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Mudança de discurso Uma tarefa possível de ser cobrada em exames ves- tibulares é a mudança de discurso. Normalmente esse tipo de exercício consiste em transformar um texto em discurso direto em outro, reescrito em discurso indireto. Para seguirmos neste assunto, vale relembrar quais são as características básicas desses tipos de discurso: Discurso direto e discurso indireto O discurso DIRETO é aquele em que a fala do perso- nagem (real ou fictício) aparece sem a interferência de um narrador, ou seja, a fala aparece de forma direta, da forma como foi dita. Naturalmente, a expressão própria do discurso direto se dá em 1a. pessoa. Não percebeu que a sua afirmação havia escan- dalizado as senhoras e continuou serenamente: – Lá não há esse nosso desregramento, essa falta de respeito, essa impudicícia de costumes.... Há moral... O senhor quer ver uma coisa: outro dia fui ao teatro. Quer saber o que me aconteceu? Não pude ficar lá... Era tal a imoralidade que... – Que peça era, doutor? – Indagou Mme. Bar- bosa. – Não sei bem... Era Iaiá me deixe. – Pois ainda não vi, disse candidamente Irene. – Pois não vá, menina! Fez com indignação o doutor Florentino. (Lima Barreto – Miss Edith e seu tio) No discurso INDIRETO, as frases do personagem não são reproduzidas fielmente, ou seja, da mesma forma, com as mesmas palavras como foram ditas, pois tudo o que ele diz é transmitido por meio das palavras do narrador. Assim, a expressão natural do discurso indireto se dá em 3a. pessoa. Sem sucesso, Antoine tentou convencer os en- fermeiros a riscar seu nome do registro do hospi- tal para não receber a visita do tio e da tia. Voltan- do pouco a pouco do coma, ele tomou a decisão de se suicidar, sentado no seu leito de hospital. (Martin Page – Como me tornei estúpido) Redação envolvendo mudança de discurso Numa redação em que se exige a técnica da mudança de discurso, normalmente a transposição é do discurso direto para o indireto. De forma geral, essas propostas apresentam como texto-base uma entrevista para que o candidato a reescreva em discurso indireto. Redações desse tipo não se limitam apenas a uma troca de verbos em 1a. pessoa para outros em 3a. Outras adaptações também são necessárias. Vamos a elas. a) Pessoa gramatical e tempos verbais A reescrita em discurso indireto deve ser feita, obvia- mente, em 3a. pessoa. Quanto ao tempo verbal, este, pre- ferencialmente, deve estar no pretérito perfeito. Porém, caso prefira, é possível deixá-lo no presente. Importante é manter a coerência e não misturar presente e pretérito na sua redação. b) Mudança de registro É possível que o texto-base seja uma entrevista na qual o entrevistado tenha se expressado em linguagem oral e coloquial. Porém, a sua redação não deve manter o mesmo tipo de linguagem. Por ser um texto produzido para uma avaliação, sua redação precisa eliminar as marcas de oralidade e informalidade e reescrever a ideia original do entrevistado de acordo com o registro formal da Língua Portuguesa. 1 17 Aula 5C Português Transposição de discurso c) Reorganização das ideias Se, no texto-base, a expressão do entrevistado se der de forma espontânea, é comum que o conteúdo esteja “desorganizado”, afinal, isso é comum na linguagem oral / coloquial. Nesse caso, é preciso que você reorga- nize essas ideias, dando a elas uma sequência lógica que combine com a organização de acordo com o texto escrito. d) Uso dos verbos dicendi e outras expressões importantes Para que a sua redação não fique repetitiva, baseada na insistência na frase “ele disse que”, é importante co- nhecer uma categoria verbal chamada verbos “dicendi” ou verbos “de dizer”. Trata-se de verbos utilizados pelo narrador para introduzir as falas de outra pessoa. Veja alguns exemplos: • Ele declarou • Ele afirmou • Ele contestou • Ele concordou Além dos verbos dicendi, o uso de outras expressões também pode garantir coesão ao texto. • Segundo o entrevistado [...] • De acordo com [...] • Conforme [...] Escrita do texto 1. Leitura do texto-base Igual no resumo, essa redação começa pelo enten- dimento do texto-base (geralmente uma entrevista). Como sugestão, monte um esquema, no qual você orga- nizará itens importantes para a composição da redação, tais como: • Quem é o entrevistado? • Fonte de publicação. • Qual é o tema da entrevista? • O que esse autor disse no texto a respeito desse tema? 2. Escrita do resumo a) Referenciação É fundamental colocar, no início da redação, uma referência à entrevista, mesmo que isso não venha indicado nos comandos da questão. Afinal, você não é o autor do texto original e deve dar o devido crédito a esse autor. Essa referenciação serve para que você apresente para o leitor qual é a entrevista que está sendo reescrita na sua redação. Assim, você começa o texto dando essas informações gerais: quem é o entrevis- tado, a fonte de publicação e o tema da entrevista. b) A ideia geral do entevistado Durante a leitura, é importante buscar o entendi- mento da ideia geral colocada no texto. Para isso, você utilizará a técnica do resumo, saber assimilar e reescrever o que o entrevistado disse a respeito desse tema. Análise de proposta de redação Entrevistador: A Copa de 70 foi usada de um jeito meio sombrio: uma felicidade nacional imensa numa época muito dura do país, que marcou talvez o pior momento do regime militar. E a Copa foi, digamos, a estampa desse governo Médici. Como isso soava entre vocês, havia conversas sobre isso? Você teve algum tipo de vergonha pessoal pela forma com que a vitória foi utilizada? Tostão: Não houve conversa. Principalmente depois do Saldanha* sair, porque o Saldanha gostava muito de conversar sobre essas coisas. É aquilo que eu falei. Acho que houve algum problema político também com ele. Agora, na verdade, a maioria absoluta dos jogadores era alheia à situação política do país. Entrevistador: Pelé também? Tostão: A princípio, sim. Quer dizer, eu nunca vi uma posição dele assim mais pública, não é? Com raras exceções, a maior parte estava preocupada com o problema do futebol, em ganhar o jogo com a sua profissão – problemas políticos à parte. Confesso que isso me incomodava demais. Eu tinha na época ideais políticos. Não participava porque, por várias vezes, era difícil participar. Mas na intimidade, com meus amigos, minha família, era extremamente contra o regime que tinha no país. Agora ali, durante a Copa, os preparativos, minha atenção era toda no futebol. Eu achava que isso não podia atrapalhar minha atividade, a minha profis- são. Eram duas coisas separadas. A minha intenção ali era fazer o melhor. Depois que passou, que eu vi que 2 Extensivo Terceirão aquilo foi o que estava sendo, é então que a gente percebe que aquilo teve um valor político grande. Isso me deixou muito incomodado. Por exemplo, eu me arrependi muito quando nós voltamos do México e fomos recebidos pelo Médici em Brasília, aquele negócio todo. Eu me critiquei muito por ter ido lá. Naquela época, aquilo era o de menos. O que contava era a festa, aquele oba-oba, toda a alegria de ter ganho a Copa. Mas... (Novos Estudos CEBRAP, n. 37, p. 103-112, nov. 1993.) *João Saldanha era o treinador da seleção brasileira de futebol nas eliminatórias para a Copa de 70. Depois de o time ser classificado, foi substituído por Za- galo. Não ficou bem esclarecido, na época, o motivo dessa substituição. Alguns atribuíram essa decisão ao General Médici, então presidente da República. (UFPR) Esse trecho da entrevista faz o registro do relato dos acontecimentos feito oralmente por Tostão. Sin- tetize as informações contidas nas perguntas e respostas desse trecho, organize-as e apresente-as em um texto de, no máximo, 10 linhas, redigido em terceira pessoa e em linguagem adequada às normas do portu- guês escrito. NÃO atribua título ao texto. Análise de redações Texto 01 Tostão via que, todos ou a maioria dos jogado- res criticava o governo, mas que era coisasde con- versas. No futebol pensava somente no futebol. A questão governo seria somente por conversa que ele se expressaria e não por atos e vinganças. Mas ele via que o futebol tem fator político de grande importância e começou a incomodá-lo. Texto 02 Entrevistador: A conquista da copa de 70 foi utilizada de uma forma meio sombria; já que a população estava feliz mesmo com a opressão fei- ta ao povo. Você ficou envergonhado com isso? Tostão: Saldanha era o único que costuma- va falar de política, com a sua saida inesplicada todos “aboliram” a política como tema de suas conversas Entrevistador: Qual a posição de Pelé nesse as- sunto? Tostão: Pelé se dedicava por completo ao fu- tebol deixando de lado a política. Já eu me arre- pendi de Ter ido a recepção da seleção por parte de Médici, mais naquela hora o que contava era a festa. Texto 03 Assim como o carnaval, 7 de setembro são datas em que há muitas festividades nacionais, os quais “parece” que o povo brasileiro esquece dos proble- mas sociais, políticos e econômicos por alguns mo- mentos, a copa do mundo de 1970, realizada no México, teve certas consequências muito parecidas. Isto é, em plena era da ditadura militar, do general Médici, então presidente da república, o qual foi marcado por grande descontentamento nacional, da falta de liberdade de expressão, pelo controle militar sobre o povo, e que propagandas políticas caiam como bomba na mente das pessoas. Essa época da Copa do mundo foi então, a desculpa ou melhor a forma de dizer como o Brasil militar tinha força, pois nesse ano o Brasil sagrou-se cam- peão mundial e que se alguém não se contenta-se com o Brasil da época era apenas seguir ao pé-da- -letra a frase: “Brasil, ame-o ou deixe-o”. Texto 04 Tostão, jogador de futebol brasileiro, em entre- vista concedida em 1993, comentou que a Copa de 70 foi usada no regime militar como estam- pa do governo Médici. Ele aponta que a saída do treinador da seleção, João Saldanha teve influên- cia política. Comentou ainda que a maioria dos componentes da seleção estava preocupada com o futebol e não com a situação política do país, inclusive Pelé. Durante a Copa Tostão também centrava sua atenção no futebol. Mas percebeu que após a vitória tinha um peso político muito grande. Texto 05 Em entrevista ao veículo de comunicação No- vos Estudos CEBRAP, o ex-jogador de futebol Tos- tão revela sua opinião sobre a relação entre a Copa de 70 e a política do governo Médici. Segundo o entrevistado, a maioria dos componentes da se- leção de 70 evitavam manifestar comentários de cunho político, principalmente após a substitui- ção do técnico Saldanha por Zagalo. Para o atleta, a grande preocupação dele e dos colegas, dentre eles Pelé, era com o futebol e, apesar de admi- tir que tinha suas concepções sobre o governo, a Copa de 70 era prioridade absoluta. Contudo, depois da vitória e do fervoroso encontro com o presidente Médici, Tostão declarou estar arrepen- dido e consciente de que o evento da década de 70 teve forte vínculo político. Aula 17 3Português 5C Testes Assimilação 17.01. (UNESP – SP) – Leia o texto a seguir. Sob o ponto de vista individual, a corrupção pode ser vista como uma escolha racional, baseada em uma ponderação dos custos e dos benefícios dos comportamentos honesto e corrupto. No to- cante às empresas, punir apenas as pessoas, igno- rando as entidades, implica adotar, nesse âmbito, a teoria da maçã podre, como se a corrupção fosse um vício dos indivíduos que as praticaram no seio empresarial. O que constatamos é bem diferente disso. A corrupção era, para as empresas envolvi- das na operação Lava Jato, um modelo de negócio que majorava o lucro em benefício de todos. (Entrevista com Deltan Martinazzo Dallagnol [procurador público].O Estado de S.Paulo, 18.03.2015. Adaptado.) A corrupção é abordada no texto como um problema que pode ser explicado sob um ponto de vista a) ético, devido ao comportamento irracionalista que é assumido pelos indivíduos. b) moral, pois o fenômeno é abordado como resultado de comportamentos desregrados. c) pragmático, pois é considerada, sobretudo, a avaliação dos efeitos práticos das ações. d) jurídico, pois é necessária uma legislação mais rigorosa para coibir o fenômeno. e) materialista, pois suas causas relacionam-se com a estru- tura do sistema capitalista. Instrução: Texto para a próxima questão. O filósofo e romancista Umberto Eco conce- deu uma entrevista ao Jornal El País em março de 2015, pouco menos de um ano antes de sua mor- te. Na ocasião, o escritor falou sobre o conteúdo de seu último romance, Número Zero, uma ficção sobre o jornalismo inspirada na realidade e sobre as relações da temática da obra com a atualidade: o papel da imprensa, a Internet e a sociedade. Pergunta: Agora a realidade e a fantasia têm um terceiro aliado, a Internet, que mudou por completo o jornalismo. Resposta: A Internet pode ter tomado o lugar do mau jornalismo... Se você sabe que está lendo um jornal como EL PAÍS, La Repubblica, Il Corrie- re della Sera…, pode pensar que existe um certo controle da notícia e confia. Por outro lado, se você lê um jornal como aqueles vespertinos ingle- ses, sensacionalistas, não confia. Com a Internet acontece o contrário: confia em tudo porque não sabe diferenciar a fonte credenciada da dispara- tada. Basta pensar no sucesso que faz na Internet qualquer página web que fale de complôs ou que invente histórias absurdas: tem um acompanha- mento incrível, de internautas e de pessoas im- portantes que as levam a sério. Pergunta: Atualmente é difícil pensar no mun- do do jornalismo que era protagonizado, aqui na Itália, por pessoas como Piero Ottone e In- dro Montanelli… Resposta: Mas a crise do jornalismo no mundo começou nos anos 1950 e 1960, bem quando chegou a televisão, antes que eles desapareces- sem! Até então o jornal te contava o que acontecia na tarde anterior, por isso muitos eram chama- dos jornais da tarde: Corriere della Sera, Le Soir, La Tarde, Evening Standard… Desde a invenção da televisão, o jornal te diz pela manhã o que você já sabe. E agora é a mesma coisa. O que um jornal deve fazer? Pergunta: Diga o senhor. Resposta: Tem que se transformar em um sema- nário. Porque um semanário tem tempo, são sete dias para construir suas reportagens. Se você lê a Time ou a Newsweek vê que várias pessoas con- tribuíram para uma história concreta, que traba- lharam nela semanas ou meses, enquanto que em um jornal tudo é feito da noite para o dia. Um jornal que em 1944 tinha quatro páginas hoje tem 64, então tem que preencher obsessivamente com notícias repetidas, cai na fofoca, não consegue evitar... A crise do jornalismo, então, começou há quase cinquenta anos e é um problema muito gra- ve e importante. Pergunta: Por que é tão grave? Resposta: Porque é verdade que, como dizia He- gel, a leitura dos jornais é a oração matinal do ho- mem moderno. E eu não consigo tomar meu café da manhã se não folheio o jornal; mas é um ritual quase afetivo e religioso, porque folheio olhando os títulos, e por eles me dou conta de que quase tudo já sabia na noite anterior. No máximo, leio um editorial ou um artigo de opinião. Essa é a cri- se do jornalismo contemporâneo. E disso não sai! Pergunta: Acredita de verdade que não? Resposta: O jornalismo poderia ter outra função. Estou pensando em alguém que faça uma crítica cotidiana da Internet, e é algo que acontece pou- quíssimo. Um jornalismo que me diga: “Olha o que tem na Internet, olha que coisas falsas estão dizen- do, reaja a isso, eu te mostro”. E isso pode ser feito tranquilamente. No entanto, ainda pensam que o 4 Extensivo Terceirão jornal é feito para que seja lido por alguns velhos se- nhores – já que os jovens não leem – que ainda não usam a Internet. Teria que se fazer um jornal que não se torne apenas a crítica da realidade cotidiana, mas também a crítica da realidade virtual. Esse é um futuro possívelpara um bom jornalismo. (EL PAÍS. Caderno cultura. 30 de março de 2015. Disponível em http://brasil.elpais.com/brasil/2015/03/26/ cultura/1427393303_512601.html. Acesso em 10 abr. 2016) 17.02. (UPF – RS) – A única característica que não se aplica ao texto em questão, uma entrevista, é: a) A organização conversacional marcada pela alternância de turnos de pergunta e de resposta. b) O emprego de reticências, revelando alguma hesitação do interlocutor ou mesmo uma enumeração inconclusa. c) A extensão igualitária dos turnos, o que comprova que os dois interlocutores têm muito a dizer sobre o assunto. d) A elaboração de perguntas, pelo entrevistador, derivadas da argumentação apresentada pelo entrevistado. e) A ampliação do escopo da pergunta por parte do entre- vistado, o qual vai além, em sua argumentação, do que foi proposto pelo entrevistador. Instrução: Texto para a próxima questão. ‘Robótica não é filme de Hollywood’, diz Nicolelis sobre o exoesqueleto. Robô comandado por paraplégico foi mostra- do na abertura da Copa. Equipamento transforma força do pensamento em movimentos mecânicos. Em entrevista ao G1, o neurocientista brasi- leiro Miguel Nicolelis comentou que inicialmente estava previsto um jovem paraplégico se levantar da cadeira de rodas, andar alguns passos e dar um chute na bola, que seria o “pontapé inicial” do Mundial do Brasil. Mas a estratégia foi revista após a Fifa informar que o grupo teria 29 segun- dos para realizar a demonstração científica. Na última quinta-feira, o voluntário Juliano Pinto, de 29 anos, deu um chute simbólico na bola da Copa usando o exoesqueleto. Na trans- missão oficial, exibida por emissoras em todo o mundo, a cena durou apenas sete segundos. O neurocientista minimizou as críticas rece- bidas após a rápida apresentação na Arena Co- rinthians: “Tenham calma, não olhem para isso como se fosse um jogo de futebol. Tem que co- nhecer tecnicamente e saber o esforço. Robótica não é filme de Hollywood, tem limitações que nós conhecemos. O limite desse trabalho foi alcança- do. Os oito pacientes atingiram um grau de profi- ciência e controle mental muito altos, e tudo isso será publicado”, garante. CARVALHO, Eduardo. ‘Robótica não é filme de Hollywood’, diz Nicolelis sobre o exoesqueleto. Disponível em http://g1.globo.com/ciencia-e- saude/noticia/2014/06/robotica-nao-e-filme-de-hollywood-diz-nicolelis- sobre- o-exoesqueleto.html. Acessado em 18/06/2014. (Adaptado) 17.03. (UNICAMP – SP) – Considerando a notícia transcrita acima, pode-se dizer que a afirmação reproduzida no título (“Robótica não é filme de Hollywood”) a) reitera a baixa qualidade técnica das imagens da de- monstração com o exoesqueleto, depreciando a própria realização do experimento com voluntários. b) destaca a grande receptividade da demonstração com o exoesqueleto junto ao público da Copa, superior à dos filmes produzidos em Hollywood. c) aponta a necessidade de maiores investimentos finan- ceiros na geração de imagens que possam valorizar a importância de conquistas científicas na mídia. d) sugere que os resultados desse feito científico são muito mais complexos do que as imagens veiculadas pela tele- visão permitiram ver. Instrução: Texto para a próxima questão. Superman: 75 anos Não era um pássaro nem um avião. O verda- deiro Superman era um pacato contador passan- do férias num resort ao norte de Nova York. Joe Shuster, um dos criadores do personagem, junto com Jerry Siegel, descansava na colônia de férias quando encontrou Stanley Weiss, jovem de rosto quadrado e porte atlético, que ele julgou ser a encarnação do herói. Lá mesmo, pediu para desenhar o moço que serviria de modelo para os quadrinhos dali em diante. Só neste ano, esses desenhos estão vindo à tona nos E.U.A., como parte das atividades comemorativas dos 75 anos do personagem. Embora tenha mantido a aparência de rapagão musculoso, Superman não foi o mesmo ao longo dos anos. Nos gibis, oscilou entre mais e menos sarado. Na TV, já foi mais rechonchudo, até reen- carnar como o púbere Tom Welling, da série de TV “Smallville”. “Desde pequeno eu sabia que Superman não existia. Mas também sabia que meu pai era o ver- dadeiro Superman”, brincou David Weiss, filho do modelo do herói, em entrevista à Folha de São Paulo. Weiss cresceu comparando o rosto do pai ao desenho pendurado na sala de casa. Mas logo Joe Shuster, que foi seu principal desenhista, aca- baria cedendo espaço para novos cartunistas, que adaptaram a figura aos fatos correntes. “Essa mudança é o segredo do Superman. Cada época precisa de um herói só seu, e ele sem- pre pareceu ser o cara certo”, diz Larry Tye, con- siderado o maior estudioso do personagem. “Nos anos 1930, ele tiraria a América da Grande De- pressão. Nos anos 1940, era duro com os nazis- tas. Nos anos 1950, lutou contra a onda vermelha do comunismo.”E foi mudando de cara de acordo com a função. Aula 17 5Português 5C Invenção dos judeus Jerry Siegel e Joe Shus- ter, Superman também é visto como um paralelo da história de Moisés, a criança exilada que cres- ce numa terra estrangeira e depois se apresenta como um salvador. A aparência é um misto do também personagem bíblico Sansão, do deus gre- go Hércules e de acrobatas de circo. Mas há quem atribua, até hoje, a dualidade do personagem, que se alterna entre o nerd indefeso, tímido e de vista fraca (como Joe Shuster) e um super-herói pos- sante, à origem judaica dos seus criadores. “É o estereótipo judeu do homem fraco, tími- do e intelectual que depois se revela um grande herói”, diz Harry Brod, autor do e-book Super- man Is Jewish? (Superman é judeu?), lançado nos E.U.A. em novembro passado. “Ele é a versão mo- derna de Moisés: um bebê de Krypton enviado à Terra, que desenvolve superpoderes para salvar o seu povo.” Segundo Brod, a analogia é tão nítida que os nazistas chegaram a discutir a suposta relação em revistas de circulação interna do regime. Mas, para ele, Hollywood e o tempo suavizaram o pa- ralelo, transformando Superman numa releitura de Jesus Cristo. “Sua figura foi se tornando mais cristã com o tempo”, diz Brod. ”Não importa a religião. A ideia de um fracote que se torna um herói não deixa de ser uma fantasia universal.” Silas Martí Adaptado de folha.uol.com.br, 03/03/2013 17.04. (UERJ) – O autor do texto recorre a depoimentos e falas de entrevistados, o que confere credibilidade à repor- tagem. Essa credibilidade se deve à seguinte característica dos entrevistados: a) têm autoridade para tratar do assunto b) revelam verdades para impactar o público c) propõem maneiras para imortalizar o herói d) apresentam opiniões para expor contradições Aperfeiçoamento 17.05. (UERJ) – “Não era um pássaro nem um avião.” A primeira frase do texto da questão 17.04 remete às pergun- tas feitas por personagens que observavam intrigados o voo do Super-homem em suas muitas histórias: É um pássaro? É um avião? Não! É o Super-homem! Essa primeira frase configura um recurso da linguagem conhecido como: a) ironia b) designação c) verossimilhança d) intertextualidade 17.06. (PUCPR) – Considere o texto a seguir. O cantor na biblioteca “Bob Dylan realmente merece um Prêmio No- bel? E por quê?” A pergunta foi feita a Sara Da- nius, secretária da Academia Sueca, instituição responsável pelo Prêmio Nobel de Literatura, de- pois do anúncio, na quinta-feira 13, de que o ven- cedor deste ano não era um poeta, romancista ou dramaturgo, mas um cantor, uma estrela do rock. Na sua formulação seca e direta, o questionamen- to quase soa agressivo. Onde já se viu duvidar dos méritos do premiado? No entanto, trata-se de uma entrevista oficial, divulgada no próprio site do Nobel. Está claro que os acadêmicos suecos não só tinham plena consciência de que a premia- ção de um mestre do cancioneiro popular poderia incitar crítica e oposição: eles desejavam instigar essas reações. Veja, ed. 2500, 19/10/16, p.69. (Excerto). Os propósitos discursivos podem ser alcançados pelo empre- go de diferentes estratégias, de acordo com os contextos de circulação e comunicação. Considerando essas informações, é possível constatar que a Academia Sueca a) procura, com base em uma afirmação incisiva, aplacar qualquer crítica à premiação de Dylan. b) estimula, por meio de uma pergunta retórica, a reflexão sobre a concessão do prêmio. c) sugere abertamente uma revisão dos critérios emprega- dos para a concessão do prêmio. d) estabelece um contraste entre as intenções da divulgação de entrevista e o anúncio de premiação. e) contesta o fato de o prêmio de literatura ter sido entregue a um músico e não a um escritor. Instrução: Texto para a próxima questão. A questão a seguir refere-se ao que segue, trecho adaptado de matéria publicada na revista da cultura, editada pela Livraria Cultura (edição 113, junho de 2017). São as contradições e as fragilidades do ser humano que muito interessam à dramaturga já premiada Silvia Gomez. É assim desde o início de sua trajetória no teatro, na mineira Belo Horizon- te, sua terra natal, e de onde saiu, em 2001, para residir em São Paulo. Agora, a partir deste mês de junho, nossos conflitos voltam ao tablado em São Paulo, em mais um texto da dramaturga. A célebre artista Selma Egrei, com mais de quatro décadas de traje- tória na arte da interpretação, empresta sua gran- de sensibilidade à construção de uma importante personagem da peça, chamada NC. 6 Extensivo Terceirão É com Silvia Gomez e Selma Egrei esta con- versa a seguir. Silvia, o que é ser dramaturga? Para mim, ser dramaturga tem muito a ver com exercitar a empatia e a alteridade, coisas que a gente precisa muito no mundo de hoje. É essa coisa de também estar no lugar do outro, se colo- car dentro da pele, vestir o casaco do outro, virá- -lo do avesso e expor as entranhas. É ouvir o que aquele outro diz e o que tem a ver com o mun- do de hoje. Para mim, ser dramaturga está ligado também com o ser cronista de nosso tempo. Eu queria muito olhar para as coisas que incomodam e falar delas. Não queria usar o teatro como um lugar apenas para a recreação. Sempre encarei o teatro como o lugar de encontro das pessoas e de estarmos juntos para falar de coisas profundas e olhar de verdade o mundo que está a nosso redor. E ser atriz, Selma, o que é? O que é mais forte para mim no ser atriz é poder ser um veículo para colocar, discutir e ame- nizar as dores do mundo. Acho que, através da figura do ator, você se vê representado ali, sabe que não está só no mundo com seus sofrimentos e angústias, e percebe que isso pode ser vivenciado de forma mais grupal, o que, de alguma forma, dá mais alento às pessoas. Então, vejo meu trabalho por aí. E claro que tem também o lado de poder me expressar, me sentir viva, manifestar minhas dores e minhas angústias. Obs.: empatia = processo de identificação em que o indivíduo se coloca no lugar do outro e tenta compreender o comportamento do outro. alteridade = natureza ou condição do que é outro, do que é distinto. 17.07. (PUCCAMP – SP) – É comentário correto sobre o trecho acima: a) A alternância entre a fala de Silvia e a de Selma, que pri- vilegiam expressar opiniões, é direcionada por voz cuja presença é sinalizada por meio de recursos gráficos, voz que também delimita os específicos temas a serem abordados. b) Os três primeiros parágrafos do texto constituem uma introdução ao diálogo entre Silvia e Selma, um prefácio com explicações acerca da trajetória profissional da dra- maturga e da atriz, com o objetivo de contextualizar a troca de ideias entre elas. c) Na conversação espontânea transcrita, em que drama- turga e atriz se valem de suas próprias biografias para defender seu ponto de vista, tem-se uma versão facilitada dos conceitos sobre arte dramática que a plateia de teatro necessita conhecer. d) A organização do trecho selecionado sugere que o texto poderia exemplificar um específico gênero jornalístico, a entrevista, possibilidade que deve ser recusada pelo fato de circular numa revista, e não num jornal. e) Tendo como foco declarado traçar perfis de persona- lidades relevantes na vida contemporânea do país, o produtor da matéria publicada na revista tira proveito de um evento que, por acaso, se dá ao mesmo tempo em que ele pesquisa dramaturgos e atores. Instrução: Textos para a próxima questão. Texto I A ação sob um novo olhar O cineasta Luc Besson é catalogado como o diretor francês que mais se parece com um profis- sional americano de Hollywood, por seus longas serem carregados de ação explosiva, além de qua- se sempre protagonizados por anti-heróis típicos de produções da terra do Tio Sam. A presença de astros consagrados reforça essa definição – basta lembrar filmes icônicos como Nikita (que virou até seriado nos EUA), O profissional, O quinto elemento e as franquias Carga explosiva e Busca implacável. A diferença de Besson está no modo inteligente como ele insere, num peculiar cinema comercial, arte e reflexão sem parecer picaretagem, conse- guindo atrair a simpatia de diferentes públicos. Lucy é o mais novo projeto com essa sua mar- ca: a estrela Scarlett Johansson surge numa his- tória que, num primeiro momento, lembra um filme de super-herói. Scarlett faz uma mulher acidentalmente envolvida na negociação de uma droga experimental, que, ao entrar em sua circu- lação, faz com que ela aumente a utilização de seu cérebro em 100%. A turbinada resolve então procurar um pesquisador (Morgan Freeman) do assunto, ao mesmo tempo em que um traficante está à sua procura. Com o filme colocado dessa forma, Lucy pa- rece uma prima próxima da personagem Viúva Negra, também interpretada por Scarlett na série de filmes com super-heróis da Marvel – igual- mente com cenas eletrizantes de luta. Mas Lucy (no original) também faz uma reflexão em torno de questões como evolução, metafísica e tempo. Percebe-se que Besson se diverte pelo jeito como desenvolve a narrativa: a cada estágio de transfor- mação de Lucy, o diretor intercala as explicações científicas do tal pesquisador. Tudo de maneira a sustentar o conceito por trás da trama, desenvol- vido com extrema habilidade e num ritmo propo- sitalmente acelerado com objetivo de dar credibi- lidade ao improvável. A AÇÃO sob um novo olhar. Disponível em: <http://rioshow.oglobo.globo. com/cinema/eventos/criticas-profissionais/lucy-11057.aspx>. Acesso em: 16 de agosto de 2014. Aula 17 7Português 5C Texto II Lucy Entrevistamos especialista para desvendar o mito cerebral Doutor em psicobiologia nos ajuda a conhecer a verdade por trás da trama por Rafael Sanzio Lucy, filme de Luc Besson com Scarlett Johansson como protagonista, estreia […] no dia 28 de agosto nos cinemas brasileiros. O filme aborda o mito de que o ser humano só usa 10% de seu cérebro e que, através de uma droga, a personagem principal começa a desenvolver todo o potencial cerebral. Depois de conferirmos o trailer, o Fique Ligado quis saber a verdade sobre toda essa história. Entrevistamos Nelson Torro Alves, doutor em psicobiologia na USP e membro fundador do Instituto Brasileiro de Neuropsicologia e Comportamento, para sabermos mais sobre o potencial cerebral, já que o professor de 39 anos também é membro permanente do Programa de Pós-graduação em Neurociência Cognitiva e Comportamento da Universidade Federal da Paraíba – o cara certo para tirar nossas dúvidas! [...] Na trama do filme Lucy é dito que nós, hu- manos, somos capazes de utilizar 10% de nosso cérebro. Isso é verdade ou é um mito? Ficamos estacionados na porcentagem ou podemos au- mentá-la de forma natural? Nelson Torro: Definitivamente, é um mito. Em primeiro lugar, não há evidências científicas que sustentem a afirmação de que usamos um dado limite do cérebro (p. ex. 10, 20 ou 60%). Existem várias complicações nessa suposição. Por exemplo, como podemos medir comrelativa certeza quan- to do cérebro está sendo usado? É um problema também do ponto de vista biológico: por que razão teríamos um cérebro tão potente e só usaríamos parte de nossos recursos? O cérebro, tal como fun- ciona, já é muito dispendioso para o organismo, consumindo cerca de 20% de toda a energia cor- poral. Além disso, os organismos não teriam van- tagens adaptativas desenvolvendo um sistema tão complexo, mas que permanecesse inutilizado. Há registros de uma porcentagem maior que a média? Nelson Torro: O grande problema é como medir o uso do cérebro. Não existem bons parâ- metros para isso. Lucy vai ganhando novas habilidades à medi- da que aumenta a capacidade cerebral. Com 20% ela consegue controlar as células do corpo. Com 50% ela controla a matéria e com 60% ela pode controlar pessoas. O que há de verdade nisso e o que há de exagero? Nelson Torro: Pelo que sabemos atualmente, tudo é um exagero. No máximo, um cérebro mais “potente” tornaria a pessoa mais inteligente, com melhor memória ou mais atenta. Há drogas que aumentam o potencial cerebral da pessoa? Como isso é possível? Nelson Torro: Existem drogas que parecem aumentar as funções atencionais e a concentração, tal como o metilfenidato, que é o princípio ativo dos medicamentos Ritalina e Concerta, usados no tratamento de crianças com o Transtorno do Deficit de Atenção e Hiperatividade. Mesmo em adultos saudáveis, o medicamento parece ter um efeito benéfico sobre o raciocínio e aprendizado. No entanto, essa é uma questão polêmica, pois não sabemos quais são as consequências a longo prazo do uso desses medicamentos, que podem afetar a dinâmica do funcionamento cerebral. Se- ria muito recomendada uma droga tradicional de aumento do potencial cerebral, a cafeína, presen- te no café e guaraná, por exemplo. O café promo- ve o alerta e estimula as funções cerebrais, além disso, em doses moderadas, traz outros benefícios à saúde. Na maioria das cenas de Lucy é como se ela ganhasse superpoderes, contudo deve haver um lado ruim nesse uso exagerado do cérebro. Quais as desvantagens do uso em demasia do nosso cé- rebro? Aguentaríamos o tranco, tanto fisicamente como psicologicamente? Nelson Torro: É bem possível que houves- se consequências negativas, caso isso ocorresse. Existem muitos relatos de pessoas com capaci- dade de memória extraordinária, mas que não se tornaram necessariamente mais inteligentes ou mais bem-sucedidas por conta disso. Com os estudos atuais dessa área, acredita que iremos descobrir algum dia o verdadeiro poten- cial de nosso cérebro? Nelson Torro: Acho que esse potencial já é conhecido. Nosso cérebro é muito bom, flexível o bastante para aprendermos coisas novas durante toda a vida. A exemplo da personagem do filme, podemos aprender também chinês; não em uma hora, mas podemos aprender. Podemos também adquirir novas habilidades graças à plasticidade cerebral, incluindo habilidades motoras, tal como esporte ou dança, conhecimentos gerais (mate- mática, história, literatura) e habilidades musi- cais, por exemplo. Vendo o trailer do filme, qual a porcentagem de veracidade dos poderes adquiridos pelo cére- bro de Lucy? Nelson Torro: Nesse caso, é mais fácil quan- tificar: 0%. (risos) Em sua opinião, o que poderemos fazer ao al- cançarmos 100% da nossa capacidade cerebral? Nelson Torro: Sempre vale a pena investir- mos no aprendizado de novas habilidades e co- nhecimentos. Torna a vida mais mental mais rica. ALVES, Nelson Torro. Entrevista. Disponível em: <http://www.fiqueligado. com.br/single-noticias/>. Acesso em: 16 de agosto de 2014 8 Extensivo Terceirão 17.08. (UFJF – MG) –Tanto o Texto I quanto o Texto II afir- mam que: a) o que se passa no filme é meramente ficção. b) o filme traz questões sobre o tempo e o cérebro. c) o filme apresenta um conceito cientificamente provável. d) pode haver consequências negativas no uso exagerado do cérebro. e) há drogas que nos permitem alcançar 100% da nossa capacidade cerebral. 17.09. (UFJF – MG) – Leia um trecho de uma entrevista com o antropólogo Roberto DaMatta: O jeitinho brasileiro é uma forma de corrupção? Se a regra transgredida não causa prejuízo, temos o “jeitinho” positivo e, dirá eu, ético. Por exemplo: estou na fila, chega uma senhora preci- sando pagar sua conta que vence aquele dia e pede para passar na frente. Não há o que reclamar des- sa forma de “jeitinho”, que seria universal porque poderia ocorrer na maioria dos países conhecidos, exceto talvez na Alemanha ou na Suíça, onde um trem sai às 14:57! E sai mesmo: eu fiz o teste. A questão sociológica que o “jeitinho” apresen- ta, porém, é outra. Ela mostra uma relação ruim com a lei geral, com a norma desenhada para to- dos os cidadãos, com o pressuposto que essa regra universal produz legalidade e cidadania! Eu pago meus impostos integralmente e por isso posso exi- gir dos funcionários públicos do meu país. Tenho o direito – como cidadão – de tomar conta da Bi- blioteca Nacional, que também é minha. Agora, se eu dou um jeito nos meus impostos porque o de- legado da receita federal é meu amigo ou parente e faz a tal “vista grossa”, aí temos o “jeitinho” viran- do corrupção. (...) O que nos enlouquece hoje no Brasil não é a existência do jeitinho como ponte negativa entre a lei e a pessoa especial que dela se livra. É a persistência de um certo estilo de lidar com a lei, marcadamente aristocrático, que de cer- to modo induz o chefe, o diretor, o dono, o patrão, o governador, o presidente a passar por cima da lei porque ele a “empossa”. DaMatta, R. Entrevista. Disponível em: http://maniadehistoria.wordpress.com/. Acesso em: 19 ago. 2014. (adaptado) Considerando o texto acima, escolha a alternativa CORRETA. Para Roberto DaMatta: I. o “jeitinho brasileiro” é sempre sinônimo de corrupção. II. toda regra transgredida provoca prejuízo aos outros. III. ocupar certos cargos não significa estar acima da lei. a) todas as afirmativas são verdadeiras. b) todas as afirmativas são falsas. c) apenas a afirmativa III é verdadeira. d) as afirmativas I e III são verdadeiras. e) apenas a afirmativa I é falsa. Instrução: Texto para a próxima questão. Para responder à(s) questão(ões) a seguir, leia antes, abaixo, trechos de uma entrevista que a Revista E fez com o sociólogo Sérgio Adorno, professor titular de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universi- dade de São Paulo (USP). O professor e sociólogo analisa a violência no Brasil A sociedade brasileira é violenta? Estamos enganados com essa história de que o brasilei- ro é cordial? O mito da cordialidade já foi contestado há muito tempo. Chego a defender o argumento de que você pode até escrever a história social da so- ciedade brasileira como a história social e política da violência. A violência sempre foi um recurso utilizado nas relações de dominação e de man- do – seja nas fazendas, na vida doméstica, seja no plano da vida política. Veja, por exemplo, que os movimentos de rebelião popular sempre foram muito contidos com o uso de uma violência ex- trema, não se pouparam vidas. Durante o século XIX, todos os movimentos sociais de raízes po- pulares foram reprimidos com muita violência, como a Sabinada [rebelião autonomista ocorrida na Bahia, de 1837 a 1838, que chegou a procla- mar uma república baiana] e a Balaiada [revol- ta de caráter social ocorrida entre 1838 e 1841, no interior do Maranhão]. Na vida doméstica, o modo como se tratavam os escravos, as crianças, as mulheres e os desafetos também sempre foi com o emprego de muita violência. Há uma extre- ma violência ao lidar com as diferenças, quando você tem de lidar com conflitos, com interesses opostos. Ou seja, a gente pode dizer que há um lastro de violência tanto na cultura quanto na po- lítica brasileira. Mas não acho que seja só isso. É claro que há manifestações de solidariedade. Não gosto de usar o conceito de cultura da violênciacomo se houvesse uma cultura à parte da cultu- ra geral. Sabemos que, cientificamente, isso não ocorre. Existem traços de cultura que, de alguma maneira, estão associados a outros traços de cul- tura. Uma espécie de sincretismo. Podemos creditar a violência que permeia a sociedade brasileira à maneira como se deu nossa colonização? Por exemplo, os portugue- ses escravizaram índios e negros com uma ati- tude extremamente violenta. Certamente a escravidão deixou marcas. Por que se lidou com o escravo com muita violência? Porque o escravo era coisa, não era pessoa, era mercadoria. Por isso, a ideia de que você decide o que quer fazer com a mercadoria, se quer dis- por dela produtivamente ou improdutivamente. Resgatar a dimensão de humanidade dos escravos Aula 17 9Português 5C é uma tarefa cultural imensa da sociedade. Mas claramente não conseguimos resultados dos mais adequados, porque ainda há desigualdade entre brancos e negros. Não acho que a gente deva des- cartar as heranças escravistas, mas o argumento da herança colonial também é perigoso. Primeiro, porque, no momento em que se diz que a violên- cia tem causa nas nossas heranças, reforça-se o argumento da história como algo congelado no tempo. A história aconteceu lá e continua acon- tecendo hoje. Por mais que as nossas heranças pesem, elas são atualizadas, são reinterpretadas. Não dá para você achar simplesmente que a he- rança explica tudo. O problema é que a sociedade brasileira construiu um Estado que, durante mui- to tempo, foi de proteção das classes proprietárias contra o resto da população. Vivemos em uma sociedade de fundo conservador, uma sociedade com muitas dificuldades de promover rupturas. Você acha que o brasileiro tem um caráter acomodado? Por exemplo, critica-se que quase não houve reação da população ao golpe ocor- rido em 1964, responsável pela instalação da ditadura militar no país. Como sociólogo, tenho uma enorme dificul- dade de falar sobre o caráter nacional brasileiro. Há um clássico estudo do professor Dante Morei- ra Leite, daqui da USP, que é um livro chamado O caráter nacional brasileiro [a obra ganhou uma edi- ção em 2003 pela Unesp]. Nesse livro, ele ques- tiona essa imagem de que o brasileiro é mais cor- dato, mais contemporizador – de alguma maneira isso está na literatura, no senso comum, na im- prensa. Há brasileiros e brasileiros. Por exemplo, ser brasileiro no Sudeste é muito diferente de ser brasileiro no Nordeste ou no Norte, ou ser bra- sileiro branco é diferente de ser brasileiro negro. Então, é difícil dizer o que é o Brasil. Acho que é preciso entender que, provavelmente, o golpe te- nha matizes muito diferentes. Tradicionalmente, a sociedade brasileira não é uma sociedade pola- rizada entre duas grandes tendências, de direita e de esquerda, como aconteceu no Chile ou na Ar- gentina. Você tem matizes na direita, na esquerda e um grande centro. Você pode dizer que, desses matizes, houve uma parte da sociedade brasileira que protestou mesmo. Mas foi cassada, foi expul- sa do espaço público, muitos foram perseguidos politicamente e tiveram suas mínimas garantias constitucionais suspensas. E também houve uma parte que, de alguma maneira, ficou em silêncio. Acho que a gente tem de pensar que o cenário não era homogêneo. Acesso em: 12 ago. 2014. ADORNO, Sérgio. Entrevista. Revista E, n. 127, dez. 2007. Disponível em: http://www.nevusp.org/. 17.10. (UFJF – MG) – Releia, agora, a resposta dada pelo sociólogo: Como sociólogo, tenho uma enorme dificul- dade de falar sobre o caráter nacional brasileiro. Há um clássico estudo do professor Dante Mo- reira Leite, daqui da USP, que é um livro chama- do O caráter nacional brasileiro [a obra ganhou uma edição em 2003 pela Unesp]. Nesse livro, ele questiona essa imagem de que o brasileiro é mais cordato, mais contemporizador – de alguma maneira isso está na literatura, no senso comum, na imprensa. Há brasileiros e brasileiros. O trecho acima contém uma estratégia para convencer o leitor sobre a qualidade das ideias apresentadas na entrevista. Que estratégia é essa? a) um argumento de autoridade. b) um apelo emocional. c) um apelo ao senso comum do leitor. d) um argumento pelo exemplo. e) um contra-argumento. Aprofundamento Instrução: Texto para a próxima questão. Trecho de uma entrevista com o escritor canadense Don Tapscott Jornalista: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Don Tapscott: Quando falamos em informa- ção livre, em transparência, falamos de governos, de empresas, não do ser humano comum. As pessoas não têm obrigação de expor seus dados, seus gostos. Ao contrário, elas têm a obrigação de manter a privacidade. Porque a garantia da priva- cidade é um dos pilares de nossa sociedade. Mas vivemos num mundo em que as informações pes- soais circulam, e essas informações formam um ser virtual. Muitas vezes, esse ser virtual tem mais dados sobre você do que você mesmo. Exemplo: você pode não lembrar o que comprou há um ano, o que comeu ou que filme viu há um ano. Mas a empresa de cartão de crédito sabe, o Face- book pode saber. Muitas pessoas defendem toda essa abertura, mas isso pode ser muito perigoso por uma série de razões. Há muitos agentes do mal por aí, pessoas que podem coletar informa- ções a seu respeito para prejudicá-lo. Muitas ve- zes somos nós que oferecemos essa informação. Por exemplo, 20% dos adolescentes nos Estados Unidos enviam para as namoradas ou namorados fotos em que aparecem nus. Quando uma meni- 10 Extensivo Terceirão na de 14 anos faz isso, ela não tem ideia de onde vai parar essa imagem. O namorado pode estar mal-intencionado ou ser ingênuo e compartilhar a foto. Jornalista: E as informações que não fornece- mos, mas que coletam sobre nós por meio da visita a websites ou pelo consumo? Don Tapscott: Há dois grandes problemas. Um é o que chamo de Big Brother 2.0, que é diferente daquela ideia de ser filmado o tempo todo por um governo. Esse Big Brother 2.0 é a coleta sistemáti- ca de informações feita pelos governos. O segun- do problema é o “little brother” – as empresas que também coletam informações a nosso respeito por razões econômicas, para definir nosso perfil e nos bombardear com publicidade. Muitas empresas, como o Facebook, querem é que a gente forneça mais e mais informações sobre nós mesmos porque isso tem valor. Às vezes, isso pode até ser vantajoso. Se eu, de fato, estiver procurando um carro, seria ótimo receber publicidade de carros diretamente. Mas e se essas empresas tentarem manipulá-lo? Po- dem usar sofisticados instrumentos de psicologia para motivá-lo a fazer alguma coisa sobre a qual você nem estava pensando. Jornalista: O que podemos fazer para evitar isso? Don Tapscott: Precisamos de mais leis sobre como essas informações são usadas. É necessário ficar claro que os dados coletados serão usados apenas para um propósito específico e que esse conjunto de dados não pode ser vendido para ou- tros sem a sua permissão. (Folha de S. Paulo, 12/07/2012. Texto adaptado.) 17.11. (ITA – SP) – Assinale a opção que apresenta a melhor pergunta do jornalista (1ª. linha do texto) para a resposta do entrevistado. a) Qual sua opinião sobre o uso que as empresas fazem da Internet? b) O senhor vê grandes mudanças na comunicação hoje, após o advento da Internet? c) Qual sua opinião sobre o comportamento dos jovens hoje na Internet? d) Hoje, quando tanto se fala de troca de informações on-line, como fica a questão da privacidade? e) Atualmente, por que os governos precisam de tantas informações sobre as pessoas comuns? 17.12. (UEL – PR) – O texto a seguir é parte da entrevista intitulada “Desprezo com caipira é tentativa de negar raízes”, concedida pelo professor-doutor Romildo Sant’Anna, da Unesp de Rio Preto (SP) e do curso de Jornalismo da Uni- mar de Marília (SP). Para o professor, assim como as modas caipiras, a música sertaneja também retrata a realidade dopovo e não deve ser desprezada. DEBATE – Há alguma semelhança de conteú- do entre a música sertaneja e a música caipira? Romildo – A grande característica contida nas letras das músicas caipiras é que elas refletem a falta da terra, falta de uma coisa fundamental que é o símbolo da mãe. Assim como ela, a música sertaneja também mostra a falta de alguma coisa. É sempre a mãe, a mulher que foi embora, que se casou com outro, é a diferença social, um que é pobre outro rico, enfim, o desencontro amoroso. Dessa maneira a mulher, também mãe e criadora, substituiu a “mãe terra” cantada na música caipi- ra. É claro que isso tem um caráter mais banal. É a banalização da própria falta de educação formal no Brasil, no sentido de se ter maiores aprofunda- mentos filosóficos. A música caipira fala de valores muito antigos, já a sertaneja reflete valores mais ordinários, coisas mais passageiras desse mundo sem raízes. Há essa diferença, mas não podemos ter preconceitos em relação a nenhum dos dois gêneros, já que ambos refletem uma realidade da qual o povo é a grande vítima. A população que consome a música sertaneja não é culpada. (Adaptado de: Disponível em: <http://www2.uol.com.br/ debate/13-37/caad/cadernod01a.htm>. Acesso em: 23 out. 2010.) De acordo com o entrevistado, assinale a alternativa correta. a) A música sertaneja avança em qualidade técnica e elabora temas mais sofisticados, tornando-se, assim, culturalmen- te superior à música caipira. b) A música caipira tem fundamento na emoção do homem simples mediante sua falta de opção amorosa no campo e seu anseio por viver na cidade. c) A música caipira, diferentemente da música sertaneja, é feita para analfabetos, por isso revela humildade e sim- plicidade em suas letras e na composição. d) Hoje em dia, a classe média dos grandes centros urbanos prefere a música sertaneja por representar melhor a vida do homem na cidade e fazer esquecer as dores. e) A música sertaneja torna banal o tema da sensibilidade do homem da terra, uma vez que, em suas letras, quase sempre remete ao universo afetivo-sexual. Instrução: Texto para as questões 17.13 e 17.14. Em agosto de 2005, a Revista Língua fez uma entrevista com Millôr Fernandes, o escritor esco- lhido para ser o homenageado da FLIP 2014. Eis, aqui, alguns trechos dessa entrevista. Língua – Fazer humor é levar a sério as pala- vras ou brincar com elas? Millôr – Humor, você tem ou não tem. Pode ser do tipo mais profundo, mais popular, mas tem de ter. Você vai fazendo e, sem querer, a coisa sai engraçada. Dá para perceber quando a construção é forçada. Tenho uma capacidade muito natural de perceber bobagem e destruir a coisa. Aula 17 11Português 5C Língua – Com que língua você mais gosta de trabalhar? Millôr – Não aprendi línguas até hoje (risos). Gosto de trabalhar com o português, embora in- glês seja a que eu mais leio. Nunca tive temor de nada. Deve-se julgar as obras pelo que elas têm de qualidade, não por serem de fulano ou beltrano. Shakespeare fez muita besteira, mas tem três ou quatro obras perfeitas, e Macbeth é uma delas. Língua – Na sua opinião, quais vantagens o português possui em comparação a outras línguas que você conhece? Millôr – A principal vantagem é a de ser a mi- nha língua. Ninguém fala duas línguas. Essa ideia de um espião que fala múltiplas línguas não passa de mentira. Vai lá no meio do jogo dizer “salame minguê, um sorvete colorê...” ou “velho guerrei- ro”. Os modismos da língua, as coisas ocasionais, não são acessíveis a quem não é nativo. Toda pes- soa tem habilidade só no seu idioma. Você pode aprender uma, dez, sei lá quantas expressões de outra língua, mas ainda existirão outras mil – como é que se vai fazer? A língua portuguesa tem suas particularidades. Como outras também. Aprendi desde cedo a ter o cuidado de não rimar ao escrever uma frase. Sobretudo em “-ão”. Língua – Quais as normas mais loucas ou mais despropositadas da língua portuguesa? Millôr – Toda pesquisa de linguagem é peri- gosa porque tem o caráter de induzir o sentido. Não tenho nenhum carinho especial por gramá- ticos. Na minha vida inteira sempre fui violento [no ataque às regras do idioma], porque a língua é a falada, a outra é apenas uma forma de você registrar a fala. Se todo mundo erra na crase é a regra da crase que está errada, como aliás está. Se você vai a Portugal, pode até encontrar uma reverberação que indica a crase. Não aqui. Aqui, no Brasil, a crase não existe. Língua – Mas a fala brasileira é mutante e díspar, cada região tem sua peculiaridade. Como romper regras da língua sem cair no vale-tudo? Millôr – Se não houver norma, não há como transgredir. A língua tem variantes, mas temos de ensinar a escrever o padrão. Quem transgride tem nome ou peito, que o faça e arque com as consequências. Mas insisto que a escrita é apenas o registro da língua falada. De Machado de Assis pra cá, tudo mudou. A língua alemã fez reforma ortográfica há 50 anos, correta. Aqui, na minha geração, já foram três reformas do gênero, uma mais maluca que a outra. Botaram acento em “boemia”, escreveram “xeque” quando toda lín- gua busca lembrar o árabe shaik, insistiram que o certo é “veado” quando o Brasil inteiro pronuncia “viado”. Como chegaram a tais conclusões? Essas coisas são idiotas e cabe a você aceitar ou não. Veja o caso da crase. A crase, na prática, não existe no português do Brasil. Já vi tábuas de mármore com crase errada. Se todo mundo erra, a crase é quem está errada. Se vamos atribuir crase ao mas- culino “dar àquele”, por que não fazer o mesmo com “dar alguém”? Não podemos. Disponível em: http://revistalingua.uol.com.br/textos/97/millor-fernandeso- senhor-das-palavras-247893-1.asp. Acesso em: 13/06/2014. Adaptado. 17.13. (UPE – PE) – Numa entrevista, o teor das perguntas diz muito a respeito do entrevistado. Considerando o conjunto de perguntas da entrevista do texto, bem como as demais informações apreendidas do texto, é CORRETO afirmar que o entrevistador, ao elaborar as perguntas, teve em conta, principalmente, que Millôr Fernandes a) é um escritor famoso pela linguagem correta e pelo estilo sofisticado, o que angariou o reconhecimento por parte dos gramáticos e de outros estudiosos da língua. b) se notabilizou pelo humor inteligente e por uma visão crí- tica a respeito da tradicional normatização da língua, como confirmam as respostas que deu nessa mesma entrevista. c) se tornou conhecido como crítico mordaz, que polemiza sobre assuntos para os quais não tem autoridade, como se pode comprovar na menção irreverente a escritores famosos. d) tem amplo conhecimento sobre a língua, resultado de muitos anos dedicados à pesquisa científica linguística, o que é atestado num posicionamento francamente academicista. e) tem capacidade para discutir os fatos da língua sob uma perspectiva não apenas restrita ao trabalho dos escritores, mas também voltada a uma abordagem tradicional do ensino de língua. 17.14. (UPE – PE) – O texto, uma entrevista, organiza-se de acordo com especificidades composicionais e linguísticas próprias do gênero. Levando isso em consideração, analise as proposições a seguir. I. A depender do entrevistado, uma entrevista pode apre- sentar marcas de informalidade, a exemplo do tratamento pronominal de que fazem uso os interlocutores do texto. II. Uma entrevista costuma ser constituída por mais de um tipo textual, a exemplo das sequências argumentativas e narrativas que ajudam a compor o texto. III. Os eixos temáticos abordados na entrevista – língua e humor – conferem ao texto um caráter excessivamente informal. IV. Marcas de oralidade no texto – por exemplo, trecho de música (3º. parágrafo) e palavras incisivas, como “boba- gem” (1º. parágrafo), “besteira” (2º. parágrafo) e “idiotas” (5º. parágrafo) – deveriam ser evitadas, uma vez que se trata de um texto escrito. Estão CORRETAS, apenas: a) I e II. b) I e III.c) I, II e IV. d) II e IV. e) III e IV. 12 Extensivo Terceirão Instrução: Texto para a próxima questão. ‘Jeitinho brasileiro’: 82% acham que maioria pretende tirar vantagem, diz pesquisa Levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela percepção da população sobre o tema LETICIA FERNANDES RIO – Vivemos em uma sociedade dividida entre malandros e manés? O cultuado “jeitinho brasileiro” costuma ser usado para burlar regras, furar filas, andar pelo acostamento e sempre se sair melhor do que a pessoa ao lado. Mesmo quando ela é da sua família, seu amigo, vizinho ou colega de trabalho. É o que mostra pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), feita entre 17 e 21 de setembro de 2012, e completa- da com dados divulgados somente no início deste ano. A percepção dos entrevistados em relação à forma de agir do brasileiro reflete o jeito com que tratamos as pessoas, mesmo as mais próximas do nosso círculo afetivo: 82% acham que a maioria age querendo tirar vantagem, enquanto só 16% dos entrevistados acham que as pessoas agem de maneira correta. Embora os dados tenham sido coletados no ano retrasado, a coordenação da pesquisa diz que um ou dois anos não interferem na alteração do nível de percepção das pessoas. – Há certas imagens sobre o comportamento do brasileiro que permeiam as percepções das pessoas nas suas relações sociais. A ideia de que o brasileiro sempre burla normas e determinações para obter o que almeja – e essa é uma definição do jeitinho – é recorrente. Para a grande maioria dos brasileiros, a busca de atalhos, soluções faci- litadas ou vantagens fazem parte do cotidiano das pessoas – explica Rachel Meneguello, cientista po- lítica da Universidade de Campinas (Unicamp). Nível de confiança e percepção da forma de agir do brasileiro Quando o assunto é confiança, o número tam- bém é alto: de 62% dos brasileiros que responde- ram negativamente para o quesito confiança, 29% não têm nenhuma e 33% quase nenhuma con- fiança na maioria das pessoas. Os otimistas, que confiam muito no próximo, são apenas 6%, e os que disseram ter alguma confiança somam 31%. Quanto mais próximo é o círculo social, maior é a confiança. A pergunta sobre familiares teve 93% de respostas positivas, em que os entrevis- tados disseram depositar muita (73%) ou alguma confiança (20%) em membros da família. Logo depois, vêm os amigos, que inspiram muita con- fiança em apenas 18% das pessoas. Os que disse- ram ter alguma confiança foram 48%. A pesquisa aponta ainda que o Nordeste é a região onde as pessoas mais acreditam estar sendo passadas para trás. São 89% os entrevistados que acham que os outros querem tirar vantagem e só 9% acreditam que as pessoas agem de maneira correta. Em seguida, vem o Sul, com 85% de grau de desconfiança, seguido pelo Sudeste (81%) e Nor- te/Centro-Oeste (71%). O perigo mora ao lado Tão próximos, mas tão distantes: assim percebe- mos nossos vizinhos em 53% dos casos analisados. De acordo com a CNI, que entrevistou 2002 brasi- leiros de 143 municípios, mais da metade dos bra- sileiros desconfia dos moradores da porta ao lado. Para Rachel Meneguello, o alto nível de descon- fiança mesmo entre pessoas próximas aponta para a fragilidade das relações sociais: “Em contextos em que, mesmo entre os grupos mais próximos, a rela- ção é frágil, estamos diante de situações em que o tecido social está esgarçado.”. A última categoria analisada foi a de colegas de trabalho ou escola. Nesta faixa, dos 44% de entrevis- tados que relataram confiança, 9% confiam muito e 35% têm alguma confiança nas pessoas à sua volta. A desconfiança, aqui, chega a 47%, sendo 22% os que confiam quase nada e 25% os que não têm ne- nhuma confiança nesse grupo. No grupo dos que recebem até um salário-mí- nimo, a desconfiança aumenta, com 83% dos en- trevistados acreditando que a maioria das pessoas quer tirar vantagem. O nível só diminui na categoria dos que ganham de 5 a 10 salários-mínimos, mes- mo assim chega aos 77%. Sobre a percepção que o brasileiro tem da sociedade, o nível de desconfiança é maior entre os mais pobres e os mais ricos. Na faixa de quem ganha um salário-mínimo, 67% dos entrevistados disseram ter pouca (26%) ou nenhu- ma confiança (41%) na maioria das pessoas. No grupo que ganha mais de 10 salários-mínimos, 68% apontaram desconfiança absoluta (39%) ou muita desconfiança (29%) na maioria das pessoas. “O que tem é essa visão de que o brasileiro sem- pre quer tirar vantagem, ele passa pelo acostamen- to, fura fila, não devolve o troco, cola na prova, e isso afeta essa avaliação. As pessoas podem defender uma sociedade sem corrupção, mas, nessas peque- nas coisas, elas não têm essa ética, e aí você começa a perder confiança. É uma confiança desconfiada” – conta Renato da Fonseca, coordenador da pesquisa. Entrevistados com nível superior são os que mais confiam nos outros. Mesmo assim, são ape- nas 19% os que acreditam que as pessoas agem de forma correta e 80% os que acreditam que elas querem tirar vantagem. FERNANDES, L. ‘Jeitinho brasileiro’: 82% acham que maioria pretende tirar vantagem, diz pesquisa. O GLOBO. São Paulo, 22 ago. 2014. Aula 17 13Português 5C 17.15. (UFJF – MG) – Sobre os dados apresentados pela pesquisa, É POSSÍVEL afirmar que: a) os mais ricos têm uma desconfiança muito maior das pessoas do que os mais pobres. b) menos da metade dos entrevistados desconfia dos cole- gas de trabalho ou de escola. c) a relação de proximidade entre os vizinhos assegura um baixo nível de desconfiança. d) a percepção da forma de agir do brasileiro não tem relação com o nível de escolaridade dos entrevistados. e) cerca de 90% das pessoas entrevistadas deposita total confiança nos membros da família. Instrução: Texto para a próxima questão. “Nenhum país do mundo faz o que o Brasil está fazendo: leiloar aos poucos o acesso da produção de petróleo de campos cujo total é desconhecido”, adverte Ildo Sauer, em entrevista concedida à IHU On-Line, ao comentar o leilão do Campo de Libra, anunciado para 21 de outubro deste ano. Na ava- liação dele, a iniciativa da Presidência da República é equivocada, porque “não faz sentido” colocar em leilão o Campo de Libra, que, “segundo a Agência Nacional do Petróleo - ANP, pode ter entre 8 e 12 bilhões de barris, apesar de haver estimativas de que possa chegar a 15 bilhões de barris. Se os da- dos forem esses, trata-se da maior descoberta do país”. De acordo com ele, o “Brasil não sabe se tem 50 bilhões, 100 bilhões ou 300 bilhões de barris. Se o país tiver 100 bilhões, estará no grupo de pa- íses de grandes reservas; se tiver 300 bilhões, será o dono da maior reserva do mundo, porque 264 bilhões é o volume de barris da Arábia Saudita”. Disponível em: <http://www.mabnacional.org.br/noticia/pr-sal-eembate- geopol-tico-estrat-gico-entrevista-especial-com-ildosauer>. Acesso em: 15/10/2013. Fragmento adaptado. 17.16. (ACAFE – SC) – Conforme o texto, é correto o que se afirma em: a) A Agência Nacional do Petróleo estima que a Petrobrás poderá extrair da reserva do Campo de Libra cerca de 15 bilhões de barris. b) De acordo com o entrevistado, o Brasil terá em breve a maior reserva de petróleo do mundo. c) Ildo Sauer manifesta-se claramente contra o leilão do Campo de Libra porque é a maior reserva de petróleo do Brasil. d) As estimativas atuais ainda não permitem afirmar, com certeza, que o Brasil está entre os países que detêm grandes reservas de petróleo. Instrução: Texto para a próxima questão: Ninguém se surpreendeu com a notícia de que Washington possui um poderoso sistema de es- pionagem, mas a revelação de sua amplitude por Edward Snowden criou um escândalo planetário. Nos Estados Unidos, a novidade foi recebida com apatia. Estão distantes os dias em que as escutas telefônicas provocavam a ira da população. As revelações de Edward Snowden sobre a amplitude do programa de vigilânciaeletrônica da Agência de Segurança Nacional (NSA, na si- gla em inglês) levantam a questão da intromissão das agências de inteligência dos Estados Unidos na vida dos cidadãos. Contudo, para além do re- gistro de metadados a partir de linhas telefônicas e da navegação na internet, esse caso revela outra realidade, também preocupante: a maior parte dos norte-americanos aprova o controle das co- municações eletrônicas privadas. Esse consentimento perante a espionagem nem sempre existiu nos Estados Unidos. Algumas semanas antes do atentado de 11 de setembro de 2001, o jornal USA Today publicava a manchete: “Quatro em cada dez norte-americanos não con- fiam no FBI” (20 jun. 2001). Durante décadas, estudos sucessivos da Secretaria de Justiça mos- traram a forte oposição da população às escutas telefônicas pelos poderes públicos. Entre 1971 e 2001, a taxa de desconfiança chegou a flutuar en- tre 70% e 80%. Mas os atentados contra o World Trade Center e o Pentágono e, em seguida, a guer- ra contra o terrorismo empreendida por George W. Bush mudaram o cenário e conduziram os norte-americanos a reconsiderar bruscamente a oposição secular à vigilância de cidadãos. Após um século de grande oposição, a socie- dade norte-americana aprendeu a renunciar a seu direito à confidencialidade. Para grande parte da população – sem lembranças desse passado não muito distante –, o medo do terrorismo amplamen- te difundido e a promessa de respeito aos direitos dos “inocentes” tornaram-se mais importantes que as aspirações à proteção da vida privada e das liber- dades civis. O “deserto do esquecimento organiza- do”, segundo a expressão do sociólogo Sigmund Diamond, deixa o caminho livre para aqueles que desejam manter a ordem estabelecida. PRICE, David. Caso Snowden: a história social das escutas telefônicas. (fragmento) In: www.noticiasdabahia.com.br, publicado em 21/08/2013. 17.17. (PUC – RS) – Analise as possibilidades de inserção dos períodos a seguir na lacuna no final do segundo parágrafo. 1. Segundo pesquisa realizada pelo jornal Washington Post alguns dias depois das declarações de Snowden, 56% da população julgam que o programa vigilância eletrônica é “aceitável” e 45% acreditam que o Estado deve “ser capaz de vigiar os e-mails de qualquer pessoa na luta contra o terrorismo”. 2. Dados veiculados pelo jornal Washington Post, logo de- pois das revelações de Snowden, informam que 56% da população consideram “aceitável” o programa de vigi- lância eletrônica, pois, segundo 45% dos entrevistados, 14 Extensivo Terceirão não é dever do Estado “vigiar os e-mails de qualquer pessoa na luta contra o terrorismo”. 3. Logo após as denúncias de Snowden, uma pesquisa rea- lizada pelo jornal Washington Post confirmou que 56% da população rejeitam o programa vigilância eletrônica e que, para 45%, cabe ao Estado “vigiar os e-mails de qualquer pessoa para fazer frente ao terrorismo”. O(s) período(s) que pode(m) completar a lacuna do segundo parágrafo, mantendo a coerência do texto, é/são, apenas, a) 1. b) 2. c) 3. d) 1 e 2. e) 2 e 3. 17.18. (INSPER – SP) – Leia: Suspensão de blog com livros piratas cria discussão na web Uma mensagem de violação dos termos de uso anunciou semana passada aos milhares de visitantes diários do blog Livros de Humanas a suspensão da página, que era hospedada pelo Wordpress. Criado em 2009 por um aluno da USP, o blog formou em pouco mais de dois anos uma biblioteca maior do que a de muitas faculdades brasileiras. Até sair do ar, reunia 2.496 títulos, entre livros e artigos, de fi- losofia, antropologia, teoria literária, ciências sociais, história etc. Um acervo amplo, de qualidade, que podia ser baixado imediatamente e de graça. Muitas pessoas, é claro, adoravam a página. En- tre elas, no entanto, não estavam os editores dos livros reunidos ali. A biblioteca do Livros de Huma- nas era toda formada sem qualquer autorização. “É óbvio que o blog desrespeita a legislação vi- gente” - diz o criador da página, que mantém anoni- mato, numa entrevista por e-mail. – “Mas não por- que somos bandidos, mas porque a legislação é um entrave para o desenvolvimento do pensamento e da cultura no país.” O mesmo argumento foi defendido nos últimos dias no Twitter por intelectuais como o crítico lite- rário Idelber Avelar, o antropologo Eduardo Vivei- ros de Castro, a escritora Verônica Stigger e o poeta Eduardo Sterzi. Do outro lado da discussão, críticas à pirataria. A Editora Sulina, que vinha pedindo a remoção da página, falou em “apropriação indevida” e o escritor Juremir Machado escreveu: “Quem cha- ma pirataria de universalização da cultura é babaca q ñ vende livro, mas quer q alguém pague a conta. Livro tem de ser barato e pago”. O caso chama atenção para a ampliação da cir- culação de arquivos digitais de livros na internet, uma prática que dá novo sentido e escala à discus- são sobre a circulação de cópias xerocadas no meio acadêmico. (Fonte: http://oglobo.globo.com/blogs/prosa/posts/2011/04/29/suspensao- de-blog-com-livros-piratas-cria-discussao-na-web-377257.asp). De acordo com o texto, o blog a) constitui uma contravenção, assumida por seu próprio criador, o qual, no entanto, considera a punição muito severa para quem comete esse tipo de crime. b) foi retirado da internet por violar a autoria das obras publicadas. c) tinha um acervo variado e era publicado gratuita e espe- cificamente para alunos do curso de letras da USP. d) foi suspenso pela Editora Sulina, que classificou a prática do blog como “pirataria”. e) evidencia que a prática de copiar obras ilegalmente, comum em universidades, agora tem ramificações no mundo virtual. Desafio 17.19. (FUVEST – SP) – Considere os textos para responder à questão. I. A tônica é que os pequenos jogadores da equipe de futebol Javalis Selvagens estão tranquilos e até confortáveis, bem cuidados na caverna pela numerosa equipe internacional que tenta retirá- los dali, e que têm muita vontade de voltar a comer seus pratos favoritos quando voltarem para casa. https://brasil.elpais.com/brasil/2018/07/07/ internacional/1530941588_246806.html. Adaptado. II. Bem, minha vida mudou muito nos últimos dois anos. O mundo que explorei mudou muito. Eu vi muitas paisagens diferentes durante as turnês, e é realmente inspirador ver o quão grande é o mundo. Eu quero explorar e experimentar diferentes partes da natureza, mas eu não gosto do deserto, sinto muito pelas plantas! Ou talvez eu goste disso… te deixa com sede de olhar para ele… http://portalaurorabr.com/2018/09/16/eu_sou_feminista_porque_ sou_mulher_diz_aurora_em_entrevista_ao_independent/ III. Aula 17 15Português 5C a) Quanto ao sentido, a palavra “bem”, destacada nos três textos, desempenha a mesma função em cada um deles? Justifique. b) Reescreva o trecho “Eu quero explorar e experimentar diferentes partes da natureza, mas eu não gosto do de- serto, sinto muito pelas plantas!”, empregando o discurso indireto e fazendo as adaptações necessárias. Comece o período com “Ela disse que”. 17.20. (UNICAMP – SP) – Leia a seguir trechos das entrevistas concedidas pelo escritor chileno Alejandro Zambra ao jornal Folha de São Paulo e à revista Cult sobre seu livro Múltipla Escolha, lançado no Brasil em 2017. A obra imita o formato da Prova de Aptidão Verbal aplicada de 1966 a 2002 aos candidatos a vagas em universidades no Chile. Falando à Folha, Zambra afirma que havia na prova de múltipla escolha “uma grande sintonia com a ditadura chilena. Para entrar na universi- dade, teríamos que saber eliminar as orações. Ha- via censura, e nos aconselhavam a censurar”. E acrescenta que o sistema educacional moldava o pensamento dos alunos com “a ideia de que só existe uma resposta correta.” Abordando o sentido crítico da escolha desse formato para a narrativa, o autor explica à Cult que, tendo sido criado nesse sistema, interessava- -lhe mais a autocrítica. Escrevendouma espécie de novela, lembrou-se da prova e começou a brin- car com esse formato. “No começo foi divertido, como imitar as vozes das pessoas, mas logo me dei conta de que também imitava minha própria voz, até que de repente entendi que esse era o livro. A paródia e a autoparódia, a crítica e a autocrítica, o humor e a dor...” O formato de prova oferece diversas opções para completar e interpretar cada resposta, mas pede ao leitor um movimento du- plo de leitura: testar possibilidades de respostas e erigir uma opção única e arbitrária. Zambra escla- rece: “me interessam todos esses movimentos da autoridade. A ilusão de uma resposta, por exem- plo. Creio que este é um livro sobre a ilusão de uma resposta. Nos ensinaram isso, que havia uma resposta única, e logo descobrimos que havia muitas e isso às vezes foi libertador e outras vezes foi terrível. Quem sabe algumas vezes nós tam- bém quisemos que houvesse uma resposta única.” (Adaptado de entrevistas de Alejandro Zambra concedidas ao jornal Folha de São Paulo e à revista Cult em maio de 2017. Disponíveis em: <https://revistacult.uol.com.br/home/alejandro- zambra-multipla-escolha/ e em http://www1.folha.uol.com.br/ ilustrada/2017/05/1885551 -literatura-esta-ligada-a-desordem-diz- escritor-chileno-alejandro-zambra.shtml>. Acesso em: 11/12/2017.) a) Cite dois fatores que levaram Zambra a adotar a forma narrativa empregada em Múltipla Escolha. b) Por que Múltipla Escolha não funciona como a Prova de Aptidão Verbal chilena? Justifique sua resposta com base no tipo de leitor solicitado pela obra. 16 Extensivo Terceirão Produção de textos Proposta 01 (UFPR) – Leia abaixo um trecho da entrevista do físico Marcelo Gleiser ao jornal Zero Hora. Zero Hora – O senhor veio a Porto Alegre para falar sobre “ética na ciência”. Curiosamente, uma recente coluna sua sobre o tema está repleta de pontos de interrogação. O texto é uma sucessão de perguntas difíceis. O senhor já chegou a alguma resposta? Gleiser – Nessa coluna, comecei tratando do romance Frankenstein, um dos símbolos mais poderosos sobre a questão da ética na ciência. Esse romance, de força mítica profunda, diz que existem certas questões científicas que estão além do que os humanos podem controlar. Mesmo que tecnologicamente possamos fazer algo – caso do doutor Victor Frankenstein, ao ressuscitar um cadáver usando eletricidade – não signi- fica que moralmente estejamos prontos para fazê-lo. Você me pergunta se eu tenho respostas. O que a gente está tentando é começar a fazer as perguntas certas. Porque só quando se faz as perguntas certas é possível começar a encontrar algumas respostas. ZH – E estamos prontos para chegar a essas respostas? Gleiser – A questão em que você está interessado é se temos maturidade moral para decidir. E a resposta é simplesmente a seguinte: não. Não temos maturidade moral para certas questões. Mas isso não significa que a gente não deva fazer a pesquisa. Existe a ideia da Caixa de Pandora, onde estão guardados todos os males do mundo, e se você abre a Caixa de Pandora tudo escapa. As pessoas veem a ciência como um tipo de Caixa de Pandora: “Ah, esses cientistas ficam fuxicando, descobrem problemas sérios e depois a sociedade fica à mercê de avanços sobre os quais não temos controle”. Na verdade, não é nada disso. A ciência tem de ter total liberdade de pesquisa, contanto que certas questões sejam controladas ou pelo menos monitoradas por corpos especiais. Por exemplo, a questão da clonagem humana. Para mim, essa é uma das áreas que deveriam ser controladas com muito cuidado. ZH – Quem deveria decidir as regras sobre o que se pode fazer? Gleiser – Essa é a grande questão. Quem decide o que pode e o que não pode? Quem tem o direito de decidir por todas as pessoas? Acho que deveria haver uma aliança entre o Judiciário e um corpo de cientistas escolhido por órgãos do governo para estabelecer regras. Mas, infelizmente qualquer tecnologia que possa ser desenvolvida mais cedo ou mais tarde vai ser desenvolvida. (Zero Hora. 13 out 2013.) Exponha as principais ideias de Marcelo Gleiser num texto de 8 a 10 linhas, totalmente em discurso indireto. Aula 17 17Português 5C Proposta 02 (UEPG – PR) – ELABORE SUA REDAÇÃO, EM PROSA. TEXTO 1 Celular na escola, pode ou não pode? Com o maior acesso das crianças e jovens aos dispositivos móveis, como celulares e tablets, proibir ou não o uso desses aparelhos na escola tornou-se dúvida recorrente entre diretores, coordenadores, professores e pais. Não há resposta única para essa dúvida. Existem alguns exemplos de como os professores podem usar o celular de forma interessante. Nas aulas de história, por exemplo, são comuns as atividades em que o professor pede aos alunos que entrevistem pessoas idosas da comunidade e busquem descobrir mais sobre a história do bairro e da cidade. Já pensou que bacana seria se os alunos pudessem gravar essas conversas com os seus celulares e depois fizessem uma espécie de documentário? E se os alunos fossem encorajados a desenvolver aplicativos, estimulando a cria- tividade e fazendo uso da lógica? Adaptado de: Ricardo Falzetta, publicado em 12/7/2016. Disponível em https://blogs.oglobo.globo.com/todos- pela-educacao/post/celular-na-escola-pode-ou-nao-pode.html Acesso em: 08/05/2018. TEXTO 2 Celular na escola? Sou contra. Argumentos psicológicos e psicopedagógicos justificam minha posição contra o uso de celular nas esco- las. Se a atenção e a concentração são funções mentais imprescindíveis para a aprendizagem, como pode um aluno permanecer atento estando ligado permanentemente ao “lá fora” com todos os seus atrativos? Isso, sem falar no tipo e volume de toques existentes e a indiscrição de quem atende, desconcentrando todos os demais, inclusive o professor. Numa sala com trinta alunos, todos usando o celular, onde ficam as condições necessárias para se resolver problemas e produzir textos? Adaptado de: Vera Lúcia Dias, publicado em 22/11/2009. Disponível em: <http://www.jmonline.com.br/novo/?noticias,22,ARTICULISTAS,18837>. Acesso em: 08/05/2018. TEXTO 3 Inserindo o uso do celular em sala de aula Quando utilizados da maneira correta, os celulares em sala de aula têm o poder de melhorar sobrema- neira a motivação e o nível de aprendizagem dos alunos. Além disso, possuem a grande vantagem de serem ferramentas magníficas de apoio ao professor. Por meio deles, é possível incrementar as aulas e oferecer con- teúdo mais interativos e que despertem o interesse genuíno do aluno em participar do processo. Até mesmo as tão temidas redes sociais, como Facebook e Whatsapp, podem ser direcionadas para uso em sala de aula. A criação de grupos de discussão e debates sobre determinado assunto é um bom exemplo disso. Além de promover maior participação do aluno, elas permitem que a atividade se expanda para além do período escolar e estimule os jovens a buscar referências na internet para basearem seus argumentos e opiniões. Outra possível maneira de inserir o uso de celulares em sala de aula de maneira construtiva é por meio da produção de conteúdo digital. Com as câmeras de foto e vídeo dos aparelhos cada vez mais sofisticadas e potentes, é possível propor atividades que explorem esses recursos. Criação de telejornais, entrevistas e produção de filmes curtos estão entre as opções. Adaptado de: Luísa França, publicado em 27/8/2016. Disponível em: <https://www.somospar.com.br/uso-do-celular-em-sala-de-aula/>. Acesso em: 18/5/2018 ORIENTAÇÕES: – Gênero e tema: Faça um RELATO AUTOBIOGRÁFICO, de caráter fictício (mesmo que baseado em fatos reais), expondo uma situação vivida por você relacionada com a permissão ou proibição do uso do celular no colégio, seja para fazer um trabalho escolar, seja por causa de uma emergência, ou por qualquer outro motivo. – Língua: Pode usar uma linguagem coloquial, mas evite excesso de gíria. 18 Extensivo Terceirão – Assinatura: Ao final, assine seu relato com um desses nomes
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