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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO 
PROCESSUAL 
PENAL
Sentença
Livro Eletrônico
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Sentença
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Sumário
Dos Atos Processuais: a Sentença Penal ................................................................................... 3
Conceito e Classificações .............................................................................................................. 3
Estrutura da Sentença Penal ........................................................................................................ 5
Embargos de Declaração ............................................................................................................... 7
“Emendatio libelli” .......................................................................................................................... 8
Mutatio libelli..................................................................................................................................12
Independência Judicial na Sentença .......................................................................................... 17
Intimação da Sentença ................................................................................................................ 18
Questões de Concurso ................................................................................................................. 32
Gabarito ........................................................................................................................................... 47
Referências Bibliográficas ..........................................................................................................48
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Sentença
DIREITO PROCESSUAL PENAL
DOS ATOS PROCESSUAIS: A SENTENÇA PENAL
Apresentação
Caro(a) aluno(a), é com muita satisfação que lhes apresento este trabalho, fruto de grande 
dedicação e privação. Estudaremos neste material a sentença penal, que seguramente é o ato 
judicial mais importante. Os despachos e decisões serão objeto de outro PDF.
Em provas de concursos, podemos ver o assunto da sentença ser cobrado com muita in-
cidência em provas objetivas, especialmente no que se refere ao conteúdo, elementos, vícios, 
classificação e estrutura da sentença.
Em provas discursivas, também é comum o assunto ser cobrado, seja diretamente, seja 
indiretamente, por meio do exame dos vícios da sentença, do recurso cabível e das diversas 
formas de impugnação.
Além disso, nas provas de magistratura, há uma fase especialmente dedicada ao tema, a 
terceira etapa do concurso, em que o candidato(a) tem que elaborar uma sentença completa, 
com foco especial na dosimetria da pena e na técnica de elaboração de sentença penal. Esse 
estudo específico para a prova de sentença não é o objetivo principal do presente trabalho, 
mas você já terá uma boa visão, ao fim da leitura, dos diversos elementos da sentença.
Durante meus estudos para a magistratura, o assunto sentença sempre foi um dos assun-
tos aos que eu mais me dediquei, pois sabia que só passaria no concurso sabendo fazer sen-
tença e sabia que o juiz tem que fazer sentenças todos os dias de trabalho.
Cheguei a treinar sentenças criminais a partir da parte das notícias criminais dos jornais 
impressos (e aqui já estou denunciando a minha idade). Eu lia sobre um estupro e já ia senten-
ciar o caso, até mesmo inventando dados sobre as circunstâncias legais e judiciais do caso.
Mas a sentença não é importante apenas para o magistrado, pois tanto promotor quanto 
defensor devem saber muito bem sobre a sentença criminal, especialmente para elaborar os 
pedidos na tramitação do feito e para recorrer.
Portanto, é um assunto muito especial.
Espero que aproveite e goste do estudo que começa agora.
ConCeito e ClassifiCações
Ao passo que o CPC subdivide os pronunciamentos do juiz em sentenças, decisões inter-
locutórias e despachos, no art. 203, e conceitua sentença como o pronunciamento por meio 
do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento 
comum, bem como extingue a execução; o CPP, embora reserve todo o título XII para o tema 
sentença, não a subdivide nem a conceitua.
Segundo Renato Brasileiro, sentença, para o CPP, “é tão somente a decisão que julga o mé-
rito principal, ou seja, a decisão judicial que condena ou absolve o acusado. A contrario sensu, 
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
as decisões que extinguem o processo sem julgamento de mérito, segundo o CPP, são tratadas 
como decisões interlocutórias mistas”1.
Importante distinção a ser feita é entre sentença definitiva e sentença transitada em julga-
do. A primeira é a que põe fim ao processo com julgamento do mérito, sendo mencionada no 
art. 82 do CPP. Já a sentença transitada em julgado é aquela em relação à qual não cabe mais 
nenhum recurso.
Outra classificação decorre do art. 593 do CPP, qual seja: sentença definitiva, que é a que 
põe fim ao processo com julgamento do mérito, condenando ou absolvendo o acusado, como 
visto acima, decisão definitiva ou terminativa de mérito, que é a que também decidem o mé-
rito, mas sem condenar ou absolver o acusado, como por exemplo a decisão que extingue a 
punibilidade do réu e decisão com força de definitiva ou interlocutória mista, que é a que põe 
fim a uma fase do procedimento ou coloca fim ao processo, sem o julgamento do mérito, como 
a decisão de rejeição da denúncia.
Mais uma interessante classificação, que foi cobrada, por exemplo, no concurso de juiz de 
direito substituto do TJ-MG, de 2006, é a distinção entre sentença suicida, vazia e autofágica. 
Sentença suicida é aquela em que o dispositivo contraria a fundamentação: por exemplo, na 
fundamentação o juiz menciona que as provas são frágeis, que os depoimentos são contradi-
tórios, mas no dispositivo condena o réu. Sentença vazia é a que padece de fundamentação, 
classificação que ganhou maior relevo com a nova redação do art. 315, do CPP, dada pela lei 
anticrime. No § 2º desse artigo, preceitua o legislador que não se considera fundamentada 
qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão que:
I – limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação 
com a causa ou a questão decidida;
II – empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência 
no caso;
III – invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;
1 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal – Volume único. Rio de Janeiro: Jus Podvum, 2020, pg. 1607.
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IV – não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a 
conclusão adotada pelo julgador;
V – limitar-se a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos de-
terminantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àquelesfundamentos;
VI – deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem 
demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.
O TJMG já anulou sentença suicida, confira:
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - APELOS MINISTERIAL E DEFENSIVO - CONTRADIÇÃO 
ENTRE A FUNDAMENTAÇÃO E O DISPOSITIVO DO DECISUM - SENTENÇA SUICIDA - NULI-
DADE VERIFICADA. - Havendo discrepância entre a fundamentação e o dispositivo, con-
clui-se pela imprestabilidade do decreto condenatório, considerando que não é possível 
admitir como válida a sentença suicida, com argumentos antagônicos.
(TJ-MG - APR: 10417150009179001 MG, Relator: Cássio Salomé, Data de Julgamento: 
27/11/2019, Data de Publicação: 04/12/2019)
Sentença autofágica, por fim, é a que se reconhece a imputação, mas o juiz extingue a pu-
nibilidade, como ocorre no exemplo do perdão judicial.
estrutura da sentença Penal
O título que trata da sentença, no CPP, começa por elencar os elementos que a sentença 
penal deve conter, seja ela condenatória ou absolutória:
Art. 381. A sentença conterá:
I – os nomes das partes ou, quando não possível, as indicações necessárias para identificá-las;
II – a exposição sucinta da acusação e da defesa;
III – a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão;
IV – a indicação dos artigos de lei aplicados;
V – o dispositivo;
VI – a data e a assinatura do juiz.
Os dois primeiros incisos tratam do relatório da sentença penal, o qual devemos lembrar 
que é dispensado nas sentenças do juizado especial criminal, por expressa disposição do art. 
81, § 3º da Lei n. 9099/05. Fora dessa situação, a ausência de relatório poderá conduzir à nuli-
dade da sentença penal. Confira:
APELAÇÃO CRIMINAL. RESISTÊNCIA. ART. 329, CAPUT, DO CÓDIGO PENAL. AUSÊNCIA 
DE RELATÓRIO NA SENTENÇA. NULIDADE ABSOLUTA. A dispensa do relatório, de acordo 
com o art. 81, § 3º, da Lei 9.099/95, não se aplica aos processos que seguiram o rito 
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comum. A falta do relatório, segundo entendimento da Câmara, acarreta nulidade abso-
luta da sentença, de acordo com os art. 381, I e II, do CPP. NULIDADE DA SENTENÇA 
DECLARADA. (Apelação Crime N. 70078519733, Quarta Câmara Criminal, Tribunal de 
Justiça do RS, Relator: Julio Cesar Finger, Julgado em 13/09/2018).
(TJ-RS - ACR: 70078519733 RS, Relator: Julio Cesar Finger, Data de Julgamento: 
13/09/2018, Quarta Câmara Criminal, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 
03/10/2018)
O relatório, como o nome diz, é um resumo do que aconteceu no processo, devendo o juiz, 
observando os dois primeiros incisos do art. 381 do CPP, indicar os nomes das partes ou, quan-
do isso não for possível, as indicações necessárias para identifica-las e fazer uma exposição 
sucinta da acusação e da defesa. Quando preparamos os alunos para a prova de sentença do 
concurso da magistratura, costumamos indicar que é importante que se observe e indique, no 
relatório, as fases obrigatórias de cada rito, pois o relatório tem o condão de demonstrar que 
foi observado o devido processo legal.
Fundamentação, por outro lado, é a parte da sentença em que o juiz explicita as suas ra-
zões de decidir, motivando a aplicação do direito ao caso concreto, analisando as teses de acu-
sação e de defesa. A carência de fundamentação ganhou especial relevo com a lei anticrime, 
que passou a prever essa situação como causa de nulidade absoluta.
O art. 564, V, do CPP, determina que haverá nulidade absoluta em decorrência de decisão 
carente de fundamentação, o que decorre também da previsão do art. 93, IX, da Constituição. 
O CPP prevê, no art. 381, III e IV, que a sentença conterá a indicação dos motivos de fato e de 
direito em que se fundar a decisão e a indicação dos artigos de lei aplicados.
A fundamentação deve ser feita em observância também ao art. 155 do CPP, que determina 
que a sentença não poderá ser fundamentada exclusivamente nos elementos de informação 
colhidos no inquérito, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. Ao dizer 
isso, dá o legislador às provas, ou seja, aquelas colhidas em contraditório judicial, maior relevo 
que aos elementos de informação, que podem ser livremente usados para absolver o réu, mas 
não para condená-lo, salvo se corroborados por provas produzidas em contraditório judicial ou 
nas três exceções previstas na parte final do dispositivo.
Com relação à fundamentação “per relationen” ou “aliunde”, é nula a decisão que se limita 
a colacionar, por exemplo, trecho de alegações finais do Ministério Público, o que podemos 
concluir do que foi decidido pelo STJ:
É nulo o acórdão que se limita a ratificar a sentença e a adotar o parecer ministerial, sem 
sequer transcrevê-los, deixando de afastar as teses defensivas ou de apresentar funda-
mento próprio. Isso porque, nessa hipótese, está caracterizada a nulidade absoluta do 
acórdão por falta de fundamentação. De fato, a jurisprudência tem admitido a chamada 
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fundamentação per relationem, mas desde que o julgado faça referência concreta às 
peças que pretende encampar, transcrevendo delas partes que julgar interessantes para 
legitimar o raciocínio lógico que embasa a conclusão a que se quer chegar. Precedentes 
citados: HC 220.562-SP, Sexta Turma, DJe 25/2/2013; e HC 189.229-SP, Quinta Turma, 
DJe 17/12/2012. HC 214.049-SP, Rel. originário Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min. 
Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 5/2/2015, DJe 10/3/2015.
O CPC prevê, no art. 489, § 1º, V e VI, que não se considera fundamentada qualquer deci-
são judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que se limitar a invocar precedente 
ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar 
que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos ou que deixar de seguir enunciado 
de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de 
distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.
De forma semelhante, a lei anticrime passou a prever que não se considera fundamen-
tada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que (art. 315, § 
2º, do CPP):
I – limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação 
com a causa ou a questão decidida; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
II – empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência 
no caso; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
III – invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; (Incluído pela Lei n. 
13.964, de 2019)
IV – não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a 
conclusão adotada pelo julgador; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
V – limitar-se a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos de-
terminantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; (Incluído 
pela Lei n. 13.964, de 2019)
VI – deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem 
demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.embargos de deClaração
Dentro ainda do título da sentença, o CPP prevê o cabimento de embargos de declaração, 
estipulando que qualquer das partes poderá, no prazo de 2 (dois) dias, pedir ao juiz que declare 
a sentença, sempre que nela houver obscuridade, ambiguidade, contradição ou omissão.
Chamo a sua especial atenção para o prazo, pois enquanto no processo civil os embargos 
de declaração cabem no prazo de cinco dias, no processo penal o cabimento é no prazo de 
dois dias, e esse assunto é muito cobrado em provas de concurso.
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Alguns doutrinadores chamam os embargos de declaração previstos no art. 382 de “em-
barguinhos”, diferenciando-os dos embargos de declaração previstos no art. 619 do CPP, que 
trata dos embargos relativos aos acórdãos, também no prazo de dois dias e também cabíveis 
em casos de ambiguidade, obscuridade, contradição ou omissão. Observe que o CPP não faz 
diferença entre os dois, denominando ambos de embargos.
Embora, na prática, fale-se nas expressões obscuridade, ambiguidade, contradição ou 
omissão conjuntamente, certo é que são situações diferentes e que devem ser especificadas 
nos embargos, com indicação de qual delas teria ocorrido na sentença. Ocorre obscuridade 
quando a decisão não é suficientemente clara; contradição ocorre se houver incerteza no provi-
mento por meio de proposições inconciliáveis; ambiguidade quando a sentença permitir duas 
ou mais interpretações acerca de seu conteúdo e omissão quando na sentença não houver 
pronunciamento sobre determinada tese.
Voltando aos prazos, é de se salientar que nos juizados especiais criminais o prazo de 
embargos de declaração é de cinco e não de dois dias, e os embargos podem ser opostos por 
escrito ou oralmente. Com efeito, preceitua o art. 83, § 1º, da Lei n. 9.099/1995:
Art. 83. Cabem embargos de declaração quando, em sentença ou acórdão, houver obscuridade, 
contradição ou omissão.
§ 1º Os embargos de declaração serão opostos por escrito ou oralmente, no prazo de cinco dias, 
contados da ciência da decisão.
Cabe ainda salientar que erros materiais simples podem ser corrigidos pelo juiz, de ofício, 
sem necessidade de embargos de declaração.
“EmEndatio libElli”
A partir do art. 383 do CPP, temos dois institutos extremamente cobrados em provas de 
concurso e que são objeto de muita confusão por parte dos (as) concurseiros (as), ou seja, 
emendatio libelli e mutatio libelli.
Inicialmente, preciso que você preste atenção que esses dois institutos estão em ordem 
alfabética, ou seja, o primeiro dos dois artigos, que é o art. 383, vai tratar da emendatio libelli, 
enquanto o segundo, art. 384, trata da mutatio libelli. Parece uma explicação simplória, mas 
que já caiu em concurso e, se cair novamente, pode te garantir uma questão. Sistematizando:
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A segunda importante distinção, sobre o conteúdo de cada uma, passará a ser vista agora.
A emendatio libelli ou modificação da definição jurídica do fato, do art. 383 do CPP, se re-
fere a um erro que houve na denúncia, por isso o nome emendatio, emenda, que se refere ao 
que precisa ser corrigido. De fato, no dicionário encontramos que emenda é o ato ou efeito de 
retificar falta ou defeito, de corrigir algo.
Dessa maneira, ao promover a emendatio libelli, o juiz verifica que houve uma inadequação, 
um erro, na denúncia, ou seja, verifica que, embora os fatos narrados na denúncia estejam cor-
retos, houve uma incorreção entre os fatos narrados e a capitulação jurídica pretendida pelo ór-
gão de acusação. Por exemplo: o promotor narra um crime de roubo, dizendo que determinada 
pessoa subtraiu um aparelho celular da vítima, usando de grave ameaça para poder perpetrar 
o crime. Todavia, requer a condenação do réu nas penas do art. 155 do CP, que se refere ao 
furto. Tem-se, portanto, uma inadequação entre os fatos narrados e a capitulação, que poderá 
ser objeto de emendatio libelli, por ocasião da sentença.
Como os fatos foram devidamente narrados na peça inicial acusatória e o réu se defende 
dos fatos (princípio da correlação), o CPP prescreve que o juiz, de ofício, sem necessidade de 
aditamento da denúncia e nem da oitiva da defesa, poderá promover a emendatio, efetuando 
a correção:
Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe 
definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave.
O princípio da correlação acima mencionado, também chamado de simetria ou congruên-
cia, significa que o juiz, ao prolatar sentença, deverá observar a correlação, nesta sentença, 
com os fatos narrados na denúncia (e não com o pedido, como ocorre no CPC), ou seja, o prin-
cípio da correlação comporta diferença no processo civil e no processo penal:
Dessa maneira, a emendatio libelli nada mais é do que a correção feita pelo juiz, aplican-
do o princípio da simetria por ocasião da sentença, adequando os fatos narrados na inicial à 
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sentença, pois o juiz conhece o direito (jura novit cúria) e pode aplicar o direito a partir dos fatos 
(narra mihi factum dabo tibi jus – narra-me os fatos que eu te darei o direito).
Caso seja possível, a partir da emendatio libelli, a proposta de suspensão condicional do 
processo, pois com a correção, a pena mínima do novo crime não for superior a um ano, o juiz 
deverá aplicar o art. 89 da lei dos juizados. Assim prevê o art. 383, § 1º, do CPP:
§ 1º Se, em consequência de definição jurídica diversa, houver possibilidade de proposta de suspen-
são condicional do processo, o juiz procederá de acordo com o disposto na lei.
Exemplo disso seria quando a denúncia descreve um crime de roubo, mas capitula como 
se furto fosse. Nesse caso, por ocasião da sentença, verificando que o crime é de furto, o juiz 
deverá dar vistas ao MP para analisar o cabimento da proposta de suspensão condicional 
do processo.
Caso o juiz, com a emendatio libelli, verifique a existência de infração da competência de 
outro juízo, deverá encaminhar os autos ao juízo competente, como prevê o art. 383, § 2º
Nessa situação, chamo a sua atenção para uma possibilidade excepcional desse tipo de 
correção ocorrer já no recebimento da denúncia, quando o juiz observa de plano que a incorre-
ta capitulação comporta em supressão de algum benefício (como a suspensão condicional do 
processo) ou em deslocamento da competência. Nesse caso, o STF admitiu o juízo desclassi-
ficatório prévio, ou seja, antes do momento do art. 383 do STF2.
Em outras palavras, caso haja necessidade de emenda, de adequação entre os fatos narra-
dos na denúncia ou queixa e a capitulação jurídica, o momento correto para que o juiz promova 
a correção é por ocasião da sentença, nos termos do art. 383 do CPP. Excepcionalmente, toda-
via, poderá fazer em momento anterior, até mesmo por ocasião do recebimentoda denúncia 
quando: 1. A incorreta capitulação importar em supressão de algum benefício ao réu ou quan-
do 2. A incorreta capitulação importar em deslocamento da competência criminal.
A emendatio libelli é cabível tanto em primeira instância quanto na fase recursal, diversa-
mente do que acontece com a mutatio libelli. No entanto, para que seja aplicada a emendatio 
2 EMENTA HABEAS CORPUS. PROCESSO PENAL. Emendatio libelli. LAVAGEM DE ATIVOS. DESCLASSIFICAÇÃO NO RECE-
BIMENTO DA DENÚNCIA, PARA ESTELIONATO. ART. 383 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. MOMENTO PROCESSUAL 
ADEQUADO. RELATIVIZAÇÃO. ESPECIALIZAÇÃO DO JUÍZO. 1. Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é a 
sentença o momento processual oportuno para a emendatio libelli, a teor do art. 383 do Código de Processo Penal. 2. Tal 
posicionamento comporta relativização – hipótese em que admissível juízo desclassificatório prévio –, em caso de erro de 
direito, quando a qualificação jurídica do crime imputado repercute na definição da competência. Precedente. 3. Na espé-
cie, a existência de peculiaridade – ação penal relacionada a suposto esquema criminoso objeto da ação em trâmite na 
vara especializada em lavagem de ativos –, recomenda a manutenção do acórdão recorrido que chancelou a remessa do 
feito, comandada pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região para a 1ª Vara Federal da Seção Judiciária do Maranhão, que 
detém tal especialização. 4. Ordem denegada.
 (HC 115831, Relator(a): ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 22/10/2013, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-227 DIVULG 
18-11-2013 PUBLIC 19-11-2013)
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libelli em segunda instância, é necessário que não haja reformatio in pejus. Confira importante 
precedente do STF:
EMENTA Habeas corpus. Penal e Processual Penal. Condenação. Crimes Contra o Sis-
tema Financeiro Nacional (Lei n. 7.492/86) e Lavagem de Capitais (Lei n. 9.613/98). 
Alegação de que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região teria incidido em ofensa à 
coisa julgada ao reclassificar, em recurso exclusivo da defesa, as condutas pelas quais 
os pacientes foram sentenciados em primeiro grau. Não ocorrência. Típica situação de 
emendatio libelli (CPP, art. 383) levada à cabo em segundo grau de jurisdição, a qual não 
transbordou a acusação capitaneada na denúncia. Possibilidade em recurso exclusivo 
da defesa quando não acarretar reformatio in pejus (CPP, art. 617). Precedentes. Tenta-
tiva de obstar a execução provisória da pena. Condenação transitada em julgado noti-
ciada pelo juízo de origem. Prejudicialidade da matéria. Ordem denegada. 1. O Superior 
Tribunal de Justiça, ao endossar o acórdão daquele Tribunal Regional Federal, concluiu 
que não houve, em recurso exclusivo da defesa, reformatio in pejus decorrente da conde-
nação dos pacientes pelos crimes dos arts. 16 e 22, parágrafo único, da Lei n. 7.492/86, 
uma vez que aquela Corte Regional teria tão somente adequado a imputação ao quadro 
fático dos autos, não transbordando a acusação delineada na denúncia, em típica situa-
ção de emendatio libelli (CPP, art. 383), levada à cabo em segundo grau de jurisdição. 2. 
O Supremo Tribunal Federal possui entendimento quanto à possibilidade de realização 
de emendatio libelli em segunda instância mediante recurso exclusivo da defesa, con-
tanto que não gere reformatio in pejus, nos termos do art. 617 do Código de Processo 
Penal (v.g. HC n. 103.310/SP, Relator para acórdão o Ministro Gilmar Mendes, DJe de 
8/5/15). 3. O acórdão do Tribunal Regional Federal não agravou a situação dos pacientes, 
já que o quantum de pena aplicado em primeiro grau teria sido respeitado. Aliás, a reclas-
sificação jurídica dos fatos a eles imputados para os crimes dos arts. 16 e 22, parágrafo 
único, da Lei n. 7.492/86 - que foram objeto da denúncia - e a redução que foi operada nas 
suas reprimendas, deram causa à extinção de punibilidade no tocante ao delito do art. 16 
da Lei n. 7.492/86, tendo em vista a consumação da prescrição, reconhecida em sede de 
embargos. 4. Não havendo ilegalidade a ser sanada a respeito da condenação remanes-
cente dos pacientes pelo art. 22, parágrafo único, da Lei n. 7.492/86, correta a posição 
do Superior Tribunal de Justiça ao afirmar a prejudicialidade da alegação de atipicidade 
em relação ao crime de lavagem de capitais por inexistência de crime antecedente. 5. A 
pretensão de obstar a execução provisória da pena está prejudicada, pois os pacientes 
encontram-se em cumprimento definitivo de pena (Petição/STF n. 15.295/18). 6. Ordem 
denegada.
(HC 134872, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em 27/03/2018, 
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-215 DIVULG 08-10-2018 PUBLIC 09-10-2018)
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mutatio libElli
Situação diferente ocorre quando, encerrada a instrução probatória, o juiz entender cabível 
nova definição jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemento ou 
circunstância da infração penal não contida na acuação. Nesse caso, o juiz deverá dar vistas 
ao órgão de acusação, para que, no prazo de cinco dias, adite a denúncia, adequando-a ao novo 
tipo penal.
Caso o Ministério Público não adite a denúncia, o juiz deverá aplicar analogicamente o art. 
28 do CPP. Você pode estar perguntando, professora, mas o art. 28 não prevê discordância do 
juiz. Pois é, um grave erro não calculado pelo legislador reformador da chamada lei anticrime. 
Antes da lei, era facilmente aplicável o art. 28, de forma que o juiz deveria enviar o caso ao Pro-
curador-Geral de Justiça, que poderia aditar a denúncia, designar outro promotor para fazer o 
aditamento ou então insistir no não aditamento. Por outro lado, com a reforma (lembrando que 
o art. 28 do CPP segue suspenso por decisão monocrática do STF), não há mais possibilidade 
de discordância do juiz.
Não obstante, o art. 384, § 1º, do CPP, segue prevendo discordância do juiz. Assim, a nosso 
sentir, quando não houver mais a suspensão do dispositivo e em se mantendo o procedimento 
previsto no art. 28 do CPP, com a redação da lei anticrime, o juiz poderá enviar o caso à instân-
cia de revisão ministerial prevista no art. 28 do CPP3.
Renato Brasileiro assevera que
Há quem entenda que, diante da nova redação do caput do art. 384, não há como se dar aplicação 
ao § 1º do mesmo dispositivo, por ser claramente incompatível com o sistema acusatório, não 
mais sendo cabível qualquer forma de provocação, pelo juiz, do aditamento. Cuida-se, porém, de 
posição minoritária. Na verdade, apesar de a aplicação do art. 28 do CPP acarretar certo prejuízo à 
imparcialidade do magistrado, é sabido que essa função anômala exercida pelo juiz de fiscalização 
do princípio da obrigatoriedade é extremamente comum no âmbito do processo penal, não apenas 
nos casos de não aditamento espontâneo pelo Promotor de Justiça, mas também nas hipóteses de 
controle judicial do arquivamento do inquérito policial e nos casos de recusa injustificada do ofere-
cimento da proposta de transação penal ou de suspensão condicional do processo. (BRASILEIRO, 
2020, p. 1671).
Voltando ao conceito do instituto, podemos perceber que a situação é muito diferente a 
emendatio libelli, pois nesta não há alteração dos fatos narrados na inicial, que seguem sendo 
os mesmos (alterando-seapenas a capitulação jurídica), enquanto na mutatio libelli há altera-
ção dos fatos narrados na denúncia. Para você tentar visualizar melhor:
3 Não é esse o posicionamento de parte da doutrina, e aqui citamos Leonardo Barreto (ALVES, 2020, p. 231), que assevera 
que “resta prejudicado o disposto no art. 384, §1º do CPP, que fazia menção ao teor do artigo 28 do CPP, hipótese em que, 
no exercício da função anômala de fiscal do principio da obrigatoriedade da ação penal pública, se permitia ao magistrado 
remeter os autos ao Procurador-Geral de Justiça, para que decidisse em definitivo a questão”.
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A mutatio libelli tem total relação com o princípio da congruência ou simetria, pois como 
os fatos narrados na denúncia devem guardar perfeita correlação com a sentença, se houve 
alteração nos fatos é necessário o aditamento da denúncia.
Alguns autores, como Aury Lopes Junior (Lopes Jr., 2010, p. 405) e Leonardo Barreto Mo-
reira Alves (ALVES, 2020, p. 230)4 entendem que não cabe ao juiz provocar o MP para esse 
aditamento, de forma que, caso houvesse a alteração dos fatos durante a instrução, o juiz nada 
poderia fazer, a menos que o MP requeresse vistas para aditamento.
Não coadunamos com esse entendimento e nos posicionamos com Guilherme de Souza 
Nucci (NUCII, 2020, p. 666), pois entendemos que o art. 384, § 1º, do CPP, não faria sentido 
algum caso o juiz não pudesse, de ofício, ao prolatar a sentença, percebendo que ocorreu a mu-
tatio, abrir vistas ao MP para, querendo, oferecer o aditamento. Seria o caso de o juiz prolatar 
um despacho simples, como: “Observa-se que, encerrada a instrução probatória, há possibili-
dade de nova definição jurídica do fato, em tese. Assim, nos termos do art. 384, do CPP, dê-se 
vistas ao MP para, querendo, aditar a denúncia”.
Não é outro o entendimento do STJ:
PENAL. PROCESSO PENAL. RECURSO ESPECIAL. DENÚNCIA. ESTUPRO DE VULNERÁ-
VEL. ART. 217-A DO CÓDIGO PENAL - CP. SENTENÇA CONDENATÓRIA COM DESCLAS-
SIFICAÇÃO PARA O DELITO DE SATISFAÇÃO DE LASCÍVIA MEDIANTE PRESENÇA DE 
CRIANÇA OU ADOLESCENTE. ART. 218-A DO CP.
APELAÇÃO DEFENSIVA PROVIDA PARA ABSOLVER O RECORRIDO. 1) VIOLAÇÃO AO ART. 
619 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL - CPP. INOCORRÊNCIA.
REDISCUSSÃO DE JULGAMENTO. DESNECESSIDADE DE REFUTAR DIRETAMENTE 
RAZÕES DA PARTE QUANDO SE PODE CONCLUIR QUE HOUVE ADOÇÃO DE ENTENDI-
MENTO DIVERSO PELO QUE CONSTOU DO JULGADO. 2) VIOLAÇÃO AO ART. 384 DO 
4 Segundo o autor, “em verdade, não procedendo o órgão ministerial ao aditamento, em prol do sistema acusatório, nenhuma 
providência deve adotar o magistrado, vinculando-se ao conteúdo da peça inicial acusatória, o que muito provavelmente 
resultará na absolvição do réu.
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CÓDIGO DE PROCESSO PENAL - CPP. RECURSO DE APELAÇÃO PROVIDO PARA ABSOL-
VER O RÉU, APÓS CONSTATADA OFENSA AO PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO, ANTE SEN-
TENÇA CONDENATÓRIA POR FATOS NÃO CONTIDOS NA DENÚNCIA. 2.1) VIOLAÇÃO AO 
ART. 25, III, DA LEI N. 8.625/93.
INOCORRËNCIA. INÉRCIA DA ACUSAÇÃO NA ADOÇÃO ESPONTÂNEA DE Mutatio libelli. 
INEXISTÊNCIA DE OBRIGATORIEDADE DE RETORNO DOS AUTOS. 2.2) RECURSO DE APE-
LAÇÃO PROVIDO PARA ABSOLVER O RÉU. Mutatio libelli PROVOCADA. FACULDADE. 2.3) 
TEORIA DA CAUSA MADURA. CABIMENTO. ART.
1.013, § 3º, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL - CPC. ART. 3º DO CÓDIGO DE PROCESSO 
PENAL - CPP. 3) VIOLAÇÃO AO ART. 1.013, § 3º, DO CPC.
JULGAMENTO EXTRA PETITA. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. 4) VIOLAÇÃO AO 
ART. 155, CAPUT, E AO ART. 202, AMBOS DO CPP. CONDENAÇÃO. ÓBICE DO REVOLVI-
MENTO FÁTICO-PROBATÓRIO, VEDADO CONFORME SÚMULA N. 7 DO SUPERIOR TRIBU-
NAL DE JUSTIÇA - STJ. 5) RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. O Tribunal de origem que aponta os motivos do seu convencimento ao apreciar tese da 
parte não incorre em omissão, sendo certo que não está obrigado a refutar diretamente 
todos os pontos deduzidos quando das razões expostas se possa concluir, por dedução 
lógica, pelo não acolhimento do ponto.
2. Conforme art. 384, caput, do CPP, o exercício da mutatio libelli é atribuição espontânea, 
de ofício, da acusação.
2.1. Diante da inércia da acusação, não há que se falar em violação ao seu direito de pro-
mover a ação penal pública constante no art.
25, III, da Lei n. 8.625/93.
2.2. Conforme o art. 384, § 1º, do CPP, a mutatio libelli também pode ser exercida de 
forma provocada pelo magistrado. Constatada ausência de mutatio libelli e ofensa ao 
princípio da correlação pela sentença condenatória, o Tribunal de origem pode tanto deci-
dir sobre o mérito da condenação como é praxe de julgamento do recurso de apelação 
quanto anular a sentença e provocar a mutatio libelli.
2.3. Em reforço, a Teoria da Causa Madura, constante no Código de Processo Civil - CPC, 
aplicável no ponto por força do art. 3º do CPP, expressamente preconiza que o Tribunal 
deve decidir desde logo o mérito quando decretar nulidade da sentença por não ser ela 
congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir (Art.
1.013, § 3º, II, do CPC).
3. O prequestionamento admitido por esta Corte se caracteriza quando o Tribunal de 
origem emite juízo de valor sobre determinada questão, englobando aspectos presentes 
na tese que embasam o pleito apresentado no recurso especial. Assim, uma tese não 
refutada pelo Tribunal de origem não pode ser conhecida no âmbito do recurso especial 
por ausência de prequestionamento. 3.1. No caso em tela, o Tribunal de origem não ana-
lisou a tese de ocorrência de julgamento extra petita.
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3.2. “Mesmo se tratando de nulidades absolutas e condições da ação, é imprescindível 
o prequestionamento, pois este é exigência indispensável ao conhecimento do recurso 
especial, fora do qual não se pode reconhecer sequer matéria de ordem pública, passí-
vel de conhecimento de ofício nas instâncias ordinárias. Súmulas 282/STF e 356/STF” 
(AgRg no AREsp 1229976/RJ, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA 
TURMA, DJe 29/6/2018).
4. No caso em tela, o acolhimento do pleito de condenação demandaria o reexame fáti-
co-probatório, providencia vedada conforme Súmula n. 7 do STJ, porquanto as instâncias 
ordinárias com base na prova produzida, incluindo a palavra da vítima, atestam que os 
fatos descritos na denúncia não ficaram comprovados.
5. Recurso especial conhecido e desprovido.
(REsp 1731183/BA, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em 
01/10/2019, DJe 07/10/2019)
A mutatio libelli não pode ocorrer em segundo grau de jurisdição, como prevê a Súmula 
453 do STF, que tem grande incidência em concursos públicos: “Não se aplicam à segunda 
instância o art. 384 e parágrafo único do CPP, que possibilitam dar nova definição jurídica ao 
fato delituoso, em virtude de circunstância elementar não contida, explícita ou implicitamente, 
na denúncia ou queixa”. Nesse sentido:
HABEAS CORPUS SUBSTITUTO DE RECURSO ESPECIAL.INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. 
CRIME DE RESPONSABILIDADE. DECRETO LEI N. 201/1967.
PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO. Mutatio libelli. RECONHECIMENTO EM SEGUNDO GRAU. 
DEVOLUÇÃO DOS AUTOS AO PRIMEIRO GRAU. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N. 453/STF. 
ABSOLVIÇÃO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO.
1. O Supremo Tribunal Federal, por sua Primeira Turma, e a Terceira Seção deste Superior 
Tribunal de Justiça, diante da utilização crescente e sucessiva do habeas corpus, pas-
saram a restringir a sua admissibilidade quando o ato ilegal for passível de impugnação 
pela via recursal própria, sem olvidar a possibilidade de concessão da ordem, de ofício, 
nos casos de flagrante ilegalidade.
2. O trancamento da ação penal somente é possível, na via estreita do habeas corpus, em 
caráter excepcional, quando se comprovar, de plano, a inépcia da denúncia, a atipicidade 
da conduta, a incidência de causa de extinção da punibilidade ou a ausência de indícios 
de autoria ou de prova da materialidade do delito.
3. O princípio da correlação entre a denúncia e a sentença condenatória representa no 
sistema processual penal uma das mais importantes garantias ao acusado, porquanto 
descreve balizas para a prolação do édito repressivo ao dispor que deve haver precisa 
correspondência entre o fato imputado ao réu e a sua responsabilidade penal. (...) (HC 
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n. 321.154/MG, Rel. Ministro JORGE MUSSI, Quinta Turma, julgado em 13/6/2017, DJe 
22/6/2017).
4. Neste caso, não houve simples modificação da capitulação jurídica atribuída aos fatos, 
o que ensejaria mera emendatio libelli, possível de ser feita tanto pelo juiz quanto pelo 
Tribunal.
Ao contrário, constatou-se que a condenação indicou fatos não descritos na denúncia, 
traduzindo verdadeira mutatio libelli.
5. Portanto, a inexistência de descrição, na denúncia, de fatos que pudessem dar suporte 
à conclusão do magistrado de primeiro grau a respeito da tipificação, caberia ao Tribu-
nal reconhecer a violação ao princípio da correlação e, diante da inviabilidade de mutatio 
libelli em segundo grau, por força do enunciado n. 453 da Súmula do Supremo Tribunal 
Federal, restaria ao Tribunal a quo absolver o réu.
6. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida, de ofício, para determinar o tranca-
mento da Ação Penal n. 0001616-06.2007.8.26.0312.
(HC 534.249/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, jul-
gado em 04/02/2020, DJe 10/02/2020)
Caso o MP não promova o aditamento, nem mesmo com a aplicação analógica do art. 28 
do CPP, o juiz deverá decidir nos termos da denúncia, o que importaria, provavelmente, em ab-
solvição do acusado. Nesse sentido, o art. 384, § 5º, estipula que não recebido o aditamento, 
o processo prosseguirá.
Nada impede que a mutatio libelli seja efetiva em caso de ação penal privada mas, consi-
derando a existência do instituto da perempção, vislumbro apenas a possibilidade da mutatio 
libelli espontânea, e não da provocada.
Caso ocorra o aditamento, o defensor do acusado será ouvido no prazo de 5 dias, antes 
de o juiz receber o aditamento. Admitido o aditamento, o juiz deverá designar dia e hora para a 
continuação da audiência, com oitiva de até 3 testemunhas de cada parte e novo interrogatório 
do réu, debates e julgamento.
Procedimento do aditamento:
Mutatio libelli – aditamento em 5 dias – vista à defesa em 5 dias – recebimento do adita-
mento – audiência de instrução com 3 testemunhas de cada parte e interrogatório do réu – 
debates – julgamento.
O aditamento é vinculador ao magistrado, no sentido de que não pode condenar com base 
na denúncia originária, a princípio. Exceção seria se o aditamento apenas acrescentasse uma 
circunstância qualificadora e o juiz desclassificasse, na sentença. Isso, por óbvio, em caso de 
aditamento espontâneo, não provocado.
Há precedente do STJ no sentido de que o recebimento do aditamento à denúncia que 
acrescenta fato novo é causa interruptiva da prescrição:
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RECURSO ESPECIAL. PENAL. ART. 1º, INCISOS I E II, C.C. O ART. 12, INCISO I, AMBOS DA 
LEI N.º 8.137/90. ADITAMENTO À DENÚNCIA.
INEXISTÊNCIA DE NOVOS FATOS. INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL.
INCABÍVEL. RECONHECIMENTO DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA.
INARREDÁVEL. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO.
1. O aditamento à denúncia é apto a interromper o prazo da prescrição apenas quando, por 
esse meio, são apresentados argumentos que denotam significativa modificação fática.
2. Cotejando os termos da denúncia e do respectivo “aditamento/rerratificação”, verifico 
que, por intermédio desse último, conquanto tenha sido pleiteada a exclusão do pólo pas-
sivo ou absolvição sumária do corréu, não foi trazida à baila inovação substancial quanto 
aos fatos imputados aos Recorrentes, pois tão somente foi explicitada, de maneira minu-
dente, o que já havia sido delineado na peça de ingresso e, assim o fazendo, procedeu-se 
correta capitulação dos delitos.
3. Não tendo sido apresentada inovação factual de expressiva monta por força do adi-
tamento à denúncia - na qual, inclusive, o Parquet estadual, textualmente, afirmou que 
“[...] os fatos em nada tenham sido alterados [...]” -, nos termos da jurisprudência desta 
Corte Superior de Justiça, o recebimento daquela peça processual pelo Juízo primevo 
não representou marco interruptivo da prescrição.
4. As reprimendas impostas aos Recorrentes, com trânsito em julgado para a Acusação, 
foram fixadas em 4 (quatro) anos de reclusão, mais 160 (cento e sessenta) dias-multa. 
Portanto, o prazo prescricional é de 8 (oito) anos, conforme previsão do art. 109, inciso 
IV, do Código Penal. No mesmo prazo, prescreve a pena de multa, nos termos do art. 
114, inciso II, do mesmo Codex. No caso, tal lapso transcorreu entre o recebimento da 
denúncia, em 24/03/2008, e a data da publicação da sentença condenatória, ocorrida em 
03/02/2017.
5. Recurso especial conhecido e provido.
(REsp 1794147/PA, Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, julgado em 05/12/2019, 
DJe 17/12/2019)
Por fim, lembramos que tanto na mutatio quanto na emendatio, caso seja possível a tran-
sação penal, suspensão condicional do processo ou acordo de não persecução penal, devem 
esses institutos ser aplicados em benefício do réu, não havendo se falar em preclusão, o que 
ocorreria apenas com a sentença penal condenatória.
indePendênCia JudiCial na sentença
Segundo o art. 385 do CPP, nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença 
condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reco-
nhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada.
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Assim, o juiz tem independência no momento da prolação da sentença, no que tange à 
ação pública, o que decorre do princípio da obrigatoriedade da ação penal pública.
É de se ressaltar que essa independência não se aplica à ação pena privada, por força do 
institutoda perempção, previsto no art. 60, inciso III, do CPP, que determina que a ação penal 
privada será considerada perempta se o querelante deixar de formular pedido de condenação 
nas alegações finais.
intimação da sentença
É a partir da intimação da sentença que os prazos para embargos de declaração e de ape-
lação começam a correr. O juiz, tradicionalmente, profere a sentença e o escrivão, em seguida, 
certifica nos autos a publicação e providencia as intimações.
O Ministério Público é intimado pessoalmente, conforme previsão do art. 390 do CPP, con-
tando-se o prazo da data da entrada do processo nas dependências da instituição e não de 
quando o promotor apõe a ciência nos autos. Isso foi tema, inclusive, de tese em recurso repe-
titivo, no STJ:
RECURSO ESPECIAL. RECURSO SUBMETIDO AO RITO DOS REPETITIVOS (ART.
1.036 DO CPC C/C O ART. 256, I, DO RISTJ). PROCESSO PENAL E PROCESSO CIVIL. INTI-
MAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. CONTAGEM DOS PRAZOS. INÍCIO.
NECESSIDADE DE REMESSA DOS AUTOS À INSTITUIÇÃO. INTIMAÇÃO E CONTAGEM DE 
PRAZO PARA RECURSO. DISTINÇÕES. PRERROGATIVA PROCESSUAL. NATUREZA DAS 
FUNÇÕES DO MINISTÉRIO PÚBLICO. PECULIARIDADES DO PROCESSO PENAL.
REGRA DE TRATAMENTO DISTINTA. RAZOABILIDADE. INTERPRETAÇÃO DOS ARTS.
18, II, “h”, DA LC N. 75/1993 e 41, IV, DA LEI N. 8.625/1993.
1. A intimação dos atos processuais tem por objetivo dar conhecimento ao interessado 
sobre o ato praticado, permitindo-lhe, eventualmente, a ele reagir, em autêntica expres-
são procedimental do princípio do contraditório, o qual se efetiva no plano concreto com 
a participação das partes no desenvolvimento do processo e na formação das decisões 
judiciais, de sorte a conferir tanto ao órgão de acusação quanto ao de defesa o direito de 
influir, quer com a atividade probatória, quer com a apresentação de petições e arrazoa-
dos, escritos e orais, na formação do convencimento do órgão jurisdicional competente.
2. Na estrutura dialética do processo penal brasileiro, o Ministério Público desempenha 
suas funções orientado por princípios constitucionais expressos, entre os quais se desta-
cam o da unidade e o da indivisibilidade, que engendram a atuação, em nome da mesma 
instituição, de diversos de seus membros, sem que isso importe em fragmentação do 
órgão, porquanto é a instituição, presentada por seus membros, que pratica o ato. 3. 
Incumbe ao Ministério Público a preservação da ordem jurídica, do regime democrático e dos 
interesses sociais e individuais indisponíveis (art. 127 da CF), o que autoriza a otimização da 
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eficiência dos serviços oficiais, dependentes do acompanhamento e da fiscalização de 
vultosa quantidade de processos. Daí a necessidade e a justificativa para que a intimação 
pessoal seja aperfeiçoada com a vista dos autos (conforme disposto expressamente no 
art. 41, IV, da Lei n.
8.625/1993 e no art. 18, II, “h”, da LC n. 75/1993). Raciocínio válido também para a Defen-
soria Pública (arts. 4º, V, e 44, I, da LC n. 80/1994), dada sua equivalente essencialidade à 
função jurisdicional do Estado (art. 134 da CF) e as peculiaridades de sua atuação.
4. Para o escorreito desempenho de suas atribuições constitucionais e legais, a intima-
ção pessoal dos membros do Ministério Público é também objeto de expressa previsão 
no novo CPC, no art. 180 (repetindo o que já dizia o CPC de 1973, em seu art. 236, § 2º), 
semelhantemente ao disposto no art. 370, § 4º, do Código de Processo Penal.
5. A distinção entre intimação do ato e início da contagem do prazo processual permite 
que se entenda indispensável - para o exercício do contraditório e a efetiva realização da 
missão constitucional do Ministério Público - que a fluência do prazo para a prática de 
determinado prazo peremptório somente ocorra a partir do ingresso dos autos na secre-
taria do órgão destinatário da intimação.
Precedentes. 6. Assim, a não coincidência entre a intimação do ato decisório (em audi-
ência ou por certidão cartorial) e o início do prazo para sua eventual impugnação é a 
única que não sacrifica, por meio reflexo, os direitos daqueles que, no âmbito da jurisdi-
ção criminal, dependem da escorreita e eficiente atuação do Ministério Público (a vítima 
e a sociedade em geral). Em verdade, o controle feito pelo representante do Ministério 
Público sobre a decisão judicial não é apenas voltado à identificação de um possível pre-
juízo à acusação, mas também se dirige a certificar se a ordem jurídica e os interesses 
sociais e individuais indisponíveis - dos quais é constitucionalmente incumbido de defen-
der (art. 127, caput, da CF) - foram observados, i.e., se o ato para o qual foi cientificado 
não ostenta ilegalidade a sanar, ainda que, eventualmente, o reconhecimento do vício 
processual interesse, mais proximamente, à defesa.
7. É natural que, nos casos em que haja ato processual decisório proferido em audiência, 
as partes presentes (defesa e acusação) dele tomem conhecimento. Entretanto, essa 
ciência do ato não permite ao membro do Ministério Público (e também ao integrante 
da Defensoria Pública) o exercício pleno do contraditório, seja porque o órgão Ministe-
rial não poderá levar consigo os autos, seja porque não necessariamente será o mesmo 
membro que esteve presente ao ato a ter atribuição para eventualmente impugná-lo.
8. Recurso especial provido para reconhecer a tempestividade da apelação interposta 
pelo Ministério Público Federal e determinar ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região 
que julgue o recurso ministerial.
TESE: O termo inicial da contagem do prazo para impugnar decisão judicial é, para o 
Ministério Público, a data da entrega dos autos na repartição administrativa do órgão, 
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sendo irrelevante que a intimação pessoal tenha se dado em audiência, em cartório ou 
por mandado.
(REsp 1349935/SE, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 
23/08/2017, DJe 14/09/2017)
O querelante e o assistente de acusação serão intimados da sentença pessoalmente ou na 
pessoa de seu advogado, este por meio de publicação oficial. Caso não sejam encontrados, a 
intimação é feita por edital, com prazo de 10 dias.
Preceitua o CPP:
Art. 392. A intimação da sentença será feita:
I – ao réu, pessoalmente, se estiver preso;
II – ao réu, pessoalmente, ou ao defensor por ele constituído, quando se livrar solto, ou, sendo afian-
çável a infração, tiver prestado fiança;
III – ao defensor constituído pelo réu, se este, afiançável, ou não, a infração, expedido o mandado de 
prisão, não tiver sido encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça;
IV – mediante edital, nos casos do no II, se o réu e o defensor que houver constituído não forem 
encontrados, e assim o certificar o oficial de justiça;
V – mediante edital, nos casos do no III, se o defensor que o réu houver constituído também não for 
encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça;
VI – mediante edital, se o réu, não tendo constituído defensor, não for encontrado, e assim o certifi-
car o oficial de justiça.
§ 1º O prazo do edital será de 90 dias, se tiver sido imposta pena privativa de liberdade por tempo 
igual ou superior a um ano, e de 60 dias, nos outros casos.
§ 2º O prazo para apelação correrá após o término do fixado no edital,salvo se, no curso deste, for 
feita a intimação por qualquer das outras formas estabelecidas neste artigo.
Jurisprudência Atinente
RECURSO ESPECIAL. RECURSO SUBMETIDO AO RITO DOS REPETITIVOS (ART. 1.036 DO 
CPC C/C O ART. 256, I, DO RISTJ). PROCESSO PENAL E PROCESSO CIVIL. INTIMAÇÃO DO 
MINISTÉRIO PÚBLICO. CONTAGEM DOS PRAZOS. INÍCIO. NECESSIDADE DE REMESSA 
DOS AUTOS À INSTITUIÇÃO. INTIMAÇÃO E CONTAGEM DE PRAZO PARA RECURSO. DIS-
TINÇÕES. PRERROGATIVA PROCESSUAL. NATUREZA DAS FUNÇÕES DO MINISTÉRIO 
PÚBLICO. PECULIARIDADES DO PROCESSO PENAL. REGRA DE TRATAMENTO DISTINTA. 
RAZOABILIDADE. INTERPRETAÇÃO DOS ARTS. 18, II, “h”, DA LC N. 75/1993 e 41, IV, DA 
LEI N. 8.625/1993.
1. A intimação dos atos processuais tem por objetivo dar conhecimento ao interessado 
sobre o ato praticado, permitindo-lhe, eventualmente, a ele reagir, em autêntica expres-
são procedimental do princípio do contraditório, o qual se efetiva no plano concreto com 
a participação das partes no desenvolvimento do processo e na formação das decisões 
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judiciais, de sorte a conferir tanto ao órgão de acusação quanto ao de defesa o direito de 
influir, quer com a atividade probatória, quer com a apresentação de petições e arrazoa-
dos, escritos e orais, na formação do convencimento do órgão jurisdicional competente.
2. Na estrutura dialética do processo penal brasileiro, o Ministério Público desempenha 
suas funções orientado por princípios constitucionais expressos, entre os quais se desta-
cam o da unidade e o da indivisibilidade, que engendram a atuação, em nome da mesma 
instituição, de diversos de seus membros, sem que isso importe em fragmentação do 
órgão, porquanto é a instituição, presentada por seus membros, que pratica o ato. 3. 
Incumbe ao Ministério Público a preservação da ordem jurídica, do regime democrático e 
dos interesses sociais e individuais indisponíveis (art. 127 da CF), o que autoriza a otimi-
zação da eficiência dos serviços oficiais, dependentes do acompanhamento e da fiscali-
zação de vultosa quantidade de processos. Daí a necessidade e a justificativa para que a 
intimação pessoal seja aperfeiçoada com a vista dos autos (conforme disposto expres-
samente no art. 41, IV, da Lei n.
8.625/1993 e no art. 18, II, “h”, da LC n. 75/1993). Raciocínio válido também para a Defen-
soria Pública (arts. 4º, V, e 44, I, da LC n. 80/1994), dada sua equivalente essencialidade à 
função jurisdicional do Estado (art. 134 da CF) e as peculiaridades de sua atuação.
4. Para o escorreito desempenho de suas atribuições constitucionais e legais, a intima-
ção pessoal dos membros do Ministério Público é também objeto de expressa previsão 
no novo CPC, no art. 180 (repetindo o que já dizia o CPC de 1973, em seu art. 236, § 2º), 
semelhantemente ao disposto no art. 370, § 4º, do Código de Processo Penal.
5. A distinção entre intimação do ato e início da contagem do prazo processual permite 
que se entenda indispensável - para o exercício do contraditório e a efetiva realização da 
missão constitucional do Ministério Público - que a fluência do prazo para a prática de 
determinado prazo peremptório somente ocorra a partir do ingresso dos autos na secre-
taria do órgão destinatário da intimação.
Precedentes. 6. Assim, a não coincidência entre a intimação do ato decisório (em audi-
ência ou por certidão cartorial) e o início do prazo para sua eventual impugnação é a 
única que não sacrifica, por meio reflexo, os direitos daqueles que, no âmbito da jurisdi-
ção criminal, dependem da escorreita e eficiente atuação do Ministério Público (a vítima 
e a sociedade em geral). Em verdade, o controle feito pelo representante do Ministério 
Público sobre a decisão judicial não é apenas voltado à identificação de um possível pre-
juízo à acusação, mas também se dirige a certificar se a ordem jurídica e os interesses 
sociais e individuais indisponíveis - dos quais é constitucionalmente incumbido de defen-
der (art. 127, caput, da CF) - foram observados, i.e., se o ato para o qual foi cientificado 
não ostenta ilegalidade a sanar, ainda que, eventualmente, o reconhecimento do vício 
processual interesse, mais proximamente, à defesa.
7. É natural que, nos casos em que haja ato processual decisório proferido em audiência, 
as partes presentes (defesa e acusação) dele tomem conhecimento. Entretanto, essa 
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ciência do ato não permite ao membro do Ministério Público (e também ao integrante 
da Defensoria Pública) o exercício pleno do contraditório, seja porque o órgão Ministe-
rial não poderá levar consigo os autos, seja porque não necessariamente será o mesmo 
membro que esteve presente ao ato a ter atribuição para eventualmente impugná-lo.
8. Recurso especial provido para reconhecer a tempestividade da apelação interposta 
pelo Ministério Público Federal e determinar ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região 
que julgue o recurso ministerial.
TESE: O termo inicial da contagem do prazo para impugnar decisão judicial é, para o 
Ministério Público, a data da entrega dos autos na repartição administrativa do órgão, 
sendo irrelevante que a intimação pessoal tenha se dado em audiência, em cartório ou 
por mandado.
(REsp 1349935/SE, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 
23/08/2017, DJe 14/09/2017)
AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA. CONSELHEIROS DE TRIBUNAL DE CONTAS ESTADUAL. PRE-
LIMINAR. “DENUNCIA ANÔNIMA”. NEXO CAUSAL. NÃO DEMONSTRAÇÃO. DENÚNCIA. 
APTIDÃO. PREJUÍZO À AMPLA DEFESA. INOCORRÊNCIA. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO 
PUNITIVA EM ABSTRATO. OCORRÊNCIA PARCIAL. PECULATOS. ART. 312, CAPUT, DO CP. 
SAQUES EM ESPÉCIE, NA BOCA DO CAIXA. CHEQUES À ORDEM DO PRÓPRIO SACADOR. 
ART. 9º, I, DA LEI 7.357/85. ASSINATURA. ANVERSO. RESPONSABILIDADE. PRESIDENTE 
DO TCE. ORDENADOR DE DESPESAS. PECULATO-DESVIO. CONFIGURAÇÃO. MATERIALI-
DADE E AUTORIA. COMPROVAÇÃO. MAJORANTE. PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO. Emenda-
tio libelli. ART. 383 DO CPP. RECONHECIMENTO. POSSIBILIDADE. CAUSA DE AUMENTO. 
FUNÇÃO DE DIREÇÃO. ART. 327, § 2º, DO CP. CONTINUIDADE DELITIVA. ART. 71 DO CP. 
EXECUÇÃO HOMOGÊNEA. CONDIÇÕES DE TEMPO E LUGAR. IDENTIDADE. REEMBOLSO 
DE DESPESAS MÉDICAS. ELEMENTO SUBJETIVO. DOLO. COMPROVAÇÃO. AUSÊNCIA. 
PASSAGEM AÉREA. PAGAMENTO PELO ERÁRIO. PROVA. INEXISTÊNCIA. “AJUDA DE 
CUSTO”. RECEBIMENTO. POSSE A TÍTULO ALHEIO. AUSÊNCIA. ATIPICIDADE. QUADRI-
LHA OU BANDO. ART. 288 DO CP. REDAÇÃO ORIGINAL. ESTABILIDADE E PERMANÊNICA. 
COMPROVAÇÃO. AUSÊNCIA. ACUSAÇÃO. PARCIAL PROCEDÊNCIA. EFEITOS SECUNDÁ-
RIOS. PERDA DO CARGO. IMPOSIÇÃO.
1. Cuida-se de denúncia por meio da qual se imputa a JOSÉ JÚLIO DE MIRANDA COELHO, 
AMIRALDO DA SILVA FAVACHO e REGILDO WANDERLEY SALOMÃO, Conselheiros do Tri-
bunal de Contas do Estado do Amapá - TCE/AP, a suposta prática dos crimes de peculato, 
de forma continuada, ordenação despesas sem autorização legal e quadrilha ou bando 
(atual associação criminosa) (arts. 312 c/c 71, 359-D e 288, caput, todos do CP).
2. Segundo a denúncia, os réus teriam: a) efetuado sistemáticos saques em espécie na 
conta corrente do TCE/AP, por meio da emissão de cheques à ordem do próprio sacador 
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(TCE/AP); b) autorizado indevidamente o reembolso de despesas médicas e hospitala-
res; c) pago salários a pessoas estranhas aos quadros de pessoal do TCE/AP;
d) pago passagem aérea de interesse privado com dinheiro público; e) recebido valores a 
título de “ajuda de custo” sem previsão legal;
f) ordenado despesas sem prévia autorização legal; e g) se associado para lesar o patri-
mônio público do TCE/AP.
3. O propósito da presente fase procedimental é determinar se: a) o processo é nulo por 
ter sido embasado unicamente em fatos narrados em delatio criminis anônima; b) ocor-
reu a prescrição da pretensão punitiva em abstrato dos crimes imputados aos réus; c) 
a denúncia é apta; e d) os fatos atribuídos aos réus realmente configuram a prática dos 
crimes que lhes são imputados.
4. A colisão entre valores constitucionais existente na delatio criminis anônima foi resol-
vida pela jurisprudência por meio de aplicação dos princípios da proporcionalidade e da 
razoabilidade, por meio dos quais se repudia o abuso do anonimato e se reforça o dever-
-poder da autoridade responsável de apurar condutas supostamente criminosas.
5. Não há nulidade a ser declarada se a narrativa de delatio criminis anônima for cor-
roborada por elementos informativos complementares obtidos pelas autoridades com-
petentes que denotem a verossimilhança da comunicação, pois o que se veda é que a 
investigação seja lastreada única e exclusivamente nos fatos narrados de forma apó-
crifa. Precedentes.
6. Na hipótese concreta, a guinada das investigações ao TCE/AP, bem como as medidas 
de busca e apreensão domiciliar e quebras de sigilo constitucionais que se seguiram, 
foram fundadas em diversos e entrelaçados fatos concretos da causa, cujas informa-
ções foram complementadas por diligências adicionais, razão pela qual não há cogitar 
de nulidade do inquérito ou do processo, sequer da aplicação da teoria da nulidade por 
derivação (frutos da árvore envenenada).
7. Em razão de um dos réus contar, na data da sentença, mais de 70 (setenta) anos, os seus 
prazos prescricionais devem ser contabilizados à metade, por força do art. 115 do CP.
8. Na hipótese vertente, está prescrita em abstrato a pretensão punitiva relativa aos 
crimes de ordenação de despesas sem autorização legal (art. 359-D do CP), de quadrilha 
(art. 288 do CP, na redação original) e dos peculatos (art. 312, caput, do CP) pelo (i) paga-
mento de servidores sem vínculo com o TCE/AP e (ii) recebimento de “ajuda de custo” 
atribuídos ao réu JOSÉ JÚLIO DE MIRANDA COELHO.
9. A alegação de inépcia da denúncia somente pode ser acolhida quando demonstrada ine-
quívoca deficiência da peça acusatória, capaz de impedir a acusação que é imputada aos 
réus, prejudicando seu exercício de defesa, o que não foi evidenciado na hipótese em exame.
10. O crime de peculato, na modalidade desvio, consuma-se quando à bem público móvel 
é dado destinação ou emprego diverso daquele para o qual ele foi entregue ao agente, 
independentemente da concreta obtenção do proveito próprio ou alheio, sendo, inclusive, 
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dispensável a indicação dos beneficiários da vantagem ou dos destinatários do dinheiro 
desviado. Precedentes.
11. Nos cheques em questão na presente ação penal, o sacador (emitente) é o TCE/AP e 
o beneficiário (tomador) também é o próprio TCE/AP, consistindo em hipótese de emis-
são de cheque à ordem do próprio sacador, prevista no art. 9º, I, da Lei 7.357/85, cujo 
fim único é a movimentação de quantias disponíveis na conta corrente e a obtenção de 
numerário em espécie.
12. A assinatura, pelo Presidente do Tribunal de Contas, na condição de ordenador de 
despesas, de cheque destinado unicamente à obtenção de dinheiro em espécie, não con-
trolado pelo dever de prestar contas, pois contabilizado sob rubrica genérica “outras des-
pesas variáveis”, configura o crime de peculato-desvio (art. 312, caput, segunda figura, do 
CP), por ser ato de execução do desvio do valor público de sua finalidade certa e determi-
nada de ordem pública.
13. No processo penal, o princípio da congruência é norteado pela causae petendi, tendo 
em vista que o réu se defende dos fatos, não da capitulação jurídica correlata promovida 
pelo órgão da acusação.
Precedentes.
14. Por esse motivo, por meio da emendatio libelli, prevista no art.
383 do CPP, é possível o reconhecimento de causa de aumento descrita faticamente na 
denúncia, ainda que não expressamente indicada sua capitulação legal. Precedentes.
15. Como foi narrado na denúncia que as condutas que configuram peculato-desvio 
foram praticadas pelo réu JOSÉ JÚLIO DE MIRANDA COELHJO no exercício do cargo de 
Presidente da Corte de Contas, incide a majorante do art. 327, § 2º, do CP, ante a maior 
reprovabilidade da conduta criminosa decorrente da posição ocupada pelo agente.
16. Quando houver homogeneidade de bens jurídicos atingidos e semelhança de pro-
cesso executório em sua prática - caracterizada pelas condições de tempo, lugar, maneira 
de execução e outros fatores -, aplica-se ao agente a pena de apenas um dos crimes, 
aumentada de um sexto a dois terços, conforme prevê o art. 71, caput, do CP.
17. Em se tratando de aumento de pena referente à continuidade delitiva, aplica-se a 
fração de aumento de 1/6 pela prática de 2 infrações; 1/5, para 3 infrações; 1/4 para 4 
infrações; 1/3 para 5 infrações; 1/2 para 6 infrações e 2/3 para 7 ou mais infrações.
Precedentes.
18. A acusação não se desincumbiu do ônus de comprovar o dolo de JOSÉ JÚLIO DE 
MIRANDA COELHO em autorizar o reembolso indevido de despesas médicas e tampouco 
o efetivo pagamento com recursos do TCE/AP de passagem aérea emitida em favor de 
seu filho.
19. O crime de peculato-apropriação exige que o funcionário público receba o bem, valor 
ou dinheiro público em razão do cargo e no nome da Administração.
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20. É atípica a conduta de receber valores a título próprio, mesmo que o pagamento seja 
indevido, pois, nessa circunstância, não ocorre a inversão do título da posse nem a vio-
lação aos deveres de fidelidade e probidade do funcionário público, necessárias para a 
tipificação do crime de peculato-apropriação (art. 312, caput, primeira figura, do CP).
21. O crime de quadrilha ou bando (art. 288 do CP, na redação original) demanda a 
demonstração da estabilidade e da permanência da associação para cometer crimes 
indeterminados. Precedentes.
22. Na presente hipótese, não foi comprovada a estabilidade e a permanência da parti-
cipação dos réus AMIRALDO DA SILVA FAVACHO e REGILDO WANDERLEY SALOMÃO, o 
que não é suficiente para a adequação dos fatos ao crime do art. 288 do CP.
23. Os efeitos secundários da condenação não se confundem com as penas restritivas 
de direito, sobretudo com a de interdição temporária de direitos, pois são reflexos extra-
penais mediatos da condenação e de duração permanente, podendo ser impostos de 
forma fundamentada na sentença aos condenados por crimes cometidos com abuso de 
poder ou violaçãode dever com a Administração à pena igual ou superior a um ano (art. 
92, I, a, do CP).
24. Na presente hipótese, o crime de peculato-desvio (art. 312, caput, segunda figura, do 
CP), cometido pelos réus, é crime cuja prática ofende o dever de fidelidade do funcionário 
público com a Administração, sobretudo em razão das responsabilidades que o cargo 
público de Conselheiro de Tribunal de Contas deveria observar no controle das despesas 
públicas, e a pena que lhes foi imposta tem duração superior a um ano, o que autoriza a 
decretação da perda do cargo público até então ocupado.
25. Ação penal julgada parcialmente procedente.
(APn 702/AP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, CORTE ESPECIAL, julgado em 03/08/2020, 
DJe 14/08/2020)
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. RÉU DENUNCIADO POR TRÁFICO. FINA-
LIDADE MERCANTIL NÃO EVIDENCIADA. CONDENAÇÃO POR USO DE DROGAS. POSSIBI-
LIDADE. HIPÓTESE DE Emendatio libelli. DECISÃO MANTIDA. AGRAVO IMPROVIDO.
1. Nos termos da jurisprudência desta Corte, a simples posse de drogas, não tendo sido 
comprovada a finalidade de repasse a terceiros, automaticamente enquadra-se no delito 
menos gravoso de posse para consumo, na medida em que o intento de consumo torna-
-se implícito quando negada a finalidade de repasse a outrem, configurando hipótese de 
emendatio libelli, nos termos do art. 383 do Código de Processo Penal, sendo, pois, plena-
mente possível e válida a nova capitulação jurídica frente a descrição fática consignada 
na denúncia.
2. Agravo regimental improvido.
(AgRg no REsp 1861765/RO, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 
19/05/2020, DJe 25/05/2020)
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AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. DECISÃO MONOCRÁTICA. POSSIBILIDADE. 
OFENSA AO PRINCÍPIO DA COLEGIALIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. ART. 210 DO RISTJ. 
PROCESSO PENAL. DENÚNCIA. CRIME DE LATROCÍNIO. DESCLASSIFICAÇÃO. REVOLVI-
MENTO FÁTICO-PROBATÓRIO. INCABÍVEL. Emendatio libelli. ART. 383 DO CPP. MOMENTO 
DO RECEBIMENTO DA EXORDIAL ACUSATÓRIA. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. EXCEP-
CIONALIDADE NÃO CONSTATADA NO PRESENTE CASO. AUSÊNCIA DE FLAGRANTE ILE-
GALIDADE. NOVOS ARGUMENTOS HÁBEIS A DESCONSTITUIR A DECISÃO IMPUGNADA. 
INEXISTÊNCIA. DECISUM MANTIDO. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
I – O julgamento monocrático do writ não representa ofensa ao princípio da colegialidade, 
quando a hipótese se coaduna com o previso no art. 34, XVIII, “a” e “b” ou art. 210, ambos 
do RISTJ, notadamente porque qualquer decisão monocrática está sujeita à apreciação 
do órgão colegiado, em virtude de possibilidade de interposição do agravo regimental, 
como na espécie.
II – Nos termos do art. 159, IV, do RISTJ, não haverá sustentação oral no julgamento de 
agravo.
III – A desclassificação do tipo penal demanda o exame aprofundado do conjunto fáti-
co-probatório dos autos, de forma a concluir-se pela atipicidade da conduta imputada à 
paciente e sua reclassificação, providência inviável de ser realizada no habeas corpus, 
que não admite dilação probatória.
IV – Desde o advento da Lei n. 11.719/2008, tem este Tribunal Superior, em hipóteses 
excepcionais, admitido a alteração da capitulação jurídica (emendatio libelli) da conduta 
quando do recebimento da denúncia, nos casos em que se vislumbra benefício imediato 
ao réu, com a correta fixação da competência ou do procedimento a ser adotado, ou 
mesmo quando, diante do manifesto equívoco na indicação do tipo legal, o delito apa-
rentemente cometido possui gravidade significativamente diversa, com reflexos jurídicos 
imediatos na defesa do acusado. Precedentes.
V – In casu, contudo, o eg. Tribunal estadual não fundamentou o acórdão recorrido em 
qualquer hipótese de excepcionalidade para antecipação da alteração da capitulação jurí-
dica, confirmando a presença de indícios de autoria e materialidade relativos à prática 
do delito de latrocínio. Não se mostra possível, neste momento, discordar das instâncias 
ordinárias, principalmente na estreita via do habeas corpus, ou em seu recurso ordinário, 
e vislumbrar motivação plausível a justificar a desclassificação do tipo penal para outros 
delitos, notadamente diante da dinâmica relatada na exordial acusatória.
VI – Neste agravo regimental não foram apresentados argumentos novos capazes de 
alterar o entendimento anteriormente firmado, devendo ser mantida a decisão impug-
nada por seus próprios e jurídicos fundamentos.
Agravo regimental desprovido.
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(AgRg no HC 564.546/DF, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 
12/05/2020, DJe 18/05/2020)
PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPE-
CIAL. ROUBO MAJORADO. CONTINUIDADE DELITIVA. ANÁLISE COM BASE NA LEGIS-
LAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL. DESNECESSÁRIO INGRESSO NA SEARA CONSTITU-
CIONAL. FATOS NARRADOS NA DENÚNCIA. PRINCÍPIO DA CONGRUÊNCIA OBSERVADO. 
Emendatio libelli. POSSIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
1. Nos casos dos autos, a matéria foi analisada com base na legislação infraconstitucio-
nal porquanto desnecessário ingressar na seara constitucional para o reconhecimento 
da incidência do art. 71 do CP. Uma vez que os fatos estão expressamente narrados na 
denúncia, o agravante pode se defender do que lhe é imputado, não havendo se falar por-
tanto, em violação ao princípio da congruência.
2. Como é cediço, o crime continuado é benefício penal, modalidade de concurso de 
crimes, que, por ficção legal, consagra unidade incindível entre os crimes que o formam, 
para fins específicos de aplicação da pena. Para a sua aplicação, o art. 71, caput, do 
Código Penal, exige, concomitantemente, três requisitos objetivos: I) pluralidade de con-
dutas; II) pluralidade de crime da mesma espécie;
e III) condições semelhantes de tempo lugar, maneira de execução e outras semelhantes, 
além do requisito subjetivo.
3. No caso dos autos, trata-se de dois roubos cometidos mediante similar modus ope-
randi, tendo o réu abordado o caixa da agência dos Correios e subtraído o valor de R$ 
8.725,80 da empresa e a quantia de R$ 280,00 pertencente ao empregado da mesma, 
mediante violência ou grave ameaça. Ademais, as condutas ocorreram nas mesmas con-
dições de tempo e lugar o que permite o reconhecimento da continuidade delitiva.
4. A sentença deve guardar consonância com a descrição fática apresentada na denún-
cia, sob pena de violação ao princípio da congruência. Como a vinculação é com os fatos 
narrados, não está o Magistrado adstrito à classificação penal apresentada pelo Ministé-
rio Público, sendo possível proceder à emendatio libelli, conforme autoriza o artigo 383 do 
CPP. Correto, portanto, o juiz sentenciante que, pela descrição fática operada na denún-
cia, decidiu condenar o recorrido na forma continuada do crime do art. 157, § 2º, I e II, do 
CP, procedendo a emendatio libelli.
5. Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no AREsp 1637200/RO, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA 
TURMA, julgado em 28/04/2020, DJe 04/05/2020)
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. RECEPTAÇÃO. INEXISTÊN-
CIA DE APELO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE ANULAR 
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