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Desenvolvimento Sustentável CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI Armando de Queiroz Monteiro Neto Presidente SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI Conselho Nacional Armando de Queiroz Monteiro Neto Presidente SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL - SENAI Departamento Nacional José Manuel de Aguiar Martins Diretor Geral Regina Maria de Fátima Torres Diretora de Operações Confederação Nacional da Indústria Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Nacional Desenvolvimento Sustentável Brasília 2010 José Roberto de Souza de Almeida Leite © 2010. SENAI – Departamento Nacional É proibida a reprodução total ou parcial deste material por qualquer meio ou sistema sem o prévio consentimento do editor. Equipe técnica que participou da elaboração desta obra SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Nacional Setor Bancário Norte, Quadra 1, Bloco C Edifício Roberto Simonsen – 70040-903 – Brasília – DF Tel.:(61)3317-9000 – Fax:(61)3317-9190 http://www.senai.br Coordenador Projeto Estratégico 14 DRs Luciano Mattiazzi Baumgartner - Departamento Regional do SENAI/SC Coordenador de EaD - SENAI/PI José Martins de Oliveira Filho - SENAI/PI Coordenador de EaD – SENAI/SC em Florianópolis Diego de Castro Vieira - SENAI/SC em Florianópolis Design Educacional, Design Gráfico, Diagramação e Ilustrações Equipe de Desenvolvimento de Recursos Didáticos do SENAI/SC em Florianópolis Revisão Ortográfica e Normativa FabriCO Ficha catalográfica elaborada por Luciana Effting CRB 14/937 – SENAI/SC Florianópolis L533d Leite , José Roberto de Souza de Almeida Desenvolvimento sustentável / José Roberto de Souza de Almeida Leite. Brasília: SENAI/DN, 2010. 162 p. : il. color ; 30 cm . Inclui bibliografias. 1. Meio ambiente . 2. D esenvolvimento econômico – Aspectos ambientais . 3. Ecologia industrial. 4. Proteção ambiental. I . SENAI. Departamento Nacional. II. Título. CDU 658.408 Apresentação do curso ............................................................................... 07 Plano de estudo ............................................................................................. 09 Unidade 1: Conceitos Básicos e Gestão do Ambiente ...................... 11 Unidade 2: Economia e Meio Ambiente: Bens e Serviços Ambientais ....................................................................................................... 27 Unidade 3: A cobrança pelo Uso dos Recursos Naturais ................. 41 Unidade 4: Legislação de Proteção de Recursos Ambientais ......... 55 Unidade 5: Sistema Nacional do Meio Ambiente ............................... 73 Unidade 6: Desenvolvimento Sustentável e a Indústria ................... 87 Unidade 7: Química Verde: Uma Nova Visão de Desenvolvimento na Área de Tecnologia .............................................. 101 Unidade 8: Conveções do Meio Ambiente: Agenda 21, Rio +10 e Protocolo de Quioto ................................................................. 115 Unidade 9: Avaliação de Impactos Ambientais ................................... 129 Unidade 10: Conservação Ambiental versus Desenvolvimento ..... 143 Sobre o Autor .................................................................................................. 157 Referências ....................................................................................................... 159 Sumário 7 O desenvolvimento que procura satisfazer as ne- cessidades da geração atual sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer as suas próprias necessidades necessita possibilitar que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e econômico e de realização humana e cultural, fazendo, ao mes- mo tempo, um uso razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e os hábitats naturais. Essas e outras questões serão debatidas neste curso, que se será dividido em dez unidades. Na primeira unidade, serão demonstrados conceitos básicos, ges- tão do ambiente e desenvolvimento sustentável no Brasil e no exterior. Nas duas unidades seguintes, se- rão abordados a economia e o meio ambiente: bens e serviços ambientais e a cobrança pelo uso dos recur- sos naturais. A quarta e a quinta unidades, respectiva- mente, colocarão em pauta a legislação de proteção de recursos ambientais e o Sistema Nacional do Meio Ambiente. Uma visão mais atual de desenvolvimento sustentável e indústria será abordada na sexta unida- de. A química verde: uma nova visão de desenvolvi- mento na área tecnológica trará informações de como a tecnologia está podendo contribuir para o desen- volvimento com sustentabilidade. Nas unidades oito e nove, as Convenções do Meio ambiente: Agenda 21, Rio +10 e Protocolo de Quioto e Avaliação de Impac- tos Ambientais formarão um repertório de assuntos debatidos nos órgãos internacionais. Por fim, conser- vação ambiental versus desenvolvimento fechará este curso, como uma discussão de como chegar ao equi- líbrio entre as questões ambientais e as industriais no mundo moderno. Bons estudos! Apresentação do Curso 8 9 Carga Horária 40h Ementa Estudo dos conceitos básicos e gestão do ambiente; caracterização de bens e serviços ambientais; des- crição da ccobrança pelo uso dos recursos naturais; introdução à legislação de proteção de recursos ambientais; caracterização do Sistema Nacional do Meio Ambiente; estabelecimento de relações entre desenvolvimento sustentável e indústria; reflexão sobre a Química Verde: uma nova visão de desen- volvimento na área de tecnologia; discussão sobre as convenções do meio ambiente: Agenda 21, Rio +10 e Protocolo de Quioto; estudo da avaliação de impactos Ambientais; confronto entre conservação ambiental e desenvolvimento. Objetivos Objetivo Geral: � Dar ciência ao aluno das questões ambientais rele- vantes no mundo de hoje, com base na economia; � Possibilitar ao aluno uma reflexão embasada na história e nas leis ambientais relacionadas com o desenvolvimento sustentável e nas questões dis- cutidas nas reuniões oficiais dos líderes estatais; � Ensinar ao aluno como pequenas mudanças de hábitos podem transformar o planeta. Plano de Estudos 10 Objetivos Específicos: � Avaliar os conceitos básicos de gestão do ambiente; � Conhecer aspectos da economia e meio ambiente, além dos bens e ser- viços ambientais; � Diagnosticar a cobrança pelo uso dos recursos naturais; � Conhecer a legislação de proteção de recursos ambientais e o Sistema Na- cional do Meio Ambiente; � Avaliar o desenvolvimento sustentável e a indústria; � Compreender a Química Verde e a nova visão de desenvolvimento na área tecnológica; � Conhecer as convenções do meio ambiente: Agenda 21, Rio +10 e Pro- tocolo de Quioto; � Diagnosticar as avaliações de impactos ambientais; � Conservação ambiental versus Desenvolvimento. Este curso está subdividido em 10 unidades de 4 horas cada. Todos os conte- údos estão correlacionados. O aluno fica na obrigação de ler atentamente a apostila e realizar as atividades de aprendizagem disponíveis no AVA, que foram elaboradas de acordo com cada unidade. 11 Objetivos de Aprendizagem Ao final desta unidade, você será capaz de situar o desenvolvimento sustentável no mundo atual, reconhecer os seus três com- ponentes de atuação e identificar as novas estratégias nacionais para o desenvolvi- mento sustentável no planeta. Aulas Aula 1: Introdução e histórico do desenvol- vimento sustentável Aula 2: Âmbito e definições de aplicação. Aula 3: Os componentes do desenvolvimen- to sustentávelAula 4: Estratégias nacionais de desenvolvi- mento sustentável 1Conceitos Básicos e Gestão do Ambiente 12 Capacitação Ambiental Para Iniciar “As letras e a ciência só tomarão o seu verdadeiro lugar na obra do desenvolvimento humano no dia em que, livres de toda a servidão mercenária, forem exclusivamente cultivadas pelos que as amam e para os que as amam.” Piotr Kropotkine Aula 1: Histórico do desenvolvimento sustentável Definições e conceitos Antes de iniciar esta aula, é importante que você se familiarize com o tema deste curso. Desenvolvimento sustentável é um conceito sistêmico traduzido num modelo de desenvolvimento global que incorpora os aspectos de desen- volvimento ambiental. Foi usado pela primeira vez em 1987, no Relatório Brun- dtland, um relatório elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada em 1983 pela Assembléia das Nações Unidas. Leia o trecho a seguir (COMISSÃO..., 1988): “O desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer as suas próprias necessidades significa possibilitar que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e econômico e de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e os hábitats naturais.” 13 Desenvolvimento Sustentável Unidade 1 História Ao longo das ultimas décadas, vários acontecimentos marcaram a evolução do conceito de desenvolvimento sustentável. Isso ocorre devido aos avanços no progresso tecnológico e ao aumento da consciencialização das populações para com eles. Acompanhe, a seguir, a linha do tempo da sustentabilidade. 1968: criação do Clube de Roma, que reune pessoas em cargos de relativa importância em seus respectivos países, visando a promover um crescimento econômico estável e sustentável da humanidade. O Clube de Roma tem, entre seus membros principais, cientistas, inclusive alguns prêmios Nobel, economis- tas, políticos, chefes de estado e, até mesmo, associações internacionais. 16 de junho de 1972: Conferência sobre o Ambiente Humano das Nações Unidas (Estocolmo). É a primeira Cimeira da Terra. Pela primeira vez, ocorre uma preocupação mundial com as questões ambientais globais. 1979: o filósofo Hans Jonas exprime a sua preocupação no livro Princípio responsabilidade. 1980: a União Internacional para a Conservação da Natureza publicou um relatório intitulado A Estratégia Global para a conservação, no qual surge, pela primeira vez, o conceito de “desenvolvimento sustentável”. 1987: o Relatório Brundtland, Nosso futuro comum, foi preparado pela Comis- são Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Nele, formalizou-se o conceito de desenvolvimento sustentável. De 3 a 14 de junho de 1992: realiza-se a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente e o Desenvolvimento (segunda Cimeira da Terra), durante a qual nasce a Agenda 21 e aprovam-se a Convenção sobre Alterações Climáticas, a Convenção sobre Diversidade Biológica (Declaração do Rio), bem como a Decla- ração de Princípios sobre Florestas. 1993: V Programa Ação Ambiente da União Europeia: Rumo a um Desenvolvimento Sustentável. Apresentação da estratégia da UE em matéria de ambiente e as ações a se- rem tomadas para alcançar um desenvolvimento sustentável para o período 1992-2000. 27 de maio de 1994: Primeira Conferência sobre Cidades Europeias Sustentá- veis. Aalborg (Dinamarca), de onde surgiu a Carta de Aalborg. 8 de outubro de 1996: Segunda Conferência sobre Cidades Europeias Susten- táveis. Plano de Ação de Lisboa: da Carta à ação. 1997: Terceira Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, em Quioto, onde se estabelece o Protocolo de Quioto. 14 Capacitação Ambiental 8 de setembro de 2000: após os três dias da Cimeira do Milênio, que reuniu líderes mundiais na sede das Nações Unidas, a assembléia geral aprovou a De- claração do Milênio. 2000: Terceira Conferência Europeia sobre Cidades Sustentáveis. De 26 de agosto a 4 de setembro de 2002: acontece a Conferência Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio +10), em Joanesburgo, durante a qual se reafirmou o desenvolvimento sustentável como o elemento central da agenda internacional e se deu um novo impulso à proteção do ambiente, assim como à ação mundial para combater a pobreza. Fevereiro de 2004: a sétima reunião ministerial da Conferência sobre Diversi- dade Biológica foi celebrada com a Declaração Kuala Lumpur, que gerou des- contentamento entre as nações pobres e não satisfez totalmente as ricas. 2004: Conferência Aalborg +10 – Inspiração para o Futuro. Apelo a todos os go- vernos locais e regionais da Europa para participarem da assinatura do compromis- so de Aalborg e fazer parte da Campanha Europeia das Cidades Sustentáveis. 11 de janeiro de 2006: Comunicação da Comissão Europeia ao Parlamento Europeu sobre a estratégia temática sobre o ambiente urbano. É uma das sete estratégias do Sexto Programa de Ação Ambiental para o Ambiente da União Europeia, desenvolvido com o objetivo de contribuir para uma melhor qualida- de de vida por meio de uma abordagem integrada e centrada nas zonas urba- nas e para tornar possível um elevado nível de qualidade de vida e bem-estar social para os cidadãos, proporcionando um ambiente em que níveis da polui- ção não provoquem efeitos adversos sobre a saúde humana e o ambiente, além de promover o desenvolvimento urbano sustentável. 2007: Carta de Leipzig sobre as cidades europeias sustentáveis. 2007: Cimeira de Bali, com o intuito de criar um sucessor do Protocolo de Quioto, com metas mais ambiciosas e mais exigente no que diz respeito às alterações climáticas. Julho de 2009: Declaração de Gaia, que implanta o Condomínio da Terra no I Fórum Internacional do Condomínio da Terra. 15 Desenvolvimento Sustentável Unidade 1 Aula 2: Âmbito e definições de aplicação O conceito de desenvolvimento sustentável abrange várias áreas e assenta es- sencialmente num ponto de equilíbrio entre o crescimento econômico, a equi- dade social e a proteção ao ambiente. A Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural (UNESCO, 2002) cria um novo enfoque na questão social ao afirmar que: “[…] a diversidade cultural é tão necessária para a humanidade como a biodiversidade é para a natureza”. Ela se torna “as raízes do desenvolvimento, entendido não só em termos de crescimento econômico, mas também como um meio para alcançar a satisfação intelectual, emocional, moral e espiritual”. Nessa visão, a diversidade cultural é a quarta área política do desenvolvimento sustentável. A Divisão das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável enumera as seguintes áreas como incluídas no âmbito do desenvolvimento sustentável: � noções de sustentabilidade fraca; � noções de sustentabilidade; � ecologia profunda. Diferentes concepções revelam, também, uma forte tensão entre ecocentrismo e o antropocentrismo. O conceito permanece mal definido e gera uma grande quantidade de debates a respeito de sua definição. Durante os últimos dez anos, diversas organizações têm tentado medir e moni- torar a proximidade do que consideram a sustentabilidade, por meio da aplica- ção do que se chama de métricas e indicadores de sustentabilidade. O desenvolvimento sustentável é dito para definir limites para o mundo em desenvolvimento. Os atuais países de primeiro mundo, significativamente polu- ídos durante o seu desenvolvimento, incentivam os países do terceiro mundo a reduzir a poluição, o que, por vezes, impede o crescimento destes. 16 Capacitação Ambiental Alguns consideram que a execução do desenvolvimento sustentável implica um retorno a estilos de vida pré-modernos. Indicadores de desenvolvimento sustentável Em 1995, a Comissão para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas aprovou um conjunto de indicadores de desenvolvimento sustentável, com o in- tuitode servirem como referência para os países em desenvolvimento ou como revisão de indicadores nacionais de desenvolvimento sustentável. Atenção O quadro atual contém 14 temas, que são ligeiramente modificados a partir da edição anterior: � Pobreza � Perigos naturais � O desenvolvimento econômico � Governação � Ambiente � Estabelecer uma parceria global econômica � Saúde � Terra � Padrões de consumo e produção � Educação � Os oceanos, mares e costas � Demografia � Água potável, escassez de água e recursos hídricos � Biodiversidade. Cada um desses temas divide-se em diversos subtemas, indicadores padrão e outros indicadores. Além das Nações Unidas, outras entidades elaboram, ainda, outros modelos de indicadores, como no caso da Comissão Europeia, da Organização para a Coopera- ção e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e do Global Environment Outlook (GEO). 17 Desenvolvimento Sustentável Unidade 1 Aula 3: Os componentes do desenvolvimento sustentável O campo do desenvolvimento sustentável pode ser conceitualmente dividido em três componentes: sustentabilidade ambiental, sustentabilidade econômica e sustentabilidade sociopolítica. Para entender melhor, observe a figura repre- sentativa e, logo depois, a descrição de cada um de seus componentes. Figura 1 – Esquema representativo das várias componentes do desenvolvimento sustentável Sustentabilidade ambiental A sustentabilidade ambiental consiste na manutenção das funções e compo- nentes do ecossistema de modo sustentável, podendo, igualmente, designar-se como a capacidade que o ambiente natural tem de manter as condições de vida para as pessoas e para os outros seres vivos, tendo em conta a habitabilidade, a beleza do ambiente e a sua função de fonte de energias renováveis. 18 Capacitação Ambiental As Nações Unidas, por meio do sétimo ponto das Metas de Desenvolvimento do Milênio, procura garantir ou melhorar a sustentabilidade ambiental estabele- cendo quatro objetivos principais: 1 Integrar os princípios do desenvolvimento sustentável nas políticas e pro- gramas nacionais e reverter a perda de recursos ambientais; 2 Reduzir, de forma significativa, a perda da biodiversidade; 3 Reduzir para metade a proporção de população sem acesso a água potável e saneamento básico; 4 Alcançar, até 2020, uma melhoria significativa em relação a, pelo menos, cem milhões de pessoas que vivem abaixo do limiar da pobreza. Sustentabilidade econômica A sustentabilidade econômica, enquadrada no âmbito do desenvolvimento sustentável, é um conjunto de medidas e políticas que visam à incorporação de preocupações e conceitos ambientais e sociais. Aos conceitos tradicionais de mais valias econômicas, são adicionados os pa- râmetros ambientais e socioeconômicos, criando, assim, uma ligação entre os vários setores. Atenção Assim, o lucro não é somente medido na sua vertente financeira, mas também na vertente ambiental e social, o que potencializa o uso mais correto das matérias primas e dos recursos humanos. Há, ainda, a incorporação de uma gestão mais eficiente dos recursos naturais, (mineral, matéria prima ou energético), de forma a garantir sua exploração sustentável. Isso quer dizer que os recursos são explorados sem causar o seu esgotamento, tendo um nível ótimo de poluição (baixo ou nenhum) e acrescen- tando aos elementos naturais um valor econômico. 19 Desenvolvimento Sustentável Unidade 1 Sustentabilidade sociopolítica A sustentabilidade sociopolítica centra-se no equilíbrio social. É um veiculo de humanização da economia, e ao mesmo tempo, pretende desenvolver o teci- do social nos seus componentes humanos e culturais, tanto na sua vertente de desenvolvimento social quanto na vertente socioeconômica. Neste sentido, foram desenvolvidos dois grandes planos: a agenda 21 e as me- tas de desenvolvimento do milênio. A Agenda 21 é um plano global de ação a ser cumprido em níveis global, nacio- nal e local, por organizações das Nações Unidas, governos e grupos locais, nas diversas áreas em que se verificam impactos significativos no ambiente. Em ter- mos práticos, é a mais ambiciosa e abrangente tentativa de criação de um novo padrão para o desenvolvimento do século XXI, tendo por base os conceitos de desenvolvimento sustentável. As Metas de Desenvolvimento do Milênio (MDM) surgem da Declaração do Milênio das Nações Unidas, adotada pelos 191 Estados-membros no dia 8 de setembro de 2000. Criada em um esforço para sintetizar acordos internacionais alcançados em várias cúpulas mundiais ao longo dos anos 1990, relativos a meio ambiente e desenvolvimento, direitos das mulheres, desenvolvimento social, racismo, entre outros temas, a Declaração traz uma série de compromissos concretos que, se cumpridos nos prazos fixados, segundo os indicadores quantitativos que os acompanham, deverão melhorar o destino da humanidade neste século. Esses projetos são monitorados com recursos ao Índice de Desenvolvimento Humano, uma medida comparativa que engloba três dimensões: riqueza, edu- cação e esperança média de vida. Há décadas, a humanidade vem perseguindo um novo modelo de crescimento. A sociedade percebe hoje, mais do que nunca, que o desenvolvimento eco- nômico não pode implicar em degradação do ambiente, e que a prosperidade deve ser acessível a todos os seres humanos. Essas noções, alinhadas e ordena- das, deram origem ao conceito de desenvolvimento sustentável, adotado por um número cada vez maior de empresas no mundo. Observe, na figura a seguir, a estrutura dessas empresas. 20 Capacitação Ambiental Figura 2 – Estrutura de empresas que adotam o desenvolvimento sustentável Fonte: Solvay Indupa S.A.I.C. (2010) Aula 4: Estratégias nacionais de desenvolvimento sustentável O capítulo 8 da Agenda 21 incentiva os países a adotar Estratégias Nacionais de Desenvolvimento Sustentável (ENDS), estimulando-os a desenvolver e harmo- nizar as diferentes políticas setoriais que operam no país. Essas políticas podem ser econômicas, sociais, ambientais e de planos. Atenção O apelo à elaboração desses documentos estratégicos, que devem reforçar e harmonizar as políticas nacionais para a economia, as questões sociais e o ambiente, foi reforçado na Sessão Especial da Assembleia das Nações Unidas de 1997 (Rio+5), na Cimeira Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável de 2002 em Joanesburgo (Rio +10). 21 Desenvolvimento Sustentável Unidade 1 A primeira revisão para estabelecer os elementos básicos de boas práticas foi um “Manual para NSDS”, preparado por Carew-Reid et al. (1994), partindo das experiências compartilhadas por vários países, por meio de relatórios nacionais e regionais, durante um projeto liderado pela International Union for Conser- vation of Nature (IUCN) e o International Institute for Environment and Deve- lopment (IIED). Esse trabalho preparou o terreno para obras posteriores e foi construído pelo Comitê de Ajuda ao Desenvolvimento (CAD) da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) no seu trabalho para produzir orientações para as estratégias nacionais de desenvolvimento susten- tável (CAD 2001), que estabeleceu, também, seus princípios acordados, que ecoaram na UNDESA após um workshop internacional (UNDESA 2002). Na prática, é uma estratégia eficaz para o desenvolvimento sustentável e reúne as aspirações e capacidades do governo, da sociedade civil e do sector privado para criar uma visão para o futuro e para trabalhar taticamente e progressi- vamente para esses objetivos, identificando e construindo “o que funciona” e melhorando a integração entre as abordagens. Essas estratégias incidem sobre o que é realmente praticável, pois, com uma estratégia eficaz e abrangente, podem-se solucionar vários problemas ao mesmo tempo. Assim, as ENDS apresentam sete pontos-chave que tratam, de forma integrada, das questões econômicas, ambientais e sociais. Acompanhe-as a seguir: � Alterações climáticas e energia limpa; � TransporteSustentável; � Consumo e produção sustentáveis; � Conservação e gestão dos recursos naturais; � Saúde pública; � Inclusão social, demografia e migração; � A pobreza no mundo; � Agenda 21 local. A Agenda 21 local é um processo pelo qual as entidades nacionais envolvem-se com a comunidade civil na elaboração de uma estratégia conjunta e com um plano de ação que vise a melhorar a qualidade de vida localmente. Pergunta O que é preciso fazer para alcançar o desenvolvimento sustentável? 22 Capacitação Ambiental Para ser alcançado, o desenvolvimento sustentável depende de planejamento e do reconhecimento da humanidade de que os recursos naturais são finitos. Esse novo desenvolvimento econômico deve levar em conta o meio ambiente. Muitas vezes, desenvolvimento é confundido com crescimento econômico, que depende de consumo crescente de energia e de recursos naturais. Esse tipo de desenvolvimento tende a ser insustentável, pois leva ao esgotamento dos recur- sos naturais dos quais a humanidade depende. Atividades econômicas podem ser encorajadas em detrimento da base de re- cursos naturais dos países. Desses recursos depende não só a existência huma- na e a diversidade biológica, como o próprio crescimento econômico. O desenvolvimento sustentável sugere, de fato, qualidade, em vez de quantida- de, com a redução do uso de matérias-primas e de produtos e com o aumento da reutilização e da reciclagem. Para que isso dê certo, muitas atitudes, que parecem simples, podem revolucionar o progresso do desenvolvimento sustentável. Veja, abaixo, algumas dessas atitudes: Dicas Economize água em sua casa � Os vazamentos são uma das principais fontes de desperdício de água em residências. Eles podem ser evidentes (como uma torneira pingan- do) ou escondidos (no caso de canos furados ou do vaso sanitário). Uma torneira mal fechada pode desperdiçar 46 litros de água em um dia. Com uma abertura de 1 mililitro, o fiozinho de água escorrendo será responsável pela perda de 2068 litros de água em 24 horas. � No caso de vazamentos em vasos sanitários, verifique se há água es- correndo. Para isso, jogue cinzas, talco ou outro pó fino no fundo da privada e observe por alguns minutos. Se houver movimentação do pó ou se ele sumir, há vazamento. Outra forma de detectar um vazamento é pelo do hidrômetro (ou relógio de água) da casa. Para tanto, siga os seguintes passos: 1 Feche todas as torneiras e desligue os aparelhos que usam água na casa (só não feche os registros na parede, que alimentam as saí- das de água). 2 Anote o número indicado no hidrômetro e confira depois de algu- mas horas para ver se houve alteração ou observe o círculo existente no meio do medidor (meia-lua, gravatinha, circunferência dentada) para ver se ele continua girando. 23 Desenvolvimento Sustentável Unidade 1 � No banho, ao ensaboar-se, feche as torneiras e evite banhos demo- rados. Reduzindo em 1 minuto o seu banho, você pode economizar de 3 a 6 litros de água. Numa cidade onde vivem aproximadamente 2 milhões de habitantes, poderia haver uma economia de, no mínimo, 6 milhões de litros. Também não deixe a torneira aberta enquanto ensa- boa as mãos, escova os dentes ou faz a barba. � Quando construir ou reformar um vaso sanitário, dê preferência às cai- xas de descarga no lugar das válvulas, ou utilize uma de volume reduzi- do. Não deixe a descarga disparar (no caso das acionados por válvulas). � Lave, de uma vez, toda a roupa acumulada. Deixar as roupas de molho por algum tempo antes de lavá-las também ajuda. Ao esfregar a roupa com sabão, use um balde com água, que pode ser a mesma usada para manter a roupa de molho. Enquanto isso, mantenha a torneira do tan- que fechada. Enxagúe também utilizando o balde e não água corrente. Se você tiver máquina de lavar, use-a sempre com a carga máxima e tome cuidado com o excesso de sabão para evitar um número maior de enxágues. Caso opte por comprar uma lavadora, prefira as de abertura frontal, que gastam menos água que as de abertura superior. � Regar jardins e plantas durante 10 minutos significa um gasto de 186 litros. Você pode economizar 96 litros se tomar estes cuidados: regue o jardim durante o verão pela manhã ou à noite, o que reduz a perda por evaporação; durante o inverno, regue o jardim em dias alternados e prefira o período da manhã; use uma mangueira com esguicho tipo revólver; cultive plantas que necessitam de pouca água (bromélias, cac- tos, pinheiros, violetas); molhe a base das plantas, não as folhas; Utilize cobertura morta (folhas, palha) sobre a terra de canteiros e jardins. Isso diminui a perda de água. Colocando em prática Você finalizou a primeira unidade do seu curso. Parabéns! Agora, acesse o ambiente virtual de aprendizagem (AVA) e encontre as atividades desenvolvidas especialmente para esta etapa. Exercite o seu conhecimento. 24 Capacitação Ambiental Relembrando Nesta unidade, você descobriu que o desenvolvimento sustentável é tão importante para a economia quanto para o planeta. Ele é ponto crucial na reorganização mundial e no foco dos países em desenvolvi- mento. Possui três ramificações: sustentabilidade ambiental, econômica e sociopolítica. A sustentabilidade sciopolítica centra-se no equilíbrio social. A sustentabilidade ambiental consiste na manutenção das fun- ções e componentes do ecossistema de modo sustentável, e a susten- tabilidade econômica, num conjunto de medidas e políticas que visam à incorporação de preocupações e de conceitos ambientais e sociais. Além disso, você conheceu as estratégias nacionais criadas para tornar o desenvolvimento sustentável uma realidade cada vez mais constante nos planejamentos e nas ações dos países de todo o mundo. Além dis- so, você aprendeu alguns passos importantes para contribuir com todo esse processo. Na próxima unidade, você vai se aprofundar nas áreas do conhecimen- to da economia do meio ambiente e da economia ecológica, analisar a questão da degradação ambiental e, ainda, refletir sobre as controvér- sias que surgem na definição de bens e serviços. Até lá! Saiba Mais O desenvolvimento econômico é vital para os países mais pobres, mas o caminho a seguir não pode ser o mesmo adotado pelos países indus- trializados, mesmo porque não seria possível. Caso as sociedades do Hemisfério Sul copiassem os padrões das so- ciedades do Norte, a quantidade de combustíveis fósseis consumida atualmente aumentaria 10 vezes, e a de recursos minerais, 200 vezes. Ao invés de aumentar os níveis de consumo dos países em desenvolvi- mento, é preciso reduzir os níveis observados nos países industrializados. Nas últimas décadas, o crescimento econômico e populacional vem sendo marcado por disparidades. Embora os países do Hemisfério Norte possuam apenas um quinto da população do planeta, eles detêm quatro quintos dos rendimentos mundiais e consomem 70% da energia, 75% dos metais e 85% da produção mundial de madeira (WWF BRASIL, 2010). 25 Desenvolvimento Sustentável Unidade 1 Alongue-se Aproveite para espairecer um pouco. Feche os olhos, respire. Busque um café, assista a um filme. Volte aos estudos tranquilo e renovado. 27 Objetivos de Aprendizagem Ao final desta unidade, você será capaz de entender um pouco mais a relação entre economia e meio ambiente e terá uma maior compreensão sobre os bens e servi- ços ambientais dentro do contexto socioe- conômico. Aulas Aula 1: Áreas do conhecimento da eco- nomia do meio ambiente e da economia ecológica Aula 2: Degradação e economia ambiental Aula 3: As controvérsias sobre a definição de bens e serviços ambientais 2Economia e Meio Ambiente: Bens e Serviços Ambientais 28 Capacitação Ambiental Para Iniciar “Só quando a última árvore for derrubada, o último peixe for morto e o último rio for poluído é que o homem perceberá que não pode comer dinheiro.” Provérbio Indígena Aula 1: Áreas do conhecimento da economia do meio ambiente e da economia ecológica Ao se tratarde um ramo da ciência que envolve julgamentos de valor, natural- mente, depara-se com controvérsias advindas de preferências teóricas e/ou me- todológicas, abordagens distintas a partir de disciplinas também distintas, da definição da escala do fenômeno abordado, dos objetivos a que se destina etc. Em um esforço de síntese, são identificadas duas áreas de conhecimento em que os estudos e exercícios sobre valoração têm evoluído – a economia do meio ambiente e a economia ecológica. Uma das principais questões debatidas atualmente, quando se trata das relações entre os sistemas econômicos e os sistemas ecológicos ou ambientais, refere-se ao processo de se associarem valores econômicos aos bens e serviços ambientais. 29 Desenvolvimento Sustentável Unidade 2 Economia do meio ambiente O processo de valoração econômica do meio ambiente tem-se constituído em um amplo e importante campo de pesquisas teóricas e trabalhos empíricos. Os estudos da economia do meio ambiente e dos recursos naturais baseiam-se no entendimento do meio ambiente como um bem público e no entendimento dos efeitos ambientais como externalidades geradas pelo funcionamento da economia. Assim, os valores dos bens e recursos ambientais e dos impactos am- bientais não captados na esfera de funcionamento do mercado devido a falhas em seu funcionamento podem ser estimados à medida que se possa descobrir qual é a disposição da sociedade e dos indivíduos em pagar pela preservação ou pela conservação dos recursos e dos serviços ambientais. De forma geral, o valor econômico dos recursos ambientais tem sido desagre- gado na literatura da seguinte maneira: Atenção Valor Econômico Total (VET) = Valor de Uso (VU) + Valor de Opção (VO) + Valor de Existência (VE). O valor de uso (VU) representa o valor atribuído pelas pessoas pelo uso, pro- priamente dito, dos recursos e serviços ambientais. O VU é composto pelo valor de Uso Direto (VUD) e pelo Valor de Uso Indireto (VUI). O VUD corresponde ao valor atribuído pelo indivíduo devido à utilização efetiva e atual de um bem ou serviço ambiental, por exemplo, extração, visitação ou alguma outra for- ma de atividade produtiva ou consumo direto, com relação às florestas. O VUI representa o benefício atual do recurso, derivado de funções ecossistêmicas como, por exemplo, a proteção do solo, a estabilidade climática e a proteção dos corpos d’água decorrentes da preservação das florestas. O Valor de Opção (VO) representa o que as pessoas atribuem no presente para que, no futuro, os serviços prestados pelo meio possam ser utilizados. Assim, trata-se de um valor relacionado a usos futuros que podem gerar alguma forma de benefício ou satisfação aos indivíduos, por exemplo, o benefício advindo de fármacos desenvolvidos com base em propriedades medicinais ainda não descobertas de plantas existentes nas florestas. O terceiro componente, o Valor de Existência (VE), caracteriza-se como um valor de não uso. Essa parcela representa um valor atribuído à existência de caracte- rísticas do meio ambiente, independentemente do uso presente ou futuro. Re- 30 Capacitação Ambiental presenta um valor conferido pelas pessoas a certos recursos ambientais, como florestas e animais em extinção, mesmo que não tencionem usá-los ou apreciá- los na atualidade ou no futuro. A atribuição do valor de existência é derivada de uma posição moral, cultural, ética ou altruística em relação aos direitos de exis- tência de espécies não humanas ou da preservação de outras riquezas naturais, mesmo que estas não representem uso atual ou futuro para o indivíduo. Reflita Existem diversos métodos de valoração que objetivam captar essas distintas parcelas do valor econômico do recurso ambiental. Todavia, cada método apresenta limitações em suas estimativas, as quais estarão quase sempre associadas ao grau de sofisticação metodológica, à necessidade de dados e informações, às hipóteses sobre comportamento dos indivíduos e da sociedade e ao uso que se será dado aos resultados obtidos. Economia ecológica A economia ecológica, por sua vez, constitui-se em uma abordagem que procura compreender a economia e sua interação com o ambiente a partir dos princípios físicos e ecológicos, em meio aos quais os processos econômicos se desenvol- vem. Em termos gerais, os métodos de valoração baseados nessa abordagem utilizam o montante total de energia capturada pelos ecossistemas como uma estimativa do seu potencial para a realização do trabalho útil para a economia. Nesse processo de valoração utiliza-se, entre outros, um método simplificado por meio do uso do conceito de Produção Primária Bruta de um ecossistema. Pergunta Mas espere um momento. Você sabe o que é Produção Primária? A Produção Primária Bruta é uma medida da energia solar utilizada pelas plantas para fixar carbono. Esse índice de energia solar capturada pelo sistema é converti- do em equivalente de energia fóssil. Posteriormente, faz-se a transformação desse equivalente em energia fóssil em unidades monetárias, utilizando-se a relação entre o Produto Interno Bruto e o total de energia usada pela economia. 31 Desenvolvimento Sustentável Unidade 2 Outro método que adota, em termos gerais, os mesmos princípios, chama-se análise energética e considera todos os fluxos de energia, materiais e informa- ção que ocorrem em um sistema, transformando-os, em uma única base, em unidades de energia solar. Posteriormente, também utiliza o Produto Interno Bruto para encontrar valores econômicos para os sistemas ambientais. Cada abordagem e método apresenta vantagens e desvantagens. Compreender suas limitações e procurar avanços na compreensão dos fenômenos naturais e do entendimento econômico orientados pelo objetivo maior, que é o desenvol- vimento sustentável, é o desafio para todas as correntes de pensamento. Aula 2: Degradação e economia ambiental A degradação ambiental tornou-se uma questão muito discutida atualmente. Existe grande preocupação com a qualidade e a quantidade dos recursos natu- rais existentes. A poluição e o desperdício dos recursos naturais vêm sinalizan- do limitações futuras da economia mundial e do bem estar humano. Decisões intertemporais de utilização dos recursos permeiam as discussões, por meio do conceito de desenvolvimento sustentável, que se refere à utilização presente desses recursos sem prejuízo à sua utilização futura. Atenção O crescimento da atividade industrial e populacional, associado à falta de medidas que objetivem o desenvolvimento sustentável, indica a incapacidade de se produzir sem gerar impactos negativos ao ambiente. Além de criar produtos, os processos produtivos utilizados internalizam poluentes danosos à saúde humana, animal e vegetal, gerando gastos monetários e perda de bem-estar à sociedade. As externalidades ocorrem quando as possibilidades de consumo de um agente são afetadas por causa da utilização do recurso por outro agente, podendo ser positivas – caso a ação de um indivíduo beneficie o outro – e negativas – caso resulte em custos para terceiros. 32 Capacitação Ambiental Essas externalidades apresentam-se como falhas de mercado, tornando-o ineficiente. Exemplos de externalidades negativas são as poluições sonora e atmosférica, causadas por veículos automotores e a perda da produção agrícola provocada por uma fábrica de cimento. As externalidades têm como principais causas a definição imprecisa do direito de propriedade e seu caráter involuntá- rio. Ou seja, a poluição é causada de forma não intencional, e o agente poluidor não arca com os custos gerados pela poluição por não ser cobrado, já que os recursos naturais não têm proprietários definidos. Os bens e serviços econômicos utilizam o meio ambiente (ar, água e solo), im- pactando sua capacidade assimilativa acima de sua capacidade de regeneração. Assim, esses bens e serviços detêm custos de produção que são comercializa- dos no mercado, possuidores de preços explícitos, e fatores não comercializa-dos no mercado (os bens e serviços ambientais). Assim, o preço de mercado não reflete o real custo de produção do bem ou serviço. Os custos relacionados aos ativos ambientais são considerados nulos, o que pode levá-los à exaustão ou à degradação total. A conscientização quanto à questão ambiental deve fazer parte das decisões de consumo e produção para que se possa crescer de maneira sustentável. A ado- ção de mecanismos capazes de internalizar os efeitos gerados pelas atividades produtivas, seja por meio de instrumentos econômicos – como a instituição de taxas e multas – ou outros, torna-se cada vez mais evidente. A capacidade gerencial também consiste num fator decisivo. Para tanto, depen- de do desenvolvimento de estudos capazes de possibilitar tal ação. Dentre esses, a Economia do Meio Ambiente busca, por meio da aplicação de métodos basea- dos na Teoria Econômica, contribuir de forma significativa à referida questão. Figura 3 – A conscientização ambiental pode levar a vários projetos, inclusive, envolvendo a comunida- de 33 Desenvolvimento Sustentável Unidade 2 Investimentos em controle ambiental no Brasil A adequação dos processos produtivos aos novos “padrões ambientais” deman- da das empresas capacidade gerencial e investimentos em novas tecnologias que atendam tal objetivo. As empresas devem otimizar seus processos produ- tivos, além de realizar campanhas de conscientização para seus funcionários e internalizar os custos sociais gerados por suas atividades, visando à economia dos recursos naturais e à garantia de sua utilização futura, além de adquirir requisitos para sua permanência competitiva no mercado. Atenção No Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2007), as indústrias elevaram o investimento em controle ambiental no período de 1997 a 2002. No estudo realizado, deveriam ser consideradas pela empresa, quando da participação da pesquisa, além da aquisição de máquinas industriais que já incorporam a concepção de tecnologia limpa, aquisição de equipamentos, obras com estação de tratamento e gastos necessários para colocar esses itens em funcionamento. O investimento em controle ambiental passou de R$ 10,5 bilhões, em 1997, para R$ 22,1 bilhões, em 2002, elevando sua participação no total de investi- mentos industriais de 13,9% em 1997 para 18,7% em 2002 (IBGE, 2007). Além disso, o estudo mostrou que os setores que mais investiram em controle ambiental foram os que desenvolvem atividades mais propensas à poluição, o que indica o envolvimento desses setores na busca pela redução da poluição. O setor da produção de coque, refino de petróleo, elaboração de combustíveis nucleares e produção de álcool apresentou um aumento de 382,3% no valor investido no período. Setores como o da produção de celulose e papel, veículos automotores e metalurgia básica também se destacaram, com crescimento real no período de 148,6%, 80,7% e 37,5%, respectivamente (IBGE, 2007). O estudo relaciona a elevação dos investimentos em controle ambiental à eleva- ção das exportações brasileiras, já que, como citado anteriormente, a adoção de medidas que tenham como objetivo a proteção ao meio ambiente tornaram-se imprescindíveis à competitividade dos produtos, inclusive no mercado internacio- nal. Além, ainda, das pressões populares e da atuação das agências reguladoras. 34 Capacitação Ambiental Economia do meio ambiente e o valor econômico total A evidente necessidade de valoração econômica dos ativos ambientais apre- senta a importância do desenvolvimento de métodos para tal. Baseando-se na teoria neoclássica, os métodos de valoração econômica mais difundidos atual- mente levam em consideração as preferências individuais (por meio das quais se obtêm as preferências da sociedade) e a simulação de mercados hipotéticos para a valoração de ativos que não possuem mercados. Além do desenvolvimento de métodos capazes de estimar o valor ambiental, a economia do meio ambiente baseada nos fundamentos da teoria neoclássica desenvolveu também instrumentos de política como impostos, taxas, quotas, subsídios, regulamentos, leilões de poluição, entre outros. Como resultado de discussões entre diferentes correntes metodológicas, a literatu- ra atual distingue três valores que compõem o Valor Econômico Total do Ambiente (VET): valor de uso, valor de opção e valor de existência. O valor de uso, atribuído pelas pessoas que realmente utilizam o recurso, engloba os valores de uso direto (como a exploração da madeira, a caça e a pesca) e indireto obtidos com o consu- mo indireto do recurso, como as funções ecológicas providas por este recurso. O valor de opção refere-se ao valor da disponibilidade do recurso para uso direto ou indireto no futuro, ou seja, pode ser definido como a obtenção de um benefício ambiental potencial (preservação ou manutenção do recurso ambien- tal contra a possibilidade de uso presente). Dica Tem-se o valor de existência como o valor derivado da satisfação que as pessoas obtêm pelo simples fato de que um recurso natural existe e está sendo preservado, não estando, dessa forma, relacionado com o uso presente ou futuro. Com a consideração do valor de existência dos recursos naturais, retira-se da valoração o caráter utilitarista, já que o indivíduo deverá considerar a satisfação gerada pela existência e qualidade do recurso, e não apenas seu consumo. A seguir, serão apresentados alguns métodos capazes de estimar o valor econô- mico ambiental. 35 Desenvolvimento Sustentável Unidade 2 Métodos de valorização ambiental A Economia do Meio Ambiente apresenta grande diversidade de métodos capa- zes de valorar os recursos ambientais existentes. Estes diferenciam-se em diversos aspectos, existindo diversas classificações, porém, nenhuma universalmente aceita. A classificação desses métodos pode ser feita segundo alguns autores. Bate- man e Turner (1992) propõem uma classificação distinguindo-os pela utilização ou não das curvas de demanda marshalliana ou hicksiana na determinação do valor do ativo. Ainda segundo Nogueira et al. (2000), Hufschmidt et al (1983) fazem suas divi- sões de acordo com o fato de a técnica utilizar preços provenientes de diversos mercados. Além deles, Pearce (1993) defende a existência de quatro grandes grupos de técnicas de valoração econômica desenvolvidos a um nível sofistica- do. Compare a seguir. Figura 4 – Especificação da classificação com base em cada autor (ou grupo de autores) citado anteriormente Fonte: XLV CONGRESSO DA SOBER “Conhecimentos para Agricultura do Futuro” (2007) 36 Capacitação Ambiental Aula 3: As controvérsias sobre a definição de bens e serviços ambientais Quando o assunto é definir bens e serviços ambientais, muitos se manifestam. Com a diversidade de opiniões, claro, as controvérsias surgem. Reflita Como se define um bem ou um serviço ambiental? Pelo uso final a que se destina? Pelas características do seu método ou processo de produção? Pelos impactos ambientais causados quando do seu consumo (e pós- consumo) ou execução? Vale perguntar: um bem ambiental deve ser definido pelas características ambientais intrínsecas ao seu ciclo de vida como um todo? As negociações sobre bens ambientais No âmbito do CTE-SS, persistem as controvérsias sobre a definição e a conse- quente identificação de bens ambientais. Por conseguinte, ainda não se conhe- ce a lista desses bens a ser utilizada nas negociações em NAMA. Duas abordagens foram, inicialmente, apresentadas ao CTE-SS para a definição de bens ambientais: a abordagem conceitual, que frisa a importância da definição de critérios precisos antes de qualquer tentativa de sugerir uma lista de produtos (top-down approach); e a abordagem de lista, que privilegia a proposição de uma lista de bens, antes mesmo de se esgotarem os esclarecimentos sobre critérios (bottom-up ou list-driven approach). Esta última tem dominado as discussões desde o início dos trabalhos do CTE-SS, porcausa do pioneirismo da Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE) em propor uma lista de bens e serviços ambientais para propósitos analíticos, isto é, uma lista ilustrativa para avaliar a dimensão da indústria ambiental global (OCDE 2005). 37 Desenvolvimento Sustentável Unidade 2 A lista da OCDE serviu de inspiração para a lista elaborada pelo Acordo de Co- operação Econômica Ásia-Pacífico (Asia Pacific Economic Cooperation – APEC), que, por sua vez, também veio a ser utilizada como base para a formulação de propostas negociadoras pelos nembros da OMC. Ambas as listas – OCDE e APEC – definem o produto ambiental pelo seu uso final, classificado em três atividades principais: controle da poluição (atmosfé- rica, hídrica, do solo e sonora, incluindo produtos para a recuperação de áreas degradadas), gestão de recursos naturais (destaque para sistemas de purifica- ção de água, oferta e abastecimento de água potável), além de tecnologias e produtos limpos ou eficientes no uso de recursos naturais. As duas listas incluem uma gama muito abrangente de produtos, inclusive, pro- dutos com usos múltiplos, e não exclusivamente ambientais, tornando incertos os ganhos ambientais com a liberalização desses bens. Essas listas concentram-se em produtos para controle da poluição, considera- dos pela própria OCDE como o núcleo dos bens ambientais, que correspondem a 87% das linhas tarifárias constantes dessas listas (WTO, 2002). Observações: A OCDE (2005) define indústria de bens e serviços ambientais como aquela que “consiste em atividades que produzem bens e serviços para medir, evitar, limitar, minimizar ou reparar danos ambientais à água, ao ar e ao solo, como também problemas relacionados a resíduos, barulhos e ecossistemas. Estes incluem tecnologias limpas, produtos e serviços que reduzem o risco ambiental e minimizam a poluição e o uso de recursos naturais”. A lista APEC foi elaborada para a finalidade de negociações de liberalização comercial setoriais da APEC. As listas de bens ambientais da APEC e OCDE são anexadas em WTO (2002). Não são identificadas posições tarifárias referentes ao grupo “produtos e tecno- logias limpos” na lista da APEC, e apenas três posições referentes a esse grupo constam na lista da OCDE (WTO, 2002). Uma vez que os países desenvolvidos são líderes no comércio mundial de pro- dutos para controle de poluição, diversos estudos (entre outros, Borregaard, Dufey e Guzmán 2002; UNCTAD 2003 e 2003) concluem que essas listas refle- tem interesses comerciais ofensivos desses países, que se evidenciam com os dados apresentados na seção seguinte. 38 Capacitação Ambiental A predominância da abordagem de lista em meio ao processo negociador sobre bens ambientais no âmbito do CTE-SS fazia crer que os membros alcançariam uma proposta consensual sobre uma lista para ser levada para a Sexta Confe- rência Ministerial da OMC, em dezembro de 2005, em Hong Kong. De fato, até o final de agosto de 2005, sete países ou grupos regionais da OCDE (Canadá, Comunidades Europeias, Japão, Coreia, Nova Zelândia, Suíça e Estados Unidos) e dois outros membros da OMC (Catar e Taiwan) apresentaram suas propostas de listas ao CTE-SS. A proposta da Índia, apresentada em junho de 2005 (India 2005a), identificada como abordagem de projeto (environmental project approach), veio a alterar completamente a dinâmica das negociações no âmbito do CTESS. Na abordagem de projeto, somente os bens e serviços ambientais especificados em projetos ambientais – elaborados de acordo com critérios a serem definidos pelo CTE-SS e com o aval das respectivas Autoridades Nacionais Designadas – seriam qualificados para a liberalização do seu comércio, em caráter temporário e conforme o período de duração de cada projeto. A liberalização do comércio dos bens e serviços ambientais ficaria totalmente condicionada à sua vinculação com projetos ambientais nacionais. Os países desenvolvidos, de modo geral, defensores da abordagem de lista e interessados em acelerar o ritmo do processo negociador e obter compromis- sos de liberalização em Hong Kong, não concordaram com a proposta da Índia, alegando uma série de problemas práticos para sua implementação. Dica Economizando água em sua casa Água da chuva Aproveite, sempre que possível, a água de chuva. Você pode armazená-la em recipientes colocados na saída das calhas ou na beirada do telhado e depois usá-la para regar as plantas. Só não se esqueça de tampar os reci- pientes depois, para que não se tornem focos de mosquito da dengue! Calçada Evite lavar a calçada. Limpe-a com uma vassoura ou lave-a com a água já usada na lavagem das roupas. Utilize o resto da água com sabão para lavar o seu quintal. Depois, se quiser, jogue um pouco de água no chão, somente para “baixar a poeira”. Para isso, você pode usar aquela água que sobrou do tanque ou máquina de lavar roupas. 39 Desenvolvimento Sustentável Unidade 2 Colocando em prática Você finalizou mais uma unidade. É hora de acessar seu AVA e realizar as atividades elaboradas. Relembrando Nesta unidade, você pôde comparar a economia do meio ambiente e a eco- nomia ecológica. Viu que essas duas áreas do conhecimento tornaram-se uma das principais questões debatidas atualmente e que se refere ao pro- cesso de se associarem valores econômicos aos bens e serviços ambientais. Você pôde compreender melhor por que a conscientização quanto à questão ambiental deve fazer parte das decisões de consumo e produ- ção, de maneira que se possa crescer sustentavelmente. Muitas saídas para a problemática foram apresentadas a você, como, por exemplo, a conduta das empresas, que devem otimizar seus processos produtivos, além de realizar campanhas de conscientização para seus funcionários e internalizar os custos sociais gerados por suas atividades. E, por fim, você analisou os diversos métodos capazes de valorar os recursos ambientais existentes. Na próxima unidade, você vai conhecer os recursos naturais que ge- ram energia, bem como os que servem de matéria-prima. Vai descobrir o que são hidrocarbonetos e refletir sobre algumas questões-chave a respeito dos recursos. Até lá! Saiba Mais Conta-se que Mahatma Gandhi, ao ser perguntado se, depois da inde- pendência, a Índia perseguiria o estilo de vida britânico, teria respondi- do: “... a Grã-Bretanha precisou de metade dos recursos do planeta para alcançar sua prosperidade; quantos planetas não seriam necessários para que um país como a Índia alcançasse o mesmo patamar?” A sabedoria de Gandhi indicava que os modelos de desenvolvimen- to precisam mudar. Os estilos de vida das nações ricas e a economia mundial devem ser reestruturados para levar em consideração o meio ambiente. 40 Capacitação Ambiental Alongue-se Que tal relaxar um pouco? Afinal, você deu tudo de si, estudou com atenção e realizou as atividades de aprendizagem. Tire um tempo para renovar suas energias. 41 Objetivos de Aprendizagem Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer os tipo de recursos terrestres e suas possibilidades de gerar energia e, ainda, conseguirá diferenciar os principais hidrocarbonetos e suas atuações no merca- do econômico. Aulas Aula 1: Recursos, energia e matérias-primas Aula 2: Hidrocarbonetos Aula 3: Algumas questões-chave sobre os recursos 3A cobrança pelo Uso dos Recursos Naturais 42 Capacitação Ambiental Para Iniciar “A natureza pode suprir todas as necessidades do homem, menos a sua ganância” Gandhi Aula 1: Recursos, energia e matérias-primas Quase tudo o que é feito ou construído, assim como quase toda a energia uti- lizada, provém da Terra. A sociedade moderna é cada vez mais dependente dos recursos minerais e energéticos. Estes não são renováveis, e a sua disponibilida- de, seus custos de produção e sua distribuição geográfica são muito diversos. Durante o último século, o principal interesse da indústria ligada à procura e produção de recursos não renováveistransitou dos minerais metálicos para os minerais industriais, para o petróleo e para o gás. Isto fez com que a indústria dos recursos se tornasse um dos atores principais das economias nacionais, tan- to em países desenvolvidos como em países em vias de desenvolvimento. Os recursos minerais possuem natureza e composição diversas que refletem a sua origem. Os processos que originam os depósitos minerais vão desde intrusões magmáticas a partir do manto terrestre, passando pelos processos sedimentares na superfície, até os impactos de meteoritos causados por depósitos de níquel. A avaliação da possibilidade de prospecção mineral requer que os geólogos compreendam esses processos e as interações que estão por trás das diferenças entre uma formação rochosa vulgar e um depósito mineral com valor econômico. Atenção 43 Desenvolvimento Sustentável Unidade 3 A procura crescente de recursos requer uma exploração continuada e um de- senvolvimento de depósitos minerais que ainda nem sequer foram descobertos. De acordo com o Projeto Global de Avaliação de Recursos Minerais (USGS), mesmo que a descoberta de um depósito de alta qualidade mundial seja um acontecimento raro, não se espera uma redução global dos recursos não com- bustíveis num futuro próximo. No entanto, um número crescente e uma varie- dade de obstáculos começaram a restringir a disponibilidade desses recursos. Os principais recursos minerais da Terra não se encontram em vias de esgota- mento, pelo menos num futuro próximo, mas a disponibilidade de exploração e produção desses recursos encontra-se restringida, em muitas regiões, pelas leis de utilização do subsolo, assim como por questões políticas e ambientais. O “problema dos recursos minerais” é, essencialmente, uma questão de econo- mia do desenvolvimento dos recursos minerais de maneira socialmente e am- bientalmente responsável. Para um planejamento informado e uma tomada de decisões respeitosas ao desenvolvimento sustentável dos recursos, é necessária uma perspectiva global de longo prazo e, também, uma abordagem integrada relativa à utilização do subsolo e dos recursos e à gestão ambiental. Por outro lado, essa abordagem requer que a informação imparcial sobre a distribuição global dos recursos minerais conhecidos, os fatores econômicos que influenciam o seu desenvolvimento e as consequências ambientais da sua exploração esteja disponível. Mineração sustentável A mineração sustentável relaciona-se com a perturbação social advinda do ciclo de vida de pesquisas, da descoberta, da exploração, da utilização dos recursos e da recuperação dos locais. A indústria extrativa está bem ciente de que, se as companhias querem preservar a sua legitimidade social, os desafios ambientais e sociais devem ser tomados a sério. A procura mundial por materiais de construção, que incluem rochas em bloco ou moídas, areias, britas e argilas, continua a aumentar. O total da extração glo- bal é de cerca de 25 bilhões de toneladas, 13 das quais são agregados. A avalia- ção dos melhores métodos de preservação e extração desses recursos necessita de um planejamento cuidadoso, a fim de evitar conflitos acerca do uso da terra. Você sabia que as reservas medidas e indicadas de minério de ferro no Brasil alcançam 26 bilhões de toneladas, situando o Brasil em 5o lugar em relação às reservas mundiais, de 370 bilhões de toneladas? Pergunta 44 Capacitação Ambiental Entretanto, considerando as reservas em termos de ferro contido no minério, o Brasil assume lugar de destaque no cenário internacional. Nosso minério tem um teor mais alto de ferro devido ao minério hematita (60% de ferro), predomi- nante no Pará, e itabirito (50% de ferro), predominante em Minas Gerais. Veja o gráfico abaixo: Figura 5 – Produção de minério de ferro no Brasil e no mundo Fonte: Magnum Mineração (2010 Rocha e agregados A indústria de agregados fornece materiais para uma grande variedade de constru- ções, incluindo estradas, caminhos de ferro, aeroportos, edifícios, portos e outras obras de engenharia civil, assim como as matérias-primas para o cimento. Os agregados são obtidos da exploração de pedreiras e areeiros em terra e no mar e, ainda, por meio da reciclagem de resíduos industriais e advindos de cen- trais térmicas. A indústria também fornece quantidades significativas de argilas e rochas naturais. Muitos países tentam minimizar o volume de materiais extraídos de pedreiras, areeiros e do fundo do mar de forma a proteger o ambiente e conservar a qua- lidade e a quantidade dos recursos hídricos. 45 Desenvolvimento Sustentável Unidade 3 A recuperação da paisagem de antigas pedreiras leva, muitas vezes, a novas possibilidades no que diz respeito à futura utilização da terra. A avaliação qualitativa dos materiais de construção é essencial para aperfeiçoar o ajuste do material com o trabalho a ser feito. O desenvolvimento da investigação abrirá novas oportunidades no crescente comércio de rochas ornamentais em países em vias de desenvolvimento. O melhoramento de métodos de exploração, a produção de resíduos menos perigosos, o desenvolvimento de novas tecnologias e instrumentos e melhores e mais funcionais produtos beneficiarão toda a sociedade. Aula 2: Hidrocarbonetos A indústria do petróleo mostrou que é possível lidar com os desafios ambien- tais. O gás natural tem-se tornado um combustível cada vez mais atrativo para diversas utilizações. Isso porque ele fornece uma chama limpa, com gases de exaustão relativamente não poluentes, uma facilidade de controle de fluxo de calor e, quando necessá- rio, provoca alta intensidade de calor. Em situações especiais, pode ser usado, igualmente, como um combustível de automóvel na forma de gás comprimido ou liquefeito. O petróleo é um recurso não renovável que tem origem na matéria orgânica proveniente de antigas plantas e microrganismos. Em 2004, a quantidade de crude e gás natural que, potencialmente, ainda poderia ser explorada, estava estimada em cerca de 158 gigatoneladas de “equivalente do petróleo” tanto para o crude como para o gás natural. Atenção Dica 46 Capacitação Ambiental Quando se fala em petróleo, logo o Oriente Médio vem à cabeça. Ele continua sendo o principal protagonista na indústria do petróleo, ofuscando o resto do mundo em reservas pretolíferas e garantindo sua proeminência no cenário político global. Só a Arábia Saudita possui 25% das reservas comprovadas no mundo. Observe na figura a seguir. Figura 6 – Reservas de petróleo comprovadas até 2002 Fonte: BBC Brasil (2004) O Mar do Norte e o Canadá ainda possuem reservas significativas, mas de extração cara. Hidratos naturais de gás, assim como outros recursos não con- vencionais (petróleos extrapesados, areias betuminosas, gás em areias imper- meáveis, metano em camadas carboníferas, metano em reservatórios superfi- ciais e metano dissolvido na água) não são contabilizados nessa estimativa, mas existem em quantidades apreciáveis. Reflita Os especialistas esperam que, dentro de 30 a 50 anos, os recursos não convencionais, incluindo os hidratos, constituam parte importante do consumo mundial de energia. Todavia, o seu desenvolvimento deve ser seguido cuidadosamente, tendo em conta sua utilidade, mudanças macroeconômicas e preferências políticas. Um mercado de gás verdadeiramente internacional pode ser possível em novas tecnologias, como as células de combustível, a geração de redes de distribui- ção, sistemas de armazenamento de hidrogênio, tecnologia de conversão de gás para líquidos e microgeradores, podem alterar radicalmente o sistema inter- nacional de energia. 47 Desenvolvimento Sustentável Unidade 3 Reservas futuras de gás natural no Brasil A expectativa de que a oferta adicional de gás natural originário do litoral brasileiro (Nordeste e Sudeste) reduza a importância do insumo fornecido pela Bolívia dentro da matriz energética nacional nos próximos anos já impulsiona a elaboração de projetos que objetivama eficiência energética no país. Veja na figura a seguir: Figura 7 – Reservas futuras de gás natural no Brasil Fonte: Site Gás Virtual <htt://www.gasvirtual.com.br> Para Mario Zanelli, diretor comercial da Iqara Energy Services, empresa que atua no segmento de soluções energéticas, o empresário brasileiro já passou a ver a crise na Bolívia como algo secundário. Essa preocupação perdeu força quando a Petrobras mudou sua política de investimentos, principalmente no exterior, e decidiu investir, aproximadamente, US$ 22 bilhões entre 2007 e 2011, a fim de ampliar a oferta de gás ao mercado interno. 48 Capacitação Ambiental Durante o segundo quartel do século XXI, é provável que surja uma economia baseada no hidrogênio como derradeira energia de transporte e, provavelmen- te, uma economia baseada no metano. Ao longo dos últimos 40 anos, muitos cientistas proeminentes deram conta de que, no futuro, o mundo deixará de ter petróleo. Todavia, em última análise, essas observações podem ser irrelevantes. Em longo prazo, os custos marginais respeitantes à substituição do petróleo serão avaliados num contexto que con- templa comodidade, qualidade e custos associados ao fornecimento de serviços de energia alternativos. A partir de determinado momento, as fontes de energia não fóssil vão se tornar competitivas. Por exemplo, algumas pessoas revelam-se preocupadas com o futuro do gás natural no Brasil. O gráfico abaixo mostra que tais preocupações podem ser minimizadas no futuro próximo: Figura 8 – Reservas provadas de gás natural no Brasil em 2005 Fonte: Petrobrás/ANP (2005) 49 Desenvolvimento Sustentável Unidade 3 Aula 3: Algumas questões-chave sobre os recursos Recursos naturais, política e impactos sociais De acordo com o BP Statistical Review of World Energy 2009, as reservas brasi- leiras de petróleo e gás natural estão entre as de maior crescimento em todo o mundo, aumentando a uma taxa composta anual de 7,4%: de 1,7 bilhão de BOE em recursos comprovados em 1980 para 12,9 bilhões no final de 2008. Observe o gráfico abaixo: Figura 9 – Gráfico do crescimento das reservas de petróleo e gás natural entre 1980 e 2006 (em bilhões de barris de óleo equivalente – BOE) Fonte: BP Statistical Reviw of World Energy (2007) 50 Capacitação Ambiental A descoberta de um grande depósito mineral – por exemplo, um constituído por elementos do grupo da platina (EGP) num país industrializado – seria um bem econômico, mas teria relativamente pouco efeito na economia nacional. A extração de recursos naturais requer uma atenção especial ao desenvolvimen- to sustentável, envolvendo aspectos econômicos, ambientais e socioculturais. Apesar de não se saber quais serão as reservas mais importantes daqui a 100 anos, é quase certo que a sociedade continuará a necessitar de energia e de uma grande variedade de matérias-primas. No futuro, será necessário fazer um trabalho no sentido de documentar as reservas e os recursos conhecidos e atu- alizar as estimativas de recursos desconhecidos. Esses recursos incluirão: � Produção de energia: petróleo e gás convencional e não convencional, car- vão, urânio, tório, energia geotérmica, solar e eólica; � Minerais metálicos: cobre, ferro, manganês, molibdénio, níquel, tungsténio, zinco, chumbo, ouro, prata, alumínio, platina e paládio; � Minerais industriais e especiais, incluindo matérias-primas para cimento, terras raras e diamantes; � Água, tanto superficial como subterrânea. Atenção É preciso uma abordagem global a essas e a outras questões relacionadas que, com uma cooperação internacional apropriada, pode ser alcançada durante as comemorações do Ano Internacional. Algumas avaliações globais de recursos minerais que envolvem colaboração intergovernamental já foram iniciadas. Permanecem grandes incertezas na estimativa dos recursos a serem descobertos. Geo-metano, “queima de gás”, reservas superficiais e recursos em lagos profundos A “queima de gás” (flaring) é a combustão do gás natural que não pode ser vendido ou utilizado devido a razões econômicas ou técnicas. Ela representa uma grande perda de energia anual e tem, possivelmente, consequências am- bientais negativas. O metano associado à produção de petróleo é queimado em muitas partes do mun- do, uma vez que o regime de economia de “queima de gás” é melhor que as alterna- tivas (utilização local, desenvolvimento de gasodutos ou reinjeção no reservatório). 51 Desenvolvimento Sustentável Unidade 3 Uma alternativa é converter o gás metano em hidrocarbonetos líquidos que podem ser utilizados para a geração de energia em centrais elétricas, combustível para ja- tos e querosene. No entanto, é desconhecida a escala do problema da “queima de gás”, dado essencial antes do estabelecimento de prioridades e medidas. Uma associação global público-privada, conduzida pelo Banco Mundial, foi estabelecida em 2002 a fim de abordar a questão de “queima de gás”. Estima-se que só na África ela represente uma perda de energia equivalente a 500 milhões de dólares por ano. Para que haja uma efetiva diminuição desse desperdício, muito do gás correntemente queimado terá de ser exportado. No entanto, a ênfase deve ser colocada nos mercados locais, uma vez que é aí que o gás pode ter um impacto positivo no desenvolvimento econômico de áreas pobres. Mesmo a utilização em pequena escala de gás pode ter impactos significativos, providenciando benefícios ambientais locais devido à substituição da utilização da madeira como combustível. Assim, é importante avaliar o potencial de todas as fontes de metano, seja da “queima de gás”, da acumulação superficial ou de recursos de lagos profundos. Grandes quantidades de recursos de gás são abandonadas quando ocorrem demasiadamente longe dos consumidores, tornando difícil o transporte do produto. A conversão do gás em líquido permitirá o aproveitamento econômico dessas reservas de gás longínquas que, apesar de consideradas demasiadamente distantes dos mercados para valer a pena, são suficientemente grandes para, potencialmente, satisfazer as necessidades energéticas do mundo durante os próximos 25 anos. São conhecidas pequenas ocorrências superficiais de petróleo e gás em todo o mundo. Estas podem ser saídas de gás natural, infiltrações de petróleos, depó- sitos de betumes semissólidos e filões de asfalto que impregnam rochas poro- sas. O metano, o gás mais comum que se consegue escapar para a superfície, existe enquanto recurso geológico em, praticamente, todo o mundo, a partir de fontes biogênicas, termogênicas (associadas ao petróleo) ou como gás vul- cânico e hidrotermal. Grandes quantidades desse gás podem ser encontradas em reservatórios de petróleo e, como gás biogênico, em depósitos porosos superficiais em bacias ou sub-bacias que contêm sedimentos com uma espes- sura maior que 1000 metros. Atenção 52 Capacitação Ambiental Colocando em prática Com o fim desta unidade, é importante você testar seus novos conheci- mentos. Acesse o AVA e faça os exercícios de fixação propostos. Relembrando Nesta unidade, você pôde conferir o porquê da preocupação mundial com os recursos naturais. Um número crescente e uma variedade de obstáculos começaram a restringir a disponibilidade desses recursos. Os principais recursos minerais da Terra não se encontram em vias de esgotamento, pelo menos num futuro próximo, mas a disponibilida- de de exploração e produção desses recursos encontra-se restringida em muitas regiões pelas leis de utilização do subsolo, assim como por questões políticas e ambientais. Viu também que, em relação à mineração sustentável, a indústria extra- tiva está bem ciente de que, se as companhias querem preservar a sua legitimidade social, os desafios ambientais e sociais devem ser toma- dos a sério. Percebeu que a procura mundial por materiais de construção que in- cluem as rochas em bloco ou moídas, areias, britas e argilas continuam a aumentar. Esses agregados são obtidos por meio da exploraçãode pedreiras e areeiros em terra e no mar e, ainda, por meio da reciclagem de resíduos industriais e de centrais térmicas. Entrou, ainda, no assunto do gás natural, que tem se tornado um com- bustível cada vez mais atrativo para inúmeras utilizações. Ele fornece uma chama limpa, com gases de exaustão relativamente não poluen- tes, uma facilidade de controle de fluxo de calor e, quando necessário, provoca alta intensidade de calor. Um detalhe importante de se saber é que as reservas brasileiras de petróleo e gás natural estão entre as de maior crescimento em todo o mundo. Já o gás metano associado à produção de petróleo é queimado em muitas partes do mundo, uma vez que o regime de economia de “quei- ma de gás” é melhor que as alternativas (utilização local, desenvolvi- mento de gasodutos ou reinjeção no reservatório). Para inverter essa situação, uma alternativa está sendo pensada: converter o gás metano em hidrocarbonetos líquidos que podem ser utilizados para a geração de energia em centrais elétricas, como combustível para jatos e quero- sene. Mesmo a utilização em pequena escala de gás pode ter impactos significativos, providenciando benefícios ambientais locais devido, por exemplo, à substituição da utilização da madeira como combustível. 53 Desenvolvimento Sustentável Unidade 3 Por fim, você pôde concluir que a extração de recursos naturais requer uma atenção especial ao desenvolvimento sustentável, envolvendo aspectos econômicos, ambientais e socioculturais. Daqui a 100 anos, é quase certo que a sociedade continuará a necessitar de energia e de uma grande variedade de matérias-primas. Na próxima unidade, você vai se familiarizar com definições importantes den- tro do desenvolvimento sustentável e, ainda, vai conhecer as leis que o regem. Saiba Mais Recuperação ecológica de pedreiras: um caso de estudo na Serra da Arrábida, em Portugal A exploração de pedreiras tem originado grandes extensões de áreas de- gradadas por toda a Bacia do Mediterrâneo, especialmente desde o início do século XX. Em Portugal, muitas dessas explorações situam-se em áreas que, pelo seu valor natural, têm estatuto de áreas protegidas. A escassez de controle e fiscalização tem permitido alterações ambientais de repercussões desconhecidas no que diz respeito à biodiversidade e aos ecossistemas, em- bora com impacto visual bem evidente. Apesar de a atual legislação obrigar os proprietários à regularização dos solos e da cobertura vegetal após a exploração, são numerosas as opressoras “crateras” resultantes de pedreiras abandonadas desde há décadas em áreas protegidas. Figura 10 – Aspecto de áreas intervencionadas em pedreira. 54 Capacitação Ambiental As atividades extrativas a céu aberto alteram drasticamente o relevo, levando à destruição do solo, da vegetação e, consequentemente, da fauna. Nas pedreiras, as superfícies rochosas, de grande declive e sem solo, dificilmente propiciam a fixação de espécies vegetais e, consequentemente, a regeneração espontânea da vegetação. Esse impacto é tanto mais dramático quando, em zonas de clima mediterrânico, se associa a fortes constrangimentos ambientais, tais como a es- cassez hídrica e altas temperaturas estivais. Os impactos decorrentes da acumu- lação de grandes massas de escombros e da dispersão das poeiras nas regiões envolventes são também aspectos potencialmente preocupantes. Alongue-se Que tal dar um descanso para sua mente e o corpo? Desligue-se dos estudos por alguns instantes e procure descontrair. Faça algo que você adora. Só volte quando se sentir preparado novamente. 55 Objetivos de Aprendizagem Ao final desta unidade, você entenderá melhor as leis de proteção dos recursos ambientais, bem como conhecerá algumas definições importantes dos temas que en- volvem o desenvolvimento sustentável. Aula Aula 1: Definições importantes e legislação 4Legislação de Proteção de Recursos Ambientais 56 Capacitação Ambiental Para Iniciar “É um presente dos céus, tão essencial à vida quanto o ar que respiramos e, antigamente, encontrada em abundância. Por isso, a água doce é frequentemente tratada como um bem livre por consumidores e usada prodigamente”. Financial Times, informando a realização do 2º World Water Forum, em 15/03/2000. Aula 1: Definições importantes e legislação Antes de entrarmos no assunto das legislações de proteção dos recursos am- bientais, é interessante entender algumas definições. Acompanhe: � Meio ambiente – É o conjunto de condições, leis, influências e infra-estrutu- ra de ordem física, química e biológica que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. � Biosfera – Bios vem do grego e siginifica vida. Esfera significa camada, espa- ço. A biosfera se estende um pouco acima e um pouco abaixo da superfície do planeta. É uma película de terra firme, água, energia e ar que envolve o planeta Terra. É o hábitat viável de todas as espécies de seres vivos. � Ecologia – É o estudo do lugar onde se vive, com ênfase sobre a totalidade ou o padrão de relações entre os organismos e o seu ambiente. Deriva do grego oikos, que significa casa, e de logos, que significa estudo, ou seja, é o estudo do meio ambiente onde se vive e da sua relação e interação com todos os seres vivos. � Impacto ambiental – É qualquer alteração das propriedades físicas, quími- cas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamen- te, afetam a saúde, a segurança e o bem estar da população: as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; a qualidade dos recursos ambientais. 57 Desenvolvimento Sustentável Unidade 4 Uma vez compreendidas essas definições, pode-se proseguir para a legislação. A legislação ambiental brasileira é uma das mais completas do mundo. Ape- sar de não serem cumpridas da maneira adequada, as 17 leis ambientais mais importantes podem garantir a preservação do grande patrimônio ambiental do país. São as seguintes: � LEI no 7.347, de 24 de julho de 1985: Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (VETADO) e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Artigo 1o Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados: (Redação dada pela Lei no 8.884, de 11 de junho de1994). l – ao meio ambiente; ll – ao consumidor; III – à ordem urbanística; (Incluído pela Lei no 10.257, de 10 de julho de 2001) (Vide medida provisória no 2.180-35, de 2001); IV – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; (Renumerado do Inciso III, pela Lei no 10.257, de 10 de julho de 2001); V – por infração da ordem econômica e da economia popular; (Redação dada pela medida provisória no 2.180-35, de 2001); VI – à ordem urbanística. (Redação dada pela medida provisória no 2.180-35, de 2001); Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvam tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser individualmente determinados. (Incluído pela medida provisória no 2.180-35, de 2001). 58 Capacitação Ambiental Artigo 2o As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa. Parágrafo único. A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. (Incluído pela medida provisória no 2.180-35, de 2001) Artigo 3o A ação civil poderá ter por objeto
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