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1 Gabriela Oliveira Franco - XXXVIII 2 Gabriela Oliveira Franco - XXXVIII º Consiste na relação que é estabelecida a partir do primeiro contato, ultrapassando o âmbito dos fenômenos biológicos (envolve a parte emotiva, o afeto); Constitui a parte fundamental da prática médica; O exame clínico, principalmente, a anamnese constitui o elemento principal da medicina moderna; Tripé do método clínico: exame clínico (anamnese), exames laboratoriais e complementares. O exame clínico é fundamental; Importância do exame clínico: formular hipótese diagnóstica, estabelecer uma boa relação médico- paciente e tomar decisões; O método clínico permite uma visão humanitária dos problemas do paciente; Expectativas do Paciente: deseja ser ouvido (saber ouvir e se colocar no lugar do paciente), interesse como ser humano (tratar o paciente pelo nome), espera que o médico seja competente (reconhecer limitações), deseja ser informado (diagnóstico, prognóstico e tratamento), não ser abandonado (garantir qualidade de vida); Princípios bioéticos: o médico no seu relacionamento com o paciente deve ter em mente os 5 princípios bioéticos: • Beneficência: buscar fazer sempre o bem para o paciente; • Não maleficência: não fazer nada de mal ao paciente, fazer aquilo que beneficia o paciente e evitar atitudes que prejudiquem ou causem danos ao seu estado de saúde; • Justiça: todos têm o direito igual de ter acesso ao serviço de saúde de qualidade, fazer sempre o que é justo ao paciente; • Autonomia: respeitar o desejo do paciente, informa- lo e consulta-lo sobre o que diz respeito a sua saúde; autonomia não implica em atitude passiva do médico, ou seja, a decisão deve ser conjunta (consentimento informado); • Sigilo: segredo médico. Aspectos psicodinâmicos: aspectos inconscientes do paciente para o médico ou do médico para o paciente. • Transferência: diz respeito aos fenômenos afetivos que o paciente transfere para a relação com o médico, sentimentos inconscientes já vividos anteriormente com os pais, irmãos e outros membros da família, podendo ser positiva (o paciente confirma a expectativa que tinha de encontrar no médico uma pessoa disponível, atenciosa e com capacidade de ajuda-lo) ou negativa (resistência, devido a situação que faz o paciente reviver fatos desagradáveis de relações anteriores); • Contratransferência: aspectos afetivos do médico para o paciente, sentimentos inconscientes já vividos pelo médico com seus pais, filhos e cônjuge, podendo ser uma contratransferência positiva (criação de uma empatia que é útil e importante, principalmente, para o tratamento do paciente com doenças crônicas e incuráveis), ou contratransferência negativa (o médico rotula o paciente de chato, irritante, enjoado). Tipos de médico: existem médicos paternalistas (protetivos), agressivos, inseguros, autoritários, tecnicistas, otimistas, pessimistas, rotuladores, sem vocação e frustrado. Tipos de paciente: durante o adoecimento, alguns traços de personalidade podem exacerbar. Há pacientes ansiosos, deprimidos, hostis, sugestionáveis (medo excessivo), hipocondríacos, eufóricos, inibidos, psicóticos, surdos, especiais e em estado grave. A anamnese, se benfeita, acompanha-se de decisões diagnósticas e terapêuticas corretas; se malfeita, em contrapartida, desencadeia uma série de consequências negativas, as quais não podem ser compensadas com a realização de exames complementares, por mais sofisticados que sejam; Anamnese = relembrar; 3 Gabriela Oliveira Franco - XXXVIII Diagnóstico = buscar conhecimento; A anamnese é SUBJETIVA e é a parte mais importante do método clínico. O exame clínico é OBJETIVO e varia de acordo com a anamnese; Objetivos da anamnese: • Estabelecer condições para uma adequada relação médico-paciente; • Conhecer, por meio da identificação, os determinantes epidemiológicos do paciente que influenciam seu processo saúde-doença; • Fazer a história clínica, registrando, detalhada e cronologicamente, o problema atual de saúde do paciente; • Avaliar, de maneira detalhada, os sintomas de cada sistema corporal; • Registrar e desenvolver práticas de promoção da saúde; • Avaliar o estado de saúde passado e presente do paciente, conhecendo os fatores pessoais, familiares e ambientais que influenciam seu processo saúde- doença; • Conhecer os hábitos de vida do paciente, bem como suas condições socioeconômicas e culturais. Elementos da anamnese: 1. Identificação; 2. Queixa principal e duração (QPD); 3. História da doença/moléstia atual (HMA); 4. Doenças preexistentes; 5. Medicações em uso; 6. Interrogatório sintomatológico (ISDA); 7. Antecedentes pessoais e familiares. Cor: leucoderma (brancos), faioderma (pardos), melanodermas (negros), xantodermas (amarelos e asiáticos). Profissão: atual e anteriores. • A quanto tempo trabalhou nesse emprego? • Já teve outros empregos? • Onde o sr. ou sra. trabalha? Estado civil: solteiro(a), amasiado(a), casado(a), divorciado(a), viúvo(a). • Quantos casamentos você teve? • Por quanto tempo permaneceu casado? • Você mora com seu namorado(a)? A quanto tempo? Os dados da identificação são importantes não só para preencher a ficha do paciente, mas também para identificar possíveis comorbidades relacionadas a sexo (HAS > homens negros, esclerose múltipla > mulheres...), raça/cor (câncer de pele > brancos, anemia falciforme > negros), naturalidade e procedência (doenças endêmicas, como chagas, dengue, malária...), profissão (doenças ocupacionais, como asbestose, antracose, paracoccidioidomicose...) e estado civil (ISTs...); A religião à qual o paciente se filia tem relevância no processo saúde-doença. Alguns dados bastante objetivos, como a proibição à hemotransfusão em testemunhas de Jeová e o não uso de carnes pelos fiéis da Igreja Adventista, têm uma repercussão importante no planejamento terapêutico. QUEIXA PRINCIPAL E DURAÇÃO: é o motivo pelo qual o paciente procurou o atendimento médico; É uma afirmação breve e espontânea, geralmente um sinal ou um sintoma, suscitador nas próprias palavras da pessoa, que descreve o motivo da consulta. Geralmente, é uma anotação entre aspas para indicar que se trata das palavras exatas do paciente. → Qual o motivo da consulta? → Por que o(a) senhor(a) me procurou hoje? Nome: Data de nascimento: Idade: Sexo: Cor: Naturalidade: Procedência: Profissão: Estado civil: Religião: Acompanhante/informante (se tiver): QPD: “dor na barriga há 6 dias”; “dor no peito há 2 horas” ... 4 Gabriela Oliveira Franco - XXXVIII → O que trouxe o(a) sr. (a) no hospital hoje? HISTÓRIA DA MOLÉSTIA ATUAL (HMA): é um registro cronológico e detalhado do motivo que levou o paciente a procurar assistência médica, desde o seu início até a data atual; É a parte mais importante da anamnese!!! É fundamental para partir do POSSÍVEL (pela QPD) e ir para o PROVÁVEL; Na HMA é possível identificar o SINTOMA GUIA. SINTOMA GUIA: sintoma ou sinal que permite construir a HMA com mais facilidade e precisão; Sintoma-guia não é necessariamente o mais antigo, a primeira queixa relatada pelo paciente, ou sintoma mais realçado pelo paciente, mas pode ser todos esses elementos; Normalmente coincide com a QPD. Passos para colher uma boa HMA: 1. Deixe que o paciente fale sobre sua doença; 2. Determine o sintoma-guia; 3. Descreva o sintoma-guia com suas características e analise-o minuciosamente; 4. Use o sintoma-guia como fio condutor da história e estabeleça as relações das outras queixas com ele em ordem cronológica; 5. Verifique se a história obtida tem começo, meio e fim; 6. Nãoinduza respostas; 7. Apure evolução, exames e tratamentos realizados em relação à doença atual; 8. Resuma a história o paciente, a fim de ele possa confirmar ou corrigir algum dado relatado, ou mesmo acrescentar alguma queixa esquecida. DOENÇAS PREEXISTENTES: são as comorbidades que o paciente já possui e tem conhecimento. São importantes pois estas podem estar relacionadas com a queixa do paciente. Ex.: paciente queixa de síncope acompanhada de parestesia hemilateral, com queda da rima bucal hemilateralmente e disartria. Paciente possui HAS há 20 anos. → Provável AVC. A principal causa de AVC é HAS. MEDICAÇÕES EM USO: também é um dado importante para relacionar com a HMA, pois alguns sintomas podem acontecer por efeitos colaterais de medicações. É fundamental também para evitar interações medicamentosas maléficas. → É nesse momento que você identifica o grau de adesão a tratamentos pelo paciente, e o seu autocuidado. Se o paciente possuir comorbidades e não usar corretamente as medicações necessárias, provavelmente também não vai aderir ao tratamento atual. !!! Alguns pacientes não vão se lembrar dos nomes, portanto é importante saber os nomes das principais medicações antihipertensivantes, antidiabéticos, diuréticos, antiarrítmicos, analgésicos, corticoides, antidepressivos, etc. Início: “A quanto tempo você está sentindo isso?” Características do sintoma: localização, duração, intensidade, frequência, tipo... Fatores de melhora ou piora: fatores ambientais, posições, atividade física ou repouso, alimentos, medicações... Relação com outras queixas: sintomas concomitantes Evolução: como esse sintoma se comportou ao longo do tempo Situação atual: como o sintoma está hoje. Qual/quais doença(s): exemplo comum é diabetes, HAS, dislipidemia... A quanto tempo você possui: perguntar para cada doença. → Perguntar se faz acompanhamento correto de tais doenças. Nome da medicação/medicações: identificar princípio ativo. Miligramas Posologia: quantas vezes ao dia e horários. → Perguntar se faz uso correto das medicações. 5 Gabriela Oliveira Franco - XXXVIII INTERROGATÓRIO SINTOMATOLÓGICO SOBRE OS DIVERSOS APARELHOS (ISDA): O interrogatório sintomatológico documenta a existência ou ausência de sintomas comuns relacionados com cada um dos principais sistemas corporais. É comum o paciente não relatar um ou vários sintomas durante a elaboração da história da doença atual por simples esquecimento ou medo inconsciente de determinados diagnósticos podem levar o paciente a não se referir a padecimentos de valor crucial para chegar a um diagnóstico. Outra importante função do interrogatório sintomatológico é avaliar práticas de promoção à saúde. 1. Sintomas Gerais 2. Pele e fâneros • Febre: quantos graus? (Se o paciente mediu coloca SIC). Acompanhada ou não de cefaleia, calafrios, sede...? • Astenia: sensação de fraqueza • Alteração de peso: pra mais ou para menos? Em quanto tempo? Motivo (dieta, exercício, sem motivo...)? • Adinamia: falta de força física ou moral por debilidade emocional. • Sudorese e calafrios: generalizada? Localizada? Acompanha febre? • Prurido • Manchas: localização? Quando apareceram? Coloração? Sensibilidade? • Lesões cutâneas: localização? Quando apareceram? Coloração? Sensibilidade? • Pápulas, nódulos, petéquias, equimoses, sufusões hemorrágicas • Fenômeno de Raynauld: indicativo de doença autoimune • Alteração em cabelos e pelos: quedas? ressecamento? Mudança na coloração? • Alteração em unhas: quebradiças? Engrossaram? Tortuosas? Manchas? Micoses? • Cefaleia: a quanto tempo? Localização? Como doí? Frequência? Sintomas de melhoras e pioras? Acompanha outros sintomas? Evolução? • Vertigem: acompanhada de zumbido? • Tontura: houve perda de consciência? Sensação de escurecimento visual? Acompanhado de cefaleia? O que estava fazendo quando aconteceu? • Perda de consciência: houve desmaio? • Dor no pescoço? A quanto tempo dói? Onde dói? Como é a dor? Fatores de melhora e piora? Acompanha outros sintomas? Evolução? • Tumorações e nódulos? a quanto tempo? Localização? • Alteração na movimentação? 3. Cabeça e pescoço 4. Olhos • Dor? A quanto tempo dói? Onde dói? Como é a dor? Fatores de melhora e piora? Acompanha outros sintomas? Evolução? • Edema palpebral? Tem um horário preferencial? A quanto tempo aconteceu? • Prurido visual? Acompanha vermelhidão? • Acuidade visual? Usa óculos? Pra perto ou para longe? A quanto tempo? Quantos graus? Já teve perda de visão? Acredita que enxerga bem? • Escotomas? A quanto tempo? Quando ocorre? Acompanha cefaleia (descrever cefaleia)? É frequente? • Moscas volantes? A quanto tempo? • Diplopias? Quantas vezes aconteceu? Acompanha algum sintoma? • Lacrimejamento? A quanto tempo? Quando olha a luz? • Fotofobia? Acompanha outros sintomas? • Secreção? A quanto tempo? Como é a secreção? Frequência? 5. Nariz • Epistaxe? Quando ocorre? Frequência? Relação com época de ano? Sintomas concomitantes? • Coriza? Frequência? Sintomas concomitantes? • Obstrução? Perguntar se respira corretamente de ambas as narinas. Adenoide? • Olfação? Sente corretamente os cheiros? Sente cheiros ruins (cacosmia)? • Hiposmia ou anosmia? 6. Orelhas • Dor? A quanto tempo dói? Onde dói? Como é a dor? Fatores de melhora e piora? Acompanha outros sintomas? Evolução? • Otorréia? A quanto tempo? Há odor? Dói? 6 Gabriela Oliveira Franco - XXXVIII • Acuidade auditiva? Escuta bem das duas orelhas? houve perda de audição? a quanto tempo? • Otorragia? Quando ocorreu? Acompanhou outros sintomas? Frequência? • Zumbidos? Acompanha tonturas, cefaleias? A quanto tempo? Quando ocorre? Há outros sintomas? 7. Boca e garganta • Sialose? Excessiva produção salivar, a quanto tempo? Ocorre na presença de algum alimento? • Halitose? A quanto tempo? Horário preferencial? Acompanha gastrite ou outros sintomas? • Dor na garganta ou cavidade oral? A quanto tempo dói? Onde dói? Como é a dor? Fatores de melhora e piora? Acompanha outros sintomas? Evolução? • Afonia? por qual motivo? A quanto tempo? Acompanha dor? • Disfagia? • Faz escovação de dentes e línguas? Sente dor nos dentes ou na língua? 8. Aparelho cardiorrespiratório • Dor torácica? A quanto tempo dói? Onde dói? Como é a dor? Fatores de melhora e piora? Acompanha outros sintomas? Evolução? • Tosse? A quanto tempo? Seca ou com secreção? Tem horário preferencial? Fatores de melhora ou piora? • Ronco? A quanto tempo? Acorda a noite com o ronco? • Expectoração? Acompanha ou não a tosse? Coloração da expectoração? Há cheiro? A quanto tempo? • Hemoptise? A quanto tempo? • Palpitações? A quanto tempo? Horário preferencial? Fatores de melhora ou piora? Fatores emocional? Modo de instalação e desaparecimento? Relação com o esforço? • Dispneia? Relação com grandes, médios e pequenos esforços? Fatores de melhora e piora? Melhora com o decúbito? A quanto tempo? • Cianose? A quanto tempo? Acompanha dispneia, taquicardia? Relação com esforço. • Edema? Localização? A quanto tempo? Consistência? Intensidade? Elasticidade? Coloração? Textura e espessura? Sensibilidade? • Dispneia paroxística noturna? • Ortopneia? Dispneia que melhora na posição ortostática (possível DPOC e congestão pulmonar) • Sibilância? A quanto tempo? Acompanha dispneia? 9. Aparelho digestivo • Apetite? Aumento? Hiporexia? Motivos? • Disfagia? Dificuldade para deglutir? • Odinofagia? Dor ao deglutir? • Regurgitação? A quanto tempo? Acompanha tosse? Há queimação no esôfago? • Pirose? A quanto tempo? Acompanha náuseas? • Dispesia? A quanto tempo? Acompanha outros sintomas? • “Má digestão”? peso ou desconforto epigástrico? Eructações? Sensaçãode plenitude? A quanto tempo? Ocorre na presença de algum alimento específico? • Intolerância alimentar? Leite, amêndoas, farinha, camarão... • Náuseas e vômitos? A quanto tempo? Tem horário preferencial? Algum fator de melhora ou piora? Acompanha outro sintoma? • Hematêmese? • Dor abdominal? A quanto tempo? Localização? Como é a dor? Fatores de melhora e piora? Acompanha outros sintomas? Evolução? • Distensão abdominal? Acompanha gases? A quanto tempo? Acompanha outros sintomas? • Meteorismo? Acúmulo de gases no estômago, com fortes dores no abdômen e distensão. • Flatulências? Frequência? Acompanha outros sintomas? • Hábito intestinal? Frequência intestinal? Consistência das fezes? Coloração das fezes? Dor e esforço ao evacuar? Presença de rajas de sangue? Hemorróias? • Diarreia? A quanto tempo? Quantas evacuações por dia? Característica das evacuações (muita água e poucas fezes, muitas fezes e pouca água)? Coloração das fezes? Odor ou não? Sintomas concomitantes (febre, astenia, dor periumbilical ou em fossas ilíacas, vômitos, cefaleia)? Lienteria? Esteatorréia? Presença de muco ou sangue? • Lienteria e esteatorréia? Investigar coledocolitíase, patologia gástrica, insuficiência pancreática... • Tenesmo? sensação de constante necessidade de defecar, de evacuação incompleta. • Enterorragia e melena? • Prurido anal? Investigar oxiuríase, hemorróida... 7 Gabriela Oliveira Franco - XXXVIII 10. Aparelho gênito-urinário • Dor lombar, em flancos, bexiga, testículos, pênis e vagina? A quanto tempo dói? Onde dói? Como é a dor? Fatores de melhora e piora? Acompanha outros sintomas? Evolução? • Polaciúria? Aumento da micção com volume urinário baixo. • Oligúria? Diminuição da micção. • Disúria? Dor ao urinar • Anúria? Ausência de urina (possível prostatite em homens) • Poliúria? Aumento da micção com aumento do volume urinário (possível diabetes, averiguar poligafia, polidipsia e perda de peso) • Nictúria? Aumento da micção noturna (reabsorção de edemas...) • Incontinência urinária? • Hematúria? Possível pielonefrite • Colúria? Possível aumento de bilirrubina por problemas hepáticos ou obstrução hepática • Alteração de jato urinário? Pode indicar problemas em próstata. Perguntar sobre hesitação miccional (dificuldade de iniciar micção) • Tenesmo vesical? vontade frequente de urinar e sensação de não esvaziamento completo da bexiga. • Corrimento uretral e vaginal? Prurido? Mal cheiro? • Disfunção sexual e de fertilidade? • Frigidez? • Ciclos menstruais? Perguntar sobre regularidade, intensidade do fluxo (quantos absorventes usa por dia), duração, data da última menstruação, presença de sintomas relacionados, possíveis alterações menstruais. !!! Em homens > 40 anos, perguntar se já realizou o exame de próstata Homens de até 59 anos: PSA total até 4,0 ng/mL; Entre 60 e 69 anos: PSA total até 4,5 ng/mL; A partir dos 70 anos: PSA total até 6,5 ng/mL. !!! Em mulheres perguntar sobre: último exame ginecológico; terapia de reposição hormonal; último exame de Papanicolau; uso de anticoncepcional. 13. Sistema linfo-hematopoiético • Adenomegalias? Quais linfonodos? A quanto tempo? Sabe o motivo? Já ocorreu outras vezes • Palidez? • Sangramentos? Hematomas, sufusões, petéquias... 14. Sistema endócrino-vegetativo • Alterações de pelos e voz? Caiu ou cresceu pelos recentemente? Houve mudanças na voz? • Polidipsia? Aumentou a sede? Houve aumento da frequência urinária? A quantidade de urina está aumentada? Há aumento da fome? Há perda de peso? • Intolerância ao frio e calor? Sente muito frio ou calor comparado às outras pessoas? Agora você está sentindo frio ou calor? • Bócio? • Polifagia? Aumentou a fome? A quanto tempo? E a sede? Houve ganho ou perda de peso? Tem algum motivo para esse aumento? • Galactorreia? Pode estar relacionada a distúrbios hormonais ou efeitos colaterais de medicações • Ginecomastia? em homens. !!! Perguntar sobre a mamografia e o autoexame de mamas para mulheres acima de 40 anos. 15. Aparelho locomotor • Dor óssea e muscular? A quanto tempo dói? Onde dói? Como é a dor? Fatores de melhora e piora? Acompanha outros sintomas? Evolução? • Espasmos musculares? • Caimbras? • Claudicação intermitente? dor intensa ao deambular que se alivia com o repouso. Relacionada uma baixa perfusão nos músculos de MMII, por exemplo uma obstrução arterial. Pessoa caminha um pouco e para. • Fraqueza muscular? • Dor em coluna? A quanto tempo dói? Onde dói (vertebral, torácica, lombar)? Como é a dor? Fatores de melhora e piora? Acompanha outros sintomas? Evolução? • Dores, inflamações ou problemas articulares? Artralgia, calor, rubor, aumento de volume, deficiência funcional, rigidez matinal, deformações. • Fraturas espontâneas? Sugestivo de osteoporose. As vértebras e a pelve são ossos que frequentemente fraturam espontaneamente. Pode levar a embolia gordurosa. • Deformidades ósseas? • Infecções frequentes? De que sistema? Com que frequência? 8 Gabriela Oliveira Franco - XXXVIII ANTECEDENTES PESSOAIS 16. Aparelho neuro-psíquico • Irritabilidade? Ansiedade? Depressão? a quanto tempo? Com que frequência? Qual a intensidade? Você faz tratamento? Isso interfere no seu dia-a- dia? Sintomas concomitantes? • Tremores? A quanto tempo? Localização? Características? Sintomas concomitantes? • Convulsões? A quanto tempo? Características? Frequência? Sintomas concomitantes? • Parestesias? A quanto tempo? Localização? Após algum episódio? Sintomas concomitantes? • Paralisias? A quanto tempo? Localização? Após algum episódio? Sintomas concomitantes? • Lipotímia? Pré-síncope sem perda de consciência, com visão turva e sensação de desmaio • Síncope? Desmaio com perda de consciência • Transtornos do sono? Dorme quantas horas por dia? Seu sono é reparador? Faz uso de medicações para dormir? • Distúrbios de aprendizagem? Perguntar sobre o progresso escolar e se foi diagnosticado com algum distúrbio. • Lapsos de memória? 1. Condições de nascimento e desenvolvimento neuropsíquico • Parto? Normal, cesárea, no hospital, na fazenda • Nasceu na época certa? • Teve complicações neonatais? Teve alta do hospital junto com a mãe? • Aleitamento materno? • Crescimento da dentição com quantos anos? começam a surgir entre os 6 e 14 meses de vida • Deambulação com quantos anos? entre 10 e 18 meses • Começou a falar? entre os 18 meses e 2 anos • Aprendizado escolar? Teve dificuldade? Estudou até que ano? Por que parou de estudar? 2. Passado mórbido • Todas as doenças desde a infância até a moléstia atual, e incluir tratamentos realizados • Cirurgias • Transfusão sanguínea • Internações • Traumatismos !!! Infância: sarampo, catapora, caxumba, amigdalites. Vida adulta: pneumonia, hepatite, dengue, meningite, tuberculose, edemas... 3. Antecedentes reprodutivos • Menarca? • Menopausa? • Início da vida sexual e se possui vida sexual ativa? Faz uso de camisinha? Contraceptivo oral? Pílula do dia seguinte? Possui muitos parceiros(as)? • Gestações? Abortos? Partos? Números de filhos? • ISTs? Já viu uma ferida ou verruga no pênis/vagina? a quanto tempo? Como era essa lesão? Era dolorosa ou indolor? • Orientação sexual? 4. Condições de vida e moradia • Tipo de construção da moradia? Alvenaria, pau a pique • Número de cômodos? • Provisão de eletricidade, água, esgoto e coleta de lixo? • Número de co-habitantes? • Meio de transporte familiar? • Empregada mensalista? • Animais? Gato, cachorro, passarinho... • Tipo de trabalho? Trabalha no sol ou em ambientes insalubres? Quantas horas por dia? Observar se possui contato com algum agente que pode levar a uma patologia ocupacional, como pó de amianto,serragem, fuligem, pó de vidro, fungos, uso de EPIs... • Quem contribui economicamente para o lar? • Lazer? 5. Hábitos • Álcool? Tipo de bebida, quantidade por dia/semana/mês, se sente necessidade de beber • Tabagismo? Tipo de cigarro, a quanto tempo fuma, quantos maços por dia • Uso de tóxicos: drogas ilícitas, anabolizantes, remédios para emagrecer, anfetamina? A quanto tempo, tipo de tóxico já tentou parar • Atividade física? Tipo de atividade, quantos dias por semana, duração !!! Carga tabágica: 𝑛º 𝑑𝑒 𝑚𝑎ç𝑜𝑠 20 × 𝑛º 𝑑𝑒 𝑎𝑛𝑜𝑠 Uma carga > 20 anos maço aumenta o risco de DPOC 6. Anamnese alimentar • Número de refeições por dia? De quantas em quantas horas 9 Gabriela Oliveira Franco - XXXVIII ANTECEDENTES FAMILIARES Estado de saúde e condição de vida dos pais, irmãos, cônjuge e filhos. Causa de morte dos familiares. Outras doenças semelhantes à do paciente. Doenças insidiosas na família. Conceito: acúmulo de líquido no espaço intersticial. Como se forma: • Por um desequilíbrio onde ocorre ↑PHc e ↓POc; • Por um aumento da permeabilidade capilar; • Por diminuição da drenagem linfática • Por obstrução venosa; • Por um trauma; • Por aumento da reabsorção de Na+ pelo SRAA. Edema por ↑PHc: varizes, insuficiência venosa (liquedema), edema vespertino. Edema por aumento da permeabilidade capilar: por reações inflamatórias. Edema por obstrução da drenagem linfática: pós- cirúrgicos, com remoção da cadeia linfática (linfedema), por elefantíase, neoplasias, doenças infecciosas... Edema por ↓POc: síndrome nefrótica (há perda de proteína na urina) e queimaduras. DESCRITORES DO EDEMA: 1. Localização: • Localizado: 1 segmento corporal (membro inferior, membro superior...), de causa local. • Generalizado: 2 ou mais segmentos corporais (MMII, MMSS...), de causa sistêmica. • Anasarca: edema generalizado com derrame intracavitário (pleural, abdominal - ascite, pericárdico, bolsa escrotal - hidrocele...). 2. Intensidade: • Sinal de cacifo: + = 2mm de profundidade; ++ = 4mm; +++ = 6mm; ++++ = 8mm • Medição da circunferência abdominal: em casos de ascite • Pesar o paciente diariamente: verificar se há perda de peso (concomitante perda de líquido, reabsorção do edema) ou ganho de peso (aumento do edema). 3. Consistência: • Mole: com cacifo positivo ou negativo • Duro: crônico, linfedema 4. Elasticidade: • Elástico: cacifo negativo, aperta a pele e ela volta • Inelástico: cacifo positivo, aperta o membro edemaciado e fica a marca do dedo. Comum paciente relatar que fica marca do sapato. 5. Coloração: • Normocorado • Pálido • Cianótico: represamento de sangue • Vermelho: hiperêmico, inflamação 6. Textura e espessura: • Liso e brilhante: liquedema (agudo e hídrico) • Enrugado: em reabsorção • Duro e espesso: crônico 7. Sensibilidade: • Indolor • Doloroso: inflamatório 8. Temperatura: • Frio: em temperatura corporal • Quente: febril • Qualidade das refeições? Arroz, feijão, proteína, verduras, legumes, folhas. • Dietas específicas? Diabéticos, celíacos, renais crônicos, hipertensos... • Consumo de doces, enlatados, processados, industrializados, frituras... com que frequência • Consumo de óleo por mês na residência: ideal é 0,5L por pessoa. • Consumo de fibra alimentar? • Ingesta de água? Quantos litros por dia 7. Antecedentes imunológicos • Vacinação em dia? Perguntar sobre a última vacina de tétano (deve ser tomada de 10 em 10 anos) • Antecedentes alérgicos? Possui alergia a poeira, ácaro, pelo de animal, cosmético, bijuteria, medicamentos, alimentos... 8. Antecedentes de interesse epidemiológico • Já morou na fazenda? Já viu o barbeiro? • Já morou ou esteve no norte do Brasil nos últimos tempos? Sugestivo de malária • Na sua cidade há muitos casos de dengue? • Nadou em algum rio nos últimos tempos? 10 Gabriela Oliveira Franco - XXXVIII EDEMA INFLAMATÓRIO: ocorre por uma reação inflamatória a uma bactéria, normalmente Staphylococcus ou Streptococcus. • Características: normalmente localizado, nem mole nem duro, vermelho, liso e brilhante, doloroso e quente e pode ou não ser inelástico. → Erisipela (Streptococcus) ou celulite (Staphylococcus) EDEMA POR INSUFICIÊNCIA VENOSA: ocorre devido a um represamento de sangue em um membro (normalmente membro inferior), há estase sanguínea e aumenta a pressão hidrostática capilar. • Características: normalmente localizado, cianótico, brilhante, frio, mole, elástico e pode haver dor. → TVP (no TVP há dor), varizes, insuficiência venosa... LINFEDEMA: edema duro e deformante, sem melhora com repouso que cessa o crescimento após equilíbrio linfático. EDEMA POR SÍNDROME NEFRÓTICA: há perda de albumina pela urina e aumento da reabsorção de sódio, gerando um desequilíbrio eletrolítico com diminuição da pressão oncótica e extravasamento de plasma, além do aumento da volemia. • Características: edema generalizado, mole, intenso matutino, indolor, cacifo positivo (geralmente), liso e brilhante, comum em região peripalpebral. EDEMA POR INSUFICIÊNCIA CARDÍACA: há aumento da pressão hidrostática capilar, aumento da reabsorção de sódio e ativação do SRAA e aumento do pH. O coração está trabalhando com um regime de força menor, com a maior reabsorção de sódio, há maior reabsorção de água e, com isso, aumenta a volemia. Esses fatos em conjunto contribuem para o aumento da pressão hidrostática capilar. • Características: edema generalizado, ascendente, vespertino, simétrico (bilateral), indolor, frio, mole (quando agudo), inelástico, cacifo positivo, liso e brilhante. → Pode evoluir para anasarca. EDEMA POR INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA: a fibrose hepática resulta em um aumento da pressão do sistema porta, que aumenta a pressão hidrostática capilar nesse sistema e diminuição da pressão oncótica capilar pela diminuição da produção de proteínas (albumina). Há maior reabsorção de sódio e água, que aumenta a volemia. • Características: inicia com ascite (edema em cavidade abdominal) e pode acometer outros seguimentos, porém não é ascendente. → Normalmente o paciente é sarcopênico, ictérico, possui acolia fecal e colúria. EDEMAS DIVERSOS: • Por antagonistas de canal de cálcio: dihidropiridinas – nifedipina; fenilalquilaminas – verapamil; benzotiazepinas – diltazem) • Gestação: adaptação do organismo para o parto (há aumento da volemia) • Angioedema: reação alérgica • Enteropatia: quando há perda de proteínas • Por traumas e queimaduras !!! Insuficiência venosa crônica: dermatite ocre (extravasamento de hemácias por represamento) !!! Trombose arterial: dedos edemaciados e com coloração vinhosa, pulsos pouco palpáveis ou não palpáveis. !!! Mixedema: extremo de gravidade no hipotireoidismo, pele amarelada, globalmente infiltrada, presença de dermatite, letargia, edema generalizado, duro e que não forma cacifo, deposição de substâncias amorfas. Função da dor: a dor serve para nos proteger de lesões, nos mostrar as ameaças do mundo. Com o desenvolvimento do córtex humano, da experiência humana a dor atingiu simbologias muito intranscendentes, ela pode ser o motivo para viver de uma pessoa que tem a vida caótica, depressiva, triste e sem sentido. !!! A dor é um fenômeno subjetivo. !!! Cada nociceptor é responsável por um tipo de estímulo: pressão, temperatura, dor, alterações químicas, vibração... Após um estímulo, ativa o potencial de ação que estimula o nociceptor. Há um mecanismo de modulação de evita disparos inadequados de potenciais de ação. Via da dor: lesão → ativa nociceptores na periferia → estímulo trafega pelas fibras dolorosas e sensitivas → passa pelo gânglio da raíz dorsal → entra na medula → estímulo sobe ou desce de um a dois segmentos → sinapseno corno posterior da medula → decussa (cruza) → substância branca → tálamo; 11 Gabriela Oliveira Franco - XXXVIII !!! Na medula a substância cinzenta é interna e a substância branca é externa, é o contrário do que se observa no encéfalo. !!! O estimulo entra no corno posterior faz sinapse e decussa (muda de lado) e chega na substância branca até subir no tálamo A dor não é simplesmente consequência de estimulo, há uma série de mecanismos endógenos que nos ajudam a defender da dor. No entanto, um estímulo alérgico como, inflamação, lesão, queimadura, tumor, fazem receptores serem ativados, os chamados nociceptores que são terminações nervosas e livres nas extremidades dos nervos sensitivos. Esses últimos irão captar os estímulos da periferia (pele e mucosa) e a partir daí, os estímulos dolorosos trafegam por fibras dolorosas e sensitivas, passam por um gânglio chamado gânglio da raiz dorsal (perto da medula) e, posteriormente, o estimulo adentra a medula. Ao entrar na medula, o estimulo sobe ou desce de um a dois segmentos chamado de Lissauer e, posteriormente, faz sinapse no corno posterior da medula. Trato Espinotalâmico Lateral: trato que leva o estímulo da medula ao tálamo. É ele que nos permite sentir a dor. Os estímulos que captamos do nosso hemicorpo esquerdo entram na medula, vão decussar e subir por um trato chamado espinotalâmico lateral até chegar ao tálamo que ladeia o 3º ventrículo. Ao chegar no tálamo, o estimulo faz sinapses em núcleos talâmicos e a partir daí partem neurônios que vão levar o estímulo até o córtex. O estímulo, então, chega ao córtex sensitivo na área chamada Homúnculo de Penfield (Giro pós central). !!! Estimulo → periferia → medula → decussa → tálamo contra lateral → radiações tálamo corticais → córtex sensitivo (giro pós central – homúnculo de Penfield). No córtex acontece a localização/ precisão da dor, é possível então caracterizar a dor. Antes de chegar ao córtex a dor é difusa. O estimulo de dor que sai da periferia é bem localizado. Trato Neoespinotalâmico: é a facção do trato espinotalâmico que é filogeneticamente mais recente, mais desenvolvido, cuja maior parte dos estímulos chegam ao córtex. Por isso, os estímulos são localizados rapidamente, que são os estímulos da periferia. Quando os estímulos são percebidos na periferia, eles trafegam por fibras periféricas mais grossas (Fibras A-delta), com mais mielina (células de Schwann) que torna a condução mais rápida. A dor somática se enquadra nesse trato. Trato Paleoespinotalâmico: é a facção mais antiga do trato espinotalâmico lateral. Dores que saem dos órgãos, viajam por fibras mais finas que as fibras Adelta, chamadas fibras C que possuem pouca mielina e por isso são mais lentas. Elas percorrem o mesmo caminho das fibras A-delta. O estimulo chega ao tálamo, mas não ascendem ao córtex. Assim sendo, essas dores são difusas, mal localizadas, sendo chamada de dor difusa ou dor visceral. CLASSIFICAÇÃO FISIOPATOLÓGICA • Dor nociceptiva: dor fisiológica normal, por um estímulo doloroso. • Dor neuropática: perda das fibras da dor aguda, levando a uma dor sem lesão prévia. A terapia é feita com medicação para modular o SNC. - Se o nervo que traz a sensibilidade está doente, ele começa a desencadear estímulos descontrolados, bizarros, grotescos que causam dor no sitio que ele inerva. - A dor neuropática acontece em choque, pontada e frequentemente cursa com um fenômeno chamado alodinia que significa estímulos geralmente, não dolorosos que leva a dor, como colocar roupa. • Dor mista: nociceptiva + neuropática, causada por um câncer por exemplo. • Dor psicogênica: dor sem lesão. O paciente converte uma energia psíquica em dor, que acredita que tem essa dor. Não é gerada por estimulo álgico nociceptivo, ela é gerada pelo próprio encéfalo que está fabricando a dor. O paciente tem necessidade, inconsciente, de ser acolhido. Essas dores podem se cronificar. O médico não encontra causas palpáveis para a dor do paciente. CLASSIFICAÇÃO ANATÔMICA • Dor somática superficial: dor rápida e localizada em tecidos superficiais, como a pele e mucosas. • Dor somática profunda: dor rápida e localizada em tecidos profundos, como o tecido subcutâneo, peritônio... !!! A dor somática é a dor que nos protege, é a dor do corpo; irradia pouco e não é referida. • Dor visceral: dor em órgãos profundos. Pouco localizada, lenta, difusa, difícil de caracterizar. Normalmente refere. - Grande parte dos estímulos não chegam ao córtex, os estímulos viajam por fibras lentas (fibra C), sobem pela medula por meio do trato paleoespinotâlamico. 12 Gabriela Oliveira Franco - XXXVIII - Dor visceral irradia para outros lugares que possuem a mesma origem embriológica que o órgão que está doendo e muitas vezes se refere. !!! Cólica biliar: cálculo obstrui o ducto cístico e por ser uma víscera oca com peristaltismo ocorre contração para vencer o obstáculo = dor em cólica. Causa dor no hipocôndrio direito e que irradia para a região epigástrica, ombro direito e região interescapulovertebral direita, acompanhada de náuseas, vômito, sudorese, palidez. A dor da cólica biliar pode irradiar ou referir. !!! Cólica renal: ocorre por cálculos que sai da pelve e desce pelos ureteres, vísceras ocas que também tem peristaltismo. É uma dor em cólica acompanhada de náuseas e vômito que irradia para a região lombar, flanco e região inguinal. !!! Pneumonia bacteriana: dor pleurítica, febre alta, hiporexia, astenia, adinamia, mal estar geral. O parênquima pulmonar não tem inervação sensitiva para a dor. A dor pleurítica é em pontada, pois a pleura parietal tem inervação rápida. Dor bem localizada, que não irradia, é uma dor somática. !!! Infarto: dor em aperto sob peito esquerdo, que pode referir para lateral de membro superior esquerdo, mandíbula e orelha esquerda e região epigástrica. É uma dor visceral e referida. • Dor simulada: inventada, para ganho secundário, não existe dor. - Mecanismos nociceptivos endógenos = são barreiras, mecanismos para nos defender da dor. - Na entrada da medula está presente o mecanismo chamado de comporta de Melzack e Wall, através de fibras táteis que entram junto com as fibras finas da dor (fibras alfas) há inibição de dor (bateu faz massagem que melhora) - À medida que o estímulo chega ao encéfalo, lá na substância que circunda o terceiro ventrículo, nos núcleos há liberação de encefalinas que também nos protegem contra a dor. - No córtex há fibras chamadas córtico fulgazes que descem pela medula e impedem ou diminuem a transmissão da dor. CARACTERÍSTICAS • Dor referida: dor distante do local da lesão. Ocorre quando fibras nervosas de regiões de densa inervação (como a pele) e fibras nervosas das regiões menos densamente inervadas convergem nos mesmos níveis da medula espinhal. • Dor irradiada: compressão de um nervo que irradia a dor. - Hérnia discal: extrusão do disco que irá comprimir uma raiz. Estímulo em choque, pontadas, a dor desce pela distribuição da raiz. TIPOS DE DOR: • Pontada: dor aguda, pleurítica... • Aperto: infarto, cefaleia tensional • Dilacerante • Queimação: esofagite, gastrite... • Cólica: dor proveniente de órgãos ocos, que aperta e solta. • Pulsátil: enxaqueca. • Surda (contínua e imprecisa): dor lombar • Contínua ou em faixa: pancreatite aguda • Fantasma: membro amputado • Difusa: fibromialgia • Em choque: neuropática, compressão de nervo DESCRITORES DA DOR: 1. A quanto tempo? 2. Localização? Hemi ou bilateral? Topografia exata. 3. Frequência? Quantas vezes ao dia, semana, mês...? 4. Evolução da frequência: começou assim ou piorou? 5. Intensidade: 0 – 10 (é subjetivo) 6. Característica da dor: em pontada, aperto... 7. Fatores de melhora ou alívio8. Fatores de piora ou desencadeante 13 Gabriela Oliveira Franco - XXXVIII 9. Irradiação (na HMA escreve que a dor irradia, mesmo se é referida. Deve negar irradiação na HMA) 10. Evolução 11. Sintomas concomitantes: náuseas, cólicas, cefaleia... Também chamado de somatoscopia ou ectoscopia, o exame físico geral tem como objeivo avaliar os dados gerais do paciente. Semiotécnica: a inspeção necessita de uma iluminação adequada, denudar a região, olhar frontal e tangencial, palpação de pulsos e elevações. 1. SINAIS VITAIS • Palpação do pulso radial: localizado medialmente ao processo estilóide do rádio, palpa em formato de pinça com o dedo indicador e médio, e o polegar se fixa o dorso do punho empurrando a artéria contra o dorso. O antebraço fica apoiado em supinação e mão pode ficar levemente flexionada. • Palpação do pulso braquial: localizado medial ao tendão do bíceps, paciente deve estar com o braço em pronação, palpa a artéria braquial com o dedo indicador e médio em forma de pinça contra o úmero, enquanto o polegar fica posicionado sob o lado oposto do úmero. • Frequência de pulso: é medida no pulso radial por 1 minuto. - Normal: 50 – 100 ppm (pulsações por minuto) • Temperatura axilar: primeiro deve observar a axilar o paciente, a região deve estar seca, se houver sudorese deve secar. O termômetro é colocado oblíquo no oco axilar. - Termômetro digital: deixar até parar de apitar totalmente - Termômetro de mercúrio: de 3-5 minutos - Temperatura normal: 35,5 – 37 ou 37,2°C - Febre: > 37,0°C • Frequência respiratória: “finge” que vai medir a pulsação e avalia os movimentos respiratórios do tórax e abdome. - FR normal: 12 -20 IRPM • Pressão arterial: primeiramente deve-se medir a circunferência do braço do paciente e, em seguida, a PA. → Antes de medir a pressão: está sentindo dor? Tomou café, fumou, bebeu ou fez alguma atividade física nos últimos 30 ou 60 min? Está com vontade de ir ao banheiro? Está ansioso? Estava em repouso ou veio para o hospital caminhando? - Circunferência do braço: mede no ponto médio entre o acrômio e o epicôndilo lateral do cotovelo. - Método palpatório da PA: coloca o esfigmo 2 dedos acima da fossa cubital e posiciona o dedo no pulso radial. Insufla o esfigmo e observa o manômetro até que pare a pulsação. Coloca o estetoscópio sob a artéria braquial e insufla mais 30mm. - Medida da PA: ausculta a primeira pulsação para averiguar a pressão sistólica e quando parar a pulsação para a diastólica. Ausculta por mais 30mm. !!! Não se deve medir a PA com as pernas cruzadas e se for medir com o paciente sentado, ele deve estar com as costas apoiadas e com o braço na altura do coração. !!! Diretrizes sobre a HAS P SISTÓLICA P DIASTÓLICA NOMAL ≤ 120mmHg ≤ 80mmHg PRÉ-HIPERTENSÃO 121-139 81-89 HAS I 140-159 90-99 HAS II 160-179 100-109 HAS III ≥180 ≥110 - Para diagnosticar HAS são necessárias 3 medidas em momentos diferentes. Há a hipertensão do jaleco branco e, também, a pressão pode aumentar por alterações emocionais, dor, etc. 2. MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS • Altura: medida planta-vértice - Paciente bem posicionado, calcanhares juntos e com cabeça reta. • Peso: em algumas patologias, é necessário avaliar o peso diariamente, como no edema, para verificar se houve reabsorção ou aumento. - Peso ideal: quando não é possível pesar alguns pacientes ou quando um paciente é obeso mórbido, é necessário fazer o peso ideal, pois muitos medicamentos necessitam do peso para a dosagem. Fórmula do peso ideal ou Regra de Broca: P. ideal = altura (cm) – 100 Intervalo aceito: 10% acima e 10% abaixo. P. ideal = (altura (cm) – 100) – 5% Intervalo aceito: 10% acima e 10% abaixo. 14 Gabriela Oliveira Franco - XXXVIII • IMC: 𝑷𝒆𝒔𝒐 𝑨𝒍𝒕𝒖𝒓𝒂² - É utilizado para avaliar o estado nutricional e tem correlação com a morbidade. - Baixo peso: <18,49 (Porto diz <20) - Normal: entre 18,5 - 24,99 (Porto diz de 20 – 24,99) - Sobrepeso: 25 – 29,99 - Obesidade grau I: 30 – 34,99 - Obesidade grau II: 35 – 39,99 - Obesidade grau III ou mórbida: > 40 • Circunferência abdominal: ponto médio entre os rebordos costais e as espinhas ilíacas. Normalmente coincide com a cicatriz umbilical. - Mulheres: ideal até 88 cm - Homens: ideal até 102 cm - O excesso de gordura abdominal está relacionado com alterações metabólicas (síndrome metabólica), incluindo dislipidemias, resistência à insulina, diabetes melito tipo 2, hipertensão arterial e doença arterial coronariana. • Circunferência do pescoço: medida no ponto médio do pescoço. - Mulheres: ideal <34 cm - Homens: ideal <37cm • Relação cintura-quadril: Para obtê-lo mede-se a circunferência da cintura em um ponto médio entre o final dos arcos costais, e a do quadril, no nível das espinhas ilíacas anteriores. Faz-se a diferença entre essas medidas. - Mulheres: RCQ < 0,8cm - Homens: RCQ < 0,9cm • Envergadura: normalmente essa medida não é realizada, porém quando se nota que o paciente possui o MMSS desproporcionalmente grandes, pode ser realizada a envergadura. - Envergadura: a distância entre as extremidades das 3ªs falanges, estando o indivíduo com os braços abertos. Normalmente, a envergadura equivale à altura. - Distância pubovértice: corresponde à distância entre a sínfise pubiana e o ponto mais alto da cabeça - Distância puboplantar: equivale à medida entre a sínfise pubiana e a planta dos pés. As distâncias pubovértice e puboplantar em conjunto com a altura e a envergadura, são importantes na caracterização dos distúrbios do desenvolvimento físico. As proporções corporais variam de acordo com a faixa etária de tal maneira que o ponto médio da altura do recém- nascido está ao nível da cicatriz umbilical, enquanto, no adulto, encontra-se na sínfise pubiana. 3. ESTADO GERAL • Bom estado geral (BEG) • Regular estado geral (REG) • Mal estado geral (MEG) !!! O estado geral é uma observação subjetiva, não significa um mau prognóstico, e sim como o paciente se encontra no momento da avaliação. 4. ESTADO DE CONSCIÊNCIA • Vígil: percepção consciente do mundo exterior e de si mesmo • Sonolento: dorme facilmente durante a conversa/exame físico, tem dificuldade para se manter alerta • Torporoso: só se mantém acordado quando há algum estímulo, como um som • Obinubilado: distúrbio de ideação, sonolento ou torporoso, com confusão mental. Comum em pacientes psiquiátricos. • Comatoso: estágio de I a IV !!! Coma: - Grau I: responde a estímulos táteis - Grau II: responde a estímulos dolorosos - Grau III: consegue respirar sozinho - Grau IV: não respira sozinho !!! Observar: no coma: perceptividade, reatividade, deglutição e reflexo; sonolento ou torporoso: interesse, atenção, coerência e concentração 5. NÍVEL DE ORIENTAÇÃO • Auto orientação: orientado sobre si mesmo - Qual é seu nome? Sua data de nascimento? Quantos anos você tem? Como é o nome de seu acompanhante? • Espaço-temporal ou alo orientação: orientação sobre espaço e tempo 15 Gabriela Oliveira Franco - XXXVIII - Que dia é hoje? Que dia da semana? Que mês estamos? Que ano estamos? Sabe se estamos no período da manhã, tarde ou noite? - Que cidade estamos? Que local estamos? Como chama esse cômodo que estamos? Esse local que estamos fica perto de onde? 6. MUCOSAS • Conjuntiva e esclera: pedir para o paciente olhar para baixo e puxar a pálpebra pra cima e pedir para o paciente olhar para cima e puxar a pálpebra para baixo. • Orais: bochechas e freio lingual. Usar lanterna. - Normocoradas: róseas avermelhadas - Hipocoradas: rosa claro, esbranquiçadas (indicar em +. 1+=pouco hipocorado, 2+=levemente hipocorado, 3+=razoavelmente hipocorado, 4+=bastante hipocorado) - Ictéricas:amareladas (avaliar em ++++) - Cianóticas: brancas-arroxeadas - Filme lacrimal: lâmina aquosa sob a esclera e conjuntiva. - Filme salivar: lâmina aquosa sob a boca. Observar se é fluido ou espesso. !!! Sempre negar icterícia e cianose caso não haja: anictéricas e acianóticas. 7. PELE • Coloração: normocorado, pálido, cianótico, ictérico, hiperêmico... - Palidez: generalizada: vasoconstrição da microcirculação cutânea e subcutânea e na redução da Hb. Localizada: isquemia (diminuição da circulação no local). - Vermelhidão ou eritrose: generalizada: febre, exposição ao sol, atividade física, policitemia, alterações da pele (escarlatina, eritrodermia). Localizada: fugaz= vasomotor (vermelho de vergonha); duradouro = eritema palmar, hiperemia da inflamação. !!! Fenômeno de Raynauld: vasoconstrição localizada da extremidade, pode ser no lóbulo da orelha, mamilo, ponta do nariz, ponta do dedo. A vasoconstrição caminha para uma cianose e depois tem vasoplegia reflexa (relaxa tudo, fica vermelho e quente). - Cianose: o Cor azulada: Hb reduzida > 5 mg/100 ml. Generalizada: problema na relação ventilação-perfusão, alteração de Hb. Localizada: obstrução venosa (deve ser pesquisada em rosto e extremidades) ✓ Generalizada: central - diminuição de O2 inalado, hipoventilação pulmonar (restritivo ou obstrutivo), curto circuito venoarterial (CIV, tetralogia). ✓ Periférica: perda de O2 capilar (estase venosa ou alteração da microcirculação) ✓ Mista (ICC): o coração não funciona, assim o sangue fica represado no pulmão provocando um edema e diminuindo a área de troca. Logo, há diminuição da Hb oxigenada. Ao mesmo tempo, o coração não empurra o sangue da circulação periférica, provocando estase, o que leva a perda de O2 capilar. ✓ Alteração de Hb – metemoglobinemia: aumenta a Hb reduzida como na intoxicação por CO2. !!! Esquema prático para diferenciar os tipos de cianose: (1) A cianose segmentar é sempre periférica (cianose localizada) (2) A cianose universal pode ser periférica por alteração da hemoglobina ou por alteração pulmonar ou cardíaca (cianose generalizada) (3) A oxigenoterapia é eficaz no tratamento da cianose central e não influi na periférica; melhora também a cianose do tipo mista (4) A cianose periférica diminui ou desaparece quando a área é aquecida (5) A cianose das unhas concomitantemente com calor nas mãos sugere cianose central. -Bronzeamento artificial e patológico: bronzeamento artificial (sol) e secundário a patologias (addison, hemocromatose) - Albinismo - Icterícia: coloração amarelada das mucosas visíveis, pele e escleróticas por aumento da bilirrubina no sangue. Pode ser classificada pela cor e intensidade. • Umidade: normal, seca e úmida - Seca: idosos, hipotireoidismo, ictiose, avitaminose ou hipovitaminose A, IRC, desidratação, esclerodermia... - Úmida (sudoreica e pegajosa): febre, hiperidrose, ansiedade, hipertireoidismo, neoplasia, dor... • Textura: normal, lisa, áspera e enrugada - Lisa: idosos, hipertireoidismo - Áspera: dermatopatias, exposição a intempéries, hipotireoidismo 16 Gabriela Oliveira Franco - XXXVIII - Enrugada: idosos, pós emagrecimento rápido, pós edema. → Deslize as polpas digitais na pele do paciente para avaliar a umidade e a textura. • Espessura: pinçamento da dobra cutânea sem englobar o tecido subcutâneo. - Normal - Atrófica: idoso, Cushing - Hipertrófica ou espessada: esclerodermia. • Temperatura: avaliada através do dorso da mão em ambos os lados, comparando. - Normal - Aumentada: inflamação - Diminuída: alteração arterial (isquemia, má perfusão) • Elasticidade: avalia ao fazer uma prega cutânea na região deltapeitoral. - Normal - Hiperelástica: Síndrome de Ehlers-Danlos - Diminuída: desidratação, idosos, desnutridos (a pele demora a voltar para o lugar) • Mobilidade: avalia fazendo movimentos circulares na pele para avaliar se esta é móvel - Normal: móvel - Aumentada: Síndrome de Ehlers-Danlos - Diminuída: cicatriz, esclerodermia • Sensibilidade: pedir para o paciente fechar o olho e tocar em regiões aleatórias e perguntar onde tocou. - Erros na sensibilidade pode indicar neuropatias, parestesias e outros problemas que afetam o córtex sensorial. • Regiões interdigitais, mãos e pés: observar fungos, rachaduras, baqueteamento digital... 8. FÂNEROS • Cabelo: - Tipo de implantação: ✓ Criança: a implantação é igual, pois não há ação do hormônio sexual ✓ Mulher: tem implantação em meia lua ✓ Homem: apresenta entradas androgênicas que podem se acentuar ou se encontrar formando a calvície. ✓ Implantação baixa ou em tridente: Síndrome de Tunner. - Distribuição: uniforme ou com falhas - Quantidade - Coloração: algumas alterações metabólicas alteram a cor do cabelo, como intoxicação por cobre (cabelo fica vermelho), desnutrição (despigmentação das pontas do cabelo) - Viço: brilho, textura. • Pêlos: - Adolescentes: até a puberdade são finos, escassos e claros - Homens adultos: androgênicos - Pilificação anômala: hirsutismo (acontece quando mulheres tem aumento de pêlos em áreas androgênicas), hipertricose (aumento de pêlos em áreas não androgênicas), síndromes genéticas; - Queda de pêlos: hepatopatia, desnutrição, doença endócrina. • Unhas: - Forma: normal, tortuosa, em vidro de relógio... - Tipo de implantação: retificação do ângulo acontece no baqueteamento digital - Coloração: hiperpigmentação - Superfície: lisa, rugosa, com hiperqueratose - Consistência: firme, mole - Brilho !!! Unha normal: ângulo < 160º do ângulo de implantação, superfície lisa, brilhante, cor rósea – avermelhada, espessura e consistência firmes. !!! Unhas de plummer (hipertireoidismo): a unha descola do leito ungueal !!! Unhas em vidro de relógio: implantação retificada, adquire formato arredondado como se fosse um vidro de relógio e baqueteamento digital = cardiopatia, hepatopatia, pneumopatia. 9. TECIDO CELULAR SUBCUTÂNEO • Destribuíção da gordura corporal: - Uniformemente distribuída - Gordura andróide (em maçã): concentrada em tronco e abdome - Gordura ginecóide (em pera): concentrada em glúteos, quadris e coxas. - Redução da gordura corporal !!! A obesidade andróide aumenta o risco de doenças cardiovasculares. • Turgor: pinça flancos e prega triceptal - Suculento ou turgor preservado - Turgor reduzido (pastoso): desidratação • Edemas: observar principalmente em tornozelos e panturrilhas e, se o paciente estiver acamado, observar em costas em tronco. - Descritores do edema: localização, intensidade, textura, consistência, temperatura à palpação, coloração, sensibilidade, alteração na pele 17 Gabriela Oliveira Franco - XXXVIII adjacente, cacifo positivo ou negativo (observar apertando com o polegar). • Circulação colateral: veias superficiais tortuosas, normalmente em tronco e abdome. → Comprime a circulação com ambos os polegares e ordenha o sangue. Em seguida solta. -Cava superior: ingurgitamento de veias de metade superior do tórax, braços e pescoço, o fluxo vai das veias tóraco-abdominal na direção da veia cava inferior pelas veias xifoideanas e longas torácicas superficiais (descendente). Outros sinais: estase jugular bilateral não pulsátil, cianose e edema de porção superior de tronco, face e pescoço. - Cava inferior: ingurgitamento de veias da metade inferior do abdome, região umbilical, flancos e face anterior do tórax. O fluxo vai das veias do abdome-tórax na direção da veia cava superior (ascende) pelas veias subcutâneas abdominais e longas torácicas. Há uma obstrução na cava inferior. - Porta: fluxo centrípeto por hipertensão portal, veias periumbilicais. Se as veias forem acima da cicatriz umbilical o fluxo é ascendente, e seforem abaixo é descendente. - Braquiocefálica: ingurgitamento de veias de ambos os lados da parte superior do tórax com fluxo látero-medial na direção das veias mamárias, toraco-axilares e jugulares anteriores. Há estase de veia jugular externa não pulsátil direita ou esquerda a depender da localização da obstrução. 10. MUSCULATURA • Inspeção: relevo muscular e simetria • Trofismo: palpar músculos de ambos os lados, anteriores e posteriores de MMSS e MMII afim de avaliar se são tróficos. - Eutrófico: trofismo normal - Hipotrófico ou atrófico: trofismo reduzido, inanição, ELA, idosos, desnutridos, denervação... - Hipertrofia: aumento de trabalho • Tônus: realizar manobra de dobrar antebraço sobre ombro, sacudir mãos, flexionar panturrilha em direção a coxa e sacudir pés lateralmente. - Eutônico: normal - Hipotônico: diminuição do estado de contração, membro fica mole - Hipertônico: aumento no estado de contração, membro fica duro. ✓ Hipertonia em canivete: resistência inicial no movimento de estender o membro, seguida por uma diminuição dessa resistência conforme o ângulo- arco do movimento aumenta. Indicativo de AVC ✓ Hipertonia em roda denteada: alternância entre os movimentos de contração e relaxamento da musculatura. O membro fica rígido e relaxa, fica rígido e relaxa... Sugestivo de Parkinson. 11. CADEIAS DE LINFONODOS → A palpação de linfonodos deve ser feita contra uma superfície óssea, dedilhando e fazendo movimentos circulares na região. Pré-auricular Da mandíbula e pescoço Sub-clavicular Infra-clavicular Axilar anterior Axilar lateral Axilar medial Axilar inferior Epitroclear Inguinais Poplíteos Pré-auricular Retro-auricular Amigdaliano Mentonianos Submandibulares Occipitais Cadeia cervical superior (superficial e profunda) Cadeia cervical posterior Subclaviculares Infraclaviculares 18 Gabriela Oliveira Franco - XXXVIII • Pré-auriculares: anterior ao tragus da orelha. - Drena cabeça • Retro-auriculares: nas bordas do músculo temporal, deve-se dedilhar toda a borda do músculo. - Drena cabeça. • Amigdalino: abaixo do ângulo da mandíbula. - Drena cabeça • Submandibular: por todo rebordo do osso mandibular, palpa contra o osso. - Drena cabeça • Mentonianos: abaixo da protuberância mentual, pede pro paciente abaixar a cabeça e palpa contra o osso. - Drena cabeça. • Cadeia cervical superior: sob o músculo esternocleidomastoideo. - Drena cabeça • Cadeia cervical posterior: posterior ao músculo esternocleidomastoideo. - Drena cabeça • Occipital: palpar processo mastoide e rebordo do crânio - Drena principalmente couro cabeludo • Supra-clavicular: pede para o paciente inspirar e palpa na fossa clavicular. - Lado esquerdo: abdome. Sugere normalmente processo maligno abdominal (p.ex. estômago, vesícula biliar, pâncreas, rins, testículos, ovários ou próstata) - Lado direito: Mediastino e pulmão. sugere uma neoplasia do mediastino, pulmão, esôfago e linfoma de Hodkins • Axilar cadeia lateral: palpar contra o úmero. - Drena braço, mama e tórax. • Axilar cadeia medial: palpar contra o gradil costal - Drena braço, mama e tórax. • Axilar cadeia anterior: palpar contra prega peitoral - Drena braço, mama e tórax. • Axilar cadeira posterior: palpar contra face anterior do latíssimo do dorso - Drena braço, mama e tórax. • Axilar apical: linfonodos do oco axiliar - Drena braço, mama e tórax. • Epitroclear: fazer sinal de cumprimentar e palpar região epitroclear. - Drena parte medial do braço, abaixo do cotovelo • Inguinais e femorais: palpa sob o ligamento inguinal, na parte medial da virilha. - Drenam MMII, genitais, região abdominal abaixo do umbigo e nádegas. • Poplíteos: semi flexiona a perna do paciente e palpa a fossa poplitia em pinça. - Drena panturrilhas, pernas e pés. • Descritores dos linfonodos: - Localização: linfonodos palpáveis em certas cadeias podem indicar patologias, como o supraclavicular esquerdo (linfonodo de Virchow) e o epitroclear, que geralmente não é palpável, se palpável pode ser hanseníase ou artrite reumatóide. - Tamanho: medido por polpa digital ✓ Normal: < 1 cm (os inguinais podem ter até 2 cm e os epitrocleares não devem ser palpáveis) - Sensibilidade: ✓ Doloroso (linfonodo infartado): processos inflamatórios ✓ Indolor: normal ou com metástase - Consistência: ✓ Mole: com abcesso por tuberculose ganglionar ou doença da arranhadura do gato ✓ Fibroelástico: normal ✓ Pétrio: metástase - Característica da pele na região adjacente: ✓ Normal ✓ Inflamada: com rubor, calor e dor - Conglomerados: massa de linfonodos que crescem e se unem. Comum em linfomas. Negar ausência. - Mobilidade: ✓ Móveis: normais ✓ Fixos: metástase ou doenças granulomatosas crônicas !!! Linfoma: febre vespertina, sudorese noturna, emagrecimento. !!! Quando há vários linfonodos palpáveis em várias cadeias (microadenopatia), pode indicar doenças virais como mononucleose, HIV, citomegalovírus... 19 Gabriela Oliveira Franco - XXXVIII 12. BIOTIPO PESCOÇO CURTO E GROSSO EQ. ENTRE OS DIÂMETROS FINO E LONGO TÓRAX ALARGADO, COM O CORAÇÃO LATERALIZADO EQ. ENTRE OS DIÂMETROS ACHATADO, DIMINUIÇÃO DO DIÂMETRO ANTEROPOSTERIOR MMII E MMSS CURTOS EQUILÍBRIO LONGOS DEDOS DEDOS MENORES QUE O CARPO EQUILÍBRIO LONGOS E FINOS ÂNGULO DE CHARPY > 90º = 90º < 90º FACE Predomínio do eixo horizontal EQUILÍBRIO Predomínio do eixo vertical O ângulo de charpy é a medida mais usada para a avaliação do biotipo. É feita através do ângulo formado na junção dos rebordos costais com o apêndice xifóide. → Junta os dois polegares e mede o ângulo de charpy para observar se o indivíduo é brevelíneo, normolíneo ou longilíneo. 13. FÁSCEIS • Conjunto de dados exibidos na face do paciente: traço anatômico + expressão fisionômica • Pode indicar uma expressão fisionômica de estado psicológico (face deprimida), alteração do estado metabólico, uma doença orgânica ou síndrome genética característica, dentre outros. • Normal ou atípica: não sugere nenhuma doença • Mixedematosa: rosto arredondado com edema duro, nariz e lábios alargados, edema bipalpebral, olhar sonolento, pele seca e espessada, atenuação dos sulcos, cabelos secos e sem brilho, expressão de apatia. - Ocorre no hipotireoidismo grave. • Hipocrática: pacientes emagrecidos, com olhos fundos e fixos e inexpressivos, perda gordura de bichat e temporal, pele sudoreica, boca entre aberta, nariz afilado e adelgaçado, batimento de asa de nariz e cianose nasal. - Acontece em pacientes terminais ou com doenças crônicas graves. • Renal: edema palpebral periorbital principalmente pela manhã, palidez. - Ocorre em pacientes com síndrome nefrótica, insuficiência renal crônica... • Leonina: pele espessa repleta de lepromas, perda de supercílios (madarose), alargamento do nariz, desabamento do dorso do nariz, engrossamento dos lábios. - Ocorre na hanseníase virchowiana. • Adenoideana: comum em crianças, hipoplasia nasal e malar, olheiras, sulco transverso no nariz, boca entre aberta com respiração bucal, nariz afilado e pequeno. - Ocorre em indivíduos com hipertrofia da glândula adenoide. • Parkinsoniana: congelamento da expressão facial, face marmórea, pescoço fletido para frente, elevação do supercílio e olhar fixo. • Basedowiana: exoftalmia, pele sudoreica, emagrecimento, associado a agitação psicomotora, pode ter bócio, perda da gordura de bichat. - Ocorre no hipertireoidismo autoimune (doença de Graves) • Cushingoide ou face em lua cheia (moon face): preenchimento da fossa temporal e supraclavicular com gordura,aumento das bochechas, pletora facial, Hipertricose e hirsutismo, acne, atenuação dos traços faciais. - Ocorre na hipercortisolinemia ou síndrome de Cushing. • Mongoloide: presença de epicanto, macroglossia, testa curta, hipoplasia nasal, boca entreaberta, expressão de pouca inteligência. - Ocorre na trissomia do XXI ou Síndrome de Down. • Depressiva: cabisbaixo, sem brilho nos olhos, olhar distante e fixo. • Etílica: olhos vermelhos, edema nasal, rubor facial, saliva no canto da boca, sudorese, hálito etílico, sorriso indefinido. • Paralisia facial periférica: assimetria facial, apagamento das linhas de expressão da fronte hemilateral, lagoftalmia, dificuldade para fechar os olhos, apagamento do sulco nasolabial e desvio da rima labial e sinal de bell. - Ocorre quando há uma lesão no 2º neurônio do nervo facial (homolateral) acometendo, normalmente, os 3 ramos motores desse nervo. Geralmente ocorre por reação a uma infecção por herpes vírus. • Paralisia facial central: desvio da rima da boca para o lado íntegro. - Lesão no 1º neurônio do lado contrário a lesão, geralmente ocorre por um AVC. • Miastênica: ptose palpebral bilateral, franzir de testas e elevação da cabeça para olhar. - Ocorre na miastenia gravis. • Esclerodérmica: perda de elasticidade normal da pele, pregueamento da boca com incapacidade de abri-la, afilamento nasal, olho encovados, 20 Gabriela Oliveira Franco - XXXVIII pele em pergaminho, não tem expressão facial, fáceis múmia. - Ocorre na esclerodermia, doença autoimune onde há aderência da pele no plano profundo. • Acromegálica: saliência das arcadas supra orbitais, malar e mandibular, aumento do nariz, lábios e orelhas, dentes separados sensação de olho pequeno, crescimento de extremidades. - Ocorre na hipersecreção de GH na vida adulta, gerando acromegalia. • Tetânica: trismo, sudorese, riso sardônico. - Infecção pelo bacilo tetânico. • Pseudobulbar: crise de riso ou choro involuntários e súbitos, que ao tentar parar gera espasmos. - Ocorre devido a uma paralisia pseudobulbar. 14. ATITUDE E DECÚBITO PREFERIDO • Atitudes podem ser um hábito, indiferente ou involuntárias, ou podem ser voluntárias para obter alívio. → É observacional, você pode pedir para que o paciente sente na maca afim de verificar se possui uma atitude ativa ou passiva. • Voluntárias: - Ortopnéia: sentado a beira do leito com as mãos apoiadas no colchão e os pés para baixo ou encostado com o tórax ereto. ICC, asma, DPOC - Genupeitoral: de joelhos com o tronco fletido sobre o joelho (prece maometana). Por derrame pericárdico e pancreatite - Cócoras: cardiopatia cianótica - Parkinsoniana: fletir do tronco para anterior ao deambular - Decúbito lateral: ascite, gestação, pleurite - Decúbito dorsal: abdome agudo - Decúbito ventral: cólica abdominal - Antálgica: paciente coloca a mão no local da dor afim de aliviar (pressão pode ativar substâncias analgésicas da dor aguda). Comum na lombalgia, cefaleia, angina, cólica de rins... • Involuntárias: - Passiva: paciente comatoso, fica onde é colocado - Opistótono: tétano, meningite - Emprostótono (pra frente): tétano, meningite, raiva - Gatilho: hiperextensão da cabeça, flexão das pernas e arqueamento da coluna. Indica irritação meníngea, comum em crianças - Torcicolo: contração dos músculos do pescoço - Mão pêndula da paralisia radial 15. MARCHAS → Deve-se pedir para o paciente caminhar devagar com os olhos abertos e fechados por pelo menos 3 metros. • A alteração na marcha pode indicar transtornos neurológicos ou do aparelho locomotor. • Ceifante/hemiplégica: hipertonia em flexão do membro superior com uma discreta pronação da mão, não balança o braço, hipertonia da perna em extensão, paciente joga a perna para andar fazendo um semi-círculo. - Lesão de primeiro neurônio com acometimento motor (AVC) • Anserina: hiperlordose, pernas afastadas, empurra a cintura pélvica para frente - Síndrome de Duchenne e gravidez • Em bloco: dificuldade para iniciar o movimento; sem movimento de balançar dos membros superiores, deslocando o centro de gravidade para frente. - Parkinson. • Cerebelar/ebriosa: afastamento dos membros inferiores para aumentar a base de sustentação e o paciente anda em ziguezague, como um bêbado. - Lesão do cerebelo ou intoxicação alcóolica • Escarvante: perde a força do pé, ele fica incapaz de fazer a dorsiflexão, pé pendular. Para evitar isso, levanta acentuadamente o membro inferior, o que lembra o "passo de ganso" dos soldados prussianos. - Lesão de nervo periférico lesões dos nervos periféricos, radiculites, polineurites e poliomielites. • Marcha claudicante. Ao caminhar, a paciente manca para um dos lados. - Ocorre na insuficiência arterial periférica e em lesões do aparelho locomotor • Marcha Tabética: ocorre perda das informações sensoriais dos MMII. O paciente mantém um olhar fixo no solo, elevando e abaixando os pés abrupta e pesadamente como um soldado. Há perda na propriocepção - Ocorre na neuropatia periférica sensorial. Indica perda proprioceptiva por lesão raquimedular, comum nas tabes dorsalis (neurossífilis), diabetes, falta de B12 21 Gabriela Oliveira Franco - XXXVIII • Em estrela ou vestibular: apresenta lateropulsão quando anda; é como se fosse empurrado para o lado ao tentar mover-se em linha reta. Se o paciente for colocado em um ambiente amplo e lhe for solicitado ir de frente e voltar de costas, com os olhos fechados, ele descreverá uma figura semelhante a uma estrela, daí ser denominada também marcha em estrela. - Lesão vestibular (labirinto) • Marcha de pequenos passos: É caracterizada pelo fato de o paciente dar passos muito curtos e, ao caminhar, arrastar os pés como se estivesse dançando "marchinha de carnaval” - Aparece na paralisia pseudobulbar e na atrofia cortical da senilidade. • Em tesoura: hipertonia espástica, uma perna cruza na frente da outra. - Comum na paralisia cerebral e em pacientes com espasticidade dos membros inferiores. 16. ESTADO DE HIDRATAÇÃO: avaliada pela alteração abrupta do peso; umidade e elasticidade da pele; turgor, umidade das mucosas (filme lacrimal e salivar fluidos), olhos (desidratado= encovado) e estado geral. 17. ESTADO DE NUTRIÇÃO: observar dados antropométricos, trofismo, tecido adiposo, pele e fâneros, desenvolvimento pondero-estatural, sexual e intelectual. 18. OUTRAS OBSERVAÇÕES • Presença de acesso venoso, dispositivos, sonda vesical, enteral, respirador, vestes inadequadas... • Observações subjetivas: paciente com más condições de higiene, verborreico, apático, com hálito típico... → Exemplo: Presença de acesso venoso em fossa cubital esquerda e sonda vesical de alívio. Modificações do tegumento cutâneo causadas por processos inflamatórios, degenerativos, neoplásicos, cicatriciais ou por alterações no metabolismo. Propedêutica dermatológica: ambiente iluminado, exame integrado a anamnese. • Inspeção: abranger todo tegumento, avaliar localização, topografia e distribuição da lesão • Palpação: verificar se há lesões sólidas, alterações de espessura, umidade, volume ou consistência da pele • Digitopressão: observar se clareia ao pressionar ou não • Compressão: avaliar edemas !!! A pele Órgão que reflete o estado de saúde do organismo. Camadas da pele: • Epiderme ou camada externa: queratinizada • Derme ou córion: tecido conjuntivo SINAIS VITAIS: PA:___ P. de pulso: ____ FR: ___T°C axilar: ___ MEDIDAS ANTROPOMÉTICAS: Altura: _____ Peso: _____ IMC: _____ CA: _____ ESTADO GERAL, ORIENTAÇÃO E CONSCIÊNCIA MUCOSAS: oral, conjuntiva e esclera PELE: integridade, coloração, região interdigital, elasticidade, mobilidade, hidratação, temperatura, espessura, textura,sensibilidade e lesões elementares. FÂNEROS: cabelos, unhas e pelos. TCS: turgor, circulação colateral, edema e distribuição da gordura corporal. MUSCULATURA: trofismo e tônus. LINFONODOS: cadeias pré e retro-auriculares, occipital, amigdaliano, submandibular, mentoniano, cervical anterior e posterior, supra e infra clavicular, axilares, epitroclear, inguinais e poplíteos. BIOTIPO: brevelíneo, normolíneo e longilíneo. MARCHA: atípica, escarvante, cerebelar, anserina, em estrela, em bloco, em tesoura, tabética, claudicante e pequenos passos FÁSCEIS: atípica, hipocrática, esclerodérmica, mongolóide, cushingoide, mixedematosa, basedowiana, leonina, tetânica, pseudobulbar, adenoideana, renal, miastênica, paralisia facial... ATITUDE: ativa, passiva ou com decúbitos preferidos. NUTRIÇÃO: nutrido, desnutrido, subnutrido, com carência nutri. HIDRATAÇÃO: hidratado, desidratado. Basedowiana Adenoideana Leonina Parkinsoniana Mixedematose Cushingoide 22 Gabriela Oliveira Franco - XXXVIII • Hipoderme ou tecido celular subcutâneo: tecido adiposo (reserva calórica) Lesões elementares: 1- Alteração de cor 2- Elevações edematosas 3- Formações sólidas 4- Coleções de líquido 5- Alterações da espessura da pele 6- Perdas e reparações teciduais ALTERAÇÃO DE COR: alteração de cor sem relevo ou depressão 1. Mancha vásculo-sanguínea: decorrente de vasodilatação ou vasoconstrição ou por extravasamento de hemácias. • Eritema: mancha vermelha por vasodilatação, desaparece por digitopressão − Cianose: congestão passiva ou venosa, fria (TVP), eritema azulado − Rubor: eritema rubro por vasocongestão ativa ou arterial. Há aumento da temperatura. − Enantema: eritema de mucosa − Exantema: eritema disseminado agudo e efêmero pelo corpo. ✓ Morbiliforme ou rubeoliforme: pele sã entremeada a manchas (por rubéola) ✓ Escarlatiniforme: áreas extensas e contínuas, com placas (por escarlatina) − Eritema figurado: mancha eritematosa de borda bem definida ligeiramente elevada (EX: doenças autoimunes e alterações medicamentosas) • Mancha lívida: cor plúmbea (cinza arroxeado) do pálido ao azulado, temperatura fria e causada por isquemia. • Mancha Angiomatosa: cor vermelha permanente, por aumento névico de capilares (vasos sanguíneos mal formados). Esmaece a forte digitopressão: muda de cor, mas não ocorre a expulsão total do sangue que está ali. • Mancha anêmica: mancha branca permanente por agenesia vascular. À digitopressão de área adjacente se iguala a cor da lesão. • Púrpura: mancha vermelha que não desaparece à digitopressão. Ocorre por extravasamento de hemácias na derme; muda de cor por alteração da hemoglobina; classifica-se em: − Petéquias: até 1 cm − Equimoses: > 1 cm − Víbices: linear 1. Pigmentares ou discromias: ocorrem por aumento ou diminuição de melanina ou de outro pigmento. Quando o pigmento é depositado sobre a pele constitui uma mancha artificial. • Leucodermia: diminuição ou ausência de melanina. Pode ser adquirida (hanseníase, vitiligo) ou congênita (albinismo). − Acromia: ausência total do pigmento − Hipocromia: diminuição do pigmento • Hipercromia: cor variável por aumento de melanina (ex: melanina neurofibromatose...) !!! Outros pigmentos (hemossiderina, bilirrubina, βcaroteno, drogas sistêmicas como amiodarona, prata, bismuto, tatuagem) − Dermatite ocre: por insuficiência venosa, comuns em MMII − Sardas: manchas puntiformes ocres comuns em áreas expostas por sol. − Melasma: manchas escuras em face braços e colo, por sol, gravidez e outros fatores. − Pigmentação externa: drogas aplicadas topicamente que se aderem à parte externa (alcatrão, permanganato de potássio, corantes, oxidação da queratina) ELEVAÇÕES EDEMATOSAS: elevações circunscritas causadas por edema na derme ou hipoderme, é localizada. (1) Cianose; (2) rubor; (3) enantema; (4) exantema rubeoliforme; (5) exantema escarlatiforme; (6) eritema figurado; (7) mancha lívida; (8) mancha angiomatosa; (9) mancha anêmica; (10) petéquias; (11) equimose; (12) víbices 23 Gabriela Oliveira Franco - XXXVIII • Urtica: elevação efêmera, irregular de cor variável, pruriginosa, causada pelo extravasamento de plasma (ex: urticária) • Edema angioneurótico ou de Quincke: área de edema circunscrito subcutâneo, causando um aumento na superfície. Causado normalmente por reações alérgicas. É um edema que aumenta rapidamente pela ação da IgE e pode acometer glote, gerando uma obstrução e levar ao óbito. (angioedema, observado em lábios, região periorbital...) FORMAÇÕES SÓLIDAS: processo inflamatório ou neoplásico que pode atingir qualquer camada da pele, de forma conjunta ou isolada. Pode ser superficial ou profunda. • Pápula: lesão sólida, circunscrita, elevada e menor do que 1 cm. Pode ser da derme e/ou epiderme (é superficial). - Acne, picada de inseto, dermatite, varicela, nevos... • Nódulo: lesão sólida, circunscrita, saliente ou não, de 1 a 3 cm nas três camadas. Pode ou não ser vista, sendo só palpável. - Furúnculos, nódulos da hanseníase e da sífilis, cistos, neurofibromatose... • Nodosidade ou tumor: lesão sólida maior do que 3 cm, circunscrita, saliente ou não. • Goma: nódulo ou nodosidade que sofre necrose central, eliminando material necrótico (se liquefaz em seu interior – necrose gomosa). Tem área de drenagem do matérial necrótico. - Tuberculose, micoses profundas... • Vegetação: lesão sólida pedunculada ou aspecto de couve-flor branco avermelhada que sangra facilmente. - Papilomatose, leishmaniose, acantose... • Verrucosidade: lesão sólida elevada com a superfície dura, inelástica, amarelada com uma área de hiperqueratose. - Verruga vulgar. COLEÇÕES LÍQUIDAS: lesões de conteúdo liquido, que pode ser cerosidade, sangue ou pus. • Vesículas: elevação de até 1 cm de conteúdo claro. - Pênfigo, herpes zoster, varicela. • Bolha: elevação maior que 1 cm de conteúdo claro que pode evoluir para um conteúdo hemorrágico ou com pus. - Queimadura, impetigo bolhoso. • Pústula: elevação circunscrita de até 1 cm contendo pus. - Acne inflamada • Abcesso: formação circunscrita de tamanho variável que pode ser profunda, visível ou só palpável, com liquido purulento e com bastante sinal inflamatório (dor, calor, rubor e edema) • Hematoma: formação circunscrita de tamanho variável, proeminente ou não, por derrame de sangue na pele e tecidos adjacentes. Cor varia com alterações da hemoglobina. ALTERAÇÕES NA EXPESSURA DA PELE • Queratose: espessamento da pele, que fica dura, inelástica e amarelada por aumento da camada córnea. - Queratose senil, ictiose. • Liquenificação: espessamento da pele com acentuação dos sulcos (aumento da camada malpighiana). Pele quadriculada, reticulada. Ocorre em áreas de atrito. - Acantose nigricans. • Edema: aumento da espessura da pele como um todo, por extravasamento de plasma. Pode ser: depressível (se for recente), por extravasamento de plasma da derme ou hipoderme. • Infiltração: aumento da consistência da pele com apagamento dos sulcos, por entrada de células que não deveriam estar ali. Na digitopressão é possível ver a cor desse infiltrado como sendo de outra coloração. - Hanseníase, neoplasias. • Esclerose: aumento da consistência da pele, que não é depressível. Há dificuldade de preguear essa pele e a espessura pode ser maior ou menor, com alterações de cor. Há fibrose do colágeno • Atrofia da pele: espessura da pele diminuída que fica muito fina (adelgaçada) e muito pregueável, com diminuição dos componentes normais da pele. - Desnutrição importante. (1) Pápula; (2) nódulo; (3) tumor; (4) verrucosidade; (5) goma; (6) vegetação 24 Gabriela Oliveira Franco - XXXVIII PERDAS E REPARAÇÕES TECIDUAIS: por uma
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