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REVISÃO: TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL A Constituição determina que o Estado brasileiro se submeta à jurisdição do Tribunal Penal Internacional ao qual tenha indicado cumprimento (CF, artigo 5º, inciso 4.0). Em julho de 1998, na Conferência de Plenipotenciários Diplomáticos da ONU, foi ratificado o Estatuto do Tribunal Penal Internacional ("Estatuto de Roma" - ER), com sede em Haia, Holanda. De acordo com o preâmbulo, o Estado Parte visa estabelecer um tribunal penal internacional permanente com jurisdição sobre os crimes mais graves que afetam toda a comunidade internacional. Tribunais competentes para julgar genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra e crimes de agressão (artigos 5.0 e 1 da Constituição Europeia) Princípios Entre os princípios estabelecidos no Estatuto, destacam-se os seguintes: I) O princípio da complementaridade: a competência do Tribunal Penal Internacional e a jurisdição penal nacional são complementares (RE, artigo 1.0). A ação judicial será limitada aos casos em que o Estado é inicialmente responsável por processar e julgar os crimes que cometeu. nacional. Não mostrar capacidade própria ou não demonstrar a vontade efetiva de criminosos puros, ou seja, quando a proteção interna de direitos falha ou não atua; II) Princípio da universalidade: não se admitem reservas ao estatuto. O Estado Parte submete-se plenamente à jurisdição do tribunal e não pode revogar a sua decisão em determinados casos ou situações; III) O princípio da responsabilidade penal individual: para os crimes da competência do tribunal, a responsabilidade varia de pessoa para pessoa. Os crimes cometidos na competência do Tribunal serão considerados de responsabilidade individual; IV) o princípio da prescrição: as penas para os crimes previstos neste Estatuto não desaparecem com o passar do tempo; Nem podem ser processados e julgados pelos crimes. Portanto, o tribunal só tem jurisdição sobre crimes cometidos após 1º de julho de 2000. Se um Estado posteriormente se tornar parte do Estatuto, a Corte só poderá exercer jurisdição sobre crimes cometidos IMPORTANTE CF, art. 5. 0 , § 4. 0 O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. após a entrada em vigor do Estatuto. Estatuto. Nesse país, a menos que o próprio país faça uma declaração específica em contrário. Aspectos polêmicos Certas disposições do Estatuto de Roma foram contestadas à luz dos princípios da Constituição de 1988, incluindo: transferência de nacionais para o tribunal, prisão perpétua e não-restrição. A Constituição do Brasil proíbe a extradição de seus nacionais, estipulando que nenhum brasileiro que não seja naturalizado será extraditado se tiver cometido crime comum antes da naturalização ou se estiver comprovadamente envolvido no tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins. lei. Também proíbe a extradição de estrangeiros por crimes políticos ou de opinião pública. Por se tratar de vedações contidas em diversos textos constitucionais, o estatuto foca na distinção entre os dois órgãos, que, apesar de suas semelhanças, são de natureza diferente: extradição e entrega (“rendição”). Nos termos do Estatuto, isto é entendido como "a entrega de uma pessoa por um Estado ao Tribunal", enquanto o primeiro inclui "a entrega de uma pessoa por um Estado a outro Estado de acordo com as disposições de um tratado, convenção ou direito interno". No caso de encomendas concorrentes, a entrega deve prevalecer sobre a extradição. Outro aspecto que destaca as diferenças entre os dois órgãos é a possibilidade de execuções criminais ocorrerem no país que fez a entrega, pressuposto impensável em casos de extradição se houver acordo entre este e o tribunal. Para o efeito, as disposições que proíbem a extradição de nacionais têm geralmente duas razões. Em primeiro lugar, para evitar o risco de um nacional ser julgado por juízes de outro país com garantias penais e processuais injustas e devidas, o que não acontece com as normas estabelecidas no Estatuto. Em segundo lugar, evitar que os nacionais sejam processados e julgados com base na legislação sem a sua participação. Esse obstáculo não pode ser levantado contra o Tribunal Penal Internacional, do qual o Estado brasileiro faz parte e se manifestou voluntariamente como membro. Então, em vez de entregar um nacional a uma jurisdição estrangeira, está entregando-o a uma jurisdição internacional. No que diz respeito à prevenção da extradição de estrangeiros por crimes políticos ou de opinião pública, cujo objetivo é claramente evitar a perseguição política por parte dos governantes, trata-se de uma preocupação equivocada em relação ao Tribunal Penal Internacional. A Constituição de 1988 previa que a prisão perpétua não seria imposta. Por sua vez, o Estatuto de Roma, ao tratar da pena aplicável, prevê que o tribunal pode impor uma pena de prisão perpétua se justificada pela elevada ilegalidade do ato e pelas circunstâncias pessoais do condenado. Para Sílvia Steiner (1999), a proibição constitucional, que visa apenas os legisladores nacionais, não impede que os cidadãos brasileiros sejam punidos pelos tribunais supranacionais. Nesse sentido, as normas penais consagradas na constituição regularão o sistema de punição do Brasil, dando uma medida precisa do que o eleitor vê como justa retribuição, sem se projetar em outros que o país está vinculado aos seus compromissos internacionais. No entanto, esse argumento mostrou-se incompatível com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal sobre extradição, sendo o raciocínio o mesmo Quando a pena imposta pelo Estado requerente for vedada pela Constituição brasileira, a concessão da extradição depende do compromisso do país estrangeiro de reduzi-la a um prazo que não ultrapasse a pena máxima (comutação) estabelecida pelo Código Penal. Esta frase). Esse entendimento foi revisto duas vezes e, na segunda, o Julgamento de Extradição nº 855 novamente buscou a redução da pena. Para Salo de Carvalho (2014), a redução das penas permite que as normas internacionais se alinhem às disposições constitucionais e legais, dada a possibilidade de revisão e redução das penas permanentes. Finalmente, outra previsão controversa é a não prescrição. A Constituição brasileira reconhece isso apenas em casos de crimes racistas e violações da ordem constitucional e do estado democrático por grupos armados civis ou militares. A prescrição é um sistema historicamente consagrado no direito nacional, uma garantia pessoal gerada na França e exigida pelo sistema jurídico nacional para impedir que o Estado ou as vítimas avancem no processo penal, se assim o desejarem. Por se tratar de um dispositivo sólido, mesmo os legisladores constituintes, ao aprovarem emendas constitucionais, não podem prever a nova hipótese de intempestividade. Os argumentos usados para descartar essa incompatibilidade têm o mesmo significado do argumento anterior. Diz-se que o rol de direitos e garantias consagrados no Estado Constitucional dirige-se apenas às relações internas, ou seja, entre o Estado, tal como definido na lei, e os indivíduos que cometem crimes no território nacional ou no seu interior. No entanto, esse entendimento é inconsistente com o princípio da IMPORTANTE “A Constituição de 1988 previa que a prisão perpétua não seria imposta.” dupla punição aplicada pelo Supremo Tribunal Federal em casos de extradição, de que a extradição só é concedida se a lei brasileira e o país requerente forem puníveis. Se prevalecer esse entendimento, a entrega não será aprovada quando o Brasil a tornar crime.
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