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Síndrome de HELLP Objetivos: 1. Compreender a hipertensão gestacional e suas complicações (Pré-eclâmpsia); Tríade maldita da obstetrícia: síndromes hipertensivas, síndromes hemorrágicas e infecciosas; Estima-se que cerca de 6 a 8% das gestações complique por conta da hipertensão arterial crônica, podendo ser agravada pela pré-eclâmpsia sobreposta em 13% a 40% dos casos. Define-se HAC na gestação por pressão arterial sistólica ≥ 130 mmHg ou pressão arterial diastólica > 80 mmHg, ou ambas, em dois momentos distintos, precedentes à gestação ou manifestada antes das 20 semanas da gestação, persistindo após a 12ª semana pós-parto. HAC na gestação: Leve a moderada: PAS de 140 a 159 mmHg e PAD de 90 a 109 mmHg; Grave: PAS ≥ 160mmHg e PAD ≥ 110mmHg. Complicações maternas associadas à HAC: Pré-eclâmpsia sobreposta; Síndrome de HELLP; Maior incidência de cesariana; Edema pulmonar; Encefalopatia hipertensiva; Cardiopatia; Hemorragia cerebral; Insuficiência renal. Complicações fetais: Restrição do crescimento fetal; Descolamento prematuro da placenta; Morte perinatal. Nas consultas de pacientes com HAC, deve-se ter atenção especial a ganho de peso, altura uterina, edema e aferição correta da PA, uma vez que tais medidas podem levar à suspeição de complicações nesse grupo de pacientes. Retornos mensais até a 28ª semana, quinzenais entre a 28ª e 34ª semana e semanais após a 34ª semana. Pacientes que apresentam suspeita de Pré-eclâmpsia, níveis pressóricos acima de 160 x 110 mmHg ou iminência de eclâmpsia devem sempre ser encaminhadas a um serviço terciário; caso esteja indicado o uso do sulfato de magnésio, recomenda-se seu início ainda no local de atendimento primário, para posterior encaminhamento. Prevenção da pré-eclâmpsia: uso de ASS (após a 12ª semana) e cálcio (após a 20ª semana) como intervenções realmente benéficas em grupos de risco para o desenvolvimento da PE. Podem reduzir de 10% a 30% as chances de desenvolvimento de PE em grupos de alto risco. Fluxograma de assistência às pacientes com suspeita clínica de PE por aumento dos níveis pressóricos em pacientes com HAC. * P/C: relação proteinúria/creatinúria. Fluxograma de assistência às pacientes com HAC, com suspeita clínica de PE, porém sem piora dos níveis pressóricos. * P/C: relação proteinúria/creatinúria. Pré-eclâmpsia (PE): Definição: A pré-eclâmpsia é uma doença multifatorial e multissistêmica, específica da gestação, considerada como a expressão clínica de uma doença endotelial materna, mediada pela placenta e decorrente da insuficiente invasão trofoblástica das arteríolas espiraladas do útero. É definida pela presença de hipertensão arterial associada à proteinúria, que se manifesta em gestantes previamente normotensa, após a 20ª semana. Também pode ser PE quando, na ausência de proteinúria, ocorre disfunção de órgão- alvo materno. A eclâmpsia refere-se à ocorrência de crise convulsiva, tônico clônica generalizada ou coma em gestante com pré-eclâmpsia, sendo uma das complicações mais graves da doença. Epidemiologia: Pode evoluir para situações de gravidade como eclâmpsia, acidente vascular cerebral hemorrágico, síndrome de HELLP, insuficiência renal, edema agudo de pulmão e morte; 4,6% das gestantes desenvolvem pré- eclâmpsia; Prevalencia varia de acordo com a idade gestacional, sendo menor antes de 34 semanas (0,3%) que com 34 semanas ou mais (2,7%) de gestação; A eclâmpsia ocorre em 2 a 3% das gestantes pré-eclâmpticas que manifestam sintomas de gravidade e que não recebem profilaxia para crise convulsiva, e até 0,6% das gestantes com pré-eclâmpsia sem sinais de gravidade; Um estudo brasileiro (Giordano et al., 2014) registra que, nas áreas mais desenvolvidas, a prevalência de eclâmpsia foi estimada em 0,2%, com índice de morte materna de 0,8%, enquanto em regiões menos favorecidas essa prevalência se eleva para 8,1%, com razão de morte materna correspondente a 22%; Está entre as principais causas de mortalidade materna, superada pelas hemorragias obstétricas; No Brasil a taxa de mortalidade materna é de 58/100.000 nascidos vivos. Etiologia: Desconhecida; Fatores de risco foram selecionados em revisões sistemáticas: o História previa de pré-eclâmpsia: aumenta em 8x o risco de desenvolver PE na próxima gestação. Taxas de 25% e 65% em gestações subsequentes; o Ser primigesta: risco 2x maior. Teoria infere a ausência de tolerância materna da primigesta aos antígenos paternos. “A proteção contra PE em gestações subsequentes é menor ou desaparece quando ocorre mudança de paternidade. ”; o História familiar de PE em parente de primeiro grau: risco 3x maior, sugerindo mecanismo hereditário em alguns casos; o Diabetes clinico; o Hipertensão arterial crônica; o Lúpus eritematoso sistêmico: está associada a alterações imunes, especificamente à redução das células Treg. Em mulheres com nefrite lúpica que engravidam, a redução das Tregs, necessárias para uma gestação bem- sucedida, favorece o desenvolvimento de pré-eclâmpsia e também está associado a síndrome de anticorpos antifosfolipídicos, que se associa a pré- eclâmpsia, parto pré-termo e restrição do crescimento; o Síndrome antifosfolípide; o IMC > 25 e IMC > 30: decorre do estado crônico de inflamação sistêmica e à medida que o IMC aumenta, a ativação placentária das vias inflamatórias também se exacerba; o Doença renal crônica; o Gestação múltipla; o Idade materna avançada > 35. Fatores de risco em desenvolver pré-eclâmpsia segundo recomendações do (American College of Obstetricia ns and Gynecologists – ACOG) e do (Instituto nacional de saúde e assistência – NICE) Fisiopatologia: Atualmente, a patogênese mais importante se refere a placentação deficiente, predisposição genética, má adaptação imune, baixa tolerância a alterações inflamatórias, desequilíbrio angiogênico. Teoria em dois estágios (pré-clínico e clínico), descritos por Redman (1991). Pré-clínico: No primeiro, a precariedade do desenvolvimento da placenta e do seu suporte sanguíneo materno é responsável pela hipoxia placentária, pelo estresse oxidativo e pelo estresse sistêmico inflamatório materno. Clínico: No segundo estágio, a hipoxia placentária determina os sintomas maternos da doença: hipertensão e proteinúria, bem como as complicações associadas. Posteriormente, Roberts e Hubel (2009) propuseram uma teoria mais complexa, na qual associam esses estágios a fatores constitucionais maternos, acreditando que a deficiência da perfusão placentária não é suficiente para causar a doença. Além disso, como a maioria das alterações metabólicas da pré- eclâmpsia representam exacerbação das alterações observadas em gestações fisiológicas, é possível que, em gestante com fatores predisponentes, as alterações “normais” da gestação sejam suficientes para induzir o segundo estágio da doença. Fatores adicionais como ambientais, genéticos e comportamentais devem atuar em conjunto sobre as alterações fisiológicas da gestação, resultando na pré- eclâmpsia. Acredita-se que a isquemia placentária produz estresse oxidativo, libera na circulação materna detritos placentários, causa ativação da imunidade inata, libera citocinas pró-inflamatórias e causa desequilíbrio angiogênico caracterizado por predomínio dos fatores antiangiogênicos [fator solúvel tipo tirosina quinase-1 (sFlt-1) e endoglina] em relação aos angiogênicos [fator de crescimento placentário (PIGF) e fatores de crescimento endotelial (VEGFs)]. Contribui ainda para a complexidade da fisiopatologia da pré-eclâmpsia o conhecimento de que, durante a gestação normal, existe balanço entre as subpopulações de células T-helper (CD4+), com a finalidadede manter a homeostase e orquestrar a resposta imune. Células T naïve com fenótipo CD4+ podem se diferenciar em células Th1, Th2, Th17 e T reguladora (Treg), dependendo do estímulo a que estão sujeitas e do ambiente de citocinas em que se encontram. Na gestação normal, observa-se balanço fisiologicamente desviado em favor dos perfis Th2 e Treg, resultando na tolerância materna ao feto e ao seu desenvolvimento. Na pré-eclâmpsia, esse balanço encontra-se alterado, havendo diminuição das células Treg e aumento das células com perfil Th17 no sangue periférico, associado a menor produção de citocinas anti-inflamatórias e predomínio de citocinas pró- inflamatórias. Esses resultados demonstram que a inflamação sistêmica é uma característica fundamental na pré-eclâmpsia e pode influenciar outros processos imunes. O perfil de citocinas inflamatórias pode induzir ativação de linfócitos B e aumento da produção de autoanticorpos para o receptor tipo 1 da angiotensina II (AT1-AA), aumento de endotelina-1 e da expressão de sFlt-1, além de aumento do estresse oxidativo, que contribuem para a fisiopatologia da pré-eclâmpsia. Durante o segundo estágio, os fatores predisponentes maternos, associados à má perfusão da placenta, determinam as manifestações clínicas decorrentes da disfunção endotelial, caracterizada pelo aumento da permeabilidade vascular, pela excessiva peroxidação lipídica, ativação das plaquetas, ativação da cascata de coagulação, pelo estresse oxidativo e desbalanço entre os fatores vasoativos favorecendo a vasoconstrição. Como todos esses distúrbios têm em comum a inflamação crônica, sugere-se que, quando uma agressão inflamatória patológica se sobrepõe ao estado pró-inflamatório da gestação, ocorrem complicações mais graves como a pré-eclâmpsia. Diagnostico: Pré-eclâmpsia - manifestação de hipertensão arterial associada à proteinúria ou de hipertensão arterial associada à disfunção de órgão-alvo (trombocitopenia, disfunção hepática, insuficiência renal, edema agudo de pulmão, iminência de eclâmpsia ou eclâmpsia), mesmo sem proteinúria, em gestante previamente normotensa, após a 20ª semana de gestação; Pré-eclâmpsia sobreposta à hipertensão arterial crônica – definida pelo aparecimento ou piora da proteinúria detectada na primeira metade da gestação e/ou disfunção de órgão- alvo após a 20ª semana de gestação; Hipertensão gestacional – refere-se ao aparecimento de hipertensão arterial sem proteinúria ou manifestação de outros sinais/sintomas de pré-eclâmpsia, em gestante previamente normotensa, após a 20ª semana de gestação. A hipertensão deve desaparecer até 12 semanas após o parto e, se persistir, será renomeada de hipertensão arterial crônica, que foi mascarada pelas alterações fisiológicas da primeira metade da gestação. Cerca de 10% a 25% desenvolvem sinais e sintomas da pré-eclâmpsia. Proteinúria: presença de pelo menos 300mg em urina de 24 horas. PE com sinais de gravidade: PA ≥ 160 mmHg e/ou 110mmHg confirmada em duas medidas, com intervalo de 10 a 15 minutos; Proteinúria ≥ 2g em urina de 24h; Sintoma de iminência de eclampsia (cefaleia, obnubilação, torpor, escotoma, fosfena, fotofobia, dor epigástrica ou no hipocôndrio direito, náuseas, vomito); Eclampsia – crise convulsiva e/ou coma; Síndrome de HELLP; Oligúria; Cianose; Edema agudo de pulmão; Restrição de crescimento fetal. PE de início precoce está geralmente associada com Doppler anormal da artéria uterina, fetos com restrição de crescimento e resultados maternos e neonatais desfavoráveis; + grave PE de início tardio se associa com índice de resistência uterina normal ou discretamente aumentado, baixa taxa de comprometimento fetal e resultados perinatais mais favoráveis. Tratamento: Prevenção de hipoxia; Tratamento de hipertensão arterial grave; Prevenção de convulsões recorrentes; Avaliação do momento da resolução da gestação. Tratamento não farmacológico: Dieta; Atividade física (redução); Acompanhamento laboratorial; Tratamento farmacológico: Anti-hipertensivos; Sulfato de magnésio: para prevenção de convulsões recorrentes em eclampsia. Obstétrica Pré-eclâmpsia sem sinais de gravidade o Manter a gestação até o termo – não ultrapassar a 40ª semana (no sentido de reduzir as elevadas taxas de cesárea), monitorando: Pressão arterial; Sintomas de iminência de eclâmpsia; Controle laboratorial semanal (hemograma, função renal e hepática); Vigilância do bem-estar fetal e do crescimento fetal. o Resolver a gestação com 37 semanas, se não houver as condições acima de monitoração da gestante. Pré-eclâmpsia com sinais de gravidade Idade gestacional inferior a 24 semanas A conduta expectante nessa idade gestacional está associada com alta mortalidade perinatal (> 80%) e morbimortalidade materna (27% a 71%). Portanto, a maioria dos protocolos indica resolução da gestação. Idade gestacional igual ou superior a 24 semanas e inferior a 34 semanas Tentar prolongar a gestação até 34 semanas, mantendo: Cuidados maternos diários: o PA < 160 x 110 mmHg – anti- hipertensivo VO; o PA ≥ 160 x 110 mmHg – anti- hipertensivo IV + sulfato de magnésio; o Rastreamento dos sintomas de iminência de eclâmpsia; o Controle laboratorial semanal (hemograma, função renal e hepática); Vigilância do bem-estar e do crescimento fetal: o Instituir protocolo; Administrar corticoide para a maturação pulmonar fetal: o Betametasona (12 mg IM a cada 24 horas por 48 horas); ou o Dexametasona (6 mg IM a cada 12 horas por 48 horas); Administrar sulfato de magnésio (esquema de Zuspan) para neuroproteção fetal, antes da resolução da gestação, durante pelo menos 4 horas e sem ultrapassar 48 horas, quando a idade gestacional for inferior a 32 semanas. A resolução da gestação está indicada nas seguintes situações: Síndrome HELLP; Eclâmpsia; Descolamento prematuro de placenta; Hipertensão grave refratária a tratamento; Edema agudo de pulmão; Trabalho de parto prematuro; Rotura prematura de membranas. 2. Elucidar a diabetes gestacional e suas complicações; Para as mulheres, o antecedente obstétrico de diabetes mellitus gestacional (DMG) é o principal fator de risco para o desenvolvimento de diabetes do tipo 2 (DM2) e de síndrome metabólica. Assim, torna-se essencial a identificação da hiperglicemia durante o ciclo gravídico-puerperal tanto pelo risco de piores desfechos perinatais quanto para a prevenção de distúrbios metabólicos maternos em longo prazo. Os filhos de mães diabéticas também sofrem complicações em longo prazo e apresentam risco aumentado de desenvolver obesidade, síndrome metabólica e diabetes na vida futura. Diabetes Mellitus Gestacional apresenta média mundial de 16%; Pode ser classificado em: Diabetes tipo 1: que cursa com destruição das células betapancreáticas, o que geralmente leva à absoluta deficiência de insulina; Diabetes tipo 2: em que se observa aumento da resistência insulínica e defeito progressivo da secreção de insulina; Outros tipos específicos de diabetes: decorrentes de defeitos genéticos na função das células betapancreáticas ou na ação da insulina, doenças do pâncreas ou é induzido por drogas; Diabetes gestacional: diagnosticado durante a gestação e que não atende aos critérios de diabetes pré-gestacional não diagnosticado previamente. O DM1 usualmente é diagnosticado na infância e os pacientes apresentam os sintomas clássicos de polidipsia e poliúria e, muitas vezes, também cetoacidose. Pacientes com DM2 usualmente apresentam poucos ou nenhum sintoma, o que dificulta e atrasa o diagnóstico, favorecendo que número significativo de pacientes só venhaa ser diagnosticado no início da gravidez, com aumento do risco de malformações fetais. Diagnostico: Considerando a necessidade de estudar uma forma viável de diagnóstico, que fosse aplicável a todo o país, no ano de 2016, a Federação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo, a Sociedade Brasileira de Diabetes, a Organização Pan-Americana de Saúde/Organização Mundial da Saúde e o Ministério da Saúde propuseram um protocolo de Diagnóstico de Diabetes Gestacional. Nesse protocolo, foram consideradas a necessidade de que todas as gestantes fossem avaliadas (diagnóstico universal) e a escolha do melhor método diagnóstico possível segundo a capacidade técnica e econômica da região. Foi ainda apontado que o teste com melhor sensibilidade e especificidade para o diagnóstico de DMG é o teste oral de tolerância à glicose (TOTG) com 75g, com os valores propostos pela IADPSG e referendados pela OMS 2013 e FIGO 2015. A primeira proposta considera a viabilidade técnica e financeira total e taxa de detecção de aproximadamente 100% dos casos. Nessa proposta, realiza-se a glicemia de jejum (até 20 semanas de idade gestacional) para diagnóstico de DMG e de DM diagnosticado na gestação. Caso a glicemia de jejum apresente valores inferiores a 92 mg/dL, realiza-se o TOTG com 75g de 24 a 28 semanas. Em casos de início tardio do pré-natal, realiza-se o TOTG imediatamente, visando ao diagnóstico com a maior brevidade possível (Figura 38.1). Em caso de viabilidade financeira e/ou disponibilidade técnica parcial, utiliza-se apenas a glicemia de jejum no início do pré-natal e entre 24 e 28 semanas para os casos em que o resultado da primeira glicemia, realizada antes de 24 semanas de idade gestacional, seja inferior a 92 mg/dL (Figura 38.2). Tratamento: Interdisciplinar Dieta; Exercícios físicos; Monitoração glicêmica; Insulinoterapia; Metformina – aumento de incidência de CA de pâncreas. 3. Entender a síndrome de HELLP. É uma forma grave de pré-eclâmpsia; o Frequência de até 20% Acrônimo: o H: hemólise o ELL: elevação de enzimas hepáticas o P: plaquetopenia Disfunção endotelial se manifesta principalmente pela ativação da coagulação e pela disfunção hepática, detectadas por meio de exames laboratoriais, sendo possível se apresentar clinicamente com pressão arterial normal e/ou sem proteinúria; Sua fisiopatologia consiste em uma disfunção endotelial exacerbada que resulta em intenso espasmo no território arteriolar, hemólise, isquemia perilobular hepática com liberação de enzimas e ativação do sistema de coagulação. A progressão desses danos leva à grave insuficiência hepática e renal associadas a coagulação intravascular disseminada (CIVD). Na edição mais recente da Classificação Internacional de Doenças (CID-10) (2008), não há um item específico para a síndrome HELLP, sendo possível incluir essas situações como pré-eclâmpsia grave no código O14.1; Aspectos etiopatogênicos: Hemólise: o A vasoconstrição presente na doença instalada danifica o endotélio vascular, formando uma matriz de fibrina que prejudica a circulação das hemácias que sofrem modificações estruturais e ficam em formas anormais (equizócitos e quinócitos); Elevação de enzimas hepáticas: o Devido a lesão dos hepatócitos por obstrução dos sinusoides com fibrina; o Dificuldade circulatórias levam a congestão e distensão da capsula de Glisson (dor no hipocôndrio direito); Plaquetopenia: o As lesões endoteliais ativam as plaquetas induzindo sua agregação, formação de trombos e liberação de aminas vasoativas que agravam o vasoespasmo; o O consumo exacerbado de plaquetas não consegue ser compensado pela medula óssea; Diagnostico e quadro clinico: Queixas de mal estar pouco definido; Náuseas; Cefaleias; Icterícia; Dor epigástrica marcante. A trombocitopenia é a principal e mais precoce modificação laboratorial encontrada, e alteração do tempo de protrombina, tempo parcial da tromboplastina e fibrinogênio apenas ocorrerão em fases avançadas, ou seja, quando a queda das plaquetas vai além de 30.000/mm3. Nessas ocasiões, a paciente pode apresentar quadro típico de CIVD, com hemorragia difusa (petéquias, sangramento gengival, hematúria, hematêmese, sangramento nos locais de punção), além dos riscos nos procedimentos operatórios (episiotomia, cesárea). Ainda que seja destacado o comprometimento de órgãos-alvo específicos, o dano endotelial é universal, acarretando o comprometimento funcional de múltiplos órgãos. Dessa forma, muitas pacientes exibem desconforto respiratório ou mesmo edema pulmonar decorrente dos danos instalados nos capilares perialveolares, edema e hemorragias cerebrais e problemas no território placentário que podem culminar com o descolamento da placenta. Conduta terapêutica: O modelo preditor avalia a probabilidade de ocorrência de eventos adversos em 48 horas, o que pode ser importante para o melhor planejamento do manejo clínico da paciente. As medidas terapêuticas visam estabilizar a paciente para o melhor planejamento do parto. Nem todas as pacientes com síndrome HELLP se apresentam hipertensas ou com comprometimento cerebral sugestivo de eclâmpsia. Nessas pacientes, não há evidências que apoiem o uso rotineiro de hipotensores ou de sulfato de magnésio. Por outro lado, muitas pacientes exibem quadro clássico de emergência hipertensiva e sinais cerebrais. Para essas, o uso de hipotensor de ação rápida, como a hidralazina ou nifedipino, e o sulfato de magnésio para prevenir eclâmpsia ou impedir sua recorrência são formalmente indicados. Conduta obstétrica: Não há razões aceitáveis para postergar o parto em pacientes com idade gestacional superior a 34 semanas. Nesses casos, o preparo do colo uterino com misoprostol, na dose de 25 mcg via vaginal, a cada 6 horas, ou a colocação de sonda de Foley no canal cervical, por pelo menos 24 horas, podem resultar em parto vaginal, sendo esse considerado como um desfecho altamente positivo em termos de redução dos riscos maternos. A conduta conservadora pode ser adotada nos casos com idade gestacional inferior a 34 semanas, nos quais a utilização do corticoide antenatal representa redução consistente nos riscos neonatais. Entretanto, a gravidade do quadro materno precisa ser levada em consideração, pois algumas pacientes podem ter seu estado clínico deteriorado rapidamente, aumentando os riscos de insuficiência renal, hepática, respiratória, cardiocirculatória ou de eclâmpsia, exigindo ações efetivas para a redução de riscos e impossibilitando intervenções para qualificar as condições do recém- nascido. Referências: Febrasgo, Tratado de Obstetrícia - Cesar Eduardo Fernandes
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