Buscar

Arquitetura no Brasil - Sistemas Construtivos - 2 Vedações

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CAP I TU LO 2 
V E D A Ç Õ E S 
No geral, consideram-se como elementos de vedação os que, não tendo fun-
ções estruturais, são usados apenas para fechamento dos vãos. Há vários tipos de veda-
ção, algumas desempenhando parcialmente funções estruturais, outras funcionando 
como fechamento e proteção. 
- PAU-A-PIQUE ^ , 
Tipo de vedação que consiste em paus colocados perpendicularmente entre os 
baldrames e os frechais, neles fixados por meio de furos ou pregos. Estes paus são 
frequentemente roliços, com sua casca inclusive, em seção compatível com a espessura 
pretendida para as paredes que vão compor, em geral de 0,15 a 0,20m, condicionando 
os paus a um diâmetro de 0,10 a 0,15m. (fig. 17) Normalmente a estes, são colocados 
outros, mais finos, ripas ou varas, (fig. 18) (foto 11) tanto de um lado como de outro: 
amarrados com "seda em rama, o linho, o cânhamo, canabis sativa, o tucum, o cravete, 
o guaxima, o imbé, o bu r i t i " e outros diversos géneros próprios para cordas, conheci-
dos no Brasil pelo nome genérico de embiras, como quer o Bispo de Pernambuco em 
sua "Memória sobre as Minas de Ou r o " . ^ São também usados couro ou pregos, for-
mando uma trama ou armadura capaz de receber e suster o barro que, posteriormente, 
vai encher os vazios da armação. Estas varas horizontais podem ser roliças, de taquaras 
inteiras ou de canela de ema. No norte utilizam-se os troncos de carnaúba, não só para 
os paus-a-pique como para o ripamento horizontal. Podem ser colocadas duas a duas, 
de um lado e outro, no mesmo nfvel ou alternadamente, (fig. 19) de modo a correspon-
der cada uma a um intervalo de duas do lado oposto. O espaçamento dos paus-a-pique 
varia em torno de um palmo, sendo o das varas um pouco menor. 
Feita a trama, é o barro jogado e apertado sobre ela, trabalho que se faz ape-
nas com as mãos, sem auxílio de qualquer ferramenta, o que tornou este sistema 
conhecido pelo nome de pescoção, tapona ou sopapo. 
45 
má • ^ ...i 
Tmmuimiiiiii iUiiiii i i iuuT 
03 
f r e c h a i 
|^^ r e v e s t i m e n t o 
b a r r o 
v a r a 
p a u a p i q u e 
ah/pnisria /áe , p e d r a 
/ V / / / éVq/dobe 
' / / / / / / / . • 
/ / / / / / m jy/^ ^kw / / / / / 
//////m7////////// 
F I G . 2 1 A r m a ç ã o d e p a u a p i q u e 
50 
Empregam-se as paredes de pau-a-pique, tanto externa como internamente, 
preferindo-se, porém, o seu uso no interior das edificações ou nos pavimentos elevados. 
É, por excelência, o sistema indicado para as vedações por sua leveza, pouca espessura, 
economia e rapidez de construção, sendo também chamado de taipa de mão ou taipa 
desebe. (figs. 20 e21 ) 
- T I JOLOS ou ADÔBOS 
Podem as vedações ser preenchidas por tijolos ou adôbos assentados sobre os 
baldrames, quando mais comum se torna o emprego das aspas francesas, compondo, 
assim, os frontais tecidos. Sobre os esteios, na sua face voltada para a espessura das pa-
redes, pregam-se varas, onde se encaixam os tijolos ou adôbos com rasgos pré-estabele-
cidos, proporcionando, desta forma, melhor solidariedade entre a vedação e a estrutu-
ra, (fig. 22) 
- ESTUQUE • ' " " • 
Vedação similar à taipa de sebe, dela se distingue peia sua menor espessura, 
podendo a trama compor-se apenas de varas, dispensando os paus-a-pique. A tessitura 
pode, também, ser feita de esteira de taquara ou de espécies fibrosas sobre ripas, 
(fig. 23) 
- TABIQUES . . ; . 
São vedações de tábuas, de grande simplicidade, usadas principalmente para 
divisões de cómodos internos, (fig. 24) 
- ESTRUTURAS MISTAS 
São consideradas como estruturas mistas aquelas em que as cargas se transmi-
tem aos pilares de alvenaria de pedra e, também em menor escala, às vedações, dispen-
sando as vigas horizontais. Podem ainda estes pilares constituir apenas a infraesíruturg 
51 
F I G . 2 5 A r c a b o u ç o d e t a i p a de s o b e s o b r e 
p i l a r e s d e a l v e n a r i a d e p e d r a 
F 1G . 2Ó A r c a b o u ç o d e t a i p a d e s e b e s o b r e 
a r c a d a s d e a l v e n a r i a d e p e d r a 
F 3 G . 2 7 A r c a b o u s ; © d a t a i p a de s e b e s o b r e 
p a r e d e s d e a l v e n a r i a d e p e d r a ! 
i 
\- " 1 1 
( c o m p l e m e n t a a f o t o 2 7 ) 
das construções elevadas do solo sobre o qual se levantam edifícios de estrutura maci-
ça ou independente. A ocorrência conjunta da estrutura independente e da maciça 
configura-se de várias formas: 
— arcabouço de taipa de pilão sobre pilares de alvenaria de pedra, assentada a 
parede sobre baldrames de madeira ou arcadas de alvenaria, (figs. 25 e 26) 
— paredes mestras de alvenaria de tijolos de pedra e divisórias de^vedação, se-
jam de tijolos de meia vez, de taipa de sebe, de adôbos ou estuque. 
— paredes mestras de taipa e divisórias de taipa de sebe ou adôbos. 
Trata-se, evidentemente, de uma combinação entre dois tipos de sistemas 
construtivos com possibilidade de inúmeras variações. 
- MUROS 
Para a construção dos muros são adotadas as mesmas técnicas empregadas nas 
paredes, sejam de taipa, pedra seca, pedra e barro, pedra e cal, adobo ou pau-a-pique. O 
elemento, porém, que os completa é a cobertura de proteção, que pode ser de telhas 
(figs. 28 e 29), assentadas diretamente no maciço, em uma ou duas águas, ou sobre 
armação de madeira, formando beirais de caibros corridos (fig. 30) ou de cachorra-
da, (foto 8) 
Podem ainda ser completados com cimalha de cantaria ou de alvenaria e mas-
sa, com seus perfis emoldurados. Capeam-se, também, por tijolos ou lajes de pedra, 
(fig. 31) Contudo, os sistemas de coberturas que interessam aos muros são os mesmos 
das construções, a serem posteriormente estudados. Convém salientar, desde logo, que 
os balanços da cobertura são sempre proporcionais à proteção que devem oferecer aos 
muros, cujas alturas tleterminam a dimensão do balanço das proteções com que se 
coroam. 
Na parte inferior dos muros divisórios de terrenos aparecem elementos desti-
nados a isolá-los da ação das águas, constituídos por lajes ou tábuas de revestimento. 
- SAR J ETAS 
Constituem as sarjetas espécies de passeios de proteção, de pedras redondas, 
poliédricas ou em lajes que ocorrem nas faixas de terreno imediatamente ligadas ao 
57 
V 
F I G . 2 9 ' j^ -' , í 
C o b e r t u r a d e m u r o com d u a s f i l e i r a s d e t e l h a s , 
u m a d e ceada l a d o , a s s e n t a d a s d i r e t a m e n t e n o 
• m a c i ç o 
59 
60 61 
nascimento das paredes. Têm largura variável e combatem não só a umidade do solo 
como resistem à força das águas despejadas da cobertura, evitando as ofensas que po-
deriam causar ao terreno e, consequentemente, aos alicerces das paredes. 
- A C A B AM EN TO DAS VEDAÇÕES • 
As vedações recebem acabamentos diversos, não só pelos revestimentos das 
paredes como pelos coroamentos e tratamento dos cunhais. 
As paredes são, no geral, revestidas por argamassa compondo o emboço de 
barro, completado ou não por reboco de cal e areia. Vez por outra, argamassa-se o 
barro com estrutura de curral, para sua maior consi-stência e para proporcionar melhor 
ligação entre o maciço de barro e o revestimento de cal e areia. ÍMo auto de arremata-
ção da cadeia de Sabará, em 1741, querem-se as paredes "rebocadas de bosta (sic) e 
cayadas, tudo na última perfeição".Padre Florian Bancke, S. J . , assim descreve o 
processo: "Hacem diferentes revoques en las paredes: el primero es de tierra, arena y 
estiercol caballar secco molido que se mezcla con agua arcil loza; este revoque no se 
raja jamas y mucho menos aún, el segundo que se hace de puro estiercol vacuno 
frasco sin una mezcla de o material. El tercero se mezcla con arena caliza de puras 
conchas quemadas, y con pr 'vo de ladrillo".^'^ I 
Quando à ca!, seria primeiro importada e, depois,obtida de conchas ou maris-
cos queimados até o aparecimento da cal comum. Quando esta falta, é substituída pela 
tabatinga.^^ 
Outro revestimento é feito de madeira e proporcionado por tábuas formando 
barras na parte inferior das paredes, divididas em painéis, ou revestindo-as por inteiro, 
(foto 10) Este tabuado aparece ainda nas empenas de menor peso para não sobrecarre-
gar os frechais. Com tábuas revestem-se também as faces externas das paredes, de alto 
a baixo, quando sujeitas à ação de chuvas mais intensas. Mais tarde, seria esta proteção 
proporcionada também por folhas metálicas. Este revestimento de tábuas, de consoei-
ras ou mesmo de traves, aplica-se nas cadeias, reforçando as suas paredes para evitar as 
perfurações destinadas à fuga dos detentos. Na arrematação da cadeia de Vila Rica, 
em 1723, as enxovias dos brancos e dos pretos deviam ser "forradas de tabuado de 
alto a baixo pela parte de dentro e por fora,, gasora 9 barriadas", como fez Antônio 
Luiz de Araújo, 1746.^ 
Empregam-se, ainda, como revestimento, azulejos lisos, de uma só cor ou colo-
ridos,- em decorações ou cenas, como na igreja de Nossa Senhora do Carmo, em Ouro 
Preto, (foto 9) , • 
62 1*'. 
BiMIBIttMMBqfMIl 
O 
-O 
V 
63 
i 
F 1 G . 3 3 R e v e s t i m e n t o d e p a r e d e c o m t e l h a s e m b i c a 
I 
F 1G . 3 4 R e v e s t i m e n t o d e p a r e d e c o m t e l h a s e m c a p a 
F IG .35 R e v e s t i m e n t o d e p a r e d e c o m t e l h a s e m c a p a 
e b i c a 
F I G . 38 F r o n t ã o c a p r i c h o s o 
F I G . 4 0 C u n h a l c o m r e l e v o e m e s í u q u e 
66 67 
Finalmente, não podem ser esquecidas as telhas, que protegem as paredes do 
castigo das águas revestindo, de preferência, as empenas, lanternins, mansardas e outros 
elementos, (figs. 32, 33 e 34) Podem ser colocadas só em bicas, (fig. 35), fixadas em 
massas ricas ou por meio de pregos. 
As paredes de pau-a-pique podem ser também revestidas na sua parte inferior, 
por lajes junto ao solo, pelo lado de fora, para melhor proteção contra as águas. Neste 
caso, as lajes geralmente compõem barras. 
- COROAIVIENTOS E CUNHAIS 
As paredes, têm, no geral, seus limites superiores definidos pela cobertura, em 
suas beiradas sacadas, das quais se falará posteriormente. Existem, porém, paredes 
cujos coroamentos se fazem livres, com empenas monumentais, compreendendo fron-
tões ou platibandás. As empenas compõem-se em variadas formas: triangulares, (f iq. 36) 
de curvas rampantes e caprichosas, (fig. 37) ou interrompidas (fig. 38), de acordo com 
o estilo e o gosto do arquiteto. Arrematam-se com molduras, cimalhase, nas mais po-
bres, com telhas colocadas transversalmente à direção das águas do telhado. As plati-
bandás podem ser cheias, lisas, com ornamentação em relevo, figuras geométricas, cor-
dões, almofadas e decorações florais, ou se apresentarem vasadas formando varandas 
de balaustres de pedra, cerâmicas ou de alvenaria e massa. Estas balaustradas dividem-
se em painéis separados por pilares, muitas vezes acompanhando o prumo das pilastras 
e encimadas por figuras, vasos e outros elementos decorativos, (fig. 39) 
Os cunhais variam conforme o sistema construtivo adotado. Quando a estru-
tura é de madeira, os esteios aflorados constituem os cunhais. Às vezes revestem-se 
com tábuas lisas ou de rebaixo, com molduras dando-lhes maior ressalto em referência 
ao plano das paredes, (fig. 40) Quando de pedra, podem ser de alvenaria e massa ou de 
cantaria, sempre, porém, ressaltados da parede, à feição de pilastras. 
Há casos de estrutura de madeira com fingimento de pilastras, o que se consegue 
fazendo estuque sobre os esteios ou, apenas, revestindo-os de massa. Quando os 
cunhais são de alvenaria e massa, recebem, no século X IX , decoração em relevo, estu-
cada ou em pintura. O estuque aproveita o cordão e os motivos florais; os entalhes 
servem-se destes e dos conchoides. Convém destacar as duas significações distintas do 
estuque: a primeira das quais refere-se a panos de vedação de pouca espessura e a se-
gunda, a relevos de massa sobre as paredes, com caráter decorativo. 
69 
FOTO 12 
Lajes de reforço dos pisos. Casa dos Contos, Ouro Preto/MG. 
NOTAS AO CAP ITULO 2 
30 - José Joaquim da Cunha Azeredo Coutinho, Bispo de Pernambuco, autor da "Memória 
sobre as IVlinas de Ouro " (1804), In Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro 
Tomo LX I , 1898, fis. 26. 
31 - Segundo THED IM BARR ETO , Paulo - "Casas de Câmara e Cadeia" in Revista do Patri-
mônio Histórico e Artístico Nacional, n? 11, IVlinistério da Educação e Saúde, Rio de 
Janeiro, 1947 - pg. 103. 
32 - Citado por THED IM BARR ETO , P AU LO - ob. cit., pg. 103, nota 172. 
33 — TABATI IMGA — "O termo, corruptela do tupi "toba-tinga", quer dizer barro branco. 
Hoje em dia, a palavra designa qualquer barro argiloso com certa porção de matéria orgâni-
ca, untuoso ao tato, não sendo necessariamente branco. Antigamente, foi generalizado o 
seu emprego na pintura de paredes, já que a cal era de difícil obtenção, principalmente 
; na zona rural. Nas pinturas mais requintadas, adicionava-se à calda de tabatinga certos fixa-
dores como o leite da sorveira, o leite de vaca, certas soluções de pedra-ume, etc." 
SORVE I RA — "Árvore de família das Apocináceas, couma macrocarpa, Barb. Rod., que 
fornece madeira branca para marcenaria e que dá, também, uma resina viscosa, a qual 
costuma ser, no vale amazônico, misturada â'tabatinga usada na pintura das casas, segundo 
Martius e Afonso Arinos de Melo Franco. Peso específico da madeira igual a 0,54". 
Apud CORONA e LEMOS, "Dicionário da Arquitetura Brasileira", Edari - São Paulo 
Livraria Editora Ltda., 1? edição. São Paulo, 1 972 - pgs. 435 e 431. 
34 - THED IM BARR ETO , PAULO - ob. cit., pgs. 92 e 93. Segundo Paulo Thedim Barreto, 
"gazora é expressão que podemos tomar no sentido de rebocada". 
71

Continue navegando