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AULA DE REVISÃO 06 CAPÍTULO 07 AS ESTRUTURAS DE MERCADO Este capítulo visa apresentar as características de cada uma dessas estruturas, buscando esclarecer como as empresas agem para determinar preços e maximizar lucros. Como a produção é um fluxo, a análise do mercado depende do período de tempo considerado. Os economistas normalmente classificam o tempo em função da possibilidade, ou não, de os produtores ajustarem os fatores de produção às condições do mercado. Assim, geralmente o tempo é subdividido em período de mercado, curto prazo e longo prazo. • Período de mercado ou curtíssimo prazo: o período de tempo em que todos os fatores de produção são fixos. Mudanças no mercado somente induzem variação de preço, pois a quantidade ofertada é fixa, isto é, a oferta é perfeitamente inelástica a preço por causa da impossibilidade de ajuste dos fatores de produção às condições da demanda. • Curto prazo: período de tempo em que pelo menos um fator de produção é fixo. Mudanças no mercado podem induzir variação da quantidade ofertada e do preço, mas a oferta é pouco elástica a preço, em virtude da existência do fator de produção fixo. • Longo prazo: período em que nenhum fator de produção é fixo. Mudanças no mercado podem induzir variação da quantidade ofertada e do preço; a oferta é elástica em razão da inexistência de fator de produção fixo. A distinção entre as três subdivisões não leva em conta o tempo do calendário, mas o período necessário para a conclusão dos ajustamentos motivados por deter- minado acontecimento. Significa que o resultado depende também das caracterís- ticas da atividade econômica desenvolvida. Para um feirante, por exemplo, o período de mercado pode corresponder às quatro horas de duração da feira: seja qual for o preço vigente naquele dia, ele só tem determinada quantidade de produção para ofertar (oferta fixa). Naturalmente, se ele puder repor o estoque durante as horas de duração da feira, não caracteriza período de mercado ou curtíssimo prazo. Para o produtor de laranjas que acabou de colher a produção, o período de mercado dura o tempo exigido pela natureza para que os frutos voltem a nascer, crescer e amadurecer. Se o produtor de laranja já tiver um pomar formado, o curto prazo para ele é de pelo menos quatro anos, tempo necessário para que novo plantio possa aumentar a capacidade de produção. Para o feirante, o curto prazo pode durar uma semana, se ele dispuser de recursos para se ajustar às mudanças na demanda nesse tempo. O longo prazo é o tempo suficiente para que o agente econômico possa, inclusive, mudar de atividade, se tiver expectativas de maior lucratividade em outro tipo de negócio. O fazendeiro produtor de laranja pode, por exemplo, aumentar o tamanho de seu pomar ou cortá-lo todo e passar a plantar cana-de-açúcar para produzir etanol ou açúcar, arrendar suas terras à usina de cana, ou ainda vender a fazenda e operar em outro ramo de atividade, como feirante, por exemplo. O feirante pode desistir do comércio e buscar um trabalho com carteira assinada. Pode também se tornar um produtor rural, abrir uma casa de comércio ou se dedicar a qualquer outra atividade que julgue mais rentável. CONCORRÊNCIA PERFEITA Para haver concorrência perfeita, também chamada competição perfeita, é fundamental que o mercado atenda às seguintes condições básicas: • Produto homogêneo: todas as empresas do mercado oferecem mercadorias idênticas, logo a procedência do produto é indiferente para o consumidor. • Mercado atomizado: existência de uma infinidade de produtores e consumidores, logo nenhum deles isoladamente influencia o mercado. • Informação perfeita: consumidores e produtores devem ter perfeito conhecimento sobre o mercado. A lógica geral dessas condições é que, havendo milhares de produtores com pleno conhecimento do mercado, oferecendo mercadorias idênticas, cada um de- les tem participação ínfima no total produzido, de forma que as decisões de umprodutor aumentar ou reduzir a quantidade ofertada, por exemplo, têm impacto insignificante sobre a produção e o preço do mercado. Para os consumidores, a lógica é idêntica: nenhum deles é capaz de afetar o preço ou a produção do mercado, dado que sua demanda corresponde a uma parcela irrisória da produção total da mercadoria. Assim, o produtor não tem motivo para atender a sua solicitação de desconto, pois, se não quiser pagar o preço de mercado, há uma infinidade de outros consumidores dispostos a pagar. A informação perfeita é uma condição necessária para que todos os participantes do mercado tenham pleno conhecimento de tudo o que diz respeito ao mercado do produto em questão, tais como custos, preços, locais de venda, estoques e outros relevantes para sua decisão de compra ou venda. Para que o mercado em concorrência perfeita se ajuste no longo prazo, há ainda uma condição adicional: livre mobilidade dos agentes econômicos. Significa que não podem existir restrições à movimentação dos agentes, isto é, todos podem entrar ou sair livremente da atividade, respondendo simplesmente aos estímulos do mercado. Se qualquer empresa em concorrência perfeita cobrar valor superior ao do preço de equilíbrio do mercado, como há muitos produtores de idêntico produto, mesmo que o aumento de preço seja pequeno, o consumidor busca outro fornecedor, e a empresa não consegue vender sua produção. Por outro lado, não há qualquer vantagem em reduzir o preço para vencer a concorrência, porque a empresa consegue vender tudo o que produz ao preço vigente no mercado. MONOPÓLIO O termo monopólio provém do grego: monos (um) e polens (vender), ou seja, um vendedor. O que caracteriza o monopólio é a existência de apenas uma em- presa vendedora de determinado bem ou serviço que não tem bom substituto nomercado. A prestação de serviços de água, esgoto e energia elétrica são exemplos bem conhecidos e existem na maior parte dos municípios brasileiros. Menos conhecidos, embora também importantes, são os monopólios de medicamentos, equipamentos, máquinas, sementes, entre outros. Quando surge um produto novo qualquer, a empresa que o criou naturalmente é monopolista e pode obter lucros extraordinários, cobrando preços acima do custo médio de produção. Sabemos que os lucros atraem concorrentes, logo é de se esperar que, com o passar do tempo, o monopólio desapareça. No entanto, a realidade mostra vários casos de persistência do monopólio ao longo do tempo. O estudante pode se perguntar: Por que não desaparecem? O que garante a continuidade do monopólio ao longo do tempo é a existência de barreiras à entrada de novas firmas no mercado. Essas barreiras podem ser colocadas pelo governo, pelo monopolista ou pelo próprio mercado. MONOPÓLIOS NATURAIS O mercado restringe a entrada de concorrentes no caso de monopólio natural, situação em que, devido à existência de economias de escala, apenas uma firma é mais eficiente que qualquer outra forma de organização do mercado: sozinha, uma empresa consegue cobrar preço menor do que se tivesse de dividir o mercado com uma ou mais empresas. A distribuição de energia elétrica é um exemplo de monopólio natural. Quanto maior for o número de consumidores de determinada localidade, menor será o custo total médio do quilowatt-hora, se houver apenas uma empresa no mercado. Significa que o próprio mercado se encarrega de barrar a entrada de potenciais concorrentes, porque potenciais concorrentes sabem que não teriam condições de cobrar preço tão baixo quanto a empresa monopolista já instalada. Em resumo, as dimensões do mercado inviabilizam a coexistênciade mais de uma empresa lucrativa. O mesmo raciocínio vale para os serviços de água e esgoto, telefone, gás encanado, portos, entre outros. Em princípio, esses serviços não precisariam de intervenção do governo para barrar a entrada de concorrentes pela condiçãode monopólio natural. No entanto, como são atividades essenciais que geram externalidades positivas para a sociedade, geralmente o governo concede licença a uma única empresa para atender à população de determinado local. OLIGOPÓLIO Como a palavra monopólio, oligopólio também tem origem grega: oligo (poucos) e polens (vender). Oligopólio é o mercado que se caracteriza pela existência depoucos vendedores de determinado bem ou serviço. Se o estudante analisar os bens que utiliza regularmente, concluirá que boa parte deles provém de oligopólios. É o caso, por exemplo, de aparelhos celulares, medicamentos, tênis, refrigerantes, computadores, automóveis, relógios, elevadores, enlatados, embutidos etc. Também nos serviços os oligopólios são muito relevantes, destacando-se as com- panhias de aviação, as provedoras de internet e telefonia móvel, as universidades, as empresas de cartões de crédito, as seguradoras, os bancos e uma infinidade de outros. Em todos esses casos há poucas empresas, e cada uma delas tem participação expressiva no mercado. CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA Concorrência monopolística, como o nome indica, é um misto de concorrência perfeita e monopólio. É concorrência porque existem muitos vendedores e livre entrada de novos vendedores nesse mercado. É monopólio porque cada vendedor oferece um produto diferente dos oferecidos por outras empresas, logo, pode formar preço levando em conta a demanda pelo produto específico que oferece. Indicar casos reais pode facilitar a compreensão. Os salões de cabeleireiro podem ser tomados como exemplo. Existe uma infinidade deles numa grande cidade. No entanto, quem não conhece um cliente fiel que, mesmo que mude de bairro ou até de cidade, retorna periodicamente àquele local para cuidar de seus cabelos? Esse tipo de preferência dos clientes é que dá o poder de monopólio à empresa, embora existam muitas outras semelhantes. Padarias, restaurantes, lojas, butiques e merceariassão outros exemplos de empresas de serviços em concorrência monopolística. Revistas, livros, sabonetes, utensílios de cozinha, móveis e uma variedade de outros bens também cabem nessa categoria, em virtude da preferência do consumidor por determinado fornecedor, quando existem muitos outros. Para permanecer no mercado gerando lucros com tantos concorrentes, as em- presas em competição monopolística precisam conquistar novos consumidores, bem como a fidelidade dos antigos. Para isso, é necessário empenho em melhorias de qualidade dos produtos, zelo pelo bom nome da empresa e dispêndio de muitos recursos em publicidade. Ficamos por aqui. Este é um recorte do Capítulo 07 do Livro: Microeconomia Essencial. Completar o estudo com a leitura completa do capítulo. Grande abraço Prof. Pedro Loula
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