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FONÉTICA E FONOLOGIA CAPÍTULO 4 - DO QUE TRATA A FONOLOGIA? INICIAR Introdução Alunos do curso de Fonética e Fonologia, damos início ao estudo do quarto capítulo do curso que será dedicado aos estudos fonológicos, com principal ênfase no português brasileiro (PB). Começamos perguntando se você já prestou atenção nos diversos sons do PB? Você já pensou como nós brasileiros conseguimos nos entender com tantos sotaques e com formas diferentes de realizar o mesmo som? Por exemplo, independentemente de uma pessoa falar ‘bom dia’ ou ‘bom dzia’, todo falante do português vai entender que se trata de uma saudação. E você também já parou para pensar que se modificarmos um som em uma palavra, o sentido dela pode ser totalmente modificado, como em ‘tia’ e ‘dia’? São temas como esses que a fonologia estuda. Saussure (2004), quando sugeriu uma delimitação dos campos de estudo da Linguística, propôs a Fonologia como um ramo da Linguística, diferentemente da Fonética, que para ele não era Linguística pura. Para ele, a fonética estuda a fala, que é individual e a fonologia estuda a língua, que é social. Atualmente, se entende que fala e língua não se separam, mas, como lembra Mori (2002, p. 148), “a fonologia continua estudando a língua, mas precisa dos conhecimentos da fonética”. Nessa unidade vamos aprofundar alguns conceitos importantes para a fonologia, como fonema, alofonia e arquifonema. Vamos analisar algumas teorias, principalmente, a da sílaba e ver alguns detalhes da fonologia segmental e suprassegmental. Vamos dar início ao estudo dos conceitos básicos da fonologia na seção a seguir. https://anhembi.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/EDU_FONEFO_19/unidade_4/ebook/index.html#section_1 4.1 As múltiplas realizações dos fonemas Como lembram Seara; Nunes; Lazzarotto-Volcão (2015) é somente no século XX que a fonologia começa a se desenvolver, voltada para a pesquisa da função Linguística dos sons da fala, pois eles são distintivos. Silva (2002) descreve que o procedimento para identificar os fonemas é buscar duas palavras com cadeias sonoras muito semelhantes cujos significados são diferentes. Isso quer dizer que, se trocar um dos sons que constitui uma palavra, isso poderá influir no seu sentido. Veja o exemplo do par de palavras favela – fivela. A simples troca da vogal ‘a’ pela vogal ‘i’ muda completamente o sentido da palavra. Assim, /i/ e /a/ estão em contraste em ambiente idêntico. Essa unidade mínima capaz de trocar o sentido de uma palavra se chama fonema e é representado entre barras / /. Lembre-se de que o fonema é uma representação mental, por isso o uso das barras / /, mas ele pode ter diversas realizações na fala, então usamos os colchetes [ ]. Logo, os fonemas têm essa característica distintiva, mas sozinhos eles não contêm nenhum significado, pois precisam estar combinados com outros fonemas formando sílabas e frases. Mori (2001, p. 153), conclui que: toda língua possui um número restrito de sons cuja função é diferenciar o significado de uma palavra em relação à outra. Os sons que exercem esse papel são chamados de fonemas e ocorrem em sequencias lineares, combinando-se entre si de acordo com as regras fonológicas de cada língua. Todas as vogais e consoantes de uma língua são fonemas. A fonologia adota a descrição da fonética dos fonemas quanto ao seu ponto, modo de articulação e sonoridade. Agora vejamos o caso do fonema /r/ do português. Ele pode ser realizado como um /r/ fraco, como em ‘caro’, ou como um /r/ forte, como em ‘carro’. São fonemas distintos, pois se substituirmos um pelo outro na palavra, muda-se completamente o sentido. “Um carro caro” significa que um automóvel custa muito dinheiro, mas “um caro”, o que significa? Não há distinção entre as palavras, pois os fonemas são os mesmos. Contudo, há situações nas quais muda-se o fonema, mas não o significado. Os fonemas mudam por uma questão dialetal. Vejamos novamente o exemplo da palavra carro. Ela pode ser realizada foneticamente como: ['karʊ] – na qual o r é realizado como uma vibrante alveolar sonora. ['kahʊ] – na qual o r é realizado como uma fricativa glotal sonora. ['kaxʊ] – na qual o r é realizado como uma fricativa velar sonora. Atente-se que não importa se a palavra é falada com os fones [r], [h] ou [x]. Em todas as realizações vamos entender de que se trata da palavra carro. Logo [r], [h] e [x] são variantes do fonema /r/ e são chamados de alofones. A escolha do /r/ para representar o fonema é uma escolha que se consagrou entre os pesquisadores da área. Outro exemplo pode ser a pronúncia do [t] seguido de [i] em palavras como ‘tijolo’. Ela pode ser pronunciada como [ti'ʒolʊ] ou ser pronunciada como um carioca, como [tʃi'ʒolʊ]. Os dois segmentos [t] e [tʃ] são alofones. Para Mori (2001, p. 115): As diferentes realizações Fonéticas de um fonema são conhecidas como alofones ou variantes Fonéticas. Esses alofones ocorrem condicionados por determinados contexto fonológicos, posição na palavra, qualidade dos segmentos contíguos, condicionamentos suprassegmentais como acento e tom (...). Da mesma maneira que o inventário de fonemas de uma língua pode variar em relação uma a outra, assim também os alofones que caracterizam o fonema de uma língua variam de uma língua para outra. O principal critério para agrupar os alofones como variação de um fonema é a distribuição complementar, que veremos a seguir. 4.1.1 Distribuição complementar e variação livre [tʃ] / ______[i] (e variantes) [t] / ______[i] ( e variantes) e nda (nos demais ambientes) A noção de distribuição complementar é baseada em Pike (1947), que diz que os sons tendem a ser afetados por seus contextos linguísticos. A distribuição complementar está relacionada com os alofones, obedecendo ao critério de semelhança fonética. Vamos tomar o caso das duas pronúncias da palavra tia: ['tiɐ] e ['tʃia]. Utilizar um fonema ou outro não muda o sentido da palavra, logo eles são alofones. Porém, o som [tʃ] só é possível ser realizado se a vogal seguinte for [i]. Você não vê o brasileiro falando ['tʃʊɐ] ou [tʃo'matɪ], pois os contextos posteriores de [t] não são o [i]. Dizemos que o [t] e o [tʃ] estão em distribuição complementar quando o contexto posterior for ocupado por [i]. Lembre-se de que quando o contexto posterior for qualquer outra vogal, nesse exemplo, não existe a possibilidade de distribuição complementar. O mesmo ocorre para todos os alofones, do PB, eles entram em distribuição complementar, dependendo do contexto. Como a fonologia propõe a formalização dos fenômenos de fala, esse fenômeno de que pode ser utilizado [t] ou [tʃ] quando o contexto posterior for [i] pode ser representado assim: Deslize sobre a imagem para Zoom Figura 1 - Formalização dos fenômenos de fala.Fonte: Elaborado pela autora, baseado em SEARA; NUNES; LAZZAROTTO-VOLCÃO, 2015, p. 102. Leia a representação acima assim: O fonema /t/ pode ser realizado como seu alofone [tʃ] em contextos diante de [i] e suas variantes, que podem ser o [i] tônico ou o [ɪ] átono, ou como [t] diante de [i] e suas variantes e nos demais ambientes. Os demais ambientes que a regra expressa diz respeito às demais vogais. A regra mostra o que falamos acima, um fonema /t/, que é uma representação mental do som ser realizado como [t] ou [tʃ]. A realização é a fala. Não se preocupe! No transcorrer do texto vamos apresentar mais formalizações. Voltando para o exemplo utilizado na seção anterior, dos alofones do /r/ que podem ser [r], [h] e [x] na palavra terra, é consenso na fonologia que não há motivação fonológica para falar um som ou outro, pois a única motivação é dialetal. Diz-se que esses fonemas [r], [h] e [x] estão em variação livre. Se você pensou que o [t] e o [tʃ] também estão em variação livre, parabéns! Você generalizou oconceito. 4.1.2 Arquifonemas e neutralizações Anteriormente apresentamos o conceito de alofones, que são variações fonéticas de um fonema. Os fonemas mudam o significado da palavra, os alofones não. Vejamos outro exemplo. A palavra ‘pasta’ e a palavra ‘lesma’ podem ser realizadas foneticamente como: ['pastɐ] ~ ['paʃtɐ] ['lezmɐ] ~ ['leʒmɐ] Independentemente de qual realização, não vai haver modificação do sentido. Os fonemas [s] e [ʃ] e o [z] e [ʒ] também são alofones. O único traço que diferencia os elementos dos pares é a sonoridade. Uma consoante é surda e outra sonora. Nessa posição de final de sílaba, esse traço de sonoridade não faz diferença. Esse fenômeno é chamado de neutralização. Callou; Leite (2001) conceituaram neutralização como a eliminação das oposições entre dois ou mais fonemas. Preste muita atenção: isso está relacionado com a posição do fonema na sílaba. Nas palavras ['zelʊ] (zelo) e ['ʒelʊ] (gelo) temos, novamente, os fonemas [z] e [ʒ]. Aqui não há neutralização, pois se muda o fonema, muda também o sentido da palavra. No português brasileiro (PB), a neutralização acontece com as consoantes: a) /s, z, ʃ, ʒ/ – no final de sílabas seguidas de consoantes surdas ou sonoras. A neutralização é simbolizada por /S/. Exemplo: a palavra casca é transcrita como /'kaSka/. Perceba que a transcrição é fonológica, pois só nela é que se usa a representação /S/, pois representa o fenômeno fonológico de neutralização. Se fosse uma transcrição fonética ficaria ['kaskɐ] ou ['kaɐkɐ]; b) [m] e o [n] – quando aparecem em final de sílaba passa a ser representado por /N/, como em campo /'kaNpʊ/ e conto /'koNtʊ/. Preste muita atenção nesses casos de neutralização. O uso do /N/ também é só utilizado na transcrição fonológica. Na transcrição fonética fica ['kãpʊ] e ['kõtʊ]; c) [w] e o [ϯ] – quando aparecem no final de sílabas. Exemplo: a palavra malvada, que pode ser falada como [maw'vadɐ] ou [maϯ'vadɐ]. A neutralização é representada por /L/ e, assim, a transcrição fonológica fica /maLvada/; d) [x], [ɣ], [h], [ɦ] – somente quando aparecem em final de sílabas, pois é uma alofonia nessa posição. Veja o exemplo da palavra porta, que pode ser falada como ['pɔxtɐ] ou ['pɔɣtɐ]. Utiliza-se para representar essas fricativas o /R/, logo, a transcrição fonológica fica /pɔRta/. Voltemos ao exemplo da palavra ‘carro’ e ‘caro’. Jamais podemos utilizar o /R/ na transcrição fonológica dessas duas palavras, pois o r fraco e o r forte nessa posição, em início de sílabas, não é alofone. Então, você viu que podemos usar os símbolos /S/, /L/, /N/ e /R/ para representar sons que são neutralizados. A essa representação com letras maiúsculas chamamos de arquifonemas. Entenda que, para a fonologia, não interessa muito essa descrição detalhada dos sons. Para ela, basta saber que existem formas possíveis de falar um fonema sem alterar o significado da palavra. Os fonólogos resolveram isso criando, então, o conceito de arquifonema, que, como descrito por Cagliari (2002, p. 47), “representa a neutralização da oposição de dois fonemas”. Sobre a alfabetização utilizando o método fônico? O método fônico de alfabetização tem sido bastante aceito pela comunidade científica. Esse método tem por base o conceito de fonemas e incentiva a criança a relacionar som e letra. O método é amplamente aceito pelos estudiosos da área. Saiba mais sobre ele acessando o site do Instituo Alfa e Beto, no endereço eletrônico: <http://www.alfaebeto.org.br/blog/alfabetizacao-com-metodo-fonico/>. Na sequência, vamos estudar um pouco sobre os glides do português. 4.1.3 Os glides O PB é caracterizado por apresentar ditongos, que se constituem numa sequência de duas vogais, como em mau e pai. Quando temos esse tipo de encontro vocálico dentro de uma mesma sílaba, um é uma vogal cheia e o outro é uma semivogal. Somente o [i] e o [u] podem ocupar o papel de semivogal e eles são considerados glides representados por [j] e [w]. Existe, como lembra Silva (2002), uma polêmica em torno dos glides, pois nem todos os autores concordam que ele seja uma semivogal e que podem ser uma semiconsoante. Silva (2009, p. 24) explica o motivo dessa divergência: Esses sons são intermediários a consoantes e vogais, no sentido de que, dentre as consoantes, são as que exibem constrição em menor grau. Daí se assemelharem a vogais. Por outro lado, ocorrem sempre na margem das sílabas, isto e, em posição contigua ao núcleo silábico, uma característica funcional que torna esses sons semelhantes a consoantes. A posição de que [j] e [w] é defendida por Câmara Jr. (1953). Os autores mais atuais do PB, como Seara; Nunes; Lazzarotto-Volcão (2015) e Silva (2007) tendem a colocar o [j] e o [w] no quadro das consoantes. Isso aponta que eles seguem a perspectiva mattosiana dos glides. Que a criança só se alfabetiza se tiver noção de todos os sons que compõem sua língua? Isso se chama consciência fonológica. Os pesquisadores dessa área relatam que a criança precisa fazer a relação do http://www.alfaebeto.org.br/blog/alfabetizacao-com-metodo-fonico/ som com a letra para que possa aprender a escrever. Se você quer mais informações vale a pena ler o texto “Consciência fonológica em crianças pequenas” (2006), de Marilyn Jager Adams. Na sequência desse texto, vamos ver os processos fonológicos mais recorrentes do PB. 4.2 Os processos fonológicos do PB Para falarmos de processos fonológicos, o leitor deve ter entendido que a língua não é fixa, que ela muda não só numa perspectiva diacrônica, ou seja, durante o tempo, mas também numa perspectiva sincrônica (CALLOU; LEITE, 2001). Isso quer dizer que hoje, no Brasil, temos muitos dialetos do PB, sem contar no próprio idioleto do indivíduo. Claro que essas são questões que adentram o campo da sociolinguística, mas que a fonética e a fonologia ajudam na descrição dos fenômenos de mudança. Outro ponto que necessita ser retomado é que a fonologia é explicativa, ou seja, ela procura construir modelos para explicar o funcionamento das línguas. E preste atenção que estamos falando de língua e, acima de tudo, a língua é uma representação simbólica do mundo. Se a língua é um simbolismo, ela é abstrata na mente do falante, falando de um modo muito generalista. Essa abstração da língua é defendida por Chomsky e Halle (1968). Noam Chomsky? Linguista norte-americano, impulsionador da Teoria Gerativa. Adotou uma posição crítica radical ao behaviorismo, que considerava a linguagem como um comportamento aprendido. Na visão de Chomsky, a linguagem é uma propriedade inata do cérebro/mente dos seres humanos. A Teoria Gerativa é seguida até hoje pelos linguistas para explicar a aquisição da linguagem e a fonologia das línguas naturais. Na perspectiva desses pesquisadores, o falante tem uma representação da sua língua, que é mental, ou seja, subjacente. Essas representações emergem na superfície, que se trata da saída fonética. Olhe a Figura a seguir e fale em voz alta o que ela mostra: Deslize sobre a imagem para Zoom Figura 2 - Processos fonológicos.Fonte: PinkPeng, Shutterstock, 2017. É um menino, não é mesmo? Mas você falou [me'nino] ou [mi'ninʊ]? A maioria dos brasileiros vai falar a segunda forma. Porém, todo mundo tem na mente a palavra menino. Essa é a essência do conceito de representação subjacente. A representação de superfície é como a palavra é pronunciada na saída fonética. Os processos fonológicos, segundo Cagliari (2002, p. 99), “são alterações sonoras que ocorrem nas formas básicas dos morfemas, ao se realizarem foneticamente, são explicadas através de regras que caracterizam os processos fonológicos”. Mateus; Falé; Freitas (2005) acrescentam que os processos fonológicos podem incidir, também, sobre os elementos do sistema fonológico,como as vogais. O exemplo da palavra [mi'ninʊ] mostra o processo fonológico que recai nas duas sílabas átonas da palavra: ‘me’ realizado como [mi] e ‘no’ realizado como [nʊ]. Cagliari (2002, p. 29) ensina que os linguistas costumam marcar os processos fonológicos utilizando símbolos. Vejamos quais são: ______ (traço): serve para marcar a exata posição em que ocorre o segmento, cujo contexto será caracterizado pelo que o precede ou segue. . (ponto): usado para marcar a separação das sílabas. + (sinal de mais): marca as fronteiras internas dos morfemas na formação de palavras. # (cerquinha): indica as fronteiras de palavra, onde uma palavra começa e termina. / (barra inclinada): (...) Serve para indicar que o que vem depois é a informação de um contexto (além de indicar que o símbolo entre // são fonemas). Agora que você já viu os símbolos, vamos ver novamente a representação de um processo fonológico já apresentado acima: Deslize sobre a imagem para Zoom Figura 3 - Formalização de um processo fonológico.Fonte: Elaborado pela autora, baseado em CAGLIARI, 2002, p. 109. A seta indicando para cima leia-se: realizado como; A seta indicando para baixo leia-se: em contextos diante de. Durante esse tópico vamos formalizar, ou seja, representar fonologicamente alguns casos de processos fonológicos. Os processos fonológicos do PB são divididos em quatro grupos: (i) assimilação; (ii) reestruturação silábica; (iii) enfraquecimento e reforço; e (iv) neutralização, segundo Seara; Nunes; Lazzarotto-Volcão (2015) e Cagliari (2002), que estudam os processos fonológicos estritamente pela visão fonética e fonológica, linha a ser seguida neste capítulo. 4.2.1 Assimilação A assimilação é um processo fonológico de perda de traços. Cagliari (2002, p. 99) explica que esse processo “ocorre quando um som se torna mais semelhante a outro”. Para entender melhor vamos ver o exemplo das palavras cama e cala. Vejam que as palavras se diferenciam somente pela segunda consoante, porém, na transcrição fonética temos as pronúncias dessas palavras como ['kãmɐ] (fonológica /Kama/) e ['kalɐ]. De onde vem o traço de nasalidade do primeiro fonema /a/ da palavra cama? Vem da consoante nasal /m/, que a sucede. Ou seja, a vogal /a/ assimilou o traço de nasalidade da consoante nasal que a sucede. Preste atenção que foi só nesse caso, pois diante do [l] isso não aconteceu porque a consoante [l] não é uma nasal. A formalização dessa nasalização pode ser: Deslize sobre a imagem para Zoom Figura 4 - NasalizaçãoFonte: Elaborado pela autora, 2017. Leia-se: a vogal oral a se realiza como vogal nasal a em contextos diante da consoante nasal m. Outro exemplo de processo de assimilação, como explica Seara; Nunes; Lazzarotto-Volcão (2015, p. 144), é “o vozeamento que ocorre quando uma consoante se torna surda ou sonora, dependendo se a consoante adjacente a ela é surda ou sonora”. Vamos analisar a palavra ‘mosca’: Transcrição fonológica: /moSka/ O arquifonema/S/ pode ser falado como [s], [z], [ʃ] e [ʒ]. Observe o contexto seguinte do arquifonema /S/, ocupado pelo fonema /k/, que é uma consoante surda. Pelo fato dessa consoante ser surda, o lugar do arquifonema /S/, por uma questão de assimilação de traço de sonoridade, só poderá ser ocupado por consoantes surdas, logo, na representação de superfície (na fala) teremos o som [s] ou [ʃ], pois eles são surdos. Então, o falante pronuncia ['moskɐ] ou ['moʃkɐ]. Formalizando esse caso: Deslize sobre a imagem para Zoom Figura 5 - Consoante surda.Fonte: Elaborado pela autora, 2017. Leia-se: o arquifonema s se realiza como s ou ch em contextos diante de consoantes surdas. Observe agora a palavra ‘lesma’: Transcrição fonológica /leSma/ O arquifonema/S/ pode ser falado como [s], [z], [ʃ] e [ʒ]. Observe o contexto seguinte ao arquifonema /S/ ocupado pela nasal /m/, que é uma consoante sonora. Assim, o arquifonema /S/ poderá emergir na fala como uma consoante sonora [z] ou [z]. Isso quer dizer que o falante ou fala ['lezmɐ] ou ['leʒmɐ], dependendo de seu dialeto. Formalizando esse caso, temos: Deslize sobre a imagem para Zoom Figura 6 - Consoante sonora.Fonte: Elaborado pela autora, 2017. Leia-se: o arquifonema s se realiza como z ou ʒ em contextos diante de consoantes sonoras. Mais um caso de assimilação, chamado de harmonia vocálica, é aquele que acontece com as palavras comida, cozinha, pepino, dentre outras, que podem ser pronunciadas como comida ~ [ku'midɐ], cozinha ~ [ku'ziɲɐ] e pepino ~ [pi'pinʊ], respectivamente. Para Seara; Nunes; Lazzarotto-Volcão (2015) essas são modificações que podem ocorrer em vogais pré-tônicas médias altas, que nos exemplos trata-se da vogal [o], que se harmoniza com a altura da vogal tônica, que nos exemplos é a vogal [i]. Já nas duas primeiras palavras se harmoniza com a vogal média alta anterior [i] e na última, com a vogal média alta posterior [u]. A palavra menino, já apresentada anteriormente, também é um exemplo de assimilação por harmonia vocálica. Optamos por não formalizar o processo de harmonização vocálica e os próximos que seguirão, pois exige um conhecimento mais aprofundado da Fonologia Gerativa, teoria um pouco complexa para quem está iniciando no campo dos estudos fonológicos. Mais sobre a Fonologia Gerativa? Leia o artigo “Fonologia: breve histórico dos estudos no Estruturalismo e Gerativismo” (2012), escrito por Schardosim e Trombeta, publicado na revista eletrônica E-scrita. Nesse artigo você tem uma introdução histórica da Teoria Gerativa da fonologia e seus principais fundamentos. O texto está disponível em:-- <http://revista.uniabeu.edu.br/index.php/RE/article/view/451>. Vejamos agora o próximo processo fonológico chamado reestruturação silábica. 4.2.2 Reestruturação silábica A sílaba canônica do PB é formada por uma sequência de consoante + vogal (CV), não esquecendo que o PB também apresenta sílabas com maior complexidade, com sequências, por exemplo, CVC, ou ainda outros mais fonemas. Veremos isso mais adiante. http://revista.uniabeu.edu.br/index.php/RE/article/view/451 O processo de reestruturação silábica consiste, como lembram Seara; Nunes; Lazzarotto-Volcão (2015, p. 144), num “apagamento de um segmento nas sílabas, de modo que dois segmentos podem juntar-se formando um, ou pode haver, ainda, uma permuta de suas posições na sílaba ou a inserção de um segmento”. Vejamos alguns exemplos: a) Inserção Palavra: advogado Transcrição fonológica: /advo'gado/ Transcrição fonética possível: [adɪvo'gadʊ] ou [adevo'gadʊ] Na palavra acima há a inserção de um [i] ou de um [e] que podem ser pronunciados com menos intensidade, como uma vogal átona. A inserção de um fonema ou outro depende do dialeto. Este é um processo de estrutura silábica, pois a sílaba ad (VC) é transformada em uma sequência V.CV (a.di). b) Apagamento Palavra: problema Transcrição fonológica: /pɾo'blema/ Transcrição fonética possível: /po'blema/ Na palavra problema há o apagamento do rótico na primeira sílaba, simplificando a sílaba CCV (pro) para CV (po). c) Permuta Palavra: lagartixa Transcrição fonológica: /lagaR'tiʃa/ Transcrição fonética possível: [laxga'tiʃɐ] No exemplo da palavra lagartixa, a estrutura que emerge apresenta a troca do rótico da primeira para a segunda sílaba. Se você prestar atenção, o ponto de articulação do [g] é velar do mesmo modo que o rótico [x], enquanto que o ponto de articulação do [t] é alveolar, logo, é mais fácil para o falante falar [laxga'tiʃɐ] do que [lagax'tiʃɐ], devido à proximidade do ponto de articulação na emissão da palavra com permuta. 4.2.3 Enfraquecimento e reforço O enfraquecimento também pode ser chamado de redução, segundo Cagliari (2002, p. 102), uma vez que “consiste na modificaçãodos segmentos de acordo com sua posição na palavra”. Um tipo de enfraquecimento é o apagamento. Vamos exemplificar com a palavra médico com sua forma fonológica subjacente e sua forma fonética de superfície: Palavra: médico Transcrição fonológica: /'mɛdiko/ Transcrição fonética possível: ['mɛdʒ.ko] O apagamento do [i] na sílaba pós-tônica induz a uma reestruturação silábica de uma palavra proparoxítona trissilábica, transformando-a em uma paroxítona dissilábica. Isso acontece com muitas palavras proparoxítonas do português, como ‘fósforo’, que pode ser falada ['fɔsfɾʊ]. Numa perspectiva mais variacionista, esse fenômeno pode ser chamado de síncope (LEMLE, 1978). Porém, como já esclarecemos, estamos trabalhando com uma classificação estritamente fonológica. O processo de reforço, como explica Cagliari (2002, p. 102), “é o processo inverso ao enfraquecimento”. Temos exemplos no PB de vogais em posição tônica que são ditongadas na fala, como é o caso da palavra três. Vejamos sua estrutura subjacente e de superfície: Palavra: três Transcrição fonológica: /'tɾeS/ Transcrição fonética possível: ['tɾejʃ] Veja que uma sílaba CCVC se transformou em CCVVC. As palavras paz, tenaz e inglês são outros exemplos do processo de reforço. 4.2.4 Neutralização Para Bisol (2003), os fonemas na pauta tônica, por sua função distintiva, são em número de sete /i u e o ɔ ɛ a/. Nas demais pautas, o sistema das vogais fica reduzido pelo processo de neutralização em três, no caso das vogais postônicas finais /i, u, a/. Isso explica a estrutura de superfície da palavra leite ~ ['lejtɪ] e da palavra bolu ~ ['bolʊ], dentre outras. Que os acidentes vasculares cerebrais (AVC) podem afetar a fala? Os derrames cerebrais, como são popularmente conhecidos, se atingirem o lado esquerdo de cérebro podem afetar as regiões de linguagem situadas no lobo temporal. As sequelas de um AVC podem atingir a fala e a pessoa pode ter dificuldades em falar, ou seja, acertar o ponto de articulação dos fonemas, e/ou de compreender a linguagem do seu interlocutor. A seguir, retomaremos alguns conceitos sobre as sílabas e as pautas acentuais. 4.3 Estrutura silábica do PB e as pautas acentuais Os fonemas de uma língua organizam-se, naturalmente, em sílabas. A organização silábica não é a mesma nas línguas naturais, pois as línguas variam não só quanto ao seu inventário de sons, mas também quanto a sua organização silábica. Vamos nos concentrar na estrutura silábica do português. Seara; Nunes; Lazzarotto-Volcão (2015, p. 117) explicam que, “apesar de termos uma noção quase intuitiva do que são sílabas, o conceito de sílaba é algo muito complexo e existem algumas teorias dedicadas a elas”. Mendonça (2003, p. 28), explica que “as sílabas são organizadas segundo uma escala de sonoridade, e que os segmentos de uma língua, apresentam uma classificação de sonoridade”. Silva (2002), Mendonça (2003) e Seara; Nunes; Lazzarotto-Volcão (2015) concordam na classificação de sonoridade dos segmentos do português, que pode ser representado pelo seguinte quadro: Deslize sobre a imagem para Zoom Quadro 1 - Sonoridade dos segmentos do português. Fonte: SEARA; NUNES; LAZZAROTTO-VOLCÃO, 2015, p. 117. No português, Silva (2002), Mendonça (2003) e Seara; Nunes; Lazzarotto- Volcão (2015) apontam que uma sílaba tem uma região central de maior sonoridade, sempre ocupada por uma vogal de modo que a sonoridade da sílaba pode ser assim representada: Deslize sobre a imagem para Zoom Figura 7 - Organização de sonoridade da sílaba.Fonte: MENDONÇA, 2003, p. 28. Veja que na figura Organização de sonoridade da sílaba temos uma representação de sílaba CVC, como na palavra ter. Em sílabas CV, não há a borda direita, ou seja, a sílaba termina numa vogal, como em ‘bola’ (CV.CV). A Teoria Suprassegmental propõe um modelo para representação subjacente da sílaba, que permite organizar os segmentos segundo sua hierarquia de sonoridade. Com esse modelo (ver figura abaixo), é possível representar qualquer sílaba de qualquer língua: Deslize sobre a imagem para Zoom Figura 8 - Estrutura interna da sílaba.Fonte: SILVA, 2002, p. 205. No esquema silábico apresentado na figura Estrutura interna da sílaba o símbolo σ significa sílaba. O onset silábico é também chamado de ataque e, nesse caso, simbolizado no molde silábico pela letra A. Na rima, especificamente no núcleo, são alocadas as vogais e as semivogais, pois elas são o pico de sonoridade da sílaba. Na posição de coda, entram os arquifonemas. Alvarenga; Oliveira (1997) descrevem dentro do molde silábico os sons do português que podem ocupar as posições de onset, núcleo e coda: Deslize sobre a imagem para Zoom Figura 9 - Fonemas do PB e as posições que ocupam no molde silábico.Fonte: Elaborado pela autora, baseado em ALVARENGA; OLIVEIRA, 1997. As sílabas podem ser classificadas e entre os autores do PB existe uma pequena divergência nas sílabas que são simples ou complexa. Adotamos nesse texto a classificação proposta por Mori (2003), que classifica a sílaba como simples ou complexa, abertas (ou livres) e fechadas (ou travadas). Veremos um conceito para cada uma delas juntamente com sua distribuição no molde silábico, que deve conter somente o segmento sonoro. a) Simples – uma sílaba é considerada simples quando é formada apenas pelo núcleo, que é sempre ocupado por um fonema vocálico. Exemplo: Palavra: olho Transcrição Fonética: ['o.ʎʊ] Constituição silábica: V.CV (a separação silábica é da perspectiva da fala e não da escrita) Sílaba simples: [o] – a primeira sílaba da palavra. Deslize sobre a imagem para Zoom Figura 10 - Sílaba simples.Fonte: Elaborado pela autora, 2017. b) Complexa – é aquela sílaba constituída por um núcleo antecedido ou precedido por uma vogal. Exemplo: Palavra: arbusto Transcrição Fonética: [ax.buʃ.tʊ] (poderá haver outras transcrições, dependendo do dialeto) Constituição silábica: VC.CVC.CV Sílaba complexa: todas Deslize sobre a imagem para Zoom Figura 11 - Sílaba complexa.Fonte: Elaborado pela autora, 2017. c) Aberta – é aquela que sempre termina em uma vogal. Palavra: arbusto Transcrição Fonética: [ax.buʃ.tʊ] (poderá haver outras transcrições, dependendo do dialeto) Constituição silábica: VC.CVC.CV Sílaba aberta: [tʊ] – CV d) Fechada – também conhecida por travada. Termina sempre em uma consoante, que no PB podem ser os arquifonema /S/, /R/, /N/, /L/. Lembre- se de que estamos falando de sílabas, de modo que elas podem aparecer dentro da palavra, ou no final delas. Palavra: arbusto Transcrição Fonética: [ax.buʃ.tʊ] (poderá haver outras transcrições, dependendo do dialeto) Constituição silábica: VC.CVC.CV Sílaba fechada: ['buʃ] – bus (observe que a mesma sílaba pode ser considerada complexa e fechada) As sílabas das línguas naturais possuem sequências silábicas características, por exemplo, a língua portuguesa não admite uma sílaba formada somente por uma consoante C. Também não permite que uma palavra seja começada por [ʎ, ɲ e ɾ], é o que nos fala Collischonn (1999a). Palavras como 'lhama' são empréstimos, que dizer, pertencem à outra língua e a adotamos no português. No português podemos encontrar as seguintes sílabas onde V é a vogal, V’ a semivogal e C a consoante: Deslize sobre a imagem para Zoom Quadro 2 - Sílabas do PB.Fonte: Elaborado pela autora, baseado em SEARA; NUNES; LAZZAROTTO-VOLCÃO, 2015. Agora vejamos algumas das palavras apresentadas no Quadro Silabas do PB distribuídas dentro do molde silábico. Deslize sobre a imagem para Zoom Figura 12 - Moldes silábicos.Fonte: Elaborado pela autora, 2017. A seguir veremos a acentuação no português, um tema polêmico. 4.3.1 As pautas acentuais Collischonn (1999b)e Seara; Nunes; Lazzarotto-Volcão (2015) alertam que o acento na língua portuguesa é um tema controverso. As pesquisadoras questionam se o acento pode ser considerado um fonema da língua ou um aspecto suprassegmental. Elas partem de vários exemplos, como as palavras sábia, sabia e sabiá, que mudam completamente o sentido somente modificando a tonicidade da sílaba. O mesmo ocorre com os ditongos nasais em palavras como pegaram e pegarão, que mostram tempos verbais diferentes. O leitor pode estar pensando que, no caso do último par de exemplo, há uma diferença visível. É verdade! Ortograficamente e na escrita há uma diferença, mas na fala as duas palavras são transcritas assim: [pe'garãw᷈] e [pega'rãw᷈]. Filmes sobre as consequências dos acidentes vasculares cerebrais? Os acidentes vasculares cerebrais, como já comentamos, podem afetar a linguagem humana de vários modos. Há uma larga lista de filmes sobre esse tema. O Portal da Afasia, criado para esclarecer os leitores sobre esse tema, indica filmes que tratam do assunto. Acesse: <http://www.afasia.com.br/afasia-e-cinema> e escolha um filme para assistir. Nesse sentido, Seara; Nunes; Lazzarotto-Volcão (2015, p. 128), explicam o que trata-se de uma característica suprassegmental: Suprassegmental é uma característica fônica que afeta unidade que não correspondem exatamente ao fonema, mas sim ao acento e à entoação que afetam a sílaba ou a palavra, ou seja, unidades maiores do que o fonema. É essa característica prosódica sobreposta às sílabas que nos faz perceber, por exemplo, qual é a sílaba acentuada em determinadas palavras. Collischonn (1999b), sobre as regularidades do acento em português, conclui que: (i) o acento somente pode cair em uma das últimas três sílabas de uma palavra; (ii) a posição do acento na penúltima sílaba é preferida, como em ‘urgente’ e ‘tijolo’; (iii) a posição de acento sobre a última sílaba é preferida se ela terminar em consoante, como é o caso de palavras colher e civil. A sílaba que possui o peso do acento é chamada de sílaba tônica. Aquela que vem antes da sílaba acentuada tônica é chamada de sílaba pretônica e aquela que vem depois da tônica é chamada de postônica. 4.4 Prosódia e ritmo do português Seara (2008, p. 22) define prosódia como “parte da fonologia que estuda os traços fônicos que se acrescentam aos sons da fala e que devem ser descritos com referência a um domínio maior do que um simples segmento”. Os parâmetros são (1) intensidade, (2) curva de F0 e (3) duração, que se constituem em parâmetros acústicos mensuráveis através de técnicas e softwares específicos da área. Através dessas medidas, os pesquisadores conseguem atribuir características as línguas, como a entoação das questões interrogativas, estudos de foco, que são proeminências prosódicas com funções semânticas e pragmáticas, dentre outras possibilidades. Scarpa (1999) lembra que a prosódia é um espaço privilegiado de interface entre componentes linguísticos, desde os mais formais até os http://www.afasia.com.br/afasia-e-cinema mais discursivos. A pesquisadora dá ênfase para o período de aquisição da linguagem, pois ela considera que a prosódia é via privilegiada de engajamento da criança no diálogo por meio da entoação e contrastes das curvas melódicas, tessitura, velocidade de fala, intensidade e duração. É por meio da prosódia da fala que a criança percebe as características de ritmo (aí incluída a aquisição de acento primário) e entoação da língua que está aprendendo. Um vídeo que ficou muito conhecido das redes sociais? Nele, dois bebês mantém uma longa conversa sem a emissão de uma palavra com significado. Esse é um bom exemplo de prosódia, na qual os bebês imitam a melodia da fala. Na fase de aquisição da linguagem, a prosódia também faz parte do desenvolvimento. Assista em: <https://www.youtube.com/watch?v=SdihUxn_IMY>. Cagliari (2012) lembra que o ritmo também é uma característica prosódica da fala. Fisicamente falando, o ritmo é a repetição de um movimento num espaço de tempo, relacionado com a duração. Sob a perspectiva fonética, o ritmo é resultado dos pulsos aerodinâmicos, que são concentrados nas sílabas tônicas. Nessa perspectiva, Cagliari (2012) esclarece que as línguas, quanto ao ritmo, podem ser classificadas como línguas de ritmo silábico ou línguas de ritmo acentual. As últimas são muito sensíveis ao andamento e à velocidade da fala, apresentando processos de assimilação, inserção, dentre outros. Como já visto anteriormente, o português é uma língua sujeita aos processos fonológicos, de modo que é possível concluir que trata-se de uma língua de ritmo acentual. Cagliari (2012) também lembra que a sílaba do português tem uma duração diferenciada, com sílabas ultrabreve, breve, média, longa e ultralonga. Se retomarmos a figura 7, “Fonemas do PB e as posições que ocupam no molde silábico”, poderemos inferir que sílabas formadas somente por uma vogal V são mais breves do que sílabas formadas por dois ou três segmentos, e que sílabas formadas por sequências CV’VV’C são as mais longas do PB. https://www.youtube.com/watch?v=SdihUxn_IMY Silva (2002) lembra que o desenvolvimento da Fonologia Suprassegmental, que trata da prosódia e do ritmo das línguas, contribuiu muito com as propostas teóricas de descrição e formalização dessa área. No Brasil, o IEL (Instituto de Estudos da Linguagem), em Campinas/SP, e o FONAPLI (Laboratório de Fonética Aplicada), em Florianópolis/SC, são exemplos de centros de estudos linguísticos que têm se dedicado ao estudo da prosódia do PB. Introdução 4.1 As múltiplas realizações dos fonemas 4.1.1 Distribuição complementar e variação livre 4.1.2 Arquifonemas e neutralizações 4.1.3 Os glides 4.2 Os processos fonológicos do PB 4.2.1 Assimilação 4.2.2 Reestruturação silábica 4.2.3 Enfraquecimento e reforço 4.2.4 Neutralização 4.3 Estrutura silábica do PB e as pautas acentuais 4.3.1 As pautas acentuais 4.4 Prosódia e ritmo do português
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