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MÃO-DE-OBRA INDÍGENA E AFRICANA

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03/05/2022 18:38 Disciplina Portal
https://estudante.estacio.br/disciplinas/estacio_7013912/temas/3/conteudos/1 1/9
HISTÓRIA DOS POVOS
INDÍGENAS E
AFRODESCENDENTES
Aula 3 - MÃO-DE-OBRA INDÍGENA E AFRICANA
E A FORMAÇÃO DO SISTEMA ESCRAVISTA
INTRODUÇÃO
03/05/2022 18:38 Disciplina Portal
https://estudante.estacio.br/disciplinas/estacio_7013912/temas/3/conteudos/1 2/9
Essa aula tem como objetivo principal mostrar compreender que a introdução dos escravos africanos não acabou
imediatamente com a escravidão indígena, ambas conviveram, em certos casos, até o século XIX. Para tanta serão
seguidos três eixos centrais: a)Re�etir sobre as especi�cidades de cada uma dessas escravidões; b)perceber as
consequências do contato entre colonos e negros e entre índios e negros; c)analisar as estruturas econômicas e
sociais que derivam desses contatos.
OBJETIVOS
Compreender que a introdução dos escravos africanos não acabou imediatamente com a escravidão indígena, ambas
conviveram, em certos casos, até o século XIX;
Re�etir sobre as especi�cidades de cada uma dessas escravidões;
Perceber as consequências do contato entre colonos e negros e entre índios e negros;
Analisar as estruturas econômicas e sociais que derivam desses contatos.
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https://estudante.estacio.br/disciplinas/estacio_7013912/temas/3/conteudos/1 3/9
Ouro branco: foi assim que muitos colonos passaram a chamar o produto advindo do processamento do caldo de
cana-de-açúcar, sendo o primeiro gênero produzido em larga escala na América portuguesa.
A escolha do açúcar teve duas razões principais:
• Em primeiro lugar, o açúcar produzido da cana era um gênero tropical e por isso mesmo teria grande demanda na
Europa;
• Em segundo lugar, os portugueses já possuíam conhecimento do fabrico de açúcar de cana graças à colonização das
ilhas Canárias, Madeira, Açores e Cabo Verde, todas localizadas no Atlântico Norte.
Ainda no século XVI, iniciaram-se as construções dos primeiros engenhos de açúcar em diferentes localidades da
América portuguesa. Contudo, a região nordeste da colônia acabou se tornando a principal produtora de açúcar devido
às suas condições naturais.
Veja algumas delas:
• Grandes propriedades de terra; 
• Clima quente; 
• Chuvas constantes; 
• Solo fértil; 
• Abundância de rios; 
• As árvores da mata atlântica – ideais para a construção das moendas; 
• A localização das capitanias do nordeste, que estavam mais próximas ao mercado consumidor do produto – a Europa
Um engenho de açúcar. Pormenor de um atlas do século XVII
Veja também as diferentes partes do engenho (unidade produtiva do açúcar):
03/05/2022 18:38 Disciplina Portal
https://estudante.estacio.br/disciplinas/estacio_7013912/temas/3/conteudos/1 4/9
• Canavial – onde a cana era cultivada; 
• A casa da moenda – onde era extraído o caldo de cana; 
• A casa de purgar – onde o caldo era transformado em melaço; 
• A residência do senhor – conhecida como Casa-Grande; 
• A residência dos demais trabalhadores.
Todavia, para que todo esse empreendimento desse lucro de fato – sobretudo frente ao monopólio de exportação
exercido pela Coroa portuguesa – era necessário que a produção fosse a mais barata possível.
A escravização
Foi no contexto da lógica mercantilista que a escravidão apareceu como a melhor opção para a produção do açúcar.
Além disso, o uso de escravos vinha coroar uma série de questões �losó�cas colocadas pelos europeus desde o início
das Navegações (no século XV), quando a Europa entrou em contato com sociedades da África-subsaariana e das
Américas.
A “nova humanidade” que se apresentava para os europeus seria classi�cada e ordenada por eles. A escravidão foi
uma instituição que ordenou boa parte das dinâmicas da sociedade da América portuguesa.
Na obra Cultura e opulência do Brasil, o padre André Antonil (1649- 1716) pontuou bem a importância que a escravidão
tinha no funcionamento dos engenhos açucareiros.
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A escravização no Brasil
Durante muitos anos a escravidão no Brasil foi vista de forma sistêmica. De um lado estavam os índios escravizados,
utilizados em sua grande maioria em pequenas e médias produções, quase todas voltadas para a subsistência da
colônia. Do outro estavam os africanos escravizados e seus descendentes utilizados nas atividades envolvidas com o
mercado externo, como a produção de açúcar e a mineração.
Ainda que essa sistematização esteja pautada em uma série de análises qualitativas da economia colonial, é
importante ressaltar que tal assertiva não se aplica a todo o período de fabrico do açúcar.
Ao analisar o início da produção açucareira, Stuart Schwartz chamou atenção para um fenômeno pouco estudado: o
uso massivo de indígenas escravizados nos engenhos. Grande parte desses índios tinha origem tupi, embora alguns
povos tapuias tenham sido encontrados nos registros.
A análise de Schwartz se circunscreve à província da Bahia que, durante os séculos XVI e XVII, foi uma das maiores
produtoras de açúcar da América portuguesa.
Baseado em registros paroquiais e inventários, o autor apontou que a lógica que regeu a escravidão indígena na
produção açucareira foi muito semelhante àquela que ditaria o ritmo de trabalho de africanos escravizados anos mais
tarde.
Graças à preferência senhorial, 60% dos escravos eram homens adultos e jovens. Todavia, as práticas religiosas
incentivaram o casamento de muitos desses homens, fazendo que famílias escravas tivessem signi�cativa presença
nesses engenhos.
Tendo que se adaptar às condições de trabalho impostas pelos colonos, os índios escravizados deveriam realizar o
cultivo extensivo da cana e depois processar seu caldo a �m de obter o açúcar.
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A partir do último quartel do século XVI, a escravidão indígena passou a ser, em parte, substituída pelos africanos
escravizados.
Tal substituição tinha duas razões principais:
Além disso, em meados do século XVI, o valor do escravo africano era relativamente baixo, o que o tornava acessível
para muitas pessoas. E, mais do que uma propriedade, o escravo africano representava um investimento, pois, depois
de três ou quatro anos, o senhor conseguia recuperar, por meio do trabalho do escravo, o que havia pagado por ele e
continuava usufruindo do seu trabalho por muito mais tempo. Não podemos esquecer que o fato de trabalharem em
uma terra totalmente desconhecida também di�cultava fugas e possíveis revoltas dos africanos escravizados.
O trabalho compulsório dos africanos
Esses aspectos foram fundamentais na hora de escolher o trabalho compulsório de africanos em detrimento dos
indígenas – embora muitos índios tenham trabalhado como escravos na América portuguesa, só que em menor
escala. Fora isso, existiam ainda argumentos religiosos. Na época, a Igreja católica acreditava que os negros africanos
não tinham alma. Por isso, o trabalho como escravo seria uma espécie de purgatório em vida para que depois da morte
esses homens e mulheres pudessem subir ao reino dos céus.
O fato é que a partir de 1580, africanos de diversas localidades do continente passaram a desembarcar em peso na
América portuguesa para trabalhar como escravos em diferentes atividades econômicas. Os africanos que vieram
escravizados para o Brasil tinham origens diversas. O mapa ao lado mostra as diferentes rotas do trá�co de escravos
do continente africano para terras brasileiras. Se olharmos o mapa com atenção veremos que existem quatro grandes
rotas de comércio.
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Rota do trá�co negreiro para o Brasil
Após a longa travessia,  quando �nalmente desembarcavam nos portos da América portuguesa, a situação de boa
parte dos africanos era péssima. Aqueles que tinham conseguido aguentar a viagem passavam porum breve exame
médico e eram rapidamente vendidos. Os africanos mais fragilizados, principalmente aqueles que haviam contraído
escorbuto, passavam por um processo de quarentena em galpões localizados na região portuária.
Nesses locais eles recebiam uma alimentação especial para recuperar suas forças o mais rápido possível. Assim que
estivessem mais fortes, eram levados para os mercados onde seriam comprados. A partir de então, o destino desses
africanos estava atrelado a de seu senhor e, em muitos casos, eles tinham que continuar a viagem, só que agora pelo
interior do Brasil.
Nem todos os africanos recém-chegados resistiam ao período da quarentena. Por isso, era comum encontrar
cemitérios nas proximidades do porto. Além dos maus tratos e das doenças adquiridas durante a travessia, muitos
escravos boçais, isto é africanos recém-chegados, sofriam de banzo –, uma doença que parecia atacar a alma de
alguns africanos que, tomados por uma tristeza profunda, se deixavam morrer.
Para muitos deles era preferível morrer a trabalhar como escravo, pois acreditavam que a morte signi�cava o retorno à
sua terra natal, junto a seus ancestrais.
No entanto, a maior parte dos africanos sobrevivia à travessia do atlântico. Dessa forma, o escravo boçal rapidamente
era introduzido à sua nova sociedade.
Em seguida, ele recebia ensinamentos básicos do catolicismo, como deveriam se portar perante seu senhor, bem como
algumas palavras em português. A partir de então o escravo boçal se juntava ao ladino e ao crioulo na execução das
mais variadas tarefas.
A Jornada de trabalho dos escravos
Para conseguir cumprir a demanda da produção em larga escala, os escravos enfrentavam jornadas de trabalho que
variavam de doze a dezoito horas e eram constantemente vigiados por feitores e capatazes para que otimizassem seu
tempo de trabalho.
No ápice da produção do açúcar (século XVI) e do café (século XIX), e no auge do período aurífero (século XVIII), a
exploração do escravo era tamanha que a média de vida ativa do cativo variava entre sete e dez anos. Contudo,
estimativas apontam que, mesmo nesse curto tempo de vida ativa, o escravo “pagava” para seu proprietário a quantia
que havia sido desembolsada no momento da sua compra e ainda gerava benesses.
A partir do terceiro ano de trabalho, tudo o que era produzido pelo cativo representava lucro ao senhor. Este retorno
�nanceiro relativamente rápido fez com que o escravo fosse visto como uma boa forma de investimento, o que
fomentou o trá�co intercontinental de africanos por três séculos.
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Essa lógica da exploração total do trabalho escravo intensi�cou ainda mais a violência inerente à escravidão. Além da
obrigação em labutar horas a �o de baixo de sol quente, chuva forte ou em dias frios, o constante reabastecimento de
africanos escravizados nos portos do Brasil fez com que muitos proprietários fossem negligentes com os cuidados
despendidos aos cativos.
As péssimas condições que viviam os escravos
Apesar de cuidados com alimentação, moradia e vestimenta serem de responsabilidade senhorial, a fácil reposição
dos escravos ajuda a explicar as péssimas condições de vida que os proprietários ofereciam a seus cativos. A
alimentação que os escravos recebiam costumava ser composta apenas por farinha de mandioca ou de milho, uma
porção de carne salgada e, por vezes, um pouco de feijão: o básico para o sustento humano. As roupas desses cativos
eram feitas de panos de algodão simples e deveriam durar ao menos um ano.
Muitos escravos que adoeciam eram deixados à própria sorte, pois, como vimos, muitas vezes era mais vantajoso
comprar um novo cativo do que cuidar do enfermo.
Junto à rígida e pesada disciplina de trabalho no eito e às chibatas recebidas quando não alcançavam a quantidade
estipulada de feixes de cana ou cestos de grãos de café, os escravos e escravas ainda enfrentavam outros dois
grandes problemas: os acidentes e as condições insalubres de trabalho.
Os acidentes foram comuns nos engenhos de açúcar, mais especi�camente:
• Na casa da moenda, onde era extraído o caldo da cana, os cativos que não tomassem cuidado podiam ter o braço
inteiro triturado pelas engrenagens ao colocar os feixes de cana na moenda;
• Na casa de purgar, onde o caldo era transformado em melaço, que normalmente era o local de trabalho das escravas,
havia sempre o perigo de queimaduras.
As regiões mineradoras também foram palco de acidentes de trabalho. Mesmo que muitos dos africanos escravizados,
principalmente os oriundos da Costa da Mina, tivessem conhecimentos milenares sobre mineração aprendidos na
África, em diversas ocasiões as minas subterrâneas, que haviam sido cavadas, desabavam, matando dezenas de
cativos. Quando tragédias como essas não ocorriam, os escravos eram obrigados a passar o dia inteiro com parte do
corpo submersa nos rios e córregos para realizar o garimpo do ouro.
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