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DIREITO AMBIENTAL - CONCEITOS

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DIREITO AMBIENTAL 
CONCEITOS 
 
 
O Direito Ambiental, como nova disciplina jurídica, nasceu no afã de proteger 
legalmente o meio ambiente em favor das presentes e futuras gerações. 
 
O Direito Ambiental pode ser analisado sob dois aspectos importantes: 
 
1) Direito Ambiental Objetivo: Consiste no conjunto de normas jurídicas 
disciplinadoras da proteção da qualidade do meio ambiente. 
2) Direito Ambiental como Ciência: Busca o conhecimento sistematizado das 
normas e princípios ordenadores da qualidade do meio ambiente. 
 
A fim de melhor entender o escopo do Direito ambiental, é interessante antevermos a 
classificação dos direitos fundamentais no direito brasileiro. Apesar de existirem incontáveis 
classificações, para o fim aqui almejado usaremos a classificação de gerações ou dimensões 
de direitos, segundo a qual existem: 
 
1) Direitos de 1ª Geração – Referentes à liberdade do cidadão 
2) Direito de 2ª Geração – Direitos Sociais (tais como educação, saúde, 
alimentação, trabalho, moradia, transporte, lazer, segurança, entre outros) 
3) Direito de 3ª Geração – São os direitos difusos e coletivos 
4) Direito de 4ª e 5ª Geração – Não há previsão legal (clonagem, cibernética, 
internet). 
 
O Direito ao meio ambiente no Brasil é considerado direito de 3ª geração e tem como 
fundamento a transindividualidade, ou seja, caracterizada pelo fato de ser um direito que 
transcende o indivíduo, ultrapassa o limite da esfera de direitos e obrigações de cunho 
individual, para se tornar um direito e um dever de toda a coletividade. 
 
Édis Milare conceitua o direito ambiental como sendo o “conjunto de normas e princípios 
editados objetivando a manutenção de um perfeito equilíbrio nas relações do homem com o 
meio ambiente. Especialização do Direito Administrativo que estuda as normas que tratam das 
relações do homem com o espaço que os envolve.” Já Luís Paulo Sirvinskas traz o seguinte 
conceito “direito ambiental é a ciência que jurídica que estuda, analisa e discute as questões 
e os problemas ambientais e sua relação com o ser humano, tendo por finalidade a proteção 
do meio ambiente e a melhoria das condições de vida no planeta.” 
 
Do exposto, podemos concluir que o direito ambiental atinge e afeta tanto indivíduos, 
quanto coletividades, instituições públicas e poder público. Dito isso, infere-se a importância 
dessa matéria inclusive no contexto das Forças Armadas. Assim é válido o conhecimento 
sobre as principais leis ambientais, consoante se segue. 
 
DIREITO AMBIENTAL 
CONCEITOS 
 
 
 
A TUTELA AMBIENTAL DA CONSTITUIÇÃO 
 
A Constituição Federal de 1988 demonstra clara preocupação ambiental. Dentro do 
título da Ordem social um capítulo inteiro é devotado ao assunto ambiental, capítulo VI. Além 
do assunto ambiental em vários outros dispositivos fora do capitulo específico, isto é, dá tutela 
ambiental em vários dispositivos esparsos. 
Vejamos inicialmente o que nos fala o capítulo VI do título VIII: 
 
TÍTULO VIII 
Da Ordem Social (...) 
CAPÍTULO VI DO MEIO AMBIENTE 
 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia 
qualidade de vida, impondo-se ao 
 
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo 
para as presentes e futuras gerações. 
 
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder 
Público: 
 
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais 
e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; 
 
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio 
genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e 
manipulação de material genético; 
 
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços 
territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, 
sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, 
vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos 
atributos que justifiquem sua proteção; 
 
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade 
potencialmente causadora de significativa degradação do meio 
 
DIREITO AMBIENTAL 
CONCEITOS 
 
ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará 
publicidade; 
 
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de 
técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, 
a qualidade de vida e o meio ambiente; 
 
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de 
ensino e a conscientização pública para a preservação do meio 
ambiente; 
 
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as 
práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem 
a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. 
 
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a 
recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução 
técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. 
 
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio 
ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a 
sanções penais e administrativas, independentemente da 
obrigação de reparar os danos causados. 
 
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do 
Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio 
nacional, e sua utilização far-se- á, na forma da lei, dentro de 
condições que assegurem a preservação do meio ambiente, 
inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. 
 
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos 
Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos 
ecossistemas naturais. 
 
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua 
localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser 
instaladas. 
 
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste 
artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que 
 
DIREITO AMBIENTAL 
CONCEITOS 
 
utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, 
conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas 
como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural 
brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que 
assegure o bem-estar dos animais envolvidos. (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 96, de 2017) 
 
Deon Sette, cita a visão de José Afonso da Silva, o qual afirma a existência de três 
conjuntos de normas no artigo 225 da Constituição. Neste sentido, lá se encontram: 
 
1- Norma-princípio - caput do art. 225: 
 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia 
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o 
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras 
gerações. 
 
É possível identificar nesse texto, além de outros, os princípios da dignidade da pessoa 
humana, da isonomia, desenvolvimento sustentável, etc. 
 
2- Instrumentos para efetivação do caput - § 1° e incisos: 
 
Essa parte versa sobre o encargo do poder público para garantir a efetividade da 
proteção ambiental dos direitosproclamados no caput. 
 
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder 
Público: 
 
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais 
e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; 
 
Exemplo de políticas: manejo de espécies como “projeto Tamar e projeto Peixe-boi”. 
 
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio 
genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e 
manipulação de material genético; 
 
Exemplo de legislação ordinária: Lei nº. 11.105/2005 (OGM - Biossegurança). 
 
 
DIREITO AMBIENTAL 
CONCEITOS 
 
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços 
territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, 
sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, 
vedada qualquer utilização que comprometaa integridade dos 
atributos que justifiquem sua proteção; 
 
Exemplo de legislação ordinária: 6.938/81 – art. 9º (PNMA); e 9.985/00 (SNUC). 
 
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade 
potencialmente causadora de significativa degradação do meio 
ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará 
publicidade; 
 
Exemplo de legislação ordinária: Leis nº. 6.938/81 – art. 10; Resolução do CONAMA 
1/86 (lista algumas atividades e faz remissão à expressão “impacto ambiental”). 
 
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de 
técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, 
a qualidade de vida e o meio ambiente; 
 
Exemplo de legislação ordinária: Lei 11.105/2005 – OGM - Biossegurança; Lei 
7.802/1989 - Lei de Agrotóxicos. 
 
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de 
ensino e a conscientização pública para a preservação do meio 
ambiente; 
 
Exemplo de legislação ordinária: Lei nº. 9.795/99 (principalmente os artigos 2º, 9º e 13) 
 
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as 
práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem 
a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. 
 
Exemplo de legislação ordinária: Leis nºs. 12.651/12 (Cód. Florestal); 6.766/79 (Parc. 
Solo); 5.197/67 (Prot. Fauna); 9.605/98 (CA), decreto-lei 221/67 (Prot. Pesca) e Lei 9.985/2000 
(UC), além do repúdio à práticas cruéis como a “farra do boi” e “rinha de galo” já reconhecidas 
pelo Supremo Tribunal Federal como inconstitucionais. 
 
 
 
 
DIREITO AMBIENTAL 
CONCEITOS 
 
 
3 – Determinações particulares - outros parágrafos: 
 
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a 
recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução 
técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. 
 
Exemplo de legislação ordinária: Leis nºs. 6.567/78 (expl. Minério); 7.805/89 (Garimpo); 
8.723/93 (ar); 9.433/97 (atividade correlata - RH) e Decreto-Lei 227/67 (Cód. minas). 
 
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio 
ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a 
sanções penais e administrativas, independentemente da 
obrigação de reparar os danos causados. 
 
Exemplo de legislação ordinária: Lei nº. 9.605/98 (Crimes ambientais); 6.938/81 (PNMA) 
e Decreto nº 6.514/2008 (Sanções administrativas). 
 
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do 
Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio 
nacional, e sua utilização far-se- á, na forma da lei, dentro de 
condições que assegurem a preservação do meio ambiente, 
inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. 
 
Exemplo de legislação ordinária: Leis nºs. 12.651/12 (cód Florestal); 6.938/81(PNMA); 
Lei nº 11.284/06 (gestão de Florestas Públicas); 7.661/88 (Plano Nac. Ger. Costeiro); 9.636/98 
(Alienação de Bens da União) e Decreto 5.975/2006 (que revogou o Decreto nº. 1.282/94 – 
Manejo Florestal Sustentável). 
 
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos 
Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos 
ecossistemas naturais. 
Exemplo de legislação ordinária: Decreto-Lei nº. 9.760/46 (dispõe 
sobre bens imóveis da União). 
 
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua 
localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser 
instaladas. 
 
 
DIREITO AMBIENTAL 
CONCEITOS 
 
Exemplo de legislação ordinária: Leis nºs. 4.118/62 e 6.189/74 (ambas tratam de 
energia nuclear); 6.453/77 (Responsabilidade Civil por danos nucleares); 7.862/89 e Decreto-
lei nº. 2.464/88 (ambas tratam de NUCLEBRÁS). 
 
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste 
artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que 
utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, 
conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas 
como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural 
brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que 
assegure o bem-estar dos animais envolvidos. 
Exemplos que demonstram o sentido de aplicação desse parágrafo 
são os julgamentos do Supremo Tribunal Federal a respeito da 
Vaquejada e da “briga de galos”, considerados inconstitucionais em 
razão da crueldade com os animais. 
 
Além dessas três categorias de normas encontradas no bojo do art. 225 da Constituição, 
ela ainda toca no assunto ambiental em vários outros artigos distribuídos em seu texto. Assim, 
podemos citar os seguintes dispositivos constitucionais: 
 
1- Normas relativas aos bens com interesses ambientais: 
 
Art. 20. São bens da União: 
(...) 
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das 
fortificações e construções militares, das vias federais de 
comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei; 
 
Art. 231§ 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as 
por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas 
atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos 
recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias 
a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e 
tradições. 
 
2- Normas relativas à Função social da Propriedade: 
 
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural 
atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência 
estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: 
 
DIREITO AMBIENTAL 
CONCEITOS 
 
I - aproveitamento racional e adequado; 
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e 
preservação do meio ambiente; 
III - observância das disposições que regulam as relações de 
trabalho; 
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e 
dos trabalhadores. 
 
3- Normas da ordem econômica relativas ao Meio Ambiente: 
 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho 
humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos 
existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados 
os seguintes princípios: 
I - soberania nacional; II - propriedade privada; 
III - função social da propriedade; IV - livre concorrência; 
V - defesa do consumidor; 
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento 
diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços 
e de seus processos de elaboração e prestação; 
VII - redução das desigualdades regionais e sociais; VIII - busca 
do pleno emprego; 
 
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte 
constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e 
administração no País. 
 
Art. 174 Como agente normativo e regulador da atividade 
econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de 
fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante 
para o setor público e indicativo para o setor privado. (...) § 3º O 
Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em 
cooperativas, levando em conta a proteção do meio ambiente e a 
promoção econômico-social dos garimpeiros. 
 
4- Meio ambiente nas normas do Sistema Único: 
 
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras 
atribuições, nos termos da lei: 
 
DIREITO AMBIENTAL 
CONCEITOS 
 
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido 
o do trabalho. 
 
Diante do contexto constitucional, resta claro a importância sem par dada aos interesses 
ambientais para o sistema jurídico brasileiro, o qual dedica boa parte de sua lei maior, a 
constituição, ao tema ambiental. 
 
A par disso, serão comentados temas específicos dentro do âmbito do direito 
ambiental. Frisa-se que cada tema será trabalhado de modo técnico e voltado aos interesses 
do Exército Brasileiro pelas demais instruções constantes do Estágio de Meio Ambiente. 
 
 
PRINCIPAIS LEIS NO ESCOPO DE DIREITO AMBIENTAL 
 
1- EVOLUÇÃO NORMATIVA DO DIREITO AMBIENTAL 
 
A preocupaçãoambiental no Brasil surgiu a relativamente pouco tempo, o que deixou a 
descoberto a proteção total ao meio ambiente, de modo que nenhuma norma sancionava ou 
sequer desestimulava, por exemplo, a devastação das florestas, o esgotamento das terras ou 
outras formas de desequilíbrio ecológico. 
A trajetória histórica da legislação ambiental é divida pela doutrina em três momentos distintos. 
Herman Benjamin assim os define: 
 
“Do descobrimento em 1500 até aproximadamente o início da 
segunda metade do século XX, pouca atenção recebeu a proteção 
ambiental no Brasil (...) A questão ambiental, no período colonial, 
imperial e republicano, este até a década de 60 do atual século, 
juridicamente não existia, caracterizadas as iniciativas pontuais do 
Poder Público mais como conservação do que propriamente 
preservação. Esta, pois a fase da exploração desregrada ou do 
laissez-faire ambiental, em que a conquista da novas fronteira 
(agrícolas, pecuárias e minerárias) era tudo que importava na 
relação homem- natureza. Tinha na omissão legislativa seu traço 
preponderante, relegando-se eventuais conflitos de cunho 
ambiental quando muito ao sabor do tratamento pulverizado, 
assistemático e privatístico dos direitos de vizinhança. Num 
segundo momento, a fase fragmentária, o legislador (...) impôs 
controles legais às atividades exploratórias. A recepção incipiente 
da degradação do meio ambiente pelo ordenamento operava, no 
plano ético, pelo utilitarismo (tutelando somente aquilo que tivesse 
 
DIREITO AMBIENTAL 
CONCEITOS 
 
interesse econômico) e, no terreno formal pela fragmentação, tanto 
do objeto (o fatiamento do meio ambiente, a ele ainda se negando, 
holisticamente, uma identificação jurídica própria) quanto até em 
consequência do aparato legislativo.(...) Indicando uma 
(re)orientação radical de rumo, aparece a Lei da Política Nacional 
do Meio Ambiente (1981), dando início à fase holística, na qual o 
ambiente passa a ser protegido de maneira integral, vale dizer, 
como sistema ecológico integrado (resguardam-se as partes a partir 
do todo) e com autonomia valorativa (é, em si mesmo, bem 
jurídico).” 
 
 
2- MARCOS IMPORTANTES PARA A TUTELA DO MEIO AMBIENTE: 
 
Dentro das três fases acima citadas podemos verificar alguns marcos de grande 
importância para o direito ambiental brasileiro. O primeiro deles é a Lei 6.368, de 31 de agosto 
de 1981, Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, que trouxe para o mundo do Direito o 
conceito de Meio ambiente como objeto específico de proteção em seus múltiplos aspectos, 
além de instituir o Sistema 
 
Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), apto a propiciar o planejamento de uma ação 
integrada de diversos órgãos governamentais, através de uma política nacional para o setor e 
estabelecer da responsabilidade objetiva (sem culpa) com respeito a obrigação do poluidor de 
reparar os danos causados. 
 
O segundo marco foi a Lei 7.347, de 24.07.1985, que disciplinou a Ação Civil Pública 
como instrumento processual específico para a defesa do ambiente e outros interesses difusos 
e coletivos. Apesar de o Ministério Público ser o titular da Ação Civil Pública, as entidades 
estatais, paraestatais e as associações civis ganharam força para buscar a atividade 
jurisdicional. 
 
O terceiro foi a atual Constituição Federal de 1988, constituição verde, a qual deu ao 
Meio Ambiente uma extrema importância, dedicando, consoante já dito, à matéria um capítulo 
próprio, sendo considerado um dos textos mais avançados em todo o mundo. 
 
Finalmente, um quarto marco é representado pela edição da Lei 9.605/98, que dispõe 
sobre as sanções penais e administrativas, aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meio 
ambiente. A Lei dos Crimes ambientais ou Lei da Vida representa significativo avanço na tutela 
do ambiente, por inaugurar uma sistematização das sanções administrativas e por tipificar os 
crimes ecológicos e atribuir responsabilidade penal às pessoas jurídicas. 
 
DIREITO AMBIENTAL 
CONCEITOS 
 
3- NORMAS ESPECÍFICAS CRIADAS A PARTIR DE 1934: 
 
> Código das Águas – Decreto-Lei nº 24.643, 1934; 
 
➢ Código de Pesca – Decreto-Lei nº 794, de 19.10.1938 (atualmente 
revogado); 
 
> Código Florestal – Decreto nº 23.793, de 23.01.1934(atualmente 
revogado); 
 
> Código de Minas – Decreto-Lei nº 1.985, de 29.01.1940; 
 
>Defesa Sanitária Vegetal – Decreto nº 24.114, de 12.04.1934; 
 
> Lei 4.504, de 30.11.1964 – Estatuto da Terra; 
 
>Lei 12.651, de 25.05.12 – Código Florestal; 
 
>Lei 5.197, de 03.01.1967 – Proteção à Fauna; 
 
>Decreto-Lei nº 221, de 28.02.1967 – Código de Pesca; 
 
>Decreto-Lei nº 227, de 28.02.1967 – Código de Mineração; 
 
> Decreto-Lei nº 248, de 28.02.1967 - Política Nacional de Saneamento 
Básico (atualmente revogado); 
 
> Decreto-Lei nº 303, de 28.02.1967 - Criação do Conselho Nacional de 
Controle da Poluição Ambiental (atualmente revogado); 
 
> Lei 5.357, de 17.11.1967 – estabelece penalidades para embarcações e 
terminais marítimos ou fluviais que lançarem detritos ou óleo em águas brasileiras(atualmente 
revogado); 
 
> Decreto-Lei nº 1.413, de 14.08.1975 - Controle da poluição do meio 
ambiente provocada por atividades industriais; 
 
> Lei 6.453, de 17.10.1977 – Responsabilidade Civil por danos nucleares e 
responsabilidade criminal por atos relacionados com atividades nucleares; 
 
 
DIREITO AMBIENTAL 
CONCEITOS 
 
> Lei 6.513, de 20.12.1977 - Criação de áreas especiais e locais de 
interesse turístico; e 
 
> Lei 6.766, de 19.12.1979 - Parcelamento do solo urbano. 
 
 
POLÍTICAS NACIONAIS DE MEIO AMBIENTE 
 
A Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) é pautada pela lei nº 6981/81, a qual 
dispõe sobre a PNMA e institui o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA). Os 
principais objetivos da PNMA são traçados da seguinte forma: 
Art 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e 
recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições 
ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da 
dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios: 
 
I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o 
meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, 
tendo em vista o uso coletivo; 
II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; 
Ill - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais; 
IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas; 
V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras; 
VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional 
e a proteção dos recursos ambientais; 
VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental; VIII - recuperação de 
áreas degradadas; 
IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação; 
X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da 
comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente. 
 
Segundo Deon Sette: “a PNMA tem como função produzir um diagnóstico da gestão 
ambiental no Brasil com estudos estratégicos que visem a aprimorar as técnicas de controle 
ambiental e estimular, na população, atividades cotidianas que promovam a sustentabilidade 
e o uso racional dos recursos naturais e aumentem os padrões de qualidade de vida com 
inclusão social.” 
 
Assim, a PNMA pode ser compreendida como um conjunto de instrumentos que atuam 
em várias áreas, como a jurídica, técnica, econômica, social, etc, e visam ao desenvolvimento 
sustentável. 
 
DIREITO AMBIENTAL 
CONCEITOS 
 
 
RECURSOS HÍDRICOS 
 
Segundo leciona Milaré (2015, p. 733) recursos hídricos podem ser conceituados como: 
“Numa determinada região ou bacia, a quantidade de águas superficiais ou subterrâneas, 
disponíveis para qualqueruso. O conjunto de recursos hídricos de toda a Terra forma a 
hidrosfera. Embora algumas estruturas político-adminstrativas distingam Recursos Hídricos e 
Meio Ambiente, essa distinção é meramente lógica (ordem do conhecimento) e gerencial 
(ênfase na administração). Não se poder incidir no erro conceitual de separar os recursos 
hídricos como distintos do Meio Ambiente.” 
 
A Lei 9433/97 institui a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) e cria o Sistema 
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Sobre essa leia, chamamos atenção para 
os artigos mais importantes. Dentre eles, podemos citar os fundamentos elencados no artigo 
1º: 
 
Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos 
seguintes fundamentos: 
I - a água é um bem de domínio público; 
II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor 
econômico; 
III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos 
hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais; 
IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar 
o uso múltiplo das águas; 
V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para 
implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e 
atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos 
Hídricos; 
VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e 
contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das 
comunidades. 
 
Outro ponto relevante são os objetivos da PNRH, apresentados no artigo 2º da 
mesma lei: 
 
Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos: 
I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária 
disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos 
respectivos usos; 
 
DIREITO AMBIENTAL 
CONCEITOS 
 
II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, 
incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento 
sustentável; 
III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos 
de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos 
naturais. 
 
Por fim, citamos os mecanismos, instrumentos da PNRH, trazidos pelo artigo 5º: 
 
Art. 5º São instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos: 
 
I - os Planos de Recursos Hídricos; 
II - o enquadramento dos corpos de água em classes, 
segundo os usos preponderantes da água; 
III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos; IV - a 
cobrança pelo uso de recursos hídricos; 
V - a compensação a municípios; 
VI - o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos. 
 
 
SANEAMENTO BÁSICO 
 
A Organização Mundial de Saúde (OMS) conceitua saneamento como sendo o controle 
de todos os fatores do meio físico do homem, que exercem ou podem exercer efeitos nocivos 
sobre o bem estar físico, mental e social. Isto é, saneamento distingue o conjunto de atos 
sócio-econômicos que têm por escopo obter a salubridade ambiental. Consoante Guimarães, 
Carvalho e Silva (2007) salubridade ambiental pode ser entendida como o estado de higidez 
(estado de saúde normal) em que vive a população urbana e rural, tanto no que se refere a 
sua capacidade de inibir, prevenir ou impedir a ocorrência de endemias ou epidemias 
veiculadas pelo meio ambiente, como no tocante ao seu potencial de promover o 
aperfeiçoamento de condições mesológicas (que diz respeito ao clima e/ou ambiente) 
favoráveis ao pleno gozo de saúde e bem- estar. 
 
Milaré (2015) afirma que Saneamento básico “(1) é a solução dos problemas 
relacionados estritamente com o abastecimento de água e disposição dos esgotos de uma 
comunidade. Há quem defenda a inclusão do lixo e outros problemas, que terminarão por 
tornar sem sentido o vocábulo “básico” de título do verbete. (2) A atividade de saneamento do 
meio, dirigida à solução dos problemas relativos aos sistemas de abastecimento de água, 
esgoto e resíduos sólidos (lixo). (3) Restrição do conceito de Saneamento Ambiental para se 
referir ao conjunto de ações, obras e serviços considerados prioritários em programas de 
 
DIREITO AMBIENTAL 
CONCEITOS 
 
saúde pública, definidos como aqueles que se envolvam: abastecimento de água, destino 
adequado dos dejetos e do lixo, drenagem e controle de vetores e roedores.” 
O saneamento básico é indispensável não só à saúde humana, mas também à preservação 
ambiental e à manutenção dos recursos naturais finitos. 
 
Para sua consecução são necessárias vultosas injeções de capital e para sua 
efetividade é necessária a universalização dos serviços a serem implementados. 
A ligação do saneamento básico e o direito à saúde pode ser vislumbrada no artigo 200 da 
Constituição de 1988, o qual assevera que: 
 
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras 
atribuições, nos termos da lei: 
(...) 
IV - participar da formulação da política e da execução das ações 
de saneamento básico; 
(...) 
 
A Constituição de 1988 deixa claro que o saneamento é incumbência do Município em 
cooperação com os demais entes federados, buscando objetivos comuns. O artigo 23 da 
Constituição da República estabelece a competência comum, que deve ser exercida 
preferentemente em regime de cooperação objetivando o interesse da população: 
 
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios: 
(...) 
IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria 
das condições habitacionais e de saneamento básico; 
(...) 
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a 
cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do 
bem-estar em âmbito nacional. (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 53, de 2006) 
 
A principal lei que trata do tema do saneamento básico é a Lei 11445/07 que dispõe 
sobre diretrizes nacionais para o saneamento básico. 
 
A citada lei traz com princípios fundamentais do saneamento básico os que se 
seguem1: 
 
 
DIREITO AMBIENTAL 
CONCEITOS 
 
1) Universalização do acesso. 
Fonte: http://www.direitoambientalemquestao.com.br/2016/11/principios-da-lei-do-
saneamento- basico.html 
 2) Integralidade, compreendida como o conjunto de todas as atividades e 
componentes de cada um dos diversos serviços de saneamento básico, propiciando à 
população o acesso na conformidade de suas necessidades e maximizando a eficácia das 
ações e resultados; 
3) Abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo dos 
resíduos sólidos realizados de formas adequadas à saúde pública e à proteção do meio 
ambiente; 
4) Disponibilidade, em todas as áreas urbanas, de serviços de drenagem e 
manejo das águas pluviais, limpeza e fiscalização preventiva das respectivas redes, 
adequados à saúde pública e à segurança da vida e do patrimônio público e privado; 
Ressaltando-se que a limpeza e fiscalização preventiva das respectivas redes foi incluído no 
texto do inciso pela Lei nº 13.308, de 2016. 
5) Adoção de métodos, técnicas e processos que considerem as peculiaridades 
locais e regionais; 
6) Articulação com as políticas de desenvolvimento urbano e regional, de habitação, 
de combate à pobreza e de sua erradicação, de proteção ambiental, de promoção da saúde e 
outras de relevante interesse social voltadas para a melhoria da qualidade de vida, para as 
quais o saneamento básico seja fator determinante; 
7) Eficiência e sustentabilidade econômica; 
8) Utilização de tecnologias apropriadas, considerando a capacidade de pagamento 
dos usuários e a adoção de soluções graduais e progressivas; 
9) Transparência das ações, baseada em sistemas de informações e processos 
decisórios institucionalizados; 
10) Controle social; 
11) Segurança, qualidade e regularidade; 
12) Integração das infra-estruturas e serviços com a gestão eficiente dos recursos 
hídricos. 
13) Adoção de medidas de fomento à moderação do consumo de água. Inciso que 
foi incluído pela Lei nº 12.862, de 2013. 
 
A Lei 11445/07define que saneamento básico engloba ações voltadas para o 
abastecimento de água potável, sistemas de esgoto, disposição do lixo e drenagem urbana 
(art. 3º). 
 
 
 
 
 
DIREITO AMBIENTAL 
CONCEITOS 
 
MUDANÇAS CLIMÁTICAS 
 
A preocupação com a emissão de gases e com a poluição do ar em geral é uma 
constante no mundo, assim como no Brasil. A atividade humana desequilibrada pode, segundo 
pesquisas científicas, elevar a temperatura média da Terra. 
 
No intuito de minorar esse problema, a comunidade internacional buscou a assinatura 
de acordos internacionais sobre o tema. Nesse contexto, durante a RIO 92, Conferência das 
Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 
1992, representantes de 179 países consolidaram uma agenda global para minimizar os 
problemas ambientais mundiais. No citado evento, teve grande ênfase o desenvolvimento 
sustentável e a busca de um modelo de crescimento econômico e social harmônico com a 
preservação ambiental e o equilíbrio climático em todo o planeta. 
 
Nesse cenário, foi elaborada a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança 
do Clima (UNFCCC). Ainda na Rio 92, outras duas convenções foram elaboradas: a 
Convenção sobre Diversidade Biológica e a Convenção das Nações Unidas para o Combate 
à Desertificação e a Mitigação dos efeitos da seca. Foram definidos compromissos e 
obrigações para todos os países (denominados Partes da Convenção) e, levando em 
consideração o princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, foram 
determinados compromissos específicos para as nações desenvolvidas.Os países signatários 
comprometeram-se a elaborar uma estratégia global “para proteger o sistema climático para 
gerações presentes e futuras”. O Brasil foi o primeiro país a assinar a Convenção, que somente 
começou a vigorar em 29 de maio de 1994,90 dias depois de ter sido aprovada e ratificada 
pelo Congresso Nacional. 
Fonte: http://www.mma.gov.br/clima 
 
Na mesma toada, veio, em 1997, o Protocolo de Quioto, que constitui um tratado 
complementar à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, definindo 
metas de redução de emissões para os países desenvolvidos e os que, à época, apresentavam 
economia em transição para o capitalismo, considerados os responsáveis históricos pela 
mudança atual do clima. 
 
O Protocolo entrou em vigor no dia 16 de fevereiro de 2005, logo após o atendimento 
às condições que exigiam a ratificação por, no mínimo, 55% do total de países-membros da 
Convenção e que fossem responsáveis por, pelo menos, 55% do total das emissões de 1990. 
 
Durante o primeiro período de compromisso, entre 2008-2012, 37 países 
industrializados e a Comunidade Europeia comprometeram-se a reduzir as emissões de gases 
de efeito estufa (GEE) para uma média de 5% em relação aos níveis de 1990. No segundo 
 
DIREITO AMBIENTAL 
CONCEITOS 
 
período de compromisso, as Partes se comprometeram a reduzir as emissões de GEE em pelo 
menos 18% abaixo dos níveis de 1990 no período de oito anos, entre 2013-2020. Cada país 
negociou a sua própria meta de redução de emissões em função da sua visão sobre a 
capacidade de atingi-la no período considerado. 
 
No mesmo sentido de proteção climática está o acordo de Paris, documento 
internacional mais atual sobre o tema. Assinado em dezembro de 2015, o acordo une esforços 
das nações signatárias para adotar uma economia de baixo carbono até o fim deste século. O 
Brasil é signatário também do citado acordo e se comprometeu a reduzir as emissões de gases 
de efeito estufa em 37% até 2025, nesse contexto apresentou também o indicativo de redução 
de 43%, até 2030. Ambos são comparados aos níveis de 2005. 
 
Entre outras medidas, o Acordo de Paris tem o objetivo de manter o aumento da 
temperatura média global abaixo de 2°C em relação aos níveis pré-industriais e de garantir 
esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C. 
 
No que tange especificamente ao Brasil, têm sido desenvolvidas várias medidas a fim 
de com essas mudanças. As ater os efeitos deletérios ao clima e de adaptação a ações 
nacionais são pautadas, sobre 12187/09, a qual Institui a Política Nacional sobre Mudança do 
Clima - PNMC e dá outras providências. 
Fonte: http://www.mma.gov.br/clima/convencao-das-nacoes-unidas e 
http://www.mma.gov.br/clima/convencao-das-nacoes-unidas/protocolo-de-quioto 
 
 
ESTATUTO DA CIDADE 
 
A crescente urbanização e a grande concentração populacional nos centros urbanos 
traz no seu bojo uma crescente gama de problemas dentre os quais se destacam os 
ambientais, principalmente se considerarmos as condições de vida das gerações futuras. 
 
Os grandes aglomerados urbanos possuem necessidades essenciais, como por 
exemplo, saneamento básico, moradia, água, transporte, etc. Em razão disso, é imprescindível 
que haja a implantação de políticas de desenvolvimento urbano a fim de buscar, de modo mais 
amplo possível, o desenvolvimento das funções sociais e econômicas das cidades e a garantir 
o bem-estar de seus habitantes. 
 
A Constituição Federal tem dispositivos voltados ao regramento das cidades a fim de 
minorar as discriminações sociais, e demais problemas ocorrentes nos conglomerados 
humanos, a fim de garantir um meio ambiente sadio aos seus habitantes. Segundo Deon Sette 
com as regras constitucionais “a cidade e suas duas realidades – estabelecimentos regulares 
 
DIREITO AMBIENTAL 
CONCEITOS 
 
e irregulares – passa a ter natureza jurídica ambiental, deixando de ser observada sob o 
enfoque de bem privado ou público e passa a ser estruturada a partir da disciplina jurídica do 
bem ambiental, com todos os benefícios e encargos a ele inerentes.” 
 
Os alicerces constitucionais na questão aqui tratada são o art. 225 da CF/88 (de modo 
mediato), e forma imediata pelos art. 182 e 183 da CF/88. 
 
No contexto de se regulamentar os artigos supracitados, isto é, considerando a 
conjuntura jurídico constitucional do que significa uma cidade, como o conceito de ordem 
urbanística, associado à ordem econômica e social, que é editado o Estatuto da Cidade – Lei 
10.257/2001. 
 
Consoante ensina Deon Sette com ele inverte-se a lógica tradicional de “adaptar o 
homem ao território e a cidade” passando a “condicionar o território e a cidade à dignidade da 
pessoa humana”. 
 
Vejamos os principais pontos do Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/2001). Em seu artigo 
4º estão os Instrumentos de política urbana: 
 
Já nos artigos 5º e 6º, o Parcelamento, Edificação ou Utilização Compulsórios da 
Propriedade Urbana. 
 
O art. 7º do EC traz os Instrumentos Tributários para a Implementação da Política 
Urbana. 
 
O art. 8º trata da Desapropriação como instrumento de política urbana. 
 
Os art. 9º ao 14 e 183 Constituição falam Usucapião especial. O usucapião urbano 
também chamado usucapião ambiental é instrumento que reconhece o direito ao domínio 
àquele que possuir como sua área ou edificação urbana nas seguintes condições (requisitos): 
tratar-se de área urbana privada (público não é usucapível (art. 183, § 3º e 191 CF/88); Que 
tenha possuído como sua área ou edificação urbana de até 250 m²; por 5 anos 
ininterruptamente e sem oposição; utilizando-a para a sua moradia ou de sua família; não ser 
proprietário de outro imóvel urbano ou rural. É vedado o reconhecimento deste direito a mesma 
pessoa mais de uma vez. O título pode ser concedido a homem, mulher ou a ambos, 
independentemente o estado civil. Importante frisar que tal instrumento NÃO SE APLICA EM 
ÁREAS DO EXÉRCITO, pois essas são imóveis da União e de acordo com art. 182, parágrafo 
terceiro da Constituição: “os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião”. 
 
 
 
DIREITO AMBIENTAL 
CONCEITOS 
 
O Direito de preempção é tratado no Estatuto das Cidades nos art. 26 a 27. Esse 
instituto diz respeito ao direito de preferência dado ao Poder Público municipalpara aquisição 
de imóvel urbano objeto de alienação onerosa entre particulares, quando a área estiver 
enquadrada numa das finalidades relacionadas como passíveis do exercício do direito de 
preferência, como por ex.:regularização fundiária; execução de programas e projetos 
habitacionais de interesse social; implantação de equipamentos urbanos e comunitários; 
criação de espaços públicos de lazer e áreas verdes; criação de unidades de conservação ou 
proteção de outras áreas de interesse ambiental; proteção de áreas de interesse histórico, 
cultural ou paisagístico. 
 
Outro ponto importante na lei ora analisada é a previsão do Estudo de impacto de 
vizinhança, art. 36 a 38. Consoante ensina Deon Sette, “o EIV é um estudo prévio necessário 
para obtenção de licenças ou autorizações de construção, ampliação ou funcionamento, 
cabendo ao poder público a sua exigência. É um conjunto de estudos preliminares sócio-
econômico-ambiental, que apresenta relatório, planos de recuperação, projeto de controle, 
diagnóstico ambiental, análise preliminar de risco, etc, às custas do empreendedor, ou seja, é 
instrumento preventivo (apura as condições que o ambiente ficará, caso o empreendimentos 
seja realizado e propõe medidas mitigadoras), ao qual deve ser dado publicidade. O EIV 
analisa, por exemplo (não substituí o EIA): adensamento populacional; uso e ocupação do 
solo; valorização imobiliária; geração de tráfego e demanda por transporte público; ventilação 
e iluminação; etc.” 
 
Ainda há que se fazer menção ao Plano Diretor, previsto nos art. 39 a 42, documento 
que prevê a política de desenvolvimento urbano, criado por lei municipal, trata de estratégias 
e diretrizes para a cidade. Deon Sette explica que “o plano diretor é o instrumento básico da 
política de desenvolvimento e expansão urbana. É um plano urbanístico auto-aplicável, que 
planeja a gestão das cidades (zoneando-a comercial, residencial, industrial, regras sobre 
preempção, coeficiente de construção, alteração de uso, etc.) e deve ser revisto a cada 10 
anos. A ele é reservada a definição da função social da propriedade e a delimitação das áreas 
subutilizadas, sujeitas a parcelamento e edificação compulsórios, utilização extra-fiscal do 
IPTU e desapropriação com pagamento em títulos da dívida pública (§§ 2º e 4º do art. 182).” 
 
O plano diretor é obrigatório para cidades com mais de 20.000 habitantes (182, § 1º 
CF/88); integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas; onde o Poder Público 
municipal pretenda utilizar os instrumentos constitucionalmente, quais sejam: o parcelamento 
ou edificação compulsórios; IPTU progressivo e a desapropriação com pagamento mediante 
títulos da dívida pública; integrantes de áreas de especial interesse turístico; inseridas na área 
de influência de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental de âmbito 
regional ou nacional. 
 
 
DIREITO AMBIENTAL 
CONCEITOS 
 
O Estatuto das Cidades trata ainda de outros temas de menor relevância para o 
contexto militar, mas que fazemos menção a título de conhecimento, quais sejam: do Direito 
de superfície (art. 21 a 24 e art.1.369 a 
1.377 do Código civil; Transferência do direito de construir Art. 35 ; Operação urbana 
consorciada Art. 32 a 34; Gestão Democrática da Cidade, Art. 43 a 45; Improbidade 
administrativa – art. 52,etc. 
 
Ainda sobre o assunto da regularização dos espaços é importante fazer menção ao 
Zoneamento. A lei 6938 de PNMA traz o zoneamento ambiental como um dos instrumentos da 
política nacional de meio ambiente (art. 9, II). Deon Sette fala em quatro principais formas de 
zoneamento: 1) Zoneamento ambiental urbano: Zonas de uso Industrial, residencial. Etc... 2) 
Zoneamento Costeiro. 3) Zoneamento Agrícola - rural. 4) ZEE – Zoneamento Ecológico 
Econômico: incorpora a idéia de desenvolvimento sustentável de maneira ampla – art. 2º do 
Decreto 4.297/2002. 
 
Importante conhecermos o Decreto 4297/02, pois o zoneamento ambiental poderá ter 
sobreposição com áreas militares. O art. 2º desse documento assevera: 
 
Art. 2o O ZEE, instrumento de organização do território a ser 
obrigatoriamente seguido na implantação de planos, obras e 
atividades públicas e privadas, estabelece medidas e padrões de 
proteção ambiental destinados a assegurar a qualidade ambiental, 
dos recursos hídricos e do solo e a conservação da biodiversidade, 
garantindo o desenvolvimento sustentável e a melhoria das 
condições de vida da população. 
 
Pela sua importância, citamos também o art. 6° 
 
Art. 6º Compete ao Poder Público Federal elaborar e executar o ZEE 
nacional e regionais, quando tiver por objeto biomas brasileiros ou 
territórios abrangidos por planos e projetos prioritários estabelecidos 
pelo Governo Federal. 
 
 
LEI COMPLEMENTAR NR 140/2011 E LICENCIAMENTO AMBIENTAL DE 
EMPREENDIMENTOS MILITARES 
 
A Lei Complementar 140/2011 fixa normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput 
e do parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal, para a cooperação entre a União, os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício 
 
DIREITO AMBIENTAL 
CONCEITOS 
 
da competência comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do 
meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das 
florestas, da fauna e da flora; e altera a Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981. Nessa lei, é 
indispensável conhecermos a parte a respeito do licenciamento ambiental nas atividades 
militares e mais especificamente nas atividades que tratam de preparo e emprego das Forças 
Armadas. 
 
Para apreciação da questão, inicialmente devem ser considerados os ditames do artigo 
7º da Lei Complementar Nr 140 de 2011, sobretudo quando prevê: 
 
Art. 7o São ações administrativas da União: 
(...) 
XIV - promover o licenciamento ambiental 
de empreendimentos e atividades: 
(...) 
f) de caráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos 
termos de ato do Poder Executivo, aqueles previstos no preparo e 
emprego das Forças Armadas, conforme disposto na Lei 
Complementar no 97, de 9 de junho de 1999; (...) 
 
Consoante os termos da LC 140/11, apenas é necessário “ato do Poder Executivo” 
(Ministério da Defesa ou Presidência) no que tange aos empreendimentos que sejam 
caracterizados como de preparo e emprego das Forças Armadas para isentá-los do 
licenciamento ambiental. 
 
Todos os empreendimentos de caráter militar devem, segundo a mesma lei 
complementar, ser licenciados pelo órgão federal, pois são necessárias nesse caso “ações 
administrativas da União”. 
 
O órgão da União, órgão federal de Meio Ambiente vinculado diretamente ao Ministério 
do Meio Ambiente, com a competência citada no item anterior é o Instituto Brasileiro do Meio 
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, IBAMA, vide Lei 7735, de 22 de fevereiro de 
1989, que cria o IBAMA (art. 2). Assim, todos os empreendimentos militares, que não se 
enquadrem nos conceito de preparo e emprego das Forças Armadas, devem ser licenciados 
pelo IBAMA. 
 
No que tange aos empreendimentos de preparo e emprego, frisa-se que recentemente 
foi editada a Portaria Normativa MD Nr 15/2016, ato do Poder Executivo, a qual regulamenta 
preparo e emprego das Forças Armadas. As Organizações Militares, que se enquadrarem no 
 
DIREITO AMBIENTAL 
CONCEITOS 
 
conceito de preparo e emprego da Força, encaixam-se no teor do art. 2º da Portaria 
supracitada, que prevê: 
 
Art. 29 Com base na Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 
1999, e para o fim previsto nesta Portaria Normativa, 
empreendimentos e atividades de caráter militar previstos para o 
preparo e emprego são aqueles executados, normalmente, no 
interior das áreas militares, para o atendimento eficaz do emprego 
e da permanente eficiência operacional das Forças Armadas no 
cumprimento da destinação constitucionalde defesa da Pátria, da 
lei e da ordem, e das suas atribuições subsidiárias particulares e 
geral, de cooperar com o desenvolvimento nacional e a defesa civil. 
 
A respeito da definição dos termos preparo e emprego, devem ser considerados os 
ditames da LC Nr 97/99 , a qual dispõe sobre as normas gerais para a organização, o preparo 
e o emprego das Forças Armadas, a qual afirma: 
 
Art. 13. Para o cumprimento da destinação constitucional das 
Forças Armadas, cabe aos Comandantes da Marinha, do Exército 
e da Aeronáutica o preparo de seus órgãos operativos e de apoio, 
obedecidas as políticas estabelecidas pelo Ministro da Defesa. 
§ 1o O preparo compreende, entre outras, as atividades 
permanentes de planejamento, organização e articulação, instrução 
e adestramento, desenvolvimento de doutrina e pesquisas 
específicas, inteligência e estruturação das Forças Armadas, de 
sua logística e mobilização. (...) 
Art. 14. O preparo das Forças Armadas é orientado pelos seguintes 
parâmetros básicos: 
I - permanente eficiência operacional singular e nas diferentes 
modalidades de emprego interdependentes; 
II - procura da autonomia nacional crescente, mediante contínua 
nacionalização de seus meios, nela incluídas pesquisa e 
desenvolvimento e o fortalecimento da indústria nacional; 
III - correta utilização do potencial nacional, mediante mobilização 
criteriosamente planejada. 
 
 
 
 
 
 
DIREITO AMBIENTAL 
CONCEITOS 
 
 
PROCEDIMENTOS JURÍDICOS NA GESTÃO AMBIENTAL 
 
O Ordenamento jurídico brasileiro apresenta alguns mecanismos para proteção 
ambiental em âmbito judicial. São as chamadas normas de garantia: ações processuais que 
podem ser utilizadas em juízo para exigir do Estado e/ou dos particulares o cumprimento dos 
direito fundamentais, entre os quais encontramos o Meio Ambiente, são elas: 
 
a) Art. 5º, LXXIII CF/88– ação popular; 
 
b) Lei 7347/85- ação civil pública; 
 
c) Art. 5º,LXXI CF/88 – mandado de injunção; 
 
d) Art. 5º, LXIX e LXX CF/88– mandado de segurança coletivo ou individual; 
 
e) Art. 129,III CF/88– função do ministério público: inquérito civil e ação civil pública, 
para a proteção do meio ambiente; 
 
f) Art. 103 CF/88 - Relaciona os legitimados para propor ação direta de 
inconstitucionalidade e ação declaratória de constitucionalidade. 
 
Alguns desses instrumentos têm sido usados de modo frequente em relação ao Exército 
Brasileiro pois, conforme já se depreende da primeira parte desse documento, os órgãos 
públicos estão incumbidos de zelar pela proteção ambiental e também poderão ser 
responsabilizados por eventuais danos. Dentre os mecanismos judiciais destacamos a 
atuação do Ministério Público, a ação popular, a ação civil pública. 
 
Os temas serão trabalhados de modo pormenorizado e voltado aos interesses do 
Exército durante a fase presencial do Estágio de Meio Ambiente. 
 
 
AS LEIS AMBIENTAIS MAIS RELEVANTES 
 
Segundo Cargnin: “são leis que ao lado da Constituição Federal - regulamentam 
diferentes setores da vida moderna Brasileira (MCHADO, 2007). 
 
 
 
 
 
DIREITO AMBIENTAL 
CONCEITOS 
 
1. Ação Civil Pública (Lei 7.347 de 24/07/1985) 
 
Trata-se da Lei de Interesses Difusos, que trata da ação civil pública de 
responsabilidades por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, e ao patrimônio 
artístico, turístico ou paisagístico. A ação pode ser requerida pelo Ministério Público, a pedido 
de qualquer pessoa, ou por uma entidade constituída há pelo menos um ano. Normalmente 
ela é precedida por um inquérito civil. 
 
2. Agrotóxicos (Lei 7.802 de 11/07/1989) 
 
A Lei dos Agrotóxicos regulamenta desde a pesquisa e fabricação dos agrotóxicos até 
sua comercialização, aplicação, controle, fiscalização e também o destino da embalagem. 
Impõe a obrigatoriedade do receituário agronômico para venda de agrotóxicos ao consumidor. 
Também exige registro dos produtos nos Ministérios da Agricultura e da Saúde e no IBAMA 
(Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). 
 
Qualquer entidade pode pedir o cancelamento deste registro, encaminhando provas de 
que um produto causa graves prejuízos à saúde humana, meio ambiente e animais. A indústria 
tem direito de se defender. O descumprimento da lei pode render multas e reclusão inclusive 
para os empresários. 
 
3. Área de Proteção Ambiental (Lei 6.902, de 27/04/1981) 
 
Lei que criou as figuras das "Estações Ecológicas" (áreas representativas de 
ecossistemas brasileiros, sendo que 90% delas devem permanecer intocadas e 10% podem 
sofrer alterações para fins científicos); 
 
Criou também as"Áreas de Proteção Ambiental" (APAS - onde podem permanecer as 
propriedades privadas, mas o poder público pode limitar e as atividades econômicas para fins 
de proteção ambiental). Ambas podem ser criadas pela União, Estado, ou Município. 
 
Informação importante: tramita na Câmara dos Deputados, em regime de urgência para 
apreciação em plenário, o Projeto de Lei 2892/92, que modificaria a atual lei, ao criar o Sistema 
Nacional de Unidades de Conservação. 
 
4. Atividades Nucleares (Lei 6.453 de 17/10/1977) 
 
Dispõe sobre responsabilidade civil por danos nucleares e a responsabilidade criminal 
por atos relacionados com as atividades nucleares. 
 
 
DIREITO AMBIENTAL 
CONCEITOS 
 
Entre outros, determina que quando houver um acidente nuclear, a instituição 
autorizada a operar a instalação nuclear tem a responsabilidade civil pelo dano, independente 
da existência de culpa. Se for provada a culpa da vítima, a instituição apenas será exonerada 
de indenizar os danos ambientais. Em caso de acidente nuclear não relacionado a qualquer 
operador, os danos serão suportados pela União. 
 
A lei classifica como crime produzir, processar, fornecer, usar, importar, ou exportar 
material sem autorização legal, extrair e comercializar ilegalmente minério nuclear, transmitir 
informações sigilosas neste setor, ou deixar de seguir normas de segurança relativas à 
instalação nuclear. 
 
5. Crimes Ambientais (Lei 9.605, de 12/02/1998) 
 
A Lei dos Crimes Ambientais reordena a legislação ambiental brasileira no que se refere 
às infrações e punições. A partir dela, a pessoa jurídica, autora ou co-autora da infração 
ambiental, pode ser penalizada, chegando à liquidação da empresa, se ela tiver sido criada ou 
usada para facilitar ou ocultar um crime ambiental. 
 
Por outro lado, a punição pode ser extinta quando se comprovar a recuperação do dano 
ambiental e - no caso de penas de prisão de até 4 anos - é possível aplicar penas alternativas. 
A lei criminaliza os atos de pichar edificações urbanas, fabricar ou soltar balões (pelo risco de 
provocar incêndios), maltratar as plantas de ornamentação (prisão de até um ano), dificultar o 
acesso às praias, ou realizar um desmatamento sem autorização prévia. As multas variam de 
R$ 50 a R$ 50 milhões. 
 
6. Engenharia Genética (Lei 8.974 de 05/01/1995) 
 
Regulamentada pelo Decreto 1752, de 20/12/1995, a lei estabelece normas para 
aplicação da engenharia genética, desde o cultivo, manipulação e transporte de organismos 
geneticamente modificados (OGM), até sua comercialização, consumo e liberação no meio 
ambiente. 
 
Define engenharia genética como a atividade de manipulação em material genético que 
contém informações determinantes de caracteres hereditários de seres vivos. A autorização e 
fiscalização do funcionamento de atividades na área, e da entrada de qualquer produto 
geneticamente modificado no país, é de responsabilidade de vários ministérios: 
 
> Meio Ambiente (MMA); 
 
> Da Saúde (MS); 
 
DIREITO AMBIENTAL 
CONCEITOS 
 
 
> Da Reforma Agrária. 
 
Toda entidade que usar técnicas de engenharia genética é obrigada a criar sua 
Comissão Interna de Biossegurança, que deverá, entre outros, informar trabalhadores e a 
comunidade sobre questões relacionadas à saúde e segurança nesta atividade.A lei criminaliza a intervenção em material genético humano in vivo (exceto para 
tratamento de defeitos genéticos), e também a manipulação genética de células germinais 
humanas, sendo que as penas podem chegar a vinte anos de reclusão. 
 
7. Exploração Mineral (Lei 7.805 de 18/07/1989) 
 
Esta lei regulamenta a atividade garimpeira. A permissão da lavra é concedida pelo 
Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) a brasileiro ou cooperativa de 
garimpeiros autorizada a funcionar como empresa, devendo ser renovada a cada cinco anos. 
É obrigatória a licença ambiental prévia, que deve ser concedida pelo órgão ambiental 
competente. 
 
Os trabalhos de pesquisa ou lavra que causarem danos ao meio ambiente são passíveis 
de suspensão, sendo o titular da autorização de exploração dos minérios responsável pelos 
danos ambientais. A atividade garimpeira executada sem permissão ou licenciamento é crime. 
 
8. Fauna Silvestre (Lei 5.197 de 03/01/1967) 
 
Classifica como crime o uso, perseguição, apanha de animais silvestres, a caça 
profissional, o comércio de espécimes da fauna silvestre e produtos que derivaram de sua 
caça, além de proibir a introdução de espécie exótica (importada) e a caça amadorística sem 
autorização do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais 
Renováveis). 
 
Também criminaliza a exportação de peles e couros de anfíbios e répteis (como o 
jacaré) em bruto. 
 
9. Florestas (Lei 4771 de 15/09/1965) 
 
Determina a proteção de florestas nativas e define como áreas de preservação 
permanente (onde a conservação da vegetação é obrigatória): uma faixa de 10 a 500 metros 
nas margens dos rios (dependendo da largura do curso d'água), a beira de lagos e de 
 
DIREITO AMBIENTAL 
CONCEITOS 
 
reservatórios de água, os topos de morro, encostas com declividade superior a 45° e locais 
acima de 1800 metros de altitude. 
 
Também exige que propriedades rurais do País preservem no mínimo 20% da cobertura 
arbórea, devendo tal reserva ser averbada no registro de imóveis, a partir do que fica proibido 
o desmatamento, mesmo que a área seja vendida ou repartida. 
 
As sanções que existiam na lei foram criminalizadas a partir da Lei dos Crimes 
Ambientais, de 1998. 
 
10. Gerenciamento Costeiro (Lei 7661, de 16/05/1988) 
 
Regulamentada pela Resolução nº 01 da Comissão Interministerial para os Recursos 
do Mar em 21/12/1990, esta lei traz as diretrizes para criar o Plano Nacional de Gerenciamento 
Costeiro. 
 
Define Zona Costeira como: o espaço geográfico da interação do ar, do mar e da terra, 
incluindo os recursos naturais e abrangendo uma faixa marítima e outra terrestre. 
 
O Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (GERCO) deve prever o zoneamento de 
toda esta extensa área, trazendo normas para o uso de solo, da água e do subsolo, de modo 
a priorizar a proteção e conservação dos recursos naturais, o patrimônio histórico, 
paleontológico, arqueológico, cultural e paisagístico. 
 
Permite aos Estados e Municípios costeiros instituírem seus próprios planos de 
gerenciamento costeiro, desde que prevalecem as normas mais restritivas. As praias são bens 
públicos de uso do povo, assegurando-se o livre acesso a elas e ao mar. O gerenciamento 
costeiro deve obedecer as normas do Conselho Nacional do Meio Ambiente . 
 
11. IBAMA (Lei 7.735, de 22/02/1989) 
 
Lei que criou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais 
Renováveis (IBAMA), incorporando a Secretaria Especial do Meio Ambiente (que era 
subordinada ao Ministério do Interior) e as agências federais na área de pesca, 
desenvolvimento florestal e borracha. 
 
Ao IBAMA compete executar e fazer executar a política nacional do meio ambiente, 
atuando para conservar, fiscalizar, controlar e fomentar o uso racional dos recursos naturais 
(hoje o IBAMA subordina-se ao Ministério do Meio Ambiente). 
12. Parcelamento do solo Urbano (Lei 6.766 de 19/12/1979) 
 
DIREITO AMBIENTAL 
CONCEITOS 
 
 
Estabelece as regras para loteamentos urbanos, proibidos em áreas de preservação 
ecológica, naquelas onde a poluição representa perigo à saúde, em terrenos alagadiços. 
 
Da área total, 35% devem se destinar ao uso comunitário (equipamentos de educação, 
saúde lazer, etc.). O projeto deve ser apresentado e aprovado previamente pelo Poder 
Municipal, sendo que as vias e áreas públicas passarão para o domínio da Prefeitura, após a 
instalação do empreendimento. 
 
A partir da Resolução 001 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) de 23 
de janeiro de 1986, quando o empreendimento prevê construção de mais de mil casas, tornou-
se obrigatório fazer um Estudo Prévio de Impacto Ambiental. 
 
13. Patrimônio Cultural (Decreto Lei 25, de 30/11/1937) 
 
Este decreto organiza a Proteção do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, incluindo 
como patrimônio nacional os bens de valor etnográfico, arqueológico, os monumentos naturais, 
além dos sítios e paisagens de valor notável pela natureza ou a partir de uma intervenção 
humana. 
 
A partir do tombamento de um destes bens, fica proibida sua destruição, demolição ou 
mutilação sem prévia autorização do Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional 
(SPHAN), que também deve ser previamente notificado, em caso de dificuldade financeira 
para a conservação do bem. 
 
Qualquer atentado contra um bem tombado equivale a um atentado ao patrimônio 
nacional. 
 
14. Política Agrícola (Lei 8.171 de 17/01/1991) 
 
Esta lei, que dispõe sobre Política Agrícola, coloca a proteção do meio ambiente entre 
seus objetivos e como um de seus instrumentos. 
 
Define que o Poder Público (federação, estados, municípios) deve disciplinar e fiscalizar 
o uso racional do solo, da água, da fauna e da flora; realizar zoneamentos agroecológicos para 
ordenar a ocupação de diversas atividades produtivas (inclusive instalação de hidrelétricas), 
desenvolver programas de educação ambiental, fomentar a produção de mudas de espécies 
nativas, entre outros. Mas a fiscalização e uso racional destes recursos também cabe aos 
proprietários de direito e aos beneficiários da reforma agrária. 
 
 
DIREITO AMBIENTAL 
CONCEITOS 
 
As bacias hidrográficas são definidas como as unidades básicas de planejamento, uso, 
conservação e recuperação dos recursos naturais, sendo que os órgãos competentes devem 
criar planos plurianuais para a proteção ambiental. 
 
15. Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938, de 17/01/1981) A mais 
importante lei ambiental. 
 
Define que o poluidor é obrigado a indenizar danos ambientais que causar, 
independentemente de culpa; 
 
O Ministério Público (Promotor Público) pode propor ações de responsabilidade civil por 
danos ao meio ambiente, impondo ao poluidor a obrigação de recuperar e/ou indenizar 
prejuízos causados. 
 
Também esta lei criou os Estudos e respectivos Relatórios de Impacto Ambiental 
(EIA/RIMA), regulamentados em 1986 pela Resolução 001/86 do Conselho Nacional do Meio 
Ambiente (CONAMA). 
 
O EIA/RIMA deve ser feito antes da implantação de atividade econômica que afete 
significativamente o meio ambiente, como estrada, indústria, ou aterros sanitários, devendo 
detalhar os impactos positivos e negativos que possam ocorrer por causa das obras ou após 
a instalação do empreendimento, mostrando ainda como evitar impactos negativos; 
 
Se não for aprovado, o empreendimento não pode ser implantado. 
 
16. Recursos Hídricos (Lei 9.433 de 08/01/1997) 
 
A lei que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e cria o Sistema Nacional de 
Recursos Hídricos define a água como recurso natural limitado dotado de valor econômico, 
que pode ter usos múltiplos (por exemplo: consumo humano, produção de energia, transporte 
aquaviário, lançamento de esgotos). 
 
A partir dela, a gestão dos recursos hídricos passa a ser descentralizada, contando com 
a participação do Poder Público, usuários e comunidades.São instrumentos da nova Política das Águas: de Recursos Hídricos: 
 
1- Os Planos elaborados por bacia hidrográfica, por Estado e para o País, visam 
gerenciar e compatibilizar os diferentes usos da água, considerando inclusive a perspectiva de 
crescimento demográfico e metas para racionalizar o uso; 
 
 
DIREITO AMBIENTAL 
CONCEITOS 
 
 
2- a outorga de direitos de uso das águas: válida por até 35 anos, deve 
compatibilizar os usos múltiplos; 
 
3- a cobrança pelo seu uso (antes, só se cobrava pelo tratamento e distribuição). 
 
A lei da política Nacional de Recursos Hídricos prevê ainda a formação de: 
 
1- Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (integrado conselho 
nacional e estaduais de Recursos Hídricos, bem como os Comitês de Bacias Hidrográficas); 
 
2- Conselho Nacional de Recursos Hídricos, composto por indicados pelos 
respectivos conselhos estaduais de recursos hídricos, representantes das organizações civis 
do setor e de usuários; 
 
3- Comitês de Bacias Hidrográficas, compreendendo uma bacia ou sub-bacia 
hidrográfica, cada comitê deve ter representantes de governo, sociedade civil e usuários com 
atuação regional comprovada; 
 
4- Agências de bacia: com a mesma área de atuação de um ou mais comitês de 
bacia, têm entre as atribuições previstas, a cobrança de uso da água e administração dos 
recursos recebidos; 
 
5- Sistema Nacional de Informação sobre Recursos Hídricos: para a coleta, 
tratamento, armazenamento e recuperação de informações sobre recursos hídricos e fatores 
intervenientes em sua gestão. 
 
17. Zoneamento Industrial nas áreas Críticas de poluição (Lei 6.803, de 
02/07/1980) 
 
De acordo com esta lei, cabe aos estados e municípios estabelecer limites e padrões 
ambientais para a instalação e licenciamento da indústrias, exigindo Estudo de Impacto 
Ambiental. 
 
Os Municípios podem criar três classes de zonas destinadas a instalação de indústrias: 
 
 
1) zona de uso estritamente industrial: destinada somente às indústrias cujos 
efluentes, ruídos ou radiação possam causar danos à saúde humana ou ao meio ambiente, 
sendo proibido instalar atividades não essenciais ao funcionamento da área; 
 
DIREITO AMBIENTAL 
CONCEITOS 
 
 
 
2) zona de uso predominantemente industrial: para indústrias cujos processos 
possam ser submetidos ao controle da poluição, não causando incômodos maiores às 
atividades urbanas e repouso noturno, desde que se cumpram exigências, como a 
obrigatoriedade de conter área de proteção ambiental que minimize os efeitos negativos. 
 
 
3) zona de uso diversificado: aberta a indústrias que não prejudiquem as atividades 
urbanas e rurais.” 
 
 
ÓRGÃOS PÚBLICOS RESPONSÁVEIS PELO ORDENAMENTO JURÍDICO AMBIENTAL 
 
1- Competências ambientais 
 
A Constituição de 1988 traz as regras de competência em matéria ambiental, as quais 
se dividem em: administrativa (art. 23); legislativa (art. 24); municípios (art. 30) e jurisdicional 
(art. 109) Inicialmente, é necessário delinearmos no que consiste a competência. Entende-se 
por a capacidade legalmente atribuída para tratar de certos assuntos quer seja legislando, 
fiscalizando, materializando atos, exercendo poder de polícia, judicando, entre outros. 
 
Em matéria ambiental são previstas: a competência material (administrativa), a 
competência legislativa e a competência jurisdicional. 
 
A competência legislativa se divide em: 
 
a) Competência concorrente: possibilidade de União, Estados, Municípios e DF 
disporem sobre o mesmo assunto ou matéria, sendo que a União legisla sobre normas gerais. 
 
b) Competência suplementar: correlata à concorrente, é a que atribui competência 
a Estados, DF e municípios para legislarem sobre as normas que suplementem o conteúdo de 
princípios e normas gerais. Senão vejamos o que diz a Constituição: 
 
“Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar 
concorrentemente sobre: (...) 
I - direito (...) urbanístico; 
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, 
defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente 
e controle da poluição; 
 
DIREITO AMBIENTAL 
CONCEITOS 
 
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico 
e paisagístico; 
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao 
consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, 
turístico e paisagístico; 
§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União 
limitar-se-á a estabelecer normas gerais. 
§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais 
não exclui a competência suplementar dos Estados. 
§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados 
exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas 
peculiaridades. 
§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende 
a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.” 
“Art. 30. Compete aos Municípios: 
I - legislar sobre assuntos de interesse local e, 
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que 
couber.” 
 
Importante dizer que prevalecerá a norma que conferir melhor proteção ao meio 
ambiente, seja ela federal ou estadual (municipal, se houver interesse local). 
 
Deon Sette apresenta “Exceções em relação à competência legislativa em matéria 
Ambiental (exemplificativamente – pontos mais relevantes). 
 
Artigo 22 da CF/88 – dá competência privativa para a União legislar sobre águas, 
energia, informática, telecomunicações e radiodifusão; jazidas, minas, outros recursos 
minerais e metalurgia; e atividades nucleares de qualquer natureza (incisos IV, XII e XXVI, 
respectivamente). 
 
Artigo 49 da CF/88 – dá competência exclusiva ao Congresso Nacional para aprovar 
iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares e autorizar, em terras 
indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de 
riquezas minerais (incisos XIV e XVI). 
 
Artigo 220, § 3º, II, da CF/88 - aduz que compete à Lei Federal dispor sobre meios legais 
que garantam às pessoas e à família a possibilidade de se defenderem da propaganda de 
produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente. 
 
 
DIREITO AMBIENTAL 
CONCEITOS 
 
Artigo 91,§ 1º, III - dispõe que compete ao Conselho de Defesa Nacional propor os 
critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à segurança do território nacional 
e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e nas relacionadas com a 
preservação e a exploração dos recursos naturais.” 
 
Já a competência administrativa, competência material, é a competência de praticar 
atos materiais. Em matéria ambiental, a competência material é comum, ou seja, compete a 
todos os entes federados, onde todos a exercem, sem excluir-se um ao outro, é cumulativa. 
Esse tipo de competência pressupõe a cooperação entre as várias unidades políticas para, em 
conjunto, executarem diversas medidas em prol da proteção de bens de uso comum, senão 
vejamos o que diz a constituição: 
 
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios: 
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor 
histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais 
notáveis e os sítios arqueológicos; 
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em 
qualquer de suas formas; 
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; 
 (...) 
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de 
pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus 
territórios”. 
Nesse ponto, vale lembrar o que dita a lei de crimes ambientais, Lei 
9.605/98, que afirma: 
Art. 70 (...) § 1º São autoridades competentes para lavrar auto de 
infração ambiental e instaurar processo administrativo os 
funcionários de órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional 
de Meio Ambiente- SISNAMA, designados para as atividades de 
fiscalização, bem como os agentes das Capitanias dos Portos, do 
Ministério da Marinha. 
 
Todos os entes federativos têm competência para fiscalizar, conforme dita a lei 
complementar n. 140/2011. Caso de dois órgão ambientais, ligados à níveis diversos da 
administração pública, se apresentarem para atuar em determinado caso de infração 
administrativa, deverá prevalecer a autuação daquele que concedeu a licença ou autorização 
nos termos do artigo 17 e § 3º, da Lei Complementar n. 140/2011. 
 
 
DIREITO AMBIENTAL 
CONCEITOS 
 
Ainda sobre a LC 140/11 frisamos que a constituição de 1988,em seu artigo 23, 
Parágrafo único, dispõe que: 
 
Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o 
Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-
estar em âmbito nacional. 
 
A Lei Complementar n. 140/2011, é editada para regulamentar o artigo supracitado da 
Constituição. A citada lei dispôs sobre as competências de cada ente federado, também 
esclareceu que os empreendimentos e atividades são licenciados ou autorizados, 
ambientalmente, por um único ente federativo (artigo 13) e, ainda, deu competência supletiva 
e subsidiária aos demais órgãos (artigos 15 e 16). 
 
Finalmente,podemos visualizar as competências legislativas e administrativas em 
matéria ambiental a partir do esquema abaixo: 
 
Por fim, sobre a Competência Jurisdicional em matéria ambiental a constituição 
prescreve que: 
 
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: (...) 
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa 
pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, 
assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes 
de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; 
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em 
detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas 
entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as 
contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da 
Justiça Eleitoral. 
Ou seja: causas ambientais que envolvam interesses do Exército 
Brasileiro serão sempre de competência da justiça Federal. 
 
 
PRINCÍPIOS AMBIENTAIS 
 
Antes de adentramos propriamente nos princípios que regem o direito ambiental, é 
necessário ter em mente o conceito genérico de princípios. 
 
O conceito de princípios é mutante de acordo com o momento histórico, apesar disso, 
Miguel Reale afirma que "princípios são enunciações normativas de valor genérico, que 
 
DIREITO AMBIENTAL 
CONCEITOS 
 
condicionam e orientam a compreensão do ordenamento jurídico, a aplicação e integração ou 
mesmo para a elaboração de novas normas. São verdades fundantes de um sistema de 
conhecimento, como tais admitidas, por serem evidentes ou por terem sido comprovadas, mas 
também por motivos de ordem prática de caráter operacional, isto é, como pressupostos 
exigidos pelas necessidades da pesquisa e da práxis". 
 
Os princípios orientam e informam todo o ordenamento jurídico, isto é, exercem 
profunda influência na interpretação do direito. As leis e demais regulamentos devem ser 
interpretados a luz dos princípios, os quais se irradiam por todo o ordenamento jurídico. 
 
Os princípios podem ser explícitos ou implícitos, sendo que não há hierarquia entre eles 
em razão desta característica. O ordenamento jurídico brasileiro traz vários princípios 
explícitos em sua lei maior, a constituição federal de 1988. Mas em se tratando de matéria 
ambiental serão encontrados princípios também em outras normas, como por exemplo, 
tratados internacionais assinados pelo Brasil. 
 
Apreciada de modo rápido a definição dos princípios, passamos ao estudo dos 
princípios mais relevantes em matéria ambiental. 
 
1) Princípio da supremacia do interesse ambiental na proteção do meio ambiente 
em relação aos interesses privados: esse princípio proclama a superioridade dos interesses 
da coletividade em detrimento de interesses particulares violadores da preservação ambiental. 
 
2) Princípio da indisponibilidade do interesse público na proteção do meio ambiente: 
de acordo com o artigo 225 da Constituição de 1988 o meio ambiente ecologicamente 
equilibrado é qualificado como bem de uso comum do povo. Assim sendo, o meio ambiente é 
bem indisponível, ou seja, nem os particulares, nem o poder público podem dele dispor, é um 
bem insuscetível de apropriação. O que poderia ser apropriado, utilizado, desde que dentro 
das normas e leis de proteção ambiental, são elementos corpóreos que compõem o meio 
ambiente, como por exemplo solos e águas. 
 
3) Princípio da intervenção estatal obrigatória na defesa do meio ambiente: trata do 
dever do poder público atuar na defesa do meio ambiente nos âmbitos legislativo, judiciário e 
administrativo. 
 
4) Princípio da participação popular na proteção do meio ambiente: a participação 
popular pode se dar por meio da participação na confecção da legislação ambiental (por 
exemplo pela iniciativa popular de lei, referendos); participação nas políticas ambientais (por 
meio dos representantes da sociedade civil em órgãos colegiados previsto no SISNAMA); por 
intermédio do acionamento do poder judiciário (por exemplo ação popular e ação civil pública). 
 
DIREITO AMBIENTAL 
CONCEITOS 
 
5) Princípio do desenvolvimento econômico e social ecologicamente sustentável: 
traz em si a ideia de incluir a preocupação ambiental como parte integrante do processo global 
de desenvolvimento e não só como políticas públicas isoladas. 
 
6) Princípio da função social e ambiental da propriedade: ao proprietário impõe-se 
o dever de exercer seu direito de propriedade com respeito aos ditames da função social e 
proteção ambiental do bem. 
 
7) Princípio da prevenção de danos e degradações ambientais: enfatiza a 
necessidade de atuações preventivas para evitar danos ambientais. Esse princípio tem como 
premissa que o risco sendo conhecido deve ser evitado. 
 
8) Princípio da precaução de danos e degradações ambientais: esse princípio 
preconiza que no caso de incerteza científica, perigo potencial, desconhecido, dúvida razoável, 
medidas de proteção da natureza devem ser adotadas, mesmo que não se saiba ao certo as 
conseqüências ambientais que possam advir. Em outras palavras, não havendo conhecimento 
suficiente sobre os danos causado pela atividade, evita-se exercê-la. Esse princípio defende 
o brocardo in dúbio pro natura. 
 
9) Princípio da responsabilização das condutas e atividades lesivas ao meio 
ambiente: visa a responsabilização dos causadores de danos ao meio ambiente. Engloba a 
responsabilização nas esferas administrativa, cível e penal. 
 
10) Princípio da proibição da proteção deficitária: o direito ambiental tem que andar 
par-e-passo com as pesquisas científicas a fim de garantir a maior proteção possível ao meio 
ambiente. 
 
11) Princípio da proibição do retrocesso: preceitua que as conquistas de proteção 
ambiental não podem retroceder para deixar o meio ambiente com proteção menor do que a 
que já existia. Nessa seara, o novo código de processo civil de 2015 preconiza a utilização dos 
precedentes judiciais. Assim as decisões favoráveis ao meio ambiente provavelmente 
ampliarão a proteção ambiental. 
 
12) Princípio do poluidor pagador: esse princípio visa imputar ao poluidor o custo 
social da poluição por ele causada. Tal responsabilização se dará por meio de mecanismos de 
responsabilização por danos ecológico abrangendo os efeitos da poluição não só para bens 
e/ou pessoas mas também para a natureza como um todo. Esse princípio também é conhecido 
por alguns como princípio da responsabilidade e pode ser vislumbrado no cunho preventivo 
(incentiva os agentes econômicos a internalizar as externalidades - Ex. bateria de celular, 
pneus, tributos) e repressivo (quando se agir

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