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2 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA SECRETARIA DE GESTÃO E ENSINO EM SEGURANÇA PÚBLICA DIRETORIA DE ENSINO E PESQUISA COORDENAÇÃO-GERAL DE ENSINO COORDENAÇÃO DE ENSINO A DISTÂNCIA CONTEUDISTAS Ricardo de Oliveira Betat Gelson Luis Garcia Wilmen Vieira João Moreira Lobo REFORMULADOR Daniel Pinheiro Spinelli CÂMARA TÉCNICA/REVISORES Thiago César Fagundes Santos Viviane Oliveira Rodrigues REVISÃO PEDAGÓGICA Gizele Ferreira dos Santos Siste SETOR DE CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO PROGRAMAÇÃO E EDIÇÃO Lúcio André Amorim Renato Antunes dos Santos DESIGNER Ozandia Castilho Martins Fagner Fernandes Douetts Renato Antunes dos Santos DESIGNER INSTRUCIONAL Wagner Henrique Varela da Silva 3 Sumário Apresentação do Curso ............................................................................................... 8 Objetivos do Curso .................................................................................................... 12 Estrutura do Curso .................................................................................................... 12 Módulo I - LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO .................................................................. 15 Apresentação do módulo ....................................................................................... 15 Objetivos do módulo .............................................................................................. 15 Estrutura do módulo .............................................................................................. 16 Aula 1 - Categoria de habilitação e relação com veículos conduzidos .................. 17 1.1 Compreendendo as categorias .................................................................... 21 Aula 2 - Documentação exigida para condutor e veículo; Sinalização Viária ........ 45 2.1 Documentos exigidos para o veículo............................................................ 46 2.2 Documentação do condutor ......................................................................... 51 2.3 Sinalização Viária ......................................................................................... 54 AULA 3 — Infrações, crimes de trânsito e penalidades ............................................ 60 3.1 Infrações ...................................................................................................... 61 3.2 Penalidades ................................................................................................. 65 3.3 Crimes de Trânsito ....................................................................................... 70 AULA 4 — Regras gerais de estacionamento, parada e circulação .......................... 79 4.1 Estudo de Caso ............................................................................................ 80 4.2 Estacionamento e Parada ............................................................................ 81 4.3 Circulação .................................................................................................... 84 4.4 Principais normas de circulação e conduta, referentes à condução de veículos de emergência ................................................................................................... 86 AULA 5 — Legislação Específica e responsabilidades do condutor de veículo de emergência. ........................................................................................................... 92 5.1 Estudo de Caso ............................................................................................ 92 4 5.2 Veículos de Emergência .............................................................................. 94 5.3 Legislação específica para veículos de emergência .................................... 95 Finalizando ............................................................................................................ 99 Módulo II - DIREÇÃO DEFENSIVA ......................................................................... 100 Apresentação do módulo ..................................................................................... 100 Objetivos do módulo ............................................................................................ 100 Estrutura do módulo ............................................................................................ 101 Aula 1 - Direção defensiva: mais que um conceito, um ato de cidadania ............ 102 1.1 Dados e informações sobre o trânsito ........................................................ 104 1.2 Definindo Direção Defensiva ...................................................................... 110 1.3 A importância do comportamento seguro na condução de veículos especializados .................................................................................................. 111 AULA 2 — Condições adversas: como reduzir os riscos ..................................... 118 2.1 Tipos de condições adversas ..................................................................... 119 AULA 3 — Comportamento seguro na condução de veículos de emergência .... 135 3.1. Definindo acidente de trânsito ................................................................... 135 3.2 Acidente evitável ou não evitável ............................................................... 136 3.3 A importância de ver e ser visto ................................................................. 137 3.4 A importância do comportamento seguro na condução de veículos especializados .................................................................................................. 140 3.5 Comportamento seguro e comportamento de risco — diferença que pode poupar vidas. .................................................................................................... 142 3.6 Como ultrapassar e ser ultrapassado......................................................... 144 3.7 Principais causas de acidentes de trânsito ................................................ 149 3.8 Como evitar acidentes com outros veículos — Tipos de acidentes e como evitá-los ............................................................................................................ 149 3.9 O acidente de difícil identificação da causa (Colisão Misteriosa): .............. 153 5 3.10 Como evitar acidentes com pedestres e outros integrantes do trânsito (motociclistas, ciclistas, carroceiros, esqueitistas) ........................................... 156 Finalizando .......................................................................................................... 167 MÓDULO III — NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS, RESPEITO AO MEIO AMBIENTE E CONVÍVIO SOCIAL .......................................................................... 169 Apresentação do módulo ..................................................................................... 169 Objetivos do módulo ............................................................................................ 170 Estrutura do módulo ............................................................................................ 171 AULA 1 - Primeiras providências ......................................................................... 172 1.1 Gerenciamento de risco: primeiras ações .................................................. 172 AULA 2 — Cinemática do Trauma ....................................................................... 184 2.1 Colisão frontal ............................................................................................ 185 2.2 Colisão traseira .......................................................................................... 186 2.3 Colisão transversal ..................................................................................... 187 2.4 Capotamento ..............................................................................................188 AULA 3 — ؙVerificação das condições gerais da vítima de acidente ou do enfermo ............................................................................................................................. 189 3.1 EPI Básico para socorro às vítimas............................................................ 189 3.2 ABC da vida para Suporte Básico de Vida (SBV) — Exame Primário ....... 194 3.3 Controle da cervical.................................................................................... 202 AULA 4 — Controle de hemorragias ................................................................... 203 4.1 Hemorragias externas ................................................................................ 204 4.2 Choque ....................................................................................................... 208 4.3 Cuidados com a vítima ou enfermo (o que não fazer)................................ 210 AULA 05 — Respeito ao Meio Ambiente ............................................................. 211 5.1 O veículo como agente poluidor do meio ambiente ................................... 212 5.2 Regulamentação do CONAMA sobre poluição ambiental causada por veículos ......................................................................................................................... 214 6 5.3 Manutenção preventiva do veículo para preservação do meio ambiente:.. 219 5.4 Infrações e crimes que têm relação com a poluição .................................. 220 AULA 06 — Noções de convívio social ............................................................... 222 6.1 O indivíduo, o grupo e a sociedade ............................................................ 223 6.2 Relacionamento interpessoal ..................................................................... 225 6.3 O indivíduo como cidadão .......................................................................... 227 6.4 A responsabilidade civil e criminal do condutor e o CTB ............................ 228 Finalizando .......................................................................................................... 229 MÓDULO IV — RELACIONAMENTO INTERPESSOAL ......................................... 231 Apresentação do módulo ..................................................................................... 231 Objetivos do módulo ............................................................................................ 232 Estrutura do módulo ............................................................................................ 232 AULA 1 — Aspectos de comportamento e de segurança na condução de veículos de emergência ..................................................................................................... 233 1.1 O impacto da qualidade das relações interpessoais no ambiente de trabalho do profissional de segurança pública ............................................................... 233 1.2 Comportamento preventivo versus comportamento de risco ..................... 237 1.3 Urgência ..................................................................................................... 239 1.4 Equilíbrio emocional ................................................................................... 241 1.5 Síndrome de Burnout ................................................................................. 243 1.6 Agressividade e insegurança no trânsito .................................................... 247 1.7 Fatores relacionados à agressividade ........................................................ 248 AULA 2 — Comportamento solidário no trânsito ................................................. 252 2.1 Convivência ................................................................................................ 253 2.2 Por que conviver? ...................................................................................... 258 AULA 3 — O condutor e os demais atores do processo de circulação ............... 260 3.1 Tolerância .................................................................................................. 263 3.2 Intolerância ................................................................................................. 264 7 AULA 4 — As Normas de segurança no trânsito e os agentes de fiscalização de trânsito ................................................................................................................. 266 4.1 Respeito aos outros ................................................................................... 266 4.2 Respeito às normas estabelecidas para segurança no trânsito ................. 269 4.3 Papel dos Agentes de Fiscalização de Trânsito ......................................... 271 AULA 5 — Atendimento aos usuários ................................................................. 273 5.1 Características dos usuários de veículos de emergência .......................... 273 5.2 Expectativas dos usuários .......................................................................... 275 5.3 Atendimento às diferenças e especificidades dos usuários (pessoas com necessidades especiais, pessoas de determinadas faixas etárias/de outras condições) ........................................................................................................ 276 5.4 Trauma ....................................................................................................... 278 5.5 Cuidados especiais e atenção que devem ser dispensados aos passageiros e aos outros atores do trânsito, na condução de veículos de emergência ....... 279 Finalizando .......................................................................................................... 280 Referências Bibliográficas ....................................................................................... 282 8 Apresentação do Curso Caro(a) aluno(a), Olá! Seja bem-vindo(a) ao curso de Condutores de Veículos de Emergência (CVE)! Nós, da Rede EaD-Segen, estamos muito felizes em poder disponibilizar esta capacitação para os profissionais que integram o Sistema Único de Segurança Pública (Susp). De antemão, pedimos licença para adotar um tom mais informal ao longo do curso; isso porque pretendemos tornar a sua experiência de aprendizagem mais leve e dinâmica, dessa forma você poderá ter um contato mais próximo com as lições e com as experiências compartilhadas pelos conteudistas. Trata-se de um material especialmente pensado para você, agente do Susp que conduz viaturas em geral, unidades de resgate e de atendimento, que presta serviços de urgência e emergência que se preocupa com seu bem-estar e com o de terceiros. Além disso, o curso é uma exigência legal prevista no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), mas você já se perguntou qual a importância desse curso? Saiba que não se trata de mera formalidade. É uma estratégia, na verdade, que busca reduzir a violência e as fatalidades registradas no trânsito. Assim sendo, a lei considera essencial preparar o condutor para o adequado exercício da atividade profissional. O treinamento e a constante capacitação dos agentes por meio de cursos especializados são importantes medidas de segurança para si e para terceiros. O trânsito de viaturas, ambulâncias ou unidades de resgate, por exemplo, possuem prerrogativas que outros veículos não detêm. As excepcionalidades, portanto, demandaram tratamento especial pelo legislador. 9 Haja vista a natureza emergencial dos serviços, o atendimento ao cidadão deverá se dar num curto espaço de tempo, e a demora em responder alguns pedidos de ajuda pode resultar na continuação da vida ou na morte de alguém. O CTB, ciente dessa necessidade, conferiu algumas prerrogativas para o trânsito e para a circulação desses veículos. No atendimento de emergências, o legislador definiu que algumas normas nãosão aplicáveis aos seus condutores. Trata-se, portanto, de uma previsão que deve obedecer a condicionalidades específicas e que devem ser analisadas pelo condutor, quase sempre em situações de estresse, sob forte emoção. Determinar a velocidade, a escolha da faixa, a mudança na direção ou a parada repentina de um veículo de emergência deve ocorrer, na maioria das vezes, em frações de segundos. Trata-se de decisão técnica que requer perícia e treinamento do condutor, sempre em busca da segurança pessoal e de terceiros. Você deve ter percebido, a essa altura, que a condução desses veículos envolve grandes responsabilidades e a atividade, portanto, exige a aprovação em curso especializado. Nesse sentido, a característica principal da especialização é a qualificação prévia para seu exercício. Esse é um assunto que não costuma pautar as discussões em quartéis ou delegacias, por exemplo. Isso se deve, em grande parte, por conta da própria natureza da função desempenhada, na qual dirigir assume um status de tamanha normalidade que se incorpora à rotina do operador de segurança. Dirigir se torna mecânico e deixa de contar com a atenção necessária do motorista. A situação é diferente, porém, quando um colega, ou até mesmo você, envolve-se em um acidente. A partir daí, o tema toma conta das unidades de trabalho e, muitas vezes, da própria vida do agente. Então, o que se vê em seguida é uma sucessão de fatos que prejudicam o relacionamento pessoal e profissional e a saúde dos envolvidos. Procedimentos administrativos são abertos e, algumas vezes, ações civis e criminais acontecem paralelamente. Ocorrem licenças médicas, desgaste físico e mental, afastamentos para o comparecimento em oitivas e em tratamentos médicos. 10 Nesse momento, aparecem as perguntas: o que poderia ter sido feito? Como evitar novos casos? Atualmente, o Brasil sofre com um tipo de violência diferente daquela abordada nas páginas policiais dos jornais, uma violência distinta daquela comumente combatida pela segurança pública. Trata-se da violência no trânsito. Acidentes no trânsito são a terceira maior causa de mortes no mundo (ficando atrás apenas das doenças cardíacas e do câncer), e o número de óbitos decorrentes da violência pública no Brasil praticamente se iguala àquele registrado devido a acidentes de trânsito, conforme levantamento feito pelo Observatório Nacional de Segurança Viária. Dessa forma, como sugestão, solicitamos que se dedique efetivamente à leitura e siga com seus estudos em um ambiente tranquilo e de fácil concentração. Afaste-se das distrações das redes sociais e, o mais importante: aproveite as aulas de cabeça aberta, sem resistências desnecessárias, pois, ao disponibilizarmos o ensino para o público adulto é notório que o interesse e autonomia são fundamentais para o aprendizado. Da nossa parte, buscamos a descontração e a apresentação de um conteúdo personalizado, para atender o dia a dia do agente da segurança pública com base na educação a distância, que permite uma melhor organização pelo aluno do tempo e do local para sua realização. Tudo isso para que você possa despertar a curiosidade, conservar o interesse e se identificar com o material apresentado. Registramos que essa capacitação é destinada aos agentes do Susp que nunca tenham realizado o curso de Condutores de Veículos de Emergência (CVE). Seja pela própria Rede EaD (no antigo ambiente) ou por outro meio (presencial ou a distância). A validade do curso é de cinco anos, após esse período, o profissional deverá passar por um processo de atualização frequentando o curso: Atualização de Condutores de Veículos de Emergência (ACVE). Alguns esclarecimentos sobre o curso: 11 Ele possui 60 horas, é exclusivo para agentes que integram o Susp e encontra-se dividido em 4 (quatro) módulos. Observe que para o efetivo aproveitamento da capacitação é necessário que o discente esteja com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) válida em qualquer categoria. 12 Objetivos do Curso Proporcionar ao condutor que atua no Sistema Único de Segurança Pública condições para atuar de forma consciente, ética e legal na direção de veículos de emergência; Destacar a importância de agir de forma adequada e correta no caso de eventualidades, preparando-o para adoção de iniciativas responsáveis no trânsito; Capacitar agentes para o relacionamento harmonioso com os demais componentes do sistema viário, tais como pedestres e outros condutores; e Oferecer segurança no trânsito, além de conhecer, observar e aplicar disposições contidas no CTB, na legislação de trânsito e legislação específica sobre o transporte especializado de veículos de emergências. Estrutura do Curso Este curso compreende os seguintes módulos: Módulo 1 - Legislação de Trânsito (15 horas-aula). Módulo 2 - Direção Defensiva (15 horas-aula). Módulo 3 - Noções de Primeiros Socorros, Respeito ao Meio Ambiente e Convívio Social (15 horas-aula). Módulo 4 - Relacionamento Interpessoal (15 horas-aula). 13 Mensagem do Reformulador Ouça o ÁUDIO 1 Caro Colega, Desculpe-me pela intimidade, mas é que ser da segurança pública e ter a oportunidade de desenvolver um conteúdo voltado para esse segmento torna a atividade especial. Na realidade, somos colegas de trabalho, pessoas que lidam com as mesmas situações e isso fica evidente durante a leitura do material. Não quer dizer que alguém de fora do ramo da segurança pública não pudesse ter atuado como conteudista de um curso como este; está cheio de bons profissionais nas universidades, nas empresas e no setor público. Mas o olhar interno, de quem vivencia o dia a dia da profissão, agrega um tipo de conhecimento da realidade que aqueles profissionais citados anteriormente não têm. Nosso trabalho possui particularidades, excelências e, também, as suas dificuldades. Mas, seja você um agente da segurança pública experiente, com muitos anos de bons serviços prestados à sociedade, seja você um novato na atividade, é possível imaginar que tenha tido o pensamento: este curso não passa de uma besteira! Como um curso online vai me ensinar a conduzir uma viatura policial ou uma ambulância? Isso deve ser coisa de algum teórico que não tem o que fazer! (Sejamos sinceros, a maioria, nesta altura do curso está pensando isso – EU estava pensando assim quando fiz o curso pela primeira vez!) Então, vamos a alguns esclarecimentos e combinados: o primeiro deles é: este curso NÃO VAI ensinar você a dirigir! Muito menos ensinar a dirigir um veículo de emergência! E nem é a finalidade dele fazer isso, até porque este é um curso teórico. Na verdade, um dos pressupostos deste curso é que você JÁ SABE DIRIGIR! A ideia aqui é fornecer dicas para que você possa ser um motorista mais prudente; informações para que você conheça um mínimo de legislação para desempenhar bem 14 sua função (e não se meter em problemas); e, finalmente, algumas técnicas que podem salvar a SUA vida, a vida de seus colegas de profissão e, inclusive, a vida de seus familiares. Nosso objetivo é ajudar você a cumprir a sua missão, finalizando seu plantão ou turno de serviço são e salvo e sem broncas a responder! Parece bom para você? O segundo esclarecimento é que, sim, este curso é uma exigência legal para a nossa profissão, prevista no art. 145, inciso IV, da Lei n. 9.503/1997, mais conhecida como Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Se vocês forem olhar esse inciso, verão que ele fala de dois cursos: do “curso especializado” e do “curso de prática veicular em situação de risco”. No caso, este que você está cursando é o “curso especializado”, que é teórico. O detalhe é que este é oferecido, lá fora (na modalidade presencial ou a distância), por um valorde algumas centenas de reais. Aqui, a Secretaria de Gestão e Ensino em Segurança Pública (Segen) está oferecendo a você gratuitamente, pensando na sua capacitação! Já o curso de prática veicular em situação de risco, apesar de ainda carecer de uma regulamentação nacional, está sendo oferecido por algumas instituições, como a Polícia Rodoviária Federal ou as Polícias Militares, com nomes como “Condução Veicular Policial” ou “Condução Policial”. O conhecimento dos dois cursos (prático e teórico) se completa. Se você tiver oportunidade, faça o outro curso: você não vai se arrepender! E agora, o combinado: pare de torcer o nariz e abra a sua mente! Todos podemos aprender e crescer profissionalmente, se quisermos. Se você enxergar o curso como uma obrigação ou como uma formalidade, seu desempenho será prejudicado. Mas, se você vier com o espírito disposto a aprender, vai ver que aqui tem muita coisa boa e que são aplicáveis ao SEU trabalho, ao nosso trabalho! Por fim, desejamos a você um excelente curso! Certamente, você vai adquirir conhecimentos úteis para a sua profissão e para a sua vida! Vocês merecem o melhor, pois são os guerreiros e guerreiras que zelam e protegem o nosso Brasil! 15 Módulo I - LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO Apresentação do módulo Neste primeiro módulo, você estudará regras importantes relacionadas à condução de veículos de emergência previstas na legislação de trânsito (como as categorias de habilitação e a relação delas com os veículos, as regras de circulação, os documentos de porte obrigatório referentes ao condutor e ao veículo, os aspectos importantes sobre a sinalização viária etc.) e, ainda, infrações, penalidades e crimes relacionados à direção de veículo de emergência. Daremos uma especial atenção às modificações recentes sobre o tema, para que você possa permanecer atualizado! Objetivos do módulo Ao final deste módulo, o aluno deverá ser capaz de: • Conhecer quais são as categorias de habilitação e qual a relação delas com os veículos conduzidos; • Saber identificar quais os veículos est apto para conduzir; • Identificar qual a documentação exigida para o veículo de emergência e seu condutor; • Conscientizar-se da importância de prestar atenção à sinalização viária; • Conhecer as principais infrações de trânsito ligadas aos veículos de emergência; • Revisar as principais regras gerais de estacionamento, parada e circulação; • Conscientizar-se das responsabilidades do condutor de veículo de emergência. 16 Estrutura do módulo Este módulo compreende as seguintes aulas: Aula 1 — Categoria de habilitação e relação com veículos conduzidos; Aula 2 — Documentação exigida para condutor e veículo; Sinalização Viária; Aula 3 — Infrações, crimes de trânsito e penalidades; Aula 4 — Regras gerais de estacionamento, parada e circulação; e Aula 5 — Legislação Específica e responsabilidades do condutor de veículo de emergência. 17 Aula 1 - Categoria de habilitação e relação com veículos conduzidos Introdução Caro colega profissional de segurança pública, hoje estamos iniciando o nosso curso de Condutores de Veículos de Emergência (CVE). Temos certeza de que o conteúdo estudado será útil para a sua capacitação e para seu crescimento pessoal e profissional. A primeira coisa que temos que nos perguntar é: eu posso conduzir um veículo de emergência? Eu posso conduzir a viatura da corporação? Existem requisitos para isso? Ou qualquer policial, independentemente de ter feito cursos ou treinamentos, pode conduzir? Se o seu órgão tiver como competências o atendimento de acidentes e o socorro de vítimas, você está habilitado para conduzir uma ambulância, caso seja preciso? Não se preocupe. Todas estas perguntas serão respondidas no decorrer deste módulo! Vamos começar. Em primeiro lugar, pegue a sua carteira de habilitação e verifique: ● A validade da sua habilitação; e ● A categoria à qual você está habilitado. 18 Figura 1: Cédula da Carteira de Motorista Fonte: DENATRAN. Validade da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) A validade da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) está atrelada à validade do Exame de aptidão física e mental. Sabia que muita gente se esquece de observar a validade deste exame que dá validade à habilitação? Então, a primeira coisa que devemos ter em mente é saber se a nossa CNH está dentro da validade, até porque é infração de trânsito, de natureza gravíssima, conduzir com a CNH vencida há mais de trinta dias. O artigo 162, parágrafo V, do Código de Trânsito Brasileiro Lei nº 9.503/97 traz a seguinte redação: Art. 162. Dirigir veículo [...] V- com validade da Carteira Nacional de Habilitação vencida há mais de trinta dias: Infração- gravíssima; Penalidade – multa; Medida administrativa – recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação e retenção do veículo até apresentação de condutor habilitado. 19 Você sabia? A Lei n. 14.071/2020, de 13 de outubro de 2020, entrou em vigor, no dia 12 de abril de 2021. As CNHs expedidas após essa data passarão a contar com a validade do exame de aptidão física e mental de dez anos, para condutores com menos de 50 anos; e com a validade de cinco anos para os condutores com idade igual ou superior a 50 (cinquenta) anos e inferior a 70 (setenta) anos de idade. Para os condutores com idade igual ou superior a 70 (setenta) anos o prazo de validade passa a ser de 03 (três) anos, conforme o §2, inciso III do Artigo 147 do CTB. Restrições da CNH Outro fator importante é a possível existência de restrição, expressa no campo de observações da CNH. Caso tenha encontrado uma letra isolada neste campo da Carteira de Habilitação é sinal de que você possui alguma restrição para a condução de veículo automotor na via pública. Para saber a relação completa dos códigos e das restrições previstas, devemos consultar a tabela 1, a seguir, retirada da Resolução do CONTRAN n. 425/2012, com redação dada pela Resolução do CONTRAN n. 474/2014: Acesse o Material Complementar e confira o Anexo XV da Resolução do CONTRAN n. 425/2012. Vamos a alguns exemplos: a) Um Policial Federal observa a própria CNH e percebe que no campo de observações há uma letra “A” maiúscula. Isso indica que ele só pode conduzir veículos automotores utilizando lentes corretivas (óculos ou lentes de contato). 20 b) Um Policial Penal observa a própria CNH e percebe que no campo de observações há uma letra “D” maiúscula. Isso indica que ele só pode conduzir veículos com transmissão (marcha) automática. A violação das condições estabelecidas no campo de observações da CNH, conforme tabela acima, configura infração de trânsito de natureza gravíssima, prevista no art. 162, inciso VI, do CTB (com exceção das restrições “T” e “U”, punidas com a infração do art. 195). O artigo 162, parágrafo VI, do Código de Trânsito Brasileiro Lei nº 9.503/97 traz a seguinte redação: Art. 162. Dirigir veículo [...] VI- sem usar lentes corretoras de visão, aparelho auxiliar de audição, de prótese física ou adaptações do veículo impostas por ocasião da concessão ou da renovação da licença para conduzir: Infração- gravíssima; Penalidade – multa; Medida administrativa – recolhimento do veículo até o saneamento da irregularidade ou apresentação de condutor habilitado. O artigo 195, do Código de Trânsito Brasileiro Lei nº 9.503/97 traz a seguinte redação: Art. 195. Desobedecer às ordens emanadas da autoridade competente de trânsito ou de seus agentes: Infração- gravíssima; Penalidade – multa; 21 Mas qual veículo você pode conduzir? Você estudará sobre essa questão a seguir. 1.1 Compreendendo as categorias As categorias indicam o tipo de veículo que o motorista está habilitado a dirigir. As regras a respeito das categoriasde habilitação estão definidas no artigo 143 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que estabelece uma gradação entre as categorias: “Os candidatos poderão habilitar-se nas categorias de A a E, obedecida a seguinte gradação: [...]” (BRASIL, 1997, n.p). Contudo, não é bem assim, uma vez que o texto do CTB é complementado pelo anexo I da Resolução do CONTRAN n. 789, de 18 de junho de 2020. Vejamos, agora, cada uma das categorias de CNH e quais os tipos de veículos que podem ser conduzidos com cada uma delas: 1.1.1 Categoria A Inicialmente, vejamos o que está disposto no inciso I do art. 143 do CTB: “Art. 143. I - Categoria A - condutor de veículo motorizado de duas ou três rodas, com ou sem carro lateral” (BRASIL, 1997, n.p.). Ou seja, a categoria A permite que o condutor conduza motocicletas e motonetas, com motor à combustão ou elétrico, independentemente da potência do motor, além dos triciclos motorizados, dos ciclomotores e dos ciclo-elétricos. Saiba mais: Conforme o Anexo I do CTB, a motocicleta é o “veículo automotor de duas rodas, com ou sem sidecar, dirigido por condutor em posição montada”; já a motoneta é o “veículo automotor de duas rodas, dirigido por condutor em posição sentada.” Veja a seguir, figuras que exemplificam os três tipos de veículos: 22 Figura 2: Motocicleta Fonte: canva.com; SCD/EaD/Segen. Figura 3: Motocicleta com sidecar Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Horex_sidecar_in_Rovigo_02.JPG 23 Figura 3.1: Motoneta Fonte: canva.com; SCD/EaD/Segen. Importante! Complementando o CTB, o Anexo I da Resolução nº 789, de 18 de junho de 2020, diz que a categoria A pode conduzir: “Veículos automotores e elétricos, de duas ou três rodas, com ou sem carro lateral ou semirreboque especialmente projetado para uso exclusivo deste veículo” (BRASIL, 2020, n.p.), deixando claro que a categoria A também permite a condução de motocicletas e motonetas elétricas e o tracionamento de semirreboques especialmente projetados e para uso exclusivo desses veículos. Os ciclomotores, que são veículos que possuem motor de combustão interna com no máximo 50 cilindradas e atingem no máximo 50 km/h, e os ciclo-elétricos também podem ser conduzidos por condutor que possua a Autorização para Conduzir Ciclomotores (ACC), que é uma espécie de habilitação “simplificada”. Lembrando que os ciclomotores também estão incluídos no rol de veículos que podem ser conduzidos com a categoria “A”. 24 Quando o veículo possuir quatro ou mais rodas, não será mais possível conduzi-lo apenas com a categoria A, será necessária uma categoria “superior”. Contudo, se você possuir a categoria B, C, D ou E, não está autorizado a conduzir veículos da categoria A. Assim, você verificará que até há uma gradação entre as categorias, mas apenas a partir da categoria B. Deste modo, a categoria C é superior à B; a D é superior à C e B; e a E é superior às demais. Isso quer dizer que se você possui habilitação em uma categoria superior pode conduzir veículos da(s) categoria(s) inferior(res), com exceção da categoria A. Esta categoria, por sua vez, engloba a ACC. Por isso, o condutor habilitado a conduzir qualquer tipo de veículo terá, em sua carteira de habilitação, no campo destinado à categoria, a anotação AE, pois se o veículo tiver duas ou três rodas ele precisará da categoria A. Mas, você pode se perguntar: existem veículos de emergência abrangidos pela categoria A? A resposta é sim! As motocicletas utilizadas pelas polícias para as atividades de escolta/batedor, policiamento ostensivo e patrulhamento ostensivo são, sim, veículos de emergência. Figura 4: Motocicletas Harley Davidson utilizadas pela Polícia Rodoviária Federal Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Polícia_Rodoviária_Federal#/media/Ficheiro:Motociclista_PRF01.jpg. 25 Figura 5: Motocicletas utilizadas pela Polícia Militar do Piauí Fonte: https://g1.globo.com/pi/piaui/noticia/policia-amplia-projeto-voltado-para-policiamento-com- motos.ghtml. 1.1.2 Categoria B Conforme o inciso II do Art. 143 do CTB, a categoria B autoriza você a conduzir veículo “motorizado, não abrangido pela categoria A, cujo peso bruto total não exceda a três mil e quinhentos quilogramas e cuja lotação não exceda a oito lugares, excluído o do motorista” (BRASIL, 1997, n.p.); ou seja, com capacidade para até nove ocupantes. Boa parte dos concursos públicos para ingresso nas instituições de segurança pública já preveem, como requisito, que o candidato seja habilitado na categoria B. Talvez tenha sido esse o seu caso. Assim, é necessário verificar dois requisitos para se certificar de que você, habilitado na categoria B, pode conduzir determinado veículo. São eles: • Número de ocupantes (capacidade total); • Peso Bruto Total (PBT). Veja sobre cada um deles! 26 Número de ocupantes (capacidade total) Para saber a capacidade total de ocupantes de um veículo, devemos verificar o seu Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV). O CRLV, seja no documento impresso, seja no documento eletrônico, traz, no campo “lotação”, a indicação precisa a respeito do número de ocupantes do veículo. Caso o condutor não esteja portando o CRLV, será necessário consultar bancos de dados informatizados para verificar esta informação. É baseada na informação do documento que a fiscalização verifica a correspondência entre a habilitação do condutor e o veículo conduzido. Figura 6: CRLV (padrão novo) com destaque ao número de ocupantes do veículo Fonte: https://www.detran.mg.gov.br/veiculos/documentos-de-veiculos/crlv-digital. Peso bruto total (PBT) Antes de mais nada, cabe uma explicação do que é o Peso Bruto Total (PBT) e como chegamos a esse número. Primeiramente, temos que saber o conceito de Tara, que é o “peso próprio do veículo, acrescido dos pesos da carroçaria e equipamento, do combustível, das ferramentas e acessórios, da roda sobressalente, do extintor de incêndio e do fluido de arrefecimento, expresso em quilogramas.” (Conforme Anexo I do CTB). Também precisamos saber o conceito de Lotação, que é a “carga útil máxima, incluindo condutor e passageiros, que o veículo transporta, expressa em quilogramas 27 para os veículos de carga, ou número de pessoas, para os veículos de passageiros.” (Conforme Anexo I do CTB). Já o Peso Bruto Total (PBT), nada mais é do que o peso do veículo (tara) + capacidade de carga do veículo. Mas o PBT nem sempre está expresso no CRLV, apesar de haver um campo destinado ao registro da capacidade. Além disso, esse registro, na maioria das vezes, não é preciso, haja vista ser preenchido de modo diverso pelos órgãos de trânsito. Para saber qual o PBT você tem duas opções: a) Verificar o manual do proprietário do veículo. b) Procurar uma plaqueta, com a indicação de Tara e PBT, afixada no veículo. Esta segunda opção é válida especialmente para os veículos de carga. Figura 7: Plaqueta Fonte: do conteudista. Deixando claros os critérios, vamos agora falar dos tipos de veículos que podem ser conduzidos com a CNH de categoria B. Automóvel O tipo de veículo mais comum que pode ser conduzido pelo condutor com a categoria B é o Automóvel. Conforme o CTB, quando o veículo é destinado ao transporte de passageiros e a sua lotação não exceda oito lugares, excluído o 28 condutor (9 ocupantes), ele é chamado de automóvel. Boa parte das viaturas que utilizamos em nossas atividades policiais se enquadram como automóveis. Figura 8: Viatura utilizada pela Polícia Federal Fonte: https://www.correiodopovo.com.br/not%C3%ADcias/pol%C3%ADcia/mais-de-500-novas- viaturas-blindadas-ser%C3%A3o-entregues-%C3%A0-pol%C3%ADcia-federal-1.519272 Figura 9: Viatura da Polícia Ferroviária Federal Fonte: SILVA (2012). O quadricicloé um tipo de ciclo motorizado que possui quatro rodas. Devido a esta particularidade, a sua categoria de habilitação é a B. Existem dois tipos de quadriciclos: os de cabine aberta e os de cabine fechada. Veja o que diz a Resolução do Contran nº 573/2015 - Art. 2º, inciso I. Art. 2º Para os efeitos desta Resolução, entende-se como quadriciclos de cabine aberta: I - o veículo automotor com estrutura mecânica similar às motocicletas, possuindo eixo dianteiro e traseiro, dotado de quatro rodas, com massa em ordem de marcha não superior a 400kg, ou 550kg no caso do veículo destinado ao transporte de 29 cargas, excluída a massa das baterias no caso de veículos elétricos, cuja potência máxima do motor não seja superior a 15kW. Figura 10: Quadriciclos de cabine aberta Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/quadriciclo-4-rodas-ve%C3%ADculo-sujeira-1604190/. Por sua vez, o quadriciclo de cabine fechada, também conhecido como UTV (Utility Task Vehicle): Veja o que diz a Resolução do Contran nº 573/2015 - Art. 2º, inciso II: II - o veículo automotor elétrico com cabine fechada, possuindo eixo dianteiro e traseiro, dotado de quatro rodas, com massa em ordem de marcha não superior a 400kg, ou 550kg no caso do veículo destinado ao transporte de cargas, excluída a massa das baterias, cuja potência máxima do motor não seja superior a 15kW. 30 Figura 11: Quadriciclo de Cabine Fechada (UTV) Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/utilit%C3%A1rio-ve%C3%ADculo-do-terreno-utv- 2539173. Por fim, uma última informação sobre os quadriciclos. Veja o que diz a Resolução do Contran nº 573/2015, Art. 4º, inciso IV: Art. 4º Devem ser observados os seguintes requisitos de circulação nas vias públicas para os veículos previstos no Art. 3º desta Resolução: IV - Circulação restrita às vias urbanas, sendo proibida sua circulação em rodovias federais, estaduais e do Distrito Federal. Caminhonete Conforme o anexo I do CTB, o veículo de carga com PBT de até 3.500 kg é definido como caminhonete. É importante, aqui, saber fazer a distinção entre caminhonete, camioneta e utilitário. Conforme já vimos, a caminhonete é um veículo de carga. Veja o que diz o Anexo I do Código de Trânsito Brasileiro, a definição de Veículo de Carga: 31 VEÍCULO DE CARGA - veículo destinado ao transporte de carga, podendo transportar dois passageiros, exclusive o condutor. Todas as caminhonetes podem ser conduzidas com CNH na categoria B. No entanto, em razão da limitação da capacidade de passageiros, não é comum a utilização de caminhonetes como viaturas policiais. Figura 12: Caminhonete Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Fiat_Strada_1.4_Trekking_2012_(12825350303).jpg. Camioneta Conforme o Código de Trânsito Brasileiro, a camioneta é um “veículo misto destinado ao transporte de passageiros e carga no mesmo compartimento” (BRASIL, 1997, n.p). Logo, o que caracteriza as camionetas é a inexistência de separação física entre o habitáculo de passageiros e o compartimento de carga. A maioria das camionetas possui PBT inferior a 3500 kg; logo, podem ser conduzidas por condutor habilitado na categoria B. No entanto, existem algumas exceções. Na dúvida, consulte o PBT do veículo antes de conduzir. 32 Figura 13: Camioneta utilizada pela Polícia Civil de SP Fonte: https://agora.folha.uol.com.br/sao-paulo/2019/08/novo-departamento-de-elite-da- policia-civil-de-sp-comeca-a-funcionar.shtml. Figura 14: Camioneta utilizada pela Polícia Rodoviária Federal Fonte: https://estadodeminas.vrum.com.br/app/noticia/noticias/2013/07/31/interna_noticias,48081/chevrolet- trailblazer-passa-a-integrar-a-frota-da-policia-rodoviaria-federal.shtml. Utilitário Conforme o Código de Trânsito Brasileiro, o utilitário é um “veículo misto caracterizado pela versatilidade do seu uso, inclusive fora de estrada” (BRASIL, 1997, n.p). Trocando em miúdos, podemos afirmar que, nos utilitários, diferentemente das 33 camionetas, há uma separação física entre o compartimento de carga e o habitáculo dos passageiros. A maioria dos utilitários possui PBT inferior a 3500 kg, logo, podem ser conduzidas por condutor habilitado na categoria B. No entanto, assim como no caso das camionetas, existem algumas exceções. Na dúvida, consulte o PBT do veículo antes de conduzir. Figura 15: Ford/Ranger utilizada pelo Corpo de Bombeiros Militar do estado de Santa Catarina Fonte: https://notiserrasc.com.br/tv-ns-corpo-de-bombeiros-adquire-nova-viatura/ Figura 16: Viatura da Polícia Penal do estado do Ceará Fonte: https://jcconcursos.uol.com.br/noticia/concursos/concurso-policia-penal-ce-80381 Nota: Alguns órgãos de trânsito, por desconhecimento da legislação, costumam embaralhar os conceitos de caminhonete, camioneta e utilitário. Logo, pode ser que, na sua prática, você 34 encontre veículos registrados de modo diverso ao que está previsto na legislação. Conforme exposto anteriormente, não significa que o condutor habilitado na categoria B poderá conduzir apenas automóvel, quadriciclo ou caminhonete. Não é isso. Mas, é correto afirmar que se o veículo for um automóvel, um quadriciclo ou uma caminhonete, certamente a habilitação exigida será, no mínimo, a categoria B, em virtude da definição destes veículos. No caso das camionetas, dos utilitários e dos veículos especiais (ambulâncias), por exemplo, para saber se você pode conduzi-los com CNH de categoria B, é necessário verificar o PBT e a lotação do veículo. Observação: existem algumas exceções às regras apresentadas anteriormente. A Lei n. 12.452/2011 alterou o CTB e autorizou os condutores da categoria B a conduzirem veículos do tipo motor-casa de até 6.000 kg, cuja lotação não exceda a oito lugares, excluído o condutor. E, por sua vez, a alteração da Lei n. 13.097/2015 autorizou a condução, com categoria B, de tratores de roda e de equipamentos automotores destinados a executar trabalhos agrícolas. 1.1.3 Categoria C Conforme previsão legal do art. 143, inciso III, do CTB, a categoria C permite conduzir “veículo motorizado utilizado em transporte de carga, cujo peso bruto total exceda a três mil e quinhentos quilogramas”. É importante dizer que não existe limite de peso para o condutor da categoria C. Assim, um caminhão do tipo simples, ou seja, que não está rebocando nenhum outro veículo, pode ter qualquer PBT e ainda assim poderá ser conduzido com a categoria C. 35 Importante! O anexo I da Resolução do CONTRAN n. 789/2020 deixa bem claro que o condutor habilitado na Categoria C pode conduzir todos os veículos da categoria B. Embora os veículos da categoria C normalmente não sejam utilizados para atividades ordinárias de policiamento e patrulhamento ostensivo, eles costumam ser utilizados para atividades específicas como combate a incêndios, recolhimento de animais ou reboque de veículos. IMPORTANTE! Como o anexo I da Resolução do CONTRAN n. 789/2020 deixa bem claro que o condutor habilitado na Categoria C pode conduzir todos os veículos da categoria B. Embora os veículos da categoria C normalmente não sejam utilizados para atividades ordinárias de policiamento e patrulhamento ostensivo, eles costumam ser utilizados para atividades específicas como combate a incêndios, recolhimento de animais ou reboque de veículos. 36 Figura 17: Caminhão do Corpo de Bombeiros do Paraná Fonte: http://www.bombeiros.pr.gov.br/Noticia/Caminhao-de-Bombeiros-de-alta-tecnologia-reforcara- atendimentos-em-Curitiba-e-regiao. Figura 18: Caminhão-prancha utilizado pela Polícia Militar do Distrito Federal Fonte: http://www.pmdf.df.gov.br/index.php/institucionais/26284-pmdf-recebe-novos-caminhoes- guincho. O CTB, ao se referir à categoria C, menciona apenas veículosde carga com PBT superior a 3500 kg, mas, na prática, é necessário entender que qualquer veículo — seja de carga ou não — com PBT superior a 3.500 kg necessita de condutor da categoria C — exceto motor-casa — salvo quando há a exigência de categoria superior. 37 As camionetas, utilitários e veículos especiais cujo PBT supera 3500 kg devem ser conduzidas por condutor habilitado, no mínimo, na categoria C. Exemplificando: Figura 19: Ambulância veículo com PTB de 4.000 kg Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Servi%C3%A7o_de_Atendimento_M%C3%B3vel_de_Urg%C3%AAncia#/ media/Ficheiro:SAMU_(5641372633).jpg. Na foto, vemos um veículo com PBT de 4.000 kg adaptado para ser utilizado como ambulância. Não é um veículo da espécie carga, mas sim definido como especial. Mesmo não sendo de carga, para conduzi-lo será necessária a categoria C, pois ultrapassa o limite de PBT da categoria B. Por fim, o trator de roda (exceto os tratores agrícolas, para os quais se exige categoria B), o trator de esteira, o trator misto ou o equipamento automotor destinado à movimentação de cargas ou à execução de trabalho agrícola, de terraplenagem, de construção ou de pavimentação só podem ser conduzidos na via pública por condutor habilitado, no mínimo, na categoria C (conforme Art. 144, caput, do Código de Trânsito Brasileiro). 38 1.1.4 Categoria D Conforme previsão legal do Art. 143, inciso IV, do CTB, a categoria D permite conduzir “veículo motorizado utilizado no transporte de passageiros, cuja lotação exceda a oito lugares, excluído o do motorista”. Ou seja, se você for habilitado na categoria D, você pode conduzir micro- ônibus (veículos de passageiros entre 10 e 20 lugares), vans (pelo CTB, as vans são consideradas um tipo de micro-ônibus) e ônibus (veículos de passageiros com mais de 20 lugares). Os órgãos de segurança pública costumam utilizar esses tipos de veículos para o transporte de seu efetivo. No entanto, como eles, em geral, carecem de luzes intermitentes e dispositivos de alarme sonoro, não são considerados veículos de emergência. Figura 20: Ônibus da Força Nacional Fonte: http://g1.globo.com/ceara/noticia/2016/05/reuniao-vai-definir-operacao-da-forca-nacional-de- seguranca-no-ceara.html. 39 Figura 21: Micro-ônibus da Polícia Militar de Rondônia Fonte: https://folhanobre.com.br/2017/06/14/policia-militar-recebe-06-micro-onibus/49564/. Resumindo: Quando o veículo tiver lotação superior a oito lugares, excluído o condutor, é necessário que o condutor possua habilitação na categoria D. Perceba que as categorias C e D são facilmente compreendidas a partir da categoria B. Para pensar: A categoria B permite a condução de veículos com PBT não superior a 3500 kg e cuja lotação não exceda a oito lugares, excluído o condutor. Certo? Quando ultrapassado o limite de peso, o condutor deverá possuir qual categoria? Resposta — “C”. Já, se o limite de ocupantes (lotação) da categoria B for ultrapassado, será então necessária qual categoria? Resposta — “D”. IMPORTANTE! O anexo I da Resolução do CONTRAN n. 789/2020 deixa bem claro que o condutor habilitado na Categoria D pode conduzir todos os veículos das categorias B e C. 40 1.1.5 Categoria E A categoria E é exigida apenas quando trata-se de uma combinação de veículos e, ainda assim, a partir de determinadas situações. Veja o texto da lei: Art. 143 [...] V - categoria E - condutor de combinação de veículos em que a unidade tratora se enquadre nas categorias B, C ou D e cuja unidade acoplada, reboque, semirreboque, trailer ou articulada tenha 6.000 kg (seis mil quilogramas) ou mais de peso bruto total, ou cuja lotação exceda a oito lugares (BRASIL, 1997, n.p.). De maneira mais simples, pode-se dizer que configura uma combinação de veículos quando houver um conjunto de dois ou mais veículos. Exemplificando: Um automóvel rebocando um trailer é uma combinação de veículos. Um caminhão-trator (“cavalinho”) atrelado a um semirreboque também é uma combinação de veículos. Figura 22: Combinação de veículos: caminhão-trator com semirreboque Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Carreta_VW_no_Brasil.JPG. 41 Quando for necessário conduzir uma combinação de veículos, você deverá certificar-se se a lei exige ou não categoria E. Para isso, basta verificar a unidade tracionada. Por exemplo, veja este semirreboque: Figura 23: Semirreboque para transporte de cargas Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Semirreboque#/media/Ficheiro:Presenningstrailer.JPG. Caso o PBT, somente da unidade tracionada, for igual ou superior a 6.000 kg, será exigida a categoria E. No exemplo acima, o PBT deste semirreboque é de 25.500 kg, logo, para conduzir um veículo capaz de tracionar este semirreboque o condutor deverá possuir categoria E. Caso a unidade tracionada seja destinada ao transporte de passageiros, você deve verificar a capacidade (lotação). Se a unidade tracionada possuir lotação maior que oito lugares, também será exigida a categoria E. 42 Ou seja, a lei exige categoria E apenas quando se tratar de uma combinação de veículos e, ainda assim, quando a unidade tracionada possuir determinada configuração. Quando houver uma combinação de veículos e não for exigível a categoria E, haverá a necessidade de se verificar qual a categoria adequada ao peso e à lotação do conjunto. IMPORTANTE! O anexo I da Resolução do CONTRAN n. 789/2020, deixa bem claro que o condutor habilitado na Categoria E pode conduzir todos os veículos das categorias B, C e D. Ouça o ÁUDIO 2 1.1.6 Combinações de Veículos — aprofundando o assunto Até este momento, você estudou as informações básicas a respeito das categorias e dos veículos. Nesta parte inicial, a fiscalização se mostra uniforme na cobrança das regras expostas. Contudo, devido a certa falta de profundidade da lei, há casos em que a maioria das pessoas tem dificuldade em definir a categoria adequada ao veículo. No entanto, o condutor de veículo de emergência deve dominar o assunto, a fim de verificar se é habilitado a conduzir determinado veículo. Esses casos normalmente ocorrem quando há uma combinação de veículos e a categoria E não é exigível. 43 Exemplificando: Veja a figura a seguir: Figura 24: Reboque para jet ski Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/jetski-salva-vidas-resgate-praia-446958/. Considere, para fins didáticos, que este semirreboque possua um PBT de 1200 kg. Agora imagine que você está conduzindo uma viatura, uma camioneta com lotação de cinco lugares e PBT de 1800 kg; e que você está rebocando aquele semirreboque com PBT de 1200 kg. Somando o peso bruto total da combinação, temos 1800 + 1200 = 3000 kg. Logo, para este caso, a categoria E não é exigível. Observe que esta é uma combinação de veículos, mas que a categoria E, que seria exigível apenas quando a unidade tracionada (reboque) tivesse a partir de 6.000 kg de PBT, não é necessária, pois a unidade tracionada (semireboque que carrega o jet ski) possui apenas 1200 kg de PBT. No exemplo acima, qual a categoria mínima necessária para conduzir a combinação de veículos? Resposta: Categoria B. 44 Contudo, se o reboque for um pouco maior, a situação é diferente. Figura 25: Combinação de veículos: utilitário mais reboque Fonte: https://pxhere.com/pt/photo/1351990. No exemplo acima, para fins didáticos, considere que o utilitário tenha um PBT de 1950 kg e que o reboque de carga tenha um PBT de 2400 kg. Perceba que a soma dos PBTs (1950 kg + 2400 kg = 4350 kg) ultrapassa o limite da categoria B (3.500 kg). Nesse caso, o condutor terá que ser habilitado, no mínimo, na categoria C. O mesmo ocorre se o veículo rebocado for destinado ao transporte de pessoas.Você deve somar a lotação do veículo trator e do veículo tracionado para verificar a categoria adequada. No entanto, o CONTRAN, a fim de alinhar o entendimento, previu a necessidade de se considerar a unidade acoplada na verificação da categoria necessária à condução, ou seja, é necessário somar a capacidade da unidade tracionada. Essa previsão está no anexo I da Resolução do CONTRAN n. 789/2020, denominado “Tabela de Abrangência dos Documentos de Habilitação”. Ao se referir à categoria B, a redação é a seguinte: 45 - Veículos automotores e elétricos, não abrangidos pela categoria A, cujo Peso Bruto Total (PBT) não exceda a 3.500 kg e cuja lotação não exceda a oito lugares, excluído o do motorista; - Combinações de veículos automotores e elétricos em que a unidade tratora se enquadre na categoria B, com unidade acoplada, reboque, semirreboque, trailer ou articulada, desde que a soma das duas unidades não exceda o peso bruto total de 3.500 kg e cuja lotação total não exceda a oito lugares, excluído o do motorista; […] (BRASIL, 2020b, n.p.). Aula 2 - Documentação exigida para condutor e veículo; Sinalização Viária Introdução Caro aluno, profissional de segurança pública, em nossa primeira aula você estudou quais são as categorias de habilitação, previstas em lei, e quais veículos podem ser conduzidos com cada uma delas. Isso é de suma importância na hora de avaliar se você está habilitado a conduzir o veículo disponibilizado pela sua corporação. Dando continuidade aos nossos estudos, agora, nós veremos quais são os documentos exigidos, para o condutor e o veículo, durante a condução. Também estudaremos os elementos mais importantes da Sinalização Viária e como o conhecimento dela é imprescindível para a condução com segurança, seja da viatura, seja de seu carro particular. Testando o conhecimento: 46 Antes de iniciar o estudo deste capítulo, pare e reflita: Figura 26: Pare e reflita Fonte: do conteudista; SCD/EaD/Segen. 2.1 Documentos exigidos para o veículo Conforme a legislação de trânsito brasileira, o Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV), também chamado de Certificado de Licenciamento Anual (CLA) é de porte obrigatório. Outros documentos também podem ser de porte obrigatório para o veículo, como por exemplo, a Autorização Especial de Trânsito (AET), necessária para os veículos cujas dimensões e peso excedam o previsto na Resolução do Contran n° 210/2006. Certo, mas aí você pode se perguntar: o que vem a ser este documento, o CRLV? Em que condições ele vem a ser emitido? Como ele se parece? Ele deve, obrigatoriamente, ser emitido em papel-moeda? Ele pode ser apresentado em formato digital? Antes do licenciamento, cabe lembrar que todos os veículos devem ser registrados, conforme nos ensina o Código de Trânsito Brasileiro: Art. 120. Todo veículo automotor, elétrico, articulado, reboque ou semirreboque, deve ser registrado perante o órgão executivo de trânsito do Estado ou do Distrito Federal, no Município de 47 domicílio ou residência de seu proprietário, na forma da lei (BRASIL, 1997, n.p.). Para comprovar o registro, o órgão executivo de trânsito do Estado ou do Distrito Federal emite um documento chamado Certificado de Registro de Veículo (CRV – chamado popularmente de “DUT”). O CRV NÃO É (e nunca foi) documento de porte obrigatório! Ele nada mais é do que um documento que comprova que o veículo é registrado e quem é o seu proprietário. Na verdade, há diversos especialistas que orientam, taxativamente, a não portar o CRV, devido ao risco de fraude caso ele venha a cair em mãos erradas. No entanto, não é proibido portar este documento e não é incomum que ele seja apresentado pelos condutores em fiscalizações de rotina. Até recentemente, o CRV era emitido apenas em meio físico (papel-moeda). Mas, atualmente, o CRV passou a poder ser emitido em meio digital e, mesmo o documento físico, não precisa mais ser emitido em papel-moeda. Preste atenção no Art. 121 do CTB, com a redação dada pela Lei n. 14.071/2020, que entrou em vigor no dia 12 de abril de 2021: Art. 121. Registrado o veículo, expedir-se-á o Certificado de Registro de Veículo (CRV), em meio físico e/ou digital, à escolha do proprietário, de acordo com os modelos e com as especificações estabelecidos pelo CONTRAN, com as características e as condições de invulnerabilidade à falsificação e à adulteração (BRASIL, 2020a, n.p). É importante ressaltar que os CRVs emitidos até a entrada em vigor da alteração legislativa não perdem a sua validade; e que só há a necessidade da expedição de um novo documento nos seguintes casos: se for transferida a propriedade, se o proprietário mudar o município de domicílio ou de residência, se for alterada qualquer característica do veículo ou se houver mudança de categoria (conforme previsto no Art. 123 do CTB). 48 Dica: Uma maneira fácil de o profissional de segurança pública se familiarizar com o modelo e com as especificações do CRV é por meio da observação do CRV do seu veículo. Se o documento for no modelo antigo (papel-moeda), vale a pena observar o documento com uma lupa (para verificar os itens de segurança) e, se possível, colocá-lo em uma luz ultravioleta. Desse modo, ao ser exposto a um documento falso, o profissional pode saber como identificá-lo ou, ao menos, levantar a suspeita de que há algo errado. No entanto, diferentemente do registro, o licenciamento do veículo deve ser realizado anualmente pelos órgãos executivos de trânsito do Estado ou do Distrito Federal onde estiver registrado o veículo. Veja o que diz o Artigo 130 do Código de Trânsito Brasileiro: Art. 130. “Todo veículo automotor, elétrico, articulado, reboque ou semirreboque, para transitar na via, deverá ser licenciado anualmente pelo órgão executivo de trânsito do Estado, ou do Distrito Federal, onde estiver registrado o veículo.” Conforme o CTB, o veículo somente será considerado licenciado estando quitados os débitos relativos a tributos, a encargos e a multas de trânsito e ambientais, vinculados ao veículo, independentemente da responsabilidade pelas infrações cometidas (conforme o Art. 131, § 2º do CTB). Somente após a verificação da quitação é que será expedido o CRLV, também chamado de CLA (Certificado de Licenciamento Anual): Art. 131. O Certificado de Licenciamento Anual será expedido ao veículo licenciado, vinculado ao Certificado de Registro de Veículo, em meio físico e/ou digital, à escolha do proprietário, de acordo com o modelo e com as especificações estabelecidos 49 pelo CONTRAN. (Redação dada pela Lei n.º 14.071/2020) (BRASIL, 2020a, n.p). Conforme o art. 133, caput, do CTB, o CRLV é um documento de porte obrigatório, ou seja, durante a condução do veículo, o condutor deve estar em posse dele. No entanto, a dispensa do porte pode ocorrer em algumas situações. Vejamos: Art. 133. É obrigatório o porte do Certificado de Licenciamento Anual. Parágrafo único. O porte será dispensado quando, no momento da fiscalização, for possível ter acesso ao devido sistema informatizado para verificar se o veículo está licenciado (Incluído pela Lei n. 13.281, de 2016) (BRASIL, 2016, n.p.). Em relação ao modelo do CRLV, cumpre informar que, recentemente, ocorreram alterações importantes, e que você, condutor de veículos de emergência, deve conhecer. Até recentemente, os CRLVs deviam ser emitidos em papel-moeda, conforme o modelo e as especificações estabelecidas pelo CONTRAN. O modelo a seguir é aquele previsto na Resolução do CONTRAN n. 16/1998, com as alterações dadas pela Resolução do CONTRAN n. 775/2019: Figura 27: CRLV — Modelo Anterior Fonte: do conteudista. 50 Os últimos CRLVs impressos em papel-moeda foram emitidos em 31 de julho de2020. No entanto, dependendo da situação e do calendário de licenciamento aplicável (nacional ou estadual), eles podem ser válidos até dezembro de 2021. De agosto de 2020 em diante, entrou em vigor um novo modelo de CRLV. Atualmente, o modelo do CRLV é dado pela Resolução do CONTRAN n. 809, de 15 de dezembro de 2020. A característica mais marcante desse novo modelo é que ele pode ser impresso em papel comum; e que até mesmo o particular pode imprimi-lo: Figura 28: Modelo de CRLV Atual, impresso em papel comum Fonte: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-contran-n-809-de-15-de-dezembro-de-2020- 296178226. Vale salientar que não é exigido o porte do comprovante do pagamento do seguro obrigatório e IPVA, informações essas, via de regra, inseridas no próprio documento do veículo. Por fim, ainda existe a possibilidade da emissão e do porte do documento do veículo em meio digital. 51 Saiba mais: Caro profissional de segurança pública, para tirar todas as suas dúvidas acerca da emissão do CRLV-e (digital), acesse o site: https://campanhas.serpro.gov.br/cdt/ É importante que você tenha consciência de que essas mudanças (CRLV impresso em papel comum e CRLV-e) fazem parte do esforço de desburocratização do Governo Federal, para facilitar a vida dos cidadãos e provê-los com soluções digitais mais baratas e confiáveis. Por fim, vale salientar que o fato de o veículo ser classificado como de emergência não faz com que seja necessário o porte de qualquer outro documento do veículo. Contudo, é necessário verificar se o veículo possui os dispositivos luminosos intermitentes e os dispositivos de alarme sonoro (sirene), e é indispensável que ele seja um daqueles identificados no artigo 29, inciso VII do CTB, pois somente eles podem utilizar tais dispositivos. Exemplificando... Um veículo conhecido como van, com capacidade para doze pessoas, é utilizado para o transporte de pacientes entre as cidades do interior e a capital do estado. A prefeitura proprietária do veículo o equipa com dispositivo luminoso vermelho sobre o teto e alarme sonoro (sirene). Contudo, no CRLV, o veículo está identificado como micro-ônibus e não há qualquer referência à ambulância. No caso citado, o veículo não poderia estar equipado com o que Paulus e Walter (2013) chamam de dispositivos de prerrogativas. Apenas os veículos de emergência podem ser equipados com tais dispositivos. 2.2 Documentação do condutor 52 No que diz respeito à documentação do condutor, você deverá sempre estar portando a sua Carteira Nacional de Habilitação, podendo ser aquela emitida em meio físico ou em meio digital, conforme está previsto no CTB: Art. 159. A Carteira Nacional de Habilitação, expedida em meio físico e/ou digital, à escolha do condutor, em modelo único e de acordo com as especificações do CONTRAN, atendidos os pré- requisitos estabelecidos neste Código, conterá fotografia, identificação e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) do condutor, terá fé pública e equivalerá a documento de identidade em todo o território nacional (Redação dada pela Lei n. 14.071/2020) (BRASIL, 2020a, n.p.). Da mesma forma que ocorre com o CRLV, o porte da CNH será dispensado quando, no momento da fiscalização, for possível ter acesso ao sistema informatizado para verificar se o condutor está habilitado (conforme previsto no § 1º-A, do art. 159 do CTB, inserido no CTB pela Lei n. 14.071/2020). Saiba mais: Para saber como você pode solicitar a sua Carteira Nacional de Habilitação em formato digital, acesse: https://campanhas.serpro.gov.br/cdt/ Figura 29: Modelo de CNH Digital (CNH-e) Fonte: https://campanhas.serpro.gov.br/cdt/. 53 No caso específico da condução de veículo de emergência, também é obrigatório o porte do certificado correspondente a esse curso. A comprovação da conclusão do curso ocorre pelo porte do certificado de conclusão, até que a informação seja inserida em campo específico da carteira de habilitação. Figura 30: Exemplo de Certificado de Conclusão do Curso de CVE Fonte: SCD/EaD/Segen. IMPORTANTE! O Curso de Condutor de Veículo de Emergência possui validade de cinco anos, quando, então, é necessário fazer a atualização, cuja carga horária é de dezesseis horas-aula (16h/a). 54 IMPORTANTE! Quando você for renovar sua carteira de habilitação, lembre-se de apresentar o comprovante da conclusão do curso de condutor de veículo de emergência, para que seja realizada sua inclusão na CNH. Caro condutor de veículo de emergência, antes de iniciar o deslocamento, certifique-se de estar portando os documentos obrigatórios do condutor e do veículo, seja em sua forma física ou digital, pois não portar tais documentos incorre na infração prevista no artigo 232 do CTB, que, além de prever multa referente à infração de natureza leve, ainda determina a retenção do veículo até a apresentação do documento (BRASIL, 1997). Lembre-se também que, além da sua CNH (física ou digital) é necessário portar o certificado do curso de Condução de Veículos de Emergência, caso o mesmo ainda não tenha sido inserido no campo de observações de sua CNH. 2.3 Sinalização Viária Não é exigido de você, condutor de veículo de emergência, nenhum conhecimento específico no que tange à sinalização viária, além daqueles exigidos para o condutor comum. Mas, na condução do veículo de emergência em situação de urgência, é primordial que você conheça as determinações, advertências e indicações da sinalização viária para prever a conduta esperada dos demais condutores da via, já que, nessa situação excepcional, o veículo de emergência possui livre circulação. É claro que você também deve estar preparado para as situações em que os condutores não obedeçam às regras estabelecidas pela sinalização. Por este motivo, o condutor do veículo de emergência deve desenvolver características específicas para tornar o deslocamento de emergência menos perigoso. De modo geral, então, não se esqueça de que a Sinalização Vertical de Regulamentação tem por finalidade informar aos usuários as condições, proibições, 55 obrigações ou restrições no uso das vias. Sua forma padrão é a circular, e suas cores são vermelha, preta e branca. Exemplificando: Figura 31: Placas de Regulamentação Fonte: Anexo II do Código de Trânsito Brasileiro - Resolução do Contran nº 160/2004; SCD/ EaD/Segen. Saiba mais: Quanto ao formato, as exceções entre as placas de regulamentação são as de “Parada Obrigatória” (formato octogonal) e a de “Dê a Preferência” (triângulo, com um dos vértices apontando para baixo). A razão disso é permitir que elas sejam identificadas mesmo por quem vem em sentido contrário da via (de costas). Por sua vez, a Sinalização Vertical de Advertência tem por finalidade alertar os condutores sobre condições com potencial risco existentes na via ou nas suas proximidades, tais como escolas e passagens de pedestres. Sua forma padrão é quadrada (com um dos vértices para baixo) e suas cores são amarela e preta. Exemplificando: 56 Figura 32: Placas de advertência Fonte: Anexo II do Código de Trânsito Brasileiro - Resolução do Contran nº 160/2004; SCD; EaD/Segen. Embora o desrespeito à sinalização de advertência não se constitua em infração de trânsito, o condutor de veículo de emergência deve prestar bastante atenção a elas, pois indicam situações potencialmente perigosas à frente, como curvas fechadas ou cruzamentos. Por fim, a Sinalização Vertical de Indicação pode indicar direções, localizações, pontos de interesse turístico ou de serviços e transmitir mensagens educativas, entre outras, de maneira a ajudar o condutor em seu deslocamento. Exemplificando: Figura 33: Placas de indicação Fonte: Anexo II do Código de TrânsitoBrasileiro - Resolução do Contran nº 160/2004; SCD/EaD/Segen. Tão importante quanto a sinalização vertical (placas) é a sinalização horizontal, composta pelas marcas viárias pintadas ou aplicadas sobre o pavimento. Esta sinalização tem a finalidade de transmitir e orientar os usuários sobre as condições de utilização adequada da via, compreendendo as proibições, restrições e informações que lhes permitam adotar comportamento adequado, de forma a aumentar a segurança e ordenar os fluxos de tráfego. 57 Para saber mais Conforme o Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito - Volume 4 - Sinalização Horizontal (conforme Resolução do CONTRAN nº 236, de 11 de maio de 2007), a sinalização horizontal deve adotar as seguintes combinações de traçados (formas) e cores: Padrão de traçado (formas): ● Contínua: corresponde às linhas sem interrupção, aplicadas em trecho específico de pista; ● Tracejada ou Seccionada: corresponde às linhas interrompidas, aplicadas em cadência, utilizando espaçamentos com extensão igual ou maior que o traço; ● Setas, Símbolos e Legendas: correspondem às informações representadas em forma de desenho ou inscritas, aplicadas no pavimento, indicando uma situação ou complementando a sinalização vertical existente. Padrão de traçado (formas) Contínua: corresponde às linhas sem interrupção, aplicadas em trecho específico de pista; Tracejada ou Seccionada corresponde às linhas interrompidas, aplicadas em cadência, utilizando espaçamentos com extensão igual ou maior que o traço; 58 Setas, Símbolos e Legendas: correspondem às informações representadas em forma de desenho ou inscritas, aplicadas no pavimento, indicando uma situação ou complementando a sinalização vertical existente. Padrão de cores: ● AMARELA, utilizada para: – Separar movimentos veiculares de fluxos opostos; – Regulamentar ultrapassagem e deslocamento lateral; – Delimitar espaços proibidos para estacionamento e/ou parada; – Demarcar obstáculos transversais à pista (lombada). ● BRANCA, utilizada para: – Separar movimentos veiculares de mesmo sentido; – Delimitar áreas de circulação; – Delimitar trechos de pistas, destinados ao estacionamento regulamentado de veículos em condições especiais; – Regulamentar faixas de travessias de pedestres; – Regulamentar linha de transposição e ultrapassagem; – Demarcar linha de retenção e linha de “Dê a preferência”; – Inscrever setas, símbolos e legendas. ● VERMELHA, utilizada para: – Demarcar ciclovias ou ciclofaixas; 59 – Inscrever símbolo (cruz). ● AZUL, utilizada como base para: – Inscrever símbolo em áreas especiais de estacionamento ou de parada para embarque e desembarque de idosos e pessoas com deficiência física. ● PRETA, utilizada para: – Proporcionar contraste entre a marca viária/inscrição e o pavimento, (utilizada principalmente em pavimento de concreto) não constituindo propriamente uma cor de sinalização. IMPORTANTE! Em relação à Sinalização Horizontal (marcas no pavimento), o condutor de veículo de emergência deve prestar atenção especial à marcação contínua amarela, indicando proibição de ultrapassagem, especialmente em locais sem visibilidade, como aclives e curvas, pois, embora durante o deslocamento de urgência o condutor não cometa infrações de trânsito, a ultrapassagem em tais locais pode gerar risco de acidentes graves, tais como colisões frontais. Da mesma forma, o condutor de veículos de emergência deve prestar atenção especial à sinalização horizontal na cor vermelha, pois a mesma é utilizada na marcação viária de ciclovias e ciclofaixas. Considerando que o modal cicloviário vem recebendo importante incremento nos últimos anos, é importante que você se conscientize da importância de zelar pela segurança dos ciclistas, especialmente quanto à 60 manutenção de uma distância segura ao passar por eles (no mínimo, 1,5 metro). Esteja sempre atento à sinalização viária, pois ela é indispensável à boa condução do veículo, sobretudo em situação de emergência. AULA 3 — Infrações, crimes de trânsito e penalidades Introdução Caro profissional de segurança pública, na aula anterior você viu quais são os documentos exigidos para o condutor e para o veículo de emergência, assim como estudou sobre a importância de prestar atenção à sinalização viária para poder se antecipar a possíveis riscos para o seu deslocamento. Nesta aula, veremos algumas infrações que envolvem os veículos de emergência, além de revisarmos quais são as penalidades e os crimes de trânsito. Recordando: 61 Figura 34: Recordando Fonte: do conteudista; SCD/EaD/Segen. 3.1 Infrações Do mesmo modo que nas aulas anteriores, você estudará regras específicas para os condutores de veículos de emergência, além de outras situações que envolvem a condução de veículos de emergência. Antes de mais nada, cabe informar que, nas “condições normais de temperatura e pressão”, ou seja, em deslocamentos “normais”, fora de situações de urgência e emergência, você, enquanto condutor especializado, estará sujeito a todas as regras comuns, embora existam algumas regras específicas que envolvem os veículos de emergência. A única infração do CTB voltada especialmente para os condutores de veículos de emergência é a prevista no artigo 222: Art. 222. Deixar de manter ligado, nas situações de atendimento de emergência, o sistema de iluminação vermelha intermitente 62 dos veículos de polícia, de socorro de incêndio e salvamento, de fiscalização de trânsito e das ambulâncias, ainda que parados: Infração - média; Penalidade - multa. (BRASIL, 1997, n.p.). Vamos pensar um pouco sobre a razão da existência dessa norma. Ela visa, antes de mais nada, resguardar a segurança da própria equipe que está realizando o atendimento de emergência. Uma vez que o veículo está em uma via pública, sem as luzes intermitentes ligadas, os outros condutores podem não perceber que a viatura está imobilizada e podem colidir contra ela ou mesmo vir a atropelar algum membro da equipe ou a vítima que está sendo socorrida. Essa preocupação é especialmente importante no período noturno! IMPORTANTE! Dependendo da situação, especialmente quando do atendimento de ocorrências em rodovias ou vias de trânsito rápido, é importante que a equipe providencie sinalização adicional, por meio de cones, triângulo de segurança e/ou meios de fortuna. Aqui, não há uma infração de trânsito associada, mas lembre-se que a sua segurança vem em primeiro lugar! E se o acidente ou a emergência envolver a imobilização da viatura sobre o leito viário, você saberia como proceder nestes casos? A resposta, caro colega, é que você deve providenciar ao menos a sinalização mínima prevista na norma, que é a seguinte: - Acionar, imediatamente, as luzes de advertência (pisca-alerta); e - Providenciar a colocação do triângulo de sinalização ou equipamento similar (pode, inclusive, usar os cones de sinalização) à distância mínima 63 de 30 metros da parte traseira do veículo (de acordo com a resolução do Contran nº 36, de 21 de maio de 1998). IMPORTANTE! Fique atento, também, ao fato de nunca utilizar o pisca- alerta do veículo ligado durante os deslocamentos de urgência/emergência. A sinalização do veículo que indica a situação de emergência é o alarme sonoro (sirene) e o dispositivo luminoso intermitente sobre o teto. Veja o que está previsto no art. 40, inciso V, alínea “a” do CTB no tocante aos veículos “normais”: Art. 40. O uso de luzes em veículo obedecerá às seguintes determinações: V - O condutor utilizará o pisca-alerta nas seguintes situações: a) em imobilizações ou situações de emergência; É indispensável que suas manobras
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