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RDP_APOSTILA_6_DIREITO_PENAL_PRESCRIÇÃO_E_DECADÊNCIA_PENAIS_DPE

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RETA FINAL | DPE/CE 
 
 
1 
CURSO RDP 
DIREITO PENAL 
APOSTILA 06 | RETA FINAL - DPE/CE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO PENAL 
APOSTILA 06 
 
RETA FINAL | DPE/CE 
 
 
2 
CURSO RDP 
DIREITO PENAL 
APOSTILA 06 | RETA FINAL - DPE/CE 
 (...) Extinção da punibilidade 
 
De todas as extinções de punibilidade previstas no Código Penal, a prescrição é a mais importante para 
nossa prova da DPE/CE. Assim, reservamos uma apostila inteira para tratar sobe o tema, considerando ser 
importante não apenas na primeira fase, mas na peça-crime da segunda fase e também na prova oral. 
 
Mas antes de falarmos sobre prescrição no Direito Penal, saibam que esta, assim como no Direito Civil, não 
se confunde com a decadência. 
 
Você deve estar se perguntando: decadência no direito penal? 
 
Sim, vamos lembrar. 
 
1.2 PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA NO DIREITO PENAL 
 
Lembre-se que a prescrição e a decadência, no Direito Penal, são hipóteses de extinção de punibilidade 
previstas no Código Penal (Art. 107). 
 
Extinção da punibilidade 
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: 
I - pela morte do agente; 
II - pela anistia, graça ou indulto; 
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; 
IV - pela prescrição, decadência ou perempção; 
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; 
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; 
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. 
 
No Direito Penal, a decadência é a perda do direito de queixa ou de representação em face da inércia de 
seu titular durante o prazo previsto em lei. Esse prazo, como regra, é de seis meses, contados do dia em que o 
ofendido veio a saber quem é o autor do crime1, ou no caso de ação penal privada subsidiária, do dia em que se 
esgote o prazo para o oferecimento da denúncia. 
 
Eu quero que você saiba que o prazo decadencial é para o oferecimento da queixa-crime, e não para o 
recebimento, certo? Além disso, a decadência penal não se submete a situações de interrupções ou suspensões, 
como acontece na prescrição. 
 
Em síntese, a decadência ocorre antes da propositura da ação, e a prescrição pode ocorrer tanto antes 
como depois, inclusive após o trânsito em julgado da condenação (prescrição executória, por exemplo). 
 
Outra diferença é que a decadência só ocorre na ação penal de iniciativa privada e na pública condicionada 
à representação. A prescrição, como sabemos, se aplica em qualquer ação penal, exceto naquela em que se apure 
crimes imprescritíveis. 
 
 
 
 
 
 
 
1 Critério da Actio Nata. 
RETA FINAL | DPE/CE 
 
 
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CURSO RDP 
DIREITO PENAL 
APOSTILA 06 | RETA FINAL - DPE/CE 
DECADÊNCIA2 PRESCRIÇÃO 
Só ocorre antes da propositura da ação Antes ou depois (inclusive após o trânsito em julgado) 
Só ocorre na ação penal de iniciativa privada e na 
pública condicionada à representação. 
Se aplica em qualquer ação penal, exceto naqueles em 
que se apure crimes imprescritíveis. 
Extingue o próprio direito de queixa ou representação Extingue o direito de punir 
 
Ficou clara a distinção entre prescrição e decadência no Direito Penal? 
 
Agora vamos entrar em prescrição, aprofundando naquilo que for necessário. Eu tenho certeza que você 
hoje vai compreender bem o instituto e não vai mais errar a questão. 
 
Vamos lá!! 
 
Como vimos, a prescrição é a perda da pretensão (ius puniendi) punitiva do estado ou da pretensão 
executória em face da inércia do próprio Estado. 
 
Se eu te perguntasse qual o fundamento da prescrição, o que você me responderia? 
 
Segurança Jurídica? Exato. Muito bom! É exatamente isso. 
 
Se o Estado permite que o agente possa ser punido muito tempo após o fato, além das provas 
possivelmente não existirem mais, gerando falsas memórias, a pena jamais cumpriria sua função. Imagine, por 
exemplo, alguém pratique um roubo aos 18 anos com um simulacro, quando era jovem, aos 18 anos, e aos 50 anos 
foi punido, quando já estava com outra vida, morando em outro estado, casado, com filhos e netos. A finalidade de 
prevenção especial positiva será cumprida? Muito provavelmente não. 
 
Visto isso, precisamos saber qual a natureza jurídica da prescrição. 
 
Olha, se você abrir no art. 107 do Código Penal, vai perceber que ele inicia da seguinte maneira: “Art. 107. 
Extingue-se a punibilidade (…). 
 
E o inciso IV traz justamente a prescrição como forma de extinção da punibilidade. Portanto, sua natureza 
jurídica é, assim como o indulto, anistia, graça, perempção e decadência, causa de extinção de punibilidade. 
 
Ficou fácil né? 
 
Vamos continuar. 
 
A nossa maior dificuldade é entender as espécies de prescrição. Eu digo isso porque quando eu entendi a 
diferença entre as espécies de prescrição e suas características, comecei a acertar muito mais questões. Na verdade, 
muita gente já carrega um trauma interno; quando a questão começa com “sobre prescrição, marque a alternativa 
correta” o aluno já trava e começa a dar passamento (claramente eu há alguns anos, rs). 
 
Eu sei disso porque eu tinha esse mesmo bloqueio. Ou seja, se você tem, normal. Mas só terá até hoje! 
 
Agora eu quero que você entenda que existem dois grandes grupos de prescrição: a) da pretensão punitiva 
e b) da pretensão executória. 
 
 
2 Recetemente o STJ decidiu que o prazo do art. 529 do Código de Processo Penal não afasta a decadência pelo não exercício do direito de 
queixa em seis meses, contados da ciência da autoria do crime. REsp 1.762.142/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Junior, Sexta Turma, por 
unanimidade, julgado em 13/04/2021. 
 
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DIREITO PENAL 
APOSTILA 06 | RETA FINAL - DPE/CE 
Dentro desses dois grupos há diversas espécies, mas não se preocupe, vamos com calma. 
 
Veja, quando se fala em prescrição, precisamos entender se estamos falando da PPP (perda da pretensão 
punitiva) ou da PPE (perda da pretensão executória). Beleza, até aí eu entendi, professor. Mas o que tem dentro de 
cada uma delas? 
 
Boaaa pergunta. 
 
A prescrição da pretensão punitiva (ou perda da pretensão punitiva – PPP) é subdividida em: a) prescrição 
da pretensão propriamente dita; b) prescrição intercorrente (ou superveniente) e c) prescrição retroativa. 
 
Pronto, todas essas três modalidades são espécies de prescrição da pretensão punitiva. 
 
E a prescrição executória, quantas modalidades há dentro dela? 
 
Nenhuma. Ela é uma prescrição isolada, não há espécies dentro dela. 
 
Agora eu quero você entenda que o que separa esses dois grandes grupos (punitiva e executória) é o 
TRÂNSITO EM JULGADO. Ou seja, na prescrição da pretensão punitiva não há trânsito em julgado para ambas as 
partes (defesa e acusação), diferente da prescrição executória, em que necessariamente deverá ter trânsito em 
julgado ao menos para o Ministério Público ou para o querelante. 
 
Em resumo: 
 
Vejam a tabela abaixo: 
 
PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA 
PROPRIAMENTE DITA 
(ABSTRATO) 
Não há trânsito em julgado para ninguém. 
SUPERVENIENTE 
(CONCRETO) 
Há trânsito em julgado para acusação, mas não para defesa. 
RETROATIVA 
(CONCRETO) 
Há trânsito em julgado para acusação, mas não para defesa. 
 
 
 
 
 
 
PRESCRIÇÃO
PRESCRIÇÃO DA 
PRETENSÃO 
PUNITIVA
PROPRIAMENTE 
DITA
SUPERVENIENTE
RETROATIVA
PRESCRIÇÃO DA 
PRETENSÃO 
EXECUTÓRIA
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PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA 
PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO 
EXECUTÓRIA 
Há trânsito para acusação e defesa. 
 
1.3 EFEITOS DA PRESCRIÇÃO 
 
É importante saber os efeitos da prescrição, que serão diferentes em se tratando de prescrição da pretensão 
punitiva ou prescrição da pretensão executória. 
 
1.3.1 EFEITOS NA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA 
 
Na prescrição da pretensão punitiva (PPP), a prescrição obsta o exercício da ação penal, por ausência de 
interesse a legitimidadepara a intervenção do Estado. Portanto, mesmo antes da ação penal (ou durante ela), 
estando o crime prescrito é possível que se impetre HC para trancar a ação penal ou o inquérito policial. O 
reconhecimento da prescrição pode se dar a qualquer momento, por tratar-se de matéria de ordem pública. 
 
A PPP também apaga todos os efeitos de eventual sentença CONDENATÓRIA, seja principal ou secundário, 
penais ou extrapenais. É importante dizer que sequer servirá para fins de reincidência, muito menos para fins de 
execução no juízo cível. 
 
1.3.2 EFEITOS DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA 
 
Na prescrição da pretensão executória, como vimos, já existe trânsito em julgado. O estado não tem o 
tempo todo do mundo para executar a pena em um condenado. Como já há uma pena aplicada, a prescrição será 
conhecida pelo juízo da execução penal, cuja decisão caberá agravo em execução, inclusive (art. 66, II, e 197 da 
LEP). 
 
Neste caso, diferente da PPP, extingue somente a pena (no caso, o efeito principal), mas os demais efeitos 
(secundários, penais e extrapenais) são mantidos. É só você pensar da seguinte forma: o réu foi condenado? Foi. 
Certo, então isso quer dizer que o estado conseguiu condená-lo. Mas o estado conseguiu que o condenado 
cumprisse a pena? Não. Por quê? Porque não foi encontrado, por exemplo. 
 
Então, como ele já foi condenado, a condenação subsistirá, podendo servir para fins de reincidência, 
inclusive e para executar os danos civis no juízo cível. 
 
Feitas essas considerações, vamos entrar na parte mais importante, que é entender as espécies de cada 
prescrição. 
 
Assim sendo: 
 
PPP PPE 
Apaga os efeitos penais e extrapenais, principais 
e secundários, da condenação. 
Somente apaga os efeitos PENAIS PRINCIPAIS da condenação; 
são mantidos os efeitos penais SECUNDÁRIOS e os efeitos 
EXTRAPENAIS. 
 
2. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA 
 
Agora vamos trabalhar as três espécies de prescrição da pretensão punitiva vistas acima, quais sejam: a) 
propriamente dita; b) superveniente; c) retroativa. 
 
Vamos começar com a propriamente dita. 
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2.1 PRESCRIÇÃO PROPRIAMENTE DITA (EM ABSTRATO) 
 
Talvez essa seja a prescrição mais cobrada em nossas provas. Ela é muito importante mesmo. 
 
Está prevista no art. 109 do CP, segundo o qual a prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, 
salvo o disposto no § 1º do art. 110 do Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao 
crime, em consonância com a seguinte tabela. 
 
 
PRAZO PRESCRICIONAL PENA MÁXIMA 
20 ANOS Se o máximo da pena é superior a doze; 
16 ANOS Se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze; 
12 ANOS Se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito; 
8 ANOS Se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro; 
4 ANOS Se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois; 
3 ANOS Se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano. 
 
Ou seja, para encontrar a prescrição de uma determinada infração penal, você precisa olhar a pena máxima 
e conferir na tabela do art. 109. Ex.: Marcos praticou furto (art. 155, CP). A pena máxima do furto simples é 4 anos. 
De acordo com a tabela (art. 109, IV), o furto prescreve em 8 anos, pois a pena máxima é superior a dois anos e não 
excede a quatro. 
 
Certo, até aí tudo ok! 
 
Eu quero que você tome cuidado com uns detalhes. 
 
Veja que o inciso VI tem o seguinte: Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010. 
 
Isso porque antes dessa Lei, o prazo previsto no inciso VI era de 2 anos (hoje, como vimos, é de 3 anos). Ou 
seja, se o crime tiver sido praticado antes da entrada em vigor da Lei nº 12.234/2010, que se deu em 05/05/2010, 
deverá ser observado o prazo de 2 anos. 
 
 Dando continuidade, nós vimos que para acharmos o prazo prescricional, pegamos a pena máxima e 
“jogamos na tabela do art. 109”, lembra? Acontece que, como o nosso sistema de cálculo da pena é trifásico, eu te 
faço a seguinte pergunta: as agravantes, atenuantes, qualificadoras, causas de aumento e diminuição de pena 
interferem na prescrição? Ou eu só observo tão somente a pena máxima em abstrato? 
 
 Não é tão simples assim, vamos entender. 
 
 Com relação à primeira fase da dosimetria (art. 59, circunstâncias judiciais), não há interferência na 
prescrição. Na 2ª fase, também não há como as atenuantes e agravantes interferirem na prescrição. 
 
 PAROU! 
 
 Professor, e a menoridade relativa (ter menos de 21 anos na data do fato) e a senilidade (ter mais de 70 na 
data da sentença), que segundo o art. 115 do CP reduzem pela metade o prazo da prescrição? 
 
Pois é, eu ia comentar justamente que há essas duas exceções, que você me adiantou. 
 
É exatamente isso. 
 
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DIREITO PENAL 
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Redução dos prazos de prescrição 
Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 
21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos. 
 
CAIU NA DPE-BA-2016-FCC: “É reduzido de metade o prazo de prescrição quando o agente for menor de 21 anos 
na data da sentença”.3 
CAIU NA DPE-PR-2014-NC-UFRPR: “São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao 
tempo do crime, maior de 60 (sessenta) anos”.4 
 
E na terceira fase da dosimetria da pena (causas de diminuição e aumento da pena), há interferência na 
prescrição? 
 
Olha, aqui, cuidado. 
 
As causas de diminuição e aumento podem levar a pena acima ou abaixo do abstratamente previsto, por 
isso elas interferem na prescrição. Inclusive, no caso de concurso entre causa de aumento e diminuição, o 
magistrado deverá calcular a prescrição da pretensão punitiva propriamente dita com base na pena máxima 
cominada ao delito, considerando a causa que mais aumente, subtraindo, em seguida, da causa que menos 
diminua, como bem alerta Cleber Masson (Direito Penal Esquematizado, 2014, p. 212). 
 
Certo, entendido essa parte, vamos continuar na PPP. 
 
 A partir de qual momento se tem início a contagem do prazo prescricional? 
 
 O art. 111 do CP traz as regras. 
 
Art. 111. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr: 
I - do dia em que o crime se consumou (REGRA) 
II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa; 
III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência; 
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que o fato se 
tornou conhecido. 
V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste Código ou em legislação 
especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação 
penal. 
 
CAIU NA DPE-PR-2014-NC-UFPR: “Nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos no 
Código Penal ou em legislação especial, a prescrição da pretensão punitiva começa a correr da data em que a vítima 
completar 21 (vinte e um) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal.”5 
 
Vamos entender. 
 
A Regra geral é a de que a prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, comece a correr do 
dia em que o crime se consumou. 
 
3 ERRADO. Essa questão foi dada como errada pela banca porque o Código Penal afirma que são reduzidos de metade os prazos de prescrição 
quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, e não na data do fato. No entanto, eu entendo que está correta, 
pois se o agente tem menos de 21 na data da sentença, obviamente ele tinha menos de 21 na data do fato. 
4 ERRADO. São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, 
ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos. 
5 ERRADO. Segundo o art. 111, V do Código Penal, nos crimescontra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste Código 
ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal. 
Erra a questão ao colocar 21 anos. 
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No entanto, o próprio art. 111 traz as exceções. 
 
EXCEÇÕES DO ART. 111: No caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa. Nos crimes permanentes, 
do dia em que cessou a permanência. Nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro 
civil, da data em que o fato se tornou conhecido. Por fim, nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e 
adolescentes, previstos neste Código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) 
anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal. 
 
CUIDADO: Eu sei que Empresarial é um pouco chato, mas você precisa saber que nos crimes falimentares (ou seja, 
aqueles que decorrem de fraude praticada pelo devedor ou terceiro envolvido e que resulte ou possa resultar em 
prejuízo aos credores da companhia falida), embora se apliquem os mesmos prazos do art. 109, CP, o início do prazo 
prescricional começa a correr do dia da decretação da falência, da concessão da recuperação judicial ou com a 
homologação do plano de recuperação extrajudicial. 
 
Isso porque a decretação da falência, concessão de recuperação judicial ou homologação do plano de recuperação 
extrajudicial são condições objetivas de punibilidade nos crimes falimentares; ou seja, se não forem verificados, não 
haverá crime e, muito menos, prescrição a ser aferida. 
 
Precisamos estar atentos às causas interruptivas da prescrição. 
 
O art. 117 do Código Penal traz, do inciso I ao IV, as interrupções da prescrição da pretensão punitiva. 
 
Vejam: 
 
Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: 
I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; 
II - pela pronúncia; 
III - pela decisão confirmatória da pronúncia; 
IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis; (Redação dada pela Lei nº 11.596, de 2007). 
V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; 
VI - pela reincidência. 
 
Mas perceba que há ainda os incisos V e VI, que são marcos interruptivos da prescrição da pretensão 
EXECUTÓRIA, cuidado. Veremos isso mais à frente! 
 
Em palavras simples, o que significa interromper a prescrição? 
 
Interromper significa que verificada a causa legalmente prevista, o intervalo temporal volta ao seu início. 
Vamos entender através de um exemplo. 
 
Imagine que Victor, aos 19 anos, cometa um crime de furto em 05 de fevereiro de 2013. No entanto, foi 
denunciado em 05 de fevereiro de 2018, está prescrito? 
 
Fiz uma pegadinha para ver se vocês estavam atentos, pois é isso que o examinador faz. Veja que Victor 
cometeu o crime de furto aos 19 anos. Nesse caso a prescrição será contada pela metade. Furto simples, como 
vimos, prescreve em 8 anos, reduzindo pela metade prescreve em 4 anos. Portanto, em 04 de fevereiro de 2017 o 
crime já estava prescrito (prescrição propriamente dita, considerando como termo inicial a data da consumação). 
 
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Agora perceba que se ele não tivesse menos de 21 anos na data do fato delituoso, não incidiria a redução 
pela metade6, e neste caso o crime não estava prescrito, porque a data do fato foi em 2013. Mas deixa eu te 
perguntar: neste caso, é correto afirmar que em 05 de fevereiro de 2018 houve o primeiro marco interruptivo? 
 
Não. 
 
Veja que o primeiro marco interruptivo, segundo o art. 117, I do CP, é o recebimento da denúncia, que não 
se confunde com OFERECIMENTO desta. Portanto, sobretudo em provas objetivas e discursivas (peças criminais), 
fiquem atentos aos prazos. O exemplo que eu dei não forneceu o dia do recebimento, portanto você não poderia 
presumir. 
 
CAIU NA DPE-BA-2016-FCC: “O oferecimento da denúncia ou queixa é causa interruptiva da prescrição”.7 
 
CAIU NA DPE-MS-2014-VUNESP: “O oferecimento da denúncia ou da queixa não interrompe a prescrição.”8 
 
Vamos continuar, estamos indo muito bem. 
 
O art. 117, II do Código Penal aduz que a decisão de pronúncia, no Tribunal do Júri, também interrompe a 
prescrição. 
 
Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: 
I - pela pronúncia; 
 
Vamos entender isso. 
 
Imagine que tenha havido o recebimento da denúncia contra Marcos, acusado de feminicídio. Do 
recebimento da denúncia até a instrução levaram-se 5 anos, quando o juízo pronunciou Marcos para submetê-lo à 
fase de Plenário. 
 
Veja que com essa decisão de pronúncia, como há a interrupção da prescrição, ela zera e se reinicia 
novamente. Perceba que esse marco interruptivo só tem lugar nas ações criminais que envolvam os crimes contra 
a vida e os conexos com estes, cuja competência, em regra, é do Tribunal do Júri. Além do mais, não é demais 
reforçar que segundo o Enunciado 191 da Súmula do STJ, a pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que 
o Tribunal do Júri venha a desclassificar o crime. 
 
Enunciado 191 - STJ: A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o Tribunal do Júri venha a 
desclassificar o crime. 
 
Vamos continuar. 
 
Já o inciso III do mesmo art.117 traz outro marco interruptivo da prescrição, que é a “decisão confirmatória 
da pronúncia”. Se você não entendeu o que esse inciso quis dizer, eu vou explicar. 
 
É bem simples. 
 
Marcos foi pronunciado por feminicídio, com isso houve a interrupção da prescrição, como vimos. 
 
6 Gente, atente-se para um novo julgado do STJ bem importante no tocante à redutora. No HC 316.110-SP, o STJ entendeu que a redução 
do prazo prescricional prevista no art. 115 do CP não se relaciona com as causas interruptivas da prescrição previstas no art. 117 do mesmo 
diploma legal, tratando-se de fenômenos distintos e que repercutem de maneira diversa. HC 316.110-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, 
Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 25/06/2019, DJe 01/07/2019. 
7 ERRADO. O que interrompe é o recebimento e não o oferecimento. 
8 CERTO. Veja como isso cai bastante! 
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No entanto, o Defensor Público interpôs recurso em sentido estrito, alegando excesso de linguagem9, 
requerendo, por fim, a despronúncia. 
 
O TJ, no entanto, nega provimento ao recurso da defesa e CONFIRMA a pronúncia do juízo de primeiro grau. 
 
É exatamente isso que ocasiona, mais uma vez, a interrupção da prescrição. Leia o que diz o inciso III do art. 
117 do Código Penal: 
 
Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: 
III - pela decisão confirmatória da pronúncia; 
 
CAIU NA DPE-SC-2017-FCC: “A pronúncia e o acórdão confirmatório da pronúncia interrompem a prescrição”.10 
 
Por fim, temos mais um marco interruptivo, que está no inciso IV do art. 117 do CP: a interrupção pela 
publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis. 
 
Aqui vamos por partes. 
 
Primeiro, a publicação da sentença CONDENATÓRIA interrompe a prescrição. O primeiro cuidado que eu 
quero que você tenha é que o Código fala em publicação11 da sentença. O segundo, é que a sentença precisa ser 
CONDENATÓRIA. 
 
Trocando em miúdos, eu poderia dizer que a sentença que aplica medida de segurança interrompe a 
prescrição? 
 
Não. 
 
Lembre-se que a sentença que aplica medida de segurança tem natureza absolutória imprópria. Segundo 
Cleber Masson, interromperá quando dirigida ao semi-imputável, já que nesse caso a sentença é condenatória, mas 
o magistrado diminui a pena de 1/3 a 2/3, e, comprovada sua periculosidade, substitui a pena por uma medida de 
segurança. 
 
Agora vamos para a segunda parte do mesmo inciso IV do art. 117: “interrupção pela publicação do acórdão 
condenatório recorrível. 
 
Neste caso, a sentença de primeiro grau absolveu o réu,e o Ministério Público (ou querelante) recorreu. 
 
Ao julgar o recurso o Tribunal reforma a sentença e CONDENA o réu. Portanto, a interrupção se dá com a 
sessão do julgamento pelo Tribunal competente. 
 
Mas cuidado com um detalhe. 
 
Se o réu é condenado em primeiro grau, vimos que a prescrição é interrompida pela publicação da sentença. 
 
 
9 Excesso de linguagem é, em síntese, quando o juiz, na decisão de pronúncia, se excede e faz um juízo de certeza. Sabemos que a 
competência para julgamento dos crimes dolosos contra a vida é do Júri e não do juiz togado. Portanto, se na decisão de pronúncia é feito 
juízo de certeza acerca da autoria e materialidade, isso influenciará os jurados, pois cada um deles receberá cópia de decisão de pronúncia. 
Excesso de linguagem também é chamado de eloquência acusatória, fiquem ligados. 
10 CERTO. 
11 A publicação da sentença é aquela publicação em mãos do escrivão ("Art. 389. A sentença será publicada em mão do escrivão, que lavrará 
nos autos o respectivo termo, registrando-a em livro especialmente destinado a esse fim."). 
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No entanto, imagine que o acusado recorre desta sentença CONDENATÓRIA, através da Defensoria Pública, 
com contrarrazões do Ministério Público, e o Tribunal CONFIRMA a sentença de primeiro grau. 
 
Pergunta-se: há interrupção da prescrição? 
 
Em tese, não. A regra é a de que não haja interrupção da prescrição quando o acórdão apenas confirma a 
sentença condenatória. Isso porque o art. 117, IV do CP ensina que o curso da prescrição se interrompe pela 
publicação do acórdão condenatório (e não confirmatório) recorrível. 
 
Beleza. 
 
Mas aí que está. O tema até pouco tempo era divergente. No entanto, em 27/04/2020, o STF decidiu que 
o acórdão condenatório sempre interrompe a prescrição, inclusive quando confirmatório da sentença de 1º grau, 
seja mantendo, reduzindo ou aumentando a pena anteriormente imposta. 
 
“Nos termos do inciso IV do artigo 117 do Código Penal, o acórdão condenatório sempre 
interrompe a prescrição, inclusive quando confirmatório da sentença de 1º grau, seja 
mantendo, reduzindo ou aumentando a pena anteriormente imposta. STF. Plenário. HC 
176473/RR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 27/04/2020.”12 
 
O STJ ainda tinha posicionamento em sentido contrário, vejam: 
 
“Se o acórdão apenas CONFIRMA a condenação ou então REDUZ a pena do condenado, 
ele não terá o condão de interromper a prescrição. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 
1557791/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 06/02/2020. STJ. Corte Especial. AgRg no 
RE nos EDcl no REsp 1301820/RJ, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 16/11/2016”.13 
 
No entanto, tendo em vista a decisão do plenário do STF, o STJ mudou o seu posicionamento, passando a 
entender que “o acórdão confirmatório da condenação é causa interruptiva da prescrição”. AgRg no AREsp 
1.668.298-SP, Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 12/05/2020, DJe 18/05/2020. (Inf. 
672). 
 
Abaixo o resumo do Inf. 672 do STJ sobre o tema: 
 
“A jurisprudência desta Corte Superior vinha decidindo no sentido de que o acórdão 
confirmatório da condenação não é causa interruptiva da prescrição. Contudo, o Supremo 
Tribunal Federal, em decisão tomada em plenário, nos autos do HC 176.473/Roraima, que 
tem como relator o Min. Alexandre de Moraes, em 27/4/2020, fixou a seguinte tese: "Nos 
termos do inciso IV do artigo 117 do Código Penal, o acórdão condenatório sempre 
interrompe a prescrição, inclusive quando confirmatório da sentença de 1º grau, seja 
mantendo, reduzindo ou aumentando a pena anteriormente imposta". Assim, o STJ, em 
recente decisão de Relatoria do Min. Reynaldo Soares da Fonseca, apontou a alteração 
de entendimento, como se verifica na PET no AgRg no REsp 1.770.678/PA, DJe 30/4/2020. 
 
Por fim, como estamos fazendo prova para Defensoria, é mister que defendamos que acórdão que confirma 
sentença condenatória não pode interromper a prescrição. Isso porque em Direito Penal deve-se respeitar a 
interpretação literal de normas gravosas aos réus, como é o caso. Se o dispositivo fala “acórdão condenatório 
 
12 Disponível em: https://www.dizerodireito.com.br/2020/04/o-acordao-que-confirma-ou-reduz-
pena.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed:+com/rviB+(Dizer+o+Direito). Acesso em: 01/04/2021. 
13 Disponível em: https://www.dizerodireito.com.br/2020/04/o-acordao-que-confirma-ou-reduz-
pena.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed:+com/rviB+(Dizer+o+Direito). Acesso em: 01/04/2021. 
https://www.dizerodireito.com.br/2020/04/o-acordao-que-confirma-ou-reduz-pena.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed:+com/rviB+(Dizer+o+Direito)
https://www.dizerodireito.com.br/2020/04/o-acordao-que-confirma-ou-reduz-pena.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed:+com/rviB+(Dizer+o+Direito)
https://www.dizerodireito.com.br/2020/04/o-acordao-que-confirma-ou-reduz-pena.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed:+com/rviB+(Dizer+o+Direito)
https://www.dizerodireito.com.br/2020/04/o-acordao-que-confirma-ou-reduz-pena.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed:+com/rviB+(Dizer+o+Direito)
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recorrível”, então não se pode fazer uma analogia in malam partem e equipará-lo ao acórdão que simplesmente 
confirma uma sentença condenatória. 
 
Agora vamos para mais algumas informações importantes, tudo dentro de prescrição da pretensão 
PUNITIVA. 
 
2.1.2 COMUNICABILIDADE DAS CAUSAS INTERRUPTIVAS 
 
Olha, você precisa estar atento ao §1º do art. 117 do CP, que trata da regra da comunicabilidade das causas 
interruptivas da prescrição. 
 
Isso quer dizer, em outras palavras, que havendo pluralidade de pessoas (acusados), se houver a interrupção 
da prescrição para um dos acusados, a todos se estenderá, seja por concurso de pessoas, seja em razão de crimes 
conexos objeto do mesmo processo. 
 
§ 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente 
a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a 
interrupção relativa a qualquer deles. 
 
Você viu que ele faz uma ressalva acerca dos incisos V e VI logo de início? 
 
Lembra de que tratam esses incisos? Isso mesmo, da prescrição executória, por isso não se estende aos 
demais, pois são incomunicáveis. Ao final vamos ver isso, fique tranquilo! 
 
Outro detalhe importantíssimo é o previsto no art. 116 do CP, que traz as causas IMPEDITIVAS da prescrição, 
que costumam cair (bastante) em prova. Primeiro, cuidado para não confundir causa impeditiva com as causas 
interruptivas. 
 
A diferença básica é que na causa impeditiva a prescrição sequer começou a correr. Na causa interruptiva 
ela já está correndo, mas por alguma das causas legais (recebimento da denúncia/queixa, pronúncia, etc.) ela é 
interrompida, e começa a contar novamente. 
 
Vejamos as causas impeditivas. 
 
Nos termos do art. 116 do CP, antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: 
 
I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime; 
 
Gente, esse inciso I do art. 116 trata da chamada “questão prejudicial” ainda não resolvida em outro 
processo. Imagine, por exemplo, uma pessoa que está sendo processada pelo crime de bigamia, mas tramita 
também no juízo cível uma ação anulatória de um dos casamentos. Ou seja: se essa ação cível lograr êxito, isto é, 
conseguir anular um dos casamentos, o crime do art. 235 (bigamia) não estará configurado. Trata-se, portanto, de 
causa que impede a prescrição de ter o seu início. 
 
Antes de continuar com os incisos do art. 116, chamo sua atenção para um detalhe. É que a Lei nº 
13.964/2019, conhecida como “PacoteAnticrime”, trouxe algumas alterações no art. 116. 
 
Vejam como era e como ficou! 
 
 
 
 
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COMO ERA NO CÓDIGO PENAL COMO FICOU COM O PACOTE ANTICRIME 
Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença 
final, a prescrição não corre: 
Art. 116 (...) 
Nenhuma alteração aqui 
I - enquanto não resolvida, em outro processo, 
questão de que dependa o reconhecimento da 
existência do crime; 
Nenhuma alteração aqui 
II - enquanto o agente cumpre pena no 
estrangeiro.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
II - enquanto o agente cumpre pena no exterior; 
Sem correspondência 
III - na pendência de embargos de declaração ou de 
recursos aos Tribunais Superiores, quando inadmissíveis; 
(tentativa do legislador de impedir a prescrição de crimes 
através de recursos). 
Sem correspondência 
IV – enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo 
de não persecução penal 
 
II - enquanto o agente cumpre pena no exterior. 
 
 Esse inciso tem razão por que, como bem aponta Masson (2012, p.909), normalmente não se consegue a 
extradição de pessoa que cumpre pena no exterior. 
 
Por fim, lembre-se que depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre 
durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo (art. 116, CP). 
 
O STJ entendeu, em 20 de abril de 2020, que o cumprimento de pena imposta em outro processo, ainda 
que em regime aberto ou em prisão domiciliar, impede o curso da prescrição executória. AgRg no RHC 123.523-SP, 
Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 13/04/2020, DJe 20/04/2020. 
 
 Há, como vimos, mais dois incisos (o III e o IV) que foram inseridos com o “Pacote Anticrime”. 
 
III - na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores, quando inadmissíveis; 
 
Aqui é uma tentativa do legislador de impedir a prescrição de crimes por intermédio de recursos. Lembre-
se, contudo, que a prescrição não correrá na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais 
Superiores, desde que estes sejam inadmitidos. Cuidado com isso! 
 
Ainda, faço uma ressalva acerca de críticas defensoriais que têm surgido (e com razão) em relação a esse 
inciso. Isso porque não se sabe ainda se haverá esse impedimento da prescrição em recursos interpostos tanto pelo 
MP quanto pela Defesa ou se somente nos recursos interpostos pela Defesa. Isso porque, por exemplo, se for 
permitido o impedimento da prescrição também em relação aos recursos da acusação, haverá um fortalecimento 
desmedido do ius puniendi, haja vista que o Estado não teria tanta “pressa” em concluir os casos, sabendo que, de 
qualquer forma, a prescrição não estaria correndo (o que ofende a segurança jurídica inerente ao processo penal). 
 
Vamos para o próximo inciso. 
 
IV – enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal. 
 
Gente, cuidado. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art116
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art116
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O acordo de não-persecução criminal não é uma novidade no ordenamento jurídico. Ele já tinha previsão 
na Resolução nº 181/2017 do CNMP14. A Lei denominada “Pacote Anticrime” acrescenta, no Código de Processo 
Penal, o art. 28-A, positivando o acordo de não persecução com os seguintes requisitos: 
 
REQUISITOS PARA O ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL 
01 - Não ser caso de arquivamento 
02 - O investigado precisa ter confessado formal e circunstancialmente 
03 - Infração penal sem violência ou grave ameaça 
04 
- Pena mínima inferior a 4 anos (Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o caput 
deste artigo, serão consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto) 
05 - Proposta do MP 
06 - Fixação de algumas condições 
 
Vejamos agora a diferença entre o acordo de não persecução na Resolução nº 181/2017 do CNMP e na a 
Lei nº 13.964/2019. 
 
RESOLUÇÃO 181/2017 COM A LEI Nº 13.964/2019 
Art. 18. Não sendo o caso de arquivamento, o 
Ministério Público poderá propor ao investigado 
acordo de não persecução penal quando, cominada 
pena mínima inferior a 4 (quatro) anos e o crime não 
for cometido com violência ou grave ameaça a 
pessoa, o investigado tiver confessado formal e 
circunstanciadamente a sua prática, mediante as 
seguintes condições, ajustadas cumulativa ou 
alternativamente: 
Art. 28-A Não sendo caso de arquivamento e tendo o 
investigado confessado formal e circunstancialmente a 
prática de infração penal sem violência ou grave 
ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, 
o Ministério Público poderá propor acordo de não 
persecução penal, desde que necessário e suficiente 
para reprovação e prevenção do crime, mediante as 
seguintes condições ajustadas cumulativa e 
alternativamente: 
CONDIÇÕES: 
 
I – reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, salvo 
impossibilidade de fazê-lo; (Redação dada pela 
Resolução nº 183, de 24 de janeiro de 2018) 
 
II – renunciar voluntariamente a bens e direitos, 
indicados pelo Ministério Público como 
instrumentos, produto ou proveito do crime; 
(Redação dada pela Resolução nº 183, de 24 de 
janeiro de 2018) 
 
III – prestar serviço à comunidade ou a entidades 
públicas por período correspondente à pena mínima 
cominada ao delito, diminuída de um a dois terços, 
em local a ser indicado pelo Ministério Público; 
(Redação dada pela Resolução nº 183, de 24 de 
janeiro de 2018) 
 
IV – pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos 
termos do art. 45 do Código Penal, a entidade 
pública ou de interesse social a ser indicada pelo 
Ministério Público, devendo a prestação ser 
destinada preferencialmente àquelas entidades que 
CONDIÇÕES: 
 
I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na 
impossibilidade de fazê-lo; 
 
II - renunciar voluntariamente a bens e direitos 
indicados pelo Ministério Público como instrumentos, 
produto ou proveito do crime; 
 
III - prestar serviço à comunidade ou a entidades 
públicas por período correspondente à pena mínima 
cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em 
local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do 
art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 
1940 (Código Penal); 
 
IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos 
termos do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de 
dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública 
ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da 
execução, que tenha, preferencialmente, como função 
proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos 
aparentemente lesados pelo delito; ou 
 
 
14 O que gerava questionamentos sobre a constitucionalidade do instituto. 
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tenham como função proteger bens jurídicos iguais 
ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo 
delito; (Redação dada pela Resolução nº 183, de 24 
de janeiro de 2018) 
 
V – cumprir outra condição estipulada pelo 
Ministério Público, desde que proporcional e 
compatível com a infração penal aparentemente 
praticada. (Redação dada pela Resolução nº 183, de 
24 de janeiro de 2018) 
V - cumprir, por prazo determinado, outra condição 
indicada pelo Ministério Público, desde que 
proporcional e compatível com a infração penal 
imputada. 
 
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito 
a que se refere o caput deste artigo, serão consideradas 
as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso 
concreto. 
HIPÓTESES DE NÃO CABIMENTO: 
 
I – for cabível a transação penal, nos termos da lei; 
(Redação dada pela Resolução nº 183, de 24 de 
janeiro de 2018) 
 
II – o dano causado for superior a vinte salários 
mínimos ou a parâmetro econômico diverso 
definido pelo respectivo órgão de revisão, nos 
termos da regulamentação local; (Redação dadapela Resolução nº 183, de 24 de janeiro de 2018) 
 
III – o investigado incorra em alguma das hipóteses 
previstas no art. 76, § 2º, da Lei no 9.099/95; 
(Redação dada pela Resolução nº 183, de 24 de 
janeiro de 2018) 
 
IV – o aguardo para o cumprimento do acordo possa 
acarretar a prescrição da pretensão punitiva estatal; 
(Redação dada pela Resolução nº 183, de 24 de 
janeiro de 2018) 
 
V – o delito for hediondo ou equiparado e nos casos 
de incidência da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 
2006; (Redação dada pela Resolução nº 183, de 24 
de janeiro de 2018) 
VI – a celebração do acordo não atender ao que seja 
necessário e suficiente para a reprovação e 
prevenção do crime. (Redação dada pela Resolução 
nº 183, de 24 de janeiro de 2018) 
HIPÓTESES DE NÃO CABIMENTO: 
 
I - se for cabível transação penal de competência dos 
Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei; 
 
II - se o investigado for reincidente ou se houver 
elementos probatórios que indiquem conduta criminal 
habitual, reiterada ou profissional, exceto se 
insignificantes as infrações penais pretéritas; 
 
III – ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos 
anteriores ao cometimento da infração, em acordo de 
não persecução penal, transação penal ou suspensão 
condicional do processo; e 
 
IV – nos crimes praticados no âmbito de violência 
doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher 
por razões da condição de sexo feminino, em favor do 
agressor. 
§ 3º O acordo será formalizado nos autos, com a 
qualificação completa do investigado e estipulará de 
modo claro as suas condições, eventuais valores a 
serem restituídos e as datas para cumprimento, e 
será firmado pelo membro do Ministério Público, 
pelo investigado e seu defensor. (Redação dada pela 
Resolução nº 183, de 24 de janeiro de 2018) 
§ 3º O acordo de não persecução penal será 
formalizado por escrito e será firmado pelo membro do 
Ministério Público, pelo investigado e por seu defensor. 
 
 Nesse sentido, abro parênteses para lembrar de uma recente decisão do STM, que entendeu pela 
inaplicabilidade do acordo de não persecução penal aos crimes militares previstos na legislação penal militar, tendo 
em vista evidente incompatibilidade com o Código de Processo Penal Militar (STM, HC 7000374-06.2020.7.00.0000, 
Rel. Min. José Coelho Ferreira, Plenário, j. 26.08.2020). 
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Pois bem. Quero te dizer que vimos tudo sobre prescrição propriamente dita (em abstrato). 
 
Veremos agora a prescrição superveniente, também chamada de prescrição intercorrente. 
 
2.2 PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE/SUPERVENIENTE 
 
Antes de falarmos sobre a prescrição intercorrente, preciso te recordar que ainda estamos no grande 
gênero prescrição da pretensão PUNITIVA, cujas espécies são: a) prescrição propriamente dita; b) prescrição 
intercorrente (ou superveniente); e c) prescrição retroativa. 
 
Agora vamos lá. 
 
Primeira coisa: por que o nome é superveniente/intercorrente? 
 
Simples. 
 
O nome é superveniente porque sua contagem se dá entre a publicação da sentença condenatória e o 
trânsito julgado para defesa. Ou seja, conta-se da sentença até o julgamento do recurso da defesa, por exemplo. 
Sempre para frente! O nome superveniente é justamente por esse motivo. Veremos que há, por fim, a prescrição 
retroativa, que é justamente o contrário, pois analisa-se a publicação da sentença condenatória recorrível para trás, 
mas trataremos dela já já. 
 
Veja que a prescrição superveniente, portanto, depende de duas coisas básicas: 1) sentença condenatória; 
2) trânsito em julgado para a acusação no tocante à pena imposta, seja pela não interposição do recurso, ou pelo 
seu improvimento. 
 
Mas como salienta Cleber Masson, é possível falar em prescrição intercorrente ainda que sem trânsito em 
julgado para a acusação, quando o MP recorreu sem pleitear aumento de pena (ex.: modificação de regime 
prisional). 
 
2.2.1 CÁLCULO 
 
A pergunta chave é: como é feito o cálculo para saber se o crime está prescrito de maneira superveniente? 
Considero a pena máxima em abstrato e jogo na tabela do art. 109 do CP? 
 
Não. Isso nós só fazemos quando não existe sentença, como era o caso da prescrição propriamente dita. 
Como não tínhamos pena aplicada, o único jeito é considerar a pena máxima em abstrato e jogar na tabela do art. 
109 do Código Penal. 
 
Isso quer dizer que diferente da prescrição anterior (PPP propriamente dita), agora eu tenho uma pena 
concretamente aplicada. Na prescrição propriamente dita (chamada também de prescrição em abstrato), que se 
opera antes da sentença, eu tenho que utilizar a pena em abstrato porque não tem sentença e muito menos pena 
aplicada. 
 
Imagine, portanto, que o magistrado aplique ao réu uma pena de 4 anos. 
 
Nesse caso, suponha que MP não recorreu, e a Defensoria interpôs apelação para diminuir a pena. Lembre-
se que se o recurso for exclusivo da defesa essa pena não pode piorar (vedação à reformatio in pejus15). 
 
15 Você sabe o que é a vedação a “reformatio in pejus indireta”? É nada mais que o desdobramento lógico da reformatio in pejus, no entanto, 
significa que se a decisão for anulada por recurso EXCLUSIVO da defesa ou por HC, a nova decisão a ser prolatada não pode ser mais gravosa 
que aquela anulada. Ex.: juiz fixou 7 anos. Neste caso, suponha que só a Defensoria recorreu. O Tribunal anulou a sentença, determinando 
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No exemplo dado, imagine que o recurso (da defesa) demorou 9 anos para ser analisado. Nesse caso, 
considerando apenas essas informações do caso, operou-se a prescrição superveniente, tendo em vista que uma 
pena de 4 anos prescreve em 8 anos. Se eu considerar a publicação da sentença condenatória recorrível até o 
julgamento do recurso (portanto, para frente), operou-se a prescrição. Veja, portanto, que eu conto sempre a 
prescrição superveniente para frente.16 
 
2.2.3 TERMO INICIAL 
 
Eu preciso de sua atenção aqui, certo? 
 
O termo inicial da prescrição superveniente é a publicação da sentença condenatória recorrível, embora 
fique condicionada ao trânsito em julgado para a acusação. Isso porque é possível que com recurso da acusação 
haja aumento da pena imposta, e com isso também há mudança do cálculo prescricional. 
 
Em resumo, a prescrição intercorrente depende do trânsito em julgado para a acusação, mas o prazo inicial 
retroage à data da publicação da sentença condenatória. É meio difícil de entender, mas é isso mesmo! 
 
Você deve estar se perguntando: quais motivos podem levar alguém a ter sua pena prescrita de maneira 
superveniente? 
 
Segundo Cleber Masson, isso pode correr por dois motivos: a) demora em intimar o réu da sentença; e b) 
demora no julgamento do recurso da defesa (exemplo dado acima). 
 
Agora veremos a última hipótese de prescrição da pretensão punitiva, que é a prescrição retroativa. 
 
2.3 PRESCRIÇÃO RETROATIVA 
 
Entramos agora na última modalidade de prescrição da pretensão punitiva, e uma das mais importantes 
para nossa prova. 
 
CAIU NA DPE-CE-2014-FCC: “A chamada prescrição retroativa é modalidade de prescrição da pretensão 
executória”.17 
 
Inicialmente, saiba que ela também é calculada pela pena em concreto, fixada na sentença, por isso 
depende do trânsito em julgado da sentença condenatória para a acusação no tocante à pena aplicada. Ou seja, 
não é regulada pela pena máxima em abstrato, pois já existe uma pena em concreto. 
 
CAIU NA DPE-CE-2014-FCC: “A chamada prescrição retroativa é regulada pelo máximo da pena privativa de 
liberdade cominada ao crime”.18 
 
Ela começa a correr a partir da publicação da sentença ou acórdão condenatório, desde que tenha havido 
o trânsito para a acusação ou seu recurso tenha sido improvido. 
 
Mas por que o nome “retroativa”, RDP? 
 
uma nova instrução, com a oitiva de novas testemunhas arroladas pela defesa. Ao proferira nova sentença, o magistrado condenou o réu 
em 8 anos. Isso não pode, em razão da “non reformatio in pejus” indireta. 
16 Recorde-se que o termo inicial da prescrição superveniente é a publicação da sentença condenatória recorrível, embora fique 
condicionada ao trânsito em julgado para a acusação. 
17 ERRADO. É modalidade, como já vimos, da prescrição da pretensão PUNITIVA. 
18 ERRADO. É calculada pela pena em concreto, fixada na sentença, por isso depende do trânsito em julgado da sentença condenatória para 
a acusação no tocante à pena aplicada. 
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É simples: é chamada de prescrição retroativa porque conta-se da sentença (ou acórdão) condenatório para 
trás. A superveniente, como vimos, é da sentença para frente. 
 
Para facilitar, vamos entender através de um exemplo. 
 
Marcos foi condenado por furto a uma pena de 6 meses e 20 dias em regime inicial aberto. Acontece que o processo 
tramitou de 2014 a 2020. Neste caso, como a partir de agora eu considero a pena aplicada (isto é, 6 meses e 20 
dias), se colocada na tabela do art. 109, ela prescreverá em 3 anos. O magistrado poderia, na própria sentença, 
reconhecer a prescrição, já que entre o recebimento (2014) e a sentença (2020) levaram-se 6 anos? A resposta é 
negativa, pelo fato de que com um possível recurso da acusação essa pena poderá ser majorada, não podendo o 
juiz “antecipar” a prescrição. 
 
No entanto, havendo trânsito para a acusação ou improvido seu recurso, se contados da data da sentença 
para trás 19, levando em conta a pena aplicada e a tabela do art.109, surgem duas situações distintas: 
 
1) Só o Tribunal pode reconhecer a prescrição retroativa, tendo em vista que o magistrado exauriu sua jurisdição. 
 
2) O magistrado de primeiro grau pode reconhecer a prescrição retroativa, inclusive o próprio juiz da execução, 
por se tratar de matéria de ordem pública. Esse é o posicionamento do STJ desde o informativo 442. 
 
Ressalte-se que segundo o art. 110, CP, § 1º, a prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito 
em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em 
nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa. 
 
CAIU NA DPE-CE-2014-FCC: “A chamada prescrição retroativa pode ter por termo inicial data anterior à do 
recebimento da denúncia ou da queixa.20 
 
2.4 PRESCRIÇÃO VIRTUAL 
 
A prescrição virtual é chamada também de prescrição projetada, antecipada, por prognose, ou retroativa 
em perspectiva. Decore todos esses nomes, pois costumam aparecer mesmo! 
 
Antes de tudo, quero te dizer que a prescrição virtual é uma criação doutrinária e jurisprudencial, em que 
o magistrado decreta a extinção da punibilidade imaginando que, caso o MP não recorra, ocorrerá a prescrição 
retroativa. Por isso o nome: virtual, prognose, antecipada ou projetada. 
 
Eu diria, para facilitar o seu estudo, que a prescrição virtual é a prescrição retroativa, só que antecipada. 
 
Vamos entender isso através de um exemplo? #BORA 
 
Preste atenção. 
 
Marcos praticou um crime de furto simples em 2012 e a denúncia foi oferecida e recebida em 2013. Considerando 
que a pena máxima em abstrato para o furto simples é 4 anos, este prescreve em 8 anos, certo? No ano de 2017, o 
juiz, na hora da dosimetria, aplicou a causa de diminuição de pena do furto privilegiado, além de todas as 
circunstâncias judiciais favoráveis, e atenuantes como confissão, etc., o que levou a pena de Marcos a ser fixada 9 
meses de reclusão, em regime inicial aberto. 
 
19 No caso do procedimento comum conta-se da sentença para o recebimento da denúncia, mas se for Júri pode-se contar da data da 
sentença para a decisão confirmatória de pronúncia, da decisão confirmatória de pronúncia para a pronúncia, e entre a pronúncia e o 
recebimento da denúncia, tudo de trás para frente. 
20 ERRADO. Não pode, como vimos. É da sentença para o recebimento, retroativamente. Mas não volta do recebimento para trás. 
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Vamos raciocinar agora. 
 
Perceba que o processo foi julgado apenas em 2017, 4 anos após o recebimento da denúncia. No entanto, lembra 
que eu te falei que na prescrição retroativa a pena levada em consideração é a efetivamente aplicada? Então, como 
a pena aplicada foi a de 9 meses, de acordo com a tabela do art. 109 do CP, 9 meses prescrevem em 3 anos (inciso 
VI – prescreve em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano). Neste caso, como passaram-se 4 anos 
da data do recebimento (primeiro marco interruptivo) até a publicação da sentença, o juiz poderia, nesta sentença, 
reconhecer a prescrição retroativa? Isso é exatamente a prescrição virtual. 
 
Veja que é retroativa porque analisa-se da data da sentença para trás. 
 
Mas é aí que está toda a discussão. 
O debate é o seguinte: o juiz não pode reconhecer a prescrição porque sequer houve trânsito para o MP. 
Portanto, é possível que o MP recorra desta sentença e o Tribunal majore a pena. Assim, havendo alteração da pena, 
tudo muda, inclusive o prazo prescricional. 
 
Assim, o juiz não poderia “antecipadamente” reconhecer a prescrição retroativa (virtual) neste caso, pois 
não houve trânsito para o MP. É esse o posicionamento que tem prevalecido! 
 
Inclusive o STJ encampou a seguinte tese, consubstanciada no Enunciado 438 de sua Súmula: 
 
Enunciado 438: “É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento 
em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal". 
 
Versa, portanto, sobre a prescrição retroativa antecipada ou prescrição pela pena em perspectiva ou, ainda, 
prescrição virtual ou pela pena projetada. 
 
No entanto, em provas de Defensoria devemos discordar desse posicionamento por dois motivos. 
 
Primeiro, porque não há interesse de agir. Está-se dando continuidade a um processo que cedo ou tarde vai 
operar o trânsito em julgado. 
 
Segundo, porque não acolher a prescrição virtual é uma afronta à economia processual, gastando tempo, 
dinheiro e serviço em um processo que o resultado será o mesmo: a prescrição. 
 
PROVA ORAL DPE-MG-2020: Candidato, é possível a prescrição virtual? Excelência, a prescrição virtual, também 
chamada de prescrição “em perspectiva”, “por prognose”, “projetada” ou “antecipada”, ocorre quando o juiz, 
verificando que já se passaram muitos anos desde o dia em que o prazo prescricional começou ou voltou a correr, 
entende que mesmo que o inquérito ou processo continue, ele não terá utilidade porque muito provavelmente 
haverá a prescrição pela pena em concreto. Para isso, o juiz analisa a possível pena que aplicaria para o réu se ele 
fosse condenado e, a partir daí, examina se, entre os marcos interruptivos presentes no processo, já se passaram 
mais anos do que o permitido pela lei. Para o STF e o STJ, é inadmissível a prescrição virtual por dois motivos 
principais: a) em virtude da ausência de previsão legal; b) porque representaria uma afronta ao princípio da 
presunção de não-culpabilidade. O STJ tem, inclusive, um enunciado proibindo expressamente a prática (Súmula 
438-STJ). No entanto, embora se reconheça que o posicionamento das Cortes Superiores seja pela sua 
inadmissibilidade, há dois fortes argumentos para sustentarmos a sua aceitação: a) primeiro, porque não há 
interesse de agir. Está-se dando continuidade a um processo que cedo ou tarde vai operar o trânsito em julgado. b) 
Segundo, porque não acolher a prescrição virtual é uma afronta à economia processual, gastando tempo, dinheiro 
e serviço em um processo que o resultado será o mesmo: a prescrição. 
 
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Agora saímos de prescrição da pretensão punitiva e vamos estudar prescrição da execução, tema 
importantíssimo para nossaprova! 
 
3. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA 
 
Estamos agora na última modalidade de prescrição. Agora vamos falar sobre a prescrição da execução da 
pena privativa de liberdade. 
 
Vamos começar com o conceito, que eu acredito que vocês já tenham ideia, mas não custa lembrarmos! 
 
Olha, a prescrição da pretensão executória nada mais é que a perda do direito/dever não de PUNIR, mas 
de EXECUTAR uma sanção penal estabelecida pelo Judiciário. Essa prescrição também é calculada com base na pena 
em concreto, ou seja, naquela estabelecida na sentença. Em síntese, não se considerará a pena da infração penal 
em abstrato, porque agora temos uma pena aplicada. Entendido? 
 
Um ponto muito importante e que tem alta incidência em provas é sobre as nuances acerca da reincidência 
e seus efeitos na prescrição executória. Isso porque na hipótese de reincidência devidamente reconhecida na 
sentença (ou no acórdão), o prazo prescricional aumenta de 1/3. Isso está previsto no art. 110, caput do Código 
Penal. 
 
Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela pena aplicada e 
verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente. 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Em questões objetivas é muito comum que o examinador tente confundir o candidato ao afirmar que a 
pena aumenta em 1/3, caso seja reconhecida a reincidência. Está errado. O que aumenta em 1/3 é o prazo 
prescricional. 
 
Ademais, essa reincidência só influencia na prescrição executória, e NÃO NA PRESCRIÇÃO PUNITIVA (seja 
ela propriamente dita, superveniente ou retroativa). Isso caiu na DPE/RJ agora em 2021, minha gente! 
 
CAIU NA DPE-SC-2017-FCC: “O prazo da prescrição da pretensão punitiva aumenta de um terço em caso de réu 
reincidente”.21 
 
CAIU NA DPE-MS-2014-VUNESP: “Os prazos prescricionais, configurados antes de a sentença transitar em julgado, 
devem ser exasperados diante da reincidência do agente.”22 
 
Exatamente por isso o STJ editou o Enunciado 220 de sua Súmula: 
 
Enunciado 220: “A reincidência não influi no prazo da prescrição da pretensão punitiva”. 
 
É muito simples. 
 
Imagine que Marcos foi condenado a 7 anos de reclusão em regime inicial fechado, tendo o juiz reconhecido 
sua reincidência. 
 
Se calcularmos a prescrição da pretensão punitiva retroativa, por exemplo, pegaremos a pena aplicada (7 
anos) e jogamos na tabela do art. 109. No caso, eu acabei de conferir e percebi que a pena de Marcos prescreve 
em 12 anos (III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito). Como a pena 
foi de 7 anos, é maior que 4 e menor que 8, portanto prescreve em 12. 
 
21 ERRADO. Como vimos, não é na prescrição da pretensão punitiva, e sim executória. Por isso a questão está errada. 
22 ERRADO. A reincidência não influi no prazo da prescrição da pretensão punitiva. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art110
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No entanto, se eu quiser calcular a prescrição pretensão EXECUTÓRIA, o cálculo é outro, pois eu tenho que 
aumentar em 1/3 o prazo prescricional. 
 
No caso dado, o prazo prescricional era de 12 anos. 
 
Certo. 
 
Mas como eu preciso aumentar 1/3 do prazo prescricional, como fica? 
 
É simples. Pego 12 anos (prazo prescricional) + 1/3. 
 
Certo, professor. Mas um terço de quanto? 
 
De 12, que dá 4, pois 12/3 = 4. 
 
Então, o prazo da prescrição executória de Marcos, que é reincidente, seria: 12 + 4 = 16 anos. 
 
Ficou claro?23 
 
CAIU NA DPE-BA-2016-FCC: “O prazo da prescrição da pretensão executória regula-se pela pena aplicada na 
sentença, aumentado de um terço, se o condenado for reincidente”.24 
 
Vamos continuar. 
 
O art. 113 traz uma valiosa informação, ao expor que no caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o 
livramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena. 
 
Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento condicional, a prescrição é regulada pelo 
tempo que resta da pena. 
 
CAIU NA DPE-BA-2016-FCC: “No caso de fuga ou evasão do condenado a prescrição é regulada de acordo com o 
total da pena fixada na sentença”. 25 
 
Ex.: Marcos foi condenado a 7 anos; portanto, o prazo para a PPE seria de 12 anos e, se reincidente, 16 anos. Imagine 
que dos 7 anos ele cumpriu 4 e fugiu. Nesse caso, qual o prazo da prescrição? Segundo o art. 113 do Código Penal 
o prazo é calculado considerando o restante da pena, pois pena cumprida é pena extinta. Nesse caso, utiliza-se o 
prazo de 3 anos, que prescreve em 8 anos (IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não 
excede a quatro). 
 
CAIU NA DPE-MA-2018-FCC: “Sobre a prescrição é correto afirmar que ainda que seja causa que interrompe a 
prescrição, o início do cumprimento da pena não faz com que o prazo volte a correr da data dessa interrupção.”26 
 
CAIU NA DPE-AM-2018-FCC: “Sobre a prescrição, é correto afirmar que A em caso de revogação do livramento 
condicional, a prescrição é regulada pelo resto de pena a cumprir”.27 
 
 
23 Quem disse que direito não tem matemática? Hahaha ☺ 
24 CERTO. 
25 ERRADO. Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que 
resta da pena. 
26 CERTO. O prazo não volta a correr do início, mas do que ainda falta a cumprir. 
27 CERTO. 
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3.1 TERMO INICIAL 
 
Qual o termo inicial da contagem da prescrição executória? 
 
A resposta está no art. 112 do Código Penal, em seus dois incisos. 
 
Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr: 
I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a que revoga a suspensão 
condicional da pena ou o livramento condicional; 
II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva computar-se na pena. 
 
Vamos avançar. 
 
Na prescrição da pretensão punitiva vimos diversas causas interruptivas, como a decisão que recebe a 
denúncia ou a queixa, a decisão de pronúncia, etc. 
 
Certo. 
 
Mas na prescrição da pretensão executória, quais são as causas de interrupção? 
 
Veremos agora! 
 
3.2 INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO EXECUTÓRIA 
 
Não sei se você notou, mas quando falamos da interrupção da prescrição, mencionamos todos os incisos 
do art. 117, exceto o V e o VI. 
 
Por quê? Foi um erro? 
 
Não, foi proposital! 
 
É que esses dois incisos são justamente os marcos interruptivos da prescrição executória. Olha que legal! 
Eu avisei que iríamos falar disso ainda, lá em cima. 
 
Mas quais são esses marcos interruptivos, então? 
 
Vejam: 
 
Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: 
(…) 
V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; 
VI - pela reincidência. 
 
Vamos tentar entender esses dois incisos, pois são importantíssimos e caem em prova! 
 
Vamos por partes. 
 
 
 
 
 
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3.2.1 INTERRUPÇÃO PELO INÍCIO DO CUMPRIMENTO DA PENA 
 
Após a condenação, transitando em julgado, o condenado iniciará o cumprimento da pena. Com o início do 
cumprimento da pena, portanto, a prescrição é interrompida. Mas veja que o inciso V fala em início ou 
“continuação” da pena. 
 
O que seria essa continuação? 
 
3.2.2 INTERRUPÇÃO PELA CONTINUAÇÃO DO CUMPRIMENTO DA PENA 
 
Por algum motivo o cumprimento da pena foi interrompido. Imagine, por exemplo, que Marcos estava 
cumprindo pena há 2 anos, mas fugiu. 
 
Nesse caso, quando o condenado é recapturado, há novamente um marco interruptivo da prescrição, 
voltando esta a correr não do zero, mas com base no restante da pena, como vimos. 
 
3.2.3 INTERRUPÇÃO PELA REINCIDÊNCIA 
 
É o inciso V do art. 117 do Código Penal. Agora eu peço sua atenção,pois muita gente erra isso, embora 
não seja difícil. Você vai entender com certeza. 
 
Inicialmente eu quero que você saiba que há a reincidência antecedente, aquela que vimos lá em cima, que 
o juiz condena o réu, reconhece a reincidência, e isso faz com que haja o aumento de 1/3 do PRAZO prescricional. 
Essa reincidência não é a mesma do art. 117, VI. 
 
Anote isso em seu caderno. 
 
A reincidência que o art. 117, VI traz, é a chamada “reincidência subsequente”, posterior à condenação 
transitada em julgado, que INTERROMPE a prescrição já iniciada. Ou seja, o agente pratica um crime APÓS estar 
cumprindo a pena do crime antecedente. Há, em tese, o fato 01 e o fato 02. 
 
Conseguiu entender a diferença? 
 
Pois é. 
 
A questão é: essa interrupção se dá no momento que o condenado pratica um novo crime ou no dia que 
há o trânsito em julgado dessa nova infração penal? 
 
Há dois posicionamentos. 
 
Para Masson (2012), opera a interrupção da prescrição quando o agente pratica o novo crime, embora 
condicionada ao trânsito em julgado da condenação. No entanto, esse posicionamento é muito arriscado para 
nossas provas, pois viola totalmente a presunção de inocência. 
 
Para uma segunda doutrina, e essa é a que devemos sustentar em provas abertas, a interrupção deve 
ocorrer somente a partir do trânsito em julgado da condenação do segundo crime, justamente por conta da garantia 
da presunção de inocência. 
 
Lembro a vocês, mais uma vez, que o art. 117, §1º, primeira parte do CP, aduz expressamente que as causas 
interruptivas da prescrição EXECUTÓRIA não se comunicam aos demais coautores, diferente da prescrição punitiva, 
em que há a comunicação. 
 
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 Antes de concluir, quero tratar com vocês alguns detalhes importantes sobre prescrição que sempre caem 
em provas. 
 
 Vamos lá! 
 
4. PRESCRIÇÃO NO CONCURSO DE CRIMES 
 
Segundo o artigo 119 do Código Penal, no caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá 
sobre a pena de cada um, isoladamente. Portanto, ainda que Marcos pratique 3 crimes em concurso formal, por 
exemplo, a prescrição incide sobre cada um dos crimes ISOLADAMENTE. 
 
CAIU NA DPE-AM-2018-FCC: “Em caso de concurso material de crimes, o cálculo prescricional incide sobre a soma 
das penas”.28 
 
CAIU NA DPE-BA-2016-FCC: “No caso de concurso de crimes, as penas se somam para fins de prescrição”.29 
 
Anote-se o importante entendimento do STF exposto no enunciado 497 de sua Súmula, segundo o qual 
quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta na sentença, não se computando 
o acréscimo decorrente da continuação. 
 
Enunciado 497 do STF: Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta na 
sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação. 
 
CAIU NA DPE-PE- 2015-CESPE: “O cálculo da prescrição da pretensão punitiva no concurso de crimes é feito 
isoladamente para cada um dos crimes praticados, desconsiderando-se o acréscimo decorrente do concurso formal 
ou material ou da continuidade delitiva”.30 
 
CAIU NA DP-DF-2019-CESPE: “Acerca da ação penal, das causas extintivas da punibilidade e da prescrição, julgue o 
seguinte item. Nos casos de concurso formal ou de continuidade delitiva, a extinção da punibilidade pela prescrição 
regula-se pela pena imposta a cada um dos crimes isoladamente, afastando o acréscimo decorrente dos respectivos 
aumentos de pena”.31 
 
No entanto, cuidado. Pois embora o acréscimo da pena não influencie na contagem da prescrição, influencia 
na suspensão condicional do processo, nos termos do enunciado 723 da Súmula do STF. 
 
Enunciado 723 - STF: Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a soma da pena 
mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior a um ano. 
 
5. PRESCRIÇÃO NA LEI DE DROGAS 
 
 O art. 30 da Lei de Drogas (11.343/2006) expõe que as penas do crime de posse de drogas prescrevem em 
2 (dois) anos (tanto a imposição como a execução das penas), observado, no tocante à interrupção do prazo, o 
disposto nos arts. 107 e seguintes do Código Penal. 
 
CAIU NA DPE-AM-2018-FCC: “O prazo mínimo de prescrição na legislação penal brasileira é de 3 anos”.32 
 
28 ERRADO, incide isoladamente. 
29 ERRADO, incide isoladamente. Veja quantas vezes isso já caiu! Impressionante! 
30 CERTO. 
31 CERTO. 
32 ERRADO. 
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6. PRESCRIÇÃO DA PENA DE MULTA 
 
Por fim, conforme previsto no art. 114 do Código Penal, a prescrição da pena de multa poderá ocorrer de 
dois diferentes prazos: a) em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada; b) no mesmo prazo 
estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente 
cominada ou cumulativamente aplicada. 
 
Vejam o resumo: 
 
MULTA ISOLADAMENTE Prescrição em 2 anos. 
MULTA + PENA PRIVATIVA DE 
LIBERDADE 
Prescrição no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de 
liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou 
cumulativamente aplicada. 
 
CAIU NA DPE-PR-2014-NC-UFPR: “A prescrição da pena de multa ocorrerá em 3 (três) anos, quando a multa for a 
única cominada ou aplicada”.33 
 
7. PRESCRIÇÃO DA PENA RESTRITIVA DE DIREITO 
 
De acordo com o art.109, parágrafo único do Código Penal, aplicam-se às penas restritivas de direito os 
mesmos prazos previstos para as privativas de liberdade. 
 
CAIU NA DPE-PR-2014-NC-UFPR: “Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos prescricionais 
previstos para as penas privativas de liberdade.”34 
 
8. PRESCRIÇÃO NAS FALTAS DISCIPLINARES NA EXECUÇÃO PENAL 
 
Recorde-se que a jurisprudência do STF/STJ é no sentido de que, diante da ausência de norma específica 
quanto à prescrição da infração disciplinar, utiliza-se, por analogia, o Código Penal. Portanto, a prescrição de 
infrações disciplinares na execução penal é de 3 anos.35 
 
CAIU NA DPE-SP-2013-FCC: “As faltas disciplinares na execução penal não prescrevem por ausência de previsão 
legal, conforme a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.” 36 
 
Nesse sentido o STF: 
 
Habeas corpus. 2. Execução penal. Falta grave (fuga). 3. PAD não homologado, ao fundamento de não ter sido 
observado o prazo máximo de conclusão previsto no Regimento Disciplinar Penitenciário do Estado do Rio Grande 
do Sul (prazo de 30 dias). 4. A jurisprudência do STF é no sentido de que, diante da ausência de norma específica 
quanto à prescrição da infração disciplinar, utiliza-se, por analogia, o Código Penal (HC 92.000/SP, Rel. Min. Ricardo 
Lewandowski, 1ª Turma, DJe 30.11.2007). 5. Quanto ao prazo de 30 dias para o encerramento do PAD, esta Corte 
já considerou que compete privativamente à União legislar sobre direito penal (HC 97.611/RS, Rel. Min. Eros Grau, 
2ª Turma, DJe 7.8.2009). 6. Ordem denegada. (HC 114422, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, 
julgado em 06/05/2014, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-100 DIVULG 26-05-2014 PUBLIC 27-05-2014). 
 
 
33 ERRADO. 
34 CERTO. 
35 No entanto, como tese defensorial, devemos entender que como se está fazendo uma analogia, então que essa analogia seja a mais 
benéfica possível para o preso. Assim, deve-se buscar o menor prazo possível em relação à prescrição, que, no caso, é a prescrição da pena 
de multa quando é a única pena prevista ou cominada – 2 anos (ressalta-se, contudo, que essa tese é minoritária). 
36 ERRADO. 
	(...) Extinção da punibilidade
	1.2 PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA NO DIREITO PENAL
	1.3 EFEITOS DA PRESCRIÇÃO
	1.3.1 EFEITOS NA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA
	1.3.2 EFEITOS DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA
	2. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA
	2.1 PRESCRIÇÃO PROPRIAMENTE DITA (EM ABSTRATO)
	2.1.2 COMUNICABILIDADE DAS CAUSAS INTERRUPTIVAS
	2.2 PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE/SUPERVENIENTE
	2.2.1 CÁLCULO2.2.3 TERMO INICIAL
	2.3 PRESCRIÇÃO RETROATIVA
	2.4 PRESCRIÇÃO VIRTUAL
	3. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA
	3.1 TERMO INICIAL
	3.2 INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO EXECUTÓRIA
	3.2.1 INTERRUPÇÃO PELO INÍCIO DO CUMPRIMENTO DA PENA
	3.2.2 INTERRUPÇÃO PELA CONTINUAÇÃO DO CUMPRIMENTO DA PENA
	3.2.3 INTERRUPÇÃO PELA REINCIDÊNCIA
	4. PRESCRIÇÃO NO CONCURSO DE CRIMES
	5. PRESCRIÇÃO NA LEI DE DROGAS
	6. PRESCRIÇÃO DA PENA DE MULTA
	7. PRESCRIÇÃO DA PENA RESTRITIVA DE DIREITO
	8. PRESCRIÇÃO NAS FALTAS DISCIPLINARES NA EXECUÇÃO PENAL

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