Buscar

Histórico e fundamentos constitucionais

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 42 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 42 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 42 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

2
FACULDADE PITÁGORAS
THIAGO CÉSAR SANTOS FIGUEIREDO
TEORIA GERAL DO DIREITO
Resumo da Unidade 1 e Unidade 2
ITABIRA – MG
ABRIL/2022
THIAGO CÉSAR SANTOS FIGUEIREDO
TEORIA GERAL DO DIREITO
Resumo da Unidade 1 e Unidade 2
Trabalho acadêmico sobre histórico e fundamentos do constitucionalismo brasileiro, apresentado ao professor Lucas Demian Almeida Torres, do curso de Direito, da instituição de ensino Faculdade Pitágoras.
Orientador: Lucas Demian Almeida Torres.
ITABIRA – MG
ABRIL/2022
SUMÁRIO
1	SENTIDOS E CONCEITOS DA CONSTITUIÇÃO	3
1.1	O que é Constituição?	3
1.2	Sentido Sociológico	3
.	3
1.3	Sentido político	3
1.4	Sentido jurídico	4
1.5	Sentido Culturalista:	4
1.6	Sentido Aberto	4
2	HISTÓRICO DAS CONSTITUIÇÕES	4
3	CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES	6
3.1	Quanto a Origem	6
3.2	Quanto ao conteúdo	7
3.3	Quanto à forma:	8
3.4	Quanto a extensão:	9
3.5	Quanto ao modo de elaboração	9
3.6	Quanto a ideologia	9
4	ELEMENTOS DA CONSTITUIÇÃO	10
4.1	Elementos orgânicos	10
4.2	Elementos limitativos	10
4.3	Elementos socioideológicos	10
4.4	Elementos de estabilização constitucional:	10
4.5	Elementos formais de aplicabilidade:	10
5	FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS E POLÍTICOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1998	10
5.1	Princípios e regras	10
6	PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS	11
Soberania: relaciona-se ao poder político supremo, no plano interno, e independente, no plano internacional.	12
Princípio da soberania popular:	12
6.1	Princípio fundamental da soberania nacional	12
6.2	Princípio da cidadania:	13
6.3	Dignidade da pessoa humana:	13
6.4	Pluralismo político:	13
7	OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL	14
8	PRINCÍPIOS QUE REGEM A REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL EM SUAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS:	14
9	PRINCÍPIOS GERAIS DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO	14
9.1	Princípio da separação dos poderes:	14
9.2	Princípio federativo:	15
9.3	Princípio republicano	16
9.4	Democracia	16
9.5	Princípio da legalidade	17
10	MUTAÇÃO E REFORMA CONSTITUCIONAL	17
10.1	Poder constituinte	17
10.2	Poder constituinte derivado:	18
11	PREÂMBULO	19
11.1	Conceito	19
12	ADCT	20
13	SEÇÃO 3: MÉTODOS, LIMITES, PRINCÍPIOS E REGRAS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL	20
13.1	Interpretação e hermenêutica	20
14	PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO	22
14.1	Princípio da supremacia constitucional	23
14.2	O princípio da presunção de constitucionalidade	23
14.3	Teoria dos Poderes Implícitos	24
15	CONCEITO E DISTINÇÃO DE VALIDADE, VIGÊNCIA, EFICÁCIA (TÉCNICA JURÍDICA - SOCIAL)	24
16	TEORIA DA APLICABILIDADE	26
17	SÍNDROME DA INEFETIVIDADE DA NORMA CONSTITUCIONAL	27
18	NORMA EUXARIDA E DE APLICABILIDADE ESGOTADA.	27
19	SEÇÃO 2: ESTADO E FEDERAÇÃO	27
19.1	Análise dos elementos do estado, conforme definiu Hans Kelsen: população, território e poder.	27
20	DEFINIÇÃO DE SOBERANIA, AUTONOMIA E DESCENTRALIZAÇÃO	28
21	CLASSIFICAÇÃO DAS FORMAS DE ESTADO (UNITÁRIO E FEDERAL	28
22	DEFINIÇÃO DO ESTADO UNITÁRIO E SUAS VARIAÇÕES: ESTADO REGIONAL E ESTADO AUTONÔMICO.	29
22.1	Estado regional:	30
22.2	Estado Unitário, Estado Regional, Estado Federal	30
22.3	Características do estado federal:	33
23	FEDERAÇÃO NA CF/88	34
23.1	Histórico da federação brasileira.	34
23.2	Características da federação brasileira: União, Estados, Distrito Federal, Municípios e Territórios.	34
23.3	Repartição de competências: competência privativa, competência concorrente e competência comum.	36
23.4	Fundamentos e objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil.	36
23.5	Entes Federados e intervenção	36
23.6	Estados-membros e DF: definição, características	36
REFERÊNCIAS	39
	
SENTIDOS E CONCEITOS DA CONSTITUIÇÃO
O que é Constituição?
	A Constituição é a norma fundamental e suprema que rege a organização e o funcionamento do Estado. Segundo José Afonso da Silva (2015, p. 39-40), “é um sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regula a forma do Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição e exercício de poder, o estabelecimento de seus órgãos, os limites de sua ação, os direitos fundamentais do homem e as respectivas garantias. Em síntese, a constituição é o conjunto de normas que organiza os elementos constitutivos do Estado”. No entanto, a definição de Constituição aceita outras acepções. As mais usadas são:
Sentido Sociológico
Teoria criada por Ferdinand Lassalle, na qual a constituição deve representar a soma dos fatores reais do poder que nele atuam. segundo Ferdinand Lassale (ALEXANDRINO, 2013, p. 3-4): para ser real Constituição, a norma deve refletir a soma dos fatores reais de poder, que são os elementos sociais, ou seja, a vontade social. Se a norma denominada Constituição não refletir a vontade social, ela será uma mera folha de papel em branco, ou seja, uma norma sem força normativa, uma norma que não é capaz de gerar efeitos.
Sentido político
	De acordo com Carl Schmitt (ALEXANDRINO, 2013, p. 6-7): a Constituição é uma decisão política fundamental, obra do poder constituinte, que deve refletir a decisão de governo, relativas a direitos fundamentais, princípios fundamentais e organização política do Estado. Assim, todas as normas inseridas na Constituição são consideradas formalmente constitucionais, mas só aquelas que tratarem de direitos fundamentais, princípios fundamentais e organização política do Estado são materialmente constitucionais. Segundo esse autor, a decisão política é quem dá existência à constituição, da qual é gerada de um ato constituinte, fruto de uma vontade política fundamental. Ele estabeleceu uma importante diferença entre constituição e leis constitucionais, na qual a constituição seria a disposição acerca das decisões políticas fundamentais, tais como a forma de Estado e de governo, o sistema de governo, a estrutura do Estado, direitos fundamentais, entre outros. As demais disposições seriam apenas leis constitucionais.
Sentido jurídico
Teoria criada por Hans Kelsen, denominada Teoria Pura do Direito, segundo a qual a Constituição seria uma norma pura, suprema e positivada de cumprimento obrigatório. Conforme Hans Kelsen (ALEXANDRINO, 2013, p. 5-6): a Constituição é a norma jurídica pura, que não se vincula a valores sociológicos, políticos ou filosóficos, dotada de eficácia jurídica per se. Considerada norma hipotética fundamental (norma imaginada, pressuposta, que não possui fundamento de validade próprio), tem se o sentido lógico-jurídico de Constituição. Ao considerar que ela é fundamento de validade de todas as outras normas, em posição de supremacia, tem-se a concepção jurídico-positiva. Assim, Kelsen coloca a Constituição no topo da pirâmide normativa, por dispor sobre como todas as demais normas devem ser elaboradas. Embaixo dela estão todas as normas infraconstitucionais, que são desprovidas de supremacia. Essa ideia ganhou uma famosa ilustração: a pirâmide normativa de Kelsen. 
Sentido Culturalista: 
No sentido culturalista, encontra-se o conceito de constituição total, representando, entre outros, os aspectos jurídicos, sociológicos e filosóficos. Segundo essa teoria, a constituição deve ser percebida como realidade social, decisão política fundamental e norma suprema positivada, ou seja, abarca todas as anteriores teorias. Seus propulsores, no Brasil, foram Konrad Hesse, Peter Haberle e Paulo Bonavides.
Sentido Aberto
Peter Häberle e Carlos Alberto Siqueira Castro. Leva em consideração que a constituição tem objeto dinâmico e aberto, para que se adapte às novas expectativas e necessidades do cidadão. Se for aberta, admite emendas formais (EC) e informais (mutações constitucionais), está repleta de conceitos jurídicos indeterminados.
HISTÓRICO DAS CONSTITUIÇÕES
(1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967/69 e 1988.)
Promulgada no dia 5 de outubro de 1988, durante o governo de José Sarney, a Constituição em vigor, conhecida por "Constituição Cidadã", é a sétima adotada no país e tem como um de seus fundamentos dar maior liberdade e direitos ao cidadão - reduzidos durante o regime militar - e manter o Estado como república presidencialista. As Constituições anteriores sãoas de 1824, 1891, 1934, 1937, 1946 e 1967. 
Das sete Constituições, quatro foram promulgadas por assembleias constituintes, duas foram impostas - uma por D. Pedro I e outra por Getúlio Vargas - e uma aprovada pelo Congresso por exigência do regime militar. Na história das Constituições brasileiras, há uma alternância entre regimes fechados e mais democráticos, com a respectiva repercussão na aprovação das Cartas, ora impostas, ora aprovadas por assembleias constituintes. Abaixo, um resumo das medidas adotadas pelas Constituições do país: 
1824 – Foi a primeira Constituição brasileira, outorgada ainda no período imperial por Dom Pedro I, após a declaração da independência brasileira em 7 de setembro de 1822. Nela reconheceram-se quatro poderes: Executivo, Legislativo, Judiciário e Moderador, que legitimava a intervenção do Imperador nos demais poderes.
1891 – A Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil foi promulgada após a Proclamação da República. Além dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, harmônicos e independentes entre si, elegeu a soberania popular como um de seus órgãos fundantes.
1934 – A Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil foi promulgada após a Revolução de 1930, que determinou a queda do presidente Washington Luís e a ascensão de Getúlio Vargas. Ela foi influenciada pela Constituição de Weimar e criou normas programáticas correlatas a direitos sociais. 1937 – A Constituição dos Estados Unidos do Brasil, mais conhecida como Constituição do Estado Novo ou Constituição Polaca, foi outorgada em 10 de novembro de 1937 e, a exemplo da Polônia, concentrava poderes nas mãos do Presidente da República, Getúlio Vargas.
1946 – A Constituição dos Estados Unidos do Brasil foi promulgada em 18 de setembro de 1946, após a queda de Getúlio Vargas e instalação de nova assembleia constituinte. Foi a primeira Constituição que teve participação em sua elaboração da bancada comunista no Congresso. Consagrou especialmente os direitos correlatos à liberdade individual. 1967 – Constituição do Brasil outorgada em 24 de janeiro de 1967, após o golpe militar de 1964, quando o presidente João Goulart, o Jango, foi deposto. Instalou-se o Estado de Exceção e a noção de Estado Democrático de Direito foi mitigada. Para institucionalizar o regime militar, determinou a prevalência do Poder Executivo sobre o Judiciário e o Legislativo. Estabeleceu, ainda, eleições indiretas para presidente, com mandato de cinco anos, e restrição ao direito de greve. Em 17 de outubro de 1969, foi editada a Emenda Constitucional 01, que conferiu aos Atos Institucionais, editados até então pelo 20 U1 - Constituição e hermenêutica regime militar, o caráter de normas constitucionais. Pelo fato de essa emenda não ter apenas trazido as alterações a serem promovidas no texto constitucional, reeditando todo o texto da Constituição de 1967 com as respectivas modificações, muitos a elencam como uma nova Constituição
1988 – A Constituição da República Federativa do Brasil foi promulgada em 5 de outubro de 1988, fruto do movimento das “Diretas já!”, que emergiu a partir do desgaste do governo militar e da crise econômica instalada no país. Ela contemplou as eleições diretas, inúmeros direitos sociais e elevou os municípios à condição de ente federado, conferindo-lhes autonomia.
 CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES
Quanto a Origem
Em relação a origem, as Constituições podem ser classificadas como outorgadas, promulgadas, cesaristas (bonapartistas) ou pactuadas (dualistas).
1. Constituição outorgada: é aquela imposta pelo governante ilegítimo, são as chamadas Cartas Constitucionais, como a Constituição Brasileira de 1824, no período do Império.
 
2. Constituição promulgada: é resultante da atividade da Assembleia Nacional Constituinte, esta eleita de modo direto pelo povo.
 
3. Constituição cesarista/ bonapartista: é definida por José Afonso da Silva como não exatamente outorgada, muito menos democrática. Ocorre um plebiscito ou referendo sobre o projeto apresentado pelo governante, sendo que a participação popular nesse caso não é propriamente democrática, mas apenas uma maneira de aprovar a vontade do governante, como o plebiscito de Pinochet, no Chile em 1980.
 
4. Constituição pactuada: de acordo com Uadi Lammêgo Bulos, surge como consequência de um pacto firmado entre os detentores do poder constituinte, em que este é centralizado em mais de um indivíduo ou grupo social. Em conformidade com Bonavides, a Constituição pactuada é resultado do acordo instável de forças políticas opostas, como por exemplo a Constituição Francesa de 1791.
Quanto ao conteúdo
Material: materialmente, identifica-se como as normas que regulam a estrutura do Estado, a sua organização e os direitos fundamentais. Só os temas atinentes a esse escopo são constitucionais. Desta forma, as regras que fossem materialmente constitucionais, codificadas ou não em um mesmo documento, seriam essencialmente constitucionais. Tudo o mais que constar da Constituição e que a isso não se refira não será matéria constitucional. A Constituição brasileira de 1824 dispunha, no seu artigo 178, que só a matéria constitucional seria objeto, em caso de modificação do processo específico para tal requerido. Aquilo que não atinasse materialmente com tema constitucional poderia ser reformado pela legislatura ordinária.
2 - Formal: formalmente, constituição é o modo de ser do Estado, estabelecido em documento escrito. Não se há de pesquisar qual o conteúdo da matéria. Tudo o que estiver na constituição é matéria constitucional. Essa distinção hoje perde o sentido, carreando toda a doutrina no sentido de considerar materialmente constitucional tudo o que formalmente nela se contiver. Isso porquanto com o alargamento das responsabilidades, funções e atuação do Estado, as constituições passaram a tratar de vários outros assuntos que ortodoxamente não seriam objeto dela.
3 - Mista: essa classificação ainda é polêmica, não sendo adotada por alguns doutrinadores. De acordo com ela, nos termos do art. 5º, § 3º, da Constituição Federal, os Tratados e as Convenções de direitos humanos, aprovados em cada casa do Congresso, em dois turnos, com voto de 3/5 de seus membros equivalerão a uma Emenda Constitucional, ou seja, um documento de natureza constitucional que está fora da Constituição, sendo adotado tanto o critério material como o formal. É a Teoria do Bloco da Constitucionalidade, através da qual não é constitucional apenas o que está na CF, mas toda e qualquer regra de natureza constitucional. Portanto, para alguns, nosso sistema é o misto.
Quanto à forma:
As Constituições podem ser escritas (instrumental) ou costumeiras (não escritas ou consuetudinárias). A Constituição escrita é sistematizada e codificada em um documento, como por exemplo a Constituição Americana. A costumeira é composta por documentos desagregados entre si, sendo reconhecidos e praticados pela sociedade, complementados por costumes, jurisprudência e convenções, como a Constituição da Inglaterra.
 Escrita: é constituição consistente num código, num documento único sistematizado. É o sistema usual no continente europeu e, consequentemente, em toda a América Latina.
 Costumeira\não escrita\consuetudinária: é a constituição consistente em normas esparsas, não aglutinadas em um texto solene, centrada nos usos e costumes, na prática política e judicial. Seu grande exemplo é a constituição inglesa que não tem um documento escrito, um código. Ao contrário o seu direito constitucional decorre da identificação dos chamados direitos imemoriais do povo inglês. O sistema parlamentarista, que é o grande modelo para todo o mundo civilizado, não está estruturado em qualquer norma escrita. Quanto à alterabilidade ou mutabilidade:
· Imutável: não admite qualquer alteração em seu texto.
 • Rígida: a Constituição pode ser alterada, mas, para tanto, é necessário observar um procedimento mais rigoroso do que aquele utilizado para a edição das leis. 
• Flexível: admite alterações em seu texto pelo mesmo processo utilizadopara a criação das leis. 
• Semirrígida ou semiflexível: ela é composta por uma parte rígida e outra flexível. 
Além dessas classes, Alexandre de Moraes (2014, p. 10) elenca a classe superrígida em que reúne aquelas Constituições que apresentam um núcleo rígido, modificável por procedimento mais complexo do que aquele usado para criação das leis, e um núcleo imutável, a que se refere como normas intangíveis, ou seja, daquelas normas que não são passíveis de alteração porque asseguram direitos considerados fundamentais para aquele Estado.
Quanto a extensão:
Sintéticas: preveem somente princípios e normas gerais, organizando e limitando o poder do Estado apenas com diretrizes gerais, mínimas, firmando princípios, não detalhes. É concisa, breve, sucinta, também chamada de Constituição Federal negativa.
Analíticas: abrangem todos assuntos que entende relevantes. São amplas, extensas, prolixas, detalhas, como a nossa Constituição de 1988, por exemplo.
Quanto ao modo de elaboração
Referente ao modo de elaboração, as Constituições podem ser dogmáticas (sistemáticas) ou históricas. A Constituição dogmática, sempre escrita, consolida os dogmas fundamentais do Estado, princípios predeterminados, como a Constituição Brasileira de 1988. A constituição histórica integra lentamente a história e as tradições de um povo ao longo do tempo, comparando-se a costumeira e tendo como exemplo a Constituição da Inglaterra. 
Quanto a ideologia
Conforme classifica André Ramos Tavares, as Constituições podem ser liberais (negativas) e sociais (dirigentes) abordando o conteúdo ideológico das Constituições. A liberal nasce da ideologia burguesa, apresentando princípios do liberalismo e por isso negativas, em que se é negada a ampla participação do estado na vida cotidiana. A social surge da necessidade da atuação estatal, sendo esta positiva e visando o bem comum, são chamadas de dirigentes porque nesse tipo de Constituição são determinadas metas a serem alcançadas a curto, médio e longo prazo, dessa forma dirigindo a ação estatal. 
ELEMENTOS DA CONSTITUIÇÃO
Elementos orgânicos 
Relativos à organização, ao funcionamento e à estrutura do poder e do Estado.
Elementos limitativos
Referem-se aos direitos e garantias fundamentais, que visam à limitação do poder do Estado, mas que não se relacionam aos direitos sociais. 
Elementos socioideológicos
Correlatos ao Estado de bem estar social, que revelam caráter intervencionista e social das Constituições modernas. 
Elementos de estabilização constitucional: 
Destinados a assegurar a solução de conflitos constitucionais, defesa da Constituição, do Estado e das instituições democráticas. Eles objetivam alcançar a paz social. 
Elementos formais de aplicabilidade: 
Estatuem normas de aplicação da Constituição.
FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS E POLÍTICOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1998
Princípios e regras
conforme apontado por José Afonso da Silva (2015, p. 93-94). Princípio é mandamento nuclear de um sistema. Ele orienta, direciona a aplicação das regras, que são mais diretivas, mais objetivas. Mendes e Branco (2015, p. 72) afirmam que os princípios são “mais abrangentes do que as regras e por assinalarem os standards de justiça relacionados com certo instituto jurídico, seriam instrumentos úteis para se descobrir a razão de ser de uma regra ou mesmo de outro princípio menos amplo”.
 Aurora Tomazini de Carvalho (2013, p. 284) afirma que a norma jurídica pode ser analisada em sentido amplo e em sentido estrito, sendo que no primeiro caso, trata-se de unidade no sistema jurídico, que não possui sentido deôntico completo, enquanto que a norma em sentido estrito o possui. E o que seria esse sentido deôntico? Nada mais é do que significações construídas a partir dos enunciados prescritivos, ou seja, da letra da lei, estruturadas na forma de um juízo hipotético condicional. Assim, dizemos que a norma jurídica em sentido estrito poderia ser escrita na seguinte forma lógica: “se ocorrido o fato, então deve ser a consequência”, ou seja, devem ser os efeitos prescritos no enunciado. Nesse caso, os enunciados prescritivos preveem a emergência de determinada consequência em caso de ocorrer aquele fato que ela descreve
A partir desse raciocínio, tanto as regras quanto os princípios são espécies de normas que são construídas pelo intérprete no momento da aplicação do direito. Tratam-se, portanto, de normas. Alguns podem ser escritos na forma hipotético-condicional, jurídica em sentido estrito. Outras, como a previsão constitucional de que Brasília é a capital federal, não, constituindo norma jurídica em sentido amplo.
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 
Os princípios fundamentais são os mandamentos nucleares do sistema constitucional. Eles possuem como função estruturar o ordenamento jurídico, conferir coerência e lógica ao sistema, nortear a interpretação normativa e subsidiar as lacunas jurídicas. Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I – a soberania;
II – a cidadania;
III – a dignidade da pessoa humana;
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V – o pluralismo político.
	Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.”
Soberania: relaciona-se ao poder político supremo, no plano interno, e independente, no plano internacional.
Princípio da soberania popular:
Inscrito no parágrafo primeiro do art. 1º da CF, o princípio trata-se da explicitação de como o Estado Democrático deve ser efetivado. Assim, o exercício do poder do povo se dá através dos representantes eleitos – em voto universal, secreto e periódico – mas também diretamente. Nesse desenho, diz-se que no Brasil há uma democracia semi-direta.    
Algumas funções são exercidas pelos representantes eleitos. Mas a própria constituição trouxe uma série de instituições participativas por meio das quais o cidadão toma as decisões políticas por si próprio.
A título de exemplo, o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular são ferramentas positivadas na Constituição Federal para intervenção direta no processo legislativo. 
O plebiscito significa a oportunidade de manifestação do povo antes da deliberação pelo Congresso Nacional. Nesse caso, algumas opções são colocadas diante do cidadão para que apresente sua preferência (manutenção do status quo, alteração da lei X pela lei Y ou mesmo a criação de um novo Estado-membro da federação). 
Por sua vez, o referendo é a consulta ex post do Poder Legislativo ao cidadão, para que aceite ou rejeite a proposta já formulada. 
Princípio fundamental da soberania nacional
A soberania corresponde ao poder de autodeterminação dos povos, típico das nações independentes. Há dois vieses para a compreensão da soberania. 
Do ponto de vista interno, significa que o Estado Brasileiro é superior a qualquer outra organização existente ou que venha existir. Do ponto de vista externo, é dizer que o Brasil está em situação de igualdade formal perante os demais Estados internacionais, com os quais pode estabelecer relações sem vínculo de sujeição. 
É interessante notar que a soberania nacional está cada vez mais complexa em uma sociedade que não encontra fronteiras. Nesse cenário, é cada vez mais frequente a utilização do direito estrangeiro para resolver questões nacionais, sobretudo quando os conflitos envolvem tratados de direitos humanos. 
Um exemplo disso é a incidência da GDPR, lei de proteção de dados europeia, para todos os negócios brasileiros que operem na Europa 
Princípio da cidadania:
Refere-se à integração dos indivíduos à sociedade e à submissão do Estado à vontade popular.
Dignidade da pessoa humana:
 Valor supremo do Estado Democrático de Direito, orientando a interpretação e aplicação de todas as normas e princípios. 
Do ponto de vista jurídico, o conteúdo da dignidade da pessoa se relaciona com os direitos fundamentais. Nesse sentido, somente terá a dignidadepreservada aquele sujeito que seja titular dos direitos relativos à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, sem qualquer discriminação. 
Assim, a dignidade está na base de todos os direitos constitucionais, sejam individuais ou coletivos, de participação política ou dos trabalhadores. Por fim, é importante notar
que a dignidade da pessoa humana se aplica a todos os brasileiros, mas também aos estrangeiros no País. 
Valores sociais do trabalho e da livre-iniciativa: revela a preferência da CF/88 pela economia de mercado, mas respeitando o trabalho, que deve assegurar uma existência digna, conforme os ditames da justiça social.
Pluralismo político: 
Valorização da tolerância e da pluralidade de ideias numa sociedade naturalmente conflituosa, com interesses contrapostos, devendo haver diálogo entre opiniões divergentes. Além da participação popular na condução política do país, preceitua também a organização de partidos políticos.
OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
Os objetivos fundamentais da República Federativa brasileira são metas a serem promovidas por todo o sistema estatal com força coativa imediata, possuindo eficácia vinculante de seu conteúdo, como norte a ser concretizado em toda e qualquer ação dos integrantes do Estado brasileiro. É missão estatal proporcionar o máximo de efetivação dos objetivos da República no menor tempo possível, como farol guia daqueles que necessitam, ou são interdependentes desta iluminação pública, por meio de escolhas públicas concretizadas em políticas públicas voltadas ao desenvolvimento intersubjetivo dos partícipes do sistema constitucional. Destacam-se as políticas de Estado, sendo meta de todo agente público a promoção dos benefícios sociais constitucionais no exercício diário de sua função pública.
PRINCÍPIOS QUE REGEM A REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL EM SUAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS:
 A Constituição Federal de 1988 inova ao estabelecer no artigo 4º os princípios que governam as relações internacionais, fixando determinados parâmetros para a política externa brasileira. O artigo 4º da Constituição Federal afirma que: “Art. 4º. A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz; VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo político. Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações
 PRINCÍPIOS GERAIS DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO
Princípio da separação dos poderes:
Esse princípio originou-se, historicamente, numa tentativa de limitar os poderes do Estado. Alguns filósofos perceberam que, se o Poder do Estado estivesse dividido entre três entidades diferentes, seria possível que a sociedade exercesse um maior controle de sua utilização.
Na verdade, a divisão não é do Poder Estatal, haja vista ser ele uno, indivisível e indelegável, mas apenas uma divisão das suas funções. Nos dizeres de José Afonso da Silva: “O poder político, uno, indivisível e indelegável, se desdobra e se compõe de várias funções, fato que permite falar em distinções das funções, que fundamentalmente são três: a legislativa, a executiva e a jurisdicional
Princípio federativo:
Esse princípio apresenta a Forma de Estado adotada no Brasil: federação. A forma de Estado reflete o modo de exercício do poder político em função do território. É uma forma composta ou complexa3, visto que prevalece a pluralidade de poderes políticos internos. Está baseada na descentralização política do Estado, cuja representação se dá por meio de quatro entes federativos: União; Estados; Distrito Federal; Municípios. Cada ente federativo possui sua própria autonomia política, o que não pode ser confundido com o atributo da soberania, pertencente ao Estado Federal. A autonomia de cada ente confere-lhe a capacidade política de, inclusive, criar sua própria Constituição. Apesar de cada ente federativo possuir essa independência, não se pode esquecer que a existência do pacto federativo pressupõe a existência de uma Constituição Federal e da impossibilidade de separação (Princípio da Indissolubilidade do Vínculo Federativo). Havendo quebra do pacto federativo, a Constituição Federal prevê como instrumento de manutenção da forma de Estado a chamada Intervenção Federal, a qual será estudada em momento oportuno. Não existe hierarquia entre os entes federativos. O que os distingue é a competência que cada um recebeu da Constituição Federal. Deve-se ressaltar que os estados e o Distrito Federal possuem direito de participação na formação da vontade nacional ao possuírem representantes no Senado Federal. Os municípios não possuem representantes no Senado Federal. Caracteriza-se, ainda, pela existência de um guardião da Constituição Federal, o Supremo Tribunal Federal. A doutrina tem apontado para algumas características da forma federativa brasileira: Tricotômica Federação constituída em três níveis: federal, estadual e municipal. O Distrito Federal não é considerado nessa classificação, haja vista possuir competência híbrida, ou seja, ora age como estado ora como município. Centrífuga Essa característica reflete a formação da federação brasileira. É a formação “de dentro para fora”. O movimento é de centrífuga. A força de criação do estado federal brasileiro surgiu a partir de um Estado Unitário para a criação de um estado federado, ou seja, o poder centralizado que se torna descentralizado. O poder político era concentrado nas mãos de um só ente e, depois, passa a fazer parte de vários entes federativos.
Princípio republicano
O princípio Republicano representa a Forma de Governo adotada no Brasil. A forma de governo reflete o modo de aquisição e exercício do poder político, além de medir a relação existente entre o governante e o governado.
 A melhor forma de entender esse instituto é conhecendo suas características. A primeira característica decorre da análise etimológica da expressão res pública. Essa expressão, que dá origem ao Princípio ora estudado, significa coisa pública, ou seja, em um Estado Republicano o governante cuida da coisa pública, governa para o povo. 
Outra característica importante é a Temporariedade. Esse atributo revela o caráter temporário do exercício do poder político. Por causa desse princípio, em nosso Estado, o governante permanece no poder por tempo determinado.
 Em uma República, o governante é escolhido pelo povo. Essa é a chamada Eletividade. O poder político é adquirido pelas eleições, sendo que a vontade popular se concretiza nas urnas. 
Por fim, em um Estado Republicano o governante pode ser responsabilizado por seus atos. 
A forma de governo republicana se contrapõe à monarquia, cujas características são opostas às estudadas aqui. 
É importante destacar que o princípio republicano não é uma cláusula pétrea, pois esse princípio não se encontra listado no rol das cláusulas pétreas do Art. 60, § 4o, da Constituição Federal. Apesar disso, a Constituição o considerou como princípio sensível. Princípios sensíveis são aqueles que, se tocados, ensejarão a chamada Intervenção Federal, conforme previsto no Art. 34, VII, da Constituição: Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: VII. assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático.
Democracia 
Este princípio revela o Regime de Governo adotado no Brasil. Caracteriza-se pela existência do Estado Democrático de Direito e pela preservação da dignidade da pessoa humana. A democracia significa o governo do povo, pelo povo e para o povo. É a chamada soberania popular. Sua fundamentação constitucionalencontra-se no Art. 1º da CF: 
Art. 1º, Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
 Esse princípio também é conhecido como princípio sensível e, no Brasil, caracteriza-se por seu exercício se dar de forma direta e indireta. Por esse motivo, a democracia brasileira é conhecida como semidireta ou participativa. Esse tema, porém, será abordado na seção sobre Direitos Políticos.
Princípio da legalidade
O princípio da legalidade é corolário da própria noção de Estado Democrático de Direito, afinal, se somos um Estado regido por leis, que assegura a participação democrática, obviamente deveria mesmo ser assegurado aos indivíduos o direito de expressar sua vontade com liberdade, longe de empecilhos.
De acordo com o art. 5º, inciso II, da Constituição Federal, “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. O que se extrai do dispositivo é um comando geral e abstrato, do qual concluímos que somente a lei poderá criar direitos, deveres e vedações, ficando os indivíduos vinculados aos comandos legais, disciplinadores de suas atividades.
Em outras palavras, podemos dizer que o princípio da legalidade é uma verdadeira garantia constitucional. Através deste princípio, procura-se proteger os indivíduos contra os arbítrios cometidos pelo Estado e até mesmo contra os arbítrios cometidos por outros particulares. Assim, os indivíduos têm ampla liberdade para fazerem o que quiserem, desde que não seja um ato, um comportamento ou uma atividade proibida por lei.
 MUTAÇÃO E REFORMA CONSTITUCIONAL
Poder constituinte
Poder constituinte originário: era considerado fundacional ou histórico o poder constituinte que cria a primeira Constituição, o que ocorreu no Brasil em 1824. Por outro lado, será considerada pós fundacional ou revolucionária todas as Constituições subsequentes, como as de 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e 1988. Ele se caracteriza por ser: 
1. Inicial: inaugura uma nova ordem jurídica. 
2. Ilimitado: não se subordina a qualquer limite previamente estabelecido. 
3. Autônomo: só àquele que o exerce compete determinar os termos em que a nova Constituição se estruturará.
4. Incondicionado: não se submete a qualquer processo predeterminado para a sua elaboração 
5. Permanente: não se esgota no momento de seu exercício, porque seu titular, que é o povo, pode determinar a criação de uma nova ordem jurídica.
Poder constituinte derivado: 
1. Revisor: poder constituinte, que, nos termos do art. 3º, do ADCT (norma considerada exaurida), modificou a CF/88 cinco anos após a promulgação da CF/88, por maioria absoluta em sessão unicameral. 
2. Reformador: poder de reformar o texto constitucional por meio de Emenda Constitucional, nos termos do art. 60, da CF/88, que pode ser elaborada a qualquer tempo e deve ser aprovada nas duas casas do Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal) em dois turnos por três quintos de seus membros. Caracteriza-se por ser: (i) subordinado ou secundário, retirando seu fundamento do poder constituinte originário, por ter sido por ele previsto e estabelecido; (ii) limitado, por ter seus limites definidos pelo poder constituinte originário; e (iii) condicionado, devendo observar as regras estabelecidas para reforma constitucional pelo poder constituinte originário. Vamos aqui abrir um parêntese para conversarmos sobre esses limites impostos para o poder constituinte derivado reformador. Essas limitações não se restringem às regras concernentes ao processo legislativo para a edição de uma Emenda Constitucional. A CF/88 trouxe, em seu art. 60, §4º, um núcleo rígido e imutável, chamado de cláusulas pétreas, composto por: (i) forma federativa de Estado; (ii) a separação de poderes; (iii) o voto direto, secreto, universal e periódico; e (iv) os direitos e garantias fundamentais.
 3. Decorrente: refere-se ao poder dos Estados-membros de elaborarem suas respectivas Constituições estaduais e do Distrito Federal elaborar a sua Lei Orgânica, equiparada à Constituição estadual pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Os Municípios não possuem poder constituinte derivado decorrente
PREÂMBULO
Conceito
O preâmbulo da CF/88 determina o seguinte: Promulgação da CF/88 “Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL”. Sobre o preâmbulo, há algumas correntes que o definem e é bastante importante conhecê-las:
• Teoria política: adotada pelo STF, é também chamada de teoria da irrelevância por considerar que o preâmbulo constitui apenas um discurso político, uma carta de intenções do poder constituinte originário. Na ADI 2076, foi decidido que não havia inconstitucionalidade na Constituição Estadual do Acre que não trazia a palavra “Deus” em seu preâmbulo, justamente pelo fato de se considerar que ele não possui eficácia normativa, ou seja, prescritividade. 
Teoria jurídica comum: também chamada de tese da plena eficácia do preâmbulo, trata-se de teoria minoritária e considera que se ele foi criado pelo poder constituinte originário, possui eficácia -normativa (prescritividade) como qualquer outra norma constitucional.
 • Teoria específica: também chamada de tese da relevância jurídica indireta, é a teoria majoritária e considera que o preâmbulo prevê a forma de Estado (federação), a forma de governo (república), regime de governo (democrático de Direito), Estado teísta (Deus) e omissão quanto à religião (Estado laico), sendo assim fonte de interpretação das normas contidas na CF/88. 
Vale notar aqui o posicionamento adotado por Aurora Tomazini de Carvalho (2013, p. 678-679), que afirma que o preâmbulo, juntamente com os outros sinais que remetem ao processo de produção da CF/88, a autoridade competente (Ulysses Guimarães) e as coordenadas de espaço (Brasília) e de tempo (5 de outubro de 1988) em que se deu a sua produção, constituem o que ela chama de enunciação-enunciada. Assim, o preâmbulo faz parte das marcas do processo de criação da CF/88 deixadas pelo legislador constitucional constituem o que ela chama de enunciação-enunciada. Assim, o preâmbulo faz parte das marcas do processo de criação da CF/88 deixadas pelo legislador constitucional.
ADCT
A ele, adota-se a teoria jurídica comum, que entende que todos os atos contidos no ADCT são normas constitucionais, sendo certo que todos eles possuem eficácia normativa, sendo consideradas prescritivas de condutas, exceto aqueles que já produziram efeitos, constituindo as denominadas normas exauridas, como é o caso do exercício do poder constituinte derivado revisor, nos termos do art. 3º, do ADCT
SEÇÃO 3: MÉTODOS, LIMITES, PRINCÍPIOS E REGRAS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL
Interpretação e hermenêutica
Interpretar é construir sentido, é criar normas jurídicas, segundo o horizonte cultural, as vivências e experiências daquele que interpreta. Por sua vez, a Hermenêutica Jurídica é a Ciência que estuda e sistematiza o processo de construção e justificação do sentido dos textos de direito
Essa concepção advém da superação da filosofia da consciência, que entendia ser o sentido algo contido no texto, escondido em sua implicitude, sendo função do intérprete revelá-lo. A partir do girolinguístico, que significou foi uma revolução filosófica, rompendo com a filosofia da consciência e inaugurando a filosofia da linguagem, passou-se a entender que o sentido não está escondido no texto, também chamado de suporte físico. Não se trata mais de algo a ser descoberto, mas de algo construído por meio da linguagem, a partir deum ato de valoração do intérprete. Nesse sentido, segundo Aurora Tomazini de Carvalho (201, p. 225), “as significações são construídas na mente daquele que interpreta o suporte físico, por este motivo, requerem, indispensavelmente, a presença do homem. Assim sendo, podemos dizer que não existe texto sem conteúdo, mas também não existe conteúdo sem o ser humano. O conteúdo está no homem, apenas é atribuído ao texto”.
Métodos: 1. Jurídico ou hermenêutica clássica: a CF/88 deve ser interpretada como se fosse uma lei, sendo o sentido das normas constitucionais extraído do texto, sem que o intérprete avance além de seus preceitos. Para tanto, utiliza-se os seguintes elementos: (i) filológico, literal ou gramatical; (ii) lógico (sistemático, em que se analisa a norma diante do conjunto); (iii) histórico (com a análise do projeto de lei, das discussões, da justificativa, da exposição de motivos etc); (iv) teleológico (analisa-se a finalidade da norma); (v) genético (análise da origem dos conceitos existentes na norma). 
2. Tópico-problemático: é baseado na priorização do estudo do caso concreto sobre a norma, partindo da premissa de que a interpretação possui um caráter prático e que as normas constitucionais são abertas. O problema passa, então, a ser considerado o centro do método interpretativo. 
3. Hermenêutico-concretizador: também consagra a importância do caso concreto a que a norma se aplica, orientando, assim, um pensamento para a solução do problema (pressuposto objetivo). No entanto, reconhece a importância das pré-compreensão do intérprete (pressuposto subjetivo). Sendo assim, pelo método concretizador. Difere-se do método tópico-problemático, porque, ao contrário dele, a norma prevalece sobre o problema.
4.Científico-espiritual: baseia-se na ideia de que a CF/88 é instrumento de integração política e social, contribuindo para a unidade social e combatendo os conflitos sociais. Assim, o intérprete deve considerar os valores subjacentes à CF/88, integrando o sentido de suas normas a partir da captação espiritual da realidade da comunidade.
5.Normativo-estruturante: determina a distinção entre a norma constitucional e o texto normativo da CF/88. Assim, a leitura do texto normativo, por si só, não reflete a norma constitucional. É necessário que a ela seja associada à parcela oculta chamada de domínio normativo ou parte da realidade. Nesse sentido, poderíamos usar a metáfora clássica do iceberg, que seria a norma constitucional. O texto da norma é apenas a ponta do iceberg. A base é aquela parcela oculta da norma que não está no texto normativo, constituindo a sua realidade concreta (domínio normativo).
Método da comparação constitucional
• Método jurídico: interpreta-se a CF/88 como se interpreta a lei. 
• Método tópico-problemático: primazia do problema sobre a norma. 
· Método hermenêutico concretizador: pressuposto subjetivo (précompreensão do intérprete) + pressuposto objetivo (primazia da norma sobre o problema). 
• Método científico-espiritual: considera os valores subjacentes ao texto, integrando-os à realidade da comunidade. 
• Normativo-estruturante: a interpretação deve considerar o texto da norma e sua concretização na realidade. 
• Interpretação comparativa: comparação entre diferentes ordenamentos jurídicos.
PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO
Unidade da Constituição: determina que o intérprete considere a Constituição como um todo unitário, obrigando a harmonização das normas constitucionais aparentemente contraditórias ou conflitantes, no momento de sua aplicação. A partir disso, podemos concluir que: (i) em decorrência do princípio da unidade da Constituição, todas as normas insertas na CF/88 possuem mesma hierarquia, dignidade e força normativa, inclusive as que integram o ADCT, estudado na seção 1.3; (ii) não se pode falar em inconstitucionalidade das normas constitucionais, fruto do poder constituinte originário. Somente as normas constitucionais, fruto do poder constituinte derivado podem se submeter ao controle de sua constitucionalidade; e (iii) inexistem verdadeiras incompatibilidades ou antinomias entre as normas constitucionais, porque seu texto deve ser lido de forma harmônica
2. Efeito integrador: é consequência lógica do princípio da unidade da Constituição e determina que na interpretação constitucional, o intérprete confira primazia aos pontos de vista que favoreçam a integração política a social e o reforço da unidade política. 
3. Máxima efetividade: também chamado princípio da eficiência ou da interpretação efetiva, afirma que o intérprete deve atribuir à norma constitucional o sentido que lhe dê a máxima efetividade social. Esse princípio é invocado especialmente em relação à interpretação dos direitos fundamentais. 
4. Justeza: também chamado de princípio da conformidade ou da correção funcional, estabelece que a interpretação da CF/88 não poderá ensejar um resultado que subverta o esquema organizatóriofuncional estabelecido pelo constituinte, ou seja, não poderá alterar a estrutura de separação dos Poderes e de exercício das competências constitucionais estabelecidas pelo poder constituinte originário.
5. Harmonização: esse princípio também decorre do princípio da unidade da Constituição, exigindo que os bens jurídicos constitucionalmente protegidos devam coexistir harmonicamente, sem que um predomine sobre o outro, sem que um se sacrifique em face de outro. 
6. Força normativa da Constituição: esse princípio foi concebido por Konrad Hesse e determinou que, na interpretação constitucional, o intérprete deve valorizar as soluções que possibilitem a atualização normativa, a eficácia e a permanência da CF/88. Não se preocupa com os fatos, visando apenas à norma constitucional, que deve ser observada independentemente dos anseios da sociedade. Assim, além de supremacia, a CF/88 possui força normativa. Se não for observada, perde a sua eficácia, ou seja, a sua força normativa.
7. Interpretação conforme a Constituição: no caso de se admitir mais de uma interpretação para a mesma norma, deve-se dar preferência para aquela que seja compatível com o conteúdo da CF/88. Esse princípio objetiva evitar a declaração de inconstitucionalidade da norma e a sua consequente retirada do ordenamento jurídico.
 8. Teoria dos poderes implícitos: sempre que a CF/88 outorgar um poder, competência ou um fim a ser atingido, estarão incluídos todos os meios necessários à sua efetivação, guardada a relação de adequação entre meios e fins, ou seja, isso deve ser feito em consonância com o princípio da proporcionalidade.
Princípio da supremacia constitucional
O princípio da supremacia da Constituição é o primeiro e indispensável elemento a ser considerado em todo e qualquer processo de interpretação das normas jurídicas. A aplicação desse postulado elementar deve encimar o trabalho desenvolvido pelo exegeta. “A supremacia da Constituição é pressuposto de todo o Direito Constitucional moderno, e deve orientar fundamentalmente toda a interpretação do ordenamento jurídico constitucional e infraconstitucional.”
O princípio da presunção de constitucionalidade 
O princípio da presunção de constitucionalidade dita pelo menos duas regras ao intérprete: não sendo flagrante a constitucionalidade e havendo interpretação razoável que permita considerar a norma como consentânea com a Constituição, a norma não deve ser declarada inconstitucional; e deverá o intérprete atentar para as diversas possibilidades de interpretação da norma, procurando extrair-lhe o sentido que a coloque em harmonia com o texto constitucional de modo a mantê-la no ordenamento jurídico.
Teoria dos Poderes Implícitos
A teoria dos poderes implícitos tem sua origem na Suprema Corte dos EUA, no ano de 1819, no precedente Mc CulloCh vs. Maryland. De acordo com a teoria, a Constituição, ao conceder uma função a determinado órgão ou instituição, também lhe confere, implicitamente, os meios necessários para a consecução desta atividade.
Unidade 2
Eficácia, aplicabilidade e organização do Estado.
CONCEITO E DISTINÇÃO DE VALIDADE, VIGÊNCIA,EFICÁCIA (TÉCNICA JURÍDICA - SOCIAL)
Validade: é a relação de pertencimento de uma norma jurídica ao sistema jurídico. Se a norma é considerada válida é porque ela existe dentro do sistema. Se a norma existe, ela está no sistema e é, portanto, válida. Sendo assim, a partir do momento em que a norma é publicada, ela ingressa no sistema jurídico, sendo considerada existente e válida. Ela somente perderá a validade quando for dele retirada, seja por meio da revogação, seja por meio da declaração de inconstitucionalidade pelo STF, com a edição da competente resolução do Senado, nos termos do art. 52, X, da CF/88, para suspender a execução da norma inconstitucional.
Vigência: é a propriedade que as normas jurídicas possuem para gerar efeitos quando ocorrer os eventos por elas descritos. É a força de a norma disciplinar e reger os comportamentos no mundo social, cumprindo, assim, seus objetivos. Há normas que existem, são válidas no sistema jurídico, mas não são vigentes. Ainda que ocorram os fatos que elas preveem, elas não produzirão efeitos. É o que chamamos de vacatio legis. Vale salientar que a vigência não se confunde com a aplicação das normas jurídicas. Ocorre em muitos casos que normas que já perderam a vigência continuam sendo aplicadas para situações ocorridas enquanto ela ainda estava em vigor. Nesse caso, essas normas possuem vigência apenas em relação a fatos anteriores a sua revogação, não alcançando fatos novos ocorridos posteriormente
Eficácia: a eficácia, segundo Paulo de Barros Carvalho (2007, p. 81-84) pode ser analisada sob três pontos de vista: técnico, jurídico e social. 
Eficácia técnica: é a condição que a norma possui de descrever acontecimentos do mundo real ou social, que irradiem efeitos jurídicos, removidos os obstáculos que impediam a propagação desses efeitos. Considera-se haver ineficácia técnica, quando as normas jurídicas são vigentes e o que elas descrevem para o mundo social se realiza, mas não ocorre o fenômeno da juridicização dos acontecimentos, não gerando seus regulares efeitos. As normas que demandam regulamentação para serem aplicadas têm na necessidade de regulamentação um obstáculo para a sua aplicação, pelo que devem ser consideradas ineficazes tecnicamente. Pode ser citado como exemplo novamente os direitos trabalhistas das domésticas, que somente puderam ser por elas exigidos a partir da regulamentação da Emenda Constitucional 72/13.
Eficácia jurídica: é o próprio mecanismo da incidência, em que efetivado o que está previsto na norma, são projetados os seus efeitos prescritivos. Segundo Paulo de Barros Carvalho (2007, p. 83), é o que se denomina como sendo a chamada causalidade jurídica, ou seja, vínculo de implicação, em que ocorrendo o fato jurídico relatado na norma, instala-se, por conseguinte, a relação jurídica. A eficácia jurídica não é, portanto, atributo da norma, mas do fato nela previsto, enquanto propriedade de gerar os efeitos que lhes são próprios. Um ótimo exemplo é o art. 121, do Código Penal, que afirma ser crime matar alguém. Afere-se a eficácia jurídica dessa norma a partir do momento em que um sujeito mata alguém, o que ensejará uma pena de reclusão de seis a 20 anos.
Eficácia social: também chamada de efetividade, corresponde aos padrões de observância de determinada norma historicamente dada pela comunidade. Nesse caso, será considerada eficaz a norma que foi concretamente seguida por seus destinatários, satisfazendo os anseios do legislador naquela situação tipificada. Quando os preceitos normativos são reiteradamente descumpridos, frustradas as expectativas do legislador, não haverá de se falar em eficácia social. As indagações sociológicas correlatas à efetividade são estudadas pela Sociologia do Direito, não sendo objeto da Dogmática Jurídica. Um bom exemplo de questionamento da eficácia social ou efetividade é o art. 7º, IV da CF/88, que prevê como direito de todos os trabalhadores salário mínimo capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo. Sabemos que o salário mínimo vigente não é capaz de prover todas essas necessidades básicas, o que faz com que classifiquemos o art. 7º, IV da CF/88, como socialmente ineficaz
TEORIA DA APLICABILIDADE
É importante também saber sobre a teoria da aplicabilidade das normas constitucionais, elaborada por José Afonso da Silva (2012, p. 87-162), que entende que elas podem ter eficácia plena, contida e limitada
Eficácia plena: são normas completas e autoaplicáveis, produzindo efeitos imediatos, sem necessidade de regulamentação. Tratam-se de normas compreensíveis de pronto e que não se sujeitam a redução de seu campo de atuação. O art. 18, §1º, da CF/88, que dispõe que Brasília é a capital federal, traz uma norma constitucional de eficácia plena. •
 Eficácia contida: são normas que também possuem aplicabilidade imediata, sem necessidade de regulamentação. No entanto, norma constitucional ou infraconstitucional poderá conter, reduzir ou restringir seu campo de atuação. Um exemplo de norma de eficácia contida (ou contível) é o art. 5º, XIII, da CF/88, que define ser livre o exercício de qualquer trabalho ou profissão, mas devem ser atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer. 
Eficácia limitada: são normas que possuem aplicabilidade mediata, porque dependem de regulamentação infraconstitucional para que produzam efeitos. Há dois tipos de normas de eficácia limitada: (i) normas programáticas, que se referem a programas sociais e políticas públicas sociais. Todos os direitos sociais, previstos no art. 6º, da CF/88, e objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, previstos no art. 3º, da CF/88, são considerados normas programáticas; (ii) normas de princípios institutivos ou orgânicos, que são aqueles atrelados à organização político-administrativa da República Federativa do Brasil. Um exemplo de princípio orgânico é o que dispõe o art. 125, §3º, da CF/88, que admite a criação de Tribunal de Justiça Militar por lei estadual, respeitadas as condições que ela estabelece.
SÍNDROME DA INEFETIVIDADE DA NORMA CONSTITUCIONAL
 Síndrome da Inefetividade das Normas Constitucionais é a ausência de regulamentação adequada de normas de eficácia limitada (que dependem de elaboração normativa infraconstitucional), o que impede o efetivo exercício de direitos previstos na Constituição.
NORMA EUXARIDA E DE APLICABILIDADE ESGOTADA.
As normas constitucionais de eficácia exaurida e aplicabilidade esgotada são as normas que já efetivaram a função para a qual foram criadas e foram completamente aplicadas. Encontram-se esvaídas e são as normas do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, como por exemplo os arts. 1º e 2º do ADCT. 
Eficácia, aplicabilidade e organização do Estado.
 
SEÇÃO 2: ESTADO E FEDERAÇÃO
Análise dos elementos do estado, conforme definiu Hans Kelsen: população, território e poder.
Kelsen (2009, p. 316-321) entende que, para ser Estado, a ordem jurídica demanda organização no sentido estrito do termo, com o mínimo de centralização, que é o que o distingue da ordem primitiva pré-estadual e da internacional. A partir disso, o autor entende ser possível caracterizar juridicamente os seguintes elementos: população, território e poder, exercido por um governo independente. 
 População: é composta pelos indivíduos que formam o Estado. Conjuntamente eles se submetem a uma determinada ordem coercitiva relativamente centralizada. Segundo Kelsen (2009, p. 319), “a população do Estado é o domínio pessoal de vigência da ordem jurídica estadual”
Território: trata-se de um espaço rigorosamente delimitado, incluindo o subsolo e o espaço aéreo dentro de suas fronteiras. Kelsen (2009, p. 319) o define como “o domínio espacial de vigência de uma ordem jurídica pessoal. 
Poder: é exercido por um governo sobre a população que reside no território do Estado. O que distingue o elemento poder do Estadode outras relações de poder é a circunstância de ele ser juridicamente regulado. Assim, aquele que detém o poder possui competência para exercê-lo, por meio da criação e aplicação da lei, o que confere ao poder do Estado caráter normativo. Segundo Kelsen (2009, p. 321), “o poder do Estado não é uma força ou instância mística que esteja escondida detrás do Estado ou do Direito. Ele não é senão a eficácia da ordem jurídica”
A partir da análise de seus elementos, Kelsen (2009, p. 321) conclui que o Estado, que tem como elementos essenciais a população, o território e o poder, é definido como uma “ordem jurídica, relativamente centralizada, limitada no seu domínio espacial e temporal de vigência, soberana ou imediata em relação ao Direito Internacional e que é, globalmente ou de um modo geral, eficaz”.
DEFINIÇÃO DE SOBERANIA, AUTONOMIA E DESCENTRALIZAÇÃO
Soberania: de acordo com Manoel Gonçalves Ferreira Filho (2015, p. 78), somente poderá ser considerado Estado se o poder que o dirigir for soberano. Assim, ao falar em Estado, referimo-nos a uma ordem estatal que não esteja submetida a outra ordem da mesma espécie. Essa ausência de subordinação é o que se entende por soberania. O autor (2015, p. 79) afirma ter o Estado surgido no momento em que os monarcas, especialmente os franceses, se afirmaram detentores do poder, recusando a sujeição ao Papado ou ao Império. Além disso, vamos traçar a diferença entre soberania e autonomia: a primeira se refere ao caráter supremo do poder; já a segunda se refere ao poder de autodeterminação, que é exercido de modo independente, mas dentro dos limites estipulados pela lei superior. Segundo Paulo Gustavo Gonet Branco (MENDES; BRANCO, 2015, p. 814), a soberania no federalismo é atributo do Estado federal como um todo. Os Estados membros possuem autonomia, que importa necessariamente em descentralização do poder, sendo não apenas administrativa, mas também política.
Centralização e descentralização: conforme anteriormente citado, para se ter um Estado, é necessário um grau mínimo de centralização, o que, por outro lado, demonstra que um grau mínimo de descentralização também é necessário. Segundo Manoel Gonçalves Ferreira Filho (2015, p. 81), a descentralização é um instrumento de eficiência do governo e uma forma de limitação do poder.
CLASSIFICAÇÃO DAS FORMAS DE ESTADO (UNITÁRIO E FEDERAL
Estado unitário: José Afonso da Silva (2015, p. 101) afirma que o Estado unitário, como França, Chile, Uruguai e Paraguai, possui um centro de poder que se estende pelo território e pela população, controlando as coletividades regionais e locais. Conforme ensina Manoel Gonçalves Ferreira Filho (2015, p. 81-82), a descentralização nele existente, seja ela administrativa, legislativa ou política, depende do Poder Central, que poderá suprimi-la, ampliá-la ou restringi-la. Vale lembrar que todo Estado possui um mínimo de descentralização. Assim, não basta que ela exista para que se diga que um Estado unitário é descentralizado. Para tanto, faz-se necessário que haja descentralização político-administrativa, como ocorreu no Brasil no Império, gerando uma forma de autarquia territorial, mas não uma autonomia legislativa e judiciária. Além disso, há Estados unitários constitucionalmente descentralizados, também chamados de Estados regionais, quando a própria Constituição prevê essa descentralização política e legislativa das regiões, nos limites constitucionalmente previstos, como ocorre com a Itália. Nesses casos, somente o poder constituinte poderá suprimir, alterar ou restringir as regiões previstas na Constituição, expressão da descentralização do Estado unitário. Há, por fim, o Estado autonômico, em que há a descentralização administrativa e legislativa, que parte não de cima para baixo, como no Estado regional, mas das províncias que elaboram seus estatutos e os enviam para o Poder Central aprová-lo, passando, a partir de então, a ser aplicado em seu território, ganhando o status de comunidades autônomas, como ocorre na Espanha
Estado federal: José Afonso da Silva (2015, p. 100-101) afirma que no Estado federal o poder se reparte, se divide no espaço territorial, gerando uma multiplicidade de organizações governamentais, distribuídas regionalmente. São exemplos de Estados federais: Estados Unidos da América (EUA), Canadá, Rússia, Brasil, Índia, Alemanha etc. O que diferencia o Estado federal do Estado unitário constitucionalmente descentralizado é o fato de, no primeiro, de acordo com Manoel Gonçalves Ferreira Filho (2015, p. 82-85): (i) a estrutura federativa ser posta na Constituição como sendo imutável, como ocorre na CF/88, conforme art. 60, §4°, I; (ii) os Estados-membros participam no poder central por meio do Senado que os representa; e (iii) a reconhecida auto-organização desses Estados-membros, ante a existência de um poder constituinte próprio.
DEFINIÇÃO DO ESTADO UNITÁRIO E SUAS VARIAÇÕES: ESTADO REGIONAL E ESTADO AUTONÔMICO.
Estado regional:
O Estado Regional é uma forma de Estado que busca compatibilizar a ideia de unidade, com descentralização e autonomia. Para tanto, constitui unidades estatais, denominadas de regiões, as quais recebem um conjunto de competências legais que permitem o desenvolver de uma autonomia mais localizada, tanto legislativa quanto política. Sua forma mais tradicional é associada ao modelo italiano, vez que a Constituição Italiana de 1947 dividiu suas unidades geográficas em regiões, províncias e municípios (art. 114), permitindo que estas regiões ganhassem um maior grau de autonomia. Cada região, portanto, possui eu próprio Estatuto, como uma espécie de "Constituição Regional" (art. 117), gozando de autonomia legislativa ampla o suficiente para reforçar os aspectos locais. São estas regiões: Valle d'Aosta, Piemonte, Lombardia, Veneto, Trentino Alto Adige, Friulli Venezia Giulia, Liguria, Emilia Romagna, Toscana, Umbria, Marche, Lazio, Abruzzo, Molise, Puglia, Campania, Basilicata, Calabria, Sicilia e Sardegna
Estado autonômico :nasce a partir da experiência espanhola. Sua configuração mais evidente nasceu a partir da resistência ao governo autoritário e centralizador do general Franco, cuja concentração decisória açulava as diversas regiões espanholas pela falta da representatividade regional e a ausência da observância das demandas setoriais em um governo de planificação decisória massiva. Assim, a Constituição espanhola de 1978 incorpora uma maior descentralização das competências para suas diversas regiões, quando então descentraliza não somente políticas estatais de atendimento, mas também uma ampla parcela da atividade legislativa (art. 143 e ss.). Esta última, por sinal, é o elemento diferenciador do Estado Unitário descentralizado para o Autonômico: no primeiro, há apenas descentralização administrativa, mantendo a estrutura judicial e a legislativa centralizadas; já no segundo, além da descentralização administrativa, haverá a delegação de competências legislativas autônomas para as regiões, permitindo-se criar suas próprias leis. Deste modo, mantêm-se, ainda, o governo Nacional e o Judiciário Central.
Estado Unitário, Estado Regional, Estado Federal 
O estado federal (como os Estados Unidos, o Brasil, a Suíça, a Alemanha e outros) é um estado soberano constituído de estados federados (estados-membros) dotados, não de soberania, mas apenas de autonomia, os quais têm poder constituinte próprio, decorrente do poder constituinte originário que fez a federação. Desse modo, no estado federal, além da constituição federal, também existem as constituições estaduais. Já o estado unitário não se constitui de estados-membros: é um estado só, uno, ainda que se possa subdividir em regiões (como a Itália), ou em províncias (como o Brasil na época do Império), ou em departamentos (como a França). Pelo que, no estado unitário, apenas há uma constituição: a constituição nacional.
Ao se estudar estado federal e estado unitário, estuda-se a descentralização e a centralização do poder. Em todo Estado, o poder é relativamente centralizado e descentralizado.Entre centralização e descentralização do Estado há uma correlação, ambas são correlativas e inversamente proporcionais, de modo que nenhuma das duas chega ao absoluto: não há centralização nem descentralização absolutas. Há uma graduação. O grau mínimo é a descentralização administrativa. Aqui se tem o estado unitário administrativamente descentralizado. É um estado singelamente descentralizado, cuja descentralização nunca se faz por meio da constituição (via constitucional) e que, portanto, é de pouco interesse para o direito constitucional.
Porém, a descentralização aumenta na medida em que se torna política: à proporção que se atribui a escolha dos integrantes dos órgãos superiores das unidades descentralizadas ao seu próprio povo, à medida que se estabelece, além da administração descentralizada, um governo descentralizado, outorgando-se ao ente descentralizado uma capacidade de prover o seu próprio governo: uma espécie de governo próprio. Surge aqui o estado unitário politicamente descentralizado, o qual não pode deixar de ser também sempre, como é óbvio, administrativamente descentralizado.
Portanto, quanto ao conteúdo ou substância, a descentralização pode ser administrativa apenas ou, quando se soma à descentralização política, passa a ser político-administrativa.
Quanto ao meio ou instrumento de descentralizar, a descentralização político-administrativa pode combinar-se com a descentralização legislativa ou com a descentralização constitucional, conforme se faça por lei do poder legislativo central ou na própria constituição nacional feita pelo poder constituinte único e central. Donde resulta haver, quanto ao instrumento da descentralização político-administrativa, dois tipos básicos: o estado unitário legislativamente descentralizado e o estado unitário constitucionalmente descentralizado.
No caso de serem regiões as unidades constitucionalmente descentralizadas, tem-se o estado regional, que é um estado unitário constitucionalmente descentralizado em regiões. O estado regional – que é um estado unitário que admite uma forte descentralização em regiões – não se confunde com o estado federal, ainda que esteja bem perto dele no que tange à descentralização. Estado regional é estado unitário, embora fortemente descentralizado, e – sendo unitário – não é federal. Qual a diferença básica?
Ambos – o estado regional e o estado federal – são constitucionalmente descentralizados: sua descentralização é feita pela constituição nacional. Porém, no caso do estado federal, a descentralização se faz com o reconhecimento de poder constituinte às unidades descentralizadas, de modo que possam elas fazer constituições próprias, dentro da federação, subordinadas à constituição federal. Assim, na federação, a constituição nacional é uma constituição federal, que admite sob si as constituições dos entes federados, reunidos na federação, as quais são ditas constituições estaduais, ou cantonais, ou provinciais, etc., conforme esses entes se chamem estados como no Brasil, cantões como na Suíça, províncias como na Argentina, etc. Geralmente, nas federações os entes federativos são ditos estados, mas por tradição do nome na Argentina se dizem províncias, na Suíça se chamam cantões, na Alemanha se denominal länders.
Como se verifica do exposto acima, o estado federal é também constitucionalmente descentralizado, mas com uma diferença específica não encontrada no estado regional nem nos demais estados constitucionalmente descentralizados a saber: as unidades descentralizadas no estado federal têm poder constituinte próprio, ainda que decorrente do poder constituinte central e originário: podem fazer suas próprias constituições, respeitando os princípios fixados na constituição federal; ao passo que as regiões ou outras unidades descentralizadas em um estado que não seja federal não têm poder constituinte próprio, não podem fazer uma constituição, mesmo se subordinada à constituição central e nacional.
Por fim, convém lembrar que nos estados unitários – sejam eles quais forem, inclusive nos estados regionais – não se fala federal, federativo, etc., pois não há federação. Fala-se nacional (por exemplo: lei nacional, guarda nacional, Suprema Corte Nacional, etc.) Já, nos estados federais, ora se fala federal, ora se fala nacional (por exemplo: lei federal, polícia federal, Distrito Federal, Supremo Tribunal Federal, Congresso Nacional, Conselho Nacional de Educação, etc.)
Características do estado federal:
 Estado Federal ou Estado Federativo é aquele em que há uma participação dos Estados-Membros no poder central por meio de uma das câmaras que compõem o Poder Legislativo. Nesta forma de Estado, os Estados-Membros possuem autonomia política, que é o poder de auto-organização mediante um poder constituinte próprio. Não há, portanto, hierarquia entre Estados-Membros e União. Por Estado-Membro entende-se a subdivisão administrativa, com autonomia, dotada de governo próprio e Constituição, e que com outros Estados-Membros formam a Federação. No caso brasileiro, é o exemplo das Unidades Federativas, por exemplo, o Estado de Goiás, o Estado de São Paulo, o Estado do Amazonas etc. A Federação possui múltiplos polos políticos administrativos autônomos, ao contrário do Estado Unitário que possui apenas um polo político administrativo autônomo. Desse modo, uma das principais diferenças entre confederação e federação reside no fato de que, na federação, os entes federados precisam abdicar de suas respectivas soberanias em favor da existência de um governo federal, mas ainda sendo-lhes reservados todos os poderes locais constitutivos de suas autonomias.
FEDERAÇÃO NA CF/88
Histórico da federação brasileira.
Historicamente, segundo Manoel Gonçalves Ferreira Filho (2015, p. 86-87), o ideal federativo sempre foi um anseio, antecedendo a própria independência. No entanto, conquistada a independência e editada a nossa primeira Constituição em 1824, o Brasil adotou a forma de Estado unitário e descentralizado. Somente com a proclamação da República e com a promulgação da Constituição de 1891, adotouse a federação num modelo dualista, mal adaptado à imensidão do território brasileiro e diversidade entre as regiões. Com a Constituição de 1930, após diversas manifestações reivindicatórias dos Estados, instituiu-se o chamado federalismo cooperativo, passando a União a tratar do interesse geral, amesquinhando-se o papel dos Estados, o que foi acentuado com o Estado Novo e a Constituição de 1937. Na Constituição de 1946, essa tendência à centralização se manteve, diante das preocupações desenvolvimentistas, com as tentativas de planejamento, de redução das desigualdades regionais e de grandes investimentos estatais, especialmente na indústria de base. Com a Revolução de 1964 e a Constituição de 1967, essa tendência foi acentuada, instaurando-se o federalismo de integração. Somente em 1988, buscando um reequilíbrio federativo, a Constituição conferiu maior autonomia aos Estados-membros, restabelecendo o federalismo cooperativo e abandonando o federalismo de integração
Características da federação brasileira: União, Estados, Distrito Federal, Municípios e Territórios.
O Brasil adotou o federalismo desde a proclamação da República em 1889. Estado federado é forma de Estado soberano, com personalidade jurídica de Direito Público Internacional e com capacidade para a autodeterrminação. É um todo formado pela união dos entes federados (União, Estados, Distrito Federal e Municípios). Cada um desses entes é autônomo entre si, com governo próprio e diplomas legais específicos (Constituições Estaduais, Lei Orgânica do Distrito Federal e Leis Orgânicas Municipais) de acordo com as competências definidas pela Constituição Federal (CF) de 88.
União: é o resultado da união dos Estados e do Distrito Federal, constituindo aliança indissolúvel desses entes. Nela há o exercício dos três poderes: (i) Executivo, cuja autoridade máxima é o Presidente da República; (ii) Legislativo, sediado no Congresso Nacional, composto por duas casas, quais sejam,a Câmara dos Deputados e o Senado Federal; e (iii) Judiciário. Ela pode editar leis federais, adstritas a sua competência para legislar, ou leis nacionais, que vinculam os outros entes federados, limitando a competência deles. A União possui bens próprios, conforme previsto no art. 20, da CF/88, destacando-se, entre eles, o mar territorial, os recursos minerais e o subsolo e as terras indígenas. Objetivando o desenvolvimento socioeconômico e combater às desigualdades regionais, ela pode, nos termos do art. 43, da CF/88, criar regiões, como as Regiões Integradas de Desenvolvimento Juazeiro-Petrolina, Grande Teresina-Timon e Entorno do DF
Estados-membros: são entes da federação, pessoas jurídicas de Direito Público Interno e têm capacidade para auto-organização própria (Constituições Estaduais e Lei Orgânica do Distrito Federal) auto-governo e auto-administração.
Distrito Federal: foi criado para abrigar a sede da União e não se confunde com o Estado-membro nem com o Município, apesar de possuir características de ambos. Rege-se por lei orgânica e não tem organização de Ministério Público nem do Poder Judiciário, que atua em seu território, tal como ocorre com os Municípios. Da mesma forma, as Polícias Civil e Militar e o Corpo de Bombeiros são organizados e mantidos pela União, submetendo-se aos limites impostos em lei federal.
Municípios: possuem Poder Executivo, cujo chefe é o Prefeito, e Poder Legislativo, representado pela Câmara de Vereadores, mas não Poder Judiciário próprio. Eles se organizam por meio de Lei Orgânica, conforme art. 29, da CF/88. Diante dessas características são tidos como entes federados por boa parte da doutrina, o que é corroborado pelo art. 1º, da CF/88, que afirma ser a República Federativa do Brasil formada pela união indissolúvel dos Estados, Distrito Federal e dos Municípios. No entanto, esse posicionamento não é pacífico
Territórios: embora os últimos territórios (Fernando de Noronha, que foi anexado a Pernambuco, e Roraima e Amapá, que ganharam o status de Estados) tenham sido extintos em 1990, o art. 18, §2º, da CF/88, confere a prerrogativa de serem criados por lei complementar federal, constituindo-se em descentralizações administrativas da União, carecendo de autonomia
Repartição de competências: competência privativa, competência
concorrente e competência comum.
Competência privativa: quando atribuída apenas a determinado ente, mas cabe delegação (p. ex., competências legislativas da União do art. 22 da CF).
Competência concorrente: quando atribuída a mais de um ente e com predeterminação sobre a esfera de atuação de cada um.
Competência comum: quando atribuída igualmente a mais de um ente, deixando-se o âmbito de atuação de cada um a ser definido pela preponderância do interesse. 
Fundamentos e objetivos fundamentais da República Federativa do
Brasil.
Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I – Construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II – Garantir o desenvolvimento nacional;
III – Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV – Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
 Entes Federados e intervenção  
Características dos entes federados
UNIÃO: A União possui competência de natureza administrativa (ou material) e legislativa. A competência administrativa (ou material) pode ser exclusiva (art. 21, I a XXV, CF/88) ou comum (art. 23, I a XII, CF/88). A administrativa exclusiva é indelegável. A competência legislativa da União, por sua vez, divide-se em privativa (art. 22, I a XXIX, CF/88) e concorrente (art. 24, I a XVI, CF/88). A competência legislativa privativa é delegável aos Estados federados e ao DF (art. 22, parágrafo único, CF/88).
Estados-membros e DF: definição, características
Os Estados-membros são entes da Federação. Gozam de auto-organização, auto legislação, autogoverno e autoadministração. Assim como a União no plano interno, os Estados-membros
Não são soberanos e sim autônomos. Importante destacar que os Estados-membros são pessoas jurídicas de direito público interno. DIREITO CONSTITUCIONAL 254 Júlio Cesar Franceschet O DF, pessoa jurídica de direito público interno, é considerado ente híbrido, dotado de competências inerentes aos Estados e Municípios, apesar de se aproximar muito mais daquele. Tem capacidade político-administrativa e não pode ser dividido em Municípios (art. 32 da CF).
Município :Os Municípios não possuem, tecnicamente, constituição. São regidos por Lei Orgânica, votada em dois turnos, com intervalo mínimo de 10 dias, e será aprovada por 2/3 dos membros da Câmara Municipal. A Lei Orgânica é aprovada pela Câmara Municipal e não pela Assembleia Legislativa, conforme alternativa presente em recente questão do Exame Unificado da Ordem (2012.3). Em relação à distribuição de competências, os Municípios possuem: A Competência administrativa (ou material): 1. Comum (art. 23 da CF), exercida paralelamente com os demais entes federados; e 2. Privativa (enumerada): exercida com exclusividade nos termos do art. 30, incisos III a IX da CF. B Competência legislativa: 1. Exclusiva: exercida com fundamento no princípio da predominância, cabendo aos Municípios legislar sobre “assuntos de interesse local” (art. 30, inciso I e art. 182, §1º, ambos da CF); 2. Suplementar: cabe aos Municípios suplementar a legislação federal e estadual, no que couber, e sempre atento à predominância de interesses (interesses locais – art. 30, inciso II, da CF). Sobre o princípio da predominância do interesse, observe o teor da súmula 645 do STF: “é competente o município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial”. Neste caso, entendeu o Supremo que referida matéria (funcionamento dos estabelecimentos comerciais) é de interesse local. C Competência tributária expressa: art. 156 da CF. MUITA ATENÇÃO! Os Municípios não têm competência concorrente; eles podem, eventualmente, suplementar a legislação federal e estadual, desde que esteja presente o interesse local (art. 30, incisos I e II, da CF)
Intervenção:
A intervenção pode ou não implicar na nomeação do interventor e, pode afetar diferentes órgãos do ente federado. De forma que, se a intervenção ocorrer no Executivo, a nomeação do interventor será necessária, para que exerça as funções do governador.
 Mas, se a intervenção restringir-se ao Poder Legislativo, tornar-se-á desnecessário um interventor desde que se atribua as funções legislativas ao Chefe do Executivo local. 
Se a intervenção abranger o Executivo e o Legislativo, a nomeação do interventor [5] será necessária, para que este então assuma as funções executivas e legislativas, respectivamente. 
De qualquer forma, de intervenção não vinculada, seja espontânea ou provocada por solicitação, o Presidente da República ouvirá os Conselhos da República e da Defesa Nacional que opinarão a respeito.
 Entretanto, os conselhos proferidos não obrigam ao Presidente da República que decidirá discricionariamente sobre a decretação da intervenção.
 Frise-se, outrossim, que a intervenção será sempre temporária e, cessados os seus motivos causadores, as autoridades afastadas de seus cargos retornarão, exceto se houver impedimento legal (art. 36, §4º CF/1988).
REFERÊNCIAS
https://www.senado.gov.br/noticias/especiais/constituicao25anos/historia-das-constituicoes.htm#:~:text=As%20Constitui%C3%A7%C3%B5es%20anteriores%20s%C3%A3o%20as,%2C%201937%2C%201946%20e%201967.&text=Apoiado%20pelo%20Partido%20Portugu%C3%AAs%2C%20constitu%C3%ADdo,a%20primeira%20Constitui%C3%A7%C3%A3o%20do%20Brasil. 
https://trilhante.com.br/trilha/oab-1-fase/curso/plano-de-estudos-30-dias/aula/classificacao-das-constituicoes2#:~:text=Segundo%20os%20crit%C3%A9rios%20apresentados%2C%20a,%2C%20garantia%2C%20social%20e%20expansiva.
https://lucascalaca71.jusbrasil.com.br/artigos/189932692/o-estado-democratico-de-direito-a-luz-da-constituicaofederal#:~:text=Princ%C3%ADpios%20a%20tarefa%20do%20Estado,superar%20as%20desigualdades%20sociais%20e

Continue navegando