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Vida Universitária Prof. Luís Cláudio Dallier, Prof. Rodrigo Rainha Descrição A experiência, os desafios e os aspectos institucionais da vida universitária. Propósito Compreender as características, os desafios e as conquistas da vida universitária para desenvolver habilidades que favoreçam o sucesso no aprendizado e no planejamento de seu curso. Objetivos Módulo 1 Bem-vindo à vida universitária! Reconhecer as oportunidades e os desafios da vida universitária. Módulo 2 A instituição acadêmica Identificar as características e as denominações das Instituições de Ensino Superior. Módulo 3 Organização e convivência acadêmicas Identificar aspectos da organização e da interação da vida acadêmica. Seja muito bem-vindo à vida universitária! Você faz parte de um dos mais belos projetos de vida: investir na própria formação a partir de um curso de graduação. Mas o que significa cursar uma graduação? O que é ser universitário hoje no Brasil? Que implicações essa experiência acadêmica tem em nossa vida pessoal, formação e futuro profissional? Essas são algumas questões que valem a pena fazer parte de nossa reflexão no começo da vida acadêmica. Por isso, vamos conhecer esse mundo do Ensino Superior, desde uma dimensão institucional até os aspectos relacionados diretamente com sua vida acadêmica. Introdução 1 - Bem-vindo à vida universitária! Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer as oportunidades e os desa�os da vida universitária. A chegada ao mundo universitário Começar um curso universitário é, com certeza, o sonho de milhares de jovens e de muita gente que não vê na sua idade mais avançada algum impedimento para realizar projetos e experimentar novas aprendizagens. E você está aqui, certamente, porque você quis e batalhou por isso. Seu desejo de se preparar para o mercado de trabalho, sua vontade de continuar aprendendo, sua esperança por dias melhores, seu sonho do diploma de ensino superior, seu compromisso em contribuir com a sociedade – tudo isso trouxe você até aqui. Você avaliou a situação, pensou nas alternativas, se organizou e tomou uma decisão: eu vou. É claro que ao tomar essa decisão você pode ter experimentado sentimentos e pensamentos diversos, como a segurança da decisão que estava tomando ou, por outro lado, alguma ponta de incerteza sobre a opção pelo curso escolhido. Mas o que importa muito neste momento é o sentimento de esperança, a confiança em você mesmo e a disposição de aceitar o maravilhoso desafio de aprender! É bem provável que você tenha em mente aonde quer chegar, seus objetivos, o que fazer depois da faculdade etc. Suas ideias podem ser uma forma de alimentar a esperança de dias melhores. E quando os desafios se tornarem concretos, as tarefas se avolumarem e as dificuldades para estudar ou entender algo mais difícil aparecerem, não esqueça o que fez você chegar até aqui. Atenção Lembre-se também de que você não está sozinho, que faz parte de uma grande comunidade de aprendizagem. E essa comunidade está integrada a uma instituição educacional que dará toda estrutura, apoio e orientação. Foram seus passos que o trouxeram até aqui, também serão seus passos que o levarão adiante, mas você não caminhará só. Além de competentes e dedicados professores, você contará com o suporte de um time altamente profissional e com a facilidade de recursos inovadores e conteúdo de qualidade. Por isso, é importante conhecer alguns aspectos dessa nova realidade e experiência que você passa a vivenciar. Aprender a aprender! Vamos refletir sobre uma ideia muito difundida ultimamente no meio educacional: mais do que aprender algo, é preciso aprender a aprender! Pode parecer meio estranha essa ideia de aprender a aprender, afinal todo mundo aprende algo de alguma forma. Mas quanto do que você estudou realmente foi aprendido? Quanto do que você aprendeu faz sentido hoje em dia ou você utiliza de alguma forma? E qual a garantia de que todo conteúdo que você estudar no seu curso continuará atual daqui 10 ou 20 anos? Calma! A gente não quer dar um nó na sua cabeça nem sugerir que vamos esquecer todo conteúdo a ser estudado ou que ele não terá valor daqui a algum tempo. O curso que você escolheu tem um projeto pedagógico arrojado, um currículo atualizado, em sintonia com o mercado de trabalho e também com os critérios de qualidade estabelecidos pelo Ministério da Educação (MEC). Além disso, você contará com metodologias inovadoras, conteúdo didaticamente elaborado e professores qualificados. Mas você precisa perceber algumas coisas: Não basta ter muita informação e assimilá-la para garantir o aprendizado. Não existe algo que o professor ou um tutor vá lhe oferecer e, como em um passe de mágica, fará você dominar tudo que é preciso aprender. As constantes mudanças no mundo do trabalho e as inovações tecnológicas tornam muitos conhecimentos provisórios, ou seja, há conhecimentos que, mais cedo ou mais tarde, precisarão ser atualizados. Há muita coisa que você aprenderá a fazer na faculdade, mas, certamente, ao longo da sua vida profissional haverá necessidade de novos aprendizados. Se você acha que todas essas observações fazem sentido, então precisa reconhecer que chegar à faculdade significa muito mais do que aprender os conteúdos que vai estudar e as práticas das quais você vai participar. Estar no ensino superior é uma excelente oportunidade para aprender a aprender! Isso mesmo! Você veio para aprender a aprender. Veio pela oportunidade de ser estimulado a aprender. Claro que o conteúdo, o conhecimento acadêmico, as práticas e o estágio têm valor. Também o diploma tem seu valor! Mas não é apenas o diploma ou o conhecimento específico que garantirá seu futuro profissional! Por isso, precisamos pensar um pouco sobre essa experiência na universidade, sobre essa nova aventura do conhecimento que começa agora. E vamos fazer isso olhando um pouco a história do saber acadêmico a fim de descobrir como o conhecimento tem sido produzido e por que temos de aprender a aprender! Uma breve história do saber universitário A proposta aqui não é trazer a você informações sobre a história da universidade. Queremos tratar da história do universitário. Sim, dessa gente que já há quase mil anos tem ido para a universidade! E é possível garantir que os motivos mudaram bastante, apesar de existirem algumas semelhanças bem interessantes quando olhamos atentamente os alunos de hoje e os de tempos passados. Estudantes em instituições chamadas de “universais” são uma invenção europeia entre os séculos XI e XII. Quando as cidades começaram a crescer, a Igreja, que detinha o conhecimento, criou uma ideia que “pegou” muito bem: conhecimentos normais, aqueles do dia a dia, você poderia aprender em qualquer lugar, mas os conhecimentos especiais definidos pelas autoridades eclesiásticas, só se você tivesse aula com os melhores. Tudo que você aprender sobre algo pode ajudá-lo a descobrir como você aprende, ou seja, pensar sobre o seu jeito de estudar e sua forma de aprender é um caminho importante para aprender mais e melhor. Que conhecimentos “especiais” eram esses, que mistérios essa gente aprendia? Depende. Para alguns, era muita teologia; para outros, muita filosofia, para darmos apenas alguns exemplos. O certo é que o universitário desfrutava de um elevado status. Saía da sua cidade jovem e voltava com um título acadêmico, cheio de pompa e circunstância. Era contratado por quem tinha poder financeiro, tanto que ficou muito associado aos novos burgueses no fim da Idade Média, que queriam a proximidade desses alunos. Saiba mais O fato de os estudantes virem de diversos lugares, diferentes territórios, para estudar em um mesmo lugar, é relacionado por alguns historiadores à origem do nome universidade, que vem do latim universitas (universalidade, totalidade). Para o pensador e historiador português Joaquim de Carvalho (1892-1958), o que caracteriza o aspecto universal dessas organizações que surgem naIdade Média é o fato de elas serem o “conjunto de mestres e de estudantes congregados na mesma escola e ligados pelos mesmos interesses culturais” (CARVALHO, 1989, p. 415). Nem todo intelectual era universitário, mas, aos poucos, qualquer intelectual que se destacava podia ser contratado a peso de ouro pelas universidades. Assim, com a modernidade, com as cidades ficando maiores e aumentando o número de universidades, a universidade não é mais o espaço em que você aprende os “segredos do universo”. Ela passa a ser o lugar onde os filhos da elite se encontram para aprenderem a liderar e se manterem prósperos. Na modernidade, a universidade é um espaço cobiçado, mas para poucos. Entenda no exemplo a seguir. Exemplo Imagine que um nobre tem um filho no Brasil. Se ele quer que o filho seja reconhecido e respeitado, vai pagar muito bem para que seu filho possa ir para a universidade e obter um título ou diploma. Observe que interessante: ele podia estudar qualquer coisa, o status vinha de ser universitário. Jovens advogados, teólogos ou médicos estudavam na universidade e voltavam às colônias para serem fazendeiros, políticos, ter um cargo na administração pública, e, raramente, para exercer sua profissão. Mesmo nas maiores cidades europeias, havia profissionais liberais, como artistas que ganhavam notoriedade, médicos e advogados, mas que não dominavam ou exerciam especificamente seus ofícios. Temos, então, o surgimento de várias profissões que dependem da formação universitária. As profissões Nos séculos XVIII e XIX Acontece outra mudança na vida do universitário. Se antes ele se formava como intelectual, agora passou a ter uma formação profissional. Se antes as cadeiras – ou cátedras – tinham a função de formar uma nova elite, a chegada da Era do Capital transforma o intelectual em profissional. Não há, claro, uma perda definitiva de status, mas agora o conhecimento fica mais plural, mais hierarquizado. No século XIX A definição do estatuto científico, da especialização, vai pouco a pouco matando a ideia dos grandes saberes integrados e gerando a chegada dos grandes profissionais em Química, em Física, em Psicologia, em Engenharia, entre outros. Cada um na sua, cada qual na sua formação e reivindicando a importância da sua formação e de sua forma de dizer e analisar a realidade. vão sendo regulamentadas e valorizadas na sociedade de formas diferentes. De certo modo, tudo vai ganhando seu campo de pesquisa e teorização, e o mais importante: as profissões vão sendo hierarquizadas. Olhando para o estudante universitário de hoje, percebemos que ele tem certa autonomia ou liberdade em escolher que curso fazer ou para qual profissão se preparar. Além disso, ao longo da vida, ele pode rever suas decisões e fazer uma transição de carreira ou até mesmo não atuar na profissão mais diretamente relacionada com o curso que escolheu. Curiosidade Antes, as pessoas pensavam em escolher uma profissão e exercê-la durante uma vida inteira. O progresso, o modo de vida do capitalismo e a necessidade de mão de obra qualificada transformou a busca pela universidade em uma corrida por uma vida melhor para as classes sociais mais elevadas. A universidade conferia prestígio, era vista como condição para ocupar as melhores e mais bem remuneradas profissões. E agora, quando você chega ao ensino superior? O que significa estar na universidade? Certamente, o século XXI nos apresenta um novo mundo, outras formas de comunicação, jeitos diferentes de estudar e aprender novas profissões e atividades econômicas, necessidades de competências e habilidades para enfrentar os desafios da sociedade da informação e do conhecimento – tudo isso aponta para uma nova universidade. E você precisa conhecê-la, precisa entender o que significa chegar ao ensino superior neste momento! Ser universitário no século XXI A experiência da universidade hoje Assista o vídeo abaixo e reflita sobre o que é ser universitário no século XXI. A universidade, associada a expressões como altos estudos, estudos superiores ou mesmo ensino superior, parece reforçar a tradição, o prestígio histórico e um saber distinto dessa instituição, além de uma certa solenidade que revestia a experiência de começar a fazer parte desse universo acadêmico. Mas será que ainda é assim? O ensino superior se reduz a uma experiência elitista ou representa uma forma de saber que já não combina mais com o mundo em que vivemos? Vamos ver o que mudou com o século XXI para pensarmos sobre as mudanças na universidade e sobre o que significa ser universitário hoje. Parâmetro Século XX Século XXI Longevidade (expectativa de vida) 50 anos 80 anos Média de filhos por família 2,5 1,5 Principais meios de informação Jornal impresso, rádio, televisão Mídias digitais Principais dispositivos de comunicação Telefone fixo, telex, fax, celular. Smartphone, tablet, notebook Alfabetizados 69% 90% Acesso ao ensino superior 12% 20% Fontes de conhecimento Escola/universidade, biblioteca física, professores, livros Bibliotecas e repositórios virtuais, videoaulas, conteúdo digital Parâmetro Século XX Século XXI Tempo médio em um emprego 20 anos 2 anos Com tantas mudanças em curso, por que imaginamos que a universidade e o universitário deveriam permanecer imutáveis? Hoje, o ensino superior não implica aprender um pacote de conhecimentos específicos para uma profissão que necessariamente exercerei por toda minha vida. Ser universitário também não significa manter uma rotina de idas e vindas ao campus para sentar em uma sala de aula e passivamente ouvir o professor, pretensamente detentor de todo conhecimento, expor o conteúdo ao longo de algumas horas. Sim, o mundo mudou e a universidade também tem mudado! Você não está entrando em uma universidade para simplesmente pegar um diploma no final e, com isso, ganhar a chancela de uma profissão. Você faz parte de um mundo em constante transformação, no qual a formação profissional na universidade deve prepará-lo também para continuar aprendendo ao longo da vida. A entrada em uma universidade no século XXI não pode se reduzir à busca por um diploma, precisa ser a sua introdução no que há de mais contemporâneo no mundo. Você está chegando numa instituição, num ambiente acadêmico, em que há um uso intensivo de tecnologia. Aprendemos da seguinte maneira: Com professores em salas de aula presenciais, mas também aprendemos em ambientes virtuais e de forma colaborativa com tutores e outros colegas nossos. E nos livros, mas também aprendemos em conteúdos digitais interativos e autoinstrucionais. Aprendemos o tempo todo e de diversas formas! Somos desafiados o tempo todo a compreender, relacionar, associar, construir, elaborar, ou seja, participar ativamente da nossa formação. A educação deve fortalecê-lo e dar possibilidades de olhar para o mundo, de estar disposto de forma constante a se desenvolver, a melhorar. E essa experiência de educação deixou de ser uma fase: aprender e continuar aprendendo precisa fazer parte da sua vida. A educação não é episódica. Nesse sentido, se já era um equívoco pensar que educação é igual à aula, é também inadequado imaginar que a aula é somente um professor falando. Com as tecnologias digitais e as metodologias ativas de aprendizagem, o processo educacional se dá em múltiplos lugares, em tempos diversos, nos bastidores, nos encontros presenciais na faculdade ou nas atividades virtuais no ambiente digital. O aprendizado se dá diante do professor, na relação com o tutor, nos diálogos com os colegas e também no uso de recursos digitais e de conteúdos interativos. Tudo isso deve evidenciar que lhe damos as boas-vindas à vida universitária, a uma experiência de aprendizado que deve estar integrada à sua própria vida, e não apenas a um espaço e tempo limitados, como uma aula tradicional dentro de uma sala no campus universitário. Então, mais uma vez, seja muito bem-vindo à melhor parte de sua vida, porque certamenteela se estenderá por toda sua vida como uma rica e constante experiência de aprendizado e crescimento! Bem-vindo à vida universitária! Assista ao vídeo de boas-vindas à vida universitária e apresentar um pouco do universo do mundo acadêmico. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 1 - Vem que eu te explico! Aprender a aprender! Módulo 1 - Vem que eu te explico! Uma breve história do saber universitário. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Vamos pensar sobre o que aprendemos até aqui sobre a vida universitária, sobre sua experiência neste momento de entrada no Ensino Superior. Para ajudar nessa reflexão, analise as afirmativas a seguir, ponderando sobre a adequação ou não do que cada uma apresenta. I – Devemos entender que somos o principal agente do nosso próprio processo de aprendizado, por isso, como sujeito, o desejo de se desenvolver e de aprender a aprender é fundamental. II – Historicamente, entrar no ensino superior teve motivos diferentes ao longo do tempo, o que deve nos levar a refletir sobre o que tem nos conduzido até a educação superior. III – Cada vez mais a experiência de um curso superior se torna exitosa quando a aprendizagem depende essencialmente da sala de aula e do professor. Está correto apenas o que se afirma em: A I. B II. C III. D I e II. E II e III. Parabéns! A alternativa D está correta. Devemos considerar adequada a afirmativa I porque o estudante deve assumir o protagonismo de sua formação, assumindo a responsabilidade pela sua aprendizagem a partir da orientação e acompanhamento que receberá de seus professores e da instituição de ensino. A afirmativa II está correta porque as razões para entrar na universidade vêm mudando ao longo do tempo. A afirmativa III é inadequada porque coloca a responsabilidade da aprendizagem apenas na instituição, em vez de acentuar a participação e responsabilidade do estudante no aprender a aprender. Questão 2 O uso intensivo de tecnologia na educação, seja esta educação denominada presencial, digital ou a distância, implica afirmar que A a sala de aula é o principal e único lugar de aprendizagem. B as metodologias de aprendizagem devem estar concentradas na fala e atuação do professor. C o acesso ao conhecimento e sua difusão permanecem inalterados. D a aprendizagem é um processo que se limita à relação entre aluno e professor. E os lugares e tempos de aprendizagem são diversos, são plurais. Parabéns! A alternativa E está correta. As tecnologias digitais e as metodologias ativas de aprendizagem permitem que o estudante estude e aprenda em diferentes espaços e tempos, permitindo mais flexibilidade e aprendizagem em rede. Assim, não é adequado afirmar que o aprendizado se esgota ou se limita na relação entre professor e aluno ou no espaço/tempo da sala de aula. 2 - A instituição acadêmica Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car as características e as denominações das Instituições de ensino superior. A instituição em que você estuda Já pensamos um pouco sobre o que significa ser universitário e a respeito de alguns desafios para que sejamos sujeitos de nossa própria história na vida acadêmica. Partimos dessa reflexão para agora podermos conhecer um pouco mais uma instituição de ensino superior, com sua forma de organização, sua rotina, seus procedimentos, as modalidades e formas de oferta de seus cursos, enfim, tudo que compõe o espaço institucional acadêmico. Atenção É importante conhecer o lugar ao qual estamos chegando. Na verdade, nós existimos a partir dos lugares que habitamos, aos quais nos vinculamos. A ideia de lugar não é uma mera determinação geográfica, mas sim um valor estrutural e cultural, que ajuda também a definir quem você é, o que você almeja. Explicar o espaço e a organização da instituição acadêmica para você tem o objetivo de deixá-lo mais confortável e de situá-lo diante da novidade, daquilo que pode ser um tanto desconhecido. Assim, vamos saber mais sobre as Instituições de Ensino Superior (IES) no Brasil. O ensino superior no Brasil Você já sabe que a universidade passou por algumas mudanças ao longo dos últimos séculos. Mas agora já não mais nos interessa nos concentrar no que elas foram e o que elas representaram. Nosso objetivo é explicar como essas instituições funcionam atualmente no Brasil. Para compreender a educação superior e a forma de organização e funcionamento das Instituições de Ensino Superior (IES) no Brasil, podemos recorrer à legislação pertinente. Há Leis, Decretos, Resoluções, Portarias e outros documentos legais ou norteadores que estabelecem políticas, programas, normas, diretrizes e uma série de orientações para a educação superior e as IES. Atenção Um importante documento que nos ajuda a entender a organização da educação no Brasil, e especificamente a Educação Superior, é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) – Lei Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. O capítulo IV da LDB trata especificamente da Educação Superior e compreende os artigos 43 a 57. O ensino superior no Brasil tem como órgão regulador o Ministério da Educação (MEC), do qual saem normas e diretrizes para as IES, os cursos e tudo que diz respeito ao ensino superior. Categorias administrativas das IES Conforme a legislação vigente, podemos classificar as Instituições de Ensino Superior (IES) em três categorias administrativas: Legislação vigente Lei Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (LDB), art. 19. Lei Nº 12.881, de 12 de novembro de 2013. Portaria Normativa MEC Nº 21, de 21 de dezembro de 2017. Prédio histórico da Universidade Federal do Paraná. Públicas As IES públicas são mantidas pelo Poder Público, seja ele federal, estadual ou municipal. Por serem financiadas e mantidas pelo Estado, essas IES não cobram a matrícula nem as mensalidades de seus cursos de graduação. Universidade Estácio de Sá - Campus Tom Jobim Privadas As IES privadas são mantidas e geridas por pessoas físicas ou jurídicas de direito privado e podem ser com fins lucrativos ou sem fins lucrativos. As IES privadas com fins lucrativos também são chamadas de instituições particulares (faculdade particular, universidade particular etc.). As IES privadas podem, ainda, ser confessionais, quando se orientam por uma confissão de fé e ideologia específica, e filantrópicas, quando não possuem fins lucrativos e são reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social. ABRUC - Associação Brasileira das Instituições COMUNITÁRIAS DE EDUCAÇÃO SUPERIOR. Comunitárias As IES comunitárias, também denominadas Instituições Comunitárias de Educação Superior (ICES), não têm finalidade de lucro e devem ter representantes da comunidade na sua mantenedora e administração, além de atender a outros requisitos exigidos por legislação específica. (Lei Nº 12.881, de 12 de novembro de 2013.) Você sabe dizer em qual categoria administrativa se insere a sua IES? Se você respondeu IES privada ou particular, acertou! As instituições privadas não são simplesmente aquelas que cobram mensalidades. Essa é uma de suas características importantes, pois os investimentos em infraestrutura, corpo docente, pessoal administrativo, recursos tecnológicos, conteúdos digitais e qualidade acadêmica advêm da receita das mensalidades. As IES privadas, na verdade, se destacam por seu relevante papel social, permitindo que milhares de estudantes tenham acesso ao Ensino Superior, já que as instituições públicas não dão conta de garantir a matrícula de todos que desejam cursar uma graduação. Saiba mais Hoje, no Brasil, cerca de 75% dos alunos matriculados no Ensino Superior estão nas instituições privadas. E você faz parte desse importante contingente de estudantes que têm oportunidade de realizar o sonho do curso superior ou continuar investindo em sua formação. As IES privadas também possuem uma amplae completa cobertura do território nacional. Seus cursos presenciais e a distância estão espalhados por cidades de todo o país, permitindo que tanto os estudantes dos grandes centros como aqueles das regiões mais remotas possam cursar sua graduação. Tudo isso Resposta evidencia o papel social importante das IES privadas no acesso mais democrático à Educação Superior. Organização acadêmica das IES Vamos agora conhecer as denominações das IES a partir de sua organização acadêmica. No Brasil, temos três tipos de instituições que oferecem cursos superiores: Faculdades São instituições de ensino superior dedicadas a um número menor de cursos e de áreas de conhecimento. Historicamente, tivemos importantes faculdades de Direito, de Administração, de Medicina, entre outras, tanto privadas quanto públicas. Assim, as faculdades tendem a ser mais especializadas e se caracterizam por oferecer cursos concentrados em determinadas áreas. As faculdades podem, muitas vezes, fazer parte de uma universidade, constituindo uma unidade orgânica dessa organização maior. As faculdades também se caracterizam por serem desobrigadas de atender a algumas exigências, como a oferta de cursos de pós-graduação, um número maior de docentes com titulação de mestre e doutor, infraestrutura e campi maiores (como no caso das universidades) e investimento em pesquisas, entre outras obrigações. Por outro lado, as faculdades não têm autonomia para criar cursos de graduação sem autorização do MEC, dependem de uma universidade para reconhecerem seus diplomas e não são obrigadas a oferecerem cursos de mestrado e doutorado. Mas nada disso dispensa as faculdades de oferecerem cursos e serviços educacionais de qualidade, até porque o MEC avalia continuamente as faculdades, além de o próprio mercado de trabalho prestigiar e reconhecer apenas as instituições que se destacam pela sua relevância e qualidade. Centros universitários São instituições mais amplas que as faculdades, porém com abrangência e obrigações menores do que as universidades. Um centro universitário tem um número maior de cursos, atua em diversas áreas de conhecimento, possui autonomia para oferecer cursos de graduação em sua sede, sem necessitar de autorização prévia do MEC, e pode oferecer cursos de mestrado e doutorado. Os centros universitários, no entanto, não têm a exigência de oferecer determinado número de cursos de mestrado e doutorado, de investir em pesquisa e de possuir um percentual maior de professores mestres e doutores e docentes de tempo integral comparado com a universidade. Universidades São as instituições com mais autonomia para abrir cursos novos, ampliar a sua atuação presencial no Estado em que têm sua sede, além de possuírem infraestrutura mais complexa e completa. As universidades devem atuar nas diversas áreas de conhecimento, abrangendo variados cursos, por isso são caracterizadas como pluricurriculares. São instituições que podem ser compostas por diferentes faculdades, além de diversos campi (plural do latim campus.). As universidades são obrigadas a oferecer um número mínimo de cursos de mestrado e doutorado, devem investir em pesquisa, precisam ter um percentual maior tanto de docentes de tempo integral quanto de professores mestres e doutores. Para funcionar plenamente, uma IES precisa ser credenciada (ou recredenciada) pelo MEC. Assim, de acordo com sua organização acadêmica, uma IES pode ser credenciada como faculdade, centro universitário ou universidade. O credenciamento é uma chancela do órgão regulador – o MEC –, uma garantia de que aquela instituição pode oferecer cursos superiores. No credenciamento, as instituições recebem uma nota a partir da avaliação institucional que foi realizada, sendo 5,0 a nota maior. Há também um credenciamento específico para a oferta de cursos a distância. Somente instituições credenciadas para Educação a Distância podem oferecer cursos nessa modalidade. Credenciada O credenciamento é uma modalidade de ato autorizativo. Por meio dele, uma instituição de ensino superior (IES) é avaliada e recebe autorização do MEC para iniciar suas atividades. Após credenciada, a IES periodicamente passa por um ciclo de avaliação para receber seu recredenciamento. Tipos de cursos e graus Ao entrar no ensino superior, o estudante ingressa em um tipo de curso. Inicialmente, se trata de um curso de graduação, que pode ter diferentes graus. Exemplo Quem cursa Pedagogia está num curso de graduação no qual obterá um diploma relacionado com o grau de licenciatura. Quem cursa Direito está matriculado num curso de graduação no qual obtém o diploma com o grau de bacharel. O aluno que está num Curso Superior de Tecnólogo (CST) em Gestão de Recursos Humanos também cursa uma graduação, obtendo futuramente o diploma relacionado ao grau de tecnólogo. Em linhas gerais, há dois grandes tipos de cursos: graduação e pós-graduação. Tanto na graduação quanto na pós-graduação, temos algumas classificações e denominações. Vamos a uma síntese desses diferentes tipos e graus para depois explicar cada um deles: Graduação Bacharelados Licenciaturas Tecnólogos Pós-graduação Lato sensu Stricto sensu Cursos de graduação Os cursos de graduação podem ter os seguintes graus ou tipos: Bacharelados São os cursos de graduação mais tradicionais, tendo um perfil generalista, de formação científica ou humanística. Geralmente, são cursos que permitem o exercício de determinada atividade profissional, algumas profissões inclusive regulamentadas por conselhos. Também conferem competência para o exercício de atividades acadêmicas ou culturais. O aluno que se forma num curso de graduação do tipo bacharelado recebe o diploma com o grau de bacharel. Licenciaturas Os cursos de licenciatura, atualmente designados como cursos de formação de professores, visam formar profissionais da Educação para o exercício da docência na Educação Básica e modalidades educacionais, como Educação de Jovens e Adultos (EJA), além de desempenho de outras atividades, como a de gestores educacionais. O aluno que se forma num curso de licenciatura na graduação recebe o diploma com o grau de licenciado. Tecnólogos São graduações de duração menor do que os bacharelados e licenciaturas, definidas a partir de um catálogo de cursos tecnológicos. Buscam atender a demandas técnicas do mercado de trabalho. Esses cursos foram criados no final dos anos 1990 com o objetivo de acelerar a formação de técnicos no Brasil. O aluno que se forma num Curso Superior de Tecnologia (CST) na graduação recebe o diploma com o grau de tecnólogo. Saiba mais Os cursos de graduação podem ser ofertados presencialmente ou na modalidade a distância (EaD). Tanto os cursos presenciais quanto os cursos a distância são avaliados pelo MEC a fim de que sua qualidade seja garantida. Os diplomas de cursos presenciais e a distância têm o mesmo valor, por isso mesmo, não se especifica num diploma se o curso é presencial ou a distância. Cada vez mais os cursos presenciais experimentam e incorporam os recursos e as inovações metodológicas da educação digital, numa tendência para o hibridismo. Qual dessas graduações é a melhor? Simplesmente aquela que atende à sua necessidade, aos seus objetivos. Todas têm sua função e vão lhe oferecer habilidades e competências diferentes para sua formação e o desempenho de atividades profissionais, culturais ou acadêmicas. Você pode fazer cursos diversos ao longo de sua vida, afinal, não estamos falando somente de obter diploma, mas de sua formação pessoal e profissional, que deve ser contínua. Cursos de pós-graduação Vamos agora conhecer os tipos de cursos de pós-graduação: Lato sensu Os cursos de pós-graduação Lato sensu (Sentido amplo) são uma forma de se especializar em determinado conhecimento ou área após a graduação, que é mais generalista. Por isso mesmo são cursos denominados de Especialização. Há também alguns cursos que recebem a denominação de MBA, sigla oriunda do inglêsMaster of Business Administration, sendo que no Brasil corresponde a uma pós-graduação Lato Sensu com foco no mundo do trabalho na área da gestão e de negócios. Os cursos de pós-graduação Lato sensu permitem que o aluno se especialize em determinadas competências e conhecimentos para o exercício de atividades profissionais, acadêmicas ou culturais. Por exemplo, a condição mínima para ministrar aulas num curso superior é ter um certificado de especialização ou título de especialista. Os cursos de pós-graduação Lato sensu não conferem diplomas, mas certificados. Esses cursos somente podem ser oferecidos por Instituições de Ensino Superior ou outras instituições especialmente credenciadas para essa oferta. Os cursos do tipo Stricto sensu são voltados à formação acadêmica e à pesquisa científico- acadêmica. O mestrado e o doutorado são cursos de pós-graduação Stricto sensu, que conferem, respectivamente, o título de mestre e de doutor, com emissão de diploma. Para cursar o mestrado é necessário já ter cursado a graduação. Em geral, após cursar as disciplinas do mestrado e desenvolver um projeto de pesquisa ou de dissertação, o aluno apresenta a defesa de sua dissertação a uma banca examinadora a fim de obter a aprovação e o título de mestre. O mestrado pode ser acadêmico ou profissional. O doutorado é cursado, geralmente, após obtenção do título de mestre. Após cursar as disciplinas, desenvolver as atividades requeridas e a pesquisa, e passar por uma banca de qualificação, o aluno apresenta a defesa de sua tese de doutoramento a uma banca examinadora a fim de obter o diploma e o título de doutor. Pro�ssional O mestrado profissional está mais voltado à preparação em alto nível para o mercado de trabalho e a qualificação profissional. Já o mestrado acadêmico está voltado para a pesquisa e a carreira acadêmicas. Lato sensu Stricto sensu No entanto, tanto um quanto outro permitem o exercício do magistério no ensino superior. Doutor A rigor, o título de doutor é concedido a quem obtiver o diploma referente ao doutoramento. No Brasil, não há o título de PhD (abreviação para Philosophy Doctor e que poderia ser traduzido literalmente como “Doutor em Filosofia”). Nos Estados Unidos, por exemplo, o PhD corresponde a um doutorado acadêmico, já que há doutorados com foco profissional. O aspecto institucional e o desa�o da inovação Se as instituições de ensino superior precisam atender à legislação e funcionar conforme os padrões estabelecidos pelo MEC, isso não significa que a forma de organização e os aspectos institucionais devam tornar a faculdade um espaço chato, burocrático e tradicionalista. Ao mesmo tempo que devemos manter a tradição do conhecimento acadêmico e garantir a legalidade dos processos e aspectos institucionais, devemos ter instituições inovadoras, comprometidas com as mudanças que o conhecimento e a tecnologia promovem. Isso mesmo: inovar para continuar oferecendo educação de qualidade e transformadora. Perceba que a forma pela qual você está estudando agora, por exemplo, é inovadora. Você tem a possibilidade não apenas de ler este texto escrito, mas também de navegar por conteúdos audiovisuais, verificar seu aprendizado e interagir a partir de outros recursos. E isso é apenas parte da transformação que a educação vem experimentando graças às inovações metodológicas e tecnológicas. Assim, a estrutura e a organização das instituições de ensino devem estar a serviço do conhecimento, da ciência, da sociedade e, especificamente, das suas necessidades de formação e preparação para o mercado de trabalho. A organização acadêmica no Ensino Superior Assista ao vídeo a seguir sobre as formas de organizaçao acadêmica das instituições de ensino superior. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 2 - Vem que eu te explico! Organização acadêmica das IES Módulo 2 - Vem que eu te explico! Tipos de cursos e graus Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Analise as afirmativas a seguir: I - A formação num curso de graduação se dá no espaço ou no contexto de uma Instituição de Ensino Superior (IES), que tem como órgão regulador o Ministério da Educação (MEC). II – São três as categorias administrativas das Instituições de Ensino Superior no Brasil: faculdades, centros universitários e universidades. III – As universidades são o único tipo de IES reguladas pelo MEC, que passam por credenciamento e que oferecem cursos com qualidade. IV- As IES privadas têm pouca relevância social, pois o maior contingente de estudantes no Brasil encontra- se nas IES públicas. Está correto apenas o que se afirma em: A I e II. B I e III. C II e III. D III e IV. E II, III e IV. Parabéns! A alternativa A está correta. As afirmativas I e II estão corretas porque o MEC é o órgão regulador das IES, estabelecendo processos de avaliação e credenciamento das IES a partir da legislação pertinente e das políticas e programas educacionais. É o MEC quem credencia uma IES como faculdade, centro universitário ou universidade. A afirmativa III está incorreta porque as faculdades e os centros universitários também são avaliados e regulados pelo MEC. Por fim, a afirmativa IV não é verdadeira porque as IES privadas também têm sua relevância social, e são hoje responsáveis pela formação superior da maioria dos estudantes brasileiros. Questão 2 As IES oferecem diversos tipos de cursos. Essa diversidade corresponde a denominações e graus diferentes. Assim, marque a alternativa que faz uma afirmação correta sobre os distintos tipos de cursos. A Os cursos de graduação podem conferir o grau de bacharel, licenciado ou tecnólogo. B Os Cursos Superiores de Tecnologia (CST) não permitem a obtenção de diploma porque não são cursos de graduação. C Todas as licenciaturas ou cursos de formação de professores têm a duração curta e a mesma finalidade dos CST. D Os cursos de bacharelado somente podem ser ofertados presencialmente, quando houver exceção, o diploma deve especificar que o curso é a distância. E Um curso de pós-graduação sempre será um curso Stricto Sensu, inclusive um MBA. Parabéns! A alternativa A está correta. A opção A está correta porque existem dois tipos de curso superior: graduação e pós-graduação. Nos cursos de graduação, temos três graus: bacharelados, licenciaturas ou formação de professores e tecnólogos. As demais alternativas estão incorretas porque os CST permitem a 3 - Organização e convivência acadêmicas Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car aspectos da organização e da interação da vida acadêmica. A organização acadêmica de seu curso O seu curso tem uma série de características próprias, que são só dele, e provavelmente aspectos que ele compartilha com outros cursos da mesma área de conhecimento ou até mesmo de diferentes áreas. Mas além desses elementos, cada curso reúne objetivos, concepções, conhecimentos e outros aspectos que podem estar vinculados a determinada atividade profissional ou a uma área e atividade acadêmica ou cultural. obtenção de diploma de graduação; as licenciaturas não têm a mesma duração e finalidade dos CST; os bacharelados podem ser ofertados tanto presencialmente quanto a distância, sem distinção da modalidade no diploma; e a pós-graduação tem tanto cursos Lato Sensu, como os cursos de especialização e os MBA, quanto Stricto Sensu, como mestrado e doutorado. Tanto nos aspectos específicos quanto nos aspectos comuns, o seu curso atende a diretrizes estabelecidas pelo MEC, a objetivos pedagógicos propostos pela sua IES e às demandas da sociedade. Atenção Tudo isso faz parte da organização acadêmica de seu curso, que pode ser conferida no Projeto Pedagógico do curso. O Projeto Pedagógico de Curso (PPC) O Projeto Pedagógico de Curso (PPC) é o documento que registra aspectos importantes de seu curso, como: Concepção do curso Incluindocontextualização e objetivos do curso, além do perfil do egresso (atitudes, habilidades e competências que são esperadas do futuro profissional.). Estrutura do curso Incluindo sua matriz curricular, informações sobre seu corpo docente e técnico-administrativo, infraestrutura etc. Procedimentos de avaliação Incluindo os critérios e formas de avaliação do ensino e da aprendizagem. Instrumentos normativos Incluindo regimentos, regulamentos e outros instrumentos normativos de apoio. Todos esses elementos que fazem parte da concepção, estrutura e funcionamento de um curso devem atender às Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) estabelecidas pelo MEC para cada curso. Atenção Assim, num curso de Administração, por exemplo, o MEC define por meio de Resolução, e disponibiliza em seu portal, as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Administração. São as DCNs que estabelecem, por exemplo, a carga horária mínima do curso, o seu tempo de integralização, os componentes curriculares obrigatórios, a obrigatoriedade e duração do estágio, a obrigatoriedade ou não do TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) etc. Mas os compromissos de um curso ou sua organização acadêmica estão relacionados apenas ao MEC? Por isso, um curso de graduação precisa sempre ser atualizado, sua matriz curricular deve ser dinâmica e responder a desafios que o mundo do trabalho e a sociedade vão apresentando. Avaliação Uma das formas de garantir a atualização e a relevância de um curso de graduação é desenvolvendo processos de avaliação que contribuam para a tomada de decisões que promovam o aperfeiçoamento e a qualidade da instituição acadêmica, de seus cursos e da relação com os alunos, além de orientar o investimento em recursos financeiros e em pessoal. Curiosidade Há várias ferramentas e recursos que permitem ouvir alunos, professores e pessoal administrativo a fim de se gerar dados e informações que sinalizem o que está dando certo e o que ainda precisa melhorar. O próprio MEC estabelece instrumentos de avaliação institucional, mas hoje as instituições de ensino acabam indo além desses instrumentos para continuamente trabalhar com indicadores que mostram o quanto seus alunos estão satisfeitos e quais as necessidades que precisam ser atendidas. Tudo isso evidencia que o compromisso com a qualidade é fator primordial na educação superior. E a qualidade de um curso não é determinada apenas pela nota no ENADE e seu posicionamento no MEC ou em algum ranking. Uma IES e seus cursos também são valorizados e reconhecidos pelo grau de empregabilidade de seus alunos egressos ou pela imagem favorável que têm junto à sociedade local. Saiba mais O ENADE (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes) avalia o desempenho dos alunos que estão finalizando o seu curso, conferindo as competências e habilidades necessárias à sua formação geral e profissional. O desempenho dos estudantes em relação aos conteúdos avaliados é analisado junto com outros parâmetros, como o IDD (Índice de Desempenho Discente), que indica o valor agregado pelo curso, e as respostas ao Questionário do Estudante. O ENADE é obrigatório para todos os estudantes que nele forem inscritos pela IES a partir de critérios definidos pelo MEC. A comunidade acadêmica A educação superior, em suas modalidades e configurações, é feita por gente, por sujeitos que constroem o conhecimento e contribuem para a transformação de uma nação. Atenção Os aspectos institucionais são importantes, os procedimentos acadêmicos têm o seu lugar, a infraestrutura é essencial, a tecnologia é fundamental, mas nada é mais central do que as pessoas que fazem uma Instituição de Ensino Superior e os seus cursos serem uma experiência de aprendizado, de crescimento e de preparação para a vida e para o mundo do trabalho. Nesse cenário, destacamos dois atores principais: professores e alunos. Na comunidade acadêmica, a interação presencial ou virtual entre docentes e estudantes é a chave para o aprendizado. Conheça alguns cenários: Professores à frente de uma sala de aula dialogando com seus alunos. Professores num ambiente virtual respondendo a dúvidas e atuando como tutores. Professores no laboratório conduzindo experimentos e atividades práticas. Professores compartilhando conhecimento e apresentando conteúdo inovador em vídeos, em podcasts ou em textos digitais. Professores supervisionando, mediando, orientando, acompanhando, animando e desafiando seus alunos na jornada do conhecimento. Hoje, com as tecnologias digitais e as novas formas de interatividade, a interação com o professor acontece inclusive por meio de conteúdos em formatos diversos. Conteúdos interativos pensados e elaborados por professores e equipes multidisciplinares. Aqui mesmo, agora neste momento, são professores que se dirigem a você, que falam com você pelo texto, pelo vídeo, pelo podcast. Nesta comunidade acadêmica, nesta rede do saber, professores e alunos são parceiros no processo de ensino-aprendizagem. Se o aluno deve ser protagonista nesse cenário, o professor é uma espécie de diretor, de alguém que dirige a cena para que o aluno brilhe no palco da vida. Mas, falemos um pouco mais agora sobre você! Sobre sua relação com essa comunidade. O desa�o da convivência Já parou para pensar que você existe e constrói sua identidade a partir do outro? A Psicologia nos ajudar a perceber que nos definimos a partir do outro. As Ciências Sociais nos apontam que também nos constituímos a partir das relações sociais. Se tomamos isso como verdade, a dimensão coletiva ou as relações interpessoais na comunidade acadêmica são muito importantes, são uma forma de definir nossa identidade como estudantes e de contribuir para nossa formação profissional. Além da relação com nossos mestres, a interação com nossos colegas é parte do aprendizado e do crescimento na comunidade acadêmica. Comunidades de aprendizagem são, principalmente, teias ou redes de interação e colaboração nas quais aprendemos muito com os outros. Por isso, ao ingressar na vida universitária, para viver melhor, você vai precisar conviver. Para participar de comunidades de aprendizagem, é preciso também aprender a conviver, aprender com o outro. Seja no trabalho, seja virtualmente, você precisa reforçar as possibilidades de convivência, precisa entender que é algo fundamental para ter mais oportunidades, para desenvolver seu conhecimento. Atenção Uma vez que tenha tomado consciência de quem você é, entendido onde você está e se conscientizado exatamente do que você busca, é preciso assumir o desafio de conviver, de interagir, com professores, colegas e seu entorno. A relação com o outro Uma das grandes questões que aparecem quando a gente lida com educação é que tudo o que eu aprendo só tem sentido se posto em perspectiva. Por isso, você precisa despertar para o mundo que está no seu entorno. Olhar as pessoas, valorizar as pessoas, é de alguma forma olhar para si. Tornar-se consciente é aprender a respeitar e ser respeitado, para que você possa afirmar o seu direito de existir e o direito de ser respeitado. O antropólogo francês Marc Augé define de forma muito interessante esse papel do espaço e do outro: Se a tradição antropológica ligou a questão da alteridade (ou da identidade) à do espaço, é porque os processos de simbolização colocados em prática pelos grupos sociais deviam compreender e controlar o espaço para se compreenderem e se organizarem a si mesmos. (AUGÉ, 1994, p. 158) Vamos pensar sobre isso: Todos nós possuímos uma identidade, um conjunto de valores, símbolos e formas que nós reconhecemos. Todos nós vivemos e definimos alteridades, aquilo que é diferente de mim, o que não sou. Quando eu começo a me definir, isso não vem do nada, isso passa pelo espaço – não como uma delimitação física –, mas como o espaço de convivência. Passa pelos símbolos que são reconhecidos, pelo modo como as trocas sociais funcionam e/ou passam pelas relações de poder, como o poder éexercido, reconhecido, trocado. Somos todos seres sociais, construímos identidade e naturalizamos nossas posições sociais. Nós assumimos nomes, nossas famílias e nossas escolhas. Isso, ainda que não seja real a priori, é real na vida de cada um de nós. Nossas sociedades criam regras, nós nos adequamos, buscamos tirar o melhor delas, mas no fim, tudo passa pelo valor que nós atribuímos a nós e aos outros. Passa pelos “contratos” sociais que assumimos. O ser humano é um ser social. O ser humano não sobreviveu ou não se estabeleceu isoladamente. O ser humano acumulou, preservou e desenvolveu tudo aquilo que a sua ancestralidade lhe deixou. Não é à toa que hoje avançamos aceleradamente no conhecimento e experimentamos uma revolução tecnológica. Temos a capacidade de nos educarmos, de continuarmos na construção e aperfeiçoamento da civilização humana. Toda a sociedade humana é fruto das relações construídas historicamente pelos próprios grupos humanos. Resumindo Assim, na comunidade acadêmica, temos também a missão de construir relações com o outro, de aprendermos com o outro, seja o professor ou o colega. Nossa relação com os outros deve buscar o fortalecimento e o crescimento dessa comunidade de aprendizagem. Deve ser também a busca por relações que respeitem a diversidade, que sejam inclusivas, que desconstruam os preconceitos e as discriminações. Uma comunidade de conhecimento somente será verdadeiramente um lugar de aprendizagem e crescimento, relevante para a sociedade, se aprendermos a conviver com o outro e nessas conexões ampliarmos nossos saberes, habilidades e competências. O sentido de comunidade precisa passar por aspectos diversos da dimensão humana. O ambiente educacional reproduz as características do mundo, ao mesmo tempo que os reflete e ressignifica. Por isso, em todos os cursos você será desafiado a pensar sobre inclusão, diversidade, direitos humanos e ética. Todas as nossas interações, físicas ou digitais, são marcadas por opiniões, valores e crenças. Estar inserido em uma comunidade de aprendizagem deve, por princípio, fortalecer sua capacidade crítica na construção de uma sociedade mais equilibrada e harmônica. Organização acadêmica e convivência na comunidade de aprendizagem Assista ao vídeo a seguir sobre aspectos acadêmico-pedagógicos dos cursos de graduação e os desafios da convivência na vida universitária. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 3 - Vem que eu te explico! O Projeto Pedagógico de Curso (PPC) Módulo 3 - Vem que eu te explico! O desa�o da convivência Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A organização da vida acadêmica implica a necessidade de se ter o Projeto Pedagógico de Curso (PPC) para cada graduação ofertada numa Instituição de Ensino Superior (IES). O PPC deve ser consultado quando eu, por exemplo, tiver a necessidade de me informar sobre A o valor da mensalidade de meu curso e eventuais formas de financiamento oferecidas pelo governo ou bancos privados. B o cronograma do Enade e os principais conteúdos que foram cobrados nas últimas provas desse tipo de exame. C a concepção e estrutura do curso, seus procedimentos de avaliação e seus instrumentos normativos. D os detalhes e as normas referentes à regulamentação de uma determinada profissão e o estatuto de seu Conselho Federal. E o conteúdo que será cobrado em um concurso público destinado a formandos de determinado curso Parabéns! A alternativa C está correta. O Projeto Pedagógico de Curso deve ser consultado quando se buscam informações sobre os objetivos do curso, o perfil de seus egressos, a estrutura curricular, as ementas das disciplinas, os procedimentos e critérios de avaliação da aprendizagem, os regulamentos e regimentos pertinentes ao curso, entre outras informações acadêmicas. Questão 2 Analise as afirmativas a seguir: I – O espaço acadêmico ou universitário deve ser uma verdadeira comunidade de aprendizagem na qual professores e estudantes são parceiros na construção do conhecimento. II – O desafio da convivência e da interação numa comunidade de aprendizagem se justifica porque o ser humano é um ser social e o conhecimento cada vez mais tem relevância quando produzido de forma colaborativa. III – A comunidade acadêmica deve preparar seus estudantes para um mercado de trabalho competitivo e cruel, por isso o aprendizado e o conhecimento devem ser uma experiência individual e pouco colaborativa. Está correto apenas o que se afirma em: A I. B II. Considerações �nais Você aprendeu por meio deste conteúdo que chegar à vida universitária é fazer parte da uma tradição cultural e intelectual que vem de longe, mas que nas últimas décadas ganhou novos sentidos com as mudanças ou transformações pelas quais a universidade vem passando. Viu que um curso superior é mais do que a preparação para exercer uma atividade profissional específica, pois a vida acadêmica é uma verdadeira escola na qual podemos aprender a aprender, nos preparando para um aprendizado ao longo da vida. Você também pôde verificar que são múltiplos os tipos de cursos oferecidos no Ensino Superior, assim C III. D I e II. E I e III. Parabéns! A alternativa D está correta. As afirmativas I e II trazem proposições adequadas ao contexto acadêmico e à construção do conhecimento porque se deve levar em conta que o processo de ensino-aprendizado se dá a partir da interação e colaboração entre professores e estudantes, num contexto em que o Ensino Superior se caracteriza como uma comunidade de aprendizagem. Por isso mesmo, a afirmativa III está incorreta, porque a preparação para o mercado de trabalho, por mais competitivo que ele seja, deve se dar num ambiente de cooperação, de trabalho em grupo e de valorização do conhecimento tanto individual quanto coletivo. como são diversas as formas de organização das instituições de ensino e da vida acadêmica. Por fim, você aprendeu que a vida universitária nos traz o desafio da convivência numa comunidade de aprendizagem, em que a colaboração e parceria entre professores e alunos na construção do conhecimento é um dos caminhos para o sucesso na vida acadêmica e profissional. Podcast Agora os professores Robson Melo, Luís Dallier e Roberto Paes encerram o tema debatendo suas experiências e vivências na vida universitária. Fala, mestre! Neste espaço, você acompanhará experiências sobre o que significa chegar ao ensino superior hoje, ou seja, o que significa ser universitário e quais são os desafios da vida universitária. Módulo 4 - Vem que eu te explico! Professores e a construção de valores Módulo 4 - Vem que eu te explico! Representatividade Módulo 4 - Vem que eu te explico! Formação acadêmica e pesquisa cientí�ca Referências AUGÉ, M. Le sens des autres. Actualité de l'anthropologie. Paris: Fayard, 1994. CARVALHO, J. de. Obra completa: história das instituições e pensamento político (1930-1957). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1989 Explore + Para saber mais sobre os assuntos tratados neste conteúdo, assista: Ao vídeo Ensino Superior: a educação superior na América Latina, produzido e disponibilizado pela UNIVESP em seu canal no YouTube, para um panorama e debate sobre a história da educação superior no contexto brasileiro e latino-americano. Ao filme O Sorriso de Monalisa (2003), para refletir e se inspirar na relação entre mestre e estudantes. Leia: O Ensino Superior é cheio de histórias pessoais de superação. Conheça uma delas lendo a matéria jornalística Idoso se forma em História aos 79 anos; trajetória do aluno inspira universidade do RJ, que cria projeto de alfabetização, publicada pelo O Globo juntamente com um vídeo que traz um emocionante depoimento. O livro A Aventura da Universidade, de Cristovam Buarque, ex-reitor da UnB, que analisa a história e os desafios da universidade no século XXI. Pesquise: Naveguepelo portal do MEC para conhecer mais sobre as políticas educacionais, a legislação e outros aspectos institucionais do Ensino Superior no Brasil. Baixar conteúdo javascript:CriaPDF() Como estudar melhor Prof.ª Eloiza da Silva Gomes de Oliveira Descrição A aprendizagem humana e alguns de seus aspectos, como a inteligência, os estilos de aprendizagem, os modelos mentais e o estabelecimento de métodos de estudo facilitadores de aprendizagens significativas. Propósito Compreender as características, o processo e as possibilidades da aprendizagem humana para identificar a sua própria aprendizagem e estar apto a desenvolver métodos de estudo efetivos. Objetivos Módulo 1 Níveis Cognitivos Identificar aspectos e processos da aprendizagem humana Módulo 2 Anos 1970 Identificar teorias da inteligência e dos modelos mentais Módulo 3 Estilos de aprendizagem Reconhecer estilos de aprendizagem e métodos de estudo eficazes para aprendizagem significativa Você já parou para pensar que, às vezes, estudamos muito e temos a sensação de que não aprendemos quase nada? Ou já passou por aquela situação em que você acha que estudou suficientemente e nas avaliações o resultado não é satisfatório? Tão ou mais importante do que estudar é saber como estudar, identificar seu estilo de aprendizagem e as estratégias ou métodos de estudo mais adequados. Por isso, veremos como estudar de modo mais proveitoso, para que a aprendizagem seja mais fluida e agradável. Se aprender melhor significa estudar o mínimo necessário, de maneira objetiva, aprendendo o máximo possível, então precisamos compreender um pouco mais sobre a aprendizagem humana. Faremos isso conhecendo aspectos da aprendizagem como a inteligência, os modelos mentais e os estilos de aprendizagem. Veremos que cada um de nós precisa aprender a estudar, descobrindo métodos de estudo que sejam adequados à nossa motivação, cognição e, principalmente, ao nosso estilo de aprender. Mas, atenção! É importante você estudar este conteúdo sempre mantendo em vista a sua própria aprendizagem, a maneira como ela se desenvolve e como pode ocorrer de forma Introdução 1 - Aprendizagem Humana Identi�car aspectos e processos da aprendizagem humana O ato de aprender é fundamental para o ser humano! Por isso, começaremos compreendendo melhor a aprendizagem e alguns dos seus componentes. Conheceremos os fatores internos e externos que podem facilitar, dificultar ou até mesmo impedir que você aprenda. aprimorada. Você é o foco deste conteúdo, com seus três módulos e uma meta ampla em comum: facilitar maneiras de estudar de forma cada vez melhor. E vale a pena enfatizar: faremos tudo isso tendo sempre em mente que aprender é algo essencial para o indivíduo. Vamos lá, então! Aprendizagem: muitas teorias e um único conceito Conceito São muitas as abordagens teóricas que têm como objeto a aprendizagem humana. Em comum, podemos afirmar que elas falam em mudanças de comportamento que a aprendizagem provoca. As mais importantes linhas teóricas da aprendizagem podem ser assim resumidas: Um conceito de aprendizagem bastante abrangente e utilizado é o que foi formulado por Ernest Hilgard (1904-2001), professor de Psicologia da Universidade de Stanford, autor de um conhecido livro sobre teorias de aprendizagem. Veja o que ele disse: Aprendizagem é o processo pelo qual uma atividade tem origem ou é modificada pela reação a uma situação encontrada, desde que as características da mudança de atividade não possam ser explicadas por tendências inatas de respostas, maturação ou estados temporários do organismo (por exemplo, fadiga, drogas etc.) (HILGARD, 1966, p. 3) Assim, toda vez que encontramos algo que estimule a nossa curiosidade e o nosso desejo de conhecer, vários processos internos são ativados para que aquela situação ou objeto sejam conhecidos, para que possamos aprender sobre aquilo. De�nições de aprendizagem Três perguntas sobre a aprendizagem É possível que você tenha algumas dúvidas ou mesmo curiosidades sobre a aprendizagem. Há pelo menos três perguntas que frequentemente são feitas sobre a aprendizagem e para as quais muitas vezes encontramos respostas muito contraditórias. Confira as três perguntas e responda a cada uma delas: 1ª pergunta: Só se aprende na escola e demais instituições educacionais? Digite sua resposta aqui... Exibir Solução Vejamos alguns tipos de aprendizagem. Primeiro, podemos falar da aprendizagem formal, desenvolvida em instituições educacionais, que leva à obtenção de diplomas e qualificações. Ela é intencional, ocorre em contextos estruturados, por meio de atividades planejadas e orientadas por metas e objetivos. Temos também a aprendizagem não formal, que decorre de ações desenvolvidas fora do sistema formal de ensino, sem a emissão de diplomas ou certificações, mas se constituindo em aprendizagem intencional e motivada. As aprendizagens realizadas no ambiente de trabalho são um exemplo. Existe ainda a aprendizagem informal, que acontece em situações não estruturadas e não é intencional. Ela é realizada, por exemplo, no contexto familiar e no contato com instituições sociais. 2ª pergunta: A aprendizagem é mais rápida e profunda na infância, adolescência e juventude, diminuindo o ritmo na idade adulta e, principalmente, na velhice? Digite sua resposta aqui... Exibir Solução Podemos dizer que a aprendizagem ganha características e ritmos diferentes, dependendo da fase de desenvolvimento do indivíduo, mas aprender é como respirar, um processo duradouro enquanto nós estamos vivos. É muito comum utilizarmos a expressão “aprendizagem ao longo da vida” (ou lifelong learning), que significa continuar aprendendo coisas novas com o passar dos anos. Esse conceito surgiu na Europa, na década de 1970, e se consolidou nos anos 1990. É uma ideia que enfatiza a educação como um processo permanente, que vai muito além dos limites das instituições, da idade e do nível social. Saiba mais O conceito de aprendizagem ao longo da vida ganhou importância a partir do famoso Relatório Delors, feito para a UNESCO, com orientações para a educação mundial. O Relatório afirma o seguinte: “O conceito de educação ao longo da vida é a chave que abre as portas do século XXI, [pois] ele elimina a distinção tradicional entre educação formal inicial e educação permanente” (DELORS et al., 1995/2010, p. 31). Em setembro de 2015, líderes mundiais reuniram-se na sede da ONU, em Nova York, e decidiram um plano de ação para erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir que as pessoas alcancem a paz e a prosperidade: daí resultou a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, a qual contém o conjunto de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 4 (ODS 4), sobre educação de qualidade, por exemplo, é o seguinte: “Assegurar a educação inclusiva e equitativa de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos” (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 2016, p. 7). 3ª pergunta: Só aprendemos conteúdos organizados em áreas do conhecimento? Digite sua resposta aqui Exibir Solução A aprendizagem de conteúdos organizados em áreas do conhecimento se refere basicamente ao primeiro tipo de aprendizagem de que falamos anteriormente, a aprendizagem formal. Nas instituições que educam, os conteúdos são dispostos em séries, níveis, disciplinas, áreas de conhecimento, até porque há o objetivo de avaliar, promover e certificar. Nos dois outros tipos (aprendizagem não formal e informal), não existe essa preocupação, os conteúdos se entrelaçam em aprendizagens interdisciplinares que permitem a abordagem dos conteúdos sob vários enfoques, em diferentes linguagens. Depois de refletir sobre essas três perguntas recorrentes sobre a aprendizagem, conheceremos alguns fatores que interferem na aprendizagem. Os fatores internos e externos que afetam a aprendizagem Aprendizagem e o indivíduo Cada um de nós, ao aprender,sofre o impacto de uma série de variáveis. Essas variáveis podem ser de dois tipos: Internas ao indivíduo Relacionadas a aspectos pessoais. Externas ao indivíduo Pertencentes ao contexto em que a pessoa se encontra. Estamos nos referindo ao conjunto de fatores que facilitam a aprendizagem e mantêm preservadas as condições físicas e psicológicas necessárias à efetivação da aprendizagem ou que, pelo contrário, tornam o ato de aprender mais difícil, demorado ou até mesmo impossível. Vejamos com atenção esses fatores que impactam a aprendizagem. Os fatores internos (ou pessoais) Os fatores internos ou pessoais estão relacionados com questões particulares, pertinentes a um único indivíduo. Para facilitar o seu entendimento, organizaremos esses fatores em um quadro no qual apresentamos as quatro grandes categorias de fatores e exemplos de cada um. Os fatores externos (ou contextuais) Sabemos que as aprendizagens não ocorrem como se o indivíduo estivesse “fechado em uma bolha”. Ele está em interação constante com o mundo externo, com a realidade física e social. Confira alguns exemplos ou manifestações desses fatores. Resumindo – o Cubo de Syracuse Uma boa maneira para resumir esses fatores que afetam a aprendizagem é o Cubo de Syracuse. Ele foi elaborado, em 1985, por Corine Smith, professora emérita da Syracuse University, para representar fatores determinantes do sucesso ou do fracasso nas aprendizagens, observando características próprias. Segundo Golbert e Moojen (1996, p. 85), quando olhamos um cubo, nós o vemos como um todo, não olhando para um dos lados isoladamente, mas sim para o conjunto. Para os autores, o Cubo de Syracuse é uma representação perfeita dos fatores que afetam a aprendizagem, já que esses fatores devem ser vistos de uma forma global. Em cada face do cubo são alocados fatores intervenientes na aprendizagem, agrupados em categorias: biológicos, familiares, escolares, individuais e relativos às tarefas escolares. Cubo de Syracuse. As cinco etapas do processo de aprendizagem Dinâmicas do aprendizado Você já viu que, embora haja muitas teorias buscando compreender a aprendizagem humana, elas convergem para a consideração de que a aprendizagem sempre produz mudanças de comportamento. Por isso, podemos descrever a aprendizagem como um processo contendo cinco etapas. Vamos a uma breve descrição de cada etapa. 01 1ª etapa – Compreender É o momento em que a informação (ou conteúdo novo) é captada pelo indivíduo. Normalmente, o fato de a informação ser inédita ou desconhecida faz com que a motivação seja despertada. Essas informações podem ser captadas por vários meios, como aulas, leituras, mídias ou até mesmo pela observação da realidade. 02 2ª etapa – Reter Essa etapa é referente à fixação das informações obtidas. Nesse momento, percebemos por vezes que não houve a retenção de tanto conteúdo como se esperava. Por isso, realizar algumas revisões do que foi visto ou estudado pode dar conta do que se perdeu ou não foi retido. 03 3ª etapa – Praticar Só temos a certeza de que o conteúdo captado foi realmente retido quando conseguimos aplicá- lo a situações novas, relacionando-o à prática. Temos, então, o grande desafio de fazer, de colocar a mão na massa, de praticar. 04 4ª etapa – Compartilhar É o momento em que disseminamos as informações compartilhando-as com outras pessoas, transmitindo o que aprendemos. Possivelmente, você já viu crianças brincando de “dar aula”, assumindo o papel de professora ou professor diante de outras crianças. Esse gesto ou brincadeira deve nos lembrar que pode ser muito bom dividirmos com os outros o que aprendemos. Quando procuramos ensinar o que estamos estudando, temos uma grande fonte de aprendizado. 05 5ª etapa – Criar Nessa etapa, atribuímos uma característica pessoal ao que foi aprendido, não apenas repetindo o conteúdo, mas gerando novos conhecimentos. A aprendizagem está relacionada com criação ou construção de conhecimento, e não apenas reprodução da informação obtida. O ciclo da aprendizagem de Robert Dilts Podemos ter uma abordagem complementar a essas cinco etapas do processo de aprendizagem conhecendo o ciclo da aprendizagem proposto pelo professor Robert Dilts, estudioso e pesquisador em comunicação. Ciclo da aprendizagem de Robert Dilts. Dilts, Hallbom e Smith (1993) defendem que nos desenvolvemos ao longo de quatro estágios na aprendizagem, começando pelo desconhecimento do que não sabemos, passando pela consciência do que não conhecemos e pela consciência do que sabemos. Finalmente, tão adaptados ao conhecimento ficamos que sequer temos consciência de que aquele conteúdo foi aprendido. É como se já tivéssemos “nascido com ele”. Em outras palavras, o conteúdo ou conhecimento já é algo internalizado, incorporado, automatizado, já faz parte de nossa forma de pensar e agir sem que disso a gente se dê conta. Você deve ter estudado, por exemplo, várias regras gramaticais da língua portuguesa e técnicas ou estratégias de leitura e escrita que estão internalizadas e nem são percebidas quando você lê ou escreve um texto. Resumindo Até este momento, você certamente já começou a compreender alguns aspectos da aprendizagem humana e como ela se efetiva. Percebeu que a aprendizagem não acontece apenas de maneira formal, nas instituições educacionais, mas também de modo não formal e informal. Viu, ainda, que a aprendizagem ocorre durante toda a vida, ganhando características e ritmos diferentes dependendo da fase de desenvolvimento do indivíduo, e que ela tem caráter interdisciplinar, os conteúdos das diversas áreas do conhecimento se entrelaçam, oferecendo perspectivas mais amplas. Você também aprendeu que há fatores internos, ou pessoais, e externos, ou contextuais, que afetam a aprendizagem, podendo facilitá-la ou não. Um dos modelos que sintetiza esses fatores é o Cubo de Syracuse, criado por Corine Smith. Finalmente, você conheceu duas classificações de estágios ou etapas por meio dos quais a aprendizagem ocorre. Aspectos e processos da aprendizagem Vamos pensar um pouco mais sobre aprendizagem conversando com os professores Rodrigo Rainha e Roberto Paes. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Robert Dilts formulou um ciclo da aprendizagem composto por quatro etapas. O mais evoluído, que ele chamou de competência inconsciente, corresponde, no indivíduo, A à aquisição de conhecimentos de forma tão significativa que a pessoa não tem consciência da existência dessa aquisição. B ao desconhecimento daquilo que ele não sabe e ainda pode aprender. C à consciência e à segurança relativas ao conjunto de conhecimentos, àquilo que ele sabe. D à aquisição de conhecimentos por meio da modelagem do comportamento. E ao aflorar espontâneo de conhecimentos e conteúdos que nunca foram aprendidos ou adquiridos. Parabéns! A alternativa A está correta. A alternativa A, correta, expressa o conceito do estágio mais elevado de aprendizagem, em que há uma espécie de “conforto” do indivíduo, pela aquisição profunda e significativa de conteúdos. A alternativa B se refere ao estágio mais elementar da aprendizagem, que Dilts chama de incompetência inconsciente. A alternativa C expressa o conceito do terceiro estágio, de competência consciente. Na alternativa D, está citada a aprendizagem por condicionamento, não pertencente ao modelo teórico de Dilts. Por fim, a alternativa E está relacionada ao entendimento equivocado de que conhecimento e conteúdos podem estar internalizados sem algum tipo de aprendizagem ou aquisição. Questão 2 Uma das perguntas sobre a aprendizagem que são feitas com frequência é se ela só acontece na escola e demais instituições educacionais, de forma intencional e estruturada. A resposta é não. Nas instituições educativas, ocorre primordialmente uma forma deaprendizagem, que se denomina: A Aprendizagem informal. B Aprendizagem ao longo da vida. C Aprendizagem não formal. D Aprendizagem formal. E Aprendizagem corporativa. Parabéns! A alternativa D está correta. Apresentamos três tipos de aprendizagem: o primeiro é a aprendizagem formal, que é a resposta correta desta atividade. A aprendizagem formal é desenvolvida na escola e em instituições educacionais, levando à obtenção de diplomas e qualificações. Ela é intencional, ocorre em contextos estruturados, por meio de atividades planejadas e orientadas por metas e objetivos. A aprendizagem não formal decorre de ações que se desenvolvem fora do sistema formal de ensino, não recebe diplomas ou certificações, mas é intencional e motivada. Um exemplo disso são as aprendizagens realizadas no ambiente de trabalho, que também estariam relacionadas com a educação corporativa ou aprendizagem corporativa. Temos ainda a aprendizagem informal, que acontece em situações não estruturadas e não é intencional. Ela é realizada em situações como o contexto familiar e no contato com instituições sociais. A aprendizagem ao longo da vida se refere à continuidade do processo de informação no avançar da idade adulta. 2 - Níveis Cognitivos Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os diferentes níveis cognitivos. Depois de estudar alguns aspectos da aprendizagem humana e começar a compreender de que modo ela se efetiva, vamos aprofundar o nosso estudo, focalizando as teorias da inteligência e dos modelos mentais. Aprenderemos muita coisa interessante! Estudando a inteligência O que é a inteligência? Uma opinião corrente, manifestada pelas pessoas, é que “aprende melhor quem é mais inteligente”. Mas o que significa afinal o termo inteligência? Conceito e origem etimológica do termo inteligência O termo inteligência teve origem no latim intelligentia, derivado das palavras inter, que significa entre, e eligere, que quer dizer escolher. A partir daí, podemos dizer que inteligência significa a capacidade de fazer escolhas melhores e mais corretas. O Dicionário de Psicologia da Associação Psicológica Americana nos apresenta a seguinte definição para inteligência: Capacidade de extrair informações, aprender com a experiência, adaptar-se ao ambiente, compreender e utilizar corretamente o pensamento e a razão (VANDENBOS, 2010, p. 521) Assim como a palavra aprendizagem, são muitas as definições de inteligência, que envolvem desde características biológicas até processos cognitivos e emocionais. Na maior parte das definições de inteligência, temos a conjugação de propósito, que significa encontrar meios para alcançar determinado fim, e uma ênfase econômica, relativa ao máximo de efeito com o menor gasto de energia. Saiba mais Há dois conceitos de inteligência, que são bastante conhecidos, elaborados por dois psicólogos norte-americanos. O primeiro conceito é de Robert Sternberg (2000), para quem a inteligência é a capacidade de se adequar ao ambiente, conjugada ao aprendizado por meio das experiências vivenciadas. O segundo conceito de inteligência é de Howard Gardner (1995, p. 21), para quem a inteligência está relacionada com a “capacidade de resolver problemas ou elaborar produtos que são importantes em determinado ambiente ou comunidade cultural”. Essa capacidade permite que uma situação seja abordada por alguém a partir de um objetivo a ser atingido, buscando a solução adequada para alcançar esse objetivo. O quociente de inteligência (QI): a preocupação em medir a inteligência Os primeiros estudos sistemáticos sobre a inteligência vieram de uma corrente da Psicologia chamada Psicometria, que tem como objetivo medir os processos mentais. É fácil compreender, então, o surgimento do conceito de quociente de inteligência, abreviado como QI. Ele é uma medida, um número que expressa a capacidade intelectual de um indivíduo tomando como base critérios de referência que permitem estabelecer comparações, relacionando a idade mental e a idade cronológica. O psicólogo alemão William Stern (1871-1938) sugeriu, em 1911, que os escores dos testes de inteligência podiam ser expressos em termos de um quociente de inteligência ou QI, igual à razão: Psicometria Representa a teoria e a técnica de medida dos processos mentais, especialmente aplicada na área da Psicologia e da Educação. Ela se fundamenta na teoria da medida em ciências em geral, ou seja, do método quantitativo que tem, como principal característica e vantagem, o fato de representar o conhecimento da natureza com maior precisão do que a utilização da linguagem comum para descrever a observação dos fenômenos naturais (PASQUALI, 2009, p. 993). QI = Idade Mental (IM)Idade Cronológica (IC) X 100 Rotacione a tela. Exemplo Se um indivíduo tem uma idade mental de 10, medida por testes, e uma idade cronológica de 8 anos, seu QI seria (10/8) x 100 ou 125. A disseminação dessa ideia, de que a inteligência humana pode ser medida e comparada, permitiu a emergência de muitas abordagens discriminatórias e preconceituosas, fundamentando as concepções de superdotados e infradotados intelectualmente. Um resumo dos primeiros estudos Atenção! Quando Alfred Binet usa o termo censura para intitular uma das etapas da inteligência, ele está se referindo aos controles sociais, morais e éticos adquiridos pelo indivíduo e que o direcionam. Teorias sobre a Inteligência Inteligências múltiplas Retomaremos o conceito de inteligência de Howard Gardner, que já mencionamos brevemente, para conhecer sua teoria das inteligências múltiplas. Atenção! Quem foi Howard Gardner? Gardner nasceu em 1943, na Pensilvânia, numa família de judeus alemães que escaparam do nazismo. Ele estudou na Universidade de Harvard, dedicando-se à pesquisa na área da Psicologia e 1905 Alfred Binet e Théodore Simon criaram o primeiro teste de inteligência. 1910 Alfred Binet afirmou que a inteligência é fundamentalmente ação e comporta as etapas de compreensão, invenção, direção e censura. 1954 Lewis Terman criou o t coletivo Stanford Binet da Educação. Atualmente, Gardner é professor na Universidade de Harvard e na Universidade de Boston. Ele já foi considerado, pelas revistas Foreign Policy e Prospect, um dos cem intelectuais mais influentes do mundo. Howard Gardner discordou da ideia de um quociente de inteligência único e estabeleceu que a capacidade cognitiva humana pode ser mais bem descrita como um conjunto de oito capacidades mentais. Gardner defende uma avaliação completamente diversificada do que denomina “inteligências múltiplas”. Gardner utiliza formas não verbais de avaliação da inteligência que sejam capazes de fornecer elementos para a promoção de habilidades cognitivas responsáveis pela boa qualidade da adaptação do ser humano ao ambiente que o cerca. A inteligência seria, então, um potencial biopsicológico, baseado em diferenças genéticas e ambientais. Gardner enfatiza a importância da localização das funções cerebrais e da relativa autonomia dessas funções na explicação dos desempenhos cognitivos, como se expressa na multiplicidade de inteligências. As oito inteligências descritas por Gardner Você já sabe que são oito as múltiplas inteligências descritas por Gardner. Elas se desenvolvem de forma diferente em cada pessoa, criando um perfil único. Você pode ter, por exemplo, a inteligência lógico-matemática muito desenvolvida, enquanto a inteligência musical não segue o mesmo nível de avanço. Confira o quadro que mostra as “inteligências humanas”, segundo Gardner: Múltiplas inteligências. Vamos a uma breve descrição de cada uma dessas inteligências. Inteligência linguística Capacidade de aprender noções dos códigos linguísticos, memorizá-las e aplicá-las de forma criativa, manifestando domínio da linguagem e das palavras. Inteligência lógico-matemática Capacidade de usar os números de forma efetiva para raciocinar eficientemente, utilizando processos mentais, como categorização,classificação, inferência, generalização, cálculo e testagem de hipóteses. Inteligência visual-espacial Capacidade para a percepção do mundo visível e de transformar essa percepção, envolvendo aspectos como a sensibilidade a cores, linhas, formas e configurações espaciais. Inteligência corporal-cinestésica Capacidade para o controle e a harmonização dos movimentos corporais, para a orientação e a manipulação de objetos. Inteligência musical Capacidade de perceber, discriminar, transformar e expressar formas musicais, com sensibilidade ao ritmo, tom, melodia e timbre. Inteligência interpessoal Capacidade de compreender e se identificar com os outros indivíduos e de se comunicar com eles. Inteligência intrapessoal Capacidade de autoconhecimento e de agir de forma adaptativa, com base nesse conhecimento. Inteligência naturalista Capacidade para reconhecer e classificar espécies da natureza e sensibilidade em relação a outros fenômenos naturais. Haveria uma nona inteligência? Depois de completar o estudo das oito inteligências, Gardner começou a estudar a possibilidade de uma nona inteligência, a existencial, que estaria relacionada à preocupação com questões básicas da vida. De todo modo, a teoria proposta por Gardner nos leva a perceber que podemos desenvolver diversos tipos de inteligência. E se não vamos tão bem em alguma capacidade, devemos nos animar descobrindo ou reconhecendo outras capacidades em que vamos bem. Ter consciência sobre nossas fortalezas e fragilidades no aprendizado é muito importante para identificarmos como podemos aprender mais e melhor. Pare, observe e reflita sobre a sua forma de aprender. Verifique, do quadro de inteligências descrito por Gardner, quais são as mais desenvolvidas em você. Pense sobre o que você aprende com mais facilidade, prazer e com melhor rendimento. Não estamos falando apenas das aprendizagens formais, de conteúdo das disciplinas, mas também dos outros dois tipos de aprendizagem de que falamos no módulo 1, as não formais e as informais. Uma curiosidade... E a inteligência artificial? Todos nós ouvimos muitas referências a esse termo, mas o que ele significa? A inteligência artificial ou IA, como é chamada, é um ramo de estudo da Ciência da Computação que tem como objetivo desenvolver mecanismos e dispositivos tecnológicos que consigam simular o sistema de raciocínio dos seres humanos, ou seja, a inteligência humana. Não se trata de substituir humanos por robôs, como muitas ficções científicas apresentam, mas de criar soluções tecnológicas que realizam atividades de um modo considerado inteligente. Já dispomos, por exemplo, de aparelhos que interpretam e sintetizam a voz ou os movimentos humanos, mas nada que aproxime verdadeiramente as máquinas do que é capaz de fazer a inteligência do homem. Indivíduos com altas habilidades A prática de avaliar quantitativamente a inteligência, que deu origem ao conceito de quociente de inteligência, também originou o conceito de superdotação intelectual, erradamente confundida com genialidade. Pessoas com altas habilidades apresentam grande facilidade de aprendizagem, desenvolvendo competências de forma muito rápida, dominando aceleradamente conceitos, procedimentos e atitudes. Normalmente apresentam vários aspectos e tipos de inteligência muito desenvolvidos, demonstrando características como: Aprendizagem rápida Riqueza de expressão verbal Habilidade para lidar com ideias abstratas Curiosidade, preferência por situações novas e desa�adoras Criatividade e imaginação Habilidade para compreender pontos de vistas de outras pessoas Interesse por variadas fontes de conhecimento Originalidade para resolver problemas O modelo dos três anéis de Renzulli e Reis Renzulli e Reis (1997) definem o indivíduo com altas habilidades ou superdotação (AH/SD) baseando-se na interação entre três grupos básicos de traços humanos: Habilidade acima da média para a realização de tarefas. Grande envolvimento com a tarefa em execução. Altos níveis de criatividade. O modelo é ilustrado pelos autores desta forma: O modelo dos três anéis. Eles afirmam que altas habilidades têm lugar em determinadas pessoas (não em todas), em determinados momentos (não o tempo todo) e em determinadas circunstâncias (não em todas as circunstâncias). A teoria triárquica da inteligência (TTI) de Sternberg Robert Sternberg (1988), da Universidade de Yale, afirma que a inteligência compreende capacidades analíticas, criativas e práticas. Vejamos: Pensamento analítico Nesse tipo de pensamento, buscamos a resolução de problemas conhecidos. Pensamento criativo Por meio dele, tentamos resolver novos tipos de problemas. Pensamento prático É o pensamento por meio do qual tentamos resolver problemas aplicando o que já sabemos aos contextos cotidianos. Teoria triárquica da inteligência. A partir da teoria triárquica da inteligência, Sternberg criou uma concepção plural de altas habilidades e formulou um modelo pentagonal, segundo o qual elas apresentam cinco características: excelência, raridade, produtividade, demonstratividade e valor. Ele criou, ainda, um modelo explicativo da superdotação, conhecido como WICS: Wisdom – sabedoria Inteligence – inteligência Creativity – criatividade Synthesized – síntese Conhecendo os modelos mentais Operando com a mente Modelos mentais são mecanismos do pensamento humano que representam e “filtram” a realidade externa. Cada um de nós tem o seu modelo mental e ele, atuando em um nível abaixo da consciência, define a forma como percebemos os fatos que acontecem na realidade à nossa volta, as maneiras como pensamos, nos sentimos e reagimos a eles. Segundo Sartor (apud ANGELONI, 2008, p. 153), os modelos mentais são imagens, pressupostos e histórias que temos acerca de nós mesmos, das outras pessoas, das instituições e em relação a outros aspectos do mundo e da vida. De onde vêm os modelos mentais? Como eles se formam nos indivíduos? Eles são criados a partir de quatro origens: Sistema nervoso Essa origem funciona como um "filtro biológico", refere-se às capacidades fisiológicas e cognitivas, assim como a determinadas limitações que cada ser humano tem. Linguagem Refere-se ao modo como utilizamos a língua e suas variantes (modo de falar, nível de linguagem, regionalismos, por exemplo). Por meio da linguagem, é estabelecida a comunicação com as outras pessoas. Cultura Alguns autores a consideram um modelo mental coletivo, pois se desenvolve a partir de experiências compartilhadas nas famílias e outras instituições sociais, empresas, nações. História pessoal Essa origem está vinculada ao passado de cada ser humano, às experiências e informações que acumulamos ao longo do tempo. Mas qual é a relação entre os modelos mentais e a aprendizagem? Se os modelos mentais caracterizam a forma como o ser humano percebe e interage com o mundo que o cerca, também descrevem a concepção criada por ele sobre um conteúdo, um tema ou um assunto, organizando os dados existentes em informações e conhecimentos, que podem incluir a utilização de inferências equivocadas que atrapalham a aprendizagem. Marco Antonio Moreira (1997), pesquisador do assunto, afirma que a melhor técnica para investigar a cognição humana é o estudo dos estilos mentais, descrevendo o que as pessoas fazem enquanto resolvem um problema. Para isso, utiliza experimentos em laboratório, entrevistas estruturadas, atividades em grupo e a construção de mapas conceituais ou mapas mentais. Inferências É um tipo de raciocínio a partir de determinados dados ou informações para se chegar a determinada conclusão. Em outras palavras, é a dedução feita a partir de alguma informação. Sobre mapas conceituais ou mapas mentais A teoria dos mapas conceituais foi desenvolvida na década de 1970 pelo pesquisador norte- americano Joseph Novak. Ele define mapa conceitual como uma ferramenta para organizar e representar o conhecimento (NOVAK; GOWIN,1999) e a sua estrutura básica é uma representação gráfica, geralmente bidimensional, de um conjunto de conceitos interligados na forma de proposições. Os conceitos aparecem em caixas e as relações entre eles são especificadas por palavras ou frases de ligação. Com dois ou mais conceitos, conectados por frases de ligação, formamos uma proposição, que deve evidenciar de modo claro o significado da relação conceitual estabelecida. Saiba mais Os mapas conceituais ou mapas mentais podem ser um recurso para sintetizar de forma gráfica determinado conteúdo. Tentar elaborar um mapa conceitual depois de ler ou estudar um assunto ou tema pode ser uma maneira de você verificar sua habilidade para sintetizar, esquematizar e fixar o que compreendeu. Depois de pronto, o mapa conceitual pode ajudá-lo a retomar aquele mesmo material ou conteúdo e guiá-lo numa revisão ou preparação para uma avaliação. Na internet, você encontra páginas ou aplicativos que permitem criar mapas mentais, como Miro, Mindmeister, Coggle, Mindomo, entre outros. Confira um exemplo de mapa conceitual a partir do que estudamos sobre as múltiplas inteligências propostas por Gardner: Mapa conceitual da teoria das inteligências múltiplas Antes de terminar este módulo, vamos a mais um desafio! Agora que você já sabe que cada um de nós tem o seu modelo mental e que ele define como percebemos os fatos que acontecem na realidade à nossa volta, como pensamos e, logicamente, como aprendemos, reflita sobre o seu modelo mental, a partir dos quatro fatores que determinam a formação dele: biológicos, linguagem, cultura e história pessoal. Resumindo Além de conceituar o termo inteligência, vimos que a tendência dos estudos iniciais era avaliar a inteligência quantitativamente, por meio de testes padronizados, o que é expresso no conceito de quociente intelectual (QI). Logo surgiram movimentos teóricos que contradisseram essa tendência, como a teoria das inteligências múltiplas, de Howard Gardner. Apresentamos também alguns estudos relativos às altas habilidades ou superdotação, como o modelo dos três anéis, de Renzulli e Reis, e a teoria triárquica da inteligência (TTI), de Robert Sternberg. Finalizamos conceituando modelos mentais, mecanismos do pensamento humano que representam e “filtram” a realidade externa, e comentando brevemente sobre os mapas conceituais ou mentais. As teorias da inteligência e a neurociência O professor Silvio Pessanha Neto, doutor em medicina, neurocientista, explica o que é e como podemos analisar a inteligência ampliando os olhares sobre o assunto. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Leia o texto a seguir: “Fica claro, a partir do exame dos papéis adultos, mesmo na sociedade ocidental dominada pela linguagem, que as capacidades espaciais, interpessoais ou corporal-cinestésicas geralmente desempenham papéis chave. No entanto, as capacidades linguísticas e lógicas constituem o núcleo da maioria dos testes diagnósticos de ‘inteligência’ e são colocados num pedestal pedagógico em nossas escolas.” (GARDNER, H. Inteligências Múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995, p. 33) Essa citação expressa qual aspecto destacado da teoria de Gardner? A A proposta de uma avaliação única para todas as capacidades mentais. B A defesa da língua e da matemática como inteligências principais, pois são as capacidades mais utilizadas em qualquer profissão. C A discordância da ideia de um quociente de inteligência único para descrever a capacidade cognitiva humana. D A proposta da utilização apenas de formas verbais de avaliação da inteligência, principalmente das capacidades linguísticas e lógicas. E O argumento de que os testes de inteligência contribuem positivamente para destacar de forma adequada o que deve ser valorizado na escola ou na universidade. Parabéns! A alternativa C está correta. Gardner discordava fortemente da existência de um quociente de inteligência único para descrever a capacidade cognitiva humana. Essa discordância está na própria existência das múltiplas inteligências, avaliadas mediante estratégias diversificadas. Assim, a alternativa A está incorreta porque Gardner defende uma avaliação completamente diversificada e específica do que ele denomina “inteligências múltiplas”. A alternativa B não deve ser assinalada pois o autor não admite a existência de inteligências principais, que se sobressaiam às outras. Para ele, todas as múltiplas inteligências pesquisadas fazem parte do espectro cognitivo do ser humano, tendo igual importância. A alternativa C está incorreta porque Gardner propõe o rompimento com formas apenas verbais de avaliação da inteligência, utilizando instrumentos não verbais que sejam capazes de fornecer elementos para a promoção de habilidades cognitivas responsáveis pela boa qualidade da adaptação do homem ao ambiente que o cerca. Finalmente, a alternativa E está incorreta porque os testes de QI acabaram contribuindo para a valorização apenas das capacidades linguísticas e lógica no contexto escolar ou acadêmico. Questão 2 Analise as afirmativas a seguir: I – Os modelos mentais correspondem a formas de representar e “filtrar” a realidade externa, por meio de imagens, ideias e experiências relacionadas a nós mesmos, aos outros e à realidade em geral, contribuindo para o processo de aprendizagem. II – Modelos mentais são provenientes da cultura, da história pessoal, das competências individuais, da linguagem e do sistema nervoso. III – Os modelos mentais deixam de fora a influência de aspectos coletivos ou institucionais, como a contribuição da família, das organizações e do modo de vida de um povo ou comunidade. Está correto apenas o que se afirma em A Somente I. B Somente II. C Somente III. D I e II. E II e III. Parabéns! A alternativa D está correta. 3 - Estilos de aprendizagem Reconhecer estilos de aprendizagem e métodos de estudo e�cazes para aprendizagem signi�cativa Os modelos mentais, que caracterizam a forma como o ser humano percebe e interage com o mundo, definem a concepção criada pelo indivíduo sobre um conteúdo, um tema, um assunto, organizando os dados existentes em informações e em conhecimentos, o que facilita a aprendizagem, mas também podem incluir a utilização de inferências equivocadas, que atrapalham a aprendizagem. Esses modelos são criados a partir de quatro origens: 1) por meio da cultura, considerada uma espécie de “modelo mental coletivo”, pois se desenvolve a partir de experiências compartilhadas nas famílias e outras instituições e comunidades; 2) por meio da história pessoal, ou seja, das experiências e aprendizados ao longo do tempo; 3) por meio da linguagem, isto é, o modo como usamos os diversos códigos para comunicação e interação; 4) por meio do sistema nervoso, ou seja, nossas capacidades cognitivas e fisiológicas. Você já se deu conta de qual é o seu estilo de aprendizagem? Estudaremos agora os estilos de aprendizagem, para que você compreenda melhor sua própria aprendizagem e confira algumas dicas que podem lhe ajudar a estudar melhor. Qual o seu estilo de aprendizagem O que são os estilos de aprendizagem Quando utilizamos a expressão “estilos de aprendizagem”, não estamos nos referindo a uma teoria da aprendizagem específica. Cada um de nós tem sua maneira própria de aprender, com determinadas características, preferências, facilidades, estratégias para a solução de problemas, a elaboração de conclusões e a assimilação dos conteúdos. Assim, vamos a uma definição inicial de estilo de aprendizagem: O estilo que um indivíduo manifesta quando se confronta com uma tarefa de aprendizagem específica. [É] uma predisposição do aluno em adotar uma estratégia particular de aprendizagem, independentemente das exigências específicas das tarefas. (CERQUEIRA,2000, p. 36) Uma outra definição é proposta pelo casal de pesquisadores Rita Dunn e Kenneth Dunn, numa obra que trata de como ensinar os alunos por meio dos seus estilos de aprendizagem. Eles definem os estilos de aprendizagem como um conjunto de condições que permitem ao indivíduo se concentrar, absorver, processar e reter informações e habilidades novas ou difíceis (DUNN; DUNN, 1978). Atenção! Os estilos de aprendizagem não são fixos, imutáveis. Eles podem sofrer mudanças durante a vida, de acordo com o desenvolvimento do ser humano. Duas teorias de estilos de aprendizagem Há muitas teorias que classificam os estilos de aprendizagem. Dentre as mais conhecidas, escolhemos duas para o nosso estudo: a teoria da aprendizagem experiencial de Kolb e o modelo VARK de estilos de aprendizagem. Vamos conhecer cada uma dessas teorias. A teoria da aprendizagem experiencial de Kolb O psicólogo e teórico da educação David Allen Kolb, em 1984, desenvolveu um instrumento padronizado de medida denominado Inventário de Estilos de Aprendizagem (Learning Style Inventory - LSI), que parte da ideia de que as pessoas possuem diferentes estilos de aprendizagem, que são influenciadas pela maneira como percebem e processam a realidade, ou seja, pelos modelos mentais, que já estudamos no módulo anterior. O Inventário de Estilos de Aprendizagem O inventário é composto de frases sobre a aprendizagem dos respondentes de um teste aplicado. Essas frases estão associadas a determinadas alternativas, que recebem pesos de acordo com o que o respondente acredita descrever melhor suas atitudes e sentimentos quando está aprendendo. Assim, a partir dos graus atribuídos às alternativas, são calculados quatro índices: experiência concreta, conceituação abstrata, observação reflexiva e experimentação ativa. O que significam esses quatro índices? Os quatro índices compõem o que alguns também chamam de quatro estágios do ciclo de aprendizagem. Confira no quadro a seguir a descrição ou características de cada índice a partir de sua relação com a aprendizagem. Índices Aprendizagem Características dos Aprendizes Experiência concreta Fundamentada em experiências Consideram abordagens teóricas desnecessárias; aprendem melhor por meio de exemplos específicos e na interação com outros estudantes. Conceituação abstrata Analítica e conceitual, apoiada no raciocínio lógico. Apreciam atividades que promovam a reflexão e o questionamento, com ênfase teórica e análise sistemática. Observação reflexiva Baseada em observações cuidadosas e julgamentos pessoais. Gostam de assistir a aulas sobre os conteúdos a serem aprendidos. Experimentação ativa Alicerçada em atividades práticas Preferem participar de projetos práticos, discussões em grupo e realizar tarefas Os quatro índices do Inventário de Estilos de Aprendizagem de Kolb. Quadro: Baseado em Kolb, 1984. Considerar cada um desses índices é uma forma de você refletir ou mesmo tomar consciência sobre o modo como você aprende. A partir desse inventário, Kolb descreveu quatro estilos de aprendizagem: Adaptadores ou acomodadores Preferem aprender com atividades práticas e experiências, em vez de teorias e manuais; utilizam mais a intuição do que a lógica. Assimiladores Preferem utilizar mais teorias do que o lado prático; apresentam gosto por ideias abstratas e números, combinando observação e pensamento. Divergentes Preferem trabalhar em grupo, aprendendo com sensações e observações; possuem muita criatividade e imaginação, trazendo novas ideias e visões sobre o que é estudado. Convergentes Preferem aprender com a reflexão e a ação; têm facilidade com a aplicação prática das ideias, tomada de decisões e resolução de problemas. É possível que você se identifique mais com um desses estilos de aprendizagem, mas também pode ser que você perceba que em diferentes situações ou disciplinas um ou outro estilo de aprendizagem sobressaia. Modelo VARK de estilos de aprendizagem Essa é uma das abordagens mais conhecidas de estilos de aprendizagem, até mesmo pela sua simplicidade. O professor neozelandês Neil Fleming criou, em 1992, uma técnica de mapeamento de estilos de aprendizagem denominada de VARK – Visual, Auditivo, Leitura-escrita e Sinestésico (em inglês Visual, Aural-Read, Write and Kinesthetic). Segundo Fleming (2001), o ser humano tem quatro canais de aprendizado e a predominância de um deles determina um estilo de aprendizagem. Visual Aprendizagem favorecida por meio de exposições e demonstrações visuais. Auditivo Aprendizagem favorecida por meio da captação de variações sonoras, como palestras, discussões e seminários. Leitura-escrita Aprendizagem favorecida pela leitura de artigos, manuais, relatórios e ensaios e pela tomada de anotações. Sinestésico Aprendizagem favorecida pela exploração de todos os sentidos e pela realização de atividades práticas. Os estilos de aprendizagem de Fleming (2001). Uma contribuição interessante de Fleming foi a elaboração de um quadro de recursos didáticos facilitadores da aprendizagem relacionados a cada estilo: Visual Auditivo Leitura-escrita Sinestésico Diagramas Debates/palestras Livros/textos Estudos de caso Gráficos/imagens Discussões Folhetos Modelos de trabalho Aula expositiva Conversas Leitura de artigos Palestrantes convidados Vídeos CDs de áudio Comentários escritos Demonstrações Resolução de exercícios Áudio e vídeo Desenvolvimento de resumos Atividade física Pesquisa na internet Seminários Ensaios Resolução de exercícios Aulas práticas Música Múltipla escolha Palestras Projeções (slides) Dramatização Bibliografias Aulas práticas Recursos didáticos e estilos de aprendizagem VARK. Quadro: Fleming, 2001, p. 137 Conhecer as pesquisas e teorias sobre estilos de aprendizagem nos faz reconhecer que as pessoas aprendem de modo diferente, sendo possível identificar um estilo que predomine em um indivíduo. Entretanto, também podemos concluir que um mesmo indivíduo aprende de modo diverso em diferentes situações. Assim, mais importante do que tentar “cravar” de modo absoluto qual é o seu estilo de aprendizagem, você deve estar atento à necessidade de mobilizar diferentes habilidades ou usar estratégias de estudo diversificadas em função da situação, do tipo de aula ou de conteúdo. Mergulhando na Neurociência Como o cérebro aprende? Boa parte das pesquisas e estudos sobre estilos de aprendizagem se valem hoje da contribuição da Neurociência. A Neurociência (não confunda com Neurologia) é um ramo da ciência que estuda o sistema nervoso central, suas estruturas, funcionalidades, aspectos fisiológicos, processos de desenvolvimento e alterações que podem surgir no decorrer da vida. O médico e pesquisador Floyd Bloom define a Neurociência como uma ciência multidisciplinar que analisa o sistema nervoso a fim de compreender a base biológica do comportamento (BLOOM, 2008, p. 3). Resumindo Estudos de diversas áreas do conhecimento convergem para a Neurociência, tornando-a nitidamente interdisciplinar. Dentre essas várias confluências de diferentes áreas de conhecimento, temos a Neurociência Cognitiva ou Neuropsicologia, que trata das capacidades mentais relacionadas à inteligência, como linguagem, memória, autoconsciência, percepção, atenção, aprendizagem, entre outras. Para a Neurociência Cognitiva, a aprendizagem é um processo complexo que provoca modificações estruturais e funcionais permanentes do sistema nervoso central. De acordo com esse ramo da ciência, o processo de aprendizagem funcionaria conforme o seguinte fluxo de etapas: Etapas da aprendizagem na perspectiva da Neurociência Cognitiva. Neurociência e aprendizagem Vamos conhecer um pouco mais sobre como a Neurociência pode nos ajudar a estudar e a aprender melhor com o médico Silvio Pessanha. É possível ser mais e�ciente nos estudos? Agora que você já domina vários conceitos relacionados à aprendizagem, inclusive sobre modelo mental e estilos de aprendizagem,conversaremos um pouco sobre métodos de estudo. Aprendendo a estudar melhor O melhor método de estudo... não existe. É isso mesmo, não existe. Métodos de estudo são técnicas usadas para facilitar a aprendizagem, torná-la mais agradável e eficaz. Consequentemente, é bom que você conheça e experimente vários métodos e selecione alguns que combinam melhor com o seu estilo de aprendizagem, com as características do conteúdo que você vai aprender, com o seu momento de vida. Alguns métodos de estudo bastante conhecidos Dentre os diversos métodos ou técnicas, escolhemos quatro métodos de estudo para lhe apresentar. Talvez você já os tenha utilizado, sem sistematizar e direcionar essa escolha. Será uma apresentação resumida, mas você pode buscar outras informações sobre os que lhe parecerem mais interessantes. Método Cornell É um sistema de anotações organizado em três partes: ideias principais do conteúdo que você está estudando; anotações com as suas próprias palavras sobre elas; sumário ou resumo do tema. Flash cards Uso de cartões para a revisão rápida dos aspectos mais importantes do tema estudado, podem ser organizados em perguntas e respostas. Mapas mentais ou mapas conceituais Já abordados no módulo 2, são uma representação gráfica, geralmente bidimensional, de um conjunto de conceitos interligados na forma de proposições. Método pomodoro O método dura duas horas. Primeiro, você realiza uma atividade durante 25 minutos. Quando acabar o tempo, descansa 5 minutos. Assim sucessivamente, até completar as duas horas. Nesse momento, você descansa mais 30 minutos. Saiba mais O método pomodoro recebe este nome, que significa “tomate” em italiano, em referência ao cronômetro de cozinha na forma de tomate e à ideia de dividir o tempo de foco total no estudo em quatro partes — numa analogia, seria como dividir o tomate em quatro partes. Há muitos outros métodos, como reler os textos, grifar as ideias principais, gravar áudios com o resumo do tema estudado, ler em voz alta o que não entendeu direito, resolver listas de exercícios, discutir o conteúdo com colegas, entre outros. Técnicas e métodos de estudo Vamos conhecer um pouco mais sobre alguns dos principais métodos ou técnicas para um estudo mais eficaz e eficiente conversando com o professor Gabriel Elmor. Algumas dicas para melhorar a sua aprendizagem Sem a intenção de apresentar uma “receita”, reunimos algumas sugestões que realmente podem melhorar a sua aprendizagem. Planeje o seu estudo, estabelecendo metas a alcançar. Utilize o apoio das tecnologias digitais, explorando recursos ou aplicativos que ajudam a organizar os estudos, como o Trello, o Focus To-Do e o QuizUp. Defina horários de estudo, escolha um lugar para estudar e prepare o ambiente. Cultive hábitos e práticas que ajudem a criar uma disciplina ou rotina de estudos, mas lembre-se de que a rotina de estudos não precisa ser algo enfadonho e repetitivo. Varie as estratégias de estudo e os conteúdos, evitando a monotonia. Procure estudar quando estiver descansado. Estabeleça pausas durante o processo de estudo, para diminuir a fadiga e ter momentos de “descompressão”. Evite acumular muito conteúdo ou estudar apenas na véspera das provas, deixando para aprender tudo de uma vez só. Estabeleça expectativas positivas em relação à sua aprendizagem, estude com perspectiva otimista, encarando as dificuldades como desafios. Impeça a “curva de esquecimento”, fazendo revisões do conteúdo. Estabeleça conexões entre os conteúdos e busque aplicações práticas do que você estiver estudando, o que ajuda a fixá-los. Agora que você aprendeu bastante sobre a aprendizagem, a importância do conhecimento do seu modelo mental e do estilo de aprendizagem predominante no seu perfil cognitivo, o desafio é fazer o Inventário de Estilos de Aprendizagem de Kolb e, a partir do resultado, definir estratégias e recursos para aprender de forma mais eficaz. Tenha em mente, de início, que não há estilos melhores ou piores, todos nós somos capazes de aprender cada vez mais e melhor, desde que estejamos motivados e tenhamos condições adequadas para isso. O teste pode ser realizado em alguns sites na Internet. Uma das possibilidades de fazer o teste é buscando pelo Inventário de Estilo de Aprendizagem de Kolb na página do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA) da UFPB. Resumindo Entre as diferentes teorias que procuram dar conta da aprendizagem, existem abordagens que identificam e tipificam os modos ou estilos de aprendizagem. Das mais conhecidas, estudamos a teoria da aprendizagem experiencial de Kolb e o modelo VARK de estilos de aprendizagem. A teoria da aprendizagem experiencial de Kolb identifica quatro estilos de aprendizagem: adaptadores ou acomodadores; assimiladores; divergentes; e convergentes. Já o modelo VARK reconhece os estilos de aprendizagem visual, auditivo, leitura-escrita e sinestésico. A Neurociência também traz importantes contribuições para a compreensão do processo e dos estilos de aprendizagem. Todas essas contribuições teóricas podem nos ajudar a identificar técnicas e métodos mais adequados para aprendermos mais e melhor. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Imagine que você tenha bastante dificuldade de aprendizagem em relação ao conteúdo teórico de uma disciplina logo no início de seu curso. Seu professor, que conhece a teoria da aprendizagem experiencial de Kolb, propõe uma série de atividades individuais bastante práticas, como dramatização do conteúdo e jogos para a fixação dos conceitos. Após a última avaliação da disciplina, você obteve um bom resultado, que indicou um progresso sensível. Podemos levantar a hipótese de que o estilo de aprendizagem envolvido nessa situação é predominantemente A convergente. B adaptador. C assimilador. D auditivo. E divergente. Parabéns! A alternativa B está correta. O estilo de aprendizagem adaptador ou acomodador, segundo Kolb, se caracteriza pela preferência por atividades práticas e experiências, em vez de teorias e manuais, pelo uso predominante da intuição, em vez da lógica. Por isso as atividades propostas foram bem- sucedidas. Não se deve marcar a alternativa A porque indivíduos com estilo de aprendizagem convergente preferem aprender com a reflexão e a ação e têm facilidade com a aplicação prática das ideias, tomada de decisões e resolução de problemas. A alternativa C não deve ser assinalada porque, no estilo assimilador, a preferência é por abordagens mais teóricas do que práticas. Os indivíduos apresentam gosto por ideias abstratas e números, combinando observação e pensamento. A alternativa D está relacionada com o estilo auditivo de aprendizagem, não fazendo parte do modelo teórico de Kolb, mas sim do modelo VARK. Por fim, a alternativa E apresenta o estilo divergente, que se caracteriza pela preferência pelo trabalho em grupo, o que não é o caso da nossa situação hipotética. Questão 2 Alexandre tem dificuldades para estudar de forma organizada e sistemática. Dispersa a atenção com facilidade e logo fica cansado. Um dos seus professores sugeriu que ele usasse o método pomodoro de estudo, o que trouxe resultados muito positivos para o rapaz. Quais elementos ou procedimentos caracterizam esse método? A Grifar os aspectos mais importantes do conteúdo e elaborar um resumo para releitura posterior. B Usar cartões que objetivam a revisão rápida dos aspectos mais importantes do tema estudado, que pode ser organizado em perguntas e respostas. Realizar 25 minutos de estudo, seguidos por 5 minutos de descanso. Esse Considerações �nais Você acompanhou, ao longo deste material, várias considerações e abordagens teóricas sobre a aprendizagem, suas modalidades e os fatores que nela interferem. Conheceu algumas teorias C procedimento se repete atécompletar 2 horas. Nesse momento, o aluno descansa 30 minutos. D Usar plataforma virtual em que o aluno pode organizar o que tem estudado e acompanhar o ritmo do que aprende. E Utilizar sistema de anotações organizado em três partes: ideias principais do conteúdo estudado; anotações com as próprias palavras do aluno sobre o conteúdo; e o sumário ou resumo do tema. Parabéns! A alternativa C está correta. Todas as alternativas se referem a métodos de estudo, mas apenas a alternativa C descreve o método pomodoro de estudo. As demais descrições citam outros métodos. A alternativa A trata da conhecida combinação de destacar os aspectos mais importantes do conteúdo, organizar um resumo e reler quantas vezes forem necessárias. A alternativa B trata dos cartões de memorização rápida, referindo-se à técnica Flash cards. A alternativa D apresenta ofertas de plataformas virtuais que auxiliam a organização dos estudos. A alternativa E faz referência ao método Cornell de estudo. sobre inteligência, modelos mentais, estilos de aprendizagem e outros aspectos relacionados de alguma forma com o estudo e a construção do conhecimento. Também pôde se inteirar de alguns métodos, estratégias e cuidados que podem melhorar o seu aprendizado. Esperamos que tudo isso ajude você a estudar de forma adequada ao longo de seu curso. E lembre-se sempre: estudar deve ser mais do que uma obrigação, deve ser uma oportunidade preciosa para continuar se desenvolvendo e se preparando para os desafios da vida e do mundo do trabalho. O estudo é o caminho para grandes realizações pessoais! Podcast Escute agora um papo com o professor Rodrigo Rainha, Roberto Paes, Luis Claudio Dallier e Gabriel Elmor sobre os desafios de estudar melhor. Referências ANGELONI, M. T. (org.) Organizações do conhecimento: infraestrutura, pessoas e tecnologia. São Paulo: Saraiva, 2008. ARMSTRONG, T. Inteligências múltiplas em sala de aula. Porto Alegre: Artmed, 2001. BLOOM, F. Neuroscience. In: SQUIRE, L. et al. Fundamental Neuroscience. 3. ed. London: Elsevier, 2008. CERQUEIRA, T. C. S. Estilos de aprendizagem em universitários. 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Ela, filme de 2013, dirigido por Spike Jonze, aborda o relacionamento entre um ser humano e um ente com Inteligência Artificial que funciona como um assistente pessoal avançado e inteligente. Da interação entre os dois nasce uma paixão do homem pelo software. Leia os seguintes textos: Inteligência Emocional: A teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente, de Daniel Goleman, publicado pela Objetiva. Na obra, Goleman conceitua a inteligência emocional como o conjunto de competências relacionadas a lidar com as próprias emoções. Afirma que a capacidade de perceber, compreender, processar e administrar as emoções, permitindo expressá-las de maneira apropriada e eficaz, provoca efeitos profundos na vida humana. O sucesso dessa abordagem foi tão grande que começou a ser utilizada a expressão quociente emocional (QE), em contraposição a quociente intelectual (QI), conceito que estudamos no módulo 1 deste tema. O Poder do Hábito, de Charles Duhigg, publicado pela Objetiva. Um livro que não traz sugestões de métodos de estudo, mas faz uma abordagem interessantíssima sobre o impacto dos hábitos e das suas mudanças sobre a vida do ser humano. A partir da leitura de centenas de artigos acadêmicos, entrevistas com mais de trezentos cientistas e executivos e pesquisas realizadas em dezenas de empresas, o repórter investigativo do New York Times, Charles Duhigg, propõe neste livro estratégias bem-sucedidas de aprendizagem da mudança de hábitos. Baixar conteúdo javascript:CriaPDF() Gestão do tempo: e�cácia e produtividade Prof. Ettore Oriol Descrição Conhecimentos e técnicas sobre a eficácia e a produtividade no trabalho e nos estudos. Propósito A organização pessoal é cada vez mais essencial para manter o foco e a atenção no que realmente foi considerado importante, a fim de evitar distrações e procrastinações e para aumentar a produtividade nos estudos e no trabalho. Objetivos Módulo 1 Análise da e�cácia na gestão do tempo Identificar as técnicas de gestão eficaz do tempo. Módulo 2 Análise da e�ciência na gestão do tempo Identificar as técnicas de gestão da produtividade pessoal. Módulo 3 Foco e atenção como fatores fundamentais Identificar a importância do foco e da atenção para o combate à procrastinação, à preguiça e ao estresse. O Brasil é considerado o país onde se faz mais horas extras. O trabalho após o expediente é uma das atividades mais relatadas entre a força de trabalho ativa em nosso país. Trabalhar muito não significa trabalhar bem, assim como estudar várias horas seguidas pode não significar aproveitar bem o tempo dispendido em aprender. Elaborar boas metas e alcançá-las é mais importante do que estar ocupado ou ter alto número de horas gastas em um trabalho ou estudo. O tempo é seu recurso mais precioso, ele é o único recurso distribuído de forma igualitária a todas as pessoas, ou seja, 24 horas ou 1.440 minutos para cada pessoa a cada dia. Esse é um recurso muito importante e deve ser utilizado de forma inteligente.Quando pensamos em trabalho ou estudo, existem algumas perguntas que devem ser realizadas na busca por identificar como você está empregando seu tempo. Estas são algumas delas: Quando você termina alguma tarefa tem a sensação de que ficou faltando algo? Quando termina seu dia, parece que faltam horas para cumprir todas as tarefas programadas? Ao listar suas tarefas de um dia, precisaria de mais de 24 horas para cumpri-las? O cansaço ao final do dia é desproporcional às tarefas realizadas? Cada uma dessas perguntas pode ser aplicada ao estudo também, e dizem respeito diretamente ao seu comportamento diário em relação ao tempo. Para resolver as questões que nos afligem diariamente e que nos deixam confusos em relação à organização do nosso tempo com foco em melhorarmos, discutiremos estudos e técnicas sobre eficácia (fazer a coisa certa, atingir o alvo, trabalhar no que é importante, elaborar e bater metas) e sobre produtividade (usar melhor os recursos como o tempo, desperdiçar menos) que podem agregar muito valor para quem trabalha e estuda. Identificaremos a importância de nos mantermos concentrados, focados, o que é uma habilidade cada vez mais importante nesse mundo de crescente distração digital. Serão discutidos também temas relevantes como procrastinação (hábito de adiar), preguiça e suas máscaras — Introdução 1 - Análise da e�cácia na gestão do tempo Ao �nal deste módulo, você identi�cará as técnicas de gestão e�caz do tempo. Antes de iniciarmos nosso estudo sobre o uso do tempo de forma eficaz, eu gostaria de colocar duas frases do escritor Oliver Burkeman, autor de O antídoto: felicidade para pessoas que não suportam o pensamento positivo, livro no qual ele discute as questões da organização do tempo e da relação do ser humano com o trabalho e com a eficiência em executar tarefas, perseguindo metas e objetivos, sem se questionar sobre a importância da vida e do trabalho. Segundo Burkeman (2013), hoje as pessoas vivem em média 4 mil semanas. indisciplina e resiliência. Por fim, várias dicas e técnicas de autogestão serão apresentadas para que você trabalhe e estude melhor. A sociedade diz que você deve aproveitar ao máximo esse tempo: crie uma lista de tarefas e comece a marcar coisas, trabalhe com eficiência e mantenha sua caixa de entrada vazia. Acontece que a “produtividade pessoal” pode ser fútil, pois as tarefas ilimitadas se acumulam e as estratégias de gerenciamento de tempo se tornam táticas de procrastinação. As campanhas Take Back Your Time fazem com que as pessoas parem de trabalhar demais e parem de ficar obcecadas com a produtividade pessoal. Essas campanhas suportam: Semanas de trabalho de quatro dias Políticas aprimoradas de férias, licença-maternidade e horas extras O término do horário de verão Os seres humanos devem aprender a relaxar com as tarefas não realizadas. Como o ambientalista Edward Abbey disse uma vez: “O crescimento pelo crescimento é a ideologia da célula cancerosa.” Observe que o autor fala de descanso e de não se cobrar pelo trabalho não realizado, pela meta não alcançada. No entanto, isso também não pode ser uma desculpa para estar sempre com baixa performance, baixo desempenho. No Brasil, habitualmente temos baixo desempenho, seja no trabalho, no estudo ou na vida. O alto desempenho só acontece em alguns raros momentos, talvez por pressão, ou por um deadline. Mas o melhor seria que tivéssemos alto desempenho na maior parte do nosso tempo e baixo desempenho apenas em alguns momentos. Dessa forma, aproveitaríamos melhor o nosso tempo e ganharíamos em descanso, e ócio, principalmente o criativo. É importante entender que não existem fórmulas mágicas que resolvem todos os seus problemas de tempo. É necessária a mudança gradual e constante, melhorar 1% a cada dia e, ao final, estar totalmente diferente. Não estamos tentando lhe transformar em um workaholic, no entanto, devemos pensar que: Workaholic Pessoa que vive exclusivamente para o trabalho. Gasta todas as suas horas disponíveis trabalhando e, quando está fora do trabalho, só pensa e fala sobre isso. Em curtos espaços de tempo, tudo permanece igual, mas no longo prazo tudo muda. Essa é uma frase muito falada, e que guarda uma verdade importante: se tudo muda com o passar do tempo, o que você está fazendo para que essa mudança seja positiva e lhe traga bons frutos? O que signi�ca e�cácia pessoal? Peter Drucker disse certa vez: Não há nada tão inútil quanto fazer de forma e�ciente o que não deve ser feito. (DRUCKER, s.d., n.p.) Pensando especificamente em eficácia, podemos defini-la como: A qualidade da ação que alcança os resultados planejados, metas, objetivos. Definição 1 A característica do que produz os efeitos esperados ou a capacidade de desenvolver tarefas e objetivos de modo competente, com produtividade (Dicio — Dicionário Online de Português). A autoeficácia é um conceito muito estudado na academia e diz respeito à confiança nas habilidades e competências concretas utilizadas para a solução de problemas ou no atingimento de metas e objetivos. Essas soluções são específicas e contextualizadas, servindo apenas para aquele ambiente, como, por exemplo, nem sempre uma pessoa autoeficaz no trabalho é autoeficaz em sua vida pessoal. A eficácia está baseada em organização e persistência, buscando as metas e objetivos previamente traçados sem se desviar deles ou atingir objetivos e metas diferentes. A eficácia está em se atingir o que foi planejado. Os meios utilizados para atingir esses objetivos são importantes nessa análise e serão o foco da eficiência. Na eficácia, mede-se o resultado, que consiste no foco e no quanto da meta/objetivo foi atingido, resolvido. Erramos sempre que confundimos trabalho pesado, concentrado e árduo, com trabalho e�caz. Ocupação não significa bater metas, agregar valor ou gerar resultado. Fazer o certo/correto é importante em vários aspectos da vida. Ok, “certo” é algo que pode ter vários significados em diferentes contextos, mas nesta discussão fazer o certo, bater as metas e atingir o alvo significa ser eficaz. Chegar no local e no horário combinados pode ser considerado como algo correto, e quem fez isso é considerado eficaz, pois atingiu o objetivo esperado. Se para isso um indivíduo pegou um caminho diferente e maior, se gastou mais gasolina, se gastou mais tempo, mas atingiu o objetivo de chegar no local e no horário combinados, ele foi eficaz. Entretanto, não foi eficiente, pois gastou mais recursos do que se tivesse escolhido outro caminho ou meio. Filipe Sobral e Alketa Peci elaboraram uma ilustração que diferencia bem a eficácia da eficiência: Definição 2 Filipe Sobral e Alketa Peci Felipe Sobral é um dos mais eficazes e eficientes pesquisadores do tema liderança, e Alketa é presidente da ANPAD — Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração. Principais diferenças entre os conceitos de eficiência e eficácia. Técnicas para uma gestão e�caz Matriz de Eisenhower A matriz de Eisenhower é uma matriz que cruza: A importância da tarefa Em um dos eixos. A sua urgência No outro eixo. Dessa matriz surgem quatro tipos específicos em que todas as tarefas podem ser classificadas. Assim, procure listar o que é urgente e o que não é, e coloque em perspectiva, cruzando com o que é ou não importante. Veja a seguir a imagem que mostra como fica organizada a matriz e entenda o que colocar em cada quadrante: Primeiro quadrante Coloque no primeiro quadrante o que for urgente e importante. Nesse quadrante, tem-se a impressão de que você está sendo muito eficaz, mas só ficar nesse quadrante pode lhe esgotar, pois tudo parece urgente e importante o tempo todo. Segundo quadrante No segundo quadrante, teremos o que é importante e não urgente; nesse caso, planeje a faça em tempo oportuno, mas não espere a tarefa se tornar urgente, pois aí você só viverá apagando incêndio. Esse é o quadrante da produtividade extraordinária, porque é aqui que assumimoso controle de nossa vida e realizamos as coisas que fazem uma diferença concreta em termos de realização e resultados. Terceiro quadrante No terceiro, coloque o que é urgente, mas não é importante, procurando delegar essa tarefa a pessoas que possam fazê-la com menor custo, pois essas tarefas serão apenas distração do que é realmente importante para você importante para você. Quarto quadrante No quarto quadrante são colocadas as tarefas que não são urgentes e nem importantes. Nesse caso, elimine-as de seus planos. Organize-se para colocar sua vida em ordem e se tornar mais produtivo. Defina e priorize seus objetivos. Concentre-se em suas principais prioridades e gaste um tempo mínimo em trabalhos secundários. Na matriz de Eisenhower, todas as etapas são importantes, mas a que mais traz resultados é a que elimina as atividades não importantes e não urgentes. Esse é o ponto em que você pode ter maiores ganhos ao aplicar essa técnica, pois, muitas vezes, são essas as tarefas que mais tomam tempo e impedem que você seja eficaz em seus objetivos e metas. Quanto menos tarefas você realizar para alcançar seus objetivos, mais e�caz pode ser seu trabalho. Não que ser eficaz esteja diretamente ligado à quantidade de tarefas executadas. Duas pessoas podem ser eficazes mesmo fazendo tarefas bem diferentes e com uma quantidade de trabalho dispendido muito diferente. Imagine que duas pessoas estejam em Brasília e tenham uma reunião muito importante amanhã à tarde no Rio de Janeiro. Luiza Pega um voo de Brasília ao Rio de Janeiro e chega na reunião no horário marcado. Carlos Pega um voo para Fortaleza, depois outro para São Paulo e, por fim, um para o Rio de Janeiro, chegando na reunião no horário marcado. Ambas as pessoas foram eficazes, pois chegaram à reunião no horário marcado, mas uma gastou muito mais tempo e recursos do que a outra, ou seja, não foi eficiente. A regra é: Concentre-se nas tarefas que são importantes para você e abandone as que não são. E descanse, mesmo tendo tarefas não iniciadas ou não acabadas. A matriz de Eisenhower pode ser utilizada para identificar prioridade e metas de longo prazo, eliminando as que não são importantes e nem urgentes, e melhorando o desempenho de longo prazo. Veja a seguir um quadro que mostra a matriz do uso do tempo por Merryl Douglas: URGENTE MENOS URGENTE URGENTE MENOS URGENTE Importante Crises Projetos com prazo determinado Atividades sob pressão extrema Conflito com clientes significativos Situações de conflito com familiares ou amigos Cobrança de resultados decisivos Planejamento de problemas, pró-ação Planejamento Prospecção de oportunidades Fortalecimento de relacionamento e amizades Criatividade na busca de novas formas de atuação Reflexão e avaliação da forma de proceder Menos Importante Interrupção do trabalho com frequência para atender aos outros Atividades de efeito em curto prazo Trabalho levado para casa que poderia ser feito no dia seguinte Resposta imediata a todas as solicitações vindas de terceiros Apenas manter-se ativo para demonstrar trabalho árduo Reuniões e discussões infindáveis e sem motivo Hiperatividade social no trabalho Arquivo morto Fofocas Quadro: Matriz do Uso do Tempo por Merryl Douglas. Elaborado por Ettore de Carvalho Oriol. Objetivos e resultados-chave (OKR) Seguindo a ideia trazida pela matriz de Eisenhower sobre a organização de metas e de tarefas, a ferramenta OKR, Objetives and Key Results (objetivos e resultados-chave) procura utilizar métodos para a escolha dos objetivos e metas a serem utilizados. Nesse momento, é sempre bom ressaltar que qualquer meta ou objetivo que se deseja colocar deve seguir o acrônimo SMART: Para realmente ser SMART, um objetivo precisa ter todas essas qualidades ou características. Assim, uma Speci�c Específico Measurable Mensurável Attainable Atingível meta ou objetivo construído a partir dessas premissas será mais eficaz do que outros tipos de objetivos. Representação ilustrativa dos cinco componentes do acrônimo SMART. Os objetivos devem ser construídos para períodos curtos e não para períodos como um ano. No OKS, o tempo sugerido é no máximo trimestral, mas indicamos que seja feito bimestralmente, oito semanas, assim é possível controlar melhor o atingimento das metas. O objetivo de um ano deve ser desmembrado em objetivos intermediários que devem ser alcançados em espaços de tempo menores. Essa técnica é muito importante para garantir que as atividades serão realizadas ao longo do tempo e não apenas próximo ao fim do prazo. Essa técnica de dividir as metas ajuda no monitoramento e no acompanhamento do desempenho, pois indica se uma meta será ou não alcançada no prazo estabelecido. O monitoramento das metas é um ponto muito importante, que deve acontecer constantemente e também ao final de cada período de planejamento, no caso o trimestre ou o bimestre, pois, só assim, será possível corrigir as coisas de forma satisfatória e a tempo de atingir a meta estabelecida. Dica Recomenda-se começar com metas menores, pois será mais fácil de atingi-las e o treinará para desafios cada vez maiores. Quanto mais treinados ficamos, mais eficazes se tornam nossas metas. Os OKRs não desaparecem assim que o trimestre/bimestre termina, ficando seu legado ou gaps para serem incorporados aos próximos períodos de objetivos. É importante reservar um tempo para refletir sobre seu progresso no fim de cada ciclo. Tanto nas reuniões de 1:1 quanto nas reuniões de equipe, esses resumos devem consistir em: Pontuação objetiva Avaliação subjetiva Re�exão É fundamental sistematizar metas e demais projetos, construindo um controle físico ou eletrônico que deve servir como memória para posterior consulta. Nesse tipo de recurso, como acontece no sistema Kanbam dentro do sistema Kaisen de melhoria contínua, os cartões funcionam como uma forma de controlar as tarefas e segui-las ao longo do tempo e do atingimento dos objetivos intermediários até o alcance do objetivo final. Classificar OKRs, em sua forma mais simples, é como marcamos o que alcançamos. Porém, a classificação é mais do que apenas um cartão de pontuação. Quando revisadas objetivamente e sem julgamento, as lições aprendidas podem (e devem) servir como um guia para fazer as coisas de maneira diferente na próxima vez. A classificação pode ser tão simples quanto: Kanbam Kanban é um termo japonês que significa “cartão”. O sistema recebeu esse nome pela própria empresa que o desenvolveu, a Toyota. Kaisen Prática japonesa de dar pequenos passos para melhorar continuamente um processo ou produto. “As tentativas de alcançar objetivos por meios radicais ou revolucionários muitas vezes falham porque aumentam o medo. Mas os pequenos passos do kaizen desarmam a resposta do cérebro ao medo, estimulando o pensamento racional e o jogo criativo." — Robert Maurer Ph.D. Sistema de semáforo Vermelho -> Amarelo -> Verde Abordagem de “sim” ou “não” A meta foi alcançada: Sim ou não? Se sim, ótimo. Se não, por que não? A abordagem do Google pontua cada resultado-chave em uma escala na qual "0" equivale a falha e "1,0" significa que o objetivo foi totalmente alcançado. Dentro dessas métricas, classificamos cada resultado principal e, em seguida, calculamos sua média para pontuar o objetivo, como mostra o quadro abaixo: Verde 0,7 a 1,0 Entregamos Amarelo 0,4 a 0,6 Fizemos progresso, mas ficamos aquém da conclusão Vermelho 0,0 a 0,3 Falhamos em fazer um progresso real Pontuações mais baixas devem levar a uma reflexão: Que fatores levaram à pontuação baixa? Ainda vale a pena perseguir o objetivo no próximo semestre? Em caso afirmativo, o que você pode mudar para alcançá-lo? Um objetivo inacabado pode ser transferido para o próximo período com um novo conjunto de resultados- chave — ou talvez seu momento tenha passado. Nesse caso, esqueça-o. Regra 80 – 20 e Regra 40 – 70 A regra conhecida como 80 – 20 foi desenvolvida por Vilfredo Paretoainda no século XIX. Ao estudar a distribuição da riqueza na sociedade italiana ele identificou que: 80% da riqueza �cava com 20% da população e que 20% da riqueza �cava com 80% da população. Partindo dessa descoberta, diversos estudos foram desenvolvidos identificando que essa distribuição acontecia em outras áreas. Na gestão do tempo, foi identificado que 20% das tarefas eram responsáveis por 80% dos resultados esperados. Assim, podemos dizer que: 80% dos resultados que alcançamos foram alcançados com apenas 20% de nosso esforço e que os outros 20% consumiram 80% do nosso esforço. Quando priorizamos as principais tarefas, como demonstrado na matriz de Eisenhower, podemos focar esses 20% de atividades e ainda obter 80% dos resultados que desejamos. Também é necessário julgar se as atividades que compõem uma meta agregam valor a essa meta. Isso é o que chamamos de cadeia de valor, ou seja, é preciso julgar se cada atividade acrescenta/agrega valor à meta e aos objetivos propostos. Se uma atividade não agrega valor ao objetivo ou à atividade, ela deve ser eliminada da cadeia de atividades/valor de nossa meta/objetivo. Dessa forma, tarefas inúteis serão eliminadas e o foco será apenas nos 20% que produzem os 80% de resultado. Outra regra muito importante é a 40 – 70, colocada em prática por Colin Powell, general de quatro estrelas do exército norte-americano que foi ministro de Estado no governo de Barack Obama e de outros governantes. Essa regra propõe que: Devemos tomar decisões com certeza de acerto menor que 100%, nesse caso entre 40 e 70% de certeza de acerto. Isso acontece porque nunca teremos 100% das informações para a tomada de decisão, ou porque, para termos um nível acima de 90% de aceto, demoraremos muito tempo, o que pode ser crucial em alguns casos. Assim, devemos julgar qual o percentual de certeza das informações que temos e tomar as decisões se esse percentual estiver entre 40% e 70%. Cada vez que tomamos uma decisão e acertamos, estamos treinando nosso cérebro a entender melhor aquele assunto, assim, precisaremos de cada vez menos informações para tomarmos decisões acertadas. Em contrapartida, se tomamos uma decisão com certo nível de informações e erramos, precisamos acrescentar maior nível de informações para tomarmos decisões semelhantes sobre tal assunto. Com essa forma de julgar a tomada de decisão, podemos calibrar nossa necessidade de informações para a tomada de decisões e melhorar o aproveitamento do tempo, ajudando a economizar tempo na busca de mais informações; como dizem: “Tempo é dinheiro.” Orientações complementares Vimos o que é eficácia e conhecemos algumas técnicas para gerir o tempo de forma eficaz. Além das técnicas apresentadas, existem elementos fundamentais na administração do tempo para a execução de tarefas, visando a eficácia. São eles: economia na atuação e definição de propósitos. Economia na atuação Parcimônia ao lidar com as tarefas e com o tempo é algo muito importante. Sempre tendo em mente que menos é mais, podemos realizar planejamentos mais eficazes. Para cada planejamento que realizamos, devemos ter sempre em mente que a quantidade de metas precisa ser a menor possível para atingir o objetivo proposto. Com essa mentalidade, conseguiremos construir planos com menos atividades, apenas as essenciais, e, assim, desenvolver uma cadeia de valor mais eficiente e com maiores chances de ser eficaz no atingimento dos resultados. Em 2011, o professor de negócios Morten T. Hansen estudou os hábitos de trabalho de 5 mil gerentes e funcionários para determinar como e por que algumas pessoas se destacam. Sua equipe descobriu que os de melhor desempenho geralmente não trabalham mais horas. Morten T. Hansen PhD, é professor de administração na University of California, Berkeley, e faz parte do corpo docente da Apple University. Ele também escreveu Collaboration e foi coautor do best-seller do New York Times Great by Choice com Jim Collins. Morten T. Hansen lançou um enorme projeto de pesquisa sobre o que realmente significa "trabalhar de maneira mais inteligente". Ele acompanhou as práticas e o desempenho de 5 mil gerentes e funcionários e destilou os dados em 7 princípios de desempenho superior. Os princípios são simples — por exemplo, peneire suas tarefas para algumas, poucas, importantes e concentre-se nelas intensamente. Ser ótimo no trabalho, segundo Hansen, significa ter um bom desempenho, infundir nele paixão e um forte senso de propósito e viver bem. Os melhores desempenhos, Hansen aprendeu, estão comprometidos com uma gama menor de prioridades e se concentram em fazer tudo certo, o que significa fazer menos e se concentrar mais. Estabelecimento de propósitos Em um trecho do filme Alice no país das maravilhas, a personagem encontra-se perdida e, ao pedir a ajuda do gato, informando que não sabe para onde ir, ele lhe responde: Para quem não sabe aonde vai, qualquer caminho serve. Uma das premissas para uma boa gestão do tempo é ter os objetivos bem delineados. Isso faz com que se saiba o caminho a percorrer e as atividades importantes para alcançar tais objetivos. A e�cácia na gestão do tempo – dicas e ferramentas Neste vídeo, serão apresentadas dicas práticas com assuntos e técnicas ligadas à eficácia na gestão do tempo, ou seja, na busca por resultados. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 1 - Vem que eu te explico! Matriz de Eisenhower Módulo 1 - Vem que eu te explico! Regra 80 – 20 e Regra 40 – 70 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 O sistema OKR — Objetives and Key Results (objetivos e resultados-chave) — é um sistema de estabelecimento de objetivos e metas que procura envolver os colaboradores na sua construção. Para determinar esses objetivos é utilizada uma técnica bem específica. Qual é essa técnica? A SMORT B SWOT C SBART D SMART E SMATS Parabéns! A alternativa D está correta. A SMART é uma técnica específica para mensurar se as metas e objetivos propostos estão de acordo. SMART quer dizer Specific, Measurable, Attainable, Realistic e Time-bound (específico, mensurável, atingível, realista e com limite de tempo). Cada uma dessas premissas deve ser considerada no momento do estabelecimento das metas dentro do OKR, assim, quando aplicada a técnica SMART, o OKR se torna muito mais efetivo. As demais alternativas são acrônimos inexistentes, exceto a letra “b” que trata da matriz SWOT. A matriz SWOT relaciona as forças e fraquezas tanto internas como externas de uma pessoa, atividade ou empresa. Questão 2 Diversas regras de produtividade foram desenvolvidas com o passar do tempo. Uma dessas regras procura determinar quanto esforço é necessário para alcançar uma meta. Essa regra foi utilizada em diversas áreas do conhecimento e da prática, trazendo um ganho de produtividade extraordinário. O nome dessa regra é: A Regra 40-70 B Regra Pomodoro C Regra 80-20 D Regra OKR E Regra GTD Parabéns! A alternativa C está correta. A regra 80-20, identificada por Vilfredo Pareto ao estudar a distribuição da riqueza na sociedade, foi largamente aplicada em diversas áreas do conhecimento. Uma dessas áreas foi a gestão de estoque com a curva ABC. Na gestão do tempo, a regra 80-20 indica que gastamos 20% do nosso tempo para alcançarmos 80% dos nossos objetivos. Assim, ao identificarmos esses objetivos e qual parte do tempo foi gasto para atingi-los, podemos eliminar grande quantidade de atividades inúteis para o alcance desse resultado. A alternativa “a” trata da regra 40-70 que se refere à tomada de decisão. Pomodoro, OKR e GTD não são regras, mas técnicas específicas para a gestão do tempo e de atividades. 2 - Análise da e�ciência na gestão do tempo Ao �nal deste módulo, você identi�cará as técnicas de gestão da produtividade pessoal. O que signi�ca e�ciência ou produtividade pessoal? O tempo é o recurso mais escassoe, a menos que seja gerenciado, nada mais pode ser gerenciado. (DRUCKER, 2006, p. 51) Quando pensamos em gestão do tempo, olhar apenas para a eficácia, ou seja, os resultados, não é a única questão importante. A forma como fazemos as atividades para alcançar os objetivos e metas é muito importante. Assim, a eficiência entra como outro ponto crucial para a gestão do tempo. Ser eficiente é realizar as atividades necessárias com o menor gasto de recursos possível. É nesse ponto que a gestão do tempo entra para que as atividades sejam eficientes. Para se alcançar a eficácia não é preciso ser eficiente, mas, para que a gestão do tempo seja eficaz, é necessário que a eficiência também seja levada em conta. Quando pensamos em gestão do tempo, olhar apenas para a eficácia, ou seja, os resultados, não é a única questão importante. A forma como fazemos as atividades para alcançar os objetivos e metas é muito importante. Assim, a eficiência entra como outro ponto crucial para a gestão do tempo. Ser eficiente é realizar as atividades necessárias com o menor gasto de recursos possível. É nesse ponto que a gestão do tempo entra para que as atividades sejam eficientes. Frederick Taylor. Então, ser eficiente na gestão do tempo é fazer as atividades corretas no menor tempo possível. A indústria entendeu isso há muito tempo, desde Taylor, teórico da administração do início do século XX que estudou os tempos de produção e criou o método científico de organizar a produção. Então, já está estabelecido que é necessário fazer as atividades com o menor tempo possível para que sejamos eficientes em nossa produção. Esse princípio vale para qualquer atividade em nossa vida. Se estamos estudando, devemos procurar meios e organização para que possamos aprender o máximo, no mínimo de tempo. Com isso, um ambiente agradável e silencio, assim como material de qualidade, são questões importantes para garantir a eficiência do aprendizado. Como no nosso minicaso, a eficiência não se incomoda se o resultado alcançado é eficaz, ou seja, atingirá o objetivo proposto. A e�ciência se preocupa com o processo, se esse é o mais econômico e rápido possível. A eficiência está muito ligada à produção, ao processo. Assim, uma das maneiras mais eficazes de melhorar sua produtividade é reconhecer e corrigir erros de gerenciamento de tempo. Quando você dedica um tempo para superar esses erros, isso faz uma enorme diferença na sua produtividade — e você também será mais feliz e terá menos estresse! Mas o que é gerenciamento de tempo? “A definição de gestão do tempo (gerenciamento de tempo) é o processo de organização e planejamento de como dividir seu tempo entre atividades específicas. O bom gerenciamento do tempo permite que você trabalhe de maneira mais inteligente — não mais difícil — para que faça mais em menos tempo, mesmo quando o tempo é apertado e as pressões são altas. Deixar de administrar seu tempo prejudica sua eficiência e causa estresse. Parece que nunca há tempo suficiente durante o dia.” Outro ponto importante a ser abordado é o perfeccionismo nas atividades do dia a dia. “Não deixe o perfeito ser inimigo do bom e�ciente.” Conheço pessoas que acabam desistindo de tudo que pegam para fazer pois não aguentam levar as atividades no longo prazo, simplesmente por serem perfeccionistas. O perfeccionismo nos trava e faz com que toda e qualquer atividade seja um peso, levando ao cansaço e ao estresse em pouco tempo. Ser eficiente é produzir o melhor com o menor tempo possível, isso implica aceitar algum grau de erro para sermos eficientes. Essa é a ideia dessas metodologias ágeis, em que os produtos são prototipados e já entram em testes para identificação de problemas. Não se espera que todos os problemas estejam resolvidos para colocar em teste. Assim, deve-se entender que a eficiência deve ser um propósito e a qualidade da Resposta entrega deve ser calibrada em função da eficácia que se deseja e do tempo disponível para a realização da tarefa. Preste atenção na preparação e no planejamento das atividades. Essa é uma fase muito importante para a gestão do tempo. Existe uma citação famosa atribuída a Abraham Lincoln: Dê-me seis horas para cortar uma árvore e vou passar as quatro primeiras a�ando o machado. Não há certeza se foi Lincoln que disse essa frase, mas a moral é que sem preparo tudo fica muito mais difícil. Planejar seu tempo, distribuindo as atividades em função da necessidade e da urgência, como vimos na matriz de Eisenhower, é muito importante para ganhar em: Agilidade E�ciência E�cácia Outro ponto importante está na relação entre as horas dispendidas no trabalho e a produtividade. Para Robert Pozen, de Harvard, “os funcionários administrativos estão trabalhando mais do que nunca. Muitos chegam cedo ao escritório, saem tarde, trabalham durante o almoço e ficam em suas mesas nos finais de semana e feriados. No entanto, esses trabalhadores costumam ser minimamente produtivos”. Essa é uma questão muito importante a ser abordada. Muitas horas de trabalho não quer dizer que você está sendo produtivo. Se você não estiver utilizando seu tempo de maneira organizada, com eficiência, e se você não estiver sendo eficaz em seus resultados, esse tempo gasto será mal aproveitado e os resultados serão inúteis. Técnicas de produtividade Lei de Parkinson A lei de Parkinson declara: “O trabalho se expande para preencher o tempo disponível para sua conclusão.” Portanto, mais eficiência muitas vezes significa simplesmente mais trabalho. A Lei refere-se à ideia de que “quanto mais tempo você destinar para terminar um trabalho, mais tempo você perderá”. Essa lei garante que o tempo dispendido para a realização de uma tarefa está diretamente ligado ao deadline, ao tempo disponível para a sua realização. Se você tiver 5 minutos, 10 minutos ou 15 minutos para realizar a mesma tarefa, você gastará o tempo total. Ilustração dos princípios da lei de Parkinson. Assim, a dica é: Dica Limite o tempo definido para cada tarefa. Com menos tempo disponível, você se concentrará mais intensamente e realizará a tarefa em menor tempo. A questão do perfeito e do bom com eficiência também entra nesse ponto, pois, quanto maior o tempo disponível para a realização de uma tarefa, mais você cobrará em qualidade e perfeccionismo. Se o tempo é curto, fazemos o que é possível dentro do tempo disponível, se o tempo é maior, em vez de entregarmos a tarefa, ficamos enfeitando e procurando aperfeiçoar o trabalho. Isso acaba deixando o nosso tempo todo preenchido, mas não estamos sendo nem eficientes, nem eficazes com a gestão do nosso tempo. Outro ponto importante que acontece muito quando temos mais tempo que o necessário para a entrega de uma tarefa é ficarmos enrolando. Deixamos de fazer a tarefa e vamos ao banheiro, falar com os colegas, entre outras atividades não ligadas à tarefa. Não é que não devamos ir ao banheiro, ou conversar com os colegas, mas, quando isso é feito apenas para matar o tempo de uma atividade, estamos deixando de ser eficientes com o nosso tempo. O pior é que depois vamos reclamar que não temos tempo para realizar todas as nossas atividades. Técnica Pomodoro A técnica Pomodoro recebeu esse nome, pois seu idealizador utilizou um timer de cozinha no formato de um tomate para organizar seu tempo. O método parte da ideia de que o principal desafio na execução de uma atividade é seu começo, pois o cérebro tende a impor dificuldades nessa etapa inicial. Nesse sentido, a técnica propõe dividir o trabalho a ser realizado em partes que exigem maior concentração, visando a melhorar o foco. Ao melhorar o foco e organizar o tempo de execução das atividades, supera-se a inércia e a procrastinação. Por exemplo, para escrever um artigo acadêmico, o pesquisador fará: Primeiro Pesquisa sobre o tema e as referências. Segundo Definição dos objetivos. Terceiro Definição da metodologia. Quarto Análise dos resultados. Quinto Conclusão. Cadaetapa com foco em um período de 25 minutos, com pequenas pausas entre elas. Fazendo as coisas acontecerem — GTD — David Allen Essa técnica desenvolvida por David Allen é bem simples de entender. Muitas das questões abordadas por ela já são utilizadas pelas pessoas em sua organização de atividades. No entanto, ela como uma técnica só funciona se for aplicada de forma integral, seguindo todos os passos prescritos. Isso acontece, pois, fazendo apenas uma das etapas, estaremos ganhando tempo com essa etapa, mas perdendo esse tempo em outras questões que poderiam nos render mais economia de tempo. A técnica de David Allen se divide em três etapas: Coletar Processar Rever Veja a seguir a explicação de cada uma delas: Coletar A primeira etapa é a coleta dos dados. Nela, todas as atividades que chegam até nós devem ser colocadas em um grupo específico, que ele chama de “balde”. Cada balde tem suas características e pode ser: Uma caixa de e-mail Uma agenda Um livro no qual você anota suas ideias É preciso ter a menor quantidade de baldes possível, centralizando a entrada de atividades e facilitando o controle dessas atividades. As atividades que entram pelos baldes devem ser tratadas inicialmente se são: Itens acionáveis Que dependem de alguma ação. Itens não acionáveis Que não dependem de nenhuma ação. Os itens não acionáveis devem ser descartados de imediato ou simplesmente colocados em um arquivo, quando for o caso. Já os itens acionáveis devem ser divididos em dois grupos, primeiro os que podem ser resolvidos em até dois minutos, e os demais. O primeiro grupo deve ser resolvido na hora, pois deixá-los para depois implica em gastar mais tempo do que resolvê-los nesse momento. Busca-se resolver os itens de até dois minutos tão logo surgirem. Um exemplo é: Exemplo Durante leitura dos e-mails diários, buscar solucionar os assuntos que demandam até dois minutos. Um e- mail de resposta curto, uma reposta de uma reunião, uma informação rápida solicitada, tudo isso pode ser resolvido rapidamente, deixando de ser uma pendência. As atividades rápidas são o grande volume das demandas. Processar A segunda etapa da técnica de David Allen consiste em colocar as atividades que demandam mais de dois minutos em processamento. Essa técnica implica em julgar incialmente se a atividade pode ser delegada, se sim, então delegue-a e ela já estará fora da agenda também. Aplicar essa etapa no início de seu planejamento de atividades evita gastar tempo com uma atividade que outra pessoa poderia executar. Quanto mais você delegar, mais tempo lhe sobrará para se concentrar no que realmente importa. Todas as outras atividades que sobraram são de responsabilidade exclusiva sua. Por isso, elas devem ser programadas em agenda, observando-se suas características bem como seus prazos de execução e entrega. Essa etapa exige que associemos uma técnica de organização de tarefas para a construção de nossa agenda de tarefas e nos garanta o máximo aproveitamento de nosso tempo disponível. Procure organizar as tarefas em sequência. Atenção! Não existem pessoas multitarefas, o que acontece é que você não irá se concentrar em nenhuma das tarefas, fazendo-as de forma incorreta ou perdendo muito mais tempo do que se tivesse se concentrado e mantido o foco em cada uma das tarefas de forma individual. Rever A terceira etapa que David Allen prescreve em sua técnica é a revisão. Nela, David coloca o tratamento de questões que fogem ao controle e que necessitam de uma abordagem diferenciada para serem resolvidas. A solução do descontrole deve vir da aplicação de cinco passos, sendo eles: Capturar e reconhecer. Lista de tarefas, calendário e caderno de distração A criação de listas de tarefas é outra ação importante para a gestão do tempo. Quando colocamos nossas tarefas dividas por categorias no papel ou em um software (como Todoist), podemos descansar nossa memória. Cada "coisa" no seu lugar! No momento que você está recebendo uma demanda, coloque o máximo de detalhes desses requisitos nessa tarefa. No Todoist você pode anexar imagens, sons, datas etc. Todos nós já tivemos o sentimento de estar esquecendo alguma tarefa importante, ou aquele prazo importante de entrega de algo. Quando colocamos todas as nossas atividades em listas, conseguimos melhorar essa sensação e nosso cérebro pode relaxar. Tomar decisões. Organizar os resultados. Revisar e refletir sobre o significado de tudo, enxergando o todo. Iniciar a ação de correção. Além de colocar todas as tarefas em listas, é muito importante organizar sua execução no tempo, assim, a construção de uma agenda de atividades é essencial. Cada passo deve ser planejado e realizado de forma organizada, e a melhor forma de fazer isso é utilizar uma agenda. Hoje em dia temos agendas eletrônicas que nos alertam de prazos de forma automatizada, gerando um controle mais efetivo de nossas atividades. Todas as atividades devem ser agendadas e colocadas em seus respectivos lugares, gerando uma organização de longo prazo. Como na técnica GTD, cada balde deve receber as atividades e essas devem ser organizadas em uma agenda conforme sua prioridade e urgência de execução. As atividades que delegamos devem ser controladas em lista separada, para que sejam cobradas e monitoradas em seu devido tempo, e atividades que por alguma razão não podem ser concluídas na data agendada devem ir para uma lista a parte para um controle mais fino e ser reencaixadas na agenda em data posterior. Veja a seguir o que deve constar em cada lista citada: Procure controlar todos os aspectos relacionados, como data da delegação, prazo de entrega da delegação, prazo de entrega das atividades, inputs necessários para a realização da tarefa e quem ficou responsável por ela, para que você possa cobrar dessa pessoa. Procure colocar a razão da interrupção, os inputs que faltam para a concussão da tarefa, data que esses inputs estarão disponíveis, dentre outras informações relevantes. Evite guardar informações desnecessárias em sua memória, pois isso sobrecarregará sua mente e você poderá ficar estafado com seu cérebro em alerta, relembrando da lista de atividades pendentes. Google Tarefas que foram delegadas Tarefas que foram interrompidas Keep, Evernote e Microsoft One são aplicativos interessantes para registrar novas ideias ou compromissos por áudio, texto ou imagens. Para organizar a agenda, deve-se aplicar as técnicas anteriormente vistas. É possível que isso provoque desconforto, na medida em que se dedicar ao planejamento parece ocupar o tempo destinado às tarefas, mas, com prática, observam-se resultados positivos dessa dedicação ao planejamento. Quanto mais organizada estiver uma agenda, mais fácil será programar períodos de folga, períodos com a família e demais atividades além do trabalho ou estudo. Outro ponto importante diz respeito ao reconhecimento da impossibilidade de se resolver tudo, sendo necessário recusar algumas atividades menos importantes que não agregam valor ao objetivo de longo prazo. Horário de pico O horário de pico é o momento do dia em que mais se produz. Para muitas pessoas esse horário é na parte da manhã, já para outras pessoas é de noite. Há pessoas, por exemplo, para as quais o horário de pico é após as 17 horas, pois é quando conseguem produzir melhor. Cada pessoa tem o seu horário de pico. Esse horário deve ser aproveitado para as atividades mais importantes, pois garante maior produtividade. É importante identi�car o próprio horário de pico e utilizá-lo a seu favor, fator que alavanca a produtividade. Esse horário deve, portanto, ser aproveitado para trabalhar questões mais complexas, de maior valor agregado para o alcance dos objetivos e não para tarefas mais mecanizadas. Veja a seguir um gráfico que mostra a relação entre o nível de energia empregado para realização das tarefas e as “horas do dia”: Gráfico: Exemplo de um gráfico de energia levando em conta o nível de energia e o horáriodo dia. Além disso, recomenda-se observar o melhor dia da semana também. Isso é importante, pois é comum que as pessoas sejam menos produtivas na sexta-feira e na segunda-feira devido ao final de semana. Observe bem como é a sua produtividade durante seu dia, mas também durante sua semana. A e�ciência na gestão do tempo – dicas e ferramentas Neste vídeo, serão apresentadas dicas práticas com assuntos e técnicas ligadas a eficiência na gestão do tempo, ou seja, na busca por meios mais adequados para realizar as tarefas. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 2 - Vem que eu te explico! Fazendo as coisas acontecerem Módulo 2 - Vem que eu te explico! Horário de pico Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A eficiência e a eficácia são dois conceitos bastante utilizados em diversas áreas. Na gestão do tempo, eles assumem papel central no planejamento e na execução das tarefas que levam a um objetivo. Partindo apenas da ideia de eficiência, podemos defini-la como: A Atingir os objetivos propostos de forma perfeita. B Atingir o menor custo em uma atividade independentemente do tempo gasto. C Procurar atingir os objetivos com precisão. D Planejar os objetivos e garantir que sejam atingidos. E Realizar as atividades necessárias com o menor gasto de recursos possível. Parabéns! A alternativa E está correta. A definição de eficiência está na relação entre custo e benefício. Assim a definição está na alternativa “e”: realizar as atividades necessárias com o menor gasto de recursos possível. As alternativas “a”, “c” e “d” referem-se à eficácia e a alternativa “b” à economicidade. Questão 2 Diversas técnicas existentes procuram ajudar na organização de tarefas e na iniciação de atividades com foco na gestão eficiente do tempo. Indique a técnica segundo a qual quanto mais tempo se destina para terminar um trabalho, mais tempo se perde, ou seja, o trabalho se expande para preencher o tempo disponível para sua conclusão: A OKR — objetivos e resultados-chave B Lei de Parkinson C Pomodoro D GTD — fazendo as coisas acontecerem E SMART Parabéns! A alternativa B está correta. A lei de Parkinson diz que você utilizará todo o prazo que tiver para executar uma atividade. Isso quer dizer que, se temos 5, 10 ou 15 minutos para realizar uma tarefa simples, gastaremos todo esse tempo. A alternativa “a” trata da elaboração de objetivos e metas com o envolvimento de todos e a letra “e” trata de uma técnica utilizada para aferir objetivos e metas com maior eficiência. A letra “c” trata da técnica indicada para diminuir a resistência psicológica a iniciar tarefas difíceis e desagradáveis. A letra “d” trata da técnica desenvolvida por David Allen. 3 - Foco e atenção como fatores fundamentais Ao �nal deste módulo, você identi�cará a importância do foco e da atenção para o combate à procrastinação, à preguiça e ao estresse. Foco e atenção O foco é uma das questões mais essenciais na gestão de nosso tempo. Uma atividade realizada com foco terá grandes resultados com o consumo mínimo de tempo. Focando suas atividades você terá tempo para descansar e para outras atividades mais prazerosas. Diversos autores indicam que você deve focar primeiro as atividades mais desagradáveis e depois as mais agradáveis. Assim você resolverá aquilo que lhe aflige primeiro e, depois, poderá curtir atividades mais dinâmicas e criativas. O foco pode ser aplicado em diversos níveis, desde o planejamento até a execução e o monitoramento das atividades. O foco no planejamento está em escolher os objetivos principais de uma vida e aos poucos ir abrindo-os em objetivos intermediários e depois em tarefas a realizar para alcançá-los. Quando fazemos esse tipo de programação, podemos encaixar as atividades e priorizar as que agregam valor ao nosso objetivo, gerando maior racionalidade em nossas escolhas de curto, médio e longo prazos. Essa forma de organizar nossas atividades nos garante: Realizar o que é importante primeiro Não perder o foco dos objetivos Um bom planejamento com foco considerará apenas questões que estejam relacionadas com os objetivos e descartará como secundárias as que não estão ligadas, melhorando a nossa chance de alcançar nossos objetivos mais amplos e de longo alcance. Se não planejarmos com foco, podemos nos perder nas atividades do dia a dia e nunca alcançar nossos objetivos de longo prazo, ficando estagnado em nossa areia movediça das atividades diárias. Produtividade é sobre energia e foco, não tempo O trabalho por grandes quantidades de horas não garante que atingiremos nossos objetivos, se nosso foco não estiver alinhado com esses objetivos. Vamos nos perder pelo caminho, então ter foco é realizar as atividades com energia e concentração. Se nosso planejamento estiver focado, cada atividade que realizamos será importante para o alcance de nosso objetivo final, e isso garantirá uma alocação do tempo de forma eficiente e eficaz. A junção de foco, e�ciência e e�cácia é a ferramenta mais poderosas para o sucesso. Quando uma pessoa conseguir reunir essas três qualidades em seu planejamento e execução, ela alcançará qualquer objetivo que desejar. No entanto, permanecer sempre focado, eficiente e eficaz não é fácil. Precisamos estar o tempo todo nos controlando e nos policiando, pois a nossa tendência é relaxar, é ir para os roubadores de tempo, para aquilo que não exige nada de nós. É por isso que estamos na era dos podcasts e vídeos tutoriais; não é que eles não sejam boas ferramentas, mas eles tendem a fornecer todo o conteúdo de forma mastigada, com pouca necessidade de raciocínio ou questionamentos. Tudo é dado já resolvido, sem a necessidade de esforço ou de qualquer gasto de energia para a sua aquisição. Apesar da facilidade, trata-se de uma ideia equivocada sobre ensinar, pois a exposição de algo pronto, predefinido, limita e até veta caminhos de interpretação e de aprendizado, reforçando de forma unívoca a perspectiva do enunciador. Um ponto importante no aprendizado, no planejamento e na execução de qualquer atividade é a capacidade de julgamento que o ser humano tem e que nenhuma máquina tem até hoje. Isso é o que nos diferencia e essas ferramentas modernas de distribuição de informações estão roubando essa característica dos seres humanos. Quando: Estamos abrindo mão da característica que nos torna diferentes das máquinas e que garante nossa empregabilidade. Essa forma de agir acaba nos colocando em um estado de letargia intelectual que atrapalha nosso julgamento, nosso bom planejamento e nossa execução de tarefas com foco e energia. Trabalho focado, deep work Compramos uma ideia sem questionar. Preferimos a explicação simplista de um youtuber para um problema muito mais complexo. Delegamos a nossa capacidade de julgar a outra pessoa que nos dá as informações já digeridas. O trabalho focado pode ser considerado um trabalho profundo. Seu reverso é o trabalho superficial. Veja a seguir a explicação de cada um deles: Trabalho super�cial O trabalho superficial é realizado de forma mais descontraída e pode ser utilizado como uma distração, se for um trabalho que exige grande concentração, mas pode ser também um bom momento de relaxar o cérebro. Trabalhos como responder pequenos e-mails, arquivar algo, dar uma resposta rápida, podem ser realizados com menor engajamento. Esses trabalhos podem ser encaixados entre outras tarefas que requerem grande concentração, melhorando seu desempenho e garantindo maior agilidade, pois eles acabam funcionando como uma forma de descanso para o cérebro. Trabalho profundo Já para os trabalhos que demandam maior concentração, é interessante que, ao iniciarmos, nos concentremos de forma absoluta, focando apenas a tarefa que estamos realizando. Esse foco deve ser total, pois, como já explanado, quando tentamos fazer várias tarefas ao mesmotempo, acabamos não aproveitando bem o tempo e não nos concentramos, perdendo grande parte da nossa energia aplicada. Para que um trabalho profundo aconteça é necessário foco e concentração total. Para Cal Newport, o princípio da produtividade está na relação intensidade x tempo. Ele indica quatro pontos que devemos observar para que o trabalho profundo aconteça. São eles: Tenha um espaço de trabalho dedicado à tarefa a ser realizada. Tenha uma hora para terminar seu trabalho. Tenha uma sequência de atividades iniciais que lhe garanta rápida concentração. Dizer não ou servir aos outros? Dizer não a uma pessoa ou recusar alguma coisa de que gostamos é muito difícil. Quando temos de dizer não a alguém que gostamos temos um sentimento de perda, de estar deixando de ajudar alguém. No trabalho, podemos ter o mesmo tipo de sentimento. Dizer não a um colega que nos pede para fazer algo, ou solicita uma ajuda, é muito difícil também. Dizer não a um chefe é ainda mais difícil devido ao poder hierárquico existente na relação. Mas muitas vezes deixar de dizer não pode tornar nosso serviço ineficiente e nos prejudicar mais com entregas atrasadas ou de baixa qualidade. Nesse sentido, o controle da quantidade de tarefas que temos de realizar é muito importante para termos tempo de qualidade para fazer as tarefas de forma concentrada e organizada. Crie o hábito de ter suas tarefas organizadas para poder ter uma boa noção de quando você pode assumir novas tarefas e quando precisa dizer não. Todas as ferramentas que apresentamos até aqui podem lhe ajudar a gerar essa organização e lhe garantir as razões corretas para dizer não a uma tarefa específica. Tome boas decisões Tomar uma decisão pode ser algo muito difícil. Assim como dizer não, muitas vezes, ficamos adiando a Prepare todos os aspectos para que seu ritual garanta ao seu cérebro o recebimento do suporte que precisa para continuar operando em um alto nível de concentração. tomada de uma decisão que implique alguma contrariedade a alguém. Temos também dificuldade de tomar decisões que impliquem escolhas com riscos, ou que sabemos que podem não ser as mais assertivas, pelo menos naquele momento. Anteriormente, estudamos a regra 40-70 utilizada por Colin Powell, quando estudamos a eficácia, mas aqui queremos focar outro aspecto da decisão. Segundo Daniel Kahneman (2012), ganhador do prêmio Nobel, nós temos dois tipos de tomada de decisão: Decisão rápida e intuitiva Baseado em sentimento. Decisão lenta Baseado no raciocínio e na análise de opções. Baseado no raciocínio e na análise de opções. Cada um desses sistemas tem sua finalidade e eles devem ser conscientemente utilizados para aproveitar o melhor de cada um. O primeiro, mais visceral e baseado em sentimentos, é mais intuitivo e se presta a decisões que precisam ser tomadas de forma rápida, sem muita reflexão. Esse tipo de decisão é menos embasado em informações e mais em sensações, devendo ser treinado constantemente para que possa se desenvolver e ser aproveitado com maior frequência. Dica Procure começar treinando em pequenas decisões de seu dia a dia, e vá crescendo o seu uso conforme vai ganhando confiança. Isso lhe ajudará a destravar várias tarefas que necessitavam de pequenas decisões, levando a uma economia de tempo enorme. O segundo sistema, baseado no raciocínio, tenta se apresentar como o rei das decisões corretas, mas, se mal aplicado, pode ser na realidade um grande empecilho ao crescimento e à realização das tarefas, se transformando em um motivo de paralisia na vida e nas tarefas das pessoas. Pessoas que necessitam de grande quantidade de tempo para a tomada de qualquer decisão podem na realidade estar apenas adiando decisões com o argumento de que precisam pensar mais. Demorar longos períodos para tomar decisões simples pode travar a produtividade e levar o indivíduo a perder tempo ou a aproveitá-lo de forma mais eficiente. Isso não quer dizer que não precisamos refletir sobre algumas decisões, e que o sistema racional é ruim. Na realidade ele é excelente, mas deve ser utilizado para as questões corretas e não para qualquer questão. Para a utilização da decisão racional de forma correta, precisamos planejar bem nossas atividades e desenvolver uma boa percepção de quando um assunto pode ser resolvido rapidamente e quando esse assunto precisa de tempo e raciocínio para ser resolvido. Procure desenvolver essas habilidades em seu dia a dia e ganhará grande quantidade de tempo em suas tarefas. Distração digital As redes sociais podem se tornar um vício, uma grande distração e perda de foco. Quando uma pessoa se acostuma com elas e perde o controle sobre o momento em que pode ou não ficar conectada, tende a se perder e se escravizar nessa rotina. Esse tipo de dependência, de comportamento, é estudado e indica uma possível doença. Mas, para além da doença, temos que todos nós estamos um pouco escravos das distrações digitais. A fim de desenvolvermos serviços intelectuais precisamos nos concentrar e ter foco para que o serviço ocorra de forma satisfatória e com velocidade. Os recursos digitais das redes sociais podem ser uma distração que nos impede de ter foco e de conseguir executar serviços de forma profunda. Essas distrações impedem que tenhamos um engajamento pleno com a atividade, parando a todo momento para olhar uma mensagem, uma foto ou um comentário. Cada uma dessas interrupções tira nosso foco e não nos deixa aprofundar nossa concentração, ficando sempre superficial e com baixo rendimento. Dica Um conselho dado por grandes CEOs é ter um ambiente em que você se desconecta totalmente das redes, não recebendo nem notificações, para se dedicar exclusivamente à tarefa que demanda concentração e foco. Com essa atitude, você evitará ficar se desconcentrando com questões secundárias e renderá muito mais, fazendo sua tarefa rapidamente e depois tendo muito mais tempo para todas as distrações. Então, a frase de ordem é: “Livre-se das distrações digitais.” Teoria do Fluxo O objetivo é uma concentração tão intensa que não sobra atenção para pensar em algo irrelevante. (CSIKSZENTMIHALYI, Mihaly) A teoria do fluxo consiste em se concentrar de uma forma tão profunda que as distrações deixam de ter impacto em sua atenção. Quando conseguimos entrar nesse estado, podemos produzir em alta velocidade e com muita qualidade. Isso acontece pois as distrações ficam em segundo plano e nosso cérebro desliga as percepções periféricas concentrando toda a energia na atividade que estamos realizando. Para conseguir esse benefício é necessário um preparo prévio. Principalmente no início, você deve evitar que as distrações fiquem por perto. Conexões de internet no computador, celulares ligados e perto de você, notificadores de chamada como relógio de pulso, entre outros artigos que lhe causam distração devem ser desligados ou retirados da sala em que estamos trabalhando. Com tempo e treinamento ficamos cada vez mais eficientes e eficazes nessa concentração, o que nos ajuda cada vez mais a produzir com velocidade e qualidade. Tudo está baseado no treino. Reuniões (aulas, palestras) focadas e produtivas Reuniões são uma das atividades onde mais se perde tempo. Algumas empresas estão retirando as cadeiras das salas de reunião para evitar que seus colaboradores transformem a reunião em um encontro social e somente isso. Uma reunião produtiva é curta e com um foco muito bem definido. Reuniões que passam de 60 minutos com muitas pessoas geralmente não são muito produtivas e podem estar gastando tempo desnecessário. Para se ter uma boa reunião é preciso preparação e evitar que se torne uma palestra. A pauta deve ser enviada previamente e o foco deve ser nas discussões sobre o assunto e na chegada a um consenso. Deve- se evitar um excesso de questões a serem discutidas para que a reunião seja produtiva, nós não conseguimos dar atenção a vários assuntos ao mesmo tempo. Veja a seguir o quadro que compara uma boa reuniãoe uma má reunião: Má reunião Boa reunião Material muito grande Assumir que todos já leram o material, evitando ler Domínio da chefia (liderança da reunião) Hipóteses refutáveis Má reunião Boa reunião Mais de 90 minutos De 30 a 60 minutos Abusar do PowerPoint Vigoroso debate Procrastinação e precrastinação Para evitar a procrastinação, é necessário evitar se concentrar no produto. Em vez disso, a atenção deve estar na construção de processos — hábitos — que coincidentemente permitem realizar as tarefas desagradáveis que precisam ser feitas. Você sabe o que é procrastinar? Procrastinar é deixar uma atividade ou tarefa que deveria ser realizada neste momento para amanhã e, quando chega amanhã, deixar para depois de amanhã. Essa é uma prática muito comum, principalmente quando a questão a ser tratada não nos agrada. Temos sempre a tendência de beneficiarmos as tarefas que nos agradam, mesmo que elas não sejam as mais urgentes ou as mais importantes. Quando agimos assim, escolhendo apenas as tarefas que nos agradam, em muitos casos estamos: Precrastinando as tarefas Pois a estamos fazendo antes do momento que deveria acontecer. Procrastinando as tarefas Pois deveriam ser realizadas naquele momento. Resposta Quando planejamos o uso do nosso tempo, devemos utilizar as técnicas demonstradas até agora e evitar cair na procrastinação das atividades desagradáveis. Mesmo no planejamento, essa procrastinação pode acontecer, pois a pessoa tende a dar mais importância relativa às tarefas que lhe agradam. Procure sempre entender quais tarefas realmente são importantes e quais são urgentes para o alcance de seus objetivos. Pois você pode estar procrastinando tarefas importantes por não serem agradáveis e realizando as que mais lhe agradam, mas que não são importantes para os objetivos. O foco devem ser as tarefas que melhor contribuem para a realização do objetivo. Preguiça A preguiça pode ser um grande problema. Pessoas que se entregam à preguiça não conseguem prosperar. Todas as atividades e tarefas são difíceis e elas estão sempre cansadas. Esse tipo de pessoa está sempre pensando em descanso e nunca se concentra em suas atividades. Sua única vontade está direcionada para distrações e atividades que não demandem esforço. Para evitar esse tipo de comportamento, nós devemos estar sempre alertas com a nossa postura. Estar engajado em nossas atividades é o mínimo que podemos fazer, evitando que nosso trabalho se torne um peso para a nossa existência. Evitar comportamentos de preguiça e tornar a falta de motivação uma constante pode influenciar diretamente na sua gestão do tempo, tornando todas as tarefas mais lentas e menos eficientes. O foco e a atenção na realização das tarefas – dicas e ferramentas Neste vídeo, serão apresentadas dicas práticas com assuntos e técnicas ligadas a manter o foco e a concentração na realização das tarefas e solução de problemas. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 3 - Vem que eu te explico! Trabalho focado, deep work Módulo 3 - Vem que eu te explico! Distração digital Módulo 3 - Vem que eu te explico! Trabalho focado, deep work Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Nos últimos tempos, temos percebido que a tecnologia e o desenvolvimento de novas formas de nos relacionarmos têm tomado conta do nosso dia a dia. Essas questões podem atrapalhar muito a nossa concentração, piorando bastante nosso aproveitamento. O que é necessário para que possamos nos abster dessas distrações, principalmente as digitais, como as redes sociais. Escolha a alternativa que melhor garante que possamos nos livrar dessas distrações: A Manter o foco nas tarefas produzindo um trabalho profundo e reduzindo, se preciso, o tempo gasto com as redes sociais. B Manter o foco nas redes sociais a fim de obter motivação para realizar um bom trabalho fora das redes. C Evitar integralmente o acesso às tecnologias digitais, à internet e aos dispositivos móveis para manter o foco. D Priorizar o uso das tecnologias digitais, recorrendo a vídeos tutoriais e a podcasts para manter a atenção nas tarefas existentes. E Privar-se de usar as redes sociais bem como a internet de forma permanente a fim de se dedicar somente às tarefas existentes. Parabéns! A alternativa A está correta. A tecnologia e as redes sociais foram um grande avanço em nossas vidas. No entanto, elas podem ser uma grande fonte de distração e de procrastinação nas atividades importantes que realizamos. Para evitar esse problema, precisamos ter foco e procurar produzir sempre com concentração e esforço. Na letra “b” temos que o trabalho superficial, nesse caso o foco, é menos importante para a sua realização. As demais alternativas são contrárias a aplicação de foco para a realização das tarefas, o que não nos livra das distrações, mas são o objeto que realiza as distrações. Questão 2 A procrastinação é um termo muito utilizado para indicar uma pessoa que deixa suas tarefas de hoje para amanhã. Existe uma outra forma de procrastinar que dá uma impressão de que estamos super atarefados, essa forma é: A Fazer apenas as tarefas mais importantes, delegando as tarefas urgentes e menos importantes. B Fazer apenas as tarefas que lhe agradam, deixando as desagradáveis sempre para depois. C Fazer apenas as tarefas programadas para o dia, deixando as tarefas do dia seguinte para seu próprio dia. D Fazer as tarefas do dia e adiantar as tarefas do dia seguinte, sempre procurando estar cheio de afazeres. E Fazer apenas as tarefas que lhe mandam, evitando deixar coisas para depois, onerando o dia seguinte. Parabéns! A alternativa B está correta. A procrastinação é um problema recorrente em nossas vidas. Sempre que encontramos tarefas difíceis ou desagradáveis temos vontade de procrastinar. Essa atitude está para nós como uma Considerações �nais Durante nosso estudo pudemos entender um pouco sobre a gestão do tempo. Esse é um tema muito amplo e que merece mais aprofundamento. O tempo gasto estudando a gestão do tempo pode lhe render muitas horas economizadas e a possibilidade de não se escravizar em seu trabalho. Aqui, procuramos abordar alguma das mais conhecidas técnicas aplicadas à gestão do tempo. Cada hora de estudo desse tema pode lhe trazer grandes avanços. Mas um ponto importante é que não basta estudar, é preciso colocar em prática. A prática do aprendizado é o que lhe trará benefícios. Quando colocamos um conhecimento em prática, estamos sendo sábios. A sabedoria está exatamente em utilizar as ferramentas que temos a nosso favor. Colocar todo esse conhecimento adquirido em prática é o que lhe trará bons resultados. Por isso, continue a estudar sobre o assunto, porém, mais do que isso, coloque ele em prática em sua vida e veja o ganho que você poderá usufruir desse conhecimento. Podcast Neste podcast, o especialista irá se aprofundar em questões relacionadas a gestão do tempo em uma aplicação mais prática. forma de defesa, em que buscamos realizar apenas aquilo que nos agrada. Muitas pessoas se sobrecarregam de atividades exatamente para procrastinar a realização daquelas que realmente deveriam fazer, parecem estar sempre ocupadas para não realizar aquela tarefa desagradável. As respostas das demais alternativas tratam de precrastinação ou de realizar as tarefas no momento correto. Referências COVEY, S., MERRIL, R. MERRIL, R. Primeiro o mais importante – First Thing First. Rio de Janeiro: Sextante, 2017. Burkeman, O. Four thousand weeks: time management for mortals. New York: Farrar, Strause and Giroux, 2013. DRUCKER, P. Prefácio. In: HESSELBEIN, F.; GOLDSMITH, M.; BECKHARD, R. O líder do futuro. Prefácio Peter Drucker Fundation. São Paulo: Futura, 2006. KAHNEMAN, Daniel. Rápido e devagar: duas formas de pensar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. SOBRAL, F. PECI, A. Administração: teoria e práticano contexto brasileiro. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2013. Explore + Assista ao filme O preço do amanhã, no qual uma sociedade distópica é regida pela compra e venda do tempo como uma mercadoria ou moeda. Pesquise o vídeo ou o livro Superocupado de Kevin DeYoung, bem como o livro Faça Mais e Melhor e veja as diversas questões ligadas à gestão do tempo. Outro livro de abordagem semelhante é Redeeming Your Time do bem avaliado autor Jordan Raynor. Baixar conteúdo javascript:CriaPDF() Gestão de carreira e mercado de trabalho Prof. Enrique Jesús Sánchez Elvira, Prof. Marcus Brauer Descrição Fundamentos da gestão de carreira e do mercado de trabalho. Propósito Entender a dinâmica do mercado de trabalho e os fundamentos da gestão de carreira é importante para planejar e gerenciar a própria carreira neste contexto de intensas mudanças. Objetivos Módulo 1 Fatores internos e externos na carreira Identificar a importância de fatores internos e externos na carreira. Módulo 2 Fundamentos da gestão de carreira Identificar os fundamentos da gestão de carreira. Módulo 3 Desa�os do mercado de trabalho Reconhecer os desafios do mercado de trabalho. Módulo 4 Autoconhecimento e planejamento de carreira Listar algumas técnicas de autoconhecimento e de planejamento de carreira. Carreira significa caminho estreito, fileira, pista de corrida, trilha. Quando falamos em carreira profissional, entendemos carreira como uma trilha ou conjunto de experiências de um indivíduo no campo profissional, geralmente até sua aposentadoria. A gestão de carreira pode ser feita pela organização, pelo indivíduo ou por ambos. Até a década de 1990, a organização desempenhava o papel de protagonista no planejamento das carreiras, desenhando carreiras internas para que seus colaboradores desenvolvessem toda sua trajetória profissional no mesmo lugar. Os trabalhadores sabiam claramente quais eram os passos e objetivos que deviam alcançar, os cargos aos quais podiam aspirar, assim como os patamares de salário que lhes esperavam com o passar dos anos na empresa. Atualmente, esse cenário mudou. Os mercados são mais voláteis, as empresas devem se readaptar constantemente às novas tecnologias para sobreviver e as condições de trabalho são mais instáveis. Ao mesmo tempo, as prioridades das novas gerações são diferentes, as quais olham a mobilidade e a reorientação nas suas carreiras com mais normalidade. Partindo dessas premissas, observamos como o gerenciamento da carreira passou a ser uma iniciativa principalmente pessoal. As organizações podem, no melhor dos casos, auxiliar nessa tarefa, mas está nas mãos de cada indivíduo planejar, direcionar e desenvolver sua própria carreira. Para isso, é importante o autoconhecimento, bem como o conhecimento do mercado de trabalho. Introdução 1 - Fatores internos e externos na carreira Ao �nal deste módulo, esperamos que você identi�que a importância de fatores internos e externos na carreira. Pontos fortes, vocação e carreira Para iniciar esta jornada sobre o estudo de carreiras, convidamos você a conhecer melhor a si mesmo, a partir do estudo de pontos fortes, vocação e propósito. Então, devemos olhar com atenção para dentro de nós. Na atualidade, com tantas mudanças, está ficando cada vez mais complicado fazer um plano de carreira para mais de dois anos. A previsão é de que boa parte dos trabalhos que vão existir em 2030 ainda nem foram criados. Neste conteúdo, você estudará fatores internos e externos que podem influenciar o desenho de sua carreira, entenderá a evolução histórica do mercado de trabalho, suas dinâmicas mais importantes e as tendências mais atuais. Do mesmo modo, terá a oportunidade de conhecer os fundamentos da gestão da carreira e o uso de ferramentas e recursos para tomar as melhores decisões no seu caminho profissional. Depois de nos conhecermos melhor, precisamos monitorar as demandas do ambiente profissional (por exemplo, linguagens como inglês e programação, resiliência, competência em home office etc.) para, finalmente, elaborarmos: missão visão valores pessoais metas novos caminhos Definidos tais pontos, podemos avançar em nossa carreira nesse cenário de transformações e mudanças. Pontos fortes Na gestão profissional de uma organização é importante conhecer: Pontos fortes e fracos Ambiente interno. Oportunidades e ameaças Ambiente externo (para não ser redundante, apenas ambiente). Com boas informações, provavelmente serão tomadas melhores decisões. Na gestão de uma carreira profissional, o raciocínio é semelhante, e uma robusta corrente teórica recomenda enfatizar os pontos fortes da pessoa. Podemos até ter mais pontos fracos do que pontos fortes, mas, atualmente, focar nos seus pontos fortes é uma estratégia de carreira que vem ganhando força. O que eu posso fazer incomumente bem? Para tratar desse assunto, foi criado o livro Descubra seus pontos fortes. Seus autores Donald Clifton e Marcus Buckingham defendem que melhorar seus pontos fortes é uma estratégia mais inteligente do que gastar tempo consertando seus pontos fracos, e focar nos pontos fortes é um dos caminhos mais seguros para o sucesso. Pergunte para as pessoas que lhe conhecem bem quais são seus pontos fortes, pois não é raro as pessoas se acharem melhores do que elas realmente são. Muitas pessoas pensam que sabem no que são muito competentes, mas às vezes, estão erradas. Você sabe qual o nome que se dá a isso? Resposta Damos o nome de "efeito Dunning-Kruger": os menos competentes se julgam muito competentes, e os muito competentes se julgam com pouca competência. Isso pode explicar por que pessoas com postura muito orgulhosa se acham tão competentes, a ponto de acreditarem que não precisam aprender e/ou se desenvolver mais. Você já trabalhou com um “sabichão”, um “sabe-tudo” que lhe responde antes mesmo de você terminar sua fala? Já as pessoas com mais humildade ouvem mais e tentam se esforçar continuamente para aprender e melhorar. Essa situação nos remete à famosa frase de Sócrates: “Só sei que nada sei”! Jim Collins, renomado professor de Gestão na Universidade de Stanford, em seu clássico livro Good to Great (vendido no Brasil como “Empresas feitas para vencer”), após pesquisar as melhores companhias do mundo por décadas, concluiu que essas empresas tiveram líderes humildes e com senso de determinação. Os líderes humildes escutam diversos pontos de vista antes de se decidirem. Tais líderes chamam para si a responsabilidade de algum fracasso na equipe e evitam falar de si próprios na reunião. Quem é muito orgulhoso e “sabe-tudo” poderá achar que é muito competente, poderá estar pouco preocupado em ouvir e aprender, e mais preocupado em falar e ser reconhecido. Enfim, tente de várias formas descobrir honestamente seus pontos fortes, pois todos nós temos, e se a humildade não for um ponto forte seu, recomendamos desenvolver essa importante atitude tanto nos estudos quanto no trabalho (os livros O monge e o executivo e O poder da humildade são alguns dos livros consagrados no tema humildade). Aprender e ter a mente aberta é uma questão de humildade. Vocação Vocação é um assunto bem próximo dos pontos fortes. Vocação pode ser entendido como uma capacidade nata acima da média para algo. Vejamos agora um bom exemplo de vocação: Michael Phelps. Michael Phelps tem um biotipo raro que fez dele um nadador incrível. Apesar de ter 193cm de altura, seus braços se estendem por 203cm e ele possui apenas 81 centímetros de pernas e um tronco maior do que o normal. Ok, sua anatomia é algo nato, mas sua competitividade, disciplina e perseverança foram desenvolvidos e o permitiram ser o maior medalhista olímpico, com 28 medalhas (sendo 23 de ouro), tendo quebrado 39 recordes mundiais. Dizem que ele foi criado ou chamado para ser um nadador de sucesso. Você já viu aquela pessoa que tem a vocação ou chamado ou dom para educar? Para tal pessoa, planejar as aulas e ensinar é algo prazeroso, que ela faz de graça,com um amor indescritível. Com esse amor, ela se capacita mais, dedica-se mais e, consequentemente, a qualidade do seu serviço tende a ser maior. Outro exemplo de vocação é Ricardo Izecson dos Santos Leite. Você o conhece? Bem, ele é mais conhecido como Kaká e foi o último brasileiro a ganhar a Bola de Ouro, que é o prêmio de melhor jogador do mundo. Kaká. Kaká estudou no Colégio Batista em São Paulo, e um professor de sua escola identificou sua habilidade acima da média (interessante o papel de professores em identificarem talentos!). Já o seu irmão Rodrigo, mais conhecido como Digão, jogou 38 jogos em sua carreira profissional de atleta, nunca marcou um gol, aposentou-se logo do futebol, pois não era sua vocação. Isso não quer dizer que Kaká seja melhor ou pior do que seu irmão, apenas que suas habilidades e super-habilidades são em áreas diferentes. Antes de seguirmos para o próximo tópico, vamos entender um pouco sobre as diferenças entre vocação e carreira: Carreira Vocação Trilha, caminho, experiências relacionadas com o trabalho. Palavra oriunda do latim vocare, que significa chamar, chamado, missão. Geralmente termina na aposentadoria. Geralmente não termina na aposentadoria. É mais relacionada com mercado de trabalho, formação do indivíduo e competências. É mais relacionada com dons naturais, natos, mas pode e deve ser desenvolvida. Ex: São Paulo foi um fabricante de tendas. Ex: São Paulo foi chamado para ser um apóstolo e divulgar as boas novas ou evangelho. Elaborado por Marcus Brauer. Carreira As evidências para a gestão da carreira podem ser objetivas ou subjetivas. Veremos agora cada uma delas: Objetivas Eventos ou evidências objetivas. Podemos pensar em exemplos como: uma nota alta em matemática, uma graduação em engenharia, uma progressão para ser engenheiro líder. Subjetivas Interpretações subjetivas de experiências relacionadas ao trabalho podem ser desejos, sentimentos, valores, atitudes. Por exemplo: ficar feliz ao trabalhar remotamente; não gostar de trabalhar sozinho etc. Para Greenhaus, Callanan e Godshalk (2019), em seu respeitado livro Career Management for Life, tanto os componentes objetivos quanto os subjetivos são necessários. Com essa abordagem de experiências profissionais objetivas e subjetivas, a gestão de carreira pode ser considerada um processo contínuo de resolução de problemas, no qual a informação é coletada, a consciência de si mesmo e do ambiente é aumentada, objetivos e estratégias de carreira são desenvolvidos e o feedback é obtido. Alguns termos bem interessantes e conhecidos quando falamos de carreira são: Carreira sem fronteira A carreira do indivíduo não é mais atrelada a uma única organização. Ela é a trilha profissional individual, podendo envolver uma sequência de oportunidades de trabalho que vão além da fronteira da organização. Imagine um jogador de futebol no início de sua carreira: dificilmente ele pensa em crescer no seu atual time de terceira divisão e se aposentar nesse mesmo time. Carreira em Y É uma trilha que se divide em duas: uma técnica e outra gerencial, normalmente. Os primeiros estágios da carreira são iguais para todos, mas em um momento o empregado deve decidir se quer se especializar na carreira técnica ou na gerencial. Normalmente, na carreira gerencial são alcançadas as maiores remunerações (e as maiores responsabilidades por outras pessoas!). Dupla carreira A dupla carreira está sendo cada vez mais comum. É arriscado colocar todos os ovos na mesma cesta, bem como ter sua remuneração oriunda de apenas uma fonte: se essa fonte seca, o risco de não ter trabalho é alto. Um exemplo é trabalhar em uma organização manhã e tarde e, de noite, dar cursos ou gerenciar uma rede social. Muitas vezes, pessoas descobrem sua vocação na segunda carreira: começam sem pretensão, mas acabam se apaixonando pelo trabalho. Descobrir os pontos fortes e a vocação devem ser apenas os primeiros passos no desenho de nossa carreira. Precisamos conhecer melhor o ambiente profissional, traçar planos para capacitação e trabalho nos melhores locais, bem como fazer parte de redes profissionais para aumentar nosso networking (rede de contatos). As novas carreiras Transição de carreira Apesar de existirem inúmeras razões para as pessoas realizarem uma mudança na carreira, os motivos podem ser agrupados em categorias gerais como: “fatores individuais como idade, gênero, profissão, interesses, valores e transferibilidade de habilidades, o autoconceito e a identidade profissional” (GREENHAUS; CALLANAN; GODSHALK, 2019, p. 161); ou seja, a percepção do indivíduo de que a sua identidade não está em equilíbrio com o seu trabalho atual pode levá-lo a fazer um movimento de transição de carreira em busca dessa identidade profissional. Um exemplo pode ser uma executiva que abandona sua carreira corporativa e inicia a carreira de professora ou de trabalho em casa como freelancer. Carreira proteana Na mitologia grega, Proteu sabia do futuro e tinha a capacidade de se transformar, mudar, para escapar aos perseguidores ou a quem o buscava para saber os acontecimentos futuros. Ou seja, Proteu possuía a capacidade de mudar sua forma ao comando de sua vontade. Ele era versátil e mutável. A carreira proteana é direcionada pelo indivíduo que a reinventa, muda, de acordo com as necessidades e desejos. Neste caso, o sucesso está mais ligado ao estado psicológico (liberdade de horário, qualidade de vida, paz etc.) do que com o crescimento hierárquico em uma empresa. Assim como o camaleão muda de cor dependo do contexto, a carreira proteana deve ser reinventada de acordo com o contexto pessoal e de tempos em tempos, pois o que lhe agrada no contexto atual pode não lhe agradar mais amanhã. O professor e pesquisador Marcus Brauer falará, a seguir, sobre as carreiras tradicionais e as novas carreiras e a importância de se conhecer tais temas para melhor empregabilidade. Vamos lá! Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 1 - Vem que eu te explico! Pontos fortes Módulo 1 - Vem que eu te explico! Carreira Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 O que se pode fazer para diminuir o risco de ter o “efeito Dunning-Kruger”? A Pensar nas experiências agradáveis que você teve na sua trajetória profissional. B Contratar um coaching para ajudar você no desenho de seu plano de carreira. C Considerar as maiores notas que você teve em sua vida acadêmica. D Conversar com pessoas que você confia e conhecem bem sobre seus pontos fortes. E Estudar os requisitos e tendências do mercado de trabalho em sua área. Parabéns! A alternativa D está correta. O efeito Dunning-Kruger consiste em pessoas pouco competentes se julgarem muito competentes, e os muito competentes se julgarem com pouca competência. Para minimizar tal risco, o ideal é conversar sobre seus pontos fortes com pessoas que te conhecem bem. Talvez você considere que sua voz seja linda e harmônica, mas outra pessoa diga que o seu ponto forte é a argumentação, e não a sua voz em si, ou vice-versa. Questão 2 Em relação a termos relativos à gestão de carreira, assinale a resposta que contém uma definição correta: A Carreira proteana é aquela realizada por anos em uma organização. B Carreira sem fronteira ocorre quando você trabalha no exterior. C Transição de carreira é quando você muda para um melhor departamento. D Carreira em Y ocorre quando você precisa decidir se vai para a gerência ou aposentadoria. E Dupla carreira é quando uma pessoa tem dois trabalhos simultâneos em áreas diferentes. Parabéns! A alternativa E está correta. A dupla carreira ocorre quando o indivíduo tem dois ou mais trabalhos diferentes ao mesmo tempo, como ser administrador de manhã e de tarde, e professor de gestão de noite. Isso é diferente da dupla jornada, na qual um profissional, como o médico, faz o mesmo trabalhopor maior período. A dupla carreira é cada vez mais comum para aumentar a motivação, a renda ou minimizar os riscos de desemprego. 2 - Fundamentos da gestão de carreira Ao �nal deste módulo, esperamos que você identi�que os fundamentos da gestão de carreira. O que é a gestão da carreira Uma vez que você já compreende as últimas tendências no desenvolvimento da carreira, neste módulo vai aprender o que implica gerenciar a sua carreira e as vantagens que essa iniciativa pode gerar. Por outro lado, focaremos no transcorrer da carreira, na forma como se desenvolve e por quais etapas passamos normalmente na nossa trajetória profissional. Mas de que estamos falando quando nos referimos à gestão da carreira? Gestão de carreira pode ser considerada como: Um processo pelo qual os indivíduos desenvolvem, implementam e monitoram os objetivos e as estratégias da carreira. (GREENHAUS; CALLANAN; GODSHALK, 2018, p. 39) Portanto, mesmo existindo iniciativas dentro das organizações para apoiar o gerenciamento das carreiras, assim como orientações de terceiras pessoas, gestão de carreiras é um exercício essencialmente individual. Cada um de nós é o principal responsável por administrar essa esfera das nossas vidas. Além dessa definição básica, os autores elencam vários elementos que completam essa definição de forma mais precisa, apontando que, nesse processo, cada pessoa: Coleta informações importantes sobre si mesma e em relação ao âmbito do trabalho. Desenvolve uma visão clara sobre seus talentos, interesses, valores, preferências e também direciona suas prioridades quanto à sua ocupação, ao seu trabalho e às organizações. Define objetivos realistas e coerentes com as informações compiladas. Implementa estratégias específicas para atingir os objetivos estabelecidos. Busca a opinião dos demais sobre a efetividade das suas estratégias e quanto à relevância das metas planejadas. Gerenciar a carreira não é uma ideia geral, difusa ou abstrata. Realmente implica uma iniciativa ciente, meditada, que precisa do apoio de outras pessoas e que comporta um esforço decidido para implementar o que temos planejado para atingir os objetivos. Vantagens de gerenciar a sua carreira A gestão da carreira é um processo que requer parte de nosso tempo e das nossas energias. Porém, vale muito a pena que você acione essa iniciativa, que pode auxiliá-lo, particularmente nos tempos atuais. A turbulência do mercado de trabalho e as rápidas mudanças geram mais incertezas do que antes e é ainda mais relevante que você assuma o controle da sua carreira. Para isso, é importante que saiba algumas estratégias que vão te auxiliar nesse objetivo: Em primeiro lugar, se você é capaz de entender suas fortalezas e debilidades, vai poder desenvolver competências profissionais para favorecer sua empregabilidade e seu i t d t d i õ Etapas de desenvolvimento da carreira crescimento dentro das organizações. Em segundo lugar, se conhece bem o mercado e está informado sobre o que é demandado e o que não, poderá identificar oportunidades para avançar na carreira. Em terceiro lugar, outra vantagem de estar adequadamente informado é ser realista quanto às suas possibilidades, de forma que planeje sempre metas realistas, evitando assim frustrações. Em quarto lugar, se você tem diferentes estratégias e planos alternativos, poderá tomar decisões com a rapidez que o mercado exige. Em quinto lugar, desenvolver uma rede de contatos profissionais será essencial para aumentar suas possibilidades de sucesso na carreira. Em sexto e ultimo lugar, também estará mais preparado para enfrentar os desafios do trabalho se possuir um suporte tecnológico adequado e souber fazer uso de ferramentas que potencializarão seu desempenho e seus resultados. A literatura sinaliza diferentes etapas no desenvolvimento das carreiras profissionais. Mesmo com as mudanças nas tipologias de carreiras que se desenvolvem atualmente, é possível distinguir certos traços caraterísticos em cada etapa da nossa trajetória profissional. Você perceberá que, com o passar dos anos, seus esforços e objetivos foram variando, do mesmo modo que suas expectativas profissionais. Nesse sentido, parece claro que nossa visão é muito particular quando estamos, por exemplo, preparando- nos para entrar no mercado de trabalho, quando estudamos e temos alguma experiência por meio de um estágio. Também é diferente quando conseguimos o primeiro contrato estável, assim como quando começamos a nos diferenciar profissionalmente. O cenário muda quando alcançamos nosso máximo desempenho, nos mais altos cargos, do mesmo modo que pensamos diferente quando estamos próximos a nos aposentar. Greenhaus, Callanan e Godshalk apresentam uma caraterização das diferentes etapas que acontecem no desenvolvimento da carreira e apontam quatro etapas com patamares de idade que se sobrepõem nos seus extremos: Dos 18 aos 30 anos, quando se escolhe a profissão e a empresa na qual trabalhar. Dos 25 aos 45 anos, em uma fase inicial de consolidação e de cumprimento de resultados. Dos 40 aos 60 anos, que é uma etapa intermediária de reavaliação de objetivos. Dos 55 até o fim da carreira, etapa na qual nos preparamos mais para o período de aposentadoria. Vejamos agora as particularidades de cada uma dessas etapas: Ela começa quando iniciamos os estudos depois do ensino médio e vai, aproximadamente, até os 30 anos. Nesse período, temos, em primeiro lugar, que escolher o âmbito profissional no qual queremos Etapa 1. Escolha ocupacional e organizacional desenvolver nossa carreira. Para isso, devemos nos projetar no futuro e visualizar-nos realizando essa atividade, o que vai criar uma imagem sobre nós mesmos. Essa eleição é crucial para nossas vidas e devemos estar abertos a receber opiniões e recomendações, assim como a explorar a realidade de cada profissão. E essa realidade não somente se refere ao tipo de funções que se realizam, mas também à empregabilidade do mercado, ao salário e às condições de trabalho. Devemos conhecer quais são nossos propósitos, identificar as prioridades e as tarefas que mais se encaixam com a nossa personalidade. Quanto mais dedicado for esse processo, mais probabilidades teremos de escolher a ocupação certa. Em muitos casos, pelo fato de sermos ainda muito jovens, temos muitas dúvidas, indecisões e várias opções a explorar. Às vezes, deixamos que a realidade decida por nós, entrando na faculdade na qual formos aceitos. Ou estudamos por um ano e abandonamos o curso ao descobrir que não é o que gostamos. Por sorte, dentro de cada área de estudo existem múltiplos caminhos posteriores de especialização, de forma que sempre podemos ir afinando nossa vocação com o passar do tempo. Nesta etapa, encaminhamo-nos para o tipo de organização no qual queremos desenvolver a carreira e dirigimos nossos esforços para conseguir o emprego desejado. Essa é uma tarefa que não é simples, e nem sempre será possível chegar à sua vaga favorita. Dependerá da sua formação, das suas competências e da situação do mercado. Esse processo poderá acontecer também em estágios posteriores da sua carreira, nos quais sua rede de contatos será igualmente relevante. Acontece desde que temos nossa primeira experiência profissional e pode ir até os 45 anos. Tem um certo paralelismo com a nossa inserção na vida adulta, na transição da juventude para uma etapa na qual devemos aprender e nos consolidar. Etapa 2. O início da carreira – fases de estabelecimento e de conquistas Uma vez inseridos em uma organização, devemos adquirir conhecimentos e habilidades práticas, muitas atividades que não se aprendem na universidade. Além de tudo, teremos que aprender a nos relacionar com colegas e clientes, às vezes em um ambiente competitivo. O estabelecimento sucederá quando tivermos a confiança de nossos superiores na companhia e realizarmos funções relevantes ou quando nossa trajetória profissional nos permitir mudar de empresa ou sair temporariamentedo mercado e retornar para o mesmo trabalho. A partir daí, começamos a atingir os objetivos e conquistas na nossa carreira. O fato de o período desta etapa se estender até os 45 anos poderia parecer demorado demais, mas o certo é que nem sempre é fácil consolidar nossa ocupação. Em condições de instabilidade econômica e saturação de pessoas em busca de trabalho, pode requerer muito tempo efetivar essa consolidação. Com frequência, não temos mais opções do que aceitar outra ocupação ou mudar de especialidade dentro da mesma área. Esta etapa do desenvolvimento da carreira se experimenta entre os 40 e 60 anos. Talvez seja neste período quando alcançamos os maiores benefícios da nossa carreira, os cargos de maior hierarquia e o maior nível de especialização. Como no pessoal, nesta etapa, em que estamos na metade de nossas vidas, questionamos também nossa situação profissional. Etapa 3. Metade da carreira Entramos na maturidade e consolidamos um estilo de vida particular. Portanto, é uma etapa de transição. Podem ser mudanças pequenas ou radicais, mas todas envolverão uma reflexão pessoal e a tomada de decisões. As preocupações que podem aparecer é a do estancamento na carreira, o perigo de ficar desatualizados e a continuidade na produção de resultados para a organização, que deverá auxiliar nessa transição. Considerando o aumento da longevidade e o adiamento da idade de aposentadoria, talvez esta etapa intermediária da carreira se estenda para além dos 60 anos. É o estágio final da vida profissional, desde os 55 até a aposentadoria. Neste período, a preocupação mais importante é a de continuar se sentido produtivo e útil para a organização. Este aspecto é sensível pelo preconceito geral existente de se perceber que os trabalhadores mais velhos pioram seu desempenho nesta fase. Assim, procuraremos nos esforçar por estar atualizados e não ficar atrás quanto ao uso de novas tecnologias e conhecimentos. Etapa 4. Fim da carreira Outra questão relevante nesta etapa é nos preparar para o tempo de aposentadoria. Por um lado, no sentido de garantir um sustento digno. Por outro, de garantir um bem-estar psicológico diante do desafio de abandonar uma das principais atividades das nossas vidas. Assim, devemos nos planejar para desfrutar do tempo livre, dos hobbies, de atividades de aprendizagem e de socializar com amigos e familiares, pois também a faceta social fica diminuída ao ter que nos despedir dos colegas do trabalho. Os autores Greenhaus, Callanan e Godshalk (2019) reconhecem as limitações da caraterização das etapas de desenvolvimento das carreiras. Afirmam que é só uma aproximação orientadora e que não somente a idade deve ser o eixo diferenciador. A passagem pelas etapas pode depender: Da duração do período de educação Das redes pro�ssionais Do tipo de aspirações Da percepção do sucesso na carreira Igualmente, em mercados em crise, com a instabilidade e altas taxas de desemprego, a leitura pode mudar completamente. Finalmente, apontam que os tipos de carreira são mais dinâmicos que no século passado, e é comum encontrar casos de pessoas que mudam completamente suas carreiras, com ciclos que se repetem ou aceleram com o passar dos anos. Em qualquer caso, o interessante do estudo do desenvolvimento da carreira é que se esteja ciente de que as prioridades, as preocupações e o nível de proficiência vão mudando com o passar da nossa vida profissional. É por isso que você nunca deve abandonar o gerenciamento da sua carreira. Com certa frequência, em momentos-chave do seu desenvolvimento, deve voltar a revisar quais são seus propósitos, valores, fortalezas e fraquezas profissionais. Talvez decida assim reorientar sua carreira para maximizá-la ou para obter um maior bem-estar pessoal. O menos recomendável será se deixar levar pela inércia, pelo que opinem os demais, pela corrente de oportunidades, sem rumo nem objetivos. Diferenças entre carreira e vocação Acompanhe a explicação do professor e pesquisador Marcus Brauer sobre gestão de carreira e as diferenças entre vocação e carreira. Vamos lá! Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 2 - Vem que eu te explico! O que é a gestão da carreira Módulo 2 - Vem que eu te explico! Etapas de desenvolvimento da carreira Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Estudamos o conceito da gestão da carreira e suas implicações na prática. Assinale a opção correta em relação às ações esperadas quando gerenciamos a carreira: A Comparamo-nos com nossos colegas de trabalho. B Identificamos nossas fortalezas e debilidades. C Estudamos a cultura de trabalho em outros países. D Procuramos sempre os melhores centros formativos. E Guiamo-nos pelo que é considerado sucesso na sociedade. Parabéns! A alternativa B está correta. Para gerenciar nossa carreira, é fundamental identificar os nossos talentos e as competências que devemos desenvolver. É necessário realizar esse exercício de forma contínua ao longo da nossa vida profissional. Questão 2 Apresentamos uma aproximação das diferentes etapas que acontecem no desenvolvimento da carreira. Dentre as caraterísticas de cada etapa expostas a seguir, indique a opção correta: A Na metade da carreira nos preocupamos em não ficar desatualizados. B O estabelecimento e consolidação da carreira acontece no fim da carreira. C Nos inícios da carreira devemos analisar se estamos estancados profissionalmente. D O autoconhecimento é particularmente importante na primeira etapa. E Na etapa de inícios da carreira devemos escolher nossa vocação. Parabéns! A alternativa D está correta. A escolha da nossa ocupação e organização geralmente acontece na primeira etapa da carreira, chamada de escolha ocupacional e organizacional. É por isso que o autoconhecimento é fundamental nesse estágio, pois ajudará a identificar melhor a ocupação que será realizada no futuro. 3 - Desa�os do mercado de trabalho Ao �nal deste módulo, esperamos que você reconheça os desa�os do mercado de trabalho. O ambiente e a gestão de carreira É importante conhecer nossos pontos fortes, nossas vocações, paixões, mas não podemos deixar de conhecer o ambiente profissional ao nosso redor. Não é raro ver jovens negligenciarem o conhecimento do mercado de trabalho e suas tendências, ou então desejarem que o mundo do trabalho se adapte a eles, em vez de eles se adaptarem ao mundo. Precisamos ter personalidade e explorar nossas habilidade e nossos dons, mas, ao mesmo tempo, devemos ter o bom senso de entender que organizações farão processos seletivos para identificar e escolher os candidatos mais competentes e aptos. Quais são essas competências desejadas? Precisamos conhecer mais o que tais organizações esperam de nós. “Ah, mas quero ser um empresário e não ter chefe!”. O empresário tem como “chefes” ou “patrões” seus clientes, cada vez mais exigentes. Para criar bens e serviços de qualidade na atualidade, também precisamos ter competências “atuais”. Para ter sucesso profissional, antes é preciso entrar no mundo profissional. É importante que você desenvolva empregabilidade e conhecimentos sólidos para a gestão de sua própria da carreira, a fim de poder escolher onde vai passar a maior parte de sua vida e usar seus dons e talentos num trabalho com sentido. Assim, você poderá agregar mais valor para as pessoas à sua volta, aos clientes internos e externos. Ingressar em um curso de graduação não quer dizer que você já tenha uma carreira de�nida. A universidade pode ajudar você a melhorar sua forma de pensar, seus conhecimentos e habilidades, suas críticas, sua rede de contatos. São várias as carreiras (caminhos, trilhas) para alguém formado, por exemplo, em Administração, ou Engenharia, ou Direito. Direito, segundo o Ministério da Educação, deverá ter uma nova disciplina: Direito Digital, visto o crescimento e a importância dessetema no cenário jurídico. Em relação à Gestão, o que o Excel era na década de 1990, a programação está sendo para os administradores atualmente. Aliás, programação é uma linguagem tão importante quanto o inglês, só que é uma linguagem entre o homem e a máquina. Muitos alunos se recusam a aprender inglês ou programação, mas depois sentem muita falta tanto em processos seletivos como em trabalhos em organizações de ponta. A pesquisa Digital Vortex identifica os setores que estão sendo mais impactados pela Transformação Digital. Se você conseguir entender a importância dessas e outras competências para o profissional do séc. XXI e encontrar boa capacitação e o prazer em aprender, terá mais empregabilidade, o que é algo que precisamos buscar (não focar em altos salários, mas em alta empregabilidade, seja no Brasil ou em outro lugar). Você já ouviu falar em mundo VUCA? Resposta Esse acróstico significa Volátil, Incerto (uncertainty), Complexo e Ambíguo. O avanço das tecnologias, por exemplo, Inteligência Artificial e Robótica, bem como os avanços nas relações trabalhistas, vem fazendo com que muitas carreiras sofram profundas mudanças. Analisar as tendências, trabalhar com cenário e tentar aproveitar mudanças a seu favor podem ser boas táticas. No Brasil, parte do sistema cultural e educacional forma as pessoas para trabalharem em um emprego em uma empresa com salário no início do mês. Mas a realidade é que cada vez menos empregos formais existem, que o teletrabalho cada vez é mais comum e que precisamos entender melhor essas mudanças. Devemos desaprender que emprego estável é a única forma de trabalho e renda, bem como aprender novas formas de trabalhar. A GIG Economy é a economia de freelancers, de “bicos”, de trabalhos temporários, em que não há relação contratual forte entre a empresa e trabalhador. Uber e Airbnb são exemplos bem conhecidos nessa economia. Os fundamentos do mercado O mercado é um espaço no qual acontecem transações de compra e venda de produtos por meio do pagamento de valor monetário determinado ou preço. Os produtos podem ser de dois tipos (geralmente, é um mix de bens e serviços): Bens Se você compra um sorvete, está adquirindo um bem. Serviços Se você contrata um encanador, está comprando um serviço. Tal distinção, que à primeira vista parece ser trivial, na verdade, é um primeiro elemento de análise. Quais tipos de produtos se compram e vendem no mercado? Para responder a essa pergunta, devemos olhar para a classificação dos tipos de mercado em relação ao tipo de produtos comercializados: os setores primário, secundário e terciário. Em cada um deles, a relação do trabalhador com o produto é diferente. Vejamos como funciona em cada setor: Setor primário Compreende os bens agropecuários ou minerais, por exemplo. Os trabalhadores coletam ou extraem, de forma direta, as matérias-primas. É o setor mais antigo e tradicional, e cada vez há menos pessoas empregadas nele. Setor secundário São os bens industriais ou de construção. Os trabalhadores contribuem para transformar as matérias- primas em produtos manufaturados ou em produtos de utilidade (ex.: fornecimento de água, gás, uma casa etc.). O desenvolvimento tecnológico trouxe a Revolução Industrial, que, precisamente, mudou o peso do mercado para este setor, em detrimento do setor primário. Setor terciário Está se referindo ao mercado dedicado à prestação dos serviços. O produto principal é uma série de atividades complementares aos setores primários e secundários. Assim, os trabalhadores se dedicam a oferecer serviços tais como o comércio de bens, transporte, educação, saúde e outras inúmeras atividades. É o setor que mais cresce no mundo e o que emprega mais pessoas no Brasil. Outra questão fundamental – e nada fácil de responder – é a seguinte: O que determina o preço dos produtos? São muitas as variáveis que condicionam os preços, mas podemos frisar os dois principais determinantes: a oferta e a demanda existente para cada produto. A oferta é a quantidade de produtos disponíveis ou à venda. A demanda é a quantidade de produtos que os consumidores estão querendo comprar. Qual a relação entre elas? Quando a demanda é maior do que a oferta Os preços dos produtos tendem a subir, já que os consumidores estão dispostos a pagar mais para obter determinado item. Quando a oferta é maior do que a demanda Os preços tendem a cair, pois os vendedores devem fazer o produto mais atrativo para poder vendê-lo. O mercado de trabalho e suas dinâmicas Considerando esses fundamentos gerais dos mercados, vamos focar agora no mercado que estamos estudando: Quais atores estão envolvidos no mercado de trabalho? Quem são os ofertantes e quem são os demandantes nesse mercado? Considerando que é a força de trabalho o que se transaciona nesse mercado, há ofertantes de trabalho e demandantes de trabalho. Pessoas que oferecem ou “vendem seu trabalho” e pessoas que demandam ou “compram” trabalho. Há múltiplos tipos de atores atuando nesse mercado (ex.: privados/públicos, formais/informais, lucrativos/altruístas etc.). Podem-se agrupar, de forma simplificada, entre: Trabalhadores Oferentes ou empregados. Organizações Demandantes ou empregadores. É importante que tais conceitos estejam claros, já que, às vezes, confundimos essa relação e colocamos as empresas como ofertantes de trabalho, pois normalmente usamos as expressões “oferta de trabalho” ou “temos X vagas de emprego”. Na análise desse mercado, os ofertantes são os trabalhadores. E o que determina o salário no mercado de trabalho? Nesse caso, o salário seria o preço negociado. Aqui também há muitos fatores em jogo, mas a análise simplificada indica que é o equilíbrio entre: O número de ofertantes dispostos a trabalhar. O número de vagas de trabalho demandadas pelos empregadores (que determinará o valor do salário). Assim, na medida em que o salário aumenta, há mais pessoas dispostas a oferecer sua força de trabalho. Por sua vez, assim que o salário aumenta, os empregadores demandam menos vagas de trabalho. Nesse sentido, normalmente existe um interesse conflitante entre os dois atores principais do mercado de trabalho em relação ao valor do salário: trabalhadores gostariam de ganhar mais e organizações gostariam de pagar menos. Esse seria o esquema do funcionamento do mercado de trabalho para um tipo de ocupação para o qual existisse o mesmo número tanto de pessoas oferecendo trabalho como o de vagas demandadas pelas empresas, isto é, quando a oferta é igual à demanda. Infelizmente, esse modelo de equilíbrio de mercado é só uma orientação teórica para entender algumas das dinâmicas que acontecem nele, mas raramente existirá uma ocupação que consiga esse equilíbrio perfeito. Entre os inúmeros condicionantes que fazem inviável esse ajuste na realidade, o mais frequente, nesses dias, é que exista um excedente de trabalho. Ou seja, que haja mais ofertantes do que demandas de trabalho, o que gera desemprego. Em alguns casos, pode haver escassez de trabalhadores ou de mão de obra, isto é, quando se demandam mais trabalhadores nas empresas dos que estão disponíveis para ocupar essas vagas. Vejamos: Exemplo Se surgir uma nova tecnologia – no âmbito da robótica, por exemplo – e as companhias precisarem de trabalhadores qualificados para desenvolvê-la, o mais provável é que, durante alguns anos, exista escassez de trabalhadores e, portanto, os salários oferecidos aumentem. Depois de um tempo, quando a robótica tiver sido estudada em todas as escolas, poderia acontecer o contrário: pessoas ofereceriam mais sua mão de obra do que o número de vagas a ser demandado pelas empresas. O salário, nesse caso, diminuiria. Esse exemplo serve para mostrar um dos desafios que o mercado de trabalho enfrenta atualmente. Ele é mais dinâmico do que nunca. Muitas ocupações desaparecem, enquanto outras novas aparecem, com muito mais celeridade do que antes. E tanto os trabalhadores quanto os empregadores experimentamdificuldades para se adaptar a essas rápidas mudanças. Evolução histórica do mercado de trabalho O mercado de trabalho não somente é dinâmico quanto à mudança de forças na demanda ou na oferta, como também experimenta mudanças estruturais drásticas com o passar do tempo. Essas mudanças estruturais estão originadas, principalmente, por grandes transformações tecnológicas e sociológicas. Durante a maior parte da história da humanidade, o trabalho esteve focado no setor primário, nas atividades agropecuárias ou extrativas, normalmente para consumo direto ou para comercialização local. Nesse período, o valor principal do trabalho era a força física de cada pessoa, de forma que os conhecimentos ou a tecnologia tinham um impacto menor na produção. A industrialização foi a maior ruptura histórica na evolução do mercado de trabalho. A mecanização na produtividade trouxe um salto expressivo na qualidade e quantidade dos produtos, afetando tanto a demanda quanto a oferta. A Primeira Revolução Industrial (final do séc. XVIII) deu início à substituição de trabalhadores por maquinaria em muitas ocupações. Operários trabalhando na linha de montagem da Ford. Posteriormente, no período de industrialização conhecido como a Segunda Revolução Industrial (segunda metade do séc. XIX), começa a se consolidar a figura do “empregado”, cujo salário depende já de um patrão e que não é mais dono do produto do seu trabalho. A produção e consumo de manufaturas já está acessível para as massas. Começa a sindicalização dos trabalhadores, que avançam de forma progressiva, e no início do século XX há a consecução dos direitos trabalhistas. A Terceira Revolução Industrial (fim dos anos 1970), ou Revolução Digital, esteve marcada pelo desenvolvimento da tecnologia digital, que permitiu o uso de computadores e sistemas de telecomunicações para incrementar a produtividade e o comércio. Ligada a esse período, identifica-se também a Era da Informação ou Sociedade do Conhecimento, na qual os trabalhadores dependem, para ter sucesso no mercado, da sua educação e da sua capacidade para estarem atualizados e preparados para o uso das novas tecnologias. Essa etapa está caraterizada ainda pela incorporação da mulher ao mercado de trabalho de forma consistente. Atualmente, nos encontramos na Quarta Revolução Industrial, conhecida igualmente como Indústria 4.0. Esse período está caraterizado pela chegada da internet e da inteligência artificial e se intensifica a partir do início do século XX. Está relacionado também com a globalização que: Gerou um aumento da produtividade. Favoreceu o crescimento entre as economias emergentes. Diminuiu os custos e preços de muitos produtos. Um dos seus principais desafios concerne ao desemprego gerado pela substituição de muitas ocupações com as novas tecnologias, assim como pela deslocação de muitas indústrias para países com custos salariais menores. Como alinhar sua carreira com o dinâmico mercado de trabalho? Está na hora de falarmos sobre trabalho e o funcionamento do mercado de trabalho, com o pesquisador Marcus Brauer. Vamos lá! Efetivamente, as transformações do período da Indústria 4.0 geram muitos desafios tanto para os trabalhadores quanto para as empresas. As mudanças tecnológicas e culturais acontecem aceleradamente e a adaptação deve ser rápida para não ficar fora do mercado. E com a evolução do 5G - padrão de tecnologia de quinta geração para redes móveis e de banda larga - as mudanças no mercado de trabalho devem ser mais maiores ainda e mais impactantes. Precisamos estar bem informados. Atualmente, é pouco comum fazer carreira em uma única empresa. O normal é que trabalhemos em várias e inclusive que mudemos de ocupação ou área de especialização mais de uma vez. Na mesma linha, são cada vez mais escassas as vagas de tempo integral (35-40 horas por semana). Estão crescendo as vagas de tempo parcial e os contratos por obra ou serviço. As empresas preferem terceirizar ou realizar contratos de curta duração de acordo com as necessidades de trabalho em cada momento, pois é a forma mais rápida e econômica para se adaptar às mudanças. Assim, as perspectivas são que aumente o número de trabalhadores autônomos, temporários ou consultores. É o que já se conhece como Gig workers ou Gig economy. Vamos listar, a seguir, algumas tendências e caraterísticas concretas do que se espera atualmente, e para os próximos anos, dos trabalhadores na Revolução 4.0: Carreiras em múltiplas empresas e trabalhos de curta duração Passaremos por muitas organizações ao longo da carreira e, mais do que estabilidade, buscaremos potencializar nossa empregabilidade. Isto é, ter um perfil e uma rede de contatos que possibilitem as contratações, normalmente por um período determinado. Autonomia, autogestão, �exibilidade e trabalho remoto Essas tendências atuais irão se consolidando com o passar do tempo. Existirá uma certa confusão entre nossa ocupação e nossa vida pessoal, com horários intermitentes e misturando os dias livres com os de trabalho. Atividades não remuneradas para fomentar a empregabilidade Cada vez será mais importante realizar iniciativas não pagas que promovam nossa marca pessoal e que permitam ampliar nossa rede de contatos. Capacitações rápidas e constantes Para progredir na carreira tanto dentro das organizações como fora delas, devemos nos capacitar – on-line e em pouco tempo – e inovar constantemente. Maior produtividade e menos horas de trabalho Espera-se que façamos mais em menos tempo. Deveremos nos apoiar nas tecnologias constantemente para isso, que serão nossos assistentes. Espera-se que disponhamos de mais horas para nossa vida pessoal e familiar. Mais habilidades e menos conhecimentos puros O d d d ã d i f t l b d d t É importante considerar essas tendências para que você possa se adaptar com sucesso aos novos desafios do mercado. Uma gestão da carreira efetiva o ajudará a se antecipar e a enfrentar essas mudanças. Dica Existem muitas vagas abertas para empregos com certas especializações, por exemplo, Ciência de Dados, mas o que se observa é que muitas pessoas estão sem capacitação para áreas nas quais há demanda é pequena e decrescente. Por isso é importante conhecer a dinâmica do mercado de trabalho e ter autoconhecimento. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 3 - Vem que eu te explico! O ambiente e a gestão de carreira Módulo 3 - Vem que eu te explico! O mercado de trabalho e suas dinâmicas Os empregadores demandarão, cada vez mais, que os futuros colaboradores demonstrem competências funcionais e pessoais, e não unicamente títulos formais. Intensi�cação da relação com os clientes O foco do relacionamento no trabalho será, cada vez mais, com o cliente. O diálogo será mais direto, fluido e frequente, equiparando-se à relação atual com colegas e superiores. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Apontamos as principais caraterísticas do mercado de trabalho, assim como as suas dinâmicas mais importantes. Assinale, a seguir, a opção que é considerada uma dessas dinâmicas: A A oferta e a demanda de trabalho sempre alcançam um equilíbrio. B Quando há um excesso de mão de obra, diminuem os salários. C Os empresários são os oferentes de trabalho. D Quando aumenta a demanda de trabalho, os salários diminuem. E Os colaboradores são os demandantes de trabalho. Parabéns! A alternativa B está correta. Os desequilíbrios entre o número de oferentes e demandantes de trabalho é um dos fatores principais para determinar o valor do salário de uma ocupação no mercado de trabalho. Quando tem mais pessoas oferecendo seu trabalho do que o número de vagas demandadas, os salários tendem a cair. Questão 2 Explicamos as principais transformações ocorridas no mercado de trabalho ao longo da história. Em relação à Terceira Revolução Industrial, escolha a opção quecaracteriza esse período: A Coincide com o período da globalização da economia. B O mundo do trabalho está reservado para os homens nessa etapa. C Internet e a robótica são as suas tecnologias disruptivas. D Nesse período, os sindicatos começam a luta pelos direitos trabalhistas. E Está determinada pela implementação da tecnologia digital no trabalho. Parabéns! A alternativa E está correta. Efetivamente, a tecnologia digital gerou uma transformação na indústria e no comércio, com uso de computadores e novos sistemas de comunicação que acrescentaram a produtividade. 4 - Autoconhecimento e planejamento de carreira Ao �nal deste módulo, esperamos que você liste algumas técnicas de autoconhecimento e de planejamento de carreira. O que é o autoconhecimento? O autoconhecimento pessoal implica um conhecimento de nós mesmos, de quem somos, da nossa trajetória na vida, de qual é nossa personalidade, nossos valores, das virtudes que possuímos, das nossas fraquezas e de como e por que reagimos diante de determinadas situações. O autoconhecimento profissional, por sua vez, não é alheio nem distante do pessoal, pois muitas das nossas competências derivam do nosso caráter e das nossas atitudes. Nesse caso, o conhecimento está mais focado nas nossas capacidades, na possibilidade de diagnosticar quais são: As áreas de formação que controlamos melhor e as que desconhecemos. As nossas habilidades mais destacadas e quais precisamos melhorar. Os nossos propósitos para o trabalho. As fortalezas e fraquezas do nosso perfil profissional relacionado à demanada do mercado. Esse autoconhecimento, que à primeira vista parece simples, na verdade, é difícil de conseguir. Sobretudo aqueles elementos menos tangíveis, que não se demostram com titulações e conhecimentos puros. Em grande medida, precisamos também de outras pessoas para chegar a nos conhecer. Tal é a dificuldade, que há muitas pessoas em estágios tardios da sua vida ou carreira que nunca chegaram a se conhecer realmente; o que, sem dúvida, prejudica ou os coloca em uma situação desvantajosa. O autoconhecimento está reconhecido como um dos eixos do conhecimento necessário para a empregabilidade, conceito que alude às possibilidades de conseguir um emprego. Vemos, a seguir, cada um desses eixos de conhecimento necessários para a empregabilidade: É referido ao autoconhecimento. Explica por que queremos direcionar nossas carreiras em um sentido ou outro. É o que justifica nossas motivações profissionais com base no conhecimento de nós mesmos. Conhecimento do “porquê” Relativo a nossas competências, ao que sabemos fazer, ao que temos aprendido. Pode-se colocar em um currículo e, em muitos casos, justificar com um título. Tem a ver com nossa rede de relações. Às vezes, nossos contatos e redes de trabalho, amigos ou familiares podem ser mais importantes para conseguirmos emprego. Denomina-se essa dimensão comumente como networking ou capital social (GREENHAUS; CALLANAN; GODSHALK, 2018). Também tem a ver com "para quem eu trabalho principalmente?”. Conhecimento do “que” Conhecimento do “quem” Conhecimento do “como” Refere-se à forma e ao caminho para atingir nossas metas profissionais. Seria a estratégia que se estabelece para conseguir certos empregos e avançar em direção às metas e objetivos pretendidos. Além de tudo, o autoconhecimento é imprescindível para gerenciar sua carreira e criar um plano que a encaixe com quem você é, o que deseja e o que precisa. Se você reconhece que sua paixão é a matemática, por exemplo, dificilmente vai se sentir realizado se orientar sua carreira para a advocacia. Se você consegue atuar com tranquilidade em momentos de pressão e não identifica essa competência, não vai aproveitar essa vantagem no mercado nem fazer uso dela. Do mesmo modo, se você não percebe que não tem manejo com as relações interpessoais, poderá chocar bastante com essa realidade quando fizer alguma tarefa em equipe. Por fim, se você não reparar que seu inglês é deficiente, dificilmente vai realizar um curso de aperfeiçoamento. Por meio do autoconhecimento pessoal e profissional você será capaz de: Dirigir adequadamente sua carreira. Planejar as ações de desenvolvimento verdadeiramente necessárias. Cumprir os objetivos e metas adequados. Não pense que esse exercício de autoconhecimento se deve fazer unicamente antes de estudar ou quando se tem as primeiras experiências de trabalho. O autoconhecimento deve ser contínuo. Isto é, você deve fazer essa reflexão com certa frequência, pois mudamos constantemente nossas personalidades, prioridades e capacidades profissionais. Sempre que revisar seu plano de carreira, faça esse diagnóstico sobre si mesmo. Propósito, paixão e carreira Gostar de esporte é diferente de ter aptidão, vocação, habilidade para o esporte. André Agassi, tenista famoso, odiava o tênis por grande parte de sua vida, apesar de ter facilidade para tal esporte. O mesmo raciocínio pode ser feito para gastronomia, música, tecnologias de informação etc. Neste tópico, discutiremos não a habilidade, mas o gosto, o interesse, a paixão por algo profissional. Já imaginou focar seus estudos e trabalhos em alguma área com crescente importância no mercado profissional em que você tenha super-habilidade e gosto ou até paixão ao mesmo tempo? Encontrar o seu propósito é importante! Não é raro ver pessoas com altos salários e status social entrando em tristeza profunda. Infelizmente, muitas pessoas focam suas carreiras apenas em dinheiro, fama e bens materiais, mas não descobrem o propósito de sua vida. Ok, descobrir o propósito de sua vida pode não ser tão simples quanto parece, mas quem o acha tem paz interior e uma motivação imensa, independentemente das circunstâncias e dos contextos. Quem trabalha com propósito tem menos probabilidade de ter burnout (esgotamento). Às vezes, o mesmo trabalho que você faz pode ser feito com propósito. Viktor Frankl é psicólogo e passou por quatro campos de concentração. A partir de sua experiência, ele disse que as pessoas que não tinham um propósito morriam bem mais facilmente do que as pessoas que tinham um sentido na vida, uma esperança. Viktor viu pessoas morrendo e outras resistindo a severas circunstâncias e afirmou que aqueles que tinham um "porquê" de viver podiam suportar quase qualquer "como" ou forma de viver. Viktor Frankl Ter fé, esperança, sentido, propósito na vida e no trabalho é algo importante. Não podemos viver como robôs, programados para fazer algo sem refletir. É atribuída à Charles Péguy a “Fábula dos Três Pedreiros”, vamos conhecer? Era uma vez... Três pedreiros que estavam trabalhando em suas construções. Ao serem perguntados sobre o que estavam fazendo... Primeiro pedreiro O primeiro deles respondeu: “estou colocando um tijolo sobre o outro”. Segundo pedreiro O segundo pedreiro respondeu: “estou construindo uma parede”. Terceiro pedreiro Por fim, o terceiro pedreiro tinha um propósito maior e disse: “estou construindo uma catedral!”. Seu estudo e/ou trabalho atual é colocar t�olos, construir paredes ou construir uma catedral? Vamos ver a seguir alguns exemplos de pessoas com propósito: O primeiro exemplo é de Joel Sonnenberg, que sofreu um trágico acidente na infância, teve severas queimaduras, sobreviveu e mais tarde criou uma instituição para ajudar crianças com deficiências. Joel tem experiência e autoridade em assuntos relacionados com dificuldades infantis. Joel acredita que seu acidente não foi em vão, mas teve um propósito. Outro exemplo parecido é o caso de Nick Vujicic, que nasceu sem braços e pernas, virou exemplo de vida e ajuda pessoas a se amarem do jeito que são. Nick Vujicic é autor dos livros Uma vida sem limites, Amor sem limites e Indomável. Nick Vujicic. Steve Jobs, criador da Apple, também ilustra a importância dos propósitos em nossa vida profissional. Steve Jobs. Para ele, a Apple não deveria priorizar os lucros, apesar de ser lucrativa, mas fazeralgo com alta qualidade. Em uma perspectiva transcendente, uma organização funciona para servir objetivos mais amplos do que o lucro, enquanto, de uma perspectiva materialista, as decisões na empresa são tomadas com vistas apenas ao lucro, buscando um retorno melhor do que outros investimentos (DANIELS; FRANZ; WONG, 2000). Nesse ponto de vista transcendente, "o propósito central da atividade comercial deve ser servir às pessoas, e não vice-versa. As pessoas se tornam mais importantes que os lucros" (p. 543), sendo as pessoas tanto os funcionários (pessoas internas) como os clientes (pessoas externas à organização). Enfim, temos atualmente empresas que são direcionadas pelo lucro ou pelo propósito. Não seria bom trabalhar em uma empresa que tenha os mesmos propósitos que você? Jobs era apaixonado pela Apple e pela qualidade de seus produtos, e trabalhou muito pesado para isso (“Job” que dizer trabalho em inglês!). Não ache que terá sucesso da noite para o dia sem esforço no seu trabalho e sem estudo de qualidade. Ao descobrir seu(s) propósito(s) e se dedicar a ele(s), você se sentirá mais motivado, com coragem, com energia, com uma carga de paixão para trabalhar por amor a tal causa. Pessoas com propósito e apaixonadas pelo que fazem não contam os dias para se aposentar. Existe, no entanto, uma outra corrente teórica: desenvolver super-habilidade em vez de buscar sua paixão. O professor Cal Newport, PhD pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), autor renomado, tem tese diferente do famoso livro de Richard Bolles chamado "Qual a cor de seu paraquedas”: não devemos seguir nossa paixão para termos sucesso na carreira. Em vez de trabalhar no que gosta, aprenda a gostar de seu trabalho. Não siga sua paixão, mas procure oportunidades e depois se apaixone por ela. Tornar-se “tão bom que eles não poderão ignorá-lo” (So Good They Can't Ignore You) é o título do livro – e de uma palestra ministrada no Google e disponível no YouTube – de Cal Newport, no qual ele defende que a super-habilidade, e não paixão, é uma forma na qual devemos focar, e trabalhar certo é melhor do que buscar o “trabalho certo”. Newport argumenta que: Quanto mais tempo você faz o seu trabalho... Maior a probabilidade de se tornar excelente nele. E isso influencia muito você a gostar do que faz. Gostamos de ser excelentes em algo! Por isso, nessa lógica, deve-se buscar um trabalho ou emprego com oportunidade de crescimento, em que você possa desenvolver habilidades únicas que sejam raras e valiosas no mercado. Ao trabalhar, se esforce para aprender novas habilidades e melhorar cada vez mais. Por fim, "pense pequeno, aja grande" e dê passos graduais para cumprir sua missão rumo à excelência são dicas de Newport para gerenciar sua carreira. Autoconhecimento e sua importância para a gestão da carreira Acompanhe a explicação do professor e pesquisador Marcus Brauer sobre o autoconhecimento e sua importância para a gestão da própria carreira. Confira! Técnicas de autoconhecimento para planejar sua carreira Uma vez entendida a importância do autoconhecimento, vamos apresentar algumas técnicas práticas que podem orientá-lo para ativar seu autoconhecimento, de forma que possa planejar e desenvolver a sua carreira de maneira eficaz. Testes de personalidade Outra ferramenta que pode auxiliar você no seu autoconhecimento são os testes de personalidade. Mesmo que seu alcance seja limitado e que se recomende sempre que sejam implementados por psicólogos, podem lhe oferecer algumas pistas sobre os seus traços de personalidade que explicam seu comportamento. Os resultados podem ajudá-lo também a definir qual é o perfil profissional que mais se adequa à sua personalidade e a se sentir mais confortável e eficaz. Exemplo Se você é extrovertido e inquieto, talvez deva buscar um trabalho que lhe permita se relacionar com muitas pessoas e se movimentar com frequência. Por outro lado, se percebe que é mais introvertido e reflexivo, possivelmente terá mais sucesso em um trabalho de escritório. Há inúmeros testes de personalidade, com focos em diferentes dimensões. Alguns dos mais usados atualmente, facilmente acessíveis pela internet, são: DISC Signal Patterns 5 Grandes Fatores MMPI 16 personalidades Vejamos a seguir a representação do DISC (Ferramenta de avaliação de personalidade): Teste de personalidade DISC. “Simplesmente o faço” Direto Competitivo Fazedor “Divirto-me fazendo isso” Inspirador Entusiasta Persuasivo “Vamos fazê-lo juntos” Constante Sincero Paciente “Faço direito” Rigoroso Analítico Consciencioso Legenda das personalidades de DISC Interesses e habilidades Uma terceira ferramenta para gerenciar sua carreira é olhar para seus interesses e habilidades. Do que você gosta? O que você sabe fazer bem? Em certas ocasiões, gostamos muito de fazer algumas coisas, mas realmente não nos destacamos nessa atividade. Por outro lado, podemos ter certas habilidades ou dons que realmente não nos interessam demais. Você pode amar cantar, mas infelizmente não ter o talento suficiente para viver disso. Pode ter muita facilidade para aprender línguas estrangeiras, mas sua paixão é a matemática. Portanto, você deve: Re�etir e de�nir algo de que goste e em que se sobressaia Você não precisa ser um prodígio nessa atividade, mas que se destaque em relação a outras das suas habilidades. Considerar a demanda no mercado para esses interesses e habilidades De nada serve para sua carreira – a princípio – gostar e ser bom enchendo balões, pois não é algo que seja demandado no mercado. Pode fazer esse exercício por sua conta, mas também pode se apoiar em testes vocacionais ou matrizes de habilidades e interesses profissionais disponíveis na internet. Um dos testes vocacionais clássicos está baseado no Hexágono de Holland, elaborado pelo psicólogo e pesquisador John Holland (1987). Nele, há seis tipos de personalidade vocacional – convencional, realista, investigativo, artístico, social e empreendedor –, que se relacionam com quatro tipos de interesses – dados, pessoas, ideias e coisas. Âncoras de carreira Outra ferramenta que convém salientar é a das âncoras de carreira. É um recurso que serve para identificar os elementos que você mais valoriza no âmbito do trabalho. As suas categorias são, de fato, similares às expostas em relação à qualidade de vida no trabalho. O instrumento foi desenvolvido pelo psicólogo e professor do MIT (Massachusetts Institute of Technology) Edgard Schein, que apontou para várias categorias ou “âncoras” que determinam as preferências das pessoas na hora de tomar decisões nas suas carreiras. Normalmente, os resultados mostram preferências por duas ou três âncoras, mas há uma com maior peso que as demais, sendo esta a que deve ser ponderada com mais atenção nas escolhas profissionais. As possíveis âncoras de carreira assinaladas por Schein (1985) são as seguintes: Âncoras de carreira. Autonomia – Independência Refere-se à possibilidade de ter liberdade e flexibilidade na sua forma de trabalhar, sem ter que seguir regras ou instruções constantes. Âncoras de carreira. Segurança – Estabilidade Quando o trabalho garante um contrato estável, no longo prazo, com benefícios sociais incluídos e com pouco risco de ficar desempregado. Âncoras de carreira. Competência técnico-funcional Acontece naqueles trabalhos que podem permitir que você se especialize e desenvolva suas competências ao longo do tempo. Âncoras de carreira. Competência administrativa geral Quando o interesse está em conseguir coordenar grupos, processos e atingir resultados. Âncoras de carreira. Criatividade empreendedora Essa âncora é a preferida daquelas pessoas que gostam de trabalhar em um entorno criativo, de empreendimento e busca de novos serviços ou produtos. Âncoras de carreira. Dedicação a uma causa Nesse caso, busca-se servir a uma causa, a um propósito fundamentado em valores pessoais que contribua positivamente na sociedade. Âncoras decarreira. Desa�o puro O que mais motiva a esses trabalhadores é ter grandes desafios, resolver problemas e lutar contra as adversidades. Âncoras de carreira. Estilo de vida A prioridade dessa âncora é que o trabalho possibilite conciliá-lo com a vida pessoal ou familiar, seja pelas horas exigidas ou o lugar em que se desempenha. Também existem na internet testes para comprovar quais são suas âncoras de carreira. Eles podem ajudar você no autoconhecimento e quando se apresentar um dilema no direcionamento da sua trajetória profissional. Mas não esqueça sempre de revisar essas prioridades. Ao longo do tempo, com base em suas experiências e situação pessoal, seus valores mudarão e, com eles, suas âncoras de carreira. IKIGAI Será possível trabalhar com paixão e propósito em um local com oportunidades de crescimento, para se tornar excelente, raro e valioso, e amar ainda mais o seu trabalho? Se for possível, como eu faço para gerenciar bem essa minha carreira? Veremos agora o IKIGAI, que significa “razão de ser” em japonês. IKIGAI é uma mandala composta de quatro círculos que se sobrepõem e que pode ajudar identificar bem: O que você ama fazer e faria de graça No que você é competente Quais as necessidades do mundo No que você pode ser pago A interseção dos quatro círculos é o seu IKIGAI Vamos ver a seguir a representação gráfica do IKIGAI: IKIGAI. Após identificar o que ama fazer (o que você faria de graça?), no que você tem dons e habilidades (facilidades acima da média), o que o mercado de trabalho está demandando e quais as suas tendências, você terá insumos para elaborar um objetivo a alcançar. Isso é apenas o início, pois você deverá pensar em caminhos de como se capacitar (bons cursos, boa formação, bons livros) e também de onde trabalhar, pois locais bons para se trabalhar e aprender são tão importantes quanto uma boa formação acadêmica: podemos aprender e nos desenvolver muito em boas organizações! Business Model You Outra ferramenta interessante que integra pontos fortes e ambiente é o Business Model You, também conhecido como Canvas Carreira, que consiste em preencher em uma página informações cruciais de você como um negócio. Vamos ver abaixo cada ponto que deve ser preenchido: Modelo de negócio pessoal. Quem ajuda você ou quais são seus fornecedores ou parceiros. Modelo de negócio pessoal. O que você faz (suas atividades-chave). Modelo de negócio pessoal. Quem é você e o que você possui (recursos principais). Modelo de negócio pessoal. Como você agrega valor para eles ou os ajuda. Modelo de negócio pessoal. Como você interage com eles. Modelo de negócio pessoal. Como eles chegam até você. Modelo de negócio pessoal. Quem você ajuda ou quem são seus clientes. Modelo de negócio pessoal. O que você oferece (sua estrutura de custos). Modelo de negócio pessoal. ( ) O que você ganha (suas receitas). Missão, visão e valores Com informações sobre seus pontos fortes, sua vocação, seu ambiente e seus propósitos, já é hora de elaborar sua missão, visão e valores pessoais. É bom ter um plano, um lugar para chegar, uma missão para seguir, uma meta para bater e valores para viver. Ou seja, crie uma: Missão pessoal Declaração do seu propósito de sua vida e metas de carreira de longo prazo, que serão úteis para desdobrar para metas de curto prazo. Visão pessoal Onde você deseja chegar ou quem deseja se tornar e como mensurar isso. Lista de valores Ideais, diretrizes e critérios para agilizar suas decisões. Não se esqueça de colocar suas paixões e seus pontos fortes nessas declarações, que poderão ser bastante úteis para tomada de decisões. Melhor se forem curtas e impactantes. Leia com frequência, faça ajustes quando necessário. Abaixo, seguem dois exemplos: João Paulo, 27 anos Minha visão é ser um contador no setor público em 2025. Minha missão é usar meus conhecimentos e habilidades de organização e controle para ajudar o Estado (ou organização pública, ou município) a melhorar a gestão de seus recursos. Meus valores são profissionalismo, comprometimento e estudo contínuo. Gustavo, 25 anos Quero ser um simples educador que busca usar suas capacidades, que estão se desenvolvendo, como razão de vida, hobbies, profissão e missão. Meu business é agregar valor para estudantes, transformar conteúdos difíceis e/ou chatos em fáceis e agradáveis, ajudar a quem precisa. Meus valores: fé no trabalho, honestidade e amor ao próximo. Essa abordagem faz com que a gestão de carreira seja similar à gestão de uma organização: Elaborar metas e caminhos para alcançá-las; Comparar o previsto com o realizado; Fazer melhorias e mudanças; Trabalhar focado em resultados para se alcançar o sucesso. Aliás, sucesso na carreira é algo pessoal e subjetivo. Muitas vezes, o sucesso na carreira é associado aos resultados das atividades e das experiências vividas ao longo da carreira, que podem ser resultados materiais ou psicológicos. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 4 - Vem que eu te explico! O que é autoconhecimento? Módulo 4 - Vem que eu te explico! Propósito, paixão e carreira Módulo 4 - Vem que eu te explico! IKIGAI Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Acabamos de estudar a importância do autoconhecimento para gerenciar a carreira. A seguir, elencam-se várias afirmações que definem esse tipo de conhecimento. Indique qual afirmação corresponde às caraterísticas do autoconhecimento: A É um processo coletivo, definido por terceiras pessoas. B O autoconhecimento pessoal está desvinculado do autoconhecimento profissional. C Outras pessoas podem ajudar a desenvolvê-lo. D Implica o conhecimento do “como” para a empregabilidade. E Deve ser desenvolvido unicamente nos inícios da carreira. Parabéns! A alternativa C está correta. O autoconhecimento é um processo essencialmente individual. Cada um deve reconhecer suas aptidões e fraquezas. Porém, é recomendável solicitar a opinião e o conselho de outras pessoas, particularmente de aquelas que nos conhecem mais, tanto pessoal quanto profissionalmente. Questão 2 Analisamos vários recursos e diversas ferramentas que podem contribuir para o direcionamento adequado da carreira. Dentre as alternativas, assinale qual contém alguma prática destinada a esse propósito: A Análise de missão e teste de Cooper. B Teste vocacional e provas físicas. C Revisão médica e teste de 16 personalidades. D DISC e âncoras de carreira. E Teste de personalidade e teste de agilidade matemática. Parabéns! A alternativa D está correta. Efetivamente, tanto o teste DISC quanto o das âncoras de carreira são ferramentas que podem ajudar a planejar a carreira. Não são testes definitivos, mas são úteis para nos ajudar a gerenciar melhor nosso futuro profissional. Considerações �nais A gestão pessoal da carreira é cada vez mais importante. Muitas organizações já não se preocupam em excesso com essa questão e a consideram uma responsabilidade individual. É por isso que é imprescindível contar com os recursos precisos para gerenciar adequadamente nossas carreiras. As carreiras se desenvolvem por caminhos totalmente diferentes aos de décadas atrás. Porém, ter uma referência dos estágios típicos no desenvolvimento da carreira pode nos ajudar a compreender quais são os aspectos cruciais que enfrentamos em cada momento de nossa vida profissional. Outra questão fundamental é conhecer como funciona o mercado de trabalho, sua evolução e as suas dinâmicas. Assim, seremos capazes de fazer uso dessas informações para favorecer nossa carreira, antecipando-nos às mudanças com sucesso. Por fim, o primeiro passo necessário que devemos dar para planejar a carreira é desenvolver nosso autoconhecimento pessoal e profissional. Existem múltiplos recursos disponíveis para identificá-lo. Ser coerente com os nossos valores, preferências, potencializarnossas fortalezas e diminuir nossas fraquezas são a chave para gerenciar corretamente nosso caminho profissional. Podcast Para encerrar, ouça o professor e pesquisador Marcus Brauer, que com um olhar prático, utilizando exemplos cotidianos, falará sobre o mercado de trabalho e a gestão da carreira. Referências ARTHUR, M. B.; INKSON, K.; PRINGLE, J. K. The New Careers: Individual Action and Economic Change. London, Sage Publications, 1999. ARTHUR, M. B.; ROUSSEAU, D. (Eds.) The boundaryless career: a new employment principle for a new organizational era. New York, Oxford, University Press, 1996. CLARK, T. Business Model You: o modelo de negócios pessoal. São Paulo: Altavista, 2013. CLIFTON, D.; RATH, T. Descubra seus pontos fortes 2.0. Rio de Janeiro: Sextante, 2019. COLLINS, J. Empresas feitas para vencer: Por que algumas empresas alcançam a excelência... e outras não. AltaBooks: São Paulo, 2018. DANIELS, D.; FRANZ, R. S.; WONG, K. A. Classroom with a Worldview: Making Spiritual Assumptions Explicit in Management Education. In: Journal of Management Education, v. 24, N. 5, p. 540-561, 2000. DUTRA, J. S. Gestão de Carreiras: a pessoa, a organização e as oportunidades. São Paulo: Atlas, 2017. GREENHAUS, J.; CALLANAN, G.; GODSHALK, V. Career management for life. 5. ed. 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É bom ter um plano, um lugar para chegar, uma missão para seguir, uma meta para bater e valores para viver. Leia o livro O Design da Sua Vida: Como Criar uma Vida Boa e Feliz, dos professores de Stanford Bill Burnett e Dave Evans, criadores do curso online gratuito Design Your Carrer. Pesquise e faça o testes online gratuitos como IKIGAI, Hexágono de Holland, Âncora de Carreiras, Dominância Cerebral dentre outros. Pergunte-se: Concordo com os resultados? Por quê? Como posso melhorar meus objetivos e caminhos de carreira? Procure e assista ao vídeo sobre Business Model You chamado Planeje sua Carreira em Projetos Usando o Business Model Canvas com Ricardo Vargas. Um exemplo que ilustra a importância dos propósitos em nossa vida profissional é Steve Jobs, criador da Apple. Assista ao vídeo Siga o seu Coração, com Steve Jobs, disponível no YouTube, bem como vídeos de Joel Sonnenberg's Story e de Nick Vujicic. Para entender os desafios do futuro no mercado e se adaptar a eles como profissional, não deixe de assistir também à reveladora exposição de Michelle Schneider, O profissional do Futuro (TED-FAAP), disponível no YouTube. Baixar conteúdo javascript:CriaPDF() Finanças pessoais e educação �nanceira Prof. Ettore de Carvalho Oriol Descrição Educação financeira introdutória para melhor gestão de recursos pessoais. Propósito Conhecer os fundamentos de finanças pessoais é importante para adquirir hábitos financeiros saudáveis e apoio para mensurar e melhorar a vida financeira, além de preparar uma boa aposentadoria. Objetivos Módulo 1 Identificar os fundamentos da educação financeira Módulo 2 Distinguir gastos obrigatórios, supérfluos, investimentos, meios de negociação e pagamento Módulo 3 Reconhecer as diversas formas de investimento A Confederação Nacional do Comércio, Serviços e Bens (CNC) informou que o número de brasileiros com dívidas chegou a 67,5% em abril de 2021, um novo recorde histórico, ou seja, de cada três brasileiros, dois estão endividados. O Brasil não tem tradição no ensino de finanças pessoais, como ocorre em outros países, e, talvez por isso, esse número ainda possa aumentar (NEDER, 2021). Não é raro ouvir casos de indivíduos que, apesar de receberem alta remuneração, não sabem administrar seus recursos financeiros e vivem endividados. Derek Bok, ex-reitor de Harvard, já dizia: “Se você acha que a educação é cara, experimente a ignorância”. A ignorância financeira pode levar pessoas trabalhadoras à pobreza. Mas também existem as pessoas que, apesar de não ganharem muito, sabem administrar bem seu dinheiro, não são consumistas, conseguem atingir vários de seus objetivos e são considerados senhores do dinheiro (e não escravos dele). Este conteúdo procura introduzir os fundamentos das finanças pessoais. Não pretendemos esgotar o tema, mas ajudá-lo a aprender e aplicar o básico e, por que não, ajudar outros com esses valiosos conhecimentos, pois você provavelmente conhece alguém com dificuldades financeiras. Melhor ainda: continue seu aprendizado de finanças pessoais até sua aposentadoria. Para isso, vamos traçar um panorama básico, com dicas práticas para que você possa aplicá-las ao seu dia a dia. Esperamos que, ao final, você possa mensurar e gerenciar melhor Introdução 1 - Módulo 1 Identi�car os fundamentos da educação �nanceira O que são �nanças pessoais? Finanças Pessoais é uma subárea das Finanças, que tem como objetivo mensurar, planejar, executar e controlar os recursos de um indivíduo ou de uma família. Quanto maior o conhecimento adquirido em finanças pessoais, melhores tendem a ser as decisões sobre seus recursos: dinheiro, imóveis, ações, tempo etc. sua vida financeira, equilibrando seus ganhos e gastos ao longo do tempo e, se for o caso, deixar de ser devedor para ser um credor, isto é, deixar de pagar juros para receber juros! Invista tempo de qualidade neste estudo, pois acreditamos que terá um bom retorno. Preparado? Vamos lá! Mas isso não é um assunto novo, por exemplo: A Bíblia, curiosamente, tem mais de 1300 passagens específicas sobre finanças. A tradição oriental ensina a poupar um pouquinho a cada mês, pensando que mais tarde não será possível trabalhar e, por isso, é preciso ter reservas para a aposentadoria. Além disso, na cultura oriental, os jovens sustentam financeiramente o envelhecimento dos pais, que são muito respeitados. Os árabes, por sua vez, são reconhecidos há séculos pela capacidade em negociar e pela habilidade com os números. Isso mostra que não devemos ter vergonha de solicitar descontos ou de negociar salário. Finanças Pessoais, apesar de tema antigo, como vimos, ainda é pouco conhecido no Brasil. Que tal ter seus principais conhecimentos? Vamos ver agora alguns conhecimentos e dicas que podem agregar valor para a gestão de suas finanças pessoais: 1ª Dica Estude Finanças Pessoais até sua aposentadoria. Como veremos no Explore Mais, há muitos livros sobre o assunto. Além disso, faça cursos e siga canais de redes sociais que tratam do tema. Entreviste pessoas que sabem administrar bem seus recursos e peça conselhos. Salomão já dizia: “O orgulho só gera discussões, mas a sabedoria está com os que tomam conselho”. Independentemente do tamanho do prêmio recebido em loterias, grande parte desses “felizardos” acaba voltando ao seu estado financeiro original, pois não têm alfabetização financeira. Não é raro ver ex-estrelas da tv ou do esporte na pobreza. 2ª Dica Para nossa saúde, precisamos ter boas informações para tomar boas decisões. Exemplo O Hemograma é um exame de sangue importante, pois ali você terá boas informações sobre o que está bem e o que está mal em sua saúde. Com tais informações, você poderá tomar melhores decisões.Para a “saúde financeira”, temos o mesmo raciocínio. Se você não pode medir, não pode gerenciar, já dizia Peter Drucker. Poucas coisas fazem uma diferença maior para sua administração diligente do dinheiro do que manter um orçamento. Peter Drucker Considerado o pai da Administração moderna, Drucker foi um renomado pensador no mundo de Gestão. O gestor eficaz é o mais famoso dentre seus trinta livros. Com orçamento Um bom orçamento vai forçá-lo a entender como você gasta seu dinheiro e ajudá-lo a prestar contas de onde você está gastando mal. Sem orçamento Se você não tem planejamento nem controle, não terá noção de quanto gasta nem onde gasta. Seja aplicativo, planilha, caderno ou outra forma, tenha informações com exatidão de suas receitas e dos seus gastos. 3ª Dica Tente mudar a maneira de pensar (metanoia) em relação ao dinheiro, invista sempre e gaste bem menos do que ganha. A classe média, muitas vezes erroneamente, foca em conforto e status, e tem planejamento mensal: ao final do mês, geralmente, já gastaram tudo, independentemente se receberam pouco ou muito. Já aqueles que têm mentalidade de ricos, geralmente focam na liberdade, com o planejamento anual ou por décadas, sempre gastando menos do que ganham, para investir em ativos que vão gerar fluxos de dinheiro (Zruel, 2016). A ideia é fazer o seu dinheiro trabalhar para você ao invés de você trabalhar para ele. Para isso, é necessário poupar e investir em vez de gastar. Filosofia da classe média Filosofia ou mentalidade de ricos. Zruel (2016, p. 49) 4ª Dica O hábito de administrar as finanças é mais importante do que a quantidade de dinheiro que você recebe ou tem: ou você controla o seu dinheiro, ou ele controlará você! 5ª Dica Os gastos excessivos geralmente têm pouco a ver com o que se está comprando e estão mais ligados a emoções e à falta de satisfação na vida. 6ª Dica Pague seus impostos. Dê a Cesar o que é de César. Se vai pagar mais impostos é porque está recebendo mais dinheiro! Seja correto e pareça correto independentemente das pessoas ao seu redor. Tenha personalidade e seja íntegro. O Brasil precisa de mais pessoas assim! 7ª Dica Cuidado para não ser mesquinho, avarento, egoísta, invejoso. São Paulo já dizia que: “O amor ao dinheiro é uma fonte de todos os tipos de males. E algumas pessoas, por quererem tanto ter dinheiro, se desviaram da fé e encheram a sua vida de sofrimentos.” Fama e fortuna prometem trazer felicidade, mas, muitas vezes, trazem sofrimentos e vazio interior. É possível ser rico e miserável ao mesmo tempo. 8ª Dica Aprenda a estabelecer sua remuneração pelos resultados que apresenta e não pelas horas que trabalha: ocupação é diferente de gerar valor e resultados. 9ª Dica A falta de dinheiro muita das vezes é o efeito das suas ações. Você já ouviu alguém dizer que a falta de dinheiro é um enorme problema? Na verdade, raramente isso é um problema, mas um sintoma do que está acontecendo na vida da pessoa. A falta de dinheiro é o efeito. Mas onde está a causa? Se as coisas não vão bem na sua vida exterior, talvez seja porque não estão indo bem na vida interior. 10ª Dica Comprar em bazar não é vergonha. Hoje, temos vários sites de brechós ou de produtos usados que podem fornecer bens com qualidade a preços baixos. E neles você pode se desfazer de coisas que não usa há meses. Isso é ambientalmente bom. As pessoas com mentalidade de rico não têm vergonha de ir em bazar ou de pechinchar descontos ao pagar “em cash” para economizar. Como vimos, muitos são os motivos que levam uma pessoa a comprar: a necessidade, a diversão, os modismos, a importância, o status e o apelo mercadológico do comércio. Mas há quem consuma pelo simples prazer de comprar, de adquirir alguma coisa independentemente da sua utilidade ou significado. Então, pergunte-se antes de comprar: Pechinchar Barganhar, negociar. Em cash À vista. Esta compra é desejo ou necessidade? Trata-se de algo útil ou totalmente supérfluo? É absolutamente necessário ou há algo mais importante em que devo investir este dinheiro? Se eu comprar usado, o produto irá me satisfazer? É realmente necessário comprar agora? Já verifiquei a relação custo x benefício? Qual é o menor preço? Haverá despesa de manutenção? Posso suportar tal despesa? Quanto tempo preciso trabalhar para ganhar tal quantia? Os benefícios compensam o esforço que fiz para conseguir o valor do bem? O que é renda? A renda é uma das “pernas” do equilíbrio financeiro, que deve ser utilizada para cobrir os gastos do dia a dia e para investimentos de mais longo prazo. Atenção! É imprescindível que os gastos sejam menores do que a renda, pois, caso contrário, a pessoa poderá entrar em uma espiral que a deixará cada vez mais endividada. Entender que apenas parte da renda deve ser utilizada para os gastos cotidianos é uma das partes mais importantes em um planejamento financeiro pessoal. Para esclarecer bem essa questão, devemos entender que nem todos os valores que recebemos são renda. Um empréstimo que tomamos não pode ser considerada uma renda, pois, em algum momento, esse valor deve ser devolvido. Além disso, valores de empréstimos ou financiamentos geram custos, como juros, o que reduz a renda. Empréstimo Enquanto financiamento é uma dívida com finalidade específica (pois, se não for feito o pagamento, o credor pode tomar o bem, como um banco credor que toma o imóvel, carro ou equipamento), os empréstimos são para gastar no que desejar, e o valor dos juros geralmente é bem maior. Então, renda corresponde aos valores que você recebe em função da prestação de um serviço, venda da mão de obra ao seu empregador, lucro auferido com algum negócio, ou seja, são valores que não precisam ser devolvidos ou que tenham algum ônus, ou seja, obrigação atrelada a ela. Um adiantamento de salário não é uma renda, por exemplo, pois ainda não foi implementado o serviço a que se refere, podendo ser devolvido caso o serviço não seja feito. Ao entendermos esse conceito, podemos calcular qual é a nossa renda semanal, mensal ou anual. Essa renda deve ser calculada em função dos valores que serão recebidos e após a implementação das condições que deram origem a eles. Assim, empréstimos ou adiantamentos que a obrigação de execução esteja em ano subsequente não devem entrar na conta da renda anual. Essa forma de calcular a renda evita que você inclua valores que, de alguma forma, terá de devolver ou mesmo trabalhar em período posterior ao período calculado. Uma pessoa que receba salário mensal de R$1.000,00 e que, como empregado, receba 13º salário e férias anuais. Além do salário, essa pessoa tem uma renda de aluguel de um imóvel no valor de R$100 reais mensais. A renda anual dessa pessoa será de 12 meses de salário, 1 salário de 13º salário, os 12 meses de aluguel e, se tirar férias durante o ano, 1/3 de adicional de férias. Essa soma será de 12 mil + 1 mil + 1.200 mil + 330 reais, perfazendo um total de 14.530 reais no ano. Toda a sua programação financeira deve considerar essa renda, tomando cuidado para que suas despesas, quando somadas por um ano, não ultrapassem esse valor. Veja um exemplo Você é uma pessoa endividada Ter dívida a vencer não é estar endividado, mas ter dívidas vencidas e não pagas, ou estar com seu gasto do dia a dia maior que sua renda, significa estar endividado. Mesmo que se tenha reservas e que ainda não se tenha dívidas, no curto prazo, esse gasto acima da renda se tornará dívida. O importante, então, é não comprometer com as contas do dia a dia mais que a renda mensal. Essa premissa indica ainda que valores recebidos que não fazem parte da renda não devem ser usados para cobrirem gastos do dia a dia. Imagine uma pessoa que toma empréstimos para pagar seus gastos cíclicos: no mês seguinte, além do valor a pagar maior que sua renda, terá de pagar a amortização do empréstimo e os juros do período. Nessa situação, essa pessoa irá cada vez ficar mais endividada, podendo ir à falênciapor completo. Amortização É a redução do valor de uma dívida contratada por meio de pagamentos parciais. Atenção! Muito cuidado com as compras por impulso! Esse em um dos maiores problemas para as finanças pessoais. Pessoas que não resistem às tentações de comprarem por impulso dificilmente conseguem equilibrar suas finanças. Isso acontece pois, cada vez que a pessoa compra por impulso, ela gera um gasto que não está planejado. Organizações sabem muito bem que boa parte das compras no varejo e na Internet são por impulsos e, por isso, investem em pesquisa e publicidade e promoções para que você compre hoje, agora! Com o avanço das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), celulares, tablets ou softwares podem capturar as mais diversas informações sobre você, sua renda, seus gostos, suas fragilidades e, no momento certo, lhe oferecer uma promoção imperdível, para comprar agora, com as melhores justificativas dentro de sua lógica. Muitas vezes, supérfluos são comprados, o que, futuramente, pode dificultar a compra de suas necessidades. Evite negócios “incríveis, mas só se for agora”. Se é “só hoje”, fuja! Não seja precipitado, volte amanhã! Quer muito essa mercadoria do shopping? Ok, amanhã passe lá e compre! Geralmente, a pessoa não volta para comprar, pois não era uma necessidade, nem a compra estava no planejamento. Dê uma olhada, por exemplo, em sua casa e conte quantos livros ou produtos, ou serviços foram comprados por impulso e não foram utilizados ao ponto de valer a pena a compra. Imagine uma pessoa que compra uma televisão nova porque foi seduzida pela promoção da “Black Friday” ou da “Cyber Monday”. Ela terá o prazer de fazer a compra na hora de forma muito fácil (cartão de crédito, desconto se comprar na hora etc.), e, depois de pagar essa televisão em prestações por um período grande, normalmente de 36 a 60 meses, terá o desprazer de trabalhar duro para pagar o valor referente a 2 ou 3 televisões! Dica prática Black Friday e Cyber Monday Black Friday é o dia de vendas a preços muito baixos instituído pelos comerciantes norte- americanos no dia seguinte ao Dia de Ações de Graças, que é o momento de confraternização das famílias e agradecimento a Deus por mais um ano bom. Já o Cyber Monday ocorre na segunda- feira após o Black Friday. Você sabia? Além de problemas financeiros decorrentes de compras por impulso, existem sites, como Black Friday death count, que contam o número de mortos e feridos por causa de tumultos e agressões em compras na Black Friday. Outros sites contam o número de fraudes. Quem compra o que não precisa por impulso tende a ficar com as finanças mais apertadas, além de pagar juros altos. Se essa compra for programada, será possível verificar a melhor promoção, reduzir a taxa de juros paga, ou mesmo juntar o dinheiro e só então comprar a TV negociando um bom desconto por pagar à vista, além de receber os juros do período em que acumulou o valor para a compra. O valor do dinheiro no tempo é um fundamento importante. Pagar agora e aproveitar o conforto depois geralmente é bem melhor do que aproveitar agora e ter que pagar caro depois. Você planeja suas �nanças? Para evitar os gastos por impulso e os gastos maiores do que a renda, o planejamento financeiro pode trazer o equilíbrio necessário para uma vida mais pacífica. Muitas pessoas ganham menos que outras e conseguem mais bens e serviços, pois programam suas finanças e garantem maior retorno de seus rendimentos. Para as pessoas que programam as suas finanças, a renda geralmente não é o mais importante, mas os gastos, pois é sobre eles que temos maior controle. Uma pessoa pode até procurar melhorar sua renda, mas nada disso resolve se os gastos acompanharem esse aumento. Assim, olhar para os gastos pode tornar a vida mais equilibrada. Viver segundo as suas posses, ou sua renda, é a forma mais fácil de construir patrimônio e garantir um futuro mais tranquilo. O que é necessário para você conhecer o que ganha e controlar as suas despesas? É importante manter registros e relatórios de todas as receitas e de todos os gastos diariamente. Para que exista um equilíbrio nas finanças pessoais, é necessário conhecer e medir os ganhos e gastos pessoais. Usar anotações em papel, aplicativos no celular ou construir e gerenciar planilhas de controle pode ser uma mudança árdua no início, assim como passar a fazer exercícios ou se alimentar melhor. Entretanto, o hábito de mensurar seu dinheiro é saudável e importante para a prudente gestão de seu dinheiro. Construir relatórios periodicamente e apresentá-los aos membros da família pode melhorar o envolvimento de todos e aumentar a eficácia do planejamento. Saiba mais Faça o download da planilha controle de gastos, que foi elaboradora pelo professor Ettore Oriol. Nela, você encontrará um exemplo de como é possível fazer o controle das suas finanças. O livro Finanças Pessoais: como fazer o orçamento familiar, de Willian Eid Junior e Fabio Gallo Garcia, oferece boas dicas de como mensurar bem suas entradas e saídas. Uma sugestão é pensar na sua remuneração anual, e não mensal. Em vez de planejar com o seu salário de R$2.200,00 por mês, pense em utilizar R$26.400,00 anuais (12 x R$2.200,00). Nesse exemplo, se você trabalha 22 dias, recebe R$100,00 reais por dia de trabalho (R$2.200,00/22 = R$100,00). Agora, imagine que você gasta por mês com o celular R$200,00, o que equivale R$2.400,00 por ano. Então, você trabalha 24 dias por ano para pagar seu celular! Se você gasta mensalmente R$300 (= R$3.600 por ano) com seu animal de estimação, você trabalha 36 dias do ano para o seu bichinho! Quantos dias você trabalha para você e para ajudar a outra pessoa que você gosta? O dinheiro é para isso: para lhe ajudar a fazer ou ter o que gosta. https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02900/downloads/planilha_de_orcamento_pessoal.xlsx Gostaríamos que você soubesse detalhadamente o quanto de esforço você precisa fazer para ter ou fazer algo. Já para Nathalia Arcuri, no seu best seller Me Poupe! 10 passos para nunca mais faltar dinheiro no seu bolso, o conselho é fazer o planejamento financeiro semanalmente. Duas de suas dicas práticas são: “(...) analisar minhas compras semanalmente em busca dos ralos, ou seja, daqueles pequenos gastos que detonam nossas finanças sem que a gente perceba... Não sair de casa sem uma lista de compras e me manter fiel a ela.” (ARCURI, 2018, p. 113). Enfim, se planejar bem é um dos fundamentos das finanças pessoais: sem isso, fica difícil conseguir sair de devedor para credor e ter liberdade financeira (fazer com que o dinheiro trabalhe por si). Planejando o presente, olhando para o futuro Neste vídeo, a partir do relato de uma experiência pessoal, o especialista reflete sobre a importância do planejamento financeiro para os dias atuais e para o atingimento de objetivos futuros. Finanças para solteiros versus �nanças para as pessoas com família Para uma pessoa solteira, que mora com os pais ou mesmo sozinha, as finanças pessoais são mais facilmente equilibráveis, pois os imprevistos tendem a ser menores. No entanto, quando os imprevistos acontecem, a pessoa só pode contar consigo para a solução. Assim, seu planejamento deve considerar todas essas condições. Quando a pessoa tem a sua família, ela deve ser envolvida em seu planejamento financeiro. Unidade, concordância e diálogo são fundamentais. Prestação de contas com amor é recomendável. Problemas financeiros enfrentados por um casal, por exemplo, colocando sobre ambos a responsabilidade sobre os gastos e sobre as diversas questões relacionadas às finanças pode ser um hábito saudável que evita vários problemas. O planejamento em conjunto traz maior cumplicidade e a falta de dinheiro é compartilhada, evitando acusações e demais questões que envolvem um casal. Problemas financeiros podem levar a problemas familiares diversos e, até mesmo, a divórcios. Tratar o dinheiro com responsabilidadeé tarefa de toda a família, e pode trazer maior união e comprometimento, inclusive dos filhos. Envolva todos em seu planejamento financeiro e procure ouvir o desejo e objetivos de cada um que faz parte da família. É esse envolvimento que os ajudará no momento da execução. Você ama sua família? Então, seja zeloso e deixe-a amparada. Faça seguros, planeje riscos e imprevistos, até morte prematura ou invalidez. Isso é mais importante ainda se tivermos dependentes financeiros. Não deixe dívidas, mas deixe exemplo e legado para seus familiares. Como de�nir objetivos de curto, médio e longo prazo? Agora, chegamos na parte mais importante para o planejamento das finanças pessoais: o estabelecimento de metas (objetivos com prazos e valor) que você deseja atingir em curto, médio e longo prazos. Contudo, para que você possa estabelecer metas, é necessário estar com todos os gastos e receitas já levantadas e planificadas. Tendo esse conhecimento, poderá planejar melhor quais metas deseja alcançar. Metas de longo prazo devem ser desdobradas em metas de médio prazo e, depois, em metas de curto prazo, pois, dessa forma, as ações necessárias serão planejadas e tomadas ao longo do tempo. Ter essa ideia de distribuir as ações necessárias ao longo do tempo é a única forma de atingir metas grandes e audaciosas. Dica Para que uma pessoa possa acumular valores suficientes para ter uma boa aposentadoria complementar na velhice, é necessário guardar um valor mensalmente desde jovem. Quanto antes a pessoa conseguir iniciar o acúmulo desse valor, menor será a quantia que ela terá de restringir de sua renda para esse fim. Assim, o objetivo de ter a aposentadoria complementar vai sendo implementado de forma contínua e aos poucos. Esse é um exemplo de um objetivo de longuíssimo prazo que deve ser implementado em curto prazo, ou seja, mensalmente, para que ele aconteça no futuro. Utilizando os juros compostos a seu favor Semeadura e colheita requerem tempo de espera. Vivemos em um mundo “micro-ondas”, que não tem o hábito de esperar. Precisamos ter mansidão e paciência para utilizar o melhor que o tempo pode nos proporcionar. Atenção! Uma pesquisa chamada Experimento ou Teste do Marshmallow, do psicólogo Walter Mischel, da Universidade de Stanford, concluiu que crianças que foram capazes de esperar por mais tempo pela possível recompensa (marshmallow) apresentaram tendência de ter melhor êxito na vida. Os juros praticados no normalmente são, normalmente, compostos, ou seja, incidem juros sobre juros. Imagine que você tomou um empréstimo de 1.000 reais para pagar daqui a seis meses e que os juros sejam de 2% ao mês. Ao final de seis meses, se os juros forem simples, você pagaria 1.120 reais, mas, se os mesmos 2% de juros fossem compostos, você pagaria 1.126,16 reais. Essa diferença de 6,16 reais parece pequena, mas imagina se esse prazo de pagamento do valor integral somado aos juros fosse de 120 meses, 180 meses ou 240 meses. Se considerarmos os mesmos 1000 reais para um prazo final de 240 meses, tomando esses dados apenas como exemplo, teríamos de pagar R$ 5.800,00 para juros simples e R$ 115.888,70 para juros compostos: uma diferença 18 vezes maior para os juros compostos. Agora pense no contrário, se você aplicar hoje um valor de 1000 reais por um prazo de 240 meses, a um juros composto de 2% ao mês, quem irá receber os 115.888,70 será você. Os juros compostos crescem de forma exponencial, ou seja, quanto mais tempo, mais “agressivo” é o crescimento. Quando esses juros compostos são utilizados a nosso favor, como, por exemplo, quando aplicamos nossos recursos de reserva para a aposentadoria, podemos ter um ganho expressivo. Veja na planilha de aposentadoria (clique aqui para download) que simula o investimento mensal de um valor fixo de R$250,00 reais por 40 anos. Imagine uma pessoa que começa a trabalhar com 25 anos e se aposenta com 65 anos, idade mínima, hoje, para aposentadoria pelo sistema de previdência pública no Brasil – Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Se esse investimento for colocado em uma aplicação que lhe garanta 4% ao ano, que, no Brasil, é uma renda considerada baixa, mais inflação, ao final desse período, o valor acumulado será de R$888.834,62, se considerarmos uma inflação média de 4% ao ano nos 40 anos de aplicação. Com esse valor de capital, investido a mesma taxa de 4% ao ano, o rendimento dessa pessoa seria de R$3.022 de forma perpétua, ou seja, sem consumir o seu capital e sem considerar a inflação subsequente. Exemplo https://cdn-stecinedev.azureedge.net/repositorio/00212hu/02900/docs/planilha_de_aposentadoria.xlsx Poder de composição Com esse exemplo, podemos verificar o poder que os juros compostos podem ter sobre o investimento de longo prazo e como podemos estar pagando alto para termos empréstimos. Essa é a filosofia ou mentalidade dos ricos que discutimos: ter liberdade e viver do fluxo de investimentos feitos anteriormente. Como demonstrado, devemos ter sempre os juros compostos ao nosso favor e nunca contra nós. Quando vamos pegar um empréstimo e não observamos essa questão, ou quando não pagamos nosso cartão de crédito no dia correto, ou quando compramos aquele bem financiado, normalmente estamos assumindo prestações calculadas a partir da aplicação de juros compostos. Assim, quando pensamos em 1% ao mês, por exemplo, podemos estar pagando, na realidade, muito mais do que 12%, quando observado de forma anualizada. Juros compostos, se não forem ao nosso favor, mas contra nós, podem ter como consequência a falência de uma família. Uma pequena “lagartixa” em nossas finanças pode se transformar em um “crocodilo voraz” se não for eliminada com rapidez e sabedoria. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 1 - Vem que eu te explico! O que são �nanças pessoais? Módulo 1 - Vem que eu te explico! Você planeja suas �nanças? Módulo 1 - Vem que eu te explico! O que é renda? Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Ao definir finanças pessoais, identificamos uma sequência lógica para sua execução, que vem da Administração. Essa sequência é: A Mensurar, planejar, executar o planejamento e controlar toda a execução. B Planejar, conhecer, monitorar e executar. C Monitorar, conhecer, controlar e executar. D Conhecer, controlar toda a execução, monitorar e executar. E Conhecer, executar e planejar a execução. Parabéns! A alternativa A está correta. As finanças pessoais seguem o ciclo PDCA da Administração, sendo que devemos, primeiramente, conhecer nossos ganhos e gastos. Em seguida, devemos planejar esses gastos de forma a otimizá-los. Logo após, devemos executar esse planejamento controlando em tempo mais próximo do real todos os gastos e receitas que estamos conseguindo, para podermos ir realimentando nosso planejamento, tornando-o dinâmico como a vida. Questão 2 Qual é o tipo de gasto que deve ser evitado para que você não perca o controle de suas finanças? A Gastos obrigatórios B Gastos supérfluos C Gastos por impulso D Gastos controlados 2 - Módulo 2 E Gastos em conhecimentos Parabéns! A alternativa C está correta. Esse é um ponto muito importante, pois os gastos por impulso são os piores que uma pessoa pode fazer. Mesmo gastos supérfluos fazem parte de um bom planejamento financeiro, já que nenhuma pessoa é um robô que não precisa de prazeres e de incentivos. No entanto, os gastos por impulso trazem prejuízos inestimáveis para o planejamento financeiro e, muitas vezes, consequências de longo prazo para as finanças pessoais com parcelamentos de médio e longo prazo. Distinguir gastos obrigatórios, supér�uos, investimentos, meios de negociação e pagamento Gastos obrigatórios, não obrigatórios e supér�uos: seja um gastador consciente Para iniciarmos este módulo, vamos diferenciar os tipos de gastos que uma pessoa pode fazer em seu diaa dia. Temos três tipos de gastos mais comuns, e cada um deles ocupa um lugar seguindo esta ordem de importância em nosso planejamento: Os gastos obrigatórios são aqueles que necessitamos realizar para a sobrevivência e para o conforto mínimo, ou seja, aqueles que não podemos deixar de pagar, normalmente por mês. Necessitamos colocá-los como prioridade em nosso planejamento, pois a falta de um deles pode acarretar problemas muito sérios para nós. Assim, gastos como energia elétrica, água, alimentação básica, produtos de limpeza para a casa e outras despesas diversas devem ocupar o topo da nossa lista de prioridades. Imagina você não pagar a sua conta de luz e ela ser cortada, você ficará com dificuldades até de preservar seus alimentos, pois a geladeira deixará de funcionar, o que pode gerar outras despesas. São aqueles que, quando realizados, aumentam os ganhos futuros ou, pelo menos, a sua possibilidade. Nesses gastos, estão valores empregados em estudos, por exemplo, quando investimos na ampliação de nossos conhecimentos aplicáveis à carreira profissional. Eles são os mais produtivos dentro do planejamento, pois podem incrementar a nossa renda com o passar do tempo. Quando você investe em um novo negócio, ou estudo, adquirindo novos conhecimentos, isso pode melhorar a sua renda. 1º - Gastos obrigatórios 2º - Gastos de investimentos Esses gastos são considerados investimentos, mesmo que de maior ou menor risco, e devem ser destacados em seu planejamento para que você os tenha com regularidade. Estar sempre melhorando em sua carreira, ou buscando novas fontes de renda, é algo que todas as pessoas devem fazer durante a sua vida adulta. Muitas vezes, diversos gastos que suportamos estão relacionados com essa renda extra advinda de gastos do passado. Por fim, temos os gastos supérfluos, ou seja, que podemos deixar de realizar sem influenciar em nossa sobrevivência. Muitas vezes, acontecem sem planejamento e por meio de compras realizadas por impulso. Esses gastos são os mais danosos para o planejamento das finanças pessoais e devem ser evitados a todo custo. Como vimos, as propagandas procuram fazer com que você compre os produtos sem pensar, por impulso ou por sentimento, sem utilizar a razão. Essa é a forma mais fácil de vender um produto, não dando tempo para que o cliente pense e se arrependa da compra, ou que pesquise mais e ache um fornecedor com menor preço. Assim, a compra de supérfluo normalmente acontece por impulso, e não de forma planejada. Se a pessoa se planejar, ela pesará qual item irá priorizar e tomará uma decisão mais racional e consciente. Controle de gastos Quando você for construir as suas planilhas de controle de gastos, tenha sempre em mente a que grupo pertence cada gasto que você está colocando na lista. Coloque em ordem decrescente de prioridade. Essa ordem de prioridade pode variar de pessoa para pessoa. Para alguns, dízimos e ofertas em primeiro lugar, para outros, habitação ou alimentação, por exemplo. 3º - Gastos supérfluos As pessoas são diferentes. Pare e pense: o que você busca em primeiro lugar em sua vida? Depois, identifique suas prioridades de gastos e como organizá-las. Outro ponto importante é identificarmos onde podemos reduzir custos. Ao colocar os gastos em planilhas, é possível identificarmos com o que estamos gastando os recursos e quais as prioridades. Assim, podemos melhorar a eficiência dos gastos e identificar o quanto estamos trabalhando para pagar cada tipo de gasto. Essa identificação promove uma limpeza em gastos desnecessários e nos traz a noção exata de cada tipo de gasto que temos. Dica Utilizar cores na planilha pode facilitar a visualização (amarelo = atenção nesse ponto, acompanhe de perto, reflita e pense como melhorar. Vermelho: está mal nesse item, precisa agir logo. Verde: ok, parabéns, mantenha assim). Controlar os gastos é uma questão de medição e de ajustes. A renda é secundária nesse planejamento, pois uma pessoa que conhece seus gastos irá controlá-los e encaixá-los em sua renda, vivendo segundo as suas posses e evitando o endividamento e a inadimplência. Precisamos ter em mente que os desejos são infinitos, mas que os recursos são escassos. Considerando essa lei econômica, podemos entender nossas finanças pessoais, mas também como funcionam governos e empresas. Geralmente, temos desejos de comprar mais do que o que ganhamos. Isso explica a questão do aumento de ganhos e, mesmo assim, muitos não conseguem equilibrar as finanças. Se não controlamos nossos gastos, qualquer aumento de receitas será consumido por novos gastos incorporados de forma quase automática em nossa vida. Não importa se você ganha salário- mínimo ou 50 mil reais, se você não planejar suas finanças pessoais, rapidamente terá incorporado aquele ganho extra a seus gastos regulares. Para não perdermos todo o controle sobre nossas vidas financeiras e acabarmos nos tornando pessoas endividadas, precisamos controlar com muito cuidado as nossas finanças pessoais, entradas e saídas. Os gastos devem ser realizados de forma racional, lógica, sábia, e devemos ter os controles planejados e executados de forma consistente, evitando desvios que possam afetar as finanças de longo prazo. As planilhas devem ser alimentadas regular e periodicamente, com a geração de relatórios para a verificação do cumprimento das metas estabelecidas, procurando corrigir os desvios e melhorar a sua eficiência. Todo esse trabalho parece cansativo, mas seus resultados compensam, e muito, o tempo gasto com eles. Uma estratégia conhecida para controle dos gastos é o método dos potes (ou método dos envelopes): Nesse método, o dinheiro disponível para tal grupo fica em local específico, por exemplo, pode-se abastecer o pote, com legenda “restaurante”, com R$440,00 todo início de mês (o que pode significar R$20,00 de almoço para cada um dos 22 dias úteis mensais). Se na metade do mês, eu já gastei R$340,00, tenho que “me virar” na outra metade do mês com R$100,00. Teve mais prazer antes, mas terá mais “desprazer” depois ao fazer sacrifícios. O que não pode é gastar mais do que o planejado e contrair dívidas. Dica Levar quentinha para o trabalho pode ser mais saudável, mais barato e gerar economia de tempo! Fazendo esse planejamento, você agrupará suas despesas e melhorará sua gestão, gerando uma visualização clara dos seus gastos. Essa é uma estratégia que pode gerar indicadores e melhorar a visão de onde se pode cortar despesas. Controle de gastos: como fazer? Neste vídeo, a partir do da conceituação da importância do controle de gastos e da finitude dos recursos para sua cobertura, o especialista reflete sobre a necessidade de se ter em mente que o principal ponto de uma vida financeira equilibrada está no controle dos gastos. Indica, ainda, meios de como sair das dívidas e como é bom e prazeroso o dia sem dívidas. Como sair de dívidas excessivas por meio da negociação? Comprar “a crédito” significa gastar o que você não possui. Por isso, notícias como “Serasa realiza novo Feirão Limpa Nome: a medida vai beneficiar 64 milhões de consumidores” repetem-se com frequência. Para não se colocar em uma situação como essa e acabar com os gastos com juros, que representam, segundo consultores, a principal despesa inútil de uma família, liste todas as suas dívidas. As que tiverem maiores juros devem ser priorizadas, transferidas, renegociadas ou eliminadas. Converse com o credor, negocie com ele taxas menores. Corte radicalmente gastos, altere seu padrão de vida e consumo. Uma vida simples pode ser muito boa. Uma boa prática é ter uma única conta em apenas um banco para receber e pagar tudo: se tivermos várias contas em vários bancos, podemos ter várias dívidas aparentemente pequenas, o que pode nos dar a falsa sensação de que podemos gastar mais. Compre à vista e com desconto sempre que for possível. Evite ao máximo comprar a prazo, pois isso significa que está sendo gasto dinheiro que ainda não foirecebido, comprometendo a renda futura. Procure não adquirir o hábito da dívida, pois isso criará um ciclo vicioso dificultando sua quebra. Quem tem hábito de fazer dívidas, quando aumenta a renda, geralmente, aumenta também as dívidas. É por meio da negociação. Os bancos geralmente estão dispostos a uma negociação com um cliente que está inadimplente ou prestes a chegar nessa condição. Dívidas contraídas em cartão de crédito e cheque especial têm taxas de juros estratosféricas e precisam ser negociadas com urgência. Nesses casos, os bancos têm linhas especiais com taxas de juros muito menores para a negociação desses valores. É mais vantajoso fazer um empréstimo com taxas menores para a cobertura de dívidas em cartão de crédito. Se não for possível, transfira a dívida e/ou conta para outro banco que seja mais flexível nas negociações. Importante Quando negociamos uma dívida, é importante entender o porquê ela surgiu e como evitar que se repita. Erros podem existir, mas jamais se repetir. Uma pessoa que acabou inadimplente em um cartão de crédito não deve ter planejado bem seus gastos e acabou gastando mais do que podia. Existem exceções a essa questão, como quando acontecem problemas imprevistos maiores do que as reservas acumuladas para emergências, e, nesses exemplos, a dívida é até justificada. Porém, em ambos os casos, a consequência é a mesma: necessidade de cortes nas despesas futuras para acomodar o pagamento do empréstimo e a não constituição de uma bola de neve que só vai crescendo com o tempo. Entender que devemos replanejar nossos gastos para incorporar o novo parcelamento é um passo muito importante para deixarmos de ter dívidas excessivas. Qual é a melhor forma de sair das dívidas excessivas ou mesmo da inadimplência? Dentro dessa premissa, devemos observar quais gastos podem ser cortados, planejando nosso dia sem dívidas. Ter essa meta nos dará maior impulso e maior força para renunciarmos aos gastos necessários. É importante entender que esse dia é libertador, pois passamos de devedores, que pagam juros para os outros, para credores, que recebem juros dos outros. Nesse momento, deixamos de ser tomadores para nos tornamos investidores, o que traz uma sensação de muita satisfação e alegria. A�nal, qual é o principal objetivo de um planejamento �nanceiro pessoal? É nos tornar investidores, com objetivos de longo prazo, como uma aposentadoria confortável, não dependendo do governo para a nossa sobrevivência ou para a compra de casa própria ou do carro que desejamos, ou, ainda, do estudo que almejamos. Com planejamento e controle dos gastos, temos maiores chances de alcançar os objetivos que traçarmos, encaixando-os em nosso orçamento ao longo do tempo. Meios de pagamento Cada meio disponível é utilizado para pagamentos específicos e pode trazer ganhos em negociações durante a compra dos produtos, considerando as vantagens e desvantagens. Para cada tipo de compra, devemos escolher a melhor forma de pagamento. A particularidade de cada tipo de ambiente também tem influência na forma como compramos e pagamos nossas compras, pois por exemplo: Em uma compra pela Internet não é possível pagar com dinheiro e conseguir um desconto por isso; no entanto, nesse caso, você pode fazer uma ampla pesquisa de preços, escolhendo o local ou fornecedor que oferece maior valor (preço menor, entrega mais rápida, mais garantias etc.). Em um supermercado, podemos escolher a melhor forma de pagamento, entretanto, em um ambiente como a feira livre, é mais comum pagar em dinheiro, pois nem todas as barracas oferecerem o pagamento com cartão de débito e de crédito. Pagamento em dinheiro Vamos iniciar falando do pagamento em dinheiro. Mesmo com toda a tecnologia que temos hoje, algumas localidades só aceitam o pagamento em dinheiro. Exemplo O pedágio em estradas: se você não tiver um dispositivo para a passagem automática pelos pedágios, será obrigado a pagar em dinheiro. Caso você não tenha o dinheiro, a prática será considerada evasão do pedágio e você incorrerá em uma infração de trânsito, com aplicação de multa e acúmulo de pontos na carteira de habilitação. Vamos considerar as vantagens e desvantagens desse tipo de pagamento: O desconto que normalmente conseguimos nessa modalidade. Como o comerciante não precisa pagar taxa ao fornecedor da máquina de cartões, ele tende a repassar essa economia como desconto para o cliente. Nesses casos, o pagamento em dinheiro é uma vantagem muito interessante, pois o fornecedor também conseguirá desconto ao pagar contas dele em dinheiro, aumentando a vantagem nessa modalidade, o que incentiva seu uso com maior frequência. Vantagem Ser mais facilmente roubado, oferecendo menor segurança para o cliente e para o vendedor. No entanto, novas modalidades de pagamento instantâneo já foram desenvolvidas, como veremos mais a frente, procurando otimizar esse processo e aumentar a segurança dos negociantes. Importante Sempre peça a Nota Fiscal (NF), senão o fornecedor pode sonegar impostos. A NF é sua garantia e um tributo, fundamental para manter e melhorar os serviços públicos como saúde, estradas, saneamento, segurança etc. Seja íntegro, peça NF e não compre produtos piratas. Guarde suas notas fiscais e contabilize o quanto você gastou. Melhor ainda: ao receber a NF e a garantia do produto, escaneie em uma pasta no seu computador ou na nuvem em pastas identificadas por ano, dentro do diretório de suas finanças pessoais. Pagamento com PIX O PIX é a modalidade de pagamento mais recente em nossa economia, instituída pelo Banco Central do Brasil (BCB) em 2021. É um sistema de pagamentos instantâneos sem custo que procura substituir o pagamento em dinheiro e, indiretamente, também o cartão de débito. Nessa modalidade, o pagador transfere, instantaneamente, o valor da sua conta para a do fornecedor, sem a necessidade de intermediários, ocorrendo o débito e o crédito instantâneo nas contas indicadas. Em pesquisas realizadas, os usuários identificaram que a velocidade da transação era o atributo que mais atraia a atenção para o uso do PIX. Desvantagem Ao inserir o PIX no sistema financeiro nacional, o BCB procurou otimizar a relação entre comprador e fornecedor, evitando a utilização do dinheiro em papel e aumentando a segurança da transação, que pode ser conferida no momento, e da própria pessoa que não terá mais que permanecer com dinheiro em mãos. Como esse processo não tem custos, mesmo pequenos comerciantes, como um pipoqueiro, podem receber por meio dessa modalidade. Grandes empresas também podem utilizá-lo para suas transações, trazendo maior transparência e velocidade na movimentação dos valores. A importância do PIX está em atingir as camadas mais pobres da população, desde que estas estejam bancarizadas (possuam conta em banco), algo que vem aumentando com bastante regularidade há muito tempo no Brasil, mas que precisa avançar para atingir 100% da população economicamente ativa em nossa sociedade. Pagamento com cartão de débito O cartão de débito é outra modalidade de pagamentos muito utilizada pelos brasileiros em geral. Independentemente da classe social, da pessoa estar inadimplente ou ter apenas uma conta- poupança ou conta-salário, que não têm custos de manutenção, ela pode utilizar o cartão de débito para movimentar seus recursos. Outra vantagem do cartão de débito é que a pessoa gasta apenas o valor disponível em sua conta, ou seja, a pessoa está gastando o dinheiro que possui, evitado a contração de dívida sem perceber, como acontece, muitas vezes, com o cartão de crédito. Devemos tomar muito cuidado com uma questão que se esconde por trás do cartão de débito: o cheque-especial. Muitas vezes, a pessoa usa um empréstimo rotativo do banco para fazer o pagamento com o cartão de débito. Exemplo Sua conta está zerada, pois você não tem um real lá, mas aparecem R$2.000,00 disponíveis no cheque-especial. Na pressa, você pode achar que esse dinheiro é seu, masnão é! Se você utilizar o dinheiro do banco, mencionado no exemplo, contrairá uma dívida e os juros cobrados no cheque-especial são sempre muito altos. Por isso, seja racional e compare a taxa de juros de empréstimo, do cheque-especial e do cartão de crédito. Mais uma vez, as finanças pessoais pedem bom senso, razão e lógica para a tomada de decisões. Nada de pressa ou emoção. Pagamento com cartão de crédito O cartão de crédito deveria ser chamado de “cartão de dívida absurda”, pois é a principal causa do endividamento das pessoas no Brasil. Contudo, pode ser um instrumento interessante quando utilizado de forma consciente e planejada. Por meio dele, podemos parcelar compras sem a incidência de juros, adiantando o consumo de produtos em caso de necessidade. Além disso, ele pode lhe dar pontos que podem ser resgatados para compra de bens ou serviços, como milhas de companhias aéreas. Essa ferramenta deve ser utilizada com bastante atenção, visto que muitas pessoas usam o cartão de crédito para comprar por impulso, pois o pagamento será distribuído no tempo, comprando o produto hoje e tendo que pagá-lo por longos espaços de tempo, com juros exorbitantes, podendo tornar-se uma grande dor de cabeça até sua quitação. O cartão de crédito é uma armadilha para pessoas impulsivas e desorganizadas, formando uma bola de neve sem tamanho. Vamos analisar duas práticas que devemos evitar ao máximo. Juros exorbitantes do cartão de crédito São juros muito altos, podendo ser mais do que 300% ao ano (nos EUA é de menos de 30% ao ano) ou 15% a 20% ao mês. Se 100% indica o dobro, 300% é o quádruplo, ou seja, uma dívida de R$1.000,00 no cartão de crédito hoje significa uma dívida de R$5.000,00 dentro de um ano (devolver os R$1.000,00 emprestados e ainda pagar R$4.000,00 de juros). Cuidado com o Custo Efetivo Total (CET), percentual verdadeiro que você vai pagar, que fica no meio de vários outros percentuais. Isso quando há transparência. No CET, incidem quatro serviços: pagamento rotativo, saque, parcelamento de fatura e da compra. 1ª Financiar gastos corriqueiros com cartão de crédito. Por exemplo: Uma pessoa que faz a despesa de alimentos do mês para pagamento em três parcelas no cartão de crédito postergará o pagamento de uma conta mensal para meses seguintes. Ao final do primeiro mês, ela terá de fazer nova despesa e ainda não terá terminado de pagar a anterior, precisando pagar a despesa deste mês e a parcela da despesa do mês anterior. Por que esse tipo de gasto é contraproducente? Pois acarretará a diminuição dos valores disponíveis nos meses seguintes. 2ª Pagar o valor mínimo do cartão de crédito. Por exemplo: Richard tem uma dívida de R$1.100,00 e o valor mínimo é R$100,00. Ele pagou os R$100,00, mas os juros exorbitantes vão incidir nos R$1.000,00 que restam de dívida: se os juros são de 20% ao mês, ao final do mês, Richard terá a dívida de R$1.200,00. Por que essa não é uma boa prática? Porque mesmo pagando o valor mínimo na data correta, sua dívida aumentou. Com juros compostos, essa dívida aumentará como uma bola de neve e o devedor cavará o próprio buraco financeiro rumo à falência. Se usar cartão de crédito, pague o valor total sem juros e de forma automática (acerte isso com seu gerente). Se perceber que não terá dinheiro para pagar o cartão, pegue um empréstimo no banco com taxa menor do que a taxa do cartão de crédito. Para usá-lo, você precisará de muita disciplina e controle, ou então fuja do cartão de crédito, que é tentador e motivo de dívida pesada em todas as classes sociais. Renda extra Após o planejamento das despesas e seu controle, outro ponto para melhorar as finanças pessoais e o equilíbrio financeiro é o ganho de uma renda extra. Essa opção implica em maior sacrifício da pessoa em relação às horas desprendidas para auferir renda. Existem diversas formas para que uma pessoa possa melhorar a sua renda. Estas, em sua maioria, não são permanentes. Caso tornem-se constantes, podem levar a pessoa ao burnout ou a outros problemas físicos ou mentais. Burnout Palavra inglesa que indica esgotamento físico e psicológico, levando a pessoa a doenças. Cuidado com extremos em todas as áreas, inclusive com o trabalho. Ser workaholic (trabalhador compulsivo) e sempre trabalhar demais não é bom, assim como não é bom trabalhar pouco, mal e sem amor. A jornada dupla ou dupla carreira é bastante comum em algumas profissões, como, por exemplo, professores e enfermeiros. Na dupla carreira, é possível até descobrir um novo talento ou uma válvula de escape para o trabalho principal. No entanto, na maioria das profissões, não é algo simples, podendo sobrecarregar a pessoa, caso opte por tal jornada dobrada. Optar pela jornada dupla pode trazer um alívio inicial, mas pode transformar a pessoa em um “escravo do trabalho”, levando ao esgotamento físico e mental. Outro ponto importante é considerar esse ganho extra como uma forma de equilibrar as finanças, e não uma forma permanente de ganhos e que seja incorporada aos gastos rotineiros. Se isso acontecer, a pessoa não poderá abandonar sua jornada dupla, tonando seu fardo, na maioria das vezes, pesado demais. Mesmo a hora extra praticada no mesmo serviço é regulada pela legislação, impedindo seu uso indiscriminado por patrões e empregados. Existem diversas formas de aumentar a renda de uma pessoa. Uma delas é o trabalho freelancer, em que a pessoa trabalha por encomendas. A GIG Economy, ou economia de freelancer, com trabalhadores autônomos, sem empregos, (como Uber, iFood, tradutores, designers gráficos, babás etc.) é uma tendência forte. Isso começou com profissionais de comunicação e tecnologia, mas agora está em várias áreas. Empregos No emprego, há vínculo contratual entre empresa e empregado, carteira assinada e vários direitos para o empregado. Por isso, o freelancer precisa ainda mais de conhecimentos de finanças pessoais, pois, se ele passar vinte dias sem trabalhar, por alguma enfermidade, ficará vinte dias sem receber. Ou, se não tiver demanda no mês, não terá trabalho e não receberá nada. Por outro lado, freelancers que fazem boa gestão de suas finanças, em uma cidade com baixo custo de vida e ganhando em dólares, podem fazer um bom negócio. Nesse caso, os ganhos são variáveis e as despesas suportadas por esses ganhos também devem ser temporárias. Ter essa noção de temporalidade dos ganhos é muito importante para o planejamento das finanças pessoais. Se a pessoa perder essa noção, pode transformar os gastos em permanentes, e quando o trabalho temporário não ocorrer, ele acabará por ficar com grandes dívidas. Outra forma de procurar aumentar a renda é empreender. Ser empreendedor não é uma tarefa fácil no Brasil. Além do conhecimento do produto, é necessário conhecer sobre gestão, finanças, planejamento, gestão de pessoas, impostos etc. Dica Trabalhe em uma organização pequena em que você aprenda tanto sobre o produto quanto sobre gestão: aumente sua empregabilidade e seu potencial de sucesso como empreendedor. Algumas pessoas querem empreender para não terem mais chefes! Se você é empreendedor, seus clientes serão seus chefes, seus patrões! Desenvolver um empreendimento e levá-lo ao sucesso é um desafio de grande envergadura, e institutos como o SEBRAE e Endeavor podem ajudar muito aos que pretendem trilhar esse caminho. Perda do emprego e a 'volta por cima' A perda do emprego pode ser devastadora para o planejamento das finanças pessoais. De uma hora para outra, as receitas são reduzidas ou acabam, ficando apenas as despesas que precisam ser honradas em curto ou longo prazo. Para cada tipo de emprego, a pessoa precisa planejar essa possibilidade: hoje, é comum que pessoas de cerca de 40 anos já tenham passado por mais de 10 empresas diferentes. Por isso, é recomendável ter uma economia de seis salários em aplicações com liquidez e reduzir seus custos em 50%, pois, assim, terá 12 meses sem dívidas enquanto procura outro trabalho. Nesses meses,seu trabalho de oito a dez horas todo dia será procurar empregos, se qualificar, melhorar seu networking, caprichar no LinkedIn e no currículo. Um trabalho voluntário também pode ser bom para manter a “máquina” em funcionamento, aumentando o networking, desenvolvendo habilidades e ajudando outras pessoas. Liquidez Facilidade e velocidade com a qual um bem ou ativo pode ser convertido em dinheiro novamente. Networking Ação de manter uma rede de contatos de trabalho. Dica O site Atados, por exemplo, é um portal de oportunidades de voluntariado com milhares de oportunidades: você pode não ter emprego de carteira assinada, mas trabalhos não faltam! Existem empregos em que a possibilidade de perda, praticamente, não existe, como no caso dos servidores públicos, e o planejamento financeiro não precisa contemplar tantas reservas para a possibilidade de perda do emprego, pois possuem estabilidade, só podendo ser mandados embora se praticarem algum tipo de ilicitude. Mesmo para os casos das pessoas que têm certa estabilidade no emprego, a programação financeira deve existir: estranhamente, não é raro ver servidores ativos ou aposentados endividados “até a alma”! Para os casos de pessoas que têm grande possibilidade de serem dispensadas ou que tenham profissões em mercados muito dinâmicos, planejar um fundo para os casos de dispensa é essencial. Normalmente, essas profissões conseguem recolocação mais rápida, mas só a existência da possibilidade de dispensa já deve ser considerada no planejamento das finanças. Conheça os benefícios que o cidadão tem direto ao ser mandado embora: Programa desenvolvido pelo governo, que tem suas restrições, mas procura fornecer uma renda até a pessoa conseguir se recolocar no mercado de trabalho ou até que se esgote o prazo de concessão. O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), representa o equivalente a, aproximadamente, um salário por ano trabalhado na empresa e é sacado de forma integral. Também temos o aviso prévio dado ao trabalhador no momento da dispensa, que equivale a 30 dias trabalhados podendo chegar a 90 dias dependendo do tempo de empresa que a pessoa tiver. Seguro-desemprego FGTS Aviso prévio Todos esses valores recebidos devem ser muito bem administrados, reforçando a reserva constituída para que a pessoa consiga atravessar o período do desemprego e garantir seu equilíbrio financeiro. “Dar a volta por cima” em um momento como esse requer mansidão, disciplina e planejamento, procurando estar sempre preparado para as dificuldades enfrentadas durante a nossa jornada nesta vida. Se na época de “vacas gordas” você não desperdiçou, mas poupou recursos, então, na época de “vacas magras”, o impacto negativo será menor. Atenção! Uma demissão pode ser uma bênção, pois permitirá ter mais autoconhecimento, mais conhecimento do mercado, desenvolver maturidade e humildade, conseguir trabalhar em algo com muito mais sentido e até com melhor remuneração. São vários os casos de empreendedores que, graças a uma demissão, melhoraram muito de vida. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 2 - Vem que eu te explico! Tipos de gastos Módulo 2 - Vem que eu te explico! Controle de gastos Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Por que é considerado uma boa prática, por grandes especialistas, que tenhamos apenas uma conta bancária para receber e pagar todas as nossas receitas e dívidas? A Pois não temos a capacidade de estarmos em dois lugares ao mesmo tempo, ficando prejudicado o controle financeiro dessas duas contas. B Pois, se tivermos várias contas em vários bancos, podemos ter várias dívidas grandes e isso pode nos dar a sensação de que podemos gastar mais e que estamos melhores financeiramente. C Pois não temos a capacidade de identificar vários assuntos ao mesmo tempo, ficando prejudicado o controle financeiro das contas que temos. P i ti á i t á i b d t á i dí id D Pois, se tivermos várias contas em vários bancos, podemos ter várias dívidas aparentemente pequenas, e isso nos dará mais crédito na praça, indicando que somos bons pagadores. E Pois, se tivermos várias contas em vários bancos, podemos ter várias dívidas aparentemente pequenas, e isso pode nos dar a falsa sensação de que podemos gastar mais. Parabéns! A alternativa E está correta. Ter várias contas em bancos pode ser um grande problema para algumas pessoas, pois controlar todas essas contas não é tarefa fácil. Nesses casos, nós podemos cair facilmente em erros e desequilíbrios financeiros, pois podemos nos enganar achando que as pequenas dívidas são administráveis e, na realidade, quando somadas, representam um grande problema. As demais alternativas não têm relação com a existência ou não de mais de uma conta, pois não é necessário presença física para o controle de uma conta corrente e ter dívida grande já aparece diretamente. Questão 2 Os meios de pagamento existentes podem ter grandes vantagens e desvantagens. O meio que possibilita o pagamento eletrônico instantâneo e que não tem custo para o usuário é: A Cartão de crédito. B Dinheiro. C Cartão de débito. D PIX. E Transferência Bancária – TED 3 - Módulo 3 Reconhecer as diversas formas de investimento E Transferência Bancária TED. Parabéns! A alternativa D está correta. O PIX, transferência eletrônica criada pelo BCB, tem como uma das suas grandes vantagens a rapidez e o custo zero para as transações, além de ser instantânea e não ter limite de valor, ou horário para a sua realização. Investimentos e as diversas possibilidades Agora que você já sabe que precisa gastar menos do que ganha, o que fazer com as sobras? Investir! Lembre-se: investimento deve dar retorno! Você já ouviu algo assim: “Diversifique seus investimentos.” “Não coloque todos os ovos na mesma cesta.” “Comece pequeno, mas comece já!” “Sejamos sábios como as formigas, que guardam comida no verão, preparando-se para o inverno.” “Faça um fundo de reserva e não especule”. Esses são conhecimentos simples e importantes. Investir com sabedoria e disciplina é algo fundamental para a liberdade financeira, e adquirir esses conhecimentos básicos não é difícil. Entender como funcionam os diversos tipos de investimentos e como se organizar com o dinheiro que projetamos para gastos futuros é essencial para uma boa gestão de médio e longo prazo das finanças pessoais. Você conhece as possibilidades de investimento do seu suado dinheirinho? Você conhece as vantagens e desvantagens de cada tipo de investimento? E os custos envolvidos em cada transação bancária que você realiza? Então, vamos juntos neste módulo entender sobre investimentos e as diversas possibilidades disponíveis para cada tipo de perfil de investidor e para cada objetivo que se deseja alcançar. Per�l de investimentos De uns anos para cá, o Banco Central do Brasil (BCB) tem obrigado os bancos a identificar o perfil do investidor e a informá-lo antes de iniciar um investimento para esse cliente. Cada cliente é enquadrado em um dos quatro tipos de perfil de investimento normalmente indicados pelo questionário respondido. Os perfis indicados são: O perfil conservador abarca os investidores que preferem manter seu capital a aumentar a possibilidade de ganhos. Nesse perfil, as pessoas tendem a manter seus investimentos em aplicações em que praticamente inexista a possibilidade de rendimentos negativos. O trade- off desse investidor é sacrificar a possibilidade de ganhos pela impossibilidade de perdas. Neste perfil, as pessoas aceitam correr um pouco mais de risco em troca da possibilidade de maiores retornos. Assim, uma pessoa moderada procurará manter sua carteira de investimentos equilibrada, dando preferência a investimentos com maior segurança. Mesmo aceitando correr um pouco mais de risco, esse investidor não aceita a perda de seu capital com facilidade, escolhendoinvestimentos em que até possam ocorrer essa perda, mas de forma muito moderada. Conservador Moderado O perfil arrojado está ligado a investidores que já possuem maior conhecimento do mercado e que, por isso, aceitam correr maior risco para retornos de médio e longo prazo. Esse tipo de investidor aceita correr maior risco direcionando seus investimentos para aplicações com maior volatilidade. É nessa volatilidade que o ganho acontece, pois o maior risco em curto prazo é compensado com maior ganho em longo prazo. Para investir com esse padrão, é necessário estar preparado para um investimento de longo prazo. Por fim, temos o perfil agressivo. Neste, os investidores estão dispostos a correr maior risco para terem a possibilidade de auferirem maiores ganhos. Assim, esses investidores buscam o maior retorno no menor tempo possível. Esse perfil é muito focado e não se abala com as flutuações do mercado, mantendo posições arriscadas mesmo em momentos de extrema volatilidade do mercado. Atualmente, um dos investimentos mais interessantes para esse perfil é o de criptomoedas. O bitcoin e outras criptomoedas estão cada vez mais populares e com altos retornos, e até grandes organizações estão investindo nelas. Cuidado com especulações, se informe bem a respeito, mas é um investimento que vale a pena conhecer. Inicialmente, começar com uma pequena parcela de seus investimentos com investimentos mais arriscados pode ser uma estratégia interessante. Entender qual é o seu perfil de investimentos pode evitar muitas dores de cabeça e perdas de recursos por afobação ou por movimentos precipitados durante a baixa ou a alta do mercado. Entender que não se deve entrar no mercado quando ele está em alta e que não se deve sair quando está em baixa pode ser algo muito importante. Durante a crise de 2020, em que a Bolsa de Valores de São Paulo chegou próximo de 65 mil pontos, muito perderam grandes somas de valores, pois saíram do mercado nesse momento. No entanto, pessoas ousadas lucraram muito, pois, menos de um ano depois, a mesma bolsa de valores já estava batendo em 120 mil pontos novamente, como antes da crise. Quem percebeu essa Arrojado Agressivo possibilidade e entrou na bolsa no momento mais agudo da crise ganhou 100% em menos de um ano. Dica Algumas pessoas deixam boa parte de seus recursos em aplicações conservadoras e um pouco em aplicações mais arriscadas, o que é algo prudente, principalmente para iniciantes. Outro conhecimento tradicional é o de “não colocar todos os ovos na mesma cesta”, pois, se a cesta cai, todos os ovos quebram. Portanto, diversifique seus investimentos! Invista na sua educação Educação pode e deve ser um investimento, e investimento é sacrifício, mas deve ter retorno. Contudo, infelizmente, muitas pessoas investem pouco ou não investem em educação. William Eid Jr., renomado professor de Finanças, fez uma pesquisa interessante, na qual concluiu que endividados tinham menor performance no trabalho. Por isso, as empresas deveriam investir fortemente na educação financeira para que seus empregados tenham saúde financeira (assim como saúde física, espiritual etc.). Dica Invista na educação financeira e busque vários conselheiros. Por mais que você estude, um conselheiro pode ter informações valiosas que você não tem. Ouça pontos de vista diferentes. Evite conselhos de pessoas não íntegras. Busque conselho de pessoas honestas, éticas, que têm experiência prática e/ou teórica. Uma dona de casa pode ter valiosos conselhos que você raramente encontra em um curso de mestrado. Educação de nível superior garante êxito �nanceiro? Sabemos que concluir a faculdade dobra o valor dos salários médios recebidos, mas será que isso garante algo? Será que educação de nível superior garante êxito financeiro, aposentadoria bem- sucedida e a certeza de nunca constar no banco de dados de proteção ao crédito? Os especialistas da área financeira são unânimes na resposta: “Não”. Saiba mais Segundo reportagem de Carolina Riveira (2019): “A média entre os países da OCDE, grupo que reúne as nações ricas, é de um salário 40% maior para quem tem diploma de graduação. Já um residente brasileiro formado no Ensino Superior ganha, em média, mais que o dobro (140%) de quem só cursou o Ensino Médio; com pós-graduação, pode-se ganhar um salário mais de quatro vezes maior (350%) na comparação com quem só se formou no Ensino Médio, segundo o relatório Education at a Glance, da OCDE”. Estudo: o melhor investimento Neste vídeo, a partir do relato de uma experiência pessoal, o especialista reflete sobre os ganhos advindos do estudo e sua importância para o incremento da renda futura de uma pessoa. O conhecimento não ocupa espaço e garante mais do que dinheiro, por meio cidadania e status social. Também é muito importante a educação financeira de crianças. Conta-corrente A conta-corrente é uma necessidade em muitos casos para que o investimento seja realizado, mas é sempre bom lembrar que a conta-corrente não traz qualquer rendimento para os valores que ficam depositados nela. Na realidade, os bancos cobram pacote de serviços para que o correntista tenha a conta corrente. Nesse caso, é importante para a pessoa considerar esse custo em suas planilhas de controle de gastos, pois esse valor, mesmo que pequeno, impactará fortemente no orçamento em longo prazo. Como existe essa cobrança de serviços para a utilização da conta corrente, muitos bancos, para incentivar que seus correntistas apliquem seus recursos com eles, dão descontos nessas tarifas, dependendo do valor e do tipo de aplicação que o correntista possui na instituição. Esse incentivo deve ser considerado durante o cálculo do retorno dos investimentos, principalmente para aqueles aplicadores que possuem poucos recursos ou que tenham um perfil conservador de aplicação. Outro ponto importante em relação à conta corrente é a questão do limite do cheque especial, discutido anteriormente. Dica Pesquise no canal Me Poupe, ou outros, como reduzir com o gerente esses pacotes de serviços que praticamente não usamos e pagamos. Conta poupança A poupança é um dos investimentos mais tradicionais no Brasil. Apesar de ainda representar a maior massa de investimentos existente em nosso país, ela vem perdendo espaço para outros investimentos. Isso aconteceu, pois a taxa de juros básica no Brasil está cada vez mais baixa, representando uma redução expressiva na remuneração paga pela aplicação na poupança. Você sabe como funciona a remuneração da poupança? A poupança é um dos investimentos mais seguros que temos no mercado. Isso acontece pois existe um fundo garantidor formado por uma reserva obrigatória feita por todos A remuneração tradicionalmente é de 6% ao ano, paga a cada três meses, sempre na data-base do investimento. Isso quer dizer que, se investirmos no dia 1º de janeiro, receberemos nossa primeira remuneração no dia 31 de março. Hoje em dia, já existem poupanças que pagam a rentabilidade mensalmente. Essa remuneração é acrescida de TR (Taxa Referencial), que procura incorporar ao rendimento da poupança a inflação do período. No entanto, há alguns anos, a TR está com seu valor percentual zerado, devido à forma de cálculo e à baixa inflação registrada nos últimos anos. Quando a taxa de juros básica da nossa economia (SELIC), informada pelo BCB, fica igual ou abaixo de 7%, a remuneração da poupança passa a ser de 70% da taxa SELIC. Isso implica dizer que, se a taxa SELIC for de 5% ao ano, o rendimento da poupança será de 3,5% ao ano. Os juros utilizados para o cálculo da remuneração da poupança são os juros compostos, ou seja, todo mês a remuneração do mês anterior é incorporada ao principal para que sejam calculados os juros do mês seguinte. Assim, a taxa efetiva de remuneração da poupança durante o ano será maior do que os 6%, já que o valor é aplicado a 0,5% ao mês. os bancos e controlada pelo BCB para garantir os depósitos com valores de até R$250.000,00.Investimentos em imóveis Muitos familiares recomendam investir em imóveis e dizem que sempre é um bom negócio, mas essa decisão não é tão simples. Pagar um aluguel barato para juntar dinheiro para dar uma boa entrada (utilizar seu FGTS e tentar algum programa como Minha Casa Minha Vida) pode ser interessante. Assim, em vez de pagar aluguel, você pode custear a prestação de seu imóvel. Entretanto, preste atenção: É lamentável, mas a classe média realmente acredita que, quando assina o contrato do financiamento, está de fato adquirindo sua casa. Neste momento, faço a pergunta: você realmente acha que a casa é sua? ... você pagava aluguel para a imobiliária, agora está pagando aluguel para o banco; pare de pagar as prestações durante três meses e rapidinho descobrirás quem é o verdadeiro dono do imóvel. (ZRUEL, 2016 p. 48). Em relação ao segundo imóvel, é necessário pensar mais ainda. O dinheiro do aluguel que você receber deve ser declarado no imposto de renda, pois será considerado renda. Alugar o segundo imóvel por mês ou temporada (por meio do portal Airbnb, por exemplo) é interessante, mas lembre- se também dos gastos da manutenção. Comentário Com a pandemia da COVID, várias empresas passaram a utilizar o teletrabalho e viram que não precisam alugar um imóvel caro. Logo, o número de imóveis disponíveis para aluguel aumentou e o preço caiu. Em alguns casos, o proprietário já se contenta do inquilino pagar apenas o condomínio e nada pelo aluguel. Assim, percebemos que imóveis, como outros investimentos, é um risco, e precisamos planejar riscos e retornos. Investimentos em automóveis Carro pode ser uma grande despesa. Por isso, comprar um carro deve ser algo muito bem pensado e calculado, ou ele poderá ser um devorador de seus recursos, pois tem custos fixos, variáveis e de oportunidade. Depreciação (redução de valor de aproximadamente 10% ao ano); Seguro (alguns carros são mais visados pelos ladrões e o seguro pode ser mais de R$2.400,00 por ano, o que significa R$200,00 por mês); Tributos (IPVA, DPVAT). Combustível (aproximadamente R$6,00/litro. Se seu carro faz 6 Km por litro, a cada Km, você paga R$1,00. Faça um orçamento/planejamento de gasto com combustível a partir Custos fixos Custos variáveis de seus trajetos mais frequentes); Manutenção preventiva, óleo etc.; Pneus; Juros do financiamento do carro; Reparos e melhoramentos; Estacionamento e pedágios; Multas; Lavagens e limpeza. Você poderia estar investindo o valor que gastou e que gasta com o veículo em uma aplicação com bom retorno. Geralmente, automóveis trazem muitas despesas, mas, em alguns casos, eles podem ser investimentos interessantes, como ao comprar em leilões, fazer manutenção e vender a preço superior. A necessidade geralmente não é ter automóvel, mas fazer um deslocamento: sair do ponto A e chegar ao ponto B, com segurança. Já existem soluções criativas para economizar no transporte, como o transporte compartilhado. Fundos de investimentos O que são fundos de investimentos? São agrupamentos de investidores que aplicam seus recursos em diversos tipos de papeis, buscando respeitar um perfil de investimentos e uma forma de comportamento. Custos de oportunidade Normalmente, esses fundos, ou reuniões de investidores, são geridos por bancos ou outras instituições financeiras credenciadas junto ao BCB, sendo o seu cadastramento e registro uma exigência para esses fundos. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) também exige que os fundos e seus gestores sejam cadastrados em seu site, para que o fundo seja considerado válido. Essa obrigatoriedade de credenciamento dos fundos serve como uma forma de garantir que os investidores não serão lesados pelos administradores dos fundos. Para essa administração, normalmente, os gestores cobram uma taxa estabelecida previamente sobre a rentabilidade auferida pelo fundo. Outra forma de cobrança é no momento de aplicação, chamada de taxa de carregamento, em que parte do principal (valor investido) é subtraída. Os fundos de investimentos podem assumir diversas formas e serem destinados a diversos perfis de investidores. Existem fundos que carregam apenas papeis de governo, que têm o menor risco e, por consequência, a menor possibilidade de remuneração, até fundos que aplicam o capital dos investidores em ações baseadas em bolsas de valores do exterior. Existem fundos que aplicam em imóveis ou em ações e debentures (papeis de dívidas emitidos por empresas). Por que é importante conhecer cada um desses fundos? Porque cada um desses fundos tem um público específico e você, ao investir suas economias, precisa entender seu perfil de investimento, o motivo pelo qual está economizando esse dinheiro e qual é o prazo em que esse valor ficará investido. Papeis de governo Os papeis de governo, ou seja, títulos da dívida pública emitidos pelo governo, pagam juros pré ou pós fixados acrescidos a um índice de inflação. Essa forma de estruturar a dívida pública tende a pulverizar esse valor e a melhorar as taxas pagas para a rolagem dessa dívida. Quando um investidor aplica seus recursos nesses papeis, ele está emprestando sua poupança, seus recursos, para o governo, que os utiliza, em geral, para pagar as suas dívidas. Quando o orçamento do governo indica que ele gastará mais do que arrecadará, é autorizada a emissão de papeis que serão usados para arrecadar os valores necessários. Os papeis mais comuns emitidos pelo governo são tesouro prefixado, tesouro Selic e tesouro IPCA. Cada um desses títulos tem seus prazos finais e pagam juros a cada seis meses. Assim, o investidor saberá o valor que receberá ao final da aplicação de forma antecipada, podendo variar o valor conforme o índice de inflação aplicado. Essa é uma das aplicações mais seguras existentes no mercado, sendo garantida pelo governo federal e, em alguns casos, pelo Fundo Garantidor de Crédito. Esse investimento incide no imposto de renda, que pode ser aplicado no pagamento dos juros ou anualmente, conforme o tipo de aplicação. Renda �xa Os fundos chamados de renda fixa são aqueles que aplicam, geralmente, em uma composição de: 80% No mínimo, 80% em renda fixa. 20% E 20% em derivativos. Esses são os fundos mais conservadores existentes no mercado e procuram atingir pessoas com perfil conservador. Os títulos que compõem essa carteira são de renda fixa, ou seja, títulos públicos, debêntures, CBD e LCI/LCA, entre outros. O controle dessa carteira é realizado por um gestor que pode manipular a composição da carteira entre as diversas opções de títulos existentes no mercado, respeitando a política de investimentos e as regras emitidas pelo BCB, pela Comissão de Valores mobiliários (CVM) e demais órgãos reguladores do mercado financeiro nacional. Quando investimos em fundos de renda fixa, uma parcela dos valores é investida em outros papeis que não o são. Essa parcela é utilizada como forma de alavancar a rentabilidade desses fundos, principalmente em períodos de taxas de juros muito baixas, procurando manter a rentabilidade acima do CDI, opção mais segura que a dos fundos. A divulgação dos resultados alcançados pelo fundo é feita mensalmente. Por que isso é importante? Primeiro Quais são os títulos que compõem essa carteira e como ela é controlada? Essa divulgação garante que, quando aplicar nesse fundo, você poderá acompanhar toda a movimentação ocorrida na carteira e realizada pelo gestor. Segundo Você poderá acompanhar a taxa de administração, a rentabilidade e os descontos de imposto de renda ocorridos em seu saldo de aplicação. E assim, julgar se o fundo está atingindo as suas expectativas e atendendo o seu planejamento de curto, médio e longo prazo. Renda variável Os fundos de investimentos variáveis, ao contrário dos de renda fixa, investem preferencialmente em papeis com renda variável. Esses fundos são indicados para investidores com perfis mais arrojados ou agressivos, pois a possibilidade de perdas, até mesmo de partedo capital, é possibilitada. Os investimentos em rendas variáveis são papeis emitidos por empresas, como ações e debêntures. Nesses papeis, alguns pagam dividendos e outros pagam juros além da devolução do principal em prazo predeterminado. Dentro desse guarda-chuva da renda variável, existem diversos tipos de fundos. Exemplo O fundo multimercados, que não segue qualquer regra de investimento específica, ficando o administrador livre para investir os recursos onde lhe parecer mais vantajoso, desde que estes sejam investidos de forma diversificada, diminuindo os riscos de perda total do patrimônio. Existem fundos multimercados que obedecem a algumas regras mais restritivas, mas isso depende do documento de constituição e do objetivo traçado para cada fundo. Fundos imobiliários Fundos Imobiliários são fundos que investem em imóveis. Eles repassam aos seus investidores os ganhos com aluguel e os ganhos com a valorização dos imóveis, que refletem nas cotas do fundo. Eles são formados por bancos e corretoras que compram imóveis comerciais e os alugam a grandes empresas ou outros tipos de locatários. Esta forma de investir em imóveis garante que pequenos investidores poderão investir em imóveis, um dos investimentos mais seguros com renda variável. Outro tipo de fundo imobiliário é aquele que investe em empresas. Nestes, os valores dos investidores são utilizados para a compra de empresas. As empresas adquiridas são melhoradas por meio de uma gestão mais agressiva e profissional, aumentando seu valor de mercado e gerando lucro. O lucro gerado é pago de forma periódica aos investidores do fundo e, após um período predeterminado, as empresas são vendidas e os valores investidos devolvidos aos investidores. Fundos variáveis no exterior Existem fundos que investem 100% do valor investido em fundos sediados no exterior. Como funcionam esses fundos? Apesar de serem cotados em reais, ou seja, não é necessário o investimento em moeda estrangeira, tais fundos receberão como remuneração a variação das cotas do fundo-mãe, e a variação da moeda estrangeira em relação ao real. Imagine um fundo que invista em um fundo mãe nos EUA, a rentabilidade desse fundo será composta da variação das cotas do fundo-mãe somado à variação do dólar frente ao real. Para investir nesses fundos, não são necessárias grandes somas, já que o fundo que está sediado no Brasil pode receber qualquer valor para a aplicação nesse fundo-mãe. É necessário verificar, em cada instituição que oferece essa modalidade de fundo, o valor mínimo de investimento e as taxas de administração cobradas. Essa é uma oportunidade de investimentos no exterior, sem as burocracias para a expatriação dos valores a serem investidos. Investimento em previdência complementar Se tudo der certo, vamos envelhecer. A questão é como envelhecer. A expectativa de vida no Brasil é de: 80 anos para mulheres. 73 anos para homens. Geralmente, na aposentadoria, a renda cai bastante e os gastos sobem. Infelizmente, muitos aposentados no Brasil passam por sérios problemas financeiros e são várias as causas. Uma delas é não ter se planejado bem na juventude. Parece muito distante a aposentadoria, mas não é. Além disso, Nathalia Arcuri, em seu best seller Me Poupe! 10 passos para nunca mais faltar dinheiro no seu bolso, acredita que a situação futura tende a piorar. Veja: Em 2050, os idosos serão mais numerosos que os jovens. Vai faltar adulto contribuinte para pagar a conta dos velhinhos. E tenho uma notícia: VOCÊ SERÁ UM DESSES VELHINHOS. É por isso que a aposentadoria, como conhecemos hoje no Brasil, está com os dias contados. Entendeu o tamanho da encrenca? Por essas e outras, esqueça a aposentadoria do governo. Não vai rolar. O máximo que você pode esperar desse dinheiro no futuro é um complemento de renda para pagar o supermercado do mês, e olhe lá… (ARCURI, 2018, p.101). A autora recomenda 30% para o futuro, ou seja, metas de amanhã, e 70% para cobrir custos hoje. O investimento em planos de aposentadoria é algo muito importante para o planejamento financeiro de uma pessoa. Investir na segurança para a velhice é algo que todas as pessoas no mundo deveriam fazer. Como demonstramos no primeiro módulo, quando investimos por longos períodos, podemos investir pequenos valores e nos aproveitarmos dos juros compostos ao longo desse tempo. Ao investirmos para a aposentadoria, precisamos pensar desde a nossa juventude, para que o valor investido mensalmente seja pequeno, mas que, na velhice, seja suficiente para cobrir os nossos gastos. No Brasil, existem planos específicos para a aposentadoria, regulados pelo governo e oferecidos pela maioria dos bancos que operam aqui. Estes são os chamados PGBL (Plano Gerador de Benefícios Livres) e VGBL (Vida Gerador de Benefícios Livres). São conhecidos como planos de sobrevivência e acumulam valores durante o período de diferimento para o pagamento de aposentadorias após esse período de acumulação. Ambos os planos têm a opção de saque do valor acumulado ao final do período de diferimento. No entanto, após a aposentadoria e início dos recebimentos, essa opção não existe mais. No momento da contratação, o contratante opta por uma das formas de recebimento dos valores após a sua aposentadoria, que pode ser perpétua ou por tempo determinado. Para cada uma das opções, o contratante receberá um valor diferente, calculado em função do valor acumulado e da expectativa de vida do aposentando. Vale lembrar que essa é uma aposentadoria complementar, ou seja, não substitui a aposentaria oficial do governo. Outra particularidade desses planos é a incidência de imposto de renda. VGBL Tem seu valor investido durante o período diferido, impossibilitado de ser descontado no Imposto de Renda, não sendo necessária a sua declaração no ajuste anual do IR, apenas a declaração do montante acumulado ao longo do tempo como um patrimônio. PGBL Pode ter o valor investido descontado da base de cálculo do IR em até 12% da renda bruta do contribuinte. Assim, é necessária sua declaração no ajuste anual para que o seu valor seja descontado da base de cálculo do IR. Em caso de resgate dos valores aplicados, incidirá imposto de renda sobre os valores resgatados seguindo a tabela regressiva disposta pela Receita Federal do Brasil. Esses valores e formas de incidência são diferentes para o PGBL e para o VGBL e devem serem estudas de forma independente para cada planejamento financeiro, identificando qual desses planos é mais oportuno para cada investidor. Investimento em acações - Bolsa de Valores O investimento em ações é uma das formas mais agressivas de investimento. Esse tipo de investimento é para perfis mais agressivos, pois existe sempre a possibilidade de perda completa do capital investido. Imagina o investimento em uma ação de uma empresa que está falindo? Essa pessoa que investiu perderá completamente seu capital investido. Por essa razão, o investimento direto em ações deve ser cercado de muitos cuidados e, geralmente, iniciantes devem pensar em médio ou longo prazo, diversificando as ações. Como investir na bolsa de valores? Para investir diretamente na bolsa de valores, na compra de ações, é necessária a contratação de uma corretora de valores mobiliários. Somente essas empresas podem operar na bolsa de valores, inclusive podendo custodiar os títulos comprados. Essa custódia não é obrigatória, pois o investidor pode retirar seus títulos e guardá-los consigo. No entanto, isso não é recomendado, pois existe um custo alto para a sua recolocação nas corretoras para a venda. Hoje, já existem instituições que oferecem gratuitamente esse serviço de custódia aos seus clientes, como forma de atraí-los para as suas carteiras. O investimento em ações também pode ser um negócio muito interessante, principalmente para investimentos de longo prazo, em que, além da valorização das ações, o investidor recebe dividendos. Os dividendos são a distribuição dos lucros aos acionistasda empresa e podem melhorar muito a rentabilidade dos investimentos nessas ações. Dica Conheça melhor a empresa em que está querendo investir, veja se ela é ética e ambientalmente sustentável, se seus valores são compatíveis com os seus valores de vida. Investir na empresa em que você trabalha é interessante, pois desenvolverá mais a “cabeça de dono” e trará mais conhecimento e engajamento com seu trabalho. Cuidados ao investir seu patrimônio Como já mencionado, para investir, é necessário ter uma gama de cuidados para não fazer maus negócios. O primeiro passo é entender bem o seu perfil como investidor. Investimentos realizados fora do perfil tendem a trazer grandes dores de cabeça e inquietações. Imagine uma pessoa conservadora vendo seus investimentos terem perdas em períodos de crise, ou um investidor agressivo observando seus investimentos rendendo de forma conservadora por longos períodos de investimento. Ambos teriam decepções. Outro ponto muito importante que deve ser observado é o agente que está cuidando dos seus investimentos. Investir em instituições sérias e com segurança jurídica é sempre mais importante do que a rentabilidade oferecida. Existem agentes de investimento que oferecem rentabilidade muito acima do mercado e que, na realidade, são fraudes. Por isso, desconfie sempre de agentes que lhes ofereçam rentabilidades muito acima das praticadas no mercado, pois eles, provavelmente, não conseguirão cumprir o contrato. Dica Verifique antes se o agente não tem reclamações contra ele ou processos por algum tipo de fraude. Um conselho geral é investir sempre com agentes reconhecidos pelo mercado e com reputação sólida, pois são as economias de uma vida, e arriscá-las pode ser uma péssima ideia. Investir em uma consultoria financeira individual ou familiar pode ser um investimento importante, visto que você se conhece e sabe que será muito difícil adquirir sozinho conhecimentos e disciplina para gerenciar seus recursos. Depois de um tempo, você poderá andar “sem as rodinhas da bicicleta”, sem o apoio externo. Tal consultoria pode ser presencial ou remota. Ela pode te ajudar a pagar menos impostos e tarifas bancárias, bem como a ter bons hábitos. Talvez agregue tanto valor (mais benefícios do que custos) que você não vai mais querer ficar longe dela. Vem que eu te explico! Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 3 - Vem que eu te explico! Per�l de investimento Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 (FCC, 2012, BANESE ‒ Técnico Bancário) Sobre fundos de investimento, é correto afirmar que A São garantidos pela instituição financeira administradora. B Suas cotas podem ser adquiridas apenas por investidor pessoa jurídica. C Seu funcionamento depende do prévio registro na Comissão de Valores Mobiliários. D Não sofrem auditoria independente. E O valor das cotas é calculado e divulgado mensalmente. Parabéns! A alternativa C está correta. Essa exigência de registro tem como função, para os investidores, o controle e a segurança de que o fundo está seguindo todas as regras da CVM e dos demais órgãos reguladores como o BCB. Assim, os investidores têm órgãos que fiscalizam e avalizam a coerência e demais questões formais que os fundos devem observar para serem transparentes e seguros ao investimento. Questão 2 (FUNCAB, 2015, PC-AC ‒ Perito Criminal ‒ Contabilidade) Os fundos de investimento representam uma modalidade de investimento, constituída sob a forma de condomínio, que aplica em conjunto os recursos dos investidores com objetivos comuns. Os fundos que possuem políticas de investimentos que envolvam vários fatores de risco, sem o compromisso de concentração em qualquer fator em especial, são denominados: A Considerações �nais Espera-se que este conteúdo tenha ajudado a ampliar o seu entendimento sobre finanças pessoais. Aqui, estudamos fundamentos básicos que merecem ser refletidos, praticados e ensinados cada vez mais no Brasil: gastar menos do que se ganha diversificar investimentos evitar especulações e A Renda variável. B Renda fixa. C Referenciados. D Cambiais. E Multimercados. Parabéns! A alternativa E está correta. Cada tipo de fundo tem um objetivo específico, sendo que os fundos que podem investir em diversos tipos de papeis sem restrições de percentuais ou de risco são os fundos multimercados. Estes podem investir em renda fixa, variável, ações ou outros fundos, sem transgredir a sua regra de constituição. vez mais no Brasil: gastar menos do que se ganha, diversificar investimentos, evitar especulações e ganhos rápidos e fáceis, mas imediatos, fazer orçamento, ter paciência, controlar impulsos consumistas, ter muitos conselheiros e investir na educação. Percebemos que você pagará um preço para entender e praticar os fundamentos de finanças pessoais, mas você pode pagar um preço maior se não souber tais fundamentos. É importante chamar a atenção para o tipo de gasto que mais pode melhorar a vida de uma pessoa, que são aqueles com estudos e conhecimentos. A educação financeira e a educação, de forma geral, podem trazer, como vimos, além de resultados financeiros com o desenvolvimento da carreira, um inestimável ganho pessoal e como cidadão. Mesmo que estudos indiquem que quanto maior o grau de escolaridade de uma pessoa, maior a sua possibilidade de obter uma renda maior, o ganho em cidadania e em desenvolvimento pessoal superam, e muito, esse ganho financeiro. Tratando apenas do ganho não financeiro, o gasto/investimento em estudos e conhecimento trará uma satisfação pessoal inestimável, que nenhum dinheiro pode pagar. Neste momento, ao concluir este conteúdo, você está ganhando este conhecimento e atraindo para si todos os lucros advindos dele. Isso garante que você terá uma vida melhor e com mais alegrias, tornando seu futuro mais agradável e mais próspero, pois prosperidade não está apenas em ganhar mais ou ter mais bens, mas em ser mais feliz. Segundo Aristóteles, sucesso é atingir o seu objetivo de vida. Para atingir seu objetivo, o conhecimento é, certamente, o melhor caminho. Podcast Agora, os especialistas Ettore Oriol e Marcus Brauer encerram o tema falando sobre questões relacionadas às finanças pessoais, aprofundando os tópicos e trazendo exemplos para melhorar o seu entendimento. Referências ARCURI, N. Me Poupe! 10 passos para nunca mais faltar dinheiro no seu bolso. Rio de Janeiro: Sextante, 2018. BERNARDO, A. Descubra o que é — e se você é — um comprador compulsivo. Consultado na Internet em: 11 jun. 2021. CUNHA, J. Os devedores anônimos e o lado obscuro do consumismo. Revista Trip. Consultado na internet em 11 jun. 2021. EID JR., W.; GARCIA, F. G. Finanças pessoais: como fazer o orçamento familiar. São Paulo: PubliFolha, 2007. EWALD, L. C. Sobrou dinheiro: como administrar as contas da casa. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2015. NEDER, V. Endividamento das famílias sobe a 67,5% e volta a bater recorde, aponta estudo. CNN Brasil, 2021. Consultado na Internet em: 11 jun. 2021. RIVEIRA, C. No Brasil, ter faculdade faz dobrar o salário — por que isso é ruim. 13 out. 2019. Consultado na internet em: 11 jun. 2021. ZRUEL, B. Eu vou te ensinar a ficar rico. Betrand: São Paulo, 2016. Explore + Assista aos seguintes filmes para refletir sobre o tema da Inteligência Artificial: Finanças Pessoais: como fazer o orçamento familiar é um pequeno livro dos renomados professores Willian Eid Junior e Fábio Gallo Garcia. Eles abordam o assunto com grande interesse e com planilhas e demais indicações de como aplicá-las no dia a dia. Recomendamos folhear a pesquisa Estresse Financeiro e Produtividade no Trabalho, de Eid Jr. O livro Sobrou dinheiro: como administrar a casa, do didático professor Luís Carlos Ewald, que já foi várias vezes a programas de TV, tem uma linguagem simples, mas com conhecimentos ólid di á i E ld ái di l i Y b ( d íd sólidos e dicas práticas. Ewald tem várias dicas legais no Youtube (recomendamos ver vídeos sobre Pai Rico e Pai Pobre). O Serasa Ensina tem vários conteúdos interessantes. Destacamos o curso gratuito Trilha Financeira. iDinheiro finanças pessoais é outro portal interessante, bem como Vida e Dinheiro, do Governo Federal. O livro de Provérbios contém conhecimentos e reflexões importantes sobre finanças pessoais que vão te ajudar a entender melhor o sentido da vida e das finanças. Nesta linha, indicamos o site Ganância Educação Financeira, com princípios para uma vida financeira equilibrada, em contraponto aos valores materialistas da sociedade de consumo, bem como o curso Crown de finanças pessoais. Se você quer saber mais sobre finanças (não apenas finanças pessoais), recomentamos o canal do Youtube Finanças 101. O prof. Hsia Hua Sheng é PhD respeitado e, ao mesmo tempo, divertido. Ele e seus colegas tentam traduzir finanças para um público maior, sem perder o rigor acadêmico. Conheça mais sobre a importância e variedade de seguros. Um bom início é o portal TSS tudo sobre seguros. Você é um comprador compulsivo? Na Internet, você encontra alguns testes gratuitos. Se tiver dúvidas, procure psicoterapia ou grupos de autoajuda, como Devedores Anônimos. Baixar conteúdo javascript:CriaPDF() Objetivos Módulo 1 O papel da alimentação saudável Identificar o papel e a constituição da alimentação saudável Acessar módulo Módulo 2 Exercício físico é saúde Reconhecer a atividade física e o exercício físico como práticas regulares para prevenção de doenças e manutenção da saúde Acessar módulo Módulo 3 Estresse e saúde Reconhecer fatores externos e internos ao indivíduo influentes nas emoções e na manutenção da saúde Saúde pessoal Prof. Reury Frank Pereira BacurauDescrição Estudo dos comportamentos que promovem a saúde e a prevenção de problemas crônicos por meio do gerenciamento de estresse negativo e do autocuidado. Propósito Compreender no que consiste a alimentação saudável, como o exercício físico reduz o risco de doenças, como o estresse negativo pode adoecer as pessoas, além de conhecer maneiras de evitá-lo, é fundamental para obter o sucesso profissional. Acessar módulo Módulo 4 O Autocuidado Identificar o conceito de prevenção, os testes e os exames necessários ao autocuidado Acessar módulo Há mais de 2.000 anos, Hipócrates (460-377 a.C.), considerado o pai da Medicina (não à toa, os médicos fazem o juramento de Hipócrates), já tinha percebido que a alimentação saudável é um componente-chave para a boa saúde. Atribui-se a ele a seguinte frase: “Que seu remédio seja seu alimento e que seu alimento seja seu remédio”. Hipócrates percebeu, por meio da observação de seus pacientes, que aqueles que se alimentavam de certa forma tinham menos problemas de saúde e viviam por mais tempo. Evidentemente, vinte séculos depois, existe uma gama de informações tão grande sobre boa alimentação e saúde que nem nos seus melhores sonhos Hipócrates teria imaginado. Mas o fato que permanece é que, mesmo sem todos esses conhecimentos, ele foi capaz de enxergar a relação entre comer de modo saudável e uma melhor qualidade de vida. Introdução Hipócrates, médico grego considerado o pai da Medicina. Hipócrates também teria dito: “forças naturais dentro de nós são as verdadeiras curas das doenças”. Com essa frase, ele deu mais um passo fundamental no entendimento do papel da alimentação na saúde, ou seja, uma boa alimentação é necessária para que tenhamos saúde, mas isso ocorre porque determinados sistemas orgânicos mantêm nossa saúde. Assim, os sistemas endócrino, nervoso e imunológico garantem que o corpo funcione a contento e, para isso, precisam ter os nutrientes corretos. Tendo uma alimentação correta, o consumo de determinados nutrientes em excesso não aumentará a saúde, pois esses sistemas já terão todos os nutrientes que precisam para funcionar. Mas há uma maneira de melhorar efetivamente nossa saúde? Sim, ela consiste em aumentar a função dos sistemas nervoso, endócrino e imunológico. E o que é capaz de fortalecer tais sistemas? A resposta é a atividade física e uma boa alimentação, que será discutida adiante. Orientação sobre unidade de medida 1 O papel da alimentação saudável Ao final deste módulo, você será capaz de identificar o papel e a constituição da alimentação saudável. Nutrição e Saúde Nas últimas décadas, à medida que mais pessoas passaram a trabalhar durante muitas horas, o tempo para selecionar e preparar seus próprios alimentos foi reduzido, fazendo com que esses indivíduos dependessem de alimentos fast-food, ultraprocessados, entre outros. Dessa maneira, as pessoas têm cada vez menos controle sobre a comida que consomem. Um dos problemas resultantes dessa situação é o consumo de opções ruins, como alimentos repletos de gorduras saturadas, gordura hidrogenada e sal em excesso. Estamos seguindo, portanto, no sentido oposto do conselho dado por Hipócrates. Comida rápida não deve ser proibida, mas é importante saber que ela não deve representar o perfil da dieta de uma pessoa, pois, em longo prazo, a ingestão dessas substâncias não saudáveis resultam em doenças. Uma forma de evitar as consequências negativas decorrentes do consumo desses alimentos é entender o papel da alimentação no nosso organismo e outros aspectos relacionados ao ato de comer e utilizar os nutrientes. Nesse sentido, é preciso entender o porquê de nos alimentarmos, e o conceito de energia é parte central dessa resposta. Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km) por questões de tecnologia e didáticas. No entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o número e a unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e demais materiais escritos por você devem seguir o padrão internacional de separação dos números e das unidades. De modo geral, podemos definir a energia como a capacidade de realizar trabalho, podendo ser encontrada em diferentes formas. No que diz respeito aos alimentos, ela se apresenta na forma de energia química. Assim, nossas fontes de energia são derivadas de alimentos de origem vegetal e animal. Exemplo Especificamente, a energia luminosa solar é incorporada pelos vegetais que são capazes de sintetizar carboidratos, lipídios e proteínas (macronutrientes). Os macronutrientes fornecem energia química para nosso corpo, que usa tal energia para regenerar a molécula de adenosina trifosfato (ATP). Os alimentos são ingeridos, digeridos e absorvidos na corrente sanguínea para serem transportados para as células. O que vai ser entregue às células são os nutrientes, que são componentes dos alimentos que apresentam alguma função no corpo humano. Uma vez nas células, esses nutrientes apresentam diferentes funções. Nos alimentos, também encontramos vitaminas e minerais que, dada a sua pequena necessidade diária (miligramas), são chamados de micronutrientes. A maioria das vitaminas e dos minerais fará parte da reação de síntese (anabolismo) ou degradação (catabolismo) de macromoléculas. Em função dessa atuação, os alimentos fontes desses nutrientes são chamados de alimentos reguladores. Quanto aos nutrientes que podem fornecer energia, estes são apenas três, os macronutrientes. Repare: ainda que a função principal das proteínas seja estrutural, elas podem ser usadas para obtenção de energia em algumas situações (jejum prolongado). Mais precisamente, a energia química Exemplo Os carboidratos e os lipídios (Gorduras) serão usados principalmente para o fornecimento de energia, sendo, portanto, chamados de energéticos. As proteínas são utilizadas, principalmente, para o crescimento ou a manutenção da estrutura do organismo e, por isso, são chamadas de construtores. dos nutrientes é extraída em diferentes vias metabólicas e usada para formar uma molécula chamada adenosina trifosfato (ATP). Então, as atividades do corpo humano queprecisam de energia para ocorrerem não obtêm energia diretamente dos macronutrientes, mas da molécula de ATP produzida a partir da energia originalmente presente neles. Em grande parte do tempo, a maioria das células do corpo utiliza oxigênio nos processos de conversão (ex.: do nutriente para ATP) e utilização de energia (ex.: uso do ATP na contração muscular) e pode ser mensurada a partir do calor produzido nesses processos. Daí, o termo amplamente conhecido: caloria. Caloria é a quantidade de calor necessária para elevar um centímetro cúbico de água, um grau Celsius. Já quilocaloria (kcal) é o calor necessário para elevar a temperatura de um quilograma de água, um grau Celsius. Os macronutrientes fornecem energia, mas é preciso prestar atenção. As gorduras fornecem 9kcal por grama, enquanto os carboidratos/proteínas, em comparação, fornecem 4kcal por grama. Logo, uma dieta com maior teor de gordura tende a fornecer mais energia e, potencialmente, a promover maior ganho de peso. Sempre estamos gastando alguma energia, caso contrário, seria impossível manter-se vivo. Mesmo se você ficar por 24 horas na cama fazendo absolutamente nada, irá gastar cerca de 1.600kcal (cálculo considerado para uma pessoa com 70kg). Essa energia é utilizada pelo músculo cardíaco, pelos músculos da respiração, para o metabolismo celular normal e para a manutenção da temperatura corporal. A atividade física é o fator de maior efeito sobre as necessidades energéticas, por exemplo: caminhar gasta cerca de 5 calorias por minuto; uma corrida leve, cerca de 10 calorias por minuto; e uma corrida intensa, mais de 15 calorias por minuto. A energia fornecida pelos macronutrientes deve ser equivalente à energia gasta por dia. Observe que, nas 24 horas do dia, nosso organismo gasta calorias em diferentes coisas. Por exemplo, a maior parte da energia que gastamos durante determinado dia é para manter o funcionamento dos nossos órgãos, trata-se do metabolismo de repouso. Outra fonte de gasto é a energia direcionada para o exercício físico, ou seja, sempre que vamos treinar com o intuito de melhorar ou manter nossa capacidade física. Por fim, passamos parte de nosso dia nos movimentando em atividades que exigem contração muscular e não são exercícios físicos. Esse é o gasto que temos com as atividades da vida diária. Para que o peso e a composição corporal se mantenham, é preciso que a quantidade de alimento ingerido seja equivalente à de energia gasta. Aqui, fazemos referência a alguém com a composição corporal adequada e que, portanto, não quer nem perder gordura nem ganhar massa muscular. Ser inativo fisicamente é uma excelente forma de poupar calorias. Se isso for associado à prática atual de ingestão de alimentos calóricos, tem-se a condição ideal para o acúmulo de gordura corporal. Evidentemente, o organismo precisa de uma reserva de energia na forma de gordura, porém, Curiosidade Por incrível que pareça, pensar ativamente não irá aumentar suas necessidades energéticas, mas assim que você começa a se mover, o gasto energético corporal aumenta drasticamente. Assim, o gasto calórico pode ir de 1,2 calorias por minuto no repouso para mais de mais de 20 calorias por minuto durante um exercício físico intenso. condições como o sobrepeso e a obesidade caracterizam o armazenamento de quantidades excessivas de gorduras. O excesso de energia em forma de gordura, como no caso da obesidade, está associado a uma gama de doenças e a uma maior mortalidade. Assim, parte daquilo que Hipócrates dizia sobre a comida ser remédio não considerava que o consumo excessivo de alimentos poderia levar ao ganho de peso. Doenças associadas à obesidade. Nesse ponto, é importante conhecer um pouco mais sobre os nutrientes. Carboidratos Em todo o mundo e em diferentes culturas, os carboidratos constituem a principal fonte de energia. Esse macronutriente pode ser encontrado em forma simples ou complexa. Os carboidratos simples são os chamados açúcares, como glicose, frutose e sacarose. Os carboidratos complexos são encontrados nas batatas, no milho, no arroz e nos produtos de grãos, como pães e massas. Além de energia ― que, em geral, é apenas o que os açúcares oferecem ―, eles contêm nutrientes importantes e fibras. A seguir, vamos compreender melhor como funciona o processo de digestão dos carboidratos: Exemplo As frutas possuem carboidratos simples, em quantidades que não fazem mal à saúde, e também fornecem nutrientes importantes, como fibras, vitaminas e minerais. A digestão dos carboidratos complexos começa na boca, onde uma enzima, a amilase salivar, age para reduzi-los a carboidratos simples, ou seja, carboidratos complexos são agrupamentos de moléculas de carboidratos simples. Ao chegar no estômago, a digestão dos carboidratos é temporariamente interrompida, pois as enzimas que vieram da boca são inativadas pelas secreções de ácidos desse local. No intestino delgado, os amidos que tiveram sua digestão iniciada na boca e interrompida no estômago voltam a ser digeridos graças à outra enzima, a amilase pancreática. Acreditava-se que o tempo de digestão dos carboidratos estava relacionado à complexidade de sua estrutura, ou seja, os carboidratos complexos demorariam mais para serem processados em comparação aos carboidratos simples. Mas isso não é verdade. Alguns carboidratos complexos são absorvidos tão rapidamente quanto o açúcar de mesa. Então, de modo a ter segurança quanto ao comportamento dos carboidratos em termos de digestão/absorção, foi estabelecido o conceito de índice glicêmico (IG). Por fim, a parede dos intestinos possui enzimas que degradam as moléculas de carboidratos que ainda não tenham sido convertidas a carboidratos simples. Nesse contexto, a glicose e outras moléculas de açúcar são absorvidas na corrente sanguínea. O IG descreve a taxa de digestão dos carboidratos e seu efeito no aumento da concentração de glicose no sangue. Os alimentos que são rapidamente digeridos e causam aumento na glicemia apresentam um alto IG e incluem o açúcar, o mel, o milho, o pão branco, os cereais refinados e as batatas assadas. São alimentos de IG moderado: as massas, os pães integrais, o arroz, a aveia, o farelo e as ervilhas. Por fim, os feijões, as lentilhas e as frutas, como maçãs e pêssegos, são alimentos de baixo índice glicêmico. Mais especificamente, o IG quantifica o quanto a ingestão de determinado alimento eleva a glicemia no período pós-prandial. Como a quantidade de carboidratos não é a mesma para suas diferentes fontes, o IG foi definido como a área da curva do aumento da glicemia após a ingestão de 50g de um alimento no período de 2 horas (a partir da ingestão). A curva do alimento avaliado é comparada com a curva do alimento referência (glicose ou pão branco). Pão branco, Donuts, baguete, bolachas água e sal, waffles Arroz branco, batata cozida e em forma de purê, batata frita Melancia Cereal de milho 1 de 5 Saiba mais Os alimentos com alto IG, além de promoverem rápido aumento da glicose sanguínea, também viabilizam o aumento de insulina, o hormônio que reduz as concentrações circulantes de glicose. Por exemplo, quando o alimento referência for a glicose, valores de IG < 55 serão considerados baixos IG; caso o IG fique entre 56 e 69, será considerado médio; por fim, se o IG for > 70, será alto. Se o alimento referência for o pão branco, valores < 75 serão considerados de baixo IG e valores > 95 serão de alto IG. Após uma refeição, os açúcares absorvidos são captados pelo sangue, pelo coração, pelos músculos esqueléticos e pelo fígado. O miocárdio (Músculo do coração), que trabalha constantemente, utiliza toda a glicose que capta como fonte de energia, ao passo que a musculatura esquelética a estoca para, quando for necessário, aumentar seu uso de energia (movimento), assim, a glicose fica armazenada em forma de glicogênio muscular. O fígado é outro órgão que armazena a maior parte da glicose que recebe comoglicogênio hepático (Fígado). Observe que o glicogênio muscular, uma vez armazenado, só pode ser quebrado no próprio músculo, servindo de fonte de energia local. O glicogênio hepático, por sua vez, quando degradado, não servirá às necessidades do fígado, mas será quebrado para que suas moléculas de glicose constituintes mantenham a glicemia (o tecido nervoso e as hemácias possuem uma dependência constante do glicogênio). A seguir, podemos observar o processo de captação de glicose: Atenção! Pessoas com resistência à insulina (RI), uma condição normalmente associada ao sobrepeso, à hipertensão, à baixa lipoproteína de alta densidade (HDL), à concentração elevada de triacilgliceróis e de glicose (glicemia elevada), são aconselhadas a consumir alimentos de baixo IG. A RI está associada a doenças do coração, à obesidade, à doença vascular, à idade e à inatividade. A perda de peso e a prática regular de atividade física reduzem a RI. Captação de glicose insulinodependente pelo músculo esquelético. Como os carboidratos são importantes para as contrações musculares e não são armazenados em grandes quantidades, deve-se consumir um considerável porcentual do total calórico diário de carboidratos, principalmente, na forma de carboidratos complexos e com índice glicêmico baixo/moderado. Por isso, a recomendação para pessoas ativas e atletas é que cerca de 55% a 60% das calorias diárias totais ingeridas sejam oriundas de carboidratos. De modo geral, as pessoas consomem menos, cerca de 45% a 50% do total calórico diário. Outro motivo que aumenta a necessidade de se consumir adequadamente os carboidratos entre os que praticam atividade física é que esse macronutriente é mais usado à medida que a intensidade do esforço físico aumenta, ou seja, se seu estoque de glicogênio estiver baixo, você não conseguirá se exercitar adequadamente e irá experimentar a fadiga. Lipídios Os lipídios (óleos, gorduras) são a maneira mais eficiente de armazenar energia (carboidratos e proteínas oferecem 4kcal por grama e os lipídios oferecem 9kcal). Os lipídios são digeridos e absorvidos no intestino delgado. Então, eles viajam pelos vasos linfáticos até que, eventualmente, são jogados na circulação sistêmica. É importante destacar que, para que o transporte no sangue aconteça, os lipídios precisam estar unidos a proteínas, formando lipoproteínas. Um desses agregados de gordura e proteínas, chamado de quilomícron, transporta ácidos graxos para tecidos, como o adiposo e o muscular esquelético. Veja, na próxima imagem, a estrutura de uma lipoproteína. Estrutura da lipoproteína de baixa densidade (LDL)-colesterol. Os lipídios (ácidos graxos) absorvidos e não utilizados imediatamente são armazenados, principalmente, no tecido adiposo (pelo menos 50% se encontram no compartimento subcutâneo). Nesse caso, os lipídios constituirão a principal reserva de energia do corpo humano , sendo, muitas vezes, maior que as reservas de glicogênio muscular e hepático unidas. O aumento da intensidade de um esforço físico promove o uso crescente de carboidratos; já os lipídios são importantes nos exercícios de intensidade baixa e alta duração. Em termos energéticos, os lipídios tornam-se problemáticos quando armazenados em excesso na forma de triacilgliceróis no tecido adiposo. Além do papel energético, as gorduras são componentes das paredes celulares, vitais para o isolamento no sistema nervoso, para a formação de hormônios e para a proteção dos órgãos internos contra os choques. Os lipídios também intensificam o sabor da comida. O lado negativo é que são muito calóricos. Agora você entende por que o fast-food é tão delicioso e energético. Nesse sentido, o excesso de lipídios é uma causa importante de sobrepeso e obesidade e parece contribuir para: doença cardiovascular, hipertensão, diabetes, alguns tipos de câncer e outros problemas de saúde. Além disso, pesquisas têm indicado que a ingestão de lipídios é inversamente relacionada ao nível de atividade física que a pessoa pratica. Já mencionamos alguns tipos de lipídios neste conteúdo, veja a seguir. É preciso reforçar que esse macronutriente se apresenta em diversas formas. São exemplos o triacilglicerol e o colesterol. O triacilglicerol é formado por três moléculas de ácidos graxos e uma de glicerol, daí o nome. Os ácidos graxos que compõem os triacilglicerois podem ser: As duplas ligações dos ácidos graxos insaturados podem ser mais suscetíveis à oxidação, portanto, esses lipídios são recomendados sobre as gorduras saturadas, as quais facilitam a síntese de colesterol. As gorduras saturadas são encontradas nas carnes e nos produtos lácteos (derivados do leite). Os óleos tropicais de coco e palma são ditos por alguns como mais aterogênicos, assim como são os ácidos graxos que, originalmente, eram saudáveis, mas foram tornados mais aterogênicos por meio do processo de hidrogenação, como é o caso do óleo de soja. A hidrogenação elimina duplas ligações e cria as gorduras trans insalubres. Por isso, leia os rótulos dos alimentos! Para uma dieta saudável, recomenda-se que 20% a 35% das calorias diárias venham dos lipídios, sendo não mais que 10% na forma de ácidos saturados. Isso é muito menos que o total de calorias diárias que, normalmente, é consumido pelas pessoas em forma de gordura. Quanto ao colesterol, esse é um lipídio que pode ser obtido pela dieta ou ser sintetizado no fígado. Uma vez na corrente sanguínea, ele se une a outros lipídios, sendo transportados pelas lipoproteínas (ex.: lipoproteína de densidade muito baixa – VLDL). Depois de duas a seis horas, as enzimas teciduais removem a maioria do triacilglicerol da VLDL e, dada sua mudança de composição (proporção de lipídio para proteína), a VLDL passa a ser uma lipoproteína de baixa densidade ( LDL - Low Density Lipoprotein ). Tendo em vista seu tamanho e a alta concentração de colesterol, essa partícula de lipoproteína pode ser depositada na parede dos vasos, contribuindo para o processo de aterosclerose. Dessa forma, acredita-se que a LDL é um importante culpado pelo desenvolvimento da doença arterial coronariana. Portanto, à medida que as concentrações plasmáticas de LDL aumentam, o risco de doença do coração também aumenta. Saturados Insaturados Monoinsaturados Poli-insaturados Esquema do papel da LDL e HDL na formação da placa de ateroma. A boa notícia é que a lipoproteína de alta densidade ( HDL - High Density Lipoprotein) parece remover o colesterol das paredes das artérias, levando- o para o fígado, onde ele pode ser removido do corpo. Tem-se observado que esse bom colesterol tem suas concentrações circulantes inversamente relacionadas ao risco de doença do coração, o oposto do LDL. Assim, conforme as concentrações de HDL aumentam, o risco de doença arterial coronariana diminui. O estudo de Framingham, o maior estudo longitudinal do mundo e que é realizado em uma cidade inteira, observou que a HDL é o melhor preditor individual do risco de doença do coração. Para determinar o risco de ter esse tipo de doença, é preciso avaliar as concentrações de colesterol total, LDL e HDL. Além disso, a taxa de colesterol total para colesterol HDL parece ser uma das melhores maneiras de avaliar esse risco, daí a importância de fazer exames de sangue regularmente. A tabela a seguir representa os níveis de concentração de colesterol e os respectivos graus de risco. Tabela: Concentrações de colesterol e lipoproteínas e risco de doença cardiovascular. Adaptada de Shutterstock.com Proteínas Quando ingerimos proteínas de origem animal ou vegetal, suas grandes moléculas são clivadas (quebradas) em aminoácidos que são absorvidos. Os aminoácidos são os blocos construtores usados para formar as paredes celulares, o tecido muscular, os hormônios, as enzimas e outras moléculas. O sangue contém várias proteínas grandes: globulinas para formação de anticorpos, albumina para tamponamento e osmose, fibrinogênio paracoagulação e hemoglobina para transporte de oxigênio. Quanto ao treinamento físico, isto é, o exercício físico regular que leva ao desenvolvimento de adaptações, o aeróbico aumenta a produção de enzimas do metabolismo energético aeróbico, ao passo que o treinamento de força estimula a produção de proteínas contráteis dos músculos , chamadas actina e miosina. Portanto, não deve ser uma surpresa aprender sobre a importância das proteínas a fim de uma vida ativa. Para uma vida fisicamente ativa, recomenda-se que 15% a 35% das calorias diárias totais sejam obtidas em forma de proteínas. Porém, mais importante que a quantidade das proteínas, é a sua qualidade. Uma proteína de qualidade é rica em aminoácidos essenciais. Quando tais aminoácidos não estão presentes, o corpo é incapaz de construir as proteínas que precisam de tais aminoácidos em sua estrutura. Ainda que a proteína de origem animal seja melhor fonte de aminoácidos essenciais bem como de ferro e B12, uma combinação adequada de proteínas de origem vegetal pode atender às necessidades de tais aminoácidos. Se você pretende se tornar, ou já é vegetariano, esteja preparado para comer uma variedade de grãos, feijões e vegetais folhosos. As proteínas não são uma importante fonte de energia, tanto em repouso quanto durante o exercício físico e, raramente, fornecem mais que 5% ou 10% das necessidades energéticas. Contudo, quando uma pessoa treina com alto volume e intensidade, ou como se costuma dizer, treina pesado, ao mesmo tempo que faz uma dieta para perder peso, o corpo ativa mecanismos que passam a usar a proteína como energia. Então, para não perder tecido muscular e obter os benefícios propiciados pelo exercício físico regular, é importante consumir a quantidade/qualidade adequada de proteínas e a quantidade de energia diária. Exemplo O corpo utiliza a proteína muscular para que seja transformada em glicose no fígado, uma vez que é preciso manter a glicemia e a pessoa está consumindo pouco alimento. Quanto de proteínas é necessário? Já foi concluído que atletas de endurance (resistência), ou seja, aqueles que praticam atividades aeróbicas de alta intensidade e de longa duração, irão se beneficiar com a ingestão de 1,2-1,4 gramas de proteínas por quilo de peso. Note que esses valores estão bem acima do valor recomendado para adultos saudáveis e sedentários, que é de 0,8 grama por quilo de peso. Disponibilidade de energia Um limitado suprimento de glicose está disponível no sangue, mas é necessário para o cérebro e as células do sistema nervoso, sendo a principal fonte de energia para o tecido nervoso. A glicose é armazenada no fígado (80 gramas) e no músculo (15 gramas por quilograma de músculo) em forma de glicogênio. Se fosse possível usar todo esse glicogênio no exercício, ele forneceria cerca de 1.200kcal, o suficiente para correr 16,1 quilômetros. A gordura é a fonte mais abundante de energia no corpo. Um homem jovem com cerca de 12,5% de gordura corporal e uma mulher com 25% de gordura corporal terão cerca de 13,6 quilogramas de gordura. Uma vez que cada meio quilo de gordura tem cerca de 3.500kcal, 13,6 quilogramas de gordura irão fornecer 105.000kcal! Se você considerar que queima cerca de 100 calorias a cada 1,6 quilômetros de jogging, descobre que tem energia para correr 1.600 quilômetros. Portanto, a maioria das pessoas tem mais gordura corporal do que precisa, logo, seria benéfico queimar esse excesso por meio do exercício. Com isso, se você aumentar sua capacidade cardiorrespiratória (metabolismo aeróbio), elimina o problema do excesso e melhora sua saúde geral. Símbolo do infinito para lembrar que, considerando uma única sessão de exercício, a reserva de gordura pode ser considerada sem fim dado seu tamanho. Vitaminas Assim como os minerais, as vitaminas são chamadas de micronutrientes devido às pequenas quantidades diárias necessárias, se comparadas aos macronutrientes. Vitaminas e minerais exercem papéis essenciais no metabolismo e em outras funções importantes. Você pode estar se perguntando: por que as vitaminas, mesmo não sendo fontes de energia e sendo necessárias em quantidades mínimas, são consideradas essenciais para a vida? Em parte, a resposta está na estrutura de enzimas que são essenciais para o metabolismo celular. As enzimas são compostas por uma larga porção de proteína e uma coenzima. A forma da molécula de proteína determina o papel da enzima , enquanto a coenzima é a porção ativa da enzima que realiza uma tarefa específica. Por exemplo, a Vitamina B1 (tiamina) é uma coenzima que remove dióxido de carbono em uma via metabólica. Sem a vitamina (coezima), a via metabólica é interrompida, usualmente com o acúmulo de intermediários tóxicos. A falta de vitamina B1 leva ao beribéri, doença causada por deficiência dessa vitamina e caracterizada por fraqueza, perda de massa, dano nos nervos e até insuficiência cardíaca. Algumas vitaminas, suas fontes e respectivas funções no organismo. As vitaminas são classificadas conforme sua solubilidade em: Vitaminas lipossolúveis As vitaminas A, D, E e K possuem funções amplamente diferentes e são ingeridas junto aos lipídios presentes na dieta. Quantidades excessivas dessas vitaminas, acima da necessidade diária, são armazenadas no corpo, mas as megadoses são tóxicas (ex.: vitamina A). Como elas são estocadas, é menos provável que haja deficiência dessas vitaminas, a não ser nos casos de ingestão crônica de dieta com baixíssima quantidade de gordura. Vitaminas e saúde Vimos, na figura anterior, que as vitaminas realizam muitas funções essenciais para a vida e a saúde. Inclusive, estudos indicam que algumas vitaminas são importantes para a função ótima do sistema imunológico (SI). Para manter a saúde do SI, uma dieta bem balanceada deve conter: Betacaroteno (cenouras, batatas-doces) Estimula as células matadoras naturais (NK - Natural killers) que lutam contra as infecções. Vitamina B6 (batatas, castanhas, espinafre) Promove a proliferação de leucócitos (Células do SI). Folato (ervilha, salmão) Aumenta a atividade dos leucócitos. Vitamina E (grãos integrais, germe de trigo, óleos vegetais) Estimula a resposta imunológica. Os minerais selênio e zinco também auxiliam a resposta imunológica: Selênio (atum, ovos, grãos integrais) Promove ação contra bactérias patogênicas. Vitaminas hidrossolúveis As vitaminas do complexo B e a vitamina C são hidrossolúveis. O excesso dessas vitaminas é eliminado na urina, fazendo com que as deficiências sejam mais prováveis. Zinco (ovos, grãos integrais) Promove a cicatrização. O exercício físico regular aumenta a imunidade. Lembre-se da frase de Hipócrates sobre as forças naturais do próprio corpo, que eram a chave da cura! Além disso, algumas pesquisas têm sugerido que as vitaminas antioxidantes (Combatem radicais livres) C e E podem reduzir o risco de doença cardiovascular. Essa diminuição de risco se explicaria pela menor oxidação da partícula de LDL que, uma vez oxidada, deposita mais facilmente seu colesterol na parede dos vasos, promovendo o processo de aterosclerose. Quanto à forma de obter essas vitaminas antioxidantes, pesquisas sugerem que sua obtenção dos alimentos traz mais benefícios para o organismo do que quando são obtidas como suplementos. Vitaminas e desempenho físico Atletas estão inclinados a tomar qualquer coisa para aumentar seu desempenho. Há muitas soluções mágicas à venda na forma de alimento ou droga. As vitaminas, geralmente, são consumidas nessa perspectiva, além de serem consumidas também por milhões de pessoas que as tomam buscando saúde. Infelizmente, grande parte do dinheiro gasto com megadoses de vitaminas é jogado fora na urina sem que se perceba qualquer efeito no desempenho físico. Dessa maneira, aqueles que já tem uma dieta adequada em termos de vitaminas não terão benefícios de desempenho ou de saúde. Vale destacar, porém, que existem pessoas que não conseguem obter vitaminas de modo adequado por meioda alimentação. Além disso, há pessoas que estão submetidas a intenso estresse físico, como militares em treinamento e atletas que realizam muitos treinamentos e muitas competições. Pessoas com doenças crônicas, como obesidade e diabetes, também podem precisar de quantidades maiores de determinadas vitaminas. Investigações estão sendo feitas para determinar o quanto essas populações especiais podem se beneficiar de quantidades extras de vitaminas. Minerais Você já se perguntou o porquê de o corpo precisar de ferro, zinco, magnésio e mesmo crômio, mas não precisar de chumbo? Os minerais são importantes para as enzimas, a atividade celular, alguns hormônios, os ossos, os músculos, a atividade nervosa e o equilíbrio acidobásico. Alguns são necessários em pequenas quantidades diárias (menos de 100 miligramas), enquanto precisamos mais de outros. Os minerais estão presentes em muitas fontes alimentares, mas suas concentrações são mais altas em tecidos e produtos de origem animal, como podemos observar na figura a seguir. Os minerais, de modo similar às vitaminas, estão prontamente disponíveis em uma dieta bem balanceada, caracterizada por uma variedade de alimentos. Os problemas surgem quando uma pessoa decide cortar algum alimento de sua dieta, como as carnes. Minerais e alimentos fonte. Os minerais são essenciais para a saúde e o desempenho, mas a suplementação além do que é recomendado é desnecessária e pode causar efeitos colaterais. O excesso de alguns minerais não gera danos, enquanto outros podem causar problemas, incluindo diarreia (magnésio, zinco), pressão alta (sódio) ou cirrose (ferro). Ferro Este mineral é particularmente importante para os indivíduos ativos de ambos os sexos. Muito do ferro absorvido no sangue vai para a produção da hemoglobina, o componente dos glóbulos vermelhos que transporta oxigênio dos pulmões para todo o corpo. O ferro também é utilizado na mioglobina (Hemoglobina no músculo) para transportar e armazenar oxigênio, além de ser importante para as enzimas do metabolismo. As pessoas com deficiência de ferro apresentam risco de anemia e baixo desempenho de endurance (Resistência física). Devido ao fato de apenas 10% a 20% do ferro dos alimentos ser absorvido na corrente sanguínea, os atletas devem tomar 10 vezes a quantidade de ferro necessária. Carnes magras são uma fonte rica de ferro, sendo o ferro presente nelas mais prontamente absorvido que o de outras fontes. As mulheres perdem sangue e ferro durante a menstruação e todos os indivíduos fisicamente ativos estão sujeitos à perda de ferro e absorção intestinal durante o treinamento intenso. Carnes, uvas passas, feijões, ameixas e damascos são boas fontes de ferro. Se você está preocupado com seus níveis de ferro, consulte um médico ou um nutricionista antes de consumir um suplemento que forneça mais ferro que a quantidade diária recomendada. Cálcio Este é o principal componente dos ossos e dentes. Está envolvido na contração muscular, transmissão nervosa, coagulação sanguínea e atividade enzimática. Considerando um estilo de vida ativo, o cálcio é muito importante devido à relação com a osteoporose. A ingestão de cálcio e os exercícios nos quais se suporta o peso corporal ou sobrecargas, como a corrida e a musculação, ajudam a tornar mais lenta a inevitável perda que ocorre com a idade. Após a menopausa, quando as concentrações de estrogênios (Hormônios femininos) caem, a mulher perde densidade óssea numa taxa mais rápida que antes da menopausa. Paradoxalmente, mulheres jovens que praticam exercícios de forma exagerada combinado à perda de peso, à ingestão inadequada de cálcio e ao estresse sofrem, algumas vezes, interferências no ciclo menstrual normal. Tais mudanças parecem causar diminuição no efeito protetor que os estrogênios exercem sobre os ossos, causando redução da densidade óssea e risco de fraturas por estresse. Redução na intensidade ou no volume de treinamento, ganho de peso e ingestão aumentada de cálcio interrompem a perda óssea, mas não se tem certeza de que as mulheres jovens poderão recuperar toda a densidade perdida. Zinco O zinco tem recebido atenção devido a seu papel no crescimento, no reparo tecidual e na formação de células vermelhas do sangue (Hemácias). Ele pode ser encontrado em produtos de grãos integrais. Fluidos Além de energia e outros nutrientes, o corpo tem necessidade de amplo suprimento de água. Cerca de metade do peso corporal é devida à água que se encontra nas células e nos fluidos como sangue, linfa, saliva, lágrimas, glândulas e trato gastrointestinal. A água serve para transportar nutrientes, gases, produtos do metabolismo celular que precisam ser eliminados, hormônios, anticorpos e calor. No sangue, a água que o constitui está envolvida no equilíbrio ácido-base. Ela lubrifica a superfície e as membranas e serve como principal forma de manter a temperatura corporal por meio da sudorese e evaporação do suor. Porcentual de água de diferentes órgãos e tecidos do corpo humano. Uma pessoa sedentária necessita de cerca de 2,5 litros de água por dia para repor as perdas que acontecem na urina, nas fezes, na pele e no vapor exalado pelos pulmões. Durante a prática de exercícios em ambientes quentes, a perda de suor pode chegar a 1 litro por hora, podendo exceder a taxa de 2 litros por hora. A falha em repor esse líquido leva ao comprometimento do desempenho, à desidratação e às doenças do calor, que vão de cãibras e exaustão até intermação, condição que tem potencial de causar óbito. Guia alimentar O Guia Alimentar para a População Brasileira, publicado em 2006, apresenta detalhadamente informações importantes para a melhoria da alimentação da população brasileira. Ao longo dos anos, a alimentação dos brasileiros sofreu grandes modificações, o que, por sua vez, contribuiu para o aumento do sobrepeso e da obesidade, bem como das suas comorbidades. Dessa forma, o guia permite compreender a alimentação do brasileiro e propor mudanças com enfoque na nossa cultura e aspectos sociais. Trata-se de documento oficial que aborda os princípios e as recomendações para uma alimentação adequada e saudável da população brasileira, reforçando o compromisso do Ministério da Saúde de contribuir para o desenvolvimento de estratégias que visem à promoção e à realização do direito humano à alimentação adequada. Nesse sentido, é fundamental conhecer os dez passos para a alimentação saudável que contribuirão para a melhoria da alimentação da população brasileira. São eles: Passo 1 F l 3 f i õ Passo 2 I l di i t 6 õ Passo 3 C di i t l Passo 4 C f ijã t d Alimentação saudável e saúde O especialista Frank Bacurau fala sobre o conceito de alimentação saudável e dá exemplos práticos de como fazê-la no dia a dia. Faça pelo menos 3 refeições e 2 lanches saudáveis por dia. Não pule as refeições. Inclua diariamente 6 porções do grupo do cereais, tubérculos — como as batatas — e raízes — como a mandioca — nas refeições. Dê preferência aos grãos integrais. Coma diariamente pelo menos 3 porções de legumes e verduras como parte das refeições e 3 porções ou mais de frutas. Coma feijão com arroz todos os dias ou, pelo menos, 5 vezes por semana. Vamos praticar alguns conceitos? Falta pouco para atingir seus objetivos. Questão 1 O índice glicêmico é uma ferramenta para determinar A quanta insulina é liberada após uma refeição. B se um alimento é boa fonte de carboidratos complexos. C se determinado alimento contém mais carboidratos simples. D a glicemia em jejum. E o quanto a ingestão de determinado alimento aumenta a glicemia. Responder Questão 2 Dado o papel das vitaminas no metabolismo energético, é possível dizer que 2 Exercício físico é saúde Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer a atividade física e o exercício físico como práticas regulares para prevenção de doenças e manutenção da saúde A quanto mais vitaminas forem consumidas, melhor será o funcionamentodo metabolismo. B sua carência não afetará o metabolismo energético. C enzimas precisam de uma quantidade de vitaminas que seja suficiente para sua ação. D atuam predominantemente no metabolismo energético anaeróbio. E atuam predominantemente no metabolismo energético aeróbio. Responder Hábitos de vida saudáveis O filósofo, ensaísta e escritor François-Marie Arouet (1694-1788), mais conhecido como Voltaire, teria dito: “Se quiser conversar comigo, defina seus termos”. Nesse sentido, precisamos esclarecer termos como: atividade física, exercício físico e aptidão física. Atividade física é definida como qualquer movimento produzido pelos músculos esqueléticos que resulte em gasto de energia. Exercício físico, por sua vez, é um subcomponente da atividade física cuja definição é “atividade física planejada, estruturada, repetitiva e proposital no sentido que melhora ou mantém um ou mais componentes da aptidão física”. Aptidão física é um atributo que as pessoas possuem ou conquistam, de modo que estar fisicamente apto é ter a capacidade de realizar as atividades da vida diária com vigor e prontidão, sem sentir fadiga demasiada e com ampla energia para desfrutar das atividades de lazer ou atender às situações inesperadas. Atividade física e exercício físico. Toda atividade que gasta energia é uma atividade física, incluindo-se aquelas feitas para aumentar a condição física, que são chamadas de exercício físico. Há alguns anos, pesquisadores norte-americanos listaram uma série de comportamentos associados com saúde e longevidade. Entre esses hábitos, estão: Praticar exercícios regularmente Dormir o su�ciente Fazer um bom desjejum Fazer refeições regulares Controlar o peso corporal Abster-se de tabaco e drogas Usar moderadamente ou abster-se de álcool Quando esses hábitos foram estabelecidos, estimou-se que eles poderiam acrescentar 11 anos de vida para os homens e 7 anos de vida para as mulheres. Prática regular de exercícios Todos os anos, no mundo inteiro, milhões de pessoas morrem devido às consequências de um estilo de vida sedentário. A falta de exercícios é um importante fator de risco para hipertensão, colesterol alto, doenças cardíacas e tabagismo. A ideia de que ser fisicamente ativo traz benefícios para a saúde é antiga. Os chineses possuíam sistemas de ginástica há séculos. Em Roma, há mais de 1.500 anos, um médico galeno prescreveu o exercício para a manutenção da saúde. Dessa forma, as referências dos exercícios para a saúde são vistas ao longo da história, empiricamente, a partir de observações populacionais. Atualmente, são inúmeras as referências científicas sobre os efeitos do exercício na saúde. Além disso, diversos estudos científicos indicam que a redução da prática de atividades físicas nas sociedades industrializadas parece contribuir substancialmente para o aumento de doenças crônico- degenerativas. Benefícios do exercício aeróbico. Atividade física e risco de doença arterial coronariana Apesar do progresso quanto ao conhecimento relativo à doença arterial coronariana (DAC), ela continua sendo um importante fator de mortalidade em diversos países ocidentais. Ainda que um ataque do coração ou um acidente vascular cerebral ocorram subitamente, esses eventos resultam de um processo chamado de aterosclerose, que estreita as artérias e restringe o fluxo de sangue para o coração, conforme a imagem a seguir. Processo temporal da formação da placa de ateroma. Evidentemente, a aterosclerose desenvolve-se ao longo de anos. Esse processo tem início durante a infância e pode ser acelerado por alguns fatores de risco. Desde a década de 1990, a Associação Americana do Coração elevou o sedentarismo como um fator de risco primário para doença arterial coronariana, ao lado do tabagismo, da hipertensão e do colesterol alto. A aterosclerose pode ser iniciada pela inflamação da camada da artéria coronária, uma resposta protetora a uma lesão ou a uma infecção no local. Em seguida, concentrações elevadas de lipídios no sangue penetram o local lesionado, promovendo o depósito de tal material na artéria. Fatores, como tabagismo, são capazes de acelerar a deposição da gordura, pois seus componentes químicos podem oxidar essas gorduras. A partir disso, a placa cresce até bloquear totalmente a passagem de sangue. À medida que o calibre da artéria diminui o fluxo sanguíneo, a pessoa cuja artéria está comprometida pode experimentar uma dor no peito durante o exercício devido ao aumento dos batimentos cardíacos. Algumas placas formadas são rígidas e outras moles. Estas últimas podem ter pedaços desprendidos, chamados de coágulos. Uma vez liberados, os coágulos circulam até entupir um vaso menor, seja do coração ou de outro local. A região bloqueada determinará o tipo de lesão ― infarto ou acidente vascular cerebral ― bem como seu impacto na saúde da pessoa. Em 1954, um estudo que se tornaria mundialmente conhecido foi publicado. Ele comparou a incidência de DAC entre motoristas de ônibus de dois andares, em Londres, e cobradores. Estes últimos eram mais ativos, pois passavam toda a jornada de trabalho percorrendo o ônibus para cobrar as passagens e, como resultado, observou-se neles uma mortalidade por DAC 30% menor que a dos motoristas. Outro ponto observado é que a doença aparecia primeiro nos motoristas e sua mortalidade era quase duas vezes mais alta após o primeiro ataque do coração. Ônibus londrino que serviu de palco de um dos estudos mais famosos sobre o efeito do sedentarismo na DAC. As evidências dos efeitos do exercício são indiscutíveis e os benefícios de ser fisicamente ativo superam em muito os riscos de realizar exercícios na maioria dos adultos. Nesse sentido, um programa de atividade física completo deve incluir exercícios cardiorrespiratórios, de força e flexibilidade. Você pode estar se perguntando: Quanto de exercício deve ser feito? No caso dos exercícios cardiorrespiratórios (aeróbicos), a maioria dos adultos deve realizar atividades de intensidade moderada por ≥ 30 minutos por dia em uma frequência de ≥ 5 dias por semana, resultando em um total de ≥ 150 minutos por semana. Esses indivíduos podem também realizar exercícios aeróbicos de alta intensidade por ≥ 20 minutos por dia com uma frequência de ≥ 3 dias por semana, totalizando ≥ 75 minutos por semana. Pelo menos em 2 a 3 dias por semana, adultos devem realizar também exercícios de força (musculação) para cada um dos principais grupos musculares, assim como exercícios que envolvam equilíbrio, agilidade e coordenação. Quanto aos exercícios de flexibilidade, eles devem ser realizados nas principais articulações, completando séries, pelo menos, duas vezes por semana. Mecanismos cardioprotetores do exercício A atividade física e o condicionamento físico estão associados ao baixo risco de DAC, pois o exercício irá adaptar os componentes do sistema cardiovascular. Atenção! Essas são recomendações gerais que devem ser adaptadas à condição física dos indivíduos, aos seus objetivos e as suas necessidades. Supondo que isso seja feito, a prática de exercícios irá promover uma mudança positiva no organismo do praticante. Além disso, as alterações metabólicas com a prática regular de exercícios aumentam a eficiência do coração. Desse modo, com menor concentração de catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) é possível aumentar a força de cada batimento. Isso significa que o coração treinado faz o mesmo trabalho de quando era sedentário, consumindo, porém, menos oxigênio, o que é um fator de proteção. É interessante destacar que, se o coração bombeia mais sangue por batimento, ele não precisa bater tantas vezes por minutos. Logo, uma adaptação desenvolvida quando se realiza treinamento aeróbico é a chamada bradicardia de repouso. O coração também pode crescer com o treinamento aeróbico, mas não há que se preocupar, uma vez que se trata de um tipo de hipertrofia fisiológica, o que é saudável. Como mencionado, um