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PAG. 1 - 26/03/2014 - SOCIEDADE ANÔNIMA - VOLUMES I e II - TÍTULOS I a XII TÍTULO I - CONCEITO, OBJETO SOCIAL E CLASSES ( JLBP(1) e ALF(2) ) CAPÍTULO I - CONCEITO E NATUREZA SUBCAPÍTULO I - CONCEITO § 1º - Companhia ou Sociedade Anônima 1. Definição - Companhia, ou sociedade anônima, é -- na definição do artigo 1º da Lei de Sociedades por Açõ es (LSA) -- a pessoa jurídica de direito privado cujo capital s ocial é dividido em ações e na qual a responsabilidade dos sócios ou acionistas é lim itada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas. O Código Civil classifica a companhia como tipo de sociedade empresária (art. 983); define como empres ária a sociedade que tem por objeto o exercício de ativida de própria de empresário sujeito a registro (art. 982), e como empresário aquele que exerce prof issionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços (art. 966). O conceito de "sociedade empresária", gênero a que pertence a companhia, é exposto na Seção I, e as di ferenças específicas que a caracterizam são analisadas na Se ção II. As características da companhia, que a distinguem d os demais tipos de sociedades empresárias, constam do artigo 1.088 do Código Civil e do artigo 1º da LSA, e -- c omo será exposto no § 16 -- a "divisão do capital social em ações", a que aludem tais disposi tivos legais, significa que as participações societárias, designadas ações, são pa dronizadas e incorporadas em valores mobiliários. 2. Designação - A LSA, seguindo a tradição do direito brasileiro desde o Código Comercial, considera sinô nimas as expressões "companhia" e "sociedade anônima". Na r edação dos PAG. 2 - 26/03/2014 - SOCIEDADE ANÔNIMA - dispositivos a ela pertinentes o Código Comercial e mpregou a expressão "companhi a"; a Lei nº 3.150, de 4 de novembro de 1882 e o Decreto nº 434, de 4 de julho de 1891 alte rnaram as duas designações; o Decreto-lei nº 2.627, de 26 de setembro de 1940 preferiu "sociedade anônima", embora às vez es usasse ambas; e a LSA optou por "compa nhia". A palavra "companhia", originária do latim " cum panis ", ou seja, os que "comem do mesmo pão", representava a comunhão familiar de herdeiros do titular de uma casa de com ércio: com a morte do chefe da família, os filhos continuavam o negócio formando entid ade coletiva comerciante (Silva & Cia.), que exprimia a intimidade das relações entre irmãos her deiros que conviviam em uma comunidade de vida e trabalho; fo i depois utilizada em ordens religiosas medievais ("Companhi a de Jesus", ordem dos Jesuítas), e, n a Inglaterra, em organizações comerciais com grande número de membros. Data de 1 402 a mais antiga charter de que há notícia, a Merchant Adventures Company, embora algumas opiniões assinalem a existência de ssa famosa sociedade desde o Século XIII. A parti r da criação da "Companhia Holandesa das Índias Orientais" (em 1602 ), passou a significar as companhias colonizadoras, ou de comér cio, e, posteriormente, as sociedades que adotaram o mesmo modelo. A expressão "sociedade anônima" foi usada pela prim eira vez pelo Código de Comércio francês de 1807 e é hab itual nos países que sofreram influência desse Código, como o nosso. O direito italiano e o alemão adotaram a designação " sociedade por ações". A I nglaterra usa company . Nos Estados Unidos a palavra "corporação", cunhada na Idade Média para o rganizações sem finalidades econômicas, foi estendida às compan hias ( business corporations ). Seção I - Sociedade Empresária § 2º - Conceito 1. Objeto - É empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário, que o Código Civil define como atividade econômica organizada pa ra a produção ou circulação de bens ou de serviços (art. 966). Essa definição utiliza os conceitos econômicos de atividade econômica de produção, empresa e empresár io. PAG. 3 - 26/03/2014 - SOCIEDADE ANÔNIMA - Atividade produtiva é ação que cria bem econômico, do qual o indivíduo ou o grupo social pode extrair -- mediante ato de consumo -- serviços utilizados como meios, o u recursos empregados para alcançar objetivo ou conseguir resu ltado. A palavra "serviço", contida nessa definição, signi fica conceito que representa tudo o que o indivíduo ou g rupo social recebe do ambiente e é útil como meio ou instrument o, ou seja, todo input útil. Serviço é ganho, vantagem ou benefício para o sistema que o recebe: é algo que ele não tinha antes, a el e acresce vindo do ambiente e é útil porque pode ser usado como meio. A palavra "serviço" tem diversos outros sign ificados. "Serviço produtivo" é o input , originário de recursos, que contribui para criar bens econômicos; e na referência aos bens econômicos como "bens ou serviços", bem significa o bem material, e serviço, o imaterial. Consiste a atividade produtiva em aplicar a ação hu mana sobre outros fatores de produção, ou seja, em combi nar serviços produtivos de recursos humanos com os de r ecursos naturais e/ou de capital: os serviços existem poten cialmente nos recursos e sua transf erência para bens econômicos é causada pela atividade produtiva. A combinação de serviços produtivos pressupõe a reu nião e o inter-relacionamento dos recursos que são suas fontes, e o conceito de "unidade de produção" representa o gêne ro dos conjuntos de recursos organizados para o exercício de atividade produtiva. Uni dade de produção coletiva é a organização formada por um grupo social de produção e seus recursos naturais e de capital; e empresa é a unida de de produção coletiva típica das modernas economias de mercado (v. § 12). A unidade de produção é elemento essencial do siste ma econômico: o fim da atividade econômica é consumir, mas consumo pressupõe produção, e cada agente somente p ode consumir bens econômicos que tenham sido previament e produzidos, por ele mesmo ou por outro s agentes. A quantidade de bens de consumo final produzidos determina a capacidade atual de consumo da sociedad e; a quantidade de bens de capital produzidos é fator de cisivo na determinação da capacidade futura de produção da so ciedade; e PAG. 4 - 26/03/2014 - SOCIEDADE ANÔNIMA - cada sociedade somente te m acesso a bens produzidos por outras economias entregando em troca bens ou serviços de s ua produção (ou recebendo ingressos de capital estrangeiro). 2. Função Empresarial - Uma das características da empresa é que seu grupo social contém dois papéis essencialme nte distintos -- de empresário e empregado. Empresário é o chefe da empresa, que organiza a produção em seu nome e p or sua conta, e comanda a estrutura de poder do grupo de produção. A função econômica do empresário é criar, dirigir e expandir a empresa, assumindo os riscos da sua ativ idade, e essa função pode ser exercida por indivíduo (empres ário individual) ou por sociedade empresária -- grupo de pessoas que se associam para exercê- la. O Código Civil adota esse conceito ao dispor que sociedade empresária é a que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresár io. O Código Civil define a atividade de empresário com o "a produção ou a circulação de bens ou de serviços". O conceito econômico de produção compreende todos os atos de c riação dos bens econômicos até que possam ser utilizados pelo consumidor. Não se confu nde com o de fabricação: inclui transporte e distribuição ou comercialização dos produtos, até q ue se encontrem em situação que permita ao consumidor uti lizar os serviços neles contidos. Os serviços de distribuiç ão ou comercialização são bens econômicos imateriais. O Código Civil adota conceito restrito de "produção", mas a referência expressa à circulação como objeto da atividade empr esarial exclui qualquer dúvida sobre a abrangência da ativi dade do empresário. Para precisar o conceito de sociedade empresária, a Subseção I analisa a noção de sociedade, e a Subseç ão II, a de empresa. Subseção I - Sociedade § 3º - Conceito e Tipos 1. Conceito - Segundo o Código Civil,celebram contrato de sociedade pessoas que reciprocamente se obrigam a c ontribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados (art. 981), e atividade pode res tringir-se à realização de um ou mais negócios PAG. 5 - 26/03/2014 - SOCIEDADE ANÔNIMA - determinados (art. 981, par. único). Esse é o conceito de sociedade como negócio jurídic o. O sociológico representa os grupos sociais que têm sua ação orientada para fins ou objetivos comuns; a sociolog ia usa a palavra "sociedade" para significar tanto a unidade de organização social humana mais abrangente, que é o principal quadro de referência no estudo dos fenômenos sociai s (descrita como sistema de vida em comum de uma população e re ferida também como sociedade política, porque, em regra, s eus limites coincidem com as fronteiras de um Est ado), quanto os inúmeros tipos de sociedades designadas "particulares", nas quais a ação dos membros é orientada para determinado objet ivo. No antigo Código Civil a sociedade podia ter qualqu er fim, econômico ou não (art. 1.363); no novo Cdigo, a união de pessoas que criam organização com fim não econômico é uma associação (art. 53) e não uma sociedade. 2. Espécies e Tipos - O Código Civil classifica as sociedades em não personificadas e personificadas; subdivide as personificadas em empresárias e simples; e regula dois tipos de sociedades não personificadas (em comum e em con ta de participação), cinco tipos de sociedade empresária (em nome coletivo, em comandita simples, limitada, anônima e em comandita por ações, sendo que a anônima é remetida a lei especial), e dois tipos de sociedades simples (um, designado sociedade simples, e outro, cooperativa). A sociedade empresária deve constituir-se segundo u m dos cinco tipos dos artigos 1.039 a 1.092; a socied ade simples pode revertir-se de um desses tipos (exceto os de s ociedade por ações, que a lei considera sempre empresárias) e, não o fazendo, subordina-s e às normas que lhes são próprias (art. 983). A lei considera que a cooperativa é sempre s ociedade simples, independentemente de seu objeto (art. 982, par. único). O Código Civil ressalva as disposições concernentes à sociedade em conta de participação e à cooperativa, bem como as constantes de leis especiais que, para o exercíc io de certas atividades, imponham constituição da socieda de segundo determinado tipo (art. 983, par. único). Na legislação anterior ao novo Código Civil, o Códi go PAG. 6 - 26/03/2014 - SOCIEDADE ANÔNIMA - Comercial e leis comerciais especiais regulavam sei s tipos de sociedade mercantil (em nome coletivo, de capital e indústria, em comandita simples, limitada, anônima e em comand ita por ações); e o Código Civil e leis civis especiais regulavam a sociedade dita civil e as cooperativas. Os tipos mais antigos de sociedades comerciais surg iram na Idade Média, com a formação do direito comercial , de natureza classista: as sociedades comerciais press upunham a qualidade de comerciante de, ao menos, um dos sócio s. A distinção entre sociedades civis e comerciais somente foi precisa enquanto o direito comercial teve aquela na tureza. A partir do Código de Comércio francês de 1807, que d efiniu o campo de aplicação do direito comercial em função d o conceito de ato de comércio, as controvérsias sob re a definição desse conceito tornaram imprecisa, em algumas atividades, a distinção entre sociedade comercial e civil. 3. Diversos Aspectos da Sociedade - O negócio jurídico de sociedade cria uma organização social que, satisfei tos os requisitos do direito positivo para adquirir person alidade jurídica, passa a ser termo de relações jurídicas d istinto das pessoas dos sócio s; o funcionamento da organização implica aquisição de bens e criação de obrigações que são e lementos do patrimônio do empresário individual ou da sociedade empresária e gera um resultado financeiro objeto de direitos d e participação dos sócios; e, confo rme o tipo de sociedade, os sócios respondem ou não pelas obrigações sociais. A sociedade pode ser analisada como fenômeno jurídi co ou social-econômico, e os parágrafos seguintes exam inam os diversos aspectos da sociedade personificada: a na tureza e formação do negócio jurídico, o sistema jurídico pa rticular estabelecido pelos seus atos constitutivos, a organização social criada pela sociedade, sua personalidade jur ídica, o patrimônio social, a responsabilidade dos sócios e o resultado do funcionamento da sociedade. § 4º - Natureza do Negócio Jurídico de Sociedade 1. Contrato - A sociedade é negócio jurídico de natureza contratual -- forma-se pelo concurso de vontades co incidentes de, no mínimo, duas partes. Os contratos nominados ou típicos são, na maioria, PAG. 7 - 26/03/2014 - SOCIEDADE ANÔNIMA - negócios jurídicos bilaterais em que as duas partes trocam prestações. Há, todavia, contratos unilaterais, pel os quais apenas uma das partes presta à outra. O gênero "co ntratos de prestação" compreende to dos os tipos em que o objeto do negócio são prestações das partes contratantes. O contrato de sociedade pertence a outro gênero, referido como "c ontratos associativos ou de organização", que se distingue, sob vários aspectos, dos de prestação, e pode ser formado por duas ou mais partes, em qualquer número. A pluralidade de partes no contrato de sociedade é necessária tanto na sua formação quanto durante sua existência: o Código Civil, ao regular a sociedade simples, prescreve a dissolução da sociedade quando ocorrer "a falta de pluralidade de sócios, não r econstituída no prazo de 180 dias" (art. 1.033, IV). A legislação anterior à LSA tradicionalmente exigia no mínimo sete subscritores de ações para constituição da companhia, e o Decreto-lei nº 2.627/40 dispunha qu e a sociedade anônima entraria em liquidação pela reduç ão do número de acionistas a menos de se te, verificada em Assembléia Geral Ordinária, caso esse mínimo não fosse preench ido até a Assembléia Geral Ordinária seguinte. A difusão das sociedades limitadas levou ao uso generalizado de sociedades em que há um sócio titul ar de quase todas as participações societárias, figurando no co ntrato outro ou outros sócios para satisfazer ao mínimo le gal. Tais sociedades têm por funções criar, por efeito da personificação, patrimônio distinto que compreende os bens e obrigações do empresário individual referentes à em presa, e assegurar-lhe as vantagens da limitação de responsa bilidade. A LSA, sancionando esse costume, reduziu para dois o número mínimo de acionistas, mantendo a norma que p rescreve a dissolução da sociedade quando o número de acionist as se torna inferior ao mínimo exigido pela lei, se não houver a reconstituição desse míni mo até a Assembléia Geral Ordinária seguinte à em que for verificada a redução do númer o de sócios (LSA, art. 206, I, "d"). O reconhecimento da importância, na economia modern a, das sociedades em que a responsabilidade dos sócios é limitada à contribuição para o capital social levou à aceita ção de PAG. 8 - 26/03/2014 - SOCIEDADE ANÔNIMA - sociedades em que a pluralidade dos sócios é apenas formal e, em alguns países, c omo na França, há autorização legal para constituição de empresa individual na qual a respon sabilidade do empresário é limitada, tal como a dos acionistas e dos sócios da sociedade limitada. Essa solução já foi proposta no Brasil, embora sem sucesso, prov avelmente devido ao uso generalizado de sociedades com pluralidade de sócio s apenas formal. A natureza contratual da companhia é posta em dúvid a por alguns autores, como será referido no § 21. 2. Distinção dos Contratos de Prestação - Os contratos de sociedade e de prestação distinguem-se sob diversos aspectos porque organizam normativamente unidades sociais essencialmente diferentes: a) os de prestação organizam atos de dois agentes e m sistemas sociais de troca ou transferência; tais at os consistem em prestar (no sentido de dar, conceder,outorgar ou conferir) bens, serviços, direitos ou obrigações; nos contratos bilaterais, em que am bas as partes se obrigam a prestar, há troca de prestações; nos unilaterais, apenas um dos agentes presta a outro; b) os contratos de sociedade organizam grupo social cujos membros agem com o fim comum de exercer ativi dade econômica e partilhar entre si os resultados da ati vidade; cada sócio contribui com atos (ou com atos e bens) para criar a ação coletiva e tem part e no resultado dessa ação, mas não presta atos ou bens a outro ou aos demais sócios: as prestações são instrumentos para alcançar o fim com um; os agentes cooperam ou colaboram para o mesmo fim, emb ora possam fazê-lo por motivos diferentes; os benefícios que obtêm da participação não têm origem em prestações dos demai s sócios, mas na repartição do resultado da ação coletiva. O que importa destacar, na comparação, é que os sistemas sociais criados pelos contratos de prestaç ão extinguem-se com a execução das prestações que cons tituem seu objeto; em regra prevêem uma ou algumas prestações e têm prazo curto de existência (como, p or exemplo, no contrato de compra e venda à vista), embora contratos como os d e execução sucessiva possam ter prazo longo. O contrato de soc iedade, diferentemente, cria uma organização social, em reg ra de prazo PAG. 9 - 26/03/2014 - SOCIEDADE ANÔNIMA - longo ou indeterminado, pois seu objeto é o e xercício permanente de uma atividade; e a organização pode, especialmente nas sociedades empresárias, alcançar grande dimensão e, no caso de companhia, compreender milha res e até milhões de pessoas. As diferenças no plano social refletem-se nas características dos dois gêneros de contrato: a) o contrato de prestação tem por objeto uma ou mais prestações; o de sociedade, o exercício de at ividade econômica mediante ação coletiva formada pela reuni ão de atos de diversos agentes; b) nos contratos de prestação as posições jurídicas contêm direitos e deveres distintos, enquanto no de sociedade as posições de sócios compreendem direitos e obriga ções da mesma natureza: assim, todo sócio tem os direitos de participar no resultado da aç ão coletiva e de fiscalizar a administração da sociedade, e tem obrigação de cont ribuir para a ação coletiva (e, se for o caso, para o fundo com um), embora o objeto da contribuição possa variar de um sócio p ara outro, segundo a espécie e classe de sócio, o u o tipo de sociedade; c) nos contratos de prestação todas as prestações são determinadas ou determináveis; na sociedade, a s prestações de bens também são determinadas, mas a o brigação do sócio de contribuir para a ação coletiva é genérica , sem especificação dos atos a serem pr aticados; e d) a execução dos contratos de prestação em regra não requer relações entre os contratantes e terceir os; no contrato de sociedade, a ação coletiva do grupo soc ial organizado implica criação de relações entre o conj unto dos sócios e outras pessoas. A troca de coisa por moeda é exemplo típico de sist ema social de prestações recíprocas, e a análise do con trato de compra e venda, que a organiza normativamente, ress alta as características dos contratos de prestação. Na com pra e venda, cada pessoa toma p arte na troca com atos de prestação e seu recebimento: o vendedor presta o domínio da co isa e recebe dinheiro, e o comprador presta dinheiro e re cebe o domínio da coisa. Cada um tem, portanto, fins próp rios e distintos: o vendedor visa a obter dinheiro mediante PAG. 10 - 26/03/2014 - SOCIEDADE ANÔNIMA - transmissão do domínio da coisa, e o comprador, a a dquirir o domínio da coisa mediante entrega de dinheiro; e a s duas prestações são diretamente vinculadas, uma à outra, por relação sinalagmática, ou de reciprocidade. Essas características explicam a diversidade dos direitos e obrigações contidos nas posições jurídic as dos contratos de prestação: assim, nos bilaterais, com o a compra e venda, a posição do vendedor compreende a obrigaç ão de transmitir o domínio da coisa e o direito de receber o preço; e a de comprador, a obrigação de entregar dinheiro e o direito de receber a coisa; nos unilaterais, como a doação , em que o fim do doador é doar o bem, e o do donatário, receb ê-lo, as duas posições jurídicas também compree ndem direitos e obrigações distintos. 3. Negócio Jurídico Unilateral - Embora os contratos de sociedade em regra requeiram dois ou mais sócios, a LSA admite e regula a constituição de subsidiária integral com a forma de companhia, tendo como único sócio sociedade brasile ira (art. 251). A con stituição de sociedade de economia mista com um único sócio também foi usada pela União Federal ant es da criação da empresa pública. A subsidiária integral, embora adote o modelo de companhia, é constituída por negócio jurídico unila teral (tal como o de fundação) que se transforma em contrato p ela adesão de novo ou novos acionistas. Antes da admissão de novo sócio, a organização social da subsidiária integral compreende apenas um acionista e os administradores, e a pessoa juríd ica existe como companhia por força de disposição legal expres sa. § 5º - Formação do Negócio Jurídico 1. Atos Constitutivos - A sociedade, como todo negócio jurídico, pode ser analisada na formação e durante a existência. Na formação, o objeto da análise são o s atos constitutivos -- atos jurídicos, ou jurígenos, que ocorrem em determinado momento e criam sistema jurídico particular, que regula os direitos e obrigações dos sócios e a orga nização da sociedade. Durante a existência da sociedade, o ob jeto do exame são os atos das pessoas que ocupam as posiçõe s jurídicas desse sistema particular e seus efeito s jurídicos. Os sócios da sociedade em comum (não personificada) PAG. 11 - 26/03/2014 - SOCIEDADE ANÔNIMA - somente por escrito podem provar a existência da so ciedade nas relações entre si ou com terceiros, mas os terceiro s podem prová-la de qualquer modo (C. Civil, art. 987); a constituição de sociedade em co nta de participação independe de qualquer formalidade e pode provar-se por todos os meios de direito (C. Civil, art. 992); as sociedades person ificadas, exceto as por ações, são constituídas pela assinatu ra de instrumento designado "contrato social"; as p or ações podem ser constituídas por escritura pública ou assembléi a geral dos subscritores das ações. Durante sua existência, o sistema jurídico particul ar de sociedade pode ser modificado mediante alteração do contrato social ou, no caso de sociedades por ações , do estatuto social. 2. Manifestação de Vontades e Affectio Societatis - O contrato de sociedade forma-se, como qualquer outro , pelo concurso de vontades manifestadas pelas partes, mas o conteúdo das vontades nessa modalidade de contrato de socied ade é peculiar sob dois aspec tos: (a) enquanto nos contratos de prestação as partes se obrigam a prestações determi nadas ou determináveis, no de sociedade prometem genericamen te (ou podem prometer, segundo o tipo de sociedade) combin ar esforços (como constava do antigo C. Civil) ou contribuir com serviços (como diz o novo C. Civil) para um fim comum; e (b ) os tipos mais antigos de sociedades implicam utilização em c omum do fundo social formado com contribuições de bens dos sócios. O uso em comum de bens ocorre também na comunhão, ou condomínio, e o direito romano usava a expressão affectio societatis para distinguir a sociedade da comunhão: a formação da sociedade pressupunha que os contratantes manifestassem a von tade de reunir esforços ou recursos com o fim de participar dos res ultados de uma atividade, enquanto na comunhão os condôminos não têm fim comum -- pois cada um usa, n o seu próprio interesse, o bem objeto do condomínio. A affectio societatis designava o tipo de vontade formadora do contrato de sociedade, diferente da vo ntade de constituir comunhão ou condomínio. A idéia de que a affectio societatis não é apenas a vontade de formar contrato de sociedade, mas requis ito da continuidadede sua existência, foi criada pela dou trina moderna, especialmente a francesa, e, apesar de con testada, PAG. 12 - 26/03/2014 - SOCIEDADE ANÔNIMA - continua a ser repetida por m uitos autores. Segundo a mencionada doutrina, affectio societatis significa disposição psíquica ou o interesse dos sócios de cooperar para o fim comum, que não se confunde com a manifestação de vo ntade que forma, através do consensus, o contrato: é requi sito necessário tanto para formação do contrato quanto p ara a continuidade de sua existência, e sua perda por um dos sócios seria fundamento para dissolução da sociedade, aind a que contratada por prazo certo ou a termo. Muitos autores criticam esse conceito de affectio societatis (F. A. Salvadore, 1911, p. 681-696; Copper Royer, 1939, Tomo II, p. 627; Mauro B. Lopes, 1979, Estudo nº 18, p. 1163 e segs; João Eunápio Borges, 1971, p. 264-266 ), e a crítica nos parece proce dente. É próprio da sociedade que os sócios, ao consentire m no contrato, contraiam a obrigação de cooperar para o fim comum durante o prazo nele ajustado, embora o conteúdo de ssa obrigação varie bastante segundo o tipo de sociedad e. A idéia de que a affectio soc ietatis é requisito para a continuidade da existência do contrato, e não apenas para sua fo rmação, implica tornar a obrigação de cooperar sujeita à co ndição resolutiva de ato de vontade ou do estado de espíri to dos contratantes: se qualquer sócio, alegand o cessação da disposição de continuar a sociedade, puder se liber ar da obrigação contraída de cooperar, a obrigação é pura mente potestativa. A expressão é útil, todavia, para pôr em destaque o maior grau de boa-fé requerido no contrato de socie dade: embora a doutrina moderna ressalte a boa-fé como el emento de todos os contratos -- como o fez o Código Civil em relação à interpretação dos negóci os jurídicos -- é especialmente importante na sociedade, pois a cooperação para o f im comum requer confiança mútua e lealdade. § 6º - Sistema Jurídico da Sociedade 1. Conceito - A formação de cada sociedade implica criação de um sistema jurídico particular, que a organiza normativamente, composto das estipulações do contra to e das normas legais que regulam o tipo de sociedade. A criação desse sistema jurídico particular não é PAG. 13 - 26/03/2014 - SOCIEDADE ANÔNIMA - peculiaridade do contrato de sociedade, mas ocorre em todo negócio jurídico. A organização normativa da sociedade dá-se no plano cultural mediante normas jurídicas, morais, religio sas e de convívio social, mas não é uma coleção de regras si ngulares isoladas, e sim uma estrutura seriada e hierarquiza da de sistemas normativos; e ca da sistema é conjunto de elementos dispostos em subconjuntos ligados por relações. O sistema normativo tem, portanto, a mesma disposição e ordem do sistema social que organiza: representamos mentalmente o s istema social como conjunto de papéis sociais in ter-relacionados, e cada posição do sistema normativo que o organiza co mpreende as normas próprias de um papel social. A representaçã o gráfica desse sistema tem a forma de organograma. Uma das características da organização jurídica -- que a distingue do restante da estrutura normativa da s ociedade ou comunidade -- é que ela compreende, além dos sistem as normativos genéricos, sistemas particulares que org anizam, cada um, determinado sist ema social concreto. Essa característica fundamenta a divisão da estrutura ju rídica da sociedade em dois planos essencialmente distintos: (a) um, dos sistemas jurídicos genéricos, designado do dire ito objetivo; e (b) outro, da relação jurídica interpes so al, ou dos sistemas jurídicos particulares, referido como do direito subjetivo. O sistema jurídico particular retrata o genérico ma s dele se distingue porque seus papéis compreendem, a lém de normas genéricas, algumas particulares -- modelos d e ação para determinados sujeitos e situações. Por isso, somen te serve para organizar um únic o sistema social concreto -- que nasce, existe e se extingue com o sistema social que organ iza. O sistema jurídico particular é -- tal como o genér ico -- uma estrutura de posições jurídicas inter-relaci onadas. Cada posição compreende normas que fornecem os mode los de ação à pessoa concreta que a ocupa, e por isso o sistema organiza em processo de aç ão comum os atos dos ocupantes das posições jurídicas. Algumas das normas reconhecem ou confer em às pessoas concretas a modalidade de poder social deno minada direito subjetivo, e outras lhes prescrevem o dever jurídico de praticar (ou de se abster de prat icar) determinados atos. PAG. 14 - 26/03/2014 - SOCIEDADE ANÔNIMA - Segundo a explicação tradicional do plano do direit o subjetivo, o acordo de vontades de pessoas concreta s é fato jurídico que faz nascer entre os contratantes relaç ões jurídicas específicas, às quais são conexos direito s subjetivos e deveres. As relações e xistem entre os sujeitos por referência ao direito objetivo, e os modelos de comportamento dos contratantes são fornecidos pelo sistema jurídico genérico. Na explicação aqui adotada, a organização de cada sociedade não se baseia exclusivamente nos sistemas jurídicos genéricos: para cada sociedade nasce no plano cult ural um sistema jurídico particular, que especifica o genér ico. Este sistema, referido como " contrato entre as partes", não se confunde com o modelo legal, pois compreende normas particulares relativas ao objeto e denominação da s ociedade, às contribuições a que se obriga cada sócio, à admi nistração da organização, aos direitos de participação dos sócios etc. O sistema jurídico particular tem a mesma imperativid ade do genérico, e daí dizer-se que o contrato é lei entre as partes. Para essa explicação da organização normativa, a re lação jurídica não nasce entre as pessoas contratantes di retamente do direito objetivo, mas como vínculo entre as posiç ões jurídicas do sistema particular que ocupam. O siste ma jurídico da companhia é examinado nos §§ 42 e seguintes. 2. Modelo Legal e Sistema Particular - O Código Civil fornece o modelo legal de cada tipo de sociedade, no sentid o do conjunto de normas que definem sua estrutura, os di reitos e obrigações dos sócios, sua administração e as relaç ões com terceiros. Alguma s das normas são cogentes (definem características essenciais do tipo de sociedade ou excluem a autonomia de vontade das partes contratantes); out ras são dispositivas (sua aplicação pode ser afastada pelas partes ao exercerem a liberdade de contratar), su pletivas (aplicam-se na ausência da manifestação de vontade dos contratante s) ou interpretativas dos preceitos legais e das estipula ções contratuais. Os atos constitutivos de cada sociedade concreta cr iam seu sistema jurídico particular, que compreende, al ém de normas legais, normas contratuais -- que nascem do acordo de vontades. As legais integram o sistema particular ainda que não estejam reproduzid as no contrato ou estatuto social. O PAG. 15 - 26/03/2014 - SOCIEDADE ANÔNIMA - conhecimento do sistema jurídico de cada sociedade concreta requer, portanto, visão de conjunto e análise do mo delo legal de tipo da sociedade e das estipulações do contrato ou estatuto social (v. §§ 42 e segs.). 3. Estrutura - O sistema jurídico da sociedade é uma estrutura de posições jurídicas ligadas por relaçõe s internas, mas que pode regular relações externas -- com siste mas ou pessoas dos seus ambientes. Compreende ao menos as posições jurídicas de sócios ou acionistas e de administradores ou gerentes. Nos tipos mais complexos, como as socied ades por ações, a estrutura compreende órgãos sociais prescr itos por lei, ou instituídos pelo estatuto social; e cada ó rgão compreende diversas posições jurídicas (po r exemplo: membro da Assembléia Geral, seu presidente e secretário da mesa; membro, efetivo ou suplente, e presidente do Consel ho de Administração; diretores e membros, efetivos ou su plentes, do Conselho Fiscal). 4. Participação Social -A expressão "participação social" é usada para significar o complexo de direitos e obri gações de uma posição de sócio. O sistema jurídico da sociedade define os direitos e obrigações integrantes da posição jurídica de sócio , que é termo das relações jurídicas internas do sistema. S ão modalidades de participação social a ação e a quota ou quinhão de sócio. A posição de sócio tem a mesma natureza das posiçõe s de vendedor e comprador, no contrato de compra e venda , e do depositante e depositário, no contrato de depósito. Tais posições são também referidas como "qualidades" -- de sócio, de vendedor, comprador, depositário etc. A expressão "participação social" é também empregad a (nas sociedades em que o sócio pode ocupar mais de uma posição jurídica) para representar o conjunto das posições de sócio ocupadas pela mesma pessoa. 5. Direitos e Obrigações dos Sócios - Os direitos dos sócios são designados de participação porque conferem pod er jurídico de tomar parte na ação do grupo social e de ter par te no resultado dessa ação. A participação social compreende os direitos de PAG. 16 - 26/03/2014 - SOCIEDADE ANÔNIMA - cooperar para a ação coletiva, ou ao menos de ser m embro da assembléia de sócios; de exercer (em alguns tipos de sociedade) funções dos órgãos de administração; e d e fiscalizar a ação dos administradores. O direito de participar no resultado da sociedade tem por objeto uma quota- parte (dos lucros e do acervo líquido) fixada no contrato soci al ou determinada em função do número de posições jurídic as em que são organizados os direitos dos sócios. Uma das características do contrato de sociedade é que apenas algumas das obrigações assumidas pelos sócio s são determinadas (como as de contribuir para o capital ou fundo social), mas a obrigação de contribuir com atos par a lograr o fim comum é indetermin ada -- é obrigação genérica de cooperar: a realização do fim comum requer, durante a existên cia da sociedade, escolha de objetivos concretos e de meio s para alcançá-los, que não são predeterminados mas depend em das circunstâncias. A obrigação do sócio de contribuir com sua ação par a alcançar o fim comum varia com o tipo de sociedade e a espécie de sócio, desde a pequena sociedade de pessoas (que pode implicar tanto o dever de praticar atos no interess e social quanto de se abster de atos que impeçam ou dificultem alcançar esse objetivo) até as companhias abertas, nas quais os investidores de mercado (tal como os acionistas das companhias fechadas) não têm obrigação de comparecer às Assemb léias Gerais, nem de outro modo tomar parte na ação coletiva. § 7º - Organização Social Criada pela Sociedade 1. Conceito - Analisada como fenômeno social, a sociedade pertence ao tipo de sistema social que a sociologia denomina "organização social", definido como grupo de indiví duos e seus recursos organizados por sistema normativo, para ag irem em comum, de modo permanente ou duradouro, com determinado fim. Todos os negócios jurídicos regulam algum tipo de sistema social, mas somente os negócios associativo s, como a sociedade, criam unidades de organização social, qu e funcionam continuadamente, e por isso são designados também " de organização". Distinguem-se , sob esse aspecto, dos negócios de prestação: assim, o contrato de compra e venda, por exemplo, que organiza determinado sistema social de troca de coisa por dinheiro, deixa de existir quando os atos de troca PAG. 17 - 26/03/2014 - SOCIEDADE ANÔNIMA - se completam; na sociedade, a cooperação dos agentes para o fim comum é duradoura e a estrutura de papéis socia is, mais complexa e hierarquizada. A organização social criada pelo contrato de socied ade é sistema social formado pelos sócios, os membros d os órgãos sociais e os recursos a ela vinculados; na sociedad e empresária, essa organização é subsistema da empres a (v. § 12). 2. Papéis - A estrutura normativa da sociedade compreende, no mínimo, os papéis de sócios e administrador; nos ti pos mais complexos, como as sociedades por ações, compreende outros papéis, inclusive subconjuntos de papéis, que são o s órgãos sociais. Para cada tipo de sociedade a lei define, com norma s genéricas, os papéis e suas inter-relações, e cada sociedade concreta é organizada por um sistema jurídico parti cular que compreende, além das normas legais, as particulares , de natureza contratual (v. § 6 º). 3. Estrutura Hierarquizada - A estrutura da sociedade é hierarquizada, no sentido de que compreende papéis que conferem poder sobre os ocupantes de outros. Na pe quena sociedade de pessoas o grau de hierarquização é mín imo, mas na companhia é bem definido . A hierarquização se explica pela característica da sociedade de ser um sistema de ação coletiva com fi m comum: a organização de atos individuais em ação comum reque r a existência de papéis com poder para especificar os objetivos concretos dessa ação, dist ribuir tarefas entre os membros do grupo social e orientá-los no desempenho de seus pa péis. § 8º - Personalidade Jurídica da Sociedade 1. Conceito - A organização social criada pelo negócio jurídico de sociedade pode adquirir personalidade j urídica, e nesse caso a palavra sociedade é empregada também p ara representar a pessoa jurídica, como pólo de relaçõe s jurídicas (e sujeito de direi tos e obrigações) distinto dos sócios e administradores. Os glosadores difundiram como princípio do direito romano que o reconhecimento da personalidade jurídi ca era um PAG. 18 - 26/03/2014 - SOCIEDADE ANÔNIMA - privilégio, cuja concessão cabia ao Estado, e o dir eito canônico criou a norma de que a personalidade das c orporações eclesiásticas dependia de ato da Igreja. As corporações eclesiásticas medievais tiveram marc ante influência no reconhecimento da personalidade juríd ica das sociedades comerciais porque concorreram para crist alização da própria idéia de personalidade jurídica: como os m osteiros eram "propriedade de Deus", e não de seus membros, e esses se revezavam, ou sucediam, sem alteração, na titularid ade da organização, formou-se a convicção da existência de um corpus mysticus , que sobrepairava aos seus membros, o que empresta va estabilidade e segurança à tit ularidade dos direitos dos monastérios e demais organizações religiosas (cf. D avis, 1961, p. 80). Formados os Estados modernos, foi-lhes reconhecido o poder de criar organizações com personalidade juríd ica e conferir ou reconhecer personalidade às sociedades. Na sociedade não personificada, os sujeitos dos direitos e obrigações do grupo são os sócios: as r elações jurídicas internas vinculam cada sócio aos demais; as externas se estabelecem entre os sócios -- consider ados coletivamente -- e terceiros; as obri gações sociais são de todos os sócios, que por elas respondem solidariame nte (salvo na sociedade em conta de participação); e os sócio s são titulares em comum de patrimônio especial formado p elos bens e obrigações sociais. Na sociedade com personalidade jurídica, as relaçõe s internas vinculam cada sócio à pessoa jurídica; as externas se estabelecem entre a pessoa jurídica e terceiros ; as obrigações sociais são da pessoa jurídica e não dos sócios (embora em alguns tipos de sociedades todos ou alguns sócios possam ser solidários, ou responder subsidiariament e por essas obrigações); e o titular dos bens do patrimônio é a pessoa jurídica, e não os sócios. O Código Civil estabelece (no art. 44) que "são pes soas jurídicas de direito privado: I - as associações; II - as sociedades; III - as fundações"; IV - as organizaç ões religiosas; e V - os partidos políticos" (os dois ú ltimos por alteração introduzida n o C. Civil pela Lei nº 10.825/2003). PAG. 19 - 26/03/2014 - SOCIEDADE ANÔNIMA - 2. Aquisição da Personalidade - O artigo 45 do Código Civil dispõe que "começa a existência legal das pessoas j urídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo". O artigo 985 repete a norma para as sociedades e o artigo 1.150 dispõe que para a sociedade empres ária o registro competente é o Registro Público de Emp resas Mercantis. 3. Representação - O registro da pessoa jurídica deve declarar o modo por que ela é administrada e repres entada, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente (C. Civil, art. 46, III), e os atos dos administradores, prati cados no limite dos poderes definidos no ato constitutivo, obrigam a pessoa jurídica (C. Civil, art. 47). Se a pessoa j urídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarã o pela maioria de votos dos presentes, salvo se o ato cons titutivo dispuser de modo diverso (C. Civil, ar t. 48). O ato de constituição da sociedade deve mencionar a s pessoas naturais incumbidas da administração e seus poderes e atribuições (C. Civil, art. 997, VI). Faltando a administração da pessoa jurídica, o juiz, a requeri mento de qualquer interessado, nomear-lh e-á administrador provisório (C. Civil, art. 49). 4. Dissolução, Liquidação e Extinção - Dissolve-se a sociedade no vencimento do prazo de duração, por co nsenso unânime dos sócios, por deliberação da maioria abso luta dos sócios na sociedade de prazo indeterminado, pela fa lta de pluralidade de sócios não reconstituída no prazo de 180 dias, e por extinção, na forma da lei, da autorização par a funcionar (C. Civil, art. 1.033). A sociedade pode ser dissolvida judicialmente a requerimento de qualquer dos sócios, quando anulada sua constituição, exaurido o fim social, ou verificada sua inexequibilidade (C. Civil, art. 1.034). O contrat o social pode prever outras causas de dissoluç ão, a serem verificadas judicialmente quando contestadas (C. Civil, art. 1. 035). A sociedade dissolvida continua a ter personalidade PAG. 20 - 26/03/2014 - SOCIEDADE ANÔNIMA - exclusivamente para completar suas operações e sua liquidação. O artigo 51 do Código Civil dispõe que "nos casos d e dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autoriza ção para seu funcionamento, ela subs istirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua"; encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica (art. 51, § 3º); e o artigo 1.036 prescreve que, " ocorrida a dissolução, cumpre aos administradores providenc iar imediatamente a investidura do liquidante, e restri ngir a gestão própria aos negócios inadiáveis, vedadas nov as operações, pelas quais responderão solidária e ilimitadamente". A sociedade se extingue ao ser averbado, no registr o próprio, o encerramento da liquidação (C. Civil, ar t. 1.109). 5. Importância da Personificação na Economia Moder na - A personificação das sociedades empresarias é institu to fundamental na economia moderna, porque viabiliza a formação de sociedades com grande número de sócios e facilit a a transferência de participaçõ es societárias. As relações com terceiros de uma sociedade sem personalidade jurídica com grande número de sócios torna impraticável a cobrança judicial de suas obrigações devido à necessidade de citar todos os sócios, como comprovo u o desenvolvimento das J oint-Stock Comp anies , na Inglaterra, no início do Século XIX e levou à edição do Companies Act de 1844: as Joint-Stock Companies, que não eram organizadas com base em ato do rei ou do parlamento, estavam sujeit as ao regime dos partnerships , que são sociedades de pessoas sem personalidade jurídica, embora muitas reunissem gra nde número de sócios, que livremente transferiam suas particip ações societárias. A experiência mostrou que na prática era impossível cobrar créditos dessas sociedades, dada a dificuldade para o credor identificar todos os sócios e citá-los judicialmente. Essa situação levou o Companies Act de 1844 a atribuir personalidade jurídica às Joint-Stock Companies mediante formalidade de registro (Grantham and Rickett, 1988, p. 4 e segs). Os mercados de capitais modernos seriam inviáveis s em a personificação das companhias e a circulabilidade d as ações. 6. Desconsideração da Personalidade Jurídica - Em caso de PAG. 21 - 26/03/2014 - SOCIEDADE ANÔNIMA - abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o ju iz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público q uando lhe couber inte rvir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendido s aos bens particulares dos administradores ou sócios da pesso a jurídica (C. Civil, art. 50). A desconsideração da personalidade jurídica das sociedades comerciais há de ser, necessariamente, m edida excepcional, sob pena de inviabilizar-se a organiza ção das economias contemporâneas, nas quais a personificaçã o -- e a consequente especialização de pa trimônios -- é instituto essencial. § 9º - Patrimônio da Sociedade 1. Conceito - A cada sociedade concreta corresponde um patrimônio distinto: a sociedade personificada é - - tal como qualquer outra pessoa, natural ou jurídica -- titul ar de um patrimônio geral, e os direitos e obrigações da soc iedade não personificada fo rmam patrimônio especial, de que são titulares os sócios (C. Civil, art. 988). A constituição da sociedade compreende contribuiçõe s dos sócios para o que as leis mais antigas designav am "fundo social" (C. Comercial, arts. 288, 289 e 330), e a q ue as leis mais modernas se referem como "capital da sociedade ". Fundo, nesse sentido, é c onjunto de bens destinados a determinado fim, e o fundo social, composto inicialmente pelos bens contribuídos para o capital social, correspondia ao que hoje designamos "ativo patrimonial". O "capital da soci edade", embora formado com os bens aportados pe los sócios, não é o conjunto desses bens, mas seu valor financeiro, des tinado de modo permanente à realização do objeto social, que na companhia fica sujeito a regime legal próprio (v. § 50). Os conceitos de fundo social e capital da sociedade não eram precisos nas leis antigas, que não se referiam ao patrimônio da sociedade. O novo Código Civil usa a expressão fundo social uma única vez (no art. 46); emprega v árias vezes a expressão "capital da sociedade", e define como patrimônio especial o conjunto de bens e dívidas da sociedade não personificada (art. 988). PAG. 22 - 26/03/2014 - SOCIEDADE ANÔNIMA - 2. Conjunto de Direitos e Obrigações - O conceito doutrinário de patrimônio representa o sistema formado por dire itos patrimoniais e as obrigações garantidas por esses d ireitos. A palavra "patrimônio" é derivada do latim patrimonium . Tal como empregada originalmente no direito romano, significava a herança paterna, no sentido do conjun to de bens herdados do pai, e não de bens e dívidas (Henri de Page, 1941, v. V, n. 571). Os juristas romanos da época clássica designavam o conjunto dos bens da pessoa como bona , e conheciam outros tipos de conjuntos de bens sujeitos a regime jurídi co especial, como o dote e o peculium - que o pater familiae destacava do patrimônio familiar pa ra ser administrado pelo servo ou pelo filho-família (Arangio-Ruiz, 1934, p. 459 e segs.; "Nuovo Digesto Italiano", 1939, v. IX, p. 6 05, verbete Peculium ); mas não usavam palavra própria para representar o conjunto de todos os bens e dívidas da pessoa, n em os subconjuntos formados por alguns desses elementos, identificados pela destinação, ou pelo regime legal especial a que estivessem submetidos. Na época do Baixo Império a herança passou a ser concebida como conjunto de bens e dívidas (e não ap enas de bens), com a consequente modificação do significado da palavra patrimonium : para justificar o princípio de que o herdeiro não sucedia nas dívidas q ue excedessem do valor dos bens, adotou-se a explicação de que aquilo que era adquir ido pelo herdeiro -- a herança -- "compreendia" as dívidas d o falecido, que se reputavam "incluídas" no objeto da aquisição , o que não acontecia na sucessãosingular. A he rança foi concebida, portanto, como um todo ideal, composto de ativo e p assivo; e a fim de diferenciar o herdeiro do adquirente a tít ulo singular, passou a ser dito que o herdeiro não adqu iria coisas singulares ( sucessio in singulas res ), mas uma universi tas , ou universitas ius. Os diversos conjuntos de bens estavam sujeitos a regimes jurídicos diferentes, o que levo u os glosadores a formularem o conceito de "universalida de de direito" para representá-los como unidades abstrata s, distintas de seus element os. O antigo Código Civil brasileiro ainda adotava esse conceito ao dispor, no artigo 57, que "o patrimônio e a PAG. 23 - 26/03/2014 - SOCIEDADE ANÔNIMA - herança constituem coisas universais, ou universali dades, e como tais subsistem, embora não constem de objetos materiais". A doutrina moderna considera sem fundamento lógico nem interesse prático o conceito de universalidade de d ireito como objeto de direito e define o patrimônio como conjun to de direitos patrimoniais e obrigações, reconhecendo qu e existem, além do patrimônio geral individual, patrimônios especiais (ou separados) e comuns. Patrimônio é conceito fundame ntal do plano do direito subjetivo, ou dos sistemas jurídic os particulares, irredutível aos demais conceitos dess e plano -- direito subjetivo e obrigação, seus s ujeitos e objetos. A pessoa sujeito dos direitos e obrigações que são os elementos patrimoniais é referida como seu "titular " -- aquele que tem título jurídico ao patrimônio, mas não é se u "proprietário": a pessoa é "titular do patrimônio" porque é o sujeito dos direitos e obrigações que o compõem, o que justifica designá-la titular do conjunto, sem neces sidade de identificar outra relação jurídica -- que não exist e -- para explicar a vinculação do patrimônio ao titular. 3. Patrimônio Geral - No direito antigo, cada pessoa natural podia ter diversos patrimônios -- formados por bens herdados (do pai ou da mãe) ou adquiridos por outro modo, ou por bens imóveis ou móveis, e os credores somente podiam exe cutar seus créditos m ediante penhora dos bens móveis (Planiol, 1911, I, n. 2.558). O Código Civil francês de 1804 enunciou o princípio moderno da responsabilidade patrimonial ao dispor, no art. 2.093, que "os bens do devedor são a garantia comum dos seus credores, e seu preço se distribui entre eles em ra teio, a menos que existam entre o s credores causas legítimas de preferência". Por força dessa norma, todos os bens do devedor -- seja qual for o modo de aquisição ou a natureza, presentes e futuros -- podem ser penhorados em execução de dí vidas, ressalvadas as exceções expressamente prev istas em lei; e todos os credores concorrem, em igualdade de condiç ões, aos bens do devedor comum, ressalvadas as preferências também criadas ou admitidas em lei. Esse princípio legal levou à formação do conceito d e "patrimônio geral" para representar o conjunto de t odos os direitos patrimoniais e obrigações da pessoa, que m odernamente PAG. 24 - 26/03/2014 - SOCIEDADE ANÔNIMA - é a noção mais importante de patrimônio. O patrimônio geral pode compreender patrimônios especiais, mas não é parte de outro sistema pessoal de direitos e obrigações. Em regra, cada pessoa tem um patrimônio geral próprio; a exceção são os cônjuges casados c om comunhão universal ou parcial de ben s, co-titulares de patrimônio geral comum. 4. Patrimônio Especial ou Separado - Patrimônio especial ou separado é sistema de direitos patrimoniais e obrig ações que compreende apenas alguns dos direitos e obrigações do titular ou titulares. É um subsistema de patrimônio ou pat rimônios gerais, estr uturado mediante relações próprias, que resultam do regime jurídico a que está submetido. A criação de patrimônio especial pressupõe prescriç ão ou autorização legal porque excepciona o princípio geral da responsabilidade patrimonial. São exemplos de patr imônios especiais os bens recebidos em fideicomisso, a hera nça, a massa falida, o navio e a s obrigações contraídas pelo seu proprietário para a aventura marítima; e (no antig o C. Civil), os bens dotais. A função do patrimônio especial varia em razão da finalidade com que a lei o cria ou admite. A dos b ens dotais era assegurar sua destinação aos encargos matrimoni ais; a dos bens recebidos em fideicomisso, é sua transferência futura ao fideicomissário; a da herança, a liquidação de obrigações e partilha de bens; a da massa falida, a realização dos bens e o pagamento dos credores que participam do concurso ; e a da propriedade do navio, a limitação da responsabilida de do proprietário pelas obrigações cont raídas para a aventura marítima. Nos últimos anos, a legislação brasileira contém dispositivos regulando outros patrimônios especiais : as companhias securitizadoras de créditos imobiliários podem instituir regime fiduciário sobre esses créditos, q ue constituem patrimônio separado (Lei nº 9.514, de 20.11.1997, arts. 9º a 11); as câmaras e os prestadores de ser viços de compensação e de liquidação, no âmbito do sistema d e pagamentos brasileiro, podem separar patrimônio esp ecial para cada um dos sistemas que estiverem operando (Lei nº 10.214 , de 27.03.2001, art. 5º); o incorporador de imóveis po derá criar PAG. 25 - 26/03/2014 - SOCIEDADE ANÔNIMA - patrimônio de afetação para cada incorporação imobi liária que promover (Lei nº 10.931, de 02.08.2004, arts. 1º a 3º); o Fundo Garantidor de Parcerias Público-Privadas - FG P, de que trata a Lei nº 11.079, de 30.12.2004, que instituiu normas para licitação e contratação de parcerias público-p rivadas, prevê que o FGP terá patrimônio próprio separado (a rt. 16, § 1º) e o Código Civil de 2002 estabelece que os bens e dívidas da sociedade em comum constituem patrimônio especial (art. 988) e as contribuições de sócio de sociedade em co nta de participação constituem patrimônio especial (art. 9 94). Na Itália, Lei de 30.04.99 (nº 130) prevê que os créditos relativos a cada operação de securitização constitui patrimônio separado (art. 3-2) e a Lei de 17.01.200 3, que reformulou os dispositivos do Código Civil relativo s a direitos societários, estabelece , no artigo 2.447(bis), que a sociedade pode constituir um ou mais patrimônios de stinados, cada um, exclusivamente, a um negócio específico. 5. Responsabilidade Patrimonial - Responsabilidade patrimonial é a qualidade da pessoa de responder pe lo cumprimento das prestações de obrigações. O mecanismo criado pela lei para assegurar a responsabilidade é a vinculação das obrigações aos bens do patrimônio do devedor, razão pela qual essa espécie de responsabilidade é designada "patrimonial". A cooperação entre os agentes da economia social é organizada mediante relações obrigacionais (os dire itos de exclusão somente servem para manter a ordem no uso de recursos) e todas as modalidades de troca e transfe rência que ocorrem na economia implicam p restações entre agentes, objeto dos direitos de crédito ou pessoais. Daí a designa ção desses direitos como de "cooperação social". O direito empresta a maior importância à proteção d os direitos de crédito porque eles são essenciais ao funcionamento da economia de trocas, e sua eficáci a pressupõe que cada pessoa seja responsável por suas obrigaçõe s, ou seja, pratique o ato que está o brigada a prestar. A necessidade de mecanismo especial que garanta os direitos de crédito é percebida com maior facilidad e quando se compara seu exercício com o dos direitos de exclusã o (ou PAG. 26 - 26/03/2014 - SOCIEDADE ANÔNIMA - reais). O direito de exclusão tem por objeto um recurso nat ural ou de capital e seu exercício independe da cooperaç ão de terceiros -- requer apenas a abstenção das demais p essoas. Por isso, o poder que confere é autônomo e mais seg uro do que o do direito de crédi to. O direito de crédito, diferentemente, depende por definição da cooperação do devedor, pois seu objeto é prestação que consiste em ato do sujeito passivo. O titular do direito de créditotem o poder jurídico de exigi r do devedor a prática do ato em que con siste a prestação, mas o ato procede da vontade do devedor e é impossível oc orrer sem a sua cooperação. O poder que os sistemas jurídicos conferem ao credo r não consiste em forçar fisicamente o devedor a prat icar o ato a que se obrigou, mas em obter a tutela do Estado p ara conseguir a satisfação da obrigação, ou seu valor f inanceiro. A relação obrigacional era concebida, na sua origem , como vínculo que ligava o próprio corpo do devedor e, por isso, no direito romano antigo, se a obrigação não era cumprida, o credor tinha poder sobre a vida, o corp o e a liberdade do devedor. A grande revolução no direito das obrigações foi a mudança do objeto da execução da pessoa para os ben s do devedor. A garantia do direito de crédito deixou d e ser a ameaça de morte ou esquartejamento, ou o poder de e scravizar, e passou a ser os bens do de vedor. A partir daí, para que a obrigação possa ser objeto de execução forçada, é n ecessário que esteja ligada a um ativo patrimonial. Os bens que formam esse ativo são a garantia das obrigações a eles vin culadas porque são os únicos sobre os quais o Est ado promete a execução da obrigação. O Estado, quando promete sua tutela ao credor, não se propõe a compelir fisicamente o sujeito passivo a p raticar o ato devido. Se o ato consiste em declaração de von tade, o Estado pode substituí-la pela sentença do juiz; se é de transferência de bem que se encontra no patrimônio do devedor, o juiz pode promover a transferência; se pode ser praticado por outrem, o juiz pode decidir que terceiro o pres te à custa PAG. 27 - 26/03/2014 - SOCIEDADE ANÔNIMA - do devedor; mas, nos demais casos, a tutela do Est ado dá-se mediante transferência, do patrimô nio do devedor para o do credor, de moeda em montante igual ao valor finance iro que o credor deixou de receber ou perdeu em razão do desc umprimento da obrigação. A realização do valor dos direitos de crédito pressupõe, portanto, (a) o ato do devedor que cumpr e voluntariamente a obrigação ou (b) os atos da autor idade competente do Estado que promove a transferência co mpulsória de valor financeiro do patrimônio do de vedor para o do credor; e a tutela do Estado somente tem eficácia na medida em que existam no ativo patrimonial do devedor bens que po ssibilitem essa transferência. O plano em que existem os direitos patrimoniais e a s obrigações tem estrutura celular devido à necessida de de garantir financeiramente os direitos de crédito: c ada patrimônio garante certas obrigações, vinculando-as a determinado ativo patrimonial. O artigo 591 do Código de Processo Civil enuncia o princípio básico da responsabilidade patrimonial de que o devedor responde por suas obrigações com todos os b ens - presentes e futuros. Não há vinculação de cada obr igação aos bens existentes no ativo pat rimonial no momento do nascimento ou vencimento: quando o credor pede a tutela do Es tado, este pode expropriar qualquer dos bens que encontrar no patrimônio do devedor no momento da execução (com exceção dos que a lei declara impenhoráveis), inclusive os acrescidos depois de iniciado o procedimento judicial de execução. 6. Conceito Financeiro de Patrimônio - O conceito de patrimônio formado pela doutrina jurídica, até aqui analisado, compreende direitos e obrigações, mas o conceito de patrimônio abstraído do regime legal da responsabilidade patri monial, embora pressuponh a o doutrinário, é menos abrangente porque considera como elementos patrimoniais os objetos do s direitos e obrigações sob o aspecto de seu valor financeiro, ou seja, de "conterem" (representarem ou significarem) quant idades distintas de valor em moeda. Da í nos referirmos a este conceito de patrimônio como "financeiro", e o exami naremos no § 321, como noção fundamental das finanças da compa nhia. § 10 - Responsabilidade dos Sócios pelas Obrigações Sociais PAG. 28 - 26/03/2014 - SOCIEDADE ANÔNIMA - 1. Responsabilidade Solidária - O tipo mais antigo de sociedade comercial -- "em nome coletivo" -- era re união de comerciantes individuais para exercerem em comum a profissão numa época em que não se reconhecia a personalidade jurídica das sociedades come rciais e prevalecia o princípio de que todos os sócios respondiam, solidária e ilimitadame nte, pelas obrigações sociais, pois não se concebia que os sóc ios assumissem obrigações que seriam apenas da sociedad e, sem a sua solidariedade. A responsabilidade s olidária dos sócios continua até hoje a ser característica da sociedade em nome coletivo (C. Civil, art. 1.039), embora a responsab ilidade dos sócios seja subsidiária à da sociedade (C. Civil, a rt. 1.024), em face do reconhecimento, já de longa data -- des de o direito comercial medieval italiano, como ensina Vivante (1 906, v. II, p. 6) -- da personalidade jurídica de tal tipo soci etário e dos demais tipos de sociedades personificadas. 2. Limitação da Responsabilidade de Alguns Sócios - O desenvolvimento do comércio levou a que os comercia ntes procurassem fazer com que terceiros contribuíssem c om capital financeiro para financiamento e expansão de seus ne gócios, mas durante muito tempo a contratação de mútuo com juros foi impedida ou dificultada pelo direito canônico, que condenava os juros: condenação que se explica porque na époc a predominavam os mútuos que visavam a proporcionar a o mutuário recursos para comprar bens de consumo, e a inda não se distinguia o mútuo para investimento, no qual os ju ros se justificam porquanto o capital mutuado contribui pa ra aumentar a produção e a renda do mutuário. A necessidade de os comerciantes usarem capital de terceiros levou à criação e desenvolvimento, primei ro no direito marítimo e depois no comercial terrestre, d e contratos em que o terceiro contribuía com capital em troca d e participação no lucro da socieda de ou de determinado negócio, o que não era vedado pelo direito canônico; e como o titular do capital em regra não aceita correr todos os risc os da sociedade ou do negócio, tornando-se solidário nas obrigações sociais, foi criado o tipo de contrato de soc iedade em comandita, com duas categorias de sócios: os coman ditados, responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrig ações sociais, e os comanditários, obrigados somente a in tegralizar sua quota de participação, sem solidariedade nas ob rigações PAG. 29 - 26/03/2014 - SOCIEDADE ANÔNIMA - sociais . A limitação da responsabilidade dos sócios comanditários representou notável contribuição para o desenvolvimento da economia moderna, ao possibilita r reunião de recursos que aumentam a capacidade individual do comerciante ou do grupo de comerciantes sócios da sociedade comercial. Cabe destacar, todavia, que o comerciante continuav a a ser o centro de todos os negócios, pois ele é que d ava o nome à firma e respondia, ilimitada e solidariamente, pe las obrigações das sociedades. 3. Limitação da Responsabilidade de Todos os Sócio s - A idéia de uma sociedade em que nenhum dos sócios responde solidariamente pelas obrigações sociais, mas todos têm a responsabilidade limitada à contribuição para o cap ital social, somente foi admitida a partir do Século XVII, com a criação das sociedades de colonização e comércio, p romovidas e comandadas pelos Estados, que deram origem à compan hia. § 11 - Resultado da Sociedade 1. Conceito - Resultado da sociedade é a consequência financeira do seu funcionamento ao exercer a ativid ade econômica que tem por objeto. Essa consequência co nsiste em valor financeiro que, conforme aumente ou diminua o patrimônio líquido, é designado l ucro ou prejuízo. 2. Determinação - O resultado é determinado com base em escrituração que a sociedade é obrigada a manter, n a qual são registradas, em livros permanentes, todas as mutaçõ es patrimoniais. O resultado é informado pelo balanço de resultado econômico ou demo nstração da conta de lucros e perdas (C. Civil, art. 1.189), a que a LSA se refer e, respectivamente,como balanço patrimonial e demonst ração do resultado do exercício (art. 187). O Código Civil prescreve o dever de manter escritur ação apenas às sociedades empresárias (C. Civil, art. 1. 179), mas a legislação do imposto de renda o estende a todas as sociedades contribuintes do imposto. Na sua origem, as sociedades comerciais tinham por objeto determinado empreendimento (por exemplo: uma aventura PAG. 30 - 26/03/2014 - SOCIEDADE ANÔNIMA - marítima ou a comercialização de certa quantidade d e bens) ou o comércio por prazo curto -- durante pequeno númer o de anos; e antes da invenção da escrituração e da técnica contábil somente se conhecia a existência de lucro ou prejuí zo quando ultimada a liquidação da sociedade, após o pagament o de todos os credores: os lucros acumulados durante a vida d a sociedade não se consideravam definitivam ente ganhos enquanto não terminasse a liquidação, porque podiam ser perdidos em operações subsequentes. Para reunir maior quantidade de capital os comercia ntes foram obrigados a oferecer aos investidores a possi bilidade de receberem parte dos lucros durante a vida da socied ade, independentemente de liquidação, e o balanço patrim onial periódico, concebido a p rincípio como procedimento de liquidação fictícia da sociedade, foi a solução enc ontrada para verificar a existência de lucros que pudessem -- sem prejuízo da continuidade de funcionamento da socied ade e da segurança dos credores -- ser distribuídos aos só cios antes do término do prazo da sociedade. Subseção II - Empresa § 12 - Conceito e Características 1. Conceito - Empresa é espécie de unidade de produção coletiva que se distingue das demais do mesmo gêner o por três notas características: produz bens econômicos dest inados à venda no mercado, seu grupo social é formado por em presário e empregados e os riscos de sua atividade são assumidos pelo empresário. Os números seguintes analisam essas três características da empresa. 2. Produção para Venda no Mercado - O fim da empresa é produzir bens econômicos que se destinam a ser vend idos no mercado, e não ao consumo dos membros de seu grupo social. A empresa é a unidade de produção típica da economi a moderna, com alto grau de especialização e intensid ade de trocas, em que a dimensão e intercomunicação dos me rcados tornam viável a produção destinada à venda. Essa característica diferencia a empresa das unidad es de produção conhecidas na história econômica anteri or à PAG. 31 - 26/03/2014 - SOCIEDADE ANÔNIMA - Revolução Industrial. Na Antiguidade e na Idade Mé dia, as unidades de produção eram predominantemente de econ omia fechada, no sentido de que prod uziam principalmente para consumo dos seus recursos humanos -- em regra membr os de grupos familiares ou domésticos. As trocas tinham por objeto a produção que excedia das necessidades de consumo do grupo ou se limitavam ao necessário para adquirir outros bens indispensáveis. Durante muitos séculos, até o início, no Século XVI , da formação das economias de mercado dos países europe us, as economias nacionais continuaram a ser predominantem ente rurais, com setores de atividades urbanas e de comé rcio; com os progressos da agricul tura e o crescimento das populações urbanas, aumentaram a especialização de atividades (pelo surgimento, nas cidades, de artes, ofícios, indústr ias e serviços) e as trocas, dentro de cada economia (na s cidades e entre estas e as áreas rurais) ou entre eco nomias (pelo desenvolvimento do comércio marítimo e terrestre). As características das unidades de produção variara m, permitindo a formulação de alguns tipos, como a do trabalho escravo, na Grécia e em Roma, e as do feudalismo e das corporações de ofício, que predominaram na Europa d urante a Idade Média. Até o surgimento das economias de mercado, os comerciantes eram os únicos agentes econômicos que exerciam atividades com o fim de vender ou fornecer a tercei ros bens econômicos: os comerciantes são intermediários entr e produtores e consumidores, comprando bens para revender em outros locais ou no futuro; e o bem econômico imat erial que produzem (o serviço de distribuição ou comercializa ção, que consiste em tornar os produtos acessíveis aos compr adores em potencial) destina-se -- por definição -- a ser for necido a terceiros. 3. Grupo Formado por Empresário e Empregados - Os recursos humanos da empresa formam grupo social que compreen de dois papéis essencialmente distintos: de empresário e e mpregado. Empresário é o chefe da empresa, que organiza a produção em seu nome e por sua conta e comanda a es trutura de poder do grupo de produção. Os empregados, ou assa lariados, contribuem para a atividade produtiva do grupo forn ecendo PAG. 32 - 26/03/2014 - SOCIEDADE ANÔNIMA - serviços de seu trabalho em troca de pagamento predeterminado, e são subordinados ao empresário. Empresário e emp regado desempenham, portanto, papéis diferentes. Embora essa dicotomia de papéis possa ser identific ada em qualquer empresa, na macroempresa institucionali zada, em que as funções do empresário são subdivididas e des empenhadas por grande número de indivíduos, a estrutura de pod er do grupo social passa a s er comandada, de fato, pelos ocupantes dos cargos de administração da sociedade (v. § 230-5). 4. Riscos da Atividade por Conta do Empresário - A empresa difere das unidades de produção do tipo mutualista ou cooperativista porque os riscos financeiros da prod ução e venda dos produtos não são assumidos por todos os m embros do grupo social, mas apena s pelo empresário: os empregados fornecem serviços do trabalho recebendo do empresár io salário que independe do resultado da atividade da empresa -- embora desde meados do século passado seja comum, cada vez mais, a participação dos empregados nos result ados da empresa, sem prejuízo do salário ou remuneração básica. Cabe ao empresário prover a empresa de recursos naturais, de capital e financeiros e adquirir de te rceiros os serviços produtivos e insumos necessários à produçã o; para exercer essa função é obrigado a aplicar capital fi nanceiro (o preço pago na aquisição dos recursos e serviços) e fica sujeito ao risco (perigo, ou possibilidade futura) de perdê-lo, porque o preço de venda dos bens econômic os produzidos pode ser insuficiente para assegurar a recuperação do capital aplicado. Esse risco -- próprio de quem exerce funções de intermediário, comprando a preço certo para revende r a preço incerto -- é peculiar à empresa. Não existe nas un idades que produzem para consumo próprio (porque os produtos n ão são vendidos no mercado), nem n as que compreendem grupos em que a remuneração dos membros do grupo fica inteiramente na dependência do resultado da produção. O risco financeiro nas trocas pode ocorrer tanto na venda dos produtos quanto na compra de insumos e se rviços. A receita bruta de vendas depende da existência de co mpradores para os bens econômicos produzidos e do nível de pr eços obtidos; e os riscos na compra dos insumos e serviços PAG. 33 - 26/03/2014 - SOCIEDADE ANÔNIMA - produtivos dizem respeito à possibilidade de sua aq uisição nos mercados e ao preço que o empresário precisa pagar. A atividade produtiva está sujeita, além disso, a riscos técnicos: a produção exige combinação (com o emprego de determinada tecnologia) de serviços produtivos, da qual resulta a criação dos bens econômicos, e a empresa está sujeita ao risco de os serviço s utilizados não se transformarem -- efetivamente -- em bens econômicos que possam ser vendidos no mercado. O insucesso pode ter orige m, por exemplo, na tecnologia utilizada ou na organização da empresa. E entre os riscos técnicos inclui-se o perigo de nã o ser atingido, na combinação dos serviços produtivos, o nível mínimo de rendimento, produtividade ou eficiência n o uso dos recursos de que depende a viabilidade da empresa. 5. Sociedade Empresária e Empresa - As noções até aqui expostas mostram que, embora frequentemente emprega das como sinônimos,as palavras "sociedade" (empresarial) e "empresa" representam conceitos distintos e que é essencial t er presente a distinção para a correta aplicação do regime jurídico das companhias, como espécie de sociedade empresária. No plano social, a empresa é organização produtiva que compreende um grupo social (formado pelo empresário e os empregados) e os recursos naturais e de capital por ele utilizados para produzir bens econômicos. Se a fun ção empresarial é exercida por socied ade empresária, a estrutura de sociedade ocupa o papel de empresário no sistema da empresa e se integra a esta, como seu subsistema: o grupo social da sociedade passa a ser subgrupo do grupo social da empresa. No plano jurídico, a empresa é representada pelo empresário individual ou pela sociedade empresária, que são os sujeitos dos direitos e obrigações nascidos da sua criação e funcionamento. Essas noções evidenciam como característica da sociedade empresária a criação de empresa -- organi zação social de tipo, funções e dimensões inteiramente di ferentes da criada pela sociedade não empresária. § 13 - Funções da Empresa 1. Na Produção e Circulação - A função precípua da empresa é produzir bens econômicos, mas devido às suas caract erísticas PAG. 34 - 26/03/2014 - SOCIEDADE ANÔNIMA - desempenha funções, tanto na produção quanto na cir culação econômica e na repartição da renda, e de agente de poupança e de investim ento. Como organização de produção, a função da empresa é criar bens econômicos mediante combinação de serviç os produtivos. Quase toda a produção da sociedade res ulta hoje da atividade das empresas. Por sua característica de produzir bens e serviços destinados à venda nos mercados, a empresa funciona como mecanismo que promove e estimula a circulação dos b ens econômicos: cada empresa é especializada na produç ão de determinados bens e utiliza serviços produtivos de terceiros e insumos produzidos por outras empresas. Participa, pois, tanto dos mercados de produtos intermediários, quan to dos de serviços produtivos, cujo funcionamento mantém com sua atividade. 2. Na Repartição da Renda - A empresa é o principal mecanismo de repartição da renda nas economias modernas. Ao vender os produtos, o empresário recebe fluxos de valor finan ceiro que em parte transfere a outros produtores, como preço de compra dos insumo s usados na produção. A diferença entre o preço de venda dos produtos e o custo de aquisição dos insum os é valor financeiro criado pela atividade da empresa (ou val or por ela adicionado aos insumos usados). O empresário repar te esse valor mediante pagame ntos de renda (salários, juros e aluguéis, inclusive "royalties" e assistência técni ca) em contrapartida dos serviços produtivos utilizados, q ue lhe são fornecidos pelos titulares de fatores de produção. O saldo do valor que remanesce no patrimônio do empresário (lucro) é remuneração dos fatores de pro dução de sua propriedade e compensação por iniciativas inova doras ou riscos assumidos. Nas empresas em que a função emp resarial é desempenhada por grupo emp resário, o resultado é repartido entre os membros do grupo mediante transferências d e renda (lucros distribuídos ou dividendos). 3. Como Agente de Poupança e de Investimento - A empresa é um dos principais agentes da poupança: (a) a parte d a receita bruta de venda dos produtos que repõe a perda de va lor dos bens do ativo permanente empregados na produção (de preciação, amortização ou exaustão) acumula-se, sob a forma de poupança PAG. 35 - 26/03/2014 - SOCIEDADE ANÔNIMA - bruta financeira, no patrimônio do empresário; e e m regra, (b) ao menos parte do lucro resultante da atividade da empresa não é transformada em renda consumida (pelo empresá rio individual) nem repartida ao s membros do grupo empresário, mas remanesce no patrimônio do empresário como poupança . A empresa é o principal agente de investimento, poi s o empresário, ao expandir a capacidade de produção ou organizar novas empresas, cria bens de produção e instalações produtivas que repõem ou aumentam o estoque de recursos de cap ital da sociedade. Nessa função o empresário participa dos mercados de bens de produção, criando demanda para tal tipo de bens. O empresário financia esses investimentos com capit al próprio, os lucros retidos e depreciações que se ac umulam no seu patrimônio, e com poupanças de terceiros obtida s nos mercados de capital. § 14 - Grupo Social da Empresa 1. Papéis - Como já referido (v. § 12-3) os indivíduos que são os recursos humanos da empresa formam grupo ou sistema social, cuja ação é organizada para o fim de criar bens econômicos, e compreende dois papéis essencialmente distintos -- os de empresário e empregado. O empresário promove a organização e o funcionamento da unidade de produçã o contribuindo com atos e recursos para criar a ação coletiva, e sua retribuição é o resultado dessa ação; o empreg ado é fornecedor de serviços do trabalho, contribui com atos para a ação coletiva, e sua retribuição é pagamento recebi do do produtor. 2. Empresário - Empresário é a pessoa que, como chefe do grupo social da empresa, organiza e dirige a ativid ade produtiva e assume os riscos da produção. O papel de empresário pode ser exercido por pessoa individual ou por grupo empresário; e os membro s do grupo empresário formam subgrupo (ou subsistema) do grupo de produção da em presa em virtude de objetivo próprio -- que é exercer o pape l de empresário da empresa. A significação original da palavra "empresário" era a de chefe de aventuras - que dirige tarefa arriscada e assume riscos. Na França, no início do século XVI, a pala vra "entrepreneur" surgiu para designar os chefes de ex pedições PAG. 36 - 26/03/2014 - SOCIEDADE ANÔNIMA - militares, e foi depois em pregada para significar o chefe de qualquer aventura. A mesma palavra foi posteriorme nte usada para designar os empreiteiros de obras públicas, qu e contratavam a execução a preço certo, assumindo o r isco do custo de construção. E quando a empresa ganhou importância como unidade de produção da economia moderna, a pal avra passou a designar o líder do grupo social da empresa, que assume os riscos da atividade produtiva. A evolução da palavr a na língua francesa põe em destaque os aspectos de liderança e dispo sição de aceitar riscos como notas características do con ceito de empresário. 3. Função Empresarial - A função econômica do empresário é criar, dirigir e expandir a empresa, assumindo os r iscos da sua atividade, e a análise dessa função como elemen to do sistema econômico mostra que pode ser dividida em t rês subfunções -- de empreen dedor, administrador e aplicador de capital de risco. A função do empreendedor, ou promotor, que cria ou expande a empresa, é planejar e executar o empreend imento, organizar o grupo social, reunindo os indivíduos qu e forneçam os serviços do trabalho, e prover a empresa dos dem ais serviços produtivos de que ne cessita, que podem ser adquiridos de terceiros mediante trocas no mercado ou ter orig em em fatores de produção de propriedade do empresário. A função do administrador é dirigir a atividade da empresa, definir objetivos, planejar a ação comum, estabelecer planos e criar normas de produção, distribuir taref as entre os membros do grupo e coordenar sua ação. A função do aplicador de capital de risco é contrib uir com o capital financeiro próprio indispensável ao funcionamento da empresa e, consequentemente, assum ir os riscos de sua atividade, pois é esse capital o perd ido em primeiro lugar se a operação da empr esa é deficitária. O planejamento da empresa como empreendimento técni co, econômico e comercial, a reunião e organização dos recursos necessários e a localização ou criação de mercados para seus produtos pressupõem a capacidade de iniciativa e li derança do empreendedor e a d isposição do aplicador de capital de aceitar o risco de perder o capital próprio aplicado na emp resa. Na atividade do promotor de empreendimentos
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