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DIREITO DO 
CONSUMIDOR 
UniabeuRJ 
uniabeuvideos 
UniabeuRJ 
www.uniabeu.edu.br 
1 
 
 A CONTEXTUALIZAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 
 
O Código de Defesa do Consumidor como microssistema 
 
Microssistema legislativo é a denominação daquela lei que inclui, em um único 
diploma, várias disciplinas jurídicas (civil, penal, administrativo, processo civil, dentre outras), 
sem se importar com a divisão de ramos e sim com a efetividade, conforme é o caso do CDC. 
A estrutura do CDC possui características de codificação por dar tratamento 
abrangente à relação jurídica especifica que elege para regular, estruturando-se a partir da 
identificação do âmbito de incidência da lei, seus princípios (art. 4º) e direitos básicos do sujeito 
protegido (art. 6º), assim como os aspectos principais do direito material do consumidor (contratos 
e responsabilidade civil), direito processual (tutela especial do consumidor), direito 
administrativo (competências e sanções) e direito penal (crimes de consumo). 
 
Norma de ordem pública e interesse social 
 
O CDC é uma lei de função social que traz em seu bojo normas de direito privado, 
mas de ordem pública (direito privado indisponível), e normas de direito público, conforme 
preceitua seu art. 1º, e interesse social, ou seja, de natureza cogente, não sendo facultado às partes 
de determinada relação de consumo a possibilidade de optar pela aplicação ou não de seus 
dispositivos, autorizando, inclusive, o magistrado de conhecê-los de ofício, sem que seja 
necessária a provocação das partes envolvidas. 
O caráter cogente do CDC fica bem evidente, sobretudo, quando trata das “práticas 
abusivas” (arts. 39 a 41), bem como das “cláusulas abusivas”, fulminadas de nulidade pelo art. 
51. 
Assim sendo, o STJ decidiu que:“As normas de proteção e defesa do consumidor 
têm índole de ordem pública e interesse social. São, portanto, indisponíveis, pois resguardam 
valores básicos e fundamentais da ordem jurídica do Estado Social, daí a impossibilidade de o 
consumidor delas abrir mão ex ante e no atacado.” (REsp 586.316/MG, Rel. Ministro HERMAN 
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/04/2007, DJe 19/03/2009). 
No que diz respeito ao interesse social, o CDC visa resgatar a imensa coletividade 
de consumidores da marginalização não apenas em face do poder econômico, mas também dotá-
2 
 
la de instrumentos adequados para o acesso à Justiça. Assim, embora destinatária final de tudo o 
que é produzido em termos de bens e serviços, a comunidade de consumidores é sabidamente 
frágil em face da outra personagem das relações de consumo, motivo do CDC pretender 
estabelecer o necessário equilíbrio de forças, tratando, muitas vezes, desigualmente consumidores 
e fornecedores por serem claramente desiguais. 
 
Autonomia e Heteronomia 
 
Por muito tempo o direito privado, em especial o direito civil, foi sinônimo de 
autonomia da vontade, ou autonomia privada. Por intermédio dela os particulares autorregulavam 
seus próprios interesses, mediante contratos escritos ou verbais. Há na sociedade contemporânea 
um decréscimo da autonomia buscando, justamente, proteger os mais fracos, os hipossuficientes. 
O Código Civil bem reflete essa tendência ao dispor no seu art. 421 que “A liberdade contratual 
será exercida nos limites da função social do contrato”. 
Mais adiante, o art. 2.035, parágrafo único, dita que “Nenhuma convenção 
prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código 
para assegurar a função social da propriedade e dos contratos”. 
Assim, reduz-se a autonomia da vontade para proteger a parte mais fraca nas relações 
contratuais, através do princípio da função social dos contratos, flexibilizando o valor do pacta 
sunt servanda (princípio da força obrigatória dos contratos, que reza que os contratos devem ser 
cumpridos a qualquer custo). 
Atualmente o conteúdo dos contratos não corresponde apenas à vontade das partes, 
sendo composto por padrões mínimos de razoabilidade, que remetem à boa-fé objetiva, ao 
equilíbrio material entre as prestações e à vedação ao abuso de direito. 
O STJ decidiu ser abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita no 
tempo a internação hospitalar do segurado (Súmula 302). 
Recentemente essa mesma corte reafirmou a nulidade, de pleno direito, da cláusula, 
inserida em contratos de plano ou de seguro-saúde, que limite o tempo de cobertura para a 
internação (AgRg no Ag 1088452/RS, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA 
TURMA, julgado em 10/12/2013, DJe 03/02/2014). 
Autonomia, etimologicamente falando, vem do grego “nomos”, que significa regra, 
aliado ao prefixo “auto”, relativo a si próprio. É, portanto, o poder de dar regras para si mesmo. 
Já heteronomia é o poder de estabelecer regras para os outros. As leis são heterônomas. 
3 
 
Verifica-se, na sociedade atual, uma elevação da heteronomia, seja através das leis 
de ordem pública (heteronomia desejável e necessária), seja através do que poderíamos chamar 
de “heteronomia privada”, que se traduz no poder dos grandes complexos econômicos de ditar o 
conteúdo dos contratos para os consumidores, que outra alternativa não têm senão aceitar o que 
lhes é imposto. 
 
O CDC como uma “lei de função social” 
 
 As normas de ordem pública estabelecem valores básicos e fundamentais de nossa 
ordem jurídica e, apesar de serem normas de direito privado, têm forte interesse público, motivo 
de serem indisponíveis e inafastáveis, conforme é o caso do CDC, dispondo seu art. 1º que suas 
normas se dirigem à proteção dos consumidores, provocando a intervenção imperativa nas 
relações jurídicas de direito privado, antes dominadas pela idéia de autonomia da vontade, através 
da “política nacional de relações de consumo”, prevista no art. 4º, do mesmo codex, onde dita os 
objetivos e princípios que devem ser observados nas relações de consumo, além dos princípios 
da boa-fé objetiva e o equilíbrio das relações de consumo. 
Já o art. 5º, estabelece os instrumentos para realização da política nacional das 
relações de consumo: 
 
a) manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita, para o consumidor carente; 
b) instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito do Ministério 
Público; 
c) criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumidores vítimas de 
infrações penais de consumo; 
d) criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a solução de 
litígios de consumo; 
e) concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das Associações de Defesa do 
Consumidor. 
 
Assim, as leis de função social caracterizam-se por importar as novas noções 
valorativas que devem orientar a sociedade, positivando uma série de direitos assegurados ao 
4 
 
grupo tutelado, impondo deveres a outros agentes da sociedade para transformar a realidade social 
e conduzi-la a um novo patamar de harmonia e respeito nas relações jurídicas. 
No caso do CDC, é a concretização do art. 5º, XXXII6, da Constituição Federal, 
presente no título dos direitos e garantias fundamentais, além do art. 170, V e art. 48, ADCT8. 
O Fundamento constitucional do CDC – O CDC foi a concretização da vontade da 
Constituição Federal de 1988 que no art. 5º, XXXII, situado no capítulo dos direitos e garantias 
fundamentais, estabelece: “o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor”, 
caracterizando a defesa do consumidor como direito fundamental, que se justifica no 
reconhecimento de uma situação de desigualdade a qual as normas de proteção do consumidor 
realizam a equalização de condições, colocando-o, também, a salvo da possibilidade de reforma 
– art. 60, § 4º, IV – cláusula pétrea. 
Também o art. 170, V - relativo aos princípios gerais da atividade econômica, que 
prescreve ser a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre 
iniciativa, tempor fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social”, 
observados, dentre os princípios, a defesa do consumidor. 
Há ainda o art. 48 das Disposições Constitucionais Transitórias, que determinou ao 
Congresso Nacional a elaboração do CDC, 120 dias após a promulgação da Constituição Federal, 
o que aconteceu em 1990 através da Lei 8.078/90. 
Além das menções explícitas, existem muitas normas na Constituição da República 
que importam não só para as relações de consumo, mas para todas as outras. A dignidade da 
pessoa humana, fundamento da República (art. 1º, III), é norma que perpassa qualquer relação 
jurídica, modelando-lhe o conteúdo. 
Também de alta importância são os objetivos fundamentais da República, dentre os 
quais se coloca a igualdade substancial (art. 3º, III) bem como a solidariedade (art. 3º, I). 
Portanto, o direito do consumidor seria, assim, o conjunto de normas e princípios 
especiais que visam cumprir um triplo mandamento constitucional: 
 
1. promover a defesa dos consumidores – art. 5º, XXXII; 
2. observar e assegurar como princípio geral da atividade econômica e princípio imperativo da 
ordem econômica constitucional a necessária defesa do consumidor – art. 170, V; 
3. sistematizar e ordenar esta tutela especial infraconstitucionalmente através de código 
(microcodificação), que reúna e organize normas tutelares de direito privado e público, com base 
na idéia de proteção do consumidor – art. 48, ADCT. 
5 
 
 
PRINCÍPIOS DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 
 
O direito do consumidor é dotado de uma base principiológica que visa à correta 
interpretação, compreensão e aplicação das regras previstas no CDC, que incidem sobre as 
relações jurídicas de consumo, sendo elas: 
 
1) PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE – É o princípio básico que fundamenta a existência e 
aplicação do direito do consumidor às relações de consumo. O art. 4º, I, do CDC estabelece, dentre 
os princípios informadores da Política Nacional das Relações de Consumo, o “reconhecimento da 
vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo”. 
A vulnerabilidade do consumidor constitui presunção absoluta no CDC, que informa 
se suas normas devem ser aplicadas e como devem ser aplicadas na relação jurídica 
desequilibrada, existente entre o consumidor e o fornecedor de produto e/ou serviços, não se 
confundindo vulnerabilidade com hipossuficiência. 
A noção de vulnerabilidade no CDC está associada à identificação de fraqueza ou 
debilidade de um dos sujeitos da relação jurídica de consumo (o consumidor) em razão de 
determinadas condições ou qualidades que lhes são inerentes ou, ainda, de uma posição de força 
que pode ser identificada no outro sujeito da relação jurídica, que direcionam para uma aplicação 
restrita ou ampliada das normas consumeristas ao destinatário final da relação de consumo. 
Ocorre a vulnerabilidade técnica quando o consumidor não possui conhecimentos 
especializados sobre o produto ou serviço que adquire ou utiliza em determinada relação jurídica, 
presumindo-se ter o fornecedor conhecimento aprofundado sobre o produto ou serviço oferecido. 
A vulnerabilidade jurídica ocorre quando falta ao consumidor conhecimentos sobre 
os direitos e deveres inerentes à relação de consumo estabelecida, bem como a ausência da 
compreensão sobre as consequências jurídicas dos contratos que celebra. 
Também ocorre a vulnerabilidade fática quando tratar-se de consumidor criança ou 
idoso, por conta do reduzido discernimento ou falta de percepção ou, ainda, no caso do analfabeto, 
que não tem pleno acesso à informação sobre a relação de consumo estabelecida, além do doente, 
em face da debilidade física. 
 
2) PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA – O dever de agir com transparência permeia o CDC, 
motivo de a Política Nacional das Relações de Consumo incluir dentre seus objetivos, assegurar 
6 
 
a transparência nas relações de consumo, impondo às partes o dever de agir de forma transparente 
e leal - art. 4º. 
 
3) PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃO – É direito básico do consumidor a informação adequada e 
clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, 
características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que 
apresentem – art. 6º, III. Assim, é direito do consumidor ser informado e dever do fornecedor de 
produto ou serviço informar. 
O STJ entende que "O art. 6º, III, do CDC institui o dever de informação e consagra 
o princípio da transparência, que alcança o negócio em sua essência, porquanto a informação 
repassada ao consumidor integra o próprio conteúdo do contrato. Trata-se de dever intrínseco 
ao negócio e que deve estar presente não apenas na formação do contrato, mas também durante 
toda a sua execução" (REsp 1121275/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA 
TURMA, julgado em 27/03/2012, DJe 17/04/2012). 
 
4) PRINCÍPIO DA SEGURANÇA – Ao fornecedor de produto e/ou serviço cabe assegurar que 
esses, ao serem ofertados no mercado de consumo, sejam seguros, não causem danos, de qualquer 
espécie, aos consumidores. O art. 6º prescreve, dentre os direitos básicos do consumidor, a 
proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de 
produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos. 
O art. 8º prescreve que os produtos e serviços colocados no mercado de consumo 
não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e 
previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer 
hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito. 
Já o art. 10 prescreve que o fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo 
produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade 
à saúde ou segurança e, acaso tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá 
comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, mediante 
anúncios publicitários (recall – art. 10, § 1º). 
 
5) PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO DAS PRESTAÇÕES – O reconhecimento da vulnerabilidade 
do consumidor e o caráter desigual com que este se relaciona com o fornecedor, ressaltaram a 
importância do princípio do equilíbrio do direito nas relações de consumo, aplicando o princípio 
da isonomia constitucional, previsto no art. 5º, caput, da Carta Magna. O art. 4º, III, cita o 
7 
 
equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores, sendo nulas as disposições que 
ponham em desequilíbrio e em situação de inferioridade o consumidor – art. 51. 
Além disso, o art. 6º, V prescreve a possibilidade de modificação das cláusulas 
contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos 
supervenientes que as tornem excessivamente onerosas. 
Também é demonstração desse equilíbrio a proteção contratual e extracontratual 
com a adoção da responsabilidade civil objetiva, além da proteção processual com a inversão do 
ônus da prova, quando o consumidor for a parte hipossuficiente da relação de consumo, 
facilitando a defesa de seus direitos em juízo – art. 6º, VIII. 
 
6) PRINCÍPIO DA REPARAÇÃO INTEGRAL – Refere-se à efetiva prevenção e reparação de 
danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos causados ao consumidor, 
ressarcindo-o ou compensando-o de forma integral, prevista no art. 6º, VI. 
 
7) PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE – Orienta-se por este princípio a divisão de riscos 
estabelecidos pelo CDC, estendendo a toda cadeia de fornecedores que participaram do ciclo 
econômico do produto ou serviço no mercado a responsabilidade civil objetiva, arcando todos, 
solidariamente com os danos causados ao consumidor, cuja previsão está no art. 7º, parágrafo 
único. 
Nesse sentido decidiu o STJ: “o parágrafo único do art. 7º do Código consumerista 
adotou o princípio da solidariedade legal para a responsabilidadepela reparação dos danos 
causados ao consumidor, podendo, pois, ele escolher quem acionará. E, por tratar-se de 
solidariedade, caberá ao responsável solidário acionado, depois de reparar o dano, caso queira, 
voltar-se contra os demais responsáveis solidários para se ressarcir ou repartir os gastos, com 
base na relação de consumo existente entre eles.” (REsp 1102849/RS, Rel. Ministro SIDNEI 
BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 17/04/2012, DJe 26/04/2012). 
 
8) PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO MAIS FAVORÁVEL AO CONSUMIDOR – o 
intérprete, diante de uma relação de consumo, deverá interpretar as cláusulas contratuais de 
maneira mais favorável ao consumidor, parte vulnerável na relação de consumo – art. 47. 
 
8 
 
9) PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA – É o dever imposto, a quem quer que tome parte em 
relação negocial, de agir com lealdade, honestidade e cooperação, abstendo-se de condutas que 
possam esvaziar as legítimas expectativas da outra parte. 
 
10) PRINCÍPIO DA REPARAÇÃO OBJETIVA – A responsabilidade civil por danos causados 
ao consumidor é objetiva, que dispensa o elemento culpa, bastando que a vítima prove o dano, a 
ação ou omissão e o nexo causal entre um e outro. 
O art. 12 prescreve que o fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou 
estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação 
dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, 
montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem 
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. 
A dispensa do elemento culpa também ocorre no art. 14, ao prescrever que o 
fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos 
danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por 
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos, exceto quanto aos 
profissionais liberais, relação onde é necessária a prova da culpa. 
Contudo, demonstrado pelo fornecedor de que ele não colocou o produto no 
mercado; que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste ou a culpa exclusiva 
do consumidor ou de terceiros, exclui-se sua responsabilidade civil. “A responsabilidade civil do 
hospital é objetiva pelos danos causados, na condição de fornecedor, aos consumidores, nos 
termos do art. 14, caput, do Código de Defesa do Consumidor. A exceção prevista no § 4º do 
referido dispositivo legal, cuidando da responsabilidade subjetiva, é restrita aos profissionais 
liberais, incluindo-se aí os médicos.” (EDcl no AgRg no Ag 1261145/SP, Rel. Ministro RAUL 
ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 22/04/2014, DJe 15/05/2014) 
 
11) PRINCÍPIO DA CONSERVAÇÃO DO CONTRATO – A nulidade de uma cláusula 
contratual abusiva não invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços de 
integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes – art. 51, § 2º. 
 
12) PRINCÍPIO DA HARMONIA NAS RELAÇÕES DE CONSUMO – Pressupõe a igualdade 
substancial das partes com a proteção do consumidor, observada a boa-fé, com a finalidade de 
obter maior justiça no mercado de consumo – art. 4º, III. 
9 
 
 
13) PRINCÍPIO DO ACESSO À JUSTIÇA – Dentre os direitos básicos do consumidor, está 
previsto no art. 6º o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou 
reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção 
jurídica, administrativa e técnica aos necessitados, além da facilitação da defesa de seus direitos, 
inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do 
juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de 
experiências (art. 6º, VII e VIII). 
Para a defesa dos direitos e interesses do consumidor o CDC admite todas as espécies 
de ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela – art. 
 
RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO 
 
A relação de consumo é composta, sempre, pelos mesmos sujeitos: o fornecedor de 
produtos e/ou serviços e o consumidor. 
1 - CONSUMIDOR - É toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço 
como destinatário final, equiparando-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que 
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo – art. 2º. Assim, tanto a pessoa 
física quanto a jurídica podem ser consumidoras protegidas pelas normas do CDC. 
Nesse passo, somente se desnatura a relação consumerista se o bem ou serviço passa 
a integrar a cadeia produtiva do adquirente, ou seja, torna-se objeto de revenda ou de 
transformação por meio de beneficiamento ou montagem. 
Correntes de interpretação da definição jurídica de consumidor – A existência de 
correntes doutrinárias e jurisprudenciais acerca do conceito de consumidor se extrai da expressão 
“destinatário final”, da redação do art. 2º: corrente da interpretação finalista e corrente da 
interpretação maximalista. 
 
a) Finalista – “sustenta que o conceito de consumidor deve ser estabelecido de acordo com o 
critério do art. 2º, do CDC, a partir da noção de destinatário final fático e econômico de um 
produto ou serviço. Assim, por esta corrente, consumidor é aquele que adquire ou utiliza de um 
produto ou serviço de modo a exaurir sua função econômica, da mesma forma como, ao fazê-lo, 
determina com que seja retirado do mercado de consumo, não havendo a finalidade de lucro na 
relação jurídica, nem de insumo ou incremento a uma determinada atividade negocial. 
10 
 
Nesta visão, o consumidor seria aquele que adquire ou utiliza produto ou serviço 
para satisfação de interesse próprio ou de sua família (sendo a corrente dominante). 
 
b) Maximalista – “sustenta que a definição de consumidor deve ser interpretada extensivamente 
em face da abertura conceitual da expressão “destinatário final”, referida no art. 2º, quanto pela 
previsão relativa aos consumidores equiparados presentes no art. 2º, parágrafo único, art. 17 e art. 
29, todos do CDC. Esta corrente considera consumidor o destinatário fático do produto ou serviço, 
ainda que não o seja necessariamente seu destinatário econômico, ou seja, a partir do ato de 
consumo não é preciso ser retirado do mercado, ou que não seja reempregado na atividade 
econômica, defendo ser o CDC norma regulamentadora do mercado de consumo e não protetora 
apenas do consumidor. Segundo esta visão, serão consumidores as empresas que adquirem 
automóveis ou computadores para realização de suas atividades, o agricultor que adquire adubo 
para o preparo do plantio.” 
 
Destinatário final – “É aquele que ultima a atividade econômica, ou seja, que retira de circulação 
do mercado o bem ou o serviço para consumi-lo, suprindo uma necessidade ou satisfação 
própria, não havendo, portanto, a reutilização ou o reingresso dele no processo produtivo.” 
(REsp 1352419/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, 
julgado em 19/08/2014, DJe 08/09/2014). 
Assim, não se pode considerar destinatário final para efeito da lei protetiva aquele 
que, de alguma forma, adquire o produto ou serviço com intuito profissional, com a finalidade de 
integrá-lo no processo de produção, transformação ou comercialização. 
 
Pessoa jurídica como consumidora – O que qualifica uma pessoa jurídica como consumidora é a 
aquisição ou utilização de produtos ou serviços em benefício próprio, isto é, para satisfação de 
suas necessidades pessoais, sem ter o interesse de repassá-los a terceiros, nem empregá-los na 
geração de outros bens ou serviços. 
Por exemplo, aplica-se o Código de Defesa do Consumidor às relações jurídicas 
estabelecidas entre pessoas jurídicas e bancos, porquanto os serviços de manutenção de contas 
correntes e aplicações financeiras prestados pelos bancos configuram relação de consumo, sendoa empresa a destinatária final do produto. 
Segundo o entendimento do STJ, “O critério adotado para determinação da 
condição de consumidora da pessoa jurídica é o finalista. Desse modo, para caracterizar-se 
como consumidora, a pessoa jurídica deve ser destinatária final econômica do bem ou serviço 
11 
 
adquirido.” (AgRg no REsp 1386938/DF, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, 
julgado em 17/10/2013, DJe 06/11/2013). 
Consumidores equiparados – o parágrafo único do art. 2º, do CDC equiparou a 
consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações 
de consumo. Assim, quem quer que intervenha nas relações de consumo, ainda que de modo 
indeterminado, é equiparado a consumidor, recebendo a proteção do CDC. Ex: Se o sujeito 
compra uma pasta de dentes, que é usada por toda a família, cujo uso causa inflamação nas 
gengivas dos usuários, todos os que a usuram são consumidores, ainda que não tenham firmado 
contrato de consumo. 
A segunda modalidade de consumidor por equiparação está no prevista no 
art. 17, do CDC, na qual todas as vítimas do evento são equiparadas ao consumidor, disposição 
localizada na seção da responsabilidade civil pelo fato do produto ou serviço, que no prazo de 05 
anos (art. 27), contados do conhecimento do dano ou sua autoria, poderá ingressar com ação de 
reparação civil por dano moral e/ou material. 
“A norma do art. 17 do CDC equipara aos consumidores (bystanders) o terceiro 
que, alheio à preexistente relação de consumo, sofre danos decorrentes do produto ou do serviço 
vinculado à mencionada relação.” (EDcl no REsp 1162649/SP, Rel. Ministro ANTONIO 
CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em 02/10/2014, DJe 10/10/2014). 
Ex: Se um ônibus de transporte público atropela pessoas na calçada, haverá, em 
relação às vítimas, relação de consumo de acordo com o art. 17, CDC. 
 
 
A terceira previsão está no art. 29, do CDC, onde equiparam-se aos consumidores 
todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas da oferta, publicidade, abusivas, 
cobrança de dívidas, dos bancos de dados e cadastro de consumidores, ou seja, qualquer pessoa 
exposta à publicidade abusiva, por exemplo, mesmo sem ter adquirido o produto ou usado o 
serviço, pode, na condição de consumidor equiparado, reivindicar a proteção do CDC. 
De acordo com o art. 29 do CDC, "equiparam-se aos consumidores todas as pessoas 
determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas". Nesse dispositivo, encontra-se um 
conceito próprio e amplíssimo de consumidor, desenhado em resposta às peculiaridades das 
práticas comerciais, notadamente os riscos que, in abstracto, acarretam para toda a coletividade, 
e não apenas para os eventuais contratantes in concreto. 
12 
 
A pessoa jurídica exposta à prática comercial abusiva equipara-se ao consumidor 
(art. 29 do CDC), o que atrai a incidência das normas consumeristas e a competência do Procon 
para a imposição da penalidade.” (RMS 27.541/TO, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, 
SEGUNDA TURMA, julgado em 18/08/2009, DJe 27/04/2011) 
A jurisprudência do STJ, tomando por base o conceito de consumidor por 
equiparação previsto no art. 29 do CDC, tem evoluído para uma aplicação temperada da teoria 
finalista frente às pessoas jurídicas, num processo que a doutrina vem denominando finalismo 
aprofundado, consistente em se admitir que, em determinadas hipóteses, a pessoa jurídica 
adquirente de um produto ou serviço pode ser equiparada à condição de consumidora, por 
apresentar frente ao fornecedor alguma vulnerabilidade, que constitui o princípio-motor da 
política nacional das relações de consumo, premissa expressamente fixada no art. 4º, I, do CDC, 
que legitima toda a proteção conferida ao consumidor. 
A doutrina tradicionalmente aponta a existência de três modalidades de 
vulnerabilidade: técnica (ausência de conhecimento específico acerca do produto ou serviço 
objeto de consumo), jurídica (falta de conhecimento jurídico, contábil ou econômico e de seus 
reflexos na relação de consumo) e fática (situações em que a insuficiência econômica, física ou 
até mesmo psicológica do consumidor o coloca em pé de desigualdade frente ao fornecedor). 
Mais recentemente, tem se incluído também a vulnerabilidade informacional (dados 
insuficientes sobre o produto ou serviço capazes de influenciar no processo decisório de compra) 
(REsp 1195642/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 
13/11/2012, DJe 21/11/2012). 
 
2 - FORNECEDOR - É toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, 
bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, 
criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de 
produtos ou prestação de serviços – art. 3º. Assim, fornecedor é qualquer pessoa física ou jurídica 
que, de forma habitual, desempenhe atividade mercantil ou civil, ofertando no mercado produtos 
ou serviços, não distinguindo o legislador a natureza, regime jurídico ou nacionalidade do 
fornecedor, devendo este conceito ser interpretado de acordo com os conceitos de produto e 
serviço – art. 3º, §§ 1º e 2º. 
Desta forma, incide as regras do CDC à prestação de serviço somente se este for 
remunerado, indicando a atividade econômica no fornecimento de serviços para caracterizá-lo 
fornecedor, contudo, a remuneração pode ser indireta, numa interpretação ampla. 
 
13 
 
3 - PRODUTO – É qualquer bem, móvel (ex: automóveis) ou imóvel (ex: apartamentos), material 
(ex: jóias) ou imaterial (ex: aplicação de renda fixa, software) – art. 3º,§ 1º. 
 
4 – SERVIÇO - É qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, 
inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das 
relações de caráter trabalhista - art. 3º,§ 2º. 
 
DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR 
 
O art. 6º enumera os direitos básicos do consumidor, em rol meramente 
exemplificativo que busca destacar toda a principiologia do CDC, preservando, sobretudo, a 
pessoa humana consumidora em suas relações jurídicas e econômicas concretas, protegendo seu 
aspecto existencial e seus interesses legítimos no mercado de consumo. 
 
1 – DIREITO À PROTEÇÃO DA VIDA, SAÚDE E SEGURANÇA - contra os riscos provocados 
por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos, impondo 
o dever de segurança e cuidados aos fornecedores quando colocam produtos e serviços no 
mercado de consumo – art. 6º, I. 
 
2 – DIREITO À LIBERDADE DE ESCOLHA – O consumidor tem o direito à educação e 
divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de 
escolha e a igualdade nas contratações, realçando a necessidade do fornecedor apresentar todas 
as informações sobre o produto ou serviço e sua fruição adequada, assegurando ao consumidor a 
liberdade d escolha do produto/serviço bem como do fornecedor, em igualdade de condições – 
art. 6º, II. 
 
 
 
3 - DIREITO À INFORMAÇÃO – O consumidor tem o direito à informação adequada e clara 
sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, 
composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem, 
14 
 
visando à melhor escolha na contratação, sendo, inclusive, um direito constitucional previsto no 
art. 5º, XIV, CF. 
Está implícito no dever de informar o princípio da boa-fé objetiva, através da 
apresentação do produto/serviço pelo fornecedor – art. 6º, III. 
 
4 – DIREITO À TRANSPARÊNCIA E BOA-FÉ – O consumidor tem o direito à proteção contra 
a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra 
práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços. Impõe-se na 
transparência e a boa-fé nos métodos comerciais, na publicidade e nos contratos – art. 6º, IV. 
 
5– DIREITO À PROTEÇÃO CONTRATUAL – O consumidor tem o direito à modificação das 
cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de 
fatos supervenientes que as torne excessivamente onerosas – art. 6º, V. 
“Sobrevindo, na execução do contrato, onerosidade excessiva para uma das partes, 
é possível a revisão da cláusula que gera o desajuste, a fim de recompor o equilíbrio da equação 
contratual.” (REsp 437.660/SP, Rel. Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, QUARTA 
TURMA, julgado em 08/04/2003, DJ 05/05/2003, p. 306) 
 
6 – DIREITO À PREVENÇÃO E REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS – É o 
direito à efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e 
difusos. Assim, deve-se eliminar ou reduzir antecipadamente, causas capazes de produzir um 
determinado resultado danoso ao consumidor ou, se já produzido o dano, sua reparação integral, 
seja ele material ou moral – art. 6º, VI. 
 
7 – DIREITO AO ACESSO À JUSTIÇA – Trata-se do direito de acesso aos órgãos judiciários e 
administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, 
coletivos ou difusos, assegurada a proteção jurídica, administrativa e técnica aos necessitados, 
possibilitando a defesa dos interesses do consumidor, quando violado seus direitos, atendendo a 
previsão constitucional do direito de acesso ao Judiciário e assistência judiciária integral e gratuita 
(art. 5º, XXXV e LXXIV) – art. 6º, VII. 
 
 
15 
 
8 – DIREITO À FACILITAÇÃO DA DEFESA DE SEUS DIREITOS – É direito do consumidor 
à facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, 
no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele 
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências. Assim, para facilitar a defesa do 
consumidor em juízo, pode-se até inverter o onus probandi, quebrando a regra do art. 333, I, do 
C.P.C – art. 6º, VIII. 
“É assegurando a facilitação da defesa do consumidor em juízo, outras benesses 
podem ser admitidas. “Em se tratando de relação de consumo, a competência é de natureza 
absoluta, podendo ser declinada de ofício pelo magistrado em razão do princípio da facilitação 
de defesa do consumidor (art. 6º, VIII, do CDC)”. (AgRg no AREsp 541.491/MG, Rel. Ministro 
LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 26/08/2014, DJe 01/09/2014) 
 
9 – DIREITO A SERVIÇOS PÚBLICOS ADEQUADOS E EFICAZES – É o direito à adequada 
e eficaz prestação dos serviços públicos em geral, devendo os órgãos públicos, por si ou suas 
empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, 
fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos (art. 22) – art. 
6º, X. 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES DE CONSUMO 
 
Essa pode ser entendida a relação entre fornecedor e o consumidor que tem por 
objeto a circulação de produtos e serviços, ou seja, é a relação jurídica contratual e extracontratual 
que tem num polo fornecedor de produtos e serviços e no outro o consumidor. 
Podemos observar que, ao longo do século XX a Responsabilidade Civil passou por 
algumas mudanças relevantes. Como é sabido, quando há mudanças na sociedade, 
emergencialmente, há mudança no âmbito do Direito, pois as necessidades mudam e com isso as 
pessoas começam a se posicionar de maneira diferente diante dos conflitos que surgem 
objetivando seus devidos direitos 
Tais fatos advém da Revolução Industrial desta forma, o CDC foi promulgado 
utilizando uma nova articulação com princípios e fundamentos com o fito de proteger o 
consumidor, tarefa essa que a responsabilidade civil tradicional não correspondia suficientemente. 
Podemos utilizar como exemplo a seguinte Matéria de O Globo de 14 de julho de 
1989 editou a seguinte notícia: “Dinheiro desaparece da conta de poupança.” Um cidadão vendeu 
16 
 
a sua casinha e depositou o dinheiro na poupança- cerca de R$ 30.000,00- enquanto procurava 
outro imóvel para comprar. Um certo dia descobre estarrecido que o dinheiro evaporou de sua 
conta. O saldo foi transferido por alguma operação online para uma conta fantasma. E agora, à 
luz da responsabilidade tradicional, a quem iria responsabilizar? Quem lhe teria causado o dano? 
Alguém anônimo, será cara, sem nome, sem identidade, em razão destes questionamentos foi 
criado o CDC para disciplinar as relações de consumo de forma ampla e efetiva. 
Assim sendo, observa-se que os problemas advindos das relações de consumo e a 
proteção dos consumidores era escassa vez que, não existia legislação eficiente, atribuindo assim, 
a responsabilidade maior para o próprio consumidor e o fornecedor ficava responsável 
simplesmente pela prova do dolo ou culpa sendo muito difícil conseguir essa comprovação. 
Observa-se que o CDC revolucionou o atendimento jurídico para o público 
consumerista ao transferir os ricos do consumo do consumidor para o fornecedor. Impetrou a 
responsabilidade objetiva (sem a necessidade de comprovação de culpa), em geral para os casos 
de acidentes de consumo seja pelo fato do produto (CDC, art. 12), seja pelo fato do serviço (CDC, 
art. 14). 
Existiram determinadas modificações trazidas a nos através do código do 
consumidor: 
 
1. Ação direta do consumidor prejudicado contra o fornecedor do produto ou do serviço, afastando 
nesta área o mecanismo da responsabilidade indireta. 
2. Responsabilidade objetiva para o fornecedor de produtos ou serviços, vinculado que está a um 
dever de segurança. 
 
Responsabilidade pelo fato do produto e do serviço – Acidente de consumo (arts. 12 a 17) 
 
Verifica-se que o CDC trata a responsabilidade pelo fato do produto e do serviço de 
uma forma diferenciada, por se tratar de um acidente de consumo que coloca em risco a 
integridade física, moral e a saúde do consumidor, buscando para este maior tutela, devido a sua 
vulnerabilidade. 
A responsabilidade civil pelo fato do produto e do serviço consiste no efeito de 
imputação ao fornecedor de uma responsabilidade em razão dos danos causados devido a defeito 
na concepção ou fornecimento de produto ou de serviço, que se determina o dever de indenizar 
pela violação do dever de segurança inerente ao mercado de consumo. 
17 
 
O dever de não causar prejuízo a outrem, corresponde ao dever especial de não 
colocar no mercado de consumo produtos e serviços que possam acarretar riscos à saúde e 
segurança dos consumidores, a não observância do dever de segurança, surge a 
responsabilidade pelo do fornecedor pelo fato do produto e do serviço, tendo como consequência 
o dever de indenizar os consumidores e as vítimas do acidente de consumo causado em razão dos 
defeitos apresentados no produto ou no serviço. 
Responsabilidade pelo fato significa dizer que o produto/serviço é defeituoso, no 
sentido de que pode causar um dano ao consumidor, diferente do vício que atinge somente a 
qualidade ou quantidade do produto/serviço, causando ao consumidor apenas uma frustração. 
O Fato do produto ou do serviço é um defeito mais grave que causa um acidente ao 
consumidor, causando-lhe um dano material ou moral. Haverá fato do produto ou do serviço 
sempre que o defeito, além de atingir a incolumidade econômica do consumidor, atinge sua 
incolumidade física ou psíquica riscos à segurança do consumidor (Exemplo: Celular que ao 
carregar explode quando o consumidor vai realizar uma ligação). Nesse caso, haverá danos à 
saúde física ou psicológica do consumidor. Em outras palavras, o defeito exorbita a esfera do 
bem de consumo, passando a atingir o consumidor, que poderá ser o próprio adquirente do bem - 
consumidor padrão ou bystander (consumidor por equiparação). 
No art. 12º do CDC: 
O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, 
independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causadosaos consumidores 
por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, 
apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes 
ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. 
Dessa forma o Fato do produto é um acontecimento que causa um dano material ou 
moral ao consumidor ou os dois ao mesmo tempo mas fica evidente que tudo isso decorre de um 
defeito do produto. Então o que seria esse defeito? O § 1º do art. 12 do CDC diz que o produto é 
defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, o ou seja, se o 
produto ou o serviço não corresponder satisfatoriamente com a segurança esperada ou esperável, 
colocando em risco a vida do consumidor, esse produto será defeituoso. 
O Código do Consumidor preferiu inserir um rol taxativo “dos responsáveis” no 
artigo 12 ao invés de utilizar a palavra “fornecedor”. Para melhor explicar a responsabilidade de 
cada um deles referente ao rol taxativo, a doutrina os reuniu em três categorias distintas: a) 
fornecedor real: compreende o fabricante, produtor e construtor, esses fornecedores reais são os 
verdadeiros responsáveis pelo defeito (falha de segurança), uma vez que participam direta e 
18 
 
ativamente do processo de criação e concepção do produto; b) fornecedor presumido: entende-se 
pelo importador de produto industrializado ou in natura, à ele foi imposto um dever de segurança 
próprio, onde só poderá introduzir no mercado brasileiro, produtos livres de defeitos, ou seja, com 
a segurança que deles espera, respondendo o importador pelos danos causados, tanto nos casos 
em que o defeito advém de uma falha em sua manipulação, acondicionamento, guarda, quanto 
nos casos em que o defeito teria sua origem no projeto, na fabricação, na construção ou na 
montagem do bem; c) fornecedor aparente: seria aquele que coloca o seu nome ou marca no 
produto final, pode ser visto como o fabricante ou o produtor. 
Visto isso, pode-se notar que o defeito pode ocorrer tanto no momento da fabricação 
do produto, podendo atingir uma série deles, quanto no modo em que se conserva este produto, 
que “nasce” sem defeito, mas devido a sua má conservação se torna defeituoso. 
A responsabilidade do fornecedor é objetiva, não se perquire a existência de culpa, 
a ocorrência de tal culpa é irrelevante e sua verificação é desnecessária, uma vez que não há 
interferência na responsabilização. Para que haja a reparação do dano, basta a demonstração do 
evento danoso, do nexo de causalidade e do dano ressarcível e sua extensão. Sendo a 
responsabilidade do réu objetiva, será inútil a ele alegar em sua defesa a inexistência de culpa ou 
dolo, pois a sua responsabilidade é objetiva e decorre da lei. 
A responsabilidade objetiva conforme se verificou, existe independentemente de 
culpa, haja vista ser o consumidor a parte mais fraca na relação de consumo. Como seria se o 
consumidor tivesse que comprovar a culpa do fabricante, fornecedor, entre outros? Eles jamais 
seriam responsabilizados, já que o consumidor não participa do processo de produção, 
distribuição etc. do produto, apenas o consome. 
 
Responsabilidade pelo fato do produto: O comerciante 
 
“Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando: 
I – o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados; 
II – o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou 
importador; 
III – não conservar adequadamente os produtos perecíveis”. 
 
A responsabilidade do comerciante é estabelecida pelo artigo 13 do CDC, no 
acidente de consumo o comerciante tem sua responsabilidade excluída em via principal, pois o 
19 
 
Código do Consumidor lhe atribui apenas a responsabilidade subsidiária, sendo assim, o 
comerciante é responsabilizado em via secundária, quando o fabricante, o construtor, o produtor 
ou o importador não puderem ser identificados, ou ainda quando o produto for fornecido sem 
identificação clara de qualquer dos citados anteriormente neste parágrafo. A hipótese mais comum 
é quando o comerciante não conserva adequadamente os produtos perecíveis. Esses casos são 
aqueles em que a conduta do comerciante concorre para o acidente de consumo, merecendo 
destaque os produtos chamados “produtos anônimos” que são os legumes e verduras adquiridos 
no supermercado sem identificação de origem e também os produtos mal identificados e aqueles 
outros que são produzidos por terceiros, mas comercializados com a marca do comerciante. 
Um exemplo comum da responsabilidade do comerciante é o dos supermercados que 
para economizarem energia elétrica desligam durante a noite os refrigeradores que mantém 
devidamente conservados os produtos, colocando em risco a saúde do consumidor. 
É importante salientar que nos casos onde o comerciante for responsável havendo 
culpa do fornecedor no evento danoso e o comerciante arcar com a indenização, ele terá direito 
de entrar com uma ação de regresso em face do causador do dano, porém, terá de demonstrar a 
culpa do fornecedor. 
Exemplos: a) comerciante vende queijo cujo fornecedor não pode ser identificado. 
Tal queijo causa grave infecção intestinal em quem consome; b) comerciante vende vinho sem 
rótulo, que vem a causar sério dano ao consumidor; o comerciante poderá ser diretamente 
responsabilizado pelos danos.” 
Quanto ao fato do serviço, o serviço é defeituoso quando não fornece a segurança 
que o consumidor dele se esperar levando em consideração as circunstancias relevantes que estão 
inseridas nos incisos I, II, II DO ART. 14º do CDC: 
 
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela 
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, 
bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. 
§ 1º O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, 
levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: 
I - o modo de seu fornecimento; 
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam; 
III - a época em que foi fornecido. 
 
20 
 
A Inovação tecnologias não se denomina defeito como se expressa no § 2º do art. 
14º que “O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas.” Ou seja, um 
produto melhor, com técnicas mais avançadas seja lançado no mercado não quer dizer que o 
produto anterior com a esteja com defeito 
O CDC no art. 14º e § 3º só afasta a responsabilidade do fornecedor quando provar 
que o defeito inexiste, 
 
§ 3º O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: 
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; 
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 
 
A principal diferença entre o artigo 12 e o artigo 14 do CDC, está na designação dos 
agentes responsáveis, no qual o art. 12 trata da responsabilidade pelo fato do produto e designa 
como responsáveis o fabricante, o produtor, o construtor e o incorporador e exclui o comerciante 
da via principal, já o art. 14 trata da responsabilidade pelo fato do serviço e fala apenas em 
fornecedor como responsável, tal gênero inclui todos os partícipes da cadeia produtiva, assim, ao 
se tratar de dano causado pelo defeito do serviço, respondem solidariamente todos os participantes 
da sua produção. Nestes termos, o campo de aplicação do Código é muito vasto, abarcando, na 
área privada um grande número de atividades, como serviços prestados pelos estabelecimentos 
de ensino, hotéis, estacionamentos, cartões de crédito, bancos, seguros, hospitais e clínicas 
médicas. 
 
Exemplo de fato do produto: aqueles famosos casos dos telefones celulares cujas baterias 
explodiam, causando queimaduras no consumidor; o automóvel cujos freios não funcionam, 
ocasionando um acidente e ferindo o consumidor;um ventilador cuja hélice se solta, ferindo o 
consumidor; um refrigerante contaminado por larvas ou um alimento estragado que venha a 
causar intoxicação etc. 
 
Exemplos de fato do serviço: uma dedetização cuja aplicação de veneno seja feita em dosagem 
acima do recomendado, causando intoxicação no consumidor; um serviço de pintura realizado 
com tinta tóxica, igualmente causando intoxicação; uma instalação de kit-gás em automóvel, que 
venha a provocar um incêndio no veículo etc. 
 
21 
 
Responsabilidade pelo fato do serviço: O profissional liberal 
 
O Código do Consumidor em seu sistema de responsabilidade objetiva, abre uma 
exceção em favor dos profissionais liberais no caso de acidente de consumo, conforme parágrafo 
4º do seu artigo 14 que diz o seguinte: “A responsabilidade dos profissionais liberais será apurada 
mediante a verificação de culpa.” Porém os profissionais liberais são beneficiados somente no 
que diz respeito a responsabilidade, no mais submetem-se integralmente ao Código do 
Consumidor. 
Por se tratar de regra excepcional, a sua interpretação deve ser feita de forma 
restritiva, devendo estabelecer a sua correta extensão, iniciando-se da identificação de quem se 
inclui no conceito de profissional liberal, que abrange: a) as profissões regulamentadas 
(arquitetura, medicina, psicologia, etc.); b) as que exigem graduação universitária ou apenas 
formação técnica; c) reconhecidas socialmente mesmo sem exigência de formação escolar. 
Desta forma, pode-se dizer que o profissional liberal é a pessoa que exerce atividade 
especializada de prestação de natureza predominantemente intelectual e técnica, sem qualquer 
vínculo de subordinação. 
 
Responsabilidade pelo vício do produto e do serviço (arts. 18 a 25) 
 
No tratamento ao vício de qualidade ou quantidade do produto, o legislador conferiu 
a responsabilização solidária frente a todos os fornecedores, salvo se o fornecedor imediato 
responsável pelo vício puder ser identificado (fornecedor que realiza a pesagem ou medição com 
instrumentos que não estão aferindo segundo os padrões oficiais e no caso de vício de qualidade 
de produto in natura causado, de maneira clara, pelo produtor). 
A responsabilização solidária permite que o consumidor prejudicado acione 
qualquer fornecedor para a adoção das providências legais, evitando o “jogo de empurra” 
(comerciante alega que a responsabilização é do fornecedor, este alega que é do produtor e assim 
por diante) dos fornecedores para evitar a responsabilização pela queixa do consumidor. 
 
Vício do Produto 
 
22 
 
Os vícios de qualidade são tratados pelo caput do Art. 18 do CDC, sendo que o § 6° 
do mesmo artigo trata das hipóteses em que os produtos são classificados como impróprios para 
o uso, não sendo necessário provar essa caracterização. 
Logo, o Vício do produto ou do serviço é um defeito que não causa um prejuízo 
moral ou causa risco para a segurança do consumidor, é só um mau funcionamento ou um não 
funcionamento do produto. Conforme previsão do art. 18º do CDC: 
 
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem 
solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou 
inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles 
decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, 
rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, 
podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas. 
§ 1º Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, 
alternativamente e à sua escolha: 
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; 
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais 
perdas e danos; 
III - o abatimento proporcional do preço. 
 
Então, os vícios tornam o produto impróprios ou inadequados seja pela quantidade 
ou pela qualidade, porem o consumidor pode ser ressarcido do dano substituindo o produto por 
outro em perfeitas condições, restituição financeira ou o preço abatido proporcionalmente. 
Fica a cargo do Fornecedor o Dever de Informar, colocar no mercado um produto de 
extrema segurança e fabricar todos os seus produtos e fornecer todas as informações adequadas 
ao funcionamento que se espera ter, para que se evite ter defeitos no momento da criação, da 
concepção dos produtos, nem no momento da produção, construção e nem tão pouco na 
comercialização que seriam exatamente no campo informativo, nas informações acerca do próprio 
produto, vejamos no art Art. 9º e art. 10º do Código de Defesa do Consumidor: 
O Código de Defesa do Consumidor criou o dever de segurança de não lançar no 
mercado um produto defeituoso, e se caso isso acontecer o fornecedor respondera independente 
de culpa (objetivamente) por esse dano, e lançar um produto com defeitos no o mercado é portanto 
uma violação do dever jurídico para o consumidor gerando para o fornecedor a responsabilidade 
23 
 
civil nas relações de consumo, pois o dever do fornecedor é ofertar produtos de extrema segurança 
proporcional ao produto, oferecer informações adequadas e não havendo tais deveres cumpridos 
surgir também para o fornecedor o Dever de Indenizar. 
Nota-se da mesma forma que, o art. 18, visando à manutenção do vínculo contratual, 
confere a possibilidade ao fornecedor de reparar o vício de qualidade apresentado pelo produto 
no prazo máximo de, em regra, 30 dias. Caso ultrapassado esse prazo, fica a critério do 
consumidor exigir a substituição do produto por outro da mesma espécie e em perfeitas condições, 
a restituição imediata da quantia paga (atualizada e sem prejuízo de eventuais perdas e danos) ou 
o abatimento proporcional do preço referente ao dano (Art. 18, § 1°). 
Tal prazo supracitado (30 dias) pode ser ampliado para até 180 dias ou reduzido para 
no mínimo 7 dias, segundo convenção das partes no contrato de adesão. Tal cláusula de prazo é 
feita de maneira separada, por manifestação expressa do consumidor (Art. 18, § 2°) 
Por fim, nos casos que tratam de produtos essenciais (regulados pelo Decreto Federal 
n° 7.963/2013) e nos que a reparação do vício, devido sua magnitude, acarretará o 
comprometimento da qualidade ou características do produto ou diminuirá seu valor, fica a 
critério imediato do consumidor uma das soluções tratadas acima (Art. 18, § 1°) sem a necessidade 
de esperar o prazo de 30 dias. 
Vícios do serviço 
 
Os vícios do serviço são tratados pelo Art. 20 do CDC: 
 
Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios 
ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com 
as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, 
alternativamente e à sua escolha: 
I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível; 
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais 
perdas e danos; 
III - o abatimento proporcional do preço. 
 
24 
 
Ainda, o parágrafo segundo do mesmo artigo frisa a necessidade de o fornecedor 
deixar de maneira clara no que consistirá o serviço, não frustrando, assim, a legítima expectativa 
criada pelo consumidor. 
 
§ 2° São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que razoavelmente 
deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as normas regulamentares de 
prestabilidade. 
 
Caso ocorra a frustração da expectativa do consumidor devido a prestação de serviço 
inadequado para os fins que dele se espera, o consumidor tem o direito de exigir, por meio de sua 
livre escolha, uma das seguintes situações definidas no próprio artigo 20: reexecução do serviço, 
sem custos adicionais; restituição imediata da quantia paga, devidamenteatualizada e sem 
descontar os eventuais prejuízos por perdas e danos; ou o abatimento proporcional do preço. 
Nos casos de serviços para reparar determinado produto, o fornecedor do serviço 
tem a obrigação de empregar peças novas originais ou que mantenham as especificações técnicas 
do fabricante, salvo autorização do consumidor. Caso empregar componentes usados sem a 
autorização do consumidor, o fornecedor estará cometendo crime definido pelo art. 70 do CDC. 
Exemplos de vício do produto: Celular que não funciona, carro que vem da concessionária 
enferrujado, refrigerante que vem com menos conteúdo do que foi afirmado no rótulo pelo 
fabricante. 
Exemplos de vício do serviço: conserto mal executado de um secador de cabelo na assistência 
técnica, pacote de viagens que prometia hotel 3 estrelas e quarto com vista para o mar, e ao chegar 
ao local, nada disto estava disponível para o consumidor. 
 
ATENÇÃO! RECAPITULANDO: 
 
RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO - O fabricante, o produtor, o construtor, 
nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, 
pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, 
fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de 
seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e 
riscos – art. 12. 
25 
 
Fato do produto – quando há um dano ao consumidor provocado por produto defeituoso 
atingindo-o em sua integridade física ou moral ou patrimonial – art. 12. Ex: aquisição de celular 
que vem a explodir no rosto do consumidor. 
Produto defeituoso - quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-
se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais sua apresentação, o uso e os riscos 
que razoavelmente dele se esperam e a época em que foi colocado em circulação. 
 
RESPONSABILIDADE PELO FATO DO SERVIÇO - O fornecedor de serviços responde, 
independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores 
por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou 
inadequadas sobre sua fruição e riscos – art. 14. 
Fato do serviço – quando há um dano ao consumidor provocado por serviço defeituoso atingindo-
o em sua integridade física ou moral ou patrimonial - art. 14. Ex: acidente de ônibus lesionando 
o usuário do serviço. 
Serviço defeituoso - quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, 
levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais o modo de seu 
fornecimento, o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam e a época em que foi 
fornecido. 
 
RESPONSABILIDADE POR VÍCIO DO PRODUTO - Os fornecedores de produtos de consumo 
duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que 
os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, 
assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do recipiente, 
da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua 
natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas – art. 18. 
 
Vício do produto – são os vícios de qualidade ou quantidade que tornam os produtos impróprios 
ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles 
decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem 
ou mensagem publicitária. Há um descompasso entre o produto oferecido e as legítimas 
expectativas do consumidor – art. 18. Ex: aquisição de um veículo cujo ar condicionado não 
funciona. Um pacote de arroz que ao invés de 05 Kg tem apenas 4,5 Kg. 
 
26 
 
a) Vício que torne o produto impróprio ao consumo; 
b) Vício que diminua o valor do produto; 
c) Vício de disparidade das características do produto com àquelas veiculadas na oferta e/ou 
publicidade. 
 
Alternativa do consumidor - Não sendo o vício sanado no prazo máximo de 30 dias, pode o 
consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: 
a) a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; 
b) a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais 
perdas e danos; 
c) o abatimento proporcional do preço – art. 18, § 1º, I a III. 
 
RESPONSABILIDADE POR VÍCIO DO SERVIÇO - O fornecedor de serviços responde pelos 
vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como 
por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem 
publicitária – art. 20. 
Vício do serviço – são os vícios que tornam os serviços impróprios ao consumo ou lhes diminuam 
o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta 
ou mensagem publicitária – art. 20. Ex: aquisição pacote turístico em hotel 3 estrelas e na verdade, 
quando já no hotel, você constata que ele não tem estrela alguma. 
a) Vício que torne o serviço impróprio ao consumo; 
b) Vício que diminua o valor do seviço; 
c) Vício de disparidade das características do serviço com àquelas veiculadas 
na oferta e/ou publicidade. 
Alternativa do consumidor - pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: 
a) a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível; 
b) a restituição imediata da quantia paga monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais 
perdas e danos; 
c) o abatimento proporcional do preço – art. 20, I a III. 
Vício aparente – É o vício de fácil constatação, verificado de imediato pelo consumidor. 
27 
 
Vício oculto – É o vício que não se percebe quando da aquisição do produto ou serviço, ou seja, 
sua constatação não é facilmente percebida, pois apenas no decorrer de seu uso o defeito aparece. 
O FATO atinge a pessoa do consumidor e o VÍCIO atinge o produto ou serviço. 
 
Perigo Intrínseco: 
 
Existe em meio a população, a noção de que produtos ou serviços nocivos ou 
perigosos devam ser todos coibidos/banidos e não possam fazer parte de fornecimentos em 
relações de consumo. Não é verdade! A realidade dos fatos mostra que todo produto ou serviço 
contém latente alguma característica implicadora de risco ao consumidor, sendo que eliminar esse 
risco significaria esvaziar o mercado de fornecimento para destinatários finais. Não há como 
ignorar que os produtos e serviços incorporam certo grau intrínseco de perigo. Imaginemos um 
simples lápis, objeto de uso tão corriqueiro e quase inofensivo para adultos, mas que quando em 
mãos de uma criança de dois anos, potencialmente pode transformar-se em algo contundente 
capaz de colocar em risco a integridade física dela. Consoante essa conjuntura inexorável, o 
próprio Código de Defesa do Consumidor (Lei n.º 8.078/90), ao prescrever providências 
específicas que os fornecedores devem tomar nos fornecimentos, implicitamente permite que 
também os produtos e serviços com algum grau de nocividade ou periculosidade subsistam nas 
relações de consumo, conforme se pode observar pela leitura atenta dos artigos 8, 9 e 10. O que 
o Código coíbe, é o risco evitável, que é descendente direto da nocividade ou periculosidade que 
ultrapassa limites que justifiquem sua aceitação. 
Assim sendo, existem três tipos de periculosidade, denominadas respectivamente, 
de: a) inerente; b) adquirida; c) exagerada. Segundo esta classificação (na qual igualmente pode 
ser incluída a nocividade como forma de periculosidade), tem-se as duas últimas como 
inaceitáveis no mercado, a ponto de merecerem automática coibição e propiciarem ensejo às 
correspondentes indenizações que se oportunizarem. De modo completamente diverso, a primeira 
delas (inerente), devido as suas características peculiares, insere-se naquelas modalidades 
tacitamente permitidassob determinadas condições. Mas quais exatamente são os contornos dessa 
periculosidade (e até nocividade) que foge ao ideal de segurança absoluta e remanesce permitida 
pelo Direito do Consumidor? 
A periculosidade inerente, também chamada de periculosidade latente, é aquela 
natural, previsível e absolutamente necessária à existência do próprio produto ou serviço. Como 
por exemplo uma faca nas mãos de um cozinheiro, considerando que este pode se cortar 
facilmente, uma arma nas mãos de um policial, os males do cigarro e da bebida alcoólica para 
28 
 
quem os consome. Não há como dissociá-la dele sem levar à prejuízos notórios para o objetivo 
do fornecimento. Tentar restringi-la pode implicar na eliminação gradual da própria característica 
que proporciona a eficiência do fornecimento, assim como, eliminá-la pode representar a própria 
supressão de toda utilidade do produto ou serviço. 
Não deixa de ser periculosidade, mas é recebida como normal, uma vez que é 
inafastável para se poder obter os benefícios do fornecimento, benefícios esses que, naturalmente, 
devem compensar tolerá-la ou suportá-la (algo como os efeitos colaterais de um remédio 
indispensável para o paciente). Paralelamente, ela deve ser previsível, seja porque o consumidor 
a conhece e está acostumado com ela como que fazendo parte do produto ou serviço, seja pelo 
fato de que ela tenha sido, de alguma forma, levada ao seu conhecimento (do consumidor). A 
informação prévia alerta o consumidor e propicia que ele não seja surpreendido com os efeitos 
dessa periculosidade latente, inclusive podendo tomar providências antecipadas para mitigar ou 
até eliminar as más consequências dela. 
 
Excludente da Responsabilidade 
 
O Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90), ao tratar da responsabilidade 
civil do fornecedor pelos defeitos de produtos (art. 12) e de serviços (art. 14), prevê expressamente 
que a responsabilidade de reparação pelos danos causados aos consumidores, em face dos 
produtos ou serviços colocados no mercado de consumo, independe da existência de culpa, logo 
trata-se de responsabilidade objetiva. 
Anote-se que a responsabilidade que o Código de Defesa do Consumidor impõe ao 
fornecedor (de produtos ou de serviços) é um dever de qualidade e de segurança. Isto quer dizer 
que aquele que coloca um produto ou um serviço no mercado tem a obrigação legal de ofertá-lo 
sem risco ao consumidor no que diz respeito à sua saúde, à sua integridade física e ao seu 
patrimônio. 
Nestas circunstâncias, a isenção do dever de indenizar somente ocorrerá se o 
fornecedor, de produtos ou de serviços, provar que não colocou o produto no mercado (art. 12, § 
3°, I), ou que mesmo tendo colocado o produto no mercado ou fornecido o serviço, não existe o 
defeito apontado (art. 12, § 3°, II e 14, § 3°, I), ou ainda, que o dano decorrente se deu por culpa 
exclusiva da vítima ou de terceiro (art. 12, § 3°, III e 14, § 3°, II). 
No que diz respeito aos comerciantes é importante esclarecer que o mesmo será 
igualmente responsável quando o fornecedor (fabricante, construtor, produtor ou importador), não 
puder ser identificado ou quando no produto fornecido não for possível identificar com clareza 
29 
 
seu fornecedor ou ainda, nos casos de produtos perecíveis, na hipótese de não os conservar de 
forma adequada (art. 13, I, II e III). 
Frise-se ademais, que em havendo mais de um causador do dano, todos responderão 
solidariamente a teor do que dispõe o art. 7°, § único e o art. 25, § 1°, da lei consumerista, cabendo 
ao consumidor escolher se demanda o fornecedor mediato, imediato ou todos envolvidos na 
cadeia de produção/circulação. Evidentemente que o fornecedor que vier a cumprir com a 
obrigação de indenizar, terá direito de regresso contra os demais participantes do fato lesivo 
indenizado. Contudo, deverá servir-se de processo autônomo ou ainda que se sirva dos próprios 
autos que originou sua condenação, terá que fazê-lo depois de atendida a reivindicação do 
consumidor visto que o Código proíbe, expressamente, a denunciação à lide (art. 88, da lei 
8.078/90). 
Importante esclarecer que com relação aos profissionais liberais, o Código exige, 
para configuração da responsabilidade, que seja demonstrada a culpa, adotado a responsabilidade 
subjetiva como elemento ensejador do dever de indenizar, porém este, será tema de um outro 
artigo. 
 
Das espécies de excludentes expressamente previstas no CDC 
 
Como já informado, o Código de Defesa do Consumidor previu, de maneira 
expressa, as excludentes elencadas em seu corpo normativo (art. 12, § 3°, no que diz respeito 
produtos e art. 14, § 3°, no que diz respeito serviços). De toda sorte, abordaremos cada uma das 
excludentes expressamente prevista no Código de Defesa do Consumidor, sua amplitude e 
compreensão dentro do contexto da moderna doutrina consumerista brasileira. 
 
1 – Não colocação do produto no mercado 
 
É importante destacar inicialmente que há uma presunção legal de que o produto 
colocado em circulação foi introduzido na cadeia de consumo pelo fornecedor, contudo, esta 
presunção pode ser ilidida pela contraprova. 
A toda evidência que, se o fornecedor enquanto fabricante, construtor, produtor ou 
importador, não introduziu no mercado de consumo o produto viciado ou defeituoso, não poderá 
ser responsabilizado pelos danos dele decorrente. 
30 
 
Situações que podem ser excepcionadas são aquelas decorrentes de roubo ou furto 
de produto defeituoso, desde que não se possa culpar o fornecedor em virtude da culpa in 
vigilando ou in eligendo. Outra situação possível de exemplificar como excludente é a que se 
refere a produtos falsificados, em que marca e sinais são adulterados e colocados em produtos 
que são comercializados em detrimento, tanto do fornecedor quanto do consumidor. 
Inexiste responsabilidade quando os responsáveis legais não colocaram o produto no 
mercado, porque não haveria nexo causal entre o prejuízo sofrido pelo consumidor e a atividade 
do fornecedor, concluindo ao depois, que esta regra fica mais evidente quando se trata de 
“produtos falsificados que trazem a marca do responsável legal ou, ainda, para os produtos que, 
por ato ilícito (roubo ou furto, por exemplo), foram lançados no mercado”. 
No primeiro exemplo não haveria excludente porquanto sempre seria possível 
enquadrar o fato na culpa in vigilando ou in eligendo, quando então, não caberia indagar sobre a 
culpa já que a responsabilidade é objetiva. Para aquele mestre, a única exceção é no que diz 
respeito aos produtos falsificados, até por tornar o fornecedor parte ilegítima para figurar no polo 
passivo, porquanto é o vendedor quem deve ser responsabilizado, tanto na órbita do direito penal 
quanto civil. 
Nosso entendimento segue na direção de que, se o fornecedor não colocou o produto 
no mercado de consumo, não poderá ser responsabilizado pelos eventuais danos causados a 
consumidores porquanto a lei é clara ao fixar que o fornecedor poderá ser exonerado se provar 
que “não colocou o produto no mercado” (art. 12, § 3°, I, da lei 8.078/90). Logo, se o produto foi 
colocado no mercado de consumo à revelia do fornecedor, seja por ter sido furtado ou roubado, 
seja por ser produto falsificado ou pirateado, e depois venha a causar danos à consumidores, a 
toda evidência, não haverá de ser responsabilizado o fornecedor que em nada contribuiu para o 
evento danoso que se procure reparar. 
 
2 – Inexistência do defeito apontado 
 
O dever de indenizar, quando falamos do fato do produto ou de serviço, tem como 
pressupostos a existência de um “defeito” e a ocorrência de um “dano” relacionado ao defeito 
apontado. Por conseguinte, se o produto não apresentar nenhum defeito que possa diminuir-lhe 
as qualidades ou quantidades, não causando nenhum dano ao consumidor, não se poderá falar em 
indenização. 
Não basta que os danos sofridos pelo consumidor tenham sido causados porum 
determinado produto ou serviço. É fundamental ainda que esse produto ou serviço apresente um 
31 
 
defeito, que seja a causa dos prejuízos sofridos pelo consumidor, o defeito do produto ou do 
serviço aparece como um dos principais pressupostos da responsabilidade do fornecedor por 
acidentes de consumo. 
No caso de inexistência de defeitos, caberia ao empresário demonstrar que o produto 
fornecido ao mercado não apresentava qualquer impropriedade, seja na concepção, execução ou 
comercialização. 
Assim, à luz do Código de Defesa do Consumidor, principalmente em se tratando de 
fato do produto ou do serviço, a responsabilização do fornecedor é objetiva. Consequentemente, 
o consumidor, em ação de responsabilidade civil decorrente de acidente de consumo, somente 
precisará provar a existência do dano e o nexo causal que o liga ao produto ou serviço que 
adquiriu. 
 
3 – Da culpa exclusiva da vítima ou de terceiro 
 
As hipóteses assinaladas no inciso III, § 3° do artigo 12, da Lei n° 8.078/90, assim 
como no inciso II, § 2° do artigo 14, exclui a responsabilidade do fornecedor, se ficar provado 
que o acidente de consumo se deu em razão da culpa exclusiva da vítima ou por ação exclusiva 
de terceiro, porquanto não haveria nexo de causalidade entre o dano sofrido pelo consumidor e a 
atividade do fornecedor do produto ou serviço. 
Neste caso o que o Código prevê é a possibilidade de exclusão de responsabilidade 
decorrente do uso inadequado de produto seja pelo próprio adquirente, seja por terceira pessoa. 
Mas não é somente o uso inadequado que poderá exonerar o fornecedor do dever de indenizar, 
pois poderão ocorrer também outras hipóteses, tais como: o consumidor ser negligente ao 
manusear o produto; não seguir as instruções de uso; entregar o produto para uso a pessoa não 
recomendada; consumir o produto com validade vencida, dentre outras. 
Nos Estados Unidos da América, uma senhora, após dar banho em seu gatinho, o 
teria colocado para secar dentro do forno micro-ondas. Resultado da experiência: o gatinho teria 
explodido. Nestas circunstâncias, resta evidente a irresponsabilidade do fornecedor pelo ocorrido, 
que somente aconteceu em face do uso do produto para fins que não é recomendado. 
Com relação aos serviços vejamos a relação de transportes. A responsabilidade do 
transportador é objetiva, secundo o art. 734 do Código Civil. Além disso, a relação entre o 
transportado e o transportador é uma relação de consumo logo se aplica, subsidiariamente, o 
Código de Defesa do Consumidor que prevê que a responsabilidade é objetiva em face de danos 
ocorridos por falha na prestação dos serviços. Apesar de não haver dúvidas quanto ao fato da 
32 
 
responsabilidade ser objetiva com relação às empresas de transportes, não se pode responsabilizar, 
por exemplo, as empresas ferroviárias pelos acidentes ocorridos com os chamados “surfistas 
ferroviários”. 
Nos dois exemplos apresentados é forçoso reconhecer que, se o usuário por meio 
próprio resolve exacerbar os riscos, expondo-se a acidentes que, em condições normais, o produto 
ou serviço não ofereceria, não se pode responsabilizar o responsável pela atividade na exata 
medida em que, tendo ocorrido acidente, o mesmo não decorreu dos riscos da atividade oferecida, 
mas sim em face do uso inadequado promovido pelo próprio acidentado. 
Já fizemos este alerta, porém cabe repetir: O Código de Defesa do Consumidor não 
proíbe o fornecimento ou comercialização de produtos ou serviços perigosos, apenas exige do 
fornecedor que sejam ofertadas ao consumidor informações, de forma clara, correta, ostensiva, 
precisa e em língua portuguesa, com todas as informações de uso adequado do produto ou serviço 
(art. 31 do CDC). Se o consumidor é negligente, não se pode premiar sua falta de diligência, 
responsabilizando que não contribuiu para o evento danoso. 
No que diz respeito ao terceiro, necessário se faz que seja pessoa estranha à relação 
de consumo, entabulada entre o consumidor e o fornecedor. Isto é, não pode ser enquadrado como 
terceiro o empregado, o preposto ou o representante autônomo; Da mesma forma o comerciante 
varejista ou atacadista de que trata o Código de Defesa do Consumidor (art. 13), não poderá ser 
considerado terceiro porque é parte integrante do ciclo de fornecimento do produto ou do serviço. 
Esclareça-se por fim que, pelo disposto no art. 34, do mesmo diploma legal, o 
fornecedor de produtos ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou 
representantes autônomos, assim como, a norma do art. 7°, § único e o art. 25, § 1° estipula que, 
na eventualidade de mais de um causador do dano, todos deverão responder solidariamente. 
Assim, também por este prisma, o comerciante não pode ser considerado terceiro. 
 
3 – Outras possíveis excludentes (não previstas no CDC) 
 
A regra geral, prevista no Código de Defesa do Consumidor e conforme já frisamos, 
é a que somente prevê a exclusão da responsabilidade em face das eximentes expressamente 
previstas em seu corpo normativo (art. 12, § 3° e 14, § 3°), contudo, alguns doutrinadores tem se 
posicionado no sentido de ser, perfeitamente possível, o abrandamento de tal rigor, considerando 
outras eventuais hipóteses de exclusão de responsabilidade, tais como o caso fortuito ou força 
maior, riscos de desenvolvimento e exercício regular de direito, além de considerar possível a 
33 
 
redução do valor indenizatório quando se puder provar a culpa concorrente da vítima, razão 
porque, neste capítulo, abordaremos, de maneira distinta, cada uma destas excludentes. 
 
3.1 – Culpa Concorrente 
 
Embora o Código de Defesa do Consumidor não faça nenhuma menção à culpa 
concorrente, seja da vítima seja do terceiro, somos de entendimento que é perfeitamente possível 
a aplicação de tal preceito com o fito de minorar o dever de indenizar por acidentes de consumo 
decorrente do fornecimento de produtos ou serviços. E assim pensamos, porque é perfeitamente 
possível que o consumidor possa contribuir para que a fruição do produto ou de serviço possa ser 
realizada de maneira inadequada, vindo a gerar um dano, quando então, não se poderia 
responsabilizar exclusivamente o fornecedor. Nesse norte, cabe também destacar que o Código 
de Defesa do Consumidor não trata da culpa concorrente, seja do consumidor (adquirente), seja 
de terceiro. Nestes casos, contudo, cabe aplicar por analogia o Código Civil e, embora não possa 
ser considerada uma eximente, deve concorrer para minorar a responsabilidade do fornecedor. 
Neste sentido, o concurso de culpa do consumidor lesado produz, como 
consequência, a redução do montante a ser pago a título de ressarcimento. A culpa concorrente 
do ofendido deverá ser valorada no momento da fixação do valor da indenização, e tanto na 
indenização por danos materiais quanto por danos morais, o juiz, no momento do arbitramento, 
deverá valorar a culpa concorrente do consumidor como uma das circunstâncias mais expressivas 
para a fixação do montante indenizatório. 
Havendo culpas concorrentes, poderão forrar-se à reparação na proporção em que 
provarem a culpa do consumidor. Da mesma forma João Batista de Almeida considera que “a 
culpa concorrente não a exclui (a responsabilidade) mas conduz a uma redução do quantum 
indenizatório. 
 
Assim, não se admitir esta excludente, vai contra o senso do direito e da justiça 
porquanto não se pode admitir que quem cause, culposamente, um dano a si mesmo, venha a se 
beneficiar da integralidade indenizatória se para o evento lesivo veio a concorrer. 
 
RESPONSABILIDADE OBJETIVA - A regra geral é a responsabilidade civil aquiliana ou 
subjetiva. Porém, nossa legislação, com finalidade protetiva, criou certas exceções, aplicando em 
determinados casos a responsabilidade objetiva, que elimina de seu conceito o elemento culpa, 
34 
 
ou seja, haverá responsabilidade pela reparação do dano

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