Buscar

APOSTILAS-COMISSARIO-DE-VOO-PDFS-REVISADO-2017

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

APOSTILA DE FATORES HUMANOS.pdf
 
1
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: www.comissariomania.com.br 
 
 
MÓDULO I 
 
 
FATORES HUMANOS NA AVIAÇÃO CIVIL 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 
Caros alunos, 
 
 A tecnologia sempre esteve presente na aviação. Desde os primórdios da história da atividade aérea, a 
necessidade de motores com melhor eficiência e de materiais mais leves e resistentes fomentaram o 
desenvolvimento de descobertas inovadoras para atender às exigências dessa nova conquista humana até os 
dias atuais, nos quais a grande demanda exige maior precisão, controle e economia. 
Todos os avanços tecnológicos, por mais que tenham otimizado a atividade aérea, tornado os voos 
mais rápidos, mais seguros e mais baratos, ainda dependeram e dependem de um fator primordial ao qual 
jamais poderemos virar as costas: O fator humano. 
A inclusão da disciplina de Fatores Humanos na Aviação Civil no exame da ANAC para Comissários 
é recente, mas esse tema já é discutido e treinado há muito tempo no âmbito das companhias aéreas. 
Nas páginas seguintes você irá encontrar referências a diversos assuntos que permeiam o 
relacionamento entre pessoas na atividade aérea, bem como o comportamento individual do tripulante em 
atividade. Esses assuntos embasam o treinamento de gerenciamento de recursos de corporação, 
obrigatoriamente aplicado pelas companhias aos seus colaboradores. 
Esperamos que, mais do que prepará-lo para o exame da ANAC, esta disciplina o (a) conscientize de 
que o ser humano é um elo frágil no sistema complexo da aviação e, portanto merece especial atenção. 
Bons estudos! 
 
4 
 
 
 
 
 
Uma das definições mais completas de Fatores Humanos em aviação é a que classifica Fatores 
Humanos como campo multidisciplinar que tem como objetivo criar e compilar informação sobre as 
capacidades e limitações humanas e aplicar este conhecimento em equipamentos, sistemas, instalações, 
procedimentos, trabalhos, ambientes, treinamento e pessoas, para o seguro, confortável e efetivo 
desempenho humano. 
Podemos salientar desse conceito a multidisciplinaridade, que nos diz que a análise do melhor 
desempenho requer o estudo de diversas disciplinas como a medicina, a psicologia, a ergonomia e o objetivo 
de segurança. 
 
 
 
No decorrer da história da investigação de acidentes aéreos, com a finalidade de identificar elementos 
dos fatores humanos que foram contribuintes, vários modelos de estudo foram desenvolvidos, dos quais 
podemos ressaltar o Modelo Shell e o Modelo Reason. 
 
 
O Modelo Shell é um diagrama prático que utiliza blocos para representar os diferentes componentes 
dos Fatores Humanos e auxilia na compreensão do tema através de uma abordagem gradual. O nome deriva 
das letras iniciais dos seus componentes, Liveware (elemento humano), Software (procedimentos, simbologia 
etc.), Hardware (equipamento) e Environment (ambiente de trabalho/organizacional). 
O elemento central, o elemento humano – liveware - possui quatro principais tipos de interação: 
a) Liveware-software: o elemento humano e o suporte lógico, incluindo normas, manuais, 
procedimentos, cartas aeronáuticas, etc.; 
b) Liveware-hardware: o elemento humano e as máquinas, incluindo todos os equipamentos e seus 
aspectos ergonômicos; 
c) Liveware-environment: o elemento humano e o meio ambiente, incluindo fatores internos e 
externos ao local de trabalho; e 
d) Liveware-liveware: o elemento humano e outros seres humanos, incluindo os colegas de equipe. 
 
5 
 
 A análise segundo o modelo SHELL procura verificar se todas essas interações se encaixam no 
elemento central, ou seja, o elemento humano. Qualquer incompatibilidade pode provocar desajustes que 
por sua vez podem levar ao erro. Conforme a situação em que o erro aconteça, suas conseqüências podem 
refletir no desempenho do tripulante ou mesmo provocar um acidente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em 1990 James Reason propôs outra forma de abordar os Fatores Humanos em sistemas complexos 
diversos e o chamado Modelo Reason é também usado na aviação. Nesse modelo, um acidente é causado 
por uma série de múltiplos fatores contribuintes que se alinham através de uma cadeia de eventos. Dentre 
esses fatores encontramos falhas ativas, falhas latentes e ineficiência de barreiras defensivas. 
Falhas ativas são os atos inseguros de efeito direto na operação. As falhas ativas, normalmente são 
cometidas por agentes que atuam diretamente no sistema, tais como pilotos e controladores de tráfego. 
Barreiras são mecanismos de defesa adaptados aos processos, com a finalidade de evitar erros ou 
reduzir suas consequências, caso ocorram. 
Falhas latentes são elementos presentes no sistema que possibilitam que ocorram erros ou 
neutralizam a ação de mecanismos de defesa. As falhas latentes geralmente são frutos de decisões tomadas 
em escalões afastados da área operacional. 
Na representação gráfica do Modelo Reason, as barreiras são superfícies paralelas alinhadas frente ao 
que representaria o acidente que procuram deter a trajetória das falhas ativas em direção ao acidente. Essas 
barreiras possuem “furos” que representam as falhas latentes. O acidente ocorre quando surge uma trajetória 
oportuna que permite que a falha ativa atravesse todas as barreiras, percorrendo o caminho deixado por 
furos alinhados, incorrendo no acidente. Devido ao aspecto de sua representação gráfica, este modelo é 
conhecido também como “Queijo Suíço”. 
 
Fig 1. – Diagrama do Modelo SHELL – Elaborado pelo autor (2014) 
 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A regulamentação internacional padroniza as atividades em aviação no mundo e também atua no que 
se refere aos Fatores Humanos. Este assunto, em especial, é regulamentado por três documentos 
fundamentais: 
O Anexo 6 da Convenção Internacional de Aviação Civil; 
O Manual de Instrução sobre Fatores Humanos (Doc 9683) da ICAO; 
O “Human Factors Guidelines for Air Traffic Management (ATM) Systems” (Doc 9758). 
Em que pese que o programa da ANAC referencie apenas esses três documentos, citamos também o 
Anexo 1 da Convenção Internacional de Aviação Civil, que trata de licença de pessoal. 
 
 
 
CRM é a sigla em inglês de Corporate Resource Management, que significa Gerenciamento de 
Recurso de Equipe é a aplicação de conceitos de gerenciamento moderno, tanto na cabine de pilotagem 
como em outras atividades operativas e administrativas que interferem no voo, visando o uso eficiente e 
eficaz de todos os recursos disponíveis (humanos, equipamentos e informações) que interagem nesta 
situação. 
 
 
O Treinamento em Gerenciamento de Recursos da Cabine (Cockpit Resource Management - CRM) 
foi implementado visando à minimização do erro humano como fator contribuinte para acidentes e 
Fig 2. – Diagrama do Modelo Reason – Elaborado pelo autor (2014). 
 
7 
 
incidentes aeronáuticos, sendo ministrado, a princípio, apenas à tripulação técnica, como parte integrante do 
Treinamento de Operações de Voo. 
Posteriormente, o termo Cockpit (Cabine) evoluiu para Crew (Tripulação), passando o Treinamento 
de Gerenciamento de Recursos da Tripulação (Crew Resource Management - CRM) a buscar uma melhor 
coordenação dos tripulantes envolvidos com a operação da aeronave em prol da otimização da Segurança de 
Voo. 
Atualmente, a letra C da sigla CRM representa a palavra “Corporate” ampliando a participação no 
treinamento para todos os indivíduos componentes da corporação. 
 
 
A própria existência do CRM se relaciona à sua importância para a Segurança de Voo. As 
investigações das causas de acidentes e incidentes aeronáuticos revelaram aspectos que colocam o elemento 
humano como um importante fator contribuinte dessas fatalidades. Tais constatações suscitaram o consenso 
entre as empresas aéreas, indústria aeronáutica e governo quanto à necessidade de incrementar Programas de 
Treinamento em Fatores Humanos. 
 
 
Com o desenvolvimento
das pesquisas e o acúmulo de conhecimento sobre o assunto, o treinamento 
de CRM foi sendo aprimorado e novos conceitos foram sendo inseridos. 
1ª. Geração – Erro como consequência do estilo de gerenciamento do piloto; 
2ª. Geração – Enfoca a tripulação como um todo (técnica e de cabine); 
3ª. Geração – Extensivo a todos os grupos envolvidos na atividade aérea; 
4ª. Geração – O erro passa a ser visto em uma dinâmica de toda organização; 
5ª. Geração – Erros devem ser evitados, detectados e mitigados; 
6ª. Geração – Acrescenta o reconhecimento do risco ou da ameaça. 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
Os conceitos de CRM não podem ser absorvidos num curto espaço de tempo, por melhor que seja a 
qualidade do treinamento em CRM, requerendo um reforço contínuo. Os profissionais envolvidos com a 
atividade aérea que necessitam passar por este treinamento deverão participar de suas três fases: 
1a. Fase (conscientização) - Treinamento dos Conceitos Iniciais; 
2a. Fase - Prática de CRM; 
3a. Fase - Reciclagem em CRM. 
 
Todas estas fases, bem como o número de horas previstas de instrução e qualificação dos 
facilitadores encontram-se descritas detalhadamente no documento normativo básico do treinamento de 
CRM no Brasil, a Instrução de Aviação Civil IAC 060-1002A, publicada pelo Instituto de Aviação Civil em 
2005. 
O CRM se baseia em três pilares: A Comunicação, A Tomada de Decisão e A Formação e 
Manutenção de Equipes. Cada um desses itens possui fatores que os influencia e eles mesmos se inter-
relacionam, de forma que é de vital importância que se conheçam os detalhes inerentes a eles no objetivo de 
se evitar o erro. 
 
 
 
Quando alguma espécie de mensagem contendo significado é transmitida de um indivíduo para outro ou 
para um grupo, dizemos que foi divulgada uma informação. 
A informação difere da comunicação no sentido de que a informação é uma ideia a ser transmitida 
enquanto a comunicação é a troca de informações entre pessoas. Verificamos também os elementos básicos 
da comunicação: Emissor, Mensagem, Código, Canal, Receptor. Alguns autores ainda acrescentam ao 
modelo outros elementos como codificador, o decodificador, ruído etc. 
 
 
 
 
 
 
Emissor Receptor 
Canal 
Mensagem 
Feedback 
Fig 3. – Modelo de Comunicação – Elaborado pelo autor (2014) 
 
9 
 
 
Visão de túnel, limite por hábito, prioridades inapropriadas, autossuficiência e feedback. 
No treinamento de CRM procura-se alertar o pessoal envolvido nas operações aéreas para que identifique o 
quanto antes as situações que podem prejudicar a comunicação e levar ao erro. 
Visão de túnel é a expressão que representa situações durante as quais a atenção do piloto volta-se para um 
único detalhe na operação, enquanto os outros itens relativos à segurança operacional são deixados de lado. 
Ou seja, a visão de túnel pode ser consequência de um estabelecimento de prioridades inapropriadas, que 
privilegia um procedimento em detrimento dos demais. 
Da mesma forma, a repetida execução dos mesmos procedimentos sob as mesmas condições podem gerar 
uma limitação perigosa chamada de limite por hábito. Podemos citar como exemplo dessa situação o 
cancelamento do aviso de estol de uma aeronave executado em treinamentos dessa manobra. O instrutor 
pode se acostumar a cancelar o alarme e, numa situação real de estol não perceber o aviso. Um dos maiores 
acidentes da aviação brasileira ocorreu no pouso de uma aeronave que estava com pane de reverso e não teve 
seu motor totalmente reduzido (entre diversos outros fatores). Analistas dizem que um aviso na cabine 
informava que o motor deveria ser reduzido, mas tal aviso era acionado em todos os pousos e os pilotos já 
não davam atenção a ele. O limite por hábito pode ser combatido com a preparação e o treinamento para as 
mais diversas situações, tal como é feito nos simuladores de voo. 
Power distance, que também é um dos fatores que interferem na boa comunicação, é o grau em que se 
aceita a desigualdade entre indivíduos distanciados hierarquicamente. O power distance quando exagerado, 
pode fazer com que o elemento pertencente a um grau hierárquico inferior se sinta intimidado em dar sua 
opinião ou mesmo alertar o superior quando este comete um erro. Da mesma forma, a power distance pode 
levar o superior a achar que não necessita do subordinado gerando o que se chama de auto-suficiência. 
Se observarmos o modelo gráfico de comunicação, veremos um retorno de informação do receptor inicial 
para o emissor. Esse retorno é chamado de feedback. A relação entre fonte e receptor é também dinâmica e 
depende do fluxo em duas mãos. 
Em relação aos tipos verbal e não verbal de comunicação, podemos dizer que a comunicação verbal oral, ou 
seja a conversa, nos possibilita um feedback imediato, apesar de não ser, geralmente, tão detalhada e precisa 
quanto a comunicação escrita. 
A comunicação também pode ser classificada como formal e informal. Podemos pensar na comunicação 
informal como mais apropriada para a execução de tarefas, geralmente as mais dinâmicas, e a comunicação 
formal para a instrução, normatização, planejamento e procedimentos que necessitem ser registrados. 
 
 
10 
 
 
 
O surgimento de conflitos é comum em todas as equipes, mesmo naquelas mais coesas e integradas. O 
conflito deve ser entendido como divergência de opiniões e pensamentos, o que é inerente a todo e qualquer 
grupo de pessoas que são diferentes. Ele ocorre quando os interesses e objetivos de uma pessoa entram em 
choque com os de outra ou a partir da discordância na organização do trabalho. 
É importante salientar que o conflito não é necessariamente prejudicial ao relacionamento ou a execução 
da tarefa. Conflitos operacionais, se bem gerenciados, normalmente trazem benefícios ao sistema. 
 
 
 
Assertividade é o ato de expor uma opinião de forma que esta seja recebida positivamente. Apesar da 
simplicidade da definição, muitas vezes ser assertivo não é tão simples assim, principalmente quando a 
comunicação envolve altos graus de “power distance”. 
A assertividade deve estar sustentada pelo pleno conhecimento das normas vigentes e pela convicção de 
que o comportamento do outro não está de acordo com a manutenção da segurança. Conforme a intensidade 
do risco apresentado pela atitude indevida do outro profissional, a assertividade pode passar pelos níveis de 
Não Reação, Sugestão, Crítica, Confronto e Ação. 
 
Um bom questionamento em uma equipe pode avaliar o quanto foi compreendido por todos os 
membros a respeito da missão. O questionamento também é uma oportunidade de expor o interesse e a 
atenção pela opinião dos demais colegas. O questionamento deve ser focado na tarefa e orientado por 
perguntas de resposta aberta. 
Independente do tipo de questão, para ser efetiva, a pergunta deve levar em consideração a habilidade, a 
experiência e o treinamento do questionado. Perguntas eficientes, que resultam em uma comunicação efetiva, 
são centradas em uma única ideia. 
A palavra crítica costuma ter uma conotação negativa e a pessoa que a faz deve evitar usá-la de forma 
agressiva. A crítica eficiente considera tanto méritos quanto deméritos de uma performance, ou seja, 
comenta acertos e erros, desempenho individual, relações entre desempenhos das partes e a performance do 
grupo como um todo, através de sugestões práticas que visam um melhor desempenho nas próximas vezes 
 
11 
 
nas quais a mesma tarefa for realizada. É uma boa prática iniciar a crítica pelos méritos, criando um ambiente 
de melhor aceitação por parte do criticado e evitando o bloqueio da comunicação. 
 
 
 
O briefing é a “técnica centrada na abordagem tanto de temas operacionais padronizados como 
interpessoais, no início de cada jornada de trabalho ou tarefa, visando enfatizar procedimentos, antecipar 
contingências e estabelecer comunicações abertas e multilaterais”. 
A palavra “brief” em inglês significa breve, ou seja, uma
das características do briefing é que ele seja uma 
reunião breve, pois se espera que todos os integrantes da equipe já conheçam suas funções. 
O debriefing, tal como o briefing, é uma reunião breve, porém realizada após a missão. O objetivo do 
debriefing é claro: “apreciar méritos e deméritos visando o melhor desempenho futuro”, ou seja, o debriefing 
nada mais é do que uma crítica da missão e uma oportunidade de exercitar o feedback. 
 
 
A tomada de decisão aeronáutica é o processo de tomada de decisão em um ambiente único – a 
aviação. É uma abordagem sistemática ao processo mental usado por pilotos para, de forma consistente, 
determinar a melhor linha de ação em resposta a um dado conjunto de circunstancias. É o que o piloto 
pretende fazer baseado nas mais recentes informações que têm disponíveis. 
 O modelo DECIDE, que adequadamente se nomeia com a palavra em inglês que significa “decida”, 
tem seis passos facilmente identificáveis pelas letras da palavra “DECIDE”. 
Os seis passos do modelo DECIDE, conhecido mundialmente, poderiam ser traduzidos para o 
português como: 
1. Detecte o fato que causou a mudança; 
2. Estime a necessidade de conter ou reagir à mudança; 
3. Escolha um resultado desejado para o voo; 
4. Identifique as ações que poderão controlar a mudança; 
5. Faça o que deve ser feito, e 
6. Avalie o resultado. 
 
Como o processo de tomada de decisão melhora o gerenciamento do ambiente aeronáutico, todos os 
tripulantes devem estar familiarizados e devem empregá-lo adequadamente. 
 
 
12 
 
 
Uma das mais aceitas conceituações de Consciência Situacional, dada por Endsley (1988) é aquela que 
a define como “[...] a percepção de todos os elementos importantes no ambiente, a perfeita compreensão do 
significado destes elementos e a projeção dos seus efeitos num futuro próximo.” 
 A importância da Consciência Situacional se manifesta na sua estreita relação com a ocorrência de 
acidentes. A falta de Consciência Situacional pode ser a causa de tomadas de decisão errôneas em 
consequência de falta de dados relevantes. Como o próprio conceito apresentado demonstra, a Consciência 
Situacional permite projetar os efeitos dos elementos do ambiente em um futuro próximo e isto está 
diretamente ligado à preparação e a previsibilidade de eventos que possibilitam que acidentes sejam evitados. 
 
 
 Da própria definição de consciência situacional, podemos definir seus três níveis, quais sejam: 
Percepção, Compreensão e Projeção. 
 É interessante notar que os níveis de consciência situacional também nos permitem verificar a 
influência exercida sobre ela por diversos fatores inerentes ao próprio tripulante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A consciência situacional do tripulante pode ser afetada por fatores que prejudicam a atenção, a 
concentração, coordenação e a habilidade de se comunicar. Entre esses fatores, encontramos o estresse e a 
fadiga. 
 
 
Fig 4. – Ciclo Circadiano – Adaptado de AMT Fonte: Addendum Human Factors 
 
13 
 
 
Estresse é uma resposta do corpo a demandas físicas e psicológicas a que lhe são impostas. A reação 
do corpo ao estresse inclui a liberação de hormônios (como a adrenalina) na corrente sanguínea e elevação 
do metabolismo para prover mais energia aos músculos. 
 
A evolução do estresse se dá em três fases: alerta, resistência e exaustão. 
Fase de Alerta: ocorre quando o indivíduo entra em contato com o agente estressor. 
Sintomas da fase de alerta: 
Mãos e/ou pés frios, boca seca, dor no estômago, suor, tensão e dor muscular, por exemplo, na região dos 
ombros, aperto na mandíbula/ranger os dentes ou roer unhas/ponta da caneta, diarréia passageira, insônia, 
batimentos cardíacos acelerados, respiração ofegante, aumento súbito e passageiro da pressão sanguínea, 
agitação. 
Fase de Resistência: o corpo tenta voltar ao seu equilíbrio. O organismo pode se adaptar ao problema ou 
eliminá-lo. 
Sintomas da fase de resistência: 
Problemas com a memória, mal-estar generalizado, formigamento nas extremidades (mãos e/ou pés), 
sensação de desgaste físico constante, mudança no apetite, aparecimento de problemas de pele, hipertensão 
arterial, cansaço constante, gastrite prolongada, tontura, sensibilidade emotiva excessiva, obsessão com o 
agente estressor, irritabilidade excessiva, desejo sexual diminuído. 
Fase de Exaustão: nessa fase podem surgem diversos comprometimentos físicos em forma de doença. 
Sintomas da fase de exaustão: 
 Diarréias frequentes, dificuldades sexuais, formigamento nas extremidades, insônia, tiques nervosos, 
hipertensão arterial confirmada, problemas de pele prolongados, mudança extrema de apetite, batimentos 
cardíacos acelerados, tontura frequente, úlcera, impossibilidade de trabalhar, pesadelos, apatia, cansaço 
excessivo, irritabilidade, angústia, hipersensibilidade emotiva, perda do senso de humor. 
Se o estresse se tornar crônico, ou seja, constante no dia a dia, pode causar queda brusca de 
performance do indivíduo. Tripulantes passando por esta fase devem ser afastados do voo. Tripulantes que 
suspeitam estar sofrendo de estresse crônico devem procurar ajuda médica. 
 
14 
 
 
 Todos nós somos acometidos por certo grau de estresse o tempo todo. Uma determinada quantidade 
de estresse é boa, uma vez que mantém a pessoa alerta e previne a complacência. 
 No entanto, os efeitos do estresse são cumulativos e se o tripulante não lidar com ele de forma 
apropriada, pode eventualmente chegar a uma situação intolerável. O desempenho geralmente melhora com 
a presença do estresse, atinge um pico e então começa a decair rapidamente na medida em que o nível de 
estresse excede a habilidade da pessoa em lidar com ele. 
 A capacidade de tomar decisões em voo fica comprometida pelo estresse. Fatores relacionados ao 
estresse podem aumentar o risco de erros na cabine. 
 A chave para o gerenciamento do estresse é parar, pensar e analisar a situação antes de chegar a uma 
conclusão precipitada. Normalmente há tempo para pensar antes de se tirar conclusões desnecessárias. 
 Existem diversas formas de ajudar o gerenciamento do estresse cumulativo e prevenir a sobrecarga 
de estresse. Por exemplo, para reduzir os níveis de estresse, permita-se um momento de repouso a cada dia 
ou mantenha um programa regular de condicionamento físico. Para evitar a sobrecarga de estresse, aprenda a 
gerenciar o tempo de forma a não sofrer pressões impostas pela preocupação com o cumprimento de prazos 
que se aproximam e tarefas a serem realizadas em cima da hora. 
 
 
 Assim como o estresse, a fadiga é uma resposta do corpo a uma demanda excessiva. 
 A fadiga física pode ser causada por falta de sono, exercício físico em excesso ou trabalho exagerado. 
Fatores como estresse ou esforço mental excessivo podem provocar a fadiga mental. 
 O principal causador da fadiga é a falta de sono. Repouso adequado, livre do efeito de drogas ou 
álcool é uma necessidade humana para prevenir a fadiga. 
 O estado físico e mental de uma pessoa varia naturalmente em ciclos no decorrer do dia. Variáveis 
como a pressão arterial, temperatura, frequência cardíaca e atenção sobem e descem segundo um padrão 
diário. Isto é conhecido como ciclo circadiano. A propensão ao trabalho ou ao repouso também varia 
segundo o ciclo circadiano que muitas vezes não se encaixa com os horários de trabalho, principalmente para 
quem faz voos de longa distância que envolva mudança de fuso horário. Até que chegue ao seu extremo, 
uma pessoa pode não perceber que está fatigada. É mais fácil o reconhecimento da fadiga por outra pessoa 
que esteja trabalhando na equipe. Trabalhar sozinho em condições de propensão a fadiga pode ser muito 
perigoso. 
 
 
15 
 
Fig 5. – Sinais de Alerta da AMT Addendum Human Factors Fadiga – Fonte: Adaptado de 
 
Fonte: Adaptado de AMT Addendum Human Factors 
 
A fadiga é frequentemente associada ao erro do tripulante. Alguns efeitos da fadiga incluem perda de
atenção e concentração, dificuldades de coordenação e decréscimo na habilidade de se comunicar. Esses 
fatores influenciam seriamente na tomada de decisão. A fadiga também reduz o estado de alerta e a 
capacidade de focar-se e manter a atenção em uma atividade. 
 Se você passa por uma fase de fadiga aguda, fique no chão! Se a fadiga aparecer durante o voo, toda a 
sua experiência e treinamento não irão compensar as perdas causadas pela fadiga. O repouso adequado é a 
única forma de prevenir a fadiga. Evite voar sem ter tido uma boa noite de sono, depois de horas de trabalho 
excessivo ou após um dia exaustivo e estressante. Tripulantes que suspeitam estar sofrendo de efeitos de 
fadiga crônica devem procurar o médico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Muitas vezes, pela continuidade do serviço prestado pela companhia aérea, é requerido do tripulante 
que seu trabalho seja realizado nos períodos mais baixos do seu ciclo circadiano natural. Isso também 
prejudica o descanso nas horas de folga e pode até reduzir a imunidade. Tudo isso deve ser observado, 
principalmente se a legislação, que prevê os limites de horas de trabalho, for ameaçada. 
Para ajudar a mitigar o problema da fadiga, sugere-se que sejam observados os seus sintomas, em si 
mesmo e nos colegas. Procure ter o seu trabalho observado, não necessariamente em nível de inspetoria, mas 
de atenção. Evite realizar tarefas complexas no período de baixo rendimento de seu ciclo circadiano. 
Descanse e também pratique exercícios diariamente. Em torno de oito a nove horas de sono por dia são 
recomendadas para se evitar a fadiga. 
O melhor remédio contra a fadiga é ter sono adequado e regular. O tripulante deve estar atento à 
quantidade e à qualidade de suas horas de sono. 
 
16 
 
 Sabemos que existem várias medidas para postergar a fadiga, mas os efeitos geralmente são 
passageiros e podem tornar a fadiga mais grave. A cafeína e outras drogas às vezes são usadas, mas com 
efeitos de curto prazo, não eliminando totalmente a fadiga e prejudicando o descanso requerido após o efeito 
da droga. 
 A fadiga aguda pode ser prevenida com uma dieta apropriada e descanso adequado. Uma dieta 
balanceada provê o organismo dos nutrientes necessários e evita que as reservas sejam consumidas. O 
repouso mantém as reservas de energia vital. 
 A fadiga crônica, aquela que se estende por longos períodos de tempo, geralmente tem raízes 
psicológicas, ainda que alguma doença não aparente possa ser a responsável. Níveis altos de estresse por 
períodos contínuos e longos podem gerar fadiga. A fadiga crônica não pode ser tratada somente com dieta e 
repouso, geralmente necessita acompanhamento médico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Carga de trabalho pode simplesmente ser definida como a demanda colocada sobre o operador 
humano. Carga de trabalho também pode ser representada como a demanda colocada sobre os recursos 
mentais de um operador utilizados na atenção, percepção, tomada de decisão e ação. 
 
O efetivo gerenciamento da carga de trabalho assegura que operações essenciais sejam realizadas pelo 
planejamento, priorização e sequenciamento de tarefas de forma a evitar a sobrecarga, que pode advir de 
uma alta carga de trabalho aplicada por longo período de tempo. A baixa carga de trabalho por período 
prolongado também deve ser evitada, pois além de representar um mau aproveitamento de recursos, pode 
causar tédio, monotonia e distração na realização das tarefas. 
Fig 6. – Medidas Preventivas contra a 
Fadiga – 
Fonte: Adaptado de AMT Addendum 
Human Factors 
 
17 
 
Além da distribuição de tarefas entre os diversos componentes da equipe de trabalho, há que se 
considerar que as diferentes fases do voo apresentam exigências também diferentes. Um bom planejamento 
prevê a utilização do tempo nos períodos de menor exigência para se reduzir a carga dos períodos mais 
atribulados. Por exemplo, verificando itens do check-list, preparando o equipamento ou o material a ser 
utilizado, repassando procedimentos e redefinindo a distribuição de tarefas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tivemos a oportunidade de ver que tanto o estresse quanto a fadiga são respostas fisiológicas às 
demandas físicas ou psicológicas impostas ao nosso organismo. Vimos também que a fadiga e o estresse 
crônico podem afetar qualidades importantes para a manutenção da consciência situacional, tais como a 
atenção, a coordenação, a capacidade de comunicação e o raciocínio. A consciência situacional, por sua vez é 
um dos principais fatores que possibilitam a identificação de ameaças e a redução das possibilidades de erro, 
pois influi diretamente na capacidade de tomada de decisão. 
Fica evidente então que o efetivo gerenciamento da carga de trabalho é essencial para a manutenção do 
equilíbrio fisiológico dos tripulantes, mantendo-os alertas e dispostos para a execução de suas tarefas e 
atentos para os sinais que revelam a incidência de erros, provendo um ambiente saudável e propício à correta 
tomada de decisões. 
 
 
O erro humano é uma ação humana com consequências não intencionais. Ou seja, o erro, não é 
necessariamente prejudicial ou problemático, mas em aviação, é um risco que não se pode correr. 
O treinamento, o gerenciamento de risco, inspeções de segurança e outras ferramentas do tipo não se 
restringem a tentar evitar o erro, mas também a evidenciá-lo e identificá-lo antes que produza danos ou 
consequências irreparáveis. Entenda que o erro humano pode não ser totalmente evitável, mas é sempre 
gerenciável. 
Fig 7. – Distribuição da carga de trabalho nas diversas fases do voo. 
Fonte: Adaptado do Manual do Instrutor de Voo da FAA 
 
18 
 
 
Um erro não intencional é o resultado de uma distração ou falta de precisão. Isto pode incluir erro 
em uma ação (deslize), opinião ou julgamento, causado por mau julgamento, descuido ou falta de 
conhecimento (uma falha). 
O erro intencional é aquele cometido ao se deixar de realizar um procedimento previsto 
conscientemente, ou seja, a pessoa decide por fazer aquilo. 
Em aviação, costumamos diferenciar o erro não intencional do intencional chamando o segundo de 
“violação”. 
Em resumo, se uma determinada ação resultou em efeitos não esperados, chamamos esta ação de 
erro. Caso a ação tenha sido realizada espontaneamente, mesmo que o agente tivesse conhecimento dos 
procedimentos previstos, essa ação é chamada de violação. 
 
 
Um grupo é definido como dois ou mais indivíduos, interdependentes e interativos que se reúnem 
visando a atingir um objetivo. Nos grupos formais, aqueles que são definidos pela estrutura da organização, o 
comportamento das pessoas é estimulado e dirigido em função das metas organizacionais. Os seis membros 
da tripulação de um voo comercial são um grupo formal. 
O conceito de equipe de trabalho já envolve um comprometimento que associa os esforços de forma 
coordenada gerando um resultado que representa um nível de desempenho maior que a simples soma das 
contribuições individuais. A este fenômeno damos o nome de sinergia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig 8. – Comparação entre grupos de trabalho e equipes de trabalho. 
Fonte: Adaptado de Robbins (2009). 
 
19 
 
O
ri
en
ta
çã
o
 p
ar
a 
R
el
ac
io
n
am
e
n
to
s 
Orientação para Tarefa Baixa 1 9 Alta 
Alta 
 
9 
 
 
 
 
 
 
 
 
Autocrático 
“Clube de 
Campo” 
Equipe 
Laissez-faire 
Moderado 
O líder é a pessoa cujas ideias e ações influenciam o pensamento e o comportamento dos demais 
integrantes da equipe. Pelo uso do exemplo e da persuasão, também pela compreensão dos objetivos e 
desejos do grupo, o líder se torna um meio de mudança e influência. 
O manual ressalta também que é importante estabelecer a diferença entre liderança, que é adquirida, de 
autoridade, que é imposta. Uma situação ideal ocorre quando as duas, liderança e autoridade, são 
combinadas.
A liderança envolve trabalho de equipe e a qualidade de um líder depende do seu sucesso no 
relacionamento com a equipe. Habilidades de liderança devem ser desenvolvidas por todos por meio de 
treinamento apropriado. 
 
 
O modelo da liderança situacional preconiza que o líder eficiente é aquele capaz de adaptar seu estilo de 
liderança à situação e às necessidades dos liderados. De acordo com este modelo são duas as dimensões do 
comportamento do líder: uma refere-se à quantidade de orientação que a equipe necessita para a realização 
de determinada tarefa e a outra diz respeito à quantidade de apoio sócio-emocional que deve ser oferecida. 
Dessa forma, podemos explicar os principais estilos de liderança, quais sejam, a orientação para a tarefa, a 
orientação para o relacionamento e a orientação para a tarefa e o relacionamento. 
O líder deve ser capaz de avaliar as necessidades da equipe em termos de capacidade técnica, motivação e 
confiança para realizar a tarefa, a fim de adotar o estilo de liderança mais adequado à situação. 
Grid Gerencial é um diagrama que demonstra a ênfase em cada um dos dois estilos de liderança. 
 
Liderança 1.1 – Mínimo esforço. 
Procura não chamar a atenção e assim evitar 
controvérsias. 
Liderança 1.9 – Aceitação e Reconhecimento. 
Cria atmosfera de cordialidade e amizade. 
Liderança 5.5 – Popularidade e Sociabilidade. 
Manutenção de um bom relacionamento. 
Liderança 9.1 – Autoridade e Obediência. 
Supervisão constante, exigência de si e dos outros. 
Liderança 9.9 – Necessidades de produção e das 
pessoas. 
Expressa reconhecimento às pessoas e as 
contribuições às tarefas. 
Fig 9. – Grid Gerencial. Fonte: Adaptado do Robbins (2003-2007) 
 
20 
 
No grid consideramos cinco perfis característicos de liderança que podem ser observados em um líder. 
Apesar de poder ser caracterizado em um dos perfis, o líder pode e deve flexibilizar o seu estilo de acordo 
com fatores externos, tais como, ambiente, tarefa, características dos seguidores etc. 
 
 
O papel da liderança é essencial para a integração da equipe e pode propiciar um desempenho mais eficaz 
do grupo. O líder deve ter compreensão do comportamento da equipe, bem como das suas emoções, a fim 
de poder gerenciar tais situações. 
Líder é aquele cujas ideias e ações influenciam o pensamento e comportamento das pessoas e que 
mediante a persuasão é capaz de compreender os objetivos e desejos do grupo e se tornar um meio da 
mudança através da influência. 
 
 
Motivação refere-se aos fatores que provocam, canalizam e sustentam o comportamento de um 
indivíduo. 
Dentre as teorias que tratam de motivação, a teoria das expectativas, diz que para que um indivíduo 
esteja motivado, ele precisa dar valor a uma recompensa, acreditar que um esforço adicional o levará a um 
desempenho melhor e que esse melhor desempenho lhe proporcionará a dita recompensa. 
A recompensa pode ser de duas naturezas: a recompensa experimentada diretamente pelo indivíduo ao 
executar uma tarefa, como o sentimento de realização, o de autoestima e a satisfação por desenvolver novas 
habilidades, ou pode ser a recompensa dada por um agente externo, como uma bonificação, elogios ou 
promoções. 
Quando a motivação é gerada por um agente externo, dizemos que é uma incentivação. Na verdade, é 
difícil dizer que um empregador ou um líder pode, de fato, motivar um colaborador, visto que a motivação é 
interna. A incentivação sim é possível, uma vez que ela se refere aos meios de se fomentar a motivação. 
 
O termo cooperação significa “operar em conjunto” e está alinhado com o conceito de sinergia que 
preconiza para um grupo de trabalho, um resultado melhor do que a simples soma dos resultados individuais 
de seus componentes. A sinergia ocorre a partir da conscientização de que o indivíduo faz parte de um 
organismo mais significativo do que cada um de seus componentes. 
 
21 
 
 
O comprometimento organizacional é definido como o grau de identificação que o trabalhador tem com 
a empresa e seus objetivos e o desejo de manter-se como parte dela. 
O alto comprometimento com a tarefa está relacionado com um melhor desempenho do indivíduo na 
equipe e consequentemente com melhores resultados da equipe como um todo. 
 
 
A resignação é associada à pergunta “De que adianta?”. O tripulante não se vê como alguém habilitado a 
fazer diferença em uma determinada situação. Se as coisas vão bem, considera que seja por sorte. Se as coisas 
vão mal, imagina que alguém vai interferir para resolver o problema (não ele mesmo), ou que o azar tomou a 
vez. Querendo ou não, o tripulante vai deixar as ações para outros. Às vezes essas pessoas até concordam 
com solicitações irracionais apenas para se fazerem de “bons moços”. 
A resignação vai totalmente contra a assertividade e é prejudicial ao trabalho de equipe, uma vez que ela 
oculta as capacidades de um de seus membros. 
Podem ser motivo de resignação a inexperiência na função, o desconhecimento técnico, a pressão do 
tempo, a sobrecarga de trabalho, a cultura corporativa ou o receio de repreensão. 
 
 
A delegação é “o processo de transferir autoridade e responsabilidade para posições inferiores na 
hierarquia”. Alguns detalhes importantes a serem seguidos para que esta delegação obtenha sucesso: delegar 
à pessoa certa (principalmente no tocante às habilidades, conhecimento e motivação), delegar 
responsabilidade e a respectiva autoridade, proporcionar a informação adequada, avaliar e recompensar. 
 
A definição de automação em aeronaves é bastante simples, devendo-se apenas tomar o cuidado de 
não confundi-la com o automatismo. 
A automação pode ser definida como a execução de uma tarefa por uma máquina e o automatismo 
como a execução de uma tarefa por um ser humano que a treinou ou já executou anteriormente em um 
número suficiente de vezes que lhe permite realizá-la sem a interferência do raciocínio. 
 
22 
 
A automação pode ter níveis de atuação que vão desde a automação completa ou total até a 
automação de baixos níveis de controle nas quais é oferecido apenas um auxílio à operação humana sem 
dispensar a sua presença e supervisão. 
A automação pode ser usada na realização de tarefas que o ser humano não pode realizar, que sejam 
por demais arriscadas à sua integridade física ou que sejam por ele realizadas de forma precária ou com 
limitações. Particularmente, a automação é usada em tarefas repetitivas e enfadonhas. 
Podemos perceber que a automação pode proporcionar vantagens e desvantagens à operação de voo 
e que o tripulante deve estar atento ao gerenciamento desses recursos de forma a não ser pego por uma 
armadilha formada pela facilitação de seu trabalho associada à perda de controle da situação. A gestão da 
automação não se restringe apenas à cabine da aeronave, mas deve estar presente desde a fase de 
planejamento da aquisição de equipamentos mais complexos e deve incluir treinamento adequado aos 
operadores de sistemas automatizados. Dessa forma, pode-se ter um melhor aproveitamento das vantagens 
dessa tecnologia e se evitar os riscos inerentes do seu uso. 
Talvez o melhor exemplo de automação para a pilotagem seja o piloto automático. Em um voo de 
rota, no qual a mesma atitude é mantida por horas, sem a necessidade de uma intervenção, caso não haja 
uma anormalidade, o piloto automático pode substituir o piloto com precisão e poupá-lo do tédio e estresse. 
Atualmente os pilotos automáticos realizam muito mais que apenas manter uma atitude de voo reto e 
nivelado e sua utilização, junto com outros sistemas como os de navegação, acabam tornando a atuação do 
piloto cada vez menos frequente em um voo de longa duração. 
As companhias aéreas devem estar atentas ao treinamento desses pilotos de forma que a automação 
não venha a interferir negativamente no caso da necessidade de intervenção do piloto caso ele esteja sem o 
treinamento suficiente. 
Apesar de se pensar inicialmente
na automação da pilotagem, a automação também pode estar 
presente nas atividades do (a) comissário (a). Um exemplo disso é a realização do speech de segurança feita 
por sistemas de vídeo gravado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Manual do Curso de Comissário de Voo do Instituto de Aviação Civil (2005) MMA 58-11 
Manual do Facilitador em CRM da ANAC 
FAA Order 9550.8 Human Factors Policy 
 
23 
 
Anexo 6 da Convenção sobre Aviação Civil Internacional 
MMA 63-15/2015 
James Reason em 1990. Nesse modelo, tal com descrito por Silveira (2011), 
Manual de Instrução sobre Fatores Humanos (Doc 9683) 
“Human Factors Guidelines for Air Traffic Management (ATM) Systems” (Doc 9758) 
Instrução de Aviação Civil IAC 060-1002ª 
Aero Magazine Ed.218 (7/2012) http://aeromagazine.uol.com.br/artigo/evite-a-visao-de-tunel_615.html 
FAA Aviation Instructor’s Handbook, 1999 
Aviation Maintenance Technician Handbook 
Comportamento Organizacional, Stephen P. Robbins, Pearson, 2006 
Pilot's Handbook of Aeronautical Knowledge 
http://www.faa.gov/regulations_policies/handbooks_manuals/aviation/pilot_handbook/ 
Capitulo 14 Human Factors, Capitulo 17, Decision Making, Cap 16 Aeromedical Medicine 
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/253_estresse.html 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Caros alunos, 
 
 
Chegamos ao final de nossa disciplina. Pudemos ver os inúmeros fatores que podem interferir no 
desempenho profissional dos aeronautas e os conhecimentos para tentar amenizar possíveis erros e falhas a 
fim de evitar o erro, que pode culminar em acidente. 
Vimos que o treinamento do gerenciamento de recursos de corporação, o CRM, é um eficiente 
instrumento para implementar o aperfeiçoamento dos profissionais da avição civil em fatores humanos e 
tivemos a oportunidade de estudar detalhes inerentes aos pilares que sustentam esse treinamento. 
 
O estudo com seriedade dos Fatores Humanos em aviação é um dos motivos que mantém o setor 
da aviação civil um dos mais avançados e em constante evolução de forma a possibilitar voos cada vez mais 
seguros. 
 
Sucesso!! 
 Prof. Hélio Luis Camões de Abreu 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.aeromagazine.com.br/
http://aeromagazine.uol.com.br/revista/218
http://aeromagazine.uol.com.br/artigo/evite-a-visao-de-tunel_615.html
http://www.faa.gov/regulations_policies/handbooks_manuals/aviation/pilot_handbook/
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/253_estresse.html
ASPECTOS FISIOLÓGICOS NA ATIVIDADE DE COMISSÁRIO DE VOO.pdf
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: www.posugf.com.br 
 
 
MÓDULO I 
 
ASPECTOS FISIOLÓGICOS DA ATIVIDADE DE COMISSÁRIO DE VOO 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Caros alunos, 
 
 O organismo humano sofre a influência do meio em que habita, onde quer que esteja localizado. 
 Assim também, quem exerce atividade aérea, irá sofrer a influência deste meio. 
 Em nossa disciplina iremos conhecer os efeitos deste meio sobre os profissionais que nele atuam e 
sobre aqueles que se utilizam deste maravilhoso meio de transporte. Saber que os pioneiros descobriram 
estes efeitos na prática e em pesquisas, um longo e produtivo trabalho que hoje possibilita voos confortáveis, 
de forma que a maioria das pessoas desconhece inteiramente tais efeitos. 
 Vamos lá! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.1 MEDICINA DA AVIAÇÃO 
 
1. Considerando-se os três elementos de voo: a Máquina, o Meio Ambiente e o Homem, coube à 
Engenharia Aeronáutica criar e aperfeiçoar a potência e a capacidade das aeronaves, e à MEDICINA 
AEROESPACIAL cuidar do homem, seja no voo primário de aeroclubes, seja selecionando e controlando 
as tripulações dos aviões militares e comerciais, além dos astronautas e seus voos cósmicos. 
2. A medicina aeroespacial, também chamada de medicina de aviação, estuda o organismo do 
homem que voa, suas reações ante os fatores estressantes da atividade aérea, procurando estabelecer os 
limites da sua resistência e os meios de proteção, visando evitar eventuais danos orgânicos ou psíquicos 
decorrentes dessa atividade. 
3. As primeiras observações de medicina aeroespacial ocorreram antes que o homem voasse. 
Após experiências com animais levados ao espaço em balões, iniciadas no fim do século XVIII, 
ascenderam em balão três cientistas franceses: Civil, Crocé Spanelli e Tissandier. Só voltou com vida 
Tissandier, porque estava com a mão amarrada e presa à corda da válvula que comandava a decida do balão 
e, ao perder os sentidos e cair, tracionou-se abrindo a válvula. 
4. Foi Paul Bert, fisiologista Francês, quem após alguns anos, mostrou que o que mata nas 
alturas é a falta de oxigenação, vital para o organismo humano. 
5. Depois houve a constatação de que a deficiência de oxigênio - HIPÓXIA - era causada por 
falta de oxigenação (pressão) nas grandes altitudes, fenômeno este que explica a perda dos sentidos de 
Tissandier. 
6. Mais tarde, surgiram então as cabines pressurizadas das aeronaves, o que veio permitir o voo nas 
grandes altitudes. 
7. Modernamente, com o surgimento dos jatos, grandes distâncias são vencidas em tempos cada 
vez mais reduzidos, levando a processos de deslocamento rápido, com o aparecimento de suas inevitáveis 
consequências no organismo humano. 
Assim, instruir os tripulantes sobre a medicina aeroespacial tem várias finalidades: fazê-los 
conhecedores dos agentes agressivos sobre o organismo em sua atividade profissional, dos recursos capazes 
de neutralizá-los, da proteção proporcionada por uma série de dispositivos e n o r m a s de ação. O 
desconhecimento destas informações gerará a intranquilidade, apreensão durante o trabalho aéreo, 
temores e ansiedade, na maioria das vezes desnecessária, resultando em comprometimento do desempenho 
individual e a segurança do voo. Estas instruções irão complementar a cultura profissional dos tripulantes 
que são verdadeiros representantes da empresa junto a milhares de clientes que voam em seus aviões e 
que terão respostas seguras às perguntas que eventualmente sejam feitas sobre ocorrências ligadas a fisiologia 
do voo. 
 
 
 
 
Definição de Células 
 
As células são as unidades estruturais e funcionais dos organismos vivos. A célula 
representa a menor porção de matéria viva dotada da capacidade de autoduplicação independente. 
Durante o desenvolvimento embrionário, grupos de células se diferenciam, através da ativação ou 
desativação de determinados genes, formando tecidos c/ diferentes funções. Ou seja, tecido corresponde 
a um grupo de células especializadas. Já os órgãos são formados por grupos de tecidos. E os sistemas são 
grupos de órgãos, desempenhando diferentes funções, como por exemplo: sistema imunológico, sistema 
digestivo, sistema respiratório, etc. 
 
SAÚDE: Segundo a OMS é: Um estado de completo bem estar físico, mental e social e, não apenas 
a ausência de doença. 
 
1. Epidemia: aumento repentino do nº de casos de uma doença em determinada região. 
2. Endemia: doença que se manifesta só em determinada região. Ex.: malária. 
3. Pandemia: caso de doenças que alcançam vários países. 
 
Formas de Transmissão de Doenças Infectocontagiosas 
 
1- Contato direto: sarna 
2- Contato indireto: conjuntivite 
3- Ar: gripe, meningite e tuberculose 
4- Secreções corporais: hepatite e AIDS 
 
Principais Doenças 
 
Doença de chagas 
Malária 
Raiva ou hidrofobia 
Esquistossomose 
Cólera 
Febre amarela 
Tétano 
Tuberculose 
Meningite 
Hepatite 
Leptospirose 
AIDS 
 
 
 
 
1.2 DESCRIÇÃO SUMÁRIA DO CRÂNIO E DERIVAÇÕES 
 
A cabeça divide-se em crânio e face, onde estão localizados órgãos importantes, vitais à sobrevivência 
humana. Assim, no crânio encontra-se um dos componentes essenciais do sistema nervoso central - O 
cérebro. 
Dos componentes em conjunto: 
 
Encéfalo: Cérebro – cerebelo – bulbo raquídeo; 
Sangue circulante: 75 ml (aproximadamente); 
Líquido cefálico: 75 ml (aproximadamente); 
Peso: aproximado (médio)
1400gr. 
Sistemas integrados: Sistema nervoso central 
 Sistema nervoso periférico 
Nervos raquianos: 31 pares 
Nervos cranianos: 12 pares 
Pares cranianos principais: Olfativo – Ótico – Auditivo. 
 
Cavidades e Zonas do Crânio 
 
Conclusão: Na medicina aeroespacial observar as cavidades e suas perturbações nas alturas. 
 
 
 
Fonte: corpohumanoesuasfuncoes.blogspot.com
 
 
 
 
No crânio deve ser citado e destacado os seios, que são cavidades cheias de ar e tem contato com 
outras cavidades através de orifícios (canais). Na face, os seios maxilares comunicam-se com as fossas nasais. 
No crânio, os seios esfenoidal e frontal. 
 
1.3 DESCRIÇÃO SUMÁRIA DO APARELHO AUDITIVO 
 
Ouvido Externo: Compreende o pavilhão auricular (orelha) o conduto auditivo externo limitado por 
uma membrana vibratória denominada tímpano. 
 
Ouvido Médio: Uma cavidade separada do ouvido externo pelo tímpano e que se comunica com o 
exterior através de um canal: a Trompa de Eustáquio, cuja extremidade profunda localiza-se na laringe, 
logo abaixo das lojas amigdalianas. No interior do ouvido médio existe ar atmosférico, que vai até a Trompa 
de Eustáquio, qualquer obstrução desta trompa, causará alterações na pressão do ar acumulado no ouvido 
médio, resultado representado pelas otobaropatias. 
 
Ouvido Interno: Abrangendo os canais semicirculares (responsáveis pelo equilíbrio) e o caracol 
onde se aloja o aparelho sensorial da audição. 
 
 
Fonte: www.if.ufrj.br 
 
 
 
http://www.if.uf/
 
 
 
1.4 DESCRIÇÃO SUMÁRIA DO ARCABOUÇO COSTELAR 
 
As costelas que se articulam para trás com a coluna dorsal, reúnem-se na frente com o único osso 
esterno, denominado tórax (conjunto) onde se alojam o coração e os pulmões, os grandes vasos (aorta, veia 
pulmonar e artéria, veias cavas e grandes linfáticos) e os brônquios. 
Nas artérias e veias está o sangue circulante. Em média no adulto, num total de 5 litros. Atentar para 
os componentes e sua fisiologia. 
Limitando a cavidade torácica em seu extremo inferior, há um músculo denominado diafragma que 
separa o tórax do abdômen. É um dos componentes mais importantes da mecânica respiratória. 
 
Apresentação da Cavidade Torácica 
 
Porção Do Arco Costelar 
 
 
Fonte: www.youtube.com 
 
 
1.5 DESCRIÇÃO SUMÁRIA DOS ÓRGÃOS INTERNOS 
 
Atentar para a linha de corte dos quadrantes abdominais. 
 
ÓRGÃOS INTERNOS 
 
Aparelho Digestivo: Estômago, intestino, fígado, pâncreas e a vesícula biliar; 
Aparelho Urinário: Baixo ventre; 
Aparelho Genital: Mulher: Tuba uterina, útero e vagina; 
Homem: Próstata, vesículas seminais, canais deferentes e testículos; 
Película de Revestimento Intestinal: Peritônio. 
 
 
 
 
Apresentação dos Órgãos Internos Principais 
 
 
Fonte: www.docelimao.com.br 
 
Aparelho Excretor 
 
Fonte: easypediatrics.blogspot.com 
 
 
 
 
Os rins são duas glândulas de cor vermelha escura, colocadas simetricamente nos lados da coluna 
vertebral, na região lombar. Medem 10 cm de largura e pesam cerca de 150 g cada um. O peritônio, 
membrana serosa que cobre a superfície interior do abdômen, prende-os fortemente contra a parede 
abdominal. A extremidade superior de cada rim é coberta por uma glândula endócrina, a glândula 
suprarrenal. O sangue que vai se depurar passa pela artéria renal até os rins e sai pela veia renal, debaixo do 
envoltório granuloso formado pelos glóbulos glomérulos de Malpighi. Tais glomérulos são constituídos por 
capilares sanguíneos, arteríolas, e envoltos na cápsula de Bowman, que é uma bolsa que continua com o tubo 
urífero. Cada rim contém dois milhões destes tubos, agrupados em feixes piramidais, são os que contém a 
urina, a qual passa à pélvis renal e daí aos ureteres, que são os condutos excretores do rim que comunica a 
pélvis com a bexiga. A bexiga tem um comprimento aproximado de 30 cm e um diâmetro de 5 mm. Nela se 
deposita a urina até o momento de sua expulsão ao exterior. 
 
Obs: Quando citamos em conjunto o aparelho excretor e reprodutor chamamos de 
Aparelho Genito-urinário. 
 
1.6 OLHO HUMANO 
 
O globo ocular, com cerca de 25 milímetros de diâmetro, é o responsável pela captação da luz 
refletida pelos objetos à nossa volta. Essa luz atinge em primeiro lugar nossa córnea, que é um tecido 
transparente que cobre nossa íris como o vidro de um relógio. Em seu caminho, a luz agora passa através do 
humor aquoso, penetrando no globo ocular pela pupila, atingindo imediatamente o cristalino que funciona 
como uma lente de focalização, convergindo então os raios luminosos para um ponto focal sobre a retina. 
Na retina, mais de cem milhões de células fotossensíveis transformam a luz em impulsos eletroquímicos, que 
são enviados ao cérebro pelo nervo óptico. No cérebro, mais precisamente no córtex visual ocorre o 
processamento das imagens recebidas pelos olhos, completando então nossa sensação visual. 
O olho humano é um órgão da visão, no qual uma imagem óptica do mundo externo é produzida e 
transformada em impulsos nervosos e conduzida ao cérebro. 
Ele é formado pelo globo ocular e seus diversos componentes. Basicamente se restringe a uma lente 
positiva (convergente) de alto poder refrativo e é formado pela córnea, com +44,00 diop. e o cristalino 
com +14,00 diop. num total de +58,00 diop.. Seu comprimento, no sentido anteroposterior, é de 24 
mm. Entenda-se que estes dados são básicos e naturalmente variações existem. 
 
 
 
 
Os raios luminosos, paralelos, vindos do infinito, penetram no olho pela pupila, convergem-se (com 
o poder dióptrico positivo) encontrando-se na retina, mais precisamente na fóvea central, que é circundada 
pela mácula, proporcionando assim visão nítida, o que ocorre com os olhos de visão normal, conhecida 
como "emétropes". 
 
Fonte: lookfordiagnosis.com 
 
1.7 DEFINIÇÃO DO PROCESSO RESPIRATÓRIO HUMANO 
 
No pulmão ocorrem as trocas gasosas através do sangue (processo chamado Hematose). O 
oxigênio passa do alvéolo ao sangue e é transportado pela hemoglobina até os tecidos que se transformam 
em oxiemoglobina, até os tecidos. Entretanto apenas a pequena parte de gás carbônico é transportada pela 
hemoglobina (cerca de 20%) na forma de carboemoglobina. 
 
Processo de liberação de CO2: 
 
Ao penetrar na hemácia (glóbulos vermelhos) o gás carbônico reage com a água, produzindo ácido 
carbônico, em presença de uma enzima: Anidrase Carbônica. O ácido carbônico dissocia então íons H+ e 
íons bicarbonato. O íon bicarbonato sai da hemácia e é transportado pelo plasma até o pulmão, onde ocorre 
o processo inverso, formando-se gás carbônico que sai pelos alvéolos. 
 
 
 
Pulmões 
 
 
Fonte: aprovaja.blogspot.com 
 
1.8 CORAÇÃO 
 
Da aorta saem as coronárias, que alimentam o coração. As coronárias são responsáveis pela 
alimentação do miocárdio que não pode ficar sem oxigênio. Quando ocorre a falta, este necrosa 
(morre). 
As batidas são controladas por grupo de 
células especiais que se encarregam de energia 
eletricamente positiva, perdendo carga e se 
polarizando. Quando descarregam estas, nas 
fibras do miocárdio, este se contrai, causando a 
sístole. 
O período de polarização é o tempo 
de relaxamento dos átrios e ventrículos. 
Ocorre então a diástole. 
 Fonte: www.not1.com.br 
 
 
 
 
1.9 DESCRIÇÃO DAS PARTES INTERNAS DO CORAÇÃO 
 
 
Fonte: www.netxplica.com/Verifica/9.circulacao.htm 
 
Sangue circulante: arterial (oxigenado), venoso (gás carbônico). 
 
Circulação 
 
Sangue Venoso - chega pelas veias cavas superior e inferior até o átrio direito, passando para o 
ventrículo inferior através de uma válvula. Este sangue é bombeado através de uma segunda contração, para 
os pulmões pela artéria pulmonar. 
 
Sangue Arterial - o sangue que chega dos pulmões através da diástole realizada pelo átrio esquerdo 
é enviado a este através das veias pulmonares, passando para o ventrículo esquerdo
(sangue oxigenado) onde 
é realizada a sístole ventricular, onde o sangue é dirigido às várias partes do corpo através da artéria aorta e 
suas descendentes. 
 
 
 
 
 
 
1.10 ESTUDO SUMÁRIO DO OSSO (PARTE DE FORMAÇÃO) 
 
Apresentação 
 
DADOS COMPLEMENTARES PROFUNDOS 
BIOLOGIA APLICADA 
APRESENTAÇÃO DO PROCESSO ÓSSEO 
ZONAS ÓSSEAS DE REFERÊNCIA LOCAL 
 
 
Fonte: www.sogab.com.br 
Existe uma constante mudança na estrutura dos ossos por meio de células de crescimento e células 
mortas. 
Cavidade Medular: Medula óssea (tecido hematopoiético); 
Periósteo: Película de revestimento ósseo. 
Epífise: Extremidade do osso 
Diáfise: Corpo do osso 
 
 
 15 
1.11 O ESQUELETO HUMANO 
 
Função: Sustentação, Proteção dos Órgãos Internos, Locomoção, Produção de Sangue, Reserva 
De Íons (Cálcio). 
 
 
Fonte: conhecimentoscefar.blogspot.com 
 
1.12 INFLUÊNCIA DO VOO SOBRE O ORGANISMO 
 
Considerações Iniciais 
 
Em todas as fases da história da atividade aérea, ficou provado que na medida em que o ser humano 
se afasta da superfície terrestre, vão surgindo condições progressivamente mais adversas à sobrevivência. 
Para melhor compreensão dessas adversidades, vamos efetuar um rápido estudo sobre as características 
físicas do meio ambiente de trabalho aéreo. 
 
 
 
 
 
 
 15 
Características Físicas do Meio Ambiente de Trabalho 
 
Atmosfera (ATM): 
 
A terra está cercada de uma cobertura de vapor d’água e de uma mistura de gases, isto é, a 
atmosfera. A atmosfera tem mais de 100 milhas de profundidade, e é na verdade tão parte de nosso 
mundo quanto a terra e a água que permanecem na superfície da terra por força da gravidade. 
Em sua composição entram: 
 
- Nitrogênio 78% 
- Oxigênio 21% 
- Dióxido de carbono e gases raros (Argônio, Hélio, Hidrogênio, Xenônio, Vapor D’água, 
etc.) 1% 
 
Pressão atmosférica: 
 
A atmosfera exerce uma pressão pelo peso de seus gases sobre a superfície terrestre. A essa pressão 
dá-se o nome de pressão atmosférica, que ao nível do mar e sob condições padrão de umidade e temperatura 
é representada por uma coluna de 760 mmHg (mercúrio/cm de diâmetro), portanto a pressão atmosférica a 
nível do mar é de 760 mmHg. 
 
O aparelho que mede a pressão atmosférica é chamado BARÔMETRO. 
 
As oscilações do valor da pressão atmosférica: 
 
À medida que se ganha altura há uma progressiva queda da pressão atmosférica, devido a uma 
progressiva redução de peso exercido pela atmosfera sobre a superfície da terra. Como a pressão parcial de 
cada um dos gases atmosféricos é consequência da pressão atmosfera, à medida que subimos, a pressão 
parcial de cada um dos gases se reduz. 
Desses gases destaca-se o oxigênio, indispensável à sobrevivência do homem. 
 
 
 
 
Respiração e circulação do organismo humano. 
 
A respiração é a troca de oxigênio e gás carbônico entre o organismo e o ar ambiente. 
 
Hematose: é a ocorrência da troca de gases ocorrida no interior dos alvéolos pulmonares O2 
para CO2 e vice-versa. 
O oxigênio é usado pelo corpo e seus processos metabólicos. O produto final desse processo é o 
dióxido de carbono, que completa o ciclo respiratório. 
Nos seres mamíferos a respiração se divide em duas partes: 
1. Interna: que envolve as trocas gasosas entre os tecidos e os vasos capilares. 
2. Externa: corresponde aos fenômenos ocorridos ao nível dos pulmões e que permite troca 
de gases entre o sangue e o ar atmosférico, através dos alvéolos pulmonares. O alvéolo é parte do pulmão. É 
no s e u interior que o oxigênio toma contato com o sangue, atravessando a sua finíssima parede de 
espessura equivalente a 1/50.000 de polegada pelo fenômeno físico da difusão, passando à corrente 
sanguínea. O diâmetro de um alvéolo é de 1/25 de polegada e a superfície total dos alvéolos 
pulmonares corresponde a 700 até 800 pés quadrados, equivalente a 40 até 50 vezes a superfície da pele. 
 
Esquemática da Anatomia Pulmonar 
 
Dióxido de Carbono: resultante da queima de oxigênio pela célula. Desequilíbrio: HIPÓXIA – 
POUCO OXIGÊNIO 
 
HIPOCAPNIA – POUCO GÁS CARBÔNICO 
 
1.13 MECANISMOS DA RESPIRAÇÃO 
 
A capacidade torácica é formada pelas costelas, músculos intercostais pelo osso esterno e, 
inferiormente, separando-a da cavidade abdominal, pelo músculo diafragma. O diâmetro da cavidade torácica 
é variado pela ação dos elementos citados acima. A média normal de respiração é de 12 a 30 por minuto 
sentado (repouso). 
É expirada idêntica quantidade de gás, absorção 500m
3 de ar. 
O oxigênio existente no ar atmosférico é necessário na combustão de qualquer combustível 
incluindo gasolina e alimentos. Na realidade o corpo usa oxigênio do mesmo modo que a combustão 
interna de um motor. Ele se combina com um composto de carbono para produzir energia de movimento. 
 
 
 
 
Dióxido de carbono é expelido como gás inútil. 
O corpo obtém seu oxigênio através dos pulmões. Os pulmões funcionam como uma bomba 
cilíndrica. A ação é substituída pelos músculos do tórax que levantam as costelas e contraem o diafragma sob 
os pulmões. 
A inspiração afasta as paredes do tórax e o diafragma dos pulmões e cria uma pressão negativa ou 
sucção. A pressão da atmosfera força o ar através da traqueia para inflar os pulmões. 
O oxigênio é extraído do ar que sai por milhões de pequenas bolsas especiais chamadas 
ALVÉOLOS. Estas pequenas bolsas, formadas por membranas frágeis, são entrelaçadas por uma série 
de vasinhos de sangue. A área total desses vasinhos vai de 700 a 800 pés quadrados. 
São nessas bolsas de ar que o oxigênio entra na corrente sanguínea e são por elas que sai o dióxido 
de carbono. As suas paredes e as paredes dos vasos são tão finas que qualquer diferença de pressão em 
qualquer um dos lados forçará o gás a transpassá-la. O sangue está continuamente se movendo pelos 
pulmões e a troca de oxigênio e dióxido de carbono leva apenas de 1 a 2 segundos. 
Os vasos sanguíneos dos pulmões fazem parte do sistema circulatório, os quais consistem de artéria e 
veias responsáveis pela captação e distribuição de oxigênio pulmonar. O oxigênio que entra no sangue é 
continuamente carregado numa frota de transportadores eficientes, as hemácias (glóbulos vermelhos). 
As hemácias capacitam o sangue a transportar 100 vezes mais oxigênio do que poderia ser dissolvido 
em água. 
Portanto, observamos que os pulmões servirão como depósito de suprimento para a refinaria de 
oxigênio e como descarregador de dióxido de carbono. O sangue é bombeado, como todos sabem, 
pelo coração. 
O oxigênio é transportado para os tecidos do corpo de onde sai para trabalhar em um laboratório 
químico o qual queima alimentos para produzir energia para que o corpo possa trabalhar. 
 
(LEI DE DALTON) 
 
Quando atingimos grandes altitudes, a pressão do ar está muito baixa para fazer com que o oxigênio 
penetre na corrente sanguínea. O aeronauta então irá sofrer ANÓXIA, palavra grega que significa sem 
oxigênio, caso sua cabine não esteja pressurizada ou não disponha de máscara de pressão. Usa-se então 
frequentemente o termo HIPÓXIA (baixa oxigenação) em substituição a anóxia, parecendo-nos que aquele 
termo exprime melhor a realidade clínica, que é a de carência de oxigênio e não a ausência total daquele gás. 
Essa condição pode causar uma série de problemas ao nosso organismo, dependendo naturalmente do grau 
de carência. A insuficiência de oxigenação do sangue é um mal que começa quando a saturação de oxigênio 
do sangue arterial cai abaixo de 95% de saturação. 
Pode-se medir a pressão atmosférica com um tubo de mercúrio vedando-se e inserindo-se 
 
 
 
 
verticalmente em um recipiente. Isto segue o mesmo princípio do barômetro. Ao nível do mar sob condições 
normais, o peso da atmosfera empurra a coluna de mercúrio para a altura de 760 mm Hg. A 18000 pés o 
mercúrio sobe apenas cerca de 380 mm Hg, ou seja, a metade. 
A 33000 pés, a pressão é de 190 mm, ou seja, ¼ da pressão
ao nível do mar. O barômetro do avião é 
o ALTÍMETRO. O altímetro é o instrumento que registra a pressão da atmosfera em termos de pés acima 
do nível do mar. 
O oxigênio percorre o curso dos pulmões para a corrente sanguínea porque está sob pressão maior 
no ar do que o sangue e, um gás sempre percorre o curso de uma região de pressão mais alta para uma de 
pressão mais baixa. 
O ar atmosférico contém apenas 21% de oxigênio, ou seja, apenas 21% dos 760 mm Hg da pressão 
atmosférica total é dada pelo oxigênio. 
Ao nível do mar a pressão do oxigênio corresponde a 160 mm Hg (21% dos 760mm Hg). Este 
fenômeno é chamado de PRESSÃO PARCIAL. As pressões parciais do nitrogênio e dos outros gases 
inertes do ar não são importantes contanto que sejam aspirados na mesma quantidade em que são 
exalados. 
Visto que a pressão do oxigênio é insuficiente para suprir as necessidades sanguíneas do corpo 
ao nível do solo, sua pressão diminui na mesma proporção da pressão atmosférica quando seu corpo 
sobe para altitudes mais elevadas. 
 
Para o oxigênio ultrapassar a delgada parede dos saquinhos alveolares e penetrar no 
sangue, há necessidade de uma pressão de oxigênio dentro dos alvéolos de pelo menos 100 mm Hg. 
 
A 18000 pés de altitude, a pressão parcial do oxigênio é de 80 mm Hg comparado aos 160 mm Hg 
ao nível do mar. Essa pressão portanto, é insuficiente para vencer a pressão intra-alveolar que é de 100 mm 
Hg. Para conseguir aumentar a pressão do O
2
, é necessário aumentar a proporção de oxigênio de 21% para 
42%, isto é, dobrar a pressão. A sua pressão parcial estará de volta com 160 mm Hg. 
Acima de 24000 pés, a oxigenação do sangue cai abaixo do normal, mesmo com um suprimento de 
100% de oxigênio nos pulmões. O ponto crítico é alcançado aos 40000 pés onde a pressão do oxigênio é 
apenas suficiente para manter a oxigenação do sangue dentro dos limites de segurança, apesar do suprimento 
de oxigênio a 100%. O período no qual você permanece consciente acima desta altitude é questão de 
minutos. 
Nesta altitude, somente o uso de máscara sob pressão ou pressurização de cabine é compatível com 
a vida. 
 
 
 
Limitações Fisiológicas da Respiração 
 
A – ZONA DE VIDA NORMAL 
 
Esta zona vai até 6000 pés, é conhecida como zona de vida normal ou zona de vida de transição onde 
o organismo não sofre alterações. 
 
B – ZONA DE REAÇÕES COMPENSADAS 
 
Esta zona situa-se entre 6000 a 12000 pés. Nessa zona entram em funcionamento mecanismos 
fisiológicos naturais do organismo, adaptando as necessidades respiratórias determinadas pela diminuição da 
pressão parcial do oxigênio. Assim entram em movimentos respiratórios mais profundos ou mais frequentes, 
aumenta a frequência do pulso e o rendimento cardiorrespiratório. O baço e a medula óssea lançam no 
sangue maior número de glóbulos vermelhos (hemácia). Tudo ainda, dentro de limites perfeitamente normais 
e toleráveis para o organismo sadio. Isso explica a série de exames na inspeção de saúde inicial e nas 
inspeções periódicas, visando avaliar o estado funcional dos aparelhos respiratório e cardiorrespiratório, se 
há obstáculos nas vias superiores, se há anemia, etc. 
 
C – ZONA DE REAÇÕES DESCOMPENSADAS 
 
Situa-se entre 12000 a 24000 pés. Nessa zona todos os mecanismos fisiológicos que haviam sido 
solicitados entram em ação e, apesar de darem o máximo, não conseguem manter um nível normal ou 
natural para os fenômenos vitais, apresentando o organismo distúrbios nas várias funções, agora com 
características anormais, que precedem a queda crítica das funções vitais. Nessa zona é, na maioria das vezes, 
necessário o uso de máscara de oxigênio. 
 
D – ZONA DE MORTE NAS ALTURAS 
 
Acima de 24000 pés. Somente sendo possível a sobrevivência mediante o uso de respiradores 
artificiais ou, como nas aeronaves, por pressurização ambiental. 
Na fase de reações compensadas há a compensação pelo aumento do volume respiratório, da 
frequência cardíaca, do número de glóbulos vermelhos circulantes. 
A hipóxia toma conta do organismo mais rapidamente, quando há anemia (pois faltam glóbulos 
vermelhos que são veículos transportadores de oxigênio). Quando há fluxo lento de sangue (quando há 
dor, medo, ferimentos ou baixa da pressão arterial). Quando há dificuldade no aproveitamento do 
oxigênio pelas células dos tecidos, embora o sangue carregue-se até elas (impregnação por álcool, sulfas ou 
 
 
 
outras drogas que bloqueiam o suprimento de oxigênio). 
Nos aviões comerciais, onde os tripulantes exercem suas atividades profissionais, há uma 
pressurização no interior das cabines e eles trabalham a uma altura correspondente de 6000 a 7000 pés 
(enquanto fora da aeronave a altitude alcança 45000 a 50000 pés). A pressurização, portanto, é 
suficiente para impedir o surgimento de hipóxia, exceto quando ocorrem falhas na pressurização. 
Assim, a hipóxia é uma ocorrência atualmente rara, pois só ocorrerá em graus extremos, nas grandes 
emergências por ruptura de uma janela ou porta da aeronave, ou por pane dos compressores. 
Entretanto, quando ela se instala devido a despressurizarão súbita da cabine em grandes altitudes, 
seus efeitos sobre o organismo humano são lentos e progressivos, iniciando-se com quadro de dor de 
cabeça e redução de seus reflexos. Você não pensa claramente, nem vê os mostradores do painel com 
nitidez. Instala-se uma incoordenação de seus movimentos. Progressivamente seu estado piora, com os 
lábios e dedos tornando-se azulados, batimentos cardíacos acelerados, surgindo certo estado de euforia, 
como se tivesse tomado alguns drinques. 
A próxima fase é de confusão mental, sonolência e provavelmente morte, caso não seja corrigido 
esse defeito de oxigenação. Quanto maior a altitude em que estiver a aeronave, sem que a pressurização seja 
corrigida, mais rápida será a morte por hipóxia. 
 
Influência das Variações da Pressão Atmosférica Durante o Voo, Sobre o Organismo Humano 
(LEI DE HENRY) 
 
1.14 AEROEMBOLISMO 
 
O aeroembolismo é um tipo de disbarismo, também conhecido como doença da despressurização. É 
a condição produzida pela súbita baixa de pressão atmosférica que ocorre em grandes altitudes (acima de 
30000’). 
Seus efeitos no organismo se caracterizam pelos sintomas gerados pela liberação de bolhas, gases no 
corpo humano, que normalmente encontram-se em dissolução nos líquidos orgânicos (oxigênio, nitrogênio, 
gás carbônico, vapor d’água). 
Os sintomas produzidos pela súbita baixa de pressão atmosférica são incômodos e limitam a duração 
do voo, principalmente em grandes altitudes, onde podem incapacitar o homem rapidamente. A 
pressurização das cabines veio resolver satisfatoriamente esse problema que, juntamente com a hipóxia, são 
os fatores que mais impedem e tornam difícil a sobrevivência do homem nas grandes altitudes. 
A melhor forma de entendermos o mecanismo da liberação de bolhas gasosas ao nível de tecidos é 
observarmos o que ocorre em uma garrafa de refrigerante: quando a mesma está fechada existe em seu 
interior uma determinada pressão que mantém os gases em dissolução no líquido. Ao retirarmos a tampa, há 
um desequilíbrio momentâneo de pressão: a pressão do líquido passa a ser maior e com isso são liberadas 
 
 
 
inúmeras bolhas de ar. Fechando-se novamente a garrafa, os gases liberados irão progressivamente igualando 
as duas pressões e as bolhas de gás vão diminuindo até parar de sair do líquido. O mesmo acontece com o 
sangue. Quando a pressão atmosférica baixa subitamente a determinados níveis, os gases em solução nos 
líquidos orgânicos são liberados e vão se localizar em locais, os mais variados, provocando sintomas 
relativamente graves. O nitrogênio é o gás que tem maior volume em solução, em centímetro cúbico (c.c) 
numa média de 1,0 a 1,5 litros dissolvidos nos líquidos orgânicos, em condições normais. Por isso, quando 
subimos rapidamente a altitude superior
a 30000’, em aviões não pressurizados, o nitrogênio é o gás que 
tende a se libertar dos líquidos orgânicos. 
Em menor proporção, há também a liberação de bolhas de oxigênio e vapor d’água, 
produzindo os sintomas englobados com o nome de aeroembolismo. São diversos os sintomas causados 
pela liberação súbita de bolhas gasosas e entre eles se destacam o de BENDS. 
 
Bends (dores articulares) 
 
Na medicina aeroespacial os bends são chamados aeroembolias, e são definidos como a incapacidade 
aguda resultante da liberação de bolhas gasosas na corrente circulatória, causada pela redução brusca da 
pressão atmosférica. Manifesta-se clinicamente por dor e desconforto nas juntas e nos músculos. A dor que 
você sentirá já é por si suficiente para que não possa fazer mais nada, nem se mover livremente. A isto 
acrescente a coceira e então, terá bastante o que fazer sem se preocupar com o avião. 
Esses sintomas podem se manifestar acima de 30000’ de altitude, em avião não pressurizado e/ou 
nas despressurizações súbitas. 
 
O aeroembolismo é uma ocorrência que na aviação comercial é rara e só é encontrada em 
emergências causadas por ruptura de uma janela ou porta da cabine pressurizada da aeronave e/ou 
falha nos compressores, acima de 30000’. 
 
(LEI DE BOYLE-MARIOTTE) 
 
Efeitos das Variações de Pressão Atmosférica sobre os Ouvidos 
 
Anatomicamente o ouvido é dividido em ouvido externo, médio e interno. 
 
Ouvido externo – começa no pavilhão auricular e termina na membrana do tímpano, achando-se 
intermediariamente o canal auditivo. 
Ouvido médio – está localizado dentro do osso temporal e separado do ouvido externo pelo 
tímpano. É um pequeno espaço aéreo onde se encontram três ossinhos que são: o martelo, a bigorna 
 
 
 
e o estribo. O ouvido médio mantém contato com o exterior da trompa de Eustáquio que desemboca na 
parte posterior do conduto nasal. 
Ouvido interno – tem dupla função de receber vibrações do tímpano, enviada pelo ouvido médio, 
para convertê-la em percepções auditivas, sendo além disso, a parte do ouvido encarregada do equilíbrio do 
corpo. O ouvido interno se compõe de: cóclea, vestíbulo e canais semicirculares. 
A TROMPA DE EUSTÁQUIO é um tubo que permite a comunicação da atmosfera com o 
ouvido médio. É um tubo fino, cujo orifício externo se localiza na porção posterior do canal nasal. 
Normalmente permanece fechado, embora o ar possa transitar de dentro para fora e vice-versa. Apesar 
disso, até que a pressão interna e externa do ouvido médio seja equalizada, o indivíduo experimenta uma 
sensação de desconforto durante a ascensão e a descida. 
Em virtude da pressão barométrica diminuir quando nos elevamos ao nível do mar, há uma 
dilatação do ar contido no ouvido médio que procura escapar intermitentemente através da trompa de 
Eustáquio. 
Quando a pressão externa diminui aproximadamente 15 mm Hg (mercúrio), uma bolha de ar é 
forçada para o exterior, adquirindo a membrana do tímpano a sua forma primitiva, pois se encontrava 
distendida para fora em função da maior pressão no interior do ouvido médio. Quando a bolha de ar 
atinge o exterior, ouvimos um “clik” e as pressões são igualadas para a altitude em que nos encontramos. 
Durante a descida, a correção do ar não se faz automaticamente e a equalização da mesma é dificultada, 
devido ao fato do orifício faringeano da trompa agir como uma válvula oscilante, facilitando a saída do ar 
para o exterior, dificultando também a entrada do mesmo para o ouvido médio. A sensação de plenitude 
auditiva vai progredindo até o ponto em que a dor surge. 
A ventilação do ouvido médio deve ser ajudada por uma série de manobras, durante a 
descida, para que a equalização se faça sem maiores problemas. Assim, devemos deglutir, abrir a boca, 
procurando esticar o pescoço ou forçar o ar através das narinas, mantendo-as pinçadas com os dedos e a 
boca fechada. 
Esses procedimentos devem ser executados a cada intervalo de 1000 pés na descida. 
 
Causas Comuns Patológicas que Tornam Difícil cada Equalização dos Ouvidos 
 
Todas as causas que provocam irritação nasal e da faringe, tais como: resfriados, amigdalites, irritação 
de garganta e infecção de ouvido, principalmente o médio, dificultam e até tornam impossível a ventilação 
do ouvido médio, (devido à obstrução das trompas de Eustáquio). 
Embora rotineiramente não se observe a regra de não voar quando se está resfriado, a não ser em 
casos extremos, essa é talvez a mais comum das causas de entupimento das trompas e de aerotites em 
aeronautas, pela possibilidade de transporte de germes para o ouvido médio durante a equalização das 
pressões nas descidas. Predispõe as membranas do tímpano a infecção por irritação crônica das 
 
 
 
membranas. 
Se o desconforto auditivo persiste por mais de 24 horas, o tripulante deve consultar sem demora 
um especialista. 
 
Para finalizar, devemos alertar as tripulações para o fato de que, durante o mecanismo do 
sono, o reflexo da deglutição não opera. Por essa razão, é conveniente chamar a atenção dos 
comissários para acordar os passageiros durante a descida, a fim de permitir-lhes ventilar o ouvido 
das maneiras sugeridas anteriormente. 
 
Variações da Pressão Atmosférica nos Seios Maxilares 
 
Localizados nas regiões superiores e frontais do crânio, encontramos cavidades ventiladas, 
conhecidas como seios de sinus (cavidade), palavra latina, e que mantém contato com o exterior através de 
orifícios, permitindo assim, a perfeita passagem do ar tanto nas ascensões como nas descidas. Essas 
cavidades são forradas internamente por uma mucosa chamada mucosa dos seios. 
Em qualquer estado patológico que implique na congestão das mucosas ou no entupimento dos 
orifícios dos seios, como nos casos dos resfriados, sinusites, estados alérgicos, aumento das secreções nasais 
etc. surge imediatamente a dor, pela impossibilidade da pressão interna e externa se igualarem. Se o seio 
frontal é atingido, a dor está sobre os olhos, idêntica a uma cefaleia frontal. Se ao contrário, o seio atingido é 
o maxilar, teremos dor abaixo dos olhos, muitas vezes simulando dor de dente. 
A Aerosinusite Maxilar às vezes se assemelha à aerodontalgia, que será vista adiante. O estado 
patológico dos seios frontais e maxilares produzidos pelo entupimento dos orifícios de aeração é chamado de 
Aerosinusite. A dor causada pela aerosinusite, embora pareça com uma sinusite comum, pode adquirir 
caráter muito mais severo e grave, principalmente nas bruscas alterações de pressão provocadas por ascensão 
ou descidas rápidas. 
A equalização das pressões nos seios pode ser tentada pela deglutição, pelo ato de abrir a boca ou 
soprar com a boca fechada e nariz obstruído. Se os sintomas persistem, deve ser feita uma pesquisa mais 
profunda, de outras causas que provoquem a congestão e o entupimento dos orifícios dos seios. 
 
 
 
Dentes 
 
Os dentes também podem produzir fenômenos dolorosos durante a permanência em grandes 
altitudes sem, entretanto, apresentarem gravidade maior. 
As altitudes onde ocorrem aerodontalgias variam de 1500 a 15000 pés. A dor pode se tornar mais 
severa ou não, com o aumento da altitude. A descida normalmente alivia os sintomas e a altitude em que a 
dor cede corresponde àquela em que a mesma começou. 
As causas mais comuns da aerodontalgia são: cáries mal obturadas, reações da polpa vital exposta, 
reação à degeneração pulpar com formação de abscessos na raiz do dente. O melhor remédio para estes 
casos é a prevenção, através de uma boa higiene bucal e visitas periódicas ao dentista. 
 
Gases no Aparelho Digestivo 
 
Podem provocar distensões abdominais e cólicas, que cessam rapidamente com a expulsão dos gases. 
Não merecem maiores estudos, pois não causam complicações mais sérias aos tripulantes. Convém enfatizar, 
contudo que uma alimentação sadia evita a formação excessiva de gases no aparelho digestivo. 
 
Devem

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando