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Loucura 
Registros históricos da loucura:
1. Visão Mitologica e religiosa: Homero (700 aC), primeiro autor a tratar da loucura.
· Ilíada e Odisseia.
· Descreve a loucura como Capricho dos Deuses.
· Os deuses homéricos possuíam características antropomórficas.
· Os homens não passavam de bonecos à mercê dos deuses e teriam seu destino conduzido pelas “moiras”, que criava uma aparência de estarem possuídos, o que foi nomeado de “mania” pelos deuses.
2. Visão psicológica: o foco não é mais os deuses, e sim o homem, seus afetos e paixões.
· Esquilo, Sófoles e Eurípedes descrevem diversas formas de loucura e termos utilizados até hoje: delírio, mania e etc.
3. Visão organicista: terapêutica, voltada para o apoio e conforto. 
· Platão: descreve a loucura como um modo dualista, acreditava que a matéria funcionava em harmonia com a alma.
· Alma racional: no cérebro;
· Alma irracional: no tórax. 
· Quando essas almas correm em percursos opostos, em má distribuição dos humores, produz a loucura. 
· Hipócrates: pai da medicina.
· Loucura era resultado de crises no sistema de humores. O cérebro é a sede das emoções e pensamentos.
· Histeria: origem no sistema pélvico, propôs casamento precoce como tratamento. 
· Galeno: loucura é a disfunção encefálica, responsável pela constatação de 7 nervos cranianos, circulação sanguínea nas artérias e a diferenciação dos nervos sensoriais e motores. 
Tempo das Trevas 
Período medieval: loucura atrelada a possessão diabólica.
Renascimento: evoluiu gradativamente, mesmo influenciada por preceitos religiosos.
· Franz Anton Mesmer: desmitificação diabólica dos transtornos mentais através da teoria do “magnetismo animal”.
· Terapia através de barras metálicas e magnetizadas que proporcionavam bem-estar aos enfermos.
· Uso do magnetismo para melhor distribuição dos fluidos pelo, obtendo a cura.
· Philippe Pinel: pai da psiquiatria.
· Perturbações mentais: enfermidades naturais dos humanos.
· Tentou descrever e classificar algumas perturbações mentais: demência precoce ou esquizofrenia. 
· Tratado de Pinel: psiquiatria como especialidade medica designada aos cuidados da loucura.
· Jean-Étinne Dominique Esquirol: cunhou o termo “alucinação”.
· Priorizou os aspectos comportamentais da loucura.
· Diferenciou a demência da amência. 
· Demência: doença mental, louco;
· Amência: deficiência mental, idiota.
· A partir da revolução de Pinel, emerge o confronto de duas tendencias cientificas opostas:
1. Organicistas: doença mental de natureza fisiológica ou de caráter hereditário.
2. Psicogênese: acreditavam em afecções psíquicas (neurose).
· Pierre Brigquet: concebeu os transtornos mentais atrelados a fatores de ordem social e material.
· Condição de vida, trabalho, ciclo da natureza.
· James Braid: um dos primeiros a investigar o estado hipnótico a partir da indução.
· Cunhou o termo “hipnotismo”: procedimento de indução ao estado hipnótico, uma espécie de “sono artificial” (alusão ao deus grego do sono – Hipnos).
· Emil Kraepelin: criador da psiquiatria moderna.
· Doenças psiquiátricas são causadas por desordens genéticas e biológicas. 
· Suas teorias são utilizadas ate hoje.
· Freud e Breuer: estudos sobre a histeria – paciente Anna O. 
· Histeria era o principal diagnostico de mulheres com sintomas de desiquilíbrio mental, e considerada doença exclusiva feminina, causa física tratada com camisa de força, extirpação do útero e masturbação forçada. 
Psicopatologia e seus fenômenos 
Campbell: psicopatologia é o ramo da ciência que trata da natureza essencial da doença ou transtorno mental- suas causas, mudanças estruturais e funcionais. Nem todo estudo psicopatológico segue os ditames de uma ciência dura.
Não inclui critérios de valor e nem aceita dogmas ou verdades a priori, não se julga moralmente o que se estuda, busca apenas observar, identificar e compreender os diversos elementos do transtorno mental. 
Seu campo inclui uma variedade de fenômenos humanos, denominados de doença mental.
· Vivencias, estados mentais e padrões comportamentais que apresentam uma especificidade psicológica e conexões completas com a psicologia do normal.
A psicopatologia, como ciência, exige um rigoroso pensamento conceitual, que seja sistemático e que possa ser comunicado de modo inequívoco.
3 tipos de fenômenos humanos para a psicopatologia:
1. Semelhantes em todas ou quase todas as pessoas: plano dos fenomenos psicológicos, fisiológicos, daquilo que é normal. 
· Todo ou quase todo ser humano sente fome, sede ou sono. 
· A ansiedade perante desafios difíceis, desejo por uma pessoa amada.
· Embora haja uma qualidade pessoal própria para cada ser humano, certas experiencias são basicamente semelhantes para todos.
2. Em partes semelhantes e em partes diferentes: plano em que o psicológico e o psicopatológico se sobrepõem.
· Fenômenos que o ser humano comum experimenta, mas que apenas em parte são semelhantes aos vivenciados pela pessoa com transtorno mental. 
· Todo individuo comum pode sentir tristeza, mas a alteração profunda, que uma paciente com depressão psicótica experimenta é apenas parcialmente semelhante à tristeza normal.
3. Qualitativamente novos, distintos das vivencias normais: campo das ocorrências e vivencias psicopatológicas. 
· São praticamente próprios a apenas certas doenças, transtornos e estados mentais.
· Inclui fenomenos psicóticos, como alucinações e delírios. 
 Normalidade e saúde
O conceito de saúde e normalidade em psicopatologia é controverso.
Historicamente essas noções recebem carga valorativa: definir alguém como normal ou anormal, é associado a “desejável” e “indesejável”. 
O conceito de normalidade implica a própria definição do que é saúde e doença/transtorno mental. 
· Sec. XIX: alienação;
· XX: doença mental;
· Nas ultimas décadas: com o CID e DSM passou a usar o termo transtorno mental. 
Doença: implicaria sempre ou quase sempre alterações patológicas no corpo (cérebro). 
Os temas relacionados ao debate sobre normalidade apresentam desdobramentos em varias áreas da saúde mental e psicopatologia:
1. Psiquiatria, psicologia legal ou forense: pode ter implicações legais, criminais e éticas.
· Alguém normal psicopatologicamente significa que o individuo é plenamente responsável por seus atos e deve responder legalmente por eles. 
· Caso se defina como anormal, que impeça de avaliar a realidade, respeitando as leis da sociedade, ela passa a não ser responsável por seus atos, perdendo a autonomia e a possibilidade de ser acusada judicialmente. 
2. Epidemiologia dos transtornos mentais (psiquiátrica): definição de normalidade é um problema como um objeto de trabalho e pesquisa.
3. Psiquiatria cultural e etnopsiquiatria: tema de pesquisas e debates, se exige o estudo da relação entre o fenômeno patológico e o contexto social, no qual o fenômeno emerge e recebe este ou aquele significado cultural. 
4. Planejamento em saúde mental e politicas de saúde: estabelecer critérios de normalidade, no sentido de verificar as demandas assistenciais de determinado grupo populacional, as necessidades de serviços que devem ser colocados a disposição do grupo.
5. Orientação e capacitação profissional: importantes na definição de capacitação e adequação de um individuo para exercer certa profissão, manipular maquinas, armas, dirigir veículos.
6. Praticas clinicas: capacidade de discriminar se tal fenômeno é patológico ou norma, se faz parte de um momento existencial ou francamente patológico. 
Critérios da normalidade 
Os critérios de normalidade variam em função dos fenômenos específicos com os quais se trabalha. São eles: 
1) Normalidade como ausência de doença: ausência de sintomas, sinais ou doenças. Normal seria aquele individuo que não é portador de transtorno mental definido.
· Critério precário e negativo, pois não define a normalidade por aquilo que supostamente é, mas por aquilo que não é.
2) Normalidade ideal: utopia. Estabelece uma norma ideal, que é sadio, evoluído. Depende de critérios socioculturais e ideológicos arbitrários, dogmáticos e doutrinados.
3) Normalidade estatística:identifica norma e frequência. 
· Aplicada a fenômenos quantitativos, com determinada distribuição estatística na população geral. 
· O normal passa a ser aquilo que se observa com mais frequência. Porem nem tudo que é frequente é saudável. 
4) Normalidade como bem-estar: a OMS definiu a saúde como o completo bem estar físico, mental e social, e não como ausência de doença.
· Criticado por ser muito amplo e impreciso. 
· Bem estar físico, mental e social é utópico, poucas pessoas se encaixariam como saudáveis. 
5) Normalidade funcional: baseia-se em aspectos funcionais e não quantitativos.
· O fenômeno é considerado patológico quando é disfuncional e produz sofrimento para o próprio individuo ou grupo social. 
6) Normalidade como processo: consideram aspectos dinâmicos do desenvolvimento psicossocial, das desestruturações e reestruturações de crises, mudanças próprias a certos períodos etários. 
7) Normalidade subjetiva: ênfase a percepção subjetiva do individuo em relação a seu estado de saúde, vivencias subjetivas.
· Ponto falho: muitas pessoas se sentem bem, mesmo apresentando de fato um transtorno mental grave.
8) Normalidade como liberdade: alguns autores propõem conceituar a doença mental como perda da liberdade existencial. A saúde mental se vincularia às possibilidades de transitar graus distintos de liberdade sobre o mundo e o próprio destino.
9) Normalidade operacional: critério arbitrário. Define o que é normal e o que é patológico e busca trabalhar operacionalmente com esses conceitos. 
Medicalização, psiquiatrização e psicologização 
Medicalização: processo pelo qual problemas não médicos passam a ser definidos e tratados como problemas médicos, frequentemente em termos de doenças ou transtornos.
· Critica: processo ideológico e politico de rotular comportamentos desviantes, moralmente repreensíveis ou mal adaptados e transgressivos como doença, transtorno mental, e assim, regular e controlar melhor, ou desqualificar as pessoas que recebem ral rotulo. 
Na psicopatologia, a medicalização é um conceito que se refere à transformação de comportamentos desviantes em doenças ou transtornos mentais, implicando geralmente a ação do controle e poder medico sobre as condições transformadas em entidades medicas. 
· Medicalização: no inicio do uso do construto, teve sentido de denuncia sobre o chamado “poder medico”.
Psiquiatrização: transformação de problemas não psiquiátricos em psiquiátricos. 
Em países como o Brasil, há o paradoxo de muitas pessoas com transtornos mentais graves não terem acesso a saúde mental adequada, enquanto grupos socioeconomicamente privilegiados, há medicalização e psiquiatrização de condições não medicas. 
Principais campos e tipos da psicopatologia 
Principais características da psicopatologia:
· Multidisciplinaridade de abordagens;
· referenciais teóricos;
· aspecto hibrido em termos epistemológicos. 
É um campo que debate constantemente. O conflito de ideias é necessário.
Principais correntes da psicopatologia: 
· Descritiva X Dinâmica 
Descritiva: interesse na descrição das formas e alterações psíquicas, estruturas de sintomas, aquilo que caracteriza a vivencia patológica como sintoma.
Dinâmica: interesse no conteúdo das vivencias, momentos internos de afeto e tremores do individuo, experiencia particular, pessoal, singular, não necessariamente classificável em sintomas previamente descritos. 
A boa prática em saúde mental implica a combinação hábil e equilibrada de uma abordagem descritiva, diagnóstica e objetiva e de uma abordagem dinâmica, pessoal e subjetiva do paciente e de sua doença.
· Médica X Existencial 
Médico naturalista: noção de ser humano centrada no corpo, no biológico, espécie natural e universal. 
· Adoecimento mental é visto como um mau funcionamento do cérebro.
 Existencial: o paciente é visto como existência singular, como ser lançado a um mundo que é apenas natural e biológico. 
· O transtorno mental não é visto como disfunção biológica ou psicológica, mas como um modo particular de existência. 
· Comportamental e cognitivista X psicanalítica
Comportamental: o ser humano é um conjunto de comportamentos observáveis, regulados por estímulos específicos, bem como suas respostas.
· O comportamento se baseia em leis e determinantes do aprendizado. 
Perspectiva cognitivista: foco nas representações cognitivas de cada individuo. 
· As cognições seriam vistas como essenciais ao funcionamento mental, tanto normal como patológico.
· Os sintomas resultam de comportamentos e representações cognitivas disfuncionais, aprendidas e reforçadas pela experiência familiar e social. 
Visão psicanalítica: o ser humano é visto como ser “sobredeterminado”, dominado por forças, desejos e conflitos inconscientes.
· Dá grande importância aos afetos que dominam o psiquismo.
· Sintomas e síndromes são formas de expressão de conflitos inconscientes, desejos que não podem ser realizados, temores que o individuo não tem acesso.
· O sintoma é encarado como uma formação de compromisso, um arranjo entre o desejo inconsciente, normas e permissões culturais e as possibilidades reais de satisfação desse desejo.
· Categorial X dimensional
Entidades nosológicas ou doenças mentais especificas: entidades completamente individualizadas, com contornos e fronteiras bem demarcados.
Categorias diagnosticas: espécies únicas, espécies biológicas, cuja identificação precisa constituiria uma das tarefas da psicopatologia.
· Entre a esquizofrenia, transtornos bipolares e delirantes haveria uma fronteira nítida, configurando-os como entidades ou categorias diagnosticadas diferentes e discerníveis em sua natureza básica.
Perspectiva dimensional: hipoteticamente mais adequada à realidade clinica.
· O espectro esquizofrênico incluiria desde formas graves, tipo demência precoce, formas menos deteriorantes, formas com sintomas afetivos.
· Algumas polaridades dimensionais em psicopatologia seriam: 
· esquizofrenia deficitária, benigna, psicoses esquizoafetivas, transtornos afetivos com sintomas psicóticos, transtornos afetivos menores;
· depressões graves, depressão bipolar, depressão moderada, distimia, personalidade depressiva, depressão subclínica;
· Biológica X sociocultural 
Biológica: enfatiza aspetos cerebrais, neuroquímicos ou neurofisiológicos das doenças e dos sintomas mentais. 
· A base de todo transtorno mental consiste em alterações de mecanismos neurais e de determinadas áreas e circuitos cerebrais.
· Griesinger: doenças mentais devem ser vistas como afecções do cérebro. 
Sociocultural: estudar transtornos mentais como comportamentos desviantes que surgem a partir de certos fatos socioculturais, como discriminação, pobreza, migração, estresse ocupacional, desmoralização sociofamiliar. 
· Sintomas e transtornos devem ser estudados no seu contexto sociocultural, simbólico e histórico. 
· Operacional-pragmática X fundamental 
Operacional-pragmática: definições de transtornos mentais e sintomas são formuladas e tomadas de modo arbitrário, em função de sua utilidade pragmática, clinica ou orientada à pesquisa.
· Não questiona a natureza da doença ou sintoma, tampouco os fundamentos filosóficos ou antropológicos de determinada definição. 
· Modelo adotado pelo DSM-5, CID 11 e OMS.
Fundamental: centrar a atenção da pesquisa psicopatológica sobre os fundamentos históricos e conceituais de cada conceito psicopatológico, os quais incluem não apenas a tradição medica da psicopatologia, mas também das tradições literárias, artísticas e outras áreas das humanidades. 
· Dá ênfase à noção de doença mental como páthos – sofrimento, paixão e passividade, ao ser narrado ao interlocutor pode ser transformado em experiencia e enriquecimento. 
Contribuições da psicologia à psicopatologia
A psicologia em suas áreas tem fornecido contribuições fundamentais à ciência, sendo fonte de consulta, inspiração e orientação à psicopatologia geral. 
Relações da psicopatologia com a psicologia geral
1. Psicopatologia como “patologia do psicopatológico”: a psicopatologia é como um ramo da psicologia geral. 
· Se apsicologia é estudo simétrico da vida psíquica normal, a psicopatologia deveria ser não uma disciplina autônoma, mas uma parte ou ramo da psicologia geral, uma subdisciplina que estuda fenômenos anormais. 
· Os fenômenos psicopatológicos seriam derivados dos fenômenos normais.
2. Psicopatologia como “psicologia (especial) do patológico” (da mente alterada ou patológica): a psicopatologia seria uma ciência autônoma, porque entraria uma serie de fenômenos especiais que não representam alterações quantitativas do normal, simples desvios do normal.
· Fenômenos psicopatológicos seriam produções novas, como o delírio verdadeiro, alucinações verdadeiras, alterações de humor do transtorno bipolar.
· Seriam fenômenos originais, descontínuos, não deriváveis dos fenômenos psicopatológicos normais. 
3. Psicopatologia como semiologia psiquiátrica: a psicopatologia se concentraria na descrição e no estudo dos sintomas e sinais dos transtornos mentais.
· Perspectiva menos ambiciosa de ciência, mas de grande relevância para o avanço do conhecimento. 
4. Psicopatologia como propedêutica psiquiátrica: a psicopatologia passa a ser vista como o campo de estudo dos princípios e dos métodos de estudo do adoecimento mental, a ciência introdutória e previa à psiquiatria e psicologia clinica. 
· Visaria elucidar as bases conceituais e epistêmicas da pratica clinica em saúde mental, psiquiátrica e psicologia clinica como campos de saber.
· Seria uma disciplina introdutória, preparatória.
Semiologia 
Semiologia: ciência dos signos.
· Signo é o elemento nuclear da semiologia, é um tipo de sinal.
· Sinal: qualquer estimulo emitido pelos objetos do mundo. Ex: a fumaça é um sinal do fogo, a cor vermelha do sangue.
· O signo é um sinal especial, sempre promovido de significação. 
· Não se restringe à medicina, psiquiatria ou psicologia.
· Campo importante para o estudo da linguagem, musica, arte e todos os campos de conhecimento e atividades humanas que incluam a interação e comunicação entre dois interlocutores por meio de sistemas de signos.
· Mesmo relacionada à linguística, não se limita a ela, uma vez que o signo transcende a esfera da língua.
· Signos: gestos, atitudes, comportamentos não verbais, sinais matemáticos, signos musicais.
Semiologia psicopatológica: estudo dos sinais e sintomas dos transtornos mentais. 
Semiologia medica: estudo dos sintomas e sinais das doenças, que permite ao profissional da saúde identificar alterações físicas e mentais, ordenar fenômenos observados, formular diagnósticos e empreender terapêuticas.
· Ex de signo como sinal especial: a febre pode ser um sinal/signo de uma infecção, ou a fala rápida e fluente pode ser um sinal/signo de uma síndrome maníaca.
· A semiologia medica e psicopatológica tratam dos signos que indicam a existência de transtornos e patologias. 
 Charles Morris: discrimina 3 campos no interior da semiologia: 
a) Semântica: responsável pelo estudo das relações entre os signos e os objetos a que se referem;
b) Sintaxe: compreende as regras e leis que regem as relações entre os vários signos de um sistema;
c) Pragmática: ocupa das relações entre os signos e seus usuários.
Signos de maior interesse para a psicopatologia: sinais comportamentais objetivos, verificáveis pela observação do paciente e os sintomas, ou seja, vivencias subjetivas relatadas pelos indivíduos, suas queixas. 
Sá Junior: 
1. Sintomas 
1.1. Sintomas objetivos: observados pelo examinador.
1.2. Sintomas subjetivos: percebidos apenas pelo paciente.
2. Sinais: dados elementares das doenças que são provocados (ativamente evocados) pelo examinador. 
Todo signo é constituído de dois elementos:
a. Significante: suporte material, veiculo do signo;
b. Significado: designado e que está ausente, conteúdo do veiculo. 
As relações entre significado e significante de um signo, há 3 tipos de signos:
1) Ícone: signo que o elemento significante evoca o significado, graças a uma semelhança entre eles, como se o significante fosse uma fotografia do significado;
· O desenho de uma casa no papel pode ser considerado um ícone do objeto casa.
2) Indicador: relação entre o significante e o significado é de contiguidade, o significante é um índice, algo que aponta para o objeto significado.
· A nuvem é um indicador da chuva.
3) Símbolo: o elemento significante e o objeto ausente (significado) são distintos em aparência e sem relação de contiguidade. Não há relação direta entre eles.
· Relação convencional e arbitraria.
· Entre o conjunto de letras C-A-S-A e o objeto “casa” não há semelhança, que constitui uma relação totalmente convencional. 
· O sentido e o valor de um símbolo dependem das relações que este mantem com os outros símbolos do sistema simbólico total, depende da ausência ou presença de outros símbolos que expressam significados próximos ou antagônicos. 
Sintomas: estrutura básica, é em tese, universal.
· Independe de fatores históricos e culturais.
· Ex: processo alucinatório; ideia obsessiva; formação do delírio.
· Manifestação subjetiva de um estado patológico, que é percebido e descrito pela pessoa. 
· Menos observáveis e menos quantificáveis, mais complexos e menos constantes. 
· Conteúdo dos sintomas: preenche a alteração formal, depende da historia pessoal e cultural, do momento histórico em que vive, da educação, experiencias passadas.
· Não é universal, depende de experiencias particulares do individuo. 
Sinais: manifestação ou indicador objetivo de um processo ou estado patológico.
· É observado pelo clinico;
· São observáveis, quantificáveis, simples e constantes. 
· Ansiedade: taquicardia, piloereção, contração muscular;
· Esquizofrenia: desarmonia dos movimentos, expressão linguistica incoerente;
· Depressão: pregas de Verraguth (pálpebra), sinal do ômega (testa) e lentificação. 
Síndromes e transtornos: 
· Síndrome: conjunto de sinais e sintomas observados de forma recorrente na pratica clínica.
· Construto descritivo.
· Transtorno: presença de comportamentos ou padrões de conduta, ou grupo de sintomas bem delimitados e identificáveis na exploração clínica.
Entidades nosológicas, doenças ou transtornos: fenomenos mórbidos nos quais podem-se identificar certas causas ou fatores causais, o curso relativamente homogêneo, certos padrões evolutivos e estados terminais típicos.
· Busca-se identificar mecanismos psicológicos e psicopatológicos característicos. 
· Fatores e elementos causais determinados.
· Prognostico determinado.
· É mais um sinal que uma realidade.
Entrevista psicopatológica: 
1. Anamnese: historia de vida e da doença;
2. Exame clinico/físico;
3. Exame neurológico;
4. Exame psíquico.
= plano terapêutico e hipótese diagnostica. 
· Exame psíquico: verificar, estudar, investigar as funções psíquicas, seu padrão e alteração.
· Ter um roteiro completo de exame.
· Relatar observações clinicas de forma clara;
· Escrevendo entende-se melhor a experiência, sintomas e psicopatologia;
· Protege o profissional de acusações futuras;
· Redação clara e aprofundada dos pontos principais, gerais e abrangentes nos pontos;
· Evitar uso de termos técnicos;
· Português simples e correto;
DSM-5 e CID 10
CID: Classificação estatística internacional de doenças
É um produto do qual a OMS se orgulha, pois permite entender muito sobre o que faz as pessoas adoecerem e morrerem e agir para evitar sofrimento e salvar vidas. 
· CID 6: 1948;
· Inclui doenças não fatais ate o CID 9;
· CID 10: revisão radical em 1983, com o conselho de Genebra.
· Aprovada em 1989;
· instrumentos de base epidemiológica que organiza informações sobre doenças, sinais, sintomas, achados anormais, queixas, circunstâncias sociais e causas externas.
· Principal inovação: uso de um esquema de código alfanumérico que consiste em uma letra seguida de 3 numeros a nível de 4 camadas.
· Isso dobrou o tamanho do conjunto de códigos quando comparada a 9ª revisao e possibilitou que para a grande maioria dos capítulos, fosse atribuída uma única letra, cada uma das quais possibilitando 100 categorias de 3 caracteres. 
DSM: Manual diagnostico e estatístico dostranstornos mentais
Manual para profissionais da saúde mental que lista diferentes categorias de transtornos mentais e critérios para diagnostica-los, de acordo com a APA (Associação Americana de Psiquiatria).
É utilizado por clínicos, pesquisadores, companhias de seguro, indústria farmacêutica e parlamentos políticos.
Referencia para a pratica clinica na saúde mental.
Sua visão dinâmica e clinica foi dando lugar a uma visão biológica e neurocientífica.
A ideia foi criar uma linguagem comum para profissionais de diferentes orientações e áreas se comunicarem.
· DSM III: 1980.
· Psiquiatria legitima-se mundialmente;
· Preocupação politica, satisfazendo as minorias.
· Aliança com a indústria farmacêutica.
· DSM IV: 1994.
· Utiliza-se língua da norma.
· Poucas mudanças.
· DSM V: abordagem dimensional do diagnostico.
· Surge um leque maior, inclusão de transtornos não especificados no autismo, transtorno alimentar e transtorno de personalidade.
· Compartilhamento de sintomas, fatores de risco e comorbidades. 
Lei Nº10.216 de 6 de abril de 2001
Proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental.
· Art. 1º: direitos e proteção para pessoas com transtorno mental, assegurados sem qualquer discriminação de raça, cor, sexo, orientação sexual, religião, opção politica, nacionalidade, idade e etc. 
· Art. 2º: nos atendimentos em saúde mental, a pessoa e seus familiares são formalmente cientificados dos direitos enumerados:
1. Acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde;
2. Tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde e sua recuperação;
3. Ser protegida de qualquer forma de abuso;
4. Garantia de sigilo;
5. Direito à presença medica;
6. Livre acesso aos meios de comunicação;
7. Receber maior numero de informações a respeito de sua doença e tratamento;
8. Tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos;
9. Ser tratada em serviços comunitários de saúde mental.
· Art. 3º: responsabilidade do Estado desenvolver politicas de saúde mental, assistência e promoção de saúde, com a participação da sociedade e família.
· Art.4º: internação só será iniciada quando os recursos extra-hospitalares forem suficientes. 
· Art.5º: o paciente hospitalizado ou em grave dependência, sera objetivo da politica especifica de alta planejada e reabilitação psicossocial assistida, sob responsabilidade de autoridade sanitária.
· Art. 6º: internação psiquiátrica somente sera realizada mediante laudo medico que caracterize os seus motivos.
· Tipos de internação:
1. Voluntaria: com consentimento;
2. Involuntária: sem o consentimento e a pedido de terceiros;
3. Compulsória: determinada pela Justiça.
· Art. 7º: a pessoa que solicita voluntariamente sua internação, deve assinar um adeclaraçao.
· Art. 8º: a internação só sera autorizada por medico registrado no CRM.
· Art. 9º: a internação compulsória é determinada pelo juiz.
· Art. 10º: evasão, transferência, acidente, falecimento, serão comunicados pela direção do estabelecimento aos familiares.
· Art. 11º: pesquisas cientificas para fins diagnósticos não põem ser realizadas sem consentimento do paciente.
· Art. 12º: o conselho nacional de saúde criará comissão nacional para acompanhar a implementação da lei.
Declaração de Caracas
Marca as reformas de atenção à saúde mental nas Américas.
VERIFICANDO,
1. Que a assistência psiquiátrica convencional não permite alcançar objetivos compatíveis com um atendimento comunitário, descentralizado, participativo, integral, contínuo e preventivo;
2. Que o hospital psiquiátrico, como única modalidade assistencial, impede alcançar os objetivos já mencionados ao:
a) isolar o doente do seu meio, gerando, dessa forma, maior incapacidade social;
b) criar condições desfavoráveis que põem em perigo os direitos humanos e civis do enfermo;
c) requerer a maior parte dos recursos humanos e financeiros destinados pelos países aos serviços de saúde mental; e
d) fornecer ensino insuficientemente vinculado com as necessidades de saúde mental das populações, dos serviços de saúde e outros setores.
CONSIDERANDO,
1. Que o Atendimento Primário de Saúde é a estratégia adotada pela Organização Mundial de Saúde e pela Organização Panamericana de Saúde e referendada pelos países membros para alcançar a meta de Saúde Para Todos, no ano 2000;
2. Que os Sistemas Locais de Saúde (SILOS) foram estabelecidos pelos países da região para facilitar o alcance dessa meta, pois oferecem melhores condições para desenvolver programas baseados nas necessidades da população de forma descentralizada, participativa e preventiva;
3. Que os programas de Saúde Mental e Psiquiatria devem adaptar-se aos princípios e orientações que fundamentam essas estratégias e os modelos de organização da assistência à saúde.
DECLARAM
1. Que a reestruturação da assistência psiquiátrica ligada ao Atendimento Primário da Saúde, no quadro dos Sistemas Locais de Saúde, permite a promoção de modelos alternativos, centrados na comunidade e dentro de suas redes sociais;
2. Que a reestruturação da assistência psiquiátrica na região implica em revisão crítica do papel hegemônico e centralizador do hospital psiquiátrico na prestação de serviços;
3. Que os recursos, cuidados e tratamentos dados devem:
a) salvaguardar, invariavelmente, a dignidade pessoal e os direitos humanos e civis;
b) estar baseados em critérios racionais e tecnicamente adequados;
c) propiciar a permanência do enfermo em seu meio comunitário;
4. Que as legislações dos países devem ajustar-se de modo que:
a) assegurem o respeito aos direitos humanos e civis dos doentes mentais;
b) promovam a organização de serviços comunitários de saúde mental que garantam seu cumprimento;
5. Que a capacitação dos recursos humanos em Saúde Mental e Psiquiatria deve fazer-se apontando para um modelo, cujo eixo passa pelo serviço de saúde comunitária e propicia a internação psiquiátrica nos hospitais gerais, de acordo com os princípios que regem e fundamentam essa reestruturação;
6. Que as organizações, associações e demais participantes desta Conferência se comprometam solidariamente a advogar e desenvolver, em seus países, programas que promovam a Reestruturação da Assistência Psiquiátrica e a vigilância e defesa dos direitos humanos dos doentes mentais, de acordo com as legislações nacionais e respectivos compromissos internacionais.
Para o que SOLICITAM
Aos Ministérios da Saúde e da Justiça, aos Parlamentos, aos Sistemas de Seguridade Social e outros prestadores de serviços, organizações profissionais, associações de usuários, universidades e outros centros de capacitação e aos meios de comunicação que apoiem a Reestruturação da Assistência Psiquiátrica, assegurando, assim, o êxito no seu desenvolvimento para o benefício das populações da região.

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