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ESTUDOS DE CASOS EM GENÉTICA FORENSE

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DEFINIÇÃO
Exclusão de suspeitos. Identificação positiva. Teste de paternidade com trio completo. Teste de
paternidade com duo – mãe ausente – somente suposto pai e filho. Teste de parentesco
reverso – na identificação paterna e materna. Discussão de casos extraordinários e históricos.
PROPÓSITO
Imergir no campo da genética forense através das análises de casos de repercussão ocorridos.
 
Fonte: Motortion Films / Shutterstock
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Identificar casos criminais extraordinários e históricos em genética forense
MÓDULO 2
Descrever casos extraordinários e históricos de paternidade em genética forense
INTRODUÇÃO
O estudo de caso é uma metodologia aplicada que proporciona interatividade no processo de
ensino e aprendizagem. A Genética Forense é uma disciplina que se apropria desta
metodologia, pois o seu ferramental teórico é completamente voltado às técnicas e aplicações
na solução de casos judiciais. Logo, nada melhor do que a análise dos diferentes casos que
requerem a Genética Forense para a sua solução, como instrumento da aprendizagem por
meio do reconhecimento das técnicas e dos caminhos percorridos por geneticistas forenses até
chegarem à solução dos casos.
 
Fonte: luchschenF / Shutterstock
Neste tema, serão apresentados alguns casos reais e hipotéticos, retratando algo da prática do
geneticista forense, exemplos de situações, incluindo casos históricos e extraordinários que
ganharam notoriedade dentro da área jurídica e criminal.
Desde o seu primeiro uso na Inglaterra e o seu debut nos Estados Unidos, as análises forenses
de DNA seguem capturando a atenção de promotores, advogados de defesa, juízes e jurados,
sendo consideradas como o método mais confiável já criado para a identificação humana e o
estabelecimento de vínculo genético.
MÓDULO 1
 Identificar casos criminais extraordinários e históricos em genética forense
CASOS HISTÓRICOS E EXTRAORDINÁRIOS
DE IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL
Na primeira metade da década de 1980, Alec Jeffreys desenvolveu o primeiro teste para
identificação humana por DNA através da técnica de Restriction Fragment Length
Polymorphism (RFLP), utilizando sondas multilocus capazes de reconhecer mais de uma
região no genoma.
Após as aplicações e os testes iniciais no Reino Unido, a tecnologia chegou ao continente
americano sob expectativa e desconfiança. Ela seria utilizada para a resolução de casos de
maneira confiável?
ALEC JEFFREYS
Geneticista e professor, nascido em 1950, em Oxford, desenvolveu as primeiras técnicas
que posteriormente ficaram conhecidas, em seu conjunto, como DNA fingerprinting.
POLIMORFISMO DE COMPRIMENTO DE
FRAGMENTOS DE DNA (RFLP)
É obtido através do tratamento do DNA com enzima de restrição; pode ser observado
através de uma sequência de passos que tornam a técnica robusta, mas, ao mesmo,
tempo trabalhosa.
 
Fonte: nikdesignt / Shutterstock
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javascript:void(0)
CASO Nº 1: O PRIMEIRO USO DA
IDENTIFICAÇÃO HUMANA POR DNA NO
CAMPO CRIMINAL
Em 21 de novembro de 1983, Lynda Mann, jovem de 15 anos, saiu de casa para visitar um
amigo. No entanto, ela não retornou mais, e seu corpo foi encontrado em uma trilha solitária na
manhã seguinte.
Um exame post mortem revelou que ela havia sido estuprada e estrangulada. Além disso, uma
amostra de sêmen foi recuperada de seu corpo. Infelizmente, qualquer linha de investigação
resultante de evidências recuperadas chegou a um beco sem saída e, embora o caso tenha
sido deixado em aberto, não havia mais pistas para os investigadores seguirem.
O caso se transformou no que se chama de cold case, isto é, ficou parado, sem solução.
 
Fonte: anônimo / forensicfiles.fandom
 Lynda Mann
 
Fonte: anônimo / forensicfiles.fandom
 Dawn Ashworth
Alguns anos depois, em 31 de julho de 1986, outra garota de 15 anos desapareceu, Dawn
Ashworth, desta vez enquanto caminhava para casa. Seu exame corporal revelou que a vítima
foi estuprada, espancada e estrangulada. O cadáver foi descoberto em uma área arborizada
dois dias depois.
O caso anterior de Lynda Mann foi trazido de volta para o centro das atenções quando uma
amostra de sêmen foi descoberta no corpo de Dawn. Com novas linhas de investigação e uma
midiática onda de interesse, a investigação poderia agora continuar. Inicialmente, a polícia
acreditava que o estuprador e assassino fosse Richard Burkland, um rapaz de 17 anos, que
parecia ter conhecimento do corpo de Dawn e até admitiu o crime sob interrogatório.
No ano anterior, na Universidade de Leicester, uma nova técnica promissora havia sido
desenvolvida por Alec Jeffreys e sua equipe, permitindo que uma única “impressão digital” de
DNA fosse produzida a partir de uma amostra de DNA. Ansioso para colocar o novo método
em uso, a técnica de impressão digital do DNA foi utilizada, mas apenas para provar que o
perfil de DNA de Burkland não correspondia ao das duas amostras de sêmen.
ESTE É UM CASO HISTÓRICO E NOTÁVEL DE
EXCLUSÃO, QUANDO O SUSPEITO É
INOCENTADO POR PROVA CABAL, ATRAVÉS DA
ANÁLISE DE DNA.
Repare que, naquele tipo de investigação usando o DNA das vítimas e do suspeito do crime,
houve uma comparação, e o suspeito foi inocentado. Richard Burckland se tornou a primeira
pessoa no mundo a ser exonerada de assassinato por meio do uso de perfis de DNA.
Na sequência do caso de Dawn Ashworth, a polícia de Leicestershire e o Serviço de Ciência
Forense da Inglaterra se uniram para conduzir um projeto no qual quase cinco mil homens
locais foram solicitados a fornecer uma amostra de sangue ou saliva para testes de DNA para
comparação com o perfil de DNA do suspeito. Em seis meses, milhares de amostras foram
colhidas, mas nenhuma correspondência foi encontrada.
No entanto, uma reviravolta aconteceria, quando Ian Kelly foi ouvido em um bar se gabando de
receber um valor em dinheiro para dar uma amostra para o perfil de DNA no lugar de um de
seus amigos. Esse amigo era Colin Pitchfork, que foi preso em 19 de setembro de 1987.
 
Fonte: anônimo / Wikipedia
 Colin Pitchfork
Uma amostra de DNA foi colhida e comparada às amostras da cena do crime. A verdade logo
veio à tona. Ele admitiu o estupro e o assassinato das duas garotas e continuou explicando
seus fetiches, um impulso que logo levou à agressão sexual e, finalmente, a assassinato.
NO CASO APRESENTADO, PUDEMOS
OBSERVAR:
 
Fonte: dinosoft / Shutterstock
Correlação entre crimes (estupro e assassinato das duas jovens, com intrevalo de anos).
 
Fonte: anônimo / flaticon
Exclusão de suspeito inocente.
 
Fonte: anônimo / flaticon
Inclusão de um suspeito, posteriormente condenado.
 
Fonte: VoodooDot / Shutterstock
Primeiro rastreio em massa de um grupo populacional por análise de DNA.
CASO Nº 2: O PRIMEIRO GRANDE DESAFIO
DO DNA EM UM TRIBUNAL NOS ESTADOS
UNIDOS: O POVO CONTRA CASTRO
Em 1987, J. Castro havia sido acusado de assassinar sua vizinha e a filha dela de dois anos,
no Bronx, em Nova York.
QUAL ERA A PRINCIPAL EVIDÊNCIA NO CASO?
 
Fonte: samui / Shutterstock
O laboratório responsável fez a análise e concluiu que a frequência dos alelos identificados de
Castro seria de um em 100 milhões. O proeminente Dr. Richard Roberts, colega do famoso
James Watson, codescobridor da estrutura dupla-hélice da molécula de DNA, testemunhou na
qualidade de expert do Estado. A defesa convidou outro ilustre cientista, Eric Lander, que,
posteriormente, passou a liderar o Projeto Genoma Humano para desafiar os critérios de
correspondência usados no exame.
Após longa e acalorada batalha judicial, o tribunal excluiu as evidências de DNA. Em momento
posterior, Castro se declarou culpado, mas recebeu pena menor do que a que teria recebido se
a evidência do DNA fosse originalmente aceita. Naquele período, o uso do DNA em casos
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judiciais, considerado grande avanço da ciência, passou a ser visto com certo ceticismo por
alguns.
 
Fonte: anônimo / Wikipedia
 Eric Lander
JAMES DEWEY WATSON
Biologista molecular que, em 1953,foi coautor, com Francis Crick, de uma publicação
histórica propondo a estrutura de dupla-hélice para a molécula de DNA.
VALE RESSALTAR QUE A DECISÃO SE BASEOU
EM UM ASPECTO TÉCNICO SOMENTE, E NÃO
NA TÉCNICA EM SI. ESTE FOI O PRIMEIRO
DESAFIO JUDICIAL SIGNIFICATIVO AOS TESTES
DE DNA, COM A SUA INTRODUÇÃO NOS
TRIBUNAIS, JÁ QUE ANTES NÃO HOUVE CASO
DE SIGNIFICATIVA CONTESTAÇÃO.
Em 1989, no curso deste caso, o tribunal determinou que “a teoria e a prática de identificação
de DNA são geralmente aceitas pela comunidade científica”. O tribunal determinou que os
testes de DNA poderiam ser conduzidos e permitidos como evidência, desde que mostrassem
que o sangue no relógio não era dele, mas os testes não podiam ser conduzidos para mostrar
que o sangue pertencia a uma das vítimas.
A introdução das técnicas para identificação humana por análise de DNA nos tribunais de
países como os Estados Unidos da América foi cercada de desconfiança por significativa
parcela da comunidade científica e dos operadores do Direito. Esta objeção se deveu, em
parte, à inexistência de regras definidas e padronizadas para os laboratórios envolvidos nestes
exames. Este período de crítica contribuiu para o estabelecimento de rígidos critérios para os
serviços prestados.
 
Fonte: Connect world / Shutterstock
Após este caso, o uso forense dos testes de DNA sofreu um revés final. Em 1992, o Conselho
Nacional de Pesquisa da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos emitiu um
relatório que endossava fortemente a tecnologia do DNA, mas que também criou uma confusão
considerável na área de probabilidade de correspondência. A solução proposta criou uma
tempestade na comunidade de DNA forense.
O FBI (liderado pelo cientista forense Bruce Budowle) e a maioria dos geneticistas da
população atacaram o conceito como pura política e má ciência. O resultado foi um segundo
relatório (NRC 2, de 1996). As bases para um relatório tão favorável foram estabelecidas em
um artigo da edição de 27 de outubro de 1994 da revista Nature, em coautoria de Bruce
Budowle e Eric Lander
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PROBABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA
Análise estatística que visa esclarecer a correspondência entre uma pessoa e uma
amostra.
NESTE CASO, FOI POSSÍVEL OBSERVAR UM
EXEMPLO DE CONTESTAÇÃO DE EXAME DE
DNA.
CASO Nº 3: O ESTADO VERSUS ANDREWS
– ESTADOS UNIDOS
Em um dos primeiros usos do DNA em um caso criminal nos Estados Unidos, em novembro de
1987, o tribunal Orange County, Flórida, condenou Tommy Lee Andrews por estupro após
testes genéticos corresponderem ao seu DNA quando comparados a uma amostra de sangue
com vestígios de sêmen encontrados em uma vítima de estupro.
Neste caso, uma mulher acordou, durante o mês de fevereiro de 1987, com um homem
saltando sobre ela portando um objeto cortante. A vítima recebeu vários cortes em seu rosto,
pescoço, suas pernas e seus pés. O criminoso a violentou e fugiu, não podendo a vítima
reconhecer o seu agressor. Ao ser condenado, a defesa de Andrews apelou, tentando invalidar
a análise de DNA, o que foi negado. Andrews foi, então, o primeiro condenado com base na
análise de DNA nos Estados Unidos da América.
 
Fonte: anônimo / forensicfiles.fandom
 Tommy Lee Andrews.
NA APRESENTAÇÃO DO CASO 3, TIVEMOS O
RELATO DO USO DO DNA EM UMA SITUAÇÃO
DE CRIME SEXUAL, SENDO O PRIMEIRO USO
FORA DA EUROPA.
 
Fonte: Fer Gregory / Shutterstock
 Cadeira elétrica
CASO Nº 4: PRIMEIRO CASO DE
CONDENADO NO CORREDOR DA MORTE
CUJA CONDENAÇÃO FOI REVOGADA
USANDO O DNA
Em 1992, quando a ciência do teste forense de DNA estava em seus primórdios, Bloodsworth
foi condenado à morte por estupro e assassinato de uma menina no estado de Maryland, nos
Estados Unidos. Ele ganhou sua liberdade depois de fazer um teste de DNA, para comparar
com as amostras coletadas de sêmen das roupas intimas da menina. Não houve coincidência
nos perfis. O estado de Maryland (EUA) o libertou e pagou US$ 300.000 por prisão indevida.
 SAIBA MAIS
O Projeto Inocência (Innocence Project) é uma organização sem fins lucrativos, comprometida
em exonerar indivíduos que alegam terem sido condenados injustamente por meio do uso de
testes de DNA e em reformar o sistema de justiça criminal para evitar futuras injustiças. O
Innocence Project Brasil, organização sem fins lucrativos, trabalha para reverter condenações
de pessoas inocentes no Brasil.
CASO Nº 5: O PRIMEIRO USO DE DNA DE
PLANTA EM UM JULGAMENTO POR
ASSASSINATO
Em uma manhã de domingo, em maio de 1992, um menino andando de bicicleta se deparou
com o corpo nu de uma mulher, deitada de bruços, no mato, perto de um conjunto de árvores.
A vítima fora estrangulada até a morte. Nas proximidades, um homem reportou que tinha visto
um caminhão branco sair da área apressadamente mais cedo, naquela manhã.
A polícia encontrou um aparelho pager a alguns metros do corpo. Foi registrado por Earl
Bogan, mas usado principalmente por seu filho, Mark, que dirigia uma caminhonete branca e
morava a aproximadamente 20 minutos da cena do crime. Na carroceria do caminhão, a polícia
encontrou duas vagens de uma árvore da região onde o corpo foi localizado. Ainda outras
evidências sugeriram que Mark Bogan era o culpado. O suspeito sustentou que uma carona
feminina “roubou” o pager do caminhão e fugiu. Ele negou ter estado na área onde o corpo foi
encontrado.
 
Fonte: Atomazul / Shutterstock
Um detetive observou que uma das árvores da área ̶ mais tarde designada como [PV-30] ̶ havia
sofrido uma lesão recente em um de seus galhos inferiores. Ele entrou em contato com
Timothy Helentjaris, professor de genética molecular da Universidade do Arizona, que
comparou o DNA das vagens encontradas no caminhão com o DNA das vagens das árvores
de Palo Verde, na cena do crime. Ele também analisou o DNA de outras vagens de Palo Verde
coletadas em vários locais do condado e concluiu que as vagens encontradas no caminhão
eram originárias de [PV-30].
Ao apelar da resultante condenação por assassinato, Bogan argumentou que o testemunho do
professor deveria ter sido excluído. Helentjaris testemunhou no julgamento que as amostras da
carroceria “combinavam completamente com [PV-30]”, que ele se sentia “bastante confiante ao
concluir que essas duas amostras (...) provavelmente vieram de [PV-30]”, e que ele estava
“bastante confortável” ao concluir que o DNA do [PV-30] seria distinguível do de “qualquer
árvore que pudesse ser fornecida” a ele. O professor também defendeu que cientistas forenses
costumam testemunhar sobre “correspondências” em cabelos, impressões digitais e outros
itens sem fornecer estatísticas, e que não houve discordância sobre a aceitação geral das
técnicas de laboratório usadas para determinar a “correspondência” de DNA. Assim, o tribunal
de apelações confirmou a condenação.
NESTE CASO, FOI APRESENTADA A TIPAGEM
DE DNA DE PLANTA COMO FERRAMENTA
INVESTIGATIVA.
 VOCÊ SABIA
Além de plantas, insetos também são importantes nas análises forenses envolvendo DNA. Na
determinação da idade de decomposição de um corpo, identificar a espécie de inseto é um
passo importante para estimar a idade das larvas. A análise de DNA também pode ser usada
para este fim em uma perícia criminal (CHEN et al., 2004).
CASO Nº 6 – DOIS CASOS RESOLVIDOS
COM O APOIO DE BANCO DE DADOS DE
DNA PARA GENEALOGIA
No primeiro caso, investigadores da Califórnia carregaram o perfil de um kit de coleta de
estupro referente ao caso conhecido como Golden State Killer em um banco de dados de DNA
usado para genealogia. Neste caso, foi identificado um assassino e estuprador em série, com
dezenas de casos de abuso sexual atribuídos entre 1974 e 1986.
Na pesquisa, foram identificados alguns parentes distantes e, com apoio de uma especialista, a
árvore genealógica do criminoso foi reconstituída, permitindo a identificação do suspeito, um
ex-policial chamado Joseph James DeAngelo (JOUVENAL, 2018).
 
Fonte: anônimo / forensicfiles.fandom
 Joseph James DeAngelo.
Outro caso derepercussão solucionado de forma semelhante, ainda em 2018, foi o “NorCal
Rapist”, notabilizado por diversos casos de abuso sexual entre 1991 e 2006 em diferentes
condados. Isto se deu após uma amostra de DNA das cenas de crime apresentarem
compatibilidade com um parente no GEDmatch (banco de dados genômicos e de genealogia,
de fonte aberta via website, que possui base na Flórida) (COLLMAN, 2019).
 SAIBA MAIS
Atualmente, diversas empresas oferecem testes envolvendo a análise pessoal de
ancestralidade com orientação profissional. Estes testes se baseiam nos princípios de
hereditariedade, em que cada indivíduo, com seus 46 cromossomos (considerando uma
pessoa sem alterações cromossômicas numéricas), herda ½ (50%) do seu código genético de
cada progenitor, no que diz respeito ao material encontrado no núcleo (além deste material, há
também o DNA mitocondrial). Assim, o parentesco genético entre dois seres humanos pode ser
medido através da frequência e do tamanho de sequências de DNA idênticos que
compartilham, herdados de um ancestral comum a ambos. Na realização do exame, o
indivíduo pode autorizar que seus dados genéticos passem a fazer parte de bancos de dados,
os quais são usados para que pessoas que futuramente façam o exame possam ter seu DNA
comparado aos dados alojados no banco de dados.
CASO Nº 7 – O USO DE Y-STR NA
RESOLUÇÃO DE CASO CRIMINAL
Os marcadores STR específicos para o cromossomo são amplamente usados em casos
forenses, especialmente em situações de agressão sexual. Foi registrado um caso de estupro,
em que cinco suspeitos foram investigados. Os resultados estão parcialmente reproduzidos na
Tabela 1, a seguir.
MARCADORES STR (SHORT TANDEM
REPEATS)
Trata-se de sequências que apresentam repetições com unidade básica de 2-7 pares de
base e o polimorfismo fundamentado no número de repetições. Devido ao pequeno
tamanho, geralmente menor que 350 pares de base, alelos STR podem ser analisados
após amplificação pela técnica PCR.
Y-STR
EVIDÊNCIA
1
EVIDÊNCIA
2
S1 S2 S3 S4 S5
DYS576 16 16 20 16 16 16 20
DYS389I 13 13 13 13 13 13 13
DYS448 21 21 20 21 21 21 20
javascript:void(0)
DYS389II 29 29 31 29 29 29 29
DYSI9 15 15 16 15 15 15 15
DYS391 10 10 10 10 10 10 12
DYS481 22 22 22 22 22 22 23
DYS549 12 12 12 12 13 13 11
DYS533 12 12 12 12 12 12 12
DYS438 9 9 11 9 9 9 11
DYS437 15 15 14 15 15 15 15
DYS570 19 19 19 19 18 16 21
DYS635 21 21 23 21 22 22 23
 Tabela 1 – Resultados parciais (análise de Y-STR), caso 7. Evidência 1 – roupa íntima da
vítima; evidência 2 – raspado vaginal da vítima; S1 a S5, suspeitos 1 a 5. Os trechos marcados
destacam as exclusões observadas.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Com base nos achados acima, o suspeito S2 foi incluído, e os demais, excluídos.
 RESUMINDO
A natureza haploide e a diversidade genética de parte do cromossomo Y são muito úteis na
determinação de parentesco e identificações de misturas com componentes masculino e
feminino.
RESUMO TEMPORAL
De forma resumida, veja os eventos que marcaram a genética forense:
Década de 80
Alec Jeffreys desenvolveu o primeiro teste para identificação humana por DNA através da
técnica de Restriction Fragment Length Polymorphism (RFLP).
1983
Amostra de sêmen encontrada no corpo de Lynda Mann.
1985
Alec Jeffreys e sua equipe desenvolvem uma nova técnica que permitia que uma única
“impressão digital” de DNA fosse produzida a partir de uma amostra de DNA.
1986
Amostra de sêmen encontrada no corpo de Dawn Ashworth.
1987
Prisão de Colin Pitchfork, assassino de Lynda Mann e Dawn Ashworth, com base no resultado
dos testes realizados com as amostras encontradas nas duas vítimas.
Condenação de Tommy Lee Andrews por estupro em outro caso após testes genéticos
corresponderem ao seu DNA.
1989
O tribunal determinou que os testes de DNA poderiam ser conduzidos e permitidos como
evidência no caso "o povo contra Castro", desde que mostrassem que o sangue encontrado no
relógio do réu não era dele.
1992
O Conselho Nacional de Pesquisa da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos
emitiu um relatório endossando fortemente a tecnologia do DNA.
Bloodsworth é condenado à morte por estupro e assassinato e, posteriormente, absolvido
graças ao resultado de um teste de DNA, que não encontrou correspondência entre as
amostras encontradas nas roupas da vítima e o DNA de Bloodsworth.
É realizado o primeiro teste de DNA de planta em um julgamento de assassinato, levando à
condenação de Mark Bogan.
2018
O uso de banco de dados de DNA para genealogia permite a identificação de Joseph James
DeAngelo como suspeito de uma série de estupros ocorridos entre 1974 e 1986.
CASO HIPOTÉTICO DE IDENTIFICAÇÃO
CRIMINAL
A partir deste ponto, apresentaremos um caso hipotético de identificação criminal (MELGAÇO
et al., 2007).
CASO HIPOTÉTICO
Violência sexual contra mulher com vestígios de sêmen detectados no raspado vaginal
coletado da vítima.
RESUMO DO CASO
O laudo: o documento em que a análise do material genético é apresentada informa a
comparação de marcadores genéticos STR (regiões curtas repetidas in tandem) presentes nas
seguintes amostras:
 
Fonte: adriaticfoto /shutterstock
EVIDÊNCIA BIOLOGICA (E)
Esfregaço vaginal coletado da vítima.
 
Fonte: angellodeco /shutterstock
AMOSTRAS REFERÊNCIA
Amostras biológicas (sangue) cedidas pela vítima (V) e pelo principal suspeito (S1).
Os extratos de DNA das amostras foram submetidos à amplificação por PCR com primers para
marcadores STR. De acordo com o laudo, os alelos encontrados foram visualizados com
auxílio de fluorescência, e a razão de verossimilhança foi determinada, não excluindo (S1)
como doador das células espermáticas encontradas na evidência biológica. Os resultados são
parcialmente apresentados na Tabela 2
REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE (PCR)
A PCR é um método in vitro que sintetiza sequências específicas de DNA. Esta reação
utiliza um DNA que é usado como "molde" (template em inglês) e primers, que são
oligonucleotídeos (pequenas sequências que complementam o DNA), que hibridam com
o molde de DNA para que a molécula seja copiada. A cópia do molde é catalisada pela
enzima Taq polimerase. Uma série de ciclos repetitivos faz com que o molde seja
separado em suas hemi-hélices, os primers hibridem com o molde, a polimerase catalise
a ligação de nucleotídeos para formar uma nova cópia da região de interesse do DNA.
Como cada cópia produzida em um ciclo pode servir de molde no próximo ciclo, a cópia
do DNA ocorre de forma exponencial. Em aproximadamente 20 ciclos, a concentração de
DNA aumenta aproximadamente um milhão de vezes.
Locus
(região
analisada)
Vítima
(V)
Evidência
(E)
Suspeito
(S1)
Observações
TPOX 8, 10 8, 10 8, 10 Há coincidência entre o
perfil alélico nas três
amostras (alelos 8 e 10).
javascript:void(0)
Sugestão: observar a
intensidade dos picos no
eletroferograma para
entender os componentes
da possível mistura na
evidência. Questão a
resolver: a amostra E é
uma mistura?
F13A01 6, 13 6, 6 6, 6
O alelo 13 presente na
amostra de V não é
verificado no preparado
advindo do esfregaço
vaginal. Isto pode decorrer
do fenômeno conhecido
como amplificação
diferencial.
NOTA: a amplificação
diferencial é um artefato
que se caracteriza pela
diferença na eficácia de
amplificação entre dois
alelos (GILL et al, 1997).
Problemas no curso dos
processos de amplificação
e detecção de alelos
invalidam o uso
deste locus, pois não se
pode determinar com
absoluta precisão se o
material das células
espermáticas foi
amplificado.
D13S317 8, 13 8, 12, 13 12, 12 A determinação dos picos
de intensidade das bandas
se faz necessária para
definir os componentes
principal e secundário na
mistura e eliminar a
hipótese de o alelo 12
encontrado no esfregaço
vaginal ser um stutter
band (banda fantasma)
relativo ao alelo 13
proveniente do DNA de V.
 Tabela 2. Resultados e observações
 Atenção!Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
STUTTER BAND
São bandas extras geradas pelo deslizamento da enzima TAQ POLIMERASE, que
apresentam uma unidade de repetição a menos que a verdadeira (GILL et al, 1997). Vale
ressaltar que tal artefato de técnica é comum nas reações do tipo MULTIPLEX utilizadas. 
Amostras parcialmente degradadas podem proporcionar, por exemplo, a amplificação
preferencial de alelos e o surgimento das bandas fantasmas (stutter bands). Estas últimas
ocorrem em virtude de falhas no processo que geram bandas com uma unidade de
repetição a menos que a do alelo original. Deste modo, pode-se equivocadamente
interpretar o resultado como um falso heterozigoto ou identificar um alelo erroneamente.
O uso de reações MULTIPLEX empregando corantes fluorescentes associado à detecção
automatizada para determinação de alelos STR pela técnica da PCR fornece não só
informação qualitativa dos alelos presentes na amostra (tipagem), mas também informação
quantitativa referente às intensidades relativas das bandas. Como consequência, isto
possibilita aferir a quantidade de DNA amplificado (CLAYTON et al, 1998).
javascript:void(0)
 ATENÇÃO
Para a aplicação das análises de DNA na área criminal, geralmente o propósito é testar a
hipótese de que uma pessoa é a fonte doadora de uma evidência (amostra biológica). Entre os
resultados possíveis desta pesquisa, temos a exclusão, quando se comprova que as amostras
possuem origens diferentes; inclusão, quando se observa similaridades e não se pôde concluir
exclusão, e, ainda, achados inconclusivos, em que não se concluiu se a hipótese é ou não
verdadeira.
OUTROS CASOS CRIMINAIS
Neste vídeo, veremos outros dois casos criminais extraordinários de grande repercussão.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. CONSIDERADO O FUNDADOR DA ÁREA INTERNACIONALMENTE
CONHECIDA COMO DNA FINGERPRINTING, O PESQUISADOR QUE
COMANDOU O DESENVOLVIMENTO DE FERRAMENTAS MOLECULARES
PARA A IDENTIFICAÇÃO HUMANA POR DNA É:
A) Francis Crick.
B) James Watson.
C) Alec Jeffreys.
D) Francis Collins.
2. 2. NA REAÇÃO DA PCR (REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE),
FREQUENTEMENTE EMPREGADA EM LABORATÓRIOS DE GENÉTICA
FORENSE, PODE OCORRER O FENÔMENO CHAMADO AMPLIFICAÇÃO
DIFERENCIAL. A RESPEITO DESSE FENÔMENO, PODE-SE AFIRMAR
A) É um artefato caracterizado pela diferença na eficácia de amplificação entre dois alelos em
dado locus.
B) É um artefato em que se observa a duplicação dos alelos tipados.
C) É um recurso para otimizar a tipagem de alguns marcadores.
D) É uma fase da PCR.
GABARITO
1. Considerado o fundador da área internacionalmente conhecida como DNA
Fingerprinting, o pesquisador que comandou o desenvolvimento de ferramentas
moleculares para a identificação humana por DNA é:
A alternativa "C " está correta.
 
Na primeira metade da década de 1980, Alec Jeffreys desenvolveu o primeiro teste para
identificação humana por DNA, através da técnica de RFLP.
2. 2. Na reação da PCR (reação em cadeia da polimerase), frequentemente empregada
em laboratórios de genética forense, pode ocorrer o fenômeno chamado amplificação
diferencial. A respeito desse fenômeno, pode-se afirmar
A alternativa "A " está correta.
 
A amplificação diferencial pode ser definida como a diferença no grau de amplificação de alelos
dentro de um sistema coamplificado, ou seja, neste caso, observa-se a variação no padrão ou
na intensidade dos alelos, o que deve ser criteriosamente observado polo analisador
responsável. Embora este artefato seja importante, ele não provoca a duplicação de alelos.
MÓDULO 2
 Descrever casos extraordinários e históricos de paternidade em genética forense
TESTES DE DNA
Ao longo do tempo, diferentes técnicas têm sido criadas e aplicadas para a identificação de
cada indivíduo.
 
Fonte: Marina Sun / shutterstock
FÓRMULA MATEMÁTICA
No século XIX, foi criada uma fórmula matemática que agrupava medidas de partes do corpo
da pessoa, resultando em um número único e exclusivo. Lógico que isso caiu logo em desuso.
 
Fonte: Iaremenko Sergii / shutterstock
IMPRESSÃO DIGITAL
Ainda no século XIX, em 1880, a impressão digital foi apresentada como método único de
identificação individual. Ela é empregada até hoje como forma de identificação, inclusive de
gêmeos univitelinos.
 
Fonte: Billion Photos / shutterstock
ESTRUTURA DO DNA
Porém, foi a descoberta da estrutura do DNA e a sua aplicação para identificação de pessoas
que trouxe contribuição efetiva na esfera criminal e de paternidade, no âmbito familiar. Com os
exames de DNA, é possível confirmar ou refutar a paternidade de qualquer indivíduo,
bastando, para isso, que amostras sejam fornecidas dos supostos: pai, filho e mãe.
Neste módulo, vamos observar como os testes de DNA começaram a contribuir em casos de
investigação de paternidade e de outros vínculos genéticos.
CASO Nº 1: PRIMEIRO USO DO DNA
FINGERPRINTING – A SUA ESTREIA FOI EM
UM CASO DE IMIGRAÇÃO
Em artigo publicado na Revista Nature, no ano de 1985, Jeffreys e colaboradores descreveram
o uso de regiões minissatélites no DNA humano com potencial para uso na identificação
pessoal e no estabelecimento de vínculo familiar. Segundo a publicação, estas regiões também
podem ser usadas para resolver disputas de imigração decorrentes da falta de prova de
relações familiares.
O caso refere-se ao jovem chamado Andrew, um garoto de 13 anos nascido na Grã-Bretanha,
que havia sido parado no aeroporto de Heathrow, voltando ao Reino Unido depois de uma
viagem a Gana para visitar seu pai.
 
Fonte: anônimo / Wikipedia
 Alec Jeffreys
 
Fonte: isak55 / Shutterstock
 DNA FINGERPRINTING.
Na ocorrência, as autoridades de imigração pensaram que seu passaporte havia sido
adulterado ou forjado. Para piorar as coisas, Andrew se referiu à Christiana Sarbah, a mulher
que supostamente era sua mãe, como tia ̶ um hábito comum em sua cultura ̶ , mesmo que ela
fosse genuinamente a mãe dele.
Os funcionários se recusaram a acreditar que Andrew realmente era filho dela e pensaram que
ele era um sobrinho tentando entrar ilegalmente no Reino Unido. Na época, havia alguns testes
genéticos básicos que podiam dizer se as pessoas eram amplamente relacionadas à mesma
família, mas não conseguiam descobrir as relações entre pais e filhos. E, para tornar as coisas
ainda mais complicadas, não estava claro quem realmente era o pai do garoto.
Como último esforço, Jeffreys produziu o perfil de DNA de Andrew, de sua mãe e dos três
outros filhos que eram definitivamente dela: David, Joyce e Diana. Os resultados foram
completamente convincentes: o menino era inegavelmente filho de sua mãe. Os dados foram
apresentados ao tribunal de imigração do Ministério do Interior, que recuou imediatamente.
CASO Nº 2: INVESTIGAÇÃO DE
PATERNIDADE COM SUPOSTO PAI
FALECIDO
No ano de 2008, um caso de investigação de paternidade, com suposto pai falecido – análise
de restos mortais do de cujus (suposto pai – SP) e possível filha (F). O extrato de DNA foi
preparado a partir de amostra de sangue venoso de F e ossada de SP.
Procedeu-se a análise de loci. A enzima de restrição utilizada em todas as preparações foi a
Hae III. As corridas eletroforéticas do DNA foram feitas em agarose a 1% e tampão TAE, e as
sondas utilizadas foram reconhecidas pelo sistema de quimiluminescência. Todas as análises
foram feitas em duplicata.
 
Fonte: KateStudio / Shutterstock
ENZIMAS DE RESTRIÇÃO
Enzimas que desempenham função de clivagem (corte) da molécula de DNA em pontos
específicos, em reconhecimento a determinadas sequências de nucleotídeos.
javascript:void(0)
Foram utilizadas seis sondas polimórficas para a investigação de seis diferentes cromossomos
do genoma humano. Os loci examinados foram: D1S7, D2S44, D4S163, D5S110, D6S132 e
D7S467 (tabela 3), reconhecidos, respectivamente, com as sondas MS1, YNH24, SLI604, LH1,
SLI1090 e SLI989.
Locus:
do DNA /
SONDA
F SP
FREQUÊNCIA
%
ÍNDICE DE
PATERNIDADE
D1S7 /
MS1
7,20p
10,52m
7,20p3,87
3,250 7,69
D2S44 /
YNH24
1,59p
1,79m
1,59p
3,31
10,960 2,28
D4S163 /
SLI604
3,56p
11,13m
3,56p
3,75
6,780 3,68
D5S110 /
LHI
3,11p
3,75m
3,11p
2,79
7,100 3,52
D6S132 /
SLI1090
3,26p
2,74m
3,26p
1,16
4,610 5,42
D7S467 /
SLI989
3,75p
4,33m
3,75p
3,24
3,620 6,91
ÍNDICE DE PATERNIDADE ACUMULADO: 
 8.506,07
PROBABILIDADE DE PATERNIDADE: 
99,99%
 Tabela 3. Resultado das tipagens genéticas.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Nesse exemplo, foram usados marcadores altamente polimórficos, tendo atingido índice de
paternidade de 99,99% a favor da inclusão do SP. Os casos envolvendo análise de DNA obtido
a partir de ossos geralmente envolvem desafios técnicos, incluindo material degradado. A
escolha dos marcadores adequados também é fundamental para que se obtenha um resultado
robusto e consistente.
CASO Nº 3: INVESTIGAÇÃO DE VÍNCULO
GENÉTICO (SP FALECIDO)
No ano de 2015, outro caso de paternidade envolvendo suposto pai (SP) falecido foi
judicialmente executado, resultando em exclusão. No caso em tela, uma jovem (F) e sua mãe
(M) alegavam que um homem (SP), falecido na década anterior, seria o pai de F. Após a
autorização judicial, os restos mortais foram exumados e analisados, bem como amostras de
raspado bucal de F e M.
Marcadores genéticos utilizados: HUMTPOX, HUMF13B, D13S253, D18S51, D5S818,
D21S11, HUMCSF1PO, D3S1358, D16S539, HUMF13A01, HUMvWA, HUMFIBRA/FGA,
D13S317, HUMTH01, D7S820 e D13S317. Os resultados são apresentados, parcialmente, na
tabela 4.
LOCUS SP F M
TPOX 11/12 5/8 5/8
F13B 8/9 8/10 6/10
D19S253 11/12 7/10 10/12
D18S51 15/17 12/17 12/14
D5S818 12/13 11/12 11/12
D21S11 30/30 30/32.2 32.2/32.2
CSF1 PO 12/12 10/12 10/11
D3S1358 15/16 15/16 15/15
D16S539 8/9 10/13 10/12
F13A01 7/7 5/7 5/6
vWA 16/16 16/17 16/16
FGA 21/23 18/26 24/26
D13S317 11/12 10/11 10/12
T11O1 6/7 9/9.3 7/9
D7S820 10/12 8/10 7/10
D13S317 11/12 10/11 10/12
 Tabela 4 – Resultado parcial referente às tipagens do caso 2. As regiões destacadas em
vermelho indicam os marcadores genéticos nos quais se detectou a exclusão da alegada
paternidade.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Dentre os 16 marcadores do genoma analisados, podemos observar, com destaque em
vermelho na tabela 4, que, em 7 deles, obrigatoriamente, o SP não apresentou o APO – Alelo
Paterno Obrigatório. Este resultado obedece a regra de, no mínimo, três exclusões para
certificar que o referido homem não possui o vínculo biológico com F, conforme atribuído a ele
no caso.
 
Fonte illion Photos / Shutterstock
CASO Nº 4: INVESTIGAÇÃO DE VÍNCULO
GENÉTICO PARA CONFIRMAR A
PATERNIDADE NA AUSÊNCIA DA MÃE
 
Fonte: Dabarti CGI / Shutterstock
Marcadores genéticos utilizados: 15 marcadores autossômicos e o marcador sexual
amelogenina, que é capaz de distinguir os cromossomos X e Y. Os resultados são
apresentados na Tabela 5.
Loci Filho (P) Suposto pai (SP)
CSF1PO 8-10 10-12
TPOX 11-11 8-8
TH01 9-9.3 6-6
Vwa 15-19 16-18
D16S539 9-12 9-10
D7S820 12-12 11-12
D13S317 11-12 9-13
D3S1358 15-18 15-16
D8S1179 12-14 13-15
D55818 11-12 7-12
D21S11 28-30 28-29
D18S51 15-19 14-17
D19S433 13.2-15 13.2-14
D2S1338 21-24 22-24
FGA 23-23 20-22
Amelogenina XY XY
 Tabela 5 – Resultados para análise de paternidade envolvendo filho (aqui chamado pela
inicial P) e o suposto pai (SP).
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
No caso em tela, P e SP possuem o perfil XY, logo o seu sexo biológico é masculino.
CONFORME DESTACADO EM NEGRITO, SETE
DOS MARCADORES AUTOSSÔMICOS USADOS
NÃO APRESENTARAM COINCIDÊNCIA ENTRE O
SP E O ALEGADO FILHO, CARACTERIZANDO
RESULTADO DE EXCLUSÃO.
 
Fonte: Connect world / Shutterstock
OUTROS CASOS DE PATERNIDADE
Neste vídeo, veremos outros dois casos notórios de paternidade em genética forense.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. AO ANALISAR 16 MARCADORES GENÉTICOS EM UM TESTE DE
PATERNIDADE, A EXCLUSÃO SERÁ CONSIDERADA SOMENTE QUANDO:
A) Pelo menos um dos marcadores analisados não apresentar o APO – Alelo Paterno
Obrigatório.
B) Até três marcadores analisados não apresentarem o APO – Alelo Paterno Obrigatório.
C) Pelo menos três marcadores analisados não apresentarem o APO – Alelo Paterno
Obrigatório.
D) Todos os marcadores analisados não apresentarem o APO – Alelo Paterno Obrigatório.
2. CONSIDERE UM CASO DE ANÁLISE DE PATERNIDADE EM QUE UMA
MULHER TENTA PROVAR QUE DETERMINADO HOMEM É SEU PAI,
ATRAVÉS DE EXAME DE DNA, EM AUSÊNCIA DE MÃE. APÓS AS
COLETAS DE AMOSTRAS E DOS TESTES REALIZADOS COM 11
MARCADORES, O RESULTADO APRESENTADO FOI DE EXCLUSÃO, NÃO
SE CONFIRMANDO A PATERNIDADE. OBSERVE A TABELA DE
RESULTADOS E IDENTIFIQUE QUAIS OS LOCI QUE CARACTERIZARAM A
EXCLUSÃO DE PATERNIDADE:
LOCI SUPOSTO PAI FILHA
TPOX 10/12 10/11
D19S253 15/15 15/16
D18S51 8/9 10/13
D5S818 11/13 12/13
D21S11 30/30 30/32.2
CSF1PO 17/25 23/24
D3S1358 15/15 14/15
D16S539 8/9 10/11
D13S317 12/12 10/11
THO1 6/8.3 7/9
D7S820 10.2/10.2 10.2/12
 ATENÇÃO! PARA VISUALIZAÇÃO COMPLETA DA TABELA UTILIZE A
ROLAGEM HORIZONTAL
A) TPOX; D19S253; D5S818; D21S11; D3S1358
B) D18S51; CSF1PO; D16S539; D13S317; THO1
C) TPOX; D19S253; D18S51; D5S818; D21S11
D) D3S1358; D16S539; D13S317; THO1; D7S820
GABARITO
1. Ao analisar 16 marcadores genéticos em um teste de paternidade, a exclusão será
considerada somente quando:
A alternativa "C " está correta.
 
A regra de exclusão diz que são necessárias, no mínimo, três exclusões para certificar que o
suposto pai não possui o vínculo biológico com o suposto filho.
2. Considere um caso de análise de paternidade em que uma mulher tenta provar que
determinado homem é seu pai, através de exame de DNA, em ausência de mãe. Após as
coletas de amostras e dos testes realizados com 11 marcadores, o resultado
apresentado foi de exclusão, não se confirmando a paternidade. Observe a tabela de
resultados e identifique quais os loci que caracterizaram a exclusão de paternidade:
LOCI SUPOSTO PAI FILHA
TPOX 10/12 10/11
D19S253 15/15 15/16
D18S51 8/9 10/13
D5S818 11/13 12/13
D21S11 30/30 30/32.2
CSF1PO 17/25 23/24
D3S1358 15/15 14/15
D16S539 8/9 10/11
D13S317 12/12 10/11
THO1 6/8.3 7/9
D7S820 10.2/10.2 10.2/12
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
A alternativa "B " está correta.
 
Os loci que caracterizam a exclusão são aqueles em que o alelo paterno obrigatório (APO) não
ocorre na filha.
CONCLUSÃO
 
Fonte: Fer Gregory / Shutterstock
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Muito já foi feito em relação à identificação humana por DNA; logo, o que se esperar então para
o futuro? Uma das grandes descobertas do final do século XX, a identificação humana por DNA
revolucionou as investigações forenses. A tecnologia original de Alec Jeffreys, publicada na
década de 1980, agora vista como obsoleta para uso forense, passou por importantes
desenvolvimentos em termos da metodologia básica.
A criação de perfil de DNA agrega forte valor científico à evidência e fortalece, principalmente,
a credibilidade do sistema jurídico. Os bancos de dados de DNA e outras ferramentas úteis
também agregam valor e aumentam a eficácia. À medida que a técnica se tornava mais
sensível, o manuseio, simples e automatizado, e o tratamento estatístico, direto, a identificação
de perfis de DNA, ou DNA fingerprints, como o método foi logo chamado, entraram nos
laboratórios de rotina forense em todo o mundo.
O que se observa atualmente como tendência é a publicação de técnicas e marcadores cada
vez mais robustos, rápidos e capazes de analisar quantidades diminutas de DNA. Em relação
ao futuro desta área, o renomado Dr. John Butler, diretor assistente para ciências forenses do
National Institute of Standards and Technology (NIST), relata,em seu artigo The future of
forensic DNA analysis, de 2015, que os testes para análise forense de DNA tendem a ser cada
vez mais rápidos, altamente sensíveis e capazes de promover conclusões mais robustas.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BUTLER, J. M. Forensic DNA Typing: biology, technology, and genetics of STR markers. Nova
York: Elsevier Academic Press, 2005.
BUTLER, J. M., SHEN, Y., McCORD, B.R. The development of reduced size STR amplicons
as tools for analysis of degraded DNA. In: J. Forensic Sci. 48(5) 1054-1064, 2005.
Consultado em meio eletrônico em: 23 jul. 2020.
CHEN, W. Y., HUNG, T. H., SHIAO, S. F. Molecular identification of forensically important
blow fly species (Diptera: Calliphoridae). In: Taiwan. J Med Entomol. 41:47–57, 2004.
Consultado em meio eletrônico em: 23 jul. 2020.
CLAYTON, T. M., WHITAKER, J. P., SPARKES, R., GILL, P. Analysis and interpretation of
mixed forensic stains using DNA STR profiling. In: Forensic Sci. Int. 91: 55-70, 1998.
Consultado em meio eletrônico em: 23 jul. 2020.
COLLMAN, A. Suspected serial 'NorCal rapist' arrested in California thanks to a DNA
match on a genealogy website – just like the Golden State Killer. In: Business Insider.
2019.
COURT LISTENER. State v. Bogan. 183 Ariz. 506 (Ariz. Ct. App. 1995). In: Court Appeals of
Arizona. Consultado em meio eletrônico em: 24 jul. 2020.
GAINES, M. L., WOJTKIEWICZ, P. VALENTINE, J., BROWN, C. L. Reduced Volume PCR
Amplification Reactions Using the AmpFlSTR® Profiler Plus™ Kit. In: Journal of Forensic
Sciences, 47 (6), 15554J, 2002. Consultado em meio eletrônico em: 23 jul. 2020.
GILL, P., SPARKES, R., KIMPTON, C. Development of guidelines to designate alleles using
STR Multiplex systems. In: Forensic Sci. Int. 89: 185-197, 1997. Consultado em meio
eletrônico em: 23 jul. 2020.
JEFFREYS, A.; BOOKFIELD, J. F. Y.; SEMEONOFF, R. Positive identification of an
immigration test-case using human DNA fingerprints. In: Nature, v. 317, 818-819, 1985.
Publicado em: 1 out. 1985.
JOUVENAL, J. To find alleged Golden State Killer, investigators first found his great-
great-great-grandparents. In: The Washington Post. 2018. Publicado em: 30 abr. 2018.
LI, H., TANG, H., ZHANG, Q., JIAO, Z., BAI, J., CHANG, S. A multiplex PCR for 4 X
chromosome STR markers and population data from Beijing Han ethnic group. In: Leg.
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MELGAÇO, M., FIGUEIREDO, A. L. S, PARADELA, E. R. Perícias em DNA: a coisa certa
pode ser feita de forma errada? Um Estudo de Caso Hipotético. In: Jus Navigandi.
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ROY, R., REYNOLDS, R. AmpliType® PM and HLA DQα Typing from Pap Smear, Semen
Smear, and Postcoital Slides. In: Journal of Forensic Sciences, 40 (2), 15355J, 1995.
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SMARRA, A. L. S., FIGUEIREDO, A. L., PARADELA, E. R. A Genética Forense no Brasil. In:
SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL. No 51, agosto, 2006.
ZAGORSKI, N. Profile of Alec J. Jeffreys. In: Proceedings of the National Academy of
Sciences 103 (24): 8918–8920, 2006. Consultado em meio eletrônico em: 23 jul. 2020.
EXPLORE+
Consulte a página do banco de dados sobre SRT DNA do National Institute of Standards
and Technology.
Procure na Internet as seguintes reportagens:
Exame de DNA confirma paternidade de bebê deixado em calçada na PB.
Teste de DNA prova que gêmeas em NY são filhas de pais diferentes.
Amostra de DNA inocenta homem há 30 anos no corredor da morte.
STJ vai negar pedido de paternidade a mãe que “fugir” de exame de DNA.
Polícia de SP adota cartão para colher sangue de cadáveres e guardar DNA.· 
Mulher indenizará ex-companheiro por falsa paternidade.· 
Família de australiano diz que busca continua; DNA de corpo encontrado pode levar dez
dias.
CONTEUDISTA
Eduardo Riberio Paradela
 CURRÍCULO LATTES
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