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www.esab.edu.br Contabilidade Contabilidade Vila Velha (ES) 2013 Escola Superior Aberta do Brasil Diretor Acadêmico Beatriz Christo Gobbi Coordenadora do Núcleo de Educação a Distância Beatriz Christo Gobbi Coordenadora do Curso de Administração EAD Rosemary Riguetti Coordenador do Curso de Pedagogia EAD Claudio David Cari Coordenador do Curso de Sistemas de Informação EAD David Gomes Barboza Diretor Geral Nildo Ferreira Produção do Material Didático-Pedagógico Delinea Tecnologia Educacional / Escola Superior Aberta do Brasil Diretoria Executiva Charlie Anderson Olsen Larissa Kleis Pereira Margarete Lazzaris Kleis Thiago Kleis Pereira Conteudista Elaine Cristina Rodrigues Voges Coordenação de Projeto Andreza Lopes Patrícia Battisti Supervisão de Design Educacional Barbara da Silveira Vieira Supervisão de Revisão Gramatical Andrea Minsky Supervisão de Design Gráfico Laura Martins Rodrigues Design Educacional Renata Oltramari Revisão Gramatical Elaine Monteiro Seidler Érica da Silva Martins Valduga Paulo de Tarso Vieira Design Gráfico Neri Gonçalves Ribeiro Diagramação Fernando Andrade Equipe Acadêmica da ESAB Coordenadores dos Cursos Docentes dos Cursos Copyright © Todos os direitos desta obra são da Escola Superior Aberta do Brasil. www.esab.edu.br Av. Santa Leopoldina, nº 840 Coqueiral de Itaparica - Vila Velha, ES CEP 29102-040 Apresentação Caro estudante, Seja bem vindo à ESAB. A Escola Superior Aberta do Brasil, funda-se no princípio básico de atuar com educação a distância, utilizando como meio, tão somente, a internet. Em 2004,foi especialmente credenciada para ofertar cursos de pós- graduação a distância, via e-learning, utilizando-se de software próprio denominado Campus Online. Em 2009 foi credenciada com Instituição de Ensino Superior – IES, através da portaria MEC nº 1242/2009, de 30 de dezembro de 2009, ocasião em que também foi autorizada a ofertar o curso de pedagogia – licenciatura, na modalidade presencial, conforme portaria MEC nº 14/2010, de 9 de janeiro de 2010. Em outubro de 2012 recebeu o Prêmio Top Educação 2012, da Editora Segmento, sendo reconhecida como a Melhor Instituição de Ensino EAD para Docentes. Em 2013 é aprovada para a oferta dos cursos de: Administração (Bacharelado); Pedagogia (Licenciatura) e Sistemas de Informação (Bacharelado), todos na modalidade EAD, com avaliação máxima das comissões avaliadoras. É com muita satisfação que apresentamos a você, acadêmico, a disciplina de Contabilidade, que tem como objeto de estudo as técnicas de registro das informações administrativas e financeiras de uma organização, viabilizando a emissão das Demonstrações Contábeis e de diversos relatórios para a gestão empresarial. Muito além da apresentação das técnicas de registros para a elaboração do Balanço Patrimonial, da Demonstração do Resultado do Exercício, Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, Demonstração de Fluxo de Caixa, Demonstração do Valor Adicionado e das Notas Explicativas, a disciplina de Contabilidade está intimamente relacionada com o aprimoramento das técnicas de evidenciação para melhor satisfazer as necessidades dos usuários das informações contábeis, e principalmente do administrador. Como muitos devem saber, o mundo empresarial vem se transformando ao longo dos anos em virtude da grandeza de variáveis existentes no mercado que afetam diretamente a estrutura organizacional, exigindo desses empresários agilidade e flexibilidade da informação para a tomada de decisões. Diante desse cenário, nesta disciplina, com o intuito de melhor aprofundá-la, foi necessário buscar técnicas de ensino que motivassem você, acadêmico de Administração, a compreender e valorizar a importância do registro das informações administrativas e financeiras. Com isso, bem mais que entender a respeito da técnica de registro, você compreenderá sobre o melhor uso das informações contábeis a favor da administração de um negócio. Para finalizar, salientamos que este caderno de estudos está dividido em 48 unidades e subdividido em seções, com a finalidade de apresentar as bases teóricas e práticas sobre o registro das informações contábeis e a elaboração das Demonstrações Contábeis. As primeiras unidades, numeradas de 1 a 6, promovem uma reflexão sobre a evolução histórica da Contabilidade, campo de atuação e a função da Contabilidade. Já as unidades 7 a 12, apresentam as características da informação contábil e seus usuários, o entendimento sobre patrimônio das entidades, a origem e a aplicação de recursos. Na sequência, as unidades 13 a 18 proporcionam a compreensão sobre as contas contábeis, a elaboração dos relatórios contábeis, também denominados demonstrações financeiras. Nas unidades 19 a 24, busca-se o conhecimento sobre as contas que envolvem a apuração do resultado. Nas unidades 25 a 30, apresenta-se a técnica de ensino que viabiliza o entendimento sobre o registro das informações contábeis, denominada Contabilidade por Balanços Sucessivos. Já as unidades 31 a 36 corroboram com o conhecimento sobre a apuração de resultado e elaboração da Demonstração do Resultado do Exercício – DRE, da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL e dos principais livros contábeis. Na sequência, as unidades 37 a 42 viabilizam a elaboração da Demonstração do Fluxo de Caixa e da Demonstração do Valor Adicionado – DVA. E, para finalizar, nas unidades 43 a 48 busca-se a interpretação das informações contábeis geradas e a importância da Contabilidade na elaboração e execução do Planejamento Empresarial. Esta disciplina possui como principal fonte de estudo os livros Contabilidade Empresarial e Contabilidade Básica, ambos do autor José Carlos Marion, conforme a referência bibliográfica, sendo considerado um grande estudioso da ciência contábil. Bom estudo! Equipe Acadêmica da ESAB Objetivo Identificar as características e a importância da informação contábil; propor o entendimento sobre a técnica de escrituração contábil e promover o conhecimento sobre a elaboração e interpretação das Demonstrações Financeiras. Competências e habilidades • Saber aplicar adequadamente o registro das informações administrativas e financeiras. • Aprender como elaborar e interpretar as Demonstrações Contábeis em concordância com a legislação e princípios contábeis. • Adquirir competências para a elaboração de informações para tomada de decisões. Ementa Elementos da Contabilidade: definições, aplicação, campo de atuação da Contabilidade, função da Contabilidade, exigências legais e finalidade. Patrimônio. Balanço patrimonial, grupo de contas do balanço patrimonial. Demonstração do resultado do exercício. Noções de débito e crédito. Demonstração das mutações do patrimônio líquido e dos fluxos de caixa, demonstração do valor adicionado e noções da situação financeira e econômica por meio das demonstrações contábeis. Sumário 1. Elementos da Contabilidade............................................................................................8 2. Definições da Contabilidade ..........................................................................................13 3. Aplicação da Contabilidade ...........................................................................................17 4. Campo de atuação da Contabilidade .............................................................................22 5. Função da Contabilidade ...............................................................................................28 6. Pilares da Contabilidade ................................................................................................32 7. Características da informação contábil e seus principais usuários .................................38 8. Os relatórios contábeis ..................................................................................................42 9. O patrimônio .................................................................................................................4610. Origem e aplicação de recursos .....................................................................................51 11. Os regimes da Contabilidade .........................................................................................60 12. Exercícios resolvidos ......................................................................................................64 13. As demonstrações financeiras .......................................................................................72 14. O Balanço Patrimonial ...................................................................................................76 15. Grupo de contas patrimoniais e de resultado ................................................................82 16. Contas do ativo .............................................................................................................88 17. Contas do passivo ..........................................................................................................93 18. Exercícios resolvidos ......................................................................................................97 19. Contas do Patrimônio Líquido .....................................................................................104 20. Contas de resultado: o registro nas contas de receita e suas deduções ........................109 21. Contas de Resultado: gastos, custos e despesas ..........................................................114 22. Exercícios resolvidos ....................................................................................................119 23. Apuração do resultado do exercício .............................................................................125 24. Exercícios resolvidos ....................................................................................................130 25. A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) .......................................................135 26. Exercícios resolvidos ....................................................................................................141 27. A escrituração contábil ................................................................................................147 28. A contabilidade por Balanços Sucessivos .....................................................................152 29. Exercícios resolvidos ....................................................................................................159 30. Método das Partidas Dobradas....................................................................................166 31. Exercícios resolvidos ....................................................................................................177 32. O Balancete de Verificação ..........................................................................................187 33. Exercícios resolvidos ....................................................................................................192 34. Os livros contábeis.......................................................................................................203 35. A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL ..................................208 36. Exercícios resolvidos ....................................................................................................217 37. A Demonstração do Fluxo de Caixa – DFC ...................................................................223 38. Exemplos de DFC .........................................................................................................230 39. A Demonstração do Valor Adicionado – DVA ...............................................................239 40. Exemplo de DVA ..........................................................................................................246 41. Notas Explicativas .......................................................................................................250 42. A publicação das demonstrações financeiras ..............................................................257 43. A análise financeira através das demonstrações contábeis ..........................................262 44. Exercícios resolvidos ....................................................................................................267 45. Análise econômica por meio das demonstrações contábeis ........................................275 46. Exercícios resolvidos ....................................................................................................280 47. O papel da Contabilidade na elaboração e execução do Planejamento Empresarial .....................................................................................287 48. A nova lei das Sociedades Anônimas e a Contabilidade Internacional .........................292 Glossário ............................................................................................................................297 Referências ........................................................................................................................304 www.esab.edu.br 8 1 Elementos da Contabilidade Objetivo Apresentar a história da Contabilidade, destacando seus principais marcos ao longo dos anos. A Contabilidade, como tantas outras ciências, evoluiu com a sociedade, e por esse motivo, antes de começarmos a trabalhar o conteúdo dessa disciplina, vamos conhecer a evolução histórica da Contabilidade. Para isso, apresentaremos seus principais marcos e referencial teórico. Vamos lá? A Contabilidade é uma ciência que teve sua origem na necessidade da humanidade em controlar seu patrimônio. Então, desde a antiguidade, a Contabilidade tem o seu papel dentro da sociedade, contribuindo e evoluindo com ela. Podemos considerar a Contabilidade como uma ciência que tem por finalidade observar e registrar os atos administrativos e financeiros de uma organização, gerando informações à gestão empresarial. Por esse motivo, ela é considerada uma ciência social que registra e controla as riquezas patrimoniais das organizações. Segundo Marion (2009a, p. 28), “[...] a Contabilidade é uma ciência social, pois estuda o comportamento das riquezas que se integram no patrimônio em face das ações humanas (portanto, a contabilidade se ocupa de fatos humanos)”. www.esab.edu.br 9 A Contabilidade surgiu com a limitação da memória humana em registrar e armazenar informações, e tão logo se desenvolveu com a evolução da humanidade. Embora, a Ciência Contábil possua em sua fonte de dados números e muitos cálculos, ela se ocupa com os fatos humanos e, por esse motivo, não pode ser tratada como uma Ciência Exata, mas sim como uma Ciência Social. Marion (2009a) afirma que, embora a Contabilidade utilize métodos quantitativos, não pode ser tratada como uma ciência matemática (ou exata), pois ela registra fatos que ocorreram em razão das atitudes humanas. Você sabia que a Ciência Contábil é considerada uma das ciências mais antigas da civilização? Isso mesmo! Acredita-se que sua origem é tão antiga quanto à origem do homem. Outra explicação atribuída ao surgimento da Contabilidade é a limitação da memória humana em registrar e arquivar as suas riquezas, então, desde a antiguidade, a humanidade já utilizava as técnicas de contabilidade para registrar e armazenar seus bens. A contabilidade surgiu basicamente da necessidade de donos de patrimônio que desejavam mensurar, acompanhar a variação e controlar suas riquezas. Daí pode-se afirmar que a contabilidade surgiu em função de um usuário específico, o homem proprietário de patrimônio, que de posse das informações contábeis, passa a conhecer melhor sua “saúde” econômico-financeira, tendo dados para propiciar tomada de decisões mais adequadas. (MARION, 2009a, p. 28) Dessa forma, a Contabilidade acompanha a sociedade desde a sua forma mais primitiva e foi conquistando o seu espaço na vida do ser humano. Outro fato importante foi o surgimento do comércio, em que as relaçõeshumanas foram se desenvolvendo com a troca de algo para o seu próprio benefício. Contudo, o desenvolvimento do comércio e o direcionamento das pessoas para as relações de compra e venda fortaleceu a Contabilidade na necessidade da humanidade organizar e gerir suas riquezas. www.esab.edu.br 10 Saiba mais Para melhor entender e visualizar a história da Contabilidade, sugerimos que você assista ao vídeo “História da Contabilidade”, elaborado pela Fundação Brasileira de Contabilidade, disponível clicando aqui. Outros fatores importantes nessa história foram as violentas batalhas entre povos que contribuíram fortemente para a criação de uma sistemática entre fornecedor e cliente, bem como os controles de contingências de guerra que contribuíram para a sistemática de controle de bens e estoque. O cenário de evolução da humanidade entre guerras e grandes batalhas é denominada por Marion (2009a) como “cenário contábeis primitivos”, pois o comércio e a indústria se encontravam em estágio embrionário, comparados aos dias atuais. Nessa fase, o proprietário do patrimônio era considerado a figura central das ações empresariais. Conhecendo a história da humanidade, denota-se que a evolução da escrita, o nascimento da moeda nas relações de comércios, o descobrimento das Américas, e a revolução industrial incentivada pela invenção da máquina a vapor e a administração de pessoas em galpões industriais foram alguns marcos históricos que colaboraram positivamente para o crescimento da Ciência Contábil, bem como da Administração. Contudo, o grande marco histórico da Contabilidade encontra-se no ano de 1494, na Itália, quando surge o Método das Partidas Dobradas, publicado por Frei Luca Pacioli, que deu origem à teoria contábil do débito e do crédito. A teoria de Frei Luca Pacioli, em que para todo débito exige um crédito, foi tão inteligente e brilhante que permanece sendo aplicada até nos dias atuais. http://www.youtube.com/watch?v=d2zGmgWfoqE www.esab.edu.br 11 Com o passar dos anos, a sociedade também evoluiu com as relações de trabalho e com as relações políticas de governo, contribuindo fortemente com a criação das leis trabalhistas e tributárias. No que diz respeito à evolução da Contabilidade no Brasil, relata-se que, por volta de 1754, deu-se início ao primeiro curso profissionalizante de Contabilidade, sendo os graduados desse curso denominados de guarda-livros. Já na época do Brasil Colônia, duas escolas se destacaram devido à imensa contribuição ao crescimento profissional contábil no Brasil: a Escola de Comércio Álvares Penteado, criada em 1902, em São Paulo, que seguiu as técnicas das escolas italiana e alemã; e a Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo, em 1946, que adotou os métodos da escola norte-americana, sendo criado também nessa época um centro de pesquisas contábeis. Portanto, ao logo do tempo, novos usuários da informação contábil foram surgindo, conforme cita Marion: [...] o banqueiro, o fornecedor de mercadoria a prazo, o governo, o administrador (que recebeu a incumbência de administrar o patrimônio para o empreendedor), os acionistas (tanto controladores como os minoritários, em virtude de grupo de pessoas concentrarem recursos em função de um empreendimento), os empregados, os clientes, os sindicatos, os partidos políticos e outros segmentos da sociedade. (MARION, 2009a, p. 29) Ainda para complementar, Marion (2009b) relata que a Contabilidade é muito antiga e sempre existiu para auxiliar os gestores a tomarem decisões, e com o passar do tempo, o governo começa a utilizar-se dela para arrecadar impostos e a torna obrigatória para a maioria das empresas. Marion (2009a) considera os tempos atuais um cenário moderno da Contabilidade, onde as ações empresariais não estão mais voltadas somente para o dono, mas para toda a organização. As organizações devidamente estruturadas crescem significativamente, tentando acompanhar o avanço tecnológico do mercado, mesmo diante de uma realidade de instabilidade de preço e mercado. www.esab.edu.br 12 Estudo complementar Este momento é oportuno para uma leitura complementar ao conteúdo abordado até aqui. Sugerimos a leitura do artigo denominado “Cenários Contábeis”, de Elizabeth Krummenacher Marçal, aqui, que aborda a evolução histórica de maneira prática e objetiva. Saiba que o profissional Contábil gerencia todo o sistema de banco de dados de uma organização, propiciando informações para os administradores na tomada de decisão. Porém, acredita-se que ainda precisamos evoluir muito quanto ao gerenciamento e à transparência da informação contábil, a qual está simultaneamente ligada com a evolução da gestão empresarial diante da competência profissional e da postura ética. Agora que chegamos ao final desta unidade, temos a percepção do quanto a Contabilidade evoluiu ao longo dos anos e, principalmente, que ela não deve ser utilizada apenas para atender às exigências legais do governo, mas sim como uma ferramenta no auxílio da tomada de decisão. http://contabilidadenatv.blogspot.com.br/2009/06/cenarios-contabeis.html www.esab.edu.br 13 2 Definições da Contabilidade Objetivo Promover a compreensão sobre os principais conceitos da Contabilidade e sua evolução. Continuando nossos estudos sobre a Contabilidade, vamos nos aprofundar sobre os seus principais conceitos, seu objeto e objetivos de estudos. Vimos, na unidade anterior, o quanto a Contabilidade evoluiu com a sociedade e o quanto contribuiu para a gestão empresarial. Desse modo, a Contabilidade é uma Ciência Social que trata dos registros dos atos e fatos praticados por gestores em seu negócio. Como já visto na unidade anterior, a Contabilidade está preocupada com o registro do patrimônio das organizações. Sendo assim, o objeto de estudo da Ciência Contábil é o patrimônio das organizações. Tais organizações podem estar estruturadas na forma de pessoa física ou pessoa jurídica, com um propósito comum ‒ estudaremos mais sobre isso na unidade 3. Segundo Marion (2009b, p. 28), “A Contabilidade pode ser estudada de modo geral (para todas as empresas) ou em particular (aplicada em certo ramo de atividade ou setor da economia)”. Logo, se o objeto de estudo da Contabilidade é o patrimônio das organizações, o objetivo dessa ciência é prover dados, informações, relatórios para tomada de decisão. Para Marion (2009b), todas as movimentações administrativas e possíveis de mensuração monetária são registradas pela contabilidade, que, de forma prática e sistematizada, resume os dados registrados por meio de relatórios, os quais devem ser utilizados pelos gestores na tomada de decisões. Frequentemente tomamos decisões importantes, não é mesmo? Dentro de uma organização, a situação não é diferente, pois os gestores decidem a todo instante sobre o futuro dos negócios. Por esse motivo, a www.esab.edu.br 14 Contabilidade é tão importante para os gestores, afirma Marion (2009b), quando relata sobre a necessidade de dados, de informações corretas, de subsídios que auxiliam na tomada de decisão apropriada. Ainda, detalha Marion (2009a), as decisões podem estar no simples fato de o gestor comprar ou alugar uma máquina, a determinação de um preço de produto, contratar uma dívida de curto ou longo prazo, a quantidade de materiais em estoque, a possibilidade de redução dos custos e a produção necessária, por exemplo. Prontamente, a Contabilidade é uma grande ferramenta no gerenciamento de tais decisões. Portanto, a “Contabilidade é a linguagem dos negócios”, afirma Marion (2009a, p. 26). Essa ciência tem a capacidade de medir os resultados das empresas, avaliar o desempenho dos negócios, dando diretrizes para as decisões certas. Relatando melhor a Contabilidade na prática, Marion (2009a) destaca que: Observamos com certa frequência que várias empresas, principalmente as pequenas, têm falido ou enfrentam sérios problemas de sobrevivência. Ouvimos empresáriosque criticam a carga tributária, os encargos sociais, a falta de recursos, os juros altos etc., fatores esses, sem dúvida, contribuem para debilitar a empresa. Entretanto, descendo fundo em nossas investigações, constatamos que, muitas vezes, a “célula cancerosa” não repousa nessas críticas, mas na má gerência, nas decisões tomadas sem respaldo, sem dados confiáveis. Por fim observamos, nesses casos, uma contabilidade irreal, distorcida, em consequência de ter sido elaborada única e exclusivamente para atender às exigências fiscais. (MARION, p. 26, 2009a) Sendo assim, a administração não pode mais tomar decisões sobre a produção, marketing, investimentos, financiamentos, pessoal, custos etc. sem a participação da Contabilidade. O mercado atual vive um momento em que aplicar recursos, que muitas vezes são escassos, e ainda gerar lucros requer do administrador muito além da experiência profissional. Para Marion (2009a, p.26), “A experiência e o feeling do administrador não são mais fatores decisivos no quadro atual; exige-se um elenco de informações reais, que norteiem tais decisões”. Essas informações estão contempladas nos relatórios contábeis. www.esab.edu.br 15 Para sua reflexão Marion (2009a) nos propõe uma reflexão sobre o artigo “Empresa do século”, na Revista “Revenda Construção”, nº 26, de julho de 1999, na qual o grande homem de negócio, Olavo Setúbal, diz: “O que um engenheiro entendia de finanças? Nada. Então fui estudar contabilidade. E me serviu por toda a vida. Todas as pessoas que desejam ter uma empresa, primeiramente devem entender disso”, destaca Olavo Setúbal, já falecido. Os ensinamentos desse homem foram muito bem aproveitados na constituição do Banco Itaú. Tomando como base o que foi discutido nas unidades, você acha que Olavo Setúbal tem razão? Por quê? As respostas a essas reflexões formam parte de sua aprendizagem e são individuais, não precisando ser comunicadas ou enviadas aos tutores. Dessa forma, percebemos o quanto a Contabilidade pode auxiliar a administração no gerenciamento dos negócios, por meio de análises amplas ou específicas, embora essa imagem da Contabilidade tenha se perdido no tempo, sendo utilizada apenas para atender às exigências do fisco. Relata Marion (2009a, p. 26) que O objetivo principal da contabilidade, portanto, conforme a Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade, é o de permitir a cada grupo principal de usuários a avaliação da situação econômica e financeira da entidade, num sentido estático, bem como fazer inferências sobre suas tendências futuras. No Brasil, atualmente, a Contabilidade encontra-se num momento de extrema fortificação e adaptação das novas Normas Brasileiras de Contabilidade, as quais foram publicadas a partir do ano de 2007, tendo destaque a Lei nº 11.638/07, Medida Provisória nº 449/08 www.esab.edu.br 16 e Lei nº 11.941/09. Sendo uma legislação nova e como na maioria das vezes as normas se antecipam aos seus usuários, já que eles não participam na elaboração delas, contadores e empresários estão em fase de entendimento e aplicação das referidas normas. Saiba também que as empresas de desenvolvimento de software e de gerenciamento de informação da área contábil precisam se adequar simultaneamente com seus usuários, o que torna esta fase de adaptação ainda mais complexa. Outro ponto importante, que merece bastante atenção, é que as informações apuradas pela Contabilidade não se restringem apenas à área interna da empresa, mas também a todos os seus seguidores. Destaca Marion (2009a) que o processo decisório decorrente das informações contábeis não se restringe apenas aos limites da empresa, aos administradores e gerentes, mas também a outros segmentos, tais como: investidores, fornecedores, bancos, governo, sindicatos, clientes e outros. No entanto, um aspecto que dificulta bastante a credibilidade das informações contábeis é a linguagem técnica e específica atribuída a elas, que na maioria das vezes não são de fácil entendimento pelos gestores das organizações. Diante desse cenário, podemos perceber que a Contabilidade evoluiu bastante quanto às suas normas, porém, ainda precisa ser mais bem entendida e interpretada pelos seus usuários. Logo, pode-se perceber que o administrador deve utilizar as informações contábeis para atingir o sucesso do seu negócio, e a contabilidade deve ser melhor aproveitada nesse processo. Nesta unidade, aprendemos que o objeto de estudo da Contabilidade é o Patrimônio das organizações, e seu objetivo é prover os usuários de informações para a tomada de decisão. Também estudamos o quanto a Contabilidade é importante para a administração das organizações, por meio das análises e interpretações de dados administrativos e financeiros. Na próxima unidade, estudaremos com mais detalhes sobre a aplicação da Contabilidade. www.esab.edu.br 17 3 Aplicação da Contabilidade Objetivo Discutir a aplicação da Contabilidade e sua contribuição para a sociedade. Nesta unidade, vamos aprofundar nosso conhecimento sobre a aplicabilidade e contribuição da Contabilidade para a sociedade. Até agora, já vimos que a Contabilidade pode ser estudada de maneira geral, seguindo teorias e técnicas para todas as empresas, ou ainda, seu estudo em modo particular, para um único indivíduo. Não é mesmo? Portanto, a Contabilidade pode ser realizada tanto para Pessoa Física ou Pessoa Jurídica. Marion (2009b) conceitua Pessoa Física como pessoa natural, ser humano e indivíduo sem qualquer exceção, em que a sua existência termina com a morte. Na sequência, Marion (2009b) define como Pessoa Jurídica “[...] a união de indivíduos que, através de um contrato reconhecido por lei, formam uma nova pessoa, com personalidade distinta da de seus membros”. Além dessa visão conceitual, cabe destacar que a pessoa jurídica pode ser constituída com a intenção de gerar lucros. Podemos citar, como exemplo, as empresas industriais e comerciais, ou ainda instituições que podem ser constituídas sem a intenção de gerar lucro, comumente denominadas de entidades sem fins lucrativos, que são as cooperativas, associações culturais, entidades religiosas, entre outras. www.esab.edu.br 18 Saiba mais Este momento é oportuno para deixarmos bem claro as diferenças entre Pessoa Física e Pessoa Jurídica, não é mesmo? Para isso, recomendamos a leitura do artigo do Sebrae, postado no Blog Dica do Brasil Profissões. O artigo aponta as principais diferenças entre Pessoa Física e Pessoa Jurídica e suas implicações diante da sociedade civil atual, fundamentados pelo Código Civil Nacional. Clique aqui e boa leitura. Saiba que essa distinção entre Pessoa Física e Pessoa Jurídica é muito importante para a Contabilidade, pois, geralmente, o empresário tende a confundir o patrimônio particular com o patrimônio da empresa, e estes devem ser organizados e contabilizados separadamente. No entanto, a Contabilidade está inserida na vida de todos os indivíduos de maneira imperceptível, mas com impactos significantes. Então, Marion (2009b, p. 30) determina que “Quando se faz Contabilidade para a pessoa física (embora não seja comum) ou pessoa jurídica, essa pessoa é denominada entidade contábil”. Assim, toda pessoa (física ou jurídica) mantida por uma Contabilidade é denominada entidade contábil, e é constituída com a intenção de gerar lucro ou não. Estudo complementar O que você sabe sobre entidades sem fins lucrativos? Para aprofundar seu conhecimento, leia o artigo: “O Novo Código Civil e as Entidades Sem Fins Lucrativos: Adaptações do Estatuto”, escrito pelo Senador Flávio Arns e disponível aqui. http://www.brasilprofissoes.com.br/blogs/dicas-do-bp/pessoa-f%C3%ADsica-x-pessoa-jur%C3%ADdica http://www.brasilprofissoes.com.br/blogs/dicas-do-bp/pessoa-f%C3%ADsica-x-pessoa-jur%C3%ADdica http://www.elobrasil.org.br/sites/default/files/O%20Novo%20C%C3%B3digo%20Civil%20e%20as%20Entidades%20Sem%20Fins%20Lucrativos:%20Adapta%C3%A7%C3%B5es%20do%20Estatuto.pdfwww.esab.edu.br 19 As entidades são constituídas de dados gerados a partir de atos e fatos administrativos e financeiros, promovidos pelos indivíduos que atuam nelas. Logo, Marion (2009b, p. 29) prontamente define os indivíduos que necessitam das informações contábeis como usuários que “[...] são pessoas que se utilizam da Contabilidade, que se interessam pela situação da empresa e buscam na Contabilidade suas respostas”. Sendo assim, os usuários da informação contábil são todas as pessoas que se interessam pela situação da empresa e buscam por meio da Contabilidade as suas respostas e orientações para o futuro. Os usuários da Contabilidade são inúmeros, e logo Marion (2009b) relata que: Evidentemente, os gerentes (administradores), não são os únicos que se utilizam da Contabilidade. Os investidores (sócios ou acionistas), ou seja, aqueles que aplicam dinheiro na empresa, estão interessados basicamente em obter lucro, por isso se utilizam dos relatórios contábeis, analisando se a empresa é rentável; os fornecedores de mercadoria a prazo querem saber se a empresa tem condições de pagar suas dívidas; os bancos, por sua vez, emprestam dinheiro desde que a empresa tenha condições de pagamento; o governo quer saber quanto de impostos foi gerado para os cofres públicos; outros interessados desejam conhecer melhor a situação da empresa: os empregados, os sindicatos, os concorrentes etc. (MARION, 2009b, p. 29) Dessa forma, percebemos o quanto é importante a Contabilidade para as entidades, sejam elas pessoas físicas ou jurídicas. Quanto ao funcionamento da Contabilidade, Marion (2009a) esclarece que ela tem a função básica de coletar dados, registrar os dados e processá-los, emitir relatórios aos seus inúmeros usuários para dar auxílio à tomada de decisão. A atuação da Contabilidade é muito bem retratada por Marion (2009a) na figura a seguir: www.esab.edu.br 20 Administração Investidores Bancos Governo Relatórios Área de atuação do contador Coleta de dados Registro dos dadose processamento Outros Interessados Usuários (tomada de decisão) Figura 1 – Área de atuação do Contador. Fonte: Adaptada de Marion (2009a). Vimos que a Contabilidade tem a função primordial de produzir informações para os vários usuários na intenção de auxiliar na tomada de decisão. Imediatamente, analisando a figura anterior, você pode perceber que os usuários da Contabilidade encontram-se de forma interna e externa diante da empresa. Podemos entender como usuários internos os administradores, os proprietários, os gerentes, os funcionários, entre outros. Já como usuários externos, podemos citar os bancos, o governo, os investidores, e outros. Outro fator no cenário da Contabilidade que merece bastante destaque é a compreensibilidade da informação contábil por seus usuários, pois alguns estudos apontam que a falta de instrução e formação por parte dos empresários acarreta em distorções e prejuízo à qualidade da informação contábil. Vale dizer que no Brasil ainda existem muitos profissionais contábeis com capacidade limitada e convencional, não atuando de forma eficiente na gestão das empresas. Com o que estudamos até aqui, podemos concluir que a Contabilidade é mantida para pessoas físicas ou pessoas jurídicas que por meio de seus usuários direcionam o futuro da empresa. www.esab.edu.br 21 Contudo, administradores e contadores precisam desenvolver suas habilidades interpretativas de dados, bem como suas competências de gerenciamento e tomada de decisão. Chegamos ao final desta unidade com um melhor entendimento sobre a atuação da Contabilidade diante das entidades contábeis, que podem ser constituídas para gerar lucro ou não. Percebemos também a importante função da Contabilidade na coleta, no processamento dos dados e na emissão de relatórios. Detectamos que a Contabilidade se relaciona por intermédio de usuários que podem ser internos ou externos. Vimos também que, muito além de fornecer informações, a Contabilidade deve ser melhor inserida e aproveitada pela Administração, pois se reconhece que a união desses dois modelos de profissionais geram muito sucesso na carreira e na gestão do negócio. Fórum Caro estudante, dirija-se ao Ambiente Virtual de Aprendizagem da instituição e participe do nosso Fórum de discussão. Lá você poderá interagir com seus colegas e com seu tutor de forma a ampliar, por meio da interação, a construção do seu conhecimento. Vamos lá? www.esab.edu.br 22 4 Campo de atuação da Contabilidade Objetivo Ampliar os conhecimentos quanto ao campo de atuação da Contabilidade com as demais áreas, principalmente com a Administração. Prosseguindo nossos estudos sobre Contabilidade, nesta unidade vamos estudar sobre o campo de atuação da Contabilidade para a sociedade. Já vimos que a Contabilidade pode ser estudada de maneira geral, seguindo teorias e técnicas para todas as empresas, ou ainda, seu estudo em modo particular, para um único indivíduo. Dessa forma, o impacto da Contabilidade na sociedade acontece de forma imperceptível, porém seus reflexos sobre as ações do indivíduo são brilhantes. Sobre esse contexto, Marion (2009b, p. 29) ressalta que a Contabilidade pode ser aplicada sobre diversas áreas, admitindo-se variáveis denominações, como, por exemplo, em empresas: • comerciais, denomina-se Contabilidade Comercial; • industriais, denomina-se Contabilidade Industrial; • públicas, denomina-se Contabilidade Pública; • bancárias, denomina-se Contabilidade Bancária; • hospitalares, denomina-se Contabilidade Hospitalar; • agropecuárias, denomina-se Contabilidade Agropecuárias; • de seguros, denomina-se Contabilidade Securitária etc. Então, como você pode perceber, toda empresa precisa de um profissional contábil, principalmente diante da realidade das empresas brasileiras, em que muitas fecham as portas no primeiro ano de existência, em virtude da ineficiência e falta de gestão por parte dos empreendedores. www.esab.edu.br 23 Saiba mais Diante desse cenário da realidade das empresas brasileiras, convidamos você para a leitura do artigo de Thais Herédia: “Empresas brasileiras sobrevivem por mais tempo, mas 15% ainda ‘morrem’ no 1° ano”. Esse artigo relata muito bem um panorama sobre a atualidade das empresas no Brasil. Clique aqui. Diante da diversidade dos tipos de negócio, a Contabilidade é segmentada conforme a sua necessidade de gestão da informação. Marion (2009a) então classifica a Contabilidade em três grupos. • Contabilidade Financeira: é a contabilidade geral, necessária a todas as empresas, pois fornece informações básicas a seus usuários e é obrigatória para fins fiscais. Em alguns casos ela recebe outras denominações, tais como: Contabilidade Agrícola (aplicada às empresas agrícolas); Contabilidade Bancária (aplicada aos bancos); Contabilidade Comercial (aplicada às empresas comerciais) etc. • Contabilidade de Custos: está voltada para o cálculo e a interpretação dos custos dos bens fabricados ou comercializados, ou dos serviços prestados pela empresa. • Contabilidade Gerencial: é destinada para fins internos, e diferencia-se das outras contabilidades, pois não se prende aos princípios tradicionais aceitos pelos contadores. O profissional desta modalidade contábil é conhecido como controller (MARION, 2009a, p. 30). Com o que estudamos até aqui, percebemos que a Contabilidade Financeira está direcionada a atender às exigências do Fisco e da legislação com a emissão das Demonstrações Financeiras, guias de impostos e as declarações ao Fisco. Já a Contabilidade de Custos é focada no ambiente fabril, com a aplicação de controles e monitoramento dos gastos durante o processo de produção. E por fim, a Contabilidade Gerencial executa as análises sobre todos os dados coletados, de acordo com a necessidade da Administração. http://www.perfilcontabil.com.br/artigos_ver.php?id=5441 www.esab.edu.br 24 Evidentemente, compreendemos que a Contabilidade de Custos e a ContabilidadeGerencial só existem se houver a Contabilidade Financeira, e quanto melhor estruturada e elaborada a Contabilidade Financeira, melhores serão as análises gerenciais e de custos. Cabe destacar que a implantação da Contabilidade de Custos no Brasil ainda é muito cara, pois depende de sistemas de informações interativos e de profissionais gabaritados. Entretanto, o administrador pode começar com controles simples e sem muito investimento e, ao longo do tempo, ir aprimorando com os resultados alcançados. Desse modo, cabe aos administradores e contadores uma nova reflexão sobre a sua atual gestão de empresas, pois as teorias e técnicas são muitas e as possibilidades de sonegação e desvios também. Ambos os profissionais são responsáveis pelo crescimento do país, por meio do ganho de dinheiro de negócios próprios ou de terceiros. Porém, muitos não sabem o quanto o seu papel é importante na sociedade em que atuam. É claro que não podemos deixar de abordar sobre a pesada carga tributária do Brasil, que promove os desvios financeiros nas organizações, mas os profissionais precisam refletir sobre a ética e zelo da profissão. Percebemos novamente como é importante a interação entre os profissionais da Contabilidade e da Administração, pois é visível a necessidade dos administradores de informações confiáveis para auxiliar nas decisões certas. É importante destacar que a Contabilidade tem a responsabilidade de orientar a administração para o melhor caminho da gestão administrativa e financeira, mas cabe ao administrador as decisões corretas. E além de decisões certas, os profissionais do mercado atual também são cobrados por inovação e criatividade. www.esab.edu.br 25 Saiba mais Quando falamos sobre decisões empresariais, talvez venha em nossa mente assuntos financeiros e administrativos, mas as grandes decisões de profissionais que ganharam o mundo relatavam sobre inovação. Diante disto, motivamos a sua curiosidade sobre o artigo publicado na revista “Exame”, que aborda as 36 decisões que mudaram o mundo. Acesse o texto clicando aqui. Sobre grandes decisões conversam Administradores e Contadores, por esse motivo, precisamos compreender as teorias tradicionais e promover ações inovadoras. As empresas com profissionais inovadores e criativos conseguem implantar uma Contabilidade interativa, atingindo todos os seus estágios e setores, e conquistam suas metas com mais eficiência, assim, o sucesso é garantido. Você sabia que o profissional da Contabilidade pode atuar de várias formas, sendo um contador autônomo, público ou na empresa, ou ainda, na área do ensino? Sendo assim, Marion (2009a) detalha na figura a seguir as alternativas profissionais de um contador: http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/0703/noticias/36-decisoes-que-mudaram-o-mundo-m0048532 www.esab.edu.br 26 Contador geral, contador de custo, controle Auditor interno Controlador fiscal Cargos administrativos Auditor independente Consultor Escritório de contabilidade Perito contábil Professor Pesquisador Escritor Consultor Contador público Fiscal de tributos Controlador de arrecadação Tribunal de contas Contador Na empresa Independente No ensino Orgão público Figura 2 – Alternativas profissionais do contador. Fonte: Adaptada de Marion (2009a). Embora este não seja o momento de detalhar especificamente as características de cada atividade do profissional contábil, devemos ter o entendimento sobre a amplitude e impacto desse profissional na gestão dos negócios. Outro ponto importante que percebemos é a atuação da Contabilidade em várias áreas afins. Além da Administração, a Economia, onde Marion (2009a, p. 32) destaca que “Poderíamos dizer que essas duas ciências estão intimamente ligadas à Contabilidade, que lhes expõe quantitativa e qualitativamente os dados econômicos”. www.esab.edu.br 27 O mercado de trabalho cresceu muito nos últimos anos, sendo a área contábil considerada uma das melhores remunerações, o que estimulou um crescimento de 70% dos estudantes de contabilidade nas universidades, bem como um índice de desemprego zero, um enorme leque de opções e a ausência de preconceito contra faixa etária, conforme relata Marion (2009a). Dica Se você ficou curioso para compreender melhor sobre o mercado da profissão contábil, convidamos você a complementar seus estudos com a leitura do resumo da palestra do Professor Marion, cujo tema é “Contabilidade, uma profissão fascinante”, clicando aqui. Para complementar a relevância dessa profissão, Marion (2009a, p. 35) referencia o best-seller “Pai rico, Pai pobre”, de Kiyosaki e Lecchter, o qual afirma que “[...] ninguém pode ser bem-sucedido se não conhecer a Contabilidade”. Chegamos ao final de mais uma unidade, complementando nossos estudos sobre a Contabilidade, na qual percebemos com detalhes o campo de atuação dessa ciência e sua interatividade com as demais áreas, e principalmente com a Administração. Na próxima unidade, vamos aprofundar nossos estudos sobre a função da contabilidade diante do processamento de dados e geração de informações. http://www.acontecendo.org.br/palestra/contabilidade-uma-profissao-fascinante-marion.pdf www.esab.edu.br 28 5 Função da Contabilidade Objetivo Refletir sobre o papel da Contabilidade diante das organizações e da sociedade. Continuando nossos estudos sobre a Contabilidade, vamos nos aprofundar quanto à função da Contabilidade diante das organizações. A Contabilidade, desde a sua existência, teve seu foco na administração do patrimônio de pessoas e organizações, mas, no contexto atual, exige muito mais de seus profissionais em relação ao desempenho de seus usuários. Portanto, no cenário atual, com a otimização de dados para a tomada de decisão em diferentes níveis hierárquicos, a Contabilidade passou a ser utilizada de forma mais eficiente para fins gerenciais, de modo a analisar e controlar os resultados obtidos pela organização. É válido ressaltar que cada organização possui suas particularidades, ou seja, cada uma delas possui seus produtos, suas tecnologias, seus profissionais e, com esse conjunto, tentam se manter no mercado. Em função disso, a informação contábil auxilia a gestão de decisões com análises financeiras e econômicas e análise do ambiente interno e externo da organização. Saiba que a Contabilidade, juntamente com a Administração, constituem peças importantes na competitividade e rentabilidade da organização. Destaca Marion (2009a) que, atualmente, vivemos num momento de ampliar recursos escassos disponíveis com a máxima eficiência, sendo uma tarefa primordial das organizações na preservação do seu lugar no mercado. A concorrência é forte e arrojada e, desse modo, as organizações necessitam de relatórios aprimorados para atingir a eficácia dos seus negócios. www.esab.edu.br 29 Os relatórios e demonstrativos contábeis registram os atos e fatos da administração da empresa, e por esse motivo surgem dados do passado que podem ser projetados no futuro. Marion (2009a) destaca a existência de um elenco de informações reais que norteiam as decisões da empresa, cujos acertos ou desacertos estão comprovados em dados do passado. Acredita-se que não há limite para o uso das informações contábeis, que a organização está inserida num sistema aberto. Sobre isso, Marion (2009a) relata que as informações apuradas pela Contabilidade não se restringem aos administradores e gerentes, mas também a outros segmentos. • Investidores: é por meio dos relatórios contábeis que se identifica a situação econômica e financeira da empresa; dessa forma, o investidor tem às mãos os elementos necessários para decidir sobre as melhores alternativas de investimentos. Os relatórios evidenciam a capacidade da empresa em gerar lucros e outras informações. • Fornecedores de bens e serviços a crédito: usam os relatórios para analisar a capacidade de pagamento da empresa compradora. • Bancos: utilizam os relatórios paraaprovar empréstimos, limite de crédito etc. • Governo: não usa relatórios só com a finalidade de arrecadação de impostos, mas também para dados estatísticos, no sentido de melhor redimensionar a economia (IBGE, por exemplo). • Sindicatos: utilizam os relatórios para determinar a produtividade do setor, fator preponderante para reajuste de salários. • Outros interessados: funcionários, órgão de classe, pessoas e diversos institutos, como a CVM, CRC, clientes, concorrentes, fornecedores etc. Outro usuário da informação contábil não citado anteriormente são os funcionários, esses são considerados como usuários internos, pois é por meio da Contabilidade que eles sabem se a empresa tem condições de pagar seus salários e benefícios, bem como suas perspectivas de crescimento diante da organização. www.esab.edu.br 30 Para sua reflexão Evidentemente que a Contabilidade registra os atos e fatos acontecidos na organização, não podendo modificar nenhum dado coletado, sob pena do Código Civil e o Código de Ética do Contador. Mas vivemos numa realidade onde a carga tributária brasileira é muito alta o que propicia a sonegação por parte dos empresários. Diante disto, será que os relatórios contábeis representam a realidade da gestão dos negócios? As respostas a essas reflexões formam parte de sua aprendizagem e são individuais, não precisando ser comunicadas ou enviadas aos tutores. Quando analisamos a função da Contabilidade diante das organizações, vimos que, muito além de relatórios financeiros, ela promove análises para os gestores da empresa, quanto à situação econômica (lucro ou prejuízo) e situação financeira (capacidade de pagar suas dívidas). Quando o gestor necessita de informações quanto aos seus resultados, lucro ou prejuízo, a Contabilidade faz uma relação entre as operações que geraram ganhos e aquelas que provocam perdas. Numa linguagem mais contábil, a análise é feita sobre tudo aquilo que a empresa vendeu versus os custos e despesas para realização das vendas. É evidente que toda empresa quer lucro, mas nem todo lucro gera dinheiro em caixa e, por esse motivo, a Contabilidade realiza conjuntamente a análise financeira da empresa, pois esta depende das políticas de pagamento e recebimento aplicadas pelo gestor. Portanto, a análise financeira verifica se a empresa tem dinheiro em giro e se este supre a necessidade dos pagamentos das contas. Marion (2009a) relata que a simples comparação entre informações contábeis propicia uma visão panorâmica da situação financeira da empresa, a curto e longo prazo. Logo, esse modelo de análise verifica a capacidade de pagamento das contas e a capacidade de recebimento das vendas. www.esab.edu.br 31 Ambas as análises contábeis levam em consideração as variáveis econômicas, as políticas de mercado, a concorrência, as dificuldades e vantagens dos fornecedores, entre outras. Para Marion (2009a), também cabe ressaltar que as empresas que se destacam no mercado utilizam de maneira muito eficiente as informações contábeis, promovendo decisões mais concisas e corretas. Entretanto, o empresário, diante da abertura ou gerenciamento de uma organização, tem que estar disposto a mensurar e diminuir riscos devido aos fatores que norteiam e ameaçam o sucesso do seu negócio. Diante disso, a função da Contabilidade fica ainda mais evidente e primordial, pois o uso dos relatórios e das análises contábeis são ferramentas básicas no processo de gestão da decisão. Chegamos ao final de mais uma unidade, na qual aprofundamos nossos estudos sobre a função da Contabilidade, e compreendemos que o contador registra os atos e fatos do administrador, sem alterar ou criar dados. Vimos também que o uso da informação contábil pelos gestores das organizações, por meio das análises dos dados passados e projetados para o futuro, torna o processo de gestão muito mais eficiente. Na próxima unidade, vamos conhecer os principais pilares que norteiam a profissão contábil. www.esab.edu.br 32 6 Pilares da Contabilidade Objetivo Conhecer as principais regras da Contabilidade denominadas “Princípios da Contabilidade”. Nesta unidade, vamos conhecer as principais regras dessa ciência, designadas “Princípios da Contabilidade”. Já temos o entendimento de que o profissional contábil tem a função de coletar e registrar dados, transformando em informações para a administração. Agora iremos falar sobre os Pilares da Contabilidade. Esses pilares são genericamente designados de Princípios Contábeis e funcionam como regras básicas da Contabilidade que auxiliam os profissionais a agir de maneira ética e moral. Então, os Pilares da Contabilidade são regras básicas da Contabilidade que genericamente são designadas de Princípios Contábeis. Marion (2009b) destaca que a Contabilidade repousa em dois pilares da teoria contábil: a entidade contábil e a continuidade da empresa. Já estudamos que entidade contábil é a pessoa para quem é sustentada a Contabilidade, podendo ser uma pessoa física ou jurídica, não é mesmo? De tal modo, entende-se que não há a necessidade de uma configuração jurídica para a entidade contábil existir, como trata Marion (2009b, p. 147), ao dizer que “A moderna teoria contábil vem evidenciar que não há necessidade de uma notação jurídica, isto é, de personalidade jurídica (registro na Junta Comercial, Secretaria da Fazenda etc.) para identificar- se uma entidade contábil”. Diante desse contexto, podemos afirmar que determinado setor de uma empresa, ou indivíduo que se utiliza de informações contábeis, pode ser considerado como entidade contábil. Marion (2009b) assegura que www.esab.edu.br 33 nesses casos podemos considerar os setores ou indivíduos como entidades ou subentidades contábeis. Cabe ressaltar que nem sempre as entidades contábeis (empresas) são constituídas para gerar lucro, pois as igrejas, clubes, associações etc., são consideradas como entidades sem fins lucrativos, ou seja, como entidades contábeis que não visam lucro. Diante do exposto, percebemos que ao constituirmos uma entidade contábil (empresa) constituímos uma notação de personalidade jurídica, desta forma, a pessoa física do sócio não pode ser confundida com a jurídica. Assim, compreendemos melhor que o dinheiro do sócio não deve ser misturado com o dinheiro do seu negócio, devendo ser consideradas contabilidades distintas. Porém, é comum a necessidade dos sócios em tirar dinheiro da empresa, muito além dos lucros, e, dessa forma, a Contabilidade não pode se omitir em registrar tal fato, devido ao princípio da entidade, devendo registrar as saídas de caixa excedentes como empréstimos aos sócios. Marion (2009a, p. 148) relata que “[...] a contabilidade não pode impedir certos fatos que, de início, venham ferir um princípio básico, mas estabelecer corretivos e, se possível, tentar disciplinar os sócios em face das normas contábeis”. Outro aspecto desafiador para a Contabilidade e Administração é a gestão de empresas familiares em que suas relações vão muito além do grau de parentesco e, nesse caso, a aplicação do princípio da entidade fica ainda mais difícil. Além do princípio da entidade, o outro Pilar da Contabilidade é o princípio da Continuidade. Esse princípio aborda que toda entidade em funcionamento possui prazo indeterminado de encerramento. Afirma Marion (2009b, p. 31) que “O segundo pilar é baseado no pressuposto de que a empresa é algo em andamento, em continuidade, que funcionará por prazo indeterminado”. www.esab.edu.br 34 No entanto, nenhuma empresa é constituída com data de início e término, sempre com uma perspectiva de prosseguimento e desenvolvimento. Desse modo, podemos observar que os pilares ou princípios da Contabilidade são normas a serem atentadas pelos profissionais contábeis. Tais princípios são regulamentados por órgãos de classe regulamentadora e fiscalizadora da profissão contábil, como, por exemplo, o CFC – Conselho Federal de Contabilidade. Sobre a regulamentaçãodesses princípios, o Conselho Federal de Contabilidade publicou a Resolução CFC 530/81, os Princípios Fundamentais da Contabilidade, a serem adotados pelos profissionais contábeis dentro do território brasileiro. Essa resolução trata os princípios contábeis de forma hierárquica entre Postulados (Entidade e Continuidade), Princípios (Custo Histórico, Denominador Comum Monetário, Realização da Receita e Confrontação da Despesa e a Essência sobre a Forma) e Convenções (Objetividade, Materialidade, Consistência e Conservadorismo). Como vimos, a Contabilidade distingue três grupos de princípios: os postulados, os princípios básicos e as normas convencionais. Assim, considera-se que os postulados são proposições evidentes cuja aceitação é dada como verdade indiscutível. Marion (2009a, p. 146) determina que os postulados “São axiomas, dogmas, máximas, proposições evidentes cuja aceitação como verdadeiras é indiscutível”. Vejamos os postulados: • da Entidade: a entidade e seu patrimônio são distintos das pessoas físicas ou jurídicas dos sócios e seus patrimônios particulares; • da Continuidade: pressupõe-se que a entidade tenha duração indeterminada. A Resolução CFC 530/81 foi revogada pela Resolução CFC 750/93, que, por sua vez foi alterada pela Resolução CFC 1.282/10 sendo, posteriormente, revogada pela NBCTSPEC (Norma Brasileira de Contabilidade Técnica aplicada ao Setor Público - Estrutura Conceitual). Dessa forma, a informação contábil deve possuir, atualmente as características qualitativas descritas na NBSTSPEC se do setor público ou a Resolução 1.374/11 (NBCTGEC) para empresas privadas. Este assunto será melhor abordado no 4º Meg-Módulo, na disciplina de Teoria da Contabilidade. www.esab.edu.br 35 Marion (2009a, p. 147) define princípios como “[...] preceitos básicos que devem orientar os registros contábeis, mutáveis no tempo, sujeitos a discussão”. São eles: • do Custo Histórico: resguardar o registro dos bens somente por intermédio de documento hábil de compra; • da Realização de Receita e Confronto de Despesa: nenhuma venda poderá ser registrada antes da concepção da despesa; • da Oportunidade: os registros das variações patrimoniais quando existir razoável certeza de sua ocorrência. Exemplo: a previsão de uma ação trabalhista; • do Registro pelo Valor Original: os bens devem ser avaliados pelo seu custo; • da Atualização Monetária: os valores do patrimônio devem estar demonstrados em moeda corrente, ou seja, atualizados em cada um de seus elementos; • da Competência: as despesas e receitas são reconhecidas no período em que foram geradas e não na sua realização; • da Prudência: adoção do menor valor para o ativo (bens e direitos) e maior valor para o passivo (obrigações) quando existirem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais, ou seja, preserva a saúde do Patrimônio Líquido. Exemplo: provisão de crédito de liquidez duvidosa e atualização mensal de impostos em atraso. www.esab.edu.br 36 Já as Convenções, para Marion (2009a, p. 147), “[...] são restrições, delimitações, condicionamentos de aplicação aos princípios contábeis”. São elas: • da Objetividade: o registro contábil deve ser o mais adequado e objetivo, para que não haja distorções nas informações. É importante a neutralidade do contador diante dos informes contábeis; • da Materialidade: exercer controle e registros mais rigorosos para os valores mais relevantes; • da Consistência: manter a uniformidade dos registros contábeis; • do Conservadorismo: manter uma posição conservadora para antecipar o prejuízo e nunca antecipar o lucro. Então, como podemos observar, a profissão contábil está amparada por uma estrutura conceitual que resguarda tal profissional em seu exercício de profissão. Chegamos ao final de mais uma unidade, e certamente com nossos conhecimentos ampliados sobre a profissão contábil. Na próxima unidade, estudaremos sobre as características de informação contábil, sua dimensão e peculiaridades. Até breve! www.esab.edu.br 37 Resumo Ao longo dos estudos destas seis primeiras unidades da disciplina de Contabilidade, compreendemos melhor a evolução histórica da Contabilidade diante da sociedade, sua importância na gestão dos negócios e, principalmente, a função e aplicação dessa ciência por seus usuários diante da administração de empresas. Percebemos o quanto o administrador necessita da Contabilidade para tomar decisões certas, pois com ela é possível a análise dos dados passados e projetados no futuro. E, por fim, estudamos os princípios que norteiam o profissional contábil na execução de seus trabalhos. www.esab.edu.br 38 7 Características da informação contábil e seus principais usuários Objetivo Refletir sobre a dimensão e peculiaridades da informação contábil e conhecer seus principais usuários. Até aqui, aprendemos que o objeto de estudo da Contabilidade é o patrimônio das organizações. Além disso, pudemos perceber que a Contabilidade proporciona a quantificação, a classificação, o registro, a demonstração e a análise das mutações do patrimônio de determinada entidade. Também é importante que você saiba que a Contabilidade gera informações quantitativas e qualitativas sobre o patrimônio das organizações, expressas em termos físicos e monetários. Assim, o desempenho, a evolução, os riscos e as oportunidades do negócio são auferidos por meio das informações contábeis, ofertando uma compreensão segura e concisa sobre o estado em que se encontra a organização. Saiba que as informações contábeis se propagam por diferentes meios, pelas demonstrações financeiras, pelo registro, pelos documentos, pelos mapas explicativos, pelos diagnósticos, pelas notas explicativas, pelos pareceres, entre outros previstos ou não em lei e utilizados pelos profissionais e usuários da informação contábil. www.esab.edu.br 39 Para sua reflexão Os serviços contábeis estão embutidos de exagerada burocracia, como, por exemplo, emissão de guias de impostos, folha de pagamento etc. Contudo, para se agregar valor aos negócios, a Contabilidade deveria ser tratada como instrumento gerencial para o processo de decisão. Agora reflita: por que a grande maioria das empresas considera a Contabilidade como um mal necessário? As respostas a essas reflexões formam parte de sua aprendizagem e são individuais, não precisando ser comunicadas ou enviadas aos tutores. Já aprendemos que os usuários da informação contábil podem ser tanto pessoas físicas como pessoas jurídicas que utilizam a informação contábil de forma permanente, ou não, no seu processo de gestão de decisões. Desse modo, os usuários da Contabilidade podem ser internos ou externos às organizações, podendo ser proprietários, investidores, fornecedores, clientes, gerentes, funcionários, bancos, autoridades governamentais e o público em geral. A informação contábil possui alguns atributos, como a veracidade e a equidade, devendo satisfazer as necessidades comuns de seus diferentes usuários. Outro aspecto relevante é que a informação contábil não deve ser atribuída de forma a privilegiar usuários, devendo ser única e transparente. A informação contábil deve, ainda, revelar a situação da organização aproximada da realidade, normalmente prevista em lei (societária e tributária). Também se obriga a ser “vestida” de algumas propriedades indispensáveis, tais como: confiabilidade, comparabilidade, compreensibilidade e tempestividade. Marion (2009b) denomina tais propriedades como características qualitativas da informação contábil. www.esab.edu.br 40 Entenda melhor, a confiabilidade é a propriedade que faz a informação ser aceita pelo usuário, e que este a utilize como base para suas decisões ou até mesmo a considere como elemento essencial. Marion afirma (2009b, p. 33) que “Para ser útil, a informação deve ser confiável, ou seja, deve estar livre de erros ou vieses relevantes e representar adequadamente aquilo que propõerepresentar”. Portanto, para a informação contábil ser confiável, precisa considerar alguns aspectos, conforme cita Marion (2009b, p. 33): • Primazia da Essência [...] sobre a forma [...]. A qualidade da informação é mais importante que obedecer a lei. • Neutralidade (neutra, imparcial, induz a um julgamento justo). • Prudência (certo grau de precaução em virtude das incertezas). • Integridade (informação completa, sem omissão de itens materiais). A confiabilidade da informação contábil está fundamentada na veracidade, integridade e pertinência do seu conteúdo diante dos seus usuários. No que diz respeito à comparabilidade da informação contábil, esta está vinculada na possibilidade do usuário em conhecer a evolução entre determinada informação ao longo do tempo. Marion (2009b, p. 33) afirma que “Os usuários devem poder comparar os relatórios contábeis de uma entidade ao longo do tempo, nos períodos sucessivos”. Ou seja, a informação contábil atinge melhor o resultado quando elaborada de forma comparativa (mês a mês, ano a ano etc.), para que o usuário tenha uma visão projetada dos dados. Já a compreensibilidade da informação contábil tem relação com a clareza e objetividade da informação, compreendendo desde elementos de formalidade, organização, recursos gráficos até a redação e técnica utilizadas. Marion (2009b) comenta que a informação contábil deverá ser acessível a leigos. www.esab.edu.br 41 E por fim, a tempestividade da informação contábil está focada em chegar aos seus usuários em tempo hábil, para que não perca a sua finalidade. A informação contábil está composta por diversas características que fazem com que seus usuários desenvolvam o processo de decisão. Porém, temos o conhecimento de que não adianta o empresário ser resguardado de boas informações se ele não utilizar de forma adequada seu conhecimento contábil. Nesta unidade, compreendemos a importância da informação contábil e suas principais características. Percebemos também que contadores e gestores necessitam ter conhecimento e devem desenvolver habilidades para o uso eficaz das informações contábeis, pois elas são ferramentas primordiais no processo de gestão das decisões. Alguns estudiosos compreendem que nenhuma empresa sobrevive sem a informação contábil, embora muitos empresários ainda resistam sobre o uso desta ferramenta. Na próxima unidade, vamos estudar os relatórios contábeis, sua interação com a gestão das empresas e principais exigências legais. Estudo complementar Você sabia que a crise financeira dos Estados Unidos teve relação com as características da Contabilidade mantida no mercado imobiliário? Pois bem, o artigo do professor Elenito Elias da Costa, analista econômico e financeiro, consultor do IBRACON, traz uma série de interrogações para ajudar a perceber a crise financeira com origem nos Estados Unidos e qual o papel e responsabilidade dos contabilistas e auditores. Faça a leitura do artigo disponível clicando aqui. http://www.otoc.pt/downloads/files/1227698615_40e41_contabilidade.pdf www.esab.edu.br 42 8 Os relatórios contábeis Objetivo Conhecer os objetivos dos relatórios contábeis e sua interação com a gestão das empresas, bem como as exigências legais. Até o momento, estudamos sobre a Contabilidade e sua função, aplicabilidade e características da informação contábil. A partir deste momento, vamos conhecer os relatórios contábeis diante de seus objetivos e interação com a gestão empresarial, e ainda suas exigências legais. Vamos lá? Antes de tudo, é importante saber que o relatório contábil objetiva relatar às pessoas que se utilizam da contabilidade os principais fatos registrados, que já aconteceram (do passado), e também relatórios dos fatos projetados para o futuro. No contexto atual de mercado, é necessário e primordial que a Contabilidade proporcione informações que satisfaçam às necessidades dos diferentes usuários, consciente de que estes necessitam de segurança e confiabilidade nas informações contábeis. O registro contábil deve ser o mais adequado e objetivo, para que não haja distorções nas informações. Para que isso aconteça, é fundamental a neutralidade do contador diante dos informes contábeis. Vale ressaltar que após o registro e processamento dos dados, a Contabilidade é capaz de obter inúmeras informações de forma quantitativa e qualitativa que são expressas por meio dos relatórios contábeis. Portanto, Marion (2009a, p. 41) afirma que o “Relatório contábil é a exposição resumida e ordenada de dados colhidos pela contabilidade”. Ou seja, tais relatórios possuem uma organização e formatação própria. www.esab.edu.br 43 Entre os relatórios contábeis, os mais importantes são as demonstrações financeiras ou demonstrações contábeis, sendo a última a mais utilizada pelos contadores (MARION, 2009a). Em relação às exigências legais, Marion (2009b) esclarece que a Lei das Sociedades por Ações que regulamenta a Contabilidade no Brasil estabelece que, ao final de cada exercício social (12 meses), a empresa deverá elaborar e publicar suas demonstrações financeiras com base em seus registros contábeis. As demonstrações financeiras exigidas por lei são listadas a seguir. • Balanço Patrimonial (BP). • Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). • Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados (DLPA). • Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC). • Demonstração do Valor Adicionado (DVA) – se companhia aberta (MARION, 2009b, p. 41). Vamos entender cada uma dessas demonstrações? O Balanço Patrimonial tem a função de apresentar a situação financeira da empresa, ou seja, quanto à disponibilidade financeira e de endividamento. Marion (2009b) relata que o Balanço Patrimonial é uma das principais demonstrações contábeis. Já a Demonstração do Resultado do Exercício, segundo Marion (2009b, p. 98), “[...] é um resumo ordenado das receitas e despesas da empresa em determinado período, normalmente 12 meses”, o que sinaliza a situação econômica da empresa, ou seja, a situação de ganho ou perda em suas atividades operacionais. A Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados, em sua estrutura, segue uma forma resumida, a qual tem por objetivo evidenciar a distribuição do resultado ao final, o lucro líquido de cada exercício social. De acordo com Marion (2009a), a Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados é um instrumento de integração entre o Balanço www.esab.edu.br 44 Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício, por tratar da apuração do lucro e sua distribuição. A Demonstração dos Fluxos de Caixa visa a demonstrar as movimentações de entradas e saídas de recursos financeiros. Assim, Marion (2009a) relata que a Demonstração dos Fluxos de Caixa visa explicar as variações do disponível (caixa e bancos) da empresa. E por fim, a Demonstração do Valor Adicionado evidencia a riqueza gerada pela atividade da empresa e sua distribuição. Segundo Marion (2009a, p. 512), “O principal item que deveria compor o Relatório da Diretoria é a Demonstração do Valor Adicionado [...].” Perceba a dimensão da importância dessa demonstração financeira. Nas unidades seguintes, detalharemos sobre cada uma dessas demonstrações contábeis exigidas por lei, compreendendo melhor sua estrutura e finalidade de apresentação. Neste momento, cabe ressaltar que nos últimos anos tivemos grandes alterações na legislação societária e uma dessas mudanças foi a possibilidade da substituição da Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados pela Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, sendo esta última mais complexa em termos de mutações patrimoniais. Além das demonstrações financeiras relacionadas, a Contabilidade também poderá viabilizar as notas explicativas que complementam a informação contábil, explorando as particularidades e evidências ocorridas no exercício social da empresa. Você pode estar se perguntando: mas que notas explicativas são essas? As notas explicativas são semelhantesa notas de rodapé, servem para esclarecer determinadas situações diante do relatório contábil. Elas têm a função de detalhar as informações, são estruturadas de forma qualitativa e quantitativa e são sempre objetivas e concisas, remetendo aos usuários clareza e compreensão dos dados apresentados, ou seja, servem para auxiliar na leitura das demonstrações financeiras. Não se preocupe, este assunto será melhor debatido em unidades seguintes. www.esab.edu.br 45 Com a expansão dos mercados, os empresários necessitam muito mais do que só os relatórios contábeis padrões exigidos por lei. Desta forma, a Contabilidade se aprimorou ao longo do tempo e, por intermédio dos relatórios gerenciais, corrobora com o processo de tomada de decisão. Os relatórios gerenciais seguem a estrutura e formatação de cada empresa, absorvendo as características e necessidades de cada gestor, com projeções futuras de dados e até mesmo com o monitoramento e controle de dados. Diante deste contexto, poderíamos citar como exemplo de relatório gerencial uma relação com o custo unitário e preço de venda unitário de cada produto, no qual o administrador poderá identificar o seu foco de produção; o relatório de projeção do fluxo de caixa, para que o administrador tenha a percepção dos recebimentos e pagamentos de sua atividade; e por fim, poderíamos citar o relatório de gastos por departamento, para que o administrador viabilize e motive metas de redução. Estudo complementar Você sabia que existem dois tipos de sociedades que se destacam no Brasil: as sociedades limitadas e as anônimas? As sociedades limitadas são as mais comuns, nas quais a sociedade é constituída por quotas de responsabilidade. Já as sociedades anônimas possuem seu patrimônio estruturado em ações publicadas no mercado ou não. Para saber mais sobre esses tipos de sociedades, visite o site clicando aqui. Chegamos ao final de mais uma unidade, na qual conhecemos melhor os tipos de relatórios contábeis: aqueles instituídos por lei, e aqueles elaborados de acordo com a necessidade do usuário. Sigamos em frente! http://www.empresassa.com.br/2010/04/negocio-proprio-tipos-de-sociedades.html www.esab.edu.br 46 9 O patrimônio Objetivo Entender a grandeza e as características da estrutura do patrimônio das organizações e pessoas. Antes de iniciarmos o estudo desta unidade, gostaríamos de fazer algumas perguntas: o que você entende por patrimônio? Você já pensou que sua casa, seu carro, sua profissão, fazem parte do seu patrimônio? Agora, chegou o momento de aprofundarmos nossos conhecimentos sobre esse assunto. Vamos lá? Primeiramente, identificamos como patrimônio todos os recursos e bens que uma entidade (pessoa ou empresa) possui. Mas o patrimônio não é feito somente de coisas boas, ele também retrata as dívidas que a entidade adquiriu. Para Marion (2009b, p. 37), “Em Contabilidade, portanto, a palavra patrimônio tem sentido amplo: por um lado significa o conjunto de bens e direitos pertencentes a uma pessoa física ou empresa; por outro lado inclui as obrigações a serem pagas”. Como você pode notar, o conceito de Patrimônio compreende os bens, os direitos e também as obrigações vinculados a uma entidade (pessoa física ou jurídica). Os bens correspondem a tudo que possa ser avaliado economicamente, logo, são todos os objetos de uma empresa que sejam para uso, troca ou consumo. São exemplos de bens: computadores, máquinas, equipamentos, software, móveis, imóveis, entre outros. Saiba também que os bens podem ser classificados em tangíveis e intangíveis. O que isso quer dizer? Tangíveis são aqueles bens que www.esab.edu.br 47 possuem existência física, são corpóreos, são palpáveis, como, por exemplo, móveis, veículos etc. Já os bens classificados como intangíveis são aqueles que não possuem existência física, ou seja, não são palpáveis, assim como software, patentes, marcas etc. Marion (2009a) explica que as marcas normalmente representam um valor significativo no patrimônio da entidade, como, por exemplo, a Nike, a Coca-Cola. O mesmo autor acrescenta que as patentes são documentos outorgados pelo Estado, que garantem a uma pessoa ou empresa o direito de explorar determinada invenção. Saiba mais Você sabe qual é a marca mais valiosa do mundo? Saiba um pouco mais sobre as marcas mais valiosas do mundo acessando aqui. Além da classificação dos bens em tangíveis e intangíveis, também os classificamos em imóveis e móveis. Marion (2009b, p. 38) ainda divide bens em: • Bens imóveis: são aqueles vinculados ao solo, que não podem ser retirados sem destruição ou danos: edifícios, construções, árvores etc. • Bens móveis: são aqueles que podem ser removidos por si próprios ou por outras pessoas: animais, máquinas, equipamentos, estoques de mercadorias etc. Ainda tratando do patrimônio da entidade, temos os Direitos, que correspondem aos valores a receber de terceiros. Esses Direitos normalmente são denominados seguidos da expressão “a receber”. Por exemplo, duplicata a receber, promissória a receber etc. Marion (2009b) afirma que o direito a receber mais comum deriva das vendas a prazo, ou seja, quando a empresa vende mercadorias a outras empresas e o pagamento não é efetuado no ato, mas no futuro. A https://www.interbrand.com/best-brands/best-global-brands/2019/ranking www.esab.edu.br 48 empresa vendedora, por exemplo, emite uma duplicata como documento comprobatório: esse direito denomina-se duplicatas a receber. E o dinheiro depositado no banco, é considerado um bem porque é dinheiro ou um direito? Afinal, o dinheiro não está em poder da empresa? Para Marion(2009b, p. 39), o “[...] dinheiro depositado em bancos é um direito”, pois temos o direito de sacar determinada quantia depositada no banco a qualquer momento. Diante disso, cabe destacar que alguns contadores tem opinião contrária e afirmam que depósito bancário é um bem. Até aqui aprendemos que podemos classificar o patrimônio em bens e direitos, não é mesmo? Agora, se perguntarmos: podemos considerar obrigações como patrimônio de uma empresa? O que você responderia? Sendo assim, podemos considerar obrigações como património de uma empresa, ou seja, todas as suas obrigações com terceiros. As obrigações constituem os compromissos que a empresa assumiu com terceiros, ou seja, dívidas a pagar, como fornecedores a pagar, contas a pagar, impostos a pagar, salários a pagar etc. Note que, na denominação das obrigações, usa-se a expressão “a pagar”. Para Marion (2009b), as dívidas são classificadas como obrigações exigíveis, ou seja, representam compromissos assumidos pela empresa e que serão reclamados na data do seu vencimento, com a exigência de pagamento. Como você pode observar, as obrigações compreendem: fornecedores de mercadorias a prazo; governo, por meio de impostos a pagar; funcionário, por meio de salários a pagar; instituições financeiras, com empréstimos e financiamentos. Assim, compreendemos que o patrimônio de uma entidade é composto por bens, direitos e obrigações. Marion (2009b) relata que, por convenção, a Contabilidade separa os bens e direitos das obrigações, colocando no lado positivo os bens + direitos e, no lado negativo, as obrigações. Com isso, temos a seguinte representação gráfica do patrimônio. www.esab.edu.br 49 Bens+direitos Obrigações Bens Dinheiro Empréstimos a pagar Mercadorias em Estoque Salários a pagar Veículos Fornecedores a pagar Máquinas Impostos a pagar Móveis Aluguel a pagar Marcas e Patentes Contas a pagar Direitos Bancos Duplicatas e receber Títulos a receber Ações Quadro 1– Representação gráfica do patrimônio. Fonte: Elaborado pela autora (2012). Para sua reflexão Sugerimos, neste momento, que você faça um levantamento do seu patrimônio, relatando os bens e direitos de sua propriedade, bem como suas obrigações. Ainda lançamos um desafio: avalie a situação da sua riqueza somando bens e direitos, subtraindo destes a soma das obrigações.
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