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1 LÍNGUA PORTUGUESA / INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS SUMÁRIO Leitura, compreensão e interpretação de textos* ........ 1 Estruturação do texto e dos parágrafos ...................... 8 Articulação do texto: pronomes e expressões referenciais, nexos, operadores sequenciais .............. 9 Significação contextual de palavras e expressões .... 15 Equivalência e transformação de estruturas ............. 16 Processos de coordenação e subordinação* ............ 19 Emprego de tempos e modos verbais ....................... 25 Pontuação ................................................................. 31 Estrutura e formação de palavras* ............................ 34 Funções das classes de palavras* / Flexão nominal e verbal ........................................................................ 35 Pronomes: empregos, formas de tratamento e colocação .................................................................. 42 Concordância verbal e nominal ................................. 46 Regência verbal e nominal ........................................ 52 Ortografia e Acentuação ........................................... 56 * Conteúdos prioritários LEITURA, INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DE TEXTOS Atenção! Este é um conteúdo prioritário! A capacidade de compreender e interpretar faz parte do nosso cotidiano e, mesmo que não tenhamos consciência disso, usamos essa capacidade diariamente. Podemos compreender e interpretar textos toda vez que lemos uma notícia no jornal, ouvimos o discurso de algum político, vemos a postagem de alguma celebridade nas redes sociais, ouvimos uma música, assistimos a um filme, rimos de uma piada, participamos de uma conversa, assistimos a uma palestra, recebemos uma indireta, percebemos uma ironia, enfim, esses exemplos mostram que estamos às voltas com a compreensão e interpretação o tempo todo. E, em alguns casos, se essa habilidade falha, perdemos a oportunidade de entender a mensagem que recebemos. Um exemplo disso é quando a pessoa diz que não entendeu um filme a que assistiu ou diz que não compreende bem a letra de uma canção. Outro exemplo: há pessoas que têm dificuldade de compreender piadas, indiretas e ironias, porque todas essas formas de comunicação pressupõem o uso de subentendidos, insinuações, ambiguidades e um tipo de linguagem indireta que não é facilmente interpretada em um primeiro momento. Quando a pessoa não “pega” a piada, a ironia ou a indireta é porque sua capacidade de compreensão e interpretação falhou. Numa situação de concurso, exame ou prova, a habilidade de compreender e interpretar é mobilizada o tempo todo, seja em uma questão em que se pede, diretamente, para se fazer a interpretação de determinado texto, seja nos momentos em que essa capacidade é solicitada indiretamente, já que precisamos compreender os enunciados e aquilo que a questão está pedindo e entender o que devemos fazer e a quais conhecimentos devemos recorrer. Por esse motivo, neste artigo vamos conhecer e organizar algumas estratégias de leitura, compreensão e interpretação de textos, com o objetivo de expandir nossas habilidades como leitor. PASSO A PASSO PARA LEITURA, COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS Antes de dar início ao passo a passo, vamos entender o que é texto. Textos não são somente escritos O texto não é somente um amontoado de palavras. Durante muito tempo, os teóricos da linguística definiram texto como uma unidade de sentido, algo que poderia ser interpretado por possuir um sentido completo. Hoje em dia, somando a essa definição, eles ampliaram o conceito e passaram a considerar que o texto pressupõe a interação entre o emissor (autor) e o receptor (leitor/ouvinte), pois o texto não é um produto pronto, acabado, mas sim um evento que depende de alguém que o processe, pois o sentido muda de acordo com os seus destinatários e o contexto no qual se encontram. (MARCUSCHI, 2008, p.72 apud FREITAS; LUNA, 2015, p.85) Trocando em miúdos, o texto é uma unidade de sentido, mas, para esses sentidos serem interpretados, é necessário que o receptor compreenda a mensagem transmitida. Se o texto é tudo aquilo que possui um sentido que pode ser compreendido pelo receptor, podemos dizer, então, que o texto extrapola o universo das palavras. Exemplos: Texto 1 Texto 2 Licensed to Luiz Ricardo Felipe dos Santos - lf2127047@gmail.com 2 Texto 3 (Fonte: http://ospequenospensadores.blogspot.com/2011/11/escrevendo-texto- narrativo-partir-de.html) Podemos dizer que, acima, temos três exemplos de texto. As três imagens nos transmitem informações, mensagens com sentido, mesmo que praticamente sem palavras. No texto 1, o único elemento verbal é a letra “E”. De acordo com as leis de trânsito brasileiras, já está convencionado que esta imagem significa que é proibido estacionar no local onde ela se encontra. Assim, quem conhece as normas de trânsito entende essa informação. O texto 2 também nos transmite uma mensagem: a de que devemos ficar em silêncio. Essa informação nos é passada sem a necessidade de nenhuma palavra, pois o gesto de colocar o dedo indicador na frente dos lábios já é tradicionalmente conhecido como um pedido de silêncio. O texto 3 é um pouco mais complexo porque se trata de uma narrativa, na qual se utiliza uma única palavra: a onomatopeia “cabrum”, que representa o som de trovões. Para compreender esse texto, o leitor precisa mobilizar alguns conhecimentos prévios: ele precisa conhecer o personagem Cascão, da “Turma da Mônica”; precisa conhecer a característica mais marcante do Cascão, que é ter medo de água; precisa saber que “cabrum” é uma onomatopeia que representa o som do trovão; e, finalmente, precisa entender que o trovão é o anúncio de que a chuva vem chegando. Em posse de todos esses conhecimentos, ele consegue montar a narrativa, compreendendo que, ao perceber que a chuva vinha chegando, Cascão, por medo de se molhar, tirou o jabuti de seu casco e se escondeu nele. Curiosidade! Onomatopeias são palavras que representam sons de objetos, animais, fenômenos da natureza etc. São muito utilizados em histórias em quadrinhos, mas também podem ser utilizados em textos em geral. Com esses três exemplos, compreendemos que os textos podem ser verbais (quando utilizam somente palavras), não verbais (quando utilizam outros códigos que não sejam palavras, como imagens, sons etc.) ou mistos (quando utilizam elementos verbais e não verbais), caracterizando-se como uma unidade de sentido e nos transmitindo uma mensagem. Além disso, textos também não precisam necessariamente ser escritos. Um texto oral (falado ou cantado) também é um texto. Exemplos: quando assistimos a uma reportagem na TV, ouvimos uma palestra ou uma música, escutamos uma pessoa mais velha contando histórias do passado ou participamos de uma conversa, também estamos tendo contato com textos. Textos orais fazem parte da nossa tradição e remontam ao início da humanidade, existindo desde antes da invenção da escrita. É possível notar, portanto, que estamos cercados de textos no nosso dia a dia, o que nos impõe a necessidade de saber compreendê-los e interpretá- los. Em uma situação de prova, devemos estar atentos a todos os tipos de textos, e não apenas aos verbais. Todo texto traz alguma informação Se todo texto é uma unidade de sentido, isso quer dizer que todo texto transmite algum tipo de informação. Tudo vai depender da finalidade do texto e do objetivo de quem o emite. Por exemplo: se, durante uma prova, o professor diz para os alunos: “Silêncio!”, essa única palavra já transmitiu a informação que ele quis passar: que ninguém deve fazer nenhum tipo de barulho ou conversar. Mais um exemplo: imagine agora que alguém tem em mãos uma embalagem de algum produto e vê um dos seguintes símbolos na embalagem: Por serem símbolosjá convencionados, todos eles transmitem informações que podem ser facilmente compreendidas por quem os vê: o primeiro símbolo significa que a embalagem é feita de material reciclável; o símbolo do meio significa que o produto da embalagem é tóxico; e o último símbolo significa que se trata de um produto inflamável. Veja que, mesmo sem palavras, temos informações sendo transmitidas. Outro exemplo: Se uma pessoa diz: “João continua desempregado”, ela nos transmitiu duas informações simultaneamente: 1. Que João está desempregado – informação expressa explicitamente na frase; 2. Que a situação de desemprego de João já dura algum tempo – informação expressa implicitamente pela utilização do verbo “continuar”, que passa a ideia de continuidade, prolongação de tempo. Licensed to Luiz Ricardo Felipe dos Santos - lf2127047@gmail.com 3 Com isso, vemos que os textos podem transmitir também informações implícitas, ou seja, que não estão expressas claramente, “com todas as palavras”, mas que podemos compreender a partir da análise de algumas palavras, expressões ou outras escolhas do autor. Um último exemplo: vejamos o texto abaixo, retirado da obra Filosofando, de Aranha e Martins: A morte é o destino inexorável de todos os seres vivos. No entanto, só o homem tem consciência da própria morte. Por se perceber finito, o homem aguarda com ansiedade o que poderá ocorrer após a morte. A crença na imortalidade, na vida após a morte, simboliza bem a recusa da própria destruição e o anseio da eternidade. (ARANHA; MARTINS, 2009, p.331). A partir desse pequeno trecho, podemos depreender uma série de informações: • Todos os seres vivos irão necessariamente morrer; • De todos os seres vivos, somente o ser humano tem consciência da própria morte; • Por causa dessa consciência, o ser humano tem ansiedade em relação ao que pode ocorrer após a morte; • Essa ansiedade leva o ser humano a criar mecanismos para conviver ou “negociar” com essa realidade; • Um desses mecanismos é crer na vida após a morte / imortalidade; • Essa crença é uma recusa em aceitar a própria finitude e um anseio pela eternidade. Percebemos, então, a necessidade de estarmos sempre atentos a todas as informações que são veiculadas por um texto. Para não deixarmos passar nada despercebido, devemos realizar uma leitura atenta do texto, procurando elencar todas as informações possíveis. Saiba a diferença entre compreender e interpretar Embora essas duas palavras quase sempre venham juntas nos enunciados e comandos das questões, elas têm significado diferentes e caracterizam duas “fases” distintas do processo de leitura: Compreender é ter uma noção global do texto: começamos a ler e logo vamos notando a estrutura do texto, percebendo o tipo e o gênero textuais, vamos entrando em contato com o tema, compreendendo as palavras que o autor utiliza, percebendo as estruturas gramaticais que vão formando frases coerentes e coesas, utilizando nossos conhecimentos de gramática, vocabulário, tipologia etc. Tudo isso para entendermos sobre o que o texto está falando. Interpretar, por outro lado, é realizar uma análise mais profunda do texto: neste momento, vamos utilizando nossos conhecimentos de mundo e nosso repertório pessoal de informações para entender o que o autor quis dizer, o que ele espera que nós entendamos, quais os seus objetivos e argumentos, e, ainda, se ele pretende nos fazer concordar com ele, realizar alguma ação a partir do conteúdo lido, mudar um posicionamento etc. É importante notar que essas duas “fases” acontecem praticamente de forma simultânea, embora às vezes, numa primeira leitura, apenas compreendemos um texto, e vamos conseguir interpretá-lo somente na segunda leitura. Vejamos agora um exemplo para entender como isso funciona: A violação dos direitos femininos persiste ao longo dos anos. No Brasil, só no ano de 1932 as mulheres conquistaram o direito de votar. Ressalva-se que em 1891 uma proposta de emenda à Constituição para garantir tal direito havia sido rejeitada. Esse direito só foi possível graças à insistência de várias mulheres por diversos países, para garantir tal feito. O primeiro país a aprovar o voto feminino foi a Nova Zelândia no ano de 1893 (Adaptado de MACEDO, 2020). Ao realizarmos a compreensão do trecho lido, podemos dizer que: • O tipo textual é o dissertativo, pois a autora nos passa seu ponto de vista sobre um determinado assunto; • O assunto é sobre os direitos femininos, sobretudo o voto; • Há um pequeno panorama histórico sobre o voto feminino no Brasil e no mundo. Em relação à interpretação do trecho lido, podemos dizer que: • O tema do texto, mais especificamente, gira em torno da violação dos direitos femininos, e utiliza o histórico do voto feminino como exemplo de tais violações; • Na frase “A violação dos direitos femininos persiste ao longo dos anos”, a autora, ao utilizar o verbo “persistir”, deixa claro o seu posicionamento de que esta condição já vem há muito tempo e é algo persistente, recorrente em nossa sociedade; • Como prova de que essa violação é persistente, ela utiliza o exemplo do voto feminino; • Na frase “No Brasil, só no ano de 1932 as mulheres conquistaram o direito de votar”, ao utilizar o advérbio “só”, a autora deixa claro que esse direito demorou a ser efetivado, demonstrando sua reprovação a esse respeito; • No mesmo trecho, a utilização do verbo “conquistar” transmite a ideia de algo que não foi conseguido de forma fácil, gratuita; • Para reforçar esse posicionamento, ela cita outro exemplo, embasado historicamente: “em 1891 uma proposta de emenda à Constituição para garantir tal direito havia sido rejeitada”. Tal exemplo deixa clara a dificuldade das mulheres em conquistarem o direito ao voto; Licensed to Luiz Ricardo Felipe dos Santos - lf2127047@gmail.com 4 • Citando outro fato histórico para apoiar ainda mais a sua argumentação, ela afirma que “Esse direito só foi possível graças à insistência de várias mulheres por diversos países, para garantir tal feito”; • No trecho citado, a utilização de termos como “só”, “possível”, “insistência”, “várias mulheres”, “diversos países” e “garantir” reforçam a ideia de dificuldade, luta, persistência e, implicitamente, indicam a negação das autoridades responsáveis em querer permitir que as mulheres pudessem ter esse direito; • Por fim, há um último dado histórico: “O primeiro país a aprovar o voto feminino foi a Nova Zelândia no ano de 1893”, enfatizando a demora dessa conquista; • Nota-se, com essas análises, que o posicionamento da autora é de crítica à violação dos direitos das mulheres, em especial no que diz respeito ao voto; • Além disso, diante de tantas provas históricas, argumentos e estratégias linguísticas (pelo uso de certas palavras), ela quer nos fazer concordar com ela sobre o fato de que este direito poderia ter sido garantido às mulheres antes e de forma mais facilitada. Esperamos que tenha sido possível notar que a compreensão se dá em linhas mais gerais, superficiais, enquanto a interpretação requer um olhar aprofundado sobre os significados do texto. Por isso, leia atentamente o texto que você irá interpretar. VAMOS AO PASSO A PASSO Agora que já compreendemos algumas noções básicas, vejamos como iniciar, passo a passo, esse processo de leitura, compreensão e interpretação. Ao se deparar com um texto para interpretação, o primeiro passo, obviamente, é ler. Mas como deve ser feita essa leitura? Aqui vão algumas dicas importantes: Faça uma primeira leitura lenta, atenta e contínua A primeira leitura de um texto deve ser para fazer a compreensão, ou seja, conhecer o tipo, o assunto, a estrutura do texto e as principais ideias contidas. Para isso, é preciso fazer uma leitura atenta e sem paradas, para não “perder o fio da meada”. É possível que, nestaprimeira leitura, você não consiga captar todos os aspectos necessário para realizar a interpretação do texto, mas, com a prática constante da leitura, você vai aprimorar cada vez mais essa capacidade. Se preciso, leia o texto mais de uma vez Depois da primeira leitura, para conhecer as principais ideias contidas no texto, é preciso fazer uma segunda leitura, agora para conhecer os aspectos mais profundos, como a opinião do autor, seu posicionamento acerca do assunto tratado, seus argumentos etc. Se, numa segunda leitura, ainda não for possível captar todas as informações de que você precisa para fazer a interpretação do texto, leia novamente e quantas vezes forem necessárias para isso. Mais uma vez, insistimos no fato de que a prática da leitura deve ser uma atividade constante para quem se prepara para prestar concursos, provas e exames. Com a prática, sua leitura vai ficando cada vez mais habilidosa e proficiente e você vai conseguindo desenvolver estratégias pessoais para captar o máximo de informações já em uma primeira leitura. Muitas vezes, em uma situação de prova, devido ao tempo limitado, é difícil conseguir ler todos os textos mais de uma vez. Por isso, sua leitura deve ser cada vez mais competente, para que você consiga economizar tempo, principalmente nos textos mais simples. Use um dicionário se for preciso Ao realizar seus estudos em casa, tenha sempre em mãos um dicionário físico ou aplicativo de dicionário. O ideal, é consultá-lo durante a segunda leitura do texto, pois, como já dissemos, a primeira leitura deve ser preferencialmente sem paradas. Somente consulte o dicionário na primeira leitura se você não souber o significado de alguma palavra que seja chave no texto, e que, por não conhecer seu significado, você não consegue entender do que o texto se trata. Assim, durante a primeira leitura, vá apenas grifando no texto ou anotando em um pedaço de papel as palavras que você não conhece. Depois, quando estiver fazendo a segunda leitura, procure no dicionário as palavras que despertaram dúvidas. Um bom treino é, na medida do possível, tentar compreender o significado das palavras desconhecidas por meio do contexto em que elas aparecem na frase. Em todo caso, ao final da leitura, vá ao dicionário para se certificar se a sua suposição estava correta. Buscar as palavras fará você conhecer seus significados e usos e aumentará sua compreensão sobre o texto, além de ampliar seu repertório lexical. Hoje em dia, com o celular e os aplicativos, é muito fácil acessar um dicionário ou encontrar o significado de uma palavra. Durante seus estudos, não fique em dúvida, consulte um dicionário! Até mesmo porque você não terá essa oportunidade durante as provas e, quanto mais palavras você conhecer, melhor. Uma dica para gravar a grafia e o significado das palavras novas que você aprendeu é tentar usá-las em frases escritas ou faladas. Isso ajudará a se lembrar como ela são escritas e o que significam. Interprete os textos não verbais (se houver), além de gráficos, infográficos, tabelas etc. Como já dissemos, todo texto transmite informação e toda informação é válida para ajudar a compreender o contexto. Portanto, não menospreze as informações que não vierem organizadas em forma de um texto convencional. Muitos textos puramente verbais vêm acompanhados de gráficos, infográficos, tabelas e Licensed to Luiz Ricardo Felipe dos Santos - lf2127047@gmail.com 5 imagens com o intuito de facilitar a interpretação de suas informações, oferecendo dados de forma visual, esquemática e resumida. Embora normalmente venham como auxiliares de textos mais complexos, como reportagens e artigos científicos, por exemplo, esses textos acessórios podem trazer informações preciosas para ajudar a compreender e interpretar o texto que você tem em mãos. Reconheça o assunto e/ou tema Quando começamos a ler um texto, em poucas linhas já vamos entrando em contato com o assunto ou o tema. Vamos ver, então, qual a diferença entre eles: • Assunto: é mais geral, abrangente e amplo. • Tema: é mais definido e restrito, caracterizando-se como um tópico específico dentre vários tópicos possíveis a partir de um assunto. Vamos ver alguns exemplos. Observe o esquema: Tema: Atual crise na Saúde Pública Assunto: Saúde Tema: Privilégio no atendimento a quem tem Plano de Saúde Tema: Preocupação das atuais gerações com a saúde Por meio desse esquema, percebemos que, a partir do assunto (ideia mais ampla) “saúde”, podemos derivar vários temas (ideias mais específicas). Além dos temas sugeridos no esquema, poderíamos citar muitos outros, como “Saúde pública x saúde privada”, “Investimentos privados na área da saúde”, “Mudanças recentes no Ministério da Saúde” etc. As possibilidades são inúmeras. Relembre o que você sabe sobre o assunto/tema Depois de você ler o texto e localizar o tema, para começar a interpretar é importante trazer à sua memória todos os seus conhecimentos a respeito desse núcleo de ideias. Articular o que você sabe com o que o texto apresenta pode auxiliar na tarefa de compreender a ideia geral exposta, além de interpretar criticamente as informações trazidas pelo texto. Para ampliar sua capacidade de articulação de ideias, aqui vão algumas dicas: • Mobilize seus conhecimentos prévios: conhecimentos prévios é tudo aquilo que você já sabe e que aprendeu por meio de leituras e estudos. Tudo isso pode ajudar a compreender melhor o texto e as ideias do autor; • Mobilize seus conhecimentos de mundo: conhecimentos de mundo, assim como os conhecimentos prévios, também é o que você aprendeu, mas, neste caso, tem mais a ver com suas vivências e experiências, como algo que você aprendeu nos lugares em que trabalhou, nos lugares para onde viajou ou nas diversas experiências que teve na vida; • Leia muito: essa é, talvez, a dica mais importante para quem se prepara para prestar concursos, provas e exames. Ler é a melhor estratégia para adquirir conhecimentos variados e bagagem cultural. Se você tem poucos conhecimentos prévios e poucos conhecimentos de mundo, procure sanar esse déficit lendo muito e suprindo a falta de experiências e conhecimentos. • Mantenha-se informado: A maioria das provas, em um momento ou outro, irá solicitar de você algum conhecimento de um tema da atualidade, seja para dissertar a respeito, seja para interpretar uma informação. Manter-se informado sobre o que acontece no país e no mundo é fundamental para saber articular ideias. E a informação não é somente política: é preciso estar a par do que acontece nas diversas áreas, como economia, sociedade, cultura, educação, saúde, meio ambiente, esportes, religião, artes etc. É claro que ninguém consegue se tornar “expert” em todos os assuntos, mas é importante saber pelo menos o básico de cada área, assim como dominar um pouco do vocabulário utilizado. • Aumente seu repertório de conhecimentos: Como dito na dica anterior, é importante saber um pouco de cada assunto. Não adianta ler somente sobre assuntos que você gosta ou já domina. É importante também variar e ampliar seu repertório para evitar “surpresas”, deparando-se com um assunto que seja totalmente estranho para você. Leia jornais, mas também leia literatura, sites com conteúdos culturais, assista a programas de variedades, ouça podcasts sobre história do Brasil e do mundo etc. • Leia fontes confiáveis: é importante manter- se informado, mas cuidado, porque nem toda informação é válida. Vivemos na era das fake news (notícias falsas) e, por esse motivo, temos que ter muito critério ao escolher nossas fontes de informação. Aprender uma informação errada ou acreditar em uma notícia falsa pode comprometer sua compreensão e julgamento de determinado tema. Procure fontes confiáveis, como veículos de mídia de credibilidade nacional, sites com especialistas de renome, fontesde divulgação de universidades ou outras instituições reconhecidas nacional e internacionalmente etc. • Leia fontes variadas: completando o que foi dito na dica anterior, leia fontes variadas, e não apenas aquelas que veiculam ideias com as quais você concorda. É o famoso “sair da bolha”. Se você vai prestar exames e concursos, é fundamental saber o que todos os lados de uma questão pensam, para ter uma visão global sobre o assunto. Restringir-se a apenas um posicionamento limita seu conhecimento de mundo e sua capacidade de Licensed to Luiz Ricardo Felipe dos Santos - lf2127047@gmail.com 6 articulação. Não se trata de ficar mudando de opinião ou “ficar em cima do muro”, mas de saber o que todos pensam sobre um mesmo assunto. Reconheça o contexto da produção e do próprio texto Todo texto apresenta um contexto, seja ele o contexto de produção ou o contexto que emerge da própria construção textual. Vamos ver cada um deles: Contexto de produção Cada texto existente se insere ou foi produzido em uma realidade sociocultural e histórica e por isso já vem carregado de significados inerentes a essa realidade. Vamos começar a entender isso com alguns exemplos bem simples: Imaginemos que numa cerimônia de abertura dos jogos olímpicos, evento que reúne nações de todo o mundo, os organizadores soltem uma pomba branca. Facilmente os participantes e expectadores reconhecerão a pomba branca como um símbolo tradicional da paz. Devido ao fato de ser um evento internacional, com pessoas de várias nações, raças, etnias, crenças e culturas, que celebra o esporte como elo entre essas diferentes realidades socioculturais, a interpretação da pomba branca como símbolo da paz é algo esperado naquele contexto. Agora, imaginemos outra situação: em um evento religioso cristão, com rituais de adoração e louvor, os organizadores também soltam uma pomba branca. Neste caso, o mais comum de se esperar é que os participantes compreendam a pomba branca como símbolo do espírito santo, interpretação trazida do conhecimento bíblico e coerente para este contexto. Assim, vemos que a interpretação de um mesmo símbolo mudou conforme o contexto em que esse símbolo foi inserido, e de acordo com o conhecimento de mundo e expectativas dos interlocutores. Reconheça as intenções do autor Depois de localizar todos os elementos que podem ser encontráveis numa primeira leitura, é hora de fazer uma leitura mais aprofundada para reconhecer quais intenções o autor tem com aquele texto. Para isso, vamos discutir alguns pontos que devem ser observados: • Objetivo: é necessário compreender qual o objetivo do autor com aquele texto. O que ele pretende? Contar uma história? Descrever um produto? Determinar uma ordem? Expressar sentimentos? Ensinar a fazer algum procedimento? Vender um pacote de viagens? Convencer o leitor sobre algo? Defender um ponto de vista? Lembre-se de que todo texto tem um objetivo para existir. • Intencionalidade: de acordo com cada objetivo, o autor também tem uma intencionalidade, que é algo mais específico que o objetivo. Por exemplo: suponha que o autor quer contar uma história: para quê? Com qual finalidade? Sobre o quê? Para quem? Ou, então, o autor quer defender um ponto de vista: sobre qual assunto? Qual é esse ponto de vista? Quais argumentos ele utiliza para essa defesa? A que conclusão ele espera que o leitor chegue? • Interpretação de certas palavras que exprimem intenção, juízo de valor, opinião, julgamento etc.: muitas vezes, o autor evidencia o seu ponto de vista por meio da escolha de expressões e palavras que exprimem certos julgamentos e opiniões. Por exemplo: se o autor diz: “A taxa de desemprego no país já passou de 10%. Esse absurdo é responsável por fazer com que muitas famílias fiquem sem o básico para viver”. A palavra “absurdo” revela o pensamento do autor sobre a situação. • Interpretação da escolha de exemplos e autores: devemos nos perguntar por que o autor escolheu certos exemplos, certos autores, certas referências, o modo de transmitir certas informações etc. Por exemplo: se o autor, ao falar sobre os “heróis nacionais”, citar o inconfidente Tiradentes, percebemos que ele está resgatando uma referência histórica tradicional. Se, por outro lado, ele citar o piloto Ayrton Senna, significa que ele está dando ênfase a figuras da atualidade e, além disso, ligadas ao esporte, sendo, portanto, uma outra perspectiva de “heroísmo”. Por fim, se ele citar a religiosa Irmã Dulce, nota-se que a ênfase é num tipo de “heroísmo” contemporâneo ligado a causas sociais. Cada escolha tem o seu significado. • Pressupostos: o texto pode apresentar ideias que serão expressas de forma indireta, mas serão compreendidas a partir de indícios textuais. Por exemplo: “Depois que se mudou daqui, João parou de conversar com a gente”. A partir dessa frase, podemos pressupor duas ideias: a primeira é que João morava aqui antes e a segunda é que ele conversava com a gente antes. Essas duas ideias, embora não ditas, são verdadeiras, porque o texto assim nos indica. • Subentendidos: assim como os pressupostos, os subentendidos também são ideias apresentadas de forma indireta, porém, neste caso, nós as compreendemos por meio da relação entre o texto e o contexto, já que elas não estão expressas textualmente. Por exemplo: se uma pessoa pergunta para você “O que você vai fazer no sábado à tarde?”, você já imagina que, logo após a sua resposta, ela lhe fará um convite para fazer algo no sábado à tarde. Esse convite não está explícito na pergunta, mas, pelo contexto, já podemos subentender essa continuação do diálogo. Licensed to Luiz Ricardo Felipe dos Santos - lf2127047@gmail.com 7 Reconheça os pontos mais importantes do texto No caminho de uma adequada interpretação, precisamos reconhecer os pontos mais importantes apresentados no texto. Os pontos mais importantes são as ideias centrais, que têm a ver com o tema do texto. Vamos ver um exemplo: A situação dos surdos no Brasil No Brasil, o início do processo de educação de surdos remonta ao Segundo Reinado. No entanto, esse ato não se configurou como inclusivo, já que se caracterizou pelo estabelecimento de um “apartheid” educacional, ou seja, uma escola exclusiva para tal público, segregando-o dos que seriam considerados “normais” pela população. Assim, notam-se desafios ligados à formação educacional das pessoas com dificuldade auditiva, seja por estereotipação da sociedade civil, seja por passividade governamental. Portanto, haja vista que a educação é fundamental para o desenvolvimento econômico do referido público e, logo, da nação, ela deve ser efetivada aos surdos pelos agentes adequados, a partir da resolução dos entraves vinculados a ela. Sob esse viés, pode-se apontar como um empecilho à implementação desse direito, reconhecido por mecanismos legais, a discriminação enraizada em parte da sociedade, inclusive dos próprios responsáveis por essas pessoas com limitação. Isso por ser explicado segundo o sociólogo Talcott Parsons, o qual diz que a família é uma máquina que produz personalidades humanas, o que legitima a ideia de que o preconceito por parte de muitos pais dificulta o acesso à educação pelos surdos. Além do mais, ressalte-se que o Poder Público incrementou o acesso do público abordado ao sistema educacional brasileiro ao tornar a Libras uma língua secundária oficial e ao incluí-la, no mínimo, à grade curricular pública. Contudo, devido à falta de fiscalização e de políticas públicas ostensivas por parte de algumas gestões, isso não é bem efetivado. Afinal, dados estatísticos mostram que o número de brasileiros com deficiência auditiva vem diminuindo tanto em escolas inclusivas – ou bilíngues -, como em exclusivas, a exemplo daquela criada no Segundo Reinado. Essa situação abjeta está relacionada à inexistência de professores que dominema Libras e à carência de aulas proficientes, inclusivas e proativas, o que deveria ser atenuado por meio de uma maior gerência do Estado nesse âmbito escolar. Diante do exposto, cabe às instituições de ensino com proatividade o papel de deliberar acerca dessa limitação em palestras elucidativas por meio de dados estatísticos e depoimentos de pessoas envolvidas com o tema, para que a sociedade civil, em especial os pais de surdos, não seja complacente com a cultura de estereótipos e preconceitos difundidos socialmente. Por fim, ativistas políticos devem realizar mutirões no Ministério ou na Secretaria de Educação, pressionando os governantes indiferentes à problemática abordada, com o fito de incentivá-los a profissionalizarem adequadamente os professores e a efetivarem o estudo da Língua Brasileira de Sinais, por meio da disponibilização de verbas e da criação de políticas públicas convenientes, contrariando a teórica inclusão da primeira escola de surdos brasileira. (Adaptado de https://blogdoenem.com.br/redacao_enem_nota_1000/) Nesse texto, vemos que o tema trata dos desafios ligados à formação educacional das pessoas com dificuldade auditiva. Assim todos os pontos mais importantes do texto irão girar em torno desse núcleo de ideias, tais como o preconceito advindo de estereótipos sociais, a falta de políticas públicas eficientes, a exclusão sofrida por essa população etc. Para que fique mais fácil localizar as ideias centrais de um texto, aqui vão algumas dicas: • Grife: leia o texto grifando as partes que você considera mais importantes e depois releia os seus grifos para ver se o que você destacou constrói uma unidade ou uma sequência de ideias. Se houver alguma parte que não se conecta ou que destoa totalmente das outras, é porque, provavelmente, aquela ideia não é central. O ideal é fazer os grifos a partir da segunda leitura, quando você já conhecer por completo o conteúdo do texto. • Faça um resumo de cada parágrafo: principalmente em textos mais complexos e longos, em especial textos dissertativos, ajuda muito na localização dos pontos mais importantes fazer um pequeno resumo do que diz cada parágrafo e a ideia central abordada em cada um deles. Por exemplo, no texto “A situação dos surdos no Brasil”, o primeiro parágrafo (introdução) aponta o tema (“notam- se desafios ligados à formação educacional das pessoas com dificuldade auditiva”); o segundo parágrafo discute “discriminação enraizada em parte da sociedade”; o terceiro parágrafo expõe a falta de políticas públicas eficientes; o quarto parágrafo indica as consequências da omissão governamental; e o quinto parágrafo (conclusão) irá propor possíveis soluções para os problemas apontados. • Veja qual a relação de um parágrafo com o outro: esse ponto está ligado à ideia de coesão, que já foi discutida no tópico 10 (“Reconheça a forma como o texto foi construído”) e ajuda a compreender a relação entre as ideias apresentadas e como elas se encaminham para formar um posicionamento e chegar a uma conclusão. Analise o que o assunto de um parágrafo tem a ver com o do outro; se as ideias de um parágrafo para o outro estabelecem uma relação de causa e consequência, oposição ou concordância, adição de ideias e argumentos etc.; observe como o autor conecta esses parágrafos, ou seja, como passa de um assunto para outro e qual a relação que ele faz sobre esses assuntos e, por fim, como isso tudo se encaminha para uma conclusão. Por exemplo, no texto citado, a passagem do segundo para o terceiro parágrafo se faz com a expressão “além do mais”, que é um operador argumentativo que indica que será apresentada uma outra ideia que irá se somar em concordância com a ideia anterior. Licensed to Luiz Ricardo Felipe dos Santos - lf2127047@gmail.com 8 Dicas adicionais Depois de passadas todas essas etapas, você já está pronto para realizar de forma competente a leitura, a compreensão e a interpretação de textos. Vamos ver agora algumas dicas adicionais que podem ajudar ainda mais: Tome cuidado com os erros de interpretação Tomar o caminho errado numa interpretação pode custar a perda de pontos preciosos em um concurso ou prova. Por isso, atente para não cometer alguns erros, como: • Superinterpretação: é extrapolar as ideias do texto, saindo do contexto e incluindo na interpretação ideias que não estão expressas no texto; • Subinterpretação: é reduzir demais as ideias do texto e, ao contrário de extrapolar, é focar em um único ponto defendido e se esquecer das demais ideias que compõem o texto; • Interpretação equivocada: nada mais é do que entender errado o que o autor quis dizer. Isso geralmente é fruto de uma leitura apressada ou desatenta ou de um repertório de conhecimentos muito limitado; • Contradição: é desconsiderar a opinião do autor, principalmente se ela for contrária à sua, ignorando o ponto de vista defendido no texto e concluindo o que você entende que seja o “certo” (quando, numa interpretação, é a ideia do autor que importa). Saiba dar sua opinião, caso a questão solicite isso Para isso é importante ter muitas leituras, um bom repertório de conhecimentos e conhecimento de mundo. Saiba comentar os pontos apresentados se isso for solicitado, relacionando o conteúdo apresentado com uma realidade, com os fatos do momento, com conhecimentos de diversas áreas etc., sendo capaz de opinar a respeito. Pratique bastante em casa e crie suas próprias estratégias Ser competente em leitura, compreensão e interpretação de textos nada mais é do que treino, estudo, prática. Quanto mais você praticar, mais proficiente você será. Ao praticar, você irá criando suas próprias estratégias e vai desenvolver aquilo que melhor se adequar ao seu estilo de estudo. Por exemplo, algumas pessoas, já experientes em leitura e interpretação, leem primeiro o enunciado da questão e depois já leem o texto procurando a informação que foi solicitada. Mas é claro que isso requer experiência e técnica. Crie seu próprio estilo de grifar as informações do texto, anotar palavras-chave nas margens dos parágrafos etc. ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS Estruturação do texto nada mais é do que o desenvolvimento do texto; o conteúdo que se baseia em um tema qualquer, em que, cada uma das ideias está relacionada uma a outra, formando um todo de sentido. A introdução faz uma rápida apresentação do assunto e já traz uma ideia da sua posição no texto, é normalmente aqui que você irá identificar qual o problema do texto, o porque ele está sendo escrito. O desenvolvimento elabora melhor o tema com argumentos e ideias que apoiem o seu posicionamento sobre o assunto. É possível usar argumentos de várias formas, desde dados estatísticos até citações de pessoas que tenham autoridade no assunto. A conclusão faz uma retomada breve de tudo que foi abordado e conclui o texto. Esta última parte pode ser feita de várias maneiras diferentes, é possível deixar o assunto ainda aberto criando uma pergunta reflexiva, ou concluir o assunto com as suas próprias conclusões a partir das ideias e argumentos do desenvolvimento. Sequência lógica O texto deve ter uma sequência Lógica, que são exatamente as ideias bem estruturadas que vão levar ao leitor compreender o sentido do texto; ou seja, o que se pretende transmitir. Por isso, não pode haver ideias ambíguas (duplo sentido) e nem contraditórias (expressando oposição) do que já fora declarado no texto; também não pode conter frases inacabadas, incompletas ou sem sentido. Após a definição da ideia, o parágrafo é o ponto de partida para uma boa redação. Não se faz um bom texto sem um bom parágrafo para sustentar as ideias principais e secundárias. Chegou a hora de fundamentar sua ideia. PARÁGRAFO Parágrafo é cada unidade de informação construída ou formada no texto, a partir de um tópico frasal (ideia centralou principal do parágrafo – é a “puxada do assunto”). O parágrafo é um dos mais importantes componentes do texto. Ele sempre deverá ser desenvolvido a partir de uma ideia-núcleo, responsável por nortear as ideias secundárias. Parágrafo-padrão é uma unidade de composição constituída por um ou mais de um período, em que se desenvolve determinada ideia central, ou nuclear, a que se agregam outras, secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela. Parágrafos curtos: próprios para textos pequenos, fabricados para leitores de pouca formação cultural. A notícia possui parágrafos curtos em colunas estreitas, já artigos e editoriais costumam ter parágrafos mais longos. O parágrafo curto também é empregado para Licensed to Luiz Ricardo Felipe dos Santos - lf2127047@gmail.com 9 movimentar o texto, no meio de longos parágrafos, ou para enfatizar uma ideia. Parágrafos médios: comuns em revistas e livros didáticos destinados a um leitor de nível médio (2 grau). Cada parágrafo médio construído com três períodos que ocupam de 50 a 150 palavras. Parágrafos longos: em geral, as obras científicas e acadêmicas possuem longos parágrafos, por três razões: os textos são grandes e consomem muitas páginas; as explicações são complexas e exigem várias idéias e especificações, ocupando mais espaço; os leitores possuem capacidade e fôlego para acompanhá-los. ARTICULAÇÃO DO TEXTO: PRONOMES E EXPRESSÕES REFERENCIAIS, NEXOS, OPERADORES SEQUENCIAIS (COESÃO E COERÊNCIA) O QUE É COESÃO TEXTUAL? Para começarmos a entender o que é coesão textual, é preciso pensar que a coesão tem a função de ligar e relacionar as palavras, as ideias e os argumentos de um texto. Um exemplo muito conhecido é dos autores Abaurre et al (2000, p.129), que comparam a coesão a uma argamassa textual que junta e conecta as partes de um texto, garantindo a articulação das ideias. Ou seja, é como se a coesão fosse o cimento que une os tijolos (palavras, ideias e argumentos) que irão construir uma casa (texto). Vamos ver um exemplo de como isso acontece na prática? Observe os textos 1 e 2: O texto 1 apresenta três frases, aparentemente sem uma ligação muito óbvia entre si: Texto 1: Há artistas plásticos no Brasil. Os artistas plásticos têm obras. Os temas das obras dos artistas plásticos se referem à natureza do Brasil. Agora, observe como o texto 2 constrói essa mesma ideia: Texto 2: Há artistas plásticos brasileiros que têm obras cujos temas se referem à natureza do país. Analisando os dois textos, fica fácil notar que, embora eles nos deem as mesmas informações, a forma como o texto 2 foi construída parece estabelecer uma conexão maior entre as ideias. No texto 1, não podemos ter certeza absoluta de que os artistas plásticos das três frases são os mesmos. Além disso, há a repetição da palavra “Brasil” em duas frases, a repetição da palavra “obras” em duas frases e a repetição do termo “artistas plásticos” nas três frases, o que dá a impressão de que o texto tem pouca variedade de vocabulário. Veja que todos esses problemas foram resolvidos no texto 2. Vamos ver outro exemplo: “Os sem-terra, que vieram de vários Estados do Brasil, fizeram um protesto em Brasília contra a política agrária do país, porque consideram injusta a atual distribuição de terras. Porém, o Ministro da Agricultura considerou a manifestação um ato de rebeldia, uma vez que, segundo ele, o projeto de Reforma Agrária pretende assentar milhares de famílias.” (Adaptado de JORDÃO; BELLEZI, 2007) No exemplo acima, as palavras em destaque têm a função de estabelecer relação entre os elementos do texto. Veja: Que: refere-se aos sem-terra. São dadas as seguintes informações: “os sem-terra vieram de vários Estados do Brasil” e “os sem-terra fizeram um protesto em Brasília”. A palavra “que” une essas duas ideias, relacionando- as. País: evita a repetição da palavra “Brasil”, que havia sido utilizada anteriormente. Lembremos que a repetição excessiva de palavras pode passar a impressão de pobreza vocabular (embora esse recurso possa ser utilizado com finalidade estética em textos poéticos, por exemplo). Porque: tem a função de introduzir a explicação sobre a ocorrência do protesto, unindo a ideia do fato ocorrido (protesto) com a sua justificativa (consideram injusta a atual distribuição de terras). Porém: traz uma noção de oposição de ideias, ou seja, a ideia que será introduzida agora (considerou a manifestação um ato de rebeldia) se opõe à ideia anterior (fizeram um protesto porque consideram injusta a atual distribuição de terras). Esse recurso é importante para nos dar a informação de que o Ministro da Agricultura não concorda com a posição dos sem- terra, dado que é fundamental para a compreensão do texto. Manifestação: utilizada para substituir a palavra “protesto”, evitando a repetição e trazendo maior variedade vocabular ao texto. Uma vez que: assim como a palavra “porque”, também tem a função de introduzir uma justificativa. Neste caso, é a explicação sobre o porquê de o Ministro da Agricultura considerar a manifestação como um ato de rebeldia (porque, segundo o Ministro, o projeto de Reforma Agrária pretende assentar milhares de famílias). Ele: refere-se ao Ministro da Agricultura, ou seja, recupera a referência a essa pessoa sem repetir a forma como ela é designada (ele = Ministro da Agricultura). Famílias: diz respeito ao sem-terra e, também aqui, é utilizada para recuperar uma ideia sem repetir palavras. Como se pode ver, todas essas palavras em destaque, da maneira como foram utilizadas no texto, funcionam, de diferentes formas e com diferentes objetivos, como mecanismos de coesão textual. QUAIS OS TIPOS DE COESÃO TEXTUAL? Licensed to Luiz Ricardo Felipe dos Santos - lf2127047@gmail.com 10 Segundo os principais estudiosos de gramática do país, podemos resumir a coesão textual em dois tipos básicos: coesão referencial e coesão sequencial. Esses dois tipos se subdividem em outros. Neste tópico, iremos encontrar uma série de nomenclaturas e classificações, mas não se assuste com isso, porque, apesar de os nomes parecerem complexos, nós veremos, por meio dos exemplos apresentados, que os conceitos são bem fáceis de entender e de usar. Todas as classificações e explicações que veremos aqui foram retiradas das obras da professora e pesquisadora Ingedore Koch, que é uma das maiores autoridades do Brasil no estudo de coesão textual. COESÃO REFERENCIAL Segundo Koch (1988, p.75), coesão referencial é a conexão entre dois ou mais componentes que remetem ou permitem recuperar um mesmo referente. Ou seja, é quando um termo do texto se refere a outro termo do mesmo texto, que já pode ter sido citado ou ainda será, estabelecendo uma relação entre eles. A coesão referencial se subdivide em outros tipos, que veremos agora com exemplos: COESÃO REFERENCIAL POR USO DE FORMAS GRAMATICAIS SUBSTITUIÇÃO POR PRÓ-FORMAS É quando nós substituímos um termo por pronomes, verbos, advérbios etc. Veja o exemplo: A filha do barão se chamava Sofia. Ela tinha cabelos loiros, sua pele era alvíssima e os olhos dela brilhavam como duas safiras. Veja que os pronomes “ela”, “sua” e “dela” referem-se a um elemento que já foi citado no texto: “Sofia”. Observe este outro exemplo: A cidade de São Paulo se destaca por sua gastronomia variada. Lá se encontra uma enorme variedade de bares, pizzarias e restaurantes de cozinha nacional e internacional. Neste caso, tanto o pronome “sua” quanto o advérbio “lá” foram utilizados para recuperar o referente “São Paulo”. DEFINITIVAÇÃO É quando utilizamos artigos definidos ou indefinidos para recuperar ou remeter a elementos do texto. Vejamos os exemplos: Muitos são os animais da fauna brasileira ameaçados de extinção. Um deles é a onça pintada, considerada o maior felino dasAméricas. Aqui, o artigo indefinido “um” faz referência a uma informação que foi citada anteriormente: “muitos animais”, ou seja, dos animais que estão em extinção, um deles é a onça. Vejamos outro exemplo: Foi publicada uma matéria preocupante no site do Ibama. A matéria era sobre os dados do desmatamento no Brasil. Note que o artigo definido “a” recupera a informação “matéria preocupante”, relacionando as duas orações do texto. ELIPSE Este caso é interessante porque, mesmo quando há a posição vazia, ou seja, a ausência ou supressão (elipse) de elementos, podemos ter uma forma de coesão. Veja como isso acontece neste exemplo: Os moradores da cidade reclamam quando há muita chuva, e os da zona rural, quando não chove. (Os moradores da cidade reclamam quando há muita chuva, e os Ø da zona rural, Ø quando não chove. / Os moradores da cidade reclamam quando há muita chuva, e os moradores da zona rural reclamam quando não chove.) Aqui, onde estão as posições vazias, nós subentendemos o substantivo “moradores”, no primeiro caso, e o verbo “reclamam”, no segundo caso. Veja, portanto, que mesmo com a elipse desses elementos é possível recuperar os referentes. NUMERAIS Como o próprio nome sugere, é quando utilizamos numerais (cardinais, ordinais, fracionais etc.) para fazer referência a elementos do texto, conectando- os. Vamos analisar os exemplos a seguir: A maioria dos personagens das obras de Machado de Assis são considerados complexos, mas dois se destacam neste quesito: Capitu e Bentinho. O numeral “dois” recupera a referência a “personagens das obras de Machado de Assis”. Algo parecido acontece neste outro exemplo: Segundo dados sobre a violência doméstica, do total das mulheres brasileiras, dois terços já sofreram ou vão sofrer, ao longo da vida, algum tipo de violência, enquanto metade já sofreu violência física grave, como estupro ou tentativa de assassinato. Nesse exemplo, tanto “dois terços” quanto “metade” retomam “(total das) mulheres brasileiras”. COESÃO REFERENCIAL POR USO DE FORMAS LEXICAIS RELAÇÃO DE SINONÍMIA Licensed to Luiz Ricardo Felipe dos Santos - lf2127047@gmail.com 11 Diz respeito à utilização de sinônimos ou palavras que substituem o sentido do referente para recuperar termos e evitar repetições. Vejamos: Os gatos são chamados de antissociais, mas, na verdade, esses animais gostam bastante do convívios com os donos ou pessoas com as quais estão acostumados. A palavra “animais” se refere ao termo “gatos”, usado anteriormente. Vejamos outro exemplo: Paris estará movimentada no próximo outono. A Cidade Luz receberá milhares de turistas na Semana da Moda deste ano. O berço da alta-costura já se prepara para realizar um evento luxuoso. Aqui, vemos que o recurso utilizado foi a substituição da palavra “Paris” por outros termos que reconhecidamente remetem a essa cidade: os títulos de “Cidade Luz” e “berço da alta-costura”. Assim, foi possível evitar repetir a palavra “Paris”, mas continuar informando o leitor sobre o que se passaria na cidade. RELAÇÃO DE HIPERONÍMIA-HIPONÍMIA Embora tenham nomes complicados, esses conceitos nada mais são do que o estabelecimento de relações hierárquicas de sentido. O hiperônimo é uma palavra hierarquicamente superior porque apresenta um sentido mais abrangente, enquanto o hipônimo traz um sentido mais restrito. Vejamos alguns exemplos para entender melhor: É época de comidas de inverno, e a feijoada é certamente a que mais faz sucesso entre os brasileiro. Neste exemplo, “comidas” é hiperônimo de “feijoada”, ou seja, “comidas” apresenta um sentido mais abrangente, genérico, que designa uma classe de significados (aquilo que serve como alimento, refeição), enquanto “feijoada” é hipônimo de “comidas”, ou seja, possui um sentido mais restrito, designa a parte de um todo (dentre todas as comidas, feijoada é apenas uma delas). “Os Simpsons” bate a impressionante marca de 31 temporadas nos Estados Unidos. A série de animação foi lançada em 1989 e tem ido ao ar todo ano desde então. “Os Simpsons” é hipônimo de “série de animação”, pois, de todas as séries de animação existentes, “Os Simpsons” é uma delas. Assim, os dois termos estabelecem uma relação de sentidos, conectando as partes do texto. NOMES GENÉRICOS São palavras que estabelecem relação de sinonímia, mas com aspecto mais genérico, abrangente. Alguns exemplos muito comuns são termos como “pessoa”, “fato”, “coisa”, “evento”, “negócio”, “fenômeno”, “crença” etc. Vejamos exemplos: Pesquisas apontam que, no Brasil, mais de 27% da renda está nas mãos de apenas 1% da população. Esse fato explica os índices de desigualdade social no nosso país. Veja que a palavra “fato”, embora estabeleça adequadamente a coesão entre as ideias presentes nos dois períodos (fato = mais de 27% da renda está nas mãos de apenas 1% da população), é um termo de ordem genérica, podendo, sem prejuízo de sentido, ser substituído por “dado”, “fenômeno”, “realidade”, dentre outros. E aqui vai uma observação interessante: todas essas palavras (“fato”, “dado”, “fenômeno”, “realidade”) mantém o texto com um direcionamento relativamente neutro. Se a palavra “fato” fosse substituída por “absurdo”, teríamos, aí, um posicionamento da parte do autor, demonstrando indignação com a informação. Por outro lado, se a palavra “fato” fosse substituída por “crença”, teríamos um outro direcionamento: haveria um tom de dúvida em relação à informação apresentada, pois o autor poderia insinuar que esses dados e essas pesquisas não são confiáveis, são apenas crenças, suposições, “chutes”. Vejamos agora um exemplo mais coloquial, utilizado na linguagem do dia a dia: Sempre vejo pessoas jogando bituca de cigarro nos canteiros da praça. Tá aí uma coisa que me irrita! “Coisa” é nome genérico que foi utilizado para retomar “pessoas jogando bituca de cigarro nos canteiros da praça”. Além da palavra “coisa”, poderíamos utilizar “negócio”, “situação”, “fato”, “atitude” etc. NOMINALIZAÇÕES Ocorre quando substituímos um verbo por um substantivo correspondente, como no exemplo a seguir: Oscar Niemeyer e Carlos Lemos construíram o Edifício Copan entre as décadas de 50 e 60. A construção levou exatamente 14 anos para ser finalizada. Como fica fácil de observar, a coesão neste texto se estabelece pela retomada do termo “construíram”, que é um verbo, por meio de um substantivo correspondente, “construção”. COESÃO SEQUENCIAL De acordo com Koch (1988, p.75), a coesão sequencial “diz respeito aos procedimentos linguísticos por meio dos quais se estabelecem diversos tipos de interdependência semântica e/ou pragmática entre enunciados, à medida que faz o texto progredir” (KOCH, 1988, p. 75). Trocando em miúdos, temos a Licensed to Luiz Ricardo Felipe dos Santos - lf2127047@gmail.com 12 coesão sequencial quando o texto utiliza estratégias de coesão que permitem, ao mesmo tempo, ligar as partes do texto e fazê-lo avançar, trazendo informações novas, mas sem perder a conexão entre as ideias e argumentos. Assim como a coesão referencial, também a coesão sequencial se subdivide em alguns tipos que veremos agora: SEQUENCIAÇÃO PARAFRÁSTICA REPETIÇÃO DOS MESMOS TERMOS Esse recurso é mais comum na poesia, sendo pouco utilizado em textos argumentativos. Veja o trecho da letra da canção: “Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela / Será que ela mexe o chocalho / ou o chocalho é que mexe com ela” (Chico Buarque) Neste caso, a palavra “chocalho” poderia ter sido substituída por “instrumento musical” ou “guizo”, mas a repetição tem um efeito poético, conferindo sonoridade à frase. REPETIÇÃO DA MESMA ESTRUTURA SINTÁTICA É um mecanismo que se relaciona com o paralelismo sintático, que é um recurso que confere maior clareza e coesão ao texto.Vejamos: O professor pediu que os alunos chegassem cedo, começassem a prova em silêncio e se concentrassem. Veja que as estruturas sintáticas se repetem, trazendo clareza para o texto. Uma falha no paralelismo sintático pode comprometer a compreensão, como, por exemplo: “O professor pediu que os alunos chegassem cedo, para começar a prova em silêncio e ter concentração”. Note que, no exemplo anterior, o texto perde a fluidez porque houve uma falha de coesão. Além disso, gera uma ambiguidade sobre quem deve começar a prova cedo e ter concentração. RECORRÊNCIA DO MESMO CONTEÚDO SEMÂNTICO Ocorre quando as informações são retomadas com outras palavras, com o objetivo de explicar ou pormenorizar. Esse recurso se relaciona com a paráfrase, como no exemplo a seguir: Ele se manteve calado durante toda a discussão, isto é, se omitiu de dar sua opinião sobre o assunto. Dizer que “[ele] se omitiu de dar sua opinião sobre o assunto” é uma forma de explicitar o que foi antecipado em “se manteve calado durante toda a discussão”. Observe que, nestes casos, é comum a utilização de expressões como “ou seja”, “isto é”, “quer dizer” etc. REPETIÇÃO DOS MESMOS RECURSOS FONOLÓGICOS Trata-se de um recurso marcado pela repetição de sons, muito comum em textos poéticos, mas pouco utilizado em textos argumentativos, podendo, inclusive, caracterizar um problema na formulação do texto. Nos textos poéticos, é representado pelas rimas, aliterações e assonâncias: “Amor é fogo que arde sem se ver / É ferida que dói, e não se sente / É um contentamento descontente / É dor que desatina sem doer” (Camões) No trecho do poema citado, “ver” rima com “doer”, enquanto “sente” rima com “descontente”, estabelecendo uma relação sonora entre as partes do texto. Entretanto, como foi dito, em um texto não poético, esse recurso não é compatível com um texto bem elaborado. Veja: A divulgação da alta inflação afetou a percepção dos investidores da corporação. Nesse exemplo, a rima “-ão” não é bem-vinda, já que traz um efeito incômodo durante a leitura do texto e, portanto, deve ser evitada. SEQUENCIAÇÃO FRÁSTICA MANUTENÇÃO TEMÁTICA Trata-se da utilização de diferentes palavras pertencentes a um mesmo contexto temático: Em tempos de pandemia de coronavírus, as redes sociais estão ganhando uma atenção especial do pessoal da terceira idade. Já são muitos os vovôs e as vovós que têm utilizado o Whatsapp para continuar perto da família, mesmo que virtualmente. Segundo pesquisas, o Facebook é a rede preferida dos idosos, mas o Instagram também está entre as preferências dos maiores de 60 anos. Vemos que, neste caso, a coesão foi construída por meio da manutenção temática, já que foram utilizados palavras e termos que pertencem a um mesmo campo lexical, ou seja, ao universo das “redes sociais” associado ao usuário de “terceira idade”. Ainda que os termos girem em torno dessas duas ideias, observe que o texto progride e apresenta informações novas que vão fazendo sentido graças à relação temática entre os termos. ENCADEAMENTO POR JUSTAPOSIÇÃO É um mecanismo utilizado para dar progressão ao texto, organizando-o no tempo, no espaço ou dentro do assunto. Vamos analisar este exemplo: O menino nasceu fraco e adoentado. Com o passar do tempo, entretanto, foi ganhando cores mais vivas Licensed to Luiz Ricardo Felipe dos Santos - lf2127047@gmail.com 13 e enchendo suas carnes. Cresceu, entrou para a escola e, em pouco tempo, passou a ser um dos garotos mais peraltas do colégio. Veja que, no exemplo acima, a coesão se dá por meio da organização dos fatos numa linha temporal, de modo que os marcadores verbais vão estabelecendo a conexão entre os fatos, enquanto fazem o texto avançar. ENCADEAMENTO POR CONEXÃO Esta é uma das estratégias mais importantes e recorrentes de construção da coesão em um texto, principalmente quando se trata de um texto argumentativo: o uso de conectivos e operadores argumentativos. No próximo tópico, explicaremos o que são os conectivos e operadores argumentativos, mas o importante, no momento, é entender que se trata de palavras que promovem a relação e a sequência de ideias no texto, como vemos no exemplo a seguir: “A eutanásia ainda é um assunto polêmico no país, principalmente devido a questões de ordem religiosa. Além disso, há discussões no âmbito da ética médica que dividem opiniões de médicos e demais autoridades da área da saúde. Uma variação da eutanásia é a ortotanásia, por meio da qual não há interferência médica em quadros de pacientes terminais. Assim, no caso da ortotanásia, a morte não é provocada, ela é apenas o curso natural de um quadro irreversível, sem que haja intervenção médica. Enquanto o código de medicina considera a eutanásia uma prática antiética, a ortotanásia, por outro lado, é aceita pelo Conselho Federal de Medicina desde 2010. Para muitos especialistas no assunto, a eutanásia é, portanto, um caso de homicídio privilegiado, porque quem o comete recebe perdão de parte da pena.” (Adaptado de https://www.politize.com.br/eutanasia-o-que-e/) Os termos em destaque no texto são conectivos e operadores argumentativos. A função deles é não apenas estabelecer conexão entre as partes do texto, como também nos mostrar o direcionamento dessas conexões, ou seja, se são ideias concordantes, discordantes, de conclusão, de explicação etc. Apenas para explicitar alguns dos exemplos presentes no texto, vemos que o termo “além disso” traz uma ideia de soma do argumento anterior com o argumento seguinte, em relação de concordância, enquanto o “por outro lado” apresenta um outro ponto de vista, numa relação de discordância. Já nos casos de “assim” e “portanto”, ambos dão a noção de uma conclusão a que se chega após a exposição de argumentos anteriores. Portanto, os conectivos e os operadores argumentativos têm a função de fazer o texto progredir, trazendo informações novas, mas sem perder a conexão entre as partes, as ideias e os argumentos. O que são operadores argumentativos e como eles são utilizados para promover a coesão textual? Como vimos brevemente no tópico anterior, operadores argumentativos são elementos linguísticos que servem para fazer a conexão entre palavras, ideias e argumentos em um texto, ou seja, são essenciais para a construção da coesão. Essa ligação pode se dar por meio de conjunções, locuções conjuntivas, advérbios, pronomes, dentre outros elementos. Segundo as autoras Koch e Elias (2016, p. 76), os operadores argumentativos “são responsáveis pelo encadeamento dos enunciados, estruturando o texto e determinando a orientação argumentativa”. Isso quer dizer que, além de realizar a conexão entre as partes do texto, esses elementos ainda nos indicam em que direção se encaminham os posicionamentos do autor do texto, ou seja, se os argumentos são concordantes ou discordantes entre si, se traze ideia de soma, de oposição, de conclusão etc. Vamos ver alguns exemplos de como isso funciona na prática partindo da frase: “O Congresso aprovou um aumento de verbas para a Educação”: Exemplo 1: O Congresso aprovou um aumento de verbas para a Educação. Entretanto, o Ministério da Economia demonstrou preocupação acerca do impacto que isso causará nas contas públicas. O operador argumentativo “entretanto” introduz uma ideia contraditória em relação a ideia anterior, demonstrando que pode haver um ponto negativo ligado ao aumento de verbas para a Educação: o impacto nas contas públicas. Exemplo 2: O Congresso aprovou um aumento de verbas para a Educação. Além disso, mais recursos podem ser destinados para os Estados ainda este ano, conforme informado pelo Presidente da Câmara. Nesse exemplo, o operador argumentativo “além disso” indica a soma de argumentos a favor de uma mesma conclusão, ou seja, ao aumento de verbas para a Educação soma-se,ainda, a destinação de mais recursos para os Estados. Exemplo 3: O Congresso aprovou um aumento de verbas para a Educação, visto que a pasta se encontrava com o orçamento defasado desde o ano passado, segundo dados do Ministério da Educação. “Visto que” é um operador argumentativo que introduz uma justificativa em relação ao argumento anterior, relacionando-os por meio de uma explicação. Exemplo 4: Licensed to Luiz Ricardo Felipe dos Santos - lf2127047@gmail.com 14 O Congresso aprovou um aumento de verbas para a Educação. Portanto, os Estados e municípios terão a oportunidade de fazer novos investimentos na área ainda este ano. Nesse último exemplo, “portanto” introduz uma conclusão em relação aos argumentos apresentados anteriormente, encaminhando o texto, o parágrafo ou a ideia para uma finalização. Para que possamos ter uma visão ampla dos tipos de operadores argumentativos, vamos mais uma vez recorrer à autora Koch (2006, p.31-39), que classifica os operadores argumentativos de acordo com os seguintes grupos: 1. Operadores argumentativos que introduzem uma conclusão com base em argumentos anteriores: logo, portanto, por isso, por conseguinte, pois, desta forma, concluindo, resumindo, destarte / dessarte etc.; 2. Operadores argumentativos que somam argumentos a fim de chegar a uma mesma conclusão: também, ainda, tanto... como, não só... mas também, além de, além disso, e etc. 3. Operadores argumentativos que introduzem argumentos alternativos que podem levar a conclusões opostas ou diferentes: ou, ou... ou, ou então, seja... seja, quer... quer etc.; 4. Operadores argumentativos que estabelecem relações de comparação e que visam chegar a uma dada conclusão: mais... (do) que, menos... que, tão... como, tanto... quanto etc.; 5. Operadores argumentativos que introduzem justificativas ou explicações em relação a enunciados anteriores: porque, pois, porquanto, visto que, para que, a fim de, já que etc.; 6. Operadores argumentativos que estabelecem uma contraposição de argumentos orientados para conclusões contraditórias: mas, porém, entretanto, contudo, todavia, no entanto, embora, apesar de (que), ainda que, posto que etc.; 7. Operadores argumentativos que introduzem conteúdos pressupostos: já, agora, ainda etc.; 8. Operadores argumentativos que assinalam o argumento mais forte em uma escala e que se encaminham para uma mesma conclusão: até, mesmo, inclusive, até mesmo, nem mesmo etc.; 9. Operadores argumentativos que deixam subentendida a existência de uma escala com outros argumentos mais fortes: ao menos, pelo menos, no mínimo etc.; 10. Operadores argumentativos que funcionam numa escala orientada para a afirmação da totalidade ou para a negação da totalidade: um pouco, quase, pouco, apenas etc. O QUE É COERÊNCIA? A Coerência é a relação lógica das ideias de um texto que decorre da sua argumentação - resultado especialmente dos conhecimentos do transmissor da mensagem. Um texto contraditório e redundante ou cujas ideias iniciadas não são concluídas, é um texto incoerente. A incoerência compromete a clareza do discurso, a sua fluência e a eficácia da leitura. Assim a incoerência não é só uma questão de conhecimento, decorre também do uso de tempos verbais e da emissão de ideias contrárias. Exemplos: O relatório está pronto, porém o estou finalizando até agora. (processo verbal acabado e inacabado) Ele é vegetariano e gosta de um bife muito mal passado. (os vegetarianos são assim classificados pelo fato de se alimentar apenas de vegetais) FATORES DE COERÊNCIA São inúmeros os fatores que contribuem para a coerência de um texto, tendo em vista a sua abrangência. Vejamos alguns: CONHECIMENTO DE MUNDO É o conjunto de conhecimento que adquirimos ao longo da vida e que são arquivados na nossa memória. São o chamados frames (rótulos), esquemas (planos de funcionamento, como a rotina alimentar: café da amanhã, almoço e jantar), planos (planejar algo com um objetivo, tal como jogar um jogo), scripts (roteiros, tal como normas de etiqueta). Exemplo: Peru, Panetone, frutas e nozes. Tudo a postos para o Carnaval! Uma questão cultural nos leva a concluir que a oração acima é incoerente. Isso porque “peru, panetone, frutas e nozes” (frames) são elementos que pertencem à celebração do Natal e não à festa de carnaval. INFERÊNCIAS Através das inferências, as informações podem ser simplificadas se partimos do pressuposto que os interlocutores partilham do mesmo conhecimento. Quando os chamar para jantar não esqueça que eles são indianos. (ou seja, em princípio, esses convidados não comem carne de vaca) FATORES DE CONTEXTUALIZAÇÃO Há fatores que inserem o interlocutor na mensagem providenciando a sua clareza, como os títulos de uma notícia ou a data de uma mensagem. Licensed to Luiz Ricardo Felipe dos Santos - lf2127047@gmail.com 15 — Está marcado para às 10h. — O que está marcado para às 10h? Não sei sobre o que está falando. INFORMATIVIDADE Quanto maior informação não previsível um texto tiver, mais rico e interessante ele será. Assim, dizer o que é óbvio ou insistir numa informação e não desenvolvê-la, com certeza desvaloriza o texto. O Brasil foi colonizado por Portugal. Princípios Básicos Após termos visto os fatores acima, é essencial ter em atenção os seguintes princípios para se obter um texto coerente: • Princípio da Não Contradição - ideias contraditórias • Princípio da Não Tautologia - ideias redundantes • Princípio da Relevância - ideias que se relacionam Diferença entre Coesão e Coerência Coesão e coerência são coisas diferentes, de modo que um texto coeso pode ser incoerente. Ambas têm em comum o fato de estarem relacionadas com as regras essenciais para uma boa produção textual. A coesão textual tem como foco a articulação interna, ou seja, as questões gramaticais. Já a coerência textual trata da articulação externa e mais profunda da mensagem. SIGNIFICAÇÃO CONTEXTUAL DE PALAVRAS E EXPRESSÕES O significado das palavras é estudado pela semântica, a parte da gramática que estuda não só o sentido das palavras como as relações de sentido que as palavras estabelecem entre si: relações de sinonímia, antonímia, paronímia, homonímia etc. Compreender essas relações nos proporciona o alargamento do nosso universo semântico, contribuindo para uma maior diversidade vocabular e maior adequação aos diversos contextos e intenções comunicativas. Sinônimos e Antônimos Sinônimo é a aproximação de significados entre duas ou mais palavras. Assim, quando utilizamos “belo” também podemos utilizar “bonito” para termos um sentido bem próximo ou idêntico na frase. Exemplo: Os movimentos de dança do bailarino são belos. Os movimentos de dança do bailarino são bonitos. É fundamental conhecer palavras sinônimas, uma vez que num texto podemos evitar o uso de palavras repetidas. No entanto, é muito importante ter cuidado com o emprego dos sinônimos, pois cada palavra tem um significado específico e pode não corresponder exatamente àquilo que se pretende dizer. Antônimo Os antônimos são palavras que possuem significados exatamente opostos um do outro. A palavra antônimo tem origem na palavra grega antonymós, que significa “aquele que possui nome oposto”. Os antônimos são estudados pela área da Semântica denominada Antonímia. Exemplos de Antônimos: • Aberto e fechado • Alto e baixo • Bonito e feio • Certo e errado • Simpático e antipático • Soberba e humildade • Sozinho e acompanhado Homônimos e Parônimos Parônimos são palavras que apresentam significados diferentes embora sejam parecidas na grafia ou na pronúncia. “Estória” é a grafia antiga de “história” e essas palavras possuem significados diferentes. Quando dizemos que alguém nos contou uma estória, nos referimos a umaexposição romanceada de fatos imaginários, narrativas, contos ou fábulas; já quando dizemos que fizemos prova de história, nos referimos a dados históricos, que se baseiam em documentos ou testemunhas. Ambas as palavras constam no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras. Porém, atualmente, segundo o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, é recomendável usar a grafia “história” para denominar ambos os sentidos. Outros exemplos: Flagrante (evidente) / fragrante (perfumado) Mandado (ordem judicial) / mandato (procuração) Inflação (alta dos preços) / infração (violação) Eminente (elevado) / iminente (prestes a ocorrer) Arrear (pôr arreios) / arriar (descer, cair) Homônimos são palavras que têm a mesma pronúncia, mas significados diferentes. Acender (pôr fogo) / ascender (subir) Estrato (camada) / extrato (o que se extrai de) Bucho (estômago) / buxo (arbusto) Espiar (observar) / expiar (reparar falta mediante cumprimento de pena) Licensed to Luiz Ricardo Felipe dos Santos - lf2127047@gmail.com 16 Tachar (atribuir defeito a) / taxar (fixar taxa) Polissemia A palavra polissemia tem origem no termo grego polysemos, que significa "algo que tem muitos significados". Consiste na propriedade que algumas palavras e locuções têm de expressar um conjunto de sentidos diferentes, mas que guardam relação entre si, pertencendo assim ao mesmo campo semântico. O significado que a palavra polissêmica assume depende de fatores etimológicos, uso de metáfora e o contexto no qual se insere. Fatores etimológicos dizem respeito à etimologia, que consiste na área da gramática responsável pelo estudo da origem e história das palavras, de onde surgiram e como evoluíram ao longo dos anos. Preocupa-se em encontrar os chamados étimos (vocábulos que originam outros) das palavras, baseando-se no fato de que toda a palavra conhecida deriva-se de alguma outra palavra, que pode pertencer a outro idioma ou a uma língua que já foi extinta. A palavra "cabo" também é uma palavra polissêmica, uma vez que possui vários significados. Logo, no exemplo 1, o termo refere-se ao objeto que compõe a vassoura. No exemplo 2, a palavra significa livrar-se de algo que o incomoda. No exemplo 3, absorve o conceito de "patente, posto militar". Por fim, no exemplo 4 o termo é utilizado para indicar o "acidente geográfico": 1. O cabo da vassoura quebrou durante a surra. 2. Ele deu cabo de todo o dinheiro. 3. Leandro atualmente é cabo do exército brasileiro. 4. Na África do Sul, o Cabo da Boa esperança é conhecido pelo nome Cabo das Tormentas. Denotação e conotação A denotação indica a capacidade das palavras apresentarem um sentido literal e objetivo. A conotação indica a capacidade das palavras apresentarem um sentido figurado e simbólico. Exemplos de palavras com sentido denotativo: O navio atracou no porto. A anta é um mamífero. Exemplos de palavras com sentido conotativo: Você é o meu porto. Pense pela sua própria cabeça, sua anta! EQUIVALÊNCIA E TRANSFORMAÇÃO DE ESTRUTURAS SUBSTITUIÇÃO DE PALAVRAS OU DE TRECHOS DE TEXTO Quando falamos em substituição de palavras ou trechos do texto, devemos considerar a habilidade de entender o sentido e a função de determinada palavra/trecho e ter a capacidade de detectar que estrutura gramatical (palavra ou expressão) pode substituir o conteúdo original. Nesse sentido, para conseguir acertar questões desse tópico, será necessário reforçar sua habilidade de interpretar textos, além do conteúdo de “significação das palavras”. REORGANIZAÇÃO DA ESTRUTURA DE ORAÇÕES E DE PERÍODOS DO TEXTO No caso da reorganização da estrutura de orações e de períodos do texto, é fundamental que você reforce os conhecimentos de análise sintática e as relações de coordenação e subordinação entre orações e entre termos da oração. Ficar atento aos conceitos de sujeito e predicado são fundamentais nesse sentido: Sujeito: termo sobre o qual o restante da oração diz algo. As praias estão cada vez mais poluídas. Predicado: termo que contém o verbo e informa algo sobre o sujeito. As praias estão cada vez mais poluídas. Não esqueça de reforçar também os conhecimentos sobre concordância verbal e nominal, que podem ser explorados em questões de reorganização da estrutura de orações e de períodos do texto. REESCRITA DE TEXTOS DE DIFERENTES GÊNEROS E NÍVEIS DE FORMALIDADE A linguagem pode ser mais ou menos formal dependendo da situação. Num tribunal, há um nível de formalidade maior que numa mesa de bar, por exemplo. Para entender melhor essa diferença, vamos estudar um pouco sobre níveis de formalidade da linguagem. Linguagem Formal e Linguagem Informal A linguagem formal pode ser oral ou escrita. É geralmente empregada quando nos dirigimos a um interlocutor com quem não temos proximidade: solicitação de algo a uma autoridade, entrevista de emprego, por exemplo. A polidez e a seleção cuidadosa de palavras são suas características marcantes. A linguagem formal segue a norma culta. É usada em situações formais, como correspondência entre empresas, artigos de alguns jornais e revistas, textos científicos, livros didáticos. A linguagem informal também pode ser oral e escrita. É geralmente empregada quando há um certo grau de intimidade entre os interlocutores, em situações informais, como na correspondência entre amigos e familiares. A estrutura da linguagem informal é mais solta, com construções mais simples, e permite abreviações, diminutivos, gírias e até construções sintáticas que não Licensed to Luiz Ricardo Felipe dos Santos - lf2127047@gmail.com 17 seguem a norma culta. Lembre-se de que usar essa linguagem não significa que o emissor não saiba (ou não possa) se comunicar de outra forma quando necessário. Estrangeirismos A forte influência que algumas culturas exercem sobre outras pode ser percebida no vestuário, na culinária, na música, no cinema e também no comportamento. Na língua, pode se manifestar pelo emprego de estrangeirismos. Algumas palavras são empregadas até hoje sem modificar a forma original ou a pronúncia, mesmo existindo o termo aportuguesado. Por exemplo: usa- se omelete, vitrine, nuance, vindas do francês – e não omeleta, vitrina e nuança. Uma palavra – hoje considerada estrangeirismo – pode, com o tempo, ser incorporada ao cotidiano do falante e ao vocabulário da língua. Foi o que ocorreu com lanche e futebol: essas palavras, assimiladas do inglês (lunch e football), eram estrangeirismos quando começaram a ser utilizadas e agora fazem parte do vocabulário da língua portuguesa. Neologismos Os neologismos ocorrem quando o falante necessita expressar uma ideia, mas não encontra uma palavra com significado adequado na língua. Nesses casos, o falante recorre a uma palavra em outra língua, cujo significado expressa bem a ideia. Os neologismos ocorrem também quando o falante usa uma palavra com um sentido novo, diferente do significado original. Algum tempo após o seu uso informal, alguns neologismos são incorporados aos dicionários, isto é, são dicionarizados. Na literatura e na música, os neologismos são utilizados sem restrições em razão da licença poética de que dispõem os escritores e os compositores e, também, porque o próprio “fazer literário” usa as palavras de forma distinta daquela com que é utilizada no senso comum e amplia os recursos expressivos possíveis. Gírias As gírias nascem num determinado grupo social e passam a fazer parte da linguagem familiar de várias camadas sociais. Podem também ser constituídas de estrangeirismo e neologismos. O processo de formação de gírias inclui metáforas, truncamentos, sufixação, acréscimo de sons ou sílabas, e, às vezes, palavras de baixo calão. Por exemplo: nas frases “Está um sol de chapar o coco!” e “Não esquente a moringa com isso”, as
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