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LÍNGUA PORTUGUESA C

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Prévia do material em texto

Mudança de discurso
Uma tarefa possível de ser cobrada em exames ves-
tibulares é a mudança de discurso. Normalmente esse 
tipo de exercício consiste em transformar um texto em 
discurso direto em outro, reescrito em discurso indireto. 
Para seguirmos neste assunto, vale relembrar quais 
são as características básicas desses tipos de discurso:
Discurso direto e discurso 
indireto
O discurso DIRETO é aquele em que a fala do perso-
nagem (real ou fictício) aparece sem a interferência de 
um narrador, ou seja, a fala aparece de forma direta, da 
forma como foi dita. Naturalmente, a expressão própria 
do discurso direto se dá em 1a. pessoa.
Não percebeu que a sua afirmação havia escan-
dalizado as senhoras e continuou serenamente:
– Lá não há esse nosso desregramento, essa 
falta de respeito, essa impudicícia de costumes.... 
Há moral... O senhor quer ver uma coisa: outro 
dia fui ao teatro. Quer saber o que me aconteceu? 
Não pude ficar lá... Era tal a imoralidade que...
– Que peça era, doutor? – Indagou Mme. Bar-
bosa.
– Não sei bem... Era Iaiá me deixe.
– Pois ainda não vi, disse candidamente Irene.
– Pois não vá, menina! Fez com indignação o 
doutor Florentino.
(Lima Barreto – Miss Edith e seu tio)
No discurso INDIRETO, as frases do personagem não 
são reproduzidas fielmente, ou seja, da mesma forma, 
com as mesmas palavras como foram ditas, pois tudo 
o que ele diz é transmitido por meio das palavras do 
narrador. Assim, a expressão natural do discurso indireto 
se dá em 3a. pessoa.
Sem sucesso, Antoine tentou convencer os en-
fermeiros a riscar seu nome do registro do hospi-
tal para não receber a visita do tio e da tia. Voltan-
do pouco a pouco do coma, ele tomou a decisão 
de se suicidar, sentado no seu leito de hospital.
(Martin Page – Como me tornei estúpido)
Redação envolvendo 
mudança de discurso
Numa redação em que se exige a técnica da mudança 
de discurso, normalmente a transposição é do discurso 
direto para o indireto. De forma geral, essas propostas 
apresentam como texto-base uma entrevista para que o 
candidato a reescreva em discurso indireto. 
Redações desse tipo não se limitam apenas a uma 
troca de verbos em 1a. pessoa para outros em 3a. Outras 
adaptações também são necessárias. Vamos a elas.
a) Pessoa gramatical e tempos 
verbais
A reescrita em discurso indireto deve ser feita, obvia-
mente, em 3a. pessoa. Quanto ao tempo verbal, este, pre-
ferencialmente, deve estar no pretérito perfeito. Porém, 
caso prefira, é possível deixá-lo no presente. Importante 
é manter a coerência e não misturar presente e pretérito 
na sua redação.
b) Mudança de registro
É possível que o texto-base seja uma entrevista na 
qual o entrevistado tenha se expressado em linguagem 
oral e coloquial. Porém, a sua redação não deve manter 
o mesmo tipo de linguagem. Por ser um texto produzido 
para uma avaliação, sua redação precisa eliminar as 
marcas de oralidade e informalidade e reescrever a ideia 
original do entrevistado de acordo com o registro formal 
da Língua Portuguesa.
1
17
Aula 
5C
Português
Transposição de discurso
c) Reorganização das ideias
Se, no texto-base, a expressão do entrevistado se der 
de forma espontânea, é comum que o conteúdo esteja 
“desorganizado”, afinal, isso é comum na linguagem 
oral / coloquial. Nesse caso, é preciso que você reorga-
nize essas ideias, dando a elas uma sequência lógica 
que combine com a organização de acordo com o texto 
escrito.
d) Uso dos verbos dicendi e 
outras expressões 
importantes
Para que a sua redação não fique repetitiva, baseada 
na insistência na frase “ele disse que”, é importante co-
nhecer uma categoria verbal chamada verbos “dicendi” 
ou verbos “de dizer”. Trata-se de verbos utilizados pelo 
narrador para introduzir as falas de outra pessoa. Veja 
alguns exemplos:
 • Ele declarou
 • Ele afirmou
 • Ele contestou
 • Ele concordou
Além dos verbos dicendi, o uso de outras expressões 
também pode garantir coesão ao texto. 
 • Segundo o entrevistado [...]
 • De acordo com [...]
 • Conforme [...]
Escrita do texto
1. Leitura do texto-base
Igual no resumo, essa redação começa pelo enten-
dimento do texto-base (geralmente uma entrevista). 
Como sugestão, monte um esquema, no qual você orga-
nizará itens importantes para a composição da redação, 
tais como:
 • Quem é o entrevistado?
 • Fonte de publicação.
 • Qual é o tema da entrevista?
 • O que esse autor disse no texto a respeito desse tema?
2. Escrita do resumo
a) Referenciação
 É fundamental colocar, no início da redação, uma 
referência à entrevista, mesmo que isso não venha 
indicado nos comandos da questão. Afinal, você 
não é o autor do texto original e deve dar o devido 
crédito a esse autor.
 Essa referenciação serve para que você apresente 
para o leitor qual é a entrevista que está sendo 
reescrita na sua redação. Assim, você começa o texto 
dando essas informações gerais: quem é o entrevis-
tado, a fonte de publicação e o tema da entrevista.
b) A ideia geral do entevistado
 Durante a leitura, é importante buscar o entendi-
mento da ideia geral colocada no texto. Para isso, 
você utilizará a técnica do resumo, saber assimilar 
e reescrever o que o entrevistado disse a respeito 
desse tema.
Análise de proposta de redação
Entrevistador: A Copa de 70 foi usada de um jeito meio sombrio: uma felicidade nacional imensa numa 
época muito dura do país, que marcou talvez o pior momento do regime militar. E a Copa foi, digamos, a 
estampa desse governo Médici. Como isso soava entre vocês, havia conversas sobre isso? Você teve algum 
tipo de vergonha pessoal pela forma com que a vitória foi utilizada?
Tostão: Não houve conversa. Principalmente depois do Saldanha* sair, porque o Saldanha gostava muito de 
conversar sobre essas coisas. É aquilo que eu falei. Acho que houve algum problema político também com 
ele. Agora, na verdade, a maioria absoluta dos jogadores era alheia à situação política do país.
Entrevistador: Pelé também?
Tostão: A princípio, sim. Quer dizer, eu nunca vi uma posição dele assim mais pública, não é? Com raras 
exceções, a maior parte estava preocupada com o problema do futebol, em ganhar o jogo com a sua profissão 
– problemas políticos à parte. Confesso que isso me incomodava demais. Eu tinha na época ideais políticos. 
Não participava porque, por várias vezes, era difícil participar. Mas na intimidade, com meus amigos, minha 
família, era extremamente contra o regime que tinha no país. Agora ali, durante a Copa, os preparativos, 
minha atenção era toda no futebol. Eu achava que isso não podia atrapalhar minha atividade, a minha profis-
são. Eram duas coisas separadas. A minha intenção ali era fazer o melhor. Depois que passou, que eu vi que
2 Extensivo Terceirão
aquilo foi o que estava sendo, é então que a gente percebe que aquilo teve um valor político grande. Isso me 
deixou muito incomodado. Por exemplo, eu me arrependi muito quando nós voltamos do México e fomos 
recebidos pelo Médici em Brasília, aquele negócio todo. Eu me critiquei muito por ter ido lá. Naquela época, 
aquilo era o de menos. O que contava era a festa, aquele oba-oba, toda a alegria de ter ganho a Copa. Mas...
(Novos Estudos CEBRAP, n. 37, p. 103-112, nov. 1993.)
*João Saldanha era o treinador da seleção brasileira de futebol nas eliminatórias para a Copa de 70. Depois de o time ser classificado, foi substituído por Za-
galo. Não ficou bem esclarecido, na época, o motivo dessa substituição. Alguns atribuíram essa decisão ao General Médici, então presidente da República.
(UFPR) Esse trecho da entrevista faz o registro do relato dos acontecimentos feito oralmente por Tostão. Sin-
tetize as informações contidas nas perguntas e respostas desse trecho, organize-as e apresente-as em um 
texto de, no máximo, 10 linhas, redigido em terceira pessoa e em linguagem adequada às normas do portu-
guês escrito. NÃO atribua título ao texto.
Análise de redações
Texto 01
Tostão via que, todos ou a maioria dos jogado-
res criticava o governo, mas que era coisasde con-
versas. No futebol pensava somente no futebol. A 
questão governo seria somente por conversa que 
ele se expressaria e não por atos e vinganças. Mas 
ele via que o futebol tem fator político de grande 
importância e começou a incomodá-lo.
Texto 02
Entrevistador: A conquista da copa de 70 foi 
utilizada de uma forma meio sombria; já que a 
população estava feliz mesmo com a opressão fei-
ta ao povo. Você ficou envergonhado com isso?
Tostão: Saldanha era o único que costuma-
va falar de política, com a sua saida inesplicada 
todos “aboliram” a política como tema de suas 
conversas
Entrevistador: Qual a posição de Pelé nesse as-
sunto?
Tostão: Pelé se dedicava por completo ao fu-
tebol deixando de lado a política. Já eu me arre-
pendi de Ter ido a recepção da seleção por parte 
de Médici, mais naquela hora o que contava era 
a festa.
Texto 03
Assim como o carnaval, 7 de setembro são datas 
em que há muitas festividades nacionais, os quais 
“parece” que o povo brasileiro esquece dos proble-
mas sociais, políticos e econômicos por alguns mo-
mentos, a copa do mundo de 1970, realizada no 
México, teve certas consequências muito parecidas. 
Isto é, em plena era da ditadura militar, do general 
Médici, então presidente da república, o qual foi 
marcado por grande descontentamento nacional, 
da falta de liberdade de expressão, pelo controle 
militar sobre o povo, e que propagandas políticas 
caiam como bomba na mente das pessoas. Essa 
época da Copa do mundo foi então, a desculpa 
ou melhor a forma de dizer como o Brasil militar 
tinha força, pois nesse ano o Brasil sagrou-se cam-
peão mundial e que se alguém não se contenta-se 
com o Brasil da época era apenas seguir ao pé-da-
-letra a frase: “Brasil, ame-o ou deixe-o”.
Texto 04
Tostão, jogador de futebol brasileiro, em entre-
vista concedida em 1993, comentou que a Copa 
de 70 foi usada no regime militar como estam-
pa do governo Médici. Ele aponta que a saída do 
treinador da seleção, João Saldanha teve influên-
cia política. Comentou ainda que a maioria dos 
componentes da seleção estava preocupada com 
o futebol e não com a situação política do país, 
inclusive Pelé. Durante a Copa Tostão também 
centrava sua atenção no futebol. Mas percebeu 
que após a vitória tinha um peso político muito 
grande.
Texto 05
Em entrevista ao veículo de comunicação No-
vos Estudos CEBRAP, o ex-jogador de futebol Tos-
tão revela sua opinião sobre a relação entre a Copa 
de 70 e a política do governo Médici. Segundo o 
entrevistado, a maioria dos componentes da se-
leção de 70 evitavam manifestar comentários de 
cunho político, principalmente após a substitui-
ção do técnico Saldanha por Zagalo. Para o atleta, 
a grande preocupação dele e dos colegas, dentre 
eles Pelé, era com o futebol e, apesar de admi-
tir que tinha suas concepções sobre o governo, 
a Copa de 70 era prioridade absoluta. Contudo, 
depois da vitória e do fervoroso encontro com o 
presidente Médici, Tostão declarou estar arrepen-
dido e consciente de que o evento da década de 
70 teve forte vínculo político.
Aula 17
3Português 5C
Testes
Assimilação
17.01. (UNESP – SP) – Leia o texto a seguir.
Sob o ponto de vista individual, a corrupção 
pode ser vista como uma escolha racional, baseada 
em uma ponderação dos custos e dos benefícios 
dos comportamentos honesto e corrupto. No to-
cante às empresas, punir apenas as pessoas, igno-
rando as entidades, implica adotar, nesse âmbito, 
a teoria da maçã podre, como se a corrupção fosse 
um vício dos indivíduos que as praticaram no seio 
empresarial. O que constatamos é bem diferente 
disso. A corrupção era, para as empresas envolvi-
das na operação Lava Jato, um modelo de negócio 
que majorava o lucro em benefício de todos.
(Entrevista com Deltan Martinazzo Dallagnol [procurador 
público].O Estado de S.Paulo, 18.03.2015. Adaptado.)
A corrupção é abordada no texto como um problema que 
pode ser explicado sob um ponto de vista 
a) ético, devido ao comportamento irracionalista que é 
assumido pelos indivíduos. 
b) moral, pois o fenômeno é abordado como resultado de 
comportamentos desregrados. 
c) pragmático, pois é considerada, sobretudo, a avaliação 
dos efeitos práticos das ações. 
d) jurídico, pois é necessária uma legislação mais rigorosa 
para coibir o fenômeno. 
e) materialista, pois suas causas relacionam-se com a estru-
tura do sistema capitalista. 
Instrução: Texto para a próxima questão.
O filósofo e romancista Umberto Eco conce-
deu uma entrevista ao Jornal El País em março de 
2015, pouco menos de um ano antes de sua mor-
te. Na ocasião, o escritor falou sobre o conteúdo 
de seu último romance, Número Zero, uma ficção 
sobre o jornalismo inspirada na realidade e sobre 
as relações da temática da obra com a atualidade: 
o papel da imprensa, a Internet e a sociedade. 
Pergunta: Agora a realidade e a fantasia têm 
um terceiro aliado, a Internet, que mudou por 
completo o jornalismo. 
Resposta: A Internet pode ter tomado o lugar 
do mau jornalismo... Se você sabe que está lendo 
um jornal como EL PAÍS, La Repubblica, Il Corrie-
re della Sera…, pode pensar que existe um certo 
controle da notícia e confia. Por outro lado, se 
você lê um jornal como aqueles vespertinos ingle-
ses, sensacionalistas, não confia. Com a Internet 
acontece o contrário: confia em tudo porque não 
sabe diferenciar a fonte credenciada da dispara-
tada. Basta pensar no sucesso que faz na Internet 
qualquer página web que fale de complôs ou que 
invente histórias absurdas: tem um acompanha-
mento incrível, de internautas e de pessoas im-
portantes que as levam a sério.
Pergunta: Atualmente é difícil pensar no mun-
do do jornalismo que era protagonizado, aqui 
na Itália, por pessoas como Piero Ottone e In-
dro Montanelli… 
Resposta: Mas a crise do jornalismo no mundo 
começou nos anos 1950 e 1960, bem quando 
chegou a televisão, antes que eles desapareces-
sem! Até então o jornal te contava o que acontecia 
na tarde anterior, por isso muitos eram chama-
dos jornais da tarde: Corriere della Sera, Le Soir, 
La Tarde, Evening Standard… Desde a invenção da 
televisão, o jornal te diz pela manhã o que você já 
sabe. E agora é a mesma coisa. O que um jornal 
deve fazer? 
Pergunta: Diga o senhor. 
Resposta: Tem que se transformar em um sema-
nário. Porque um semanário tem tempo, são sete 
dias para construir suas reportagens. Se você lê a 
Time ou a Newsweek vê que várias pessoas con-
tribuíram para uma história concreta, que traba-
lharam nela semanas ou meses, enquanto que em 
um jornal tudo é feito da noite para o dia. Um 
jornal que em 1944 tinha quatro páginas hoje tem 
64, então tem que preencher obsessivamente com 
notícias repetidas, cai na fofoca, não consegue 
evitar... A crise do jornalismo, então, começou há 
quase cinquenta anos e é um problema muito gra-
ve e importante. 
Pergunta: Por que é tão grave? 
Resposta: Porque é verdade que, como dizia He-
gel, a leitura dos jornais é a oração matinal do ho-
mem moderno. E eu não consigo tomar meu café 
da manhã se não folheio o jornal; mas é um ritual 
quase afetivo e religioso, porque folheio olhando 
os títulos, e por eles me dou conta de que quase 
tudo já sabia na noite anterior. No máximo, leio 
um editorial ou um artigo de opinião. Essa é a cri-
se do jornalismo contemporâneo. E disso não sai! 
Pergunta: Acredita de verdade que não? 
Resposta: O jornalismo poderia ter outra função. 
Estou pensando em alguém que faça uma crítica 
cotidiana da Internet, e é algo que acontece pou-
quíssimo. Um jornalismo que me diga: “Olha o que 
tem na Internet, olha que coisas falsas estão dizen-
do, reaja a isso, eu te mostro”. E isso pode ser feito 
tranquilamente. No entanto, ainda pensam que o 
4 Extensivo Terceirão
jornal é feito para que seja lido por alguns velhos se-
nhores – já que os jovens não leem – que ainda não 
usam a Internet. Teria que se fazer um jornal que 
não se torne apenas a crítica da realidade cotidiana, 
mas também a crítica da realidade virtual. Esse é um 
futuro possívelpara um bom jornalismo.
(EL PAÍS. Caderno cultura. 30 de março de 2015. 
Disponível em http://brasil.elpais.com/brasil/2015/03/26/
cultura/1427393303_512601.html. Acesso em 10 abr. 2016)
17.02. (UPF – RS) – A única característica que não se aplica 
ao texto em questão, uma entrevista, é: 
a) A organização conversacional marcada pela alternância 
de turnos de pergunta e de resposta. 
b) O emprego de reticências, revelando alguma hesitação 
do interlocutor ou mesmo uma enumeração inconclusa. 
c) A extensão igualitária dos turnos, o que comprova que 
os dois interlocutores têm muito a dizer sobre o assunto. 
d) A elaboração de perguntas, pelo entrevistador, derivadas 
da argumentação apresentada pelo entrevistado. 
e) A ampliação do escopo da pergunta por parte do entre-
vistado, o qual vai além, em sua argumentação, do que 
foi proposto pelo entrevistador. 
Instrução: Texto para a próxima questão.
‘Robótica não é filme de Hollywood’, 
diz Nicolelis sobre o exoesqueleto.
Robô comandado por paraplégico foi mostra-
do na abertura da Copa. Equipamento transforma 
força do pensamento em movimentos mecânicos.
Em entrevista ao G1, o neurocientista brasi-
leiro Miguel Nicolelis comentou que inicialmente 
estava previsto um jovem paraplégico se levantar 
da cadeira de rodas, andar alguns passos e dar 
um chute na bola, que seria o “pontapé inicial” 
do Mundial do Brasil. Mas a estratégia foi revista 
após a Fifa informar que o grupo teria 29 segun-
dos para realizar a demonstração científica.
Na última quinta-feira, o voluntário Juliano 
Pinto, de 29 anos, deu um chute simbólico na 
bola da Copa usando o exoesqueleto. Na trans-
missão oficial, exibida por emissoras em todo o 
mundo, a cena durou apenas sete segundos.
O neurocientista minimizou as críticas rece-
bidas após a rápida apresentação na Arena Co-
rinthians: “Tenham calma, não olhem para isso 
como se fosse um jogo de futebol. Tem que co-
nhecer tecnicamente e saber o esforço. Robótica 
não é filme de Hollywood, tem limitações que nós 
conhecemos. O limite desse trabalho foi alcança-
do. Os oito pacientes atingiram um grau de profi-
ciência e controle mental muito altos, e tudo isso 
será publicado”, garante.
CARVALHO, Eduardo. ‘Robótica não é filme de Hollywood’, diz Nicolelis 
sobre o exoesqueleto. Disponível em http://g1.globo.com/ciencia-e-
saude/noticia/2014/06/robotica-nao-e-filme-de-hollywood-diz-nicolelis-
sobre- o-exoesqueleto.html. Acessado em 18/06/2014. (Adaptado)
17.03. (UNICAMP – SP) – Considerando a notícia transcrita 
acima, pode-se dizer que a afirmação reproduzida no título 
(“Robótica não é filme de Hollywood”) 
a) reitera a baixa qualidade técnica das imagens da de-
monstração com o exoesqueleto, depreciando a própria 
realização do experimento com voluntários. 
b) destaca a grande receptividade da demonstração com o 
exoesqueleto junto ao público da Copa, superior à dos 
filmes produzidos em Hollywood. 
c) aponta a necessidade de maiores investimentos finan-
ceiros na geração de imagens que possam valorizar a 
importância de conquistas científicas na mídia. 
d) sugere que os resultados desse feito científico são muito 
mais complexos do que as imagens veiculadas pela tele-
visão permitiram ver. 
Instrução: Texto para a próxima questão.
Superman: 75 anos
Não era um pássaro nem um avião. O verda-
deiro Superman era um pacato contador passan-
do férias num resort ao norte de Nova York.
Joe Shuster, um dos criadores do personagem, 
junto com Jerry Siegel, descansava na colônia de 
férias quando encontrou Stanley Weiss, jovem de 
rosto quadrado e porte atlético, que ele julgou 
ser a encarnação do herói. Lá mesmo, pediu para 
desenhar o moço que serviria de modelo para os 
quadrinhos dali em diante. Só neste ano, esses 
desenhos estão vindo à tona nos E.U.A., como 
parte das atividades comemorativas dos 75 anos 
do personagem. 
Embora tenha mantido a aparência de rapagão 
musculoso, Superman não foi o mesmo ao longo 
dos anos. Nos gibis, oscilou entre mais e menos 
sarado. Na TV, já foi mais rechonchudo, até reen-
carnar como o púbere Tom Welling, da série de 
TV “Smallville”.
“Desde pequeno eu sabia que Superman não 
existia. Mas também sabia que meu pai era o ver-
dadeiro Superman”, brincou David Weiss, filho 
do modelo do herói, em entrevista à Folha de São 
Paulo. Weiss cresceu comparando o rosto do pai 
ao desenho pendurado na sala de casa. Mas logo 
Joe Shuster, que foi seu principal desenhista, aca-
baria cedendo espaço para novos cartunistas, que 
adaptaram a figura aos fatos correntes.
“Essa mudança é o segredo do Superman. 
Cada época precisa de um herói só seu, e ele sem-
pre pareceu ser o cara certo”, diz Larry Tye, con-
siderado o maior estudioso do personagem. “Nos 
anos 1930, ele tiraria a América da Grande De-
pressão. Nos anos 1940, era duro com os nazis-
tas. Nos anos 1950, lutou contra a onda vermelha 
do comunismo.”E foi mudando de cara de acordo 
com a função.
Aula 17
5Português 5C
Invenção dos judeus Jerry Siegel e Joe Shus-
ter, Superman também é visto como um paralelo 
da história de Moisés, a criança exilada que cres-
ce numa terra estrangeira e depois se apresenta 
como um salvador. A aparência é um misto do 
também personagem bíblico Sansão, do deus gre-
go Hércules e de acrobatas de circo. Mas há quem 
atribua, até hoje, a dualidade do personagem, que 
se alterna entre o nerd indefeso, tímido e de vista 
fraca (como Joe Shuster) e um super-herói pos-
sante, à origem judaica dos seus criadores.
“É o estereótipo judeu do homem fraco, tími-
do e intelectual que depois se revela um grande 
herói”, diz Harry Brod, autor do e-book Super-
man Is Jewish? (Superman é judeu?), lançado nos 
E.U.A. em novembro passado. “Ele é a versão mo-
derna de Moisés: um bebê de Krypton enviado à 
Terra, que desenvolve superpoderes para salvar o 
seu povo.”
Segundo Brod, a analogia é tão nítida que os 
nazistas chegaram a discutir a suposta relação em 
revistas de circulação interna do regime. Mas, 
para ele, Hollywood e o tempo suavizaram o pa-
ralelo, transformando Superman numa releitura 
de Jesus Cristo. “Sua figura foi se tornando mais 
cristã com o tempo”, diz Brod. ”Não importa a 
religião. A ideia de um fracote que se torna um 
herói não deixa de ser uma fantasia universal.”
Silas Martí 
Adaptado de folha.uol.com.br, 03/03/2013
17.04. (UERJ) – O autor do texto recorre a depoimentos e 
falas de entrevistados, o que confere credibilidade à repor-
tagem. Essa credibilidade se deve à seguinte característica 
dos entrevistados: 
a) têm autoridade para tratar do assunto 
b) revelam verdades para impactar o público 
c) propõem maneiras para imortalizar o herói 
d) apresentam opiniões para expor contradições 
Aperfeiçoamento
17.05. (UERJ) – “Não era um pássaro nem um avião.”
A primeira frase do texto da questão 17.04 remete às pergun-
tas feitas por personagens que observavam intrigados o voo 
do Super-homem em suas muitas histórias: É um pássaro? 
É um avião? Não! É o Super-homem!
Essa primeira frase configura um recurso da linguagem 
conhecido como: 
a) ironia 
b) designação 
c) verossimilhança 
d) intertextualidade 
17.06. (PUCPR) – Considere o texto a seguir. 
O cantor na biblioteca
“Bob Dylan realmente merece um Prêmio No-
bel? E por quê?” A pergunta foi feita a Sara Da-
nius, secretária da Academia Sueca, instituição 
responsável pelo Prêmio Nobel de Literatura, de-
pois do anúncio, na quinta-feira 13, de que o ven-
cedor deste ano não era um poeta, romancista ou 
dramaturgo, mas um cantor, uma estrela do rock. 
Na sua formulação seca e direta, o questionamen-
to quase soa agressivo. Onde já se viu duvidar 
dos méritos do premiado? No entanto, trata-se de 
uma entrevista oficial, divulgada no próprio site 
do Nobel. Está claro que os acadêmicos suecos 
não só tinham plena consciência de que a premia-
ção de um mestre do cancioneiro popular poderia 
incitar crítica e oposição: eles desejavam instigar 
essas reações. 
Veja, ed. 2500, 19/10/16, p.69. (Excerto). 
Os propósitos discursivos podem ser alcançados pelo empre-
go de diferentes estratégias, de acordo com os contextos de 
circulação e comunicação. Considerando essas informações, 
é possível constatar que a Academia Sueca 
a) procura, com base em uma afirmação incisiva, aplacar 
qualquer crítica à premiação de Dylan.
b) estimula, por meio de uma pergunta retórica, a reflexão 
sobre a concessão do prêmio. 
c) sugere abertamente uma revisão dos critérios emprega-
dos para a concessão do prêmio. 
d) estabelece um contraste entre as intenções da divulgação 
de entrevista e o anúncio de premiação. 
e) contesta o fato de o prêmio de literatura ter sido entregue 
a um músico e não a um escritor. 
Instrução: Texto para a próxima questão. 
A questão a seguir refere-se ao que segue, trecho adaptado 
de matéria publicada na revista da cultura, editada pela 
Livraria Cultura (edição 113, junho de 2017).
São as contradições e as fragilidades do ser 
humano que muito interessam à dramaturga já 
premiada Silvia Gomez. É assim desde o início de 
sua trajetória no teatro, na mineira Belo Horizon-
te, sua terra natal, e de onde saiu, em 2001, para 
residir em São Paulo.
Agora, a partir deste mês de junho, nossos 
conflitos voltam ao tablado em São Paulo, em 
mais um texto da dramaturga. A célebre artista 
Selma Egrei, com mais de quatro décadas de traje-
tória na arte da interpretação, empresta sua gran-
de sensibilidade à construção de uma importante 
personagem da peça, chamada NC.
6 Extensivo Terceirão
É com Silvia Gomez e Selma Egrei esta con-
versa a seguir.
Silvia, o que é ser dramaturga?
Para mim, ser dramaturga tem muito a ver 
com exercitar a empatia e a alteridade, coisas que 
a gente precisa muito no mundo de hoje. É essa 
coisa de também estar no lugar do outro, se colo-
car dentro da pele, vestir o casaco do outro, virá-
-lo do avesso e expor as entranhas. É ouvir o que 
aquele outro diz e o que tem a ver com o mun-
do de hoje. Para mim, ser dramaturga está ligado 
também com o ser cronista de nosso tempo. Eu 
queria muito olhar para as coisas que incomodam 
e falar delas. Não queria usar o teatro como um 
lugar apenas para a recreação. Sempre encarei o 
teatro como o lugar de encontro das pessoas e de 
estarmos juntos para falar de coisas profundas e 
olhar de verdade o mundo que está a nosso redor.
E ser atriz, Selma, o que é?
O que é mais forte para mim no ser atriz é 
poder ser um veículo para colocar, discutir e ame-
nizar as dores do mundo. Acho que, através da 
figura do ator, você se vê representado ali, sabe 
que não está só no mundo com seus sofrimentos e 
angústias, e percebe que isso pode ser vivenciado 
de forma mais grupal, o que, de alguma forma, dá 
mais alento às pessoas. Então, vejo meu trabalho 
por aí. E claro que tem também o lado de poder 
me expressar, me sentir viva, manifestar minhas 
dores e minhas angústias.
Obs.: empatia = processo de identificação em que o indivíduo se coloca no 
lugar do outro e tenta compreender o comportamento do outro.
alteridade = natureza ou condição do que é outro, do que é distinto. 
17.07. (PUCCAMP – SP) – É comentário correto sobre o 
trecho acima: 
a) A alternância entre a fala de Silvia e a de Selma, que pri-
vilegiam expressar opiniões, é direcionada por voz cuja 
presença é sinalizada por meio de recursos gráficos, voz que 
também delimita os específicos temas a serem abordados. 
b) Os três primeiros parágrafos do texto constituem uma 
introdução ao diálogo entre Silvia e Selma, um prefácio 
com explicações acerca da trajetória profissional da dra-
maturga e da atriz, com o objetivo de contextualizar a 
troca de ideias entre elas. 
c) Na conversação espontânea transcrita, em que drama-
turga e atriz se valem de suas próprias biografias para 
defender seu ponto de vista, tem-se uma versão facilitada 
dos conceitos sobre arte dramática que a plateia de teatro 
necessita conhecer. 
d) A organização do trecho selecionado sugere que o texto 
poderia exemplificar um específico gênero jornalístico, a 
entrevista, possibilidade que deve ser recusada pelo fato 
de circular numa revista, e não num jornal. 
e) Tendo como foco declarado traçar perfis de persona-
lidades relevantes na vida contemporânea do país, o 
produtor da matéria publicada na revista tira proveito de 
um evento que, por acaso, se dá ao mesmo tempo em 
que ele pesquisa dramaturgos e atores. 
Instrução: Textos para a próxima questão.
Texto I
A ação sob um novo olhar
O cineasta Luc Besson é catalogado como o 
diretor francês que mais se parece com um profis-
sional americano de Hollywood, por seus longas 
serem carregados de ação explosiva, além de qua-
se sempre protagonizados por anti-heróis típicos 
de produções da terra do Tio Sam. A presença de 
astros consagrados reforça essa definição – basta 
lembrar filmes icônicos como Nikita (que virou até 
seriado nos EUA), O profissional, O quinto elemento 
e as franquias Carga explosiva e Busca implacável. 
A diferença de Besson está no modo inteligente 
como ele insere, num peculiar cinema comercial, 
arte e reflexão sem parecer picaretagem, conse-
guindo atrair a simpatia de diferentes públicos.
Lucy é o mais novo projeto com essa sua mar-
ca: a estrela Scarlett Johansson surge numa his-
tória que, num primeiro momento, lembra um 
filme de super-herói. Scarlett faz uma mulher 
acidentalmente envolvida na negociação de uma 
droga experimental, que, ao entrar em sua circu-
lação, faz com que ela aumente a utilização de 
seu cérebro em 100%. A turbinada resolve então 
procurar um pesquisador (Morgan Freeman) do 
assunto, ao mesmo tempo em que um traficante 
está à sua procura.
Com o filme colocado dessa forma, Lucy pa-
rece uma prima próxima da personagem Viúva 
Negra, também interpretada por Scarlett na série 
de filmes com super-heróis da Marvel – igual-
mente com cenas eletrizantes de luta. Mas Lucy 
(no original) também faz uma reflexão em torno 
de questões como evolução, metafísica e tempo. 
Percebe-se que Besson se diverte pelo jeito como 
desenvolve a narrativa: a cada estágio de transfor-
mação de Lucy, o diretor intercala as explicações 
científicas do tal pesquisador. Tudo de maneira a 
sustentar o conceito por trás da trama, desenvol-
vido com extrema habilidade e num ritmo propo-
sitalmente acelerado com objetivo de dar credibi-
lidade ao improvável.
A AÇÃO sob um novo olhar. Disponível em: <http://rioshow.oglobo.globo.
com/cinema/eventos/criticas-profissionais/lucy-11057.aspx>. 
Acesso em: 16 de agosto de 2014.
Aula 17
7Português 5C
Texto II
Lucy
Entrevistamos especialista para desvendar o 
mito cerebral
Doutor em psicobiologia nos ajuda a conhecer a 
verdade por trás da trama por Rafael Sanzio
Lucy, filme de Luc Besson com Scarlett 
Johansson como protagonista, estreia […] no 
dia 28 de agosto nos cinemas brasileiros. O filme 
aborda o mito de que o ser humano só usa 10% 
de seu cérebro e que, através de uma droga, a 
personagem principal começa a desenvolver todo 
o potencial cerebral. Depois de conferirmos o 
trailer, o Fique Ligado quis saber a verdade sobre 
toda essa história. Entrevistamos Nelson Torro 
Alves, doutor em psicobiologia na USP e membro 
fundador do Instituto Brasileiro de Neuropsicologia 
e Comportamento, para sabermos mais sobre o 
potencial cerebral, já que o professor de 39 anos 
também é membro permanente do Programa 
de Pós-graduação em Neurociência Cognitiva 
e Comportamento da Universidade Federal da 
Paraíba – o cara certo para tirar nossas dúvidas! [...]
Na trama do filme Lucy é dito que nós, hu-
manos, somos capazes de utilizar 10% de nosso 
cérebro. Isso é verdade ou é um mito? Ficamos 
estacionados na porcentagem ou podemos au-
mentá-la de forma natural?
Nelson Torro: Definitivamente, é um mito. Em 
primeiro lugar, não há evidências científicas que 
sustentem a afirmação de que usamos um dado 
limite do cérebro (p. ex. 10, 20 ou 60%). Existem 
várias complicações nessa suposição. Por exemplo, 
como podemos medir comrelativa certeza quan-
to do cérebro está sendo usado? É um problema 
também do ponto de vista biológico: por que razão 
teríamos um cérebro tão potente e só usaríamos 
parte de nossos recursos? O cérebro, tal como fun-
ciona, já é muito dispendioso para o organismo, 
consumindo cerca de 20% de toda a energia cor-
poral. Além disso, os organismos não teriam van-
tagens adaptativas desenvolvendo um sistema tão 
complexo, mas que permanecesse inutilizado.
Há registros de uma porcentagem maior que 
a média?
Nelson Torro: O grande problema é como 
medir o uso do cérebro. Não existem bons parâ-
metros para isso.
Lucy vai ganhando novas habilidades à medi-
da que aumenta a capacidade cerebral. Com 20% 
ela consegue controlar as células do corpo. Com 
50% ela controla a matéria e com 60% ela pode 
controlar pessoas. O que há de verdade nisso e o 
que há de exagero?
Nelson Torro: Pelo que sabemos atualmente, 
tudo é um exagero. No máximo, um cérebro mais 
“potente” tornaria a pessoa mais inteligente, com 
melhor memória ou mais atenta.
Há drogas que aumentam o potencial cerebral 
da pessoa? Como isso é possível?
Nelson Torro: Existem drogas que parecem 
aumentar as funções atencionais e a concentração, 
tal como o metilfenidato, que é o princípio ativo 
dos medicamentos Ritalina e Concerta, usados 
no tratamento de crianças com o Transtorno do 
Deficit de Atenção e Hiperatividade. Mesmo em 
adultos saudáveis, o medicamento parece ter um 
efeito benéfico sobre o raciocínio e aprendizado. 
No entanto, essa é uma questão polêmica, pois 
não sabemos quais são as consequências a longo 
prazo do uso desses medicamentos, que podem 
afetar a dinâmica do funcionamento cerebral. Se-
ria muito recomendada uma droga tradicional de 
aumento do potencial cerebral, a cafeína, presen-
te no café e guaraná, por exemplo. O café promo-
ve o alerta e estimula as funções cerebrais, além 
disso, em doses moderadas, traz outros benefícios 
à saúde.
Na maioria das cenas de Lucy é como se ela 
ganhasse superpoderes, contudo deve haver um 
lado ruim nesse uso exagerado do cérebro. Quais 
as desvantagens do uso em demasia do nosso cé-
rebro? Aguentaríamos o tranco, tanto fisicamente 
como psicologicamente?
Nelson Torro: É bem possível que houves-
se consequências negativas, caso isso ocorresse. 
Existem muitos relatos de pessoas com capaci-
dade de memória extraordinária, mas que não se 
tornaram necessariamente mais inteligentes ou 
mais bem-sucedidas por conta disso.
Com os estudos atuais dessa área, acredita que 
iremos descobrir algum dia o verdadeiro poten-
cial de nosso cérebro?
Nelson Torro: Acho que esse potencial já é 
conhecido. Nosso cérebro é muito bom, flexível o 
bastante para aprendermos coisas novas durante 
toda a vida. A exemplo da personagem do filme, 
podemos aprender também chinês; não em uma 
hora, mas podemos aprender. Podemos também 
adquirir novas habilidades graças à plasticidade 
cerebral, incluindo habilidades motoras, tal como 
esporte ou dança, conhecimentos gerais (mate-
mática, história, literatura) e habilidades musi-
cais, por exemplo.
Vendo o trailer do filme, qual a porcentagem 
de veracidade dos poderes adquiridos pelo cére-
bro de Lucy?
Nelson Torro: Nesse caso, é mais fácil quan-
tificar: 0%. (risos)
Em sua opinião, o que poderemos fazer ao al-
cançarmos 100% da nossa capacidade cerebral?
Nelson Torro: Sempre vale a pena investir-
mos no aprendizado de novas habilidades e co-
nhecimentos. Torna a vida mais mental mais rica.
ALVES, Nelson Torro. Entrevista. Disponível em: <http://www.fiqueligado.
com.br/single-noticias/>. Acesso em: 16 de agosto de 2014
8 Extensivo Terceirão
17.08. (UFJF – MG) –Tanto o Texto I quanto o Texto II afir-
mam que: 
a) o que se passa no filme é meramente ficção. 
b) o filme traz questões sobre o tempo e o cérebro. 
c) o filme apresenta um conceito cientificamente provável. 
d) pode haver consequências negativas no uso exagerado 
do cérebro. 
e) há drogas que nos permitem alcançar 100% da nossa 
capacidade cerebral. 
17.09. (UFJF – MG) – Leia um trecho de uma entrevista com 
o antropólogo Roberto DaMatta:
O jeitinho brasileiro é uma forma de corrupção?
Se a regra transgredida não causa prejuízo, 
temos o “jeitinho” positivo e, dirá eu, ético. Por 
exemplo: estou na fila, chega uma senhora preci-
sando pagar sua conta que vence aquele dia e pede 
para passar na frente. Não há o que reclamar des-
sa forma de “jeitinho”, que seria universal porque 
poderia ocorrer na maioria dos países conhecidos, 
exceto talvez na Alemanha ou na Suíça, onde um 
trem sai às 14:57! E sai mesmo: eu fiz o teste.
A questão sociológica que o “jeitinho” apresen-
ta, porém, é outra. Ela mostra uma relação ruim 
com a lei geral, com a norma desenhada para to-
dos os cidadãos, com o pressuposto que essa regra 
universal produz legalidade e cidadania! Eu pago 
meus impostos integralmente e por isso posso exi-
gir dos funcionários públicos do meu país. Tenho 
o direito – como cidadão – de tomar conta da Bi-
blioteca Nacional, que também é minha. Agora, se 
eu dou um jeito nos meus impostos porque o de-
legado da receita federal é meu amigo ou parente e 
faz a tal “vista grossa”, aí temos o “jeitinho” viran-
do corrupção. (...) O que nos enlouquece hoje no 
Brasil não é a existência do jeitinho como ponte 
negativa entre a lei e a pessoa especial que dela se 
livra. É a persistência de um certo estilo de lidar 
com a lei, marcadamente aristocrático, que de cer-
to modo induz o chefe, o diretor, o dono, o patrão, 
o governador, o presidente a passar por cima da lei 
porque ele a “empossa”. 
DaMatta, R. Entrevista. Disponível em: http://maniadehistoria.wordpress.com/. 
Acesso em: 19 ago. 2014. (adaptado)
Considerando o texto acima, escolha a alternativa CORRETA.
Para Roberto DaMatta:
I. o “jeitinho brasileiro” é sempre sinônimo de corrupção.
II. toda regra transgredida provoca prejuízo aos outros.
III. ocupar certos cargos não significa estar acima da lei. 
a) todas as afirmativas são verdadeiras. 
b) todas as afirmativas são falsas. 
c) apenas a afirmativa III é verdadeira. 
d) as afirmativas I e III são verdadeiras. 
e) apenas a afirmativa I é falsa. 
Instrução: Texto para a próxima questão.
Para responder à(s) questão(ões) a seguir, leia antes, abaixo, 
trechos de uma entrevista que a Revista E fez com o sociólogo 
Sérgio Adorno, professor titular de Sociologia da Faculdade 
de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universi-
dade de São Paulo (USP).
O professor e sociólogo analisa 
a violência no Brasil
A sociedade brasileira é violenta? Estamos 
enganados com essa história de que o brasilei-
ro é cordial?
O mito da cordialidade já foi contestado há 
muito tempo. Chego a defender o argumento de 
que você pode até escrever a história social da so-
ciedade brasileira como a história social e política 
da violência. A violência sempre foi um recurso 
utilizado nas relações de dominação e de man-
do – seja nas fazendas, na vida doméstica, seja 
no plano da vida política. Veja, por exemplo, que 
os movimentos de rebelião popular sempre foram 
muito contidos com o uso de uma violência ex-
trema, não se pouparam vidas. Durante o século 
XIX, todos os movimentos sociais de raízes po-
pulares foram reprimidos com muita violência, 
como a Sabinada [rebelião autonomista ocorrida 
na Bahia, de 1837 a 1838, que chegou a procla-
mar uma república baiana] e a Balaiada [revol-
ta de caráter social ocorrida entre 1838 e 1841, 
no interior do Maranhão]. Na vida doméstica, o 
modo como se tratavam os escravos, as crianças, 
as mulheres e os desafetos também sempre foi 
com o emprego de muita violência. Há uma extre-
ma violência ao lidar com as diferenças, quando 
você tem de lidar com conflitos, com interesses 
opostos. Ou seja, a gente pode dizer que há um 
lastro de violência tanto na cultura quanto na po-
lítica brasileira. Mas não acho que seja só isso. É 
claro que há manifestações de solidariedade. Não 
gosto de usar o conceito de cultura da violênciacomo se houvesse uma cultura à parte da cultu-
ra geral. Sabemos que, cientificamente, isso não 
ocorre. Existem traços de cultura que, de alguma 
maneira, estão associados a outros traços de cul-
tura. Uma espécie de sincretismo.
Podemos creditar a violência que permeia 
a sociedade brasileira à maneira como se deu 
nossa colonização? Por exemplo, os portugue-
ses escravizaram índios e negros com uma ati-
tude extremamente violenta.
Certamente a escravidão deixou marcas. Por 
que se lidou com o escravo com muita violência? 
Porque o escravo era coisa, não era pessoa, era 
mercadoria. Por isso, a ideia de que você decide 
o que quer fazer com a mercadoria, se quer dis-
por dela produtivamente ou improdutivamente. 
Resgatar a dimensão de humanidade dos escravos 
Aula 17
9Português 5C
é uma tarefa cultural imensa da sociedade. Mas 
claramente não conseguimos resultados dos mais 
adequados, porque ainda há desigualdade entre 
brancos e negros. Não acho que a gente deva des-
cartar as heranças escravistas, mas o argumento 
da herança colonial também é perigoso. Primeiro, 
porque, no momento em que se diz que a violên-
cia tem causa nas nossas heranças, reforça-se o 
argumento da história como algo congelado no 
tempo. A história aconteceu lá e continua acon-
tecendo hoje. Por mais que as nossas heranças 
pesem, elas são atualizadas, são reinterpretadas. 
Não dá para você achar simplesmente que a he-
rança explica tudo. O problema é que a sociedade 
brasileira construiu um Estado que, durante mui-
to tempo, foi de proteção das classes proprietárias 
contra o resto da população. Vivemos em uma 
sociedade de fundo conservador, uma sociedade 
com muitas dificuldades de promover rupturas.
Você acha que o brasileiro tem um caráter 
acomodado? Por exemplo, critica-se que quase 
não houve reação da população ao golpe ocor-
rido em 1964, responsável pela instalação da 
ditadura militar no país.
Como sociólogo, tenho uma enorme dificul-
dade de falar sobre o caráter nacional brasileiro. 
Há um clássico estudo do professor Dante Morei-
ra Leite, daqui da USP, que é um livro chamado O 
caráter nacional brasileiro [a obra ganhou uma edi-
ção em 2003 pela Unesp]. Nesse livro, ele ques-
tiona essa imagem de que o brasileiro é mais cor-
dato, mais contemporizador – de alguma maneira 
isso está na literatura, no senso comum, na im-
prensa. Há brasileiros e brasileiros. Por exemplo, 
ser brasileiro no Sudeste é muito diferente de ser 
brasileiro no Nordeste ou no Norte, ou ser bra-
sileiro branco é diferente de ser brasileiro negro. 
Então, é difícil dizer o que é o Brasil. Acho que é 
preciso entender que, provavelmente, o golpe te-
nha matizes muito diferentes. Tradicionalmente, 
a sociedade brasileira não é uma sociedade pola-
rizada entre duas grandes tendências, de direita e 
de esquerda, como aconteceu no Chile ou na Ar-
gentina. Você tem matizes na direita, na esquerda 
e um grande centro. Você pode dizer que, desses 
matizes, houve uma parte da sociedade brasileira 
que protestou mesmo. Mas foi cassada, foi expul-
sa do espaço público, muitos foram perseguidos 
politicamente e tiveram suas mínimas garantias 
constitucionais suspensas. E também houve uma 
parte que, de alguma maneira, ficou em silêncio. 
Acho que a gente tem de pensar que o cenário não 
era homogêneo.
Acesso em: 12 ago. 2014. ADORNO, Sérgio. Entrevista. Revista E, n. 127, dez. 2007. 
Disponível em: http://www.nevusp.org/. 
17.10. (UFJF – MG) – Releia, agora, a resposta dada pelo 
sociólogo:
Como sociólogo, tenho uma enorme dificul-
dade de falar sobre o caráter nacional brasileiro. 
Há um clássico estudo do professor Dante Mo-
reira Leite, daqui da USP, que é um livro chama-
do O caráter nacional brasileiro [a obra ganhou 
uma edição em 2003 pela Unesp]. Nesse livro, 
ele questiona essa imagem de que o brasileiro é 
mais cordato, mais contemporizador – de alguma 
maneira isso está na literatura, no senso comum, 
na imprensa. Há brasileiros e brasileiros.
O trecho acima contém uma estratégia para convencer o 
leitor sobre a qualidade das ideias apresentadas na entrevista. 
Que estratégia é essa? 
a) um argumento de autoridade. 
b) um apelo emocional. 
c) um apelo ao senso comum do leitor. 
d) um argumento pelo exemplo. 
e) um contra-argumento. 
Aprofundamento
Instrução: Texto para a próxima questão. 
Trecho de uma entrevista com o escritor canadense Don 
Tapscott
 Jornalista: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 
Don Tapscott: Quando falamos em informa-
ção livre, em transparência, falamos de governos, 
de empresas, não do ser humano comum. As 
pessoas não têm obrigação de expor seus dados, 
seus gostos. Ao contrário, elas têm a obrigação de 
manter a privacidade. Porque a garantia da priva-
cidade é um dos pilares de nossa sociedade. Mas 
vivemos num mundo em que as informações pes-
soais circulam, e essas informações formam um 
ser virtual. Muitas vezes, esse ser virtual tem mais 
dados sobre você do que você mesmo. Exemplo: 
você pode não lembrar o que comprou há um 
ano, o que comeu ou que filme viu há um ano. 
Mas a empresa de cartão de crédito sabe, o Face-
book pode saber. Muitas pessoas defendem toda 
essa abertura, mas isso pode ser muito perigoso 
por uma série de razões. Há muitos agentes do 
mal por aí, pessoas que podem coletar informa-
ções a seu respeito para prejudicá-lo. Muitas ve-
zes somos nós que oferecemos essa informação. 
Por exemplo, 20% dos adolescentes nos Estados 
Unidos enviam para as namoradas ou namorados 
fotos em que aparecem nus. Quando uma meni-
10 Extensivo Terceirão
na de 14 anos faz isso, ela não tem ideia de onde 
vai parar essa imagem. O namorado pode estar 
mal-intencionado ou ser ingênuo e compartilhar 
a foto.
Jornalista: E as informações que não fornece-
mos, mas que coletam sobre nós por meio da visita a 
websites ou pelo consumo?
Don Tapscott: Há dois grandes problemas. Um 
é o que chamo de Big Brother 2.0, que é diferente 
daquela ideia de ser filmado o tempo todo por um 
governo. Esse Big Brother 2.0 é a coleta sistemáti-
ca de informações feita pelos governos. O segun-
do problema é o “little brother” – as empresas que 
também coletam informações a nosso respeito por 
razões econômicas, para definir nosso perfil e nos 
bombardear com publicidade. Muitas empresas, 
como o Facebook, querem é que a gente forneça 
mais e mais informações sobre nós mesmos porque 
isso tem valor. Às vezes, isso pode até ser vantajoso. 
Se eu, de fato, estiver procurando um carro, seria 
ótimo receber publicidade de carros diretamente. 
Mas e se essas empresas tentarem manipulá-lo? Po-
dem usar sofisticados instrumentos de psicologia 
para motivá-lo a fazer alguma coisa sobre a qual 
você nem estava pensando.
Jornalista: O que podemos fazer para evitar 
isso?
Don Tapscott: Precisamos de mais leis sobre 
como essas informações são usadas. É necessário 
ficar claro que os dados coletados serão usados 
apenas para um propósito específico e que esse 
conjunto de dados não pode ser vendido para ou-
tros sem a sua permissão.
(Folha de S. Paulo, 12/07/2012. Texto adaptado.) 
17.11. (ITA – SP) – Assinale a opção que apresenta a melhor 
pergunta do jornalista (1ª. linha do texto) para a resposta do 
entrevistado. 
a) Qual sua opinião sobre o uso que as empresas fazem da 
Internet? 
b) O senhor vê grandes mudanças na comunicação hoje, 
após o advento da Internet? 
c) Qual sua opinião sobre o comportamento dos jovens 
hoje na Internet? 
d) Hoje, quando tanto se fala de troca de informações 
on-line, como fica a questão da privacidade? 
e) Atualmente, por que os governos precisam de tantas 
informações sobre as pessoas comuns? 
17.12. (UEL – PR) – O texto a seguir é parte da entrevista 
intitulada “Desprezo com caipira é tentativa de negar raízes”, 
concedida pelo professor-doutor Romildo Sant’Anna, da 
Unesp de Rio Preto (SP) e do curso de Jornalismo da Uni-
mar de Marília (SP). Para o professor, assim como as modas 
caipiras, a música sertaneja também retrata a realidade dopovo e não deve ser desprezada.
DEBATE – Há alguma semelhança de conteú-
do entre a música sertaneja e a música caipira?
Romildo – A grande característica contida nas 
letras das músicas caipiras é que elas refletem a 
falta da terra, falta de uma coisa fundamental que 
é o símbolo da mãe. Assim como ela, a música 
sertaneja também mostra a falta de alguma coisa. 
É sempre a mãe, a mulher que foi embora, que se 
casou com outro, é a diferença social, um que é 
pobre outro rico, enfim, o desencontro amoroso. 
Dessa maneira a mulher, também mãe e criadora, 
substituiu a “mãe terra” cantada na música caipi-
ra. É claro que isso tem um caráter mais banal. É 
a banalização da própria falta de educação formal 
no Brasil, no sentido de se ter maiores aprofunda-
mentos filosóficos. A música caipira fala de valores 
muito antigos, já a sertaneja reflete valores mais 
ordinários, coisas mais passageiras desse mundo 
sem raízes. Há essa diferença, mas não podemos 
ter preconceitos em relação a nenhum dos dois 
gêneros, já que ambos refletem uma realidade da 
qual o povo é a grande vítima. A população que 
consome a música sertaneja não é culpada.
(Adaptado de: Disponível em: <http://www2.uol.com.br/
debate/13-37/caad/cadernod01a.htm>. Acesso em: 23 out. 2010.)
De acordo com o entrevistado, assinale a alternativa correta. 
a) A música sertaneja avança em qualidade técnica e elabora 
temas mais sofisticados, tornando-se, assim, culturalmen-
te superior à música caipira. 
b) A música caipira tem fundamento na emoção do homem 
simples mediante sua falta de opção amorosa no campo 
e seu anseio por viver na cidade. 
c) A música caipira, diferentemente da música sertaneja, é 
feita para analfabetos, por isso revela humildade e sim-
plicidade em suas letras e na composição. 
d) Hoje em dia, a classe média dos grandes centros urbanos 
prefere a música sertaneja por representar melhor a vida 
do homem na cidade e fazer esquecer as dores. 
e) A música sertaneja torna banal o tema da sensibilidade 
do homem da terra, uma vez que, em suas letras, quase 
sempre remete ao universo afetivo-sexual. 
Instrução: Texto para as questões 17.13 e 17.14. 
Em agosto de 2005, a Revista Língua fez uma 
entrevista com Millôr Fernandes, o escritor esco-
lhido para ser o homenageado da FLIP 2014. Eis, 
aqui, alguns trechos dessa entrevista.
Língua – Fazer humor é levar a sério as pala-
vras ou brincar com elas? 
Millôr – Humor, você tem ou não tem. Pode 
ser do tipo mais profundo, mais popular, mas tem 
de ter. Você vai fazendo e, sem querer, a coisa sai 
engraçada. Dá para perceber quando a construção 
é forçada. Tenho uma capacidade muito natural 
de perceber bobagem e destruir a coisa.
Aula 17
11Português 5C
Língua – Com que língua você mais gosta de 
trabalhar?
Millôr – Não aprendi línguas até hoje (risos). 
Gosto de trabalhar com o português, embora in-
glês seja a que eu mais leio. Nunca tive temor de 
nada. Deve-se julgar as obras pelo que elas têm de 
qualidade, não por serem de fulano ou beltrano. 
Shakespeare fez muita besteira, mas tem três ou 
quatro obras perfeitas, e Macbeth é uma delas.
Língua – Na sua opinião, quais vantagens o 
português possui em comparação a outras línguas 
que você conhece?
Millôr – A principal vantagem é a de ser a mi-
nha língua. Ninguém fala duas línguas. Essa ideia 
de um espião que fala múltiplas línguas não passa 
de mentira. Vai lá no meio do jogo dizer “salame 
minguê, um sorvete colorê...” ou “velho guerrei-
ro”. Os modismos da língua, as coisas ocasionais, 
não são acessíveis a quem não é nativo. Toda pes-
soa tem habilidade só no seu idioma. Você pode 
aprender uma, dez, sei lá quantas expressões 
de outra língua, mas ainda existirão outras mil 
– como é que se vai fazer? A língua portuguesa 
tem suas particularidades. Como outras também. 
Aprendi desde cedo a ter o cuidado de não rimar 
ao escrever uma frase. Sobretudo em “-ão”.
Língua – Quais as normas mais loucas ou 
mais despropositadas da língua portuguesa?
Millôr – Toda pesquisa de linguagem é peri-
gosa porque tem o caráter de induzir o sentido. 
Não tenho nenhum carinho especial por gramá-
ticos. Na minha vida inteira sempre fui violento 
[no ataque às regras do idioma], porque a língua 
é a falada, a outra é apenas uma forma de você 
registrar a fala. Se todo mundo erra na crase é a 
regra da crase que está errada, como aliás está. 
Se você vai a Portugal, pode até encontrar uma 
reverberação que indica a crase. Não aqui. Aqui, 
no Brasil, a crase não existe.
Língua – Mas a fala brasileira é mutante e 
díspar, cada região tem sua peculiaridade. Como 
romper regras da língua sem cair no vale-tudo?
Millôr – Se não houver norma, não há como 
transgredir. A língua tem variantes, mas temos 
de ensinar a escrever o padrão. Quem transgride 
tem nome ou peito, que o faça e arque com as 
consequências. Mas insisto que a escrita é apenas 
o registro da língua falada. De Machado de Assis 
pra cá, tudo mudou. A língua alemã fez reforma 
ortográfica há 50 anos, correta. Aqui, na minha 
geração, já foram três reformas do gênero, uma 
mais maluca que a outra. Botaram acento em 
“boemia”, escreveram “xeque” quando toda lín-
gua busca lembrar o árabe shaik, insistiram que o 
certo é “veado” quando o Brasil inteiro pronuncia 
“viado”. Como chegaram a tais conclusões? Essas 
coisas são idiotas e cabe a você aceitar ou não. 
Veja o caso da crase. A crase, na prática, não existe 
no português do Brasil. Já vi tábuas de mármore 
com crase errada. Se todo mundo erra, a crase é 
quem está errada. Se vamos atribuir crase ao mas-
culino “dar àquele”, por que não fazer o mesmo 
com “dar alguém”? Não podemos.
Disponível em: http://revistalingua.uol.com.br/textos/97/millor-fernandeso-
senhor-das-palavras-247893-1.asp. Acesso em: 13/06/2014. Adaptado. 
17.13. (UPE – PE) – Numa entrevista, o teor das perguntas diz 
muito a respeito do entrevistado. Considerando o conjunto 
de perguntas da entrevista do texto, bem como as demais 
informações apreendidas do texto, é CORRETO afirmar que 
o entrevistador, ao elaborar as perguntas, teve em conta, 
principalmente, que Millôr Fernandes 
a) é um escritor famoso pela linguagem correta e pelo estilo 
sofisticado, o que angariou o reconhecimento por parte 
dos gramáticos e de outros estudiosos da língua. 
b) se notabilizou pelo humor inteligente e por uma visão crí-
tica a respeito da tradicional normatização da língua, como 
confirmam as respostas que deu nessa mesma entrevista. 
c) se tornou conhecido como crítico mordaz, que polemiza 
sobre assuntos para os quais não tem autoridade, como 
se pode comprovar na menção irreverente a escritores 
famosos. 
d) tem amplo conhecimento sobre a língua, resultado de 
muitos anos dedicados à pesquisa científica linguística, 
o que é atestado num posicionamento francamente 
academicista. 
e) tem capacidade para discutir os fatos da língua sob uma 
perspectiva não apenas restrita ao trabalho dos escritores, 
mas também voltada a uma abordagem tradicional do 
ensino de língua. 
17.14. (UPE – PE) – O texto, uma entrevista, organiza-se de 
acordo com especificidades composicionais e linguísticas 
próprias do gênero. Levando isso em consideração, analise 
as proposições a seguir.
I. A depender do entrevistado, uma entrevista pode apre-
sentar marcas de informalidade, a exemplo do tratamento 
pronominal de que fazem uso os interlocutores do texto.
II. Uma entrevista costuma ser constituída por mais de um 
tipo textual, a exemplo das sequências argumentativas 
e narrativas que ajudam a compor o texto.
III. Os eixos temáticos abordados na entrevista – língua e humor 
– conferem ao texto um caráter excessivamente informal.
IV. Marcas de oralidade no texto – por exemplo, trecho de 
música (3º. parágrafo) e palavras incisivas, como “boba-
gem” (1º. parágrafo), “besteira” (2º. parágrafo) e “idiotas” (5º. 
parágrafo) – deveriam ser evitadas, uma vez que se trata 
de um texto escrito.
Estão CORRETAS, apenas: 
a) I e II. b) I e III.c) I, II e IV. d) II e IV. 
e) III e IV. 
12 Extensivo Terceirão
Instrução: Texto para a próxima questão.
‘Jeitinho brasileiro’: 82% acham que maioria 
pretende tirar vantagem, diz pesquisa
Levantamento da Confederação Nacional 
da Indústria (CNI) revela percepção da 
população sobre o tema
LETICIA FERNANDES
RIO – Vivemos em uma sociedade dividida 
entre malandros e manés? O cultuado “jeitinho 
brasileiro” costuma ser usado para burlar regras, 
furar filas, andar pelo acostamento e sempre se 
sair melhor do que a pessoa ao lado. Mesmo 
quando ela é da sua família, seu amigo, vizinho 
ou colega de trabalho. É o que mostra pesquisa da 
Confederação Nacional da Indústria (CNI), feita 
entre 17 e 21 de setembro de 2012, e completa-
da com dados divulgados somente no início deste 
ano. A percepção dos entrevistados em relação à 
forma de agir do brasileiro reflete o jeito com que 
tratamos as pessoas, mesmo as mais próximas do 
nosso círculo afetivo: 82% acham que a maioria 
age querendo tirar vantagem, enquanto só 16% 
dos entrevistados acham que as pessoas agem de 
maneira correta. Embora os dados tenham sido 
coletados no ano retrasado, a coordenação da 
pesquisa diz que um ou dois anos não interferem 
na alteração do nível de percepção das pessoas.
– Há certas imagens sobre o comportamento 
do brasileiro que permeiam as percepções das 
pessoas nas suas relações sociais. A ideia de que 
o brasileiro sempre burla normas e determinações 
para obter o que almeja – e essa é uma definição 
do jeitinho – é recorrente. Para a grande maioria 
dos brasileiros, a busca de atalhos, soluções faci-
litadas ou vantagens fazem parte do cotidiano das 
pessoas – explica Rachel Meneguello, cientista po-
lítica da Universidade de Campinas (Unicamp).
Nível de confiança e percepção da forma de 
agir do brasileiro
Quando o assunto é confiança, o número tam-
bém é alto: de 62% dos brasileiros que responde-
ram negativamente para o quesito confiança, 29% 
não têm nenhuma e 33% quase nenhuma con-
fiança na maioria das pessoas. Os otimistas, que 
confiam muito no próximo, são apenas 6%, e os 
que disseram ter alguma confiança somam 31%.
Quanto mais próximo é o círculo social, maior 
é a confiança. A pergunta sobre familiares teve 
93% de respostas positivas, em que os entrevis-
tados disseram depositar muita (73%) ou alguma 
confiança (20%) em membros da família. Logo 
depois, vêm os amigos, que inspiram muita con-
fiança em apenas 18% das pessoas. Os que disse-
ram ter alguma confiança foram 48%.
A pesquisa aponta ainda que o Nordeste é a 
região onde as pessoas mais acreditam estar sendo 
passadas para trás. São 89% os entrevistados que 
acham que os outros querem tirar vantagem e só 
9% acreditam que as pessoas agem de maneira 
correta. Em seguida, vem o Sul, com 85% de grau 
de desconfiança, seguido pelo Sudeste (81%) e Nor-
te/Centro-Oeste (71%).
O perigo mora ao lado
Tão próximos, mas tão distantes: assim percebe-
mos nossos vizinhos em 53% dos casos analisados. 
De acordo com a CNI, que entrevistou 2002 brasi-
leiros de 143 municípios, mais da metade dos bra-
sileiros desconfia dos moradores da porta ao lado.
Para Rachel Meneguello, o alto nível de descon-
fiança mesmo entre pessoas próximas aponta para 
a fragilidade das relações sociais: “Em contextos em 
que, mesmo entre os grupos mais próximos, a rela-
ção é frágil, estamos diante de situações em que o 
tecido social está esgarçado.”.
A última categoria analisada foi a de colegas de 
trabalho ou escola. Nesta faixa, dos 44% de entrevis-
tados que relataram confiança, 9% confiam muito e 
35% têm alguma confiança nas pessoas à sua volta. 
A desconfiança, aqui, chega a 47%, sendo 22% os 
que confiam quase nada e 25% os que não têm ne-
nhuma confiança nesse grupo.
No grupo dos que recebem até um salário-mí-
nimo, a desconfiança aumenta, com 83% dos en-
trevistados acreditando que a maioria das pessoas 
quer tirar vantagem. O nível só diminui na categoria 
dos que ganham de 5 a 10 salários-mínimos, mes-
mo assim chega aos 77%. Sobre a percepção que o 
brasileiro tem da sociedade, o nível de desconfiança 
é maior entre os mais pobres e os mais ricos. Na 
faixa de quem ganha um salário-mínimo, 67% dos 
entrevistados disseram ter pouca (26%) ou nenhu-
ma confiança (41%) na maioria das pessoas. No 
grupo que ganha mais de 10 salários-mínimos, 68% 
apontaram desconfiança absoluta (39%) ou muita 
desconfiança (29%) na maioria das pessoas.
“O que tem é essa visão de que o brasileiro sem-
pre quer tirar vantagem, ele passa pelo acostamen-
to, fura fila, não devolve o troco, cola na prova, e 
isso afeta essa avaliação. As pessoas podem defender 
uma sociedade sem corrupção, mas, nessas peque-
nas coisas, elas não têm essa ética, e aí você começa 
a perder confiança. É uma confiança desconfiada” – 
conta Renato da Fonseca, coordenador da pesquisa.
Entrevistados com nível superior são os que 
mais confiam nos outros. Mesmo assim, são ape-
nas 19% os que acreditam que as pessoas agem 
de forma correta e 80% os que acreditam que elas 
querem tirar vantagem.
FERNANDES, L. ‘Jeitinho brasileiro’: 82% acham que maioria pretende 
tirar vantagem, diz pesquisa. O GLOBO. São Paulo, 22 ago. 2014. 
Aula 17
13Português 5C
17.15. (UFJF – MG) – Sobre os dados apresentados pela 
pesquisa, É POSSÍVEL afirmar que: 
a) os mais ricos têm uma desconfiança muito maior das 
pessoas do que os mais pobres. 
b) menos da metade dos entrevistados desconfia dos cole-
gas de trabalho ou de escola. 
c) a relação de proximidade entre os vizinhos assegura um 
baixo nível de desconfiança. 
d) a percepção da forma de agir do brasileiro não tem relação 
com o nível de escolaridade dos entrevistados. 
e) cerca de 90% das pessoas entrevistadas deposita total 
confiança nos membros da família. 
Instrução: Texto para a próxima questão.
“Nenhum país do mundo faz o que o Brasil está 
fazendo: leiloar aos poucos o acesso da produção 
de petróleo de campos cujo total é desconhecido”, 
adverte Ildo Sauer, em entrevista concedida à IHU 
On-Line, ao comentar o leilão do Campo de Libra, 
anunciado para 21 de outubro deste ano. Na ava-
liação dele, a iniciativa da Presidência da República 
é equivocada, porque “não faz sentido” colocar em 
leilão o Campo de Libra, que, “segundo a Agência 
Nacional do Petróleo - ANP, pode ter entre 8 e 12 
bilhões de barris, apesar de haver estimativas de 
que possa chegar a 15 bilhões de barris. Se os da-
dos forem esses, trata-se da maior descoberta do 
país”. De acordo com ele, o “Brasil não sabe se tem 
50 bilhões, 100 bilhões ou 300 bilhões de barris. 
Se o país tiver 100 bilhões, estará no grupo de pa-
íses de grandes reservas; se tiver 300 bilhões, será 
o dono da maior reserva do mundo, porque 264 
bilhões é o volume de barris da Arábia Saudita”.
Disponível em: <http://www.mabnacional.org.br/noticia/pr-sal-eembate-
geopol-tico-estrat-gico-entrevista-especial-com-ildosauer>. 
Acesso em: 15/10/2013. Fragmento adaptado.
17.16. (ACAFE – SC) – Conforme o texto, é correto o que 
se afirma em: 
a) A Agência Nacional do Petróleo estima que a Petrobrás 
poderá extrair da reserva do Campo de Libra cerca de 15 
bilhões de barris. 
b) De acordo com o entrevistado, o Brasil terá em breve a 
maior reserva de petróleo do mundo. 
c) Ildo Sauer manifesta-se claramente contra o leilão do 
Campo de Libra porque é a maior reserva de petróleo 
do Brasil. 
d) As estimativas atuais ainda não permitem afirmar, com 
certeza, que o Brasil está entre os países que detêm 
grandes reservas de petróleo. 
Instrução: Texto para a próxima questão:
Ninguém se surpreendeu com a notícia de que 
Washington possui um poderoso sistema de es-
pionagem, mas a revelação de sua amplitude por 
Edward Snowden criou um escândalo planetário. 
Nos Estados Unidos, a novidade foi recebida com 
apatia. Estão distantes os dias em que as escutas 
telefônicas provocavam a ira da população.
As revelações de Edward Snowden sobre a 
amplitude do programa de vigilânciaeletrônica 
da Agência de Segurança Nacional (NSA, na si-
gla em inglês) levantam a questão da intromissão 
das agências de inteligência dos Estados Unidos 
na vida dos cidadãos. Contudo, para além do re-
gistro de metadados a partir de linhas telefônicas 
e da navegação na internet, esse caso revela outra 
realidade, também preocupante: a maior parte 
dos norte-americanos aprova o controle das co-
municações eletrônicas privadas.
 
Esse consentimento perante a espionagem 
nem sempre existiu nos Estados Unidos. Algumas 
semanas antes do atentado de 11 de setembro de 
2001, o jornal USA Today publicava a manchete: 
“Quatro em cada dez norte-americanos não con-
fiam no FBI” (20 jun. 2001). Durante décadas, 
estudos sucessivos da Secretaria de Justiça mos-
traram a forte oposição da população às escutas 
telefônicas pelos poderes públicos. Entre 1971 e 
2001, a taxa de desconfiança chegou a flutuar en-
tre 70% e 80%. Mas os atentados contra o World 
Trade Center e o Pentágono e, em seguida, a guer-
ra contra o terrorismo empreendida por George 
W. Bush mudaram o cenário e conduziram os 
norte-americanos a reconsiderar bruscamente a 
oposição secular à vigilância de cidadãos.
Após um século de grande oposição, a socie-
dade norte-americana aprendeu a renunciar a seu 
direito à confidencialidade. Para grande parte da 
população – sem lembranças desse passado não 
muito distante –, o medo do terrorismo amplamen-
te difundido e a promessa de respeito aos direitos 
dos “inocentes” tornaram-se mais importantes que 
as aspirações à proteção da vida privada e das liber-
dades civis. O “deserto do esquecimento organiza-
do”, segundo a expressão do sociólogo Sigmund 
Diamond, deixa o caminho livre para aqueles que 
desejam manter a ordem estabelecida.
PRICE, David. Caso Snowden: a história social das escutas telefônicas. 
(fragmento) In: www.noticiasdabahia.com.br, publicado em 21/08/2013. 
17.17. (PUC – RS) – Analise as possibilidades de inserção dos 
períodos a seguir na lacuna no final do segundo parágrafo.
1. Segundo pesquisa realizada pelo jornal Washington Post 
alguns dias depois das declarações de Snowden, 56% da 
população julgam que o programa vigilância eletrônica 
é “aceitável” e 45% acreditam que o Estado deve “ser 
capaz de vigiar os e-mails de qualquer pessoa na luta 
contra o terrorismo”.
2. Dados veiculados pelo jornal Washington Post, logo de-
pois das revelações de Snowden, informam que 56% da 
população consideram “aceitável” o programa de vigi-
lância eletrônica, pois, segundo 45% dos entrevistados, 
14 Extensivo Terceirão
não é dever do Estado “vigiar os e-mails de qualquer 
pessoa na luta contra o terrorismo”.
3. Logo após as denúncias de Snowden, uma pesquisa rea-
lizada pelo jornal Washington Post confirmou que 56% 
da população rejeitam o programa vigilância eletrônica 
e que, para 45%, cabe ao Estado “vigiar os e-mails de 
qualquer pessoa para fazer frente ao terrorismo”.
O(s) período(s) que pode(m) completar a lacuna do segundo 
parágrafo, mantendo a coerência do texto, é/são, apenas, 
a) 1. b) 2. c) 3. 
d) 1 e 2. e) 2 e 3. 
17.18. (INSPER – SP) – Leia:
Suspensão de blog com livros 
piratas cria discussão na web
Uma mensagem de violação dos termos de uso 
anunciou semana passada aos milhares de visitantes 
diários do blog Livros de Humanas a suspensão da 
página, que era hospedada pelo Wordpress. Criado 
em 2009 por um aluno da USP, o blog formou em 
pouco mais de dois anos uma biblioteca maior do 
que a de muitas faculdades brasileiras. Até sair do 
ar, reunia 2.496 títulos, entre livros e artigos, de fi-
losofia, antropologia, teoria literária, ciências sociais, 
história etc. Um acervo amplo, de qualidade, que 
podia ser baixado imediatamente e de graça.
Muitas pessoas, é claro, adoravam a página. En-
tre elas, no entanto, não estavam os editores dos 
livros reunidos ali. A biblioteca do Livros de Huma-
nas era toda formada sem qualquer autorização. 
“É óbvio que o blog desrespeita a legislação vi-
gente” - diz o criador da página, que mantém anoni-
mato, numa entrevista por e-mail. – “Mas não por-
que somos bandidos, mas porque a legislação é um 
entrave para o desenvolvimento do pensamento e 
da cultura no país.”
O mesmo argumento foi defendido nos últimos 
dias no Twitter por intelectuais como o crítico lite-
rário Idelber Avelar, o antropologo Eduardo Vivei-
ros de Castro, a escritora Verônica Stigger e o poeta 
Eduardo Sterzi. Do outro lado da discussão, críticas 
à pirataria. A Editora Sulina, que vinha pedindo a 
remoção da página, falou em “apropriação indevida” 
e o escritor Juremir Machado escreveu: “Quem cha-
ma pirataria de universalização da cultura é babaca 
q ñ vende livro, mas quer q alguém pague a conta. 
Livro tem de ser barato e pago”.
O caso chama atenção para a ampliação da cir-
culação de arquivos digitais de livros na internet, 
uma prática que dá novo sentido e escala à discus-
são sobre a circulação de cópias xerocadas no meio 
acadêmico.
(Fonte: http://oglobo.globo.com/blogs/prosa/posts/2011/04/29/suspensao-
de-blog-com-livros-piratas-cria-discussao-na-web-377257.asp).
De acordo com o texto, o blog 
a) constitui uma contravenção, assumida por seu próprio 
criador, o qual, no entanto, considera a punição muito 
severa para quem comete esse tipo de crime. 
b) foi retirado da internet por violar a autoria das obras 
publicadas. 
c) tinha um acervo variado e era publicado gratuita e espe-
cificamente para alunos do curso de letras da USP. 
d) foi suspenso pela Editora Sulina, que classificou a prática 
do blog como “pirataria”. 
e) evidencia que a prática de copiar obras ilegalmente, 
comum em universidades, agora tem ramificações no 
mundo virtual. 
Desafio
17.19. (FUVEST – SP) – Considere os textos para responder 
à questão.
I. A tônica é que os pequenos jogadores da equipe 
de futebol Javalis Selvagens estão tranquilos e 
até confortáveis, bem cuidados na caverna pela 
numerosa equipe internacional que tenta retirá-
los dali, e que têm muita vontade de voltar a 
comer seus pratos favoritos quando voltarem 
para casa.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/07/07/
internacional/1530941588_246806.html. Adaptado.
II. Bem, minha vida mudou muito nos últimos dois 
anos. O mundo que explorei mudou muito. Eu 
vi muitas paisagens diferentes durante as turnês, 
e é realmente inspirador ver o quão grande é 
o mundo. Eu quero explorar e experimentar 
diferentes partes da natureza, mas eu não gosto 
do deserto, sinto muito pelas plantas! Ou talvez 
eu goste disso… te deixa com sede de olhar 
para ele…
http://portalaurorabr.com/2018/09/16/eu_sou_feminista_porque_
sou_mulher_diz_aurora_em_entrevista_ao_independent/
III. 
Aula 17
15Português 5C
a) Quanto ao sentido, a palavra “bem”, destacada nos três 
textos, desempenha a mesma função em cada um deles? 
Justifique.
b) Reescreva o trecho “Eu quero explorar e experimentar 
diferentes partes da natureza, mas eu não gosto do de-
serto, sinto muito pelas plantas!”, empregando o discurso 
indireto e fazendo as adaptações necessárias. Comece o 
período com “Ela disse que”. 
17.20. (UNICAMP – SP) – Leia a seguir trechos das entrevistas 
concedidas pelo escritor chileno Alejandro Zambra ao jornal 
Folha de São Paulo e à revista Cult sobre seu livro Múltipla 
Escolha, lançado no Brasil em 2017. A obra imita o formato 
da Prova de Aptidão Verbal aplicada de 1966 a 2002 aos 
candidatos a vagas em universidades no Chile. 
Falando à Folha, Zambra afirma que havia na 
prova de múltipla escolha “uma grande sintonia 
com a ditadura chilena. Para entrar na universi-
dade, teríamos que saber eliminar as orações. Ha-
via censura, e nos aconselhavam a censurar”. E 
acrescenta que o sistema educacional moldava o 
pensamento dos alunos com “a ideia de que só 
existe uma resposta correta.” 
Abordando o sentido crítico da escolha desse 
formato para a narrativa, o autor explica à Cult 
que, tendo sido criado nesse sistema, interessava-
-lhe mais a autocrítica. Escrevendouma espécie 
de novela, lembrou-se da prova e começou a brin-
car com esse formato. “No começo foi divertido, 
como imitar as vozes das pessoas, mas logo me dei 
conta de que também imitava minha própria voz, 
até que de repente entendi que esse era o livro. A 
paródia e a autoparódia, a crítica e a autocrítica, 
o humor e a dor...” O formato de prova oferece 
diversas opções para completar e interpretar cada 
resposta, mas pede ao leitor um movimento du-
plo de leitura: testar possibilidades de respostas e 
erigir uma opção única e arbitrária. Zambra escla-
rece: “me interessam todos esses movimentos da 
autoridade. A ilusão de uma resposta, por exem-
plo. Creio que este é um livro sobre a ilusão de 
uma resposta. Nos ensinaram isso, que havia uma 
resposta única, e logo descobrimos que havia 
muitas e isso às vezes foi libertador e outras vezes 
foi terrível. Quem sabe algumas vezes nós tam-
bém quisemos que houvesse uma resposta única.” 
(Adaptado de entrevistas de Alejandro Zambra concedidas ao 
jornal Folha de São Paulo e à revista Cult em maio de 2017. 
Disponíveis em: <https://revistacult.uol.com.br/home/alejandro-
zambra-multipla-escolha/ e em http://www1.folha.uol.com.br/
ilustrada/2017/05/1885551 -literatura-esta-ligada-a-desordem-diz-
escritor-chileno-alejandro-zambra.shtml>. Acesso em: 11/12/2017.) 
a) Cite dois fatores que levaram Zambra a adotar a forma 
narrativa empregada em Múltipla Escolha. 
b) Por que Múltipla Escolha não funciona como a Prova de 
Aptidão Verbal chilena? Justifique sua resposta com base 
no tipo de leitor solicitado pela obra. 
16 Extensivo Terceirão
Produção de textos
Proposta 01
(UFPR) – Leia abaixo um trecho da entrevista do físico Marcelo Gleiser ao jornal Zero Hora.
Zero Hora – O senhor veio a Porto Alegre para falar sobre “ética na ciência”. Curiosamente, uma 
recente coluna sua sobre o tema está repleta de pontos de interrogação. O texto é uma sucessão de 
perguntas difíceis. O senhor já chegou a alguma resposta?
Gleiser – Nessa coluna, comecei tratando do romance Frankenstein, um dos símbolos mais poderosos 
sobre a questão da ética na ciência. Esse romance, de força mítica profunda, diz que existem certas questões 
científicas que estão além do que os humanos podem controlar. Mesmo que tecnologicamente possamos 
fazer algo – caso do doutor Victor Frankenstein, ao ressuscitar um cadáver usando eletricidade – não signi-
fica que moralmente estejamos prontos para fazê-lo. Você me pergunta se eu tenho respostas. O que a gente 
está tentando é começar a fazer as perguntas certas. Porque só quando se faz as perguntas certas é possível 
começar a encontrar algumas respostas.
ZH – E estamos prontos para chegar a essas respostas?
Gleiser – A questão em que você está interessado é se temos maturidade moral para decidir. E a resposta 
é simplesmente a seguinte: não. Não temos maturidade moral para certas questões. Mas isso não significa 
que a gente não deva fazer a pesquisa. Existe a ideia da Caixa de Pandora, onde estão guardados todos os 
males do mundo, e se você abre a Caixa de Pandora tudo escapa. As pessoas veem a ciência como um tipo 
de Caixa de Pandora: “Ah, esses cientistas ficam fuxicando, descobrem problemas sérios e depois a sociedade 
fica à mercê de avanços sobre os quais não temos controle”. Na verdade, não é nada disso. A ciência tem de 
ter total liberdade de pesquisa, contanto que certas questões sejam controladas ou pelo menos monitoradas 
por corpos especiais. Por exemplo, a questão da clonagem humana. Para mim, essa é uma das áreas que 
deveriam ser controladas com muito cuidado.
ZH – Quem deveria decidir as regras sobre o que se pode fazer?
Gleiser – Essa é a grande questão. Quem decide o que pode e o que não pode? Quem tem o direito de 
decidir por todas as pessoas? Acho que deveria haver uma aliança entre o Judiciário e um corpo de cientistas 
escolhido por órgãos do governo para estabelecer regras. Mas, infelizmente qualquer tecnologia que possa 
ser desenvolvida mais cedo ou mais tarde vai ser desenvolvida. 
(Zero Hora. 13 out 2013.)
Exponha as principais ideias de Marcelo Gleiser num texto de 8 a 10 linhas, totalmente em discurso indireto. 
Aula 17
17Português 5C
Proposta 02
(UEPG – PR) – ELABORE SUA REDAÇÃO, EM PROSA.
TEXTO 1
Celular na escola, pode ou não pode? 
Com o maior acesso das crianças e jovens aos dispositivos móveis, como celulares e tablets, proibir ou não 
o uso desses aparelhos na escola tornou-se dúvida recorrente entre diretores, coordenadores, professores e 
pais. Não há resposta única para essa dúvida. 
Existem alguns exemplos de como os professores podem usar o celular de forma interessante. Nas aulas 
de história, por exemplo, são comuns as atividades em que o professor pede aos alunos que entrevistem 
pessoas idosas da comunidade e busquem descobrir mais sobre a história do bairro e da cidade. Já pensou 
que bacana seria se os alunos pudessem gravar essas conversas com os seus celulares e depois fizessem uma 
espécie de documentário? E se os alunos fossem encorajados a desenvolver aplicativos, estimulando a cria-
tividade e fazendo uso da lógica? 
Adaptado de: Ricardo Falzetta, publicado em 12/7/2016. Disponível em https://blogs.oglobo.globo.com/todos-
pela-educacao/post/celular-na-escola-pode-ou-nao-pode.html Acesso em: 08/05/2018. 
TEXTO 2 
Celular na escola? Sou contra.
Argumentos psicológicos e psicopedagógicos justificam minha posição contra o uso de celular nas esco-
las. 
Se a atenção e a concentração são funções mentais imprescindíveis para a aprendizagem, como pode um 
aluno permanecer atento estando ligado permanentemente ao “lá fora” com todos os seus atrativos? 
Isso, sem falar no tipo e volume de toques existentes e a indiscrição de quem atende, desconcentrando 
todos os demais, inclusive o professor. Numa sala com trinta alunos, todos usando o celular, onde ficam as 
condições necessárias para se resolver problemas e produzir textos?
Adaptado de: Vera Lúcia Dias, publicado em 22/11/2009. Disponível em: <http://www.jmonline.com.br/novo/?noticias,22,ARTICULISTAS,18837>. Acesso em: 08/05/2018. 
TEXTO 3 
Inserindo o uso do celular em sala de aula
Quando utilizados da maneira correta, os celulares em sala de aula têm o poder de melhorar sobrema-
neira a motivação e o nível de aprendizagem dos alunos. Além disso, possuem a grande vantagem de serem 
ferramentas magníficas de apoio ao professor. Por meio deles, é possível incrementar as aulas e oferecer con-
teúdo mais interativos e que despertem o interesse genuíno do aluno em participar do processo. 
Até mesmo as tão temidas redes sociais, como Facebook e Whatsapp, podem ser direcionadas para uso 
em sala de aula. A criação de grupos de discussão e debates sobre determinado assunto é um bom exemplo 
disso. Além de promover maior participação do aluno, elas permitem que a atividade se expanda para além 
do período escolar e estimule os jovens a buscar referências na internet para basearem seus argumentos e 
opiniões. 
Outra possível maneira de inserir o uso de celulares em sala de aula de maneira construtiva é por meio 
da produção de conteúdo digital. Com as câmeras de foto e vídeo dos aparelhos cada vez mais sofisticadas 
e potentes, é possível propor atividades que explorem esses recursos. Criação de telejornais, entrevistas e 
produção de filmes curtos estão entre as opções. 
Adaptado de: Luísa França, publicado em 27/8/2016. Disponível em: <https://www.somospar.com.br/uso-do-celular-em-sala-de-aula/>. Acesso em: 18/5/2018 
ORIENTAÇÕES: 
– Gênero e tema: Faça um RELATO AUTOBIOGRÁFICO, de caráter fictício (mesmo que baseado em fatos reais), expondo 
uma situação vivida por você relacionada com a permissão ou proibição do uso do celular no colégio, seja para fazer 
um trabalho escolar, seja por causa de uma emergência, ou por qualquer outro motivo. 
– Língua: Pode usar uma linguagem coloquial, mas evite excesso de gíria. 
18 Extensivo Terceirão
– Assinatura: Ao final, assine seu relato com um desses nomes

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