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Livro - Teoria e Fundamentos do Voleibol.pdf TEORIA E FUNDAMENTOS DO VOLEIBOL Tatiana Sviesk Moreira Tatiana Ribas da Silva E d u ca çã o T E O R IA E F U N D A M E N T O S D O V O L E IB O L Ta tia na R ib as d a Si lv a Ta tia na S vi es k M or ei ra Esta obra oferece subsídios teóricos para que o aluno contextualize o voleibol em suas diferentes formas e manifestações, observando os principais elementos que influenciam o processo ensino-aprendizagem, o treinamento e também as possíveis aplicações no âmbito do lazer. O vôlei de praia, voleibol sentado e o minobol (voleibol adaptado para a terceira idade) são apresentados visando ampliar as referências dos profissionais de educação física, atentando para diferentes nichos de atuação profissional e para as novas demandas que envolvem os diferentes públicos a serem atendidos. Com o respaldo do livro, o aluno deverá: 1) conhecer o voleibol e suas regras; 2) descrever, realizar e avaliar os fundamentos técnicos; 3) dominar as principais metodologias para ensiná-las de maneira didática e eficiente; 4) aprender as formações táticas e sistemas de jogo; 5) conhecer as principais capacidades físicas a serem desenvolvidas para o desempenho no jogo de voleibol, bem como as principais lesões e como se deve pensar o treinamento no sentido da prevenção. Curitiba 2021 Teoria e Fundamentos do Voleibol Tatiana Sviesk Moreira Tatiana Ribas da Silva Ficha Catalográfica elaborada pela Editora Fael. S586t Moreira, Tatiana Sviesk Teoria e fundamentos do voleibol / Tatiana Sviesk Moreira, Tatiana Ribas da Silva. – Curitiba: Fael, 2021. 246 p. : il. ISBN 978-65-86557-91-6 1. Voleibol I. Silva, Tatiana Ribas da II. Título CDD 796.325 Direitos desta edição reservados à Fael. É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael. FAEL Direção Acadêmica Francisco Carlos Sardo Coordenação Editorial Angela Krainski Dallabona Revisão Editora Coletânea Projeto Gráfico Sandro Niemicz Imagem da Capa Stock.adobe.com/103tnn Arte-Final Hélida Garcia Fraga Sumário Carta ao Aluno | 5 1. Histórico do voleibol: criação, trajetória e evolução | 7 2. A dinâmica do jogo de voleibol: regras atualizadas e noções de arbitragem | 33 3. O ensino do voleibol: aspectos didáticos e metodológicos | 61 4. A técnica no voleibol: fundamentos que compõem um rally | 79 5. Tática no voleibol: sistemas de jogo e formações | 107 6. Capacidades físicas: fatores impactantes no rendimento e na profilaxia na preparação física para o voleibol | 131 7. Vôlei de Praia: histórico, características e especificidade | 153 8. Voleibol sentado: (re)significando a inclusão | 171 9. Minivoleibol | 187 10. Minobol: Voleibol adaptado para a terceira idade | 211 Gabarito | 223 Referências | 237 Prezado(a) aluno(a), Esta obra foi sistematizada para contribuir com a formação do profissional que atuará com o voleibol em algum momento de sua carreira. O voleibol é uma das modalidades esportivas mais praticadas no Brasil. Além de colecionar resultados expressivos nas competições de renome internacional, o “vôlei” é bastante praticado no âmbito educacional, do lazer, da saúde, da reabi- litação, dentre outros. Considerando tal representatividade, a obra tem o objetivo de oferecer subsídios teóricos para que o educando contextualize o voleibol nas diferentes realidades em que ele possa se manifestar, conheça os fundamentos técnicos e a dinâmica do jogo de voleibol, conheça os principais métodos de ensino e aplique-os de maneira profissional, responsável e efi- Carta ao Aluno – 6 – Teoria e Fundamentos do Voleibol ciente nos diferentes estágios de aprendizado. Visando ampliar as possi- bilidades de atuação profissional e democratizar a prática do voleibol, o livro também aborda o vôlei de praia (modalidade de destaque no cenário brasileiro), o voleibol sentado (para pessoas com deficiência) e o minobol (adaptado para a terceira idade). 1 Histórico do voleibol: criação, trajetória e evolução Este capítulo tem como objetivo principal proporcionar ao futuro profissional o entendimento acerca das principais questões históricas e culturais do voleibol que fundamentam a concepção dessa modalidade esportiva enquanto uma das mais praticadas e consumidas no Brasil e no mundo. Para tanto, inicialmente, será abordado o contexto específico da idealização do voleibol. Em um segundo momento, serão focalizadas as motivações e as formas pelas quais ele se propagou pelo mundo. A posteriori, evidenciaremos a sua institucionalização e as alterações ocorri- das em seu formato ao longo do tempo. Para finalizar, trataremos da trajetória histórica do voleibol no Brasil. A partir do entendimento da trajetória histórica dessa moda- lidade esportiva e das características a ela atribuídas a partir da sua popularização, profissionalização e espetacularização (MARCHI JR., 2004), visa-se entender minimamente o estágio de desenvolvimento da modalidade tanto em âmbito nacional quanto internacional. Avalia-se necessário o conhecimento sobre os aspectos históricos e culturais do voleibol, pois é a partir desta base que se torna possível localizar e entender as suas variadas Teoria e Fundamentos do Voleibol – 8 – formas de manifestações na sociedade, desde o alto rendimento até o lazer, e, por consequência, tem-se uma visão mais apurada sobre os nichos de trabalho nos quais o profissional poderá se inserir. 1.1 Origem e criação do voleibol O voleibol, inicialmente denominado Minonette, foi criado no inverno de 1895 por Willian George Morgan, então diretor de educação física da YMCA (Associação Cristã de Moços) da cidade de Holyoke, em Massachusetts nos Estados Unidos. Incentivado pelas demandas apresen- tadas pelo pastor Lawrence Rinder, Morgan criou um jogo com intuito de proporcionar aos senhores com faixa etária entre 40 e 50 anos uma modalidade esportiva mais prazerosa do que a ginástica calistênica, com menor contato e esforço físico que o basquetebol – que já era bastante praticado até então – e que também pudesse ser praticada em ambiente fechado devido às condições climáticas desfavoráveis às práticas ao ar livre (BIZZOCCHI, 2004; BOJIKIAN, 1999; GUILHERME, 1979; MARCHI JR., 2004). Em seu formato inicial, o jogo de Minonette era disputado com a câmara da bola de basquetebol rebatida por cima de uma rede semelhante à de tênis posta a aproximadamente 1,90 metro de altura e acabava em nove pontos. A quadra do novo jogo media 15,35 metros de comprimento e 7,625 metros de largura. Não existia quantidade específica de jogadores em quadra e o rodízio era feito de maneira livre, contanto que respeitas- sem a ordem de saque. O saque era realizado com um dos pés do joga- dor sobre a linha de fundo da quadra (BOJIKIAN, 1999; GUILHERME, 1979; MARCHI JR., 2004). A bola de basquetebol era considerada muito pesada e, com o tempo, a câmara da bola passou a ser considerada muito leve para a prática. Portanto, Willian Morgan pediu à empresa A. G. Spalding & Brothers para que confeccionasse uma bola mais apropriada para as par- tidas da modalidade esportiva emergente. Tratava-se de uma câmara de borracha coberta com couro de cor clara, semelhante à que é utilizada para a prática do voleibol. – 9 – Histórico do voleibol: criação, trajetória e evolução A prática esportiva recreacional do Minonette, introdutoriamente res- trita à cidade de Holyoke, foi apresentada durante a Conferência de Dire- tores de Educação Física na atual Universidade de Springfield por duas equipes compostas por cinco praticantes, cada qual a convite de Willian Morgan. Na ocasião, a nova modalidade esportiva obteve aceitação e, por- tanto, passou a ser disseminada para as demais ACMs de Massachusetts e da Nova Inglaterra. Observou-se também a sua prática em playgrounds, nas praias, estações de veraneio, etc. Em adição, após a referida apre- sentação, sugeriu-se a mudança do nome de Minonette para Volleyball, referindo-se à característica de um jogo que mantém a bola em constante voleio (BIZZOCHI, 2004; MARCHI JR., 2004). Embora a aceitação da nova modalidade tenha se dado logo que intro- duzida nas ACMs de Massachusetts, a divulgação do voleibol foi inci- piente se comparada à do basquetebol. O basquetebol havia sido criado por James Naismith, ex-professor de Morgan, há poucos anos antes do advento do Minonette e abarcara todo o território norte-americano, tor- nando-se preferência do público juntamente do futebol americano e do beisebol (MARCHI JR., 2004). Entretanto, no ano de 1915, foi sancio- nada uma resolução de ordem governamental que instituiu a prática do voleibol nos programas de educação física das escolas norte-americanas. Esse fator impulsionou consideravelmente a nova modalidade ao divulgá- -la por todo o país (BIZZOCHI, 2004). Com a prática do voleibol no interior das ACMs e posterior incorpo- ração na educação física escolar norte-americana, a modalidade passa a se tornar conhecida e, gradativamente, a se institucionalizar. No ano de 1922, foi realizado o primeiro Campeonato Nacional de Voleibol entre as ACMs que contou com a adesão de 27 núcleos e 11 estados norte-americanos. Em 1928, foi criada a Associação de Voleibol dos Estados Unidos, com 22 associações afiliadas. O primeiro presidente foi George J. Fisher. Seu mandato durou 24 anos (BIZZOCHI, 2004). Em 1946, a Nacional Recreation Associations (NRA) considerou o voleibol o quinto esporte mais praticado nos EUA com 5 milhões de participantes e cerca de 1.210 cidades associadas à NRA. Ademais, foi considerada também a segunda modalidade esportiva mais prati- Teoria e Fundamentos do Voleibol – 10 – cada pelas tropas norte-americanas durante a Segunda Guerra Mundial (BIZZOCHI, 2004). Figura 1.1 – Núcleos internacionais da ACM e ano de chegada do voleibol em alguns locais do mundo Canadá (1900) Cuba (1905)México(1917) Porto Rico (1912) Peru (1910) Brasil (1915 ou 1916) Uruguai e Argentina (1912) Europa (1916) China (1912) Japão (1912) Filipinas (1908) Fonte: adaptada de Bizzochi (2004), com elementos de Stock.adobe.com/Al Kautsar Graphics Marchi Jr. (2004, p. 82) ressalta algumas particularidades interessan- tes da origem do voleibol. A primeira delas é que a modalidade esportiva em pauta foi criada para atender a anseios específicos dos “homens de negócio” da elite clubística cristã norte-americana. Posteriormente, e não necessariamente de acordo com a motivação de origem, adentrou os muros da escola e serviu de passatempo para os soldados. Tais fatores contribu- íram fortemente para a popularização do voleibol nos Estados Unidos, e, a posteriori, nos outros países do mundo como poderemos identificar no subcapítulo que se segue. 1.2 A propagação do voleibol pelo mundo Ao transcender a finalidade primeira da prática clubística recreativa para a abordagem educacional preconizada pelos programas de educação física escolar e a incorporação dos soldados nas suas atividades de lazer, o Teoria e Fundamentos do Voleibol – 12 – 1915 no Colégio Marista em Recife, Pernambuco, e a segunda aponta que a primeira aparição da modalidade esportiva em voga ocorreu em 1916 na ACM de São Paulo. O primeiro campeonato brasileiro ocorreu em 1944 (BIZZOCHI, 2004, p. 6). A Confederação Sul-Americana de Voleibol foi criada em 1946 no Brasil, a sede mudou em 1960 e, a partir de então, passou-se a obedecer ao critério de mudança a cada biênio. Em 1955, o voleibol ingressou nos Jogos Pan-Americanos sediados no México (BIZZOCHI, 2004, p. 7). O voleibol chega na Europa no ano de 1916 por meio das práticas recreativas das forças armadas que desembarcaram para a Primeira Guerra Mundial. O voleibol foi praticado inicialmente na Rússia, na Checoslo- váquia e nos Países Bálticos. Em 1948, foi sediado na Itália, em Roma, o primeiro campeonato europeu (BIZZOCHI, 2004, p. 7). Enquanto era praticado nas ACMs e no interior da escola, o voleibol sofria o estigma de ser uma modalidade esportiva destinada a mulheres e pessoas de meia-idade. A partir da Segunda Guerra Mundial, com a prá- tica dos soldados, passou-se a enxergar o voleibol como um esporte dinâ- mico e apropriado para pessoas com grande vigor e boas condições físicas (BIZZOCHI, 2004). A Confederação Internacional de Voleibol foi fundada em 1947 na cidade de Paris, na França. Em 1949, foi realizado o primeiro Campeo- nato Mundial de Voleibol Masculino em Praga, na Checoslováquia. Já no feminino, a primeira competição mundial ocorreu em 1955, em Moscou, ex-União Soviética (BIZZOCHI, 2004). No Brasil, a institucionalização do voleibol ocorreu com a criação da Confederação Brasileira de Voleibol no ano de 1954. Antes disso, o voleibol era regido pela Confederação Bra- sileira de Desportos juntamente de outras modalidades esportivas. A criação das federações e da confederação – institucionalização – fez com que os interessados no desenvolvimento da modalidade tivessem mais força para elaborar e aplicar estratégias para ascender o voleibol nos estados, países, continentes e no rol mundial das modalidades esportivas. A realização de campeonatos, a criação de entidades voltadas ao voleibol e a regulamentação/constante revisão das regras oficiais por esses órgãos podem ser destacadas, nesse primeiro momento, como medidas efetivas 01_Teor_Fund_Volei.indd 1201_Teor_Fund_Volei.indd 12 21/02/2022 17:20:3121/02/2022 17:20:31 Teoria e Fundamentos do Voleibol – 12 – 1915 no Colégio Marista em Recife, Pernambuco, e a segunda aponta que a primeira aparição da modalidade esportiva em voga ocorreu em 1916 na ACM de São Paulo. O primeiro campeonato brasileiro ocorreu em 1944 (BIZZOCHI, 2004, p. 6). A Confederação Sul-Americana de Voleibol foi criada em 1946 no Brasil, a sede mudou em 1960 e, a partir de então, passou-se a obedecer ao critério de mudança a cada biênio. Em 1955, o voleibol ingressou nos Jogos Pan-Americanos sediados no México (BIZZOCHI, 2004, p. 7). O voleibol chega na Europa no ano de 1916 por meio das práticas recreativas das forças armadas que desembarcaram para a Primeira Guerra Mundial. O voleibol foi praticado inicialmente na Rússia, na Checoslo- váquia e nos Países Bálticos. Em 1948, foi sediado na Itália, em Roma, o primeiro campeonato europeu (BIZZOCHI, 2004, p. 7). Enquanto era praticado nas ACMs e no interior da escola, o voleibol sofria o estigma de ser uma modalidade esportiva destinada a mulheres e pessoas de meia-idade. A partir da Segunda Guerra Mundial, com a prá- tica dos soldados, passou-se a enxergar o voleibol como um esporte dinâ- mico e apropriado para pessoas com grande vigor e boas condições físicas (BIZZOCHI, 2004). A Confederação Internacional de Voleibol foi fundada em 1947 na cidade de Paris, na França. Em 1949, foi realizado o primeiro Campeo- nato Mundial de Voleibol Masculino em Praga, na Checoslováquia. Já no feminino, a primeira competição mundial ocorreu em 1955, em Moscou, ex-União Soviética (BIZZOCHI, 2004). No Brasil, a institucionalização do voleibol ocorreu com a criação da Confederação Brasileira de Voleibol no ano de 1959. Antes disso, o voleibol era regido pela Confederação Bra- sileira de Desportos juntamente de outras modalidades esportivas. A criação das federações e da confederação – institucionalização – fez com que os interessados no desenvolvimento da modalidade tivessem mais força para elaborar e aplicar estratégias para ascender o voleibol nos estados, países, continentes e no rol mundial das modalidades esportivas. A realização de campeonatos, a criação de entidades voltadas ao voleibol e a regulamentação/constante revisão das regras oficiais por esses órgãos podem ser destacadas, nesse primeiro momento, como medidas efetivas – 13 – Histórico do voleibol: criação, trajetória e evolução de alavancar a modalidade. Na década de 1960, o voleibol foi considerado o terceiro esporte coletivo mais praticado no mundo. A legitimação do voleibol como modalidade esportiva olímpica no ano de 1962, após uma apresentação prática do jogo durante o Congresso do Comitê Olímpico Internacional, realizado na Bulgária, configura-se como um marco na sua trajetória histórica. O voleibol estreou nos Jogos Olímpicos de Tóquio no ano de 1964, contando com dez equipes mascu- linas e seis femininas. A partir dessa primeira aparição nos naipes mascu- lino e feminino no maior evento mundial do esporte, o voleibol passou a ser fortemente impulsionado nos continentes, e os campeonatos passaram a contar com maior número de adeptos. Concomitantemente, passa-se a ter maior preocupação com o aprimoramento técnico e tático das equipes (BIZOCCHI, 2004, p. 8-9). O intercâmbio internacional de competições paulatinamente assinalou escolas do voleibol, das quais se pode destacar a europeia e a dos países socialistas que apresentavam um voleibol caracterizado pela eficiência téc- nica e qualidade física que atribuiu o reconhecimento como a escola do “Voleibol-força” (URSS, Polônia, Bulgária, Tchecoslováquia, Alemanha Oriental e Romênia). A escola asiática também merece ser mencionada pelo conjunto atribuído à homogeneidade dos atletas dotados de excelente movimentação defensiva (Japão, China e Coréia do Sul). A ofensividade e o envolvimento emocional dos atletas latino-americanos também podem ser citados nesse contexto (Cuba, Brasil, Argentina, Venezuela e República Dominicana) (MARCHI JR., 2004). Na atualidade, evidencia-se um estilo mesclado que comporta velocidade, força e versatilidade. Dentre as sele- ções que possuem essas características, destacam-se: “Itália, Iugoslávia, Brasil, Estados Unidos, Holanda e Espanha” (MARCHI JR., 2004, p. 88). As competições de renome internacional, dentre as quais se desta- cam os Jogos Olímpicos por sua magnitude e expressividade, propicia- ram que as escolas do voleibol – estilos de jogo, métodos de treinamento, filosofias de trabalho – se estudassem e fossem estudadas, aprimoradas e incorporadas pelas seleções de acordo com as suas características. Dessa maneira, a competitividade elevou-se paralelamente ao desenvolvimento científico da modalidade. Teoria e Fundamentos do Voleibol – 14 – 1.3 Alterações no formato do voleibol ao longo dos anos: evolução nas regras Neste subitem, serão abordadas, de maneira objetiva, as principais modificações nas regras do voleibol ao longo do tempo com base na refe- rência das regras oficiais da FIVB sistematizadas por Bojikian (2004), Vicari, Vermelho e Viana (2012). 2 1895 (ano de criação do voleibol – Holyoke, Massachusetts): • Jogo disputado até nove pontos; • Quantidade indeterminada de jogadores em quadra; • Variabilidade do tamanho da quadra; • A altura da rede mede aproximadamente 1,90 metro; • O sacador realiza a ação de iniciar o rally com o pé em cima da linha de fundo; • A bola não pode tocar a rede durante o rally; • A bola na linha é considerada “fora”; • A bola que toca em alguma estrutura fora da quadra e retorna é considerada “em jogo”; • Em algumas ocasiões, é possível que o mesmo jogador toque duas vezes na bola no intuito de ludibriar o adversário; 2 1902 (ACM de Dayton, Ohio): • O jogo termina em 21 pontos; • O jogador não pode chutar a bola; • Quando a bola toca a linha, é considerada “dentro”; • A altura da rede é alterada para 2,28 metros; • Caso a bola toque qualquer objeto fora da quadra, é consi- derado “fora”; • Um mesmo jogador não pode tocar mais de uma vez na bola consecutivamente. – 15 – Histórico do voleibol: criação, trajetória e evolução 2 1916 (Comissão formada por representantes da ACM. Regras publicadas na Volleyball Guide, publicação da American Sports Publishing Company of New York): • Estabelecimento das medidas da quadra: 18,29 m X 10,67 m; • O jogo deve ocorrer num espaço livre de 4,47 metros de altura; • O jogador só tem direito a uma ação de saque; • Disputa de dois sets por partida; • Introdução do rodízio; • Delimitação da área de saque com base na linha de fundo; • Proibição de golpear a bola com o punho; • Diminuição do peso da bola. 2 1918 (modificações feitas pela ACM juntamente da National Collegiate Athletic Association - NCAA): • A altura da rede passa a ser de 2,43 metros; • Proibição de que outro jogador do mesmo time toque a bola no intuito de auxiliar a ação de saque. • Modifica-se a quantidade de pontos por set para 15; • Proibição de o saque tocar a rede; • Seis jogadores de cada time em quadra para o jogo; • Não se pode tocar na bola no espaço aéreo da outra equipe. 2 Início da década de 1920: • É permitido tocar a bola com qualquer parte do corpo da cintura pra cima; • Introdução da linha central e proibição da invasão da quadra adversária por baixo; • Limitação de três toques por equipe (a regra já era utilizada na Ásia e foi aceita após relato de maior dinamicidade do jogo feito pelo diretor do Núcleo Internacional da ACM); Teoria e Fundamentos do Voleibol – 16 – • A quadra passa a medir 18 m X 9 m (medidas utilizadas até hoje); • O saque precisa ser efetuado do lado direito da quadra; • Um set termina em 15 pontos somente se houver diferença de dois pontos entre as equipes; • Introduz-se a numeração no uniforme dos jogadores; • Surgimento do segundo árbitro que também exerce a fun- ção de apontador (árbitro redige o documento do jogo hoje denominado súmula); • O jogador substituído pode retornar ao jogo no outro set; • Delimitação do espaço aéreo de jogo. Disposição de dois marcadores de 2,5 centímetros cada acima da rede nas suas duas extremidades laterais (precursor da antena); • Depois de efetuada uma substituição, os jogadores não podem conversar até que um novo rally seja iniciado por um saque. 2 1924 (regras específicas para mulheres jogadoras adaptadas pelo Departamento de Moças Atletas dos Estados Unidos) 2 1938: • Permissão do bloqueio duplo. 2 1947 (ano de criação da FIVB): • Instituição da Comissão de Leis de Jogo para assegurar interpretação das regras e traduzir para os idiomas oficiais da entidade; • A bola pode tocar duas partes do corpo desde que de maneira simultânea; • A equipe que perde um set inicia sacando no próximo; • Permissão da ação de infiltração de um jogador de defesa para o levantamento da bola; – 17 – Histórico do voleibol: criação, trajetória e evolução • Permissão do toque da bola na rede durante um rally; • Possibilidade de dois tempos técnicos por set. Elaboração do Regulamento do Jogo de Voleibol pela FIVB em Mar- selha, França, em 1961, que entrou em vigor nos Jogos Olímpicos. 2 1964 (estreia do voleibol nos Jogos Olímpicos): • Pode-se invadir a quadra adversária durante o bloqueio; • Permissão de recuperar a bola em um segundo toque do mesmo atleta após a ação de bloqueio. 2 1970: • Introdução das antenas para delimitação do espaço aéreo de jogo. 2 1976: • O espaço entre as antenas é reduzido para 9 metros. 2 1982: • Diminuição no rigor do duplo contato durante a recepção e a defesa. 2 1984: • Permissão do contato duplo durante a situação da recepção; • Proibição do bloqueio de saque. 2 1988: • Os sets terminam em 17 pontos e passa a existir o tie-break (set desempate). 2 1994: • Permissão de realizar a ação de saque utilizando os 9 metros de largura da quadra desde que seja atrás da linha de fundo (zona de saque); • A bola pode tocar qualquer parte do corpo do jogador; Teoria e Fundamentos do Voleibol – 18 – • O jogador que não estiver participando do lance pode tocar a rede desde que seja de forma acidental. 2 1996: • Recuperação da bola que cruza a rede por fora da antena desde que ela também ocorra fora do espaço aéreo de jogo; • Diminuição para um tempo de 30 segundos para cada equipe e acréscimo do tempo técnico de um minuto no 5º e no 10º pontos. No quinto set, é permitido que cada equipe peça um tempo de 30 segundos1. 2 1998 (aprovação pela FIVB do sistema de pontuação realizado no Campeonato Paulista de Voleibol na Superliga 98/99): • Quatro primeiros sets jogados em pontos corridos até 25 pon- tos ou até que se abram dois pontos de vantagem. O quinto set segue o mesmo sistema, porém vai até 15 pontos; • Os tempos técnicos de um minuto ocorrem aos 8º e 16º pontos. Em adição, cada equipe pode pedir um tempo de 30 minutos; • Inclusão do líbero; • O técnico pode instruir e se movimentar à frente do banco de reservas desde que não ultrapasse a linha demarcatória da quadra (denominada linha técnica); • O sacador tem oito segundos para efetuar o saque; • Após a primeira advertência verbal, o cartão amarelo é admi- tido para falta técnica. Nessa situação, perde-se o ponto. O cartão vermelho é mostrado no caso de expulsão; • A bola passa a ser colorida. 1 O tempo de 30 segundos pode ser solicitado pelo técnico ou pelo capitão da equipe em qualquer momento do set. O tempo de um minuto é obrigatoriamente inserido nos sets regulares. – 19 – Histórico do voleibol: criação, trajetória e evolução 2 2004: • Caso a bola fique “presa” nas mãos ou braços de dois blo- queadores que a dividiam por sobre a rede por mais de um segundo, repete-se o saque. 2 2008: • É possível invadir a quadra adversária por baixo da rede com qualquer parte do corpo desde que não interfira na jogada do time adversário e que uma parte dos pés do jogador esteja sobre a linha central ou dentro de sua própria quadra; • Só conta como infração o toque no bordo superior da rede (o restante da rede pode ser tocada pelo jogador, contanto que não intencionalmente, em qualquer momento do rally) ou na antena. 2 2009: • As equipes podem inscrever dois líberos, no entanto, apenas um poderá atuar. Caso haja a troca, o líbero substituído não pode retornar ao jogo. 2 2012: • Inserção do recurso de vídeo challenge (desafio eletrônico) para revisão de lances duvidosos marcados pela arbitragem. 1.4 O voleibol no Brasil: amadorismo, profissionalização e espetacularização Com o entendimento dos acontecimentos históricos que demarcaram a criação e a disseminação de um novo esporte pelo mundo, tornou-se possível para o leitor uma realocação dos motivos que fizeram com que o voleibol se tornasse uma das modalidades esportivas mais bem aceitas no mundo, fazendo parte do rol dos seletos esportes olímpicos. A insti- tucionalização facilitou a universalização das regras e sua adequação às diferentes necessidades de jogo detectadas nos mais diferentes territórios onde as confederações e federações passaram a existir. Os campeonatos de Teoria e Fundamentos do Voleibol – 20 – expressividade mundial fizeram com que as principais equipes do mundo se confrontassem e trocassem experiências em termos de técnicas e táticas de jogo, o que fez com que surgissem as chamadas escolas do voleibol que perpassaram por diferentes processos de apropriação nos diferentes continentes, ampliando exponencialmente a competitividade dentro da modalidade dentro e fora dos países. Esse fator também propulsionou o desenvolvimento científico de áreas de pesquisa que passam a se interes- sar pelo objeto de estudo voleibol. Levando em conta as condições supracitadas, este subcapítulo terá como objetivo fazer com que o leitor entenda como o Brasil se tornou uma referência esportiva mundial no voleibol e também como essa modalidade esportiva se consolidou no país como a segunda na preferência entre os esportistas. Ademais, a compreensão da trajetória histórica do voleibol elucidará as formas com que o brasileiro se apropria do referido esporte nas suas diferentes manifestações, rompendo com a perspectiva única do alto rendimento e visualizando na modalidade diversas possibilidades de atuação profissional com diversificadas formas de abordagem. Como uma modalidade esportiva passou da prática para o consumo é a pergunta- -chave que deve ser respondida no final deste tópico. O recebimento do voleibol em território brasileiro não diferiu da grande maioria dos países onde ele desembarcou. Ou seja, o voleibol apa- receu no Brasil seguindo o formato reservado à elite clubística (MARCHI JR., 2004). O Fluminense, renomado clube carioca, foi o primeiro a ampa- rar essa modalidade esportiva. Em 1923, foi criada a Liga Metropolitana de Desportos Terrestres que envolvia 15 clubes, entre os quais estavam Flamengo, Fluminense, Vasco da Gama e Botafogo, tradicionais que com- portavam a elite clubística carioca (BIZZOCCHI, 2004). Outros fatores colaboraram para a adesão da população brasileira ao voleibol. Já na década de 1930, juntamente da profissionalização do futebol, os clubes passaram a receber vantagens fiscais e as outras moda- lidades esportivas também foram alavancadas. Ademais, as areias das praias cariocas também propiciaram que o voleibol fosse praticado de maneira recreativa e propagado aos praticantes como um estilo de vida “descolado” a ser seguido pelos e pelas jovens cariocas naquele contexto (BIZZOCCHI, 2004; MARCHI JR., 2004). – 21 – Histórico do voleibol: criação, trajetória e evolução Em 1938, foi fundada a Federação Carioca de Voleibol, antiga Liga Carioca de Voleibol, e o primeiro campeonato oficial da cidade ocorreu no ano de 1939. A década de 1940 foi marcada pela institucionalização das demais federações. O primeiro campeonato brasileiro ocorreu no ano de 1944 e contou com a participação de homens e mulheres (seis equipes femininas e seis equipes masculinas). As equipes de Minas Gerais sagraram-se campeãs tanto no naipe feminino quanto no mascu- lino (BIZZOCCHI, 2004; VALPORTO, 2007). Em 1951, três anos antes da criação da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), o Brasil sediou o I Campeonato Sul-Americano de Volei- bol, do qual se sagrou campeão tanto no masculino quanto no feminino. Naquele contexto, a instituição que regia o voleibol, entre outras modali- dades, era a Confederação Nacional de Desportos (BIZZOCCHI, 2004). Em 1954, ocorreu a criação da CBV, que passou a promover e regu- lamentar a modalidade no país. Durante as décadas de 1960 e 1970, era comum que os jogadores tivessem idade mais avançada e também prati- cassem mais de uma modalidade esportiva. Tratava-se de uma configu- ração histórica diferente denominada por Marchi Jr. (2004) como ama- dorismo. Em geral, esses senhores e senhoras tinham tempo disponível e condições financeiras para praticar esporte. Além disso, eles participavam de um círculo social distinto, restrito à elite clubística, como mencionado anteriormente. Caso trabalhassem, os atletas poderiam sofrer sanções por dedicarem-se, por exemplo, a representar o país em uma competição mun- dial. Outra característica a ser destacada desse contexto de amadorismo é a falta de intercâmbio com outros países, que fazia com que os jogadores, por muitas vezes, se deparassem com novas regras, ou mesmo com a uti- lização de fundamentos desconhecidos, apenas na ocasião da competição (BIZZOCCHI, 2004; MARCHI JR., 2004). As dificuldades acarretadas pelo amadorismo se tornaram evidentes a partir do momento em que o Brasil passou a disputar e a sediar campeo- natos de expressividade mundial. No ano de 1964, o Brasil participou com o voleibol dos primeiros Jogos Olímpicos. Entre os apenas dez jogadores que representariam o Brasil na equipe masculina, figurava Carlos Arthur Nuzman, que, a posteriori, se tornara presidente da CBV. Teoria e Fundamentos do Voleibol – 22 – Carlos Arthur Nuzman foi um jogador apaixonado pela modalidade que fez parte da seleção brasileira no contexto do amadorismo. Valporto (2007) relata duas ocasiões problematizadoras que fizeram com que Nuz- man, mais adiante, encabeçasse um projeto voltado à profissionalização do voleibol no país: a) a surpresa da seleção brasileira ao deparar-se no Campeonato Mundial de Voleibol com um fundamento desconhecido: a manchete; b) a necessidade de numerar as camisetas do uniforme brasi- leiro com fita adesiva nos Jogos Olímpicos de 1964, pois elas não eram numeradas (VALPORTO, 2007). Figura 1.2 – Carlos Arthur Nuzman na década de 1960 Fonte: www.memoriadasolimpiadas.rb.gov.br No ano de 1975, Nuzman assumiu a presidência da CBV e tomou algumas medidas para que o voleibol brasileiro passasse a ter maior representatividade. Dentre as quais, pode-se citar: a) o envio de um profissional para estudar in loco as táticas japonesas para identificar como eles haviam se tornado potência mundial no voleibol; b) tornar o Brasil sede de competições internacionais (a primeira delas foi o – 23 – Histórico do voleibol: criação, trajetória e evolução I Mundial Juvenil sediado em 1977; c) estabelecer boas relações com a FIVB; d) proporcionar às equipes brasileiras o intercâmbio internacio- nal para elevar o nível competitivo; e) trazer visibilidade para popula- rizar o voleibol no interior do país (VALPORTO, 2007; MARCHI JR., 2004; MOREIRA, 2009). Para profissionalizar e trazer maior representatividade ao voleibol brasileiro, Nuzman focou na disciplina dos atletas das seleções brasileiras masculina e feminina. Conseguiu bolsas de estudos e alguns empregos para que os atletas tivessem uma primeira contrapartida, disponibilizou materiais esportivos e promoveu os campeonatos nacionais e o relaciona- mento dos grandes times brasileiros com as empresas e com a televisão (MARCHI JR., 2004; MOREIRA, 2009). O Sul-Americano de 1981 foi o primeiro campeonato realizado no Brasil a ter transmissão midiática pela televisão. Tal transmissão foi bas- tante representativa e colocou Luciano do Valle (advogado e amigo pes- soal de Nuzman), que depois passou a ser conhecido como “Luciano do Vôlei”, em um dos eixos de uma engrenagem que alavancou a populari- zação e a profissionalização do voleibol no Brasil. Essa engrenagem rela- ciona de maneira sincrônica voleibol, mídia e empresas patrocinadoras (MARCHI JR., 2004; MOREIRA, 2009). A partir das veiculações dos feitos esportivos relacionados ao volei- bol no país, os atletas e as atletas passaram a ser reconhecidos e a modali- dade passou a ter visibilidade entre os outros esportes praticados no país. A seleção masculina brasileira se sagrou campeã do Mundialito de 1981 e o saque “jornada nas estrelas” passou a ser conhecido ao ser realizado pelo jogador Bernard. No mesmo ano, foi vice-campeã no Campeonato Mun- dial. Os resultados expressivos conquistados nesse contexto fizeram com que as empresas passassem a investir nos times brasileiros, ainda mais ao considerarem que os jogos seriam televisionados. O retorno publicitário foi considerável. O esporte tornou-se viável e interessante aos olhos do mercado. No ano de 1983, foi promovido um jogo de voleibol entre Brasil e URSS, que lotou o estádio do Maracanã e comprovou que o voleibol tinha grande potencial de público. O voleibol tornou-se a segunda modali- Teoria e Fundamentos do Voleibol – 24 – dade na preferência do brasileiro, atrás apenas do futebol (MARCHI JR., 2004; MOREIRA, 2009). Figura 1.3 – Vôlei brasileiro conquistava espaço há 35 anos com jogo no Maracanã Fonte: https://esportes.r7.com/esportes-olimpicos/volei-brasileiro-conquistava-espaco- ha-35-anos-com-jogo-no-maracana-26072018 Acesso em: 16 jul. 2019. No ano de 1984, a conquista da primeira medalha olímpica brasileira do voleibol nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, conquistada pela seleção masculina, projetou a famosa “Geração de Prata” e marcou um momento exponencial da modalidade no voleibol nacional. Nas palavras de Marchi Jr., “por conta das características de profissionalização, cientificidade e aperfeiçoamento técnico é que entendemos identificar nessa Olimpíada a representação da “virada” que o voleibol brasileiro assumiu” (MAR- CHI JR., 2004, p. 151). O amadorismo cedera espaço para novas relações profissionais e econômicas para o esporte em questão demarcando a sua passagem para o profissionalismo (MARCHI JR., 2004). – 25 – Histórico do voleibol: criação, trajetória e evolução Figura 1.4 – Conquista da primeira medalha olímpica brasileira do voleibol Fonte: https://esportes.r7.com/esportes-olimpicos/volei-brasileiro-conquistava-espaco- ha-35-anos-com-jogo-no-maracana-26072018 Acesso em: 16 jul. 2019. Ao contrário da seleção masculina, que apresentava destaque mundial em termos de resultados, lotava ginásios e aglutinava numerosos telespec- tadores que ovacionavam times com nomes de empresas vestidos de unifor- mes com nome de empresas, o voleibol feminino brasileiro ainda disputava a hegemonia sul-americana com a seleção peruana. Nesse contexto, foi ela- borada uma estratégia de marketing que ressaltava a beleza das mulheres jogadoras de voleibol a partir da qual as jogadoras eram incentivadas a se embelezarem para os jogos, os comentadores a ressaltar aspectos da sua beleza física e até mesmo salientar a beleza dos uniformes de voleibol ao serem comparados aos de basquetebol (naquele momento, o voleibol dis- Teoria e Fundamentos do Voleibol – 26 – putava a popularidade com o basquetebol). As “Musas do Vôlei” passaram a ser reconhecidas nacionalmente e o voleibol feminino obteve lugar de destaque entre as práticas esportivas no país (MOREIRA, 2009). Os jogadores e as jogadoras do Brasil se tornaram ídolos e o destaque internacional fez com que muitos deles fossem convidados a representar times no exterior do país, porém a saída dos atletas foi dificultada pela CBV, pois comprometia o Projeto Voleibol proposto por Nuzman. Quando a seleção brasileira masculina conseguiu o feito histórico de ser campeã olímpica no ano de 1992, nas Olimpíadas de Barcelona, o voleibol bra- sileiro passou a ser referência nacional e mundial entre as modalidades como o modelo a ser seguido (MARCHI JR., 2004). Figura 1.5 – Seleção brasileira de voleibol masculino é campeã olímpica no ano de 1992, nas Olimpíadas de Barcelona Fonte: http://sportv.globo.com/site/programas/rio-2016/noticia/2016/06/barcelona-92-atletas- lembram-ouro-no-volei-e-final-antecipada-com-eua.html Acesso em: 16 jul. 2019. – 27 – Histórico do voleibol: criação, trajetória e evolução As transformações ocorridas no voleibol brasileiro, fundamentalmente entre as décadas de 1970, 1980 e 1990, evidenciaram a importância da insti- tucionalização da modalidade no Brasil, bem como das ações e relações esta- belecidas entre os agentes e instituições (esportivas, midiáticas, empresariais, políticas, etc.) interessadas na modalidade. As modificações abordadas no for- mato do voleibol ao longo dessa trajetória indicam e explicam as suas facetas na configuração atual enquanto uma modalidade esportiva de destaque que pode ser praticada em diferentes instâncias, e, consequentemente, com poten- cial para abarcar profissionais do esporte em diferentes nichos de trabalho. Alguns fatos são memoráveis na estruturação do voleibol brasileiro, tais quais: a rivalidade entre as seleções femininas do Brasil e de Cuba, que movi- mentou a mídia mundial por conta dos confrontos entre as seleções2; a “Era Bernardinho”, que rendeu ao voleibol do Brasil quatro medalhas olímpicas, três campeonatos mundiais, 12 títulos da Superliga e a ascensão do voleibol do país e em nível mundial; o trabalho do técnico José Roberto Guimarães, o único técnico no mundo que conquistou medalhas olímpicas nos dois naipes; a criação da Superliga, a criação do Centro de Desenvolvimento do Voleibol em Saquarema (RJ) no ano de 2003 (VALPORTO, 2007). De uma atividade recreacional praticada nos momentos de lazer, o voleibol passou a se relacionar com outros campos e a se ressignificar, tornando-se uma atividade profissional focada no rendimento esportivo e almejando o aprofundamento científico e profissional, bem como a inter- disciplinaridade da equipe técnica das equipes. As passagens abordadas neste subcapítulo revelam como ocorreu a passagem de uma modalidade esportiva da prática para o consumo. Temos, na atualidade, o voleibol edu- cacional no contraturno, no lazer, como treinamento físico, como esporte de competição escolar, como alto-rendimento, entre tantas outras oportu- nidades de caráter diferenciado que revela grande quantidade de opções com diferentes significados e finalidades para o profissional que pretende atuar com ele. A explicação histórica, além de evidenciar heróis e datas importantes, tem relevância na compreensão de como o fenômeno espor- tivo se inseriu e se transformou em determinadas sociedades de acordo com suas características culturais e diferentes demandas. 2 Em 1991, a seleção feminina brasileira encerrou uma década de hegemonia das rivais cubanas (VALPORTO, 2007). Teoria e Fundamentos do Voleibol – 28 – Síntese Este capítulo tratou sobre a origem, criação, disseminação e evolução do voleibol. Iniciou-se com a abordagem da sua concepção como um novo jogo com finalidade de atender à demanda por uma atividade recreativa com menor contato e vigor físico que pudesse ser praticada no inverno pelos “senhores de negócios” da ACM de Massachusetts. A sua disseminação se deu motivada pela ampliação dos núcleos internacionais da ACM, pela incursão do voleibol enquanto conteúdo programático nas escolas norte- -americanas e pela prática desta modalidade no tempo livre das forças arma- das norte-americanas durante a Segunda Guerra Mundial. De uma atividade voltada ao público de meia-idade, passou a ter uma conotação de esporte vigoroso, sobretudo a partir da prática dos soldados. O voleibol se disse- minou pelo mundo sob este tripé da elite clubística cristã, da educação e do lazer e se estabeleceu nos continentes adquirindo novas facetas de acordo com aspectos socioculturais desses locais. No Brasil, o voleibol percorreu o caminho do amadorismo da profissionalização e da espetacularização trans- formando-se paulatinamente em um produto de grande valor econômico, ampliando suas possibilidades das mais diversificadas práticas (educacio- nal, lazer, competitiva, de alto rendimento, etc.) e tomando um formato pró- prio que, ao longo do tempo, o popularizou, massificou e o transformou no segundo esporte na preferência do brasileiro. A trajetória histórica abordada dá luz ao estágio atual do voleibol como uma referência internacional de rendimento e nacional de gestão e administração esportiva. Saiba mais Resultados do Voleibol Brasileiro nos Campeonatos Mundiais e Jogos Olímpicos Década de 1970 1970 – Campeonato Mundial 12º lugar masculino 13º lugar feminino 1972 – Jogos Olímpicos 8º lugar masculino – 29 – Histórico do voleibol: criação, trajetória e evolução 1974 – Campeonato Mundial 9º lugar masculino 15º lugar feminino 1976 – Jogos Olímpicos 7º lugar masculino 1978 – Campeonato Mundial 6º lugar masculino 7º lugar feminino Década de 1980 1980 – Jogos Olímpicos 5º lugar masculino 7º lugar feminino 1982 – Campeonato Mundial 2º lugar masculino 8º lugar feminino 1984 – Jogos Olímpicos 2º lugar masculino 7º lugar feminino 1986 – Campeonato Mundial 4º lugar masculino 5º lugar feminino 1988 – Jogos Olímpicos 4º lugar masculino 6º lugar feminino Década de 1990 1990 – Campeonato Mundial 4º lugar masculino 7º lugar feminino 1992 – Jogos Olímpicos 1º lugar masculino 4º lugar feminino 1994 – Campeonato Mundial 5º lugar masculino 2º lugar feminino Teoria e Fundamentos do Voleibol – 30 – 1996 – Jogos Olímpicos 5º lugar masculino 3º lugar feminino 1998 – Campeonato Mundial 4º lugar masculino 4º lugar feminino Década de 2000 2000 – Jogos Olímpicos 6º lugar masculino 3º lugar feminino 2002 – Campeonato Mundial 1º lugar masculino 7º lugar feminino 2004 – Jogos Olímpicos 1º lugar masculino 4º lugar feminino 2006 – Campeonato Mundial 1º lugar masculino 2º lugar feminino 2008 – Jogos Olímpicos 2º lugar masculino 1º lugar feminino 2010 – Campeonato Mundial 1º lugar masculino 2º lugar feminino 2012 – Jogos Olímpicos 2º lugar masculino 1º lugar feminino 2014 – Campeonato Mundial 2º lugar masculino 7º lugar feminino 2016 – Jogos Olímpicos 1º lugar masculino 5º lugar feminino – 31 – Histórico do voleibol: criação, trajetória e evolução 2018 – Campeonato Mundial 2º lugar masculino 7º lugar feminino 2021 – Jogos Olímpicos 4º lugar masculino 2º lugar feminino Atividades 1. Por qual(ais) motivo(s) o voleibol foi criado pelo professor William Morgan em 1985? 2. Descreva o início do desenvolvimento do voleibol em dois con- tinentes diferentes. 3. Cite dois fatores importantes na disseminação do voleibol ao redor do mundo. 4. Justifique a importância do ingresso da mídia e das empresas patrocinadoras no voleibol do Brasil. 2 A dinâmica do jogo de voleibol: regras atualizadas e noções de arbitragem O presente capítulo tem por objetivo apresentar as caracte- rísticas específicas do jogo de voleibol, bem como as suas prin- cipais regras e noções básicas de arbitragem. É essencial que o profissional que pretende atuar com o voleibol tenha o conheci- mento da dinâmica de funcionamento do jogo. Algumas pergun- tas básicas se tornam importantes nesse sentido, tais quais: Qual é o objetivo do jogo? Quais são as “ferramentas” necessárias para atingir tal objetivo? Quais são as faltas mais recorrentes no jogo? Quais são os possíveis empecilhos encontrados durante uma partida e como é possível contorná-los? Como posso otimizar os talentos individuais para atingir a boa performance do grupo durante as partidas? Esses questionamentos nos alertam para o fato de que, além dos aspectos técnicos e físicos, as questões táti- cas têm peso importantíssimo no sucesso do profissional que atua com o voleibol. Só se torna possível compreender taticamente o jogo ao dominar elementos básicos da constituição da dinâmica de funcionamento do jogo. Teoria e Fundamentos do Voleibol – 34 – É preponderante que o profissional do voleibol conheça as regras de jogo. Ao longo do tempo, o voleibol readequou suas regras no intuito de tornar o jogo mais dinâmico e atrativo (MARCHI JR., 2004), assim como foi tratado no Capítulo 1. Nesse sentido, após tratadas as características e especificidades do jogo de voleibol, serão abordadas as principais regras do jogo, tomando como referência principal o documento formulado no 35º Congresso da FIVB de 2016, que regulamenta o jogo de voleibol do ano de 2017 até 2020. Na sequência, serão apresentadas as incumbências do primeiro e do segundo árbitro, do apontador e dos juízes de linha, dos principais responsáveis pelo andamento do jogo, bem como serão ilus- tradas noções básicas de arbitragem. Acredita-se que, com os elementos abordados neste capítulo, o leitor poderá visualizar a forma de funciona- mento do jogo de voleibol, e, com isso, terá maiores chances de que seu trabalho seja bem-sucedido, seja nas aulas de educação física escolar, no contraturno, no lazer, rendimento, alto rendimento, etc. 2.1 A dinâmica do jogo O voleibol é uma modalidade que possui peculiaridades em rela- ção às outras modalidades esportivas coletivas (PESSOA; BERTOLLO; CARLAN, 2009). É indispensável que o profissional do voleibol conheça as suas características/especificidades, pois são elas que dão sentido à pró- pria dinâmica do jogo. A falta de conhecimento sobre a dinâmica de jogo acarreta em limitações que dificultam o processo ensino-aprendizagem e tiram a coerência do treinamento. Dessa forma, quanto mais cedo a dinâ- mica do jogo for entendida e incorporada pelos aprendizes, maiores serão as chances de sucesso ao longo das suas vivências/carreiras esportivas. Em síntese, deve-se ater não somente ao “como devo fazer” (aprimora- mento dos gestos técnicos), mas também ao “o que, quando e por que devo fazer”, ou seja, ao sentido do jogo. O objetivo do jogo de voleibol é fazer com que a bola atinja o solo adversário, antes que ela toque o chão dentro do espaço defendido pelo seu time. Para tanto, é permitido que os componentes de uma mesma equipe toquem no máximo três vezes na bola durante uma jogada, com exce- ção do toque do bloqueio, no intuito de: 1) recepcionar/defender a bola – 35 – A dinâmica do jogo de voleibol: regras atualizadas e noções de arbitragem sacada/atacada pelo adversário e remetê-la para o levantador; 2) preparar da melhor forma possível a bola para os atacantes do time; 3) atacar efeti- vamente visando atingir o solo adversário ou tocar no adversário sem que ele tenha a possibilidade de controlar a bola para a consecução da jogada. Para a obtenção do êxito nos rallies1, é necessário considerar que: 1) o voleibol é uma modalidade esportiva coletiva de não invasão; 2) os fundamentos do voleibol são extremamente técnicos, envolvem paciência e persistência em seu aprendizado e necessitam de constante aperfeiçoa- mento; 3) o jogo é realizado no espaço aéreo e a movimentação durante o jogo de voleibol é peculiar; 4) os erros individuais são evidentes durante uma partida e, muitas vezes, podem resultar em ponto para o adversário, portanto, é fundamental que os praticantes desenvolvam e exercitem o controle emocional; 5) a ação de um jogador interfere diretamente na do outro, portanto, é necessário desenvolver o espírito de grupo. No voleibol, não se pode utilizar o espaço da quadra adversária para a realização de jogadas do seu time, e, assim, torna-se impossível impedir diretamente a ação dos jogadores do outro time em relação à bola na situa- ção de melhor prepará-la para o ataque (BIZZOCCHI, 2004). Essa carac- terística de jogo faz com que seja preponderante desenvolver habilidades específicas (aprimoramento técnico) e controle de bola, pois é necessário a todo o tempo dominar a bola atacada pelo adversário enviando-a em boas condições para o levantador do seu time através de um breve contato com seu corpo, sem poder retê-la. Também é indispensável que se desenvolva visão de jogo (aprimoramento tático) para se antecipar a partir do bom posicionamento em quadra e realizar a defesa com êxito visando preparar o contra-ataque de sua equipe. Os fundamentos do voleibol são habilidades construídas a partir de padrões fundamentais de movimento (correr, saltar, rolar, etc.) combina- dos entre si e somados a rebatidas na bola realizadas no plano aéreo por meio do contato com as pontas dos dedos, palmas das mãos e antebraços (locais do corpo pouco acostumados com a batida da bola). Considerando 1 “Uma jogada completa, desde o instante em que o saque foi realizado (momento em que a bola entra em jogo), até o apito do árbitro indicando o seu término, em função de alguma irregularidade, chama-se rally.” (BOJIKIAN, 1999, p. 21) Teoria e Fundamentos do Voleibol – 36 – que o número de toques na bola por jogada é limitado, que a bola não pode encostar no chão em momento algum durante os rallies e o fato de que ela não pode ser retida pelo jogador, é exigido que ele desenvolva alto grau de coordenação motora, agilidade e raciocínio rápido. Desse modo, ao ensi- nar os gestos técnicos do voleibol, os educadores precisam ter paciência e atenção redobrada (BIZZOCCHI, 2004; BOJOKIAN, 1999; PESSOA; BERTOLO; CARLAN, 2009). Os fundamentos do voleibol necessitam ser constantemente aprimo- rados pelos jogadores, pois, durante os rallies, é necessário que eles reba- tam a bola enviada pelo adversário à sua quadra com a precisão e o dire- cionamento necessário para facilitar a preparação ofensiva do seu time. Da mesma forma, é preciso que o levantador escolha rapidamente o seu atacante com maior possibilidade de realizar o ponto e coloque a bola nas melhores condições possíveis para que ele, através do fundamento ataque, empregue a técnica e a potência necessárias para enviar a bola para o outro lado da rede, dificultando ao máximo o seu controle pelo time adversário (PESSOA; BERTOLLO; CARLAN, 2009). Além de envolver a elaboração de gestos técnicos complexos, os jogadores necessitam desenvolver uma percepção contínua de cada situ- ação de jogo, pois é necessário que se desloquem rapidamente até a bola para, somente a partir de então, bem posicionados, empregarem tais fun- damentos nas ações de jogo. Nesse sentido, é necessário que se tenha boa noção de tempo, ritmo e espaço para, mesmo estando com o olhar voltado à bola no ar (plano alto), ajustar-se em relação à bola antes que ela toque o solo (plano baixo). Durante um jogo de voleibol, as condições estão em constante mudança, portanto, os deslocamentos e as técnicas precisam ser empregados a todo momento aciclicamente de acordo com as novas situ- ações que o jogo apresenta a todo momento. O saque é o único momento em que o jogador depende apenas de si, visto que ele mesmo realiza o lançamento e a ação sobre a bola (BOJIKIAN, 1999). A postura de jogo e a movimentação no voleibol também contêm suas peculiaridades. Como o alvo é o chão, diferentemente de outras modalidades esportivas coletivas nas quais se busca atingir o gol (alvo horizontal), o jogador adota uma postura mais baixa para interpor o solo com seu corpo e movimenta-se, em geral, rapidamente, em espaços mais – 37 – A dinâmica do jogo de voleibol: regras atualizadas e noções de arbitragem reduzidos de ação. Os espaços de proteção da quadra são organizados/ divididos entre os seis jogadores do time que realizam passadas laterais, cruzadas, recuos e aproximações em velocidade e de acordo com a traje- tória da bola nas mais diferentes situações do jogo (BIZZOCCHI, 2004; PESSOA; BERTOLLO; CARLAN, 2009). As posições em quadra seguem uma lógica e é necessário que seja respeitada a ordem de saque. Para tanto, os jogadores realizam um rodízio no sentido dos ponteiros do relógio a cada ponto que reestabeleça a posse de bola para o seu time. O rodízio garante que, embora existam funções táticas especializadas de acordo com as características técnicas, táticas e biótipo dos jogadores (líberos, levantadores, atacantes), todos passem pela situação do saque e também exige que os jogadores adquiram rela- tiva polivalência de ações e funções, pois independentemente da especi- ficidade das suas posições, eles atuarão em diferentes locais da quadra (BIZZOCCHI, 2004). No voleibol, a coletividade se sobrepõe à individualidade, pois um ataque bem sucedido depende de uma boa recepção/defesa e levantamento (BOJIKIAN, 1999). Destaca-se, então, a ideia de cooperação e de comuni- cação dentro de quadra. Não existe a possibilidade de empate num jogo de voleibol (PESSOA; BERTOLLO; CARLAN, 2009), ou seja, o jogo não é definido por tempo, mas sim por uma quantidade específica de pontos conquistados. Tal situação acentua a competitividade entre as equipes. O caráter competitivo da modalidade somado ao fato de que um erro indi- vidual se torna evidente e penaliza a equipe toda torna importante que os jogadores desenvolvam controle psicológico e resiliência para aprender a lidar com as suas frustrações nos momentos de dificuldade que o jogo os coloca (PESSOA; BERTOLLO; CARLAN, 2009). Essas características fazem do voleibol uma modalidade coletiva desafiadora, dinâmica, téc- nica, estratégica, emocionante e de difícil aprendizado. 2.2 Principais regras do voleibol Neste tópico, são listadas as principais regras do voleibol de maneira simplificada no intuito de instrumentalizar o profissional que atuará com essa modalidade para que compreenda a dinâmica do jogo. Para uma lei- Teoria e Fundamentos do Voleibol – 38 – tura mais detalhada e aprofundada sobre as regras, recomenda-se consul- tar na íntegra o documento oficial elaborado no 35º Congresso da FIVB de 20162, que regulamenta o jogo de voleibol do ano de 2017 até 2020. Para o momento, foram sistematizadas as principais regras contidas no referido documento com a finalidade de apresentar o jogo de voleibol ao leitor deste material didático. 2.2.1 A quadra de jogo: principais demarcações O jogo de voleibol acontece em uma superfície plana, regular e simétrica que compreende a área de jogo e a zona livre. A área de jogo é um retângulo que mede 18 metros por 9 metros. Esse retângulo, em qua- dras cobertas, deve possuir cores claras. A zona livre é o espaço que cir- cunda toda a área de jogo e deve medir, no mínimo, 3 metros de largura. O espaço livre é considerado do chão ao teto do ginásio e deve medir, no mínimo, 7 metros sem que haja qualquer obstáculo nesse espaço. Figura 2.1 – Principais demarcações Fonte: adaptada de Bojikian (1999), com elementos de Stock.adobe.com/NARANAT STUDIO As duas linhas demarcatórias laterais e as duas de fundo medem 5 centímetros, possuem cor clara e fazem parte da quadra de jogo. A linha 2 Disponível em: http://2018.cbv.com.br. Acesso em: 27 ago. 2019. – 39 – A dinâmica do jogo de voleibol: regras atualizadas e noções de arbitragem central, responsável por dividir as duas quadras de jogo, estende-se sob a rede de uma linha lateral à outra. As duas quadras de jogo medem 9 metros quadrados cada que compreendem a linha central em suas dimensões. Em cada lado da quadra, existe uma linha demarcatória que termina a 3 metros da linha central. Essa linha define a zona de ataque. Para trás dessa linha, é considerado zona de defesa. A zona de saque é definida pelos 9 metros da linha de fundo da quadra de voleibol. A zona de substituição é delimitada pelo prolonga- mento entre as linhas de ataque de ambas as quadras. A zona de troca dos líberos é delimitada pelo prolongamento entre as linhas de ataque e de fundo de sua quadra. 2.2.2 Temperatura ambiente A temperatura mínima permitida para a realização do jogo de voleibol é de 10 ºC. 2.2.3 Rede, antenas e postes Para os jogos entre equipes masculinas, a rede deve medir 2,43 metros e, para os jogos entre equipes femininas, 2,24 metros. A rede mede um metro de largura por 9,50 metros de comprimento e é disposta vertical- mente sobre o eixo da linha central da quadra e sua altura deve ser aferida a partir do centro da quadra. Em sua parte superior, a rede é composta por uma faixa horizontal medindo 7 centímetros e no bordo inferior. Existe outra faixa que mede 5 centímetros. Tangenciando a rede lateralmente, são dispostas duas faixas brancas com 5 centímetros de largura dispostas acima das linhas laterais da quadra. As antenas são hastes flexíveis que medem 180 centímetros e ser- vem para delimitar o espaço aéreo de jogo. Elas estão dispostas na parte exterior das faixas laterais da rede e, caso a bola as toque durante um rally, é considerada fora de jogo. Os postes que sustentam a rede ficam dispostos de meio metro a um metro de distância das linhas late- rais da quadra. Teoria e Fundamentos do Voleibol – 40 – Figura 2.2 – Rede, antenas e postes Fonte: byj/Domínio Público. 2.2.4 A bola de voleibol A bola de voleibol deve ser esférica, revestida por couro flexível e câmara interior feita de borracha. A sua circunferência é de 65 a 67 centí- metros, seu peso é de 260 a 280 gramas. A calibragem da bola tem medi- das oficiais de 4,5 libras. Todas as bolas utilizadas em uma partida devem possuir as mesmas características. 2.2.5 Os participantes A equipe de voleibol é composta por 12 jogadores – em competições mundiais, esse número pode ser modificado para 14 atletas – além da comissão técnica, fisioterapeuta e médico. Somente as pessoas registradas em súmula podem participar da partida. O capitão da equipe e o líbero são indicados na súmula. Os jogadores reservas devem permanecer no banco ou na área de aquecimento durante o andamento da partida. Os bancos estão situados fora da zona livre. Os uniformes dos jogadores devem ser iguais, exceto do líbero. As camisetas são numeradas de 0 a 20 e a cor dos números deve contrastar com a do uniforme. É proibido o uso de objetos que possam causar lesões ou proporcionar alguma vantagem aos jogadores. O capitão da equipe assina – 41 – A dinâmica do jogo de voleibol: regras atualizadas e noções de arbitragem a súmula antes e após a partida. Apenas aos capitães das equipes podem se dirigir aos árbitros para qualquer tipo de solicitação. Caso o capitão da equipe seja substituído, o técnico deve designar outro jogador temporariamente para exercer essa função até o retorno do capitão indicado na súmula. Os técnicos são responsáveis por conduzir as suas equipes, indicando os jogadores que iniciarão a partida, a ordem de saque, as substituições e as solicitações de tempos. Ele sempre se reportará ao segundo árbitro para fazer suas solicitações. O técnico pode ficar sentado no banco tão próximo à mesa de arbitragem for possível e também lhe é permitido que caminhe ou fique de pé dentro do espaço da zona livre à frente do banco de reservas entre a linha de ataque e a área de aquecimento. Ele pode passar infor- mações à sua equipe desde que não interfira no andamento da partida. O assistente técnico senta-se no banco, porém, não tem o direito de realizar intervenções no jogo. No entanto, ele pode assumir a equipe, caso, por algum motivo, o técnico principal seja desqualificado. 2.2.6 O formato de jogo Uma equipe marca um ponto quando consegue atingir com a bola a quadra do adversário e quando a equipe adversária comete uma falta ou é penalizada. Uma falta é cometida quando um ou mais jogadores desres- peitam alguma regra do jogo. Se a equipe que está com a posse da bola marca um ponto, ela continua sacando. Caso a equipe adversária marque um ponto, realiza um rodízio e recebe o direito de sacar. Vence um set a equipe que marca 25 pontos primeiramente com uma diferença mínima de dois pontos. No set desempate (tie-break), é neces- sário marcar 15 pontos antes. É ganhadora da partida a equipe que vencer três sets. Caso a equipe esteja incompleta ou não compareça ao local do jogo, ela perde por WxO de três sets a zero (25x0; 25x0; 25x0). Antes de dar início ao aquecimento, o primeiro árbitro realiza o sor- teio na presença dos capitães das equipes que se confrontarão para desig- nar qual equipe começa o jogo sacando, assim como em qual dos lados as equipes devem jogar. O vencedor do sorteio opta por começar sacando ou escolher o lado da quadra onde a sua equipe iniciará a partida. As equipes têm direito de aquecer na rede antes do início do jogo por 10 minutos. Teoria e Fundamentos do Voleibol – 42 – Cada equipe contará com seis jogadores em quadra. A formação ini- cial passada pelo técnico ao segundo árbitro indica a ordem de saque dos jogadores. Ela deve permanecer durante todo o set. No momento da reali- zação do saque, os jogadores devem estar dispostos em quadra de acordo com a ordem de saque. Caso algum dos jogadores não ocupe a sua posição correta no momento do saque, o ponto é dado para a equipe adversária. Imediatamente, o posicionamento errado deve ser retificado. A rotação ocorre assim que a equipe que não está sacando (equipe receptora) efetua um ponto. Então, os jogadores devem avançar uma posição no sentido dos ponteiros do relógio. O jogador que está na posição 1 avança para a 6, o que está na 6 avança para a 5, o jogador que ocupa a posição 5 passa para a 4, da 4 para a 3, da 3 para a 2 e da 2 para a 1. O motivo pelo qual as posições na quadra são definidas no sentido contrário ao do rodízio oficial do jogo consiste no fato de que os números das posições indicam a ordem dos sacadores, ou seja, o jogador da posição 1 é o primeiro a sacar, quando ocorre o rodízio, é o jogador da posição 2, e assim sucessivamente, conforme indica a figura a seguir. Figura 2.3 – Sentido do rodízio 4 3 2 5 6 1 Sentido do Rodízio Fonte: adaptada de Bojikian (1999, p. 22). 2.2.7 As ações de jogo A bola é considerada “em jogo” a partir do momento em que o saca- dor efetua o saque. A bola é considerada “dentro” quando atinge a qua- – 43 – A dinâmica do jogo de voleibol: regras atualizadas e noções de arbitragem dra, inclusive as linhas demarcatórias. A bola é considerada “fora” quando entra em contato com o solo estando completamente fora da quadra de jogo e das suas linhas de delimitação ou quando toca as antenas, cordas de sustentação da rede, a rede após as faixas laterais ou qualquer outro objeto ou estrutura não pertencente à quadra de jogo. É considerado um “toque” quando a bola entra em contato com qual- quer parte do corpo de um jogador. Durante uma jogada, uma equipe tem o direito de realizar três toques, com exceção do bloqueio. Caso realize mais de três toques, a equipe perde o ponto por infringir tal regra. Nesse caso, a arbitragem aponta a falta denominada “quatro toques”. Um joga- dor não pode tocar duas vezes consecutivas na bola, uma vez que, nesse caso, o ponto é dado à outra equipe pela infração denominada de “dois toques”, a não ser no caso do toque no bloqueio ou no caso da recepção de um saque, contanto que os toques ocorram durante uma mesma ação. Não é permitida a retenção da bola em nenhum momento do rally. Caso o jogador segure a bola, é marcada a falta “condução”. A bola que tocar a rede durante a realização de uma jogada pode ser recuperada, contanto que dentro do limite dos três toques da equipe. Os jogadores não podem invadir o espaço aéreo da quadra adversária interferindo na jogada da outra equipe. Pode-se tocar a bola por cima da rede do outro lado da quadra apenas após a realização do ataque do adver- sário. Não se pode invadir a quadra adversária por baixo da rede de forma a interferir na jogada do adversário. É considerada a “invasão por baixo” quando o jogador ultrapassa totalmente a linha central com o(s) pé(s). Não é permitido tocar a rede entre as antenas durante o rally. Durante a ação do saque, o jogador precisa estar com os pés inteira- mente para fora da quadra. Ele deve golpear a bola no máximo em oito segundos após o apito do primeiro árbitro autorizando o saque. Não é permitido ao jogador líbero efetuar o saque. Ele deve substituir o jogador apenas após ter participado do rally ao qual deu início através do saque. Um jogador posicionado na zona defensiva pode realizar um ataque apenas se o último contato do seu pé foi feito para trás da linha dos 3 metros. Para essa ação, se realizado o golpe para cima do bordo superior da rede, não se pode pisar na linha dos 3 metros ou avançar para a zona de ataque. Teoria e Fundamentos do Voleibol – 44 – Não é permitido ao líbero golpear a bola para a quadra adversária, caso a bola esteja acima do bordo superior da rede, nem na situação de ataque e nem de bloqueio. Da mesma forma, não é permitido que um jogador ataque a bola levantada de toque pelo líbero disposto na zona de ataque. 2.2.8 Interrupções no jogo É permitido a cada equipe dois tempos para descanso/orientações e seis substituições por set. O tempo pode ser pedido pelo técnico ou pelo capitão da equipe na ausência do técnico. Um jogador pode ser substituído e retornar ao jogo apenas uma vez durante o set. O líbero pode entrar/sair de quadra durante a partida, contanto que a bola esteja fora de jogo, sem que seja necessário pedir ao árbitro a sua substituição. Este jogador deve atuar na zona defensiva, ou seja, deve trocar com jogadores que estejam nas posições 1, 5 e 6. O intervalo é o tempo para a troca de sets e tem a duração de 3 minutos. Após cada set, as equipes trocam de quadra e têm o intervalo de 3 minutos antes de reiniciar a partida. Para o set decisivo (tie-break), é realizado novamente o sorteio pelo primeiro árbitro na presença dos capitães das equipes. No tie-break, há a mudança do lado da quadra no oitavo ponto sem intervalo, ou seja, os jogadores trocam o lado da quadra e logo se posicionam para dar seguimento ao jogo. 2.3 Noções básicas de arbitragem Este subtópico aborda noções básicas acerca da equipe de arbi- tragem, suas principais atribuições e principais faltas ocorridas em um jogo de voleibol. A equipe de arbitragem de um jogo de voleibol é formada pelo primeiro árbitro, segundo árbitro, juízes de linha e apontador. Suas localizações no espaço de jogo estão ilustradas na figura a seguir. – 45 – A dinâmica do jogo de voleibol: regras atualizadas e noções de arbitragem Figura 2.4 – Localizações no espaço de jogo do árbitro, segundo árbitro, juízes de linha e apontador Fonte: adaptada de Bojikian (1999) com elementos de Stock.adobe.com/NARANAT STUDIO 2.3.1 Primeiro Árbitro O primeiro árbitro é a autoridade máxima do jogo, ou seja, o principal responsável pelo bom andamento da partida, podendo, inclusive, anular as decisões dos outros árbitros, caso julgue necessário. Ele atua em pé em cima da cadeira de arbitragem colocada na extremidade da rede, do lado Teoria e Fundamentos do Voleibol – 46 – oposto do segundo árbitro e do apontador. Se solicitado pelo capitão de uma das equipes, o primeiro árbitro poderá explicar as suas decisões. Cabe ao primeiro árbitro advertir verbalmente as equipes no caso de condutas antidesportivas não condizentes, bem como aplicar as sanções necessá- rias quando infringidas as normas de comportamento num jogo. Antes do jogo, o primeiro árbitro tem a responsabilidade de verificar a situação da quadra de jogo, bem como as estruturas, os equipamentos e as condições climáticas, para autorizar ou não a realização da partida. O primeiro árbitro realiza o sorteio e conduz o tempo de aquecimento das equipes. O primeiro árbitro apita para autorizar o saque, dando início ao jogo e aos rallies. Deve também apitar os seus términos quando alguma falta é realizada pelos jogadores. O segundo árbitro apita em conjunto e também realiza a sinalização manual oficial referente à falta realizada. A marcação da arbitragem indicada através da sinalização manual oficial aponta primeiramente o lado da quadra em que será realizado o próximo saque, e, na sequência, a natureza da falta realizada. Se necessário, aponta também o jogador que realizou a falta. 2.3.2 Segundo Árbitro O segundo árbitro atua em pé, fora da quadra de jogo, do lado oposto ao primeiro árbitro. Embora não seja a principal autoridade do jogo, o segundo árbitro também possui suas competências, inclusive, substituindo o primeiro árbitro caso ele não possa continuar conduzindo a partida. O segundo árbitro faz o intermédio com o técnico e com a mesa apontadora. Ele observa os jogadores reservas no banco e na área de aquecimento e está incumbido de avisar o primeiro árbitro sobre qualquer irregularidade. Esse árbitro tem a incumbência de controlar o número de tempos e as substituições das equipes. É o principal responsável por fiscalizar a ordem de saque e o posicionamento da equipe receptora no momento do saque, enquanto o primeiro árbitro observa se o jogador que vai iniciar o rally comete alguma infração no momento do saque ou se há erro de posicio- namento da equipe sacadora. O segundo árbitro observa, apita e sinaliza quando os jogadores invadem a quadra adversária por baixo, tocam na rede ou na antena ou quando há o contato da bola com qualquer estrutura/ objeto de fora da área de jogo. Ele também indica se a bola tocou o solo – 47 – A dinâmica do jogo de voleibol: regras atualizadas e noções de arbitragem dentro ou fora da quadra de jogo quando o lance fica fora do campo de visão do primeiro árbitro. 2.3.3 Apontador e apontador assistente Ao apontador, cabe a responsabilidade de redigir a súmula, ou seja, o documento oficial do jogo. Ele desempenha essa função sentado a uma mesa localizada à frente e do lado oposto da quadra ao primeiro árbitro, fora da zona livre, como atesta a figura. Entre os registros feitos pelo apon- tador, estão: os nomes completos e a numeração dos jogadores, os profis- sionais que compõem a comissão técnica mediante entrega de documentos de identificação, a indicação dos capitães e líberos que atuarão no jogo. Essas informações são lidas e assinadas pelos capitães das equipes antes do início do jogo. Durante a partida, o apontador registra os pontos marcados, controla a ordem de saque das equipes, comunicando-se com o segundo árbitro sobre qualquer erro identificado, imediatamente após o saque. O apontador também anota as substituições feitas pelas equipes e informa o segundo árbitro sobre o número de tempos já solicitados pelos técnicos, faz o registro das condutas impróprias, solicitações indevidas e controla o tempo de intervalo entre os sets. Ao final do jogo, o apontador registra o resultado final, se algum evento extraordinário ocorreu durante a partida (algo que impossibilitou o andamento do jogo ou alguma reclamação protestada pelos capitães das equipes), assina a súmula e colhe as assinaturas dos capitães das equipes e dos árbitros. O apontador apita a volta do tempo técnico, o final dos sets e o retorno dos jogadores para o set subsequente. Sentado ao seu lado, atua um apontador assistente que o auxilia nas tarefas administrativas, prepara a folha de controle e registra as trocas envolvendo os líberos e opera o placar manual localizado acima da mesa. 2.3.4 Juízes de linha Os juízes de linha são responsáveis por indicar se a bola atingiu a qua- dra (“bola dentro”), se foi mandada para fora da quadra (“bola fora”), ou, se, antes de ir para fora, tocou em algum jogador da equipe receptora. Eles Teoria e Fundamentos do Voleibol – 48 – também auxiliam a arbitragem apontando quando um jogador pisa sobre a linha na hora do saque. Os juízes de linha ficam localizados nos ângulos da quadra mais próximos à mão direita dos árbitros, de um a dois metros de cada canto da quadra. Cada juiz de linha fica responsável por visualizar duas linhas laterais da quadra de acordo com a referida disposição. 2.3.5 Sinais manuais oficiais da arbitragem Os árbitros se comunicam com os participantes da partida com o apito e a partir de um gestual apropriado e regulamentado para tal. Após o apito, indica-se, primeiramente, o lado que recebeu o ponto e que, por consequência, irá efetuar o próximo saque, e, na sequência, indica-se qual foi a natureza da falta realizada (conforme figura). O primeiro e o segundo árbitro executam essas ações e permanecem na posição por um instante para que os jogadores e a comissão técnica tenham tempo para entender a marcação. Os juízes de linha realizam as suas marcações com o auxílio de uma bandeira e possuem seus gestuais próprios para apontarem as faltas sob sua responsabilidade. A figura a seguir indica as sinalizações utilizadas pela arbitragem de voleibol. Figura 2.5 – Sinalizações utilizadas pela arbitragem de voleibol 1. Autorização do Saque Regras Relevantes: 12.3, 22.2.1.1 Mover a mão indicando a direção do saque – 49 – A dinâmica do jogo de voleibol: regras atualizadas e noções de arbitragem 2. Equipe que irá Sacar Regras Relevantes: 22.2.3.1, 22.2.3.2, 22.2.3.4 Estender o braço do lado da equipe que irá sacar 3. Mudança de Quadra Regras Relevantes: 18.2 Coloque os anteços, um a frente e outro atrás do corpo, e depois gire-os ao redor do corpo 4. Tempo de Descanso Regras Relevantes: 15.4.1 Coloque a palma de uma das mãos sobre os dedos da outra em posição vertical (formando um “T”) e indique a equipe requisitante Teoria e Fundamentos do Voleibol – 50 – 5. Substituição Regras Relevantes: 15.5.1, 15.5.2, 15.8 Movimento circular dos antebraços, um ao redor do outro 6a. Advertência por Conduta Imprópria Regras Relevantes: 21.1, 21.6 Mostrar o cartão amarelo como advertência 6b. Penalidade por Conduta Imprópria Regras Relevantes: 21.3.1, 21.6, 23.3.2.2 Mostrar o cartão vermelho como penalidade. – 51 – A dinâmica do jogo de voleibol: regras atualizadas e noções de arbitragem 7. Expulsão Regras Relevantes: 21.3.2, 21.6, 23.3.2.2 Mostrar os dois cartões juntos 8. Desqualificação Regras Relevantes: 21.3.3, 21.6, 23.3.2.2 Mostrar cartões vermelho e amarelo separados para desqualificação 9. Final de Set (ou da partida) Regras Relevantes: 6.2, 6.3 Cruzar os antebraços em frente ao peito, com as mãos abertas Teoria e Fundamentos do Voleibol – 52 – 10. Bola que não foi arremessada ou solta na execução do saque Regras Relevantes: 12.4.1 Erguer o braço estendido, com a palma da mão voltada para cima 11. Retardo no Saque Regras Relevantes: 12.4.4 Erguer oito dedos, levemente separados 12. Falta de Bloqueio ou Barreira Regras Relevantes: 12.5, 12.6.2.3, 14.6.3, 19.3.1.3, 23.3.2a, g, 24.3.2.4 Levantar ambos os braços verticalmente com palmas votadas para frente – 53 – A dinâmica do jogo de voleibol: regras atualizadas e noções de arbitragem 13. Falta de Posição ou de Rotação Regras Relevantes: 7.5, 7.7, 23.3.2.3a, 24.3.2.2 Fazer um movimento circular com dedo indicador 14. Bola “Dentro” Regras Relevantes: 8.3 Apontar o braço e os dedos para o chão 15. Bola Fora Regras Relevantes: 8.4.1, 8.4.2, 8.4.3, 8.4.4, 24.3.2.5, 24.3.2.7 Erguer os antebraços verticalmente, mãos abertas, palmas voltadas par o corpop Teoria e Fundamentos do Voleibol – 54 – 16. Condução Regras Relevantes: 9.2.2, 9.3.3, 23.3.2.3b Levante o antebraço lentamente, com a palma da mão voltada para cima 17. Dois Toques Regras Relevantes: 9.3.4, 23.3.2.3b Erguer dois dedos, levemente separados 18. Quatro Toques Regras Relevantes: 9.3.1, 23.3.2.3b Erguer quatro dedos, levemente separados – 55 – A dinâmica do jogo de voleibol: regras atualizadas e noções de arbitragem 19. Toque na rede por um Jogador - bola sacada não passa para a quadra adversária através do espaço de cruzamento Regras Relevantes: 11.4.4, 12.6.2.1 Indicar o lado relevante da rede com a mão correspondente aquele lado 20. Invasão sobre a Rede Regras Relevantes: 11.4.1, 13.3.1, 14.3, 14.6.1, 23.3.2.3c Erguer quatro dedos, levemente separados Teoria e Fundamentos do Voleibol – 56 – 21. Falta do Golpe de Ataque Regras Relevantes: • por um jogador da linha de trás, líbero ou no saque adversário 13.3.3, 13.3.4, 13.3.5, 23.3.2.3d e 24.3.2.4 • em um passe de vôlei executado com a ponta dos dedos pelo líbero, enquanto este em sua zona de ataque ou na extensão desta 13.3.6 Fazer um movimento para baixo com o antebraço, mão aberta 22. Penetração na Quadra Adversária Bola cruzando o espaço inferor ou Sacador toca a quadra (linha de fundo) ou Jogador pisa fora da sua Quadra no momento do golpe de saque Regras Relevantes: 8.4.5, 11.2.2, 12.4.3, 23.3.2.3a, f, 24.3.2.1 Apontar a linha central ou a linha em questão – 57 – A dinâmica do jogo de voleibol: regras atualizadas e noções de arbitragem 23. Falta Dupla e Repetição do Rally Regras Relevantes: 6.1.2.2, 17.2, 22.2.3.4 Erguer os dois polegares verticalmente 24. Bola tocada para fora Regras Relevantes: 23.3.2.3b, 24.2.2 Passe a palma de uma das mãos sobre os dedos da outra em posição vertical 25. Advertência por retardamento e penalidade por retardamento Regras Relevantes: 15.11.3, 16.2.2, 16.2.3, 23.3.2 Cubra o pulso com o cartão amarelo (advertência) ou com o cartão vermelho (penalidade) Fonte: Atlan Coelho. Teoria e Fundamentos do Voleibol – 58 – Figura 2.6 – Sinalização de juízes de linha 1. Bola “Dentro” Regras Relevantes: 8.3, 27.2.1.1 Apontar a bandeira para baixo 2. Bola “Fora” Regras Relevantes: 8.4.1, 27.2.1.1 Erguer a bandeira verticalmente – 59 – A dinâmica do jogo de voleibol: regras atualizadas e noções de arbitragem 3. Bola tocada para Fora Regras Relevantes: 27.2.1.2 Erguer a bandeira e tocá-la no topo com a palma da mão que está livre 4. Faltas no espaço de cruzamento, bola que toca objeto fora da área de jogo, ou falta com pé cometida por qualquer jogador
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