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1 
LÍNGUA PORTUGUESA / INTERPRETAÇÃO DE 
TEXTOS 
 
SUMÁRIO 
 
Leitura, compreensão e interpretação de textos* ........ 1 
 
Estruturação do texto e dos parágrafos ...................... 8 
 
Articulação do texto: pronomes e expressões 
referenciais, nexos, operadores sequenciais .............. 9 
 
Significação contextual de palavras e expressões .... 15 
 
Equivalência e transformação de estruturas ............. 16 
 
Processos de coordenação e subordinação* ............ 19 
 
Emprego de tempos e modos verbais ....................... 25 
 
Pontuação ................................................................. 31 
 
Estrutura e formação de palavras* ............................ 34 
 
Funções das classes de palavras* / Flexão nominal e 
verbal ........................................................................ 35 
 
Pronomes: empregos, formas de tratamento e 
colocação .................................................................. 42 
 
Concordância verbal e nominal ................................. 46 
 
Regência verbal e nominal ........................................ 52 
 
Ortografia e Acentuação ........................................... 56 
 
* Conteúdos prioritários 
 
 
LEITURA, INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DE 
TEXTOS 
 
Atenção! Este é um conteúdo prioritário! 
 
A capacidade de compreender e interpretar faz 
parte do nosso cotidiano e, mesmo que não tenhamos 
consciência disso, usamos essa capacidade 
diariamente. 
Podemos compreender e interpretar textos 
toda vez que lemos uma notícia no jornal, ouvimos o 
discurso de algum político, vemos a postagem de 
alguma celebridade nas redes sociais, ouvimos uma 
música, assistimos a um filme, rimos de uma piada, 
participamos de uma conversa, assistimos a uma 
palestra, recebemos uma indireta, percebemos uma 
ironia, enfim, esses exemplos mostram que estamos às 
voltas com a compreensão e interpretação o tempo 
todo. 
E, em alguns casos, se essa habilidade falha, 
perdemos a oportunidade de entender a mensagem 
que recebemos. Um exemplo disso é quando a pessoa 
diz que não entendeu um filme a que assistiu ou diz que 
não compreende bem a letra de uma canção. 
Outro exemplo: há pessoas que têm dificuldade 
de compreender piadas, indiretas e ironias, porque 
todas essas formas de comunicação pressupõem o uso 
de subentendidos, insinuações, ambiguidades e um 
tipo de linguagem indireta que não é facilmente 
interpretada em um primeiro momento. Quando a 
pessoa não “pega” a piada, a ironia ou a indireta é 
porque sua capacidade de compreensão e 
interpretação falhou. 
Numa situação de concurso, exame ou prova, 
a habilidade de compreender e interpretar é mobilizada 
o tempo todo, seja em uma questão em que se pede, 
diretamente, para se fazer a interpretação de 
determinado texto, seja nos momentos em que essa 
capacidade é solicitada indiretamente, já que 
precisamos compreender os enunciados e aquilo que a 
questão está pedindo e entender o que devemos fazer 
e a quais conhecimentos devemos recorrer. 
Por esse motivo, neste artigo vamos conhecer 
e organizar algumas estratégias de leitura, 
compreensão e interpretação de textos, com o objetivo 
de expandir nossas habilidades como leitor. 
 
PASSO A PASSO PARA LEITURA, COMPREENSÃO 
E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS 
 
Antes de dar início ao passo a passo, vamos entender 
o que é texto. 
 
Textos não são somente escritos 
 
O texto não é somente um amontoado de 
palavras. Durante muito tempo, os teóricos da 
linguística definiram texto como uma unidade de 
sentido, algo que poderia ser interpretado por possuir 
um sentido completo. 
Hoje em dia, somando a essa definição, eles 
ampliaram o conceito e passaram a considerar que o 
texto pressupõe a interação entre o emissor (autor) e o 
receptor (leitor/ouvinte), pois 
 
o texto não é um produto pronto, acabado, mas 
sim um evento que depende de alguém que o 
processe, pois o sentido muda de acordo com 
os seus destinatários e o contexto no qual se 
encontram. (MARCUSCHI, 2008, p.72 apud 
FREITAS; LUNA, 2015, p.85) 
 
Trocando em miúdos, o texto é uma unidade de 
sentido, mas, para esses sentidos serem interpretados, 
é necessário que o receptor compreenda a mensagem 
transmitida. 
Se o texto é tudo aquilo que possui um sentido 
que pode ser compreendido pelo receptor, podemos 
dizer, então, que o texto extrapola o universo das 
palavras. 
 
Exemplos: 
 
Texto 1 
 
 
Texto 2 
Licensed to Luiz Ricardo Felipe dos Santos - lf2127047@gmail.com
 
2 
 
 
 
Texto 3 
 
 
 
(Fonte: http://ospequenospensadores.blogspot.com/2011/11/escrevendo-texto-
narrativo-partir-de.html) 
 
Podemos dizer que, acima, temos três 
exemplos de texto. As três imagens nos transmitem 
informações, mensagens com sentido, mesmo que 
praticamente sem palavras. 
No texto 1, o único elemento verbal é a letra 
“E”. De acordo com as leis de trânsito brasileiras, já está 
convencionado que esta imagem significa que é 
proibido estacionar no local onde ela se encontra. 
Assim, quem conhece as normas de trânsito entende 
essa informação. 
O texto 2 também nos transmite uma 
mensagem: a de que devemos ficar em silêncio. Essa 
informação nos é passada sem a necessidade de 
nenhuma palavra, pois o gesto de colocar o dedo 
indicador na frente dos lábios já é tradicionalmente 
conhecido como um pedido de silêncio. 
O texto 3 é um pouco mais complexo porque 
se trata de uma narrativa, na qual se utiliza uma única 
palavra: a onomatopeia “cabrum”, que representa o 
som de trovões. Para compreender esse texto, o leitor 
precisa mobilizar alguns conhecimentos prévios: ele 
precisa conhecer o personagem Cascão, da “Turma da 
Mônica”; precisa conhecer a característica mais 
marcante do Cascão, que é ter medo de água; precisa 
saber que “cabrum” é uma onomatopeia que representa 
o som do trovão; e, finalmente, precisa entender que o 
trovão é o anúncio de que a chuva vem chegando. Em 
posse de todos esses conhecimentos, ele consegue 
montar a narrativa, compreendendo que, ao perceber 
que a chuva vinha chegando, Cascão, por medo de se 
molhar, tirou o jabuti de seu casco e se escondeu nele. 
 
Curiosidade! 
 
Onomatopeias são palavras que representam sons de 
objetos, animais, fenômenos da natureza etc. São 
muito utilizados em histórias em quadrinhos, mas 
também podem ser utilizados em textos em geral. 
 
Com esses três exemplos, compreendemos 
que os textos podem ser verbais (quando utilizam 
somente palavras), não verbais (quando utilizam outros 
códigos que não sejam palavras, como imagens, sons 
etc.) ou mistos (quando utilizam elementos verbais e 
não verbais), caracterizando-se como uma unidade de 
sentido e nos transmitindo uma mensagem. 
Além disso, textos também não precisam 
necessariamente ser escritos. Um texto oral (falado ou 
cantado) também é um texto. 
Exemplos: quando assistimos a uma 
reportagem na TV, ouvimos uma palestra ou uma 
música, escutamos uma pessoa mais velha contando 
histórias do passado ou participamos de uma conversa, 
também estamos tendo contato com textos. Textos 
orais fazem parte da nossa tradição e remontam ao 
início da humanidade, existindo desde antes da 
invenção da escrita. 
É possível notar, portanto, que estamos 
cercados de textos no nosso dia a dia, o que nos impõe 
a necessidade de saber compreendê-los e interpretá-
los. Em uma situação de prova, devemos estar atentos 
a todos os tipos de textos, e não apenas aos verbais. 
 
Todo texto traz alguma informação 
 
Se todo texto é uma unidade de sentido, isso 
quer dizer que todo texto transmite algum tipo de 
informação. Tudo vai depender da finalidade do texto 
e do objetivo de quem o emite. 
Por exemplo: se, durante uma prova, o 
professor diz para os alunos: “Silêncio!”, essa única 
palavra já transmitiu a informação que ele quis passar: 
que ninguém deve fazer nenhum tipo de barulho ou 
conversar. 
Mais um exemplo: imagine agora que alguém 
tem em mãos uma embalagem de algum produto e vê 
um dos seguintes símbolos na embalagem: 
 
 
 
Por serem símbolosjá convencionados, todos 
eles transmitem informações que podem ser facilmente 
compreendidas por quem os vê: o primeiro símbolo 
significa que a embalagem é feita de material reciclável; 
o símbolo do meio significa que o produto da 
embalagem é tóxico; e o último símbolo significa que se 
trata de um produto inflamável. Veja que, mesmo sem 
palavras, temos informações sendo transmitidas. 
Outro exemplo: 
Se uma pessoa diz: “João continua 
desempregado”, ela nos transmitiu duas informações 
simultaneamente: 
 
1. Que João está desempregado – informação 
expressa explicitamente na frase; 
2. Que a situação de desemprego de João já dura 
algum tempo – informação expressa 
implicitamente pela utilização do verbo 
“continuar”, que passa a ideia de continuidade, 
prolongação de tempo. 
 
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3 
Com isso, vemos que os textos podem 
transmitir também informações implícitas, ou seja, que 
não estão expressas claramente, “com todas as 
palavras”, mas que podemos compreender a partir da 
análise de algumas palavras, expressões ou outras 
escolhas do autor. 
Um último exemplo: vejamos o texto abaixo, 
retirado da obra Filosofando, de Aranha e Martins: 
 
A morte é o destino inexorável de todos os 
seres vivos. No entanto, só o homem tem 
consciência da própria morte. Por se 
perceber finito, o homem aguarda com 
ansiedade o que poderá ocorrer após a 
morte. A crença na imortalidade, na vida 
após a morte, simboliza bem a recusa da 
própria destruição e o anseio da eternidade. 
(ARANHA; MARTINS, 2009, p.331). 
 
A partir desse pequeno trecho, podemos 
depreender uma série de informações: 
 
• Todos os seres vivos irão necessariamente 
morrer; 
• De todos os seres vivos, somente o ser 
humano tem consciência da própria morte; 
• Por causa dessa consciência, o ser humano 
tem ansiedade em relação ao que pode ocorrer 
após a morte; 
• Essa ansiedade leva o ser humano a criar 
mecanismos para conviver ou “negociar” com 
essa realidade; 
• Um desses mecanismos é crer na vida após a 
morte / imortalidade; 
• Essa crença é uma recusa em aceitar a própria 
finitude e um anseio pela eternidade. 
Percebemos, então, a necessidade de 
estarmos sempre atentos a todas as informações que 
são veiculadas por um texto. Para não deixarmos 
passar nada despercebido, devemos realizar uma 
leitura atenta do texto, procurando elencar todas as 
informações possíveis. 
 
Saiba a diferença entre compreender e interpretar 
 
Embora essas duas palavras quase sempre 
venham juntas nos enunciados e comandos das 
questões, elas têm significado diferentes e 
caracterizam duas “fases” distintas do processo de 
leitura: 
Compreender é ter uma noção global do texto: 
começamos a ler e logo vamos notando a estrutura do 
texto, percebendo o tipo e o gênero textuais, vamos 
entrando em contato com o tema, compreendendo as 
palavras que o autor utiliza, percebendo as estruturas 
gramaticais que vão formando frases coerentes e 
coesas, utilizando nossos conhecimentos de 
gramática, vocabulário, tipologia etc. Tudo isso para 
entendermos sobre o que o texto está falando. 
Interpretar, por outro lado, é realizar uma 
análise mais profunda do texto: neste momento, vamos 
utilizando nossos conhecimentos de mundo e nosso 
repertório pessoal de informações para entender o que 
o autor quis dizer, o que ele espera que nós 
entendamos, quais os seus objetivos e argumentos, e, 
ainda, se ele pretende nos fazer concordar com ele, 
realizar alguma ação a partir do conteúdo lido, mudar 
um posicionamento etc. 
É importante notar que essas duas “fases” 
acontecem praticamente de forma simultânea, embora 
às vezes, numa primeira leitura, apenas 
compreendemos um texto, e vamos conseguir 
interpretá-lo somente na segunda leitura. 
Vejamos agora um exemplo para entender 
como isso funciona: 
 
A violação dos direitos femininos persiste 
ao longo dos anos. No Brasil, só no ano de 
1932 as mulheres conquistaram o direito de 
votar. Ressalva-se que em 1891 uma 
proposta de emenda à Constituição para 
garantir tal direito havia sido rejeitada. Esse 
direito só foi possível graças à insistência 
de várias mulheres por diversos países, 
para garantir tal feito. O primeiro país a 
aprovar o voto feminino foi a Nova Zelândia 
no ano de 1893 (Adaptado de MACEDO, 
2020). 
 
Ao realizarmos a compreensão do trecho lido, 
podemos dizer que: 
• O tipo textual é o dissertativo, pois a autora nos 
passa seu ponto de vista sobre um 
determinado assunto; 
• O assunto é sobre os direitos femininos, 
sobretudo o voto; 
• Há um pequeno panorama histórico sobre o 
voto feminino no Brasil e no mundo. 
 
Em relação à interpretação do trecho lido, 
podemos dizer que: 
 
• O tema do texto, mais especificamente, gira em 
torno da violação dos direitos femininos, e 
utiliza o histórico do voto feminino como 
exemplo de tais violações; 
• Na frase “A violação dos direitos femininos 
persiste ao longo dos anos”, a autora, ao 
utilizar o verbo “persistir”, deixa claro o seu 
posicionamento de que esta condição já vem 
há muito tempo e é algo persistente, recorrente 
em nossa sociedade; 
• Como prova de que essa violação é 
persistente, ela utiliza o exemplo do voto 
feminino; 
• Na frase “No Brasil, só no ano de 1932 as 
mulheres conquistaram o direito de votar”, ao 
utilizar o advérbio “só”, a autora deixa claro que 
esse direito demorou a ser efetivado, 
demonstrando sua reprovação a esse respeito; 
• No mesmo trecho, a utilização do verbo 
“conquistar” transmite a ideia de algo que não 
foi conseguido de forma fácil, gratuita; 
• Para reforçar esse posicionamento, ela cita 
outro exemplo, embasado historicamente: “em 
1891 uma proposta de emenda à Constituição 
para garantir tal direito havia sido rejeitada”. Tal 
exemplo deixa clara a dificuldade das mulheres 
em conquistarem o direito ao voto; 
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4 
• Citando outro fato histórico para apoiar ainda 
mais a sua argumentação, ela afirma que “Esse 
direito só foi possível graças à insistência de 
várias mulheres por diversos países, para 
garantir tal feito”; 
• No trecho citado, a utilização de termos como 
“só”, “possível”, “insistência”, “várias 
mulheres”, “diversos países” e “garantir” 
reforçam a ideia de dificuldade, luta, 
persistência e, implicitamente, indicam a 
negação das autoridades responsáveis em 
querer permitir que as mulheres pudessem ter 
esse direito; 
• Por fim, há um último dado histórico: “O 
primeiro país a aprovar o voto feminino foi a 
Nova Zelândia no ano de 1893”, enfatizando a 
demora dessa conquista; 
• Nota-se, com essas análises, que o 
posicionamento da autora é de crítica à 
violação dos direitos das mulheres, em 
especial no que diz respeito ao voto; 
• Além disso, diante de tantas provas históricas, 
argumentos e estratégias linguísticas (pelo uso 
de certas palavras), ela quer nos fazer 
concordar com ela sobre o fato de que este 
direito poderia ter sido garantido às mulheres 
antes e de forma mais facilitada. 
Esperamos que tenha sido possível notar que 
a compreensão se dá em linhas mais gerais, 
superficiais, enquanto a interpretação requer um olhar 
aprofundado sobre os significados do texto. Por isso, 
leia atentamente o texto que você irá interpretar. 
 
VAMOS AO PASSO A PASSO 
 
Agora que já compreendemos algumas noções 
básicas, vejamos como iniciar, passo a passo, esse 
processo de leitura, compreensão e interpretação. 
Ao se deparar com um texto para interpretação, 
o primeiro passo, obviamente, é ler. Mas como deve ser 
feita essa leitura? 
Aqui vão algumas dicas importantes: 
 
Faça uma primeira leitura lenta, atenta e contínua 
 
A primeira leitura de um texto deve ser para 
fazer a compreensão, ou seja, conhecer o tipo, o 
assunto, a estrutura do texto e as principais ideias 
contidas. Para isso, é preciso fazer uma leitura atenta 
e sem paradas, para não “perder o fio da meada”. 
É possível que, nestaprimeira leitura, você não 
consiga captar todos os aspectos necessário para 
realizar a interpretação do texto, mas, com a prática 
constante da leitura, você vai aprimorar cada vez mais 
essa capacidade. 
 
Se preciso, leia o texto mais de uma vez 
 
Depois da primeira leitura, para conhecer as 
principais ideias contidas no texto, é preciso fazer uma 
segunda leitura, agora para conhecer os aspectos mais 
profundos, como a opinião do autor, seu 
posicionamento acerca do assunto tratado, seus 
argumentos etc. 
Se, numa segunda leitura, ainda não for 
possível captar todas as informações de que você 
precisa para fazer a interpretação do texto, leia 
novamente e quantas vezes forem necessárias para 
isso. 
Mais uma vez, insistimos no fato de que a 
prática da leitura deve ser uma atividade constante para 
quem se prepara para prestar concursos, provas e 
exames. Com a prática, sua leitura vai ficando cada vez 
mais habilidosa e proficiente e você vai conseguindo 
desenvolver estratégias pessoais para captar o máximo 
de informações já em uma primeira leitura. 
Muitas vezes, em uma situação de prova, 
devido ao tempo limitado, é difícil conseguir ler todos os 
textos mais de uma vez. Por isso, sua leitura deve ser 
cada vez mais competente, para que você consiga 
economizar tempo, principalmente nos textos mais 
simples. 
 
Use um dicionário se for preciso 
 
Ao realizar seus estudos em casa, tenha 
sempre em mãos um dicionário físico ou aplicativo de 
dicionário. O ideal, é consultá-lo durante a segunda 
leitura do texto, pois, como já dissemos, a primeira 
leitura deve ser preferencialmente sem paradas. 
Somente consulte o dicionário na primeira leitura se 
você não souber o significado de alguma palavra que 
seja chave no texto, e que, por não conhecer seu 
significado, você não consegue entender do que o texto 
se trata. 
Assim, durante a primeira leitura, vá apenas 
grifando no texto ou anotando em um pedaço de papel 
as palavras que você não conhece. Depois, quando 
estiver fazendo a segunda leitura, procure no dicionário 
as palavras que despertaram dúvidas. 
Um bom treino é, na medida do possível, tentar 
compreender o significado das palavras desconhecidas 
por meio do contexto em que elas aparecem na frase. 
Em todo caso, ao final da leitura, vá ao dicionário para 
se certificar se a sua suposição estava correta. 
Buscar as palavras fará você conhecer seus 
significados e usos e aumentará sua compreensão 
sobre o texto, além de ampliar seu repertório lexical. 
Hoje em dia, com o celular e os aplicativos, é muito fácil 
acessar um dicionário ou encontrar o significado de 
uma palavra. Durante seus estudos, não fique em 
dúvida, consulte um dicionário! Até mesmo porque você 
não terá essa oportunidade durante as provas e, quanto 
mais palavras você conhecer, melhor. 
Uma dica para gravar a grafia e o significado 
das palavras novas que você aprendeu é tentar usá-las 
em frases escritas ou faladas. Isso ajudará a se lembrar 
como ela são escritas e o que significam. 
 
Interprete os textos não verbais (se houver), além 
de gráficos, infográficos, tabelas etc. 
 
Como já dissemos, todo texto transmite 
informação e toda informação é válida para ajudar a 
compreender o contexto. Portanto, não menospreze as 
informações que não vierem organizadas em forma de 
um texto convencional. 
Muitos textos puramente verbais vêm 
acompanhados de gráficos, infográficos, tabelas e 
Licensed to Luiz Ricardo Felipe dos Santos - lf2127047@gmail.com
 
5 
imagens com o intuito de facilitar a interpretação de 
suas informações, oferecendo dados de forma visual, 
esquemática e resumida. 
Embora normalmente venham como auxiliares 
de textos mais complexos, como reportagens e artigos 
científicos, por exemplo, esses textos acessórios 
podem trazer informações preciosas para ajudar a 
compreender e interpretar o texto que você tem em 
mãos. 
 
Reconheça o assunto e/ou tema 
 
Quando começamos a ler um texto, em poucas 
linhas já vamos entrando em contato com o assunto ou 
o tema. Vamos ver, então, qual a diferença entre eles: 
 
• Assunto: é mais geral, abrangente e amplo. 
• Tema: é mais definido e restrito, 
caracterizando-se como um tópico específico 
dentre vários tópicos possíveis a partir de um 
assunto. 
Vamos ver alguns exemplos. Observe o 
esquema: 
 
Tema: Atual crise na Saúde Pública 
Assunto: Saúde 
Tema: Privilégio no atendimento a quem tem Plano de 
Saúde 
Tema: Preocupação das atuais gerações com a saúde 
 
Por meio desse esquema, percebemos que, a 
partir do assunto (ideia mais ampla) “saúde”, podemos 
derivar vários temas (ideias mais específicas). Além 
dos temas sugeridos no esquema, poderíamos citar 
muitos outros, como “Saúde pública x saúde privada”, 
“Investimentos privados na área da saúde”, “Mudanças 
recentes no Ministério da Saúde” etc. As possibilidades 
são inúmeras. 
 
Relembre o que você sabe sobre o assunto/tema 
 
Depois de você ler o texto e localizar o tema, 
para começar a interpretar é importante trazer à sua 
memória todos os seus conhecimentos a respeito 
desse núcleo de ideias. 
Articular o que você sabe com o que o texto 
apresenta pode auxiliar na tarefa de compreender a 
ideia geral exposta, além de interpretar criticamente as 
informações trazidas pelo texto. 
Para ampliar sua capacidade de articulação de 
ideias, aqui vão algumas dicas: 
 
• Mobilize seus conhecimentos prévios: 
conhecimentos prévios é tudo aquilo que você 
já sabe e que aprendeu por meio de leituras e 
estudos. Tudo isso pode ajudar a compreender 
melhor o texto e as ideias do autor; 
• Mobilize seus conhecimentos de mundo: 
conhecimentos de mundo, assim como os 
conhecimentos prévios, também é o que você 
aprendeu, mas, neste caso, tem mais a ver 
com suas vivências e experiências, como algo 
que você aprendeu nos lugares em que 
trabalhou, nos lugares para onde viajou ou nas 
diversas experiências que teve na vida; 
• Leia muito: essa é, talvez, a dica mais 
importante para quem se prepara para prestar 
concursos, provas e exames. Ler é a melhor 
estratégia para adquirir conhecimentos 
variados e bagagem cultural. Se você tem 
poucos conhecimentos prévios e poucos 
conhecimentos de mundo, procure sanar esse 
déficit lendo muito e suprindo a falta de 
experiências e conhecimentos. 
• Mantenha-se informado: A maioria das 
provas, em um momento ou outro, irá solicitar 
de você algum conhecimento de um tema da 
atualidade, seja para dissertar a respeito, seja 
para interpretar uma informação. Manter-se 
informado sobre o que acontece no país e no 
mundo é fundamental para saber articular 
ideias. E a informação não é somente política: 
é preciso estar a par do que acontece nas 
diversas áreas, como economia, sociedade, 
cultura, educação, saúde, meio ambiente, 
esportes, religião, artes etc. É claro que 
ninguém consegue se tornar “expert” em todos 
os assuntos, mas é importante saber pelo 
menos o básico de cada área, assim como 
dominar um pouco do vocabulário utilizado. 
• Aumente seu repertório de conhecimentos: 
Como dito na dica anterior, é importante saber 
um pouco de cada assunto. Não adianta ler 
somente sobre assuntos que você gosta ou já 
domina. É importante também variar e ampliar 
seu repertório para evitar “surpresas”, 
deparando-se com um assunto que seja 
totalmente estranho para você. Leia jornais, 
mas também leia literatura, sites com 
conteúdos culturais, assista a programas de 
variedades, ouça podcasts sobre história do 
Brasil e do mundo etc. 
• Leia fontes confiáveis: é importante manter-
se informado, mas cuidado, porque nem toda 
informação é válida. Vivemos na era das fake 
news (notícias falsas) e, por esse motivo, 
temos que ter muito critério ao escolher nossas 
fontes de informação. Aprender uma 
informação errada ou acreditar em uma notícia 
falsa pode comprometer sua compreensão e 
julgamento de determinado tema. Procure 
fontes confiáveis, como veículos de mídia de 
credibilidade nacional, sites com especialistas 
de renome, fontesde divulgação de 
universidades ou outras instituições 
reconhecidas nacional e internacionalmente 
etc. 
• Leia fontes variadas: completando o que foi 
dito na dica anterior, leia fontes variadas, e não 
apenas aquelas que veiculam ideias com as 
quais você concorda. É o famoso “sair da 
bolha”. Se você vai prestar exames e 
concursos, é fundamental saber o que todos os 
lados de uma questão pensam, para ter uma 
visão global sobre o assunto. Restringir-se a 
apenas um posicionamento limita seu 
conhecimento de mundo e sua capacidade de 
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6 
articulação. Não se trata de ficar mudando de 
opinião ou “ficar em cima do muro”, mas de 
saber o que todos pensam sobre um mesmo 
assunto. 
 
Reconheça o contexto da produção e do próprio 
texto 
 
Todo texto apresenta um contexto, seja ele o 
contexto de produção ou o contexto que emerge da 
própria construção textual. Vamos ver cada um deles: 
 
Contexto de produção 
 
Cada texto existente se insere ou foi produzido 
em uma realidade sociocultural e histórica e por isso 
já vem carregado de significados inerentes a essa 
realidade. Vamos começar a entender isso com alguns 
exemplos bem simples: 
 
Imaginemos que numa cerimônia de abertura 
dos jogos olímpicos, evento que reúne nações de todo 
o mundo, os organizadores soltem uma pomba branca. 
Facilmente os participantes e expectadores 
reconhecerão a pomba branca como um símbolo 
tradicional da paz. 
Devido ao fato de ser um evento internacional, 
com pessoas de várias nações, raças, etnias, crenças 
e culturas, que celebra o esporte como elo entre essas 
diferentes realidades socioculturais, a interpretação da 
pomba branca como símbolo da paz é algo esperado 
naquele contexto. 
Agora, imaginemos outra situação: em um 
evento religioso cristão, com rituais de adoração e 
louvor, os organizadores também soltam uma pomba 
branca. Neste caso, o mais comum de se esperar é que 
os participantes compreendam a pomba branca como 
símbolo do espírito santo, interpretação trazida do 
conhecimento bíblico e coerente para este contexto. 
Assim, vemos que a interpretação de um 
mesmo símbolo mudou conforme o contexto em que 
esse símbolo foi inserido, e de acordo com o 
conhecimento de mundo e expectativas dos 
interlocutores. 
 
Reconheça as intenções do autor 
 
Depois de localizar todos os elementos que 
podem ser encontráveis numa primeira leitura, é hora 
de fazer uma leitura mais aprofundada para reconhecer 
quais intenções o autor tem com aquele texto. 
Para isso, vamos discutir alguns pontos que 
devem ser observados: 
 
• Objetivo: é necessário compreender qual o 
objetivo do autor com aquele texto. O que ele 
pretende? Contar uma história? Descrever um 
produto? Determinar uma ordem? Expressar 
sentimentos? Ensinar a fazer algum 
procedimento? Vender um pacote de viagens? 
Convencer o leitor sobre algo? Defender um 
ponto de vista? Lembre-se de que todo texto 
tem um objetivo para existir. 
• Intencionalidade: de acordo com cada 
objetivo, o autor também tem uma 
intencionalidade, que é algo mais específico 
que o objetivo. Por exemplo: suponha que o 
autor quer contar uma história: para quê? Com 
qual finalidade? Sobre o quê? Para quem? Ou, 
então, o autor quer defender um ponto de vista: 
sobre qual assunto? Qual é esse ponto de 
vista? Quais argumentos ele utiliza para essa 
defesa? A que conclusão ele espera que o 
leitor chegue? 
• Interpretação de certas palavras que 
exprimem intenção, juízo de valor, opinião, 
julgamento etc.: muitas vezes, o autor 
evidencia o seu ponto de vista por meio da 
escolha de expressões e palavras que 
exprimem certos julgamentos e opiniões. Por 
exemplo: se o autor diz: “A taxa de desemprego 
no país já passou de 10%. Esse absurdo é 
responsável por fazer com que muitas famílias 
fiquem sem o básico para viver”. A palavra 
“absurdo” revela o pensamento do autor sobre 
a situação. 
• Interpretação da escolha de exemplos e 
autores: devemos nos perguntar por que o 
autor escolheu certos exemplos, certos 
autores, certas referências, o modo de 
transmitir certas informações etc. Por exemplo: 
se o autor, ao falar sobre os “heróis nacionais”, 
citar o inconfidente Tiradentes, percebemos 
que ele está resgatando uma referência 
histórica tradicional. Se, por outro lado, ele citar 
o piloto Ayrton Senna, significa que ele está 
dando ênfase a figuras da atualidade e, além 
disso, ligadas ao esporte, sendo, portanto, uma 
outra perspectiva de “heroísmo”. Por fim, se ele 
citar a religiosa Irmã Dulce, nota-se que a 
ênfase é num tipo de “heroísmo” 
contemporâneo ligado a causas sociais. Cada 
escolha tem o seu significado. 
• Pressupostos: o texto pode apresentar ideias 
que serão expressas de forma indireta, mas 
serão compreendidas a partir de indícios 
textuais. Por exemplo: “Depois que se mudou 
daqui, João parou de conversar com a gente”. 
A partir dessa frase, podemos pressupor duas 
ideias: a primeira é que João morava aqui 
antes e a segunda é que ele conversava com a 
gente antes. Essas duas ideias, embora não 
ditas, são verdadeiras, porque o texto assim 
nos indica. 
• Subentendidos: assim como os pressupostos, 
os subentendidos também são ideias 
apresentadas de forma indireta, porém, neste 
caso, nós as compreendemos por meio da 
relação entre o texto e o contexto, já que elas 
não estão expressas textualmente. Por 
exemplo: se uma pessoa pergunta para você 
“O que você vai fazer no sábado à tarde?”, 
você já imagina que, logo após a sua resposta, 
ela lhe fará um convite para fazer algo no 
sábado à tarde. Esse convite não está explícito 
na pergunta, mas, pelo contexto, já podemos 
subentender essa continuação do diálogo. 
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7 
 
Reconheça os pontos mais importantes do texto 
 
No caminho de uma adequada interpretação, 
precisamos reconhecer os pontos mais importantes 
apresentados no texto. Os pontos mais importantes são 
as ideias centrais, que têm a ver com o tema do texto. 
Vamos ver um exemplo: 
 
A situação dos surdos no Brasil 
 
No Brasil, o início do processo de educação de 
surdos remonta ao Segundo Reinado. No entanto, esse 
ato não se configurou como inclusivo, já que se 
caracterizou pelo estabelecimento de um “apartheid” 
educacional, ou seja, uma escola exclusiva para tal 
público, segregando-o dos que seriam considerados 
“normais” pela população. Assim, notam-se desafios 
ligados à formação educacional das pessoas com 
dificuldade auditiva, seja por estereotipação da sociedade 
civil, seja por passividade governamental. Portanto, haja 
vista que a educação é fundamental para o 
desenvolvimento econômico do referido público e, logo, 
da nação, ela deve ser efetivada aos surdos pelos agentes 
adequados, a partir da resolução dos entraves vinculados 
a ela. 
Sob esse viés, pode-se apontar como um 
empecilho à implementação desse direito, reconhecido 
por mecanismos legais, a discriminação enraizada em 
parte da sociedade, inclusive dos próprios responsáveis 
por essas pessoas com limitação. Isso por ser explicado 
segundo o sociólogo Talcott Parsons, o qual diz que a 
família é uma máquina que produz personalidades 
humanas, o que legitima a ideia de que o preconceito por 
parte de muitos pais dificulta o acesso à educação pelos 
surdos. 
Além do mais, ressalte-se que o Poder Público 
incrementou o acesso do público abordado ao sistema 
educacional brasileiro ao tornar a Libras uma língua 
secundária oficial e ao incluí-la, no mínimo, à grade 
curricular pública. Contudo, devido à falta de fiscalização 
e de políticas públicas ostensivas por parte de algumas 
gestões, isso não é bem efetivado. 
Afinal, dados estatísticos mostram que o número 
de brasileiros com deficiência auditiva vem diminuindo 
tanto em escolas inclusivas – ou bilíngues -, como em 
exclusivas, a exemplo daquela criada no Segundo 
Reinado. Essa situação abjeta está relacionada à 
inexistência de professores que dominema Libras e à 
carência de aulas proficientes, inclusivas e proativas, o 
que deveria ser atenuado por meio de uma maior gerência 
do Estado nesse âmbito escolar. 
Diante do exposto, cabe às instituições de ensino 
com proatividade o papel de deliberar acerca dessa 
limitação em palestras elucidativas por meio de dados 
estatísticos e depoimentos de pessoas envolvidas com o 
tema, para que a sociedade civil, em especial os pais de 
surdos, não seja complacente com a cultura de 
estereótipos e preconceitos difundidos socialmente. Por 
fim, ativistas políticos devem realizar mutirões no 
Ministério ou na Secretaria de Educação, pressionando os 
governantes indiferentes à problemática abordada, com o 
fito de incentivá-los a profissionalizarem adequadamente 
os professores e a efetivarem o estudo da Língua 
Brasileira de Sinais, por meio da disponibilização de 
verbas e da criação de políticas públicas convenientes, 
contrariando a teórica inclusão da primeira escola de 
surdos brasileira. 
 
(Adaptado de https://blogdoenem.com.br/redacao_enem_nota_1000/) 
 
Nesse texto, vemos que o tema trata dos 
desafios ligados à formação educacional das pessoas 
com dificuldade auditiva. Assim todos os pontos mais 
importantes do texto irão girar em torno desse núcleo 
de ideias, tais como o preconceito advindo de 
estereótipos sociais, a falta de políticas públicas 
eficientes, a exclusão sofrida por essa população etc. 
Para que fique mais fácil localizar as ideias 
centrais de um texto, aqui vão algumas dicas: 
 
• Grife: leia o texto grifando as partes que você 
considera mais importantes e depois releia os 
seus grifos para ver se o que você destacou 
constrói uma unidade ou uma sequência de 
ideias. Se houver alguma parte que não se 
conecta ou que destoa totalmente das outras, 
é porque, provavelmente, aquela ideia não é 
central. O ideal é fazer os grifos a partir da 
segunda leitura, quando você já conhecer por 
completo o conteúdo do texto. 
• Faça um resumo de cada parágrafo: 
principalmente em textos mais complexos e 
longos, em especial textos dissertativos, ajuda 
muito na localização dos pontos mais 
importantes fazer um pequeno resumo do que 
diz cada parágrafo e a ideia central abordada 
em cada um deles. Por exemplo, no texto “A 
situação dos surdos no Brasil”, o primeiro 
parágrafo (introdução) aponta o tema (“notam-
se desafios ligados à formação educacional 
das pessoas com dificuldade auditiva”); o 
segundo parágrafo discute “discriminação 
enraizada em parte da sociedade”; o terceiro 
parágrafo expõe a falta de políticas públicas 
eficientes; o quarto parágrafo indica as 
consequências da omissão governamental; e o 
quinto parágrafo (conclusão) irá propor 
possíveis soluções para os problemas 
apontados. 
• Veja qual a relação de um parágrafo com o 
outro: esse ponto está ligado à ideia de coesão, 
que já foi discutida no tópico 10 (“Reconheça a 
forma como o texto foi construído”) e ajuda a 
compreender a relação entre as ideias 
apresentadas e como elas se encaminham 
para formar um posicionamento e chegar a 
uma conclusão. Analise o que o assunto de um 
parágrafo tem a ver com o do outro; se as 
ideias de um parágrafo para o outro 
estabelecem uma relação de causa e 
consequência, oposição ou concordância, 
adição de ideias e argumentos etc.; observe 
como o autor conecta esses parágrafos, ou 
seja, como passa de um assunto para outro e 
qual a relação que ele faz sobre esses 
assuntos e, por fim, como isso tudo se 
encaminha para uma conclusão. Por exemplo, 
no texto citado, a passagem do segundo para 
o terceiro parágrafo se faz com a expressão 
“além do mais”, que é um operador 
argumentativo que indica que será 
apresentada uma outra ideia que irá se somar 
em concordância com a ideia anterior. 
 
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8 
Dicas adicionais 
Depois de passadas todas essas etapas, você 
já está pronto para realizar de forma competente a 
leitura, a compreensão e a interpretação de textos. 
Vamos ver agora algumas dicas adicionais que 
podem ajudar ainda mais: 
 
Tome cuidado com os erros de interpretação 
 
Tomar o caminho errado numa interpretação 
pode custar a perda de pontos preciosos em um 
concurso ou prova. Por isso, atente para não cometer 
alguns erros, como: 
 
• Superinterpretação: é extrapolar as ideias do 
texto, saindo do contexto e incluindo na 
interpretação ideias que não estão expressas 
no texto; 
• Subinterpretação: é reduzir demais as ideias 
do texto e, ao contrário de extrapolar, é focar 
em um único ponto defendido e se esquecer 
das demais ideias que compõem o texto; 
• Interpretação equivocada: nada mais é do 
que entender errado o que o autor quis dizer. 
Isso geralmente é fruto de uma leitura 
apressada ou desatenta ou de um repertório de 
conhecimentos muito limitado; 
• Contradição: é desconsiderar a opinião do 
autor, principalmente se ela for contrária à sua, 
ignorando o ponto de vista defendido no texto 
e concluindo o que você entende que seja o 
“certo” (quando, numa interpretação, é a ideia 
do autor que importa). 
 
Saiba dar sua opinião, caso a questão solicite isso 
 
Para isso é importante ter muitas leituras, um 
bom repertório de conhecimentos e conhecimento de 
mundo. Saiba comentar os pontos apresentados se 
isso for solicitado, relacionando o conteúdo 
apresentado com uma realidade, com os fatos do 
momento, com conhecimentos de diversas áreas etc., 
sendo capaz de opinar a respeito. 
 
Pratique bastante em casa e crie suas próprias 
estratégias 
 
Ser competente em leitura, compreensão e 
interpretação de textos nada mais é do que treino, 
estudo, prática. Quanto mais você praticar, mais 
proficiente você será. 
Ao praticar, você irá criando suas próprias 
estratégias e vai desenvolver aquilo que melhor se 
adequar ao seu estilo de estudo. 
Por exemplo, algumas pessoas, já experientes 
em leitura e interpretação, leem primeiro o enunciado 
da questão e depois já leem o texto procurando a 
informação que foi solicitada. Mas é claro que isso 
requer experiência e técnica. 
Crie seu próprio estilo de grifar as informações 
do texto, anotar palavras-chave nas margens dos 
parágrafos etc. 
 
 
ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS 
 
Estruturação do texto nada mais é do que o 
desenvolvimento do texto; o conteúdo que se baseia 
em um tema qualquer, em que, cada uma das ideias 
está relacionada uma a outra, formando um todo de 
sentido. 
 
A introdução faz uma rápida apresentação do assunto 
e já traz uma ideia da sua posição no texto, é 
normalmente aqui que você irá identificar qual o 
problema do texto, o porque ele está sendo escrito. 
 
O desenvolvimento elabora melhor o tema com 
argumentos e ideias que apoiem o seu posicionamento 
sobre o assunto. É possível usar argumentos de várias 
formas, desde dados estatísticos até citações de 
pessoas que tenham autoridade no assunto. 
 
A conclusão faz uma retomada breve de tudo que foi 
abordado e conclui o texto. Esta última parte pode ser 
feita de várias maneiras diferentes, é possível deixar o 
assunto ainda aberto criando uma pergunta reflexiva, 
ou concluir o assunto com as suas próprias conclusões 
a partir das ideias e argumentos do desenvolvimento. 
 
Sequência lógica 
 
O texto deve ter uma sequência Lógica, que são 
exatamente as ideias bem estruturadas que vão levar 
ao leitor compreender o sentido do texto; ou seja, o que 
se pretende transmitir. Por isso, não pode haver ideias 
ambíguas (duplo sentido) e nem contraditórias 
(expressando oposição) do que já fora declarado no 
texto; também não pode conter frases inacabadas, 
incompletas ou sem sentido. 
 
Após a definição da ideia, o parágrafo é o ponto de 
partida para uma boa redação. Não se faz um bom 
texto sem um bom parágrafo para sustentar as ideias 
principais e secundárias. Chegou a hora de 
fundamentar sua ideia. 
 
PARÁGRAFO 
 
Parágrafo é cada unidade de informação construída ou 
formada no texto, a partir de um tópico frasal (ideia 
centralou principal do parágrafo – é a “puxada do 
assunto”). O parágrafo é um dos mais importantes 
componentes do texto. Ele sempre deverá ser 
desenvolvido a partir de uma ideia-núcleo, responsável 
por nortear as ideias secundárias. 
 
Parágrafo-padrão é uma unidade de composição 
constituída por um ou mais de um período, em que se 
desenvolve determinada ideia central, ou nuclear, a que 
se agregam outras, secundárias, intimamente 
relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes 
dela. 
 
Parágrafos curtos: próprios para textos pequenos, 
fabricados para leitores de pouca formação cultural. A 
notícia possui parágrafos curtos em colunas estreitas, 
já artigos e editoriais costumam ter parágrafos mais 
longos. O parágrafo curto também é empregado para 
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9 
movimentar o texto, no meio de longos parágrafos, ou 
para enfatizar uma ideia. 
 
Parágrafos médios: comuns em revistas e livros 
didáticos destinados a um leitor de nível médio (2 grau). 
Cada parágrafo médio construído com três períodos 
que ocupam de 50 a 150 palavras. 
 
Parágrafos longos: em geral, as obras científicas e 
acadêmicas possuem longos parágrafos, por três 
razões: os textos são grandes e consomem muitas 
páginas; as explicações são complexas e exigem várias 
idéias e especificações, ocupando mais espaço; os 
leitores possuem capacidade e fôlego para 
acompanhá-los. 
 
 
ARTICULAÇÃO DO TEXTO: PRONOMES E 
EXPRESSÕES REFERENCIAIS, NEXOS, 
OPERADORES SEQUENCIAIS (COESÃO E 
COERÊNCIA) 
 
O QUE É COESÃO TEXTUAL? 
 
Para começarmos a entender o que é coesão 
textual, é preciso pensar que a coesão tem a função de 
ligar e relacionar as palavras, as ideias e os 
argumentos de um texto. 
Um exemplo muito conhecido é dos autores 
Abaurre et al (2000, p.129), que comparam a coesão a 
uma argamassa textual que junta e conecta as partes 
de um texto, garantindo a articulação das ideias. Ou 
seja, é como se a coesão fosse o cimento que une os 
tijolos (palavras, ideias e argumentos) que irão construir 
uma casa (texto). 
Vamos ver um exemplo de como isso acontece 
na prática? Observe os textos 1 e 2: 
 
O texto 1 apresenta três frases, aparentemente 
sem uma ligação muito óbvia entre si: 
 
Texto 1: 
 
Há artistas plásticos no Brasil. 
Os artistas plásticos têm obras. 
Os temas das obras dos artistas plásticos se 
referem à natureza do Brasil. 
 
Agora, observe como o texto 2 constrói essa 
mesma ideia: 
 
Texto 2: 
 
Há artistas plásticos brasileiros que têm obras cujos 
temas se referem à natureza do país. 
 
Analisando os dois textos, fica fácil notar que, 
embora eles nos deem as mesmas informações, a 
forma como o texto 2 foi construída parece estabelecer 
uma conexão maior entre as ideias. No texto 1, não 
podemos ter certeza absoluta de que os artistas 
plásticos das três frases são os mesmos. Além disso, 
há a repetição da palavra “Brasil” em duas frases, a 
repetição da palavra “obras” em duas frases e a 
repetição do termo “artistas plásticos” nas três frases, o 
que dá a impressão de que o texto tem pouca variedade 
de vocabulário. Veja que todos esses problemas foram 
resolvidos no texto 2. 
Vamos ver outro exemplo: 
 
“Os sem-terra, que vieram de vários Estados do Brasil, 
fizeram um protesto em Brasília contra a política agrária 
do país, porque consideram injusta a atual distribuição de 
terras. Porém, o Ministro da Agricultura considerou a 
manifestação um ato de rebeldia, uma vez que, segundo 
ele, o projeto de Reforma Agrária pretende assentar 
milhares de famílias.” (Adaptado de JORDÃO; BELLEZI, 
2007) 
 
No exemplo acima, as palavras em destaque 
têm a função de estabelecer relação entre os 
elementos do texto. Veja: 
 
Que: refere-se aos sem-terra. São dadas as seguintes 
informações: “os sem-terra vieram de vários Estados do 
Brasil” e “os sem-terra fizeram um protesto em Brasília”. 
A palavra “que” une essas duas ideias, relacionando-
as. 
País: evita a repetição da palavra “Brasil”, que havia 
sido utilizada anteriormente. Lembremos que a 
repetição excessiva de palavras pode passar a 
impressão de pobreza vocabular (embora esse recurso 
possa ser utilizado com finalidade estética em textos 
poéticos, por exemplo). 
Porque: tem a função de introduzir a explicação sobre 
a ocorrência do protesto, unindo a ideia do fato ocorrido 
(protesto) com a sua justificativa (consideram injusta a 
atual distribuição de terras). 
Porém: traz uma noção de oposição de ideias, ou seja, 
a ideia que será introduzida agora (considerou a 
manifestação um ato de rebeldia) se opõe à ideia 
anterior (fizeram um protesto porque consideram 
injusta a atual distribuição de terras). Esse recurso é 
importante para nos dar a informação de que o Ministro 
da Agricultura não concorda com a posição dos sem-
terra, dado que é fundamental para a compreensão do 
texto. 
Manifestação: utilizada para substituir a palavra 
“protesto”, evitando a repetição e trazendo maior 
variedade vocabular ao texto. 
Uma vez que: assim como a palavra “porque”, também 
tem a função de introduzir uma justificativa. Neste caso, 
é a explicação sobre o porquê de o Ministro da 
Agricultura considerar a manifestação como um ato de 
rebeldia (porque, segundo o Ministro, o projeto de 
Reforma Agrária pretende assentar milhares de 
famílias). 
Ele: refere-se ao Ministro da Agricultura, ou seja, 
recupera a referência a essa pessoa sem repetir a 
forma como ela é designada (ele = Ministro da 
Agricultura). 
Famílias: diz respeito ao sem-terra e, também aqui, é 
utilizada para recuperar uma ideia sem repetir palavras. 
Como se pode ver, todas essas palavras em destaque, 
da maneira como foram utilizadas no texto, funcionam, 
de diferentes formas e com diferentes objetivos, como 
mecanismos de coesão textual. 
 
QUAIS OS TIPOS DE COESÃO TEXTUAL? 
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10 
 
Segundo os principais estudiosos de gramática 
do país, podemos resumir a coesão textual em dois 
tipos básicos: coesão referencial e coesão 
sequencial. Esses dois tipos se subdividem em outros. 
Neste tópico, iremos encontrar uma série de 
nomenclaturas e classificações, mas não se assuste 
com isso, porque, apesar de os nomes parecerem 
complexos, nós veremos, por meio dos exemplos 
apresentados, que os conceitos são bem fáceis de 
entender e de usar. 
Todas as classificações e explicações que 
veremos aqui foram retiradas das obras da professora 
e pesquisadora Ingedore Koch, que é uma das maiores 
autoridades do Brasil no estudo de coesão textual. 
 
COESÃO REFERENCIAL 
 
Segundo Koch (1988, p.75), coesão referencial 
é a conexão entre dois ou mais componentes que 
remetem ou permitem recuperar um mesmo referente. 
Ou seja, é quando um termo do texto se refere a outro 
termo do mesmo texto, que já pode ter sido citado ou 
ainda será, estabelecendo uma relação entre eles. 
A coesão referencial se subdivide em outros 
tipos, que veremos agora com exemplos: 
 
COESÃO REFERENCIAL POR USO DE FORMAS 
GRAMATICAIS 
 
SUBSTITUIÇÃO POR PRÓ-FORMAS 
 
É quando nós substituímos um termo por 
pronomes, verbos, advérbios etc. Veja o exemplo: 
 
A filha do barão se chamava Sofia. Ela tinha cabelos 
loiros, sua pele era alvíssima e os olhos dela 
brilhavam como duas safiras. 
 
Veja que os pronomes “ela”, “sua” e “dela” 
referem-se a um elemento que já foi citado no texto: 
“Sofia”. Observe este outro exemplo: 
 
A cidade de São Paulo se destaca por sua 
gastronomia variada. Lá se encontra uma enorme 
variedade de bares, pizzarias e restaurantes de 
cozinha nacional e internacional. 
 
Neste caso, tanto o pronome “sua” quanto o 
advérbio “lá” foram utilizados para recuperar o referente 
“São Paulo”. 
 
DEFINITIVAÇÃO 
 
É quando utilizamos artigos definidos ou 
indefinidos para recuperar ou remeter a elementos do 
texto. Vejamos os exemplos: 
 
Muitos são os animais da fauna brasileira 
ameaçados de extinção. Um deles é a onça pintada, 
considerada o maior felino dasAméricas. 
 
Aqui, o artigo indefinido “um” faz referência a 
uma informação que foi citada anteriormente: “muitos 
animais”, ou seja, dos animais que estão em extinção, 
um deles é a onça. Vejamos outro exemplo: 
 
Foi publicada uma matéria preocupante no site do 
Ibama. A matéria era sobre os dados do 
desmatamento no Brasil. 
 
Note que o artigo definido “a” recupera a 
informação “matéria preocupante”, relacionando as 
duas orações do texto. 
 
ELIPSE 
 
Este caso é interessante porque, mesmo 
quando há a posição vazia, ou seja, a ausência ou 
supressão (elipse) de elementos, podemos ter uma 
forma de coesão. Veja como isso acontece neste 
exemplo: 
 
Os moradores da cidade reclamam quando há 
muita chuva, e os da zona rural, quando não chove. 
(Os moradores da cidade reclamam quando há 
muita chuva, e os Ø da zona rural, Ø quando não 
chove. / Os moradores da cidade reclamam quando 
há muita chuva, e os moradores da zona rural 
reclamam quando não chove.) 
 
Aqui, onde estão as posições vazias, nós 
subentendemos o substantivo “moradores”, no primeiro 
caso, e o verbo “reclamam”, no segundo caso. Veja, 
portanto, que mesmo com a elipse desses elementos é 
possível recuperar os referentes. 
 
NUMERAIS 
 
Como o próprio nome sugere, é quando 
utilizamos numerais (cardinais, ordinais, fracionais etc.) 
para fazer referência a elementos do texto, conectando-
os. Vamos analisar os exemplos a seguir: 
 
A maioria dos personagens das obras de Machado 
de Assis são considerados complexos, mas dois se 
destacam neste quesito: Capitu e Bentinho. 
 
O numeral “dois” recupera a referência a 
“personagens das obras de Machado de Assis”. Algo 
parecido acontece neste outro exemplo: 
 
Segundo dados sobre a violência doméstica, do total 
das mulheres brasileiras, dois terços já sofreram ou 
vão sofrer, ao longo da vida, algum tipo de violência, 
enquanto metade já sofreu violência física grave, 
como estupro ou tentativa de assassinato. 
 
Nesse exemplo, tanto “dois terços” quanto 
“metade” retomam “(total das) mulheres brasileiras”. 
 
COESÃO REFERENCIAL POR USO DE FORMAS 
LEXICAIS 
 
RELAÇÃO DE SINONÍMIA 
 
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11 
Diz respeito à utilização de sinônimos ou 
palavras que substituem o sentido do referente para 
recuperar termos e evitar repetições. Vejamos: 
 
Os gatos são chamados de antissociais, mas, na 
verdade, esses animais gostam bastante do 
convívios com os donos ou pessoas com as quais 
estão acostumados. 
 
A palavra “animais” se refere ao termo “gatos”, 
usado anteriormente. Vejamos outro exemplo: 
 
Paris estará movimentada no próximo outono. A 
Cidade Luz receberá milhares de turistas na Semana 
da Moda deste ano. O berço da alta-costura já se 
prepara para realizar um evento luxuoso. 
 
Aqui, vemos que o recurso utilizado foi a 
substituição da palavra “Paris” por outros termos que 
reconhecidamente remetem a essa cidade: os títulos de 
“Cidade Luz” e “berço da alta-costura”. Assim, foi 
possível evitar repetir a palavra “Paris”, mas continuar 
informando o leitor sobre o que se passaria na cidade. 
 
RELAÇÃO DE HIPERONÍMIA-HIPONÍMIA 
 
Embora tenham nomes complicados, esses 
conceitos nada mais são do que o estabelecimento de 
relações hierárquicas de sentido. O hiperônimo é uma 
palavra hierarquicamente superior porque apresenta 
um sentido mais abrangente, enquanto o hipônimo traz 
um sentido mais restrito. Vejamos alguns exemplos 
para entender melhor: 
 
É época de comidas de inverno, e a feijoada é 
certamente a que mais faz sucesso entre os 
brasileiro. 
 
Neste exemplo, “comidas” é hiperônimo de 
“feijoada”, ou seja, “comidas” apresenta um sentido 
mais abrangente, genérico, que designa uma classe de 
significados (aquilo que serve como alimento, refeição), 
enquanto “feijoada” é hipônimo de “comidas”, ou seja, 
possui um sentido mais restrito, designa a parte de um 
todo (dentre todas as comidas, feijoada é apenas uma 
delas). 
 
“Os Simpsons” bate a impressionante marca de 31 
temporadas nos Estados Unidos. A série de 
animação foi lançada em 1989 e tem ido ao ar todo 
ano desde então. 
 
“Os Simpsons” é hipônimo de “série de 
animação”, pois, de todas as séries de animação 
existentes, “Os Simpsons” é uma delas. Assim, os dois 
termos estabelecem uma relação de sentidos, 
conectando as partes do texto. 
 
NOMES GENÉRICOS 
 
São palavras que estabelecem relação de 
sinonímia, mas com aspecto mais genérico, 
abrangente. Alguns exemplos muito comuns são 
termos como “pessoa”, “fato”, “coisa”, “evento”, 
“negócio”, “fenômeno”, “crença” etc. Vejamos 
exemplos: 
 
Pesquisas apontam que, no Brasil, mais de 27% da 
renda está nas mãos de apenas 1% da população. 
Esse fato explica os índices de desigualdade social 
no nosso país. 
 
Veja que a palavra “fato”, embora estabeleça 
adequadamente a coesão entre as ideias presentes 
nos dois períodos (fato = mais de 27% da renda está 
nas mãos de apenas 1% da população), é um termo de 
ordem genérica, podendo, sem prejuízo de sentido, ser 
substituído por “dado”, “fenômeno”, “realidade”, dentre 
outros. 
E aqui vai uma observação interessante: todas 
essas palavras (“fato”, “dado”, “fenômeno”, “realidade”) 
mantém o texto com um direcionamento relativamente 
neutro. Se a palavra “fato” fosse substituída por 
“absurdo”, teríamos, aí, um posicionamento da parte do 
autor, demonstrando indignação com a informação. Por 
outro lado, se a palavra “fato” fosse substituída por 
“crença”, teríamos um outro direcionamento: haveria 
um tom de dúvida em relação à informação 
apresentada, pois o autor poderia insinuar que esses 
dados e essas pesquisas não são confiáveis, são 
apenas crenças, suposições, “chutes”. 
Vejamos agora um exemplo mais coloquial, 
utilizado na linguagem do dia a dia: 
 
Sempre vejo pessoas jogando bituca de cigarro nos 
canteiros da praça. Tá aí uma coisa que me irrita! 
 
“Coisa” é nome genérico que foi utilizado para 
retomar “pessoas jogando bituca de cigarro nos 
canteiros da praça”. Além da palavra “coisa”, 
poderíamos utilizar “negócio”, “situação”, “fato”, 
“atitude” etc. 
 
NOMINALIZAÇÕES 
 
Ocorre quando substituímos um verbo por um 
substantivo correspondente, como no exemplo a 
seguir: 
 
Oscar Niemeyer e Carlos Lemos construíram o 
Edifício Copan entre as décadas de 50 e 60. A 
construção levou exatamente 14 anos para ser 
finalizada. 
 
Como fica fácil de observar, a coesão neste 
texto se estabelece pela retomada do termo 
“construíram”, que é um verbo, por meio de um 
substantivo correspondente, “construção”. 
 
COESÃO SEQUENCIAL 
 
De acordo com Koch (1988, p.75), a coesão 
sequencial “diz respeito aos procedimentos linguísticos 
por meio dos quais se estabelecem diversos tipos de 
interdependência semântica e/ou pragmática entre 
enunciados, à medida que faz o texto progredir” 
(KOCH, 1988, p. 75). Trocando em miúdos, temos a 
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coesão sequencial quando o texto utiliza estratégias de 
coesão que permitem, ao mesmo tempo, ligar as partes 
do texto e fazê-lo avançar, trazendo informações 
novas, mas sem perder a conexão entre as ideias e 
argumentos. 
Assim como a coesão referencial, também a 
coesão sequencial se subdivide em alguns tipos que 
veremos agora: 
 
SEQUENCIAÇÃO PARAFRÁSTICA 
 
REPETIÇÃO DOS MESMOS TERMOS 
Esse recurso é mais comum na poesia, sendo 
pouco utilizado em textos argumentativos. Veja o trecho 
da letra da canção: 
 
“Morena de Angola que leva o chocalho amarrado 
na canela / Será que ela mexe o chocalho / ou o 
chocalho é que mexe com ela” (Chico Buarque) 
 
Neste caso, a palavra “chocalho” poderia ter 
sido substituída por “instrumento musical” ou “guizo”, 
mas a repetição tem um efeito poético, conferindo 
sonoridade à frase. 
 
REPETIÇÃO DA MESMA ESTRUTURA SINTÁTICA 
 
É um mecanismo que se relaciona com o 
paralelismo sintático, que é um recurso que confere 
maior clareza e coesão ao texto.Vejamos: 
 
O professor pediu que os alunos chegassem cedo, 
começassem a prova em silêncio e se 
concentrassem. 
 
Veja que as estruturas sintáticas se repetem, 
trazendo clareza para o texto. Uma falha no paralelismo 
sintático pode comprometer a compreensão, como, por 
exemplo: “O professor pediu que os alunos chegassem 
cedo, para começar a prova em silêncio e ter 
concentração”. Note que, no exemplo anterior, o texto 
perde a fluidez porque houve uma falha de coesão. 
Além disso, gera uma ambiguidade sobre quem deve 
começar a prova cedo e ter concentração. 
 
RECORRÊNCIA DO MESMO CONTEÚDO 
SEMÂNTICO 
 
Ocorre quando as informações são retomadas 
com outras palavras, com o objetivo de explicar ou 
pormenorizar. Esse recurso se relaciona com a 
paráfrase, como no exemplo a seguir: 
 
Ele se manteve calado durante toda a discussão, 
isto é, se omitiu de dar sua opinião sobre o assunto. 
 
Dizer que “[ele] se omitiu de dar sua opinião 
sobre o assunto” é uma forma de explicitar o que foi 
antecipado em “se manteve calado durante toda a 
discussão”. Observe que, nestes casos, é comum a 
utilização de expressões como “ou seja”, “isto é”, “quer 
dizer” etc. 
 
REPETIÇÃO DOS MESMOS RECURSOS 
FONOLÓGICOS 
 
Trata-se de um recurso marcado pela repetição 
de sons, muito comum em textos poéticos, mas pouco 
utilizado em textos argumentativos, podendo, inclusive, 
caracterizar um problema na formulação do texto. Nos 
textos poéticos, é representado pelas rimas, aliterações 
e assonâncias: 
 
“Amor é fogo que arde sem se ver / É ferida que 
dói, e não se sente / É um contentamento 
descontente / É dor que desatina sem doer” 
(Camões) 
 
No trecho do poema citado, “ver” rima com 
“doer”, enquanto “sente” rima com “descontente”, 
estabelecendo uma relação sonora entre as partes do 
texto. Entretanto, como foi dito, em um texto não 
poético, esse recurso não é compatível com um texto 
bem elaborado. Veja: 
 
A divulgação da alta inflação afetou a percepção 
dos investidores da corporação. 
 
Nesse exemplo, a rima “-ão” não é bem-vinda, 
já que traz um efeito incômodo durante a leitura do texto 
e, portanto, deve ser evitada. 
 
SEQUENCIAÇÃO FRÁSTICA 
 
MANUTENÇÃO TEMÁTICA 
 
Trata-se da utilização de diferentes palavras 
pertencentes a um mesmo contexto temático: 
 
Em tempos de pandemia de coronavírus, as redes 
sociais estão ganhando uma atenção especial do 
pessoal da terceira idade. Já são muitos os vovôs e 
as vovós que têm utilizado o Whatsapp para 
continuar perto da família, mesmo que virtualmente. 
Segundo pesquisas, o Facebook é a rede preferida 
dos idosos, mas o Instagram também está entre as 
preferências dos maiores de 60 anos. 
 
Vemos que, neste caso, a coesão foi 
construída por meio da manutenção temática, já que 
foram utilizados palavras e termos que pertencem a um 
mesmo campo lexical, ou seja, ao universo das “redes 
sociais” associado ao usuário de “terceira idade”. Ainda 
que os termos girem em torno dessas duas ideias, 
observe que o texto progride e apresenta informações 
novas que vão fazendo sentido graças à relação 
temática entre os termos. 
 
ENCADEAMENTO POR JUSTAPOSIÇÃO 
 
É um mecanismo utilizado para dar progressão 
ao texto, organizando-o no tempo, no espaço ou dentro 
do assunto. Vamos analisar este exemplo: 
 
O menino nasceu fraco e adoentado. Com o passar 
do tempo, entretanto, foi ganhando cores mais vivas 
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e enchendo suas carnes. Cresceu, entrou para a 
escola e, em pouco tempo, passou a ser um dos 
garotos mais peraltas do colégio. 
 
Veja que, no exemplo acima, a coesão se dá 
por meio da organização dos fatos numa linha 
temporal, de modo que os marcadores verbais vão 
estabelecendo a conexão entre os fatos, enquanto 
fazem o texto avançar. 
 
ENCADEAMENTO POR CONEXÃO 
 
Esta é uma das estratégias mais importantes e 
recorrentes de construção da coesão em um texto, 
principalmente quando se trata de um texto 
argumentativo: o uso de conectivos e operadores 
argumentativos. No próximo tópico, explicaremos o 
que são os conectivos e operadores argumentativos, 
mas o importante, no momento, é entender que se trata 
de palavras que promovem a relação e a sequência de 
ideias no texto, como vemos no exemplo a seguir: 
 
“A eutanásia ainda é um assunto polêmico no país, 
principalmente devido a questões de ordem 
religiosa. Além disso, há discussões no âmbito da 
ética médica que dividem opiniões de médicos e 
demais autoridades da área da saúde. Uma variação 
da eutanásia é a ortotanásia, por meio da qual não 
há interferência médica em quadros de pacientes 
terminais. Assim, no caso da ortotanásia, a morte 
não é provocada, ela é apenas o curso natural de um 
quadro irreversível, sem que haja intervenção 
médica. Enquanto o código de medicina considera a 
eutanásia uma prática antiética, a ortotanásia, por 
outro lado, é aceita pelo Conselho Federal de 
Medicina desde 2010. Para muitos especialistas no 
assunto, a eutanásia é, portanto, um caso 
de homicídio privilegiado, porque quem o comete 
recebe perdão de parte da pena.” 
 
(Adaptado de https://www.politize.com.br/eutanasia-o-que-e/) 
 
Os termos em destaque no texto são 
conectivos e operadores argumentativos. A função 
deles é não apenas estabelecer conexão entre as 
partes do texto, como também nos mostrar o 
direcionamento dessas conexões, ou seja, se são 
ideias concordantes, discordantes, de conclusão, de 
explicação etc. 
Apenas para explicitar alguns dos exemplos 
presentes no texto, vemos que o termo “além disso” 
traz uma ideia de soma do argumento anterior com o 
argumento seguinte, em relação de concordância, 
enquanto o “por outro lado” apresenta um outro ponto 
de vista, numa relação de discordância. Já nos casos 
de “assim” e “portanto”, ambos dão a noção de uma 
conclusão a que se chega após a exposição de 
argumentos anteriores. 
Portanto, os conectivos e os operadores 
argumentativos têm a função de fazer o texto progredir, 
trazendo informações novas, mas sem perder a 
conexão entre as partes, as ideias e os argumentos. 
 
O que são operadores argumentativos e como eles 
são utilizados para promover a coesão textual? 
 
Como vimos brevemente no tópico anterior, 
operadores argumentativos são elementos 
linguísticos que servem para fazer a conexão entre 
palavras, ideias e argumentos em um texto, ou seja, 
são essenciais para a construção da coesão. Essa 
ligação pode se dar por meio de conjunções, 
locuções conjuntivas, advérbios, pronomes, dentre 
outros elementos. 
Segundo as autoras Koch e Elias (2016, p. 76), 
os operadores argumentativos “são responsáveis pelo 
encadeamento dos enunciados, estruturando o texto e 
determinando a orientação argumentativa”. Isso quer 
dizer que, além de realizar a conexão entre as partes 
do texto, esses elementos ainda nos indicam em que 
direção se encaminham os posicionamentos do autor 
do texto, ou seja, se os argumentos são concordantes 
ou discordantes entre si, se traze ideia de soma, de 
oposição, de conclusão etc. 
Vamos ver alguns exemplos de como isso 
funciona na prática partindo da frase: “O Congresso 
aprovou um aumento de verbas para a Educação”: 
 
Exemplo 1: 
 
O Congresso aprovou um aumento de verbas para 
a Educação. Entretanto, o Ministério da Economia 
demonstrou preocupação acerca do impacto que 
isso causará nas contas públicas. 
 
O operador argumentativo “entretanto” introduz 
uma ideia contraditória em relação a ideia anterior, 
demonstrando que pode haver um ponto negativo 
ligado ao aumento de verbas para a Educação: o 
impacto nas contas públicas. 
 
Exemplo 2: 
 
O Congresso aprovou um aumento de verbas para 
a Educação. Além disso, mais recursos podem ser 
destinados para os Estados ainda este ano, 
conforme informado pelo Presidente da Câmara. 
 
Nesse exemplo, o operador argumentativo 
“além disso” indica a soma de argumentos a favor de 
uma mesma conclusão, ou seja, ao aumento de verbas 
para a Educação soma-se,ainda, a destinação de mais 
recursos para os Estados. 
 
Exemplo 3: 
 
O Congresso aprovou um aumento de verbas para 
a Educação, visto que a pasta se encontrava com o 
orçamento defasado desde o ano passado, 
segundo dados do Ministério da Educação. 
 
“Visto que” é um operador argumentativo que 
introduz uma justificativa em relação ao argumento 
anterior, relacionando-os por meio de uma explicação. 
 
Exemplo 4: 
 
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O Congresso aprovou um aumento de verbas para 
a Educação. Portanto, os Estados e municípios 
terão a oportunidade de fazer novos investimentos 
na área ainda este ano. 
 
Nesse último exemplo, “portanto” introduz uma 
conclusão em relação aos argumentos apresentados 
anteriormente, encaminhando o texto, o parágrafo ou a 
ideia para uma finalização. 
Para que possamos ter uma visão ampla dos 
tipos de operadores argumentativos, vamos mais uma 
vez recorrer à autora Koch (2006, p.31-39), que 
classifica os operadores argumentativos de acordo com 
os seguintes grupos: 
 
1. Operadores argumentativos que 
introduzem uma conclusão com base em 
argumentos anteriores: logo, portanto, por 
isso, por conseguinte, pois, desta forma, 
concluindo, resumindo, destarte / dessarte etc.; 
2. Operadores argumentativos que somam 
argumentos a fim de chegar a uma mesma 
conclusão: também, ainda, tanto... como, não 
só... mas também, além de, além disso, e etc. 
3. Operadores argumentativos que 
introduzem argumentos alternativos que 
podem levar a conclusões opostas ou 
diferentes: ou, ou... ou, ou então, seja... seja, 
quer... quer etc.; 
4. Operadores argumentativos que 
estabelecem relações de comparação e que 
visam chegar a uma dada conclusão: mais... 
(do) que, menos... que, tão... como, tanto... 
quanto etc.; 
5. Operadores argumentativos que 
introduzem justificativas ou explicações em 
relação a enunciados anteriores: porque, 
pois, porquanto, visto que, para que, a fim de, 
já que etc.; 
6. Operadores argumentativos que 
estabelecem uma contraposição de 
argumentos orientados para conclusões 
contraditórias: mas, porém, entretanto, 
contudo, todavia, no entanto, embora, apesar 
de (que), ainda que, posto que etc.; 
7. Operadores argumentativos que 
introduzem conteúdos pressupostos: já, 
agora, ainda etc.; 
8. Operadores argumentativos que assinalam 
o argumento mais forte em uma escala e 
que se encaminham para uma mesma 
conclusão: até, mesmo, inclusive, até mesmo, 
nem mesmo etc.; 
9. Operadores argumentativos que deixam 
subentendida a existência de uma escala 
com outros argumentos mais fortes: ao 
menos, pelo menos, no mínimo etc.; 
10. Operadores argumentativos que funcionam 
numa escala orientada para a afirmação da 
totalidade ou para a negação da totalidade: 
um pouco, quase, pouco, apenas etc. 
 
O QUE É COERÊNCIA? 
 
A Coerência é a relação lógica das ideias de 
um texto que decorre da sua argumentação - resultado 
especialmente dos conhecimentos do transmissor da 
mensagem. 
Um texto contraditório e redundante ou cujas 
ideias iniciadas não são concluídas, é um texto 
incoerente. A incoerência compromete a clareza do 
discurso, a sua fluência e a eficácia da leitura. 
Assim a incoerência não é só uma questão de 
conhecimento, decorre também do uso de tempos 
verbais e da emissão de ideias contrárias. 
 
Exemplos: 
 
O relatório está pronto, porém o estou finalizando até 
agora. (processo verbal acabado e inacabado) 
 
Ele é vegetariano e gosta de um bife muito mal 
passado. (os vegetarianos são assim classificados pelo 
fato de se alimentar apenas de vegetais) 
 
FATORES DE COERÊNCIA 
 
São inúmeros os fatores que contribuem para a 
coerência de um texto, tendo em vista a sua 
abrangência. Vejamos alguns: 
 
CONHECIMENTO DE MUNDO 
 
É o conjunto de conhecimento que adquirimos 
ao longo da vida e que são arquivados na nossa 
memória. 
São o chamados frames (rótulos), esquemas 
(planos de funcionamento, como a rotina alimentar: 
café da amanhã, almoço e jantar), planos (planejar algo 
com um objetivo, tal como jogar um jogo), scripts 
(roteiros, tal como normas de etiqueta). Exemplo: 
 
Peru, Panetone, frutas e nozes. Tudo a postos para o 
Carnaval! 
 
Uma questão cultural nos leva a concluir que a 
oração acima é incoerente. Isso porque “peru, 
panetone, frutas e nozes” (frames) são elementos que 
pertencem à celebração do Natal e não à festa de 
carnaval. 
 
INFERÊNCIAS 
 
Através das inferências, as informações podem 
ser simplificadas se partimos do pressuposto que os 
interlocutores partilham do mesmo conhecimento. 
 
Quando os chamar para jantar não esqueça que eles 
são indianos. (ou seja, em princípio, esses convidados 
não comem carne de vaca) 
 
FATORES DE CONTEXTUALIZAÇÃO 
 
Há fatores que inserem o interlocutor na 
mensagem providenciando a sua clareza, como os 
títulos de uma notícia ou a data de uma mensagem. 
 
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— Está marcado para às 10h. 
— O que está marcado para às 10h? Não sei sobre o 
que está falando. 
 
INFORMATIVIDADE 
 
Quanto maior informação não previsível um 
texto tiver, mais rico e interessante ele será. Assim, 
dizer o que é óbvio ou insistir numa informação e não 
desenvolvê-la, com certeza desvaloriza o texto. 
 
O Brasil foi colonizado por Portugal. 
 
Princípios Básicos 
Após termos visto os fatores acima, é essencial 
ter em atenção os seguintes princípios para se obter um 
texto coerente: 
 
• Princípio da Não Contradição - ideias 
contraditórias 
• Princípio da Não Tautologia - ideias 
redundantes 
• Princípio da Relevância - ideias que se 
relacionam 
Diferença entre Coesão e Coerência 
Coesão e coerência são coisas diferentes, de 
modo que um texto coeso pode ser incoerente. Ambas 
têm em comum o fato de estarem relacionadas com as 
regras essenciais para uma boa produção textual. 
A coesão textual tem como foco a articulação 
interna, ou seja, as questões gramaticais. Já a 
coerência textual trata da articulação externa e mais 
profunda da mensagem. 
 
 
SIGNIFICAÇÃO CONTEXTUAL DE PALAVRAS E 
EXPRESSÕES 
 
O significado das palavras é estudado pela 
semântica, a parte da gramática que estuda não só o 
sentido das palavras como as relações de sentido que 
as palavras estabelecem entre si: relações de 
sinonímia, antonímia, paronímia, homonímia etc. 
Compreender essas relações nos proporciona 
o alargamento do nosso universo semântico, 
contribuindo para uma maior diversidade vocabular e 
maior adequação aos diversos contextos e intenções 
comunicativas. 
 
Sinônimos e Antônimos 
 
Sinônimo é a aproximação de significados 
entre duas ou mais palavras. 
Assim, quando utilizamos “belo” também 
podemos utilizar “bonito” para termos um sentido bem 
próximo ou idêntico na frase. 
 
Exemplo: 
 
Os movimentos de dança do bailarino são belos. 
 
Os movimentos de dança do bailarino são bonitos. 
 
É fundamental conhecer palavras sinônimas, 
uma vez que num texto podemos evitar o uso de 
palavras repetidas. 
No entanto, é muito importante ter cuidado com 
o emprego dos sinônimos, pois cada palavra tem um 
significado específico e pode não corresponder 
exatamente àquilo que se pretende dizer. 
 
Antônimo 
 
Os antônimos são palavras que possuem 
significados exatamente opostos um do outro. A 
palavra antônimo tem origem na palavra 
grega antonymós, que significa “aquele que possui 
nome oposto”. Os antônimos são estudados pela área 
da Semântica denominada Antonímia. 
 
Exemplos de Antônimos: 
 
• Aberto e fechado 
• Alto e baixo 
• Bonito e feio 
• Certo e errado 
• Simpático e antipático 
• Soberba e humildade 
• Sozinho e acompanhado 
Homônimos e Parônimos 
 
Parônimos são palavras que apresentam 
significados diferentes embora sejam parecidas na 
grafia ou na pronúncia. 
“Estória” é a grafia antiga de “história” e essas 
palavras possuem significados diferentes. Quando 
dizemos que alguém nos contou uma estória, nos 
referimos a umaexposição romanceada de fatos 
imaginários, narrativas, contos ou fábulas; já quando 
dizemos que fizemos prova de história, nos referimos a 
dados históricos, que se baseiam em documentos ou 
testemunhas. 
Ambas as palavras constam no Vocabulário 
Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia 
Brasileira de Letras. Porém, atualmente, segundo o 
Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, é 
recomendável usar a grafia “história” para denominar 
ambos os sentidos. 
 
Outros exemplos: 
 
Flagrante (evidente) / fragrante (perfumado) 
Mandado (ordem judicial) / mandato (procuração) 
Inflação (alta dos preços) / infração (violação) 
Eminente (elevado) / iminente (prestes a ocorrer) 
Arrear (pôr arreios) / arriar (descer, cair) 
 
Homônimos são palavras que têm a mesma 
pronúncia, mas significados diferentes. 
 
Acender (pôr fogo) / ascender (subir) 
Estrato (camada) / extrato (o que se extrai de) 
Bucho (estômago) / buxo (arbusto) 
Espiar (observar) / expiar (reparar falta mediante 
cumprimento de pena) 
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Tachar (atribuir defeito a) / taxar (fixar taxa) 
 
Polissemia 
 
A palavra polissemia tem origem no termo 
grego polysemos, que significa "algo que tem muitos 
significados". Consiste na propriedade que algumas 
palavras e locuções têm de expressar um conjunto de 
sentidos diferentes, mas que guardam relação entre si, 
pertencendo assim ao mesmo campo semântico. O 
significado que a palavra polissêmica assume depende 
de fatores etimológicos, uso de metáfora e o contexto 
no qual se insere. 
Fatores etimológicos dizem respeito à 
etimologia, que consiste na área da gramática 
responsável pelo estudo da origem e história das 
palavras, de onde surgiram e como evoluíram ao longo 
dos anos. Preocupa-se em encontrar os chamados 
étimos (vocábulos que originam outros) das palavras, 
baseando-se no fato de que toda a palavra conhecida 
deriva-se de alguma outra palavra, que pode pertencer 
a outro idioma ou a uma língua que já foi extinta. 
A palavra "cabo" também é uma palavra 
polissêmica, uma vez que possui vários significados. 
Logo, no exemplo 1, o termo refere-se ao objeto que 
compõe a vassoura. No exemplo 2, a palavra significa 
livrar-se de algo que o incomoda. No exemplo 3, 
absorve o conceito de "patente, posto militar". Por fim, 
no exemplo 4 o termo é utilizado para indicar o 
"acidente geográfico": 
 
1. O cabo da vassoura quebrou durante a surra. 
2. Ele deu cabo de todo o dinheiro. 
3. Leandro atualmente é cabo do exército brasileiro. 
4. Na África do Sul, o Cabo da Boa esperança é 
conhecido pelo nome Cabo das Tormentas. 
 
Denotação e conotação 
 
A denotação indica a capacidade das palavras 
apresentarem um sentido literal e objetivo. 
A conotação indica a capacidade das palavras 
apresentarem um sentido figurado e simbólico. 
 
Exemplos de palavras com sentido denotativo: 
 
O navio atracou no porto. 
A anta é um mamífero. 
 
Exemplos de palavras com sentido conotativo: 
 
Você é o meu porto. 
Pense pela sua própria cabeça, sua anta! 
 
 
EQUIVALÊNCIA E TRANSFORMAÇÃO DE 
ESTRUTURAS 
 
SUBSTITUIÇÃO DE PALAVRAS OU DE TRECHOS 
DE TEXTO 
 
Quando falamos em substituição de palavras 
ou trechos do texto, devemos considerar a habilidade 
de entender o sentido e a função de determinada 
palavra/trecho e ter a capacidade de detectar que 
estrutura gramatical (palavra ou expressão) pode 
substituir o conteúdo original. 
Nesse sentido, para conseguir acertar 
questões desse tópico, será necessário reforçar sua 
habilidade de interpretar textos, além do conteúdo de 
“significação das palavras”. 
 
REORGANIZAÇÃO DA ESTRUTURA DE ORAÇÕES 
E DE PERÍODOS DO TEXTO 
 
No caso da reorganização da estrutura de 
orações e de períodos do texto, é fundamental que 
você reforce os conhecimentos de análise sintática e as 
relações de coordenação e subordinação entre orações 
e entre termos da oração. 
Ficar atento aos conceitos de sujeito e 
predicado são fundamentais nesse sentido: 
 
Sujeito: termo sobre o qual o restante da oração diz 
algo. 
 
As praias estão cada vez mais poluídas. 
 
Predicado: termo que contém o verbo e informa algo 
sobre o sujeito. 
 
As praias estão cada vez mais poluídas. 
 
Não esqueça de reforçar também os 
conhecimentos sobre concordância verbal e nominal, 
que podem ser explorados em questões de 
reorganização da estrutura de orações e de períodos 
do texto. 
 
REESCRITA DE TEXTOS DE DIFERENTES 
GÊNEROS E NÍVEIS DE FORMALIDADE 
 
A linguagem pode ser mais ou menos formal 
dependendo da situação. Num tribunal, há um nível de 
formalidade maior que numa mesa de bar, por exemplo. 
Para entender melhor essa diferença, vamos estudar 
um pouco sobre níveis de formalidade da linguagem. 
 
Linguagem Formal e Linguagem Informal 
 
A linguagem formal pode ser oral ou escrita. É 
geralmente empregada quando nos dirigimos a um 
interlocutor com quem não temos proximidade: 
solicitação de algo a uma autoridade, entrevista de 
emprego, por exemplo. A polidez e a seleção 
cuidadosa de palavras são suas características 
marcantes. 
A linguagem formal segue a norma culta. É 
usada em situações formais, como correspondência 
entre empresas, artigos de alguns jornais e revistas, 
textos científicos, livros didáticos. 
A linguagem informal também pode ser oral e 
escrita. É geralmente empregada quando há um certo 
grau de intimidade entre os interlocutores, em situações 
informais, como na correspondência entre amigos e 
familiares. 
A estrutura da linguagem informal é mais solta, 
com construções mais simples, e permite abreviações, 
diminutivos, gírias e até construções sintáticas que não 
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seguem a norma culta. Lembre-se de que usar essa 
linguagem não significa que o emissor não saiba (ou 
não possa) se comunicar de outra forma quando 
necessário. 
 
Estrangeirismos 
 
A forte influência que algumas culturas 
exercem sobre outras pode ser percebida no vestuário, 
na culinária, na música, no cinema e também no 
comportamento. Na língua, pode se manifestar pelo 
emprego de estrangeirismos. 
Algumas palavras são empregadas até hoje 
sem modificar a forma original ou a pronúncia, mesmo 
existindo o termo aportuguesado. Por exemplo: usa-
se omelete, vitrine, nuance, vindas do francês – e não 
omeleta, vitrina e nuança. 
Uma palavra – hoje considerada 
estrangeirismo – pode, com o tempo, ser incorporada 
ao cotidiano do falante e ao vocabulário da língua. Foi 
o que ocorreu com lanche e futebol: essas palavras, 
assimiladas do inglês (lunch e football), eram 
estrangeirismos quando começaram a ser utilizadas e 
agora fazem parte do vocabulário da língua portuguesa. 
 
Neologismos 
 
Os neologismos ocorrem quando o falante 
necessita expressar uma ideia, mas não encontra uma 
palavra com significado adequado na língua. Nesses 
casos, o falante recorre a uma palavra em outra língua, 
cujo significado expressa bem a ideia. Os neologismos 
ocorrem também quando o falante usa uma palavra 
com um sentido novo, diferente do significado original. 
Algum tempo após o seu uso informal, alguns 
neologismos são incorporados aos dicionários, isto é, 
são dicionarizados. 
Na literatura e na música, os neologismos são 
utilizados sem restrições em razão da licença poética 
de que dispõem os escritores e os compositores e, 
também, porque o próprio “fazer literário” usa as 
palavras de forma distinta daquela com que é utilizada 
no senso comum e amplia os recursos expressivos 
possíveis. 
 
Gírias 
 
As gírias nascem num determinado grupo 
social e passam a fazer parte da linguagem familiar de 
várias camadas sociais. Podem também ser 
constituídas de estrangeirismo e neologismos. 
O processo de formação de gírias inclui 
metáforas, truncamentos, sufixação, acréscimo de 
sons ou sílabas, e, às vezes, palavras de baixo calão. 
Por exemplo: nas frases “Está um sol de chapar o 
coco!” e “Não esquente a moringa com isso”, as

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