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Gabriela A. Godinho Psicose: →O termo psicose apareceu no século XIX, criado em 1845 por Ernst Von Feuchtersleben, um filósofo austríaco que utilizava esta terminologia para denominar doenças do espirito. O termo “psicótico” tem recebido, historicamente, diversas definições diferentes, nenhuma com aceitação universal. A definição mais estreita está restrita a delírios ou alucinações proeminentes, sem crítica por parte do paciente. Ainda mais ampla é a definição que igualmente inclui outros sintomas positivos da esquizofrenia, como discurso desorganizado, comportamento amplamente desorganizado ou catatônico. -Vale ressaltar que na psicose, é possível encontrar delírios, alucinações e comportamento desorganizado, podendo estar presentes em várias condições ou patologias: esquizofrenia, transtornos de humor (mania ou depressão), intoxicação e abstinência de substâncias químicas, uso de medicamentos e delirium. Neurose ; Conjunto de problemas de origem psíquica que conservam a referência à realidade, ligam-se a situações circunscritas e geram perturbações sensoriais, motoras, emocionais e/ou vegetativa. - É sinônimo de psiconeurose ou distúrbio neurótico e se refere a qualquer transtorno mental que, embora cause tensão, não interfere com o pensamento racional ou com a capacidade funcional da pessoa. Essa é uma diferença importante em relação à psicose, desordem mais severa. Definição de Esquizofrenia: -É um transtorno psiquiátrico crônico, geralmente incapacitante, que se inicia na maioria dos casos no jovem, e mesmo em crianças, e caracteriza- se pela presença de sintomas psicóticos (delírios e alucinações), de desorganização (do pensamento e da conduta), negativos (embotamento afetivo volitivo), de perdas cognitivas (sobretudo déficit da capacidade de abstração) e depressivos. Epidemiologia: - O risco de desenvolvimento de esquizofrenia ao longo da vida varia de 0,5 a 1% na população. - Geralmente os homens apresentam o transtorno cinco anos antes das mulheres, sendo o pico de incidência entre 15 e 25 anos nos homens e 25 e 35 anos nas mulheres - Cerca de 40% dos homens tem o primeiro episódio antes dos 20 anos; -Vale ressaltar que é raro o inicio na infância; o inicio cedo na adolescência ou o inicio tardio na vida adulta, mas pode ocorre. Embora a prevalência do quadro na infância seja muito menor, seu início antes dos 15 anos é comprovado. -A doença começa no final da adolescência e dura a vida toda, geralmente com função psicossocial prejudicada. -É importante ressaltar que o estresse da vida urbana, pobreza, trauma na infância, negligência Esquizofrenia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Transtorno_mental https://pt.wikipedia.org/wiki/Transtorno_mental https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicose Gabriela A. Godinho e infecções pré-natais são fatores de risco, e existe uma predisposição genética. - Genética contribui substancialmente para o transtorno, mas há claros indícios de que fatores ambientais como por exemplo, uso de maconha exercem interação com potenciais genes das pessoas, ou seja, quem tem um gene propicio a ter esquizofrenia e faz uso da droga pode vim a ter a doença. Etiologia: - Embora sua causa especifica seja desconhecida, a esquizofrenia tem uma base biológica, marcada por alterações cerebrais. - Alterações na estrutura do cérebro, como o aumento dos ventrículos cerebrais, afinamento do córtex, diminuição do hipocampo anterior e de outras regiões do cérebro. - Alterações neuroquímicas, especialmente alteração da atividade dos marcadores da transmissão de dopamina e glutamato. → Hipótese dopaminérgica da esquizofrenia, assim resumida: 1) Os sintomas psicóticos estariam associados a um excesso de dopamina. 2) A melhora dos sintomas psicóticos seria causada por um bloqueio da dopamina. 3) A síndrome extrapiramidal (SEP) traduziria o bloqueio dopaminérgico. Manifestações Clínicas: - Os sintomas são classificados como: Positivos: distorções das funções normais Negativos: diminuição ou perda das funções normais e de afeto Desorganizados: marcado por transtornos de pensamento e comportamento bizarro Cognitivos: déficits no processamento de informações e na resolução dos problemas Os pacientes podem ter só um desses sintomas ou todos. →A principal forma de psicose, por sua frequência e sua importância clínica, é a esquizofrenia. →Considera-se que alguns sintomas são muito significativos para o diagnóstico de esquizofrenia, denominados ‘sintomas de primeira ordem’. Percepção delirante – uma percepção normal recebe uma significação delirante, que ocorre de modo simultâneo ao ato perceptivo, em geral de forma abrupta como uma espécie de ‘revelação’. Alucinações auditivas características – são as vozes que comentam e/ou comandam a ação do paciente. Eco do pensamento ou sonorização do pensamento – o paciente escuta seus pensamentos ao pensa-los. Difusão do pensamento – o doente tem a sensação de que seus pensamentos são ouvidos ou percebidos claramente pelos outros, no momento em que os pensa. Roubo do pensamento – experiência na qual o indivíduo tem a sensação de que seu pensamento é inexplicavelmente extraído de sua mente, como se fosse roubado. →Pacientes com esta patologia passa por ivencias de influência na esfera corporal ou ideativa – dois tipos de vivencias de influência são mais significativos Vivencias de influência corporal – são experiências nas quais o paciente sente que uma força ou ser externo age sobre seu corpo, sobre seus órgãos, emitindo raios, influenciando as funções corporais. Vivencias de influência sobre o pensamento – referem-se a experiência de que algo influencia seus pensamentos, o paciente recebe Gabriela A. Godinho pensamentos impostos de fora, pensamentos feitos, postos em seu cérebro. Também as vivencias corporais ou ideativas tem a qualidade de serem experimentadas como feitas, como impostas de fora. Os sintomas de primeira ordem indicam a profunda alteração da relação Eu-mundo, o dano radical das “membranas” que delimitam o Eu em relação ao mundo, uma perda marcante da dimensão da intimidade. Ao sentir que algo é imposto de fora, feito à sua revelia, o doente vivencia a perda do controle sobre si mesmo, a invasão do mundo sobre seu ser íntimo. Esse tipo de experiência psicótica, dos pensamentos mais íntimos serem imediatamente percebidos por outras pessoas, expressa a vivencia de uma considerável ‘fusão’ com o mundo, um avançar terrível do mundo público sobre o privado, assim como um extravasamento involuntário da experiencia pessoal e interior sobre o mundo circundante. Há quatro subtipos de esquizofrenia. 1. Paranóide – caracterizada por alucinações e ideias delirantes, principalmente de conteúdo persecutório. 2. Catatônica – marcada por alterações motoras, hipertonia, flexibilidade cerácera e alterações da vontade, como negativismo, mutismo e impulsividade. 3. Hebefrênica – caracterizada por pensamento desorganizado, comportamento bizarro e afeto pueril. Presença marcante de desorganização do pensamento e com grande prejuízo cognitivo. 4. Indiferenciada – apesar de faltarem sintomas característicos, observa-se um lento e progressivo empobrecimento psíquico e comportamental, como negligencia quanto aos cuidados de si [higiene, roupas, saúde], embotamento afetivo e distanciamento social. Diagnóstico: Os sintomas característicos da esquizofrenia podem ser agrupados em: positivos e negativos. → Os positivos são os mais floridos e exuberantes. → Os negativos são, em maior parte, os déficits. 1. Positivos: -Alucinações (mais comuns auditivas e visuais e, menos comuns, táteis e olfativas); -Delírios (persecutórios,de grandeza, de ciúmes, somáticos, místicos, fantásticos); -Perturbações da forma e do curso do pensamento (incoerência, prolixidade, desagregação); -Comportamento desorganizado, bizarro; - Agitação psicomotora e negligencia com os cuidados pessoais e de higiene. 2. Negativos: - Pobreza do conteúdo do pensamento e da fala; - Embotamento ou rigidez afetiva; - Prejuízo do pragmatismo; -Incapacidade de sentir emoções e sentir prazer; - Isolamento social; - Diminuição de iniciativa e da vontade. Alguns sintomas, embora não sejam específicos da esquizofrenia, ajudam no diagnóstico, como os seguintes: 1. Audição dos próprios pensamentos (sob a forma de vozes); 2. Alucinações auditivas que comentam o comportamento do paciente; 4. Alucinações somáticas; 5. Sensação de ter os próprios pensamentos controlados; Gabriela A. Godinho 6. Irradiação desses pensamentos; 7. Sensação de ter as ações controladas e influenciadas por algo exterior. Critérios Diagnósticos DSM V: Dois (ou mais) dos seguintes, cada qual presente durante o período de 1 mês (ou menos, se tratados com sucesso): -Delírios; -Alucinações; -Discurso desorganizado (frequente descarrilamento ou incoerência); -Comportamento amplamente desorganizado ou catatônico; -Sintomas negativos, isto é, embotamento afetivo, alogia ou avolição. Sintomas diagnósticos de esquizofrenia de acordo com- CID-10: Ao exame físico e psiquiátrico podemos notar: A aparência de um paciente com esquizofrenia pode variar de uma pessoa completamente desleixada, aos gritos e agitada até alguém obsessivamente arrumado, silencioso e imóvel. Entre esses dois polos, os pacientes podem ser falantes ou exibir posturas bizarras. Seu comportamento pode se tornar agitado ou violento sem motivo aparente, mas isso costuma ocorrer em resposta a alucinações. Em contraste, no estupor catatônico, muitas vezes referido como catatonia, eles parecem não dar sinal de vida e podem exibir indícios como mutismo, negativismo e obediência automática. A flexibilidade cérea, que já foi um sinal comum da catatonia, se tornou rara, assim como o Gabriela A. Godinho comportamento maneirístico. Um paciente com um subtipo menos extremo de catatonia pode exibir retraimento social e egocentrismo acentuados, ausência de fala ou movimentos espontâneos e ausência de comportamento dirigido a um objetivo. Indivíduos com catatonia podem se sentar imóveis e mudos em suas cadeiras, responder a perguntas com monossílabos e se mover somente quando comandados. Outros comportamentos óbvios podem incluir um jeito desengonçado ou rigidez dos movimentos corporais, sinais agora vistos como possíveis indicadores de processo patológico dos gânglios da base. Pessoas com esquizofrenia muitas vezes são desleixadas, não tomam banho e se vestem com roupas quentes demais para as temperaturas do momento. Outros comportamentos estranhos incluem tiques, estereotipias, maneirismos e, em alguns casos, ecopraxia, na qual imitam a postura ou os comportamentos do examinador. →Vale ressaltar que os critérios de diagnóstico de acordo com o DSM-V requerem o seguinte: -Dois ou mais sintomas característicos como delírios, alucinações, fala desorganizada, comportamento desorganizado, sintomas negativos, por um período de um mês. Sendo que os sintomas devem incluir pelo menos um dos 3 primeiros. -Sinais prodrômicos ou atenuados da enfermidade com prejuízos sociais, ocupacionais ou de cuidados pessoais devem ficar evidentes por período de 6 meses, incluindo um mês de sintomas ativos. Diagnóstico diferencial: - O transtorno psicótico agudo pode confundir- se com transtorno de estresse pós-traumático ou com quadros graves e prolongados de transtorno dissociativo (frequentemente denominado na tradição psicopatológica de histeria). Transtornos ou traços de personalidade do grupo B (sobretudo transtornos da personalidade borderline e histriônica) e transtorno da personalidade esquizotípica, além de traços de personalidade do tipo “psicoticismo”, podem preceder ou predispor as pessoas a apresentar transtorno psicótico agudo/breve. Tratamento para Esquizofrenia: - A combinação de intervenções farmacológicas e psicossociais representa a melhor opção terapêutica para a esquizofrenia. - Quando há predomínio dos sintomas positivos e de agitação psicomotora deve-se escolher um antipsicótico de primeira geração geralmente de alta potência. Esses fármacos atuam fazendo o bloqueio competitivo dos receptores dopaminérgicos. São fármacos de primeira geração e alta potência os: haloperidol, flutenazina, tiotixeno, primozida. Já os de baixa potencias são: clopromazida, tioridazina e proclorperazina. - Quando há predomínio de sintomas negativos, a escolha pode recair nos novos antipsicóticos, os de segunda geração como: risperidona, olanzapina, quetiapina, ziprasidona, amisulprida etc. Esses e a tioridazida são indicados para os pacientes que não responderam aos antipsicóticos convencionais ou apresentaram efeitos colaterais indesejáveis. Para os casos refratários, a clozapina deve ser sempre considerada. - Os antipsicóticos de segunda geração atuam bloqueando os recepetores dopaminérgicos e serotoninérgicos. Os efeitos adversos são: retenção urinaria, hipotensão, disfunção sexual, sedação, sintomas extrapiramidais, arritmias, xerostomias, aumento da massa corporal, convulsão. Gabriela A. Godinho
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