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Direito eleitoral - Parte geral - Artigos JusBrasil

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14/05/2015 Direito eleitoral - Parte geral | Artigos JusBrasil
http://cdaun.jusbrasil.com.br/artigos/188056529/direito-eleitoral-parte-geral?print=true 1/43
Direito eleitoral - Parte geral
Evolução Histórica dos Direitos Políticos no Brasil
Publicado por Camila Daun - 20 horas atrás
Ordenações
As primeiras eleições que ocorreram no Brasil aconteceram sob a égide das Ordenações Manuelinas,
quando o Brasil ainda era colônia de Portugal. Essas eleições não visavam o preenchimento de cargos
parlamentares, como normalmente acontece, foi uma eleição indireta, ou seja, elegiam-se seis pessoas e
essas seis pessoas é que escolhiam o vencedor.
Essa primeira eleição foi para estabelecer vereadores, juízes, tesoureiros, cobradores, escrivães, etc., ou
seja, para o preenchimento de cargos essenciais à formação da democracia que se iniciava. Não havia
tentativa de se formar uma assembleia legislativa porque as leis utilizadas eram as portuguesas, uma vez
em que o Brasil era apenas uma colônia.
Em determinado momento da história, há a fusão entre os reinos Português e Espanhol. Em 1603 ocorreu
uma nova eleição para preenchimento dos mesmos cargos da anterior, só que estas aconteceram sob a
égide das Ordenações Filipinas.
‘Constituição de 1824
Em 1808 a família real vem ao Brasil para fugir dos ataques de Napoleão Bonaparte, mudando para ca a
sede do Governo. Isso levou à necessidade de se estabelecer um Poder Legislativo no Brasil, e, para
tanto, seriam necessárias novas eleições.
Em 1822 acontece a primeira eleição de fato no Brasil, regulamentada por um decreto instituído em 1821.
Neste momento, convocam-se pessoas para formar a primeira assembleia constituinte, e promulgar a
primeira Constituição do Brasil.
Em 1823, enquanto a assembleia discute a promulgação da Constituição, o Imperador D. Pedro I invade e
dissolve o Congresso Nacional. Com a dissolução do Congresso, a primeira Constituição Brasileira, de
1824, não foi promulgada, e sim outorgada, imposta pelo Imperador.
JusBrasil - Artigos
14 de maio de 2015
14/05/2015 Direito eleitoral - Parte geral | Artigos JusBrasil
http://cdaun.jusbrasil.com.br/artigos/188056529/direito-eleitoral-parte-geral?print=true 2/43
Tanto é verdade que existia no Brasil quatro Poderes: o legislativo, o executivo, o judiciário e o moderador,
este último com a finalidade de manter um poder ponderável nas mãos do príncipe, pois era capaz de
controlar os demais, centralizando o poder.
No que se refere do ponto de vista dos direitos políticos, a Constituição de 1824 era absolutamente liberal.
O número de pessoas votantes era extremamente alto, cerca de 90% da população, cotando com uma
participação aproximadamente 10x maior do que a população da Inglaterra, por exemplo.
Considera-se liberal devido a sua pouca, quase nenhuma, restrição ao voto. Havia restrição etária, apenas
os homens maiores de 25 anos poderiam participar; uma restrição censitária, para votar era preciso
ganhar mais de 100 mil réis por ano, o que não era muito; e não havia restrição aos analfabetos, que
também podiam votar. Em suma, não votavam os mendigos, os escravos e as mulheres.
Para ser eleito também havia restrição censitária. Para ser candidato a deputado a pessoa tinha que
ganhar mais de 400 mil réis, e senador 800 mil réis.
A eleição era indireta, ou seja, os eleitores indicavam um colegiado que escolheria o vencedor, que
elegiam os representantes. Então, do ponto de vista formal, o voto era perfeito.
Mas na prática as coisas não eram bem assim, porque as eleições indicavam uma disputa local. Uma
disputa pelo controle do local pelos proprietários de terra que lá habitavam, e como as pessoas da área
rural dependiam do proprietário da terra para sobreviver, as eleições tornavam-se violentas, realizando-se o
que se denomina "voto de cabresto".
O voto tinha um valor muito grande, ele tinha um valor completamente diferente do pretendido pelo
legislado, pois não representava um ato político, uma escolha do cidadão, e sim a pressão do senhor da
terra, ou uma espécie de gratidão ao mesmo.
Havia uma completa inversão da lógica do sistema. A corrupção tornava as eleições muito caras, ou seja,
para que um proprietário de terra pudesse ter alguma chance de vencer, ele deveria manter o maior
número possível de pessoas na sua terra e controlar / sustentar todos eles, o que demandava um alto
custo.
Para resolver esse problema era necessário restringir mais o direito de voto. Os grandes proprietários de
terra defendiam as mais diferentes razões para que se restringisse o direito de voto, uns diziam que era
muito caro corromper tanta gente e outros que era um absurdo conferir poder de voto aos analfabetos.
‘O Tropeço - 1881
Devido à grande crítica do sistema eleitoral adotado, em 1881 sai uma lei conhecida como "o Tropeço"
14/05/2015 Direito eleitoral - Parte geral | Artigos JusBrasil
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que limita o direito ao voto. É chamada assim porque reduzia drasticamente os direitos políticos no Brasil.
Para que se entenda melhor a questão, na última eleição anterior à lei do Tropeço, realizada em 1874,
votaram mais de um milhão de pessoas, cerca de 90% da população, e em 1886, na vigência da nova lei,
votaram 100 mil pessoas, reduziu-se em 10x o número de votantes. A redução deveu-se a proibição de
voto aos analfabetos, fazendo com que o número de votantes girasse em torno de 10% da população. Mas
como ainda havia restrição aos militares, membros do clero, mendigos, mulheres, crianças e escravos,
0,8% da população efetivamente votou naquela eleição.
Havia restrição etária, apenas os homens maiores de 25 anos poderiam participar; uma restrição
censitária, para votar era preciso ganhar mais de 200 mil réis por ano, o que não era muito, mas que
devia ser comprovado através de uma prova cabal, incontestável, enquanto na lei anterior bastava uma
simples declaração. A comprovação se tornou muito difícil, e como dá trabalho, muitas pessoas deixam
de exercer o direito de voto.
‘Constituição de 1891
Logo depois, em 1889, acontece a Proclamação da República, onde os militares se revoltam contra o
império e tomaram o poder.
Do ponto de vista dos direitos políticos, não houve modificações com a Proclamação da República,
Marechal Deodoro, o primeiro presidente do Brasil, por exemplo, foi eleito de forma indireta.
Como se rompeu com a monarquia, adotando o modelo presidencialista, era necessário promulgar uma
nova Constituição, o que aconteceu em 1891. Essa constituição estabelecia o modelo presidencialista
como forma de governo, excluiu o voto censitário, não sendo mais necessário comprovar renda para votar,
mas manteve a restrição aos analfabetos, mulheres, mendigos, e clérigos.
Com isso, houve um pequeno aumento de pessoas que votaram na eleição posterior à nova Magna Carta,
indo de 0,8% para 2,2% da população, praticamente triplicando o número de votantes.
Em 1896, há no Brasil um dos maiores retrocessos na seara Eleitoral, que é o chamado "voto
descoberto", que é a possibilidade de o votante pegar um recibo do voto. Para votar, então, a pessoa ia
até uma mesa com duas cédulas de votação, o mesário vistava uma delas e jogava na urna, computando
o voto, e vistava a outra, que era devolvida ao votante. Ou seja, a pessoa saía da votação com o voto na
mão, e isso servia para controlar em quem as pessoas estavam votando, institucionalizando o "voto de
cabresto".
Outro problema do voto descoberto é que ele dava força ao movimento chamado de "Coronelismo". Até
antes de o Brasil se tornar República, nós tínhamos a Guarda Nacional, que era formada por cidadãos e
proprietários de terra organizados como uma espécie de força militar, e, normalmente, quem ocupava o14/05/2015 Direito eleitoral - Parte geral | Artigos JusBrasil
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poder político era o coronel dessa Guarda Nacional. Com a Proclamação da República, houve a
desmilitarização da Guarda Nacional, mas o prestígio dos coronéis continuou e, apesar de não mais
exercer o poder militar, eles ainda exerciam o poder político.
Então, o Coronelismo nada mais era do que uma prática envolvendo o governante local, o governador e o
presidente da República. Ou seja, o presidente passava verba e poder ao governador, que passava verba e
poder ao governante local, e em contraprestação, o governante local deveria controlar o voto das pessoas
de sua região. Esse controle era feito através de favores, que eram concedidos na metade com a
promessa do voto, e na outra metade, com a apresentação do comprovante de votação. E o voto
descoberto permitiu que essa prática fosse realizada com maestria.
A questão era tão complexa que às vezes dois grupos de oligarquias se declaravam eleitos do mesmo
local porque cada um dos grupos contava os comprovantes de votação que recebera e se dizia eleito. Não
havia um controle imparcial, quem controlava as eleições naquela época era a câmara municipal, ou seja,
o próprio poder legislativo. E ele escolheria como eleito aquele grupo que não fizesse oposição ao
governo.
Não existia Justiça Eleitoral, todo o processo eleitoral era controlado pelo próprio poder legislativo. Tem
um ditado do interior que diz: "É como deixar o cachorro tomando conta da linguiça", e ele expressa
exatamente o que acontecia, pois se deixava que pessoas que tinham interesse direto no resultado da
eleição para a manutenção da posição que ocupavam ditassem as regras. Eles faziam tudo o que podiam
para privilegiar a si próprios e a seus correligionários.
‘Segunda República
Em 1930 acontece uma revolução e o presidente Washington Luís é deposto. A revolução se deu porque
durante a política do "Café com Leite", os paulistas elegeram um presidente quando quem deveria assumir
o cargo seria um mineiro. O vencedor das eleições foi o paulista Júlio Prestes, que não assumiu o cargo
porque os mineiros iniciaram a revolução e instituiu-se uma junta provisória de comando, que entrega o
poder na mão de Getúlio Vargas.
Este foi um período de exceção. Vargas começa a governar através de decretos, houve a dissolução do
Congresso, todos os governadores são depostos e substituídos por interventores nomeados por Vargas,
exceto o governo de Minas Gerais, que tinha apoiado o golpe, e a maioria dos interventores era militar,
para atender aos anseios dos demais estados brasileiros.
A República do Café com Leite não dava espaço para que os outros estados elegessem um
representante, coisa que gerava uma insatisfação tremenda. Com o golpe e a tomada do poder por Getúlio
Vargas, que era do Rio Grande do Sul, houve um contentamento geral.
Nesse momento inicia-se a chamada segunda República. A primeira República vai do governo de Marechal
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Deodoro à Washington Luís, e a segunda começa com Getúlio Vargas.
Em 1932 é promulgado o primeiro Código Eleitoral Brasileiro. Ele previu o sistema proporcional, o voto
secreto, permitiu o voto das mulheres, estabeleceu como idade mínima 18 anos, e criou a Justiça
Eleitoral. Agora o controle das eleições fica a cargo do poder judiciário, o que era muito melhor, porque,
em tese, o poder judiciário não tem interesse direto nas eleições, pois seus membros não podem se
candidatar.
‘Constituição de 1934
Em 1934 é promulgada a Constituição de 1934, influenciada pela Constituição de Weimer, portanto, mais
moderna, mais ligada com a realidade mundial da época. Ela incorporou as inovações do Código Eleitoral,
constitucionalizando a Justiça Eleitoral.
‘POLACA
Ocorre que, em 1937, Getúlio Vargas dá outro golpe, instituindo o Estado Novo. E novamente passa a
governar por decretos, estabelecendo uma espécie de ditadura civil com apoio militar.
O Congresso é dissolvido, a imprensa censurada e os partidos políticos extintos. Vargas outorga uma
nova constituição, a POLACA, inspirada na Constituição Polonesa, altamente autoritária. Durante o Estado
Novo, ou seja, entre 1937 e 1945, não há eleições. O apoio popular era garantido com a instituição de
diversos direitos sociais, como o trabalhista, o previdenciário, etc., mas os direitos políticos foram
extintos.
‘Constituição de 1946
Em 1945 acaba a segunda guerra mundial, o mundo lutara contra a ditadura alemã e não fazia mais
sentido permitir uma ditadura no território brasileiro. Então, nesse momento iniciaram-se as críticas ao
governo Vargas, que persistiram até o momento em que ele se suicida para evitar a deposição que o
exército pretendia fazer.
Só que a Constituição de 1937 era tão autoritária que não havia previsão de um vice-presidente, motivo
que levou o presidente do STF, José Linhares, a assumir a presidência em outubro de 1945, convocado
eleições para o mês de dezembro do mesmo ano.
Gaspar Dutra é eleito e promulga a Constituição de 1946, que manteve as conquistas sociais do período
do Estado Novo; devolveu a liberdade de imprensa e a manifestação política; previu o voto direto, secreto e
obrigatório, para homens e mulheres com mais de 18 anos, mantendo a restrição aos analfabetos;
confirmou a Justiça Eleitoral e instituiu o TSE e os TREs.
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Em 1950 é promulgado o segundo Código Eleitoral. Ele organiza os partidos políticos, trata do alistamento
eleitoral, trata da propaganda política, determina o segredo do voto em cabine indevassável. Até esse
momento, não existia cabine de votação, a forma de votar dependia do mesário, que, muitas vezes, via em
quem a pessoa votava.
Segundo os autores, de 1945 e 1964, formou-se uma democracia que funcionava perfeitamente do ponto
de vista formal. Destacam que existiram apenas dois retrocessos: a cassação do Partido Comunista,
devido aos seus ideais marxistas de revolução; e a proibição de candidatura de suboficiais e sargentos a
cargos políticos.
De forma geral, de 1930 a 1962, quando ocorreu a última eleição antes da ditadura, a porcentagem de
votantes passou de 5,5% para 26% da população, representando um aumento de praticamente 6x da
participação da população nas votações.
Na prática, as coisas ainda eram complicadas, porque se mantinha o coronelismo, os cabos eleitorais
pegavam as pessoas que iam votar, prendiam nos currais e depois levavam todas juntas para votar, daí a
expressão "Currais Eleitorais". O pagamento do voto era feito em bens, emprego ou dinheiro, e havia
muita fraude nas eleições.
Como não havia uma cédula eleitoral oficial, havia muita fraude nas votações, pois cada candidato
distribuía sua própria cédula aos eleitores, que os cabos eleitorais entregavam preenchidas aos eleitores
que tinham apenas que inseri-las na urna de votação.
Em 1955 foram promulgadas duas leis que estabelecem uma folha individual de votação, porque até lá as
pessoas podiam até votar em grupo, e uma cédula única para eleições presidenciais. Depois, em 1956,
vêm cédulas para todas as eleições majoritárias. E, somente em 1962, cria-se uma cédula única para as
eleições proporcionais.
Então, até 1962, do ponto de vista formal era tudo muito bonito, mas, na prática, persistiam as
corrupções e vicissitudes oriundas do coronelismo. A votação continuava sendo violenta e corrupta devido
à ausência de uma cédula única de votação.
Apesar disso, a modernizaçãodo país, a criação de áreas urbanas e o êxodo rural, contribuíram para a
diminuição dessa prática. Também houve o fortalecimento dos partidos políticos, que, muitas vezes,
conseguiam fazer frente aos representantes locais.
Era a primeira vez em que existiam partidos políticos de massa, existiam 12 partidos inscritos e
funcionando no Brasil. Foi, então, o período com maior existência democrática, de exercício da
democracia.
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‘Ditadura Militar
Porém, em 1964, se estabeleceu a Ditadura Militar. Houve a deposição do presidente, e assume Castelo
Branco, que é imposto ao Congresso Nacional, já fraco, e homologa a ditadura.
Castelo Branco, em 1965, promulga a Lei nº 4774/65, que é o Código Eleitoral atual, ou seja, durante a
Ditadura Militar.
Os direitos políticos foram praticamente extintos, o governo passa a decretar os Atos Institucionais, sendo
o pior deles o AI nº 5, que suspende os direitos civis, como o Habeas Corpos, institucionalizando o
autoritarismo. Há a extinção dos partidos políticos, podendo funcionar apenas dois partidos: a ARENA,
que é o partido dos militares; e o MDB, que é o partido de oposição, mas que não consegue fazer
oposição, porque os que tentavam eram cassados ou aposentados compulsoriamente.
Há um forte período de repressão. Porque apesar de a repressão ser institucionalizada, ela não era
hierarquizada, existindo polos de comando (aeronáutica, marinha, polícia militar, polícia federal, exército) e
não uma central de comando das operações de repressão, passando cada um deles a atuar de maneira
autônoma, sem saber da atuação dos outros. Então, podia acontecer de uma pessoa ser liberada pela
polícia militar e ser presa pela marinha, ou pela aeronáutica, logo em seguida.
Devido a um ataque cardíaco do presidente em 1969, onde deveria assumir o seu vice, que era civil, há
intervenção da junta militar e Médici assume o poder. Médici reabre o Congresso para referendar sua
eleição e promulgar a Constituição de 1969 que incorporou os Atos Institucionais.
As eleições proporcionais continuam a ocorrer, mas, em determinado momento, acontece uma ruptura a
os militares decidem fazer uma abertura política. Existia pressão da população e pressão internacional
forçando os militares a optar pela abertura política, ressalte-se que havia pressão advinda de dentro da
própria organização militar, pois alguns dos militares defendiam que o poder deveria ser entregue aos civis
para que os militares pudessem voltar às suas funções de defesa, que haviam sido, de certa forma,
deixadas de lado, nesse período.
Em 1974, quando Geisel assume, há demonstrações dessa intenção de abertura política. Ele permite a
propaganda eleitoral, até então proibida, e, em 1978, revoga o AI nº 5, dando a entender que as coisas
começariam a mudar. Em 1979, com a presidência de Figueiredo, há votação da Lei da Anistia e o
Congresso abole o bipartidarismo.
A partir do momento em que se abole o bipartidarismo, abre-se o pleito à concorrência, permitindo uma
maior participação. Tanto é que, em 1982, as eleições para governador já são feitas de maneira direta, e,
em 1984, houve o movimento das "Diretas Já", no qual a população pedia pela eleição direta para o cargo
de presidente, que não passa no Congresso e a eleição ainda é feita de maneira indireta, elegendo-se
Tancredo Neves.
14/05/2015 Direito eleitoral - Parte geral | Artigos JusBrasil
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É possível perceber a abertura política, porque os militares sequer colocam um candidato para concorrer à
eleição que elegeu Tancredo Neves. Só que Tancredo Neves morre antes de assumir o poder, assumindo
o cargo de primeiro presidente civil pós-ditadura, José Sarney.
‘Constituição de 1988
Já em 1986 há votação direta para a constituição de uma Assembleia Nacional Constituinte, que elaboram
uma nova constituição durante os dois anos seguintes para, em 06 de outubro de 1988, promulgar a
Constituição Federal da República Brasileira de 1988, que estabelece o sistema político que conhecemos
hoje.
Depois, o povo elege democraticamente Fernando Collor. Após o impeachment de Collor, assume Itamar
Franco. Depois, Fernando Henrique Cardoso por dois mandatos, tendo aprovado uma Emenda
Constitucional que permitia a reeleição. Então, Lula por dois mandatos e Dilma, que governa até o final
deste ano.
Hoje, os grandes estudiosos do direito eleitoral comparado, dizem que nós temos um dos sistemas
eleitorais mais avançados do mundo, principalmente na forma de contabilização e distribuição dos votos,
etc. É claro que a qualidade dos candidatos em nada influencia na qualidade do sistema eleitoral e
permite que ele seja assim considerado.
Direito Eleitoral
'Conceitos
Direito Eleitoral e um ramo do Direito Público que regulamenta o processo eleitoral, aqui no sentido de
conjunto de atos que levam a diplomação de alguém, do conjunto de atos necessários para a existência
de uma eleição.
Alguns doutrinadores defendem ser a regulamentação da soberania do Estado, ou mesmo a
regulamentação do sufrágio.
O conceito adotado não possui relevância quando se entende para que ele serve, o direito eleitoral serve
para regulamentar as formas de poder e os meios pelos quais e possível alcançá-lo.
'Fontes
Constituição Federal de 1988
14/05/2015 Direito eleitoral - Parte geral | Artigos JusBrasil
http://cdaun.jusbrasil.com.br/artigos/188056529/direito-eleitoral-parte-geral?print=true 9/43
Como ramo do direito público, muitas das questões de direito eleitoral são descritas na própria
constituição, sendo ela a sua principal fonte.
O artigo primeiro que estabelece os fundamentos da República e o nosso sistema de governo
(Democrático), já está tratando de direito eleitoral.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta Constituição.
Depois, no artigo 12, nos vamos encontrar a questão da nacionalidade. No Brasil, somente os nacionais
podem votar e ser votados, então é preciso que se saiba diferenciar o nacional do não nacional, as formas
de se adquirir nacionalidade e as formas de extinção da nacionalidade. Existem brasileiros natos e
naturalizados, e, para alguns cargos, apenas o brasileiro nato poderá concorrer, daí a importância desse
artigo.
Art. 12. São brasileiros:
I - natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não
estejam a serviço de seu país;
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a
serviço da República Federativa do Brasil;
14/05/2015 Direito eleitoral - Parte geral | Artigos JusBrasil
http://cdaun.jusbrasil.com.br/artigos/188056529/direito-eleitoral-parte-geral?print=true 10/43
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em
repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em
qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.
II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de
língua portuguesaapenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de
quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de
brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta
Constituição.
§ 2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos
previstos nesta Constituição.
§ 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos:
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas.
VII - de Ministro de Estado da Defesa (Incluído pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999).
§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:
14/05/2015 Direito eleitoral - Parte geral | Artigos JusBrasil
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I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse
nacional;
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro,
como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis;
O artigo 14 trata das condições de elegibilidade, impondo várias condições que os candidatos devem
preencher para concorrer a um cargo eletivo, para se tornar elegível. Este artigo foi regulamentado pela Lei
64.90, criando duas espécies de condições de elegibilidade: as próprias, descritas na própria constituição;
e as improprias, previstas na LC 64/90.
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor
igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I - plebiscito;
II - referendo;
III - iniciativa popular.
§ 1º - O alistamento eleitoral e o voto são:
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
II - facultativos para:
a) os analfabetos;
b) os maiores de setenta anos;
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
§ 2º - Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar
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obrigatório, os conscritos.
§ 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei:
I - a nacionalidade brasileira;
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
III - o alistamento eleitoral;
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
V - a filiação partidária;.
VI - a idade mínima de:
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz
de paz;
d) dezoito anos para Vereador.
§ 4º - São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem
os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período
subsequente.
§ 6º - Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do
Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do
pleito.
§ 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes
consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de
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Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído
dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à
reeleição.
§ 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará
automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim
de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida
pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder
econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta.
§ 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias
contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou
fraude.
§ 11 - A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na
forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.
O artigo 17 trata dos partidos políticos, e foi regulamentado pela lei n. 9096.95. Descreve alguns requisitos
necessários a sua formação, como ele deve ser registrado, etc. A CF pretendeu conferir a maior liberdade
política possível aos partidos políticos, desde que respeitado o texto constitucional, de modo a impedir o
Estado de intervir nas decisões dos partidos políticos.
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania
nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e
observados os seguintes preceitos:
I - caráter nacional;
II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de
subordinação a estes;
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
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IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e
funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem
obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal,
devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária.
§ 2º - Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus
estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.
§ 3º - Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à
televisão, na forma da lei.
§ 4º - É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar.
E qual e a importância do partido politico no nosso sistema? Toda. Não existe acesso ao poder sem a
existência de um partido politico, não existe candidato sem partido, tornando-se extremamente
importante para a forma democracia representativa adotada pela nossa constituição.
O artigo 22 trata da competência legislativa sobre matéria eleitoral. Assim, quando a lei tratar de assunto
próprio do processo eleitoral, a competência e privativa da união.
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual,eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do
trabalho;
Nos artigos 118 e seguintes da Constituição consta a formação da Justiça Eleitoral, como a existência
e formação do TSE, das Juntas Eleitorais, dos TREs, etc.
Art. 118. São órgãos da Justiça Eleitoral:
I - o Tribunal Superior Eleitoral;
II - os Tribunais Regionais Eleitorais;
III - os Juízes Eleitorais;
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IV - as Juntas Eleitorais.
Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no mínimo, de sete membros, escolhidos:
I - mediante eleição, pelo voto secreto:
a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal;
b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça;
II - por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis advogados de notável saber
jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal.
Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os
Ministros do Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do Superior Tribunal
de Justiça.
Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Capital de cada Estado e no Distrito Federal.
§ 1º - Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão:
I - mediante eleição, pelo voto secreto:
a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça;
b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça;
II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou,
não havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal Regional Federal respectivo;
III - por nomeação, pelo Presidente da República, de dois juízes dentre seis advogados de notável saber
jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça.
§ 2º - O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente- dentre os
desembargadores.
Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos tribunais, dos juízes de
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direito e das juntas eleitorais.
§ 1º - Os membros dos tribunais, os juízes de direito e os integrantes das juntas eleitorais, no exercício
de suas funções, e no que lhes for aplicável, gozarão de plenas garantias e serão inamovíveis.
§ 2º - Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justificado, servirão por dois anos, no mínimo, e
nunca por mais de dois biênios consecutivos, sendo os substitutos escolhidos na mesma ocasião e
pelo mesmo processo, em número igual para cada categoria.
§ 3º - São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que contrariarem esta
Constituição e as denegatórias de "habeas-corpus" ou mandado de segurança.
§ 4º - Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá recurso quando:
I - forem proferidas contra disposição expressa desta Constituição ou de lei;
II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais;
III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais;
IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais;
V - denegarem "habeas-corpus", mandado de segurança, "habeas-data" ou mandado de injunção.
Código Eleitoral
Além da Constituição Federal, o Código Eleitoral também é fonte muito importante de direito eleitoral.
Contudo, há de se considerar que sua redação original data de 1965, com forte influencia do período
ditatorial vivido na época, e, em alguns pontos, conflita diretamente com o texto constitucional,
prevalecendo, por óbvio, sempre o que estiver previsto na Constituição.
O Código Eleitoral é de extrema importância porque, apesar de a Constituição determinar que existiria
uma lei ordinária para regulamentar alguns de seus aspectos, essa lei nunca foi redigida, cabendo ao
Código Eleitoral, que é uma Lei Complementar, fazer suas vezes. É pacífico na jurisprudência e na
doutrina que o CE foi recepcionado pela CF.88.
Lei de Inelegibilidades
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Existem também algumas leis especiais muito importantes em matéria eleitoral. Uma delas é a Lei de
Inelegibilidade, a LC n. 64.90. Nela encontram-se as condições de elegibilidade, algumas que, inclusive,
não estão previstas no texto constitucional, mas podem ser assim consideradas pela determinação do
art. 14 da CF.88, que permitiu que a lei as criasse.
Lei Orgânica dos Partidos Políticos
A Lei Orgânica dos Partidos Políticos, a Lei n. 9096.95, regulamenta a matéria referente aos partidos
políticos, complementando o art. 17 da CF.88.
Lei das Eleicoes
Existe também a Lei das Eleicoes, a Lei n. 9504.97, que trata da matéria referente á eleição e a sua
realização, no que a CF.88 e o CE não trataram. Aqui teremos disposições específicas sobre o
processo eleitoral.
Lei da Ficha Limpa
A Lei da Ficha Limpa, LC n. 135.2010, altera a redação da LC 64.90 e cria mais condições de
elegibilidade. Discute-se a sua constitucionalidade porque ela não permite a candidatura de pessoas que
tenham sido condenadas, em algumas ações específicas, por órgão colegiado, sem que sobre elas
tenha recaído o instituto do trânsito em julgado. Contudo, o STF já se manifestou pela
constitucionalidade da lei.
Aí ele divagou e começou a falar dos efeitos disso, ou seja, que o candidato pode continuar a realizar
sua propaganda até o trânsito em julgado e que a decisão tem que ser tomada até a data da
diplomação do candidato, o que leva a alguns candidatos inelegíveis a concorrerem apenas para angariar
votos para a legenda.
Resoluções do TSE
Outra fonte importante são as Resoluções do TSE. As resoluções do TSE são atos normativos com
força de lei, o que não existe em nenhuma outra esfera. Elas regulamentam questões específicas de
cada eleição, devem ser cumpridas porque tem força de lei.
Note-se que ter força de lei não significa que é lei, então, se ela tiver um dispositivo inconstitucional,
você pode arguir isso, passando a valer o que estiver escrito na lei, propriamente dita.
Existe a possibilidade de regulamentar as eleições por resoluções devido à dinamicidade própria das
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eleições e a necessidade de uma adequação rápida da legislação a nova realidade enfrentada. Outro
motivo é o interesse direto do legislativo nas eleições, o que dificulta as coisas.
Consultas
As consultas são fontes do direito eleitoral. Consulta é uma espécie de procedimento eleitoral destinado
a consultar o judiciário (TRE e TSE) sobre alguma situação hipotética, abstrata e impessoal específica
não regulamentada por nenhuma outra fonte de direito eleitoral. Ela não tem poder vinculativo, nem
mesmo com relação ao tribunal que decidiu a consulta, e possui legitimados específicos, apenas as
pessoas determinadas na lei podem realizar a consulta. Por exemplo, os diretórios nacionais de
partidos políticos são legitimados para realizar consultas ao TSE, e os diretórios regionais aos TREs.
Lembra quando o Kassab pretendeu criar um novo partido político? Ele pretendia criar um partido novo e
sair do "democratas", pelo qual obteve o mandato. Ocorre que é pacífico o entendimento de que quem
muda de partido no meio do mandatoperde o mandato, permanecendo ele sob a titularidade do partido
e não do candidato se a mudança não se der por justa causa.
A consulta foi: se eu mudar para um partido novo, o qual eu ajudei a fundar, eu também perco o
mandato? O TSE respondeu que se a pessoa ajudou a fundar o novo partido, ela não perde o mandato,
mas, se o partido novo for indeferido, o candidato não poderá voltar ao partido anterior, nem mudar para
um terceiro partido, ficando o cargo sob a titularidade do partido.
Jurisprudência
A jurisprudência também é fonte do direito eleitoral, como em qualquer outro ramo do direito eleitoral.
'Princípios
Os princípios são fontes de direito eleitoral. Existem três autores que diferenciam com excelência a
diferença entre regras e princípios: Canotilho, Robert Alexi e um americano. A principal diferença entre
eles é a flexibilização, os princípios podem ser flexibilizados em determinadas situações, o que não
acontece com as regras, que são de aplicação impositiva.
O professor destaca que no Brasil existe uma forte tendência em tratar regras como se fossem
princípios. A regra é inflexível, se ela diz que não pode, é porque não pode e não há como flexibilizar a
sua incidência. Ele se lembra de um livro que trazia como princípio a atuação de um promotor na causa
em substituição ao outro, isso é uma regra, não um princípio.
Ele separou como princípios de Direito eleitoral os seguintes princípios:
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Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se
aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência.
ANUALIDADE (ANTERIORIDADE) - Art. 16, CF - Para garantir a segurança jurídica, a lei que altera o
processo eleitoral, tem que ser promulgada, no mínimo, um ano antes do início do processo eleitoral
(sequencia de atos que levam as eleições - normas de direito material). Foi a discussão que se deu
sobre a aplicabilidade da Lei da Ficha Limpa.
Quando a lei tratar de matéria de direito processual eleitoral, ela passa a valer com a promulgação, pois
trata do instrumento processual utilizado para exercer algum direito de ação da parte. Assim, se a nova
lei mudar um prazo de recurso, ela passa a valer da promulgação, mas se ela mudar os efeitos da
filiação partidária, ela será aplicável apenas se tiver sido promulgada um ano antes do início do
processo eleitoral.
Aqui podemos fazer uma analogia com o direito penal, se a norma tratar de direito material penal e
prejudicar o réu, ela só passa a valer daquele momento em diante, ela só incide sobre os fatos que se
derem a partir daquele momento, não retroagindo aos anteriormente praticados; mas se ela for
processual, ela passa a valer e pronto, independentemente se o fato aconteceu há anos ou se ainda vai
acontecer.
Por exemplo, se a lei criar um crime novo, a conduta prevista no tipo penal somente poderá ser
repreendida a partir daquele momento, não podendo haver repreensão de quem cometeu essa conduta
antes da promulgação da lei; mas se a lei alterar prazo de recurso, esse prazo passa a ser o prazo
aplicável a todos os processos em que o recurso ainda não foi interposto, independentemente do
momento do fato típico. A lógica é a mesma.
Obs.: As resoluções não precisam respeitar esse prazo.
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se
aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência.
TIPICIDADE ELEITORAL - Art. 16, CF - Só a lei eleitoral pode alterar o processo eleitoral. Aqui também
cabe uma analogia com o direito penal, só lei pode criar crime, é a mesma lógica. Somente uma lei
eleitoral pode alterar o processo eleitoral, não pode, então, ser alterado por medida provisórias,
decretos, resolução.
A resolução não tem como função alterar o processo eleitoral, ela é redigida para sanar vácuos legais.
Assim, se a lei determinar que existem três requisitos para a candidatura, a resolução não pode criar
mais, ou deixar de exigir algum requisito, o que ela pode fazer é criar regras complementares sobre
elas, como exigir que determinado documento tenha assinatura autenticada em cartório quando a lei
exige que o documento esteja assinado, sem especificar se a autenticação é necessária ou não.
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Art. 14, § 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei:
MORALIDADE ELEITORAL - Art. 14, CF - A moralidade é um fundamento da elegibilidade, ou seja, só
pode ser elegível aquele que estiver de acordo com o princípio da moralidade, aquele que atenda os
requisitos exigidos.
Na prática, a moralidade é o critério a adotado para a criação e alteração das hipóteses de
inelegibilidades. Ex.: os condenados por crime doloso, porque eles não são considerados bons o
suficiente para exercer um cargo eletivo segundo os critérios atuais de moralidade.
A doutrina divide a moralidade eleitoral em subjetiva (inata) e objetiva (superveniente). A moralidade
subjetiva compreende os requisitos de elegibilidade, ou seja, as condições morais que uma pessoa deve
possuir para concorrer a um cargo eletivo; e a objetiva pretende garantir a moralidade do processo
eleitoral, que o processo eleitoral não seja maculado, vedando condutas como a captação ilícita de
sufrágio, por exemplo.
LIBERDADE DE VOTO - A constituição determina que o voto, além de secreto, deve ser livre,
possibilitando que o eleitor exerça seu direito de voto indicando um representante, anulando seu voto, ou
votando em branco.
ADEQUAÇÃO AO CALENDÁRIO ELEITORAL - A Justiça Eleitoral possui uma peculiaridade inexistente
nas demais searas do direito, ela tem que se adequar ao calendário eleitoral, o que requer uma
celeridade sem igual.
O calendário eleitoral é previsto em lei, que predefine todas as datas: a data que começa o processo
eleitoral, a data mínima de filiação, a data em que a propaganda passa a ser permitida, a data das
eleições, a data da diplomação, etc.
Então, o principio da adequação ao calendário eleitoral vai impor que todos se adequem ao calendário
eleitoral e que os atos sejam praticados levando em consideração que a inadequação ao prazo vai
causar alguma espécie de prejuízo às eleições.
CONTROLE JURISDICIONAL TÍPICO DA VALIDADE E REGULARIDADE DOS ATOS JURÍDICOS -
Durante o processo eleitoral são realizados vários atos (alistamento, filiação, criação do partido, registro
de candidatura, etc.). Alguns desses atos podem ser impugnados, via de regra pelo MPE, só que cada
ato tem que ser impugnado pelo instrumento específico previsto na lei.
Agora em agosto está acontecendo o registro das candidaturas. Para impugnar uma candidatura, o
instrumento adequado é a ação de impugnação de registro de candidatura. Se a intenção for de retirar o
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candidato eleito do cargo, a ação correta é a ação contra a expedição do diploma.
Então, para cada ato realizado no processo eleitoral existe um instrumento de impugnação específico e
outro não pode ser realizado no lugar dele.
São exceções a esse princípio as ações autônomas declaratórias de inelegibilidade, que cabem quando
a causa de inelegibilidade superveniente aparece depois do ato jurídico indicado para impugná-lo e o
instrumento específico de impugnação daquele ato não pode mais ser utilizado.
Elas podem ser utilizadas a qualquer tempo porque, em direito eleitoral, as açõesde cunho
constitucional não prescrevem. Mas eu tenho que usar os instrumentos específicos para impugnar
determinado ato e, se não der certo, ou se a causa de inelegibilidade surgir depois do momento
adequado para impugnar o ato, é que eu posso usar a ação autônoma declaratória de inelegibilidade.
IN DUBIO PRO SUFRAGIO - Este princípio possui certa relação com o princípio "in dúbio pro réu" do
Direito Penal, pois existem várias formas de tentar barrar a candidatura de alguém, ou a diplomação,
etc., e nesses vários momentos, o juiz tem que decidir se defere ou infere a candidatura, de caça ou
mantém o diploma.
E o princípio defende que na inexistência de prova robusta, se o magistrado não tiver certeza que o
candidato, por exemplo, abusou do poder econômico, ele não deve caçar o diploma, ou indeferir o
registro de candidatura, prevalecendo a vontade popular.
Logo, diante de dúvida, deve prevalecer a possibilidade de ser votado, ou a manutenção do candidato
escolhido em eleições, privilegiando a vontade popular. Aconteceu isso esse ano em alguns casos de
registro de candidatura onde a assinatura do candidato era diferente da assinatura dele nos demais
documentos, e o relator do processo decidiu que na dúvida, deveria prevalecer a candidatura. Neste
caso, o relator foi voto vencido, mas é um momento típico de aplicação desse princípio.
Organização e Competência da Justiça Eleitoral
'Introdução
A Justiça Eleitoral é um pouco diferente das outras justiças. Então, a JE exerce funções que as outras
justiças não exercem, a forma de acesso é diferente, dentre outras peculiaridades que a tornam
diferente das demais.
Na aula sobre a evolução histórica nós vimos que a Justiça Eleitoral foi criada em 1932, por Getúlio
Vargas, e a ideia era passar a organização das eleições para um poder que não estivesse diretamente
interessado no ingresso aos cargos eletivos.
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Defendeu-se que a JE integrasse o poder judiciário para que se pudesse aproveitar a estrutura do
judiciário, e suas instalações do judiciário por todo o país, ao invés de criar toda uma estrutura
autônoma, com orçamento próprio, com pessoal próprio, etc.
E que a junção da função administrativa e a jurisdicional trariam uma harmonia maior para o sistema,
pois não haveria conflito o tempo todo, mas a uniformização e a compreensão do sistema como um
todo.
A doutrina de uma maneira geral é favorável a JE da maneira em que ela está organizada, o que se
critica é a ocupação dos cargos por biênios, que os magistrados ocupem o cargo por dois anos,
renováveis por mais dois, pois as pessoas que assumem não estão acostumadas com a matéria e isso
gera muitos problemas.
CE, Art. 14. Os juizes dos Tribunais Eleitorais, salvo motivo justificado, servirão obrigatoriamente por
dois anos, e nunca por mais de dois biênios consecutivos.
§ 1º Os biênios serão contados, ininterruptamente, sem o desconto de qualquer afastamento nem
mesmo o decorrente de licença, férias, ou licença especial, salvo no caso do § 3º.
§ 2º Os juízes afastados por motivo de licença férias e licença especial, de suas funções na Justiça
comum, ficarão automaticamente afastados da Justiça Eleitoral pelo tempo correspondente exceto
quando com períodos de férias coletivas, coincidir a realização de eleição, apuração ou encerramento de
alistamento.
§ 3º Da homologação da respectiva convenção partidária até a apuração final da eleição, não poderão
servir como juízes nos Tribunais Eleitorais, ou como juiz eleitoral, o cônjuge, perante consangüíneo
legítimo ou ilegítimo, ou afim, até o segundo grau, de candidato a cargo eletivo registrado na
circunscrição.
§ 4º No caso de recondução para o segundo biênio observar-se-ão as mesmas formalidades
indispensáveis à primeira investidura.
'Natureza
A Justiça Eleitoral é uma Justiça Federal.
Os servidores da JE são funcionários públicos federais, recebem do orçamento da União. Para o cargo
de servidor da JE há concurso específico, mas o mesmo não acontece para os outros agentes da JE,
não há concurso específico para ocupar o cargo de juiz eleitoral, por exemplo, eles serão emprestados
da própria justiça federal, ou da justiça estadual.
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Em alguns casos, a função é cumulada, como acontece com os juízes e promotores de primeira
instancia; em outros, o agente passa a exercer apenas a função eleitoral, mantendo seu cargo e salário
e recebendo uma gratificação pela atuação na JE.
Os agentes não recebem um salário, por assim dizer, e sim uma gratificação paga pela União.
Os crimes eleitorais são de competência da Justiça Federal e da Polícia Federal, regra essa que não é
absoluta porque não existe polícia federal em todos os municípios, assim como justiça federal.
'Órgãos da Justiça Eleitoral
Tribunal Superior Eleitoral - Art. 119, CF
Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no mínimo, de sete membros, escolhidos:
I - mediante eleição, pelo voto secreto:
a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal;
b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça;
II - por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis advogados de notável saber
jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal.
Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os
Ministros do Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do Superior Tribunal
de Justiça.
O TSE é o órgão de cúpula da JE. Logo, ele é o órgão mais importante. Tanto que, via de regra, as
decisões do TSE são irrecorríveis. São exceções a essa regra, conforme exposto no art. 121, 3, da
CF.88: quando a discussão tratar de matéria constitucional; quando a decisão for denegatória de habeas
corpus; ou quando a decisão for denegatória de mandado de segurança, sendo, nas três hipóteses,
recorríveis ao STF.
O TSE tem quatro funções distintas: a jurisdicional (julgar lides eleitorais), a consultiva (responder
perguntas hipotéticas), a administrativa (organizar as eleições), e a normativa (redigir as Resoluções).
Note-se que a função jurisdicional, como nas demais justiças, sua decisão não é vinculativa. Mas a
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função administrativa é vinculante.
É composto por, no mínimo, sete membros (aquela lei complementar que nunca foi criada pode mudar
isso): 03 ministros do STF, 02 ministros do STJ e 02 membros da advocacia com notório saber jurídico
e ilibada reputação. No STF e no STJ eles são escolhidos entre seus próprios membros através de
eleição interna. Os membros da advocacia serão escolhidos pelo presidente da república dentro de uma
lista sêxtupla elaborada pelo STF.
Dentre os sete ministros serão escolhidos entre os membros do STF o presidente e o vice-presidente
do tribunal, e, entre os membros do STJ o corregedor geral eleitoral. A escolha é feita por votação entre
os membros do próprio TSE.
CE, Art. 16. Compõe-se o Tribunal Superior Eleitoral:
I - mediante eleição, pelo voto secreto:
a) de três juízes, dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal; e
b) de dois juízes, dentre os membros do Tribunal Federal de Recursos;
II - por nomeação do Presidente da República, de dois entre seis advogados de notável saber jurídico e
idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal.
§ 1º - Não podem fazer parte do TribunalSuperior Eleitoral cidadãos que tenham entre si parentesco,
ainda que por afinidade, até o quarto grau, seja o vínculo legítimo ou ilegítimo, excluindo-se neste caso
o que tiver sido escolhido por último.
§ 2º - A nomeação de que trata o inciso II deste artigo não poderá recair em cidadão que ocupe cargo
público de que seja demissível ad nutum; que seja diretor, proprietário ou sócio de empresa beneficiada
com subvenção, privilegio, isenção ou favor em virtude de contrato com a administração pública; ou que
exerça mandato de caráter político, federal, estadual ou municipal.
O artigo 16 do CE fixa algumas vedações aos membros do TSE:
a) Pessoas que tenham parentesco até o quarto grau, seja consanguíneo, seja por afinidade, não podem
compor o tribunal. Ou seja, entre os membros do tribunal não pode existir vínculo de parentesco.
Imaginem que os membros advindos do STF e do STJ já tenham sido escolhidos (via de regra eles são
escolhidos antes) e o presidente nomeie para compor o tribunal um advogado que é cunhado do
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membro do STJ, os dois juntos não podem compor a mesa, como faz?
A doutrina propõe que se mantenha aquele que já assumiu o posto. Então, como os membros do
judiciário costumam assumir antes, no caso o advogado deveria ser substituído.
b) Os membros da advocacia que ocupem cargo, função de direção, sejam sócios ou proprietários de
empresa beneficiada com subvenção, privilégio ou favor em virtude de contrato com a Administração
Pública ou de caráter político, seja federal, estadual ou municipal, não poderão compor o tribunal. Ou
seja, exige desincompatibilização do cargo para poder compor a mesa.
Aqui a lei visa afastar do controle do tribunal o advogado com interesse direto numa empresa que
recebe dinheiro da Administração Pública ou que ocupe cargo político (prefeito, deputado, etc.), porque
eles têm interesse direto no resultado das eleições.
CE, Art. 19. O Tribunal Superior delibera por maioria de votos, em sessão pública, com a presença da
maioria de seus membros.
Parágrafo único. As decisões do Tribunal Superior, assim na interpretação do Código Eleitoral em face
da Constituição e cassação de registro de partidos políticos, como sobre quaisquer recursos que
importem anulação geral de eleições ou perda de diplomas, só poderão ser tomadas com a presença de
todos os seus membros. Se ocorrer impedimento de algum juiz, será convocado o substituto ou o
respectivo suplente.
O TSE funciona com dois quóruns. Via de regra, estando a maioria dos membros presentes para
compor a sessão de julgamento (mais que quatro membros presentes), a decisão é feita por maioria.
Assim, se 05 membros estiverem presentes, a questão levada à mesa é posta em votação, vencendo a
posição que tiver mais da metade dos votos dos membros presentes, ou seja, 3x2, 4x1 ou 5x0.
Porém, em algumas situações específicas exige-se o quórum qualificado, exige-se que todos os
membros estejam presentes para que a decisão seja feita pela maioria de votos. São elas: interpretação
do CE/65 em face de CF/88 (discutir a constitucionalidade do Código Eleitoral); cassação de registro de
partido político; recurso que importe a perda de mandato de candidato eleito; e recurso que importe na
anulação geral das eleições.
Art. 224. Se a nulidade atingir a mais de metade dos votos do país nas eleições presidenciais, do
Estado nas eleições federais e estaduais ou do município nas eleições municipais, julgar-se-ão
prejudicadas as demais votações e o Tribunal marcará dia para nova eleição dentro do prazo de 20
(vinte) a 40 (quarenta) dias.
A anulação das eleições tem que ser entendida nos termos do artigo 224 do CE, pois ela é feita por
circunscrição. Então, é possível haver anulação geral das eleições do município, no estado, ou em
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âmbito nacional, quando mais de 50% dos votos válidos são anulados pela Justiça Eleitoral.
É importante dizer que a anulação dos votos aqui não é aquela decorrente da escolha do botão "Anula"
na urna, mas sim da anulação feita pela Justiça Eleitoral por constatação de fraude eleitoral. A má
interpretação desse artigo dá ensejo àquele mito de que se mais da metade da população anular os
votos na urna, toda a eleição será anulada e os candidatos que concorreram na eleição anulada não
poderão concorrer à eleição substituta.
Isso é um mito, se mais da metade dos votos forem anulados na urna, os votos tidos como válidos, ou
seja, os votos em branco e os votos destinados ao candidato ou à legenda decidirão as eleições, os
votos "nulos" serão apenas descartados.
É difícil pensar na anulação geral das eleições pela Justiça Eleitoral em âmbito nacional, ou mesmo
estadual, mas no âmbito municipal é mais fácil de acontecer. Imaginem que num município de 3 mil
habitantes a JE conseguiu demonstrar que mais da metade dos votos foram comprados, que os
eleitores trocaram seu voto por alguma espécie de favor do candidato. Nesse caso, dever-se-ia realizar a
anulação geral das eleições, anulando todos os votos prestados naquele município. E anula tudo, se o
prefeito comprou os votos, os votos conferidos aos vereadores também serão anulados. A anulação não
é feita por cargos eletivos, ela é geral mesmo.
Tribunal Regional Eleitoral - Art. 120, CF
Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Capital de cada Estado e no Distrito Federal.
§ 1º - Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão:
I - mediante eleição, pelo voto secreto:
a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça;
b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça;
II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou,
não havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal Regional Federal respectivo;
III - por nomeação, pelo Presidente da República, de dois juízes dentre seis advogados de notável
saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça.
§ 2º - O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente- dentre os
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desembargadores.
É composto por sete membros: 02 desembargadores do TJ, 02 juízes estaduais, 01 desembargador ou
juiz Federal, e 02 membros da advocacia com notório saber jurídico e ilibada reputação. Os membros
da advocacia serão escolhidos pelo presidente da república dentro de uma lista sêxtupla elaborada pelo
TJ. Os desembargadores do TJ em eleição interna, os juízes são escolhidos pelos membros do TJ em
eleição interna.
Quanto ao membro da Justiça Federal, como esta é uma justiça divida em regiões e não em Estados,
no Estado detentor da sede do TRF em sua capital, os membros do TRF escolherão um desembargador
para ocupar a vaga no TRE, e nos outros Estados pertencentes àquela região, mas que não tiverem o
prédio do TRE na sua capital, os membros do TRF da respectiva região escolherão um juiz federal para
compor a mesa do TRE.
Por exemplo, o TRF da 3ª Região é composta pelos Estados de São Paulo e Mato Grosso, com sede
na capital de São Paulo. Então, para compor o TRE-SP, será escolhido um desembargador federal
dentre os membros do TRF3, e para compor o TRE-MT será escolhido um juiz federal que atue no
Estado do Mato Grosso escolhido pelos membros do TRF3.
CE, Art. 28. Os Tribunais Regionais deliberam por maioria de votos, em sessão pública,com a
presença da maioria de seus membros.
CE, Art. 26. O Presidente e o Vice-Presidente do Tribunal Regional serão eleitos por este dentre os três
desembargadores do Tribunal de Justiça; o terceiro desembargador será o Corregedor Regional da
Justiça Eleitoral.
Este é um dos casos em que o Código Eleitoral entra em conflito com a CF/88, pois ele previa que
seriam 03 membros do TJ e que entre eles seriam escolhidos o presidente e o vice-presidente do
tribunal e o corregedor (três membros, três funções, uma para cada um). A Constituição não trouxe uma
regra de escolha para esses cargos. Como compatibilizar?
O presidente e o vice-presidente serão desembargadores do TJ porque isso dá para compatibilizar, e a
escolha para o cargo de corregedor é prevista no Regimento Interno do TRE, alguns TREs cumulam a
função de vice-presidente e corregedor na mesma pessoa e tem TRE que passa essa função para o
desembargador ou juiz federal.
O TSE fixou alguns requisitos para os advogados ocuparem uma cadeira no TRE através de Resolução.
Essa Resolução é muito criticada pela doutrina por entender que ao emitir essa Resolução, o TSE
estaria realizando função que não é sua, uma vez que cria restrições de acesso ao cargo para os
advogados que não estão previstas nem na Constituição nem no Código Eleitoral. Mas, como a
Resolução é do próprio TSE, ainda que se impugne isso, quando a questão chegar ao TSE, ele vai dizer
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que está tudo certo e não há qualquer violação. Uma das criticadas restrições é a exigência de um
mínimo de 10 anos de exercício efetivo de advocacia.
Juiz Eleitoral - Art. 118, CF c/c art. 32, CE
Art. 32. Cabe a jurisdição de cada uma das zonas eleitorais a um juiz de direito em efetivo exercício
e, na falta deste, ao seu substituto legal que goze das prerrogativas do Art. 95 da Constituição.
Parágrafo único. Onde houver mais de uma vara o Tribunal Regional designara aquela ou aquelas, a que
incumbe o serviço eleitoral.
É um juiz Estadual a quem é conferida competência para atuar também na Justiça Eleitoral e resolver
seus conflitos. Pode acontecer de um foro com mais de uma vara, cumular a função da vara com a
função eleitoral, ou de ser um foro de vara única, onde o mesmo juiz já cumula várias funções (cível,
criminal, família, trabalho, etc.) e ganha mais uma.
Na Justiça Comum, a divisão territorial da competência é feita em comarcas, enquanto na Justiça
Eleitoral, essa divisão é feita em Zonas Eleitorais e cada ZE tem que ter um juiz eleitoral. Em São
Paulo há várias Zonas Eleitorais, mas existem cidades com uma única Zona Eleitoral e existem ainda
Zonas Eleitorais que abrangem mais de uma cidade, e todas tem que ter seu próprio juiz eleitoral.
Existindo mais de um juiz capaz de se tornar juiz eleitoral, o mais antigo é que será nomeado.
Então, o juiz eleitoral é um juiz estadual que presta temporariamente serviços à Justiça Federal e
recebe uma gratificação da União Federal pela prestação desse serviço.
Para poder ocupar a função eleitoral, o juiz tem necessariamente que já possuir as garantias da
magistratura, ele não pode estar em período probatório.
Juntas Eleitorais - Art. 36, CE
Art. 36. Compor-se-ão as juntas eleitorais de um juiz de direito, que será o presidente, e de 2 (dois) ou
4 (quatro) cidadãos de notória idoneidade.
§ 1º Os membros das juntas eleitorais serão nomeados 60 (sessenta) dia antes da eleição, depois de
aprovação do Tribunal Regional, pelo presidente deste, a quem cumpre também designar-lhes a sede.
§ 2º Até 10 (dez) dias antes da nomeação os nomes das pessoas indicadas para compor as juntas
serão publicados no órgão oficial do Estado, podendo qualquer partido, no prazo de 3 (três) dias, em
petição fundamentada, impugnar as indicações.
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§ 3º Não podem ser nomeados membros das Juntas, escrutinadores ou auxiliares:
I - os candidatos e seus parentes, ainda que por afinidade, até o segundo grau, inclusive, e bem
assim o cônjuge;
II - os membros de diretorias de partidos políticos devidamente registrados e cujos nomes tenham
sido oficialmente publicados;
III - as autoridades e agentes policiais, bem como os funcionários no desempenho de cargos de
confiança do Executivo;
IV - os que pertencerem ao serviço eleitoral.
A Junta Eleitoral já foi mais importante para as eleições. Ela é formada 60 dias antes das eleições e
tem como função contar os votos, apurar as impugnações aos votos recebidos em cada urna, e outros
problemas típicos da eleição manual em papel, como o preenchimento incompreensível da cédula, a
existência de mais votos que eleitores, etc., que deixaram de existir com a utilização da urna
eletrônica.
Ela é criada 60 dias antes das eleições, presidida pelo Juiz Eleitoral, que obrigatoriamente comporá a
junta, acompanhado de mais 02 ou 04 membros escolhidos pelo próprio Juiz Eleitoral, que manda a
lista para que o TRE os nomeie. O único requisito para compor a Junta Eleitoral é ser cidadão de
notória idoneidade.
É função da Junta Eleitoral: apurar o resultado das eleições em 10 dias; resolver as impugnações e
demais incidentes verificados durante os trabalhos de contagem e apuração; expedir os boletins de
apuração, que era a formalização da contagem de votos realizada ("Na 332ª Zona Eleitoral foram
realizados 01 voto nulo e 10 votos válidos, sendo eles 05 do João, 3 da Maria, 1 da Ana e 1 em
branco."); e expedir os diplomas dos candidatos eleitos para os cargos municipais.
Atualmente, a função da Junta Eleitoral se resume à expedição dos diplomas em situações normais,
realizando as demais apenas quando acontece alguma coisa com a urna eletrônica que a impeça de
receber votos e seja necessária a utilização da urna manual.
Ministério Público Eleitoral - Art. 24, CE
O Ministério Público é uma instituição una, estabelecida pela CF que não está vinculada diretamente a
nenhum dos poderes, sendo, portanto, uma instituição autônoma. É dividido em atribuições basicamente
em função da matéria, MP da União (Federal), MP Estadual, MP do Trabalho, MP Militar, etc.
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O Procurador Geral da República é o responsável por toda a instituição MP e atua perante o STF. Ele
cumula o cargo de Procurador Geral da República com o cargo de Procurador Geral Eleitoral para
atuação perante o TSE, segundo disposição do art. 24 do CE.
Art. 18. Exercerá as funções de Procurador Geral, junto ao Tribunal Superior Eleitoral, o Procurador
Geral da República, funcionando, em suas faltas e impedimentos, seu substituto legal.
Art. 24. Compete ao Procurador Geral, como Chefe do Ministério Público Eleitoral;
I - assistir às sessões do Tribunal Superior e tomar parte nas discussões;
II - exercer a ação pública e promovê-la até final, em todos os feitos de competência originária do
Tribunal;
III - oficiar em todos os recursos encaminhados ao Tribunal;
IV - manifestar-se, por escrito ou oralmente, em todos os assuntos submetidos à deliberação do
Tribunal, quando solicitada sua audiência por qualquer dos juizes, ou por iniciativa sua, se entender
necessário;
V - defender a jurisdição do Tribunal;
VI - representar ao Tribunal sobre a fiel observância das leis eleitorais, especialmente quanto à sua
aplicação uniforme em todo o País;
VII - requisitar diligências, certidões e esclarecimentos necessários ao desempenho de suas
atribuições;VIII - expedir instruções aos órgãos do Ministério Público junto aos Tribunais Regionais;
IX - acompanhar, quando solicitado, o Corregedor Geral, pessoalmente ou por intermédio de
Procurador que designe, nas diligências a serem realizadas.
Cada um dos TREs precisa de um Procurador Regional Eleitoral para nele atuar. Os Procuradores
Regionais Eleitorais são escolhidos entre os membros do MP Federal que atue na área em que o TRE
é composto (é igual os juízes federais, no TRE-SP tem que ser escolhido um membro do MPF que atue
no Estado de São Paulo).
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Art. 27. Servirá como Procurador Regional junto a cada Tribunal Regional Eleitoral o Procurador da
República no respectivo Estado e, onde houver mais de um, aquele que for designado pelo Procurador
Geral da República.
A escolha do Procurador Regional Eleitoral é feita através de uma eleição entre seus membros e o
eleito é designado Procurador Regional Eleitoral pelo Procurador Geral da República, conforme a
Portaria PGR nº 588/2003.
Atuará na primeira instância o promotor estadual que pertencer à vara do juiz estadual que cumula a
função eleitoral.
‘Funções da Justiça Eleitoral
ADMINISTRATIVA - Não se resume à organização interna do tribunal, é também responsável pela
organização, fiscalização e execução de todo o processo eleitoral. A eleição como um todo é de
responsabilidade da Justiça Eleitoral. Então, desde a divisão das Zonas Eleitorais até a diplomação do
novo Presidente da República, é tudo função da JE.
Do ponto de vista administrativo, a responsabilidade da JE é muito grande. Ela funciona como órgão
administrativo mesmo, inclusive dotada do poder de polícia (fiscalização). As funções administrativas da
JE são aquelas em que não existe um conflito, não existe resistência a uma pretensão, como acontece
no alistamento eleitoral, que é um exemplo perfeito dessa função pois consiste na emissão do título de
eleitor e na inclusão do nome daquele eleitor na lista de pessoas votantes.
É importante lembrar que as decisões administrativas tomadas pelos tribunais superiores é vinculante,
todas as instancias tem que observá-las. As decisões são vinculativas de cumprimento absolutamente
obrigatório.
As funções administrativas podem ser exercidas de ofício ou a requerimento da parte interessada.
NORMATIVA - O TSE, exclusivamente, tem função normativa, que se manifesta através da edição de
resoluções. As resoluções tem força de lei, e, portanto, caráter vinculante, devendo obrigatoriamente ser
obedecidas.
Ressalte-se que ter força de lei não significa ser uma lei, ou seja, é de cumprimento obrigatório, mas
nos casos de incompatibilidade não se sobrepõe a disposição legal. A idéia é que o TSE se utilize das
resoluções para resolver questões de vácuo legislativo, questões que precisam ser regulamentadas.
A doutrina tem criticado muito o TSE por extrapolar essa função, redigindo, de fato, sobre a matéria
eleitoral, criando deveres, obrigações, não estabelecidas na lei. O professor intitulou de legislador "ad
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hoc".
JURISDICIONAL - É a função típica do poder judiciário de resolução de conflitos. Ao contrário da função
administrativa, a função jurisdicional não tem caráter vinculativo. Ela é exercida de acordo com o
princípio da demanda, o que torna necessária a existência de uma demanda, de um litígio, um conflito,
uma pretensão resistida, para que sua atuação se torne possível.
CONSULTIVA - Os TREs e o TSE funcionam como órgãos de consulta, ou seja, algumas pessoas
podem fazer questionamentos aos tribunais sobre questões omissas na legislação. Elas não possuem
qualquer poder vinculativo, não vinculando nem mesmo ao tribunal que respondeu a consulta, e todas as
consultas devem ser feitas de maneira abstrata e impessoal.
A consulta deve ser feita assim: "Imagine-se que um candidato eleito, depois da diplomação, resolva
mudar de partido, passando a pertencer a partido que ajudou a fundar, o mandato eletivo é do candidato
e o acompanha para o partido novo, ou é do partido, devendo assumir seu vice ou suplente?".
Existem duas coisas a ser observadas para a realização das consultas: a legitimidade do consultante e
a ausência de conexão com o caso concreto. Havendo conexão com um caso concreto, a consulta não
poderá ser respondida sob risco de ser considerada um pré-julgamento.
A legitimidade para realização de consultas é restrita, podendo fazer consulta ao TSE apenas as
autoridades federais (presidente, dep. Federal, senador, ministro de Estado, etc.) e o diretório nacional
dos partidos políticos. Aos TREs podem fazer consultas às autoridades estaduais ou municipais
(governador, dep. Estadual, vereador, prefeito, secretário municipal, etc.) e os diretórios estaduais e
municipais de partidos políticos.
A resposta à consulta não tem caráter vinculativo, mas pode servir como argumento jurídico, como
fundamentação, de uma ação eleitoral. O juiz não está obrigado a decidir de acordo com o que foi
definido em resposta a essa consulta, mas pode utilizar a consulta para fundamentar sua decisão,
tendo ela sido apontada pela parte ou não (é igual à jurisprudência).
‘Competência da JE
Quando se fala de competência, deve-se ter em mente que a competência é uma parcela da jurisdição.
A jurisdição é a exteriorização do poder judiciário conferida pela CF.88 com a finalidade de resolução de
conflitos. A jurisdição é una, mas, devido à necessidade de resolver conflitos em muitos lugares, por
todo o território nacional, seu exercício é conferido em parcelas aos juízes alocados pelo país.
As parcelas da jurisdição formam a competência, existindo questões que são de competência da
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Justiça do Trabalho, outras da Justiça Federal e assim por diante. Os critérios de definição de
competência são três: racione matéria (em razão da matéria), racione loci (local) e racione personae
(pessoa).
Às vezes, um critério é suficiente para definir a competência, em outras será necessário utilizar todos.
Imagine que um governador cometeu um crime, em razão da pessoa (foro privilegiado), a competência
será do STJ, independentemente do local onde ele cometeu o crime. Mas e se o crime for eleitoral? A
matéria continua a ser irrelevante, pois a competência continuará a ser do STJ em razão do foro
privilegiado.
Quando se fala na competência da JE, a competência é definida, primeiramente, em razão da matéria
(eleitoral). São de competência da JE as questões que envolvem o direito eleitoral.
Contudo, não há unanimidade nem na jurisprudência nem na doutrina sobre todas as questões. Existem
questões relativas a disputas internas dentro dos partidos, por exemplo, que são de competência da
Justiça Comum, mas se ela tiver reflexos nas eleições, ela pode ser considerada de competência da
JE.
Por isso, em vários momentos se verifica conflito de competência entre a JE e a Justiça Comum.
Passemos a análise da competência por órgãos:
TSE
Art. 21 Os Tribunais e juízes inferiores devem dar imediato cumprimento às decisões, mandados,
instruções e outros atos emanados do Tribunal Superior Eleitoral.
Art. 22. Compete ao Tribunal Superior:
I - Processar e julgar originariamente:
a) o registro e a cassação de registro de partidos políticos, dos seus diretórios nacionais e de
candidatos à Presidência e vice-presidência da República;
b) os conflitos de jurisdição entre

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