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DIREITO AMBIENTAL CONCEITOS O Direito Ambiental, como nova disciplina jurídica, nasceu no afã de proteger legalmente o meio ambiente em favor das presentes e futuras gerações. O Direito Ambiental pode ser analisado sob dois aspectos importantes: 1) Direito Ambiental Objetivo: Consiste no conjunto de normas jurídicas disciplinadoras da proteção da qualidade do meio ambiente. 2) Direito Ambiental como Ciência: Busca o conhecimento sistematizado das normas e princípios ordenadores da qualidade do meio ambiente. A fim de melhor entender o escopo do Direito ambiental, é interessante antevermos a classificação dos direitos fundamentais no direito brasileiro. Apesar de existirem incontáveis classificações, para o fim aqui almejado usaremos a classificação de gerações ou dimensões de direitos, segundo a qual existem: 1) Direitos de 1ª Geração – Referentes à liberdade do cidadão 2) Direito de 2ª Geração – Direitos Sociais (tais como educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia, transporte, lazer, segurança, entre outros) 3) Direito de 3ª Geração – São os direitos difusos e coletivos 4) Direito de 4ª e 5ª Geração – Não há previsão legal (clonagem, cibernética, internet). O Direito ao meio ambiente no Brasil é considerado direito de 3ª geração e tem como fundamento a transindividualidade, ou seja, caracterizada pelo fato de ser um direito que transcende o indivíduo, ultrapassa o limite da esfera de direitos e obrigações de cunho individual, para se tornar um direito e um dever de toda a coletividade. Édis Milare conceitua o direito ambiental como sendo o “conjunto de normas e princípios editados objetivando a manutenção de um perfeito equilíbrio nas relações do homem com o meio ambiente. Especialização do Direito Administrativo que estuda as normas que tratam das relações do homem com o espaço que os envolve.” Já Luís Paulo Sirvinskas traz o seguinte conceito “direito ambiental é a ciência que jurídica que estuda, analisa e discute as questões e os problemas ambientais e sua relação com o ser humano, tendo por finalidade a proteção do meio ambiente e a melhoria das condições de vida no planeta.” Do exposto, podemos concluir que o direito ambiental atinge e afeta tanto indivíduos, quanto coletividades, instituições públicas e poder público. Dito isso, infere-se a importância dessa matéria inclusive no contexto das Forças Armadas. Assim é válido o conhecimento sobre as principais leis ambientais, consoante se segue. DIREITO AMBIENTAL CONCEITOS A TUTELA AMBIENTAL DA CONSTITUIÇÃO A Constituição Federal de 1988 demonstra clara preocupação ambiental. Dentro do título da Ordem social um capítulo inteiro é devotado ao assunto ambiental, capítulo VI. Além do assunto ambiental em vários outros dispositivos fora do capitulo específico, isto é, dá tutela ambiental em vários dispositivos esparsos. Vejamos inicialmente o que nos fala o capítulo VI do título VIII: TÍTULO VIII Da Ordem Social (...) CAPÍTULO VI DO MEIO AMBIENTE Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio DIREITO AMBIENTAL CONCEITOS ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se- á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. § 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. § 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que DIREITO AMBIENTAL CONCEITOS utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 96, de 2017) Deon Sette, cita a visão de José Afonso da Silva, o qual afirma a existência de três conjuntos de normas no artigo 225 da Constituição. Neste sentido, lá se encontram: 1- Norma-princípio - caput do art. 225: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. É possível identificar nesse texto, além de outros, os princípios da dignidade da pessoa humana, da isonomia, desenvolvimento sustentável, etc. 2- Instrumentos para efetivação do caput - § 1° e incisos: Essa parte versa sobre o encargo do poder público para garantir a efetividade da proteção ambiental dos direitosproclamados no caput. § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; Exemplo de políticas: manejo de espécies como “projeto Tamar e projeto Peixe-boi”. II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; Exemplo de legislação ordinária: Lei nº. 11.105/2005 (OGM - Biossegurança). DIREITO AMBIENTAL CONCEITOS III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometaa integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; Exemplo de legislação ordinária: 6.938/81 – art. 9º (PNMA); e 9.985/00 (SNUC). IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; Exemplo de legislação ordinária: Leis nº. 6.938/81 – art. 10; Resolução do CONAMA 1/86 (lista algumas atividades e faz remissão à expressão “impacto ambiental”). V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; Exemplo de legislação ordinária: Lei 11.105/2005 – OGM - Biossegurança; Lei 7.802/1989 - Lei de Agrotóxicos. VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; Exemplo de legislação ordinária: Lei nº. 9.795/99 (principalmente os artigos 2º, 9º e 13) VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. Exemplo de legislação ordinária: Leis nºs. 12.651/12 (Cód. Florestal); 6.766/79 (Parc. Solo); 5.197/67 (Prot. Fauna); 9.605/98 (CA), decreto-lei 221/67 (Prot. Pesca) e Lei 9.985/2000 (UC), além do repúdio à práticas cruéis como a “farra do boi” e “rinha de galo” já reconhecidas pelo Supremo Tribunal Federal como inconstitucionais. DIREITO AMBIENTAL CONCEITOS 3 – Determinações particulares - outros parágrafos: § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. Exemplo de legislação ordinária: Leis nºs. 6.567/78 (expl. Minério); 7.805/89 (Garimpo); 8.723/93 (ar); 9.433/97 (atividade correlata - RH) e Decreto-Lei 227/67 (Cód. minas). § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. Exemplo de legislação ordinária: Lei nº. 9.605/98 (Crimes ambientais); 6.938/81 (PNMA) e Decreto nº 6.514/2008 (Sanções administrativas). § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se- á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. Exemplo de legislação ordinária: Leis nºs. 12.651/12 (cód Florestal); 6.938/81(PNMA); Lei nº 11.284/06 (gestão de Florestas Públicas); 7.661/88 (Plano Nac. Ger. Costeiro); 9.636/98 (Alienação de Bens da União) e Decreto 5.975/2006 (que revogou o Decreto nº. 1.282/94 – Manejo Florestal Sustentável). § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. Exemplo de legislação ordinária: Decreto-Lei nº. 9.760/46 (dispõe sobre bens imóveis da União). § 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. DIREITO AMBIENTAL CONCEITOS Exemplo de legislação ordinária: Leis nºs. 4.118/62 e 6.189/74 (ambas tratam de energia nuclear); 6.453/77 (Responsabilidade Civil por danos nucleares); 7.862/89 e Decreto- lei nº. 2.464/88 (ambas tratam de NUCLEBRÁS). § 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. Exemplos que demonstram o sentido de aplicação desse parágrafo são os julgamentos do Supremo Tribunal Federal a respeito da Vaquejada e da “briga de galos”, considerados inconstitucionais em razão da crueldade com os animais. Além dessas três categorias de normas encontradas no bojo do art. 225 da Constituição, ela ainda toca no assunto ambiental em vários outros artigos distribuídos em seu texto. Assim, podemos citar os seguintes dispositivos constitucionais: 1- Normas relativas aos bens com interesses ambientais: Art. 20. São bens da União: (...) II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei; Art. 231§ 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições. 2- Normas relativas à Função social da Propriedade: Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: DIREITO AMBIENTAL CONCEITOS I - aproveitamento racional e adequado; II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. 3- Normas da ordem econômica relativas ao Meio Ambiente: Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: I - soberania nacional; II - propriedade privada; III - função social da propriedade; IV - livre concorrência; V - defesa do consumidor; VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; VII - redução das desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do pleno emprego; IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. Art. 174 Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado. (...) § 3º O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta a proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos garimpeiros. 4- Meio ambiente nas normas do Sistema Único: Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: DIREITO AMBIENTAL CONCEITOS VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. Diante do contexto constitucional, resta claro a importância sem par dada aos interesses ambientais para o sistema jurídico brasileiro, o qual dedica boa parte de sua lei maior, a constituição, ao tema ambiental. A par disso, serão comentados temas específicos dentro do âmbito do direito ambiental. Frisa-se que cada tema será trabalhado de modo técnico e voltado aos interesses do Exército Brasileiro pelas demais instruções constantes do Estágio de Meio Ambiente. PRINCIPAIS LEIS NO ESCOPO DE DIREITO AMBIENTAL 1- EVOLUÇÃO NORMATIVA DO DIREITO AMBIENTAL A preocupaçãoambiental no Brasil surgiu a relativamente pouco tempo, o que deixou a descoberto a proteção total ao meio ambiente, de modo que nenhuma norma sancionava ou sequer desestimulava, por exemplo, a devastação das florestas, o esgotamento das terras ou outras formas de desequilíbrio ecológico. A trajetória histórica da legislação ambiental é divida pela doutrina em três momentos distintos. Herman Benjamin assim os define: “Do descobrimento em 1500 até aproximadamente o início da segunda metade do século XX, pouca atenção recebeu a proteção ambiental no Brasil (...) A questão ambiental, no período colonial, imperial e republicano, este até a década de 60 do atual século, juridicamente não existia, caracterizadas as iniciativas pontuais do Poder Público mais como conservação do que propriamente preservação. Esta, pois a fase da exploração desregrada ou do laissez-faire ambiental, em que a conquista da novas fronteira (agrícolas, pecuárias e minerárias) era tudo que importava na relação homem- natureza. Tinha na omissão legislativa seu traço preponderante, relegando-se eventuais conflitos de cunho ambiental quando muito ao sabor do tratamento pulverizado, assistemático e privatístico dos direitos de vizinhança. Num segundo momento, a fase fragmentária, o legislador (...) impôs controles legais às atividades exploratórias. A recepção incipiente da degradação do meio ambiente pelo ordenamento operava, no plano ético, pelo utilitarismo (tutelando somente aquilo que tivesse DIREITO AMBIENTAL CONCEITOS interesse econômico) e, no terreno formal pela fragmentação, tanto do objeto (o fatiamento do meio ambiente, a ele ainda se negando, holisticamente, uma identificação jurídica própria) quanto até em consequência do aparato legislativo.(...) Indicando uma (re)orientação radical de rumo, aparece a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (1981), dando início à fase holística, na qual o ambiente passa a ser protegido de maneira integral, vale dizer, como sistema ecológico integrado (resguardam-se as partes a partir do todo) e com autonomia valorativa (é, em si mesmo, bem jurídico).” 2- MARCOS IMPORTANTES PARA A TUTELA DO MEIO AMBIENTE: Dentro das três fases acima citadas podemos verificar alguns marcos de grande importância para o direito ambiental brasileiro. O primeiro deles é a Lei 6.368, de 31 de agosto de 1981, Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, que trouxe para o mundo do Direito o conceito de Meio ambiente como objeto específico de proteção em seus múltiplos aspectos, além de instituir o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), apto a propiciar o planejamento de uma ação integrada de diversos órgãos governamentais, através de uma política nacional para o setor e estabelecer da responsabilidade objetiva (sem culpa) com respeito a obrigação do poluidor de reparar os danos causados. O segundo marco foi a Lei 7.347, de 24.07.1985, que disciplinou a Ação Civil Pública como instrumento processual específico para a defesa do ambiente e outros interesses difusos e coletivos. Apesar de o Ministério Público ser o titular da Ação Civil Pública, as entidades estatais, paraestatais e as associações civis ganharam força para buscar a atividade jurisdicional. O terceiro foi a atual Constituição Federal de 1988, constituição verde, a qual deu ao Meio Ambiente uma extrema importância, dedicando, consoante já dito, à matéria um capítulo próprio, sendo considerado um dos textos mais avançados em todo o mundo. Finalmente, um quarto marco é representado pela edição da Lei 9.605/98, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas, aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. A Lei dos Crimes ambientais ou Lei da Vida representa significativo avanço na tutela do ambiente, por inaugurar uma sistematização das sanções administrativas e por tipificar os crimes ecológicos e atribuir responsabilidade penal às pessoas jurídicas. DIREITO AMBIENTAL CONCEITOS 3- NORMAS ESPECÍFICAS CRIADAS A PARTIR DE 1934: > Código das Águas – Decreto-Lei nº 24.643, 1934; ➢ Código de Pesca – Decreto-Lei nº 794, de 19.10.1938 (atualmente revogado); > Código Florestal – Decreto nº 23.793, de 23.01.1934(atualmente revogado); > Código de Minas – Decreto-Lei nº 1.985, de 29.01.1940; >Defesa Sanitária Vegetal – Decreto nº 24.114, de 12.04.1934; > Lei 4.504, de 30.11.1964 – Estatuto da Terra; >Lei 12.651, de 25.05.12 – Código Florestal; >Lei 5.197, de 03.01.1967 – Proteção à Fauna; >Decreto-Lei nº 221, de 28.02.1967 – Código de Pesca; >Decreto-Lei nº 227, de 28.02.1967 – Código de Mineração; > Decreto-Lei nº 248, de 28.02.1967 - Política Nacional de Saneamento Básico (atualmente revogado); > Decreto-Lei nº 303, de 28.02.1967 - Criação do Conselho Nacional de Controle da Poluição Ambiental (atualmente revogado); > Lei 5.357, de 17.11.1967 – estabelece penalidades para embarcações e terminais marítimos ou fluviais que lançarem detritos ou óleo em águas brasileiras(atualmente revogado); > Decreto-Lei nº 1.413, de 14.08.1975 - Controle da poluição do meio ambiente provocada por atividades industriais; > Lei 6.453, de 17.10.1977 – Responsabilidade Civil por danos nucleares e responsabilidade criminal por atos relacionados com atividades nucleares; DIREITO AMBIENTAL CONCEITOS > Lei 6.513, de 20.12.1977 - Criação de áreas especiais e locais de interesse turístico; e > Lei 6.766, de 19.12.1979 - Parcelamento do solo urbano. POLÍTICAS NACIONAIS DE MEIO AMBIENTE A Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) é pautada pela lei nº 6981/81, a qual dispõe sobre a PNMA e institui o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA). Os principais objetivos da PNMA são traçados da seguinte forma: Art 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios: I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo; II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; Ill - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais; IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas; V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras; VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais; VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental; VIII - recuperação de áreas degradadas; IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação; X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente. Segundo Deon Sette: “a PNMA tem como função produzir um diagnóstico da gestão ambiental no Brasil com estudos estratégicos que visem a aprimorar as técnicas de controle ambiental e estimular, na população, atividades cotidianas que promovam a sustentabilidade e o uso racional dos recursos naturais e aumentem os padrões de qualidade de vida com inclusão social.” Assim, a PNMA pode ser compreendida como um conjunto de instrumentos que atuam em várias áreas, como a jurídica, técnica, econômica, social, etc, e visam ao desenvolvimento sustentável. DIREITO AMBIENTAL CONCEITOS RECURSOS HÍDRICOS Segundo leciona Milaré (2015, p. 733) recursos hídricos podem ser conceituados como: “Numa determinada região ou bacia, a quantidade de águas superficiais ou subterrâneas, disponíveis para qualqueruso. O conjunto de recursos hídricos de toda a Terra forma a hidrosfera. Embora algumas estruturas político-adminstrativas distingam Recursos Hídricos e Meio Ambiente, essa distinção é meramente lógica (ordem do conhecimento) e gerencial (ênfase na administração). Não se poder incidir no erro conceitual de separar os recursos hídricos como distintos do Meio Ambiente.” A Lei 9433/97 institui a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Sobre essa leia, chamamos atenção para os artigos mais importantes. Dentre eles, podemos citar os fundamentos elencados no artigo 1º: Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes fundamentos: I - a água é um bem de domínio público; II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico; III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais; IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas; V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades. Outro ponto relevante são os objetivos da PNRH, apresentados no artigo 2º da mesma lei: Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos: I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos; DIREITO AMBIENTAL CONCEITOS II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável; III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais. Por fim, citamos os mecanismos, instrumentos da PNRH, trazidos pelo artigo 5º: Art. 5º São instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos: I - os Planos de Recursos Hídricos; II - o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água; III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos; IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos; V - a compensação a municípios; VI - o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos. SANEAMENTO BÁSICO A Organização Mundial de Saúde (OMS) conceitua saneamento como sendo o controle de todos os fatores do meio físico do homem, que exercem ou podem exercer efeitos nocivos sobre o bem estar físico, mental e social. Isto é, saneamento distingue o conjunto de atos sócio-econômicos que têm por escopo obter a salubridade ambiental. Consoante Guimarães, Carvalho e Silva (2007) salubridade ambiental pode ser entendida como o estado de higidez (estado de saúde normal) em que vive a população urbana e rural, tanto no que se refere a sua capacidade de inibir, prevenir ou impedir a ocorrência de endemias ou epidemias veiculadas pelo meio ambiente, como no tocante ao seu potencial de promover o aperfeiçoamento de condições mesológicas (que diz respeito ao clima e/ou ambiente) favoráveis ao pleno gozo de saúde e bem- estar. Milaré (2015) afirma que Saneamento básico “(1) é a solução dos problemas relacionados estritamente com o abastecimento de água e disposição dos esgotos de uma comunidade. Há quem defenda a inclusão do lixo e outros problemas, que terminarão por tornar sem sentido o vocábulo “básico” de título do verbete. (2) A atividade de saneamento do meio, dirigida à solução dos problemas relativos aos sistemas de abastecimento de água, esgoto e resíduos sólidos (lixo). (3) Restrição do conceito de Saneamento Ambiental para se referir ao conjunto de ações, obras e serviços considerados prioritários em programas de DIREITO AMBIENTAL CONCEITOS saúde pública, definidos como aqueles que se envolvam: abastecimento de água, destino adequado dos dejetos e do lixo, drenagem e controle de vetores e roedores.” O saneamento básico é indispensável não só à saúde humana, mas também à preservação ambiental e à manutenção dos recursos naturais finitos. Para sua consecução são necessárias vultosas injeções de capital e para sua efetividade é necessária a universalização dos serviços a serem implementados. A ligação do saneamento básico e o direito à saúde pode ser vislumbrada no artigo 200 da Constituição de 1988, o qual assevera que: Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: (...) IV - participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico; (...) A Constituição de 1988 deixa claro que o saneamento é incumbência do Município em cooperação com os demais entes federados, buscando objetivos comuns. O artigo 23 da Constituição da República estabelece a competência comum, que deve ser exercida preferentemente em regime de cooperação objetivando o interesse da população: Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: (...) IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico; (...) Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) A principal lei que trata do tema do saneamento básico é a Lei 11445/07 que dispõe sobre diretrizes nacionais para o saneamento básico. A citada lei traz com princípios fundamentais do saneamento básico os que se seguem1: DIREITO AMBIENTAL CONCEITOS 1) Universalização do acesso. Fonte: http://www.direitoambientalemquestao.com.br/2016/11/principios-da-lei-do- saneamento- basico.html 2) Integralidade, compreendida como o conjunto de todas as atividades e componentes de cada um dos diversos serviços de saneamento básico, propiciando à população o acesso na conformidade de suas necessidades e maximizando a eficácia das ações e resultados; 3) Abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos realizados de formas adequadas à saúde pública e à proteção do meio ambiente; 4) Disponibilidade, em todas as áreas urbanas, de serviços de drenagem e manejo das águas pluviais, limpeza e fiscalização preventiva das respectivas redes, adequados à saúde pública e à segurança da vida e do patrimônio público e privado; Ressaltando-se que a limpeza e fiscalização preventiva das respectivas redes foi incluído no texto do inciso pela Lei nº 13.308, de 2016. 5) Adoção de métodos, técnicas e processos que considerem as peculiaridades locais e regionais; 6) Articulação com as políticas de desenvolvimento urbano e regional, de habitação, de combate à pobreza e de sua erradicação, de proteção ambiental, de promoção da saúde e outras de relevante interesse social voltadas para a melhoria da qualidade de vida, para as quais o saneamento básico seja fator determinante; 7) Eficiência e sustentabilidade econômica; 8) Utilização de tecnologias apropriadas, considerando a capacidade de pagamento dos usuários e a adoção de soluções graduais e progressivas; 9) Transparência das ações, baseada em sistemas de informações e processos decisórios institucionalizados; 10) Controle social; 11) Segurança, qualidade e regularidade; 12) Integração das infra-estruturas e serviços com a gestão eficiente dos recursos hídricos. 13) Adoção de medidas de fomento à moderação do consumo de água. Inciso que foi incluído pela Lei nº 12.862, de 2013. A Lei 11445/07define que saneamento básico engloba ações voltadas para o abastecimento de água potável, sistemas de esgoto, disposição do lixo e drenagem urbana (art. 3º). DIREITO AMBIENTAL CONCEITOS MUDANÇAS CLIMÁTICAS A preocupação com a emissão de gases e com a poluição do ar em geral é uma constante no mundo, assim como no Brasil. A atividade humana desequilibrada pode, segundo pesquisas científicas, elevar a temperatura média da Terra. No intuito de minorar esse problema, a comunidade internacional buscou a assinatura de acordos internacionais sobre o tema. Nesse contexto, durante a RIO 92, Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992, representantes de 179 países consolidaram uma agenda global para minimizar os problemas ambientais mundiais. No citado evento, teve grande ênfase o desenvolvimento sustentável e a busca de um modelo de crescimento econômico e social harmônico com a preservação ambiental e o equilíbrio climático em todo o planeta. Nesse cenário, foi elaborada a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). Ainda na Rio 92, outras duas convenções foram elaboradas: a Convenção sobre Diversidade Biológica e a Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação e a Mitigação dos efeitos da seca. Foram definidos compromissos e obrigações para todos os países (denominados Partes da Convenção) e, levando em consideração o princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, foram determinados compromissos específicos para as nações desenvolvidas.Os países signatários comprometeram-se a elaborar uma estratégia global “para proteger o sistema climático para gerações presentes e futuras”. O Brasil foi o primeiro país a assinar a Convenção, que somente começou a vigorar em 29 de maio de 1994,90 dias depois de ter sido aprovada e ratificada pelo Congresso Nacional. Fonte: http://www.mma.gov.br/clima Na mesma toada, veio, em 1997, o Protocolo de Quioto, que constitui um tratado complementar à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, definindo metas de redução de emissões para os países desenvolvidos e os que, à época, apresentavam economia em transição para o capitalismo, considerados os responsáveis históricos pela mudança atual do clima. O Protocolo entrou em vigor no dia 16 de fevereiro de 2005, logo após o atendimento às condições que exigiam a ratificação por, no mínimo, 55% do total de países-membros da Convenção e que fossem responsáveis por, pelo menos, 55% do total das emissões de 1990. Durante o primeiro período de compromisso, entre 2008-2012, 37 países industrializados e a Comunidade Europeia comprometeram-se a reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) para uma média de 5% em relação aos níveis de 1990. No segundo DIREITO AMBIENTAL CONCEITOS período de compromisso, as Partes se comprometeram a reduzir as emissões de GEE em pelo menos 18% abaixo dos níveis de 1990 no período de oito anos, entre 2013-2020. Cada país negociou a sua própria meta de redução de emissões em função da sua visão sobre a capacidade de atingi-la no período considerado. No mesmo sentido de proteção climática está o acordo de Paris, documento internacional mais atual sobre o tema. Assinado em dezembro de 2015, o acordo une esforços das nações signatárias para adotar uma economia de baixo carbono até o fim deste século. O Brasil é signatário também do citado acordo e se comprometeu a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 37% até 2025, nesse contexto apresentou também o indicativo de redução de 43%, até 2030. Ambos são comparados aos níveis de 2005. Entre outras medidas, o Acordo de Paris tem o objetivo de manter o aumento da temperatura média global abaixo de 2°C em relação aos níveis pré-industriais e de garantir esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C. No que tange especificamente ao Brasil, têm sido desenvolvidas várias medidas a fim de com essas mudanças. As ater os efeitos deletérios ao clima e de adaptação a ações nacionais são pautadas, sobre 12187/09, a qual Institui a Política Nacional sobre Mudança do Clima - PNMC e dá outras providências. Fonte: http://www.mma.gov.br/clima/convencao-das-nacoes-unidas e http://www.mma.gov.br/clima/convencao-das-nacoes-unidas/protocolo-de-quioto ESTATUTO DA CIDADE A crescente urbanização e a grande concentração populacional nos centros urbanos traz no seu bojo uma crescente gama de problemas dentre os quais se destacam os ambientais, principalmente se considerarmos as condições de vida das gerações futuras. Os grandes aglomerados urbanos possuem necessidades essenciais, como por exemplo, saneamento básico, moradia, água, transporte, etc. Em razão disso, é imprescindível que haja a implantação de políticas de desenvolvimento urbano a fim de buscar, de modo mais amplo possível, o desenvolvimento das funções sociais e econômicas das cidades e a garantir o bem-estar de seus habitantes. A Constituição Federal tem dispositivos voltados ao regramento das cidades a fim de minorar as discriminações sociais, e demais problemas ocorrentes nos conglomerados humanos, a fim de garantir um meio ambiente sadio aos seus habitantes. Segundo Deon Sette com as regras constitucionais “a cidade e suas duas realidades – estabelecimentos regulares DIREITO AMBIENTAL CONCEITOS e irregulares – passa a ter natureza jurídica ambiental, deixando de ser observada sob o enfoque de bem privado ou público e passa a ser estruturada a partir da disciplina jurídica do bem ambiental, com todos os benefícios e encargos a ele inerentes.” Os alicerces constitucionais na questão aqui tratada são o art. 225 da CF/88 (de modo mediato), e forma imediata pelos art. 182 e 183 da CF/88. No contexto de se regulamentar os artigos supracitados, isto é, considerando a conjuntura jurídico constitucional do que significa uma cidade, como o conceito de ordem urbanística, associado à ordem econômica e social, que é editado o Estatuto da Cidade – Lei 10.257/2001. Consoante ensina Deon Sette com ele inverte-se a lógica tradicional de “adaptar o homem ao território e a cidade” passando a “condicionar o território e a cidade à dignidade da pessoa humana”. Vejamos os principais pontos do Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/2001). Em seu artigo 4º estão os Instrumentos de política urbana: Já nos artigos 5º e 6º, o Parcelamento, Edificação ou Utilização Compulsórios da Propriedade Urbana. O art. 7º do EC traz os Instrumentos Tributários para a Implementação da Política Urbana. O art. 8º trata da Desapropriação como instrumento de política urbana. Os art. 9º ao 14 e 183 Constituição falam Usucapião especial. O usucapião urbano também chamado usucapião ambiental é instrumento que reconhece o direito ao domínio àquele que possuir como sua área ou edificação urbana nas seguintes condições (requisitos): tratar-se de área urbana privada (público não é usucapível (art. 183, § 3º e 191 CF/88); Que tenha possuído como sua área ou edificação urbana de até 250 m²; por 5 anos ininterruptamente e sem oposição; utilizando-a para a sua moradia ou de sua família; não ser proprietário de outro imóvel urbano ou rural. É vedado o reconhecimento deste direito a mesma pessoa mais de uma vez. O título pode ser concedido a homem, mulher ou a ambos, independentemente o estado civil. Importante frisar que tal instrumento NÃO SE APLICA EM ÁREAS DO EXÉRCITO, pois essas são imóveis da União e de acordo com art. 182, parágrafo terceiro da Constituição: “os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião”. DIREITO AMBIENTAL CONCEITOS O Direito de preempção é tratado no Estatuto das Cidades nos art. 26 a 27. Esse instituto diz respeito ao direito de preferência dado ao Poder Público municipalpara aquisição de imóvel urbano objeto de alienação onerosa entre particulares, quando a área estiver enquadrada numa das finalidades relacionadas como passíveis do exercício do direito de preferência, como por ex.:regularização fundiária; execução de programas e projetos habitacionais de interesse social; implantação de equipamentos urbanos e comunitários; criação de espaços públicos de lazer e áreas verdes; criação de unidades de conservação ou proteção de outras áreas de interesse ambiental; proteção de áreas de interesse histórico, cultural ou paisagístico. Outro ponto importante na lei ora analisada é a previsão do Estudo de impacto de vizinhança, art. 36 a 38. Consoante ensina Deon Sette, “o EIV é um estudo prévio necessário para obtenção de licenças ou autorizações de construção, ampliação ou funcionamento, cabendo ao poder público a sua exigência. É um conjunto de estudos preliminares sócio- econômico-ambiental, que apresenta relatório, planos de recuperação, projeto de controle, diagnóstico ambiental, análise preliminar de risco, etc, às custas do empreendedor, ou seja, é instrumento preventivo (apura as condições que o ambiente ficará, caso o empreendimentos seja realizado e propõe medidas mitigadoras), ao qual deve ser dado publicidade. O EIV analisa, por exemplo (não substituí o EIA): adensamento populacional; uso e ocupação do solo; valorização imobiliária; geração de tráfego e demanda por transporte público; ventilação e iluminação; etc.” Ainda há que se fazer menção ao Plano Diretor, previsto nos art. 39 a 42, documento que prevê a política de desenvolvimento urbano, criado por lei municipal, trata de estratégias e diretrizes para a cidade. Deon Sette explica que “o plano diretor é o instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana. É um plano urbanístico auto-aplicável, que planeja a gestão das cidades (zoneando-a comercial, residencial, industrial, regras sobre preempção, coeficiente de construção, alteração de uso, etc.) e deve ser revisto a cada 10 anos. A ele é reservada a definição da função social da propriedade e a delimitação das áreas subutilizadas, sujeitas a parcelamento e edificação compulsórios, utilização extra-fiscal do IPTU e desapropriação com pagamento em títulos da dívida pública (§§ 2º e 4º do art. 182).” O plano diretor é obrigatório para cidades com mais de 20.000 habitantes (182, § 1º CF/88); integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas; onde o Poder Público municipal pretenda utilizar os instrumentos constitucionalmente, quais sejam: o parcelamento ou edificação compulsórios; IPTU progressivo e a desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública; integrantes de áreas de especial interesse turístico; inseridas na área de influência de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental de âmbito regional ou nacional. DIREITO AMBIENTAL CONCEITOS O Estatuto das Cidades trata ainda de outros temas de menor relevância para o contexto militar, mas que fazemos menção a título de conhecimento, quais sejam: do Direito de superfície (art. 21 a 24 e art.1.369 a 1.377 do Código civil; Transferência do direito de construir Art. 35 ; Operação urbana consorciada Art. 32 a 34; Gestão Democrática da Cidade, Art. 43 a 45; Improbidade administrativa – art. 52,etc. Ainda sobre o assunto da regularização dos espaços é importante fazer menção ao Zoneamento. A lei 6938 de PNMA traz o zoneamento ambiental como um dos instrumentos da política nacional de meio ambiente (art. 9, II). Deon Sette fala em quatro principais formas de zoneamento: 1) Zoneamento ambiental urbano: Zonas de uso Industrial, residencial. Etc... 2) Zoneamento Costeiro. 3) Zoneamento Agrícola - rural. 4) ZEE – Zoneamento Ecológico Econômico: incorpora a idéia de desenvolvimento sustentável de maneira ampla – art. 2º do Decreto 4.297/2002. Importante conhecermos o Decreto 4297/02, pois o zoneamento ambiental poderá ter sobreposição com áreas militares. O art. 2º desse documento assevera: Art. 2o O ZEE, instrumento de organização do território a ser obrigatoriamente seguido na implantação de planos, obras e atividades públicas e privadas, estabelece medidas e padrões de proteção ambiental destinados a assegurar a qualidade ambiental, dos recursos hídricos e do solo e a conservação da biodiversidade, garantindo o desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida da população. Pela sua importância, citamos também o art. 6° Art. 6º Compete ao Poder Público Federal elaborar e executar o ZEE nacional e regionais, quando tiver por objeto biomas brasileiros ou territórios abrangidos por planos e projetos prioritários estabelecidos pelo Governo Federal. LEI COMPLEMENTAR NR 140/2011 E LICENCIAMENTO AMBIENTAL DE EMPREENDIMENTOS MILITARES A Lei Complementar 140/2011 fixa normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal, para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício DIREITO AMBIENTAL CONCEITOS da competência comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora; e altera a Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981. Nessa lei, é indispensável conhecermos a parte a respeito do licenciamento ambiental nas atividades militares e mais especificamente nas atividades que tratam de preparo e emprego das Forças Armadas. Para apreciação da questão, inicialmente devem ser considerados os ditames do artigo 7º da Lei Complementar Nr 140 de 2011, sobretudo quando prevê: Art. 7o São ações administrativas da União: (...) XIV - promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades: (...) f) de caráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos termos de ato do Poder Executivo, aqueles previstos no preparo e emprego das Forças Armadas, conforme disposto na Lei Complementar no 97, de 9 de junho de 1999; (...) Consoante os termos da LC 140/11, apenas é necessário “ato do Poder Executivo” (Ministério da Defesa ou Presidência) no que tange aos empreendimentos que sejam caracterizados como de preparo e emprego das Forças Armadas para isentá-los do licenciamento ambiental. Todos os empreendimentos de caráter militar devem, segundo a mesma lei complementar, ser licenciados pelo órgão federal, pois são necessárias nesse caso “ações administrativas da União”. O órgão da União, órgão federal de Meio Ambiente vinculado diretamente ao Ministério do Meio Ambiente, com a competência citada no item anterior é o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, IBAMA, vide Lei 7735, de 22 de fevereiro de 1989, que cria o IBAMA (art. 2). Assim, todos os empreendimentos militares, que não se enquadrem nos conceito de preparo e emprego das Forças Armadas, devem ser licenciados pelo IBAMA. No que tange aos empreendimentos de preparo e emprego, frisa-se que recentemente foi editada a Portaria Normativa MD Nr 15/2016, ato do Poder Executivo, a qual regulamenta preparo e emprego das Forças Armadas. As Organizações Militares, que se enquadrarem no DIREITO AMBIENTAL CONCEITOS conceito de preparo e emprego da Força, encaixam-se no teor do art. 2º da Portaria supracitada, que prevê: Art. 29 Com base na Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999, e para o fim previsto nesta Portaria Normativa, empreendimentos e atividades de caráter militar previstos para o preparo e emprego são aqueles executados, normalmente, no interior das áreas militares, para o atendimento eficaz do emprego e da permanente eficiência operacional das Forças Armadas no cumprimento da destinação constitucionalde defesa da Pátria, da lei e da ordem, e das suas atribuições subsidiárias particulares e geral, de cooperar com o desenvolvimento nacional e a defesa civil. A respeito da definição dos termos preparo e emprego, devem ser considerados os ditames da LC Nr 97/99 , a qual dispõe sobre as normas gerais para a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas, a qual afirma: Art. 13. Para o cumprimento da destinação constitucional das Forças Armadas, cabe aos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica o preparo de seus órgãos operativos e de apoio, obedecidas as políticas estabelecidas pelo Ministro da Defesa. § 1o O preparo compreende, entre outras, as atividades permanentes de planejamento, organização e articulação, instrução e adestramento, desenvolvimento de doutrina e pesquisas específicas, inteligência e estruturação das Forças Armadas, de sua logística e mobilização. (...) Art. 14. O preparo das Forças Armadas é orientado pelos seguintes parâmetros básicos: I - permanente eficiência operacional singular e nas diferentes modalidades de emprego interdependentes; II - procura da autonomia nacional crescente, mediante contínua nacionalização de seus meios, nela incluídas pesquisa e desenvolvimento e o fortalecimento da indústria nacional; III - correta utilização do potencial nacional, mediante mobilização criteriosamente planejada. DIREITO AMBIENTAL CONCEITOS PROCEDIMENTOS JURÍDICOS NA GESTÃO AMBIENTAL O Ordenamento jurídico brasileiro apresenta alguns mecanismos para proteção ambiental em âmbito judicial. São as chamadas normas de garantia: ações processuais que podem ser utilizadas em juízo para exigir do Estado e/ou dos particulares o cumprimento dos direito fundamentais, entre os quais encontramos o Meio Ambiente, são elas: a) Art. 5º, LXXIII CF/88– ação popular; b) Lei 7347/85- ação civil pública; c) Art. 5º,LXXI CF/88 – mandado de injunção; d) Art. 5º, LXIX e LXX CF/88– mandado de segurança coletivo ou individual; e) Art. 129,III CF/88– função do ministério público: inquérito civil e ação civil pública, para a proteção do meio ambiente; f) Art. 103 CF/88 - Relaciona os legitimados para propor ação direta de inconstitucionalidade e ação declaratória de constitucionalidade. Alguns desses instrumentos têm sido usados de modo frequente em relação ao Exército Brasileiro pois, conforme já se depreende da primeira parte desse documento, os órgãos públicos estão incumbidos de zelar pela proteção ambiental e também poderão ser responsabilizados por eventuais danos. Dentre os mecanismos judiciais destacamos a atuação do Ministério Público, a ação popular, a ação civil pública. Os temas serão trabalhados de modo pormenorizado e voltado aos interesses do Exército durante a fase presencial do Estágio de Meio Ambiente. AS LEIS AMBIENTAIS MAIS RELEVANTES Segundo Cargnin: “são leis que ao lado da Constituição Federal - regulamentam diferentes setores da vida moderna Brasileira (MCHADO, 2007). DIREITO AMBIENTAL CONCEITOS 1. Ação Civil Pública (Lei 7.347 de 24/07/1985) Trata-se da Lei de Interesses Difusos, que trata da ação civil pública de responsabilidades por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, e ao patrimônio artístico, turístico ou paisagístico. A ação pode ser requerida pelo Ministério Público, a pedido de qualquer pessoa, ou por uma entidade constituída há pelo menos um ano. Normalmente ela é precedida por um inquérito civil. 2. Agrotóxicos (Lei 7.802 de 11/07/1989) A Lei dos Agrotóxicos regulamenta desde a pesquisa e fabricação dos agrotóxicos até sua comercialização, aplicação, controle, fiscalização e também o destino da embalagem. Impõe a obrigatoriedade do receituário agronômico para venda de agrotóxicos ao consumidor. Também exige registro dos produtos nos Ministérios da Agricultura e da Saúde e no IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Qualquer entidade pode pedir o cancelamento deste registro, encaminhando provas de que um produto causa graves prejuízos à saúde humana, meio ambiente e animais. A indústria tem direito de se defender. O descumprimento da lei pode render multas e reclusão inclusive para os empresários. 3. Área de Proteção Ambiental (Lei 6.902, de 27/04/1981) Lei que criou as figuras das "Estações Ecológicas" (áreas representativas de ecossistemas brasileiros, sendo que 90% delas devem permanecer intocadas e 10% podem sofrer alterações para fins científicos); Criou também as"Áreas de Proteção Ambiental" (APAS - onde podem permanecer as propriedades privadas, mas o poder público pode limitar e as atividades econômicas para fins de proteção ambiental). Ambas podem ser criadas pela União, Estado, ou Município. Informação importante: tramita na Câmara dos Deputados, em regime de urgência para apreciação em plenário, o Projeto de Lei 2892/92, que modificaria a atual lei, ao criar o Sistema Nacional de Unidades de Conservação. 4. Atividades Nucleares (Lei 6.453 de 17/10/1977) Dispõe sobre responsabilidade civil por danos nucleares e a responsabilidade criminal por atos relacionados com as atividades nucleares. DIREITO AMBIENTAL CONCEITOS Entre outros, determina que quando houver um acidente nuclear, a instituição autorizada a operar a instalação nuclear tem a responsabilidade civil pelo dano, independente da existência de culpa. Se for provada a culpa da vítima, a instituição apenas será exonerada de indenizar os danos ambientais. Em caso de acidente nuclear não relacionado a qualquer operador, os danos serão suportados pela União. A lei classifica como crime produzir, processar, fornecer, usar, importar, ou exportar material sem autorização legal, extrair e comercializar ilegalmente minério nuclear, transmitir informações sigilosas neste setor, ou deixar de seguir normas de segurança relativas à instalação nuclear. 5. Crimes Ambientais (Lei 9.605, de 12/02/1998) A Lei dos Crimes Ambientais reordena a legislação ambiental brasileira no que se refere às infrações e punições. A partir dela, a pessoa jurídica, autora ou co-autora da infração ambiental, pode ser penalizada, chegando à liquidação da empresa, se ela tiver sido criada ou usada para facilitar ou ocultar um crime ambiental. Por outro lado, a punição pode ser extinta quando se comprovar a recuperação do dano ambiental e - no caso de penas de prisão de até 4 anos - é possível aplicar penas alternativas. A lei criminaliza os atos de pichar edificações urbanas, fabricar ou soltar balões (pelo risco de provocar incêndios), maltratar as plantas de ornamentação (prisão de até um ano), dificultar o acesso às praias, ou realizar um desmatamento sem autorização prévia. As multas variam de R$ 50 a R$ 50 milhões. 6. Engenharia Genética (Lei 8.974 de 05/01/1995) Regulamentada pelo Decreto 1752, de 20/12/1995, a lei estabelece normas para aplicação da engenharia genética, desde o cultivo, manipulação e transporte de organismos geneticamente modificados (OGM), até sua comercialização, consumo e liberação no meio ambiente. Define engenharia genética como a atividade de manipulação em material genético que contém informações determinantes de caracteres hereditários de seres vivos. A autorização e fiscalização do funcionamento de atividades na área, e da entrada de qualquer produto geneticamente modificado no país, é de responsabilidade de vários ministérios: > Meio Ambiente (MMA); > Da Saúde (MS); DIREITO AMBIENTAL CONCEITOS > Da Reforma Agrária. Toda entidade que usar técnicas de engenharia genética é obrigada a criar sua Comissão Interna de Biossegurança, que deverá, entre outros, informar trabalhadores e a comunidade sobre questões relacionadas à saúde e segurança nesta atividade.A lei criminaliza a intervenção em material genético humano in vivo (exceto para tratamento de defeitos genéticos), e também a manipulação genética de células germinais humanas, sendo que as penas podem chegar a vinte anos de reclusão. 7. Exploração Mineral (Lei 7.805 de 18/07/1989) Esta lei regulamenta a atividade garimpeira. A permissão da lavra é concedida pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) a brasileiro ou cooperativa de garimpeiros autorizada a funcionar como empresa, devendo ser renovada a cada cinco anos. É obrigatória a licença ambiental prévia, que deve ser concedida pelo órgão ambiental competente. Os trabalhos de pesquisa ou lavra que causarem danos ao meio ambiente são passíveis de suspensão, sendo o titular da autorização de exploração dos minérios responsável pelos danos ambientais. A atividade garimpeira executada sem permissão ou licenciamento é crime. 8. Fauna Silvestre (Lei 5.197 de 03/01/1967) Classifica como crime o uso, perseguição, apanha de animais silvestres, a caça profissional, o comércio de espécimes da fauna silvestre e produtos que derivaram de sua caça, além de proibir a introdução de espécie exótica (importada) e a caça amadorística sem autorização do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Também criminaliza a exportação de peles e couros de anfíbios e répteis (como o jacaré) em bruto. 9. Florestas (Lei 4771 de 15/09/1965) Determina a proteção de florestas nativas e define como áreas de preservação permanente (onde a conservação da vegetação é obrigatória): uma faixa de 10 a 500 metros nas margens dos rios (dependendo da largura do curso d'água), a beira de lagos e de DIREITO AMBIENTAL CONCEITOS reservatórios de água, os topos de morro, encostas com declividade superior a 45° e locais acima de 1800 metros de altitude. Também exige que propriedades rurais do País preservem no mínimo 20% da cobertura arbórea, devendo tal reserva ser averbada no registro de imóveis, a partir do que fica proibido o desmatamento, mesmo que a área seja vendida ou repartida. As sanções que existiam na lei foram criminalizadas a partir da Lei dos Crimes Ambientais, de 1998. 10. Gerenciamento Costeiro (Lei 7661, de 16/05/1988) Regulamentada pela Resolução nº 01 da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar em 21/12/1990, esta lei traz as diretrizes para criar o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro. Define Zona Costeira como: o espaço geográfico da interação do ar, do mar e da terra, incluindo os recursos naturais e abrangendo uma faixa marítima e outra terrestre. O Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (GERCO) deve prever o zoneamento de toda esta extensa área, trazendo normas para o uso de solo, da água e do subsolo, de modo a priorizar a proteção e conservação dos recursos naturais, o patrimônio histórico, paleontológico, arqueológico, cultural e paisagístico. Permite aos Estados e Municípios costeiros instituírem seus próprios planos de gerenciamento costeiro, desde que prevalecem as normas mais restritivas. As praias são bens públicos de uso do povo, assegurando-se o livre acesso a elas e ao mar. O gerenciamento costeiro deve obedecer as normas do Conselho Nacional do Meio Ambiente . 11. IBAMA (Lei 7.735, de 22/02/1989) Lei que criou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), incorporando a Secretaria Especial do Meio Ambiente (que era subordinada ao Ministério do Interior) e as agências federais na área de pesca, desenvolvimento florestal e borracha. Ao IBAMA compete executar e fazer executar a política nacional do meio ambiente, atuando para conservar, fiscalizar, controlar e fomentar o uso racional dos recursos naturais (hoje o IBAMA subordina-se ao Ministério do Meio Ambiente). 12. Parcelamento do solo Urbano (Lei 6.766 de 19/12/1979) DIREITO AMBIENTAL CONCEITOS Estabelece as regras para loteamentos urbanos, proibidos em áreas de preservação ecológica, naquelas onde a poluição representa perigo à saúde, em terrenos alagadiços. Da área total, 35% devem se destinar ao uso comunitário (equipamentos de educação, saúde lazer, etc.). O projeto deve ser apresentado e aprovado previamente pelo Poder Municipal, sendo que as vias e áreas públicas passarão para o domínio da Prefeitura, após a instalação do empreendimento. A partir da Resolução 001 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) de 23 de janeiro de 1986, quando o empreendimento prevê construção de mais de mil casas, tornou- se obrigatório fazer um Estudo Prévio de Impacto Ambiental. 13. Patrimônio Cultural (Decreto Lei 25, de 30/11/1937) Este decreto organiza a Proteção do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, incluindo como patrimônio nacional os bens de valor etnográfico, arqueológico, os monumentos naturais, além dos sítios e paisagens de valor notável pela natureza ou a partir de uma intervenção humana. A partir do tombamento de um destes bens, fica proibida sua destruição, demolição ou mutilação sem prévia autorização do Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), que também deve ser previamente notificado, em caso de dificuldade financeira para a conservação do bem. Qualquer atentado contra um bem tombado equivale a um atentado ao patrimônio nacional. 14. Política Agrícola (Lei 8.171 de 17/01/1991) Esta lei, que dispõe sobre Política Agrícola, coloca a proteção do meio ambiente entre seus objetivos e como um de seus instrumentos. Define que o Poder Público (federação, estados, municípios) deve disciplinar e fiscalizar o uso racional do solo, da água, da fauna e da flora; realizar zoneamentos agroecológicos para ordenar a ocupação de diversas atividades produtivas (inclusive instalação de hidrelétricas), desenvolver programas de educação ambiental, fomentar a produção de mudas de espécies nativas, entre outros. Mas a fiscalização e uso racional destes recursos também cabe aos proprietários de direito e aos beneficiários da reforma agrária. DIREITO AMBIENTAL CONCEITOS As bacias hidrográficas são definidas como as unidades básicas de planejamento, uso, conservação e recuperação dos recursos naturais, sendo que os órgãos competentes devem criar planos plurianuais para a proteção ambiental. 15. Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938, de 17/01/1981) A mais importante lei ambiental. Define que o poluidor é obrigado a indenizar danos ambientais que causar, independentemente de culpa; O Ministério Público (Promotor Público) pode propor ações de responsabilidade civil por danos ao meio ambiente, impondo ao poluidor a obrigação de recuperar e/ou indenizar prejuízos causados. Também esta lei criou os Estudos e respectivos Relatórios de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), regulamentados em 1986 pela Resolução 001/86 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). O EIA/RIMA deve ser feito antes da implantação de atividade econômica que afete significativamente o meio ambiente, como estrada, indústria, ou aterros sanitários, devendo detalhar os impactos positivos e negativos que possam ocorrer por causa das obras ou após a instalação do empreendimento, mostrando ainda como evitar impactos negativos; Se não for aprovado, o empreendimento não pode ser implantado. 16. Recursos Hídricos (Lei 9.433 de 08/01/1997) A lei que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e cria o Sistema Nacional de Recursos Hídricos define a água como recurso natural limitado dotado de valor econômico, que pode ter usos múltiplos (por exemplo: consumo humano, produção de energia, transporte aquaviário, lançamento de esgotos). A partir dela, a gestão dos recursos hídricos passa a ser descentralizada, contando com a participação do Poder Público, usuários e comunidades.São instrumentos da nova Política das Águas: de Recursos Hídricos: 1- Os Planos elaborados por bacia hidrográfica, por Estado e para o País, visam gerenciar e compatibilizar os diferentes usos da água, considerando inclusive a perspectiva de crescimento demográfico e metas para racionalizar o uso; DIREITO AMBIENTAL CONCEITOS 2- a outorga de direitos de uso das águas: válida por até 35 anos, deve compatibilizar os usos múltiplos; 3- a cobrança pelo seu uso (antes, só se cobrava pelo tratamento e distribuição). A lei da política Nacional de Recursos Hídricos prevê ainda a formação de: 1- Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (integrado conselho nacional e estaduais de Recursos Hídricos, bem como os Comitês de Bacias Hidrográficas); 2- Conselho Nacional de Recursos Hídricos, composto por indicados pelos respectivos conselhos estaduais de recursos hídricos, representantes das organizações civis do setor e de usuários; 3- Comitês de Bacias Hidrográficas, compreendendo uma bacia ou sub-bacia hidrográfica, cada comitê deve ter representantes de governo, sociedade civil e usuários com atuação regional comprovada; 4- Agências de bacia: com a mesma área de atuação de um ou mais comitês de bacia, têm entre as atribuições previstas, a cobrança de uso da água e administração dos recursos recebidos; 5- Sistema Nacional de Informação sobre Recursos Hídricos: para a coleta, tratamento, armazenamento e recuperação de informações sobre recursos hídricos e fatores intervenientes em sua gestão. 17. Zoneamento Industrial nas áreas Críticas de poluição (Lei 6.803, de 02/07/1980) De acordo com esta lei, cabe aos estados e municípios estabelecer limites e padrões ambientais para a instalação e licenciamento da indústrias, exigindo Estudo de Impacto Ambiental. Os Municípios podem criar três classes de zonas destinadas a instalação de indústrias: 1) zona de uso estritamente industrial: destinada somente às indústrias cujos efluentes, ruídos ou radiação possam causar danos à saúde humana ou ao meio ambiente, sendo proibido instalar atividades não essenciais ao funcionamento da área; DIREITO AMBIENTAL CONCEITOS 2) zona de uso predominantemente industrial: para indústrias cujos processos possam ser submetidos ao controle da poluição, não causando incômodos maiores às atividades urbanas e repouso noturno, desde que se cumpram exigências, como a obrigatoriedade de conter área de proteção ambiental que minimize os efeitos negativos. 3) zona de uso diversificado: aberta a indústrias que não prejudiquem as atividades urbanas e rurais.” ÓRGÃOS PÚBLICOS RESPONSÁVEIS PELO ORDENAMENTO JURÍDICO AMBIENTAL 1- Competências ambientais A Constituição de 1988 traz as regras de competência em matéria ambiental, as quais se dividem em: administrativa (art. 23); legislativa (art. 24); municípios (art. 30) e jurisdicional (art. 109) Inicialmente, é necessário delinearmos no que consiste a competência. Entende-se por a capacidade legalmente atribuída para tratar de certos assuntos quer seja legislando, fiscalizando, materializando atos, exercendo poder de polícia, judicando, entre outros. Em matéria ambiental são previstas: a competência material (administrativa), a competência legislativa e a competência jurisdicional. A competência legislativa se divide em: a) Competência concorrente: possibilidade de União, Estados, Municípios e DF disporem sobre o mesmo assunto ou matéria, sendo que a União legisla sobre normas gerais. b) Competência suplementar: correlata à concorrente, é a que atribui competência a Estados, DF e municípios para legislarem sobre as normas que suplementem o conteúdo de princípios e normas gerais. Senão vejamos o que diz a Constituição: “Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: (...) I - direito (...) urbanístico; VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; DIREITO AMBIENTAL CONCEITOS VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; § 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. § 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. § 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. § 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.” “Art. 30. Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de interesse local e, II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber.” Importante dizer que prevalecerá a norma que conferir melhor proteção ao meio ambiente, seja ela federal ou estadual (municipal, se houver interesse local). Deon Sette apresenta “Exceções em relação à competência legislativa em matéria Ambiental (exemplificativamente – pontos mais relevantes). Artigo 22 da CF/88 – dá competência privativa para a União legislar sobre águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão; jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; e atividades nucleares de qualquer natureza (incisos IV, XII e XXVI, respectivamente). Artigo 49 da CF/88 – dá competência exclusiva ao Congresso Nacional para aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares e autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais (incisos XIV e XVI). Artigo 220, § 3º, II, da CF/88 - aduz que compete à Lei Federal dispor sobre meios legais que garantam às pessoas e à família a possibilidade de se defenderem da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente. DIREITO AMBIENTAL CONCEITOS Artigo 91,§ 1º, III - dispõe que compete ao Conselho de Defesa Nacional propor os critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à segurança do território nacional e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e nas relacionadas com a preservação e a exploração dos recursos naturais.” Já a competência administrativa, competência material, é a competência de praticar atos materiais. Em matéria ambiental, a competência material é comum, ou seja, compete a todos os entes federados, onde todos a exercem, sem excluir-se um ao outro, é cumulativa. Esse tipo de competência pressupõe a cooperação entre as várias unidades políticas para, em conjunto, executarem diversas medidas em prol da proteção de bens de uso comum, senão vejamos o que diz a constituição: Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; (...) XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios”. Nesse ponto, vale lembrar o que dita a lei de crimes ambientais, Lei 9.605/98, que afirma: Art. 70 (...) § 1º São autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo os funcionários de órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente- SISNAMA, designados para as atividades de fiscalização, bem como os agentes das Capitanias dos Portos, do Ministério da Marinha. Todos os entes federativos têm competência para fiscalizar, conforme dita a lei complementar n. 140/2011. Caso de dois órgão ambientais, ligados à níveis diversos da administração pública, se apresentarem para atuar em determinado caso de infração administrativa, deverá prevalecer a autuação daquele que concedeu a licença ou autorização nos termos do artigo 17 e § 3º, da Lei Complementar n. 140/2011. DIREITO AMBIENTAL CONCEITOS Ainda sobre a LC 140/11 frisamos que a constituição de 1988,em seu artigo 23, Parágrafo único, dispõe que: Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem- estar em âmbito nacional. A Lei Complementar n. 140/2011, é editada para regulamentar o artigo supracitado da Constituição. A citada lei dispôs sobre as competências de cada ente federado, também esclareceu que os empreendimentos e atividades são licenciados ou autorizados, ambientalmente, por um único ente federativo (artigo 13) e, ainda, deu competência supletiva e subsidiária aos demais órgãos (artigos 15 e 16). Finalmente,podemos visualizar as competências legislativas e administrativas em matéria ambiental a partir do esquema abaixo: Por fim, sobre a Competência Jurisdicional em matéria ambiental a constituição prescreve que: Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: (...) I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral. Ou seja: causas ambientais que envolvam interesses do Exército Brasileiro serão sempre de competência da justiça Federal. PRINCÍPIOS AMBIENTAIS Antes de adentramos propriamente nos princípios que regem o direito ambiental, é necessário ter em mente o conceito genérico de princípios. O conceito de princípios é mutante de acordo com o momento histórico, apesar disso, Miguel Reale afirma que "princípios são enunciações normativas de valor genérico, que DIREITO AMBIENTAL CONCEITOS condicionam e orientam a compreensão do ordenamento jurídico, a aplicação e integração ou mesmo para a elaboração de novas normas. São verdades fundantes de um sistema de conhecimento, como tais admitidas, por serem evidentes ou por terem sido comprovadas, mas também por motivos de ordem prática de caráter operacional, isto é, como pressupostos exigidos pelas necessidades da pesquisa e da práxis". Os princípios orientam e informam todo o ordenamento jurídico, isto é, exercem profunda influência na interpretação do direito. As leis e demais regulamentos devem ser interpretados a luz dos princípios, os quais se irradiam por todo o ordenamento jurídico. Os princípios podem ser explícitos ou implícitos, sendo que não há hierarquia entre eles em razão desta característica. O ordenamento jurídico brasileiro traz vários princípios explícitos em sua lei maior, a constituição federal de 1988. Mas em se tratando de matéria ambiental serão encontrados princípios também em outras normas, como por exemplo, tratados internacionais assinados pelo Brasil. Apreciada de modo rápido a definição dos princípios, passamos ao estudo dos princípios mais relevantes em matéria ambiental. 1) Princípio da supremacia do interesse ambiental na proteção do meio ambiente em relação aos interesses privados: esse princípio proclama a superioridade dos interesses da coletividade em detrimento de interesses particulares violadores da preservação ambiental. 2) Princípio da indisponibilidade do interesse público na proteção do meio ambiente: de acordo com o artigo 225 da Constituição de 1988 o meio ambiente ecologicamente equilibrado é qualificado como bem de uso comum do povo. Assim sendo, o meio ambiente é bem indisponível, ou seja, nem os particulares, nem o poder público podem dele dispor, é um bem insuscetível de apropriação. O que poderia ser apropriado, utilizado, desde que dentro das normas e leis de proteção ambiental, são elementos corpóreos que compõem o meio ambiente, como por exemplo solos e águas. 3) Princípio da intervenção estatal obrigatória na defesa do meio ambiente: trata do dever do poder público atuar na defesa do meio ambiente nos âmbitos legislativo, judiciário e administrativo. 4) Princípio da participação popular na proteção do meio ambiente: a participação popular pode se dar por meio da participação na confecção da legislação ambiental (por exemplo pela iniciativa popular de lei, referendos); participação nas políticas ambientais (por meio dos representantes da sociedade civil em órgãos colegiados previsto no SISNAMA); por intermédio do acionamento do poder judiciário (por exemplo ação popular e ação civil pública). DIREITO AMBIENTAL CONCEITOS 5) Princípio do desenvolvimento econômico e social ecologicamente sustentável: traz em si a ideia de incluir a preocupação ambiental como parte integrante do processo global de desenvolvimento e não só como políticas públicas isoladas. 6) Princípio da função social e ambiental da propriedade: ao proprietário impõe-se o dever de exercer seu direito de propriedade com respeito aos ditames da função social e proteção ambiental do bem. 7) Princípio da prevenção de danos e degradações ambientais: enfatiza a necessidade de atuações preventivas para evitar danos ambientais. Esse princípio tem como premissa que o risco sendo conhecido deve ser evitado. 8) Princípio da precaução de danos e degradações ambientais: esse princípio preconiza que no caso de incerteza científica, perigo potencial, desconhecido, dúvida razoável, medidas de proteção da natureza devem ser adotadas, mesmo que não se saiba ao certo as conseqüências ambientais que possam advir. Em outras palavras, não havendo conhecimento suficiente sobre os danos causado pela atividade, evita-se exercê-la. Esse princípio defende o brocardo in dúbio pro natura. 9) Princípio da responsabilização das condutas e atividades lesivas ao meio ambiente: visa a responsabilização dos causadores de danos ao meio ambiente. Engloba a responsabilização nas esferas administrativa, cível e penal. 10) Princípio da proibição da proteção deficitária: o direito ambiental tem que andar par-e-passo com as pesquisas científicas a fim de garantir a maior proteção possível ao meio ambiente. 11) Princípio da proibição do retrocesso: preceitua que as conquistas de proteção ambiental não podem retroceder para deixar o meio ambiente com proteção menor do que a que já existia. Nessa seara, o novo código de processo civil de 2015 preconiza a utilização dos precedentes judiciais. Assim as decisões favoráveis ao meio ambiente provavelmente ampliarão a proteção ambiental. 12) Princípio do poluidor pagador: esse princípio visa imputar ao poluidor o custo social da poluição por ele causada. Tal responsabilização se dará por meio de mecanismos de responsabilização por danos ecológico abrangendo os efeitos da poluição não só para bens e/ou pessoas mas também para a natureza como um todo. Esse princípio também é conhecido por alguns como princípio da responsabilidade e pode ser vislumbrado no cunho preventivo (incentiva os agentes econômicos a internalizar as externalidades - Ex. bateria de celular, pneus, tributos) e repressivo (quando se agir
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