Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Indaial – 2020 Topografia avançada e Locação de obras Profª. Ana Karoliny Ferrari Profª. Gabriela Azambuja Mendes 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2020 Elaboração: Profª. Ana Karoliny Ferrari Profª. Gabriela Azambuja Mendes Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: F375t Ferrari, Ana Karoliny Topografia avançada e locação de obras. / Ana Karoliny Ferrari; Ga- briela Azambuja Mendes. – Indaial: UNIASSELVI, 2020. 198 p.; il. ISBN 978-65-5663-193-6 ISBN Digital 978-65-5663-189-9 1. Terraplanagem. - Brasil. 2. Projeto geométrico. – Brasil. I. Mendes, Gabriela Azambuja. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 624.152 apresenTação Acadêmico, bem-vindo ao Livro Didático de Topografia Avançada e Locação de Obras. Este livro tratará sobre os principais conceitos relacio- nados à terraplanagem, ao traçado de estradas e ao projeto geométrico, di- vidido em três unidades. Também apresentaremos leituras complementares a fim de ampliar e aprofundar os conceitos vistos ao longo dos tópicos e tornaremos os conceitos mais próximos da vida profissional. A Unidade 1 apresenta os principais conceitos associados ao cálcu- lo de volume e de áreas. Esses cálculos são essenciais para o entendimento das noções de terraplenagem. Existem diversos métodos, cada um com suas especificidades que serão apresentadas. Em seguida, serão apresentados os conceitos básicos de locação de obras, bem como os procedimentos e passo a passo que devem ser seguidos. A Unidade 2 terá como foco o traçado de estradas. A topografia é também a área da engenharia responsável pelo traçado de rodovias e estra- das. O eixo de uma estrada é formado por várias linhas retas que se encon- tram entre sim através de curvas. Serão apresentados os conceitos de curvas horizontais com e sem transição e também de curvas verticais. A Unidade 3, por fim, se dedicará aos demais elementos de um pro- jeto geométrico de uma rodovia. Elementos como superelevação e superlar- gura são utilizados para trazer conforto aos motoristas e também segurança no percurso. Também serão apresentados conceito de talude, bem como as suas causas de instabilidades. Esperamos que você, acadêmico, obtenha uma ampla e rica experiên- cia de aprendizado na área de topografia e locação de obras e que tenha um futuro brilhante na sua atividade profissional. Profª. Ana Karoliny Ferrari Profª. Gabriela Azambuja Mendes Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi- dades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra- mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida- de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun- to em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen- tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE sumário UNIDADE 1 —NOÇÕES DE TERRAPLENAGEM ......................................................................... 1 TÓPICO 1 —CÁLCULOS DE VOLUMES ......................................................................................... 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 CÁLCULO DE VOLUME ................................................................................................................... 3 2.1 MÉTODO DA SEÇÃO TRANSVERSAL ..................................................................................... 4 2.1.1 Diagrama de massas ............................................................................................................. 7 2.1.2 Cálculo de diagrama de massas .......................................................................................... 7 2.1.3 Propriedades importantes .................................................................................................... 9 2.1.4 Fator de empolamento ........................................................................................................ 10 2.1.5 Momento de transporte – diagrama de massas ............................................................... 11 2.2 MÉTODO DA ÁREA UNITÁRIA .............................................................................................. 12 2.3 MÉTODO DA ÁREA DA CURVA DE NÍVEL .......................................................................... 13 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 15 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 16 TÓPICO 2 —MEDIDAS DE ÁREAS ................................................................................................ 19 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 19 2 MÉTODOS ANALÍTICOS ............................................................................................................... 19 2.1 FÓRMULA DE GAUSS..................................................................................................................19 2.2 MÉTODO DE BEZOUT ................................................................................................................ 23 2.3 MÉTODO DE SIMPSON...............................................................................................................24 3 MÉTODOS COMPUTACIONAIS.................................................................................................. 24 4 MÉTODOS GRÁFICOS ................................................................................................................... 25 4.1 FAIXAS DE IGUAL ESPESSURA ............................................................................................... 25 4.2 DIVISÃO EM QUADRÍCULAS .................................................................................................. 25 4.3 FIGURAS GEOMÉTRICAS EQUIVALENTES .......................................................................... 26 5 MÉTODO MECÂNICO ....................................................................................................................27 6 FONTES DE ERRO NO CÁLCULO DE ÁREAS ......................................................................... 28 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 30 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 31 TÓPICO 3 —TERRAPLENAGEM ..................................................................................................... 33 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 33 2 SERVIÇOS PRELIMINARES .......................................................................................................... 33 3 EQUIPAMENTOS .............................................................................................................................. 34 3.1 UNIDADES TRATORAS ............................................................................................................. 34 3.2 UNIDADES ESCAVO – EMPURRADORAS, ESCAVO-TRANSPORTADORAS E ESCAVO- CARREGADORAS ........................................................................................................................ 35 3.3 UNIDADES APLAINADORAS .................................................................................................. 38 3.4 UNIDADES COMPACTADORAS.............................................................................................. 38 4 HIPÓTESES PARA TERRAPLENAGEM ...................................................................................... 38 4.1 PRIMEIRA HIPÓTESE ................................................................................................................. 40 4.2 SEGUNDA HIPÓTESE................................................................................................................. 45 4.3 TERCEIRA HIPÓTESE ................................................................................................................. 46 5 LOCAÇÃO DE OBRA ....................................................................................................................... 50 6 FALHAS NAS LOCAÇÕES ............................................................................................................. 56 6.1 FALHAS DURANTE A LOCAÇÃO DE ESTACAS ................................................................. 56 6.2 FALHAS DURANTE A LOCAÇÃO DA ALVENARIA .......................................................... 57 6.3 FALHAS DURANTE A LOCAÇÃO DA ESTRUTURA .......................................................... 57 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 58 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 60 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 61 UNIDADE 2 —TRAÇADO DE ESTRADAS ................................................................................... 63 TÓPICO 1 —CURVAS HORIZONTAIS CIRCULARES ............................................................... 65 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 65 2 TIPOS DE CURVA ............................................................................................................................. 65 3 DEFINIÇÕES DA CURVA HORIZONTAL CIRCULAR ........................................................... 69 3.1 ÂNGULO CENTRAL DA CURVA ............................................................................................. 70 3.2 RAIO DA CURVA ......................................................................................................................... 70 3.3 GRAU DA CURVA CIRCULAR ................................................................................................. 70 3.4 TANGENTE ................................................................................................................................... 73 3.5 DESENVOLVIMENTO................................................................................................................. 73 3.6 AFASTAMENTO ........................................................................................................................... 73 3.7 DEFLEXÃO .................................................................................................................................... 73 3.8 DEFLEXÃO SUCESSIVA ............................................................................................................. 74 4 REFERENCIAMENTO ...................................................................................................................... 74 5 SEQUÊNCIA DE PROCEDIMENTOS CURVA CIRCULAR .................................................... 75 6 POSSÍVEIS ERROS ........................................................................................................................... 78 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 79 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 80 TÓPICO 2 —CURVAS HORIZONTAIS DE TRANSIÇÃO ......................................................... 83 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 83 2 CURVA HORIZONTAL DE TRANSIÇÃO E CONCEITOS ..................................................... 83 2.1 TIPOS USUAIS .............................................................................................................................. 84 2.1.1 Clotóide ................................................................................................................................. 85 2.1.2 Lemniscata ............................................................................................................................ 86 2.1.3 Parábola cúbica .................................................................................................................... 86 2.2 ELEMENTOS GEOMÉTRICOS .................................................................................................. 86 2.3 IMPLANTAÇÃO DA TRANSIÇÃO .......................................................................................... 88 2.3.1 Raio conservado ................................................................................................................... 88 2.3.2 Centro conservado .............................................................................................................. 89 2.3.3 Raio e centro conservados .................................................................................................. 89 3 ESTUDO DA CURVA DE TRANSIÇÃO ...................................................................................... 90 3.1 COMPRIMENTO DA TRANSIÇÃO .......................................................................................... 90 3.2 ÂNGULO CENTRAL DA ESPIRAL .......................................................................................... 93 3.3 COORDENADAS CARTESIANAS ............................................................................................ 93 3.4 PONTOS NOTÁVEIS ................................................................................................................... 94 3.5 TANGENTE ................................................................................................................................... 94 4 ROTEIRO DE CÁLCULO ................................................................................................................. 94 RESUMODO TÓPICO 2..................................................................................................................... 98 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 99 TÓPICO 3 — CURVAS VERTICAIS ............................................................................................... 101 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 101 2 GREIDE DO PERFIL ....................................................................................................................... 102 3 CURVA ARCO DE PARÁBOLA ................................................................................................... 102 3.1 PROPRIEDADES DA CURVA .................................................................................................. 102 3.2 ELEMENTOS DA CURVA ARCO DE PARÁBOLA .............................................................. 104 3.3 CÁLCULO DOS ELEMENTOS DA CURVA ......................................................................... 105 3.3.1 Corda .................................................................................................................................... 105 3.3.2 Raio ....................................................................................................................................... 108 3.3.3 Ordenada máxima ............................................................................................................. 109 3.3.4 Diferença de inclinações ................................................................................................... 109 3.3.5 Expressão geral da parábola ............................................................................................ 110 3.3.6 Pontos mais altos ou mais baixos ................................................................................... 111 4 ROTEIRO DE CÁLCULO ............................................................................................................... 111 5 DEFEITOS EM TRAÇADOS ......................................................................................................... 113 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 120 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 121 UNIDADE 3 —PROJETO GEOMÉTRICO .................................................................................... 123 TÓPICO 1 —SUPERELEVAÇÃO ..................................................................................................... 125 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 125 2 CONCEITOS E ELEMENTOS ....................................................................................................... 125 3 DIMENSIONAMENTO ................................................................................................................. 127 3.1 VALORES MÍNIMOS E MÁXIMOS ......................................................................................... 132 3.2 RAIOS MÍNIMOS PARA CONCORDÂNCIAS HORIZONTAIS ....................................... 135 3.3 SUPERELEVAÇÃO A SER ADOTADA ................................................................................... 136 3.4 DISTRIBUIÇÃO .......................................................................................................................... 137 4 COMPRIMENTRO DE TRANSIÇÃO DA SUPERELEVAÇÃO ............................................. 140 4.1 CRITÉRIO DO MÁXIMO CRESCIMENTO DA ACELERAÇÃO CENTRÍFUGA ............ 140 4.2 CRITÉRIO DA MÁXIMA RAMPA DE SUPERELEVAÇÃO ................................................ 140 4.3 CRITÉRIO DO MÁXIMO ÂNGULO CENTRAL ................................................................... 141 4.4 CRITÉRIO DO TEMPO DE PERCURSO ................................................................................. 141 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 143 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 144 TÓPICO 2 —SUPERLARGURA ...................................................................................................... 147 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 147 2 CONCEITOS E ELEMENTOS DE SUPERLARGURA ............................................................ 147 2.1 VEÍCULO DE PROJETO ............................................................................................................ 148 2.2 CÁLCULO PARA DIMENSIONAMENTO ............................................................................ 150 2.3 RAIOS QUE DISPENSAM SUPERLAGURA ......................................................................... 153 3 IMPLANTAÇÃO DA SUPERLAGURA ...................................................................................... 153 3.1 ALARGAMENTO SIMÉTRICO ................................................................................................ 153 3.2 ALARGAMENTO ASSIMÉTRICO ........................................................................................... 154 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 157 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 158 TÓPICO 3 —TALUDES ..................................................................................................................... 161 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 161 2 CONCEITOS E TIPOS .................................................................................................................... 161 2.1 TALUDES ARTIFICIAIS ............................................................................................................ 162 2.2 TALUDES NATURAIS ............................................................................................................... 164 2.3 ELEMENTOS DE UM TALUDE ............................................................................................... 165 3 MOVIMENTOS DE MASSAS ...................................................................................................... 166 3.1 ESCORREGAMENTOS .............................................................................................................. 166 3.2 QUEDA......................................................................................................................................... 167 3.3 RASTEJO ...................................................................................................................................... 168 3.4 CORRIDAS .................................................................................................................................. 169 4 INSTABILIDADE DE TALUDES ................................................................................................. 169 4.1 CAUSAS EXTERNAS ................................................................................................................. 170 4.2 CAUSAS INTERMEDIÁRIAS ................................................................................................... 170 4.3 CAUSAS INTERNAS ................................................................................................................. 171 4.4 OBRAS DE ESTABILIZAÇÃO DE TALUDES ........................................................................171 4.5 OBRAS DE CONTENÇÃO ........................................................................................................ 174 4.6 MEDIDAS DE PROTEÇÃO ....................................................................................................... 175 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 183 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 184 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 186 1 UNIDADE 1 — NOÇÕES DE TERRAPLENAGEM OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender os principais conceitos de corte e aterro e também quais os métodos de cálculo; • estudar os métodos de cálculo de volume e área de terrenos; • conhecer os principais conceitos associados à terraplenagem, bem como os equipamentos utilizados e as hipóteses para execução desse serviço; • verificar os conceitos de locação de obra, além de conhecer quais os pas- sos para realização dessa sistematização. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – CÁLCULOS DE VOLUMES TÓPICO 2 – MEDIDAS DE ÁREAS TÓPICO 3 – TERRAPLENAGEM PARA PLATAFORMAS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorve- rá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 CÁLCULOS DE VOLUMES 1 INTRODUÇÃO O homem sempre necessitou reconhecer o meio que vive, seja por questões de sobrevivência ou mesmo para orientação, navegação, segurança, entre outros. Com o passar dos anos, surgiram técnicas e equipamentos capaz de representar as regiões, todas com o auxílio da Topografia. Os levantamentos topográficos requerem cálculos a fim de transformá-los em uma forma mais útil e fácil para se determinar distâncias, volumes de terrapla- nagem, volumes e áreas de terra. Além disso, com o conhecimento desses dados, é possível um planejamento e projeto de construções com maior precisão. De acordo com Brinker e Wolf (1997), o trabalho prático da topografia pode ser dividido em cinco passos: 1. Tomada de decisão: para escolha dos métodos de levantamento, dos equipa- mentos, posições ou pontos a serem levantados. 2. Trabalho de campo para aquisição de dados: fase em que se efetuam as medições. 3. Cálculos: cálculos baseados nas medidas para obter volumes, áreas, coordena- das necessárias, entre outros. 4. Mapeamento: mapa com os dados medidos e calculados. 5. Locação. Diante disso, neste tópico, abordaremos os conceitos fundamentais de cálculo de volume, medidas de áreas e, por fim, terraplenagem com o objetivo de ter conhecimento sobre locação de obras. Na Topografia, a partir de medidas lineares e angulares calculados é possível obter volumes e áreas. 2 CÁLCULO DE VOLUME Para o engenheiro projetista, um dos primeiros passos para a elaboração de um projeto é determinar a forma original da superfície do terreno em questão. Para isso, é necessário conhecer os volumes de materiais que serão adicionados ou removidos da topografia do térreo. 4 O custo do movimento de terra é, na maioria dos projetos, significativo em relação ao custo total da obra, sendo assim, deve ser o mais preciso possível. Os processos de movimentação de terra, representados na Figura 1, dividem-se em: • corte: retirada de excesso de material, ocorrendo o seu remanejamento, • aterro: ocorre quando, no terreno original, é necessário adicionar material de solo/terra até o nível projetado. Para essa movimentação, é necessária uma compactação para melhor acomodação do material (ALVAREZ et al., 2003). É possível relacionar movimentos de terra como: escavações como cortes e deposição de terra como aterro. FIGURA 1 – REPRESENTAÇÃO DE CORTE E ATERRO FONTE: As autoras A medição direta de volumes nos terrenos é difícil e onerosa, por isso, são obtidas medidas indiretas utilizando linhas e áreas que apresentam relação com o volume desejado. Existem três métodos muito comuns para esse cálculo de volume: método da seção transversal, método da área unitária e método da área de curva de nível (GHILANI; WOLF, 2013). 2.1 MÉTODO DA SEÇÃO TRANSVERSAL Esse método é empregado, usualmente, em obras lineares como canais, ferrovias e rodovias. Após a linha de centro ter sido estaqueada, perfis do terreno, conhecidos como seções transversais são tomados, normalmente em intervalos de estação inteira ou em 10, 20, 30 ou 40 cm se o sistema métrico for empregado. A seção transversal consiste em observar elevações do terreno e suas distâncias correspondentes à esquerda e à direita perpendiculares à linha de centro. As lei- turas devem ser feitas na linha de centro, em pontos máximo e mínimo, e em lo- cais onde ocorrem mudanças de declividade, para determinar o perfil do terreno acuradamente. Isso pode ser feito utilizando um nível, mira topográfica ou trena. Depois que as seções transversais foram tomadas e plotadas, modelos de projeto são sobrepostos em cada desenho para definir o corte ou aterro a ser constru- ído em cada local da seção transversal. As áreas dessas seções, chamadas de áreas de 5 seção transversal, são obtidas por cálculo. A partir das áreas, os volumes são deter- minados pelas equações da área média entre seções transversais ou do prismoide, ou seja, sólidos geométricos limitados nos extremos por faces paralelas e lateral- mente por superfícies planas. As faces paralelas representam as seções transver- sais extremas enquanto as superfícies planas laterais correspondem à plataforma da estrada, aos taludes e à superfície do terreno original. Existem diversos tipos de seções transversais, conforme pode-se ver na Figu- ra 2, podendo ser nível (Figura 2a), de três níveis (Figura 2b), de cinco níveis (Figura 2c), irregular (Figura 2d), de transição (Figura 2e), ou de corte e aterro (Figura 2f). FIGURA 2 – TIPOS DE SEÇÕES TRANSVERSAIS (a) (b) (c) (d) (e) (f) FONTE: Ghilani e Wolf (2013, p. 602) O cálculo segue a seguinte equação (equação 1.1): (EQ. 1.1) 6 Em que: A1 e A2 são as áreas de seção transversal em duas estações separadas por uma distância horizontal L, representados na Figura 3. O volume entre as duas estações é igual a média das áreas de seção transversal multiplicada pela distância horizontal L entre elas. As áreas encontram-se em metros quadrados e o volume em metros cúbicos. FIGURA 3 – PRISMOIDE PARA CÁLCULO DE VOLUME FONTE: Ghilani e Wolf (2013, p. 602) Exemplo: sabendo que a distância entre as estacas é de 20 metros, calcule o volume das seções 121, 122, e 123 na Figura 4. FIGURA 4 – SEÇÕES 121, 122 E 123 FONTE: Adaptado de Borges (2013) Solução: a partir do enunciado, temos que a área da seção transversal 121 7 é de 83,5168 m², da seção 122 é 119, 5516 m² e da seção 123 é de 120, 4186 m² e que a largura entre as seções corresponde a 20 metros. Semelhante ao método da seção transversal, pode-se utilizar um método análogo conhecido como método da fórmula prismoidal. O cálculo segue a seguinte equação (equação 1.2): (EQ. 1.2) Em que: A1 e A2: as áreas de seção transversal em duas estações separadas por uma distância horizontal L. Am: a área de uma seção calculada entre A1 e A2. A medida Am é determinada através da média das alturas e das larguras das duas seções nas pontas. Na prática, o erro de medida entre os dois métodos é geralmente menor que 2%. 2.1.1 Diagrama de massas É necessário equilibrar os volumes de corte e de aterro ao longo de um projeto de uma rodovia. Para analisar se há esse equilíbrio de movimento de terra, calcula-se os volumes cumulativos após definição dasáreas e dos volumes. Para isso, utiliza-se o Diagrama de Massas ou de Bruncker. 2.1.2 Cálculo de diagrama de massas Um exemplo é apresentado na Figura 5. Costuma-se desenhá-lo abaixo do perfil longitudinal da estrada, na mesma escala horizontal, para visualização e interpretação direta. 8 FIGURA 5 – DIAGRAMA DE MASSAS FONTE: Borges (2013, p. 171) Para a construção do diagrama, é preciso seguir alguns passos. Inicialmente, adota-se uma escala vertical que representam os volumes e uma escala horizontal que representam as distâncias. Na parte superior aparece o perfil longitudinal com o perfil do terreno e o perfil do projeto (o greide). Cada trecho de corte e de aterro já teve seu volume calculado previamente. Já na parte inferior será apresentado o diagrama de massas. O ponto A’ vertical marca o início. Logo em seguida, na vertical do número 1 marca-se o volume V1 na escala preestabelecida, ou seja, marcando o ponto 1’. Em seguida, continua-se marcando na vertical do número 2 o volume V2 acumulado com o volume anterior. E em cada vertical, prossegue-se acumulando os volumes (no caso específico, todos de corte). No exemplo de diagrama de massas apresentado na Figura 5, na vertical do número 7, o volume deve ser considerado negativo por se tratar de um aterro. Assim, é subtraído do trecho anterior do volume acumulado. Os volumes acumulados acima da linha de referência são considerados como corte. Os volumes abaixo da mesma linha são considerados corte. O diagrama também pode ser calculado utilizando tabelas para facilitar o cálculo. Na Tabela 1 é apresentado um modelo. TABELA 1 – CÁLCULO DE VOLUMES DO DIAGRAMA DE MASSAS Estaca Áreas (m²) Soma das áreas (m²) Distância Volume (m³) Compensação lateral (m³) Volume Acumulado (m³)Corte Aterro Corte Aterro Corte Aterro FONTE: Adaptado de Macedo (2010) 9 O diagrama pode ser dividido 11 colunas. • COLUNA 1: estacas dos pontos em que foram levantadas as seções transversais. Normalmente são as estacas inteiras do traçado. • COLUNA 2: áreas de corte, medidas nas seções transversais. • COLUNA 3: áreas de aterro, medidas nas seções transversais. • COLUNA 4: produto da coluna 3 pelo fator de homogeneização (Fh). • COLUNA 5: soma das áreas de corte de duas seções consecutivas na coluna 2. • COLUNA 6: soma das áreas de aterro de duas seções consecutivas na coluna 4. • COLUNA 7: distância entre seções consecutivas. • COLUNA 8: volumes de corte entre seções consecutivas. • COLUNA 9: volumes de aterro entre seções consecutivas. • COLUNA 10: volumes compensados lateralmente (não sujeitos a transporte). • COLUNA 11: volumes acumulados, obtidos pela soma algébrica acumulada dos volumes obtidos nas colunas 8 e 9. Os volumes acumulados são colocados como ordenadas ao final da estaca. 2.1.3 Propriedades importantes Ainda sobre o diagrama de massas, pode-se elencar propriedades impor- tantes, como: • Ao traçar uma linha paralela ao diagrama, determina-se trechos de volumes iguais de corte e aterro: é chamada a linha de construção. • Quando duas linhas sucessivas desenham um degrau para baixo, significa a necessidade de um empréstimo de material. Caso contrário, tem-se um “bota- -fora”. • O diagrama de massas não pode ser confundido com um perfil, pois sua forma do diagrama não tem nenhuma relação com a topografia do terreno. • A posição da onda do diagrama em relação à linha de compensação indica a direção do movimento de terra. Ondas positivas, quando a linha do diagrama acima da linha de construção, indicam transporte de terra no sentido do estaqueamento da estrada. Todavia, quando as ondas são negativas indicam transporte no sentido contrário ao estaqueamento da estrada. Essa propriedade está ilustrada na Figura 6. 10 FIGURA 6 – SENTIDO DO TRANSPORTE DE TERRA FONTE: As autoras Inclinações muito elevadas das linhas do diagrama indicam grandes movimentos de terras. NOTA Bota-fora: local destinado a receber os materiais não aproveitados na terraple- nagem. Portanto, todo solo escavado que não foi aproveitado como aterro precisa de um local para descarte. 2.1.4 Fator de empolamento Em um projeto de terraplenagem, um material com massa m ocupa no corte de origem um volume Vcorte. Após ser escavado, este material sofre um de- sarranjo em suas partículas e, assim, a mesma massa sobre modificação e passa a ocupar um volume Vsolto. Após ser descarregado no local de destino e submetido ao processo mecânico de compactação, o material inicial ocupará um outro volu- me, que pode ser chamado de Vcomp. Para a maioria dos solos pode-se afirmar que: Vcomp < Vcorte < Vsolto Da mesma forma, materiais com mesma massa também possuem a mesma relação para densidade ou massas específicas aparentes. Por isso, é necessário ter um fator de conversão para que se tenham os volumes verificados em cada processo da terraplenagem. Esse fator pode ser dito como fator de empolamento, 11 apresentado na equação a seguir (equação 1.3). Empolamento é o aumento de volume que ocorre em um material ao ser removido do seu estado natural (PEREIRA et al., 2017). (EQ. 1.3) Uma outra forma no qual pode ser avaliado o empolamento é através de porcentagem para que se saiba qual o incremento de volume terá após a escavação de um material proveniente de corte (equação 1.4). (EQ. 1.4) Quando a escavação for executada em materiais compactos de elevada densidade, terá um fator de contração superior à unidade. O fator de contração (equação 1.5) permite que se faça uma estimativa do material, medido no corte, necessário à confecção de um determinado aterro (PEREIRA et al., 2017). (EQ. 1.5) 2.1.5 Momento de transporte – diagrama de massas Um ponto importante que pode ser avaliado a partir do diagrama de massas é a distância média de transporte entre trechos. O momento de transporte (equação 1.6 e representado na Figura 7) pode ser definido como o produto dos volumes transportados pelas distâncias médias de transporte. (EQ. 1.6) Em que: M = Momento de transporte. V = volume natural do solo em m³. DM = distância média de transporte. 12 FIGURA 7 – MOMENTO DE TRANSPORTE FONTE: Ghilani e Wolf (2013, p. 606) 2.2 MÉTODO DA ÁREA UNITÁRIA O método da área unitária, conhecido como método da jazida de emprés- timo, também apresenta a quantidade de terra ou outros materiais para um can- teiro de construção. O método consiste em estaquear quadrados com a mesma área em um ter- reno determinado. Uma estação total e trena podem ser utilizados para o sistema. Uma referência de nível de elevação conhecida ou assumida é estabelecida fora da área, em um local que não terá intervenção (GHILANI; WOLF, 2013). Depois da divisão em quadrados, mede-se todas as elevações nos pontos a partir de um nível. Os pontos de interseção são nomeados, por exemplo, como A-1, C-2, B-3, conforme pode ser visto em destaque na Figura 8. A quantidade de volume de corte ou aterro é obtida subtraindo o valor obtido da referência do terreno. Para cada quadrado, afere-se a altura média dos quatro vértices do qua- drado e multiplica-se pela área dos quadrados. O volume total é encontrar a par- tir da soma dos valores individuais de cada quadrado (GHILANI; WOLF, 2013). FIGURA 8 – MÉTODO DA ÁREA UNITÁRIA FONTE: Adaptado de Ghilani e Wolf (2013, p. 611) 13 Para esse método, deve-se considerar que cada ponto tem um peso dife- rente: Peso 1 – pontos localizados nos cantos da malha. Peso 2 – pontos localizados nas bordas da malha. Peso 3 – pontos localizados em cantos reversos da malha. Peso 4 – pontos localizados no interior da malha. De acordo com a posição dos pontos, eles devem ser multiplicados pelos números 1, 2, 3 ou 4. 2.3 MÉTODO DA ÁREA DA CURVA DE NÍVEL Outro método para se calcular volumes é através das curvas de nível. Uti- lizando planímetro, pode-se determinar áreas e a partir disso, o volumea ser deslocado. A área média das curvas de nível é obtida e o volume a partir da mul- tiplicação do espaçamento da curva de nível, ou seja, a distância intervalo entre curvas (GHILANI; WOLF, 2013). Esse método é comum quando os métodos das áreas transversais e da área unitária se tornam onerosos e complexos. Portanto, é ideal para áreas muito extensas, como terraplenagem de grandes loteamentos, áreas de aeroporto, entre outros. O mé- todo também é utilizado para cálculo de volumes na construção de barragens (BOTE- LHO; FRANCISCHINI JUNIOR; PAULA, 2018). Na Figura 9, pode-se observar uma região com curvas de nível aplicadas em (a) em planta, em (b) e em (c) em perfil. FIGURA 9 – CURVA DE NÍVEL FONTE: Ghilani e Wolf (2013, p. 391) 14 Veiga (2007) apresenta um exemplo em um caso de um rio que será represado e uma barragem será construída, conforme Figura 10. FIGURA 10 – CURVA DE NÍVEL E O RIO A SER REPRESADO FONTE: Veiga (2007, p. 35) Deve-se posicionar onde a construção de interesse será locada e calcular a área de interesse através de softwares (Figura 11). FIGURA 11 – CURVA DE NÍVEL E O RIO A SER REPRESADO FONTE: Veiga (2007, p. 37) 15 Neste tópico, você aprendeu que: • Os levantamentos topográficos requerem cálculos a fim de transformá-los em uma forma mais útil e fácil para se determinar distâncias, volumes de terrapla- nagem, volumes e áreas de terra. • Existem três métodos muito comuns para esse cálculo de volume: método da seção transversal, método da área unitária e método da área de curva de nível. • O método da seção transversal também pode ser obtido a partir do Diagrama de Massas ou de Bruncker. • O método da área unitária consiste em estaquear quadrados com a mesma área, admitir uma referência de nível de elevação e então, a quantidade de volume de corte ou aterro é obtida subtraindo o valor obtido da referência do terreno. Para cada quadrado, afere-se a altura média dos quatro vértices do quadrado e multiplica-se pela área dos quadrados. O volume total é encontrar a partir da soma dos valores individuais de cada quadrado. • O método da curva de nível é calculado a partir da área média das curvas de nível e o volume a partir da multiplicação do espaçamento da curva de nível, ou seja, a distância intervalo entre curvas. RESUMO DO TÓPICO 1 16 1 (FGV, 2010) Para o cálculo de volumes a serem transportados em serviços de terraplenagem de uma estrada, correspondentes a um diagrama de mas- sas ou de Bruckner, analise as afirmativas a seguir: I- A forma do diagrama de massas está diretamente relacionada com a topografia do terreno e acompanha seu desenho. II- Inclinações muito elevadas das linhas do diagrama indicam grandes movimentos de terras. III- Pontos de mínimo correspondem à passagem de aterro para corte. É CORRETO apenas o que se afirmar em: a) ( ) I. b) ( ) II. c) ( ) II e III. d) ( ) I e III. e) ( ) Todas as alternativas. FONTE: <https://fgvprojetos.fgv.br/concursos>. Acesso em: 30 mar. 2020. 2 (FCC, 2011) Considere as afirmações a seguir sobre projeto de terraplenagem. I- Define-se como ponto de passagem os pontos onde terminam os cortes e come- çam os aterros e os pontos onde terminam os aterros e começam os cortes. II- Quando o material do corte é aplicado no aterro ele sofre uma redução de volume, por causa da compactação. O valor desta redução depende do tipo de solo, densida- de natural e adensamento nos cortes e grau de compactação dos aterros. III- Linha de compensação é toda linha horizontal, traçada sobre o diagrama de massas (Diagrama de Bruckner) que corte pelo menos uma onda. Todas as ondas do diagrama de massas deverão ser cortadas, ou ao menos tangencia- das, por uma única linha de compensação. Está CORRETO o que se afirma em: a) ( ) Apenas I. b) ( ) Apenas II. c) ( ) Apenas III d) ( ) Apenas II e III. e) ( ) Todas as alternativas. FONTE: <https://www.concursosfcc.com.br/concursoAndamento.html>. Acesso em: 30 mar. 2020. AUTOATIVIDADE 17 3 Um terreno, representado na figura a seguir, tem a seguinte área para a implantação da obra. Havendo necessidade de movimentação de terra, res- ponda: a) Qual o volume de solo movimentado? Considerando um empolamento de 15% (solo arenoso). b) Quantos caminhões serão necessários para o transporte da terra, conside- rando que o caminhão caçamba carrega 8 m³? FIGURA – TERRENO FONTE: As autoras 18 19 TÓPICO 2 — UNIDADE 1 MEDIDAS DE ÁREAS 1 INTRODUÇÃO O cálculo de áreas é também um passo de essencial importância, pois vá- rios documentos que regularizam terras têm como base essa informação. A ava- liação de áreas é fundamental para planejamentos não só no setor de engenharia civil, mas também na agricultura, limites de preservação ambiental, levantamen- tos cadastrais para compra e venda, partilha, escrituras. Assim, a metodologia empregada no cálculo da área é requisito mínimo para quem deseja discutir ou questionar resultados. Os métodos de cálculo de área podem ser divididos em analíticos, computacionais, gráficos e mecânico. 2 MÉTODOS ANALÍTICOS Os primeiros métodos para realização de cálculos de áreas foram os analí- ticos. Entre esses métodos, podemos citar a Fórmula de Gauss, Método de Bezout e Método de Simpson. São baseados em equações matemáticas, limitantes da fi- gura geométrica que forma a área estudada. 2.1 FÓRMULA DE GAUSS Neste método, a área é calculada utilizando equações matemáticas que per- mitem, a partir de coordenada de pontos, a realização dos cálculos. O cálculo da área de poligonais pode ser realizado a partir da área de trapézios formados pelos vértices da poligonal. Os vértices de cada um dos trapézios (Figura 12) que formam o polígono devem ser conhecidos (VEIGA; ZANETTI; FAGGION, 2012). A equação básica da Fórmula da Gauss pode ser utilizada a partir da se- guinte equação: (EQ. 2.1) 20 Em que: b = base maior da figura. a = base menor da figura. h = altura da figura. As informações estão representadas na Figura 12. FIGURA 12 – CÁLCULO DE ÁREA DE TRAPÉZIO FONTE: Veiga, Zanetti e Faggion (2012, p. 179) Imagine a área poligonal da Figura 13a. A partir do cálculo da figura da área 2 (Figura 13b), será subtraído a figura da área 1 e assim será encontra a área poligonal de interesse (VEIGA; ZANETTI; FAGGION, 2012). FIGURA 13 – CÁLCULO DA ÁREA POLIGONAL a) (b) (c) FONTE: Veiga, Zanetti e Faggion (2012, p. 178) 21 A área do trapézio pode ser dita como: (EQ. 2.2) A área 1 pode ser calculada pela equação 2.3: (EQ. 2.3) Por fim, a área 2 pode ser calculada pela equação: (EQ. 2.4) De forma simplificada, pode-se calcular a área poligonal como: (EQ. 2.5) Ou de forma genérica, pode utilizar a equação: (EQ. 2.6) Em que: N = número de pontos da poligonal. Outra forma simplificada de se calcular a área do polígono é utilizando a Tabela 2. A partir das coordenadas dos pontos, multiplica-se a coluna da esquer- da pela coluna da direita, repetindo a coordenada do primeiro ponto na última lacuna. Por fim, faz-se o somatório das multiplicações da esquerda e os somató- rios das multiplicações da direita. Em seguida, do somatório da esquerda subtrai- -se o somatório da direita e divide-se por 2. TABELA 2 – FORMA DE CÁLCULO POR COORDENADAS X1 Y1 X2 Y2 X3 Y3 X4 Y4 X1 Y1 FONTE: Adaptado de Veiga, Zanetti e Faggion (2012) 22 Exemplo: calcule a área do polígono da Figura 14, utilizando o método de Gauss. As coordenadas estão apresentadas na Tabela 3. TABELA 3 – COORDENADAS DO POLÍGONO Ponto X (m) Y (m) 1 320,1 575,2 2 332,8 458,7 3 276,0 439,7 4 299,4 507,8 5 288,5 587,9 FONTE: As autoras FIGURA 14 – POLÍGONO A SER CALCULADO FONTE: As autoras Solução: tomando como base a Tabela 2 apresentada, calcule-se a área do polígono. 23 320,1 575,2 191426,6 332,8 458,7 146829,9 126601,2 276,0 439,7 146332,2 131646,2 299,4 507,8 140152,8 146500,3 288,5587,9 176017,3 188186,8 320,1 575,2 165945,2 784361,0 775277,3 O somatório das multiplicações da esquerda é igual a 784361,0. Já o somatório das multiplicações da direita é igual a 775277,3. Pode-se calcular a área por A = (A1 – A2)/2 Assim, A = (784361,0 -775277,3)/2 = 4541,87m2 2.2 MÉTODO DE BEZOUT No caso em que as áreas poligonais não apresentam grandes sinuosida- des, pode-se utilizar o Método de Bezout (BORGES, 2013). Aplicam-se equações dividindo a figura em trapézios regulares com mesma altura, conforme pode ser visto na Figura 15. FIGURA 15 – POLÍGONO MÉTODO DE BEZOUT FONTE: Adaptado de Domingues (1979) 24 A equação para cálculo da área total é: (EQ. 2.7) Em que: A = área total da figura. yn = comprimento dos polígonos. h = altura dos polígonos. 2.3 MÉTODO DE SIMPSON Por fim, pode-se citar o método de Simpson. Semelhante ao método de Bezout, mas, dessa vez, a área do polígono deve ser dividida por um número par de polígonos (BORGES, 2013). A equação que compreende esse método pode ser vista a seguir: (EQ. 2.8) Em que: h = altura dos polígonos. E = somatório das ordenadas externas. I = somatório das ordenadas ímpares internas. P = somatórias das ordenadas pares. Tomando como base a Figura 15, o valor E compreende das ordenadas y0 e y8. Já o valor I, deve-se somar a 3ª ordenada a partir da extremidade, ou seja, y2, y4 e y6. De forma análoga, o valor P deve somar a partir da 2ª ordenada (em relação à extremidade). 3 MÉTODOS COMPUTACIONAIS Atualmente, é uma forma bastante prática e utilizada para o cálculo de áre- as. Baseado no emprego de algum programa gráfico do tipo CAD, no qual são desenhados os pontos que definem a área levantada e o programa calcula esta área, por métodos analíticos. Muitos programas utilizam a fórmula de Gauss, já que o contorno das áreas calculadas é, na realidade, um polígono de muitos lados. 25 4 MÉTODOS GRÁFICOS Os métodos gráficos podem ser divididos em: faixas de igual espessura, divi- são em quadrículas e, por fim, em figuras geométricas equivalentes. Todos os méto- dos são bastantes simplificados, mas existem cálculos que podem ser extensos. 4.1 FAIXAS DE IGUAL ESPESSURA Esse método consiste em dividir a área de interesse em faixas de espes- sura constante, medindo, assim, a largura das mesmas (Figura 16) (BOTELHO; FRANCISCHINI JUNIOR; PAULA, 2018). O cálculo da área é realizado através da equação: (EQ. 2.8) Em que: e = espessura constante das faixas. li = largura das faixas. FIGURA 16 – ÁREA DIVIDIDA EM FAIXAS IGUAIS FONTE: Adaptado de Domingues (1979) 4.2 DIVISÃO EM QUADRÍCULAS Entre os métodos gráficos, pode-se citar um método simples: para se de- terminar áreas, deve-se dividir a área mapeada em quadrículas, ou seja, sobre- pondo uma grade, conforme apresentado na Figura 17. O número de quadrículas é contabilizado considerando as quadrículas parciais de forma proporcional e adicionando ao somatório total (GHILANI; WOLF, 2013). 26 A área é o produto do número de quadrículas pela área de um único qua- drado (determinado antes da sobreposição da grade). A precisão desse método está associada ao tamanho da quadrícula: quanto menor, maior a precisão (GHI- LANI; WOLF, 2013). FIGURA 17 – ÁREA DIVIDIDA EM QUADRÍCULAS FONTE: As autoras 4.3 FIGURAS GEOMÉTRICAS EQUIVALENTES Consiste em decompor a área em figuras geométricas equivalentes como retângulos, triângulos e trapézios, de modo a compensar as áreas que ficaram dentro e fora da figura geométrica, conforme apresentado na Figura 18. Os lados e os ângulos das figuras podem ser levantados em campo e suas áreas individuais podem ser calculadas e somadas. FIGURA 18 – ÁREA DIVIDIDA EM QUADRÍCULAS FONTE: Veiga, Zanetti e Faggion (2012, p. 176) 27 A área de um triângulo com tamanhos de lados conhecidos pode ser cal- culada pela equação: (EQ. 2.9) Em que: a, b, c = são os lados do triangulo. S = a soma de a, b, c dividido por 2. As demais áreas das figuras geométricas são bastantes conhecida. A es- colha é determinada pelo calculista ou pelos equipamentos utilizados em campo (GHILANI; WOLF, 2013). 5 MÉTODO MECÂNICO O método mecânico está associado à utilização de um planímetro, poden- do ser eletrônico (Figura 19a) ou analógico (Figura 19b). Este consiste em dois braços articulados, com um ponto fixo denominado de polo e um cursor na ex- tremidade dos braços, que percorre o perímetro do polígono que terá sua área calculada. Um planímetro mede a área contida dentro de uma figura fechada (GHILANI; WOLF, 2013). FIGURA 19 – PLANIMETRO ELETRÔNICO E DIGITAL a) (b) FONTE: Ghilani e Wolf (2013, p. 611) O planímetro deve ser utilizado sempre em superfícies planas. O polo deve ser fixado dentro ou fora da figura a medir dependendo do seu tamanho figura a medir, dependendo do seu tamanho, conforme apresentado na Figura 20 (VEIGA; ZANETTI; FAGGION, 2012). 28 FIGURA 20 – MÉTODO DE UTILIZAÇÃO DO PLANÍMETRO FONTE: Veiga, Zanetti e Faggion (2012, p. 178) As hastes devem ser dispostas de modo a formar um ângulo reto entre si. O aparelho deve ser zerado no ponto inicial da medição e percorre o contorno da área com o traçador no sentido sempre horário, até chegar ao ponto de partida. A leitu- ra é feita no tambor. Se digital, faz-se a leitura no visor. Pode-se demonstrar que o giro do tambor, e, portanto, a diferença de leituras, é proporcional à área envolvida pelo contorno percorrido. Em seguida, faz-se a leitura desse quadrado três vezes e tira-se a média, depois faz-se a leitura da figura desejada (AOKI; CINTRA, 2010). A precisão por esse método depende do planímetro, do operador e da qualidade do papel utilizada. Esse método é mais útil em áreas irregulares. IMPORTANT E Nos séculos passados, costuma-se desenhar uma área de uma figura em um papel de qualidade. Com uma balança de precisão, media-se o peso do quadrado do papel com 10 cm de lado. Recortava-se esse quadrado para pesá-lo e a área do desenho era me- dida a partir de uma relação entre o peso do quadrado referência e o peso do desenho. Até hoje, costuma-se classificar um papel 75 g/m², indicando que 1 m² de papel pesa cerca de 75 g (BOTELHO, FRANCISCHINI JUNIOR, PAULA, 2018). 6 FONTES DE ERRO NO CÁLCULO DE ÁREAS Algumas possíveis causas de erro na medição de áreas são conhecidas e devem ser evitadas, como (GHILANI; WOLF, 2013): 29 • Erros nos dados de campo em relação às coordenadas. • Ocorrência de erro nas escalas dos mapas. • Seleção de um intervalo de pontos e coordenadas muito pequenos. • Configuração incorreta na escala do planímetro. • Uso de diferentes tipos de papel para o mapa e para calibração do planímetro. 30 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • Os métodos de cálculo de área podem ser divididos em analíticos, computacio- nais, gráficos e mecânico. • Os primeiros métodos para realização de cálculos de áreas foram os analíticos. Entre esses métodos, pode-se citar a Fórmula de Gauss, Método de Bezout e Método de Simpson. • Pelo método de Gauss, a área é calculada utilizando equações matemáticas que permitem, a partir de coordenada de pontos, a realização dos cálculos. O cálculo da área de poligonais pode ser realizado a partir da área de trapézios formados pelos vértices da poligonal. • Os métodos gráficos podem ser divididos em: faixas de igual espessura, divi- são em quadrículas e, por fim, em figuras geométricas equivalentes. • O método de faixas em igual espessura consiste em dividir a área de interesse em faixas de espessura constante, medindo, assim, a largura. • O método da divisão em quadriculas é simples e consiste em dividir a área mapeada em quadrículas, ou seja, sobrepondo uma grade. • O método de figuras geométricas equivalentes decompõe a área em figuras conhecidas.• O método mecânico está associado à utilização de um planímetro, podendo ser eletrônico ou analógico. Um planímetro mede a área contida dentro de uma figura fechada. 31 1 Calcule a área do polígono da Figura a seguir, utilizando o método de Gauss. As coordenadas estão apresentadas na Tabela de coordenadas do polígono. FIGURA – POLÍGONO FONTE: As autoras TABELA – COORDENADAS DO POLÍGONO Ponto X (m) Y (m) 1 19,1 104,7 2 87,7 88,1 3 75,4 41,7 4 39,1 56,2 FONTE: As autoras Qual é a área do polígono? Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) 2428,88 m². b) ( ) 2000, 00 m². c) ( ) 18528, 30 m² d) ( ) 4019,1 m². e) ( ) 4857,8 m². AUTOATIVIDADE 32 2 Calcule a área do desenho da Figura a seguir utilizando o método de Simpson. FIGURA – ÁREA A SER CALCULADA FONTE: As autoras A área da figura é de: a) ( ) 27,57 m². b) ( ) 82,7 m². c) ( ) 31,4 m². d) ( ) 14,4 m². e) ( ) 12,3 m². 3 Quais os métodos utilizados para calcular as áreas de uma figura em topo- grafia? a) ( ) Mapas, Gauss, GPS, CAD. b) ( ) Gauss, Simpson, GPS e analíticos. c) ( ) Analíticos, computacionais, gráficos e mecânico. d) ( ) Gauss, Simpson, planímetro e mapa. e) ( ) Analíticos, Gauss, Simpson e mecânico. 33 TÓPICO 3 — UNIDADE 1 TERRAPLENAGEM 1 INTRODUÇÃO Após a elaboração de um projeto de engenharia civil sobre uma plan- ta topográfica, deve-se seguir para o passo seguinte, definindo sobre o terreno um conjunto de pontos que transmita a geometria da obra, de modo a orientar a sua construção. Essa operação é conhecida como implantação ou locação de obra (CASACA; MATOS; DIAS, 2014). A terraplenagem é o serviço de engenharia res- ponsável pela operação destinada a conformar o terreno existente aos gabaritos definidos em projeto. 2 SERVIÇOS PRELIMINARES A Terraplenagem é uma técnica de engenharia de escavação e movimen- tação de solos e rochas. O serviço de terraplenagem compreende cinco etapas: cálculo dos volumes de corte e aterro; escavação, carregamento, transporte e es- palhamento do material. Para execução desses serviços são necessárias etapas preliminares. A nor- ma rodoviária 344 (DNER, 1997) descreve serviços preliminares como atividades que compreendem a limpeza do local da obra, a instalação do canteiro de obras, a instalação de utilidades provisórias (energia, água etc.), locação da obra e, por fim, necessidades específicas que viabilizem a obra. A primeira fase da obra inclui o desmatamento, o destocamento e a lim- peza. O desmatamento abrange o corte e a remoção de toda a vegetação neces- sária. Já o destocamento e a limpeza consistem em escavação e a remoção total do solo orgânico. Além dessas operações, dependendo da situação do trecho em projeto, podem ser introduzidos outros serviços essenciais, como remanejamento de postes, cercas e limitantes, demolição de estruturas existentes, entre outros (PEREIRA et al., 2017). Quando se fala de obras sem nenhuma infraestrutura inicial, um dos pas- sos iniciais realizados pela terraplenagem é abrir caminho para os equipamentos que levarão o material retirado dos cortes para os aterros. Essa etapa pode ser chamada de caminhos de serviço. Esses caminhos são estradas projetadas apenas para serem suficientes para possibilitar o tráfego dos equipamentos já predefini- dos na execução da obra e que facilitarão o transporte dos cortes e dos aterros do canteiro da obra. 34 Quando a terraplenagem atua em obras onde já existem ligações rodovi- árias ou estradas, são necessários os desvios e estradas provisórias, que formam as vias para manutenção do tráfego da rodovia. Os desvios são descritos como vias existentes para remanejo do tráfego durante o período de construção. As estradas provisórias são consideradas caminhos onde não exista a possibilidade de desviar o tráfego ou para estradas já existentes. Os desvios e as provisórias, assim como em outras sem infraestrutura inicial, terão padrão técnico apenas su- ficiente à passagem para os equipamentos e caminhões predefinidos em projeto e cronograma de obra. 3 EQUIPAMENTOS Para planejamento de uma terraplenagem eficaz, é necessário definir al- guns fatores. Entre eles, pode-se citar a escolha de máquinas e equipamentos. A escolha desses equipamentos envolve alguns fatores, como fatores eco- nômicos, dependentes de projeto e naturais. Os primeiros dependem, de fato, do projeto a ser executado, como volume a ser transportado, distância de transporte, tipos de caminhos de serviços e custo. O fator natural está associado à geometria local do terreno, como declividade, altitude e tipo de solo. Os principais equipamentos de terraplenagem são unidades tratoras, uni- dades escavo-empurradoras, unidades escavo-transportadoras, unidades esca- vo-carregadoras, unidades aplainadoras e, por fim, as unidades compactadoras (JAWORSKI, 2011). 3.1 UNIDADES TRATORAS As unidades tratoras (ou tratores) são máquinas automotora especialmente construídas para empurrar outra máquina ou acionar implemento a ela adaptado, possibilidade executar várias tarefas. Elas podem ser movidas a: • Esteiras. • Roda – trator que se movimenta sobre rodas, podendo ter chassis rígido ou articulado. • Tração combinada – sobre rodas e esteiras. Os tratores movidos por roda apresentam vantagens, como uma maior velocidade de translação, sendo útil em terraplenagem de terrenos com longas distâncias. Já os tratores movidos a esteira possuem melhor desempenho em ter- renos com grande declividade ou com baixa capacidade de suporte, pela sua me- lhor aderência e flutuação. No entanto, possuem a desvantagem de possuírem ve- locidades mais limitadas (a máxima é da ordem de 10 km/h). Essa condicionante de velocidade limita o emprego dos tratores de esteiras a distâncias moderadas. 35 3.2 UNIDADES ESCAVO – EMPURRADORAS, ESCAVO- TRANSPORTADORAS E ESCAVO- CARREGADORAS As unidades escavo empurrados são equipadas com lâmina frontal acio- nada por comando hidráulico e aplicadas em tarefas combinadas de escavar e empurrar o material do solo (PEREIRA et al., 2015). Essas unidades são uteis em diversas situações, como: • serviços de desmatamento, destocamento e limpeza de terreno, na etapa inicial de uma locação de obra; • execução de caminhos de serviço; • escavação e transporte de pequenos volumes e em pequenas distâncias; • suavização da declividade do terreno nos pontos de passagem corte/aterro, espalhamento dos materiais depositados com o objetivo de compactação de aterro. Já as unidades escavadoras-transportadoras executam a escavação do ma- terial, recolhem e efetuam o transporte desse material ao local para descarga a distâncias médias e longas. Entre as mais comuns, pode-se citar a unidade tipo “scraper”. Esse modelo pode ser rebocados e é constituído por uma caçamba com lâminas cortantes fixadas cortantes responsáveis pela escavação do material. As unidades escavadoras-transportadoras têm como vantagem: • economia de tempo na execução dos serviços, pois o equipamento é capaz de exercer diversas funções; • alta produtividade e eficiência; • baixo custo de operação; • execução de forma simplificada. Essas vantagens também apresentam algumas desvantagens, que podem ser citadas: • Alto custo para aquisição. • Alto custo de manutenção. • É um equipamento de grande porte, logo precisa de espaço hábil para se loco- mover. • Apresenta vantagens econômicas se forem utilizadas em obras com vasto cro- nograma e de forma contínua. Por fim, pode-se citar as unidades escavado-carregadoras. Essas unidades podem ser subdivididas em escavadeiras e carregadeiras. Ambas são responsáveis em executar a operação de escavação do material e também a carga do material escavado (PEREIRA et al., 2017). As escavadeiras têm como principal característica o fato de trabalhar estacionado, apenas sua lança carrega o material e se movimenta. O deslocamento das escavadeiras pode ser limitado por ser um equipamento muito lento e, assim, 36 sua utilização fica restrita à área de interesse noterreno, sendo requerido o emprego de carretas para transporte dessas máquinas a distâncias maiores. A lança pode ser retirada ou acoplada na escavadeira e sua utilização é bem diversificada, pois varia devido o tipo de lança que será utilizado. Devido a sua lança, elas podem ser: • Escavo-carregadeira (com pá frontal) (Figura 21). FIGURA 21 – ESCAVO-CARREGADEIRA COM PÁ FRONTAL FONTE: <http://s7d2.scene7.com/is/image/Caterpillar/C10352604?$highres$>. Acesso em: 9 nov. 2019. Com caçamba de arrasto, ou “drag-line” (Figura 22). 37 FIGURA 22 – ESCAVO-CARREGADEIRA COM CAÇAMBA DE ARRASTO FONTE: <https://bit.ly/3bGJ2Bo>. Acesso em: 20 fev. 2020. • Escavadeira com caçamba de mandíbulas ou Clamshell (Figura 23). FIGURA 23 – ESCAVO-CARREGADEIRA TIPO CLAMSHELL FONTE: PEREIRA et al. (2015, p. 41) • Retroescavadeira ou backshovel: As escavadeiras são montadas sobre tratores de esteiras e possuem uma caçamba frontal acoplada. A existência de esteiras fornece grande mobilidade ao equipamento, fazendo com que seja possível a execução de terraplenagem em locais de pequenas dimensões. A desvantagem desse modelo está associada a deslocamentos à longas distâncias, sendo necessário o transporte em carretas (JAWORSKI, 2011). 38 3.3 UNIDADES APLAINADORAS Essas unidades (também chamadas de motoniveladoras) costumam entrar na etapa de acabamento da área final da terraplenagem. Possuem uma lâmina que apresenta grande diversidade de movimentação, podendo ser levantada, abaixada, girar em torno do seu eixo, entre outros. Entre suas funções, pode-se citar: • Construção de valas. • Acabamento de taludes. • Acabamento de superfícies. • Acabamento de plataforma de terraplenagem. • Espalhamento de materiais. 3.4 UNIDADES COMPACTADORAS Existem diversos subtipos de unidades compactadoras, podendo ser citadas as com: rolo pneumático, rolo pé-de-carneiro (Figura 24) e rolo vibratório. Essas unidades têm como objetivo densificar os solos distribuídos nos aterros para que seja possível reduzir os seus índices de vazios, o que ocasiona em uma melhor estabilidade. FIGURA 24 – COMPACTORA PÉ DE CARNEIRO FONTE: <https://bit.ly/3jYsLe0>. Acesso em: 20 fev. 2020. 4 HIPÓTESES PARA TERRAPLENAGEM Neste subtópico, abordaremos o tema de terraplenagem para construção de plataformas, sejam elas horizontais ou inclinadas. Todo o trabalho relacionado a esse serviço deve ser planejado para obter o resultado desejado e, para isso, deve-se conhecer o modelo original do terreno, ou seja, a forma planimétrica e 39 altimétrica antes que sejam iniciadas as atividades. Se os serviços forem iniciados antes das medições planimétricas do terreno, torna-se inviável conhecer o volume de cortes e aterros movimentados tornando o projeto oneroso (BORGES, 2013). O método de levantamento das curvas de nível da área a ser terraplenada mais utilizado é pela quadriculação, conforme Figuras 25 e 26. A área deve ser locada e, em seguida, quadriculada. O lado dos quadrados tem seu comprimento estabe- lecido em função da extensão e da sinuosidade do terreno, sendo que as cotas são obtidas a partir dos seus vértices. Terrenos acidentados precisam de uma malha com espaçamento menor. Pode-se afirmar que quanto menor for o espaçamento, melhor será o resultado final na determinação de volumes de aterros e cortes. Em geral, os quadrados possuem lados com comprimentos de 10, 20, 30 ou 50 metros. Para áreas urbanas, é viável utilizar-se lados de 4 ou 5 metros. As quadriculas, representadas pelos piquetes, possuem sempre as mesmas áreas e espaçamentos constantes entre estacas (COMASTRI; TULER, 2013). FIGURA 25 – TERRENO QUADRICULADO EM PLANTA FONTE: Veiga (2007, p. 39) FIGURA 26 – TERRENO QUADRICULADO EM PERSPECTIVA FONTE: Veiga (2007, p. 40) 40 Também é interessante, em obras de grande porte, que sejam traçadas as curvas de nível na planta quadriculada para identificar as elevações e depressões do terreno. Para isso, a partir da quadriculação e com as cotas determinadas, anota-se cada cota no cruzamento correspondente das linhas e colunas. Escolhe uma determinada Equidistância Vertical (EV) e, em função dela, traçam-se as curvas de nível de cada área. Na Figura 27, uma área tem quatro linhas e cinco colunas. As cotas do terreno estão alocadas a uma Equidistância de 0,25 m. FIGURA 27 – CURVA DE NÍVEL FONTE: Comastri e Tuler (2013, p. 165) Em terraplenagem, quatro hipóteses podem acontecer: • 1ª hipótese: plano final horizontal sem a imposição de uma cota final determinada. • 2ª hipótese: plano final horizontal com a imposição de uma cota final determinada. • 3ª hipótese: plano inclinado sem a imposição da altura em que este plano deverá ficar. • 4ª hipótese: plano inclinado impondo uma determinada altura, através da escolha da cota de um certo ponto. 4.1 PRIMEIRA HIPÓTESE Será apresentado um exemplo adaptado de Borges (1992), em função da Figura 25. Nessa hipótese, o projeto de terraplenagem solicita um plano horizontal sem impor uma cota final determinada. O primeiro passo é calcular a altura média (hm) de cada quadrícula como a média aritmética das alturas médias de seus quatro vértices. A altura média final de todas as quadrículas será a média 41 ponderada das alturas de todos os vértices com seus respectivos pesos 1, 2, 3 ou 4, conforme cada altura pertença, respectivamente, a 1, 2, 3 ou 4 quadrados. Assim, os vértices A1, A5, D5 e D1, terão peso 1. Os vértices A2, A3, A4, B1, B5, C1, C5, D2, D3, D4 terão peso 2 e os vértices internos B2, B3, B4, C2, C3 e C4 terão pesos 4. • Primeiro passo: cálculo da cota final média. Peso 1: 36,3 + 30,8 + 33,9 + 37,2 = 138,2 → Peso 1: 138,2 x 1 = 138,2 Peso 2: 34,8 + 33,5 + 32,2 + 32,1 + 32,9 + 35,1 + 35,8 + 36,3 + 36,6 + 36,4 = 345,7 → Peso 2: 345,7 x 2 = 691,4 Peso 4: 34,9 + 33,6 + 32,3 + 33,5 + 34,4 + 35,5 = 204,2 → Peso 4: 204,2 x 4 = 816,8 Em seguida, soma-se os pesos ponderados: Σ Pesos Ponderados = 138,2 + 691,4 + 816,8 = 1.646,4 Determina-se o número de vértices com sua respectiva ponderação: Peso 1: 4 x 1 = 4 Peso 2: 10 x 2 = 20 Peso 4: 6x 4 = 24 Em seguida, soma-se o número de vértices com seu respectivo peso: Σ Vértices = 4 +20 + 24 = 48 Finalmente, determina-se da cota média final (hm) pela equação: (EQ. 2.10) • Segundo passo: cálculo de x e y correspondentes aos pontos de locação da cur- va de passagem pela equação: (EQ. 2.11) 42 Em que: DN = Diferença de Nível. Dh = Distância horizontal. Seguindo o mesmo raciocínio, temos: • O terceiro passo é o cálculo das áreas das seções. Com auxílio das fórmulas matemáticas, calcula-se as áreas de trapézios e triângulos. Observe as Figuras 28 a 31 que apresentem os perfis: 43 FIGURA 28 – PERFIL A FONTE: Adaptado de Borges (1992) FIGURA 29 – PERFIL B FONTE: Adaptado de Borges (1992) 44 FIGURA 30 – PERFIL C FONTE: Adaptado de Borges (1992) FIGURA 31 – PERFIL D FONTE: Adaptado de Borges (1992) 45 • Cálculo do volume de corte e aterro. Utilizando-se a fórmula para o cálculo das áreas extremas, ou seja, o volume entre as seções A e B, B e C e entre C e D a qual é obtida a partir da equação proposta por Bezout. A pequena diferença entre os dois cálculos é devido ao arredondamento na interpolação das distâncias referentes à curva de passagem. Essa pequena diferença é aceita para os cálculos. 4.2 SEGUNDA HIPÓTESE Também adaptado de Borges (2013), nessa hipótese, o projeto de terraple- nagem solicita um plano horizontal com imposição de uma cota final determina- da. Nesse caso, será de 34,0 m. Será necessário que um topógrafo determine a cota de cada vértice em relação à cota referência. Como o terreno base tem cota de 34,3 m e deve-se deixar com cota de 34,0 m significa que se deve rebaixar o terreno em 30 cm. Assim, como a área do ter- reno é conhecida (60x80m), podemos calcular o volume de material que deverá ser removido. É necessário apenas multiplicar a área do terreno pela altura do rebaixamento. Volume= 0,30 m x 4.800 m² Volume = 1.440 m³ Pode-se verificar que a diferença entre os volumes de corte e aterro será de 1.440 m³. Fazendo os cálculos, temos que o volume de corte é 3.730,265 m³ e o volume de aterro é 2.290,210 m³, ou seja, a diferença entre eles é de 1.440,055 m³, bem próxima ao calculado. A Figura 32 ilustra esse raciocínio. 46 FIGURA 32 – REPRESENTAÇÃO DA SEGUNDA HIPÓTESE FONTE: Veiga (2007, p. 46) 4.3 TERCEIRA HIPÓTESE Nesta terceira hipótese, o projeto solicita um plano inclinado na direção 1-5, com inclinação de 1%, sem determinar a altura do plano. Deve-se, então, posicionar o plano inclinado de maneira que a sua altura, na linha média do terreno, seja igual à altura do plano calculado na primeira hipótese. Assim, teremos para o plano inclinado, volumes de corte e aterro iguais. Observe as Figuras 33 e 34. 47 FIGURA 33 – POSICIONAMENTO DO PLANO NA HIPÓTESE 3 FONTE: Veiga (2007, p. 47) 48 FIGURA 34 – REPRESENTAÇÃO EM PERSPECTIVA DO PLANO DA HIPÓTESE 03 FONTE: Veiga (2007, p. 48) Após determinada a posição do plano, é necessário calcular as demais co- tas do plano inclinado, para posteriormente traçar os perfis transversais e calcular às áreas de corte e aterro. O referido plano terá uma inclinação de 1%, o que sig- nifica que a cada 100 m o terreno sobe ou desce 1 m. Assim, em 20 m, tamanho da abertura da malha, o terreno vai variar sua cota em 0,20 m. Como a cota da linha 3 é conhecida (34,30 m), para calcular a cata das demais basta somar ou diminuir 0,20 m, conforme o sentido de inclinação do plano. Como a inclinação se dá no sentido X da malha, todos os pontos localizados na linha 1 terão a mesma cota, sendo o mesmo válido para as linhas 2, 3, 4 e 5. Isso é representado na Figura 35. FIGURA 35 – PERFIL TRANSVERSAL DO PLANO INCLINADO FONTE: Veiga (2007, p. 48) TÓPICO 3 —TERRAPLENAGEM 49 Após o cálculo das cotas dos pontos do plano inclinado é possível esquematizar os perfis e calcular as áreas de corte e aterro (conforme visto na hipótese primeira). Na figura 36 é demonstrado como realizar a interpolação do ponto P (interseção entre o plano inclinado e terreno). FIGURA 36 – INTERPOLAÇÃO DO PONTO P PARA O PLANO INCLINADO FONTE: Veiga (2007, p. 49) Com essa interpolação, não é possível encontrar os valores de x1 e x2 diretamente. Será necessário realizar os cálculos por partes. Determina-se, inicialmente, o valor de x1. Sabendo-se que em 100 m o terreno sobe 1 m, temos que em x1 metros o terreno subirá “hp” metros. Como o valor não é conhecido, teremos uma primeira equação (equação 2.12) em função de x1 e hp. (EQ. 2.12) Com isso, é possível obter uma outra equação em função de x1. Sabemos que do ponto S até o ponto U (distantes 20 m) o terreno sobe 1,3 m, então em x1 metros o terreno subirá 0,8 m + hp. (EQ. 2.13) 50 UNIDADE 1 —NOÇÕES DE TERRAPLENAGEM Na sequência, podemos igualar as equações 2.12 e 2.13 para obter o valor de hp: Finalmente, com o valor de hp, podemos substituí-lo tanto na equação 2.12 como na equação 2.13 para obter o valor de x1. O valor de x2 será igual ao valor da abertura da malha (20 m) menos o valor de x1. A hipótese número 4 (plano inclinado impondo uma determinada altura, através da escolha da cota de um certo ponto) também segue a mesma linha de ra- ciocínio, porém, com a imposição de uma cota de um ponto. Não será detalhado o procedimento de cálculo, uma vez que o utilizou-se o mesmo princípio da hipótese 1. 5 LOCAÇÃO DE OBRA Entende-se como locação de obra a transferência de dados e medidas de um projeto para o terreno em que uma edificação será executada. Devem ser tomados diversos cuidados para que essas medidas sejam as mais fiéis possíveis ao projeto, pois já em fases adiante da obra, que as fundações, paredes, pilares e outras peças foram executadas em locais errados, uma solução para o erro pode ser inexistente. Após a locação é quando se inicia, de fato, a execução da obra. Depois de montado o sistema, iniciam-se os serviços de fôrma, execução de fundações e concretagem. O levantamento topográfico da construção envolve alinhamento e o grei- de por meio de estacas e linhas de referência que são esticadas no canteiro de obra. A locação das estacas costuma ser realizada através de observações das dis- TÓPICO 3 —TERRAPLENAGEM 51 tâncias horizontais, ângulos horizontais, ângulos verticais e diferenças de eleva- ção utilizando equipamentos adequados para o porte de cada tipo de obra. No projeto de locação, a obra precisa estar referenciada a um ponto conhe- cido previamente definido. A partir desse ponto é que começa, de fato, a locação no terreno da projeção da construção. É comum utilizar-se como referência: o ali- nhamento da rua, um ponto de referência utilizado na fase de terraplenagem, um poste no alinhamento do passeio, entre outros, como no exemplo da Figura 37. FIGURA 37 – REFERÊNCIA PARA LOCAÇÃO FONTE: As autoras A primeira parte da locação de uma obra começa pela locação dos elementos de fundação, como tubulões, sapatadas, blocos, estacas, entre outros. Essa parte é de extrema importância e deve ser feita de forma acurada e correta, pois todo o restante da edificação dependerá desse posicionamento. A locação correta da fundação para locação dos eixos está associada ao tempo que será necessário para locação dos de- mais elementos (como as paredes), além de uma economia geral de custo. A demarcação dos pontos que definem a obra é feita a partir de três co- ordenadas: duas planimétricas e uma altimétrica. Essa demarcação pode ser re- alizada através de um teodolito ou nível ou até de elementos mais simples para obras de pequeno porte, como nível de mangueira (Figura 38), trena ou régua. Elementos mais complexos com utilização de processo topográfico devem ser es- colhidos em casos de obras de grande porte (CORRÊA, 2016). 52 UNIDADE 1 —NOÇÕES DE TERRAPLENAGEM FIGURA 38 – NÍVEL DE MANGUEIRA FONTE: Comastri e Tuler (2013, p. 197) Exemplo: para se utilizar um nível tipo mangueira, a leitura da haste da esquerda deve ser a mesma da haste da direita. A igualdade da altura é alcançada através da igualdade de leitura do líquido colocado dentro da mangueira. A distância entre as hastes não afeta. Para a situação a seguir, necessita-se de uma declividade de 2,00% da superfície. As extremidades da mangueira estão distantes por 5,00 metros. Qual deve ser a diferença de leitura entre as hastes? Solução: uma declividade de 2,00% é o mesmo que se dizer que há 2 metros de diferença de altura ao longo de 100,00 metros. D dn 100,00m 2,00m 5,00 X X = 0,10 m Assim, a leitura feita em B deve ser 0,10 metros maior, ou seja, equivalente a 1,30 metros para que se alcance 2,00%, conforme figura 39. FIGURA 39 – NÍVEL DE MANGUEIRA FONTE: Comastri e Tuler (2013, p. 198) TÓPICO 3 —TERRAPLENAGEM 53 Independente do porte, elementos auxiliares são utilizados na demarcação e podem ser: piquetes, cavaletes (Figura 40b, à direita) ou tabeira (também conhecido por tábua corrida ou gabarito na Figura 40a, à direita). FIGURA 40 – ELEMENTOS AUXILIARES PARA LOCAÇÃO a) (b) FONTE: Corrêa (2016, p. 123) A locação por cavalete é um processo de locação muito antigo e pode não ser muito confiável, pois oferece muitos riscos de deslocamentos provocados por circulação de equipamentos e operários. Utilizados em obras de pequeno porte com poucos itens para locar. Já a locação por gabarito é indicada para as obras que possuem muitos itens a serem locados. Os sarrafos de madeira são fixados ao longo do perímetro da obra sobre pontaletes a uma altura entre 0,40 m a 1,50 m em relação ao nível do solo e devem estar alinhados e nivelados. O espaçamento ideal entre as estacas deve ser entre 1,50 e 1,80 m. Os gabaritos são elementos de demarcação mais seguros e as marcações efetuadas
Compartilhar