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1 TRANSTORNOS PSICÓTICOS Gizelle Felinto Síndrome é um conjunto de sinais e sintomas que se encontram em um transtorno Quebra de contato com a realidade psicose PSICOSE Psicose: Termo amplo que dependendo do referencial teórico pode se referir a personalidade, diagnóstico e outros. “PERDA DO CONTATO COM A REALIDADE” Crise psicótica, surto psicótico, paciente psicótico, sintomas psicóticos, personalidade psicótica, filme de Hitchcock ... PSICOSE × PSICOPATIA: Psicopatia transtorno da personalidade TRANSTORNOS PSICÓTICOS CID-10 (OMS): F 20 a F 29 Esquizofrenia F 20 Transtorno esquizotípico F 21 Transtorno delirante persistente F22 Transtorno Psicótico agudo e transitório F23 Transtorno delirante induzido F24 Transtorno esquizoafetivo F25 Outros Transtornos psicóticos não orgânicos F28 Psicoses não orgânica não especificada F29 DSM-5: ESPECTRO DA ESQUIZOFRENIA E OUTROS TRANSTORNOS PSICÓTICOS Transtorno Delirante Transtorno psicótico breve Transtorno esquizofreniforme Esquizofrenia Transtorno esquizoafetivo Transtorno psicótico induzido por substancia/ medicamentos Transtorno psicótico devido a outra condição médica Transtorno de espectro da esquizofrenia, outro transtorno psicótico especificado Transtorno de espectro da esquizofrenia e outro transtorno psicótico não especificado ESQUIZOFRENIA CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS – DSM-5 A. Dois (ou mais) dos itens a seguir, cada um presente por uma quantidade significativa de tempo durante um período de um mês (ou menos, se tratados com sucesso). Pelo menos um deles deve ser (1), (2) ou (3): 1. Delírios. 2. Alucinações. 3. Discurso desorganizado. 4. Comportamento grosseiramente desorganizado ou catatônico. 5. Sintomas negativos. B. Por período significativo de tempo desde o aparecimento da perturbação, o nível de funcionamento em uma ou mais áreas importantes do funcionamento, como trabalho, relações interpessoais ou autocuidado, está acentuadamente abaixo do nível alcançado antes do início (QUEBRA DA CURVA DA VIDA) C. Sinais contínuos de perturbação persistem durante, pelo menos, seis meses D. Transtorno esquizoafetivo e transtorno depressivo ou transtorno bipolar com características psicóticas são descartados E. A perturbação não pode ser atribuída aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou a outra condição médica EM PSIQUIATRIA SEMPRE TEM QUE SE TER EM MENTE SE O QUE O INDIVÍDUO ESTÁ APRESENTANDO INTERFERE NA SUA VIDA, POIS SE NÃO INTERFERE PODE NÃO SER ALGUM PROBLEMA PSIQUIÁTRICO (EX: ESPIRITAS TEM “ALUCINAÇÕES”, MAS NEM POR ISSO SIGNIFICA DIZER QUE TEM ALGUMA DOENÇA PSIQUIÁTRICA) EPIDEMIOLOGIA GÊNERO E IDADE: Prevalência: 1% Igualmente prevalente entre homens e mulheres Diferença quanto a faixa etária de início: Homens: 10-25 anos Mulheres: 25 -35 anos e 40-50 anos Início antes dos 18 anos é precoce Início acima de 45 anos é tardio O início da doença antes dos 10 e depois dos 60 é extremamente raro FATORES REPRODUTIVOS: Parentes biológicos em primeiro grau de pacientes esquizofrênicos têm um risco 10x maior de desenvolver a doença do que a população geral DOENÇAS CLÍNICAS: Esquizofrênicos têm taxa de mortalidade mais alta devido à acidentes e à causas naturais do que a população em geral INFECÇÃO E ESTAÇÃO DE NASCIMENTO Estudos indicam que pessoas que desenvolvem esquizofrenia têm mais probabilidade de ter nascido no inverno e no início da primavera e menos probabilidade no fim da primavera e no verão Estudos indicam complicações gestacionais e do parto, exposição a influenza, incompatibilidade do fator Rh e inanição materna durante a gravidez tem relação na etiologia da doença sugere-se que seja devido a um processo patológico do neurodesenvolvimento, mas o mecanismo fisiopatológico ainda não é conhecido ABUSO DE SUBSTÂNCIAS: O abuso de substâncias é comum na esquizofrenia Abuso de álcool (presente em 40% dos casos de esquizofrenia) aumenta o risco de hospitalização e, em alguns pacientes, pode aumentar os sintomas psicóticos Pessoas com esquizofrenia têm prevalência mais alta de abuso de drogas Pacientes com uso excessivo de Cannabis (mais de 50 ocasiões) 6x mais risco de desenvolver o transtorno, comparado com não usuários 2 TRANSTORNOS PSICÓTICOS Gizelle Felinto Anfetaminas, cocaína e outras drogas semelhantes capacidade de aumentar os sintomas psicóticos NICOTINA até 90% dos esquizofrênicos podem ser dependentes de nicotina. A nicotina diminui as concentrações sanguíneas de alguns antipsicóticos Pode aumentar sintomas positivos (ex: alucinações) DENSIDADE POPULACIONAL: O transtorno é 2x maior em cidades do que na zona rural FATORES SOCIOECONÔMICOS E CULTURAIS: ECONOMIA estima-se uma maior concentração da doença em pessoas de baixa renda, pois trata-se de uma doença de inicio precoce que causa prejuízos precoces e que tem longa duração, exigindo um tratamento hospitalar e clínico (as vezes o custo é bem alto) HOSPITALIZAÇÃO mesmo com a medicação antipsicótica, a probabilidade de uma nova internação no período de 2 anos após a alta da primeira internação é cerca de 40 e 60% FATORES DE RISCO: História familiar de esquizofrenia Pré-natal: infecção (vírus influenza), desnutrição materna Neonatal: hipóxia Infância: abuso físico e sexual Adolescência: uso de maconha principalmente se o paciente já tiver uma predisposição genética Imigrantes, morar em grandes centros urbanos Predisposição genética + fator ambiental maior risco ETIOLOGIA FATORES BIOLÓGICOS na esquizofrenia tem um papel importante para o desenvolvimento do transtorno Quanto maior a grau de parentesco com a pessoa esquizofrênica, maior a probabilidade de se desenvolver o transtorno primeiro grau Gêmeos monozigóticos tem maior probabilidade de desenvolver a doença do que os dizigóticos, quando há predisposição genética FATORES PSICOLÓGICOS FATORES SOCIAIS FATORES BIOQUÍMICOS E NEUROPATOLOGIA FATORES BIOQUÍMICOS: DOPAMINA: Acredita-se que o transtorno resulta do EXCESSO DE ATIVIDADE DOPAMINÉRGICA Pois a eficácia e a potência da maioria dos antipsicóticos (Antagonista do Receptor da Dopamina - ARDs) estão ligadas à sua capacidade de agir como antagonistas do receptor de dopamina tipo 2 (D2) Não se sabe a causa se devido à excesso de liberação de dopamina, ao excesso de receptores, da hipersensibilidade dos receptores à dopamina ou da combinação de todos esses mecanismos A liberação excessiva se relaciona à gravidade dos sintomas psicóticos positivos SEROTONINA: Excesso de Serotonina como causa de sintomas positivos e negativos Essa hipótese prova-se com a eficácia da atividade dos antagonistas de serotonina (Clonazepina) e de outros antipsicóticos de segunda geração, que diminuem os sintomas positivos em doentes crônicos NOREPINEFRINA: Uma degeneração neuronal seletiva no sistema neural de recompensa da Norepinefrina pode explicar a ANEDONIA, um dos aspectos da sintomatologia do transtorno ANEDONIA comprometimento da capacidade para gratificação emocional e diminuição da capacidade de experimentar prazer Mas não há estudos que comprovem GABA aminoácido neurotransmissor inibitório ácido- gama-aminobutírico Perda de neurônios GABAérgicos no hipocampo O GABA tem efeito regulador sobre a atividade da DOPAMINA, assim a perda desses neurônios GABAérgicos inibidores poderia levar à hiperatividade dos neurônios dopaminérgicos GLUTAMATO a ingestão de fenciclidina, um antagonista do glutamato, produz uma síndrome aguda semelhante à esquizofrenia. A hipótese se relaciona à hiperatividade, à hipoatividade e à neurotoxicidade induzidas pelo glutamato ACETILCOLINA E NICOTINA aumento dos receptores muscarínicos e nicotínicos. Esses receptores tem papel na regulação dos sistemas neurotransmissores envolvidos na cognição, que é comprometida na esquizofrenia NEUROPATOLOGIA: Principalmente no sistema líbico e nos gânglios da base Também se inclui anormalidades no córtex cerebral, no tálamo e no tronco cerebral VENTRÍCULOS CEREBRAIS na Tomografia computadorizada desses pacientes: Alargamento dos ventrículos laterais e do III ventrículo Certa redução do volume cortical Volume reduzido da substância cinzenta cortical durante os primeiros estágios da doença Ainda não se sabe se essas alterações progridem com o avançar da doença SIMETRIA REDUZIDA em várias áreas do cérebro, incluindo lobos temporal, frontal e occipital SISTEMA LÍMBICO Papel no controle das emoções Estudos mostraram redução no tamanho da região, incluindo AMIGDALA, HIPOCAMPO e GIRO PARA- HIPOCAMPAL Hipocampo é menor tanto no tamanho como também é funcionalmente anormal CÓRTEX PRÉ-FRONTAL Déficits funcionais TÁLAMO diminuição do volume ou perda neuronal em subnúcleos específicos 3 TRANSTORNOS PSICÓTICOS Gizelle Felinto GÂNGLIOS DA BASE E CEREBELO envolvidos no controle os movimentos Muitos pacientes exibem movimentos bizarros (Ex: marcha desajeitada, caretas e estereotipias) Os transtornos do movimento que envolvem os gânglios da base são os mais comumente associados à psicose (Ex: doença de Huntington, doença de Parkinson) Aumento do número de receptores D2 no núcleo caudado, no putame e no nucleus accumbens FASES FASE PRÉ-MÓRBIDA indicadores antes do processo patológico se tornar evidente Antes de apresentar os primeiros sintomas o indivíduo pode já apresentar uma anormalidade do funcionamento: RETRAIMENTO SOCIAL ATRASO NO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM POUCOS AMIGOS SER QUIETO, INTROVERTIDO, PASSIVO PERSONALIDADE ESQUIZÓIDE OU ESQUIZOTÍPICA quietos, passivos e introvertidos. (Ex: Na infância tinham poucos amigos, na adolescência podem não ter amigos próximos, interesses românticos e também evitar esportes de equipe...) FASE PRODRÔMICA: Meses antes do surto o paciente começa a apresentar comportamentos diferentes Meses antes da eclosão da psicose propriamente dita há geralmente uma queda do funcionamento do sujeito que se torna mais isolado, ansioso, pouco comunicativo, com ideias distorcidas, sensação de estranhamento do ambiente, comportamentos esquisitos e até mesmo alterações sensoperceptivas menos complexas Família e amigos podem perceber que a pessoa mudou e não está mais funcionando bem em atividades ocupacionais, sociais e pessoais Individuo pode começas a desenvolver interesse por ideias abstratas, filosofia e por questões ocultas ou religiosas Também pode ter queixas somáticas: cefaleia, dores musculares, fraqueza, problemas digestivos Outros sinais e sintomas prodrômicos comportamento acentuadamente excêntrico, afeto anormal, discurso incomum, ideias bizarras e experiências perceptuais estranhas CARACTERIZAÇÃO CLÍNICA É importante de atentar para: Nenhum sinal ou sintoma clínico é patognomônico para esquizofrenia, pois podem ocorrem em outros transtornos psiquiátricos e neurológicos A história do paciente é essencial para o diagnóstico do transtorno Os sintomas do paciente mudam ao longo do tempo Exemplo: um paciente pode ter alucinações intermitentes e capacidade variável de desempenho adequado em situações sociais, ou sintomas significativos de um transtorno do humor podem ir e vir durante o curso da esquizofrenia Deve-se levar em conta o nível de escolaridade do paciente, sua capacidade intelectual e sua identidade cultural e subcultural EXAME DO ESTADO MENTAL – DESCRIÇÃO GERAL: APARÊNCIA pode variar, como exemplo: Pessoa completamente desleixada, aos gritos e agitada Pessoa obsessivamente arrumada, silenciosa e imóvel COMPORTAMENTO pode se tornar agitado ou violento sem motivo aparente (costuma ocorrer em resposta às alucinações) ESTUPOR CATATÔNICO (CATATONIA) é muitas vezes referido, O paciente parece não dar sinal de vida e pode exibir indícios como mutismo, negativismo e obediência automática Paciente com subtipo menos extremo de catatonia pode exibir retraimento social e egocentrismo acentuado, ausência de fala ou movimentos espontâneos e ausência de comportamento dirigido a um objeto Indivíduos podem se sentar imóveis e mudos em suas cadeiras, responder a perguntas com monossílabos e se mover somente quando comandados Jeito desengonçado ou rigidez dos movimentos corporais Muitas vezes são desleixados, não tomam banho e se vestem com roupas quentes demais para as temperaturas do momento Outros comportamentos estranhos incluem: Tiques Estereotipias Maneirismos Ecopraxia SINTOMAS POSITIVOS (ou Produtivos) produção do pensamento, são os sintomas mais característicos Delírios alteração da realidade, do pensamento Alucinações Desorganização do pensamento e comportamento Alterações afetivas Alterações psicomotoras pode ficar muito agitado ou muito quieto SINTOMAS NEGATIVOS (ou Deficitários) encontram-se mais com o desenvolvimento da doença e irão alterar o dia-a-dia do paciente Embotamento afetivo fala sem reação alguma Hipobulia/abolia paciente fica sem vontade de fazer qualquer coisa (ex: trabalhar, ir à faculdade...) Empobrecimento cognitivo Isolamento social Discurso empobrecido 4 TRANSTORNOS PSICÓTICOS Gizelle Felinto DELÍRIOS – Conteúdo do Pensamento CARACTERIZAÇÕES IMPORTANTES: Convicção extraordinária: não se pode colocar em dúvida a veracidade (ele tem convicção do que está dizendo. Ex: a polícia federal o está seguindo) Irremovível: impossível a modificação pela experiência objetiva, por provas explícitas da realidade, por argumentos lógicos, plausíveis e aparentemente convincentes (por mais que se tente mostrar que não tem cabimento o que ele pensa, ele crê que existe e não muda de ideia) Conteúdo impossível: os modos como constrói o ajuizamento e como mantém a crença são falsos Produção associal: idiossincrática em relação ao seu grupo cultural (do ponto de vista cultural – do grupo em que a pessoa está inserida – esses pensamentos são totalmente descontextualizados do ambiente em que ele vive) CONTEÚDOS MAIS COMUNS: Persecutórios achar que alguém quer lhe fazer mal Autorreferentes o paciente tem certeza que tudo diz respeito a ele De influência acha que alguém o está mandando fazer determinadas coisas De grandiosidade paciente acha que é alguém famoso, que é Jesus... Místico-religiosos Percepção delirante: o delírio surge a partir de uma percepção normal que recebe, imediatamente ao ato perceptivo, significação delirante Alguns indivíduos têm dúvidas quando a seu sexo e orientação sexual (esses sintomas não devem ser confundidos com travestismo, transexualidade ou outros problemas de identidade de gênero) ALUCINAÇÕES Ilusão x Alucinação: Alucinação não se baseiam na realidade Ilusões distorções de imagens ou sensações REAIS Podem ocorrer em pacientes com esquizofrenia durante fases ativas, ao longo das fases prodrômicas ou dos períodos de remissão A presença de ilusões deve levar o médico a ver a possibilidade de que a causa dos sintomas esteja relacionada a uma substancia, mesmo quando o paciente já recebeu o diagnóstico de esquizofrenia Qualquer um dos 5 sentidos pode estar afetado: Auditivas são as mais comuns Visuais podem ser comuns Táteis, olfativas e gustativas a presença deve levar o médico a considerar a possibilidade de um problema clínico ou neurológico subjacente estar causando toda asíndrome ALUCINAÇÕES AUDITIVAS: Vozes muitas vezes ameaçadoras, de comando, obscenas, acusatórias ou ofensivas Duas ou mais vozes podem conversar entre si Uma voz pode comentar a vida ou o comportamento da pessoa “você agora vai fazer isso” ALUCINAÇÕES CENESTÉSICAS sensações infundadas de estados alterados em órgãos do corpo (Ex: sensação de queimação do cérebro, sensação de pressão nos vasos sanguíneos e sensação cortante na medula óssea). Distorções corporais também podem ocorrer DISCURSO DESORGANIZADO – Forma do Pensamento A avaliação do pensamento é através do discurso do paciente Alterações do pensamento expressas através do discurso: FROUXIDÃO DE ASSOCIAÇÕES pode ocorrer com frequência na esquizofrenia, mas também pode ocorrer com frequência na Mania DESCARRILAMENTO quando começa a falar e mais adiante o discurso dele sai dos trilhos e não se consegue acompanhar a lógica DESAGREGAÇÃO SALADA DE PALAVRAS palavras desconexas, sem nenhuma relação uma com a outra INCOERÊNCIA PROLIXIDADE: TANGENCIALIDADE E CIRCUNSTANCIALIDADE paciente tangencia o que você perguntou para ele, ele fala fala e não responde o que se pergunta NEOLOGISMOS paciente cria uma palavra nova com duas já conhecidas COMPORTAMENTO DESORGANIZADO Higienização precária Aparência desleixada Desinibição Risos explosivos aparentemente imotivados Comportamento social inadequado Sorrisos e caretas incongruentes Respostas emocionais inadequadas CATATONIA A marca dela é uma alteração da psicomotricidade Pode ser um quadro muito grave paciente pode acabar fazendo suas necessidades na roupa, ficar sem se alimentar Muitas vezes podem sair de um quadro de imobilidade para um quadro de agitação psicomotora Características: Estupor alteração da consciência (paciente parada, totalmente imóvel, com rebaixamento do nível de consciência) Catalepsia pode-se induzir o paciente a ficar em determinada postura e ele fica nessa postura Flexibilidade cérea paciente é muito flexível, como uma estátua de cera, facilitando com que você movimente partes do corpo dele com grande facilidade Mutismo Negativismo postura de ir contra ou não responder o que é pedido 5 TRANSTORNOS PSICÓTICOS Gizelle Felinto Maneirismo paciente que fica fazendo careta, movimentos repetitivos sem nenhum objetivo final Estereotipia Caretas Ecolalia paciente repete o que você fala Ecopraxia paciente imita as ações do médico (você pega um copo de água e o paciente também finge que pegou um copo de água) IMPULSIVIDADE, VIOLÊNCIA, SUICÍDIO E HOMICÍDIO VIOLÊNCIA: Comum entre esquizofrênicos não tratados Fatores de risco para o comportamento violento ou impulsivo: Delírios persecutórios Episódios anteriores de violência Déficits neurológicos Tratamento antipsicóticos adequados Tratamento de emergência contenção e isolamento Sedação aguda com LORAZEPAM (1 a 2mg intramuscular), repetida a capa hora conforme o necessário pode ser essencial para impedir que o paciente ataque outras pessoas SUICÍDIO: Principal causa de morte prematura entre pessoas com esquizofrenia Tentativas de suicídio são cometidas por 20 – 50% dos pacientes De acordo com o DSM-5 5 – 6% dos pacientes com esquizofrenia morrem por suicídio Fatores que contribuem: Presença de um episódio depressivo maior é o fator mais importante Alucinações de comando Abuso de drogas HOMICÍDIO: Os dados disponíveis indicam que esquizofrênicos não têm mais probabilidade de cometer homicídios do que um membro da população em geral O homicídio cometido pelo paciente esquizofrênico pode ter razões imprevisíveis ou bizarras, baseadas em alucinações ou delírios SENSÓRIO E COGNIÇÃO ORIENTAÇÃO geralmente são orientados em relação a pessoa, tempo e lugar AUSÊNCIA DE ORIENTAÇÃO deve levar o médico a investigar a possibilidade de um transtorno cerebral de causa médica geral ou neurológica MEMÓRIA costuma estar intacta, mas pode haver deficiências cognitivas menores COMPROMETIMENTO COGNITIVO disfunção sutil nas esferas de atenção, função executiva, memória de trabalho e memória episódica Pode aparecer já quando o individuo tem seu primeiro episódio e pode permanecer estável ao longo do curso inicial da doença Alguns pacientes podem ter demência genuína no fim da vida que não se deva a outros transtornos cognitivos como Alzheimer JULGAMENTO E INSIGHT: Esquizofrênicos têm insight pobre em relação à natureza e gravidade do seu transtorno a falta de insight está associada com a baixa adesão ao tratamento O médico deve definir com cuidado vários aspectos dos insights: Consciência dos sintomas Dificuldade de se relacionar com as pessoas Razoes para tais problemas Essas informações podem ser úteis na elaboração da estratégia de tratamento individual DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Importante: 1. Buscar condição clínica não psiquiátrica quando o paciente exibe sintomas incomuns ou raros ou qualquer variação do nível de consciência 2. Tentar obter história familiar completa, incluindo a história de distúrbios neurológicos e transtornos psiquiátricos 3. Considerar a possibilidade de uma condição médica não psiquiátrica mesmo em pacientes com diagnóstico anterior de esquizofrenia TRANSTORNO ESQUIZOFRENIFORME tem duração de pelo menos 1 mês, mas menos de 6 meses TRANSTORNO PSICÓTICO BREVE sintomas duram pelo menos 1 dia, mas menos de 1 mês, e o paciente não retorna ao estado pré-mórbido de funcionamento nesse período TRANSTORNO ESQUIZOAFETIVO quando a síndrome maníaca ou depressiva se desenvolve ao mesmo tempo que os sintomas principais da esquizofrenia TRANSTORNO DELIRANTE PERSISTENTE delírios não bizarros presentes por pelo menos 1 mês sem outros sintomas de esquizofrenia ou transtorno de humor TRANSTORNOS DE HUMOR: THB Depressão um episódio depressivo grave pode resultar em perda de funcionamento, declínio no autocuidado e isolamento social, mas estes são secundários aos sintomas depressivos e não devem ser confundidos com os sintomas negativos da esquizofrenia Depressão com sintomas psicóticos geralmente envolve culpa, autodepreciação, punição merecida, doenças incuráveis. Os sintomas psicóticos podem se resolver por completo com a resolução da depressão Episódio maníaco delírio (congruentes como humor e em geral envolvem temas de grandeza), fuga de ideias e alucinações (em alguns casos) TRANSTORNO PSICÓTICO INDUZIDO POR DROGAS QUADROS DEMENCIAIS 6 TRANSTORNOS PSICÓTICOS Gizelle Felinto Outros DOENÇAS DO SNC: Infecções: Sífilis, AIDS, meningite, encefalites virais, etc Tumores, Doença degenerativa, epilepsia, TCE, etc QUADROS SISTÊMICOS: Lúpus, Endocrinopatias, Intoxicações por metais pesados, deficiência de vitaminas, distúrbios metabólicos, farmacodependencia, etc MEDICAMENTOS: Corticóides, estimulantes, anticolinérgicos, digitálicos, dissulfiram, metoclopramida, etc CURSO E PROGNÓSTICO CURSO: Geralmente, os sintomas começam na adolescência e são seguidos pelo desenvolvimento de sintomas prodrômicos em um intervalo de dias a meses Alterações sociais e ambientais podem precipitar os sintomas perturbadores, como: Mudança para cursar universidade em outra cidade Uso de alguma substância Morte de um parente Curso clássico Exacerbações e Remissões Após o 1º episódio psicótico, o paciente se recupera de forma gradual e funciona de modo relativamente normal por um longo tempo Recaídas são comuns e o padrão da doença durante os primeiros 5 anos após o diagnóstico em geral indica o curso do paciente A deterioração do funcionamento basal é cada vez MAIOR após cada recaída da psicose Ofracasso em retornar ao nível anterior de funcionamento é a principal distinção entre esquizofrenia e transtornos de humor Sintomas positivos tendem a tornar-se menos graves com o tempo Sintomas negativos podem piorar com o tempo PROGNÓSTICO: Ao longo de 5 – 10 anos após a primeira hospitalização psiquiátrica somente 10 – 20% podem ser descritos como tendo um desfecho positivo Mais de 50% apresentam resultado insatisfatório hospitalizações repetidas, maior exacerbação de sintomas, episódios de transtorno de humor e tentativas de suicídio A doença nem sempre tem curso deteriorante ABORDAGEM Avaliações de riscos e necessidade de hospitalização: Agitação psicomotora Risco de auto e/ou heteroagressividade Risco de suicídio Perturbação da ordem pública Elucidação diagnóstica Recusa alimentar com risco de desnutrição/desidratação como nos casos de catatonia Má adesão Suporte familiar pobre Estabelecer plano terapêutico: Farmacoterapia específica: antipsicóticos (AP) Monitoramento de efeitos adversos Reavaliação diagnóstica continuada Psicoeducação para o paciente e familiares Estratégias psicossociais: terapia ocupacional, psicoterapia, trabalho supervisionado TRATAMENTO MEDICAMENTOSO CARACTERÍSTICAS GERAIS: ANTIPSICÓTICOS (AP) são eficazes tanto nas psicoses não afetivas como na mania psicótica e adjuvantes na depressão psicótica. Qualquer AP é potencialmente eficaz na psicose aguda, mas o perfil de efeitos adversos deve ser ponderado na escolha. Quando disponíveis / acessíveis, AP de 2ª geração devem ser preferidos pela melhor tolerabilidade Quanto mais precoce se iniciar o AP, melhor prognóstico Avaliar troca do AP com quatro a seis semanas. Se francamente agitados e sem melhora alguma, trocar em duas a três semanas Não existe evidência que a associação de diferentes APs promova algum benefício adicional. A dose do AP da fase de manutenção deve ser a mesma dose da fase aguda Manter o AP por pelo menos um a dois anos. Coparticipação dos pacientes na decisão Os AP injetáveis de longa ação são preferíveis em casos de má adesão Haldol decanoato IM (único que o SUS tem), que fica no músculo e vai fazendo seu efeito nas semanas decorrentes TRATAMENTO DE ESCOLHA Antipsicóticos (neurolépticos) + estratégias psicossociais ANTIPSICÓTICOS (APs): Podem demorar cerca de 3 a 8 semanas para produzir algum efeito PRIMEIRA GERAÇÃO (TÍPICOS) Bloqueiam os receptores D2 dopaminérgicos nos sistemas mesolímbico, mesocortical, nigroestriatal e túbero-infundibular Tratamento dos SINTOMAS POSITIVOS Baixo custo Efeitos colaterais sintomas parkinsonianos e aumento da prolactina São a segunda escolha no tratamento devido aos efeitos colaterais, embora sejam mais baratas e sejam mais disponíveis Alta potência são os mais utilização, apesar da possibilidade dos efeitos extrapiramidais HALOPERIDOL (5 – 15 mg/dia) FLUFENAZINA (5 – 15 mg/dia) 7 TRANSTORNOS PSICÓTICOS Gizelle Felinto Baixa potência são mais sedativos e costumam ser escolhidos como primeira opção em paciente que apresentem agitação ou insônia CLORPROMAZINA (300 – 800 mg/dia) LEVOMEPROMAZINA (100 – 300 mg/dia) SEGUNDA GERAÇÃO (ATÍPICOS) Atuam em outros sítios da dopamina e podem ter ação em outras vias neurotransmissoras São mais bem toleradas Tratamento de SINTOMAS NEGATIVOS Alto custo Indicações: Intolerância aos APs típicos Pacientes em que há chance maior de ocorrer sintomas extrapiramidais RISPERIDONA (2 – 8 mg/dia) OLANZAPINA (5 – 20 mg/dia) QUETIAPINA (300 – 400mg/dia) CLOZAPINA (200 – 500 mg/dia) só deve ser usada em casos de RESISTENCIA A OUTROS APs, não devendo ser usada como primeira escolha, devido ao risco de COMPLICAÇÕES HEMATOLÓGICAS (Agranulocitose) Primeiro episódio iniciar com AP de 2ª geração em doses baixas, com aumento gradual da dose semanalmente Sem resposta ou resposta insatisfatória dos sintomas após o período de 3 a 8 semanas trocar por NEUROLÉPTICO DE OUTRA CLASSE FARMACOLÓGICA Medicação deve ser mantida por 6 a 12 meses após a remissão dos sintomas Episódios Psicóticos Agudos extrema agitação e agressividade Neurolépticos injetáveis (Intramuscular) até que a medicação oral atue eficazmente Paciente com estabilização da sintomatologia manter a menor dose possível da medicação, com o mínimo de efeitos colaterais e prevenir recaídas TRANSTORNO DELIRANTE Não há prejuízo na vida do paciente, ele aparenta ser uma pessoa normal (o que o difere dos esquizofrênicos) CRITÉRIOS – DSM-5 A. A presença de um delírio (ou mais) com duração de um mês ou mais B. O Critério A para esquizofrenia jamais foi atendido NOTA: Alucinações, quando presentes, não são proeminentes e têm relação com o tema do delírio (p. ex., a sensação de estar infestado de insetos associada a delírios de infestação) C. Exceto pelo impacto do(s) delírio(s) ou de seus desdobramentos, o funcionamento não está acentuadamente prejudicado, e o comportamento não é claramente bizarro ou esquisito D. Se episódios maníacos ou depressivos ocorreram, eles foram breves em comparação com a duração dos períodos delirantes E. A perturbação não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância ou de outra condição médica, não sendo mais bem explicada por outro transtorno mental, como transtorno dismórfico corporal ou transtorno obsessivo-compulsivo EPIDEMIOLOGIA Prevalência ao longo da vida 0,2% Idade média de início 40 anos, mas varia em 18 – 90 anos Leve preponderância de pacientes do sexo feminino Maior probabilidade em: Homens delírios paranóides Mulheres erotomania Subtipo mais frequente Persecutório ETIOLOGIA A causa é desconhecida É mais raro que esquizofrenia e transtorno de humor, com inicio mais tardio que a esquizofrenia e predominância feminina menos pronunciada do que nos transtornos de humor FATORES BIOLÓGICOS várias condições médicas não psiquiátricas e de substancias, assim como fatores biológicos bem definidos, podem causar delírios As condições neurológicas mais comumente associadas com delírios afetam o sistema límbico e os gânglios da base O transtorno delirante pode surgir como uma resposta normal a experiencias anormais no ambiente, no SNC ou no Sistema Nervoso Periférico FATORES PSICODINÂMICOS tem-se a impressão clinica de que muitos pacientes com transtorno delirante são socialmente isolados e atingiram níveis de realização mais baixos do que o esperado Supõe-se que a causa e evolução dos sintomas delirantes relacionam-se a pessoas hipersensíveis e a mecanismos de defesa do ego, como formação reativa, projeção e negação ESTADO MENTAL DESCRIÇÃO GERAL costumam estar bem arrumados e bem vestidos, sem mudanças na personalidade ou das atividades diárias Mas podem parecer excêntricos, estranhos, desconfiados ou hostis O exame do estado mental mostra que são bastante normais, exceto pelo sistema delirante anormal Podem tentar engajar os médicos como aliados em seus delírios HUMOR, SENTIMENTO E AFETO humor é compatível com o conteúdo dos delírios Delírio de grandeza eufórico Delírio persecutório desconfiado 8 TRANSTORNOS PSICÓTICOS Gizelle Felinto DISTÚRBIOS PERCEPTUAIS pacientes com transtorno de delírio não tem alucinações proeminentes ou contínuas PENSAMENTO transtorno do conteúdo do pensamento Delírios geralmente são sistematizados e caracterizados como possível (Ex: delírios de ser perseguido, de ter um cônjuge infiel, de estar infectado com um vírus ou de ser amado por uma pessoa famosa) SENSÓRIO E COGNIÇÃO: Orientação não costumam ter anormalidades na orientação, a menos que tenham um delírio específico sobre umapessoa, lugar ou tempo Memória memória e outros processos cognitivos estão intactos CONTROLE DOS IMPULSOS alguns fazem ideação ou planos de agir segundo o material delirante por meio de suicídio, homicídio ou pela violência JULGAMENTO E INSIGHTS pessoas com transtorno delirante praticamente não tem entendimento algum de sua condição e são quase sempre levados ao hospital pela polícia, por membros da família ou por empregados SUBTIPOS EROTOMANÍACO o indivíduo tem convicção de que outra pessoa, em gral de condição social superior, está apaixonada por ele(a) CIUMENTO ciúme excessivo e acusações de que o cônjuge foi infiel, podendo ser potencialmente perigoso e associado à violência, homicídio e suicídio. É mais comum em homens que, geralmente, não tem história de nenhuma doença psiquiátrica SOMÁTICO quando envolve funções ou sensações corporais. Varia muito de caso para caso Delírios de infestação (incluindo parasitose) Delírios de dismorfofobia deformidade, feiura e tamanho exagerado de partes do corpo Delírios de odores corporais desagradáveis ou halitose GRANDIOSO convicção de ter algum grande talento, de ter feito alguma grande descoberta PERSECUTÓRIO pacientes estão convencidos de que estão sendo perseguidos ou prejudicados MISTO pacientes com dois ou mais temas delirantes. Esse diagnóstico deve ser reservado para casos em que não predomine um único tipo de delírio NÃO ESPECIFICADO quando a crença delirante dominante não pode ser determinada com clareza ou não está descrita nos tipos específicos Ex: Síndrome de Capgras (ilusão de sósias), na qual o delírio é a crença de que uma pessoa familiar for substituída por um impostor TRANSTORNO PSICÓTICO BREVE CRITÉRIOS – DSM-5 A. Presença de um (ou mais) dos seguintes sintomas. Pelo menos um deles deve ser (1), (2) ou (3): 1. Delírios 2. Alucinações 3. Discurso desorganizado (fala desorganizada) 4. Comportamento grosseiramente desorganizado ou catatônico. B. A duração de um episódio da perturbação é de, pelo menos, um dia, mas inferior a um mês, com eventual retorno completo a um nível de funcionamento pré-mórbido da doença C. A perturbação não é mais bem explicada por transtorno depressivo maior ou transtorno bipolar com características psicóticas, por outro transtorno psicótico como esquizofrenia ou catatonia, nem se deve aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou a outra condição médica Especificar se: Com ou sem estressor evidente; com início no periparto. EXEMPLO: paciente que sofreu um abuso sexual e começou a apresentar esses sintomas. Após o tratamento há melhora do quadro
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