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Aula 3 - Vínculo e Saúde Mental_ as Redes Vivas que Fazem a Atenção Psicossocial Acontecer

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<
DESCRIÇÃO
O cuidado em Saúde Mental pautado na liberdade e o vínculo construído no território.
PROPÓSITO
Compreender a importância da desinstitucionalização, do vínculo e do cuidado na Atenção
Psicossocial, a fim de contribuir para uma atuação profissional pautada nos princípios da
Reforma Psiquiátrica.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever a importância da desinstitucionalização e do cuidado em liberdade
MÓDULO 2
Reconhecer a relevância do vínculo como principal ferramenta para enfrentar a questão do
suicídio
MÓDULO 3
Descrever a importância de um olhar cuidadoso e singular no cuidado em Saúde Mental
Infantojuvenil
MÓDULO 4
Reconhecer a relevância da aposta na integralidade do cuidado na clínica de uso abusivo de
álcool e outras drogas
INTRODUÇÃO
Você já parou para pensar no que sustenta as relações que você construiu — e constrói — ao
longo de sua vida? Diversos afetos e sentimentos permeiam as nossas relações, mas as que
consideramos mais importantes têm como sustentação algo primordial: o vínculo
estabelecido.
 
Foto: Shutterstock.com
Podemos tomar atitudes cuidadosas e empáticas com pessoas com quem não temos uma
relação próxima ou que nem conhecemos, mas quando nos preocupamos com alguém próximo
ou agimos de maneira cuidadosa com uma pessoa que faz parte de nossa vida, o vínculo
torna-se mais um importante componente da relação.
Um exemplo bem simples de “vínculo”: quando realizamos um trabalho em equipe na
faculdade, muitas vezes o principal elemento motivador para a escolha dos membros do
grupo é o vínculo já estabelecido anteriormente. Isso acontece desde que somos crianças e
escolhemos os amigos que vão jogar no nosso time.
Você acha que somente na vida pessoal o vínculo tem importância? Acha possível atuar na
área da Saúde sem deixar o afeto circular?
Para muitos, o entendimento de cuidado em Saúde se limita à realização de procedimentos e
condutas somente levando em consideração o caráter técnico.

Porém, se queremos atuar na Saúde numa perspectiva ampliada, a concepção de cuidado
também precisa se ampliar, superando a ideia dos “protocolos”.
Na esfera da Atenção Psicossocial, levando-se em conta a história de violência e isolamento
em manicômios e os experimentos científicos já realizados — muitos deles agressivos e até
envolvendo tortura —, não parece salutar conceber um trabalho dissociado da construção de
laços de afeto.
O cuidado em Saúde Mental preconizado pela Reforma Psiquiátrica – que defende a criação
e manutenção do vínculo entre os atores do processo — mostra-se mais eficiente e reforça a
perspectiva integralista e ampliada da saúde.
Ao longo dos quatro módulos deste tema, discutiremos áreas específicas da Saúde Mental,
com foco no vínculo e nas redes que são construídos no cotidiano dos serviços, das cidades e
de todas as áreas de circulação de vida.
Você também irá conhecer a história de alguns personagens, em formato de estudo de caso,
que te auxiliarão na compreensão, associação e assimilação do tema. São eles:
 
Foto: Shutterstock.com
Maria
 
Foto: I.e. Photo by @starnes from nappy.co
Paula
 
Foto: Shutterstock.com
Cássio
 
Foto: Shutterstock.com
Diego, Sara e Lucas
Esperamos que faça bom proveito de todo o conteúdo. Bons estudos!
MÓDULO 1
 Descrever a importância da desinstitucionalização e do cuidado em liberdade
DESINSTITUCIONALIZAÇÃO X
DESOSPITALIZAR
Neste vídeo, o(a) especialista explica as principais diferenças, trazendo exemplos importantes.
A HISTÓRIA DE MARIA
Vamos começar pensando em Maria (nome fictício), 58 anos de idade, que viveu por 40 anos
internada em um grande hospital psiquiátrico no Rio de Janeiro.
 
Foto: Shutterstock.com
Confira o estudo de caso a seguir:
A INFÂNCIA DE MARIA
Desde que nasceu, Maria vivia em um sítio no interior do Rio de Janeiro com sua família. Todos
trabalhavam para os donos da propriedade rural em troca de moradia e alguns trocados. Para
ela, aquela forma de vida incomodava. Dizia que, quando fizesse 18 anos, arrumaria um
trabalho na capital e começaria a estudar.
Maria aprendeu a ler com a esposa do patrão do seu pai quando ainda tinha 6 anos. Ela e seus
irmãos nunca tiveram acesso à escola. Sua infância foi marcada pelas cenas de uma mãe
silenciosa cozinhando, costurando e cuidando da plantação do patrão. O pai se ocupava do
gado e da vigilância do local. Maria e seus irmãos ajudavam em casa desde pequenos,
restando pouco tempo para brincadeiras e distrações.
SUA ADOLESCÊNCIA
Na adolescência, Maria tornou-se mais reativa, conforme as demandas do trabalho em casa só
aumentavam. Seus pais sempre reprimiram suas reações. Afinal, ela precisava se submeter às
condições impostas, não tinha saída. O dono da propriedade demonstrava grande desconforto
ao ouvir questionamentos ou recusas de Maria para realizar algum serviço diário.
 
Foto: Shutterstock.com
Ao completar 18 anos, Maria decidiu que sairia de casa em segredo, pois acreditava que seria
impedida. Numa madrugada chuvosa, Maria juntou poucas roupas e fugiu em um cavalo do
sítio, em busca de sua liberdade. Quando seus pais e o patrão confirmaram a fuga, iniciaram a
busca. Dois dias depois, Maria foi encontrada em um município vizinho.
INTERNAÇÃO
O patrão ofereceu duas opções para Maria: ou seria presa por roubo ou iria para um hospital
psiquiátrico para “cuidar da mente”. Maria acreditou que a internação seria o caminho mais
leve. Pouco depois, pôde concluir que não havia leveza nenhuma em um hospital psiquiátrico.
Ao observar as outras mulheres internadas, Maria tinha a sensação de que eram todas iguais,
vestidas em uniforme cinza, a mesma cor da parede do local. Ela não podia comer quando
tinha fome e não podia recusar comida quando não desejava comer. Para ir ao banheiro,
precisava solicitar papel higiênico à equipe de Saúde, que sempre lhe dava quantidade
insuficiente.
Existia também conflito constante por cigarro. Os profissionais guardavam a quantidade de
cada paciente e cediam dois a cada refeição, mesmo assim muitas brigas e trocas aconteciam,
pois fumar parecia ser a única distração naquele local de isolamento e solidão.
O tempo passava e Maria percebia que poucas mulheres conseguiam alta hospitalar.
Possivelmente sua vida inteira seria dentro daquele hospital. Precisou acostumar-se com o fato
de que qualquer pessoa que fosse considerada um incômodo para o plantão seria amarrada e
medicada — ou até sofreria outras agressões!
A PERSPECTIVA DE UMA VIDA MAIS DIGNA
Ao longo do tempo, ocorreram alguns avanços na política de Saúde Mental e o cuidado em
liberdade ganhou força: a formação de uma rede extra-hospitalar. Foi por isso que, após 40
anos, Maria saiu do hospital e pôde morar numa casa na cidade com outras três mulheres
também egressas de longas internações. Maria passou a ter acompanhamento diário em um
serviço sem grades, com retorno para casa ao final do dia.
 
Foto: Shutterstock.com
O serviço de acompanhamento diário é o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e o de
moradia é o Serviço Residencial Terapêutico (SRT), ambos criados para a concretização dos
objetivos propostos pela Reforma Psiquiátrica Brasileira.
Maria comemorou pequenas conquistas — pequenas não, grandes conquistas! Agora podia
utilizar a concha para pegar a quantidade de feijão que queria, podia apagar e acender a luz
quando quisesse... Precisou, evidentemente, adaptar-se ao uso do dinheiro, oriundo de um
benefício destinado às pessoas que passaram por anos de internação psiquiátrica. Agora em
liberdade, Maria aprendeu a fazer compras no mercado e muitas outras tarefas desafiadoras
do cotidiano.
A partir da história de Maria, podemos refletir sobre muitos pontos: a violência imposta pelos
hospitais psiquiátricos, a cultura de internação e a separação do que incomoda, o desafio do
retorno à vida em liberdade após anos de apagamento, o resgate da individualidade e do lugar
como sujeito e não objeto.
Agora, esclareceremos alguns pontos para enriquecer nossasreflexões.
REFORMA PSIQUIÁTRICA NO BRASIL:
PONTOS DE AVANÇO E LUTA CONTÍNUA
Trataremos de alguns marcos históricos que ocorreram no Brasil, principalmente a partir do
final da década de 1970, quando movimentos de trabalhadores, estudantes, familiares e
usuários da Saúde Mental começaram a ganhar força junto com os movimentos sanitário e
democrático.
Estamos nos referindo à Reforma Psiquiátrica, à Reforma Sanitária e à luta pelo fim do
Regime Militar no país — a busca por um governo democrático e não autoritário. Tivemos, à
época, um cenário de grande luta e mudança no país, que foi muito favorável para a área da
Saúde Mental.
As mudanças na área da Saúde Mental no Brasil foram influenciadas por diversos movimentos
de reforma ao redor do mundo, principalmente pelo movimento da Psiquiatria Democrática,
na Itália , liderado por Franco Basaglia (1924-1980), que defendia o fim dos manicômios e a
construção de uma rede extra-hospitalar.
A Reforma Psiquiátrica ultrapassa a ideia de um movimento de mudança assistencial.
Portanto, não basta construir novos serviços de saúde, é preciso romper com o preconceito e o
estigma em torno dos transtornos mentais na sociedade, nos serviços de saúde, nas
universidades, ou seja, em qualquer espaço vivo.
 ATENÇÃO
O movimento de Reforma Psiquiátrica não chegou ao fim, ele ainda enfrenta muitos desafios!
Profissionais que atuam em correntes mais conservadoras continuam defendendo o
fortalecimento do hospital psiquiátrico, ou seja, o retrocesso ronda os ganhos na política de
Saúde Mental.
OS PRINCIPAIS PONTOS DE AVANÇO DESDE O INÍCIO
DA REFORMA PSIQUIÁTRICA NO BRASIL SÃO:
LEI N° 10.216
PORTARIA Nº 336
PROGRAMA DE VOLTA PARA CASA
REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (RAPS)
LEI N° 10.216
Lei n° 10.216, de 6 de abril de 2001, que reforça a importância da proteção e dos direitos das
pessoas com transtornos mentais e também redireciona o modelo assistencial em Saúde
Mental.
PORTARIA Nº 336
Portaria nº 336, de 19 de fevereiro de 2002, que define e estabelece diretrizes para o
funcionamento dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).
PROGRAMA DE VOLTA PARA CASA
Traz incentivo financeiro a egressos de longas internações, criado pelo Ministério da Saúde por
meio da Lei nº 10.708, de 31 de julho de 2003.
REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (RAPS)
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LEIS_2001/L10216.htm
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2002/prt0336_19_02_2002.html
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.708.htm
Implantação da rede de Atenção Psicossocial (RAPS) pela Portaria GM/MS nº 3088, de 23 de
dezembro de 2011, republicada em 21 de maio de 2013.
As mudanças foram significativas:
 
Fonte: Autor/Shutterstock
Tivemos um grande aumento do número de CAPS, que passaram a ocupar o lugar de
ordenadores da rede de Saúde Mental como serviço substitutivo e não complementar ao
hospital psiquiátrico.
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt3088_23_12_2011_comp.html
 
Fonte: Autor/Shutterstock
Presenciamos a instituição das Unidades de Acolhimento (UA) e das Unidades de Acolhimento
Infantojuvenil (UAI), com foco em pessoas que fazem uso abusivo de álcool e outras drogas e
estão em situação de vulnerabilidade social.
 
Fonte: Autor/Shutterstock
Vimos ganhar força a estratégia de desinstitucionalização com o crescimento dos Serviços
Residenciais Terapêuticos e o matriciamento da Saúde Mental na Atenção Básica,
instrumentalizando os profissionais de saúde para atuação de acordo com o que preconiza a
Reforma Psiquiátrica, a fim de promover atendimento e acolhimento no território.
Mas mesmo com tantos avanços, ainda temos o hospital psiquiátrico ocupando um lugar
atuante na rede de Saúde Mental. Houve o fechamento de muitos manicômios, porém alguns
hospitais e a adoção de práticas violentas – e até criminosas – ainda sobrevivem.
Apesar da busca por uma atuação mais humanizada, precisamos entender que persistem os
espaços de internação, com caráter prisional, que separam e isolam os indivíduos.
DESINSTITUCIONALIZAR NÃO É SOMENTE
DESOSPITALIZAR
Você pode estar se perguntando: “Por que estamos falando disso? E a história de Maria?”. A
história de Maria tem total relação com esses avanços e desafios apontados, como tantas
outras histórias de pessoas que tiveram suas vidas marcadas por muros de hospitais
psiquiátricos.
Para Maria e tantos outros usuários de Saúde Mental, principalmente para os pacientes de
longa permanência, ou seja, os que vivem em hospitais psiquiátricos há anos, a estratégia de
desinstitucionalização é primordial para o cuidado. Mas o que isso significa? Para começar,
não devemos entender desinstitucionalizar como sinônimo de desospitalizar. Qual é a
diferença?
Para Tallemberg (2015, p. 62), “a desinstitucionalização, muito mais do que uma ação espacial
(retirar do espaço do manicômio para o espaço do serviço, da cidade), é produzir novos reais
sociais, inventar outras sociabilidades e relações com a cidade, a céu aberto.
Portanto, para acontecer a desinstitucionalização, é preciso muito mais do que fechar leitos e
hospitais, como ocorre na desospitalização; é necessário considerar todas as questões que
envolvem cidadania como:
Moradia
 
Renda
 
Trabalho
 
Alimentação
 
Lazer
 
Acesso às necessidades humanas básicas
 
Entre tantas outras
A desinstitucionalização traz a necessidade de novos modos de lidar com a loucura, por meio
de serviços centrados nos usuários, de acordo com a lógica da clínica ampliada e com o
território como foco de cuidado.
O SERVIÇO RESIDENCIAL TERAPÊUTICO (SRT) E O
TERRITÓRIO
Um grande desafio é a desinstitucionalização das ações das próprias equipes, ou seja, cada
envolvido nesse processo precisa reconhecer seus atos e pensamentos manicomiais, muitas
vezes sutis, como, por exemplo, impor regras em um SRT, para que os moradores façam suas
refeições em horas determinadas.
Os Serviços Residenciais Terapêuticos ou Residências Terapêuticas são importantes para
muitos usuários de Saúde Mental, pois funcionam como moradia aos que não possuem suporte
social para sair do hospital psiquiátrico e viver na comunidade.
Podem ser utilizados por pessoas que passaram:
Cenário 1
Por longos anos de internação.

Cenário 2
Por aqueles que, mesmo sem um histórico de longas internações, não possuem suporte social
e familiar.
Pode parecer confuso um serviço que é também um lar! Existe uma equipe em cada casa para
contribuir com o processo de reabilitação social, circulação e ocupação da cidade. Conta com
profissionais formados em Saúde Mental na coordenação e organização das casas e com
cuidadores capacitados para o cuidado e o acompanhamento do processo de morar.
 ATENÇÃO
É importante reforçar que nas residências terapêuticas não se faz tratamento, pois essa
atribuição é dos CAPS, Atenção Básica, entre outros serviços. Na residência terapêutica, o
objetivo é contribuir com o “ato de morar”.
Existe um conjunto de leis e portarias que embasa as residências terapêuticas:
LEI Nº 10.216/2001
LEI Nº 10.708/2003
PORTARIAS GM Nº 52 E 53/2004
PORTARIA Nº 106/2000
PORTARIA Nº 1.220/2000
LEI Nº 10.216/2001
Já vista no início deste módulo, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas
portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em Saúde Mental.
LEI Nº 10.708/2003
Institui o Programa de Volta para Casa, que é o auxílio-reabilitação para pacientes egressos de
internações psiquiátricas.
PORTARIAS GM Nº 52 E 53/2004
Portarias GM nº 52 e 53/2004, do Ministério da Saúde, que regulam a redução progressiva de
leitos psiquiátricos e dos leitos já existentes.
PORTARIA Nº 106/2000
Portaria nº 106/2000, do Ministério da Saúde, que traz os Serviços Residenciais Terapêuticos
do SUS para egressos de longas internações.
PORTARIA Nº 1.220/2000
Portaria nº 1.220/2000, que regulamenta a Portaria 106/2000, para cadastro e financiamento
no SIA/SUS.
É importante respeitar as peculiaridades de cadaresidência terapêutica e, acima de tudo, de
cada morador. Existem dois tipos de SRT:
SRT 1
A SRT 1 é destinada a moradores mais estáveis e com mais autonomia.
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2004/prt0052_20_01_2004.html
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/1998/prt3523_28_08_1998.html
http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2015/marco/10/PORTARIA-106-11-FEVEREIRO-2000.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2014/prt1220_03_06_2014.html

SRT 2
A SRT 2 conta com o acompanhamento presencial de cuidadores 24 horas por dia, uma vez
que seus moradores apresentam mais necessidade de cuidados.
O cotidiano numa residência terapêutica permite novas descobertas e lança desafios aos
moradores como apropriação da casa, convivência com profissionais e outros moradores,
relação com a sociedade, impacto diante dos imprevistos da cidade etc.
Tudo isso envolve criação e fortalecimento de vínculos com pessoas e espaços, ou seja, tudo o
que torna alguém vivo. O melhor cuidado é a liberdade!
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. EM RELAÇÃO À DESINSTITUCIONALIZAÇÃO, MARQUE A OPÇÃO
CORRETA:
A) Desinstitucionalizar é sinônimo de desospitalizar.
B) A principal estratégia de desinstitucionalização é o Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência (SAMU).
C) O Serviço Residencial Terapêutico é uma estratégia primordial para a desinstitucionalização
acontecer.
D) O Serviço Residencial Terapêutico é mais complexo que a Residência Terapêutica.
E) O CAPS pode substituir o trabalho realizado no Serviço Residencial Terapêutico.
2. O SERVIÇO RESIDENCIAL TERAPÊUTICO (SRT) TEM IMPORTANTES
CARACTERÍSTICAS, MARQUE A OPÇÃO INCORRETA:
A) Pode ser dividido em SRT 1 e SRT 2.
B) O SRT 1 acolhe moradores com mais possibilidades de autonomia.
C) O SRT 2 acolhe moradores com mais dificuldades de autonomia.
D) O SRT 3 é somente para moradores que são egressos de mais de 40 anos de internação.
E) O SRT não tem função de tratamento e sim de moradia.
GABARITO
1. Em relação à desinstitucionalização, marque a opção correta:
A alternativa "C " está correta.
 
O Serviço Residencial Terapêutico é essencial para resgatar a cidadania de sujeitos com
dificuldades de suporte social, fazendo a desinstitucionalização acontecer.
2. O Serviço Residencial Terapêutico (SRT) tem importantes características, marque a
opção incorreta:
A alternativa "D " está correta.
 
Não existe um SRT do tipo 3. O tipo 1 é para moradores com mais possibilidades de
autonomia; e o tipo 2, para moradores com mais dificuldades.
MÓDULO 2
 Reconhecer a relevância do vínculo como principal ferramenta para enfrentar a
questão do suicídio
O SERVIÇO RESIDENCIAL TERAPÊUTICO
Neste vídeo, o(a) especialista explica o funcionamento do Serviço Residencial Terapêutico e
aponta a importância da desinstitucionalização.
A HISTÓRIA DE PAULA
Desta vez, vamos falar de Paula (nome fictício), 20 anos, solteira, estudante de Enfermagem,
mora com seus pais no município do Rio de Janeiro.
 
Foto: I.e. Photo by @starnes from nappy.co
Confira o estudo de caso a seguir:
O QUE ACONTECEU?
Paula chegou ao Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) após uma tentativa de suicídio. Ela
ingeriu grande quantidade de medicamentos e deixou uma carta de despedida. Seus pais
chegaram a tempo de levá-la para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro e realizar
os procedimentos técnicos necessários. Depois, foram encaminhados para o CAPS.
Ao chegar ao CAPS, Paula estava apática e desconfiada, com olhar desinteressado durante o
início da consulta de acolhimento realizada por duas profissionais. O atendimento inicial contou
também com a presença dos pais de Paula, que trouxeram muitos pontos importantes sobre a
situação e a história de vida da filha. Em alguns momentos, Paula relatava fatos primordiais
para o acompanhamento.
A INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA DE PAULA
Os pais de Paula falaram sobre sua boa infância, com amigos, brincadeiras, boa escola e balé.
Com a chegada da adolescência, a menina passou a isolar-se, tinha poucos amigos, mas
permaneceu no balé — Paula contou que a dança era a única maneira que encontrava de
expressar a dor que sentia, havia perdido a confiança nos amigos da escola nessa época. As
profissionais de saúde perguntaram quando essa desconfiança havia começado, e Paula
respondeu que aos 13 anos percebeu que seus amigos nunca a elogiavam, debochavam de
tudo que ela fazia, por isso decidiu afastar-se.
Nesse momento, foi solicitado que somente Paula permanecesse na consulta, que seus pais
aguardassem do lado de fora. A moça demonstrou alívio por estar sozinha e começou a contar
sua história com menos desconforto.
PAULA COMPARTILHA AS SUAS DORES
Ela disse que seus pais começaram a brigar muito quando estava no início da adolescência,
por motivos financeiros e afetivos. Relatou que precisaram sair de uma casa com muitos
cômodos, piscina e jardim para uma casa com três cômodos em um local bastante violento;
contou ainda que por duas vezes não conseguiram pagar a conta de luz e ficaram alguns dias
sem energia elétrica. Em relação à escola e ao balé, Paula disse que conseguiu bolsa integral
em função do seu desempenho e sua dedicação, mas que por essa razão desconfiava que os
professores e colegas a olhavam com desprezo.
 
Foto: Shutterstock.com
Quando as profissionais perguntaram sobre sua tentativa de suicídio, Paula disse que já
pensava em acabar com a própria vida há 3 anos, na conclusão do ensino médio, quando
começou a sentir medo de não ser aprovada no vestibular. Relatou que, desde então, qualquer
situação de medo ou sofrimento dava vontade de querer morrer.
Paula pensa que o balé e sua graduação de Enfermagem são as únicas coisas que a
sustentam, porém sente medo dessa vontade repentina de interromper a própria vida. Ela
alega que não tem com quem compartilhar seu problema por medo de prejulgamentos e
conselhos do tipo “Você é jovem, faz faculdade, tem casa, não deveria pensar isso”.
TRATAMENTO E ACOMPANHAMENTO
As profissionais do CAPS agendaram a visita diária de Paula ao serviço para contar sobre essa
sensação e sobre sua história. Aos poucos, Paula criou um vínculo com a equipe e ganhou
mais segurança para enfrentar seus medos. A partir desses atendimentos, Paula passou a
sentir segurança nas relações e fez duas amigas na faculdade.
 
Foto: Shutterstock.com
Certa vez, Paula contou que a vontade de ingerir grande quantidade de medicação ressurgiu
muito forte, mas ela foi capaz de resistir. Quando as profissionais perguntaram o que a ajudou
nessa hora, Paula disse: “Eu tenho vocês e o CAPS”. E assim os atendimentos seguem, com
Paula enfrentando suas dificuldades cotidianamente, porém com o amparo do CAPS e da
equipe do serviço.
EXPERIÊNCIAS DE CUIDADO NOS
SERVIÇOS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
Você consegue perceber na história de Paula o quanto um vínculo fortalecido pode sustentar e
dar suporte? Diariamente, nos serviços de Saúde Mental e Atenção Básica, principalmente nos
CAPS e nas Clínicas da Família — serviços territoriais presentes nas comunidades —, muitas
pessoas conseguem lidar com suas dificuldades e seus sofrimentos a partir do vínculo criado
com os profissionais e os serviços. Isso tem contribuído significativamente para a redução e
prevenção do suicídio.
A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) é responsável por uma série de ações e serviços
para um cuidado pautado na liberdade, buscando articulação e alinhamento entre seus
componentes.
SÃO COMPONENTES DA RAPS:
1
2
3
4
5
6
7
1 - ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE
Formada pelos seguintes pontos de atenção: Unidade Básica de Saúde; Equipes de Atenção
Básica para populações específicas: Equipe de Consultório na Rua e Equipe de apoio aos
serviços do componente Atenção Residencial de Caráter Transitório; Centros de Convivência.
2 - ATENÇÃO PSICOSSOCIAL ESPECIALIZADA
Formada pelos seguintes pontos de atenção: Centros de Atenção Psicossocial nas suas
diferentes modalidades.
3 - ATENÇÃO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIAFormada pelos seguintes pontos de atenção: SAMU 192; Sala de Estabilização; UPA 24 horas;
Portas Hospitalares de Atenção à Urgência/Pronto-Socorro; Unidades Básicas de Saúde, entre
outros.
4 - ATENÇÃO RESIDENCIAL DE CARÁTER
TRANSITÓRIO
Formada pelos seguintes pontos de atenção: Unidade de Recolhimento; Serviços de Atenção
em Regime Residencial.
5 - ATENÇÃO HOSPITALAR
Formada pelos seguintes pontos de atenção:
Enfermaria Especializada em Hospital Geral; Serviço Hospitalar de Referência para Atenção às
pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de
crack, álcool e outras drogas.
6 - ESTRATÉGIAS DE DESINSTITUCIONALIZAÇÃO
Formadas pelo seguinte ponto de atenção: Serviços Residenciais Terapêuticos.
7 - REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL
Portaria nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011.
O trabalho no território é dinâmico e sempre atravessado por questões específicas de cada
local, ou seja, em um mesmo município, cada bairro possui suas peculiaridades no cuidado.
Nesse sentido, não é suficiente analisar as tentativas de suicídio, a violência autoprovocada ou
o próprio suicídio sob o aspecto individual, pois o problema envolve outras questões:
Familiares
 
Sociais
 
Culturais
 
Econômicas
Essa análise não pode ocorrer deslocada do tempo e do espaço.
Atualmente muitos protocolos são construídos para enfrentamento da questão do suicídio. Tais
protocolos têm seu valor e grande importância, mas o trabalho do cotidiano exige criatividade,
articulação, traz angústia e constante necessidade de reinvenção e aposta.
Nenhum profissional pode cuidar sozinho de pessoas em sofrimento psíquico com ideação
suicida, é preciso um trabalho intersetorial, envolvendo múltiplos atores e serviços!
Os CAPS e as Clínicas da Família são serviços que acolhem crises diariamente. São muitos
os desafios em torno da questão do suicídio: o atendimento direcionado para pessoas com
tentativa e ideação suicida; o acolhimento aos familiares; as estratégias de prevenção do
suicídio; o cuidado com os profissionais que lidam diretamente com esses usuários.
O acolhimento inicial é importante para a construção do vínculo e para o acompanhamento,
porque ele pode produzir marcas positivas ou negativas.
Os profissionais precisam desligar-se constantemente de questões morais ou de
prejulgamentos para que a prática de acolhimento seja completa e bem-sucedida.
 
Foto: Shutterstock.com
É importante que sejam feitas articulações com escolas, associações da comunidade do
entorno, serviços que não sejam somente da área da Saúde, para que as ações de promoção
e prevenção em Saúde sejam eficazes – muitas vezes, na correria do cotidiano, apenas os
casos agudos são priorizados, ou seja, os que chegam aos CAPS, às Clínicas da Família, às
UPAS e aos hospitais.
 VOCÊ SABIA
Um serviço de apoio muito conhecido no país, ponto primordial de suporte emocional nos
casos de tentativa de suicídio ou ideação suicida, é o Centro de Valorização da Vida (CVV),
que presta acolhimento de maneira gratuita, com sigilo garantido, através de ligação telefônica,
por e-mail ou chat.
TENTATIVA DE SUICÍDIO: SINAIS,
SINTOMAS, CONTEXTO DE VIDA
É preciso analisar todo o contexto para o acolhimento da crise de quem tenta ou planeja
colocar fim à própria vida, ou seja, não basta olhar para algum sinal ou sintoma isoladamente
na questão do suicídio.
 A fita amarela representa a prevenção do suicídio.
Você já deve ter ouvido a expressão “ideação suicida”. Muitas vezes ela se confunde com
outra: “comportamento suicida”. Vamos esclarecer a diferença entre esses dois conceitos:
Ideação suicida
Significa que a pessoa produz pensamentos que podem se tornar planos para colocar fim à
própria vida.

Comportamento suicida
Significa que a pessoa pode, de fato, cometer o suicídio ou colocar em prática uma ação para
conseguir a própria morte.
Você provavelmente também ouviu falar ou conhece alguém que tenha feito ou faça cortes no
próprio corpo. Em princípio, parece se tratar de um comportamento suicida, mas, como vimos
anteriormente, é preciso avaliar de maneira singular cada situação.
No cotidiano dos serviços de saúde, vemos muitas pessoas que recorrem à automutilação
sem pretensão de causar a própria morte.
Muitos relatam os cortes como forma de alívio da tensão, da sensação de vazio, da tristeza ou
como modo de pedir ajuda para continuar vivendo — mas também pode significar um
comportamento suicida.
 ATENÇÃO
A automutilação nunca deve ser banalizada! É preciso escutar para elaborar a conduta a ser
tomada diante do que a pessoa traz como sofrimento.
Acompanhe a seguir outros sinais nos quais devemos prestar atenção quando tratamos do
tema Saúde Mental.
ATENTE-SE AOS DISCURSOS
Muitas falas podem servir de alerta, como: “Eu cansei de viver”, “Vontade de dormir para
sempre”, “Quero sumir”, “Vou acabar fazendo uma besteira”, “Se eu morrer, vai ser um alívio”,
“Não vejo mais graça em nada”, entre outras. Atenção, pois algo que deve ser mudado é a
ideia de que “quem fala, não faz”. Na verdade, qualquer aviso precisa ser levado a sério, pois
rotineiramente sabemos de muitos suicídios que foram sinalizados antes de acontecerem de
fato.
RELAÇÃO SUICÍDIO X DEPRESSÃO
Outra questão também importante: você acha que todo mundo que tenta suicídio sofre de
depressão? Nem sempre! Às vezes, num ato de desespero, a pessoa toma uma atitude
impulsiva e comete ou tenta o suicídio. É importante oferecer e buscar apoio ao perceber
desespero ou situação complicada. Alguns minutos de oferta de presença podem salvar uma
vida!
OUTROS INDICATIVOS
Outros sinais, sintomas e situações merecem atenção, mas sempre devem ser analisados no
contexto de vida de cada sujeito: pessimismo, apatia, ansiedade permanente, insônia, tentativa
de suicídio anterior, isolamento social, uso abusivo de álcool e outras drogas, perdas
financeiras e afetivas significativas, abuso sexual, violência, desemprego, transtornos mentais
– principalmente depressão –, entre outros.
Estamos chegando ao último tópico do módulo. Vamos lá?
GRUPOS DE MAIOR RISCO
Estudos apontam que as tentativas de suicídio são preponderantes entre as mulheres, porém
os homens possuem um número maior de suicídio consumado, pois suas tentativas são
muitas vezes mais agressivas e letais.
A menor busca pelo apoio de serviços de saúde por parte dos homens parece ter forte
influência no agravamento do quadro.
Um número significativamente alto de adolescentes apresenta comportamento e/ou ideação
suicida, o que configura o suicídio umas das principais causas de mortalidade na adolescência.
MUITOS FATORES INFLUENCIAM O AUMENTO DO
SUICÍDIO ENTRE ADOLESCENTES, COMO:
As mudanças corporais e no ciclo de amizades.
O afloramento das questões da sexualidade.
O fim da infância e o caminho para a idade adulta.
O grande estímulo ao consumismo.
A influência das redes sociais, que causam adoecimento psíquico por alimentar padrões de
vida, relacionamento e beleza muitas vezes inatingíveis.
O número de idosos que cometem suicídio também é alto. Muitos também apresentam
ideação suicida em função de diversos fatores, entre eles:
Perdas financeiras;
Funções corporais diminuídas;
Autonomia prejudicada;
Sensação de dependência dos familiares e cuidadores;
Perda de entes queridos e relações construídas ao longo da vida.
O suicídio é uma questão prioritária de saúde pública. É preciso investimento em serviços
territoriais, em ações de prevenção e também em cuidado humanizado, com profissionais
disponíveis para acolher, criar vínculo e oferecer escuta. Por esse caminho, é possível
enfrentar esse grande problema.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. EXISTEM MUITAS CONCEPÇÕES EQUIVOCADAS EM RELAÇÃO AO
SUICÍDIO. MARQUE A OPÇÃO QUE TRAZ UMA QUESTÃO INCORRETA
EM RELAÇÃO AO TEMA:
A) O suicídio é um ato que pressupõe um período significativo de silêncio, pois quem tem
ideação suicida não avisa sobre seus pensamentos.
B) As mulheres apresentam mais tentativasde suicídio, porém os homens conseguem
consumar o suicídio com mais frequência.
C) A automutilação nem sempre configura uma tentativa de suicídio.
D) Existe um número significativo de suicídio entre os idosos.
E) Alguns casos de suicídio não são associados à depressão.
2. MUITOS SERVIÇOS E AÇÕES DE SAÚDE SÃO IMPORTANTES NO
ENFRENTAMENTO E NA PREVENÇÃO DO SUICÍDIO. MARQUE A OPÇÃO
CORRETA EM RELAÇÃO À REDE ENVOLVIDA NESSE CUIDADO:
A) O foco de cuidado deve ser centrado em hospitais, para evitar circulação da pessoa com
risco de suicídio.
B) A Atenção Básica não tem autonomia para acompanhar os casos de tentativa de suicídio no
território.
C) O CAPS é o único serviço territorial responsável pelo acolhimento à crise que diz respeito
ao suicídio.
D) Todos os dispositivos da RAPS precisam estar envolvidos no cuidado direcionado para as
pessoas com risco ou tentativa de suicídio.
E) A UPA é o principal serviço de cuidado direcionado às pessoas com tentativa de suicídio.
GABARITO
1. Existem muitas concepções equivocadas em relação ao suicídio. Marque a opção que
traz uma questão incorreta em relação ao tema:
A alternativa "A " está correta.
 
Muitas pessoas que cometem suicídio manifestaram sua intenção sob diversas formas,
inclusive em suas falas.
2. Muitos serviços e ações de saúde são importantes no enfrentamento e na prevenção
do suicídio. Marque a opção correta em relação à rede envolvida nesse cuidado:
A alternativa "D " está correta.
 
A RAPS confere ações e serviços articulados e alinhados para o cuidado em relação ao
suicídio.
MÓDULO 3
 Descrever a importância de um olhar cuidadoso e singular no cuidado em Saúde
Mental Infantojuvenil
INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA E FATORES
DE SOFRIMENTO PSÍQUICO
Neste vídeo, o(a) especialista contextualiza os fatores que podem trazer sofrimento psíquico na
infância e adolescência e as possíveis intervenções.
A HISTÓRIA DE CÁSSIO
Chegou a hora de conhecer a história de Cássio (nome fictício). Ele tem 17 anos, é autista e
mora em um abrigo para crianças e adolescentes com necessidades especiais.
 
Foto: Shutterstock.com
Confira o estudo de caso a seguir:
A INFÂNCIA DE CÁSSIO
Cássio nunca teve vínculo familiar. Sua infância foi marcada por abrigos, solidão e silêncio,
pois sua mãe vivia em situação de rua e julgava não ter condições para criá-lo, deixando o filho
em uma igreja após seu nascimento.
Ao longo do tempo, profissionais de um dos abrigos onde Cássio morou perceberam que ele
apresentava dificuldade de interação. Passava a maior parte do tempo deitado no chão e
levando objetos até a boca, não desenvolveu a fala. Aos 7 anos, Cássio foi encaminhado para
o Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi) de sua cidade.
O INÍCIO DO TRATAMENTO
No CAPSi, Cássio não se adaptava às oficinas terapêuticas, pois a presença de muitas
pessoas o deixava angustiado. Era então atendido individualmente por uma psicóloga, sua
profissional de referência, e por uma estagiária de Serviço Social, com quem havia construído
um vínculo.
 
Foto: Shutterstock.com
Após a finalização do estágio de 5 meses, a estudante encerrou as atividades no CAPSi e se
despediu de Cássio. A partir de então, a equipe começou a perceber em Cássio episódios de
agressividade, com gritos (somente sons, sem palavras, sem formular frases) e com o corpo.
Inicialmente, houve intensa preocupação em acabar com essa agressividade crescente, pois a
crise era encarada como algo de aspecto negativo que precisava ser silenciada com
medicação. Tal conduta durou cerca de dois anos e quase nenhum progresso pôde ser
observado no acompanhamento de Cássio. O comportamento agressivo permanecia.
CÁSSIO ESTABELECE UM NOVO VÍNCULO
A maior parte dos funcionários que conhecia Cássio sentia dificuldades no atendimento, mas a
chegada de um novo profissional no serviço apontou uma sensível melhora no comportamento
do menino. Um dia, esse enfermeiro, ao perceber que Cássio jogava todos os brinquedos no
chão, falou: “Cássio, é muita coisa para te chatear, né? Eu entendo que assim você está
mostrando que é difícil”.
A abordagem diferente de todas as anteriores proporcionou o início da construção de
um vínculo entre Cássio e o enfermeiro. Tal postura passou a ser adotada por outros
profissionais do serviço, o que contribuiu muito para os avanços no cuidado em outros casos.
AVANÇOS E CONQUISTAS
Aos 11 anos, Cássio começou a usar algumas palavras, a maioria delas de teor agressivo ou
xingamentos. Alguns profissionais do CAPSi e do abrigo diziam para ele que não era possível
xingar daquela maneira, porém, esse enfermeiro em quem Cássio confiava pôde perceber que,
conforme o menino colocava seus sentimentos em palavras, deixava de quebrar objetos e sua
agressividade diminuía. A possibilidade de avanço psíquico foi evidente, e a equipe passou a
acolher a raiva manifestada verbalmente por Cássio. Pouco a pouco outras palavras surgiram,
inclusive trechos de música.
 
Foto: Shutterstock.com
Cássio segue no acompanhamento pelo CAPSi com frequência intensiva e eventualmente
consegue participar de algumas oficinas, como a oficina de música e a de passeio, em que
profissionais e usuários do serviço realizam visitas a pontos turísticos da cidade. Cássio está
em processo de encaminhamento para morar em um Serviço Residencial Terapêutico (SRT),
pois não possui laços familiares e necessita de cuidados constantes, além do fato de ser uma
grande oportunidade poder escolher sua cama, sua alimentação, a hora que vai tomar banho,
entre tantos outros detalhes envolvidos no “processo de morar” nunca antes experimentados
por ele.
A vizinhança do CAPSi já conhece Cássio e muitos dirigem-se a ele de maneira afetuosa: no
mercado, no barbeiro e na padaria. Tudo isso tem relação com o investimento da equipe e com
a aposta de que existe um sujeito ali. Por meio do vínculo, mesmo com tantas dificuldades,
Cássio pôde se posicionar psiquicamente e socialmente.
Depois de conhecermos a história de Cássio, vejamos quais são as reflexões que ela nos traz,
de acordo com o conteúdo.
INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA E FATORES
DE SOFRIMENTO PSÍQUICO
É comum ouvirmos que as melhores fases da vida são a infância e a adolescência. Muitas
vezes associamos infância à pureza, ao aprendizado, crescimento e desenvolvimento.
EXPECTATIVA

REALIDADE
A adolescência é vista como a transição para o mundo adulto, quando será preciso pensar no
futuro, ter uma profissão, construir uma família.
Você acha que todos estão incluídos nessa perspectiva de vida?
Sem dúvida, não! Pois muitos escapam e não se encaixam nesse cenário.
Quantas crianças e adolescentes estão sem estudar? Quantos não têm acesso à água potável,
alimentação, ao saneamento básico? Quantos não possuem casa ou moram em condições
precárias? Quantos precisam trabalhar?
Pensando em nosso país, nos seus mais diversos espaços, podemos afirmar que muitos se
encontram nas situações apontadas. Ou seja, o adoecimento psíquico pode aparecer em
função de todas essas barreiras e agravar a situação de muitas crianças e muitos
adolescentes.
Tanto na infância quanto na adolescência existe maior vulnerabilidade a diversos tipos de
violência: violência sexual, violência física, negligência, exploração, entre tantas outras que
provocam adoecimento de crianças e adolescentes expostos por muito tempo em espaços que
deveriam ser seguros, como a escola, a casa e a comunidade em que vivem.
Muitas vezes a criança apresenta comportamento mais arredio e agressivo ou prefere ficar
sozinha quando está passando por sofrimento ou adoecimento psíquico.
 ATENÇÃO
É muito importante que as pessoas ao redor observem mudanças no comportamento e
ofereçam atenção a essa criança. Frequentemente, ela manifesta seu sofrimento nas
brincadeiras ou quando deixa de brincar.
Existe uma delicadeza em distinguir o que é natural da personalidade da criança e o que é um
adoecimento.
ATIVIDADE DE REFLEXÃO
POR EXEMPLO, EXISTEM ALGUMAS CRIANÇAS
QUE SÃOTÍMIDAS. TAL FATO CONFIGURA
ALGO PATOLÓGICO OU UMA CARACTERÍSTICA
PESSOAL?
RESPOSTA
RESPOSTA
Configura uma característica pessoal.
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A adolescência é um período naturalmente delicado, em função das inúmeras mudanças e
transformações que podem estar relacionadas com:
Transformações corporais e do ciclo social.
 
Diversas questões relacionadas à sexualidade.
 
Rendimento escolar.
 
Pressão estética e do estímulo ao consumo, ambos escancarados nas redes sociais.
Outros tantos fatores também podem desencadear sofrimento e adoecimento psíquico:
Síndromes depressivas;
Transtornos de ansiedade;
Uso abusivo de álcool e outras drogas;
Comportamento violento;
Isolamento social.
 
Foto: i.e. Photo by @NappyStock from nappy.co
A família tem papel extremamente importante nas questões de adoecimento e sofrimento
psíquico na infância e adolescência. Em uma dinâmica familiar instável, violenta ou negligente,
a criança ou o adolescente pode ser atravessado por essas questões, pois necessitam de
suporte emocional e social.
Quando uma criança ou um adolescente adoece, a família também sofre mudanças e
readaptações. Entretanto, muitas vezes tem dificuldades de buscar ajuda nos serviços de
saúde, por resistência em aceitar a doença dos membros mais jovens da família, por
impossibilidade financeira de arcar com tratamentos, por sobrecarga em função do cuidado
demandado, entre outros.
 
Foto: i.e. Photo by @NappyStock from nappy.co
A medicalização nos cuidados da Saúde Mental de crianças e adolescentes configura um outro
problema carente de atenção.
É extremamente delicado diagnosticar crianças e adolescentes na área da Saúde Mental, pois
o diagnóstico pode facilmente se transformar em um rótulo ou uma sentença.
Perceba que não se trata de desvalorizar o diagnóstico e a medicação, pois ambos são muito
importantes para o cuidado. Mas não é possível banalizar o uso de psicotrópicos e diagnosticar
precocemente sem considerar todo o contexto e a história ao redor da criança ou do
adolescente.
CONTEXTO E A HISTÓRIA AO REDOR DA
CRIANÇA
Criança isolada merece atenção redobrada.
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Foto: Shutterstock.com
CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
INFANTOJUVENIL (CAPSI)
A promulgação da Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001, que aborda a questão dos direitos e
proteção das pessoas com transtornos mentais e do redirecionamento da assistência em
Saúde Mental, trouxe uma mudança muito importante na área da Atenção Psicossocial.
No ano seguinte, a Portaria nº 336, promulgada em 19 de fevereiro de 2002, essencial para o
funcionamento de uma rede pautada em serviços diários e territoriais, definiu os tipos de CAPS
e seu funcionamento:
CONFIRA!
Ela estabeleceu sua independência em relação às estruturas hospitalares, entre outros pontos
cruciais, para o CAPS ocupar o lugar de serviço substitutivo e ordenador do cuidado em Saúde
Mental no Brasil.
O Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi), segundo a Portaria nº 336, de 19 de
fevereiro de 2002, é um serviço voltado para crianças e adolescentes, preferencialmente para
municípios com população acima de 200.000 habitantes. Seguem os aspectos que precisam
estar presentes no serviço:
 
Fonte: Autor/Shutterstock
Constituir-se em serviço ambulatorial de atenção diária destinado a crianças e adolescentes
com transtornos mentais.
 
Fonte: Autor/Shutterstock
Possuir capacidade técnica para desempenhar o papel de regulador da porta de entrada da
rede assistencial no âmbito do seu território e/ou do módulo assistencial, definido na Norma
Operacional de Assistência à Saúde (NOAS), de acordo com a determinação do gestor local.
 
Fonte: Autor/Shutterstock
Responsabilizar-se, sob coordenação do gestor local, pela organização da demanda e da rede
de cuidados em Saúde Mental de crianças e adolescentes no âmbito do seu território.
 
Fonte: Autor/Shutterstock
Coordenar, por delegação do gestor local, as atividades de supervisão de unidades de
atendimento psiquiátrico a crianças e adolescentes no âmbito do seu território.
 
Fonte: Autor/Shutterstock
Supervisionar e capacitar as equipes de Atenção Básica, serviços e programas de Saúde
Mental no âmbito do seu território e/ou do módulo assistencial, na atenção à infância e
adolescência.
 
Fonte: Autor/Shutterstock
Realizar, e manter atualizado, o cadastramento dos pacientes que utilizam medicamentos
essenciais para a área de Saúde Mental regulamentados pela Portaria/GM/MS nº 1077, de 24
de agosto de 1999, e medicamentos excepcionais, regulamentados pela Portaria/SAS/MS nº
341, de 22 de agosto de 2001, em sua área assistencial.
 
Fonte: Autor/Shutterstock
Funcionar de 8:00 às 18:00 horas, em dois turnos, durante os cinco dias úteis da semana,
podendo comportar um terceiro turno que funcione até às 21:00 horas (Portaria nº 336, de 19
de fevereiro de 2002).
No CAPSi, diversas atividades acontecem no cotidiano. Elas estão detalhadas logo abaixo.
ATIVIDADES
Atendimento individual; atendimento medicamentoso; oficinas terapêuticas; atendimento em
grupos; atendimento familiar; refeições diárias; vista domiciliar; atividades que buscam a
integração da criança e do adolescente nas escolas, na comunidade, na família e em outras
questões de aspecto social; trabalho intersetorial, principalmente com escolas e demais
serviços de educação, assistência social e justiça.
A equipe do CAPSi deve ser multiprofissional e interdisciplinar, com diversas formações
atuando em prol da Atenção Psicossocial e em busca da integralidade do cuidado. Conforme
orienta a Portaria nº 336, de 19 de fevereiro de 2002, a equipe técnica mínima para atuação no
CAPSi II, para o atendimento de 15 crianças e/ou adolescentes por turno, tendo como limite
máximo 25 pacientes/dia, será composta por:
PROFISSIONAIS
1 médico psiquiatra ou neurologista ou pediatra com formação em Saúde Mental;
1 enfermeiro;
4 profissionais de nível superior entre as seguintes categorias profissionais: psicólogo,
assistente social, enfermeiro, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, pedagogo ou outro
profissional necessário ao projeto terapêutico;
5 profissionais de nível médio: técnico e/ou auxiliar de enfermagem, técnico
administrativo, técnico educacional e artesão.
O trabalho cotidiano no CAPSi exige criatividade, disponibilidade, investimento e articulação.
Não é possível considerar — e aceitar — que este seja o único serviço responsável pelo
atendimento a crianças e adolescentes em sofrimento psíquico e/ou portadores de transtornos
mentais.
É preciso organizar parcerias com espaços e dispositivos frequentados pelos usuários; é
necessário orientar outros serviços de saúde para acolhimento e atendimento como, por
exemplo, as Clínicas da Família, para que assim o território seja espaço vivo e potente para
prevenção, promoção e recuperação da saúde de crianças e adolescentes.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. O CAPSI É MUITO MAIS QUE UM SERVIÇO, É UMA ESTRATÉGIA PARA
AMPLIAÇÃO DO OLHAR E DO CUIDADO PARA CRIANÇAS E
ADOLESCENTES EM SOFRIMENTO E ADOECIMENTO PSÍQUICO. SOBRE
O CAPSI, MARQUE A OPÇÃO INCORRETA:
A) O CAPSi tem seu funcionamento detalhado na Portaria nº 336, de 19 de setembro de 2002.
B) O CAPSi permite somente a presença do médico pediatra, sem possibilidade de médico
psiquiatra.
C) O CAPSi é um serviço territorial, que deve ser independente de qualquer estrutura
hospitalar.
D) O CAPSi tem como uma de suas atividades a visita domiciliar.
E) No CAPSi é possível ter acesso a tratamento medicamentoso.
2. MUITAS CRIANÇAS E MUITOS ADOLESCENTES ADOECEM
PSIQUICAMENTE, MAS EXISTE GRANDE DIFICULDADE DE IDENTIFICAR
O MOMENTO EM QUE É NECESSÁRIO TRATAMENTO. MARQUE A OPÇÃO
INCORRETA EM RELAÇÃO À SAÚDE MENTAL INFANTOJUVENIL:
A) Muitas crianças que estão em sofrimento psíquico tornam-se agressivas como forma de
expressar seus sentimentos.
B) Muitos adolescentes recorrem ao uso abusivo de álcool e outras drogas para lidar com o
sofrimento psíquico.C) É comum que a violência contra crianças ocorra nas ruas, sendo pouco recorrente em
ambientes que a criança frequenta, como casa e escola.
D) A vulnerabilidade social e econômica influencia fortemente no adoecimento psíquico de
crianças e adolescentes.
E) As questões da sexualidade e mudanças corporais podem ser fatores desafiadores para os
adolescentes.
GABARITO
1. O CAPSi é muito mais que um serviço, é uma estratégia para ampliação do olhar e do
cuidado para crianças e adolescentes em sofrimento e adoecimento psíquico. Sobre o
CAPSi, marque a opção incorreta:
A alternativa "B " está correta.
 
O CAPSi pode ter em sua equipe a presença de um médico psiquiatra ou médico pediatra ou
médico neurologista com formação em Saúde Mental.
2. Muitas crianças e muitos adolescentes adoecem psiquicamente, mas existe grande
dificuldade de identificar o momento em que é necessário tratamento. Marque a opção
incorreta em relação à Saúde Mental Infantojuvenil:
A alternativa "C " está correta.
 
A violência contra crianças ocorre na maior parte das vezes nos ambientes em que elas
permanecem por mais tempo, como em suas próprias casas e escolas.
MÓDULO 4
 Reconhecer a relevância da aposta na integralidade do cuidado na clínica de uso
abusivo de álcool e outras drogas
O QUE SÃO VÍCIOS?
Desta vez, o(a) especialista contextualiza o que são vícios, o que é tolerável ou não. Também
são apresentados exemplos pertinentes acerca do assunto.
A HISTÓRIA DE DIEGO, SARA E LUCAS
Chegamos ao nosso último estudo de caso! Diego (nome fictício) tem 19 anos de idade e vive
em situação de rua há 7 anos junto com seus dois irmãos, Sara (nome fictício), de 15 anos, e
Lucas (nome fictício), de 16 anos.
 
Foto: Shutterstock.com
Confira o estudo de caso a seguir:
BREVE HISTÓRICO DOS IRMÃOS
Os três irmãos resolveram abandonar a casa em que viviam na periferia do Rio de Janeiro
após muitos anos de agressões físicas por parte do pai, que fazia uso abusivo de álcool.
Nenhum deles estudava e desde pequenos vendiam balas e doces na rua para conseguir
comida.
 
Foto: Shutterstock.com
Estabeleceram muitos espaços como casa ao longo da jornada pelas ruas e, depois de muita
circulação, firmaram moradia no centro da cidade, numa conhecida região boêmia e comercial.
O local favorecia a venda de doces e balas, porém, por outro lado, deixava os três em situação
de grande vulnerabilidade. Sara, a única menina da família, decidiu raspar o cabelo para se
passar por menino, pois considerava que assim estaria mais segura.
A DEPENDÊNCIA QUÍMICA
Para suportar a violência e a vulnerabilidade nas ruas, passaram a recorrer a um solvente para
tinta cujo efeito era alucinógeno, quando inalado. A frequência do uso do solvente aumentou e
tornou-se parte do cotidiano dos irmãos, que passavam a maior parte do tempo intoxicados.
Muitas pessoas da vizinhança, que conheciam os irmãos, tentavam alertar sobre os riscos,
ofereciam alimentação, davam conselhos. Certa vez, uma funcionária de um estabelecimento
comercial disse a Júlia: “Isso destrói o pulmão, não faça isso!”. A menina logo respondeu: “Nós
já nascemos destruídos”. Quanta dureza existe na vida desses irmãos que nasceram em
situação de extrema pobreza, viveram sem acesso à educação e sofreram agressões físicas do
pai por muitos anos!
Diego sempre foi o mais sensível. Muitas vezes, ao vender balas e pirulitos pelas ruas, recebia
muitos “nãos”, mas acabava dando os doces de presente quando recebia atenção e conversa.
Dizia que queria estudar, ter uma casa, e por isso precisava vender bastante doce.
TRATAMENTO E ENCAMINHAMENTO
Certa vez, Sara foi encaminhada para uma espécie de fazenda de recuperação, pois vinha
apresentando agressividade pelas ruas. Diego e Lucas, nesse mesmo período, foram
encaminhados para a enfermaria infantil de um hospital psiquiátrico do município, em função
do uso excessivo do solvente.
Posteriormente, os dois foram encaminhados para o CAPSi do município para
acompanhamento, mas voltaram a permanecer nas ruas, pois, apesar das muitas articulações
feitas pelo CAPSi com espaços e serviços de moradia (abrigos), os adolescentes não
conseguiam permanecer nesses espaços pelo excesso de regras e restrições impostas.
Conseguiram importantes avanços com o cuidado no CAPSi: aprenderam a ler e escrever,
participaram de muitas oficinas terapêuticas e tiveram atendimento individual.
 
Foto: Shutterstock.com
Ao completar 18 anos, Diego foi encaminhado para o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e
outras Drogas (CAPS AD). Atualmente comparece ao CAPS AD todos os dias da semana,
participa das oficinas de leitura, de cinema e de futebol, recebe atendimento individual, faz três
refeições diárias e, através de uma articulação entre o CAPS AD e uma rede de
supermercados, conseguiu seu primeiro emprego na padaria do supermercado.
QUAL FOI O DESFECHO DOS IRMÃOS?
Você pode estar pensando que tudo se encaminhou de maneira positiva, mas são muitos os
desafios enfrentados por Diego. Ele conseguiu diminuir a intensidade no uso das drogas
graças aos avanços apontados em seu projeto terapêutico singular, com ajuda de medicações
para suportar o que chamamos de “fissura” – necessidade muito forte de usar drogas. Diego
diz: “Cada dia é um desafio, nem sempre consigo vencer, mas às vezes sim, porque tenho o
CAPS AD”.
Seus irmãos Sara e Lucas ainda fazem tratamento no CAPSi. Lucas tem solicitado apoio nos
estudos, e a equipe do CAPSi se mobiliza para fazer articulações com a escola municipal.
Sara ainda apresenta dificuldade em diminuir o uso intenso das drogas, porém aparece
constantemente no serviço.
O mais importante nessa história é o olhar singular que cada um deles recebeu. Para além
da droga, existem três pessoas com a vida marcada por sofrimento, violência e abandono, mas
que tiveram a possibilidade de deixar a vida pulsar e enfrentar as dificuldades com amparo e
apoio.
AS FORMAS DE TRATAMENTO E/OU
ENFRENTAMENTO DE PROBLEMAS NO
CAMPO DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS
Para começar, é importante fazer a seguinte reflexão: “O que é droga?”
Será que a resposta se limita apenas a citar o uso de drogas consideradas ilícitas, como
maconha, cocaína ou crack?
Sem dúvidas, não! Podemos pensar também em bebidas alcóolicas, cigarro, medicações
psicotrópicas e até solventes de tinta.
E o que podemos chamar de vício? O que consideramos aceitável ou não? Será que vício está
ligado somente à dependência que ocasiona o uso abusivo de substâncias psicoativas?
Podemos pensar também em pessoas que comem compulsivamente ou relatam dependência
em consumir, e não estamos falando de drogas.
O sujeito que faz uso abusivo de álcool e outras drogas sofre grande preconceito na sociedade
de uma forma geral, muitas vezes é julgado de uma perspectiva moral, considerado criminoso
ou avaliado como doente.
Levando-se em conta a história de Diego, Lucas e Sara, podemos dizer que a droga
configurava somente um adoecimento? Fica claro que a droga teve uma função de alívio
diante de toda a violência e todo o abandono sofridos pelos irmãos. Obviamente o uso
abusivo gera adoecimento e grandes prejuízos, mas é preciso compreender todo o contexto
para evitarmos um viés meramente higienista e moral.
O USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS ESTÁ
PRESENTE DESDE OS PRIMÓRDIOS DA HISTÓRIA DA
HUMANIDADE.
IDADE ANTIGA
IDADE MODERNA
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
SÉCULO XX
IDADE ANTIGA
Aproximadamente de 4000 a.C. a 476 d.C., o uso de chás e plantas que provocavam
alterações no estado de consciência era frequente em rituais e celebrações.
IDADE MODERNA
1453 d.C. a 1789 d.C., registros históricos mostram que nas Grandes Navegações ocorria
tráfico de ópio e tabaco.
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
A partir do século XVIII, com a Revolução Industrial, surgiram as drogas sintéticas, como a
cocaína.
SÉCULO XX
Agravaram-se as questões de violência envolvendo o uso e comércio de drogas, que passaram
a ser classificadas como lícitas ou ilícitas. Principalmente na segunda metadedo século XX,
teve início a adoção de políticas envolvendo punições mais severas no enfrentamento do
consumo e da venda de drogas.
Você acha que o modelo atual de enfrentamento às drogas pela repressão mais agressiva gera
efeitos positivos?
 ATENÇÃO
Antes de refletir sobre essa questão, é importante saber que o modelo de tratamento por meio
do isolamento e da repressão para qualquer pessoa considerada desviante gerou mais
adoecimento e violência, o oposto do que propõe a Atenção Psicossocial.
Ainda encontramos grandes desafios entre os próprios profissionais, principalmente no campo
de uso abusivo de álcool e outras drogas. É preciso que a pessoa seja acolhida no serviço da
maneira que ela puder chegar, mesmo que tenha feito uso prévio da substância.
As formas de tratamento e/ou enfrentamento de problemas no campo de álcool e outras drogas
têm ocorrido por intermédio de:
Abstinência

Repressão

Redução de danos
É consenso entre os estudiosos da área que a abstinência como ponto de partida de
tratamento é uma tentativa fracassada — na maior parte das vezes, a interrupção repentina do
uso gera risco de vida para alguns usuários por questões fisiológicas e psíquicas.
A experiência indica que a repressão também não diminui o uso abusivo de substâncias
psicoativas. Aqui, vamos focar na estratégia redução de danos.
REDUÇÃO DE DANOS
A estratégia redução de danos aposta na autonomia do sujeito e não em sua tutela.
Defende que a dependência não é só química, pois existem muitos fatores singulares em cada
sujeito que levam ao uso abusivo de álcool e outras drogas.
Confira mais informações sobre a Redução de Danos a seguir:
HISTÓRICO
Com o crescimento significativo da epidemia de HIV na década de 1980 —principalmente em
função do compartilhamento de seringas e agulhas no uso intenso de drogas injetáveis —, as
ações de saúde na lógica da Redução de Danos voltaram-se para a distribuição de seringas
individuais e descartáveis, junto a cartilhas de orientação sobre o HIV. Essa ação gerou
acesso, criação de vínculo e ainda tornou o sujeito protagonista do seu cuidado
HOLANDA E INGLATERRA
Na Holanda e na Inglaterra, a Redução de Danos ganhou força na década de 1980 e é
considerada a alternativa mais eficaz no cuidado em relação ao uso abusivo de álcool e outras
drogas do que os modelos de repressão, violência e abstinência.
BRASIL
No Brasil, a lógica da política de Redução de Danos nasceu mais sanitarista e higienista, com o
objetivo de diminuir o número de pessoas infectadas por HIV e hepatite. Pouco se falava sobre
as drogas. Somente após a Lei nº 10.216/2001 as ações de Redução de Danos ganharam
força, com olhar humanizado voltado às pessoas que fazem uso de álcool e outras drogas.
A discussão sobre Redução de Danos começou a ganhar força no Brasil na década de 1990 e
passou a ser entendida como estratégia do Sistema Único de Saúde (SUS) em 2003, com o
lançamento da Política de Atenção Integral a Usuários de Álcool e Outras Drogas. Porém, o
Decreto nº 9.761 de 11 de abril de 2019, retirou a Redução de Danos como frente principal de
cuidados, o que aumentou as dificuldades para a questão do cuidado nesse campo.
A redução de danos prioriza o olhar para as questões sociais e de sofrimento psíquico, pois
somente assim é possível criar vínculo e tentar amenizar o uso de alguma substância
psicoativa.
A ESTRATÉGIA
Essa estratégia acolhe a liberdade dos sujeitos, como já mencionamos, respeitando seus
direitos e sua cidadania. Seu objetivo é conseguir a inclusão social e também romper com o
estigma ligado à pessoa que faz uso abusivo e prejudicial de álcool e outras drogas.
Os programas de redução de danos precisam acolher as condições sociais, econômicas,
políticas e culturais do território, assim a configuração das equipes é capaz de acompanhar
essas peculiaridades, desenvolvendo ações específicas.
Um importante componente da equipe é o redutor de danos, que normalmente vive próximo
do território ou circula com frequência na região, o que contribui muito para a confiança dos
usuários daquela área.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/D9761.htm
Essa categoria profissional enfrenta muitos desafios, como fragilidade no vínculo de trabalho,
pouco investimento na formação, vulnerabilidade diante da proximidade e circulação por
territórios violentos, entre outros.
Antes de começar o trabalho em um território, são feitos um mapeamento e um diagnóstico
situacional da região para organizar as ações prioritárias, avaliar o público-alvo, as cenas de
uso e a droga mais utilizada naquele espaço.
Algumas das ações tomadas pelo programa de redução de danos são:
Ações
Troca de materiais
Orientações e informações
Testagem de HIV
Terapias de substituição
Kits de redução de danos
Contribuição para o acesso aos serviços de saúde e assistência social
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
TROCA DE MATERIAIS
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Uso de descartáveis.
TERAPIAS DE SUBSTITUIÇÃO
Quando o usuário concorda em substituir uma droga por outra menos danosa, por
exemplo: uso de medicações psicotrópicas para diminuir uso de cocaína.
KITS DE REDUÇÃO DE DANOS
Com materiais para tratar feridas, folhetos com informações e orientações, preservativos,
lubrificantes, seringas, agulhas, entre outros.
Segundo Dias et al. (2003, p.342):
“A REDUÇÃO DE DANOS NÃO É CONTRA A
ABSTINÊNCIA, PORÉM, ELA PROCURA TER UMA
VISÃO REALISTA DE QUE O USO DE DROGAS
OCORRE E QUE NEM TODOS OS USUÁRIOS ESTÃO
DISPOSTOS OU NÃO CONSEGUEM MUDAR;
ACREDITA QUE TODOS DEVEM TER ACESSO AOS
SERVIÇOS DE SAÚDE E QUE A RECUSA AO
TRATAMENTO NÃO DEVE SER MOTIVO PARA A
EXCLUSÃO DO USUÁRIO, AFINAL, TODOS MERECEM
TER ACESSO A INFORMAÇÕES E FORMAS DE
TRATAMENTO DISPONÍVEIS”.
CONSULTÓRIO NA RUA E UNIDADE DE
ACOLHIMENTO (UA)
A população que se encontra em situação de rua tem mais chances de ser impactada com o
uso de drogas, principalmente o crack e o álcool, por isso as ações de dois serviços são
essenciais:Consultório na Rua e CAPS AD.
As equipes do Consultório na Rua atuam de maneira itinerante e diretamente no local que a
população em situação de rua se encontra, sempre de maneira integrada e alinhada à
Estratégia de Saúde da Família e ao CAPS, mas também com os demais serviços de saúde e
assistência social.
É importante que você conheça a estratégia do Consultório na Rua.
 DICA
Ele atua na lógica da redução de danos e contribui, por meio de uma equipe multiprofissional e
interdisciplinar, para que a população em situação de rua tenha acesso ao cuidado. Em geral,
essa população não procura os serviços de saúde por medo, preconceito ou outras barreiras,
por isso o Consultório de Rua vai até ela.
A Unidade de Acolhimento (UA) é outro serviço essencial para a clientela que faz uso
abusivo de álcool e outras drogas e se encontra em situação de rua, afastada de seu núcleo
familiar ou em qualquer situação de vulnerabilidade maior.
A UA funciona como moradia temporária, realizando um trabalho multiprofissional e
interdisciplinar.
Todos os usuários abusivos de álcool e outras drogas precisam de cuidado humanizado e
clínico.
 
Foto: Shutterstock.com
Estamos chegando ao final do módulo! Acompanhe com atenção o que vem a seguir.
CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL ÁLCOOL E
OUTRAS DROGAS (CAPS AD)
As pesquisas mostram um aumento de consumo e compra de drogas ilícitas, como maconha e
cocaína, em muitos locais diferentes do mundo, inclusive no Brasil. Podemos observar também
o aumento do uso de remédios sem prescrição.
O CAPS AD é a principal estratégia nessa área. Presta um serviço territorial e diário, atuando
na lógica da redução de danos. Em outras palavras, cuida não só do uso da droga, mas do
sujeito e de sua reinserção na comunidade; atende seus familiares e contribui para diversas
articulações, contando com equipe multiprofissional e interdisciplinar. O CAPS AD pode ser do
tipo IIou III.
Segundo a Portaria n º 336/2002, de 19 de fevereiro de 2002, as atividades do CAPS AD II
são:
 
Fonte: Autor/Shutterstock
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2002/prt0336_19_02_2002.html
Atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico, de orientação, entre outros).
 
Fonte: Autor/Shutterstock
Atendimento em grupos (psicoterapia, grupo operativo, atividades de suporte social, entre
outros).
 
Fonte: Autor/Shutterstock
Atendimento em oficinas terapêuticas executadas por profissional de nível superior ou nível
médio.
 
Fonte: Autor/Shutterstock
Visitas e atendimentos domiciliares.
 
Fonte: Autor/Shutterstock
Atendimento à família.
 
Fonte: Autor/Shutterstock
Atividades comunitárias enfocando a integração do dependente químico na comunidade e sua
inserção familiar e social.
 
Fonte: Autor/Shutterstock
Os pacientes assistidos em um turno (4 horas) recebem uma refeição diária; os assistidos em
dois turnos (8 horas) recebem duas refeições diárias.
Atendimento de desintoxicação.
O CAPS AD III segue os mesmos parâmetros anteriormente referidos, porém com
funcionamento ampliado para 24h por dia, incluindo feriados e finais de semana, pois quem faz
uso abusivo de álcool e outras drogas muitas vezes sente maior vulnerabilidade durante a
noite.
Diante do conteúdo aqui trabalhado, fica claro que a aposta no sujeito é primordial, somente
a partir dela o vínculo pode surgir e, assim, conseguiremos avanços nessa área tão complexa
que é a clínica de uso abusivo de álcool e outras drogas.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. SOBRE O CAPS AD, MARQUE A OPÇÃO INCORRETA:
A) Tem o trabalho orientado pela lógica da abstinência do uso de drogas.
B) Tem o trabalho orientado pela lógica da redução de danos.
C) É composto por equipe multiprofissional e interdisciplinar.
D) Pode ser do tipo II ou do tipo III.
E) Contribui com a reinserção social dos usuários.
2. SOBRE A ESTRATÉGIA DE REDUÇÃO DE DANOS, MARQUE A OPÇÃO
CORRETA:
A) Começou no Japão, na década de 80.
B) Tem viés higienista e não social.
C) Começou na Holanda, na década de 80.
D) Consiste em um trabalho pautado na abstinência.
E) Tem como público-alvo somente mulheres.
GABARITO
1. Sobre o CAPS AD, marque a opção incorreta:
A alternativa "A " está correta.
 
O CAPS AD não parte da perspectiva da abstinência, pois é orientado pela redução de danos,
acolhendo o usuário de acordo com sua realidade e possibilidade.
2. Sobre a estratégia de redução de danos, marque a opção correta:
A alternativa "C " está correta.
 
A redução de danos ganhou força na Holanda e influenciou o mundo todo, a partir de uma
epidemia de hepatite por uso de drogas injetáveis, com compartilhamento de seringas.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Visitamos as principais questões relacionadas à estratégia de desinstitucionalização e ao
cuidado em liberdade; ao suicídio e à aposta no vínculo como ferramenta principal; à
singularidade do cuidado na Saúde Mental Infantojuvenil e à relevância da integralidade na
clínica em relação ao uso abusivo de álcool e outras drogas.
Como vimos, o trabalho no território, pautado na liberdade e na construção de vínculo, oferece
possibilidades potentes da Atenção Psicossocial, possibilitando ao sujeito ser protagonista de
seu acompanhamento.
Aprendemos que o cuidado integral inclui o transtorno mental e/ou o sofrimento psíquico, de
forma a acolher as peculiaridades que cada pessoa apresenta. É importante que o enfermeiro
e os demais profissionais de saúde envolvidos no processo de desinstitucionalização possam
trabalhar em conjunto, para que cada vez mais pacientes tenham qualidade de vida e
autonomia.
A oferta de presença, a escuta e o olhar singular são estratégias de aposta na vida!
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
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de álcool e outras drogas em Macapá. In: Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 23, nº 1, 2019.
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setembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde — SUS, o
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providências. Consultado em meio eletrônico em: 3 jan. 2021.
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TALLEMBERG, Cláudia Aparecida Amorim. Passagens de uma prática clínico-política
menor: tese-ensaio sobre o processo de desinstitucionalização do Hospital Psiquiátrico
Estadual
EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos tratados neste tema:
Leia mais sobre residências terapêuticas na publicação Residências terapêuticas: o
que são, para que servem, disponível na biblioteca virtual do Ministério da Saúde.
Leia o artigo Saúde Mental Infantojuvenil: visão dos profissionais sobre desafios e
possibilidades na construção de redes intersetoriais para compreender questões
mais recentes sobre o trabalho na Saúde Mental Infantojuvenil. Disponível na Revista
Gaúcha de Enfermagem, v. 40, em versão impressa ou digital.
Visite o site oficial do Centro de Valorização da Vida (CVV) e conheça mais o trabalho
da instituição no apoio emocional e na prevenção do suicídio.
Visite o site da Fundação Oswaldo Cruz e conheça o Programa Institucional Álcool,
Crack e outras Drogas, que tem como valores centrais a cidadania e o direito à saúde.
CONTEUDISTA
Alice Medeiros Lima
 CURRÍCULO LATTES
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