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Ética e Moral: Conceitos e História

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AULA 1 
Ética: Norma e regras pessoais - O termo ética deriva de éthos, que significa modo de ser (caráter/comportamento), e, por isto, define-se com frequência a ética como a doutrina dos costumes ou hábitos adquiridos pelo homem. - Poder de decisão de cada pessoa sobre fazer o que é "certo" ou "errado" de acordo com as regras sociais de um determinado lugar. "O que eu devo ou não fazer?" 
Só os humanos tem a capacidade de ser ético, porque está só nós podemos fazer escolhas racionais. 
Moral: Norma e regras sociais - É o conjunto de regras adquiridas através da cultura, educação, da tradição e cotidiano que orientam o comportamento humano em uma determinada sociedade. A moral é mutavel e varia de acordo com a sociedade, tempo...
Ex: A poligamia no Brasil não é de acordo com a moral, inclusive em lei somos proibidos de casar com mais de uma pessoa. Mas atravez da ética temos a liberdade de escolher ter vários relacionamentos ao mesmo tempo. 
Alguém é ético ou antiético na medida em que fundamenta suas ações em princípios que consideram ou desconsideram a equidade, o respeito ao outro e a justiça. Por exemplo: Roubar é imoral (vai contra as normas de conduta de nossa sociedade). Roubar é imoral, porque consideramos que ninguém tem o direito de retirar o que é de outro contra a sua vontade (valor ideológico ético que fundamenta o comportamento moral).
DEVO, POSSO e QUERO.
Ética grega: 
pré-socráticos: Entre os pré-socráticos, por exemplo, Heráclito utiliza o vocábulo éthos para situar a condição do homem “como aquela que necessita de um lugar” ou “morada”, definindo um “modo de estar” no mundo (KIRK, RAVEN, SCHOFIELD:1994). Mostra a virtude sob a busca de um equilíbrio interno diante do movimento das paixões. O saber e a prudência seriam, assim, essenciais, pois ensinariam ao homem de que modo ele deveria viver, conseguindo a felicidade.
Sócrates: A reflexão ética autônoma no mundo grego aparece apenas com Sócrates que, combatendo os sofistas, acreditou na estabilidade das leis, dos princípios verdadeiros e universais das normas, conferindo a elas um valor intrínseco. A partir dele, o termo ética se afasta tanto do sentido originário de morada quanto de equilíbrio das paixões, tal como Heráclito e Demócrito respectivamente entendiam. Este avanço foi possível sob a elaboração de um método, denominado maiêutica 1, que levasse os diversos cidadãos a uma vida virtuosa.
Aristóteles: Aristóteles tornou a ética uma disciplina autônoma no domínio da filosofia moral. Para ele, o campo ético deveria investigar as características do bem, da perfeição e da felicidade que são atribuídas ao homem, com o fim de ajustá-los à orientação prática da conduta humana. Ele considerava que toda ação humana está orientada para a realização de algum bem, ao qual estão unidos o prazer e a felicidade.
Ética cristã: Nesse período, os pensadores cristãos conceberam uma nova ética que encontra em Deus os princípios da vida moral. A esta nova ética denomina-se: Teonomia.Ironicamente, no entanto, a ética cristã de igualdade é lançada no momento histórico em que os homens conhecem as maiores desigualdades: 
A divisão entre escravos e homens livres
Ou entre servos e senhores feudais
Podemos afirmar que a formulação conceitual da ética cristã herda conceitos platônicos e aristotélicos, submetendo-os a um processo de cristianização, que transparece nas éticas de Santo Agostinho e São Tomás de Aquino.
Santo Agostinho: Para ele a ascensão da alma que em Platão se eleva do mundo sensível ao inteligível, transforma-se na elevação até Deus, cujo fim é o êxtase místico ou felicidade.
São Tomás de Aquino: Retomando Aristóteles, destacam-se a contemplação e o conhecimento que dela decorre; São Tomás de Aquino se afasta, no entanto, da divisão das virtudes e da ética como doutrina dos costumes quando afirma que o fim supremo do conhecimento é Deus, entendido como o maior bem objetivo, cuja posse gera felicidade, um bem subjetivo.
A história da ética ganha um novo rumo, entre os séculos XIV e XVI (Renascimento) a partir da valorização do homem nas ciências e nas artes. Retomam-se algumas tendências éticas antigas no início da Renascença, demarcando-se o início do que se conhece como ética moderna (séculos XVI-XIX).
Alguns acontecimentos desse período:
1. É marcado pela criação de uma nova sociedade que substitui a ordem feudal da Idade Média, sob uma série de mudanças.
2. No plano econômico, há o incremento de forças produtivas em função do desenvolvimento científico, mediante uma perspectiva científica mais prática (Francis Bacon).
3. No plano social, temos o aparecimento de uma nova classe social – a burguesia – inicialmente na França (com a Revolução Francesa, 1789), desenvolvendo-se, no século seguinte, principalmente na Inglaterra.
4. Como consequência, vemos a implantação de um sistema em que o trabalhador, ao trocar sua força de trabalho por um salário, não é dono dos meios de produção; esses passam ao domínio da classe burguesa que, ao vender as mercadorias produzidas pelos trabalhadores, atribui um sobrevalor ao produzido, obtendo uma mais-valia ou lucro: o capitalismo.
No plano espiritual, há a perda do papel de guia atribuído à Igreja Católica, pois a religião deixa de ser a forma ideológica dominante. Separam-se, em linhas gerais: razão/fé, natureza e homem/Deus, Estado/Igreja. A dimensão humana coloca-se, portanto, no centro da filosofia, ciência, arte, política, e, também, da moral. 
Nicolau Maquiavel: Chamou atenção sobre o papel da ação política – visando a sobrevivência de um grupo, não de indivíduos isolados – na formação dos conceitos éticos.
Thomas Hobbes: Defende a tese de que o homem é antissocial, comportando-se sempre para satisfazer seu interesse pessoal e absorvendo aquilo que é bom ou vantajoso para si: egoísmo ético.
Baruch Espinosa: Buscou na correspondência alma-corpo fundamentos de uma ética voltada para o exercício da liberdade, afirmando que são os homens que causam as paixões, não que estas devam estar subjugadas à razão ou vice-versa. (A liberdade é autodeterminação, autonomia.) A liberdade em Spinoza está vinculda ao conhecimento das causas conscientes e inconscientes que nos levam a perceber e a agir.
Kant: Na Crítica da razão prática, e na Fundamentação da metafísica dos costumes, ele descobre princípios racionais na vida prática dos homens, compreendendo como certos costumes podem orientar as ações humanas. Segundo afirma, a vontade é verdadeiramente moral quando é regida por imperativos categóricos – referem-se a ações objetivamente necessárias, em que suas realizações estejam subordinadas tanto a fins quanto condições; a moralidade, neste sentido, diz respeito ao fundamento da bondade dos atos, averiguando em que consiste o bom.
A resposta kantiana: o único bem em si mesmo é a boa vontade, aquela que age por puro respeito ao dever, visando sujeição do homem à lei moral – autonomia humano-moral. O dever torna-se, nesse quadro, incondicionado ou absoluto, abrangendo algo que se estende a todos os seres humanos em quaisquer tempos ou condições.
A noção de que o bem só é possível quando compartilhado ao nível social, que o ético se faz a partir do todo social e não a partir da ação individual, faz parte das discussões da: Ética contemporânea.
Ética na antiguidade: buscar o equilibrio entre o bem individual e o bem coletivo, estavam em busca da felicidade. 
Ética na idade média: baseada nas leis divinas, em buscar a vida eterna.
Ética na idade moderna: Voltamos a valorizar a razão, liberdade, índividuo que faz escolhas.
Friedrich Nietzsche: Analisando os valores da cultura europeia, os vê encarnados no cristianismo, socialismo e igualitarismo democrático e sustenta que são formas de uma moral a ser superada mediante a formulação de um ponto vista além do bem e do mal.
Franz Brentano: Para ele seria possível se estabelecer leis universais de caráter axiológico (Filosofia dos valores), na medida em que há um subjetivismo ético que
se relaciona a uma teoria objetiva do valor. Este é enunciado sob atos de preferência (valorização) ou repugnância (desvalorização); assim, a experiência que algo seja bom inclui um aspecto subjetivo (para alguém) e a intenção que leva um homem a preferir algo.
Ética contemporânea e relativismo ético
As discussões sobre as questões a respeito do conceito de bem supremo, ou os debates sobre se o bem é o bem individual ou coletivo, se parte do particular para o geral ou vice-versa, tem encontrado certo consenso no sentido de que o bem só é possível quando compartilhado ao nível social.
Assim, o ético se faz a partir do todo social e não a partir da ação individual.
Mário Sérgio Cortella 
Clóvis Barros: A ética atual é a vitória dos interesses coletivos em relação aos interesses individuais.
Relativismo Ético: Capacidade de argumentação, ampliação do pensamento pra chegar em uma conclusão ética. Uma pessoa pode argumentar sobre alguma coisa certa e outra pessoa pode trazer outros argumentos que derrube tudo aquilo que é dito como certo.
AULA 2
O objetivo primordial da Bioética é discutir as questões relativas à vida e a saúde, principalmente as que surgiram a partir de inovações tecnológicas posteriores aos debates éticos tradicionais, sob um enfoque humanista e assim, evitar que estes debates se restrinjam a aspectos puramente tecnicistas, esquecendo-se de que tratamos de aspectos delicados e extremamente complexos. A valorização da vida humana, diante dos avanços da ciência é, assim, preconizada como fundamento maior da Bioética.
História da Bioética: As bases filosóficas da Bioética começaram a ser mais bem definidas após a Segunda Guerra Mundial, quando o mundo ocidental, chocado com as práticas nazistas executadas pretensamente em nome da ciência, cria um código ético para normatizar os estudos e experiências relacionados a seres humanos. fortalece-se também a ideia de que a ciência (ou qualquer outra forma de progresso) não pode ser mais importante que o homem. Assim, tecnologias e desenvolvimento técnico devem ser controlados para acompanhar a consciência da humanidade sobre os efeitos que eles podem ter, nos indivíduos, no mundo e na sociedade.
Individualismo: Cada um tem que ter a sua liberdade, mas até quando? até onde? Uma ação sem pensar no outro, sem responsabilidade.
Hedonismo: Busca desenfreada pelo prazer. Ex: Alimentos considerado gostosos mas que não fazem bem, buscamos apenas pelo hedonismo.
Utilitarismo: Relação de custo beneficio. Ex: Alimentos transgênicos, dependendo do que for modificado cientificamente em um determinado alimento, vai trazer bastante economia na produção, mas e o maleficio na saúde da população?
A ética industrial decorrente da disseminação de valores capitalistas e da incessante busca por mais desenvolvimento tecnológico, estabeleceu nas sociedades ocidentais uma ideologia chamada de teoria utilitarista, através da qual a vida humana passa a ser concebida como objetivando a maximização da qualidade. Com isso, o debate ético sobre a sacralidade da vida humana começa a perder sentido em detrimento do quanto pode ser feito para que as pessoas em geral vivam mais e melhor.
John Finnis e outros estudiosos da ética e da bioética que se contrapunham a esta abordagem, argumentam que a questão da maximização do prazer (ou da qualidade de vida) não pode se impor (como uma equação matemática) eticamente a aspectos morais e a valores mais amplos do que o prazer. Segundo estes autores, temas como o aborto ou a eutanásia, não podem ser moralmente debatidos em termos de satisfatoriedade ou qualidade de vida. Ou, em outras palavras, não podemos sustentar a defesa do aborto simplesmente pelo fato de que a gestante se priva de situações ou gratificações em função da gravidez.
Assim, para solucionar questões éticas práticas, decorrentes de conflitos e controvérsias da interação humana e de suas práticas médicas ou científicas, a bioética se fundamenta em uma tríplice atuação:
- Descritiva: Voltada para a descrição e análise destes conflitos. (descrição)
- Normativa: Com relação a tais conflitos, no duplo sentido de proscrever os comportamentos que podem ser considerados reprováveis e de prescrever aqueles considerados corretos. (limites/normas)
- Protetora: No sentido de amparar, na medida do possível, todos os envolvidos em alguma disputa de interesses e valores, priorizando, quando isso for necessário, os mais “fracos”. (proteger, garantir que todos os lados consigam expor seu ponto de vista).
bioética: estudar o impacto das novas tecnologias sobre a vida, identtificar os limites de interveção da ciencia, e mediar entre o humanistico e o tecnológico. 
Uma situação frequente é a ocorrência de uma determinada ação que acarreta em dois efeitos concomitantes, um bom e outro mau. Apesar de buscarmos o primeiro resultado, ele sempre traz consigo um efeito colateral indesejável, porém inseparável.
Principio do duplo efeito: Foi elaborado para estabelecer as condições pelas quais considera-se ética uma ação boa que promove efeitos negativos. O duplo efeito significa exatamente a utilização de uma ferramenta que melhore condições de saúde ou mesmo prolongue a vida de um paciente, mas pode trazer condições adversas.
- A primeira dessas condições refere-se ao fato de que a ação em si não deve ser má. Isso significa que o mal não pode ser meio para a produção do bem, assim como um ato mau não pode ser moralmente aceito, mesmo que produza benefícios. 
- A segunda condição diz respeito à existência de uma proporcionalidade entre os efeitos colaterais negativos e os benefícios decorrentes da ação. Os benefícios precisam ser maiores do que os malefícios da ação. 
Princípio da totalidade: Este princípio se origina do sistema psicológico da Gestalt que sustenta que: “O todo é mais do que a soma de suas partes”. Em outras palavras, isso significa dizer que não podemos dispor das partes de nosso corpo sem analisarmos o que isso irá promover em termos da preservação de nossa saúde geral.
A amputação de um órgão ou parte do corpo, por exemplo, precisa ser justificada em função de um dano permanente que não possa ser alterado e que implique em prejuízos para a saúde geral do corpo. Ou, em situações de doação a terceiros, o quanto esta remoção irá ou não afetar as condições de saúde geral do doador (em termos de proporcionalidade ao bem produzido ao outro).
Meios ordinários e extraordinários de tratamento
Um procedimento padrão no tratamento de alguma enfermidade se traduz pela aplicação de medicamentos ou processos terapêuticos já amplamente testados, de acesso disponível e que possuem eficácia comprovada na produção de resultados. Este tipo de procedimento, chamamos de meios ordinários (comuns).
Existem, no entanto, situações em que estes procedimentos não são eficases, nestes casos, é preciso lançar mão de procedimentos que ao contrário dos primeiros, são muitas vezes caros, produzem efeitos colaterais indesejáveis e ainda assim, não tem sua eficácia plenamente comprovada. São os chamados meios extraordinários.
Respeito a pessoa humana:
1. Respeito a Identidade: cada ser humano é diferente do outro, individualidade. 
- O que uma pessoa sente com depressão é diferente do que outra pessoa com depressão sente. 
2. Dignidade: Respeito ao valor de cada um. 
- Se um paciente for alguém da sua familia ou um amigo? Você vai tratar com carinho... Mas, e se for um desconhecido? Trate da mesma maneira, cada pessoa tem seu valor e merece ser bem tratado. 
3. Unitotalidade: É olhar para o todo do ser humano (parte biológica, psicologica, social, espiritual).
- Na religião testemunha de geová não é permitido a transfusão de sangue, pensando no direito da unitotalidade esse direito será respeitado.
Princípios da Bioética: 
- Beneficência/Não maleficência: Fazer o bem, com o minimo de risco possivel. 
- Autonomia/Auto determinação: Autonomia de tomar algumas decisões e de entender tudo que será feito com ela.
- Justiça: dar a cada um
o que lhe é devido.
Dentre os padrões de aplicação dos critérios de justiça, temos: 
- Justiça Comutativa: Define padrões relativos à equidade nos mais variados tipos de trocas ou relações comerciais como, por exemplo, as formas de determinação de preços e salários.
- Justiça Retributiva: Estipula sanções legais para a violação das leis e que determina os meios de garantia que o que é devido seja pago ou restituído.
- Justiça distributiva: Regula a partilha de bens e benefícios sociais, garantindo a cada um o que lhe é devido na distribuição de um todo. Todos estes aspectos estão intrínsecos na aplicação da Bioética, mas a justiça distributiva, em particular, tem se demonstrado uma área bastante sensível, na medida em que a obtenção de recursos de saúde interfere diretamente em muitas questões e problemas inerentes à Bioética.
Daniel Callahan (1972) identificou cinco elementos críticos no conceito de santidade (ou dignidade) da vida humana:
1. Sobrevivência da espécie humana.
2. Preservação das linhas familiares.
3. O direito dos seres humanos terem proteção de seus companheiros.
4. Respeito por escolhas pessoais e autodeterminação, que inclui integridade mental e emocional.
5. Inviolabilidade corporal: Meu corpo, com seus órgãos, sou eu mesmo.
Em Bioética, os procedimentos direcionados para a prescrição de procedimentos médicos e científicos corretos e pela proibição de procedimentos reprováveis eticamente são categorizados como: Normativos.
Em Bioética, os procedimentos voltados para a descrição e análise dos conflitos produzidos pela interação entre o ser humano e as práticas científicas são categorizados como: Descritivos.
AULA 3:
Até a segunda guerra mundial foram realizadas pesquisas brutais com seres humanos.
Julgamento de Nuremberg: 20 médicos foram condenados pelas pesquisas brutais realizados com seres humanos durante a segunda guerra mundial.
Código de Nuremberg: Esse documento vem com o objetivo de normatizar até onde você pode chegar com uma pesquisa em seres humanos, pensando no principio de respeito a vida.
- Em síntese, ele determinava que deveria haver consentimento prévio e voluntário de todos os sujeitos envolvidos em pesquisas e para garantir que não haveria indução à participação, os sujeitos deveriam receber informações sobre riscos, objetivos e procedimentos experimentais.
Determinava também que toda pesquisa deveria apresentar a possibilidade de resultados não alcançáveis por outros procedimentos não invasivos e exigia a realização de experimentos anteriores em animais.
Esta foi a primeira legislação moderna que visou o controle sobre atuações científicas de riscos em seres humanos.
Declaração de Helsinque: O bem-estar do ser humano deve estar a frente dos interesses da sociedade e da ciência.
- Quase vinte anos depois, em 1964, foi criado pela Associação Médica Mundial, um novo e mais elaborado documento, conhecido pelo nome de Declaração de Helsinque. A Declaração passou no decorrer dos anos por diversas alterações e revisões, tendo sido a última, até o momento, efetuada em 2008, na 59ª Assembleia Médica Mundial, realizada em Seul na Coreia do Sul. A Declaração de Helsinque é considerada o mais atual e importante documento mundial sobre a ética em pesquisas na área da saúde e tem servido como base para quase que a totalidade de todos os procedimentos regulatórios sobre pesquisa biomédica. 
Este documento foi dividido em três partes principais:
1. Nos princípios básicos a declaração procura seguir os princípios gerais da Bioética, ressaltando os aspectos morais envolvidos nos procedimentos e experimentos científicos e na necessária proporcionalidade entre os riscos envolvidos e os benefícios advindos destas pesquisas.
2. Na parte referente à pesquisa clínica combinada com o cuidado profissional, o documento aborda a possibilidade da aplicação de meios extraordinários de tratamento (pesquisas experimentais) desde que previamente consentidos e que a pesquisa traga perspectiva de reversão da patologia do próprio paciente.
3. No que diz respeito à pesquisa clínica não terapêutica, a declaração de Helsinque obriga o médico pesquisador a se responsabilizar pela saúde do paciente no qual os procedimentos experimentais são efetuados e considera que, apesar do necessário consentimento explicito, consciente e plenamente justificado do paciente, a responsabilidade sobre danos ou consequências é sempre do médico pesquisador. Podendo ainda o sujeito, objeto da pesquisa, cancelar seu consentimento ou solicitar seu encerramento a qualquer momento.
A bioética no Brasil: O primeiro documento brasileiro a tratar das questões éticas sobre pesquisas em seres humanos foi elaborado em 1988. Tratava-se da Resolução nº 1 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) que regulamentava o credenciamento de centros de pesquisa e recomendava a criação de comitês de ética nas instituições de saúde (CEP’s). Estes comitês multidisciplinares têm como função analisar as pesquisas em seres humanos nas diversas áreas de conhecimento, bem como fomentar a discussão sobre a Bioética.
Com a crescente discussão ética mundial, no entanto, a Resolução 01/88 mostrou-se ainda incipiente e para complementá-la surgiu, oito anos após, um novo documento nacional abordando os aspectos éticos em pesquisa. A Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Este novo documento, que é ainda hoje a legislação regulatória geral vigente neste aspecto, nasceu de um amplo debate entre a comunidade científica e representantes da sociedade civil, e foi elaborado pelo Ministério da Saúde com o intuito de normatizar as diretrizes de todas as pesquisas que envolvessem seres humanos no território nacional. Tomando por base os documentos internacionais e igualmente centrada nos princípios gerais da Bioética, a Resolução 196/96 instala ainda a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), instância colegiada, de natureza consultiva, deliberativa, normativa, educativa e independente, vinculada ao Conselho Nacional de Saúde.
Como instância superior e reguladora dos CEP’s, a CONEP é composta por 13 membros sendo cinco personalidades destacadas no campo da ética e saúde e oito personalidades de atuação em outras áreas. Atualmente, qualquer pesquisa só consegue publicação nas revistas científicas nacionais ou internacionais, após aprovação prévia dada por um comitê de ética institucional.
O objetivo maior de todos estes documentos citados é assegurar os direitos à integridade e à preservação da dignidade dos pacientes envolvidos em pesquisas e regulamentar os deveres e responsabilidades da comunidade científica e do Estado, na medida em que a existência de riscos é uma característica inerente às pesquisas em seres humanos.
Antiga Resolução 01/88: Classificava os riscos de uma pesquisa em risco mínimo e risco maior que mínimo.
Resolução 196/96: Ao revogar a anterior, eliminou a classificação de riscos e faz uma assertiva mais geral ao determinar, em sua parte V – RISCOS E BENEFÍCIOS, que “considera-se que toda pesquisa envolvendo seres humanos envolve risco”.
A Resolução 196/96 complementa, ainda, definindo que os danos podem ser imediatos ou tardios e individuais ou coletivos. Desta forma, estabelece o entendimento de risco como a possibilidade de dano (previsto ou não) ao sujeito da pesquisa ou, indiretamente, à coletividade como consequência da mesma. Em maior ou menor grau, estes riscos só se tornam aceitáveis quando a finalidade da pesquisa o justificar pelos seguintes critérios básicos:
- Se a pesquisa oferecer elevada possibilidade de entendimento, prevenção ou alívio do problema que afeta o sujeito.
- Se o benefício esperado for de grande importância ou se o benefício for igual ou maior que o de outra alternativa já conhecida.
Fluxo para aprovação de uma pesquisa em seres humanos:
O investigador envia a pesquisa para o CEP -> para o CONEP -> depois a partir do Termo de Consentimento Livre Esclarecido para o paciênte. O CEP analisa o carater ético e se for necessario passa
pelo CONEP e após aprovação do CEP e do CONEP que chega ao participante da pesquisa. 
Outro importante aspecto a ser considerado, diz respeito ao fato de que nem sempre estamos cientes de todos os riscos envolvidos em um procedimento. - Não se pode considerar como inexistente um risco desconhecido, ou seja, do qual não temos ainda as possíveis dimensões de sua ocorrência. Por isso, procedimentos de análise prévia e prevenção de riscos são tão importantes em pesquisas científicas.
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD) / Rio 92: estabeleceu um documento, chamado Agenda 21, no qual foi formalmente retomado o antigo preceito grego conhecido como Princípio da Precaução. Seu sentido original, reporta-se ao cuidado necessário para que seja possível antecipar danos à saúde ou à segurança das pessoas. Retomando como um princípio do direito ambiental, este conceito, no entanto, aplica-se a qualquer forma de análise de riscos referentes a atividades científicas e tecnológicas que envolvam a possibilidade de danos às pessoas.
 Segundo este conceito, mediante a ausência de certeza científica da inexistência de riscos de danos, devem ser tomadas todas as medidas necessárias na prevenção de efeitos indesejáveis. Especificamente quando falamos de intervenções clínicas ou científicas em saúde, estes efeitos indesejáveis recebem o nome de “eventos adversos”. Estes eventos podem ou não ser decorrentes de erros ou ocorrer como consequências diretas das intervenções sobre o sujeito. Reduzir sua ocorrência é, além da principal função da aplicação do Princípio da Precaução, uma preocupação constante em profissionais eticamente comprometidos e uma das atribuições básicas dos CEP’s.
Segundo Renata Mahfuz Daud Gallotti: Eventos adversos (EAs) são definidos como complicações indesejadas decorrentes do cuidado prestado aos pacientes, não atribuídas à evolução natural da doença de base.
AULA 4:
Direitos fundamentais pertinentes ao doador e ao receptor:
- Direito à vida, à formação dos direitos de personalidade, à integridade física e ao direito ao corpo, em particular, à liberdade de consciência e ao poder de dispor do próprio corpo.
- Dignidade e aos direitos essenciais da pessoa que são, inclusive, considerados como cláusulas inatingíveis por diversas constituições democráticas pelo mundo, ou seja, não podem ser alterados por legislações.
por que acontece? pq tem uma pessoa com determinado problema em um órgão que não há mais nada a fazer a não ser substituí-lo 
como acontece o transplante? existe um sistema chamado Avaliação Pré-Transplante, esse sistema se chama Cadastro Técnico Único (fila de transplante), esse sistema vai cruzar os dados das pessoas candidatas a doadoras e das pessoas receptoras. Os dados são: tipo sanguíneo, tamanho do orgão, o tempo que está na fila de espera, distancia entre o doador e o receptor, entre outros... (esse sistema é totalmente automatizado) 
o que não é levado em conta nesse cruzamento de dados: raça, sexo, condição social e economica. 
Existem basicamente três fontes de órgãos e tecidos utilizáveis. Este material pode ser coletado de:
1. Animais: xenotransplantes.
Os xenotransplantes, por enquanto, são apenas uma possibilidade teórica.
Muitos estudos vêm sendo realizados no sentido de transplantar órgãos e tecidos entre espécies distintas. Os defensores desta técnica ressaltam os argumentos de que esta possibilidade diminuiria muito o tempo de espera por órgãos e muitas vidas poderiam ser salvas. Há, no entanto uma série de dificuldades técnicas que ainda precisam ser vencidas. A principal delas se refere às rejeições e à possibilidade de transmissão de vírus não humanos para os receptores. Além destas, há ainda aspectos éticos envolvidos como o direito ou não de humanos em utilizar-se de animais para fins de retirada de órgãos.
2. Seres humanos vivos: alotransplantes intervivos.
O alotransplante intervivos, naturalmente implica na utilização de órgãos e tecidos específicos e na necessidade de respeitar-se ao preceito ético da não maleficência do doador. Isto é, não podemos promover uma doação se a mesma produzir no doador algum tipo de dano ou prejuízo a sua saúde geral. Estes aspectos já estavam dispostos na Lei 9.434/97 (Lei dos Transplantes) que estabelece em seu capítulo III, parágrafo 3, que: Só é permitida a doação referida neste artigo quando se tratar de órgãos duplos, de partes de órgãos, tecidos ou partes do corpo cuja retirada não impeça o organismo do doador de continuar vivendo sem risco para a sua integridade e não represente grave comprometimento de suas aptidões vitais e saúde mental e não cause mutilação ou deformação inaceitável, e corresponda a uma necessidade terapêutica comprovadamente indispensável à pessoa receptora.
3. Seres humanos mortos: doador cadáver.
O alotransplante de doador cadáver é de fato o mais comumente utilizado para a grande maioria dos casos e a principal questão ética envolvida diz respeito ao critério de morte, na medida em que esta precisa ser atestada para que se promova a remoção do órgão. O Conselho Federal de Medicina, através da Resolução CFM 1480/97, alterou o critério de morte que anteriormente estava vinculado à falência cardiorrespiratória para a morte encefálica, possibilitando com isso, grande avanço na viabilidade e efetividade das doações. Assim, neste tipo de doação por cadáver, a questão, hoje, resume-se praticamente à forma de obtenção dos órgãos.
Voluntariedade e espontaneidade no ato de doar: se refere ao questionamento da prevalência e manutenção da voluntariedade e da espontaneidade no ato de doar ou se considerar o princípio pelo qual o bem-comum está acima da vontade individual e, consequentemente, se aceita a apropriação de órgãos de cadáveres. Essa questão, reside o questionamento acerca do fato de sermos ou não donos de nosso corpo.
As formas de obtenção de órgão:
1. Doação voluntária: é aquela que o doador expressa a vontade de doar ainda em vida. Deixa uma autorização antes de morrer. 
2. Consentimento presumido: em 1997 a legislação brasileira substituiu a doação voluntária pelo consentimento presumido. Por esta modalidade presume-se que todo cidadão é um doador em potencial a menos que tenha expressado vontade contrária. Assim, se não há manifestação explicita da negativa de doação, as equipes de saúde podem proceder a retirada dos órgãos.
3. Manifestação compulsória: defende o conceito de que todo cidadão deve fazer formalmente a opção entre ser ou não um doado.
4. Abordagem de mercado: é um incentivo financeiro para as familias que aceitarem doar os ógãos do seu ente querido. (justamente pra tentar aumentar o número de doações e diminuir o tamanho da fila de espera)
Em 1998, através de medida provisória e em 2001 promulgada pela Lei 10.211/2001 (que alterou alguns dos dispositivos da Lei dos transplantes original de 1997) a legislação brasileira 1 substitui este critério pelo do consentimento familiar, onde o cônjuge ou parente na linha sucessória assume a responsabilidade pela autorização da doação.
leis: 10.211/2001, 11.633/2007
Podemos resumir os aspectos vinculados à questão da doação de órgãos a um conjunto de princípios éticos gerais, nos quais, se vinculam intrinsecamente as questões dos transplantes. São eles:
- Princípio da Intangibilidade corporal: Nosso corpo é nossa identidade, por tanto devemos respeitar e pensar antes de realizar uma intervenção.
Integralidade Pessoal: Corpo e mente são uma coisa só, e as intervenções no corpo são sempre interpretadas como uma intervenção na integralidade pessoal.
- Princípio da Solidariedade: Considera que o ato de doar órgãos inclui-se na possibilidade que os indivíduos têm de sacrificar sua individualidade em detrimento do bem da comunidade (de outros), desde que estas doações não impliquem em comprometimento da vida ou da saúde geral da pessoa.
- Princípio da Totalidade: Entende o corpo como uma unidade, sendo cada parte do mesmo avaliada de acordo com o todo.
Assim, cada parte (membro, órgão ou função), só pode ser sacrificada em função da unidade do corpo, ou seja, desde que isso seja útil para o bem-estar de todo o organismo ou que em caso de doação a terceiros, não comprometa a integridade geral.
A estes princípios éticos gerais, somam-se ainda aspectos específicos que se traduzem em princípios do biodireito próprios para as situações de transplantes. Dentre eles, destacam-se:
1. Princípio da autonomia: Pelo qual qualquer coleta de tecidos ou órgãos tem de passar pelo consentimento do doador.
2. Princípio da confidencialidade: Pelo qual se preserva o direito do indivíduo doador em decidir qual a informação sua que autoriza a veiculação ao receptor e qual quer manter em anonimato.
3. Estabelece que o órgão ou tecido apenas poderá ser dado e nunca vendido, visto que não se trata de objetos e sim partes da própria individualidade.
4. Princípio da não discriminação: Em que a seleção dos receptores só pode ser feita mediante critérios médicos.
Por que órgãos de porcos e não de macacos são testados para transplantes em seres humanos? Isso ocorre porque há bastante semelhança física entre suínos e seres humanos. "Anatomicamente, órgãos como o fígado, o coração e o rim do porco são muito parecidos com os nossos", diz o cirurgião hepático Sérgio Mies, da Universidade de São Paulo (USP) e do hospital Albert Einstein, em São Paulo. Outra vantagem é que os porcos chegam à fase adulta muito mais rápido do que os macacos. Com apenas um ano, um porco já tem entre 60 e 80 quilos e pode ser doador, enquanto gorilas, que têm órgãos com um tamanho próximo ao do ser humano, só atingem a maturidade aos 7 anos - sem contar que boa parte dos primatas está em risco de extinção.
Com a alteração do critério de morte cardiorrespiratória para a morte encefálica, possibilitou grande avanço na viabilidade e efetividade das doações. Na doação por cadáver, a questão, hoje, resume-se à forma de obtenção através de doação voluntária, consentimento presumido, manifestação compulsória ou abordagem de mercado.
Desde a doação de um órgão, até que este seja transplantado, estão vinculados alguns direitos fundamentais pertinentes ao doador e ao receptor, como o direito à vida, a formação dos direitos de personalidade, a integridade física e o direito ao próprio corpo, a liberdade de consciência e o poder de disposição do próprio corpo
https://www.ufrgs.br/bioetica/transprt.htm
AULA 5:
Novas tecnologias
Sempre que a tecnologia avança, seja em que campo for, ela traz consigo outros fatores paralelos à evolução do conhecimento. O mais pragmático destes fatores está no próprio uso destas novas tecnologias. Assim como o laser pode ser usado para curar, pode também ser utilizado para fins bélicos. Não podemos confundir a tecnologia em si, com o uso que se fará dela.
O fato é que novas tecnologias implicam em novas ferramentas que podem alterar hábitos, eliminar ou transformar comportamentos, inaugurar novas possibilidades e uma série infindável de ações que se transformam em função delas.
Os frequentes avanços tecnológicos na área da saúde se, por um lado, têm propiciado imensos benefícios para a sociedade, por outro lado, têm também feito surgir novos problemas e questões éticas a serem discutidas e consideradas. Novas questões que surgem a partir de novas possibilidades de intervenção do homem sobre os fatos.
As questões éticas envolvidas nos procedimentos ligados à reprodução humana abarcam uma série de aspectos, mas seu conceito básico é: O objetivo da reprodução é a geração da vida.
Nesse sentido, podemos refletir: O que pode ser considerado “vida humana”?, Em que momento a vida biológica deve ser reconhecida como pessoa?
Para a Igreja católica:
- 1987: A Igreja Católica possui um extenso documento intitulado “Instrução sobre o respeito à vida humana em suas origens e a dignidade da procriação em resposta a determinadas questões da atualidade” . Neste documento (Donum Vitae) datado de 1987, fica formalmente estabelecido que, pela perspectiva da Igreja, o início da vida humana se dá no momento em que ocorre a fecundação.
- 2008: Mais recentemente, em 2008, publica outro documento sobre aspectos de Bioética ligados à dignidade humana onde reforça este entendimento e considera como lícitas as tecnologias de fertilização que auxiliam os casais a procriarem desde que estas respeitem a preservação do ato procriativo em si e considera moralmente ilícitas as tecnologias que dissociam a procriação do ato sexual como a criogenia ou a fecundação “in vitro”
Há ainda quem defenda que o ser humano se caracteriza apenas a partir do surgimento da consciência e do “comportamento moral”.
Reprodução assistida:
- Século XVIII: Desde esse século J. Goldim relata que já existem relatos médicos sobre a tentativa de realização deste tipo de intervenção.
- 1978: Apenas nesse ano, com o nascimento de Louise Brown (que ficou notoriamente conhecida como o primeiro “bebê de proveta”) na Inglaterra, as técnicas de fertilização “in vitro” chegaram ao conhecimento do grande público e também ganharam mais interesse nas pesquisas médicas especializadas.
- 1981: O nascimento desta criança foi de tal importância para o desenvolvimento cientifico e tecnológico na área da saúde que foi instituído na Inglaterra, em 1981, um comitê de investigação sobre fertilização humana e embriologia (Committee of Inquiry into Human Fertilization and Embriology), vinculado ao Ministério da Saúde britânico com o objetivo de desenvolver um relatório sobre as implicações éticas, sociais e legais provenientes da utilização desta nova biotecnologia. Três anos após sua instalação, foi feita uma publicação chamada Relatório Warnock (em referência a Mary Warnock, presidente do comitê). Grande parte dos aspectos da Bioética e do Biodireito atuais é pautada no texto deste relatório.
- Década de 90: A partir da década de 90 as sociedades médicas mundiais passaram a inserir diretrizes éticas relativas às tecnologias de reprodução em suas normatizações.
No Brasil: Em 1992, o Conselho Federal de Medicina, seguindo as mais avançadas legislações mundiais e igualmente fundamentado no Relatório Warnock, instituiu com a Resolução CFM 1358/92, as Normas Éticas para Utilização das Técnicas de Reprodução Assistida.
Atualmente, está em vigor a Resolução CFM 1957/2010 que revoga a anterior (após 18 anos) alterando alguns poucos aspectos, dentre os principais a substituição do termo “pré-embriões” por “embriões” e a introdução de um item que afirma que: Não constitui ilícito ético a reprodução assistida post mortem desde que haja autorização prévia específica do (a) falecido (a) para o uso do material biológico criopreservado, de acordo com a legislação vigente". 
Uma série de ramificações temáticas de cunho ético está associada, de modo mais ou menos direto à questão da reprodução assistida. Existem aspectos éticos vinculados ao:
1. Consentimento informado.
2. Seleção de sexo da criança.
3. A doação de espermatozoides, óvulos, embriões.
4. A seleção dos embriões com bases na evidência da possibilidade de doenças congênitas. A maternidade substitutiva.
5. A clonagem.
6. A criopreservação de embriões. E muitos outros.
A questão da doação de gametas, por exemplo. A Resolução CFM 1957/10 institui que a doação deve preservar o anonimato entre receptores e doadores. O argumento principal é de que isso evitaria problemas futuros relativos às situações emocionais e legais com repercussões no desenvolvimento psicológico da criança. Esta perspectiva, no entanto, também não é consensual. Enquanto alguns especialistas acreditam que ela permite aos pais criar seus filhos exclusivamente em função de suas influências socioculturais, outros discordam e afirmam que o desconhecimento da origem genética interfere na completa percepção de sua identidade pessoal. Em alguns países o anonimato não é obrigatório e ,ainda assim, não há uma posição técnica definida em relação aos benefícios ou não deste sigilo para o desenvolvimento
psicossocial da criança e/ou para o acompanhamento clínico de futuros problemas congênitos que venha a apresentar.
Outra questão associada à reprodução assistida envolve a possibilidade de gestação em casais homossexuais femininos. A legislação autoriza que mulheres utilizem sêmen doado para gestação independente da existência de vínculo familiar formal. Há, no entanto, intenso debate ético neste aspecto, que envolve o conceito de família, a admissão do casamento entre homossexuais e a equivalência de procedimentos para adoção e fertilização. No Brasil, assim como em muitos outros países, a adoção de crianças por homossexuais tem sido admitida legalmente, o que indica também a tendência à aceitação da fertilização assistida para casais homossexuais femininos.
- Fertilização in vitro: é colocado o espermatozoide no ovulo, fora do corpo. A mulher vai receber uma série de medicações que estimula a produção de ovulos, e com isso vai retirar os ovulos disponíveis, o homem também coleta o material, após isso eles vão selecionar os melhores espermatozoides pra colocar nos ovulos, vão gerar vários embriões que podem ser implantados no útero da mulher. Se a mulher tem até 35 anos, são colocados 2 embriões, se a mulher tem até 40 anos são 3, se a mulher tem 45 anos, são 4 embriões. Quanto maior a idade, maior a chance de ter um aborto espontâneo. 
- Inseminação artificial: é implantado os espermatozoides dentro da mulher.
- Relação programada: A mulher toma medicações para ovular mais e tem um dia especifico para ter relações. 
Aborto: No sentido inverso da reprodução como criação da vida, o aborto se associa a ela pelo enfoque conceitual ou ideológico do princípio da vida humana e de quando a interrupção gestacional é simplesmente um procedimento clínico e quando passa a ser um crime contra a vida. Existem condições previstas na legislação brasileira para a autorização de abortos legais (estupro e risco de vida materno) e propostas que flexibilizam estas condições estendendo-as à existência de anomalias fetais que implicam na possibilidade de doenças congênitas graves e irreversíveis (anencefalia, por exemplo). Existem condições previstas na legislação brasileira para a autorização de abortos legais (estupro e risco de vida materno) e propostas que flexibilizam estas condições estendendo-as à existência de anomalias fetais que implicam na possibilidade de doenças congênitas graves e irreversíveis (anencefalia, por exemplo).
Argumentos a favor da criminalização do aborto:
- Direito a vida (CF).
- Atentado contra a vida humana.
- A descriminalização poderia aumentar o número de abortos.
- Poderia congestinar os serviços de saúde.
- Pecodo imoral.
Agumentos a favor a descriminalização do aborto:
- Direito da mulher sobre o corpo. Feto tem direito superior?
- Direito de decisão do casal.
- Implicações afetivas emocionais a criança (direito de ser desejada)
- Aborto clandestino e as graves consequências que ele tem.
- Questão social e discriminação. 
- Descriminalização associada a prevenção da gravidez indesejada.
Quando tratamos da política Nacional de Atenção Integral, estamos tratando de: Reprodução Humana Assistida
Para o Prof. Botella Llusiá, a sociedade estava a caminho de destruir a união entre homem e mulher tida até então como imprescindível, de sorte a perder o sentido que o sexo masculino e feminino terá na civilização do futuro. Com o acesso as atuais tecnologias reprodutivas e a ideologia da escolha de cada um permitiriam o nascimento do chamado eugenia do consumidor. A escolha do sexo, das características físicas e até do perfil psicológico da criança passou a ser um tema de mercado. Acessível, assim, a quem tiver dinheiro para custear seu projeto pessoal de procriação. (No Brasil é proibido)
AULA 6: 
A palavra “eutanásia” tem origem grega e representa, literalmente, “boa morte”. É comumente entendida como a prática pela qual o médico abrevia a vida de um paciente incurável.
questões da bioética e do biodireito: se a proteção da vida é um princípio básico do Estado, também são direitos básicos da pessoa o respeito à autonomia e à vontade próprias.
Para entendermos melhor todas as implicações, éticas, políticas, sociais, morais e religiosas envolvidas, precisamos considerar alguns aspectos básicos.
A atuação médica está fundamentada em dois pilares:
1. A preservação da vida
2. O alívio do sofrimento
geralmente feito por injeção letal. 
- Distanásia: Ato de prorrogar a vida através de meios artificiais e, muitas vezes, desproporcionais à condição de recuperação do doente (prolonga o tempo de vida e consequentemente o sofrimento do paciente).
- Ortanásia: Morte natural, sem intervensão da ciência. A ortonásia pode ser chamada, ainda, de eutanásia passiva. Isso pressupõe que o paciente está num estado de doença incurável e que não há mais a utilização de ferramentas e/ou tratamentos que prolonguem a vida em estado tão precário. Neste período são administrados analgésicos na medida em que o paciente precisa para suportar dores.
De modo geral, em condições normais, esses princípios se completam, no entanto, em determinadas situações específicas podem se tornar antagônicos, um deles precisará prevalecer sobre o outro.
Se, nesses casos, considerarmos que a preservação da vida é o valor maior podemos incorrer na chamada “distanásia”. A manutenção artificial da vida possui implicações que vão desde os aspectos psicológicos conflitivos de familiares até a discussão política da utilização de recursos de saúde em pacientes incuráveis.
A questão ética a ser considerada é:
A distanásia é mais ética do que a eutanásia? É válido estender a vida mesmo que a cura não seja possível e o sofrimento excessivamente penoso?
- Eutanásia: Possibilidade cessar a vida quando não há cura. 
Em uma condição de tratamento normal e possibilidade de recuperação plena, evidentemente, o princípio prioritário é a beneficência e o tratamento, mesmo que implique em algum sofrimento, objetiva a preservação da vida. Em condições, no entanto, em que a cura não é mais uma possibilidade, os objetivos precisam estar direcionados para a não maleficência, isto é, não causar dano ou dor desnecessários e sem justificativa.
Assim, a autonomia em recusar tratamentos, por exemplo, também precisa ser avaliada dentro desta perspectiva hierarquizada das condições de recuperação. 
Tipos de eutanásia:
- Eutanásia Ativa: Onde é produzida uma ação que objetiva provocar deliberadamente a morte sem sofrimento. Com uma injeção letal, por exemplo. Apenas três países no mundo (Uruguai, Holanda e Bélgica), atualmente admitem a prática legal da eutanásia ativa. Naturalmente que sem a anuência da Igreja.
- Eutanásia Passiva/indireta: Caracteriza-se pela interrupção de uma terapêutica que atuava na sustentação artificial da vida. A principal distinção em relação a eutanásia ativa é que nessa é cometida uma ação (injeção letal, por exemplo), enquanto que na eutanásia passiva há uma omissão como a não instalação de um procedimento terapêutico ou seu encerramento. A eutanásia passiva e a de duplo efeito tem recebido maior condescendência tanto pela maioria das sociedades médicas quanto por correntes religiosas em função do princípio de “morte com dignidade”.
- Eutanásia de Duplo Efeito: É quando a morte é promovida indiretamente pelas ações médicas executadas com o objetivo de aliviar o sofrimento de um paciente terminal, como, por exemplo, a morfina que administrada para a dor pode provocar depressão respiratória e morte. Nestes casos, o objetivo da ação médica não é promover o óbito, mas assume-se seu risco em prol da amenização do sofrimento.
Nestes casos, o objetivo da ação médica não é promover o óbito, mas assume-se seu risco em prol da amenização do sofrimento.
Outro tipo de classificação da eutanásia, diz respeito ao consentimento ou não do paciente ou de seus responsáveis legais para o ato. Este tipo de classificação está diretamente associado à questão do estabelecimento de responsabilidades
sobre o ato.
- Eutanásia voluntária: Quando a morte provocada ocorre em atendimento a uma vontade explícita do paciente. A eutanásia voluntária é muito assemelhada ao conceito chamado de “suicídio assistido”. A distinção está no fato de que na eutanásia a ação é sempre realizada por outra pessoa, enquanto que no suicídio assistido a própria pessoa (mesmo que com auxílio de terceiros) executa a ação que a leva ao óbito.
- Eutanásia involuntária: Quando ocorre a eutanásia contra o desejo do paciente ou a familia, sendo assim, pode ser considerada uma ação criminosa.
- Eutanásia não voluntária: Quando é realizada sem que o paciente ou família manifeste qualquer posicionamento, nem contra e nem afavor e mesmo assim ela é realizada.
Legislação: Do ponto de vista legal, é importante frisar que no Brasil, o Conselho Federal de Medicina através do Código de Ética Médica (2009) em seu Artigo 41 explicita de modo claro a proibição de "Abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu representante legal. Parágrafo único. Nos casos de doença incurável e terminal, deve o médico oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis sem empreender ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou obstinadas, levando sempre em consideração a vontade expressa do paciente ou, na sua impossibilidade, a de seu representante legal.
Vejamos a evolução da legislação brasileira sobre esse tema:
- 2006: O CFM já havia, nesse ano, aprovado a Resolução 1.805 que regulamentava e autorizava aos médicos a prática da ortotanásia (Interrupção de terapêuticas que já não surtem mais efeitos em pacientes terminais) como forma de desestimular a distanásia (sustentação artificial da vida por tratamentos desproporcionais à condição de recuperação).
- 2009: A Justiça Federal, no entanto, entendeu que o Conselho de Medicina não teria autoridade para legislar em relação a esta questão e apenas em 2009 o Senado Federal aprovou o Projeto de Lei 6.715 que exclui a ilicitude da ortotanásia do Código Penal desde que o médico possua o consentimento explícito do paciente ou de seu representante legal.
- 2010: No final desse ano, a Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados aprovou um substitutivo ao Projeto de Lei original incluindo a necessidade de avaliação do caso por junta médica. O texto final da lei, até o momento, ainda tramita no Legislativo.
Associação Médica Mundial: Esta postura em relação à eutanásia e à ortotanásia também é a posição assumida pela Associação Médica Mundial. Em uma declaração publicada na 39ª Assembleia Médica Mundial em 1987 na Espanha (Declaração de Madri) e posteriormente reafirmada em 2005, na 107ª Seção do Conselho da Associação Médica Mundial na França, esta afirma que: "Eutanásia, que é o ato de deliberadamente terminar com a vida de um paciente, mesmo com a solicitação do próprio paciente ou de seus familiares próximos, é eticamente inadequada. Isto não impede o médico de respeitar o desejo do paciente em permitir o curso natural do processo de morte na fase terminal de uma doença."
Assim, sustenta-se a posição de que a eutanásia ativa é um ato que contraria os princípios éticos e deturpa a principal função médica de preservar a vida.
A aceitação desta como uma postura médica implicaria autorização legal para matar o que dificilmente será aceito pela comunidade médica mundial, dentre outras razões, pelo fato de alterar os objetivos dos profissionais de saúde e comprometer, severamente, as relações de confiança entre os médicos e seus pacientes.
No entanto, garante a legitimidade da suspensão de terapêuticas quando estas se mostrarem inúteis e estiverem apenas prolongando o sofrimento (ortotanásia).
Cuidado paliativo: 
- Visa cuidar do paciente e dos familiares para que ele tenha esses momentos finais com qualidade e dignidade, e tudo isso pensando na parte física, psicológica, espiritual e social. 
- Nem apressar e nem adiar o processo de morte.
- Procurar aliviar a dor e outros sintomas angustiantes.
- Intedrar aspectos psicológicos e espirituais nos cuidados do paciente.
- Oferecer um sistema de apoio para ajudar os pacientes a viver ativamente tanto quanto possível até a morte.
- Disponibilizar um sistema de apoio para ajudar a família a lidar com a doença do paciente e com o seu próprio luto.
AULA 7:
Sistemas éticos: equilíbrio entre os direitos pessoais X justiça social.
Marx dizia que privilegiar as condições situacionais sem considerar os sujeitos e suas manifestações de vontade pessoal no entendimento ou análise dos processos históricos era um equívoco tão grande quanto entender determinadas tomadas de decisões pessoais sem levar em conta as condições históricas e temporais inerentes aos sujeitos. Ou seja, do mesmo modo como não podemos analisar os eventos sem compreendermos as pessoas que os produziram, também não podemos compreender as ações pessoais sem entendermos os contextos históricos e temporais nas quais estas pessoas estão inseridas.
Precisamos considerar que as possibilidades de atuação são sempre dependentes das condições do momento da ação.
Os direitos individuais incluem a vida, a privacidade, a liberdade e a não-discriminação, entre outros. Todos estes direitos devem ser preservados. Contudo, em situações excepcionais como de uma epidemia ou pandemia, estes direitos individuais podem ser suplantados pelos direitos coletivos.
Todos devem estar engajados em um mesmo esforço solidário, não por dever ou obrigação legal, mas por reconhecer que é este conjunto de ações que nos torna humanos. 
Em função disto, alguns direitos pessoais, como a liberdade de ir e vir, por exemplo, podem ser suprimidos se a pessoa doente precisar ser posta em regime de quarentena ou isolamento para não contaminar outras pessoas. Entende-se que a saúde da população em larga escala é um bem maior do que a manutenção da liberdade de locomoção individual se esta implicar em risco aos demais. Da mesma forma, também não podemos considerar como quebra da privacidade individual, a comunicação compulsória das informações de pacientes acometidos por doença contagiosa às autoridades sanitárias, pois seu objetivo exclusivo é o controle epidemiológico. Ou seja, a regra básica em situações epidêmicas é a de que a manutenção dos direitos individuais fica sempre condicionada à preservação dos direitos coletivos.
Epidemia: Doença desceminada em larga escala. (por exemplo, por todo um país).
Pandemia: Doença desceminada em uma escala mundial. 
Surto: É quando acontece um aumento repentino de determinada doença em uma determinada região. (Ex: Surto de doença de chagas no Pará, por conta do açaí). 
Endemia: Não está associado a quantidade, e sim a algo típico, uma doença que acontece em um determinado lugar e em um determinado período. (Ex: Uma cidade do litoral que todo verão tem endemia de dengue)
Pânico: Um dos primeiros e mais imediatos efeitos sociais em situações epidêmicas é o pânico que acomete a população em geral. O desconhecimento sempre nos faz superdimensionar os riscos de uma situação. Este é um mecanismo de defesa psicológico normal e o profissional de saúde, principal agente de informação nestas situações, precisa compreender esta ansiedade coletiva e atuar de modo a contribuir para a restauração da calma e da ordem pública. A melhor forma de lidar com estas situações e tranquilizar as pessoas é através do esclarecimento das dúvidas mais frequentes e divulgação de informações claras, objetivas e em linguagem acessível ao público leigo. 
Se os riscos não forem corretamente dimensionados, certamente as ações de prevenção também não o serão.
Princípios éticos
Hans Jonas, filósofo alemão contemporâneo (falecido em 1993), fez importantes contribuições à Bioética em suas obras. Um de seus livros mais importantes foi “O Princípio da Responsabilidade” de 1979, onde expõe a necessidade de que os efeitos de nossas ações precisam ser sempre compatíveis com a permanência da vida humana. Este princípio moral básico influenciou uma
série de outros aspectos relativos à ética envolvida em pesquisas, em normas do direito ambiental e, naturalmente na saúde pública também. Um dos conceitos mais atuais e fortemente influenciados pelas ideias de Jonas é o Princípio da Precaução.
- 1992: Nesse ano ocorreu na cidade do Rio de Janeiro a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, que ficou conhecida pelo nome de ECO 92. Nesta conferencia, foi formulado um importante documento, denominado de Agenda 21, no qual em seu anexo, consta o PRINCÍPIO 15: Com o fim de proteger o meio ambiente, os Estados deverão aplicar amplamente o critério de precaução conforme suas capacidades. Quando houver perigo de dano grave ou irreversível, a falta de certeza científica absoluta não deverá ser utilizada como razão para se adiar a adoção de medidas eficazes em função dos custos para impedir a degradação do meio ambiente.
Nenhuma medida preventiva em situações epidêmicas pode ser descartada sem que esteja absolutamente comprovada a ausência de sua necessidade.
Prevenções:
- Instalações sanitárias adequadas
- Quantidade de medicamentos adequados
- Recursos húmanos da saude.
Outro importante aspecto ético a ser considerado é o da alocação de recursos de saúde, que sempre se tornam escassos em relação à demanda em condições epidêmicas. Instalações sanitárias, equipamentos, medicamentos, recursos humanos especializados, precisam ter seus critérios de distribuição e priorização claramente definidos. Se o critério individual considera o benefício que o tratamento resultará no sujeito doente, o critério coletivo implica na prevenção ou imunização de sujeitos ainda não contaminados, para que estes não venham a desenvolver a doença.
Em situações de alocação de recursos escassos e não se pode decidir exclusivamente em função de fatos objetivos. Valores são componentes determinantes destas decisões. Ainda assim, ou apesar disso, não podemos também abrir mão de critérios de justiça neste processo decisório. E critérios de justiça tendem a ser mais objetivos e imparciais.
Critérios:
1. A primeira destas características se refere ao fato de os recursos serem divisíveis ou não.
2. A segunda se refere ao fato de serem homogêneos ou heterogêneos em relação à clientela que deles necessita.
Estas categorias são normalmente analisadas em conjunto. Vejamos alguns exemplos:
- Medicamentos a serem distribuídos para um grupo de pacientes com a mesma patologia é um recurso homogêneo e divisível, na medida em que todos irão dividir o estoque do mesmo remédio.
- Já o estoque de sangue, é um exemplo de recurso que, apesar de ser divisível, pois muitos utilizarão o mesmo estoque, é heterogêneo, na medida em que nem todos terão necessidade dos mesmos componentes.
Com base nas categorias que vimos anteriormente, analise os casos abaixo e diga se são divisíveis ou indivisíveis, homogêneas ou heterogêneas.
1- Os leitos hospitalares são recursos: Indivisíveis homogêneos
2- Um órgão a ser implantado em um paciente é um recurso:
Critérios de priorização
- Igualdade de acesso: Quanto aos critérios de priorização para utilização destes recursos, em geral, os mais comumente utilizados são: Este critério, na forma como é proposto por Edmond Cahn, defende que do ponto de vista ético se um recurso não pode ser acessível a todos que dele necessitam, então não pode ser ofertado a ninguém. Esta perspectiva segue a lógica de que não seria ético salvar a vida de uns em detrimento das vidas de outras pessoas. Este critério é denominado como sendo a igualdade de acesso real. Já James Childress, em uma perspectiva diferente do mesmo critério, denominada de igualdade de acesso provável, considerar que a igualdade não estaria necessariamente na possibilidade de acesso do recurso a todos, mas na forma como as pessoas seriam escolhidas para se beneficiar destes recursos. Assim, defende a escolha através de sorteios, filas de espera e outras formas aleatórias de definição de beneficiados.
- Benefício provável: considera a probabilidade que cada indivíduo em particular (microalocação) ou um grupo de indivíduos (macroalocação) tem em se beneficiar do recurso que está sendo disputado.
- Efetividade: O critério orientado para o futuro, a efetividade prega que os recursos escassos devem ser alocados para aqueles pacientes que possam fazer o melhor uso para si (efetividade local) ou para os outros, especialmente a sociedade, como, por exemplo, a priorização a agentes de saúde e demais profissionais de serviços essenciais (efetividade global).
- Merecimento: é voltado para o passado, para a vida pregressa de cada pessoa que necessita o recurso. Segundo este critério, os recursos devem ser alocados prioritariamente para pessoas que já demonstraram efetiva contribuição para a sociedade, como uma forma de agradecimento ou demonstração de sua importância ao grupo social.
- Necessidade: O critério da necessidade vincula a disponibilização de recursos escassos àqueles que deles mais necessitam em uma condição presente. Ou seja, estabelece a prioridade aos que estão em estado de saúde mais grave, independente de qualquer análise referente ao custo desta intervenção ou mesmo à efetividade da terapêutica.
Estes e outros critérios visam dar alguma objetividade a um processo decisório de alocação de recursos de saúde em situações de escassez. Naturalmente esta jamais será uma tarefa fácil ou isenta de conflitos internos ou mesmo livre de pressões políticas ou econômicas.
AULA 8:
Até a primeira metade do século XX, apenas quatro categorias profissionais estavam formalmente habilitadas para o exercício de atividades na área de saúde. Hoje, o Conselho Nacional de Saúde, através da Resolução 287/98, reconhece 14 diferentes carreiras de nível superior neste setor.
São elas:
- Biomedicina; - Medicina;
- Biologia; - Medicina Veterinária;
- Educação Física; - Nutrição;
- Enfermagem; - Odontologia;
- Farmácia; - Psicologia;
- Fisioterapia; - Serviço Social;
- Fonoaudiologia; - Terapia Ocupacional.
Além destas, há ainda diversas profissões formais de nível médio que participam ativamente desta área de atuação. Todos estes profissionais, necessitam estabelecer estratégias e procedimentos para efetivar um trabalho em equipe de qualidade e com respeito ético entre si. A equipe multiprofissional é, sem dúvida, uma realidade necessária em todos os espaços cuja atenção em saúde busque melhorar a qualidade do atendimento e otimizar resultados terapêuticos.
Tipos de Equipe: A base e o principal fundamento de uma atuação em equipe estão na colaboração de diferentes especialidades que apresentam conhecimentos e qualificações distintas. 
1. Interdisciplinar: um grupo de profissionais, com formações diversificadas que atuam de maneira interdependente, inter-relacionando em um mesmo ambiente de trabalho, através de comunicação formal e informal.
2. Multidisciplinar: grupo de profissionais que atua de forma independente em um mesmo ambiente de trabalho, utilizando-se de comunicação informal.
3. Intradisciplinar
4. Transdisciplinar
5. Intraprofissional
6. Interprofissional
o fato de haver diferentes profissionais de saúde atuando no mesmo ambiente, não necessariamente representa que estejam partilhando suas tarefas, constatações e responsabilidades com o objetivo de aprimorar o serviço.
Métodos para trabalho em equipe eficaz
Para que este trabalho em equipe funcione de modo ético e eficaz, três fatores devem ser abordados:
1. Capacitação Profissional: se reporta a uma formação acadêmica de qualidade e de abordagem interdisciplinar.
2. Interface do trabalho dos profissionais: Os profissionais precisam aprender a trabalhar em equipe. Profissionais de saúde formados em modelos não interdisciplinares tendem a ter uma perspectiva isolacionista de sua própria atuação, ou seja, atuam sobre o foco de suas especialidades sem perceber as correlações de sintomas com outras especialidades.Caso percebam, simplesmente
indicam ao paciente outro especialista para que este complemente o tratamento, mas sem qualquer tipo de interação entre as abordagens. A interface do trabalho dos profissionais implica no respeito às áreas de competências de cada profissional e na percepção da existência de áreas de atuação comuns.
3. Autonomia dos profissionais: Como há o respeito às áreas de atuação, este também se estende além das competências técnicas ao controle de suas ações. Isto é, em uma equipe de atuação interdisciplinar, não há o comando de um profissional sobre a atuação de outro de diferente especialidade. Cada profissional é o responsável por sua ação e não há subordinação hierárquica no campo técnico entre os especialistas.
Seguindo estes três preceitos, as equipes de assistência à saúde, em um enfoque interdisciplinar, definem de modo integrado suas noções de papéis, normas e valores para que possam funcionar de maneira uniforme e colaborativa, de modo que o resultado advindo dessa relação possa sempre implicar em benefícios para o paciente.
É preciso compreender que a interdisciplinaridade não é igual à transdisciplinaridade. Nesse termo, o prefixo “trans” indica que os saberes transcendem às especialidades e se integram em um único campo de conhecimento. Edgar Morin, em seu livro Ciência com Consciência (1996), defende o conceito de transdisciplinaridade e compara à interdisciplinaridade à ONU, que atua de modo a preservar as fronteiras entre os saberes enquanto que a transdiciplinaridade eliminaria estas fronteiras. Na interdisciplinaridade, a atuação em conjunto não elimina as áreas de domínio de cada especialidade.
objetivo em comum: saude da população.
Na formação de equipes da área da saúde existem diferentes abordagens, que correspondem a diferentes modelos de relação. Assim, as principais formas de articulação são a interdisciplinaridade e a multidisciplinaridade. Podemos considerar que a distinção entre ambas as abordagens consiste em: A interdisciplinaridade é estratégia que leva profissionais de diferentes formações na área da saúde atuando em conjunto, integrados, em torno de objetivos comuns. Já a multidisciplinaridade implica em haver diferentes profissionais de saúde atuando no mesmo ambiente, sem que estejam partilhando seus objetivos, tarefas, constatações e responsabilidades.
AULA 9: 
Identificar a definição de paciente especial: Todo indivíduo que possui alteração física, intelectual, social ou emocional – alteração essa aguda ou crônica, simples ou complexa – e que necessita de educação especial e instruções suplementares temporárias ou definitivamente.
Qual seria o principal problema para o atendimento a esses pacientes?
- A falta de informação.
- E a falta de treinamento dos profissionais de saúde.
Há pouca informação técnica nos cursos de graduação e o número de profissionais que realiza tratamento especializado a pacientes com necessidades especiais é muito reduzido. A odontologia, no Brasil, tem sido uma honrosa exceção, com um incremento grande de cursos de especialização e uma série de congressos e trabalhos publicados sobre o atendimento a pacientes especiais.
CRIANÇAS: Necessitam de cuidados especiais pois são pessoas em desenvolvimento, inclusive existe um conjunto de normas, Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que garante isso desde 1990.
De modo geral, os casos mais frequentes de atendimentos especiais se dividem em três grupos:
1. Crianças com Necessidades Especiais de Saúde (CRIANES)
2. Idosos
3. Pacientes psiquiátricos 
Children with Special Health Care Needs:
O termo Crianças com Necessidades Especiais de Saúde, ou CRIANES, surgiu pela primeira vez em 1998 nos EUA para caracterizar uma clientela específica de hospitais pediátricos que demandavam um tipo especial de cuidados, seja de forma temporária ou permanente, e que apresentavam múltiplos diagnósticos médicos, implicando em uma permanente dependência dos serviços de saúde em diversas especialidades. No Brasil, a população mais carente agrava as estatísticas relativas à CRIANES em função da pobreza que aumenta a exposição da criança e da gestante ao adoecimento e a cronicidade de problemas de saúde.
São considerados quatro padrões específicos de demandas especiais de saúde para esta clientela. São elas:
1. Crianças com disfunção neuromuscular (requerem reabilitação psicomotora e social).
2. Crianças dependentes de aparelhagem tecnológica (cateter semi-implantável, bolsas de colostomia, ureterostomia, cânula de traqueostomia etc).
3. Crianças fármaco-dependentes (antirretrovirais, cardiotônicos, neurolépticos, etc).
4. Crianças que dependem de modificações na forma habitual de cuidar, incluindo aquelas que necessitam de alterações específicas nas AVDs (Atividades da Vida Diária).
De modo geral, são todas as crianças que dependem, ainda que em casa, de uma atenção complexa e contínua. Estes cuidados domiciliares especiais são divididos em duas categorias:
- O cuidado natural, que se intensifica a níveis muito acima dos necessários às crianças em geral.
- O cuidado singular, que se refere aos cuidados próprios, específicos e inerentes à condição particular de cada criança com necessidades especiais de saúde.
Idosos: A principal questão ética envolvida no trato com idosos diz respeito ao falso pressuposto de que, por estar velho, o indivíduo perde sua condição decisória ou seu direito à preservação da privacidade. A própria família, com o argumento de “poupar” o idoso de ansiedades ou aspectos negativos, se coloca como intermediária na relação do profissional de saúde com seu paciente. - Esta intermediação só pode ser aceita mediante a comprovação da incapacidade do idoso em tomar suas próprias decisões e atitudes.-
(O idoso tem direito de saber o que está acontecendo com ele, e de tomar decisões).
Nesse sentido, é importante observar que:
- O profissional que atende ao idoso deve preservar fundamentalmente o vínculo de confiança com seu paciente e este vínculo está baseado na integralidade da sua pessoa.
- A autonomia decisória e as convicções pessoais devem ser respeitadas ao máximo e, mesmo em situações de incapacidade temporária ou definitiva, o idoso tem direito a ver respeitadas as decisões tomadas antecipadamente.
Estatuto do Idoso: São estabelecidos os direitos dos idosos e são previstas punições a quem os violarem, dando aos idosos uma maior qualidade de vida (2003). 
Pacientes psiquiátricos:
Historicamente, a prática de aceitar a internação involuntária de doentes mentais tem relação a dois antigos pressupostos:
1. Periculosidade destes pacientes.
2. Cronicidade de seus quadros clínicos.
A possibilidade de levar outros ou a si mesmo a riscos iminentes de ações violentas e a ideia equivocada de que as patologias mentais são intratáveis ou permanentes, sendo apenas controladas temporariamente pelo uso de medicação, têm justificado este tipo de violência contra a pessoa em casos que seriam perfeitamente tratados ambulatorialmente. Ainda que viessem necessitar de internação, esta fosse realizada com o consentimento do paciente.
Paralelamente à internação involuntária, vemos ainda o uso frequente de força física ou aplicação de medicamentos como expedientes utilizados na contenção de comportamentos de agressividade ou ansiedade extrema. Na maioria das vezes são pessoas que estão tendo seus direitos e dignidade sendo aviltados à sua revelia, o que por si só justificaria uma atitude de desespero, ou ainda pacientes internados que vivem em condições de ócio e negligência assistencial.
Seja qual for o caso, a repressão através de violência física ou química poderia ser muito facilmente substituída por profissionais preparados para lidar de modo apropriado com estas manifestações de medo e ansiedade.
AULA 10: 
Evolução da humanização do ambiente hospitalar:
- Antes do apogeu positivista da ciência, os hospitais eram locais de exclusão social onde apenas os pobres recorriam (uma vez que os mais abastados traziam os médicos e demais
cuidados de saúde para o interior de suas residências) e, na maioria das vezes, a atenção assistencialista do hospital se direcionava para os cuidados materiais e espirituais, uma vez que a cura das doenças não aparecia como alternativa prioritária aos ali internados.
- A partir do desenvolvimento da ciência, esta situação se altera em função do grande interesse experimental na análise de patologias e medicamentos. O hospital passa a ser um local de estudo, de aprimoramento de meios de diagnóstico e tratamento. Assim, o foco passa a ser a abordagem técnica e científica das doenças. Se por um lado esta nova perspectiva faz com que o hospital deixe de ser um local de morte e passe a ser visto como uma instituição de recuperação, por outro, condutas associadas ao conforto espiritual ou ao assistencialismo ficaram esquecidas em detrimento da nova abordagem científica.
- A abordagem contemporânea de saúde, impregnada de uma perspectiva mais holística, entende que as patologias não podem ser interpretadas exclusivamente através dos órgãos nos quais os distúrbios se exibem, mas precisam ser analisadas sob uma concepção mais global do ser humano, deixando de lado a percepção dualista e compreendendo a pessoa como uma unidade.
Os profissionais de saúde submetem-se em sua atividade a tensões psicológicas provenientes do contato permanente com a dor alheia, tensões relativas ao seu desempenho que pode representar a diferença entre a vida e a morte de pessoas, além das pressões que muitos trabalhadores vivenciam, independente de suas áreas de atuação, como as condições salariais e de trabalho.
Cuidar destes profissionais e humanizar suas relações de trabalho é o passo inicial de qualquer processo de atenção.
Outro importante aspecto diz respeito à consciência de que um trabalho bem sucedido depende:
1. Tanto da qualidade técnica do profissional.
2. Quanto da qualidade interacional entre profissional e paciente.
Há uma profunda melhora no desempenho dos profissionais de saúde quando estes são capazes de interpretar aspectos emocionais de seus pacientes. Com isso, conseguem também minimizar resistências, otimizar relatos e adesões aos tratamentos. É fundamental que o profissional de saúde aprimore seus conhecimentos dos aspectos interpessoais da tarefa assistencial e conheça estratégias profissionais de lidar com estas situações.
Violência: Violação de direito do outro, é uma questão muito abrangente (pode ser bullying, homofobia, violência doméstica contra mulher ou criança, violência verbal, assédio sexual, humilhação no trabalho, etc), pode ocorrer com ou sem força física.
- Devemos tentar conversar e entender o que aconteceu e o que podemos ajudar. 
Tipos de violência:
1. Violência física. (a mais fácil de identificar).
2. Violência psicológica. 
3. Violência moral.
4. Violência patrimonial. (quando a pessoa é roubada).
5. Violência institucional. (ocorre em local de trabalho, pode se entre um funcionario e outro, médico e paciente...)
6. Violência sexual.
7. Violência doméstica ou Intrafamiliar.
A violência pode ser:
1. Cotidiana.
2. Institucional.
3. Do Estado.
4. Praticada por marginais.
5. Praticada nos programas de TV.
6. Doméstica.
7. Praticada no trânsito de grandes centros.
8. De muitas outras formas.
A Organização Mundial de Saúde (OMS), em seu Relatório Mundial sobre Violência e Saúde, um extenso documento publicado em Outubro de 2002, define violência como sendo: O uso intencional de força física ou poder, real ou em forma de ameaça, contra si próprio, contra o outro, ou contra um grupo ou comunidade, que resulte ou tenha probabilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação.
Assim, um ato violento é um comportamento que se opõe à ética, na medida em que nega os valores e direitos básicos da pessoa, a “coisifica” e a suprime de sua dignidade e condição de igualdade. Desta forma, tendo o profissional de saúde o reconhecimento da dignidade das pessoas, o respeito pelo outro e a consciência dos valores e direitos humanos, estará moralmente preparado para o enfrentamento destas situações.
Em 1982, a ONU (Organização das Nações Unidas) em assembleia geral instituiu a Resolução 37/194 que trata de princípios de ética médica aplicáveis à função do pessoal de saúde, especialmente aos médicos, na proteção de prisioneiros ou detidos, contra tortura e outros tratamentos cruéis. Nesta Resolução, composta por uma série de princípios que não se limitam às pessoas em condição de presos formais, mas se estendem a qualquer indivíduo em condição de privação de sua autonomia de liberdade consta, dentre outros de: Uma grave violação da ética médica, bem como uma ofensa aos instrumentos internacionais aplicáveis na área da saúde, participar ativa ou passivamente nos atos que constituem participação, cumplicidade, incitamento ou tentativa para cometer tortura ou outros tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.
Deixa claro, assim, a concepção de que presenciar maus-tratos, abusos ou comportamentos degradantes, não os denunciar ou evitar, transforma o profissional de saúde em cúmplice de crime contra o outro.
Vítimas frequentes de abusos e maus tratos: Crianças e idosos.
Violência contra o idoso: 
O estudo mais sistemático da violência contra o idoso começa a surgir em meados da década de 70 e, inicialmente, foi caracterizado apenas em situações de danos físicos intencionais (lesões corporais) produzidos por outros em pessoas com mais de 65 anos. Posteriormente, o tema “abuso” foi estendido também a ações que viessem a provocar danos psicológicos, sociais, financeiros ou que demonstrassem situações de negligência, omissão e abandono.
A legislação brasileira já possui uma série de dispositivos de amparo ao idoso. Vejamos:
- Constituição Federal: Assegura o impedimento de qualquer forma de descriminação por idade e garante ao idoso o amparo obrigatório pela família e pelo Estado.
- Estatuto do Idoso: A Lei nº 10.741/2003, dentre muitas garantias constitucionais, estabelece em seu artigo 19 que é obrigatória a comunicação, por parte dos profissionais de saúde, nos casos de suspeita ou confirmação de maus tratos contra o idoso à autoridade policial e ao Ministério Público, assim como aos conselhos municipal, estadual e nacional do idoso.
Violência contra a criança:
Condição semelhante à do idoso vivenciam as crianças, em particular as com menos de quatro anos, casos mais frequentes de abuso. Apesar de a violência atingir de modo indiscriminado crianças de todas as idades, sexos, cor da pele ou renda familiar, as estatísticas demonstram que crianças pequenas de famílias de baixa renda, em situação de desagregação ou crise, são as mais atingidas. Além de episódios de agressão física, é frequente evidências de negligência e abandono. Dentre as crianças de rua, as estatísticas apontam adolescentes do sexo masculino como os mais atendidos por traumas e efeitos relacionados a drogas, sempre com elevados índices de evasão hospitalar.
ECA: A Lei Federal 8.069/1990 em seus artigos 3º e 5º, define a prática de maus-tratos como sendo toda ação ou omissão que prejudique o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de dignidade e de liberdade. A violência doméstica, por sua vez, é concebida como aquela praticada por ato ou omissão dos pais, parentes ou responsáveis, contra a criança ou adolescente que possa vir a promover dano físico, sexual ou psicológico à vítima.
Vejamos quais são os tipos de dano à criança:
1. Físicos: Produzidos por uso de força física, de modo intencional ou acidental, com o objetivo de ferir independente da motivação. Este tipo de dano é configurado como delito de lesão corporal, artigo 129 do Código Penal ou homicídio, artigo 121.
2. Psicologicos: Produzidos por influência ou interferência negativa, capaz de formar no menor sentimentos autodestrutivos, deformações de caráter ou morais. Este tipo de dano se configura através de condutas de rejeição,

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