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Conceito♥ A anatomia pode ser definida como a estrutura morfológica de um determinado organismo. O termo anatomia no grego significa “cortar em partes”; no latim, “dissecar”. Áreas de estudo♥ Histologia ► Citologia ► Embriologia ► Terminologia anatômica♥ Também conhecida como “nomenclatura anatômica”, a terminologia anatômica nada mais é que a linguagem própria utilizada dentro do universo da anatomia. Esses problemas trouxeram dificuldades à comunicação. Considera-se que havia mais de 40 mil termos anatômicos circulando ao redor do mundo (BERGMAN et al., 1988). Para mudar essa situação, anatomistas da Alemanha se reuniram na Basileia. Esse encontro culminou na redução de mais de 40 mil para cerca de 4500 termos anatômicos, configurando o que se conhece como “Nômina Anatômica de Basileia” (BERGMAN et al., 1988). Variação anatômica, anomalia e monstruosidade♥ Nenhum ser humano é igual ao outro. Cada um possui suas particularidades no contexto psicológico, social, de lazer e, não diferente, dentro de um contexto anatômico. e fossemos levar todos esses elementos em perspectiva, o estudo da anatomia seria impraticável. Essas diferenças morfológicas observadas são denominadas de variações anatômicas (externas ou internas) e não trazem prejuízo funcional para o indivíduo. Por isso, devemos ter em mente que nem sempre o que será visto no cadáver estará igual a alguma imagem de atlas de anatomia. Esses atlas, assim como toda a literatura anatômica, são constituídos a partir do que se considera mais comum nos seres humanos, ou seja, seguem uma distribuição “normal” Para o profissional de saúde o conceito de normal está atrelado ao que é saudável. ≠ Para o anatomista o normal está atrelado ao padrão, ao que é comum à maioria dos indivíduos. Anomalias ♥ Vimos que uma variação anatômica não acarreta prejuízo da função. Porém, podem ocorrer variações morfológicas que de fato culminam em distúrbios funcionais. Essas são chamadas, em anatomia, de “anomalias”. Fatores que contribuem para a variabilidade do corpo humano♥ ►idade ►sexo ►etinia\raça ►tipo morfológico Todos esses fatores contribuem para a variabilidade do ser humano. Quando estudamos anatomia, temos de ter em mente que o que está sendo lido é referente a um indivíduo “normal”, de altura “normal”, de peso “normal”, sem nenhuma característica preponderante individual. Em outras palavras: estuda-se o indivíduo que está na média, o mais “comum”. Posição anatômica♥ • O indivíduo está em pé (posição ortostática), com a face voltada para frente e o olhar dirigido para o horizonte. • Os membros superiores ficam estendidos e aplicados ao tronco, com as palmas das mãos voltadas para frente. • Os membros inferiores ficam unidos com as pontas dos pés dirigidas para a frente. Dessa maneira, não importa a posição do cadáver (decúbito dorsal, ventral, lateral, entre tantas outras), toda a descrição é feita considerando que o cadáver esteja na posição anatômica. Princípios da construção corpórea em vertebrados♥ ►Antimeria O plano mediano divide um corpo em duas metades (direita e esquerda). ►Metameria É o conceito no qual há uma superposição de segmentos semelhantes entre si (metâmeros) no sentido longitudinal. ►Paquimeria Esse princípio é caracterizado pelo fato de que o eixo do corpo é constituído, morfologicamente, por dois grandes tubos (paquímeros), um ventral, correspondente às vísceras, e o dorsal, correspondente ao sistema nervoso central. ►Estratimeria Em suma, o corpo humano é constituído por camadas (estratos) superpostos. Planos e eixos do corpo humano♥ Um tangente ao ventre (frente) e um tangente ao dorso (popularmente conhecido como “as costas”) do indivíduo. Esses planos são denominados de plano anterior (ou frontal, ou ventral) e plano posterior (ou dorsal), respectivamente. Dois planos tangentes aos lados do corpo do indivíduo, chamados de planos laterais direito e esquerdo (ou látero-laterais). Um plano horizontal, tangente a cabeça do indivíduo, denominado de plano superior (ou cranial), e outro plano horizontal, tangente à planta dos pés do indivíduo, chamado de plano inferior (ou caudal). Esses planos anteriormente descritos são classificados como planos de delimitação. Eixo sagital: Esse eixo une o plano ventral ao plano dorsal. Eixo longitudinal: Une o plano cranial ao plano caudal. Eixo transversal: Une o plano lateral direito ao plano lateral esquerdo. Planos de secção (de corte)♥ Plano mediano É o plano de corte que divide o corpo humano em duas metades, direito e esquerdo. Quando esse corte é realizado exatamente no meio do corpo, alguns autores o denominam de plano sagital mediano. Quando esse corte é realizado paralelamente ao plano sagital mediano, o nome que se dá é “plano sagital”. Esse nome vem de uma estrutura anatômica situada no crânio, a sutura sagital. O plano sagital é, portanto, perpendicular ao eixo látero-lateral e paralelo ao anteroposterior. Plano frontal É o plano de secção que divide o corpo em duas metades, uma anterior e uma posterior (ventral e dorsal, respectivamente). É perpendicular ao eixo anteroposterior e paralelo ao plano látero-lateral. Plano transversal É o plano de corte que divide o corpo humano em metades superior e inferior. É paralelo ao plano craniocaudal Termos de posição e direção♥ Tabela 1: Principais termos de posição e descrição Anexo 1 Anatomia sistêmica e topográfica♥ Anatomia sistêmica: Os sistemas são estudados de maneira isolada. Nesse sentido, um indivíduo que busca saber sobre uma artéria em particular necessita ir ao capítulo relacionado a todas as artérias do corpo humano. A abordagem sistêmica é capaz de fornecer bases fisiológicas para a compreensão da função dos diversos órgãos, por exemplo. Anatomia topográfica: Ocorre uma divisão por regiões do corpo humano. Desse modo, o aluno necessita ir ao capítulo da região a qual aquela artéria pertence. A anatomia topográfica dá mais margem ao aluno a explorar aspectos cirúrgicos regionais, o que facilita a relação com a prática clínica. Assim sendo, o corpo humano pode ser dividido, em geral, nos seguintes sistemas: Sistema tegumentar: pele e anexos; Sistema esquelético: ossos e articulações; Sistema muscular: músculos e fáscias; Sistema nervoso: central e periférico; Sistema circulatório: corações e vasos, assim como os vasos linfáticos; Sistema respiratório: vias aéreas e pulmões; Sistema digestivo: trato gastrointestinal; Sistema urinário: rins e vias urinárias; Sistema genital: órgãos de reprodução; Sistema endócrino; glândulas que produzem hormônios; Sistema sensorial: órgãos de sentido. Já em uma abordagem topográfica, o corpo humano é geralmente dividido da seguinte maneira: Cabeça Pescoço Tronco Tórax Abdome Pelve Membros Superiores Ombro Braço Cotovelo Antebraço Punho Mão Inferiores Quadril Coxa Joelho Perna Tornozelo Pé Fontes indicam que a primeira dissecação ocorreu em 1315, na Itália (GHOSH, 2015). Nessa época, diversos países da Europa já buscavam legalizar a prática da dissecação em criminosos condenados (STANDRING, 2016). Ainda na época de Vesalius, em torno de 1500, essa prática ainda era vista como tabu. O jovem anatomista utilizou-se de um subterfúgio para conseguir peças humanas: ia ao cemitério coletar ossadas de criminosos condenados à morte. Quando se fala em ética na anatomia, é necessário observar esse panorama histórico, que traz a evolução da sociedade quanto à dissecação. É impossívelanalisar caso a caso, assim como, é impossível trazer contextos de países e épocas diferentes. Desse modo, traremos de alguns eventos que ocorreram ao longo do tempo, o olhar da comunidade científica quanto à ética em anatomia e alguns aspectos pertinentes à legislação brasileira sobre o tema. Um dos melhores exemplos de falta de ética refere-se a um grupo de médicos nazistas. Esse grupo elaborou um atlas de anatomia através de dissecações e ilustrações de cadáveres de prisioneiros judeus que foram mortos no Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial. Esse atlas é conhecido como o “Atlas de Pernkopf”. Evidentemente, nesse episódio, os anatomistas cometeram uma gravíssima violação de princípios éticos enraizados na anatomia, na No Brasil, a lei é bastante clara quanto ao uso do cadáver. A Lei 8.501, de 30 de novembro de 1992, tem como objetivo propor o uso de cadáveres não reclamados para fins de pesquisa, ensino e extensão. Isso permite às instituições de ensino superior formarem grupos de captação e rastreamento desses cadáveres não reclamados, de modo a construir um laboratório com material o suficiente para os estudantes. Em relação à doação de cadáver, existem dois dispositivos legais: Artigo 14 da Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002 Permite a doação altruística ou para fins científicos do seu próprio corpo. + Lei 9.434 de 4 de fevereiro de 1997 Segundo a qual, para doação, é necessário autorização por escrito e diante de testemunhas, assim como especificar o que será doado. A ética afeta todas as esferas da sociedade. O artigo 212 da Lei 2.848 de 07 de dezembro de 1940 prevê pena de reclusão e pagamento de multa por vilipêndio ao cadáver, ou seja, quando algum indivíduo trata o cadáver com desrespeito ou desdém. EXERCICIO VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. Assinale a alternativa verdadeira: o O plano sagital é perpendicular ao eixo látero-lateral e divide o corpo em metades superior e inferior. o O plano coronal é perpendicular ao eixo anteroposterior e divide o corpo em metades superior e inferior. o O plano sagital é perpendicular ao eixo látero-lateral e divide o corpo em metades direita e esquerda. o O plano transversal é perpendicular ao eixo látero-lateral e divide o corpo em metades superior e inferior. o Os planos são sempre paralelos aos eixos corporais. Comentário Parabéns! A alternativa "C" está correta. O plano sagital é um plano de corte que divide o corpo em duas metades (direita e esquerda). Esse plano é perpendicular ao eixo látero-lateral, pois forma um ângulo de 90° com esse eixo. Portanto, só resta uma alternativa correta. 2. Suponhamos que existe uma estrutura C, situada entre as estruturas A e B. Em um contexto dos termos anatômicos, essa estrutura C poderia ser denominada de: o Intermédia o Lateral o Medial o Superior o Inferior o Comentário Parabéns! A alternativa "A" está correta. Grande parte dos termos anatômicos é utilizada para descrever a posição de uma determinada estrutura perante um contexto posicional dentro do corpo humano. Diz-se que uma estrutura é intermédia pelo fato de ela se situar entre duas estruturas, uma mais lateral, e uma mais medial. É um termo pouco utilizado na anatomia, mas importante para dar nome ao osso cuneiforme intermédio, por exemplo. Fim do capítulo 1 MODULO 2 Esse estudo é denominado de osteologia, que significa estudo dos ossos. O sistema esquelético é composto por um elemento principal: o osso. Esse elemento pode ser considerado um órgão. O osso, por si só, é um tecido vivo complexo e dinâmico e está sempre submetido a processos de remodelamento: construção de novo tecido ósseo e degradação de tecido ósseo “velho”. Funções O sistema esquelético possui inúmeras funções, a saber: Suporte: Serve de arcabouço de sustentação para o corpo e providencia pontos de inserção para os tendões da grande maioria dos músculos esqueléticos. Proteção: Devido à sua resistência, os ossos protegem diversos órgãos de lesões. O crânio, por exemplo, protege os elementos do sistema nervoso central, enquanto a caixa torácica protege o coração e os pulmões. Movimento: São considerados elementos passivos na dinâmica do movimento, mas são imprescindíveis para tal. Homeostase mineral: Armazenam diversos minerais, em especial, cálcio e fósforo, e são capazes de liberar esses minerais de acordo com a necessidade Armazenamento de triglicerídeos: Na vida adulta, o canal medular dos ossos longos é comumente preenchido por gordura, denominada de medula óssea amarela, o que faz com que os ossos sejam potenciais reservatórios de energia. Hematopoese: Alguns ossos possuem a chamada “medula óssea vermelha”, que é capaz de gerar células sanguíneas vermelhas, brancas e plaquetas, no processo conhecido como hematopoese ou hematocitopoese. Essa característica é mais observada durante o período embrionário, mas, alguns ossos na vida adulta ainda retêm medula óssea vermelha, como o osso da pelve, o esterno e as vértebras. Cabe notar que procedimentos de coleta de medula óssea são frequentemente realizados nesses ossos. Divisões do esqueleto; O número de ossos no esqueleto pode variar para mais ou para menos de acordo com aspectos como a idade ou as variações anatômicas. O esqueleto adulto, possui, em média, 206 ossos. Nas crianças, o número é frequentemente maior, pois algumas partes de ossos específicos só irão se fundir ao longo da vida. Já os idosos possuem número menor de ossos, visto que há uma ossificação das articulações e subsequente fusão fisiológica de ossos (sinostose fisiológica). O esqueleto humano pode ser dividido em duas grandes porções: O esqueleto axial: Compreende os ossos que se situam no eixo central do corpo humano. O esqueleto apendicular: Compreende os ossos que estão nos membros e nos seus cíngulos. Um cíngulo é definido pelo conjunto de ossos que conectam o esqueleto apendicular ao esqueleto axial. Constituição dos ossos Em nível microscópico, o tecido ósseo possui uma abundante matriz extracelular que circunda as células ósseas de fato. Essa matriz possui em sua constituição em torno de 15% de água, 30% de colágeno e 55% de sais minerais cristalizados (fosfato de cálcio e hidróxido de cálcio, que formam, juntos, cristais de hidroxiapatita). Esse elemento mineral confere rigidez ao osso, enquanto o colágeno confere a flexibilidade e força de tensão. Além desses elementos, o tecido ósseo possui células específicas, que estudaremos, sucintamente, a seguir: São células não especializadas e que derivam do mesênquima. São células precursoras dos osteoblastos. São células ósseas jovens, que possuem a função de “criar” tecido ósseo. Assim sendo, elas sintetizam e secretam colágeno e outros componentes para formar a matriz extracelular óssea, além de começarem o processo de calcificação. São célula ósseas maduras. Nada mais são que osteoblastos que já secretaram o suficiente de matriz e ficaram “presos” nessa própria sintetização. São as células principais do tecido ósseo e são fundamentais para o metabolismo deste. São células ósseas gigantes, derivadas da união de monócitos (um tipo de célula sanguínea branca). Enquanto os osteoblastos são responsáveis pela construção de tecido ósseo, os osteoclastos possuem a função de degradar esse tecido (reabsorção óssea). É caracterizado por ter poucos espaços entre os elementos de constituição óssea. O osso compacto é mais rígido e resistente. Está presente na diáfise de ossos longos, por exemplo. Possui uma unidadeestrutural fundamental, denominada de ósteon (ou sistema de Havers). Esses ósteons possuem lamelas que se dispõem ao redor de um canal central (canal de Havers), que permite a passagem de vasos e nervos, além de serem paralelos à longitude do osso. Existe, no tecido ósseo compacto, a presença de canais transversais, denominados de canais perfurantes (canais de Volkmann) que se conectam com a cavidade medular, periósteo e o canal central. Também conhecido como “trabecular”. Está situado no interior dos ossos, geralmente protegido por uma camada de osso compacto. Possui uma série de trabéculas e, entre essas trabéculas, existe uma série de pequenos espaços que podem ser vistos a olho nu. Esses espaços estão repletos de medula óssea vermelha (nos ossos curtos) e medula óssea amarela (nos ossos longos adultos). As trabéculas do osso esponjoso ficam dispostas de forma orientada, no que se conhece como “linhas de estresse”, e permitem que um determinado osso resista a uma pressão sem ser lesionado. Isso pode ser evidenciado, por exemplo, na cabeça do fêmur, que recebe cargas do corpo na posição ortostática. Os ossos do corpo humano podem ser classificados em grandes cinco ou seis categorias, de acordo com seu formato e autor, a saber: Ossos longos Por definição, possuem um comprimento maior que largura. Grande parte dos ossos longos pertencem ao esqueleto apendicular, como, por exemplo, o úmero, fêmur, as falanges, a ulna, fíbula, entre outros. Ossos curtos São ossos com um formato cuboide que possuem medidas comprimento e largura similares. Os ossos do carpo e do tarso são bons exemplos de ossos curtos. Ossos irregulares São ossos que possuem formatos complexos e que não podem ser agrupados nas categorias estudadas anteriormente. Como exemplo, podemos citar as vértebras, o osso do quadril e alguns ossos do viscerocrânio (face). Ossos sessamoides São ossos que se desenvolvem dentro de tendões nos quais há considerável atrito ou estresse físico. Variam imensamente de número de pessoa para pessoa e nem sempre estão completamente ossificados. São, geralmente, pequenos em diâmetro. O maior osso sesamoide do corpo humano é a patela, situada no tendão do músculo quadríceps femoral. Os ossos sesamoides auxiliam na proteção do tendão e podem funcionar como uma polia, diminuindo o esforço que um determinado músculo necessita fazer para realizar um movimento. Morfologicamente, os ossos longos possuem a maior complexidade, pois possuem um maior número de elementos e divisões macroscópicas. Iremos analisá-las, fazendo referência aos demais tipos de ossos quando necessário. Um osso longo típico, possui as seguintes porções: É definida como o corpo do osso, ou seja, a porção mais longa, central e cilíndrica. Há presença significativa de tecido ósseo compacto. São as extremidades do osso e, por isso, podem ser chamadas de epífise proximal e epífise distal. Há presença significativa de tecido ósseo trabecular. São as regiões entre as epífises e as diáfises. São importantes durante o crescimento ósseo, pois nessa região está situada a placa epifisária ou o disco epifisário, uma estrutura de cartilagem hialina que permite que o osso cresça em comprimento. Após cumprir seu papel, essa placa se ossifica e se torna somente uma linha, denominada de linha epifisária (BERENDSEN; OLSEN, 2015). É um revestimento cartilaginoso que cobre parte da epífise de um osso que se articula. Está presente não somente em ossos longos, mas nos demais tipos de ossos, exatamente nessas mesmas porções onde há uma articulação. É um canal geralmente cilíndrico, situado internamente à diáfise. É preenchido por medula óssea amarela nos adultos. Essa cavidade diminui o peso de um osso sem perda de resistência. Além de todos os elementos de constituição que já estudamos, um osso é provido de duas camadas, a saber: Uma membrana resistente de tecido conjuntivo. Está associada ao suprimento sanguíneo e à inervação de um osso. O periósteo auxilia no crescimento do osso, porém somente em espessura. Além de ter papel de proteção, o periósteo possui funções como acelerar processo de reparo de fraturas, nutrição e inervação e serve como ponto de ancoragem para ligamentos e músculos. É uma camada fina que reveste a superfície interna do canal medular, possui função de vascularização, assim como o periósteo. O osso é altamente vascularizado e inervado. Os vasos sanguíneos são mais abundantes nas porções que possuem tecido ósseo trabecular (medula óssea vermelha), e esses vasos e nervos penetram no osso através do periósteo. Para fins de descrição da vascularização e inervação de um osso, iremos utilizar os ossos longos como exemplo. São artérias pequenas que nutrem o periósteo e a parte externa do osso compacto, entram pela diáfise através dos canais perfurantes (de Volkmann). É uma artéria de maior calibre e, frequentemente, entra na diáfise do osso através de um forame, denominado de forame nutrício. Ao entrar na superfície interna do osso, divide-se em dois grandes ramos (distal e proximal) que seguem para as suas respectivas extremidades. Essa artéria e seus ramos irão nutrir a superfície interna do tecido compacto, o tecido esponjoso e as placas epifisárias. São artérias de menor calibre, que irão irrigar, também, suas respectivas porções. Formam uma rede anastomótica com os vasos nutrícios. Ao se deparar com um osso, note que ele apresenta uma série de acidentes e irregularidades que podem ser definidos e rotulados de diversas maneiras. Essas irregularidades das superfícies, também denominadas de pontos de reparo ou acidentes ósseos, são mais fáceis de serem observadas em um osso isolado e seco, no qual o periósteo e a cartilagem articular foram removidos previamente. São mais salientes de acordo com a tensão devido à tração de tendões, músculos, ligamentos ou pela relação do osso com um vaso, nervo ou tendão. As aberturas e depressões. Os processos ou proeminências, denominados antigamente de apófises. Na tabela a seguir, iremos dar nome a algumas dessas impressões e defini-las. (anexo 2) O processo de formação óssea é denominado de ossificação, ou osteogênese, e ocorre em quatro situações: 1. A formação inicial dos ossos durante o período embrionário 2. Durante o crescimento dos ossos até a idade adulta. 3. Durante a remodelação óssea (substituição de “osso velho” por novo tecido ósseo ao longo da vida). 4. Durante o reparo de fraturas. Existem duas modalidades de osteogênese. Ambas envolvem a substituição de um tecido conjuntivo preexistente por osso, porém ocorrem de modo diferente. No primeiro tipo de ossificação, denominado de intramembranosa, o osso se forma diretamente no mesênquima, que é organizado em camadas semelhantes a folhas que lembram membranas. No segundo tipo, denominado de ossificação endocondral, o osso se forma a partir de um molde de cartilagem hialina. É a forma mais simples de ossificação. Os ossos planos do crânio, a maioria dos ossos faciais, parte da mandíbula e a parte medial da clavícula passam por esse tipo de processo. Nos ossos do crânio, as fontanelas (conhecidas popularmente como “moleiras”) são frutos da ossificação intramembranosa. Esses fontículos permitem a passagem do feto pelo canal vaginal e, posteriormente, se ossificam. A ossificação intramembranosa tem as seguintes etapas: No local onde o osso se desenvolverá, sinais químicos específicos fazem com que as células do mesênquima se agrupem e se diferenciem primeiro em células osteoprogenitoras e depois em osteoblastos. O local desse aglomerado é denominado centro de ossificação. Os osteoblastos secretama matriz extracelular orgânica do osso até serem circundados por ela. A secreção da matriz extracelular cessa e, ao longo dos dias, ocorre um depósito de cálcio e demais sais minerais e a matriz extracelular endurece ou calcifica. À medida que a matriz extracelular óssea se forma, ela se desenvolve em trabéculas que se fundem para formar o tecido ósseo esponjoso ao redor da rede de vasos sanguíneos. O tecido conjuntivo ao redor dos vasos sanguíneos nas trabéculas se diferencia em medula óssea vermelha. Em conjunto com a formação de trabéculas, o mesênquima se condensa na periferia do osso e forma o periósteo. Uma fina camada de osso compacto substitui as camadas superficiais do osso esponjoso, enquanto este é preservado no centro. Após isso, o osso é constantemente remodelado até chegar ao seu tamanho e forma normais para a vida adulta. Nessa forma de ossificação, há a formação de osso a partir de um molde de cartilagem hialina. A grande maioria dos ossos do corpo humano são formados a partir desse tipo. No local onde o osso vai se formar, mensagens químicas específicas fazem com que as células do mesênquima se aglomerem na forma geral do futuro osso e se desenvolvam em condroblastos, que secretam cartilagem hialina na forma do molde. Uma cobertura chamada pericôndrio se desenvolve em torno do modelo de cartilagem. Uma vez que os condroblastos ficam profundamente enterrados na matriz extracelular da cartilagem, eles se tornam condrócitos. O molde de cartilagem cresce em comprimento por divisão celular contínua de condrócitos, acompanhada por mais secreção da matriz extracelular da cartilagem (crescimento intersticial). O crescimento em espessura se dá pelo acúmulo da matriz extracelular na superfície do molde por novos condroblastos (crescimento aposicional). A ossificação primária vai da superfície externa para a interna do osso. Uma artéria nutrícia penetra no pericôndrio e no molde cartilaginoso, que por sua vez faz com que as células osteoprogenitoras no pericôndrio virem osteoblastos. Já há formação do periósteo. No centro do molde, há o aparecimento de um centro de ossificação primário, uma região onde o tecido ósseo substituirá a maior parte da cartilagem. A ossificação primária se espalha a partir desse local central em direção a ambas as extremidades. À medida que o centro de ossificação primário cresce em direção às extremidades do osso, os osteoclastos quebram algumas das trabéculas ósseas esponjosas recém-formadas. Essa atividade forma o canal medular na diáfise. A parede do corpo é substituída por osso compacto. Quando ramos da artéria epifisária entram nas epífises, centros de ossificação secundários se desenvolvem, geralmente por volta da época do nascimento. A formação óssea é semelhante ao que ocorre nos centros de ossificação primários, porém o osso esponjoso permanece. A cartilagem hialina que recobre as epífises torna-se a cartilagem articular. Antes da idade adulta, a cartilagem hialina permanece entre a diáfise e a epífise como disco epifisário ou placa epifisária (de crescimento) - região responsável pelo crescimento longitudinal dos ossos longos, como já visto anteriormente. Esse processo ocorre até o início da vida adulta. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. O osso passa por processos de remodelamento e reabsorção ao longo da vida, ou seja, a todo momento tecido ósseo velho está sendo degradado e tecido ósseo jovem está sendo formado. As células que são responsáveis pela secreção e degradação de matriz celular óssea são, respectivamente: o Os osteócitos e os osteoclastos o Os osteoblastos e osteoclastos o Os osteoclastos e osteoblastos o Os osteócitos e os osteoblastos o Osteofitose e Osteoblastos Comentário Parabéns! A alternativa "B" está correta. A produção de matriz celular óssea é dada por células denominadas de osteoblastos. O sufixo “blasto” indica que origina algo. O osteoblasto, histologicamente, falando, possui um núcleo, e as células estão sempre agrupadas. Já a degradação de matriz óssea é dada pelos osteoclastos. O sufixo “clasto” indica que é célula que degrada algo. 2. A osteogênese pode ocorrer de duas formas, através ossificação intramembranosa ou da ossificação endocondral. A ossificação endocondral implica no surgimento de uma estrutura situada entre a diáfise e a epífise de um osso longo. Essa estrutura fornece o crescimento em comprimento de um osso até a idade adulta. Assinale a alternativa que nomeia corretamente essa estrutura. o Disco epifisário o Metáfise o Medula óssea vermelha o Canal medular o Medula óssea amarela Comentário Parabéns! A alternativa "A" está correta. O disco epifisário é formado somente durante a ossificação endocondral. O comprimento total de um osso é dado graças a essa estrutura. Fim do modulo 2 MODULO 3 Reconhecer as generalidades sobre a anatomia do sistema articular. Os ossos são elementos rígidos e, portanto, carecem de movimento. As articulações são um componente vital do aparelho locomotor, pois fornecem uma união de peças ósseas, permitindo os movimentos. As articulações podem ser classificadas estruturalmente, com base em suas características anatômicas, e funcionalmente, com base no tipo de movimento que elas permitem. A classificação estrutural das articulações é baseada em dois critérios: A presença ou ausência de um espaço entre os ossos articulares, denominado cavidade sinovial. O tipo de tecido conjuntivo que une os ossos. Na classificação funcional, temos as: • Sinartroses (imóveis) • Anfiartroses (pouco móveis) • Diartroses (bastante móveis) ≠ Já na classificação estrutural, temos as articulações: • Fibrosas • Cartilaginosas • Sinoviais Articulações fibrosas A principal característica das articulações fibrosas é a ausência de uma cavidade articular. Nesse sentido, os ossos que apresentam essa articulação estão situados próximos uns dos outros e são unidos por uma camada densa de tecido conjuntivo não modelado. Existem três subdivisões dentro das articulações fibrosas: Suturas Sindesmoses Membranas interósseas; Suturas São articulações fibrosas compostas por uma camada densa e irregular de tecido conjuntivo. Ocorrem apenas entre os ossos do crânio. Podemos citar como exemplo a sutura coronal, entre os ossos parietais e frontais, e a sutura sagital, entre os ossos parietais e occipitais. As bordas irregulares e entrelaçadas das suturas lhes conferem maior resistência e menor chance de fraturas. Eles são imóveis na vida adulta e ligeiramente móveis até pouco depois do nascimento, de modo a permitir a cabeça do feto passar pelo canal de parto. As suturas desempenham um papel importante na absorção de choque no crânio. Após o envelhecimento, a tendência é que essas suturas desapareçam em um fenômeno conhecido como sinostose fisiológica. Perceba na imagem a presença das fontanelas (anterior e posterior) no início da fotografia e o desaparecimento destas no final. Sindesmoses A sindesmose é uma articulação fibrosa em que há uma distância maior entre as superfícies articulares, além de possuir um tecido conjuntivo irregular mais denso do que em uma sutura. O tecido conjuntivo denso e irregular é tipicamente organizado como um feixe (ligamento) e permite que a articulação realize movimentos limitados. O exemplo mais clássico de sindesmose é a articulação tibiofibular distal, na qual o ligamento tibiofibular anterior conecta a tíbia e a fíbula, permitindo movimentos discretos. Ainda dentro das sindesmoses, podemos destacar o subgrupo das gonfoses: articulações entre a raiz dos dentes eos alvéolos da maxila ou da mandíbula. Membranas interósseas São formadas por uma camada substancial de tecido conjuntivo denso e irregular que liga os ossos longos vizinhos e permite movimentos leves. Existem duas principais membranas interósseas no corpo humano: Uma entre o rádio e a ulna Outra entre a tíbia e a fíbula Articulações cartilaginosas As articulações cartilaginosas também não possuem uma cavidade sinovial, ou seja, uma verdadeira cavidade entre as superfícies articulares. Permitem movimentos discretos. Nesse tipo de articulação, as peças ósseas são conectadas firmemente por cartilagem hialina ou fibrocartilagem. São articulações cartilaginosas nas quais o material que une as superfícies articulares é a cartilagem hialina. Um exemplo pode ser visto durante a osteogênese, na placa epifisária ou no disco epifisário. Essa placa une a epífise e a diáfise de um osso em crescimento. Ao longo do desenvolvimento longitudinal do osso, a tendência é que o disco epifisário desapareça. Outros exemplos podem ser observados entre a primeira costela e o esterno, que também se ossifica. Nesse subgrupo de articulações cartilaginosas, podemos observar que a superfície articular dos ossos está revestida por cartilagem hialina, porém, o meio de união é dado por um disco robusto de fibrocartilagem. São ligeiramente móveis. Todas as sínfises ocorrem no eixo central do corpo. Exemplos de sínfises são: entre as superfícies anteriores dos ossos do quadril (sínfise púbica); entre o manúbrio e o corpo do esterno (sínfise manubrioesternal) e nas articulações intervertebrais entre os corpos das vértebras (disco intervertebral). Articulações sinoviais Sob o ponto de vista anatômico, as articulações sinoviais são as mais complexas, pois possuem os componentes das articulações fibrosas e cartilaginosas, assim como, componentes próprios. Assim como os demais tipos de articulação, as superfícies ósseas das peças que compõem uma articulação sinovial são recobertas por uma camada de cartilagem hialina, chamada de cartilagem articular. Conheça a seguir os elementos comuns a todas as articulações sinoviais. É um elemento exclusivo das articulações sinoviais. A cápsula articular é uma estrutura em formato de manguito, que recobre as superfícies ósseas de contato e delimita um espaço denominado de cavidade sinovial. A cápsula articular é composta por duas camadas: Uma membrana fibrosa externa Uma membrana sinovial interna A membrana fibrosa é formada por tecido conjuntivo denso e se liga ao periósteo dos ossos articulados. A flexibilidade da membrana fibrosa permite um movimento considerável em uma articulação, enquanto sua grande força de tração ajuda a prevenir o desencaixe dos ossos. javascript:void(0) A camada interna da cápsula articular, a membrana sinovial, é composta de tecido conjuntivo areolar com fibras elásticas. Em muitas articulações sinoviais, a membrana sinovial inclui acúmulos de tecido adiposo, chamados de coxins de adiposos, como por exemplo na articulação do joelho. Dentro da cápsula articular, temos um espaço, que é chamado de cavidade sinovial. Essa cavidade sinovial é preenchida pelas superfícies articulares das peças ósseas e possui um líquido, denominado de líquido sinovial, que é secretado pela camada interna da cápsula articular. Os ligamentos são comuns a todas as articulações que já estudamos, ou seja, não é um elemento exclusivo das sinoviais. Os ligamentos são feixes fibrosos mais resistentes que limitam o movimento e reforçam a articulação. Esses ligamentos podem ser divididos em: Capsulares: Os ligamentos capsulares são espessamentos da própria cápsula articular. Extracapsulares: Os ligamentos extracapsulares são ligamentos que estão fora da cápsula articular, como, por exemplo, o ligamento colateral tibial e o ligamento colateral fibular, na articulação do joelho. Intracapsulares: Os ligamentos intracapsulares são ligamentos que estão dentro da cápsula articular, porém estão alheios à cavidade sinovial devido à presença de pregas. Como exemplos, podemos citar os ligamentos cruzados do joelho, assim como os ligamentos glenoumerais da articulação do ombro. Lábios Os lábios podem ser encontrados nas articulações do ombro e quadril. São estruturas fibrocartilaginosas que se estendem da borda do encaixe articular. O lábio ajuda a aprofundar a superfície de encaixe e aumenta a área de contato das peças ósseas. Discos e meniscos Dentro da cápsula de algumas articulações sinoviais, como na do joelho, podemos verificar a presença de estruturas fibrocartilaginosas em formato de meia lua: são os meniscos. Já na articulação temporomandibular, há a presença de estruturas fibrocartilaginosas em formato ovalado ou circular: são os discos. Os discos e os meniscos possuem as seguintes funções: Absorção de choque. Melhor ajuste entre superfícies ósseas articuladas. Fornecer superfícies adaptáveis para movimentos combinados. Distribuir peso sobre uma superfície de contato maior. Auxiliar na distribuição de líquido sinovial. Bolsas e bainhas sinoviais O movimento natural do esqueleto e das articulações cria atrito entre estes. Estruturas semelhantes a sacos, denominadas de bolsas, estão situadas em diversos pontos de uma articulação ou perto de tendões musculares para aliviar o atrito. As bolsas sinoviais são preenchidas por líquido sinovial. Podemos encontrá-las principalmente nas articulações do ombro, quadril e joelho, porém, podem estar localizadas entre a pele e os ossos, tendões e ossos, músculos e ossos ou ligamentos e ossos. Já as bainhas sinoviais são estruturas em forma tubular, mas também possuem o mesmo propósito das bolsas: diminuir o atrito. Elas revestem alguns tendões, especialmente nas regiões onde estes passam por sulcos ou túneis, como o tendão da cabeça longa do músculo bíceps braquial, que passa pelo sulco intertubercular no úmero, ou os tendões dos músculos, que passam pelo túnel do tarso, no tornozelo. A camada interna de uma bainha sinovial, a camada visceral, é fixada à superfície do tendão. Já a camada externa, conhecida como camada parietal, está presa ao osso. Entre as camadas, há uma cavidade que contém uma pequena quantidade de líquido sinovial. Movimento das articulações sinoviais As articulações permitem amplos movimentos. Esses movimentos possuem termos específicos e indicam a direção e a relação de uma parte do corpo com outra durante esse movimento. Eles podem ser agrupados em quatro categorias, a saber: movimentos por deslizamento, movimentos angulares, movimentos de rotação e movimentos especiais, que podem ser realizados somente por articulações específicas. Os movimentos de deslizamento são simples: as superfícies ósseas (que são quase planas) se movem para frente e para trás e de um lado para outro. Os movimentos de deslizamento são limitados em alcance devido à estrutura da cápsula articular, ligamentos associados e ossos; no entanto, esses movimentos também podem ser combinados com rotação. Os movimentos angulares, como o nome indica, formam ângulos entre porções do corpo. São chamados de: Flexão Extensão Abdução Adução Circundução Os movimentos de rotação ocorrem quando um osso gira em torno do seu próprio eixo, por exemplo no ato de gesticular “não”, com a cabeça. Em alguns casos, essa rotação pode ser lateral (externa) ou medial (interna). Ocorrem no plano transverso e no eixo craniocaudal. Tabela 4: Movimentos especiais realizados pelas articulações sinoviais. Anexo3 Veja na imagem que, durante a pronação, a palma da mão é posterior e há um cruzamento entre o rádio e a ulna, enquanto na supinação, a palma da mão é anterior. Tipos de articulações sinoviais As articulações sinoviais podem ser divididas de acordo com a superfície de encaixe dos ossos. Esses diferentes tipos de articulações permitem os variados movimentos. Essas articulações podem ser classificadas em uniaxiais, biaxiais ou triaxiais, dependendo da quantidade de eixos em que a articulação permite o deslocamento. Articulação sinovial plana A superfície articular dos ossos é plana. Permitem movimentos de deslizamento e algumas, permitem movimentos de rotação, como a articulação acromioclavicular e as articulações esternocostais, fundamentais para a dinâmica respiratória. Articulação em dobradiça Também são conhecidas como “gínglimo”. Aqui, a superfície convexa de um osso se encaixa na superfície côncava de outro osso. Essas articulações permitem movimentos de flexão e extensão, por isso são consideradas uniaxiais (trabalham no eixo látero- lateral). Como exemplo, temos a articulação do cotovelo. Articulação em pivô (trocoide) Nesse tipo, há uma superfície óssea arredondada ou pontiaguda que se articula com um anel formado em parte por outro osso e em parte por um ligamento. São uniaxiais, pois permitem somente a rotação em torno de seu próprio eixo. A articulação atlantoaxial (empregada quando quer se gesticular “não” com a cabeça) é um exemplo de articulação trocoide. Articulação condilar (elipsoide) Uma projeção convexa em forma oval de um osso se encaixa em uma depressão ovalada de outro osso. São biaxiais, pois permitem movimentos de flexão, extensão, abdução e adução. A articulação do punho (radiocarpal) é um exemplo de articulação condilar. Articulação selar A superfície articular de um osso é em forma de sela, e a superfície articular do outro osso se encaixa nela como um cavaleiro sentado na sela de um cavalo. São biaxiais e permitem movimentos de flexão, extensão, abdução e adução. A articulação entre o osso trapézio e o primeiro metacarpo (do polegar) é um exemplo de articulação selar. Articulação esferoide São triaxiais, sendo assim, permitem movimentos em todos os eixos (flexão, extensão, abdução, adução e rotação). Ocorrem quando uma superfície esférica se encaixa em uma depressão côncava. As únicas articulações esferoides podem ser encontradas no ombro, quando a cabeça do úmero se encaixa na cavidade glenoidal da escápula, e no quadril, quando a cabeça do fêmur se encaixa no acetábulo. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. As articulações são definidas como pontes de conexão entre peças ósseas. As articulações podem ser classificadas em três tipos distintos, sob o ponto de vista estrutural. Entre esses tipos, temos as articulações cartilaginosas, que podem ser subdividas em: Gínglimo e sincondroses Sínfises e membrana interóssea Sindesmoses e sínfises Sincondroses e sínfises Meniscos e ligamentos Parabéns! A alternativa "D" está correta. As articulações cartilaginosas possuem dois subgrupos, as sincondroses e as sínfises. As sincondroses ocorrem, majoritariamente, durante a ossificação endocondral. As sínfises fazem a conexão entre peças ósseas através de fibrocartilagem. Podemos citar como exemplo a sínfise púbica. 2. As articulações sinoviais permitem grande mobilidade. Isso se deve ao fato de que possuem uma cavidade articular. Essa cavidade é delimitada por uma cápsula, que funciona como uma espécie de manguito. As articulações sinoviais podem ser subdividas de acordo com a forma que é realizado o encaixe. A partir disso, podem ser uniaxiais, biaxiais ou triaxiais, de acordo com os movimentos que podem efetuar. As articulações sinoviais do tipo gínglimo podem ser classificadas em uniaxiais. Quais movimentos ela permite, e em qual eixo esses movimentos ocorrem? Flexão e extensão, que ocorrem no eixo longitudinal Flexão e extensão, que ocorrem no eixo látero-lateral Adução e abdução, que ocorrem no eixo anteroposterior Adução e abdução, que ocorrem no eixo látero-lateral Flexão e abdução no eixo sagital Parabéns! A alternativa "B" está correta. Um gínglimo, também conhecido como dobradiça, permite movimentos de flexão e extensão, sendo que ambos ocorrem no eixo látero-lateral (ou transversal). Fim do modulo 3 Modulo 4 Generalidades, tipos e funções do tecido muscular O movimento resulta do papel dos músculos devido à alternância de contração e relaxamento destes. Para gerar movimento, é necessário que o músculo transforme energia química em mecânica e, dessa forma, realize trabalho. Os tecidos musculares podem ser divididos em três: Músculos estriados esqueléticos Músculo estriado cardíaco (coração) Músculos lisos (órgãos abdominais, vasos, entre outros) Em relação aos músculos como um todo, podemos observar as seguintes funções: Produção de movimento Estabilização da posição do corpo Armazenamento e liberação de conteúdo (através dos esfíncteres) Termogênese (geração de calor) Ainda, para serem funcionais, os músculos necessitam ter quatro propriedades, a saber: Excitabilidade eletroquímica: A habilidade de responder a estímulos elétricos e químicos. Contratilidade: A capacidade de se contrair mediante a um estímulo. Extensibilidade: A capacidade de se alongar, nos parâmetros fisiológicos, sem ser lesionado. Elasticidade: A capacidade de retornar ao seu estado original após contração Constituição e anexos dos músculos estriados esqueléticos Cada um dos músculos esqueléticos pode ser considerado um órgão composto por milhares de células, que são chamadas de fibras musculares. O músculo esquelético também contém tecidos conjuntivos em torno das fibras musculares, que podem ser chamados de anexos. Microscopicamente, a fibra muscular é composta por uma série de filamentos que se agrupam e que são revestidos por uma camada denominada de endomísio. Essas fibras musculares se agrupam e são revestidas por uma camada chamada de perimísio. Esse agrupamento de fibras musculares forma uma estrutura denominada de fascículo muscular. Existem fibras musculares especializadas denominadas de fuso muscular. O fuso muscular é na verdade um grande receptor sensorial de propriocepção, ou seja, envia informações ao sistema nervoso central sobre a posição e grau de estiramento dos músculos. À medida que os fascículos musculares vão se agrupando, o ventre muscular (parte carnosa) é formado. Esse ventre é revestido por uma camada denominada de epimísio. Essas camadas (epimísio, perimísio e endomísio) são extensões do tecido conjuntivo que circundam o músculo e são coletivamente denominadas de fáscia. Essa fáscia pode se tornar mais espessa dependendo da região. Quando essa porção é cilíndrica, dá-se o nome de tendão. Quando essa porção tem formato laminar, dá-se o nome de aponeurose. As aponeuroses e os tendões correm em direção ao periósteo para se fixar nos ossos. Apesar disso, alguns músculos se fixam em outros ou até nas aponeuroses dos músculos do lado oposto, como é o caso da musculatura da parede abdominal. As aponeuroses e os tendões correm em direção ao periósteo para se fixar nos ossos. Apesar disso, alguns músculos se fixam em outros ou até nas aponeuroses dos músculos do lado oposto, como é o caso da musculatura da parede abdominal. Quando se fala em contraçãomuscular, precisamos ter em mente que as próprias fibras musculares são compostas por estruturas microscópicas denominadas de miofibrilas. Essas miofibrilas possuem proteínas filamentosas que permitem a contração e relaxamento. Um aspecto importante para a manutenção da postura é o conceito de “tônus muscular”. Esse conceito diz que a musculatura, mesmo em estado de repouso, está ligeiramente contraída. Esse tônus muscular não produz movimento ou resistência e tem como propósito dar firmeza à sustentação e estabilizar as articulações. É graças ao tônus muscular que um músculo pode ser ativado com certa facilidade, pois já está em estágio de ligeira contração. O tônus muscular só está ausente em algumas ocasiões, como no sono profundo, quando um indivíduo está sob sedação ou quando há uma lesão que resulta em paralisia. Componentes anatômicos e classificação dos músculos estriados esqueléticos um músculo estriado esquelético possui duas grandes porções: uma carnosa, denominada de ventre, e uma formada por tecido conjuntivo, denominada de tendão ou aponeurose. A contração ocorre na parte carnosa do músculo, e os tendões funcionam como alavanca e ancoram o músculo em um osso ou articulação, na maioria dos casos. Para tal, um músculo estriado esquelético dispõe de uma “origem” e uma “inserção”, ou seja, o local no qual surge e o local ao qual se dirige. Por definição: Origem é o nome que se dá para o local estático durante um movimento. Inserção é o nome que se dá à parte móvel durante um movimento. Sendo assim, de acordo com o movimento que um músculo irá realizar, a origem e a inserção irão mudar. isso torna o estudo da musculatura bastante confuso. Por conta disso, convencionou-se que a porção mais proximal é geralmente a origem, enquanto a porção distal de um músculo é geralmente sua inserção. Os músculos estriados esqueléticos podem ser classificados de acordo com a sua função em: Agonista: O músculo principal de um determinado movimento (ex. músculo bíceps braquial na flexão do cotovelo). Antagonista: O músculo que se opõe a um determinado movimento (ex. músculo tríceps braquial na flexão do cotovelo). Sinegistas: Músculos que auxiliam o movimento principal (ex. músculo braquial durante a flexão do cotovelo); Estabilizadores: Músculos que estabilizam uma determinada região para um movimento acontecer (ex. músculos próximos à escápula fixam o osso durante uma abdução do ombro). Os músculos estriados esqueléticos se agrupam em regiões denominadas de compartimentos. Os músculos de um mesmo compartimento, geralmente, são sinergistas. Os músculos de um compartimento do lado oposto são os antagonistas. Os músculos podem ser classificados também de acordo com a disposição e a quantidade dos fascículos musculares, a saber: Paralelo: Fascículos paralelos ao eixo longitudinal do músculo. Possuem uma origem e inserção tendinosa. Fusiforme: Fascículos quase paralelos ao eixo longitudinal do músculo. São similares aos paralelos, mas o diâmetro do ventre é maior do que nos tendões. Circular: Fascículos em arranjos circulares. Formam os músculos esfincterianos que circundam um orifício. Triangular: Fascículos espalhados por uma área ampla e que convergem em um tendão central espesso, dando ao músculo uma aparência triangular. Unipenado, bipenado ou multipenado: Possuem fascículos situados apenas de um lado do tendão (uni); dos dois lados do tendão (bi); ou fascículos dispostos obliquamente em muitas direções para vários tendões (multi). Digástrico: Com dois ventres musculares. Poligástrico: Com muitos ventres musculares. Nomenclatura dos músculos estriados esqueléticos: A musculatura do corpo humano é bastante complexa e existem mais de 500 músculos presentes no corpo. Nomeá-los exige um exercício de combinação, visto que os nomes da maioria dos músculos esqueléticos contêm combinações das raízes da palavra de suas características principais. Dessa maneira, um músculo pode ser nomeado de acordo com as seguintes características: O padrão de disposição dos fascículos: Músculo reto do abdome; músculo oblíquo interno. O tamanho: Músculo glúteo máximo; músculo glúteo mínimo; músculo latíssimo do dorso; músculo peitoral maior. A forma: Músculo deltoide; músculo piriforme; músculo romboide maior; músculo serrátil anterior. A ação: Músculo flexor longo do polegar; músculo levantador da escápula; músculo supinador; músculo extensor dos dedos. O numero das origens: Músculo bíceps braquial; músculo tríceps braquial; músculo quadríceps femoral A localização do músculo: Músculo temporal; músculo latíssimo do dorso; músculo peitoral maior. Locais de origem e inserção do musculo: Músculo esternocleidomastoideo; músculo coracobraquial. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. O músculo estriado esquelético é voluntário. Possui esse nome porque está associado aos elementos do esqueleto e das articulações. Esses músculos são os mais numerosos no corpo humano, conferindo em torno de 40 a 50% do peso de um indivíduo sadio. São elementos ativos na dinâmica da movimentação, graças à contração muscular. A porção do músculo na qual ocorre a contração propriamente dita é: Ventre muscular Tendão Aponeurose Endomísio Ligamento Comentário Parabéns! A alternativa "A" está correta. Um músculo estriado esquelético possui duas grandes porções, o tendão (ou aponeurose), dita como a parte fibrosa, e a parte carnosa, denominada de ventre muscular. É no ventre onde estão concentrados os elementos que permitem a contração muscular, enquanto o tendão serve como ancoragem de um determinado músculo. 2. Os músculos estriados esqueléticos, mesmo em estado de repouso, encontram-se em ligeira contração. O nome que se dá a esse princípio é: Contração Contratilidade Tônus muscular Excitabilidade Fuso muscular Comentário Parabéns! A alternativa "C" está correta. O tônus muscular refere-se a um estado de extrema importância. Os músculos necessitam estar em ligeira contração para estabilizar a posição do corpo humano em um contexto espacial, assim como estabilizar as articulações entre ossos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Estudamos os conceitos iniciais que possibilitam o estudo da anatomia. Em especial, vimos os planos, eixos e termos de posição, que são imprescindíveis para a descrição anatômica e o entendimento da posição das estruturas no corpo humano. Estudamos o conceito de posição anatômica e como a nomenclatura empregada na anatomia foi moldada ao longo do tempo, além dos aspectos éticos e legais presentes na Constituição brasileira quanto ao uso do cadáver como objeto de estudo. Observamos também a constituição dos três sistemas (esquelético, articular e muscular) que compõem em conjunto o aparelho locomotor. O entendimento da arquitetura desses sistemas é essencial para o estudo direcionado às estruturas do corpo humano. Vimos como é o processo de osteogênese e como os ossos são classificados e distribuídos. Com relação às articulações, estudamos as diferenças entre as articulações fibrosas, cartilaginosas e sinoviais. Ao estudarmos o sistema muscular, pudemos observar as diversas funções e propriedades dos músculos, assim como esses músculos estriados esqueléticos se organizam no corpo humano.
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