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Carta Aberta de Toni Reis ao Ratinho

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Carta Aberta de Toni Reis ao Ratinho 
sobre ter muitos LGBTI+ na Rede Globo 
6 de janeiro de 2018 
P or Lucas Siqueira Dionisio 
 
 
 
Carta Aberta de Toni Reis ao Ratinho 
Querido Ratinho, 
Conheço bem você desde os anos 90 na CNT. Fui entrevistado em seu 
programa várias vezes. Também em seu programa na SBT, inclusive junto com o 
Bolsonaro. Sempre com muito respeito e humor. Você brincava sempre com 
o cameraman, falando para ele pegar a carteirinha do Grupo Dignidade. Será 
que tinha “viado” trabalhando no seu programa também? 
No Brasil, quem quer prejudicar um homem ou menino o chama de “viado”. 
Muitos pais e mães desinformados falam “pref iro ter um f ilho morto a ter um 
f ilho ‘viado’”. 
Você é um cara muito talentoso, carismático, inteligente, apresentador de 
televisão, empresário, humorista, radialista, político, ator… Um legítimo 
formador de opinião. 
Mesmo com a intenção de ser brincalhão – você reforça os preconceitos e os 
estigmas que há contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, 
intersexuais… (LGBTI+), veiculando nas mídias sociais o vídeo com o seguinte 
conteúdo comentando sobre as minisséries e novelas da Rede Globo: 
“Você acha que tinha ‘viado’ naquele tempo? É muito ‘viado’: é ‘viado’ às seis da 
tarde, é ‘viado’ às oito da noite, é ‘viado’ às nove da noite, é ‘viado’ às dez da 
noite, é muito ‘viado’. Eu não sei o que está acontecendo, não tem tanto ‘viado’ 
assim. Ou tem? Será?” 
https://www.instagram.com/p/BdgkBViB7IX/?hl=pt-br&taken-by=oratinho 
Se você tivesse feito o mesmo comentário utilizando um termo com o mesmo 
teor pejorativo para falar sobre personagens negras, por exemplo, você já 
estaria respondendo por um crime. É aceitável usar dos meios de comunicação 
para chacotear estimados 10% da população brasileira que não contam com 
proteção jurídica específ ica contra esse tipo de injúria? Você pisou feio na bola. 
Inf luenciar a opinião pública desta forma complicada contribui para perpetuar 
na sociedade brasileira a discriminação contra pessoas LGBTI+ que leva a 
situações como as a seguir: 
Pesquisa nacional realizada sobre o ambiente escolar em 2015/2016 mostrou, 
entre outras coisas, que 73% dos/das estudantes LGBTI+ com entre 13 e 21 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Apresentador_de_televis%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Apresentador_de_televis%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Empres%C3%A1rio
https://pt.wikipedia.org/wiki/Humorista
https://pt.wikipedia.org/wiki/Radialista
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADtico
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ator
https://www.instagram.com/p/BdgkBViB7IX/?hl=pt-br&taken-by=oratinho
anos de idade foram agredidos/as verbalmente nas escolas; 36% foram 
agredidos/as f isicamente; e 60% se sentiam inseguros/as na escola no último 
ano por serem LGBTI+ (ABGLT/Grupo Dignidade/UFPR, 2016). E não é só na 
escola, continua no resto da vida: o site Quem a Homofobia Matou Hoje 
registra em média um assassinato de pessoas LGBTI+ por dia no Brasil, apenas 
por serem o que são – LGBTI+, liderando de maneira disparada o ranking 
mundial deste tipo de homicídio.Também há dados que mostram que o índice 
de suicídio entre essa população LGBTI+ é 8 vezes maior comparado com 
pessoas heterossexuais, em grande parte devido à rejeição, discriminação e 
violência psicológica e f ísica sofridas pelo fato de ser LGBTI+. 
E por que ter “muito viado” nos programas de televisão incomoda? 
Parafraseando J ung, quando Pedro fala de J oão, sei mais de Pedro que de 
J oão. Ou seja, “Espelho, espelho meu, existe alguém mais macho/“viado” do 
que eu?” 
Citando J osie Conti, as projeções, constituem os comportamentos e 
pensamentos que são atribuídos ao outro, mas que, na verdade, são 
formulações nossas, das quais não gostamos ou as quais não aceitamos. Logo, é 
mais fácil pensar que o outro pensa e faz algo pouco correto ou ético, do que 
admitirmos que nós mesmos estamos preenchidos com aquele pensamento, 
desejo ou comportamento em si. Ou seja, quando o comportamento aparece 
no outro, nós nos permitimos falar sobre ele e criticá-lo, muitas vezes até 
ferozmente. 
Só enxergamos aquilo que queremos ver. 
Ratinho, a Rede Globo não inventou a homossexualidade, ela existe desde que 
o mundo é mundo. Acredite. Tinha gay/“viado” na idade da pedra, na Grécia, em 
Roma… Goethe falou que a homossexualidade é tão antiga quanto a 
humanidade. 
A Rede Globo não coloca os “viados”/gays para incentivar a homossexualidade. 
Quem não está com sede não toma água, como já dizia meu irmão falecido. 
A Rede Globo tem tido responsabilidade social com a cidadania LGBTI+ há 
alguns anos. Hoje tem LGBTI+ nos programas de jornalismo, de auditório, nas 
novelas: Malhação, Pega-Pega, Outro Lado do Paraíso, Entre Irmãs… e terá 
muito mais. Se há LGBTI+ na sociedade e na vida, estarão ref letidos na f icção. 
De uma maneira ou outra, tem LGBTI+ em todas as famílias, todas as empresas, 
todas as TVs… estão em todos os lugares. 
Você acertou na análise, mas errou no tom. 
Ratinho não adianta reclamar. Nós “viados”/LGBTI+ não voltaremos para o 
armário, nem as mulheres para cozinha e nem os negros para senzala. “Aceita 
que dói menos, ou senta e chora”, como já dizia a poeta popular. No entanto, e 
contrariando a poeta, não precisa nos aceitar, respeitar-nos já está de bom 
tamanho. 
Ratinho, não seria legal você, como formador de opinião, ajudar as pessoas a 
serem assumidas para serem felizes e serem elas mesmas, independente de 
serem LGBTI+, héteros ou assexuais? 
Parabéns pelo seu posicionamento se retratando e pedindo 
respeito https://www.instagram.com/p/BdiYRezhtxq/?taken-by=oratinho 
Vamos juntos e juntas construir um Brasil como previu Rosa de Luxemburgo 
“um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e 
totalmente livres.” 
https://www.instagram.com/p/BdiYRezhtxq/?taken-by=oratinho
 
Toni Reis 
Formado em Pedagogia pela Uninter e em Letras pela Universidade Federal do 
Paraná, Especialista em Sexualidade Humana, Mestre em Filosof ia, Doutor e 
Pós-Doutor em Educação 
Diretor Executivo do Grupo Dignidade 
Presidente da Aliança Nacional LGBTI 
 
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