Buscar

Processo legislativo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 58 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 58 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 58 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DESCRIÇÃO
As espécies normativas e o processo constitucional de elaboração das normas primárias.
PROPÓSITO
Compreender o processo legislativo é essencial para ter-se o devido entendimento do
funcionamento da função típica do Poder Legislativo e os mecanismos de controle exercidos
pelos poderes por meio do sistema de freios e contrapesos.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar seu estudo, tenha à mão a Constituição Federal de 1988.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Listar os tipos de limitações impostas ao Poder Constituinte Reformador
MÓDULO 2
Identificar as principais características e diferenças das espécies de leis
MÓDULO 3
Classificar o processo legislativo especial
INTRODUÇÃO
O ordenamento jurídico brasileiro é formado por normas que regulam direitos e deveres dos
brasileiros e estrangeiros que transitam em território brasileiro. Por isso, neste conteúdo,
entenderemos quais são as espécies normativas estabelecidas pela Constituição Federal que
podem criar direitos e deveres. Veremos também como funciona o processo legislativo de cada
uma dessas normas, abordando suas principais características e diferenças. Por fim,
identificaremos algumas limitações que a Constituição Federal estabelece para a edição de
determinadas normas primárias.
MÓDULO 1
 Listar os tipos de limitações impostas ao Poder Constituinte Reformador
EMENDAS CONSTITUCIONAIS
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
A elaboração das Constituições decorre da manifestação do Poder Constituinte. Esse poder
aparece por diversos motivos, como o surgimento de um novo Estado ou por conta de uma
revolução, uma transição constitucional ou uma derrota de guerra. A partir desses
acontecimentos, é dado a uma pessoa ou transferido a um grupo o poder para elaborar novas
normas constitucionais.
O indivíduo ou os indivíduos escolhidos para elaborar a nova constituição são definidos como
os titulares do Poder Constituinte Originário. Esse poder, sob a visão positivista, possui
algumas características que guiam o trabalho dos titulares na elaboração da Carta Magna,
entre elas, ser:
INICIAL
Uma vez que não existe nenhum outro antes ou acima dele.
AUTÔNOMO
Uma vez que cabe apenas ao titular a escolha do conteúdo da Constituição.
INCONDICIONADO
Já que não é submetido a regras preestabelecidas de forma ou conteúdo.
 ATENÇÃO
Embora tenha essas características, a doutrina destaca três limites materiais para o trabalho do
Poder Constituinte Originário, sendo eles: a) limites transcendentes que se relacionam aos
valores éticos e de direito natural; b) limites imanentes que se relacionam à soberania ou forma
de Estado; c) limites heterônomos que se referem às obrigações decorrentes de normas de
direito internacional.
Após o trabalho do Poder Constituinte Originário (Default tooltip) , com a criação da
Constituição, nasce outro poder: 
o Poder Constituinte Derivado (Default tooltip) , que é dividido em:
DECORRENTE
Responsável pela auto-organização dos Estados-membros por meio das Constituições
Estaduais.
REVISOR
Responsável pela revisão do texto constitucional.
REFORMADOR
Responsável pelas eventuais alterações no texto constitucional de acordo com as regras
determinadas pelo PCO.
Ocorre que o PCD deve obedecer às regras predefinidas pelo PCO na elaboração das
constituições estaduais, revisão e reforma do Texto Constitucional. Por conta disso, o PCO
estabeleceu, no art. 60 da Constituição Federal, limites para o exercício do PCD. Nele,
encontra-se o Poder Constituinte Derivado Reformador, cujo trabalho é materializado por
meio das emendas à Constituição.
javascript:void(0)
javascript:void(0)
javascript:void(0)
 
Foto: Shutterstock.com
Fruto do Poder Constituinte Derivado Reformador, as emendas constitucionais possuem a
capacidade de alterar, acrescentar ou modificar o trabalho do Poder Constituinte Originário
estabelecido na Carta Magna. Por intermédio da aprovação da “PEC” (projeto de emenda
constitucional), a matéria é introduzida após o preenchimento dos requisitos constitucionais e
incorporado ao texto originário tendo força normativa de status constitucional.
Contudo, esse poder é condicionado por dois tipos de limitações: limitações expressas
(formais, materiais e circunstanciais) e implícitas.
Vamos aprofundar em cada uma delas a seguir:
LIMITAÇÕES FORMAIS, PROCESSUAIS OU
PROCEDIMENTAIS
O primeiro tipo de limitação posta pelo PCO para os trabalhos do PCD é a formal, processual
ou procedimental. Essa limitação se refere aos órgãos competentes (Default tooltip) e aos
procedimentos (Default tooltip) que devem ser observados na alteração do Texto
Constitucional.
 
Imagem: Shutterstock.com / adaptado por Pedro Tamburro.
Essa competência está prevista no art. 60, I, II e III da CF/1988, ao estabelecer a iniciativa
privativa e concorrente. Desse modo, não se admite que qualquer outra pessoa ou órgão
diverso dos previstos nesse artigo proponham emenda à Constituição, sob implicação de vício
formal subjetivo no projeto de emenda à Constituição.
De acordo com a Constituição Federal de 1988, são órgãos e pessoas competentes para
propor emenda à Constituição:
 
Imagem: Shutterstock.com
Um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal (art. 60,
I da CF/1988).
 
Imagem: Shutterstock.com / adaptado por Pedro Tamburro.
Presidente da República (art. 60, II da CF/1988).
 
Imagem: Shutterstock.com
Mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se,
cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros (art. 60, III da CF/1988).
 ATENÇÃO
Parte da doutrina defende ser possível a iniciativa popular para propositura de emendas.
Defende-se que o mesmo procedimento previsto para iniciativa popular de leis deve ser
aplicado para as emendas constitucionais. Contudo, esse posicionamento não é admitido pelo
STF, que entende como possível a iniciativa popular apenas para PEC à Constituição Estadual
(STF. Plenário. ADI 825/AP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 25/10/2018).
Em contrapartida, a limitação formal objetiva está relacionada ao processo de discussão,
votação, aprovação e promulgação das propostas de emendas à Constituição. Esse processo
está previsto no art. 60, §§ 2º e 3º da Constituição Federal. Importante destacar que o
procedimento de alteração das normas constitucionais da CF/1988 é rígido, logo, mais
dificultoso de ser aprovado do que o processo legislativo ordinário.
De acordo com a Constituição Federal de 1988, a proposta de emenda à Constituição deverá
respeitar o seguinte processo:
A proposta será discutida e votada em cada casa do Congresso Nacional, em dois turnos,
considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos
membros (art. 60, § 2º da CF/1988).

A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal, com o respectivo número de ordem (art. 60, § 3º da CF/1988).
 
Foto: Vanessa Volk / Shutterstock.com
A primeira parte do processo se refere ao quórum de aprovação da emenda. Para que a
emenda seja aprovada, é necessário que a PEC (proposta de emenda constitucional) seja
discutida e votada na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, em dois turnos, sendo
necessário o voto de três quintos dos respectivos membros de cada casa.

 
Foto: Shutterstock.com
Subsequentemente, a segunda parte do processo se refere à promulgação. Após o trâmite
processual e a aprovação em cada casa, a emenda será promulgada pelas Mesas da Câmara
dos Deputados e do Senado Federal com o respectivo número de ordem. Importante
destacar que não há sanção ou veto presidencial, cabendo ao presidente, se assim quiser,
apenas a competência para propor emenda constitucional.
 ATENÇÃO
De acordo com o art. 60, § 5º da CF/1988, se a proposta de emenda à Constituição for
rejeitada ou prejudicada, ela não poderá ser objeto de nova apresentação na mesma sessão
legislativa (princípio da irrepetibilidade). A sessão legislativa ordinária compreendeo período
de 2 de fevereiro a 17 de julho e 1º de agosto a 22 de dezembro (art. 57 da CF/1988). Portanto,
a proposta rejeitada ou prejudicada só poderá ser reapresentada no ano seguinte a partir do
dia 2 de fevereiro.
LIMITAÇÕES MATERIAIS OU
SUBSTANCIAIS
O segundo tipo de limitação estabelecida pelo PCO para os trabalhos do PCD é a limitação
material ou substancial. Essa limitação se refere às vedações materiais denominadas de
cláusulas pétreas. A doutrina explica que a proteção dessas matérias ocorre com base em
duas teorias:
TEORIA DO PRÉ-COMPROMETIMENTO
Essa teoria sustenta que a proteção qualificada de algumas matérias objetiva a proteção do
processo democrático e resguarda seus objetivos a longo prazo. Portanto, as constituições
democráticas são consideradas como mecanismos de autovinculação da soberania nacional
que evitam desejos que possam enfraquecê-la.
TEORIA DA DEMOCRACIA DUALISTA
Sob outra perspectiva, a teoria da democracia dualista sustenta que as decisões adotadas
pelo povo, em decorrência de uma forte mobilização, devem ser protegidas da vontade de seus
representantes, manifestada em situações em que a cidadania não se apresenta. Nisso,
distingue-se a política ordinária, realizada por deliberações dos órgãos de representação
popular, da política extraordinária, realizada pelas manifestações da cidadania que podem
impor limites ao exercício a seus representantes.
Essas duas teorias correspondem ao objetivo da proteção conferida às cláusulas pétreas. Elas
são limitações materiais impostas pelo PCO ao Poder Reformador para restringir a alteração
de conteúdos expressos (art. 60, § 4º), implícitos, institutos e valores imprescindíveis à
preservação da Constituição e do processo democrático, defendidas pela teoria do pré-
comprometimento e da democracia dualista.
javascript:void(0)
javascript:void(0)
 
Imagem: Shutterstock.com
As cláusulas pétreas expressas estão contidas no art. 60, § 4º da Constituição Federal de
1988, sendo elas:
A FORMA FEDERATIVA DE ESTADO (ART. 60, § 5º, I DA
CF/1988)
A forma federativa de Estado é a forma de Estado adotada pelo Poder Constituinte
Originário (Default tooltip) . A violação dessa cláusula pétrea acarreta problemas capazes de
afetar as autonomias conferidas aos entes da federação. Da forma federativa de Estado
decorre outros princípios que também devem ser protegidos, como o princípio da
indissolubilidade do pacto federativo (art. 1º, caput da CF/1988) e o princípio da imunidade
tributária recíproca (art. 150, VI, “a” da CF/1988).
O VOTO DIRETO, SECRETO, UNIVERSAL E PERIÓDICO
(ART. 60, § 5º, II DA CF/1988)
O voto direto, secreto, universal e periódico refere-se tanto ao voto em sua acepção própria
quanto ao sufrágio e o escrutínio.
O sufrágio está relacionado com a capacidade de eleger, ser eleito e participar da vida política.
O voto é o exercício de cada um desses. O escrutínio é o modo pelo qual se realiza o
exercício desses direitos. Portanto, o sufrágio é o voto universal e o escrutínio corresponde
ao voto secreto.
O art. 14, § 1º da CF/1988, que estabelece o voto obrigatório em razão da idade, não é
considerado cláusula pétrea.
A SEPARAÇÃO DOS PODERES (ART. 60, § 5º, III DA
CF/1988)
O princípio da separação dos poderes reparte as funções estatais entre os órgãos e os
protegem da influência de outros poderes ou do próprio Estado. A repartição do exercício do
poder pelos órgãos busca evitar que eles ultrapassem os limites estabelecidos pela
Constituição Federal. Contudo, o foco dessa repartição não é criar órgãos rígidos e separados
por completo um do outro, mas sim equilibrar as funções de cada um, aqui compreendidas as
funções típicas e atípicas.
OS DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS (ART. 60, §
5º, IV DA CF/1988)
Os direitos e garantias individuais, considerados como cláusulas pétreas, são aqueles
expostos no art. 5º da CF/1988 e em outros artigos no Texto Constitucional, como os princípios
tributários da irretroatividade (art. 150, III, “a” da CF/1988), princípio da anterioridade eleitoral
(art. 16 da CF/1988), princípios da legalidade (art. 37, caput da CF/1988) entre outros. Embora
o art. 60, § 5º, IV da CF/1988 se refira aos direitos e garantias individuais, os direitos coletivos
também são incluídos no rol de cláusulas pétreas já que esses direitos são individuais de
exercício coletivo, pois o titular do direito são os indivíduos.
Importante saber que é vedada a deliberação de proposta de emenda tendente a abolir
direitos e garantias individuais incluídos na CF/1988 por meio de emenda ou tratado
internacional de direitos humanos aprovados pelo rito do art. 5º, § 3º da CF/1988.
 COMENTÁRIO
As cláusulas pétreas não impedem a alteração do texto. Pelo contrário, o objetivo é preservar
o núcleo essencial dos princípios e institutos protegidos por elas. Um exemplo disso é o
princípio da anterioridade eleitoral (art. 16 da CF/1988) em que houve uma mudança do texto
artigo, que é considerado uma cláusula pétrea.
 
Imagem: Shutterstock.com
Também existem as cláusulas pétreas implícitas. Por não terem previsão expressa na
CF/1988, são necessários dois critérios para localizá-las no Texto Constitucional: legitimidade
ou identidade da constituição.
LEGITIMIDADE DA CONSTITUIÇÃO
IDENTIDADE DA CONSTITUIÇÃO
Embora o art. 60, § 4º da CF/1988 seja abrangente, é possível que exista limitação implícita ao
Poder Reformador em decorrência do núcleo de legitimidade da Constituição ao qual as
cláusulas pétreas expressas referem-se, mas que não foram contempladas por elas. Contudo,
de acordo com decisão proferida na ADPF 33, apenas a atividade hermenêutica é capaz de
revelar quais princípios implícitos estão vinculados com as cláusulas pétreas expressas.
A identidade da Constituição busca interpretar a ordem constitucional em relação à realidade
histórica. Essa tarefa não é feita de forma descritiva e interpretativa dos dispositivos da
constituição, mas por meio do juízo de valor.
PODE-SE DESTACAR COMO CLÁUSULAS PÉTREAS
IMPLÍCITAS AS LIMITAÇÕES IMPOSTAS PELO PODER
CONSTITUINTE ORIGINÁRIO AO PODER
REFORMADOR E A TITULARIDADE DOS PODERES.
Seria incoerente relativizar e afastar os limites determinados pelo PCO ao PCR. Portanto, é
proibido alterações nos limites circunstanciais, formais e materiais do art. 60 da Constituição
Federal de 1988. É também vedada a alteração da titularidade do Poder Constituinte Originário
e Reformador.
OS LIMITES IMPLÍCITOS IMPEDEM A INOVAÇÃO DO
PODER REFORMADOR POR INTERMÉDIO DA DUPLA
REFORMA (REFORMA EM DOIS TEMPOS OU DUPLA
REVISÃO).
Essa reforma seria feita em duas etapas:
ETAPA 1
ETAPA 2
O limite imposto pelo PCO seria revogado.
A norma constitucional de fundo seria alterada e sua proteção afastada (ex.: revogação do art.
60, § 4º, IV e incorporação de uma emenda que admite a pena de morte).
Ocorre que, no segundo caso, o princípio fundamental (art. 5º, XLVI, “a” da CF/1988) impõem
por si só limites ao Poder Reformador, mesmo sem previsão expressa. Nesse sentido, as
limitações implícitas, decorrentes do sistema constitucional, impossibilitam a aplicação da
teoria da dupla revisão.
LIMITAÇÕES CIRCUNSTANCIAIS
As limitações circunstanciais impedem que o Poder Reformador se manifeste em situações
excepcionais de extrema gravidade, tendo em vista a possibilidade de seu poder estar
ameaçado ou fragilizado. Caso fosse possível alterar a Constituição nesse período, as
alterações poderiam ser precipitadas e desnecessárias para a população do país, os entes
federativos e o próprio Texto Constitucional. O art. 60, § 1º da CF/1988 estabelece três
situações em que a reforma da Constituição é vedada:
Intervenção federal (art. 60, § 1º e art. 34 da CF/1988)
Estado de defesa (art. 60, § 1º e art. 136 da CF/1988)
Estado de sítio (art. 60, § 1º e art. 137 a 139 da CF/1988)
É IMPORTANTE ENTENDER A DIFERENÇA ENTRE
LIMITAÇÃO CIRCUNSTANCIAL E TEMPORAL:
A limitação temporal esteve presente apenas na Constituição de 1824. Ela estabelece que a
Constituiçãonão pode ser alterada durante um prazo específico.

As limitações do art. 60, § 1º da CF/1988 referem-se a circunstâncias que a CF/1988 não pode
ser emendada (intervenção federal, estado de defesa e sítio) e não a um prazo em que é
vedada a alteração à Constituição. Não há nenhuma limitação temporal expressa na CF/1988.
LIMITAÇÕES ÀS EMENDAS
CONSTITUCIONAIS
Neste vídeo, o especialista Marcílio Ferreira discorrerá sobre as diversas limitações ao poder
de emendar a Constituição.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. FRUTO DO PODER CONSTITUINTE, O PODER REFORMADOR DETÉM O
PODER DE REFORMAR O TEXTO CONSTITUCIONAL. CONTUDO, ESSE
PODER NÃO É ILIMITADO JÁ QUE ESTE DEVE OBEDIÊNCIA AS REGRAS
ESTABELECIDAS PELO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO. UMA DAS
LIMITAÇÕES ESTABELECIDAS AO PODER REFORMADOR É A
LIMITAÇÃO FORMAL, QUE DIZ RESPEITO AO PROCESSO PARA
ELABORAÇÃO DA NORMA. EM RELAÇÃO A ESSE TEMA, É CORRETO
AFIRMAR QUE, EM RELAÇÃO AS SUAS CARACTERÍSTICAS, A
LIMITAÇÃO FORMAL:
A) por interpretação sistemática da Constituição Federal, admite a possibilidade de iniciativa
popular para a propositura de emendas à Constituição.
B) deve obediência à estrutura flexível da Constituição Federal, logo, o processo legislativo das
emendas é a mesma das leis ordinárias.
C) estabelece que a proposta de emenda deve ser discutida e votada na Câmara dos
Deputados e no Senado Federal, em dois turnos, sendo necessário o voto de dois terços dos
membros de cada casa.
D) determina que o Presidente da República promulgue a emenda com o respectivo número de
ordem, cabendo ao Congresso Nacional a sua publicação.
E) institui que a proposta de emenda rejeitada ou prejudicada não pode ser objeto de nova
proposta na mesma sessão legislativa.
2. OS LIMITES MATERIAIS IMPOSTOS AO PODER REFORMADOR
ESTABELECEM NORMAS QUE NÃO PODEM SER OBJETO DE
DELIBERAÇÃO E QUE MODIFIQUEM O NÚCLEO ESSENCIAL DE CERTOS
PRINCÍPIOS OU INSTITUTOS PROTEGIDOS CONSTITUCIONALMENTE.
ESSAS MATÉRIAS SÃO CONHECIDAS COMO “CLÁUSULAS PÉTREAS”.
EM RELAÇÃO A ESSAS CLÁUSULAS, É CORRETO AFIRMAR QUE:
A) o voto direto, secreto, universal, obrigatório e periódico é considerado como cláusula pétrea.
B) o princípio da separação dos poderes refere-se a uma norma rígida que não admite que
outros poderes exerçam funções atípicas.
C) a forma federativa de Estado protege a soberania conferida aos entes políticos da federação
brasileira.
D) a titularidade do Poder Constituinte Originário e Reformador é protegida por meio da
cláusula pétrea implícita.
E) o Poder Reformador pode revogar a cláusula pétrea que protege os direitos e garantias
individuais e incluir no Texto Constitucional, por exemplo, a pena de morte em qualquer caso.
GABARITO
1. Fruto do Poder Constituinte, o Poder Reformador detém o poder de reformar o Texto
Constitucional. Contudo, esse poder não é ilimitado já que este deve obediência as
regras estabelecidas pelo Poder Constituinte Originário. Uma das limitações
estabelecidas ao Poder Reformador é a limitação formal, que diz respeito ao processo
para elaboração da norma. Em relação a esse tema, é correto afirmar que, em relação as
suas características, a limitação formal:
A alternativa "E " está correta.
 
De acordo com o art. 60, § 5º da CF/1988, a matéria constante da proposta de emenda
rejeitada ou prejudicada só pode ser objeto de nova proposta na próxima sessão legislativa, ou
seja, no dia 2 de fevereiro do ano seguinte (art. 57 da CF/1988). Essa restrição também foi
imposta para as medidas provisórias, desde que tenham sido rejeitadas ou perdido sua eficácia
por conta do tempo.
2. Os limites materiais impostos ao Poder Reformador estabelecem normas que não
podem ser objeto de deliberação e que modifiquem o núcleo essencial de certos
princípios ou institutos protegidos constitucionalmente. Essas matérias são conhecidas
como “cláusulas pétreas”. Em relação a essas cláusulas, é correto afirmar que:
A alternativa "D " está correta.
 
Existem cláusulas pétreas explícitas e implícitas. As explícitas estão expostas no art. 60, § 4º
da CF/1988, e protegem a forma federativa de Estado, o voto direto, secreto, universal e
periódico, a separação dos Poderes e os direitos e garantias individuais. Por outro lado, as
implícitas, que não estão no Texto Constitucional, protegem as limitações impostas pelo Poder
Constituinte Originário ao Reformador e a titularidade de cada.
MÓDULO 2
 Identificar as principais características e diferenças das espécies de leis.
LEIS
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
O processo legislativo determina as regras para elaboração de atos normativos primários,
que são aqueles que podem criar direitos e obrigações no ordenamento jurídico. Além das
emendas constitucionais já estudadas, esse processo engloba as leis (complementares,
ordinárias e delegadas), medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções. Esse rito deve
obedecer às regras previstas na CF/1988 em decorrência do devido processo legislativo.
 ATENÇÃO
Se houver violação ao processo legislativo estabelecido pela CF/1988, qualquer parlamentar
da respectiva casa poderá impetrar Mandado de Segurança ao Supremo Tribunal Federal para
que o vício seja reconhecido e sanado.
Esse processo, do ponto de vista político organizacional, é considerado como representativo
(indireto), já que os parlamentares receberam da população, em um processo eleitoral
democrático, poderes para decidir matérias de sua competência. Vale destacar ainda que,
segundo o princípio da simetria, as regras constantes na CF/1988 sobre o processo de
elaboração de leis devem ser observadas obrigatoriamente pelos Estados e Municípios por
meio de suas constituições estaduais e leis orgânicas.
Existem três espécies de processo legislativo, sendo eles:
 
Imagem: Shutterstock.com
Ordinário:
Regras gerais para elaboração de leis ordinárias.
javascript:void(0)
 
Imagem: Shutterstock.com
Sumário:
Semelhante ao ordinário, mas com diferença no prazo para apreciação do projeto de lei pelo
Congresso Nacional.
 
Imagem: Shutterstock.com
Especiais:
javascript:void(0)
javascript:void(0)
Processo estabelecido para elaboração de outras espécies normativas.
A seguir aprofundaremos mais esses conceitos.
PROCESSO LEGISLATIVO ORDINÁRIO
O processo legislativo ordinário refere-se às regras gerais para elaboração de leis
ordinárias. Esse processo é composto por três fases, sendo elas:
 
Foto: Shutterstock.com
INTRODUTÓRIA

 
Foto: M.Moira / Shutterstock.com
CONSTITUTIVA

 
Imagem: Shutterstock.com
COMPLEMENTAR
A fase introdutória se trata da iniciativa do projeto de lei, que é estabelecida pela Constituição
Federal para determinados órgãos ou autoridades. De acordo com o art. 61 da CF/1988, são
competentes para propor projeto de lei ordinária e complementar:
Cidadão, na forma e nos casos previstos na CF/1988
Presidente da República
Procurador-Geral da República
Qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados
Qualquer membro ou Comissão do Congresso Nacional
Qualquer membro ou Comissão do Senado Federal
 
Foto: Shutterstock.com
A iniciativa para propor projeto de lei é dividida em concorrente e exclusiva.
A iniciativa concorrente atribui a legitimidade para deflagrar o processo legislativo a mais de
uma pessoa ou órgão, como a iniciativa para propositura de emendas constitucionais (art. 60, I,
II e III da CF/1988).

Por outro lado, a iniciativa privativa atribuiu a legitimidade para deflagrar o processo
legislativo a determinados órgãos ou pessoas, como as competências fixadas para o
Presidente da República (art. 61, § 1º da CF/1988), Câmara dos Deputados (art. 51, IV da
CF/1988), Senado Federal (art. 52, XIII da CF/1988) etc.
 ATENÇÃO
Supremo Tribunal Federal
Tribunais Superiores
Vale destacar que a iniciativa privativa atribui a determinados órgãos ou pessoas a legitimidade
para deflagração do processo legislativo. Logo, será configurado vício formal de iniciativa se
outras pessoas ou outros órgãos não previstosno Texto Constitucional iniciarem o processo
não sendo legitimados para tanto. Essa iniciativa é indelegável.
 
Foto: M.Moira / Shutterstock.com
A fase constitutiva refere-se ao processo de discussão, votação, aprovação e sanção. Aqui,
há a conjugação de vontades do Legislativo, por meio da deliberação parlamentar, e do
Executivo, por intermédio da sanção ou veto. Na deliberação parlamentar é feita a votação e
aprovação do projeto de lei que é encaminhado para deliberação executiva para sancionar ou
vetar o projeto.

Primeiramente é feita a deliberação parlamentar. Em razão do bicameralismo federal, é
necessário que o projeto de lei seja aprovado pelas duas casas do Congresso Nacional, sendo
uma a casa iniciadora e a outra a casa revisora. Logo, para com que o projeto seja
sancionado ou vetado, é necessário que ele tenha sido apreciado e aprovado, previamente
tanto pela Câmara dos Deputados quanto pelo Senado Federal.

A CF/1988 estabelece, no art. 64, o local em que o projeto de lei deve começar. De acordo com
o artigo, os projetos de iniciativa do Presidente da República, Supremo Tribunal Federal,
Tribunais Superiores, Procurador-Geral da República, popular e de iniciativa concorrente dos
Deputados ou de Comissão da Câmara deverão ter início na Câmara dos Deputados (casa
iniciadora). O Senado Federal será a casa iniciadora nos projetos de leis de iniciativa dos
Senadores ou de Comissão do Senado.

Dado início ao processo legislativo na casa iniciadora, o projeto de lei passará para
apreciação das Comissões. Primeiramente, ele será encaminhado para uma Comissão
Temática, em que será analisada a matéria da proposição, e depois para a Comissão de
Constituição e Justiça (Default tooltip) , em que será examinada a constitucionalidade do
projeto.

Existe também a Comissão de Finanças e Tributação para os projetos de lei que envolvam
aspectos financeiros ou orçamentários. Nessa situação, o projeto passará na comissão
temática, depois, para a comissão de finanças e, por fim, na CCJ. Os pareceres emitidos pelas
Comissões Temáticas têm caráter opinativo, pois a matéria ainda será discutida e votada.

Por outro lado, tanto o parecer da Comissão de Constituição e Justiça, em relação à
constitucionalidade ou juridicidade da matéria, quanto à Comissão de Finanças e Tributação,
em relação à adequação financeira ou orçamentária da proposição, possuem caráter
terminativo. Entretanto, essa regra possui exceção. Nos casos em que houver provimento de
recurso, o parecer deverá ser apreciado preliminarmente pelo Plenário.

Finalizado e emitido o parecer das comissões, será iniciado o processo de votação. A
votação poderá ser ostensiva ou secreta. Para a votação ostensiva, será adotado o
processo simbólico, pelo qual o parlamentar votará pela aprovação (se permanecer sentado
em seu lugar, na casa respectiva) ou rejeição (caso se levante). Por outro lado, a votação
secreta será realizada por meio do sistema eletrônico de acordo com os preceitos fixados no
art. 188 do RICD, como na eleição do Presidente e demais membros da Mesa Diretora. Em
seguida, caso aprovado, o projeto será encaminhado para a casa revisora.
Assim como na casa iniciadora, na revisora, o projeto também passará pelas Comissões. Ao
final, a casa revisora poderá aprovar, rejeitar ou emendar o projeto de lei.
 
Imagem: Shutterstock.com
Aprovado, em um turno de discussão votação, o projeto será enviado para sanção ou veto do
Presidente da República.
 
Imagem: Shutterstock.com
Rejeitado, o projeto será arquivado, sendo possível sua reapresentação na mesma sessão
legislativa mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer uma das casas
do Congresso Nacional (art. 67 da CF/1988) ou na seguinte, sem a necessidade dessa
formalidade.
 
Imagem: Shutterstock.com
Emendado, a emenda será apreciada pela casa iniciadora (art. 65, parágrafo único da
CF/1988). Nesse último caso, é vedada a apresentação de subemenda, ou seja, a emenda da
emenda. Se a casa iniciadora aceitar a emenda, o projeto segue para deliberação executiva,
mas se recusar a emenda, o projeto, em sua redação original, será remetido para apreciação
executiva. Nesse caso, sempre haverá predominância da casa revisora.
 COMENTÁRIO
Se o projeto for reprovado na casa iniciadora, ele sequer será submetido para a casa revisora.
Portanto, ele será arquivado na primeira casa.
Em relação às emendas no projeto de lei, o art. 118 do RICD estabelece algumas espécies:
SUPRESSIVA
Emenda que erradica parte de outra proposição.
AGLUTINATIVA
Emenda que se funde com outra emenda. Nesse caso, não há subemenda, uma vez que ela
se aglutina com outras formando uma só.
SUBSTITUTIVA
Emenda apresentada como sucedânea de outra proposição. Ela poderá alterar o conjunto
desta.
MODIFICATIVA
Emenda que altera a proposição sem modificá-la substancialmente.
ADITIVA
Emenda que acrescenta outra proposição.
REDAÇÃO
Emenda que modifica para sanar vício de linguagem ou algum termo técnico legislativo.
Completada a deliberação parlamentar (discussão e votação) na casa iniciadora e revisora, o
projeto de lei será submetido para apreciação do Chefe do Poder Executivo iniciar a
deliberação executiva. Recepcionando-o, o Presidente da República deverá decidir entre
sancionar ou vetar o projeto de lei. Concordando, o Presidente da República sancionará o
projeto de lei.
A sanção refere-se à anuência ou aceitação de que o projeto de lei se transforme em lei, pois
aquilo que se promulga é a lei. O presidente poderá sancionar o projeto de modo expresso ou
tácito.
 
Imagem: Shutterstock.com
A sanção expressa ocorre quando o presidente manifesta a sua concordância.

 
Imagem: Shutterstock.com
A sanção tácita ocorre quando o presidente não se manifesta em 15 (quinze) dias, sendo o
seu silêncio considerado como ato sancionatório.
A SANÇÃO PRESIDENCIAL NÃO CONVALIDA VÍCIO
FORMAL SUBJETIVO DE INICIATIVA. NESSE CASO,
IDENTIFICADO O VÍCIO, O PARLAMENTAR DA CASA
RESPECTIVA DEVERÁ IMPETRAR UM MANDADO DE
SEGURANÇA NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
PARA CORRIGIR O VÍCIO DO PROJETO DE LEI.
Não existe previsão constitucional de prazo para sanção do projeto de lei. Contudo, levando
em conta que o Presidente da República possui o prazo de 15 (quinze) dias para vetar o
projeto de lei, é correto afirmar que o prazo para o sancionar é de 15 (quinze) dias. Importante
lembrar que existem alguns projetos que não dependem de sanção presidencial, como as
matérias de competência exclusiva do Congresso Nacional (art. 49 da CF/1988), de
competência privativa da Câmara dos Deputados (art. 51 da CF/1988), do Senado Federal (art.
52 da CF/1988) e as propostas de emenda à constituição (art. 60 da CF/1988).

Caso discorde, o Presidente da República poderá vetar o projeto de lei. Para isso, ele terá o
prazo de 15 (quinze) dias úteis, contados do recebimento. O Chefe do Executivo também
poderá vetar todo o projeto (voto total) ou parte dele (parcial), abrangendo o texto integral do
artigo, parágrafo, inciso ou alínea.

O Presidente deverá expor os motivos do veto no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, sendo
ele em razão de inconstitucionalidade (veto jurídico) ou contrário ao interesse público (veto
político). O veto sempre será expresso, motivado e escrito. Portanto, se o Presidente se
mantiver inerte quanto à sanção ou veto do projeto, ele será sancionado tacitamente.
Concordando, o presidente sancionará o projeto e ele será transformado em lei com a sua
devida promulgação e publicação. Contudo, caso decida vetá-lo, o projeto será apreciado em
sessão conjunta pelas duas casas do Congresso Nacional em 30 (trinta) dias a contar de seu
recebimento.

O veto poderá ser afastado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados Federais e
Senadores. Desse modo, a concordância das duas casas terá os mesmos efeitos que a
sanção. Derrubado o veto, a lei será enviada ao Presidente da República para promulgação
dentro de 48 (quarenta e oito)horas. Caso o Presidente permaneça silente ou não queira
promulgá-la, o Presidente do Senado fará a promulgação e, caso ele não o faça, o Vice-
Presidente do Senado fará.
O PROJETO DE LEI SERÁ ARQUIVADO CASO O VETO
SEJA MANTIDO.
Por fim, dar-se-á início à última fase: fase complementar (promulgação e publicação). A
promulgação é o atestado de existência da lei e da sua executoriedade. Mesmo que não
esteja em vigor, a promulgação atesta o seu nascimento. Em sequência, a publicação é o ato
em que leva ao conhecimento do coletivo o conteúdo da lei. Ela é feita no Diário Oficial,
devendo ser especificada em seu texto quem a promulgou. A partir da publicação, é feito o
estabelecimento do momento que a lei deverá ser exigida.
De acordo com o art. 1º, caput da LINDB, a lei começa a vigorar em todo o país 45 (quarenta e
cinco) dias depois de sua publicação oficial. Contudo, poderá haver disposição expressa com
outro prazo, devendo, nesse caso, a exceção prevalecer sobre a regra geral. Importante
destacar que o período entre a publicação da lei e a sua vigência denomina-se vacatio legis.
 
Imagem: Shutterstock.com
PROCESSO LEGISLATIVO ORDINÁRIO
Vamos entender um pouco mais sobre o processo legislativo ordinário com o especialista
Marcílio Ferreira?
PROCESSO LEGISLATIVO SUMÁRIO
A principal diferença do processo legislativo sumário e do ordinário é a fixação de prazo para
apreciação do projeto de lei. Nesse caso, o Chefe do Executivo solicitará ao Congresso
Nacional, em caráter de urgência, a apreciação de projeto de lei de sua iniciativa. Nesse
sentido, tanto a Câmara dos Deputados quanto o Senado Federal terão o prazo de 45
(quarenta e cinco) dias para apreciar o projeto de lei. Esse prazo não corre durante o período
de recesso parlamentar.
Ultimado o prazo, o projeto será incluído na ordem do dia, sobrestando-se as outras
deliberações legislativas, salvo se eles tiverem prazo determinado pela Constituição Federal,
como as medidas provisórias (art. 64, § 6º da CF/1988). Se o Senado Federal emendar o
projeto de lei, a Câmara dos Deputados terá o prazo de 10 (dez) dias para apreciá-la (art. 64, §
3º da CF/1988).
PROCESSO LEGISLATIVO ESPECIAL: LEIS
COMPLEMENTARES
O processo legislativo para deliberação e promulgação das leis complementares é
praticamente o mesmo das leis ordinárias, já analisadas. Contudo, existem duas diferenças
entre elas:
DIFERENÇA MATERIAL
DIFERENÇA FORMAL
Trata-se da previsão constitucional de edição de lei complementar. Todas as vezes que o
Poder Constituinte Originário, e até mesmo o Reformador, desejar que certa matéria seja
regulamentada por lei complementar, ele deixará expressamente seu ensejo.
As situações que devem ser regulamentadas por lei complementar estão predeterminadas no
Texto Constitucional, como o art. 7º, I, 21, IV e 22, parágrafo único da CF/1988. Por outro lado,
as leis ordinárias ocupam caráter residual. Logo, o que não for regulamentado por lei completar
será por lei ordinária, desde que não seja matéria com previsão de edição de decreto
legislativo (art. 49 da CF/1988) ou resolução (arts. 51 e 52 da CF/1988).
Refere-se ao quórum de aprovação do projeto de lei. Para aprovação de lei complementar, é
necessário o voto da maioria absoluta, enquanto para aprovação de lei ordinária é necessário
o voto da maioria simples ou relativa.
 O voto da maioria absoluta refere-se à maioria dos membros integrantes da casa (número
fixo).
O voto da maioria simples ou relativa refere-se à maioria dos presentes à reunião ou sessão
que compareceram no dia da votação.
O art. 47 da CF/1988 estabelece que a deliberação de cada casa e de suas Comissões
deverão ser tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros.
Resumidamente:
O Texto Constitucional determina que, para instalar a sessão, é necessária a maioria absoluta
dos membros.

Presente o quórum necessário de instalação da sessão, poderá ser feita a votação pelo
quórum da maioria simples, ou seja, os presentes àquela sessão.

Maioria absoluta
Maioria simples ou relativa
Esse quórum de votação é o mesmo para lei ordinária e complementar.
Contudo, a diferença está no quórum de aprovação:
Para aprovar lei ordinária, é preciso maioria simples.
Para aprovar lei complementar, é preciso maioria absoluta.
Para compreensão, o quórum de aprovação para lei complementar sempre será o mesmo já
que se refere à maioria dos membros integrantes da casa (ex.: a maioria absoluta do Senado
Federal é 41). Já no caso das leis ordinárias, a aprovação será para a maioria simples (ex.: a
maioria simples do Senador Federal, nesse caso, é 21).
 ATENÇÃO
Não existe hierarquia entre lei complementar e lei ordinária. Na realidade, existe aplicação
legislativa em âmbitos diferenciados definidos pela Constituição Federal.
PROCESSO LEGISLATIVO ESPECIAL: LEIS
DELEGADAS
A lei delegada é uma espécie de ato normativo primário elaborado pelo Chefe do Executivo,
mediante a delegação externa corporis do Congresso Nacional (art. 68 da CF/1988). Essa
norma é a exceção do princípio da indelegabilidade de atribuições, pois sua elaboração é
antecedida de delegação de atribuições entre o Poder Legislativo e o Poder Executivo.
 COMENTÁRIO
O Legislativo possui a atribuição de delegar o poder de elaborar normas tanto de forma interna,
para as Comissões temáticas (delegação interna corporis), quanto de forma externa
(delegação externa corporis), como a lei delegada.
 
Foto: Shutterstock.com
O processo começa com a fase “iniciativa solicitadora”. O Presidente da República, o único
que pode começar o processo, após solicitação ao Congresso Nacional, elaborará a lei
delegada sobre o assunto que ele pretende legislar. Após a aprovação, por meio de resolução
(art. 68, § 2º da CF/1988), o Congresso especificará o conteúdo da delegação e seu exercício.
Consequentemente, o Congresso Nacional determinará, por meio da resolução, se haverá a
apreciação ou não do projeto de lei delegada pela Câmara dos Deputados e do Senado
Federal. Se o Congresso optar positivamente, ele deverá fazer a delegação típica. Por outro
lado, se o Congresso portar negativamente, ele deverá fazer a delegação atípica.
DELEGAÇÃO TÍPICA
DELEGAÇÃO ATÍPICA
Sem apreciação pelo Congresso Nacional. Desse modo, será atribuída a delegação ao
Presidente da República de elaborar, promulgar e publicar a lei delegada.
Com apreciação pelo Congresso Nacional. Desse modo, a apreciação será feita em votação
única, sendo vedada a emenda à lei delegada. Após a aprovação, o Presidente promulgará e
determinará a sua publicação no órgão oficial.
Vale destacar que existem matérias que não podem ser delegadas. Elas estão estipuladas no
art. 68, § 1º da CF/1988, sendo sobre:
Organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus
membros
Nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais
Planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos
 
Foto: Antonio Salaverry / Shutterstock.com
A resolução editada pelo Congresso Nacional transfere de modo temporário a competência
para legislar sobre determinada matéria. A titularidade da competência sempre será do Poder
Legislativo. Se houver exorbitância nos limites da delegação legislativa, o Congresso Nacional
deverá sustar o ato normativo, por meio de decreto legislativo (art. 49, V da CF/1988). Essa
hipótese refere-se ao “controle repressivo de constitucionalidade”.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. APÓS DELIBERAÇÃO PARLAMENTAR, O CHEFE DO PODER
EXECUTIVO DÁ INÍCIO À DELIBERAÇÃO EXECUTIVA. NESSA FASE, O
PRESIDENTE PODERÁ SANCIONAR OU VETAR O PROJETO DE LEI, POR
MOTIVOS INCONSTITUCIONAIS (VETO JURÍDICO) OU EM DECORRÊNCIA
DO INTERESSE PÚBLICO (VETO POLÍTICO). EM RELAÇÃO ÀS REGRAS
DO VETO PRESIDENCIAL, ASSINALE A AFIRMATIVA CORRETA:
A) O Presidente da República tem o prazo de até 15 (quinze) dias corridos para vetar o projeto
de lei, contados da data do recebimento.
B) O Presidente da Repúblicapoderá vetar de forma total ou parcial o texto da lei. Se for
parcial, deverá abranger o texto integral do artigo.
C) Em decorrência do princípio da separação dos poderes, o silêncio do Presidente importa no
veto do projeto de lei.
D) O veto deve ser expresso, motivado e escrito. Contudo, também é possível que o veto seja
tácito.
E) O Presidente deverá expor os motivos do veto ao Presidente do Senado Federal no prazo
de 24 (vinte e quatro) horas.
2. NA FASE DA DELIBERAÇÃO PARLAMENTAR, O SENADO FEDERAL
REUNIU-SE PARA VOTAR DETERMINADO PROJETO DE LEI ORDINÁRIA.
NA ABERTURA DA SESSÃO, FIZERAM-SE PRESENTES 50 SENADORES.
APÓS AS DELIBERAÇÕES, FOI INICIADO O VOTO. NO FINAL, CERCA DE
27 SENADORES VOTARAM PARA APROVAÇÃO DA LEI E 23 CONTRA.
IRRESIGNADO COM A SITUAÇÃO, ANDRÉ, SENADOR DO ESTADO
ZIGMA, ALEGOU AO PRESIDENTE DO SENADO QUE O PROCESSO
ESTAVA VICIADO, PORQUE ERAM NECESSÁRIOS 41 VOTOS A FAVOR E
NÃO 27. EM RELAÇÃO A ESSA SITUAÇÃO, É CORRETO AFIRMAR QUE
ANDRÉ:
A) Está correto, uma vez que é necessário o quórum da maioria absoluta do Senado Federal
para aprovação do projeto de lei, ou seja, 41 senadores.
B) Está correto, uma vez que é necessário o quórum da maioria relativa do Senado Federal
para instalação da sessão, ou seja, 41 senadores.
C) Está correto, e deverá impetrar Mandado de Segurança no Supremo Tribunal Federal já que
houve vício no processo legislativo.
D) Está equivocado, uma vez que é necessário o quórum da maioria relativa do Senado
Federal para aprovação do projeto de lei. No caso em questão, foi a mais do exigido.
E) Está equivocado, uma vez que o quórum para instalação da sessão e aprovação do projeto
de lei é maioria absoluta.
GABARITO
1. Após deliberação parlamentar, o Chefe do Poder Executivo dá início à deliberação
executiva. Nessa fase, o Presidente poderá sancionar ou vetar o projeto de lei, por
motivos inconstitucionais (veto jurídico) ou em decorrência do interesse público (veto
político). Em relação às regras do veto presidencial, assinale a afirmativa correta:
A alternativa "B " está correta.
 
Existem dois tipos de veto: total e parcial. No veto total, o Presidente da República veta todo o
projeto de lei. Já no veto parcial, o Presidente da República veta parte da lei. Contudo, esse
veto deverá abranger todo o artigo, compreendido os parágrafos e suas alíneas, sendo vedado
o veto de palavras.
2. Na fase da deliberação parlamentar, o Senado Federal reuniu-se para votar
determinado projeto de lei ordinária. Na abertura da sessão, fizeram-se presentes 50
senadores. Após as deliberações, foi iniciado o voto. No final, cerca de 27 senadores
votaram para aprovação da lei e 23 contra. Irresignado com a situação, André, Senador
do Estado Zigma, alegou ao Presidente do Senado que o processo estava viciado,
porque eram necessários 41 votos a favor e não 27. Em relação a essa situação, é
correto afirmar que André:
A alternativa "D " está correta.
 
O quórum para instalação da sessão é maioria absoluta, tanto para lei complementar quanto
para lei ordinária (art. 47 da CF/1988). Contudo, o quórum necessário para aprovação da lei,
no caso acima referido, para leis ordinárias, é de maioria simples. No exemplo citado, houve o
voto de 27 senadores, ou seja, 6 votos a mais do exigido (21 senadores). Logo, o Senador
André está equivocado.
MÓDULO 3
 Classificar o processo legislativo especial
MEDIDAS PROVISÓRIAS, DECRETOS E
RESOLUÇÕES
BREVE ANÁLISE INTRODUTÓRIA
Conforme estudado, o processo legislativo compreende a edição de algumas espécies
normativas, como a emenda à Constituição, lei complementar, ordinária e delegada. Além
dessas normas, existem as medidas provisórias, decretos e resoluções.
VALE RESSALTAR QUE, COM EXCEÇÃO DAS
EMENDAS À CONSTITUIÇÃO, NÃO EXISTE
HIERARQUIA ENTRE AS DEMAIS ESPÉCIES
NORMATIVAS.
MEDIDAS PROVISÓRIAS
Com previsão no art. 62 da Constituição Federal, as medidas provisórias (Default tooltip) são
uma espécie normativa editada pelo Poder Executivo com força, eficácia e valor de lei. Esse
ato normativo possui algumas características que o diferencia dos demais:
Atribuição de elaboração a um órgão competente
Caráter excepcional, relevante e urgente
Possibilidade de ser rejeitado pelo Congresso Nacional a qualquer momento
Possibilidade de perda de eficácia desde o início
 SAIBA MAIS
As medidas provisórias foram incluídas pela Constituição Federal de 1988, substituindo-se o
decreto-lei. Essa nova espécie legislativa busca reparar, dentro do atual Estado democrático de
Direito, as distorções legislativas feitas pelo regime militar que abusava da sua função atípica
na edição de lei.
Antes de estudarmos o processo de edição da MP, é importante destacar que todas as regras
relacionadas ao processo legislativo são normas de observância obrigatória pelas
constituições dos estados e das leis orgânicas dos municípios e Distrito Federal.
Fundamentado no princípio da simetria, a edição de MP por governadores de Estado é
admitida, desde que tenha previsão na Constituição estadual e sejam observadas as regras
estabelecidas pela Constituição Federal.
 
Imagem: Shutterstock.com / adaptada por Pedro Tamburro.
Constituições estaduais como a do Acre, Santa Catarina e Piauí admitem a edição de medida
provisória pelo governador.

 
Imagem: Shutterstock.com / adaptada por Pedro Tamburro.
Já no âmbito municipal, também é admitida a edição de medida provisória por prefeito, também
resguardado pelo princípio da simetria.
Desse modo, além da previsão na lei orgânica e observância do processo estabelecido pela
Constituição Federal, é necessário que a constituição do estado do referido município
estabeleça a possibilidade de utilização da MP pelo governador, uma vez que a lei orgânica
municipal deve observância aos princípios estabelecidos pela constituição do estado.
O processo legislativo da medida provisória começa com o preenchimento prévio dos
pressupostos de relevância e urgência para sua edição. Após o cumprimento do requisito, o
Presidente da República estará apto a editar medida provisória, com força de lei, com a
devida submissão posterior e imediata ao Congresso Nacional. A MP nasce com a
manifestação exclusiva do Presidente, valendo-se de seus efeitos desde sua edição.
A MP terá o prazo de duração de 60 (sessenta) dias, prorrogável por igual período (mais
sessenta dias com um total de até cento e vinte dias). Contudo, em casos de recesso
parlamentar, a MP terá o seu prazo suspenso. Ela perderá sua eficácia, desde a edição, se não
for convertida em lei dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, prorrogável por igual período (art.
62, § 7º da CF/1988). Se isso ocorrer, o Congresso Nacional deverá editar decreto legislativo
dispondo sobre as relações jurídicas delas decorrentes.
 
Imagem: Shutterstock.com
Existem restrições em relação a matéria a ser disciplinada na MP. De acordo com o art. 62, §
1º, da CF/1988, é vedado que o Presidente da República edite MP sobre matéria:
I
II
III
IV
I
Relativa a/à:
Nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral
Direito penal, processual penal e processual civil
Organização do Poder Judiciário e do Ministério Pública, à carreira e à garantia de seus
membros
Planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e
suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º da CF/1988
II
Que vise à detenção ou ao sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo
financeiro.
III
Reservada a lei complementar.
IV
Já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou
veto do Presidente da República.
Dentro do período dos 60 (sessenta) dias, a MP será submetida à apreciação do Congresso
Nacional. Por meio de uma comissão mista de deputados e senadores (art. 62, §§ 5º e 9º da
CF/1988), os parlamentares examinarão a norma e emitirão parecer, apreciando o mérito e a
sua adequação financeira e orçamentária.

Após o parecerda comissão mista, a MP passará à apreciação pelo plenário da Câmara dos
Deputados Federais e do Senado Federal. O processo de votação será em sessão separada e
terá início na Câmara (casa iniciadora) e depois no Senado (casa revisora).
 VOCÊ SABIA
De acordo com o art. 62, § 6º da CF/1988, se a MP não for apreciada em até 45 (quarenta e
cinco) dias, contados de sua publicação, ela entrará em regime de urgência. Assim, a MP
ficará sobrestada em relação às outras deliberações legislativas da casa em que estiver
tramitando até que se ultime sua votação.
Em relação ao trâmite do processo, após apreciação e votação por maioria simples na Câmara
dos Deputados (casa iniciadora), o projeto será encaminhado ao Senado Federal (casa
revisora). Por fim, o Congresso Nacional deverá adotar uma entre quatro medidas em relação à
MP, sendo elas as seguintes:
 
Imagem: Shutterstock.com
APROVAÇÃO DA NORMA SEM ALTERAÇÃO
Aprovada a MP, sem alteração de mérito, o texto será promulgado pelo Presidente da Mesa do
Congresso Nacional e publicado no Diário Oficial da União. Conforme o art. 57, § 5º da
CF/1988, o Presidente do Senado preside a Mesa do Congresso Nacional. Logo, ele deverá
promulgar e publicar a medida provisória no DU.
 
Imagem: Shutterstock.com / adaptada por Pedro Tamburro.
APROVAÇÃO DA NORMA COM ALTERAÇÃO
Havendo emendas na MP, o projeto de lei de conversão será apreciado por uma casa e
depois pela outra, aplicando-se as regras do processo legislativo comum. Após a aprovação
das emendas, o projeto será levado para apreciação do Presidente da República para
sancioná-lo ou vetá-lo. Em relação à matéria alterada, as relações decorrentes dela deverão
ser regulamentadas por decreto legislativo.
 
Imagem: Shutterstock.com / adaptada por Pedro Tamburro.
NÃO APROVAÇÃO DA NORMA (REJEIÇÃO TÁCITA)
Se a MP não for apreciada no prazo de 60 (sessenta dias), contados de sua publicação, mais
60 (sessenta dias) de prorrogação, ela perderá a eficácia desde a sua edição (efeitos ex tunc).
Nesse caso, caberá ao Congresso Nacional editar decreto legislativo disciplinando as relações
jurídicas decorrentes da MP.
 
Imagem: Shutterstock.com / adaptada por Pedro Tamburro.
REJEIÇÃO EXPRESSA DA NORMA
Dentro do prazo estabelecido pela Constituição Federal, o Congresso Nacional poderá rejeitar
expressamente a MP. Nesse sentido, também é cabível ao órgão disciplinar os efeitos
decorrentes por decreto legislativo.
DE ACORDO COM ART. 62, § 10º DA CF/1988, É
VEDADA A REEDIÇÃO DA MEDIDA PROVISÓRIA QUE
TENHA SIDO REJEITADA OU QUE TENHA PERÍODO A
SUA EFICÁCIA POR DECURSO DE PRAZO. A
VEDAÇÃO APLICA-SE DENTRO DO PRAZO QUE
COMPREENDE A SESSÃO LEGISLATIVA.
MEDIDAS PROVISÓRIAS
Vamos nos aprofundar um pouco mais nesse conceito? Acompanhe o especialista Marcílio
Ferreira discorrer, no vídeo abaixo, sobre o conceito de medida provisória, seus requisitos e as
vedações ao seu uso.
DECRETOS LEGISLATIVOS
Os decretos legislativos são espécies legislativas que materializam as competências
exclusivas do Congresso Nacional. O procedimento de elaboração dessa norma é disciplinado
pelo Congresso ou pelas casas por meio dos regimentos internos. As competências
exclusivas do Congresso estão disciplinadas no art. 49, da CF/1988:
COMPETÊNCIAS EXCLUSIVAS DO CONGRESSO
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem
encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional;
II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que
forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente,
ressalvados os casos previstos em lei complementar;
III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando
a ausência exceder a quinze dias;
IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou
suspender qualquer uma dessas medidas;
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos
limites de delegação legislativa;
VI - mudar temporariamente sua sede;
VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, observado o que
dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de
Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os
relatórios sobre a execução dos planos de governo;
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder
Executivo, incluídos os da administração indireta;
XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos
outros Poderes;
XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e
televisão;
XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União;
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares;
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;
XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a
pesquisa e lavra de riquezas minerais;
XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a
dois mil e quinhentos hectares.
XVIII - decretar o estado de calamidade pública de âmbito nacional previsto nos arts. 167-B,
167-C, 167-D, 167-E, 167-F e 167-G desta Constituição.
(CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988, ART. 49)
 
Foto: Shutterstock.com
Além dessas hipóteses, o art. 62, § 3º da CF/1988 estabelece que os efeitos decorrentes da
medida provisória não convertida em lei devem ser reguladas por decreto legislativo.
Art. 63, § 3º da CF/1988: As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12,
perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias,
prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período, devendo o Congresso Nacional
disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes; 
(CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988, ART. 63)
Em relação ao trâmite processual, a iniciativa, em alguns casos, é do Presidente da República
ou de membro ou comissão do Congresso Nacional. O quórum para aprovação é de maioria
relativa, conforme a regra do art. 47 da CF/1988. Não há previsão de sanção já que essa
norma é um instrumento de veiculação de competência deliberativa do Congresso. A
promulgação e publicação é feita pelo Presidente do Congresso (Presidente do Senado
Federal).
RESOLUÇÕES
As resoluções são normas primárias elaboradas pelas casas do Congresso Nacional, em
isolado ou conjunto, para regulamentar matérias de sua competência pelos regimentos
internos, como as matérias estabelecidas nos seguintes artigos:
ART. 68, § 2º DA CF/1988
A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do Congresso Nacional,
que especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício;
ART. 155, § 2º, IV DA CF/1988
[...] resolução do Senado Federal, de iniciativa do Presidente da República ou de um terço dos
Senadores, aprovada pela maioria absoluta de seus membros, estabelecerá as alíquotas
aplicáveis às operações e prestações, interestaduais e de exportação;
ART. 155, § 2º, V, “A” DA CF/1988
[...] estabelecer alíquotas mínimas nas operações internas, mediante resolução de iniciativa de
um terço e aprovada pela maioria absoluta de seus membros.
Em relação ao trâmite processual, a iniciativa é cabível a qualquer membro do Congresso
Nacional. Já a votação e a discussão devem ser feitas na casa que expedir a resolução de
modo unicameral ou bicameral quando referir-se ao Congresso. De acordo com o art. 47 da
CF/1988, a aprovação será feita pela maioria relativa. A promulgação deverá ser feita pela
casa que expediu a resolução ou pela Mesa do Senado Federal, nos casos em que a resolução
se referirao Congresso Nacional. A publicação é determinada pela casa que expediu a
resolução.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. SUBSTITUTA DO DECRETO-LEI, A MEDIDA PROVISÓRIA,
ESTABELECIDA NO ART. 62 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, POSSUI
DIVERSAS DIFERENÇAS DAS OUTRAS ESPÉCIES NORMATIVAS. ALÉM
DE TER APENAS UM LEGITIMADO, A REFERIDA NORMA PRECISA
PREENCHER PRESSUPOSTOS CONSTITUCIONAIS (RELEVÂNCIA E
URGÊNCIA) PARA POSSUIR EFICÁCIA DESDE SUA EDIÇÃO. EM
RELAÇÃO AO PROCESSO E CARACTERÍSTICAS DA REFERIDA
NORMAL, ASSINALE A AFIRMATIVA CORRETA:
A) É permitido que o Presidente da República legisle, por meio da MP, normas sobre direito
processual penal.
B) A MP terá o prazo de duração de 60 (sessenta) dias, improrrogável.
C) A MP perderá a sua eficácia caso não seja convertida em lei no prazo constitucional.
D) Se a medida provisória não for apreciada em 45 (quarenta e cinco) dias, ela entrará em
regime de urgência em cada casa do Congresso Nacional.
E) É permitida a reedição da medida provisória na mesma sessão legislativa, nas hipóteses de
ter sido rejeitada pelo Congresso Nacional ou ter perdido a sua eficácia dentro do decurso de
prazo.
2. CONSIDERE QUE O PRESIDENTE DA REPÚBLICA DO BRASIL TENHA
EDITADO LEI DELEGADA SOBRE MATÉRIA DIVERSA ATRIBUÍDA PELO
CONGRESSO NACIONAL. NESSE CASO,
A) o Senado Federal deverá ingressar com Ação Direta de Inconstitucionalidade no Supremo
Tribunal Federal, com o pedido de inconstitucionalidade total da lei.
B) o Congresso Nacional deverá ingressar com Arguição de Descumprimento de Preceito
Fundamental no Supremo Tribunal Federal, com o pedido de inconstitucionalidade da lei.
C) a Câmara dos Deputados deverá ingressar com Mandado de Segurança repressivo no
Supremo Tribunal Federal, com a prejudicial de inconstitucionalidade da lei.
D) o Congresso Nacional deverá sustar o ato normativo, por meio de decreto legislativo.
E) o Senado Federal deverá sustar o ato normativo, por meio de decreto legislativo.
GABARITO
1. Substituta do decreto-lei, a medida provisória, estabelecida no art. 62 da Constituição
Federal, possui diversas diferenças das outras espécies normativas. Além de ter apenas
um legitimado, a referida norma precisa preencher pressupostos constitucionais
(relevância e urgência) para possuir eficácia desde sua edição. Em relação ao processo
e características da referida normal, assinale a afirmativa correta:
A alternativa "C " está correta.
 
De acordo com o art. 62, § 3º da Constituição Federal, as medidas provisórias perderão
eficácia, desde sua edição, se não forem convertidas em lei dentro do prazo de 60 (sessenta)
dias, prorrogável por igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por meio de
decreto legislativo, as relações jurídicas decorrentes da MP.
2. Considere que o Presidente da República do Brasil tenha editado lei delegada sobre
matéria diversa atribuída pelo Congresso Nacional. Nesse caso,
A alternativa "D " está correta.
 
De acordo com o art. 49, V da Constituição Federal, cabe exclusivamente ao Congresso
Nacional a sustação de atos normativos emanados pelo Poder Executivo que exorbitem dos
limites de delegação legislativa. No caso mencionado, o Chefe do Executivo elaborou a lei
delegada além do limite fixado na resolução do Congresso. Nesse caso, cabe ao Congresso,
por meio do decreto legislativo, sustar o ato presidencial.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como vimos, o processo legislativo compreende regras estabelecidas pela Constituição
Federal para a elaboração das normas primárias.
Para reformar a Constituição, o Poder Constituinte Originário estabeleceu algumas limitações
ao Poder Constituinte Reformador. Nesse processo de emenda à Constituição, os
parlamentares deverão atentar-se a limitações que regulam o processo, que estabelecem
matérias que não podem ser abolidas (cláusulas pétreas) e situações em que a Constituição
não pode ser emendada.
Além das emendas, os parlamentares poderão estabelecer direitos e deveres a população
brasileira por intermédio de outras normas. Pelas leis complementares e ordinárias, o Poder
Legislativo poderá editar normas que atendam aos interesses públicos. Por meio das leis
delegadas e medidas provisórias, o Presidente da República, atuando em função atípica,
poderá editar normas para, por exemplo, lhe auxiliar em suas políticas públicas de interesse ao
coletivo. Por fim, as resoluções e decretos legislativos servirão como instrumentos normativos
para regulamentar situações específicas atribuídas às casas ou ao próprio Congresso
Nacional.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 27. ed. São Paulo: Malheiros, 2011.
BONAVIDES, Paulo. Do Estado liberal ao Estado Social. 8. ed. São Paulo: Malheiros, 2007.
LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional. 11. ed. Salvador: Juspodivm, 2016.
TEMER, Michel. Elementos de direito constitucional. 16. ed. São Paulo: Malheiros, 2000.
EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos explorados neste conteúdo:
Pesquise o artigo científico O poder da caneta: a Medida Provisória no processo
legislativo estadual e veja como Paolo Ricci e Fabrício Tomio abordam as consequências
jurídicas, ou a falta delas, das medidas provisórias dos Estados-membros.
Pesquise o artigo científico 30 anos de Constituição, 30 anos de reforma constitucional e
veja como Antônio Moreira Maués aborda os conflitos que se manifestam por meio das
constantes alterações do Texto Constitucional.
Pesquise no YouTube e confira como foram feitos os trabalhos da Comissão de
Constituição e Justiça na PEC 50/2016 (realização de manifestações culturais
registradas como patrimônio cultural).
CONTEUDISTA
Marcílio da Silva Ferreira Filho

Continue navegando