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Profª.: Rejane Azevedo de Almeida Fonseca 1 INTRODUÇÃO ÀS ESTRUTURAS DE CONCRETO CCE1528 Tipos de Superfície do Aço 2Profª.: Rejane Fonseca A superfície dos vergalhões pode conter nervuras (saliências ou mossas), entalhes, ou ser lisa. A capacidade de aderência entre o concreto e o aço depende da rugosidade da superfície do aço, sendo medida pelo coeficiente de aderência (η1), também chamado de coeficiente de Conformação Superficial. Regiões de Aderência 3Profª.: Rejane Fonseca Após o lançamento do concreto fluido no interior das formas, ocorre o fenômeno da exsudação do mesmo. A exsudação pode ser descrita como a migração da água de amassamento (parcela que não reage com o cimento) em direção à superfície superior da peça, logo após o seu lançamento. A migração provoca o acúmulo de água próximo à superfície inferior das barras que estão em seu caminho. Esta alta concentração de água resulta em concreto mais poroso fazendo com que seja diminuída a aderência aço/concreto e formando uma região denominada de má aderência. Elementos com alturas de até 30 cm não produzem exsudação suficiente para formar regiões de má aderência. Regiões de Aderência 4Profª.: Rejane Fonseca De acordo com a ABNT NBR 6118, as barras podem estar situadas em duas condições: Regiões de boa aderência e regiões de má aderência. Regiões de Boa Aderência 5 Profª.: Rejane Fonseca Consideram-se as barras que estejam em uma das posições: a) com inclinação maior que 45° sobre a horizontal; b) horizontais ou com inclinação menor que 45° sobre a horizontal, desde que: — para elementos estruturais com h < 60 cm, localizados no máximo 30 cm acima da face inferior do elemento ou da junta de concretagem mais próxima; Regiões de Boa Aderência 6 Profª.: Rejane Fonseca — para elementos estruturais com h ≥ 60 cm, localizados no mínimo 30 cm abaixo da face superior do elemento ou da junta de concretagem mais próxima. Regiões de Má Aderência Barras em quaisquer outras posições distintas das anteriores, e quando utilizamos formas deslizantes. Resistência de Aderência 7 Profª.: Rejane Fonseca A resistência de aderência de cálculo entre armadura e concreto é dada pela expressão: Segurança na Estrutura 8Profª.: Rejane Fonseca Devem ser garantidos os seguintes itens: • Resistência; • Estabilidade; • Durabilidade. No projeto das estruturas de concreto armado (CA) e concreto protendido (CP) o dimensionamento dos diferentes elementos estruturais é feito no chamado Estado Limite Último (colapso/ruína), onde os elementos estruturais são dimensionados como se estivessem prestes a romper. No entanto, para evitar que a ruptura ocorra, todas as estruturas são projetadas com uma margem de segurança. Segurança na Estrutura 9Profª.: Rejane Fonseca A margem de segurança no dimensionamento dos elementos estruturais ocorre com a introdução de coeficientes numéricos chamados de “coeficientes de segurança”, que farão com que, em serviço, as estruturas trabalhem longe da ruína. Segurança na Estrutura 10Profª.: Rejane Fonseca O cálculo estrutural é realizado segundo o método dos Estados Limites, que define as condições para as quais uma estrutura deixa de cumprir a sua função determinada, ou não satisfaz mais as condições de segurança admitidas em sua concepção. Segundo a NBR 6118/2014: Estado Limite Último (ELU): “estado-limite relacionado ao colapso, ou a qualquer outra forma de ruína estrutural, que determine a paralisação do uso da estrutura”. Estado Limite de Serviço (ELS): “são aqueles relacionados ao conforto do usuário e à durabilidade, aparência e boa utilização da estrutura, seja em relação aos usuários, seja em relação às máquinas e aos equipamentos suportados pela estrutura”. Segurança na Estrutura 11Profª.: Rejane Fonseca No projeto das estruturas de Concreto, o dimensionamento dos elementos estruturais é feito no chamado Estado-Limite Último (ELU), onde os elementos estruturais são dimensionados como se estivessem prestes a romper, mas isso apenas teoricamente. No entanto, para evitar que a ruptura ocorra, todas as estruturas são projetadas com uma margem de segurança, isto é, uma folga de resistência relativamente às ações e carregamentos aplicados, de tal forma que, para ocorrer a ruptura a estrutura teria que estar submetida a carregamentos bem superiores àqueles a que foi projetada. A margem de segurança no dimensionamento dos elementos estruturais ocorre com a consideração dos chamados coeficientes de ponderação, que farão com que, em serviço, as estruturas trabalhem a uma determinada “distância” da ruína. Ações 12Profª.: Rejane Fonseca “Na análise estrutural deve ser considerada a influência de todas as ações que possam produzir efeitos significativos para a segurança da estrutura em exame, levando-se em conta os possíveis estados limites últimos e os de serviço.” (NBR 6118/2014) As ações são classificadas em: a) Permanentes; b) Variáveis; c) Excepcionais. Ação Permanente (g) 13Profª.: Rejane Fonseca “Ações permanentes são as que ocorrem com valores praticamente constantes durante toda a vida útil da construção.” (NBR 6118/2014) Ações permanentes diretas: peso próprio das estruturas e de elementos construtivos e empuxos de terra; Ações permanentes indiretas: retração, fluência, recalque de apoio, imperfeições geométricas. Ação Variável (q) 14Profª.: Rejane Fonseca “Consideram-se como ações variáveis as cargas acidentais das construções, bem como efeitos, tais como forças de furacão, de impacto e centrífugas, os efeitos do vento, das variações de temperatura, do atrito dos aparelhos de apoio e, em geral, as pressões hidrostáticas e hidrodinâmicas.” (NBR 6118/2014) Ações variáveis diretas: cargas acidentais (decorrentes do uso), ação do vento, ações da água e ações variáveis durante a construção; Ações variáveis indiretas: variações uniformes e não uniformes de temperatura e ações dinâmicas provenientes de choques e vibrações. Ação Excepcional 15Profª.: Rejane Fonseca “No projeto de estruturas sujeitas a situações excepcionais de carregamento, cujos efeitos não possam ser controlados por outros meios, devem ser consideradas ações excepcionais com os valores definidos, em cada caso particular, por Normas Brasileiras específicas.” (NBR 6118, item 11.5). A NBR 8681 (itens 3.7 e 4.2.1.3) define ações excepcionais como “as que tem duração extremamente curta e muito baixa probabilidade de ocorrência durante a vida da construção, mas que devem ser consideradas nos projetos de determinadas estruturas. Consideram-se como excepcionais as ações decorrentes de causas tais como explosões, choques de veículos, incêndios, enchentes ou sismos excepcionais.” Tipos de Carregamentos 16Profª.: Rejane Fonseca Entende-se por tipo de carregamento o conjunto das ações que têm probabilidade não desprezível de atuarem simultaneamente sobre a estrutura, durante um determinado período de tempo pré-estabelecido. Pode ser de longa duração ou transitório, conforme seu tempo de duração. Em cada tipo de carregamento, as ações devem ser combinadas de diferentes maneiras, a fim de que possam ser determinados os efeitos mais desfavoráveis para a estrutura. Devem ser estabelecidas tantas combinações quantas forem necessárias para que a segurança seja verificada em relação a todos os possíveis estados limites (últimos e de serviço). Pode-se distinguir os seguintes tipos de carregamento, passíveis de ocorrer durante a vida da construção: carregamento normal, carregamento especial, carregamento excepcional e carregamento de construção. Carregamento Normal 17Profª.: Rejane Fonseca O carregamento normal decorre do uso previsto para a construção, podendo-se admitir que tenha duração igual à vida da estrutura. Este tipo de carregamento deve ser considerado tanto na verificação de estados limites últimos quanto nos de serviço. Um exemplo deste tipo de carregamento é dado pela consideração,em conjunto, das ações permanentes e variáveis (g + q). Carregamento Especial 18Profª.: Rejane Fonseca O carregamento especial é transitório e de duração muito pequena em relação à vida da estrutura, sendo, em geral, considerado apenas na verificação de estados limites últimos. Este tipo de carregamento decorre de ações variáveis de natureza ou intensidade especiais, cujos efeitos superam os do carregamento normal. O vento é um exemplo de carregamento especial. Carregamento Excepcional 19Profª.: Rejane Fonseca O carregamento excepcional decorre da atuação de ações excepcionais, sendo, portanto, de duração extremamente curta e capaz de produzir efeitos catastróficos. Este tipo de carregamento deve ser considerado apenas na verificação de estados limites últimos e para determinados tipos de construção, para as quais não possam ser tomadas, ainda na fase de concepção estrutural, medidas que anulem ou atenuem os efeitos. Carregamento de Construção 20Profª.: Rejane Fonseca O carregamento de construção é transitório, pois, como a própria denominação indica, refere-se à fase de construção, sendo considerado apenas nas estruturas em que haja risco de ocorrência de estados limites já na fase executiva. Devem ser estabelecidas tantas combinações quantas forem necessárias para a verificação das condições de segurança em relação a todos os estados limites que são de se temer durante a fase de construção. Como exemplo, tem-se: cimbramento e descimbramento. Segurança 21Profª.: Rejane Fonseca Uma estrutura apresenta segurança se tiver condições de suportar todas as ações possíveis de ocorrer, durante sua vida útil, sem atingir um estado limite. A ideia básica é: a) Majorar ações e esforços solicitantes (valores representativos das ações), resultando nas ações e solicitações de cálculo, de forma que a probabilidade desses valores serem ultrapassados é pequena; b) Reduzir os valores característicos das resistências (fk), resultando nas resistências de cálculo, com pequena probabilidade dos valores reais atingirem esse patamar; c) Equacionar a situação de ruína, fazendo com que o esforço solicitante de cálculo seja igual à resistência de cálculo. Segurança 22Profª.: Rejane Fonseca As ações são normalmente quantificadas por um valor representativo, em geral valores característicos Fk. Os valores de cálculo das ações Fd, são obtidos ao multiplicarmos os valores característicos pelos respectivos coeficientes de ponderação 𝛾𝑓. Segurança 23Profª.: Rejane Fonseca Segurança 24 Profª.: Rejane Fonseca Combinação das Ações 25 Profª.: Rejane Fonseca Combinação das Ações 26Profª.: Rejane Fonseca Combinação das Ações 27Profª.: Rejane Fonseca Resistências 28Profª.: Rejane Fonseca O valor da resistência é representado pela letra “𝑓”, e, a resistência de cálculo “𝑓𝑑”. (𝑓𝑑 = 𝑓𝑘/ 𝛾𝑚) Resistências 29Profª.: Rejane Fonseca Os coeficientes de majoração das ações e das solicitações são representados por γf. Os coeficientes de minoração das resistências são indicados por γm, sendo γc para o concreto e γs para o aço. Resistências 30Profª.: Rejane Fonseca Em condições normais – Tabela 12.1 (NBR 6118/2014) – os coeficientes de ponderação das resistências no ELU são: Condição analítica de Segurança 31Profª.: Rejane Fonseca As RESISTÊNCIAS devem ser MAIORES do que as SOLICITAÇÕES. Modelo de Dimensionamento Ensaio de Stuttgart 32Profª.: Rejane Fonseca Estádios 33Profª.: Rejane Fonseca Os resultados destes ensaios, demonstram que a seção passa por três fases sucessivas e distintas, na medida em que o carregamento evolui de seu valor inicial até o instante em que o mesmo provoca o colapso da estrutura. Estas fases são denominadas ESTÁDIOS I, II, III, destacando-se o comportamento, as tensões e as deformações em cada um deles. Estádio I 34Profª.: Rejane Fonseca No Estádio I o carregamento externo aplicado é ainda pequeno (início do carregamento), de modo que as deformações e as tensões normais são também pequenas, logo o concreto consegue resistir às tensões de tração. As tensões se distribuem de maneira linear ao longo da altura da seção transversal, sendo válida a lei de Hooke. A um certo valor do carregamento as tensões de tração superam a resistência do concreto à tração, é quando surge a primeira fissura. Portanto, o estádio I termina quando a seção fissura. Estádio I 35Profª.: Rejane Fonseca Levando-se em consideração a baixa resistência do concreto à tração, se comparada com a resistência à compressão, percebe- se a inviabilidade de um possível dimensionamento neste estádio. Estádio II 36Profª.: Rejane Fonseca Neste nível de carregamento, o concreto não mais resiste à tração e a seção se encontra fissurada na região de tração. A contribuição do concreto tracionado deve ser desprezada. No entanto, a parte comprimida ainda mantém um diagrama linear de tensões, permanecendo válida a lei de Hooke. Com a evolução do carregamento, as fissuras caminham no sentido da borda comprimida, a linha neutra também e a tensão na armadura cresce, podendo atingir o escoamento ou não. O estádio II termina com o inicio da plastificação do concreto comprimido. Estádio II 37Profª.: Rejane Fonseca Observe-se que a linha neutra já subiu um pouco, pela desconsideração da resistência do concreto à tração. Basicamente, o estádio II serve para a verificação da peça em serviço. Estádio III 38 No estádio III, a zona comprimida encontra-se plastificada e o concreto dessa região está na iminência da ruptura. As relações tensão-deformação não são mais lineares (correspondendo agora ao diagrama parábola-retângulo), o que faz a linha neutra subir ainda um pouco mais. Estádio III 39Profª.: Rejane Fonseca É no estádio III que é feito o dimensionamento, situação em que denomina “cálculo na ruptura” ou “cálculo no estádio III”. A NBR 6118/2014 permite para efeito de cálculo que se trabalhe com um diagrama retangular equivalente. A resultante de compressão e o braço em relação à LN devem ser aproximadamente os mesmos para os dois diagramas. Estádio III 40Profª.: Rejane Fonseca A tensão do concreto é considerada 0,85 fcd para os casos de largura constante ou crescente no sentido das fibras comprimidas a partir da LN para fck ≤ 50 Mpa. E a Tensão é considerada 0,80 fcd para os casos de largura decrescente no sentido das fibras mais comprimidas, a partir da linha neutra para fck ≤ 50 Mpa. Domínios 41Profª.: Rejane Fonseca Ao fim do Estádio III, a ruptura do elemento estrutural submetido à flexão simples pode se dar de diferentes formas. Esses modos de falha são enquadrados dentro dos chamados DOMÍNIOS DE RUPTURA (ou Domínios de Deformação). Possibilidades de colapso: • Ruptura do concreto (Domínio 3, 4 e 5); • Escoamento excessivo do aço (Domínio 1 e 2). Domínios 42Profª.: Rejane Fonseca Hipóteses Fundamentais: 1) Seções planas permanecem planas; 2) Aderência total entre aço e concreto; 3) Concreto não resiste à tração. Os domínios são representações das deformações que ocorrem na seção transversal dos elementos estruturais. As deformações são de alongamento e encurtamento, oriunda de tensões de tração e compressão, respectivamente. Domínios 43Profª.: Rejane Fonseca Para determinar a resistência de cálculo de uma seção, é preciso saber primeiramente em qual domínio está situado o diagrama de deformações específicas de cálculo dos materiais (aço e concreto). Domínios 44Profª.: Rejane Fonseca Domínios 45Profª.: Rejane Fonseca As deformações limites (ou últimas) são de 3,5 ‰ (para os concretos do Grupo I de resistência) para o encurtamento no concreto comprimido e 10 ‰ para o alongamento na armadura tracionada, e como são valores últimos diz-se que os diagramas de deformações correspondem ao Estado-Limite Último. Domínios 46Profª.: Rejane FonsecaO desenho dos diagramas de domínios pode ser entendido como uma peça sendo visualizada em vista ou elevação, constituída com duas armaduras longitudinais próximas às faces superior e inferior da peça (As1 e As2). A posição da linha neutra é dada pelo valor de x, no caso específico da Figura, x é contado a partir da face superior. Em função dos vários domínios, a linha neutra estará compreendida no intervalo entre −∞ (lado superior do desenho) e +∞ (lado inferior do desenho). Quando 0 ≤ 𝑥 ≤ ℎ, a linha neutra estará posicionada nas faces ou dentro da seção transversal. Domínios 47Profª.: Rejane Fonseca • Ruptura convencional por deformação plástica excessiva: Reta a: tração uniforme. Domínio 1: tração não uniforme, sem compressão. Domínio 2: flexão simples ou composta sem ruptura à compressão do concreto (0 ≤ 𝜀𝑐 ≤ 𝜀𝑐𝑢) e com o máximo alongamento do aço permitido (𝜀𝑠 = 10‰). – Elementos subarmados. Domínios 48Profª.: Rejane Fonseca • Ruptura convencional por encurtamento limite do concreto: Domínio 3: flexão simples ou composta com ruptura à compressão do concreto (𝜀𝑐 = 𝜀𝑐𝑢) e com escoamento do aço (10‰ ≤ 𝜀𝑠 ≤ 𝜀𝑦𝑑) Domínio 4: flexão simples ou composta com ruptura à compressão do concreto (𝜀𝑐 = 𝜀𝑐𝑢) e aço tracionado sem escoamento (𝜀𝑠 < 𝜀𝑦𝑑). – Elementos superarmados (ruptura brusca). Domínio 4a: flexão composta com armaduras comprimidas. Domínio 5: compressão não uniforme, sem tração. Reta b: compressão uniforme. Domínios 49Profª.: Rejane Fonseca Os diagramas valem para todos os elementos estruturais que estiverem sob solicitações normais, como a tração e a compressão uniformes e a flexão simples. Observação: • Equilíbrio de forças – flexão simples (Domínios 2, 3 e 4); • Posição da linha neutra – 𝑥; • Domínios apropriados para vigas de concreto armado – 2 e 3 (ruptura dúctil). Reta a 50Profª.: Rejane Fonseca O caso de solicitação da Reta a é a tração aplicada no centro de gravidade da seção transversal. A linha neutra encontra-se no − ∞ (acima da seção transversal), e todos os pontos da seção transversal, inclusive as armaduras, estão com deformação de alongamento igual à máxima de 10 ‰. As duas armaduras, portanto, estão com a mesma tensão de tração, a de início de escoamento do aço, 𝑓𝑦𝑑. Domínio 1 51Profª.: Rejane Fonseca O domínio 1 ocorre quando a força normal de tração não está aplicada no centro de gravidade da seção transversal (CG), isto é, existe uma excentricidade da força normal em relação ao centro de gravidade. A solicitação é de tração não uniforme que também se diz tração com pequena excentricidade. A seção está inteiramente tracionada, embora com deformações diferentes ao longo da altura da seção. A deformação de alongamento na armadura mais tracionada (εs2) é fixa e vale 10 ‰. A linha neutra é externa à seção transversal, com x tendo um valor negativo e variando no intervalo – ∞ < x < 0. Com x = 0 a seção está no limite entre os domínios 1 e 2. Domínio 1 52Profª.: Rejane Fonseca A capacidade resistente da seção é proporcionada apenas pelas armaduras, pois o concreto encontra-se inteiramente tracionado. O tirante é o elemento estrutural deste domínio. Domínio 2 53Profª.: Rejane Fonseca Ocorrem a solicitação de flexão simples, tração excêntrica com grande excentricidade ou compressão excêntrica com grande excentricidade. A seção transversal tem parte tracionada e parte comprimida. Caracterizado pela deformação de alongamento fixada em 10‰ na armadura tracionada. Em função da posição da linha neutra, que pode variar de zero a 𝑥2𝑙𝑖𝑚 (0 ≤ 𝑥 ≤ 𝑥2𝑙𝑖𝑚), a deformação de encurtamento na borda mais comprimida varia de zero até 3,5‰. Domínio 2 54Profª.: Rejane Fonseca Quando a linha neutra passar por 𝑥2𝑙𝑖𝑚, ou seja, 𝑥 = 𝑥2𝑙𝑖𝑚, as deformações na armadura tracionada e no concreto da borda comprimida serão os valores últimos, 10‰ e 3,5‰, respectivamente. Domínio 3 55 Os casos de solicitação são os mesmos do Domínio 2, ou seja, flexão simples, tração excêntrica com grande excentricidade ou compressão excêntrica com grande excentricidade. A seção transversal tem parte tracionada e parte comprimida. O Domínio 3 é caracterizado pela deformação de encurtamento máxima fixada em 3,5‰ no concreto da borda comprimida. A deformação de alongamento na armadura tracionada varia da deformação de início de escoamento do aço (𝜀𝑦𝑑) até o valor máximo de 10‰, o que implica que a tensão na armadura é a máxima permitida, 𝑓𝑦𝑑. A posição da linha neutra pode variar, desde o valor 𝑥2𝑙𝑖𝑚 até 𝑥3𝑙𝑖𝑚 (𝑥2𝑙𝑖𝑚 ≤ 𝑥 ≤ 𝑥3𝑙𝑖𝑚), que delimita os Domínios 3 e 4. Domínio 3 56 A deformação de encurtamento na armadura comprimida é menor mas próxima a 3,5‰, por estar próxima à borda comprimida, onde a deformação é 3,5‰. Na situação última a ruptura do concreto comprimido ocorre simultaneamente com o escoamento da armadura tracionada. Situação ideal, pois, os dois materiais atingem sua capacidade resistente máxima. Domínio 4 57 Os casos de solicitação do Domínio 4 são a flexão simples e a flexão composta. A seção transversal tem parte tracionada e parte comprimida. O Domínio 4 é caracterizado pela deformação de encurtamento máxima fixada em 3,5‰ no concreto da borda comprimida. A deformação de alongamento na armadura tracionada varia de zero até a deformação de início de escoamento do aço (𝜀𝑦𝑑), o que implica que a tensão na armadura é menor que a máxima permitida, 𝑓𝑦𝑑. A posição da linha neutra pode variar de 𝑥3𝑙𝑖𝑚 até a altura útil 𝑑. Domínio 4 58 Domínio 4a 59 No Domínio 4a a solicitação é de flexão composta (flexo- compressão). A seção transversal tem uma pequena parte tracionada e a maior parte comprimida. O Domínio 4a também é caracterizado pela deformação de encurtamento máxima fixada em 3,5‰ no concreto da borda comprimida. A linha neutra ainda está dentro da seção transversal, na região de cobrimento da armadura menos comprimida (𝐴𝑠2), ou seja, 𝑑 ≤ 𝑥 ≤ ℎ. Ambas as armaduras se encontram comprimidas, embora a armadura próxima à linha neutra tenha tensões muito pequenas. Domínio 4a 60 Domínio 5 61 No Domínio 5 ocorre a compressão não uniforme ou flexo- compressão com pequena excentricidade (flexão composta). A linha neutra não corta a seção transversal, que está completamente comprimida, embora com deformações diferentes. As duas armaduras também estão comprimidas. A posição da linha neutra varia de h até +∞. O que caracteriza o Domínio 5 é o ponto 𝐶 a 3/7ℎ. A linha inclinada do diagrama de deformações passa sempre por este ponto no Domínio 5. Domínio 5 62 A deformação de encurtamento na borda mais comprimida varia de 2‰ a 3,5‰ e na borda menos comprimida varia de 0 a 2‰, em função da posição x da linha neutral. A forma do diagrama de deformações será a de um trapézio. Reta b 63 O caso de solicitação da Reta b é a compressão uniforme (também chamada compressão simples ou compressão axial), com a força normal de compressão aplicada no centro de gravidade da seção transversal. A linha neutra encontra-se no +∞, e todos os pontos da seção transversal estão com deformação de encurtamento igual a 2‰. As duas armaduras, portanto, estão sob a mesma deformação (εc2) e a mesma tensão de compressão (fyd). Determinação de x2/3 (x2lim) 64 Determinação de x2/3 (x2lim) 65 Determinação de x3/4 (x3lim) 66 Determinação de x3/4 (x3lim) 67 Determinação de x3/4 (x3lim) 68 Observação 69 As deformações nos materiais componentes das vigas de Concreto Armado submetidas à flexão simples encontram-se nos domínios de deformações 2, 3 ou 4, conforme definidos na NBR 6118 (item 17.2.2). Conclusões 70 Como conclusão pode-se afirmar: as vigas devem ser projetadas à flexão simples nos domínios 2 ou 3, e não podem ser projetadas no domínio 4.Conclusões 71 Para complementar essa análise, é importante observar que a NBR 6118 (item 14.6.4.3) apresenta limites para a posição da linha neutra que visam dotar as vigas e lajes de ductilidade, afirmando que quanto menor for a relação 𝑥/𝑑 (x = posição da linha neutra, d = altura útil da viga), maior será a ductilidade. Os limites são: • 𝑥/𝑑 ≤ 0,45 para concretos com 𝑓𝑐𝑘 ≤ 50 𝑀𝑃𝑎 • 𝑥/𝑑 ≤ 0,35 para concretos com 𝑓𝑐𝑘 > 50 MPa. Conclusões 72 Considerando os concretos do Grupo I de resistência (𝜀𝑐𝑢 = 3,5 ‰) e o aço mais comum (CA-50), no limite entre os domínios 3 e 4 a relação x/d para a linha neutra é 0,628d e a deformação no aço é a deformação de início de escoamento (𝜀𝑦𝑑) de 2,07 ‰, o limite máximo de 𝑥/𝑑 = 0,45 corresponde à deformação de alongamento de 4,3 ‰, o que significa que a norma está impondo uma deformação maior àquela de início de escoamento, visando vigas mais seguras. Portanto, o dimensionamento no domínio 3 não é permitido ao longo de toda a faixa possível de variação da posição da linha neutra, e sim somente até o limite 𝑥 = 0,45 𝑑.