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1 - DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

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Prévia do material em texto

Desenvolvimento 
Sustentável
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI
Armando de Queiroz Monteiro Neto
Presidente
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI
Conselho Nacional
Armando de Queiroz Monteiro Neto
Presidente
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL - SENAI
Departamento Nacional
José Manuel de Aguiar Martins
Diretor Geral
Regina Maria de Fátima Torres
Diretora de Operações
Confederação Nacional da Indústria 
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial 
Departamento Nacional
Desenvolvimento 
Sustentável
Brasília 
2010
José Roberto de Souza de Almeida Leite
© 2010. SENAI – Departamento Nacional
É proibida a reprodução total ou parcial deste material por qualquer meio ou sistema sem o prévio 
consentimento do editor. 
Equipe técnica que participou da elaboração desta obra
SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
Departamento Nacional
Setor Bancário Norte, Quadra 1, Bloco C 
Edifício Roberto Simonsen – 70040-903 – Brasília – DF 
Tel.:(61)3317-9000 – Fax:(61)3317-9190 
http://www.senai.br
Coordenador Projeto Estratégico 14 DRs
Luciano Mattiazzi Baumgartner - Departamento 
Regional do SENAI/SC
Coordenador de EaD - SENAI/PI
José Martins de Oliveira Filho - SENAI/PI
Coordenador de EaD – SENAI/SC em Florianópolis
Diego de Castro Vieira - SENAI/SC em 
Florianópolis
Design Educacional, Design Gráfico, 
Diagramação e Ilustrações
Equipe de Desenvolvimento de Recursos 
Didáticos do SENAI/SC em Florianópolis
Revisão Ortográfica e Normativa
FabriCO 
 
 
Ficha catalográfica elaborada por Luciana Effting CRB 14/937 – SENAI/SC Florianópolis 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 L533d 
Leite , José Roberto de Souza de Almeida 
 Desenvolvimento sustentável / José Roberto de Souza de Almeida 
Leite. Brasília: SENAI/DN, 2010. 
 162 p. : il. color ; 30 cm . 
 
Inclui bibliografias. 
 
 1. Meio ambiente . 2. D esenvolvimento econômico – Aspectos 
ambientais . 3. Ecologia industrial. 4. Proteção ambiental. I . SENAI. 
Departamento Nacional. II. Título. 
 
 CDU 658.408 
Apresentação do curso ............................................................................... 07
Plano de estudo ............................................................................................. 09
Unidade 1: Conceitos Básicos e Gestão do Ambiente ...................... 11
Unidade 2: Economia e Meio Ambiente: Bens e Serviços
Ambientais ....................................................................................................... 27
Unidade 3: A cobrança pelo Uso dos Recursos Naturais ................. 41
Unidade 4: Legislação de Proteção de Recursos Ambientais ......... 55
Unidade 5: Sistema Nacional do Meio Ambiente ............................... 73
Unidade 6: Desenvolvimento Sustentável e a Indústria ................... 87
Unidade 7: Química Verde: Uma Nova Visão de 
Desenvolvimento na Área de Tecnologia .............................................. 101
Unidade 8: Conveções do Meio Ambiente: Agenda 21, 
Rio +10 e Protocolo de Quioto ................................................................. 115
Unidade 9: Avaliação de Impactos Ambientais ................................... 129
Unidade 10: Conservação Ambiental versus Desenvolvimento ..... 143
Sobre o Autor .................................................................................................. 157
Referências ....................................................................................................... 159
Sumário
7
O desenvolvimento que procura satisfazer as ne-
cessidades da geração atual sem comprometer a 
capacidade das gerações futuras de satisfazer as 
suas próprias necessidades necessita possibilitar 
que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível 
satisfatório de desenvolvimento social e econômico 
e de realização humana e cultural, fazendo, ao mes-
mo tempo, um uso razoável dos recursos da terra e 
preservando as espécies e os hábitats naturais. 
Essas e outras questões serão debatidas neste curso, 
que se será dividido em dez unidades. Na primeira 
unidade, serão demonstrados conceitos básicos, ges-
tão do ambiente e desenvolvimento sustentável no 
Brasil e no exterior. Nas duas unidades seguintes, se-
rão abordados a economia e o meio ambiente: bens e 
serviços ambientais e a cobrança pelo uso dos recur-
sos naturais. A quarta e a quinta unidades, respectiva-
mente, colocarão em pauta a legislação de proteção 
de recursos ambientais e o Sistema Nacional do Meio 
Ambiente. Uma visão mais atual de desenvolvimento 
sustentável e indústria será abordada na sexta unida-
de. A química verde: uma nova visão de desenvolvi-
mento na área tecnológica trará informações de como 
a tecnologia está podendo contribuir para o desen-
volvimento com sustentabilidade. Nas unidades oito e 
nove, as Convenções do Meio ambiente: Agenda 21, 
Rio +10 e Protocolo de Quioto e Avaliação de Impac-
tos Ambientais formarão um repertório de assuntos 
debatidos nos órgãos internacionais. Por fim, conser-
vação ambiental versus desenvolvimento fechará este 
curso, como uma discussão de como chegar ao equi-
líbrio entre as questões ambientais e as industriais no 
mundo moderno.
Bons estudos!
Apresentação 
do Curso
8
9
Carga Horária
40h
Ementa
Estudo dos conceitos básicos e gestão do ambiente; 
caracterização de bens e serviços ambientais; des-
crição da ccobrança pelo uso dos recursos naturais; 
introdução à legislação de proteção de recursos 
ambientais; caracterização do Sistema Nacional do 
Meio Ambiente; estabelecimento de relações entre 
desenvolvimento sustentável e indústria; reflexão 
sobre a Química Verde: uma nova visão de desen-
volvimento na área de tecnologia; discussão sobre 
as convenções do meio ambiente: Agenda 21, Rio 
+10 e Protocolo de Quioto; estudo da avaliação de 
impactos Ambientais; confronto entre conservação 
ambiental e desenvolvimento.
Objetivos
Objetivo Geral:
 � Dar ciência ao aluno das questões ambientais rele-
vantes no mundo de hoje, com base na economia;
 � Possibilitar ao aluno uma reflexão embasada na 
história e nas leis ambientais relacionadas com o 
desenvolvimento sustentável e nas questões dis-
cutidas nas reuniões oficiais dos líderes estatais;
 � Ensinar ao aluno como pequenas mudanças de 
hábitos podem transformar o planeta.
Plano de Estudos
10
Objetivos Específicos:
 � Avaliar os conceitos básicos de gestão do ambiente;
 � Conhecer aspectos da economia e meio ambiente, além dos bens e ser-
viços ambientais;
 � Diagnosticar a cobrança pelo uso dos recursos naturais;
 � Conhecer a legislação de proteção de recursos ambientais e o Sistema Na-
cional do Meio Ambiente;
 � Avaliar o desenvolvimento sustentável e a indústria;
 � Compreender a Química Verde e a nova visão de desenvolvimento na 
área tecnológica;
 � Conhecer as convenções do meio ambiente: Agenda 21, Rio +10 e Pro-
tocolo de Quioto;
 � Diagnosticar as avaliações de impactos ambientais;
 � Conservação ambiental versus Desenvolvimento.
Este curso está subdividido em 10 unidades de 4 horas cada. Todos os conte-
údos estão correlacionados. O aluno fica na obrigação de ler atentamente a 
apostila e realizar as atividades de aprendizagem disponíveis no AVA, que foram 
elaboradas de acordo com cada unidade.
11
Objetivos de Aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de 
situar o desenvolvimento sustentável no 
mundo atual, reconhecer os seus três com-
ponentes de atuação e identificar as novas 
estratégias nacionais para o desenvolvi-
mento sustentável no planeta.
Aulas
Aula 1: Introdução e histórico do desenvol-
vimento sustentável 
Aula 2: Âmbito e definições de aplicação.
Aula 3: Os componentes do desenvolvimen-
to sustentávelAula 4: Estratégias nacionais de desenvolvi-
mento sustentável
1Conceitos Básicos e Gestão 
do Ambiente
12
Capacitação Ambiental
Para Iniciar
“As letras e a ciência só tomarão o seu verdadeiro lugar na obra do 
desenvolvimento humano no dia em que, livres de toda a servidão 
mercenária, forem exclusivamente cultivadas pelos que as amam e 
para os que as amam.” Piotr Kropotkine
Aula 1: 
Histórico do 
desenvolvimento 
sustentável
Definições e conceitos
Antes de iniciar esta aula, é importante que você se familiarize com o tema 
deste curso. Desenvolvimento sustentável é um conceito sistêmico traduzido 
num modelo de desenvolvimento global que incorpora os aspectos de desen-
volvimento ambiental. Foi usado pela primeira vez em 1987, no Relatório Brun-
dtland, um relatório elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento, criada em 1983 pela Assembléia das Nações Unidas. Leia o 
trecho a seguir (COMISSÃO..., 1988):
“O desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da 
geração atual sem comprometer a capacidade das gerações futuras 
de satisfazer as suas próprias necessidades significa possibilitar 
que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório 
de desenvolvimento social e econômico e de realização humana e 
cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da 
terra e preservando as espécies e os hábitats naturais.” 
13
Desenvolvimento Sustentável
Unidade 1
História 
Ao longo das ultimas décadas, vários acontecimentos marcaram a evolução do 
conceito de desenvolvimento sustentável. Isso ocorre devido aos avanços no 
progresso tecnológico e ao aumento da consciencialização das populações para 
com eles. Acompanhe, a seguir, a linha do tempo da sustentabilidade.
1968: criação do Clube de Roma, que reune pessoas em cargos de relativa 
importância em seus respectivos países, visando a promover um crescimento 
econômico estável e sustentável da humanidade. O Clube de Roma tem, entre 
seus membros principais, cientistas, inclusive alguns prêmios Nobel, economis-
tas, políticos, chefes de estado e, até mesmo, associações internacionais.
16 de junho de 1972: Conferência sobre o Ambiente Humano das Nações 
Unidas (Estocolmo). É a primeira Cimeira da Terra. Pela primeira vez, ocorre uma 
preocupação mundial com as questões ambientais globais.
1979: o filósofo Hans Jonas exprime a sua preocupação no livro Princípio 
responsabilidade.
1980: a União Internacional para a Conservação da Natureza publicou um 
relatório intitulado A Estratégia Global para a conservação, no qual surge, pela 
primeira vez, o conceito de “desenvolvimento sustentável”.
1987: o Relatório Brundtland, Nosso futuro comum, foi preparado pela Comis-
são Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Nele, formalizou-se o 
conceito de desenvolvimento sustentável.
De 3 a 14 de junho de 1992: realiza-se a Conferência das Nações Unidas sobre 
o Ambiente e o Desenvolvimento (segunda Cimeira da Terra), durante a qual 
nasce a Agenda 21 e aprovam-se a Convenção sobre Alterações Climáticas, a 
Convenção sobre Diversidade Biológica (Declaração do Rio), bem como a Decla-
ração de Princípios sobre Florestas.
1993: V Programa Ação Ambiente da União Europeia: Rumo a um Desenvolvimento 
Sustentável. Apresentação da estratégia da UE em matéria de ambiente e as ações a se-
rem tomadas para alcançar um desenvolvimento sustentável para o período 1992-2000.
27 de maio de 1994: Primeira Conferência sobre Cidades Europeias Sustentá-
veis. Aalborg (Dinamarca), de onde surgiu a Carta de Aalborg.
8 de outubro de 1996: Segunda Conferência sobre Cidades Europeias Susten-
táveis. Plano de Ação de Lisboa: da Carta à ação.
1997: Terceira Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, 
em Quioto, onde se estabelece o Protocolo de Quioto.
14
Capacitação Ambiental
8 de setembro de 2000: após os três dias da Cimeira do Milênio, que reuniu 
líderes mundiais na sede das Nações Unidas, a assembléia geral aprovou a De-
claração do Milênio.
2000: Terceira Conferência Europeia sobre Cidades Sustentáveis.
De 26 de agosto a 4 de setembro de 2002: acontece a Conferência Mundial 
sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio +10), em Joanesburgo, durante a 
qual se reafirmou o desenvolvimento sustentável como o elemento central da 
agenda internacional e se deu um novo impulso à proteção do ambiente, assim 
como à ação mundial para combater a pobreza.
Fevereiro de 2004: a sétima reunião ministerial da Conferência sobre Diversi-
dade Biológica foi celebrada com a Declaração Kuala Lumpur, que gerou des-
contentamento entre as nações pobres e não satisfez totalmente as ricas.
2004: Conferência Aalborg +10 – Inspiração para o Futuro. Apelo a todos os go-
vernos locais e regionais da Europa para participarem da assinatura do compromis-
so de Aalborg e fazer parte da Campanha Europeia das Cidades Sustentáveis.
11 de janeiro de 2006: Comunicação da Comissão Europeia ao Parlamento 
Europeu sobre a estratégia temática sobre o ambiente urbano. É uma das sete 
estratégias do Sexto Programa de Ação Ambiental para o Ambiente da União 
Europeia, desenvolvido com o objetivo de contribuir para uma melhor qualida-
de de vida por meio de uma abordagem integrada e centrada nas zonas urba-
nas e para tornar possível um elevado nível de qualidade de vida e bem-estar 
social para os cidadãos, proporcionando um ambiente em que níveis da polui-
ção não provoquem efeitos adversos sobre a saúde humana e o ambiente, além 
de promover o desenvolvimento urbano sustentável.
2007: Carta de Leipzig sobre as cidades europeias sustentáveis.
2007: Cimeira de Bali, com o intuito de criar um sucessor do Protocolo de 
Quioto, com metas mais ambiciosas e mais exigente no que diz respeito às 
alterações climáticas.
Julho de 2009: Declaração de Gaia, que implanta o Condomínio da Terra no I 
Fórum Internacional do Condomínio da Terra.
15
Desenvolvimento Sustentável
Unidade 1
Aula 2: 
Âmbito e definições de 
aplicação
O conceito de desenvolvimento sustentável abrange várias áreas e assenta es-
sencialmente num ponto de equilíbrio entre o crescimento econômico, a equi-
dade social e a proteção ao ambiente.
A Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural (UNESCO, 2002) cria um 
novo enfoque na questão social ao afirmar que:
“[…] a diversidade cultural é tão necessária para a humanidade 
como a biodiversidade é para a natureza”. Ela se torna “as raízes 
do desenvolvimento, entendido não só em termos de crescimento 
econômico, mas também como um meio para alcançar a satisfação 
intelectual, emocional, moral e espiritual”.
Nessa visão, a diversidade cultural é a quarta área política do desenvolvimento sustentável.
A Divisão das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável enumera as 
seguintes áreas como incluídas no âmbito do desenvolvimento sustentável:
 � noções de sustentabilidade fraca;
 � noções de sustentabilidade; 
 � ecologia profunda. 
Diferentes concepções revelam, também, uma forte tensão entre ecocentrismo 
e o antropocentrismo. O conceito permanece mal definido e gera uma grande 
quantidade de debates a respeito de sua definição.
Durante os últimos dez anos, diversas organizações têm tentado medir e moni-
torar a proximidade do que consideram a sustentabilidade, por meio da aplica-
ção do que se chama de métricas e indicadores de sustentabilidade.
O desenvolvimento sustentável é dito para definir limites para o mundo em 
desenvolvimento. Os atuais países de primeiro mundo, significativamente polu-
ídos durante o seu desenvolvimento, incentivam os países do terceiro mundo a 
reduzir a poluição, o que, por vezes, impede o crescimento destes.
16
Capacitação Ambiental
Alguns consideram que a execução do desenvolvimento sustentável implica um 
retorno a estilos de vida pré-modernos.
Indicadores de desenvolvimento sustentável
Em 1995, a Comissão para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas 
aprovou um conjunto de indicadores de desenvolvimento sustentável, com o in-
tuitode servirem como referência para os países em desenvolvimento ou como 
revisão de indicadores nacionais de desenvolvimento sustentável.
Atenção
O quadro atual contém 14 temas, que são ligeiramente modificados a 
partir da edição anterior:
 � Pobreza
 � Perigos naturais
 � O desenvolvimento econômico
 � Governação
 � Ambiente
 � Estabelecer uma parceria global econômica
 � Saúde
 � Terra
 � Padrões de consumo e produção
 � Educação
 � Os oceanos, mares e costas
 � Demografia
 � Água potável, escassez de água e recursos hídricos
 � Biodiversidade.
Cada um desses temas divide-se em diversos subtemas, indicadores padrão e 
outros indicadores.
Além das Nações Unidas, outras entidades elaboram, ainda, outros modelos de 
indicadores, como no caso da Comissão Europeia, da Organização para a Coopera-
ção e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e do Global Environment Outlook (GEO).
17
Desenvolvimento Sustentável
Unidade 1
Aula 3: 
Os componentes do 
desenvolvimento 
sustentável
O campo do desenvolvimento sustentável pode ser conceitualmente dividido 
em três componentes: sustentabilidade ambiental, sustentabilidade econômica 
e sustentabilidade sociopolítica. Para entender melhor, observe a figura repre-
sentativa e, logo depois, a descrição de cada um de seus componentes.
Figura 1 – Esquema representativo das várias componentes do desenvolvimento sustentável 
Sustentabilidade ambiental
A sustentabilidade ambiental consiste na manutenção das funções e compo-
nentes do ecossistema de modo sustentável, podendo, igualmente, designar-se 
como a capacidade que o ambiente natural tem de manter as condições de vida 
para as pessoas e para os outros seres vivos, tendo em conta a habitabilidade, a 
beleza do ambiente e a sua função de fonte de energias renováveis.
18
Capacitação Ambiental
As Nações Unidas, por meio do sétimo ponto das Metas de Desenvolvimento 
do Milênio, procura garantir ou melhorar a sustentabilidade ambiental estabele-
cendo quatro objetivos principais:
1 Integrar os princípios do desenvolvimento sustentável nas políticas e pro-
gramas nacionais e reverter a perda de recursos ambientais;
2 Reduzir, de forma significativa, a perda da biodiversidade;
3 Reduzir para metade a proporção de população sem acesso a água potável e 
saneamento básico;
4 Alcançar, até 2020, uma melhoria significativa em relação a, pelo menos, cem 
milhões de pessoas que vivem abaixo do limiar da pobreza. 
Sustentabilidade econômica
A sustentabilidade econômica, enquadrada no âmbito do desenvolvimento 
sustentável, é um conjunto de medidas e políticas que visam à incorporação de 
preocupações e conceitos ambientais e sociais.
Aos conceitos tradicionais de mais valias econômicas, são adicionados os pa-
râmetros ambientais e socioeconômicos, criando, assim, uma ligação entre os 
vários setores.
Atenção
Assim, o lucro não é somente medido na sua vertente financeira, mas 
também na vertente ambiental e social, o que potencializa o uso mais 
correto das matérias primas e dos recursos humanos.
Há, ainda, a incorporação de uma gestão mais eficiente dos recursos naturais, 
(mineral, matéria prima ou energético), de forma a garantir sua exploração 
sustentável. Isso quer dizer que os recursos são explorados sem causar o seu 
esgotamento, tendo um nível ótimo de poluição (baixo ou nenhum) e acrescen-
tando aos elementos naturais um valor econômico.
19
Desenvolvimento Sustentável
Unidade 1
Sustentabilidade sociopolítica
A sustentabilidade sociopolítica centra-se no equilíbrio social. É um veiculo de 
humanização da economia, e ao mesmo tempo, pretende desenvolver o teci-
do social nos seus componentes humanos e culturais, tanto na sua vertente de 
desenvolvimento social quanto na vertente socioeconômica.
Neste sentido, foram desenvolvidos dois grandes planos: a agenda 21 e as me-
tas de desenvolvimento do milênio.
A Agenda 21 é um plano global de ação a ser cumprido em níveis global, nacio-
nal e local, por organizações das Nações Unidas, governos e grupos locais, nas 
diversas áreas em que se verificam impactos significativos no ambiente. Em ter-
mos práticos, é a mais ambiciosa e abrangente tentativa de criação de um novo 
padrão para o desenvolvimento do século XXI, tendo por base os conceitos de 
desenvolvimento sustentável.
As Metas de Desenvolvimento do Milênio (MDM) surgem da Declaração do 
Milênio das Nações Unidas, adotada pelos 191 Estados-membros no dia 8 de 
setembro de 2000.
Criada em um esforço para sintetizar acordos internacionais alcançados em 
várias cúpulas mundiais ao longo dos anos 1990, relativos a meio ambiente e 
desenvolvimento, direitos das mulheres, desenvolvimento social, racismo, entre 
outros temas, a Declaração traz uma série de compromissos concretos que, se 
cumpridos nos prazos fixados, segundo os indicadores quantitativos que os 
acompanham, deverão melhorar o destino da humanidade neste século. 
Esses projetos são monitorados com recursos ao Índice de Desenvolvimento 
Humano, uma medida comparativa que engloba três dimensões: riqueza, edu-
cação e esperança média de vida.
Há décadas, a humanidade vem perseguindo um novo modelo de crescimento. 
A sociedade percebe hoje, mais do que nunca, que o desenvolvimento eco-
nômico não pode implicar em degradação do ambiente, e que a prosperidade 
deve ser acessível a todos os seres humanos. Essas noções, alinhadas e ordena-
das, deram origem ao conceito de desenvolvimento sustentável, adotado por 
um número cada vez maior de empresas no mundo. Observe, na figura a seguir, 
a estrutura dessas empresas.
20
Capacitação Ambiental
 
Figura 2 – Estrutura de empresas que adotam o desenvolvimento sustentável
Fonte: Solvay Indupa S.A.I.C. (2010)
Aula 4: 
Estratégias nacionais 
de desenvolvimento 
sustentável
O capítulo 8 da Agenda 21 incentiva os países a adotar Estratégias Nacionais de 
Desenvolvimento Sustentável (ENDS), estimulando-os a desenvolver e harmo-
nizar as diferentes políticas setoriais que operam no país. Essas políticas podem 
ser econômicas, sociais, ambientais e de planos.
Atenção
O apelo à elaboração desses documentos estratégicos, que devem 
reforçar e harmonizar as políticas nacionais para a economia, as questões 
sociais e o ambiente, foi reforçado na Sessão Especial da Assembleia 
das Nações Unidas de 1997 (Rio+5), na Cimeira Mundial sobre 
Desenvolvimento Sustentável de 2002 em Joanesburgo (Rio +10).
 
21
Desenvolvimento Sustentável
Unidade 1
A primeira revisão para estabelecer os elementos básicos de boas práticas foi 
um “Manual para NSDS”, preparado por Carew-Reid et al. (1994), partindo das 
experiências compartilhadas por vários países, por meio de relatórios nacionais 
e regionais, durante um projeto liderado pela International Union for Conser-
vation of Nature (IUCN) e o International Institute for Environment and Deve-
lopment (IIED). Esse trabalho preparou o terreno para obras posteriores e foi 
construído pelo Comitê de Ajuda ao Desenvolvimento (CAD) da Organização 
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) no seu trabalho para 
produzir orientações para as estratégias nacionais de desenvolvimento susten-
tável (CAD 2001), que estabeleceu, também, seus princípios acordados, que 
ecoaram na UNDESA após um workshop internacional (UNDESA 2002).
Na prática, é uma estratégia eficaz para o desenvolvimento sustentável e reúne 
as aspirações e capacidades do governo, da sociedade civil e do sector privado 
para criar uma visão para o futuro e para trabalhar taticamente e progressi-
vamente para esses objetivos, identificando e construindo “o que funciona” e 
melhorando a integração entre as abordagens. Essas estratégias incidem sobre 
o que é realmente praticável, pois, com uma estratégia eficaz e abrangente, 
podem-se solucionar vários problemas ao mesmo tempo.
Assim, as ENDS apresentam sete pontos-chave que tratam, de forma integrada, 
das questões econômicas, ambientais e sociais. Acompanhe-as a seguir:
 � Alterações climáticas e energia limpa; 
 � TransporteSustentável; 
 � Consumo e produção sustentáveis;
 � Conservação e gestão dos recursos naturais;
 � Saúde pública;
 � Inclusão social, demografia e migração;
 � A pobreza no mundo; 
 � Agenda 21 local.
A Agenda 21 local é um processo pelo qual as entidades nacionais envolvem-se 
com a comunidade civil na elaboração de uma estratégia conjunta e com um 
plano de ação que vise a melhorar a qualidade de vida localmente.
Pergunta
O que é preciso fazer para alcançar o desenvolvimento sustentável?
22
Capacitação Ambiental
Para ser alcançado, o desenvolvimento sustentável depende de planejamento e 
do reconhecimento da humanidade de que os recursos naturais são finitos. Esse 
novo desenvolvimento econômico deve levar em conta o meio ambiente.
Muitas vezes, desenvolvimento é confundido com crescimento econômico, que 
depende de consumo crescente de energia e de recursos naturais. Esse tipo de 
desenvolvimento tende a ser insustentável, pois leva ao esgotamento dos recur-
sos naturais dos quais a humanidade depende.
Atividades econômicas podem ser encorajadas em detrimento da base de re-
cursos naturais dos países. Desses recursos depende não só a existência huma-
na e a diversidade biológica, como o próprio crescimento econômico.
O desenvolvimento sustentável sugere, de fato, qualidade, em vez de quantida-
de, com a redução do uso de matérias-primas e de produtos e com o aumento 
da reutilização e da reciclagem.
Para que isso dê certo, muitas atitudes, que parecem simples, podem revolucionar 
o progresso do desenvolvimento sustentável. Veja, abaixo, algumas dessas atitudes:
Dicas
Economize água em sua casa
 � Os vazamentos são uma das principais fontes de desperdício de água 
em residências. Eles podem ser evidentes (como uma torneira pingan-
do) ou escondidos (no caso de canos furados ou do vaso sanitário). 
Uma torneira mal fechada pode desperdiçar 46 litros de água em um 
dia. Com uma abertura de 1 mililitro, o fiozinho de água escorrendo 
será responsável pela perda de 2068 litros de água em 24 horas.
 � No caso de vazamentos em vasos sanitários, verifique se há água es-
correndo. Para isso, jogue cinzas, talco ou outro pó fino no fundo da 
privada e observe por alguns minutos. Se houver movimentação do pó 
ou se ele sumir, há vazamento. Outra forma de detectar um vazamento 
é pelo do hidrômetro (ou relógio de água) da casa. Para tanto, siga os 
seguintes passos:
1 Feche todas as torneiras e desligue os aparelhos que usam água 
na casa (só não feche os registros na parede, que alimentam as saí-
das de água).
2 Anote o número indicado no hidrômetro e confira depois de algu-
mas horas para ver se houve alteração ou observe o círculo existente 
no meio do medidor (meia-lua, gravatinha, circunferência dentada) 
para ver se ele continua girando.
23
Desenvolvimento Sustentável
Unidade 1
 � No banho, ao ensaboar-se, feche as torneiras e evite banhos demo-
rados. Reduzindo em 1 minuto o seu banho, você pode economizar 
de 3 a 6 litros de água. Numa cidade onde vivem aproximadamente 2 
milhões de habitantes, poderia haver uma economia de, no mínimo, 6 
milhões de litros. Também não deixe a torneira aberta enquanto ensa-
boa as mãos, escova os dentes ou faz a barba.
 � Quando construir ou reformar um vaso sanitário, dê preferência às cai-
xas de descarga no lugar das válvulas, ou utilize uma de volume reduzi-
do. Não deixe a descarga disparar (no caso das acionados por válvulas). 
 � Lave, de uma vez, toda a roupa acumulada. Deixar as roupas de molho 
por algum tempo antes de lavá-las também ajuda. Ao esfregar a roupa 
com sabão, use um balde com água, que pode ser a mesma usada para 
manter a roupa de molho. Enquanto isso, mantenha a torneira do tan-
que fechada. Enxagúe também utilizando o balde e não água corrente. 
Se você tiver máquina de lavar, use-a sempre com a carga máxima e 
tome cuidado com o excesso de sabão para evitar um número maior de 
enxágues. Caso opte por comprar uma lavadora, prefira as de abertura 
frontal, que gastam menos água que as de abertura superior.
 � Regar jardins e plantas durante 10 minutos significa um gasto de 186 
litros. Você pode economizar 96 litros se tomar estes cuidados: regue 
o jardim durante o verão pela manhã ou à noite, o que reduz a perda 
por evaporação; durante o inverno, regue o jardim em dias alternados 
e prefira o período da manhã; use uma mangueira com esguicho tipo 
revólver; cultive plantas que necessitam de pouca água (bromélias, cac-
tos, pinheiros, violetas); molhe a base das plantas, não as folhas; Utilize 
cobertura morta (folhas, palha) sobre a terra de canteiros e jardins. Isso 
diminui a perda de água.
Colocando em prática
Você finalizou a primeira unidade do seu curso. Parabéns! 
Agora, acesse o ambiente virtual de aprendizagem (AVA) e encontre as 
atividades desenvolvidas especialmente para esta etapa. Exercite o seu 
conhecimento.
24
Capacitação Ambiental
Relembrando
Nesta unidade, você descobriu que o desenvolvimento sustentável é 
tão importante para a economia quanto para o planeta. Ele é ponto 
crucial na reorganização mundial e no foco dos países em desenvolvi-
mento. Possui três ramificações: sustentabilidade ambiental, econômica 
e sociopolítica. A sustentabilidade sciopolítica centra-se no equilíbrio 
social. A sustentabilidade ambiental consiste na manutenção das fun-
ções e componentes do ecossistema de modo sustentável, e a susten-
tabilidade econômica, num conjunto de medidas e políticas que visam 
à incorporação de preocupações e de conceitos ambientais e sociais.
Além disso, você conheceu as estratégias nacionais criadas para tornar 
o desenvolvimento sustentável uma realidade cada vez mais constante 
nos planejamentos e nas ações dos países de todo o mundo. Além dis-
so, você aprendeu alguns passos importantes para contribuir com todo 
esse processo. 
Na próxima unidade, você vai se aprofundar nas áreas do conhecimen-
to da economia do meio ambiente e da economia ecológica, analisar a 
questão da degradação ambiental e, ainda, refletir sobre as controvér-
sias que surgem na definição de bens e serviços. Até lá!
Saiba Mais
O desenvolvimento econômico é vital para os países mais pobres, mas 
o caminho a seguir não pode ser o mesmo adotado pelos países indus-
trializados, mesmo porque não seria possível.
Caso as sociedades do Hemisfério Sul copiassem os padrões das so-
ciedades do Norte, a quantidade de combustíveis fósseis consumida 
atualmente aumentaria 10 vezes, e a de recursos minerais, 200 vezes.
Ao invés de aumentar os níveis de consumo dos países em desenvolvi-
mento, é preciso reduzir os níveis observados nos países industrializados.
Nas últimas décadas, o crescimento econômico e populacional vem 
sendo marcado por disparidades. Embora os países do Hemisfério Norte 
possuam apenas um quinto da população do planeta, eles detêm quatro 
quintos dos rendimentos mundiais e consomem 70% da energia, 75% 
dos metais e 85% da produção mundial de madeira (WWF BRASIL, 2010).
25
Desenvolvimento Sustentável
Unidade 1
Alongue-se
Aproveite para espairecer um pouco. Feche os olhos, respire. Busque 
um café, assista a um filme. Volte aos estudos tranquilo e renovado.
27
Objetivos de Aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de 
entender um pouco mais a relação entre 
economia e meio ambiente e terá uma 
maior compreensão sobre os bens e servi-
ços ambientais dentro do contexto socioe-
conômico.
Aulas
Aula 1: Áreas do conhecimento da eco-
nomia do meio ambiente e da economia 
ecológica
Aula 2: Degradação e economia ambiental
Aula 3: As controvérsias sobre a definição 
de bens e serviços ambientais
2Economia e Meio Ambiente: 
Bens e Serviços 
Ambientais
28
Capacitação Ambiental
Para Iniciar
“Só quando a última árvore for derrubada, o último peixe for morto 
e o último rio for poluído é que o homem perceberá que não pode 
comer dinheiro.” Provérbio Indígena 
Aula 1: 
Áreas do conhecimento 
da economia do meio 
ambiente e da economia 
ecológica
Ao se tratarde um ramo da ciência que envolve julgamentos de valor, natural-
mente, depara-se com controvérsias advindas de preferências teóricas e/ou me-
todológicas, abordagens distintas a partir de disciplinas também distintas, da 
definição da escala do fenômeno abordado, dos objetivos a que se destina etc.
Em um esforço de síntese, são identificadas duas áreas de conhecimento em 
que os estudos e exercícios sobre valoração têm evoluído – a economia do 
meio ambiente e a economia ecológica.
Uma das principais questões debatidas atualmente, quando se trata das relações 
entre os sistemas econômicos e os sistemas ecológicos ou ambientais, refere-se ao 
processo de se associarem valores econômicos aos bens e serviços ambientais. 
29
Desenvolvimento Sustentável
Unidade 2
Economia do meio ambiente
O processo de valoração econômica do meio ambiente tem-se constituído em 
um amplo e importante campo de pesquisas teóricas e trabalhos empíricos.
Os estudos da economia do meio ambiente e dos recursos naturais baseiam-se 
no entendimento do meio ambiente como um bem público e no entendimento 
dos efeitos ambientais como externalidades geradas pelo funcionamento da 
economia. Assim, os valores dos bens e recursos ambientais e dos impactos am-
bientais não captados na esfera de funcionamento do mercado devido a falhas 
em seu funcionamento podem ser estimados à medida que se possa descobrir 
qual é a disposição da sociedade e dos indivíduos em pagar pela preservação 
ou pela conservação dos recursos e dos serviços ambientais.
De forma geral, o valor econômico dos recursos ambientais tem sido desagre-
gado na literatura da seguinte maneira: 
Atenção
Valor Econômico Total (VET) = Valor de Uso (VU) + Valor de Opção (VO) + 
Valor de Existência (VE).
O valor de uso (VU) representa o valor atribuído pelas pessoas pelo uso, pro-
priamente dito, dos recursos e serviços ambientais. O VU é composto pelo valor 
de Uso Direto (VUD) e pelo Valor de Uso Indireto (VUI). O VUD corresponde 
ao valor atribuído pelo indivíduo devido à utilização efetiva e atual de um bem 
ou serviço ambiental, por exemplo, extração, visitação ou alguma outra for-
ma de atividade produtiva ou consumo direto, com relação às florestas. O VUI 
representa o benefício atual do recurso, derivado de funções ecossistêmicas 
como, por exemplo, a proteção do solo, a estabilidade climática e a proteção 
dos corpos d’água decorrentes da preservação das florestas. O Valor de Opção 
(VO) representa o que as pessoas atribuem no presente para que, no futuro, 
os serviços prestados pelo meio possam ser utilizados. Assim, trata-se de um 
valor relacionado a usos futuros que podem gerar alguma forma de benefício 
ou satisfação aos indivíduos, por exemplo, o benefício advindo de fármacos 
desenvolvidos com base em propriedades medicinais ainda não descobertas de 
plantas existentes nas florestas.
O terceiro componente, o Valor de Existência (VE), caracteriza-se como um valor 
de não uso. Essa parcela representa um valor atribuído à existência de caracte-
rísticas do meio ambiente, independentemente do uso presente ou futuro. Re-
30
Capacitação Ambiental
presenta um valor conferido pelas pessoas a certos recursos ambientais, como 
florestas e animais em extinção, mesmo que não tencionem usá-los ou apreciá-
los na atualidade ou no futuro. A atribuição do valor de existência é derivada de 
uma posição moral, cultural, ética ou altruística em relação aos direitos de exis-
tência de espécies não humanas ou da preservação de outras riquezas naturais, 
mesmo que estas não representem uso atual ou futuro para o indivíduo.
Reflita
Existem diversos métodos de valoração que objetivam captar essas 
distintas parcelas do valor econômico do recurso ambiental. Todavia, 
cada método apresenta limitações em suas estimativas, as quais estarão 
quase sempre associadas ao grau de sofisticação metodológica, à 
necessidade de dados e informações, às hipóteses sobre comportamento 
dos indivíduos e da sociedade e ao uso que se será dado aos resultados 
obtidos.
Economia ecológica
A economia ecológica, por sua vez, constitui-se em uma abordagem que procura 
compreender a economia e sua interação com o ambiente a partir dos princípios 
físicos e ecológicos, em meio aos quais os processos econômicos se desenvol-
vem. Em termos gerais, os métodos de valoração baseados nessa abordagem 
utilizam o montante total de energia capturada pelos ecossistemas como uma 
estimativa do seu potencial para a realização do trabalho útil para a economia. 
Nesse processo de valoração utiliza-se, entre outros, um método simplificado por 
meio do uso do conceito de Produção Primária Bruta de um ecossistema.
Pergunta
Mas espere um momento. Você sabe o que é Produção Primária?
A Produção Primária Bruta é uma medida da energia solar utilizada pelas plantas 
para fixar carbono. Esse índice de energia solar capturada pelo sistema é converti-
do em equivalente de energia fóssil. Posteriormente, faz-se a transformação desse 
equivalente em energia fóssil em unidades monetárias, utilizando-se a relação entre 
o Produto Interno Bruto e o total de energia usada pela economia.
31
Desenvolvimento Sustentável
Unidade 2
Outro método que adota, em termos gerais, os mesmos princípios, chama-se 
análise energética e considera todos os fluxos de energia, materiais e informa-
ção que ocorrem em um sistema, transformando-os, em uma única base, em 
unidades de energia solar. Posteriormente, também utiliza o Produto Interno 
Bruto para encontrar valores econômicos para os sistemas ambientais.
Cada abordagem e método apresenta vantagens e desvantagens. Compreender 
suas limitações e procurar avanços na compreensão dos fenômenos naturais e 
do entendimento econômico orientados pelo objetivo maior, que é o desenvol-
vimento sustentável, é o desafio para todas as correntes de pensamento.
Aula 2: 
Degradação e economia 
ambiental
A degradação ambiental tornou-se uma questão muito discutida atualmente. 
Existe grande preocupação com a qualidade e a quantidade dos recursos natu-
rais existentes. A poluição e o desperdício dos recursos naturais vêm sinalizan-
do limitações futuras da economia mundial e do bem estar humano.
Decisões intertemporais de utilização dos recursos permeiam as discussões, por 
meio do conceito de desenvolvimento sustentável, que se refere à utilização 
presente desses recursos sem prejuízo à sua utilização futura.
Atenção
O crescimento da atividade industrial e populacional, associado à falta 
de medidas que objetivem o desenvolvimento sustentável, indica a 
incapacidade de se produzir sem gerar impactos negativos ao ambiente. 
Além de criar produtos, os processos produtivos utilizados internalizam 
poluentes danosos à saúde humana, animal e vegetal, gerando gastos 
monetários e perda de bem-estar à sociedade.
As externalidades ocorrem quando as possibilidades de consumo de um agente 
são afetadas por causa da utilização do recurso por outro agente, podendo ser 
positivas – caso a ação de um indivíduo beneficie o outro – e negativas – caso 
resulte em custos para terceiros.
32
Capacitação Ambiental
Essas externalidades apresentam-se como falhas de mercado, tornando-o 
ineficiente. Exemplos de externalidades negativas são as poluições sonora e 
atmosférica, causadas por veículos automotores e a perda da produção agrícola 
provocada por uma fábrica de cimento. As externalidades têm como principais 
causas a definição imprecisa do direito de propriedade e seu caráter involuntá-
rio. Ou seja, a poluição é causada de forma não intencional, e o agente poluidor 
não arca com os custos gerados pela poluição por não ser cobrado, já que os 
recursos naturais não têm proprietários definidos.
Os bens e serviços econômicos utilizam o meio ambiente (ar, água e solo), im-
pactando sua capacidade assimilativa acima de sua capacidade de regeneração. 
Assim, esses bens e serviços detêm custos de produção que são comercializa-
dos no mercado, possuidores de preços explícitos, e fatores não comercializa-dos no mercado (os bens e serviços ambientais).
Assim, o preço de mercado não reflete o real custo de produção do bem ou 
serviço. Os custos relacionados aos ativos ambientais são considerados nulos, o 
que pode levá-los à exaustão ou à degradação total.
A conscientização quanto à questão ambiental deve fazer parte das decisões de 
consumo e produção para que se possa crescer de maneira sustentável. A ado-
ção de mecanismos capazes de internalizar os efeitos gerados pelas atividades 
produtivas, seja por meio de instrumentos econômicos – como a instituição de 
taxas e multas – ou outros, torna-se cada vez mais evidente. 
A capacidade gerencial também consiste num fator decisivo. Para tanto, depen-
de do desenvolvimento de estudos capazes de possibilitar tal ação. Dentre esses, 
a Economia do Meio Ambiente busca, por meio da aplicação de métodos basea-
dos na Teoria Econômica, contribuir de forma significativa à referida questão.
Figura 3 – A conscientização ambiental pode levar a vários projetos, inclusive, envolvendo a comunida-
de
33
Desenvolvimento Sustentável
Unidade 2
Investimentos em controle ambiental no Brasil
A adequação dos processos produtivos aos novos “padrões ambientais” deman-
da das empresas capacidade gerencial e investimentos em novas tecnologias 
que atendam tal objetivo. As empresas devem otimizar seus processos produ-
tivos, além de realizar campanhas de conscientização para seus funcionários e 
internalizar os custos sociais gerados por suas atividades, visando à economia 
dos recursos naturais e à garantia de sua utilização futura, além de adquirir 
requisitos para sua permanência competitiva no mercado.
Atenção
No Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE) (2007), as indústrias elevaram o investimento em 
controle ambiental no período de 1997 a 2002. No estudo realizado, 
deveriam ser consideradas pela empresa, quando da participação da 
pesquisa, além da aquisição de máquinas industriais que já incorporam a 
concepção de tecnologia limpa, aquisição de equipamentos, obras com 
estação de tratamento e gastos necessários para colocar esses itens em 
funcionamento.
O investimento em controle ambiental passou de R$ 10,5 bilhões, em 1997, 
para R$ 22,1 bilhões, em 2002, elevando sua participação no total de investi-
mentos industriais de 13,9% em 1997 para 18,7% em 2002 (IBGE, 2007).
Além disso, o estudo mostrou que os setores que mais investiram em controle 
ambiental foram os que desenvolvem atividades mais propensas à poluição, o 
que indica o envolvimento desses setores na busca pela redução da poluição. 
O setor da produção de coque, refino de petróleo, elaboração de combustíveis 
nucleares e produção de álcool apresentou um aumento de 382,3% no valor 
investido no período. Setores como o da produção de celulose e papel, veículos 
automotores e metalurgia básica também se destacaram, com crescimento real 
no período de 148,6%, 80,7% e 37,5%, respectivamente (IBGE, 2007).
O estudo relaciona a elevação dos investimentos em controle ambiental à eleva-
ção das exportações brasileiras, já que, como citado anteriormente, a adoção de 
medidas que tenham como objetivo a proteção ao meio ambiente tornaram-se 
imprescindíveis à competitividade dos produtos, inclusive no mercado internacio-
nal. Além, ainda, das pressões populares e da atuação das agências reguladoras.
34
Capacitação Ambiental
Economia do meio ambiente e o valor econômico total
A evidente necessidade de valoração econômica dos ativos ambientais apre-
senta a importância do desenvolvimento de métodos para tal. Baseando-se na 
teoria neoclássica, os métodos de valoração econômica mais difundidos atual-
mente levam em consideração as preferências individuais (por meio das quais 
se obtêm as preferências da sociedade) e a simulação de mercados hipotéticos 
para a valoração de ativos que não possuem mercados.
Além do desenvolvimento de métodos capazes de estimar o valor ambiental, a 
economia do meio ambiente baseada nos fundamentos da teoria neoclássica 
desenvolveu também instrumentos de política como impostos, taxas, quotas, 
subsídios, regulamentos, leilões de poluição, entre outros.
Como resultado de discussões entre diferentes correntes metodológicas, a literatu-
ra atual distingue três valores que compõem o Valor Econômico Total do Ambiente 
(VET): valor de uso, valor de opção e valor de existência. O valor de uso, atribuído 
pelas pessoas que realmente utilizam o recurso, engloba os valores de uso direto 
(como a exploração da madeira, a caça e a pesca) e indireto obtidos com o consu-
mo indireto do recurso, como as funções ecológicas providas por este recurso.
O valor de opção refere-se ao valor da disponibilidade do recurso para uso 
direto ou indireto no futuro, ou seja, pode ser definido como a obtenção de um 
benefício ambiental potencial (preservação ou manutenção do recurso ambien-
tal contra a possibilidade de uso presente).
Dica
Tem-se o valor de existência como o valor derivado da satisfação que 
as pessoas obtêm pelo simples fato de que um recurso natural existe e 
está sendo preservado, não estando, dessa forma, relacionado com o uso 
presente ou futuro.
Com a consideração do valor de existência dos recursos naturais, retira-se da 
valoração o caráter utilitarista, já que o indivíduo deverá considerar a satisfação 
gerada pela existência e qualidade do recurso, e não apenas seu consumo.
A seguir, serão apresentados alguns métodos capazes de estimar o valor econô-
mico ambiental.
35
Desenvolvimento Sustentável
Unidade 2
Métodos de valorização ambiental
A Economia do Meio Ambiente apresenta grande diversidade de métodos capa-
zes de valorar os recursos ambientais existentes. Estes diferenciam-se em diversos 
aspectos, existindo diversas classificações, porém, nenhuma universalmente aceita.
A classificação desses métodos pode ser feita segundo alguns autores. Bate-
man e Turner (1992) propõem uma classificação distinguindo-os pela utilização 
ou não das curvas de demanda marshalliana ou hicksiana na determinação do 
valor do ativo.
Ainda segundo Nogueira et al. (2000), Hufschmidt et al (1983) fazem suas divi-
sões de acordo com o fato de a técnica utilizar preços provenientes de diversos 
mercados. Além deles, Pearce (1993) defende a existência de quatro grandes 
grupos de técnicas de valoração econômica desenvolvidos a um nível sofistica-
do. Compare a seguir.
 
Figura 4 – Especificação da classificação com base em cada autor (ou grupo de autores) citado anteriormente 
Fonte: XLV CONGRESSO DA SOBER “Conhecimentos para Agricultura do Futuro” (2007)
 
36
Capacitação Ambiental
Aula 3: 
As controvérsias sobre 
a definição de bens e 
serviços ambientais
Quando o assunto é definir bens e serviços ambientais, muitos se manifestam. 
Com a diversidade de opiniões, claro, as controvérsias surgem.
Reflita
Como se define um bem ou um serviço ambiental? Pelo uso final a que se 
destina? Pelas características do seu método ou processo de produção? 
Pelos impactos ambientais causados quando do seu consumo (e pós-
consumo) ou execução?
Vale perguntar: um bem ambiental deve ser definido pelas características 
ambientais intrínsecas ao seu ciclo de vida como um todo?
As negociações sobre bens ambientais
No âmbito do CTE-SS, persistem as controvérsias sobre a definição e a conse-
quente identificação de bens ambientais. Por conseguinte, ainda não se conhe-
ce a lista desses bens a ser utilizada nas negociações em NAMA.
Duas abordagens foram, inicialmente, apresentadas ao CTE-SS para a definição 
de bens ambientais: a abordagem conceitual, que frisa a importância da definição 
de critérios precisos antes de qualquer tentativa de sugerir uma lista de produtos 
(top-down approach); e a abordagem de lista, que privilegia a proposição de uma 
lista de bens, antes mesmo de se esgotarem os esclarecimentos sobre critérios 
(bottom-up ou list-driven approach). Esta última tem dominado as discussões 
desde o início dos trabalhos do CTE-SS, porcausa do pioneirismo da Organização 
para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE) em propor uma lista de 
bens e serviços ambientais para propósitos analíticos, isto é, uma lista ilustrativa 
para avaliar a dimensão da indústria ambiental global (OCDE 2005).
37
Desenvolvimento Sustentável
Unidade 2
A lista da OCDE serviu de inspiração para a lista elaborada pelo Acordo de Co-
operação Econômica Ásia-Pacífico (Asia Pacific Economic Cooperation – APEC), 
que, por sua vez, também veio a ser utilizada como base para a formulação de 
propostas negociadoras pelos nembros da OMC.
Ambas as listas – OCDE e APEC – definem o produto ambiental pelo seu uso 
final, classificado em três atividades principais: controle da poluição (atmosfé-
rica, hídrica, do solo e sonora, incluindo produtos para a recuperação de áreas 
degradadas), gestão de recursos naturais (destaque para sistemas de purifica-
ção de água, oferta e abastecimento de água potável), além de tecnologias e 
produtos limpos ou eficientes no uso de recursos naturais.
As duas listas incluem uma gama muito abrangente de produtos, inclusive, pro-
dutos com usos múltiplos, e não exclusivamente ambientais, tornando incertos 
os ganhos ambientais com a liberalização desses bens.
Essas listas concentram-se em produtos para controle da poluição, considera-
dos pela própria OCDE como o núcleo dos bens ambientais, que correspondem 
a 87% das linhas tarifárias constantes dessas listas (WTO, 2002).
Observações:
A OCDE (2005) define indústria de bens e serviços ambientais como 
aquela que “consiste em atividades que produzem bens e serviços 
para medir, evitar, limitar, minimizar ou reparar danos ambientais 
à água, ao ar e ao solo, como também problemas relacionados a 
resíduos, barulhos e ecossistemas. Estes incluem tecnologias limpas, 
produtos e serviços que reduzem o risco ambiental e minimizam a 
poluição e o uso de recursos naturais”.
A lista APEC foi elaborada para a finalidade de negociações de liberalização 
comercial setoriais da APEC. As listas de bens ambientais da APEC e OCDE são 
anexadas em WTO (2002).
Não são identificadas posições tarifárias referentes ao grupo “produtos e tecno-
logias limpos” na lista da APEC, e apenas três posições referentes a esse grupo 
constam na lista da OCDE (WTO, 2002).
Uma vez que os países desenvolvidos são líderes no comércio mundial de pro-
dutos para controle de poluição, diversos estudos (entre outros, Borregaard, 
Dufey e Guzmán 2002; UNCTAD 2003 e 2003) concluem que essas listas refle-
tem interesses comerciais ofensivos desses países, que se evidenciam com os 
dados apresentados na seção seguinte.
38
Capacitação Ambiental
A predominância da abordagem de lista em meio ao processo negociador sobre 
bens ambientais no âmbito do CTE-SS fazia crer que os membros alcançariam 
uma proposta consensual sobre uma lista para ser levada para a Sexta Confe-
rência Ministerial da OMC, em dezembro de 2005, em Hong Kong.
De fato, até o final de agosto de 2005, sete países ou grupos regionais da OCDE 
(Canadá, Comunidades Europeias, Japão, Coreia, Nova Zelândia, Suíça e Estados 
Unidos) e dois outros membros da OMC (Catar e Taiwan) apresentaram suas 
propostas de listas ao CTE-SS.
A proposta da Índia, apresentada em junho de 2005 (India 2005a), identificada 
como abordagem de projeto (environmental project approach), veio a alterar 
completamente a dinâmica das negociações no âmbito do CTESS.
Na abordagem de projeto, somente os bens e serviços ambientais especificados 
em projetos ambientais – elaborados de acordo com critérios a serem definidos 
pelo CTE-SS e com o aval das respectivas Autoridades Nacionais Designadas – 
seriam qualificados para a liberalização do seu comércio, em caráter temporário 
e conforme o período de duração de cada projeto. 
A liberalização do comércio dos bens e serviços ambientais ficaria totalmente 
condicionada à sua vinculação com projetos ambientais nacionais.
Os países desenvolvidos, de modo geral, defensores da abordagem de lista e 
interessados em acelerar o ritmo do processo negociador e obter compromis-
sos de liberalização em Hong Kong, não concordaram com a proposta da Índia, 
alegando uma série de problemas práticos para sua implementação.
Dica
Economizando água em sua casa
Água da chuva
Aproveite, sempre que possível, a água de chuva. Você pode armazená-la 
em recipientes colocados na saída das calhas ou na beirada do telhado e 
depois usá-la para regar as plantas. Só não se esqueça de tampar os reci-
pientes depois, para que não se tornem focos de mosquito da dengue!
Calçada
Evite lavar a calçada. Limpe-a com uma vassoura ou lave-a com a água 
já usada na lavagem das roupas. Utilize o resto da água com sabão 
para lavar o seu quintal. Depois, se quiser, jogue um pouco de água no 
chão, somente para “baixar a poeira”. Para isso, você pode usar aquela 
água que sobrou do tanque ou máquina de lavar roupas.
39
Desenvolvimento Sustentável
Unidade 2
Colocando em prática
Você finalizou mais uma unidade. É hora de acessar seu AVA e realizar 
as atividades elaboradas.
Relembrando
Nesta unidade, você pôde comparar a economia do meio ambiente e a eco-
nomia ecológica. Viu que essas duas áreas do conhecimento tornaram-se 
uma das principais questões debatidas atualmente e que se refere ao pro-
cesso de se associarem valores econômicos aos bens e serviços ambientais.
Você pôde compreender melhor por que a conscientização quanto à 
questão ambiental deve fazer parte das decisões de consumo e produ-
ção, de maneira que se possa crescer sustentavelmente.
Muitas saídas para a problemática foram apresentadas a você, como, 
por exemplo, a conduta das empresas, que devem otimizar seus 
processos produtivos, além de realizar campanhas de conscientização 
para seus funcionários e internalizar os custos sociais gerados por 
suas atividades.
E, por fim, você analisou os diversos métodos capazes de valorar os 
recursos ambientais existentes.
Na próxima unidade, você vai conhecer os recursos naturais que ge-
ram energia, bem como os que servem de matéria-prima. Vai descobrir 
o que são hidrocarbonetos e refletir sobre algumas questões-chave a 
respeito dos recursos. Até lá!
Saiba Mais
Conta-se que Mahatma Gandhi, ao ser perguntado se, depois da inde-
pendência, a Índia perseguiria o estilo de vida britânico, teria respondi-
do: “... a Grã-Bretanha precisou de metade dos recursos do planeta para 
alcançar sua prosperidade; quantos planetas não seriam necessários 
para que um país como a Índia alcançasse o mesmo patamar?”
A sabedoria de Gandhi indicava que os modelos de desenvolvimen-
to precisam mudar. Os estilos de vida das nações ricas e a economia 
mundial devem ser reestruturados para levar em consideração o meio 
ambiente. 
40
Capacitação Ambiental
Alongue-se
Que tal relaxar um pouco? Afinal, você deu tudo de si, estudou com 
atenção e realizou as atividades de aprendizagem. Tire um tempo para 
renovar suas energias.
41
Objetivos de Aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de 
reconhecer os tipo de recursos terrestres 
e suas possibilidades de gerar energia e, 
ainda, conseguirá diferenciar os principais 
hidrocarbonetos e suas atuações no merca-
do econômico.
Aulas
Aula 1: Recursos, energia e matérias-primas
Aula 2: Hidrocarbonetos
Aula 3: Algumas questões-chave sobre os 
recursos
3A cobrança pelo Uso dos Recursos 
Naturais
42
Capacitação Ambiental
Para Iniciar
“A natureza pode suprir todas as necessidades do homem, menos a sua 
ganância” Gandhi
Aula 1: 
Recursos, energia e 
matérias-primas
Quase tudo o que é feito ou construído, assim como quase toda a energia uti-
lizada, provém da Terra. A sociedade moderna é cada vez mais dependente dos 
recursos minerais e energéticos. Estes não são renováveis, e a sua disponibilida-
de, seus custos de produção e sua distribuição geográfica são muito diversos.
Durante o último século, o principal interesse da indústria ligada à procura e 
produção de recursos não renováveistransitou dos minerais metálicos para os 
minerais industriais, para o petróleo e para o gás. Isto fez com que a indústria 
dos recursos se tornasse um dos atores principais das economias nacionais, tan-
to em países desenvolvidos como em países em vias de desenvolvimento.
 
Os recursos minerais possuem natureza e composição diversas que 
refletem a sua origem. Os processos que originam os depósitos minerais 
vão desde intrusões magmáticas a partir do manto terrestre, passando 
pelos processos sedimentares na superfície, até os impactos de 
meteoritos causados por depósitos de níquel.
A avaliação da possibilidade de prospecção mineral requer que os 
geólogos compreendam esses processos e as interações que estão por 
trás das diferenças entre uma formação rochosa vulgar e um depósito 
mineral com valor econômico.
Atenção
43
Desenvolvimento Sustentável
Unidade 3
A procura crescente de recursos requer uma exploração continuada e um de-
senvolvimento de depósitos minerais que ainda nem sequer foram descobertos. 
De acordo com o Projeto Global de Avaliação de Recursos Minerais (USGS), 
mesmo que a descoberta de um depósito de alta qualidade mundial seja um 
acontecimento raro, não se espera uma redução global dos recursos não com-
bustíveis num futuro próximo. No entanto, um número crescente e uma varie-
dade de obstáculos começaram a restringir a disponibilidade desses recursos. 
Os principais recursos minerais da Terra não se encontram em vias de esgota-
mento, pelo menos num futuro próximo, mas a disponibilidade de exploração e 
produção desses recursos encontra-se restringida, em muitas regiões, pelas leis 
de utilização do subsolo, assim como por questões políticas e ambientais.
O “problema dos recursos minerais” é, essencialmente, uma questão de econo-
mia do desenvolvimento dos recursos minerais de maneira socialmente e am-
bientalmente responsável. Para um planejamento informado e uma tomada de 
decisões respeitosas ao desenvolvimento sustentável dos recursos, é necessária 
uma perspectiva global de longo prazo e, também, uma abordagem integrada 
relativa à utilização do subsolo e dos recursos e à gestão ambiental. 
Por outro lado, essa abordagem requer que a informação imparcial sobre a distribuição 
global dos recursos minerais conhecidos, os fatores econômicos que influenciam o seu 
desenvolvimento e as consequências ambientais da sua exploração esteja disponível.
Mineração sustentável
A mineração sustentável relaciona-se com a perturbação social advinda do ciclo 
de vida de pesquisas, da descoberta, da exploração, da utilização dos recursos 
e da recuperação dos locais. A indústria extrativa está bem ciente de que, se as 
companhias querem preservar a sua legitimidade social, os desafios ambientais 
e sociais devem ser tomados a sério.
A procura mundial por materiais de construção, que incluem rochas em bloco 
ou moídas, areias, britas e argilas, continua a aumentar. O total da extração glo-
bal é de cerca de 25 bilhões de toneladas, 13 das quais são agregados. A avalia-
ção dos melhores métodos de preservação e extração desses recursos necessita 
de um planejamento cuidadoso, a fim de evitar conflitos acerca do uso da terra. 
Você sabia que as reservas medidas e indicadas de minério de ferro no 
Brasil alcançam 26 bilhões de toneladas, situando o Brasil em 5o lugar em 
relação às reservas mundiais, de 370 bilhões de toneladas?
Pergunta
44
Capacitação Ambiental
Entretanto, considerando as reservas em termos de ferro contido no minério, o 
Brasil assume lugar de destaque no cenário internacional. Nosso minério tem 
um teor mais alto de ferro devido ao minério hematita (60% de ferro), predomi-
nante no Pará, e itabirito (50% de ferro), predominante em Minas Gerais. Veja o 
gráfico abaixo:
 
Figura 5 – Produção de minério de ferro no Brasil e no mundo 
Fonte: Magnum Mineração (2010
Rocha e agregados
A indústria de agregados fornece materiais para uma grande variedade de constru-
ções, incluindo estradas, caminhos de ferro, aeroportos, edifícios, portos e outras 
obras de engenharia civil, assim como as matérias-primas para o cimento.
Os agregados são obtidos da exploração de pedreiras e areeiros em terra e no 
mar e, ainda, por meio da reciclagem de resíduos industriais e advindos de cen-
trais térmicas. A indústria também fornece quantidades significativas de argilas 
e rochas naturais.
Muitos países tentam minimizar o volume de materiais extraídos de pedreiras, 
areeiros e do fundo do mar de forma a proteger o ambiente e conservar a qua-
lidade e a quantidade dos recursos hídricos.
45
Desenvolvimento Sustentável
Unidade 3
A recuperação da paisagem de antigas pedreiras leva, muitas vezes, a 
novas possibilidades no que diz respeito à futura utilização da terra. 
A avaliação qualitativa dos materiais de construção é essencial para 
aperfeiçoar o ajuste do material com o trabalho a ser feito.
O desenvolvimento da investigação abrirá novas oportunidades no 
crescente comércio de rochas ornamentais em países em vias de 
desenvolvimento. O melhoramento de métodos de exploração, a 
produção de resíduos menos perigosos, o desenvolvimento de novas 
tecnologias e instrumentos e melhores e mais funcionais produtos 
beneficiarão toda a sociedade.
Aula 2: 
Hidrocarbonetos
A indústria do petróleo mostrou que é possível lidar com os desafios ambien-
tais. O gás natural tem-se tornado um combustível cada vez mais atrativo para 
diversas utilizações.
Isso porque ele fornece uma chama limpa, com gases de exaustão relativamente 
não poluentes, uma facilidade de controle de fluxo de calor e, quando necessá-
rio, provoca alta intensidade de calor.
Em situações especiais, pode ser usado, igualmente, como um combustível de 
automóvel na forma de gás comprimido ou liquefeito.
O petróleo é um recurso não renovável que tem origem na matéria 
orgânica proveniente de antigas plantas e microrganismos. Em 2004, a 
quantidade de crude e gás natural que, potencialmente, ainda poderia 
ser explorada, estava estimada em cerca de 158 gigatoneladas de 
“equivalente do petróleo” tanto para o crude como para o gás natural.
 
Atenção
Dica
46
Capacitação Ambiental
Quando se fala em petróleo, logo o Oriente Médio vem à cabeça. Ele continua 
sendo o principal protagonista na indústria do petróleo, ofuscando o resto 
do mundo em reservas pretolíferas e garantindo sua proeminência no cenário 
político global. Só a Arábia Saudita possui 25% das reservas comprovadas no 
mundo. Observe na figura a seguir.
 
Figura 6 – Reservas de petróleo comprovadas até 2002
Fonte: BBC Brasil (2004)
O Mar do Norte e o Canadá ainda possuem reservas significativas, mas de 
extração cara. Hidratos naturais de gás, assim como outros recursos não con-
vencionais (petróleos extrapesados, areias betuminosas, gás em areias imper-
meáveis, metano em camadas carboníferas, metano em reservatórios superfi-
ciais e metano dissolvido na água) não são contabilizados nessa estimativa, mas 
existem em quantidades apreciáveis.
Reflita
Os especialistas esperam que, dentro de 30 a 50 anos, os recursos não 
convencionais, incluindo os hidratos, constituam parte importante do 
consumo mundial de energia. Todavia, o seu desenvolvimento deve 
ser seguido cuidadosamente, tendo em conta sua utilidade, mudanças 
macroeconômicas e preferências políticas.
Um mercado de gás verdadeiramente internacional pode ser possível em novas 
tecnologias, como as células de combustível, a geração de redes de distribui-
ção, sistemas de armazenamento de hidrogênio, tecnologia de conversão de 
gás para líquidos e microgeradores, podem alterar radicalmente o sistema inter-
nacional de energia.
47
Desenvolvimento Sustentável
Unidade 3
Reservas futuras de gás natural no Brasil 
A expectativa de que a oferta adicional de gás natural originário do litoral 
brasileiro (Nordeste e Sudeste) reduza a importância do insumo fornecido pela 
Bolívia dentro da matriz energética nacional nos próximos anos já impulsiona 
a elaboração de projetos que objetivama eficiência energética no país. Veja na 
figura a seguir:
Figura 7 – Reservas futuras de gás natural no Brasil 
Fonte: Site Gás Virtual <htt://www.gasvirtual.com.br>
Para Mario Zanelli, diretor comercial da Iqara Energy Services, empresa que atua 
no segmento de soluções energéticas, o empresário brasileiro já passou a ver a 
crise na Bolívia como algo secundário. Essa preocupação perdeu força quando 
a Petrobras mudou sua política de investimentos, principalmente no exterior, e 
decidiu investir, aproximadamente, US$ 22 bilhões entre 2007 e 2011, a fim de 
ampliar a oferta de gás ao mercado interno.
48
Capacitação Ambiental
Durante o segundo quartel do século XXI, é provável que surja uma economia 
baseada no hidrogênio como derradeira energia de transporte e, provavelmen-
te, uma economia baseada no metano.
Ao longo dos últimos 40 anos, muitos cientistas proeminentes deram conta de 
que, no futuro, o mundo deixará de ter petróleo. Todavia, em última análise, 
essas observações podem ser irrelevantes. Em longo prazo, os custos marginais 
respeitantes à substituição do petróleo serão avaliados num contexto que con-
templa comodidade, qualidade e custos associados ao fornecimento de serviços 
de energia alternativos. A partir de determinado momento, as fontes de energia 
não fóssil vão se tornar competitivas.
Por exemplo, algumas pessoas revelam-se preocupadas com o futuro do gás 
natural no Brasil. O gráfico abaixo mostra que tais preocupações podem ser 
minimizadas no futuro próximo:
Figura 8 – Reservas provadas de gás natural no Brasil em 2005
Fonte: Petrobrás/ANP (2005)
49
Desenvolvimento Sustentável
Unidade 3
Aula 3: 
Algumas questões-chave 
sobre os recursos
Recursos naturais, política e impactos sociais
De acordo com o BP Statistical Review of World Energy 2009, as reservas brasi-
leiras de petróleo e gás natural estão entre as de maior crescimento em todo o 
mundo, aumentando a uma taxa composta anual de 7,4%: de 1,7 bilhão de BOE 
em recursos comprovados em 1980 para 12,9 bilhões no final de 2008. Observe 
o gráfico abaixo:
Figura 9 – Gráfico do crescimento das reservas de petróleo e gás natural entre 1980 e 2006 (em bilhões 
de barris de óleo equivalente – BOE) 
Fonte: BP Statistical Reviw of World Energy (2007)
50
Capacitação Ambiental
A descoberta de um grande depósito mineral – por exemplo, um constituído 
por elementos do grupo da platina (EGP) num país industrializado – seria um 
bem econômico, mas teria relativamente pouco efeito na economia nacional.
A extração de recursos naturais requer uma atenção especial ao desenvolvimen-
to sustentável, envolvendo aspectos econômicos, ambientais e socioculturais. 
Apesar de não se saber quais serão as reservas mais importantes daqui a 100 
anos, é quase certo que a sociedade continuará a necessitar de energia e de 
uma grande variedade de matérias-primas. No futuro, será necessário fazer um 
trabalho no sentido de documentar as reservas e os recursos conhecidos e atu-
alizar as estimativas de recursos desconhecidos. Esses recursos incluirão:
 � Produção de energia: petróleo e gás convencional e não convencional, car-
vão, urânio, tório, energia geotérmica, solar e eólica;
 � Minerais metálicos: cobre, ferro, manganês, molibdénio, níquel, tungsténio, 
zinco, chumbo, ouro, prata, alumínio, platina e paládio;
 � Minerais industriais e especiais, incluindo matérias-primas para cimento, 
terras raras e diamantes; 
 � Água, tanto superficial como subterrânea.
Atenção
É preciso uma abordagem global a essas e a outras questões relacionadas 
que, com uma cooperação internacional apropriada, pode ser 
alcançada durante as comemorações do Ano Internacional. Algumas 
avaliações globais de recursos minerais que envolvem colaboração 
intergovernamental já foram iniciadas. Permanecem grandes incertezas 
na estimativa dos recursos a serem descobertos.
Geo-metano, “queima de gás”, reservas superficiais e 
recursos em lagos profundos
A “queima de gás” (flaring) é a combustão do gás natural que não pode ser 
vendido ou utilizado devido a razões econômicas ou técnicas. Ela representa 
uma grande perda de energia anual e tem, possivelmente, consequências am-
bientais negativas. 
O metano associado à produção de petróleo é queimado em muitas partes do mun-
do, uma vez que o regime de economia de “queima de gás” é melhor que as alterna-
tivas (utilização local, desenvolvimento de gasodutos ou reinjeção no reservatório). 
51
Desenvolvimento Sustentável
Unidade 3
Uma alternativa é converter o gás metano em hidrocarbonetos líquidos que podem 
ser utilizados para a geração de energia em centrais elétricas, combustível para ja-
tos e querosene. No entanto, é desconhecida a escala do problema da “queima de 
gás”, dado essencial antes do estabelecimento de prioridades e medidas.
Uma associação global público-privada, conduzida pelo Banco Mundial, foi 
estabelecida em 2002 a fim de abordar a questão de “queima de gás”. Estima-se 
que só na África ela represente uma perda de energia equivalente a 500 milhões 
de dólares por ano. Para que haja uma efetiva diminuição desse desperdício, 
muito do gás correntemente queimado terá de ser exportado.
No entanto, a ênfase deve ser colocada nos mercados locais, uma vez que é aí que o 
gás pode ter um impacto positivo no desenvolvimento econômico de áreas pobres.
Mesmo a utilização em pequena escala de gás pode ter impactos significativos, 
providenciando benefícios ambientais locais devido à substituição da utilização 
da madeira como combustível. Assim, é importante avaliar o potencial de todas 
as fontes de metano, seja da “queima de gás”, da acumulação superficial ou de 
recursos de lagos profundos.
Grandes quantidades de recursos de gás são abandonadas quando 
ocorrem demasiadamente longe dos consumidores, tornando difícil 
o transporte do produto. A conversão do gás em líquido permitirá o 
aproveitamento econômico dessas reservas de gás longínquas que, 
apesar de consideradas demasiadamente distantes dos mercados para 
valer a pena, são suficientemente grandes para, potencialmente, satisfazer 
as necessidades energéticas do mundo durante os próximos 25 anos.
São conhecidas pequenas ocorrências superficiais de petróleo e gás em todo o 
mundo. Estas podem ser saídas de gás natural, infiltrações de petróleos, depó-
sitos de betumes semissólidos e filões de asfalto que impregnam rochas poro-
sas. O metano, o gás mais comum que se consegue escapar para a superfície, 
existe enquanto recurso geológico em, praticamente, todo o mundo, a partir 
de fontes biogênicas, termogênicas (associadas ao petróleo) ou como gás vul-
cânico e hidrotermal. Grandes quantidades desse gás podem ser encontradas 
em reservatórios de petróleo e, como gás biogênico, em depósitos porosos 
superficiais em bacias ou sub-bacias que contêm sedimentos com uma espes-
sura maior que 1000 metros.
Atenção
52
Capacitação Ambiental
Colocando em prática
Com o fim desta unidade, é importante você testar seus novos conheci-
mentos. Acesse o AVA e faça os exercícios de fixação propostos.
Relembrando
Nesta unidade, você pôde conferir o porquê da preocupação mundial 
com os recursos naturais. Um número crescente e uma variedade de 
obstáculos começaram a restringir a disponibilidade desses recursos. 
Os principais recursos minerais da Terra não se encontram em vias de 
esgotamento, pelo menos num futuro próximo, mas a disponibilida-
de de exploração e produção desses recursos encontra-se restringida 
em muitas regiões pelas leis de utilização do subsolo, assim como por 
questões políticas e ambientais.
Viu também que, em relação à mineração sustentável, a indústria extra-
tiva está bem ciente de que, se as companhias querem preservar a sua 
legitimidade social, os desafios ambientais e sociais devem ser toma-
dos a sério.
Percebeu que a procura mundial por materiais de construção que in-
cluem as rochas em bloco ou moídas, areias, britas e argilas continuam 
a aumentar. Esses agregados são obtidos por meio da exploraçãode 
pedreiras e areeiros em terra e no mar e, ainda, por meio da reciclagem 
de resíduos industriais e de centrais térmicas.
Entrou, ainda, no assunto do gás natural, que tem se tornado um com-
bustível cada vez mais atrativo para inúmeras utilizações. Ele fornece 
uma chama limpa, com gases de exaustão relativamente não poluen-
tes, uma facilidade de controle de fluxo de calor e, quando necessário, 
provoca alta intensidade de calor. Um detalhe importante de se saber é 
que as reservas brasileiras de petróleo e gás natural estão entre as de 
maior crescimento em todo o mundo. 
Já o gás metano associado à produção de petróleo é queimado em 
muitas partes do mundo, uma vez que o regime de economia de “quei-
ma de gás” é melhor que as alternativas (utilização local, desenvolvi-
mento de gasodutos ou reinjeção no reservatório). Para inverter essa 
situação, uma alternativa está sendo pensada: converter o gás metano 
em hidrocarbonetos líquidos que podem ser utilizados para a geração 
de energia em centrais elétricas, como combustível para jatos e quero-
sene. Mesmo a utilização em pequena escala de gás pode ter impactos 
significativos, providenciando benefícios ambientais locais devido, por 
exemplo, à substituição da utilização da madeira como combustível.
53
Desenvolvimento Sustentável
Unidade 3
Por fim, você pôde concluir que a extração de recursos naturais requer 
uma atenção especial ao desenvolvimento sustentável, envolvendo 
aspectos econômicos, ambientais e socioculturais. Daqui a 100 anos, 
é quase certo que a sociedade continuará a necessitar de energia e de 
uma grande variedade de matérias-primas.
Na próxima unidade, você vai se familiarizar com definições importantes den-
tro do desenvolvimento sustentável e, ainda, vai conhecer as leis que o regem.
Saiba Mais
Recuperação ecológica de pedreiras: um caso de estudo na Serra da 
Arrábida, em Portugal
A exploração de pedreiras tem originado grandes extensões de áreas de-
gradadas por toda a Bacia do Mediterrâneo, especialmente desde o início 
do século XX. Em Portugal, muitas dessas explorações situam-se em áreas 
que, pelo seu valor natural, têm estatuto de áreas protegidas. A escassez de 
controle e fiscalização tem permitido alterações ambientais de repercussões 
desconhecidas no que diz respeito à biodiversidade e aos ecossistemas, em-
bora com impacto visual bem evidente. Apesar de a atual legislação obrigar 
os proprietários à regularização dos solos e da cobertura vegetal após a 
exploração, são numerosas as opressoras “crateras” resultantes de pedreiras 
abandonadas desde há décadas em áreas protegidas.
Figura 10 – Aspecto de áreas intervencionadas em pedreira. 
54
Capacitação Ambiental
As atividades extrativas a céu aberto alteram drasticamente o relevo, levando à 
destruição do solo, da vegetação e, consequentemente, da fauna. Nas pedreiras, 
as superfícies rochosas, de grande declive e sem solo, dificilmente propiciam a 
fixação de espécies vegetais e, consequentemente, a regeneração espontânea 
da vegetação. Esse impacto é tanto mais dramático quando, em zonas de clima 
mediterrânico, se associa a fortes constrangimentos ambientais, tais como a es-
cassez hídrica e altas temperaturas estivais. Os impactos decorrentes da acumu-
lação de grandes massas de escombros e da dispersão das poeiras nas regiões 
envolventes são também aspectos potencialmente preocupantes.
Alongue-se
Que tal dar um descanso para sua mente e o corpo? Desligue-se dos 
estudos por alguns instantes e procure descontrair. Faça algo que você 
adora. Só volte quando se sentir preparado novamente.
55
Objetivos de Aprendizagem
Ao final desta unidade, você entenderá 
melhor as leis de proteção dos recursos 
ambientais, bem como conhecerá algumas 
definições importantes dos temas que en-
volvem o desenvolvimento sustentável. 
Aula
Aula 1: Definições importantes e legislação
4Legislação de Proteção 
de Recursos 
Ambientais
56
Capacitação Ambiental
Para Iniciar
“É um presente dos céus, tão essencial à vida quanto o ar que 
respiramos e, antigamente, encontrada em abundância. Por isso, 
a água doce é frequentemente tratada como um bem livre por 
consumidores e usada prodigamente”. Financial Times, informando a 
realização do 2º World Water Forum, em 15/03/2000.
Aula 1: 
Definições importantes e 
legislação 
Antes de entrarmos no assunto das legislações de proteção dos recursos am-
bientais, é interessante entender algumas definições. Acompanhe:
 � Meio ambiente – É o conjunto de condições, leis, influências e infra-estrutu-
ra de ordem física, química e biológica que permite, abriga e rege a vida em 
todas as suas formas.
 � Biosfera – Bios vem do grego e siginifica vida. Esfera significa camada, espa-
ço. A biosfera se estende um pouco acima e um pouco abaixo da superfície 
do planeta. É uma película de terra firme, água, energia e ar que envolve o 
planeta Terra. É o hábitat viável de todas as espécies de seres vivos.
 � Ecologia – É o estudo do lugar onde se vive, com ênfase sobre a totalidade 
ou o padrão de relações entre os organismos e o seu ambiente. Deriva do 
grego oikos, que significa casa, e de logos, que significa estudo, ou seja, é 
o estudo do meio ambiente onde se vive e da sua relação e interação com 
todos os seres vivos.
 � Impacto ambiental – É qualquer alteração das propriedades físicas, quími-
cas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria 
ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamen-
te, afetam a saúde, a segurança e o bem estar da população: as atividades 
sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio 
ambiente; a qualidade dos recursos ambientais.
57
Desenvolvimento Sustentável
Unidade 4
Uma vez compreendidas essas definições, pode-se proseguir para a legislação. 
A legislação ambiental brasileira é uma das mais completas do mundo. Ape-
sar de não serem cumpridas da maneira adequada, as 17 leis ambientais mais 
importantes podem garantir a preservação do grande patrimônio ambiental do 
país. São as seguintes:
 � LEI no 7.347, de 24 de julho de 1985: Disciplina a ação civil pública de 
responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a 
bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico 
(VETADO) e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional 
decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Artigo 1o Regem-se pelas 
disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações 
de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados: 
(Redação dada pela Lei no 8.884, de 11 de junho de1994).
l – ao meio ambiente;
ll – ao consumidor;
III – à ordem urbanística; (Incluído pela Lei no 10.257, de 10 de julho 
de 2001) (Vide medida provisória no 2.180-35, de 2001);
IV – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e 
paisagístico; (Renumerado do Inciso III, pela Lei no 10.257, de 10 de 
julho de 2001);
V – por infração da ordem econômica e da economia popular; 
(Redação dada pela medida provisória no 2.180-35, de 2001);
VI – à ordem urbanística. (Redação dada pela medida provisória no 
2.180-35, de 2001);
Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular 
pretensões que envolvam tributos, contribuições previdenciárias, o 
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) ou outros fundos de 
natureza institucional cujos beneficiários podem ser individualmente 
determinados. (Incluído pela medida provisória no 2.180-35, de 2001).
58
Capacitação Ambiental
Artigo 2o As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do 
local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para 
processar e julgar a causa.
Parágrafo único. A propositura da ação prevenirá a jurisdição do 
juízo para todas as ações posteriormente intentadas que possuam 
a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. (Incluído pela medida 
provisória no 2.180-35, de 2001)
Artigo 3o A ação civil poderá ter por objeto

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