíbrio sem a intervenção governamental. A Escola Marxista – Marx e a crítica ao capitalismo Na segunda metade do século XIX, começaram a surgir críticas, identificando o fracasso do liberalismo em corresponder às suas expectativas otimistas de atingir o bem-estar econômico geral. Segundo os liberais, a eliminação de restrições governamentais às atividades econômicas levaria a um progresso imediato e universal das condições materiais de vida. Embora a riqueza, nessa época, tivesse aumentado num ritmo sem precedentes, bem como o aumento do consumo, mostrou-se que alguns dos benefícios da Revolução Industrial foram mal distribuídos. Grandes desigualdades econômicas foram geradas nesse processo, evidenciando que o progresso econômico não estava sendo compartilhado por todos. O socialismo surgiu como resposta a esta constatação. Saiba mais Karl Marx redigiu O Capital, partindo de pressupostos clássicos. Definiu a parcela do produto nacional resultante do trabalho e que seria “indevidamente apropriada por empresários capitalistas”. Construiu um novo modelo teórico cujas principais variáveis eram: o trabalho socialmente necessário, o capital constante, o capital variável, a composição orgânica do capital e a taxa de lucros, a qual denominou de mais valia .1 Acreditava no trabalho como determinante do valor, como Adam Smith, mas era hostil ao capitalismo competitivo e à livre concorrência, pois considerava que o trabalhador era explorado pelos capitalistas. Mais valia O conceito de mais valia refere-se à diferença entre o valor das mercadorias que os trabalhadores produzem em certo período de tempo e o valor da força de trabalho vendida aos capitalistas que a contratam. A apropriação do excedente produtivo (a mais valia) pode explicar o processo de acumulação e a evolução das relações entre as classes sociais (burguesia e proletariado). O modelo marxista salientou os fundamentos das condições antagônicas da repartição da riqueza e as razões das perturbações da economia liberal. Procurou evidenciar, por uma linha determinista de raciocínio, que a economia de mercado caminharia para um colapso inevitável. Os socialistas postulavam que as instituições básicas do liberalismo, tais como a liberdade de empreender, a livre concorrência e a propriedade privada dos meios de produção, eram responsáveis pelas desigualdades na repartição da renda social e pelas crises econômicas. Eliminar estas instituições e substituí- las por outras sintetizava o objetivo da escola marxista. Os meios de produção deveriam pertencer à sociedade. Nessa teoria, o governo teria ação direta e intervencionista, promovendo a justa remuneração dos fatores de produção e eliminando as desigualdades sociais. As metas que seriam atingidas seriam compatíveis com as reais necessidades coletivas. As características predominantes das economias ditas de comando central eram: 1 Propriedade coletiva dos meios de produção. 2 Restrições à liberdade de empreender. 3 1 Justaposição dos poderes político e econômico, assumindo, o governo, o papel de agente econômico central, ou seja, toda iniciativa econômica é centralizada e o mercado é substituído por centrais de planificação. 4 Soberania do planejador que define as prioridades sociais e mobiliza o sistema econômico para realizá-las, substituindo a do consumidor, tendo por motivaçãoa eficácia alocativa e a justiça distributiva. Saiba mais No século XX, após a Primeira Guerra Mundial, em 1922, foi criada a URSS — União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Nos anos 1990, as economias ditas de comando central assumiram formas mais flexíveis de condução do processo econômico para instituições menos radicais. Em praticamente todas essas economias, embora em graus variados, restabeleceram-se mecanismos descentralizados de coordenação econômica. Ocorreu um processo de desburocratização. A liberdade de iniciativa e a propriedade dos meios de produção passaram a ser readmitidos. A Teoria Keynesiana Segundo os clássicos, a economia de mercado era autorregulável e tendia quase que automaticamente para o pleno emprego. O desemprego era sempre de caráter transitório e explicável pelas flutuações naturais do ciclo de negócios que caracteriza a economia capitalista. Em um cenário de crise, recessão e desemprego, nos países desenvolvidos, após o crack da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929, Keynes buscou respostas e explicações alternativas para enfrentar esses problemas. Keynes procurou mostrar que o equilíbrio em uma situação de pleno emprego era apenas uma das situações possíveis e que, provavelmente, o equilíbrio dar-se- ia em uma situação na qual houvesse desemprego no mercado de trabalho. 2 O trabalho de Keynes foi um marco e permitiu um grande desenvolvimento da teoria macroeconômica. A Macroeconomia atualmente ensinada inspirou-se em Keynes, mas tem um enfoque diferente, baseando-se em modelos nos quais os economistas tentam representar a realidade por meio do estabelecimento de funções matemáticas entre as diversas variáveis econômicas. Keynes John Maynard Keynes (1883-1946) revolucionou a forma de pensar dos economistas sobre Macroeconomia ao publicar, em 1936, a Teoria geral do emprego, do juro e do dinheiro. Atenção Tanto a teoria keynesiana quanto a marxista representam rupturas com a teoria liberal, mas de modo diferente. A teoria marxista removia as bases político-institucionais do sistema econômico, e o Estado assumia a propriedade dos meios de produção. Já a keynesiana estabelecia novas funções para o governo sem, contudo, colocá-lo como agente econômico, preservando o setor privado na economia. O papel do governo seria o de estabelecer políticas monetárias e fiscais corretivas para os problemas encontrados. Princípios da Teoria Keynesiana 1 A economia de mercado em situação de equilíbrio pode não estar realizando as condições definidas do pleno emprego. Nada garante que o pleno emprego se realiza sempre e autonomamente, dada a multiplicidade e heterogeneidade de fatores que determinam a procura efetiva; 2 2 A legitimação da ação do governo como agente regulador da procura efetiva, notadamente quando há insuficiência de gastos, recessão e desemprego; 3 A moeda não é considerada neutra. A procura por moeda não se limita às necessidades de transação dos agentes econômicos, assumindo a moeda o papel de ativo desejado como reserva de valor, podendo ser guardada para fins especulativos de ganhos de capital; 3 A elucidação dos fatores determinantes da procura e oferta agregada com ênfase nas funções de consumo e investimento. 3 A inflexibilidade dos preços e salários. Keynes considerava que as imperfeições da concorrência, o poder de monopólio em alguns setores da economia, as leis trabalhistas e o poder de negociação dos sindicatos de trabalhadores contrariavam a hipótese dos clássicos de flexibilidade dos preços e salários. Um importante postulado do modelo keynesiano diz que as firmas produzirão a quantidade de bens e serviços que os homens de negócio acreditam que consumidores, investidores, governos e o setor estrangeiro (exportações menos importações) planejam comprar. Assim, ocorrerá o equilíbrio quando a despesa total for igual ao produto. O equilíbrio keynesiano não precisa ocorrer necessariamente no nível de produção do pleno emprego. Os formuladores de política econômica podem aumentar a demanda agregada e estabilizar a economia por meio da política monetária (o aumento na oferta de moeda reduz a taxa de juros para qualquer nível de preços dado). Outro recurso a ser utilizado é o uso da política fiscal (aumento das compras de governo ou redução de impostos). Saiba mais Keynes argumentava que, em uma economia em depressão, era pouco provável que os empresários elevassem os seus investimentos. A proposta de Keynes para que a economia alcançasse o pleno emprego, era a de que o governo aumentasse os seus gastos. O aumento dos gastos governamentais aumentaria a demanda agregada, que aumentaria a produção, que, por sua vez, faria com que o pleno emprego da mão de obra pudesse ser atingido. Esse é o pano de fundo para entendermos as principais discussões sobre Economia que acontecem na mídia. Elas se tornam mais acirradas à medida que se amplia o espaço econômico, agora definido pela globalização. Assim, para completarmos o quadro que contextualiza as interpretações teóricas e a própria atuação dos governos, devemos examinar mais detalhadamente o ambiente econômico internacional. Atividade 1. Associe a teoria e o papel do governo na economia selecionando o número correspondente ao pensador econômico. a) Papel intervencionista corretivo do governo b) Papel regulador do governo c) Papel interventor do governo e propriedade coletiva dos meios de produção A importância do comércio exterior para os países O comércio internacional pode ser definido como o conjunto de operações entre países onde há intercâmbio de bens e serviços ou movimento de capitais. Ele é regido por normas e regras resultantes de acordos negociados em instituições internacionais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a Câmara de Comércio Internacional (CCI). Razões pelas quais os países comercializam entre si: Os países possuem diferentes dotações de recursos naturais Alguns países dispõem de recursos naturais que os outros não têm, como, por exemplo, o petróleo. O fator terra influencia na produção, pois alguns países possuem extensão territorial maior que outros Alguns países são extensos, o que facilita o cultivo de maiores áreas agrícolas e a obtenção de maior diversidade de produtos. Outros têm dimensões territoriais pequenas e têm mais dificuldade de produzir vários artigos diferentes. As condições climáticas favorecem ou dificultam a produção nos diferentes países Existem produtos favorecidos por climas mais frios e outros que necessitam de temperaturas mais quentes. A assimetria entre os países influencia na produção, pois os atributos construídos são diferentes em cada país São os chamados “atributos construídos”. A combinação dos fatores de produção, a invenção tecnológica e o espírito empreendedor também diferenciam os países. Nações mais industrializados têm produção mais diversificada do que os menos industrializados. Somam-se às dotações de recursos naturais e aos atributos construídos os seguintes benefícios do aumento das trocas internacionais e do aumento da interdependência entre os países: Especialização no processo produtivo Permite aos países produtores obter ganhos de escala e menores custos de produção. Quando um país fabrica grandes quantidades de um produto, ele se beneficia de custos menores de produção, já que utiliza enormes plantas para elaborar determinado produto. Ganhos de eficiência Resultam dos maiores graus de abertura e de concorrência entre os países. Mudanças qualitativas nos padrões vigentes da tecnologia de produção e a aceleração do ritmo das inovações Trazidas pela maior exposição dos países à concorrência internacional. Maior diversificação de produtos Trazida pelo comércio internacional, acarretando mudanças positivas nos padrões de vida das populações dos países.Globalização Envolve o acirramento da concorrência entre grandes grupos multinacionais gerados, por exemplo, pelo crescimento significativo das tecnologias da informação (telecomunicações e microeletrônica) e a difusão de novas tecnologias. Para que a globalização seja efetivada, existem alguns pré-requisitos e, juntamente com esse processo, surgem algumas consequências ao comércio internacional. Vamos observá-los. São pré-requisitos da globalização: 1 A consolidação dos processos de integração econômica e política entre as nações. Um exemplo é a formação de blocos econômicos para facilitar e tornar mais atrativas as relações comerciais entre os países do bloco, tais como: União Europeia, Mercosul, NAFTA, entre outros. 2 O crescimento das transações mundiais, exercidas por empresas de grande porte, que ultrapassam as fronteiras dos países. 3 O avanço tecnológico em áreas chaves para a atuação global: Transporte, Informática e Telecomunicação. 3 A desregulamentação e liberalização: os governos dos países têm buscado melhorar a competitividade retirando, por exemplo, barreiras protecionistas para facilitar o comércio internacional. O protecionismo é um conjunto de políticas econômicas destinadas a estimular e proteger a produção interna de mercadorias e serviços contra a concorrência externa. Podemos citar como consequências da globalização para o comércio internacional, mencionadas pelos seus entusiastas, por um lado, e pelos seus críticos, por outro: 1 A melhoria do padrão de vida em escala mundial, como ocorreu com os países chamados de Tigres Asiáticos, que se beneficiaram do processo de globalização, passando de países exportadores de produtos agrícolas para exportadores de produtos manufaturados de alta tecnologia (automóveis, computadores e eletrônicos, em geral). 2 O aumento do desemprego estrutural em muitos países, já que o avanço tecnológico decorrente da globalização requer mão de obra qualificada, marginalizando uma parcela significativa de trabalhadores. 3 A desnacionalização do setor produtivo, principalmente dos países emergentes, decorrente da concentração da produção e do comércio em grandes empresas multinacionais. 3 A necessidade do Estado de regulamentar e fiscalizar o mercado (grandes grupos), de forma a proteger os consumidores e as empresas com menor poder de barganha. Organizações internacionais Diante dos processos de globalização e de desenvolvimento do comércio internacional, houve a necessidade de se criar Organizações Internacionais para regular as relações estabelecidas entre os países. No período pós-guerra e até os anos recentes, foram criadas três instituições econômicas de destaque no cenário mundial. São elas: Fundo Monetário Internacional (FMI) Fundado em 1944, tendo como meta promover a cooperação monetária entre as nações e ajudar a resolver seus problemas conjunturais de balanço de pagamentos, mediante financiamento. Ele estimula a expansão e o desenvolvimento do comércio internacional, a estabilidade cambial e permite aos países membros a utilização de recursos do FMI — os Direitos Especiais de Saque. Banco Mundial Também conhecido como Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), foi criado em 1944. Ele é um organismo fornecedor e captador de crédito para investimentos produtivos em países subdesenvolvidos a ele filiados, sem visar lucros. O país interessado em receber recursos deve fazer um projeto avalizado pelo governo ou pelo Banco Central do país. A execução do projeto é fiscalizada pelo Banco Mundial. Organização Mundial de Comércio Substituiu, em 1995, o Acordo Geral de Tarifas de Comércio (GATT), que tratava da redução das restrições ao comércio internacional e da liberação do comércio multilateral. A OMC é responsável pela estruturação de um conjunto de regras e instituições que regulam o comércio internacional e encaminham a resolução de conflitos entre os países. Tem como objetivos: a redução de barreiras comerciais; a não discriminação comercial entre os países; a compensação aos países prejudicados por aumentos nas tarifas alfandegárias; a arbitragem dos conflitos comerciais. Práticas desleais de comércio exterior e defesa comercial Algumas práticas são consideradas desleais no comércio internacional, quando têm por finalidade desestimular ou eliminar a indústria local dos países. Em geral, essas práticas não são integradas em um sistema normal de concorrência, e podem levar à extinção de determinados setores da indústria atingida. Essas práticas se manifestam, normalmente, por meio do dumping e do subsídio. Dumping Consiste em exportar uma mercadoria para outro país por um preço abaixo do “valor normal”, ou seja, inferior ao seu custo de produção ou àquele praticado internamente no país exportador. Subsídios É a concessão de um benefício na hipótese de sustentação de renda ou de preços que contribua para aumentar exportações ou reduzir importações. Ou, ainda, quando há contribuição do governo do país no país exportador. Leia mais .3 Leia mais Dentre as formas mais usuais de medidas de subsídio às exportações, podemos citar: tarifas de transporte interno e fretes para exportação mais favoráveis; concessão de financiamentos governamentais; fornecimento pelo governo de produtos importados para uso, na produção de mercadorias exportadas; isenção ou redução de impostos e encargos sociais; concessão de prêmios às exportações. As medidas de dumping e subsídios fazem com que os custos dos produtos exportados sejam reduzidos, favorecendo sua entrada nos países importadores, a preços mais competitivos que os dos produtores locais. Saiba mais Os países importadores normalmente tentam se defender das práticas desleais de comércio, sobretaxando os produtos importados (“medidas antidumping”) ou restringindo temporariamente sua entrada no país (“salvaguarda”). Principais teorias do comércio internacional Tudo o que vimos sobre o comércio internacional foi construído baseado em teorias sobre as trocas internacionais. As principais teorias, são: Teoria mercantilista ou das vantagens unilaterais 3 Segundo os mercantilistas, a quantidade de metais preciosos possuída por uma nação reflete sua riqueza. A atividade econômica comercial pode ser definida como um jogo de soma zero: um país ganha e o outro perde. A balança comercial deve ser sempre positiva, ou seja, quando as exportações aumentam, os países acumulam mais ouro. Por isso, existiria a necessidade de regulamentação da atividade econômica pelos governos. Teorias clássicas ou dos benefícios recíprocos Teve início com a teoria das vantagens absolutas de Adam Smith. Este considerava que a especialização da produção, impulsionada pela divisão do trabalho na área internacional e pelas trocas efetuadas no mercado internacional, contribuía para o aumento do bem-estar das populações. Para Adam Smith, a referência é o local com características mais favoráveis à produção de determinada mercadoria, ou seja, cada país deveria se concentrar na produção somente das mercadorias para as quais tivesse mais aptidão. Já para David Ricardo (teoria das vantagens comparativas), a referência utilizada, além do local com características mais favoráveis à produção de determinada mercadoria, deveria levar em conta a garantia de uma balança comercial equilibrada entre os países, denotando uma preocupação com a continuidade da relação comercial. Dessa forma, cada país deveria se concentrar em mercadorias que apresentassem mais vantagem absoluta e menos desvantagem comparativa entre si. A corrente estruturalista Criticou as teorias clássicas com base no pressuposto de que os países usufruíam de vantagens bilaterais simétricas, diante de evidências de que os ganhos de comércio exterior não se dividiam igualmente entre os países industriaisde alta renda (do centro) e os de baixa renda, exportadores de matérias-primas (da periferia). Ocorria uma deterioração das relações de troca evidenciadas em ganhos assimétricos de comércio exterior, ampliando as distâncias entre os países mais ricos (do centro) e os mais pobres (da periferia). Essas teorias foram desenvolvidas por Raúl Prebisch, Paul Singer e Celso Furtado. Esta corrente não se limitou à revisão teórica e propôs estratégias para os países afetados pela deterioração das relações de troca: os modelos de substituição de importações de forte conteúdo nacionalista, ancorado em medidas de forte conteúdo protecionista. Competitividade internacional entre países Mais recentemente, as abordagens teóricas centraram-se na competitividade internacional entre países. Michael Porter (1985) iniciou uma nova etapa no estudo teórico do comércio internacional, ao introduzir o conceito de vantagem competitiva em substituição ao conceito de vantagem comparativa. Segundo Porter, o único conceito que explica a competitividade das nações é o da produtividade nacional, que corresponde ao rendimento produzido por unidade de trabalho ou de capital. Nenhum país é competitivo em todos os setores, mas apenas em alguns que designa como clusters, no interior dos quais as empresas concorrem de forma global. Teorias baseadas em recursos e vantagens de recursos As mais novas teorias preconizam que a integração dos mercados não se coaduna com as hipóteses de concorrência perfeita que amparavam as teorias mais antigas. S. D. Hunt (2002) desenvolveu as teorias baseadas em recursos e vantagens de recursos. Esta teoria postula que as firmas se diferenciam mais pela exclusividade de seus recursos que pelas características de sua estrutura. Atividades 2. Analise as opções abaixo e assinale a que apresenta a instituição internacional que arbitra conflitos internacionais de natureza comercial: a) Fundo Monetário Internacional b) Banco Mundial c) Câmara de Comércio Internacional d) Organização Mundial de Comércio e) UNCTAD 3. Analise as opções abaixo e assinale a que apresenta as práticas desleais do comércio internacional: a) Dumping e medidas compensatórias b) Dumping e subsídios c) Salvaguardas e medidas compensatórias d) Dumping e salvaguardas e) Financiamento do governo 4. Analise as alternativas abaixo e marque a que associa de forma incorreta o autor e a teoria elaborada por ele sobre o comércio internacional: a) Adam Smith e teoria das vantagens absolutas. b) Ricardo e teoria das vantagens comparativas. c) Stuart Mill e substituições de importações. d) Celso Furtado e deterioração das relações de troca. e) Porter e competitividade. Notas INSERIR TÍTULO AQUI INSERIR TEXTO AQUI Referências 1 MANKIW, N Gregory. Princípios da macroeconomia. São Paulo: Cengage Learning, 2009, cap. 21. ROSSETTI, João Paschoal. Introdução à economia. São Paulo: Atlas, 1997, cap. 6. SOUSA, José Meireles de. Fundamentos do comércio internacional. v. 2. São Paulo: Saraiva, 2009. VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval. Economia micro e macro. São Paulo: Atlas, 2002, cap. 8. Próximos Passos O mercado monetário e as funções da moeda; A determinação da taxa de juros; O balanço de pagamentos e o mercado de câmbio. Explore mais Na página do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços <http://www.mdic.gov.br/index.php/comercio-exterior/negociacoes- internacionais> você encontrará muitas informações interessantes sobre organismos e acordos internacionais, na área de comércio, de que o Brasil faz parte.
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