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Desenvolvimento e Comportamento Motor Professora Mestra Juliana Montenegro Seron Diretor Geral Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino e Pós-graduação Daniel de Lima Diretor Administrativo Eduardo Santini Coordenador NEAD - Núcleo de Educação a Distância Jorge Van Dal Coordenador do Núcleo de Pesquisa Victor Biazon Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Projeto Gráfico e Editoração André Oliveira Vaz Revisão Textual Kauê Berto Web Designer Thiago Azenha UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Candido Berthier Fortes, 2177, Centro Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rua Pernambuco, 1.169, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 4 BR-376 , km 102, Saída para Nova Londrina Paranavaí-PR (44) 3045 9898 www.fatecie.edu.br As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site ShutterStock FICHA CATALOGRÁFICA FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS DO NORTE DO PARANÁ. Núcleo de Educação a Distância; SERON, Juliana Montenegro. Desenvolvimento e Comportamento Motor. Juliana Montenegro Seron. Paranavaí - PR.: Fatecie, 2020. 131 p. Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Zineide Pereira dos Santos. AUTORA Professora Mestra Juliana Montenegro Seron ● Mestre em Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá; ● Licenciada em Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá; ● Professora de Pós-Graduação pelo Grupo Rhema de Educação; ● Professora de Educação Física do Ensino Médio – Colégio Axia; ● Docente do Curso de Design Gráfico pelo UniFCV – Centro Universitário Cidade Verde; ● Gestora Educacional pelo Colégio Axia; ● Palestrante; ● Coaching Educacional; ● Coordenadora do curso de Educação Física na modalidade EAD pelo UniFCV – Centro Universitário Cidade Verde; Experiência com formação de professores, atua com cursos de capacitação do- cente e assessoria educacional. Trabalha com organização de eventos. Atua em cursos e palestras online. Link do lattes: http://lattes.cnpq.br/3070192956405562 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Seja muito bem-vindo(a)! Se você se interessou pelo tema que iremos trabalhar nessa disciplina, já estamos nos entendendo. Começamos o processo de aprendizagem que tem tudo para render bons frutos. Estamos iniciando nossa jornada rumo ao fantástico universo do desenvolvimento humano, e vamos juntos conhecer cada etapa e adquirir muito conhecimento sobre o as- sunto. A partir de agora teremos um combinado que vai durar o tempo que estivermos aprendendo juntos sobre Desenvolvimento e Comportamento motor. Vamos nos enveredar pelos caminhos das aprendizagens motoras do ser humano, começando desde antes do nascimento, e só vamos parar lá na velhice. Na verdade, o movimento perpassa toda a vida humana, desde a concepção até a morte, e vamos explorar tudo isso de maneira intensa e, na medida do possível, leve. ● Na Unidade I vamos conhecer os conceitos básicos do desenvolvimento hu- mano e compreender o desenvolvimento motor e suas especificidades. Vamos conhecer modelos de desenvolvimento humano, bem como os aspectos que afetam as aprendizagens motoras. Para terminar a unidade iremos nos encan- tar pela famosa ampulheta proposta por Gallahue e Ozmun num livro que é considerado a “bíblia” do desenvolvimento motor. Ficou curioso(a)? ● Já na Unidade II começaremos a desvendar cada uma das etapas do desen- volvimento motor. Na verdade, vamos começar desde antes do nascimento, conhecendo aspectos que o afetam e que podem ocorrer mesmo antes de nas- cer. Incrível não?! Vamos conhecer como acontece o crescimento pré-natal e infantil e tratar de duas etapas: a dos movimentos reflexos e a dos movimentos rudimentares. Partindo sempre de reflexões e questionamentos pertinentes e que te motivem a querer aprender mais. ● Na sequência, na Unidade III, falaremos a respeito da infância, como uma fase essencial de aquisições de habilidades motoras. Tantas aprendizagens aconte- cem neste período. Vamos explorar a fase das habilidades motoras fundamen- tais, o próprio nome já nos diz o quão importante é essa etapa. Em seguida iremos conhecer aspectos da famigerada e tão maltratada adolescência, que, com todas as suas peculiaridades, é a fase das habilidades motoras especiali- zadas e muito se tem para aprender sobre esse período. ● Em nossa Unidade IV vamos finalizar o conteúdo dessa disciplina com a fase adulta e a velhice. Faremos um passeio pelo desenvolvimento humano, es- pecificamente falando da motricidade, dos 25 até os 59 anos, num primeiro momento, e depois a partir dos 60 anos. Estou, a partir de agora, intimando você a se apaixonar e aprender muito comigo sobre um dos temas mais importantes para quem trabalha com seres humanos. Posso garantir que seus esforços para aprender e estudar tudo o que esse material oferecer não serão em vão. Você sempre vai lembrar das aprendizagens que venha a adquirir nesta disciplina. Espero que você aproveite cada linha desta apostila e cada vídeo deste material, devorando o conhecimento que ele fornece. Que esta disciplina contribua para seu cres- cimento pessoal e profissional. E lembre-se: sempre que sentir necessidade revisite suas anotações e o material desta aula. Gratidão sempre e excelente percurso! SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 7 Plano de Conhecimento UNIDADE II ................................................................................................... 42 Primeira Infância UNIDADE III .................................................................................................. 72 Infância e Adolescência UNIDADE IV ................................................................................................ 102 Idade Adulta e o seu Desenvolvimento 7 Plano de Estudo: ● Introdução e conceitos; ● Compreendendo o desenvolvimento motor; ● Modelos de desenvolvimento humano; ● Fatores que afetam o desenvolvimento motor; ● Explanação do modelo teórico do desenvolvimento motor. Objetivos de Aprendizagem: ● Conceituar e contextualizar os principais termos utilizados que permeiam o desenvolvimento motor; ● Compreender o desenvolvimento motor a partir de diferentes referenciais teóricos; ● Conhecer os fatores que interferem no desenvolvimento motor típico considerando suas etapas. UNIDADE I Plano de Conhecimento Professora Mestra Juliana Montenegro Seron 8UNIDADE I Plano de Conhecimento INTRODUÇÃO Olá, caro(a) aluno(a). Daremos início à primeira unidade da disciplina de Desenvol- vimento e Comportamento Motor. Nesse momento serão trabalhados alguns conceitos básicos que envolvem os diversos assuntos relacionados ao desenvolvimento e ao comportamento motor, neces- sários para que você possa estudar os próximos assuntos e aprender sobre aspectos do desenvolvimento humano. Para que você se torne o profissional que atue de maneira eficaz é necessário conhecer cada uma das etapas do desenvolvimento e os diversos aspectos que fazem parte de cada uma delas. Depois que conhecer alguns termos que iremos utilizar durante toda disciplina, você irá compreender o desenvolvimento motor, suas características e particularidades. Em seguida, aprenderá que existem diferentes modelos teóricos de desenvolvimento motor e, a partir de alguns referenciais teóricos selecionados, observará possibilidades de trabalho para o profissional da Educação Física. Vale lembrar que o desenvolvimento humano não é linear nem tampouco fixo, ou seja, sofre a influência de diversos aspectos e pode ser diferente de uma pessoa para outra, o que justifica a necessidade de que você conheça alguns modelos teóricos de desenvolvimento motor, buscando autores que estudam o assunto em suas pesquisas. Diante disso, ao término da unidade você irá conhecer os aspectosque podem interferir no desenvolvimento humano. Costumeiramente usamos para designar desenvolvimento motor os termos típico – quando as aprendizagens motoras estão acontecendo conforme o esperado para determinada idade; e atípico – quando algo nas ações motoras de um ser humano não acontece de acordo com o esperado e este demonstra não estar desen- volvendo as habilidades motoras de acordo com as tabelas de referência. Considerando o exposto, finalizo a unidade explicando um modelo teórico de desenvolvimento motor. Espero ter instigado sua curiosidade. A partir de agora te convido a ficar cada vez mais intrigado e entendido do assunto. Bons estudos! 9UNIDADE I Plano de Conhecimento 1 INTRODUÇÃO E CONCEITOS Neste tópico inicial você irá conhecer termos que serão utilizados durante toda a disciplina. É fundamental que, sempre que necessário, esta unidade seja retomada. Se achar melhor, monte uma tabela ou mapa mental desses termos para tê-los sempre à mão. São conceitos que fazem parte dos estudos em desenvolvimento humano e que dialogam, ou seja, existe uma relação entre eles, mas cada um tem aspectos específicos, que preci- sam ser conhecidos por você. Por isso recomendo que, ao estudar o tópico, vá montando anotações e recorra a elas sempre que precisar. 1.1 Desenvolvimento, Maturação, Crescimento, Aprendizagem e outros Termos Neste tópico você irá conhecer termos e conceitos que serão utilizados de maneira recorrente na disciplina e na sua atuação como profissional da Educação Física. Para tanto, o embasamento teórico se deu em Gallahue e Ozmun (2013); Tani (2008); Fonseca (2008); Magill (2000) e Haywood e Getchell (2016). O desenvolvimento é entendido como o conjunto de processos de natureza biológica que representa as transformações que ocorrem em um organismo no decorrer da vida. Em se tratando de desenvolvimento humano, tal processo está relacionado a aspectos de ordem psíquica, também é fruto das frequentes relações e interações sociais que constrói, estabelece e promove no decorrer de sua vida. Sendo assim, em nós, seres humanos, o desenvolvimento abrange diversos aspectos, sendo: sociológico, biológico e 10UNIDADE I Plano de Conhecimento psicológico. Considerando que tais dimensões funcionam de maneira interativa, formando o ser humano de maneira integral, temos complexidade e individualidade no mesmo ser. Ao tratarmos do desenvolvimento motor, falamos do conjunto de modificações no comportamento, nas ações motoras, de acordo com a idade. Constitui um processo complexo de alterações que, interligadas, envolvem aspectos de crescimento maturação de sistemas e aparelhos do corpo humano. O desenvolvimento motor tem início na concepção, se estende por toda a vida e termina ao morrer. Por crescimento entende-se o conjunto de modificações morfológicas do ser humano nos aspectos corporais, como composição e proporção dos segmentos, resulta da mensuração das transformações de hipertrofia – aumento de massa muscular – e de hiperplasia – aumento do número de células em órgãos ou tecidos. O crescimento é um processo permeado por mudanças hormonais complexas, manifestado em períodos mais e menos intensos. Portanto, não é um percurso linear e acaba por ser assimétrico, com momentos de maior ou menor estabilidade. Gallahue e Ozmun (2013, p. 30), na obra, considerada a “bíblia” do desenvolvimen- to motor, de título Compreendendo o desenvolvimento motor, apresentam as seguintes concepções (caro(a) aluno(a), recomendo que você grave este nome, será uma referência fundamental na sua área). Os termos crescimento e desenvolvimento são usados com frequência como sinônimos, mas há diferença de ênfase. No seu sentido mais puro, o crescimento físico refere-se ao aumento do tamanho do corpo do indivíduo ou de suas partes durante a maturação. Em outras palavras, crescimento físico é o aumento na estrutura do corpo provocado pela multiplicação ou aumento das células. No entanto, o termo crescimento muitas vezes é usado para se referir à totalidade das mudanças físicas e, assim, torna-se mais inclusivo, assumindo o mesmo sentido de desenvolvimento. [...] o desenvolvimento, no seu sentido mais puro, refere-se a mudanças no nível de funcionamento do indivíduo ao longo do tempo. [...] embora o desenvolvimento seja visto mais como o surgimento e a ampliação da capacidade de funcionar em um nível elevado, temos de reconhecer que o conceito de desenvolvimento é muito mais amplo e que ele é um processo cuja duração se estende pela vida inteira. A maturação é uma concepção estritamente biológica, expressa por um conjunto de modificações fisiológicas determinadas pelas especificidades genéticas. Apesar de en- contrar o seu sentido de forma mais ampla e até mesmo como sinônimo de desenvolvimen- to, ou algumas vezes de aprendizagem, optamos por estabelecer maturação no patamar dos processos internos que geram alterações morfológicas ou do que tange ao potencial de aprendizagem e desenvolvimento do ser humano. Sobre maturação, Gallahue e Ozmun (2013, p. 30) apresentam que 11UNIDADE I Plano de Conhecimento refere-se a mudanças qualitativas, que permitem a progressão até níveis mais elevados de funcionamento. Quando vista a partir de uma perspectiva biológica, a maturação é primordialmente inata; ou seja, é determinada ge- neticamente e resistente a influências externas ou ambientais. A maturação é caracterizada por uma ordem de progressão fixa, em que o ritmo pode variar, mas a sequência de surgimento das características, em geral, não varia. Ao tratarmos de maturação nos referimos aos processos específicos que ocorrem em sistemas, como nervoso, ósseo, entre outros. Mesmo que possamos olhar aspectos maturacionais de cada um desses sistemas, é fato que existem entre eles uma espécie de comunicação expressa num mecanismo de regulação em conjunto, o que faz com que o organismo funcione de maneira harmônica. Segundo Haywood (2016, p. 21) Maturação denota o progresso em direção à maturidade física, ao estado de integração funcional ideal dos sistemas corporais de um indivíduo e à capacidade de reprodução. já o desenvolvimento continua o mesmo depois que se atinge a maturidade física. As mudanças fisiológicas não param ao final do período de crescimento físico: elas ocorrem durante toda a vida. Aspectos maturacionais são essenciais para o desenvolvimento motor e interferem nas aprendizagens das pessoas, ou seja, caso uma criança, adolescente ou adulto não esteja com seus sistemas “maduros” para desenvolver determinada habilidade ou compe- tência, e isso está intimamente relacionado com a idade, ela pode não ocorrer. O que quero dizer com isso, aluno(a)? Pense na aprendizagem do andar pela criança, que acontece por volta dos 12 meses de vida. Pois bem, se não há minimamente a maturação dos sistemas nervoso, ósseo e muscular, a criança vai conseguir aprender a andar? Reflita sobre a situação por alguns instantes antes de continuar seus estudos... Mas vamos deixar claro que o desenvolvimento humano não depende exclusiva- mente da maturação, apesar de existirem linhas teóricas que defendem tal premissa. Neste material vamos trabalhar com a ideia de que para que o desenvolvimento ocorra de maneira saudável é necessário um conjunto de aspectos, entre esses a aprendizagem. Aprendizagem é entendida como o conjunto de adequações e ajustes da resposta a partir de uma vivência, que envolvem estruturas de tomada de decisão superiores. Consti- tui-se em processos de mudanças comportamentais derivados de experiências construídas em aspectos sócio afetivos, emocionais, neurológicos, ambientais e relacionais. Nesse sentido, a aprendizagem motora é o conjunto de processos motores e cognitivos relacionados às ações e à prática, e que acabam por modificar o comportamento motor. A aprendizagem motora vai estudar o desenvolvimento de aquisições motoras no decorrer da vida,quando, por exemplo, uma criança passa do não saber andar de bicicleta 12UNIDADE I Plano de Conhecimento para o conseguir realizar tal ação motora com destreza e segurança e de que maneira todo o processo acontece. Nesta perspectiva serão estudados os aspectos que interferem na aquisição das habilidades motoras, bem como os mecanismos que atuam nas alterações do comportamento motor. De acordo com Gallahue e Ozmun (2013, p. 32), “aprendizado motor portanto, é o aspecto do aprendizado em que o movimento desempenha a principal parte. O aprendizado motor é uma mudança relativamente permanente no comportamento motor, resultando da prática ou da experiência passada”. Por controle motor entende-se os movimentos realizados e controlados, ou seja, os que são intencionais. Nesse caso são controlados voluntariamente pelo Sistema Nervoso Central e trabalham de maneira coordenada do sistema muscular e ósseo, numa relação entre sistema sensorial, meio ambiente e movimentos corporais. Para Gallahue e Ozmun (2013, p. 33) “é o aspecto do aprendizado e do desenvolvimento motor que lida com o estudo dos mecanismos neurais e físicos subjacentes ao movimento humano”. O termo comportamento motor refere-se às alterações no controle e no desen- volvimento motor e contempla aspectos de aprendizagem e dos processos maturativos relacionando a performance na realização dos movimentos corporais. Sendo assim, o comportamento motor estuda aprendizagem, controle e desenvolvimento motor. Estudando de que maneiras os movimentos são apreendidos, bem como as alterações sofridas no decorrer da vida em resposta aos fatores internos e externos. Por habilidade motora entende-se a execução de uma ação motora que tenha um objetivo específico e, para tal, requer a realização de movimentos voluntários do corpo ou de membros, quais sejam: andar, correr, saltar, tocar um instrumento, entre outros. São os movimentos voluntários realizados pelo corpo para executar determinada tarefa. O termo movimento diz respeito às mudanças que observamos nas posições dos segmentos corporais, que culminam de atos motores subjacentes. E para terminar nosso glossário de verbetes fundamentais da disciplina vamos falar de experiência, entendida como aspectos ambientais que possibilitam a alteração do desenvolvimento no decorrer do processo de aprendizagem. As vivências da criança podem interferir no ritmo dos padrões de comportamento motor que surgem. Por isso é essencial que o ambiente seja saudável e que os estímulos proporcionados às pessoas sejam coerentes com as etapas de desenvolvimento, respeitem os níveis maturacionais e os interesses de acordo com a faixa etária. 13UNIDADE I Plano de Conhecimento Ao iniciarmos esta unidade fiz uma sugestão que retomo agora, se, por acaso, você não fez. Agora que estudou diversos termos que serão utilizados no decorrer da disciplina, e bem provavelmente durante o curso, bem como em sua atuação profissional, monte uma tabela ou mapa mental do que foi trabalhado. Sempre que precisar ou tiver dúvida em relação a um desses verbetes recorra às suas anotações. 14UNIDADE I Plano de Conhecimento 2 COMPREENDENDO O DESENVOLVIMENTO MOTOR No presente tópico iremos tratar do desenvolvimento motor: noções básicas e conceituais, aspectos históricos, métodos de estudo do desenvolvimento – longitudinal, transversal e longitudinal misto. Neste momento buscamos um aporte teórico essencial para construção dos saberes da disciplina e que irão contribuir de maneira significativa para as próximas unidades e para a sua formação profissional. 2.1 Noções Básicas e Conceituais Antes de mais nada, pense por alguns instantes na importância dos movimentos para a vida das pessoas. Isso mesmo... Pense no cotidiano das pessoas e o quanto o movimento corporal é fundamental para realização das inúmeras tarefas que executamos. Na verdade, tudo o que fazemos depende e envolve ações motoras, desde mo- vimentos involuntários, como as batidas do coração ou a respiração, até os intencionais, como caminhar, digitar e tantos outros que executamos o tempo todo. Por isso entender a maneira como tais movimentos são realizados, compreender o controle motor e aspectos de coordenação, realização de movimentos e de desenvolvimen- to é fundamental para entendermos a vida humana. Ao conhecer o processo de desenvolvimento motor típico – quando se dá de ma- neira saudável e de acordo com o esperado para a idade, sem intercorrências – somos capazes de proporcionar estímulos adequados e orientações essenciais para que o ensi- no-aprendizagem ocorra de maneira eficaz. 15UNIDADE I Plano de Conhecimento O que isso quer dizer na prática? Quando os profissionais da Educação, da Educa- ção Física e até mesmo pais e responsáveis compreendem aspectos do desenvolvimento, estão aptos a selecionar estratégias, técnicas e atividades condizentes com as necessi- dades de desenvolvimento do aluno, o que os permite construir o planejamento de ensino pautado em referenciais que estudam o ser humano com base em suas especificidades, respeitando cada etapa de aprendizagem. O resultado são aulas mais significativas para o grupo, mais relevantes e que realmente desenvolvem habilidades essenciais para deter- minada faixa etária e promovem aprendizagens que serão importantes para os próximos conteúdos a serem aprendidos. Você pode estar se perguntando, mas e aquelas pessoas que têm desenvolvi- mento atípico, como crianças com transtornos do neurodesenvolvimento: Autismo, TDAH, Deficiência Intelectual; ou transtornos específicos de aprendizagem: Dislexia, Disortografia, Disgrafia, entre outros? De que serve conhecer aspectos e tabelas de referência de desen- volvimento motor? Pois bem, para essas pessoas, entender de desenvolvimento motor pelos profis- sionais que os atendem fornece um suporte consistente que contribui na intervenção, no processo terapêutico e na prescrição da medicação. Compreender os processos de desenvolvimento humano é necessário em diversos contextos da sua atuação profissional, quais sejam: escola, treinamento desportivo, acade- mia, clínica, entre outros. Leia com atenção o que Gallahue e Ozmun (2013, p. 21) dizem sobre o assunto Sem noções sólidas sobre os aspectos do desenvolvimento do comporta- mento humano, podemos apenas intuir técnicas educativas e procedimento de intervenção apropriados. As instruções com base no desenvolvimento envolvem experiências de aprendizado que são não apenas adequadas à idade, mas também apropriadas e divertidas em termos de desenvolvimento. O fornecimento de instruções é um aspecto importante do processo ensi- no-aprendizado. As instruções, entretanto, não explicam o aprendizado; o desenvolvimento, sim. E aí? Percebeu a importância de conhecer o desenvolvimento para intervir de maneira consistente e responsável? Sendo assim, podemos continuar nossos estudos... Gostaria de esclarecer que para montagem deste material utilizei referenciais teó- ricos significativos sobre o tema, mas que não se configuram como verdades absolutas, pode ser que em suas pesquisas e estudos posteriores você encontre outras perspectivas e diferentes abordagens e linhas teóricas. Permita-se o debate entre os diferentes olhares e possibilite o diálogo e não o enfrentamento das teorias. 16UNIDADE I Plano de Conhecimento Feitos os devidos esclarecimentos, vou apresentar um esquema construído por David Gallahue e Ozmun (vai aparecer muitas vezes por aqui...) que consiste numa visão transacional sobre as causas do desenvolvimento motor. Neste momento gostaria que você observasse a imagem e buscasse exemplos do cotidiano que explicitem cada um dos fatores. Faça a tentativa! Figura 1 - Visão tradicional da relação causal no desenvolvimento motor Fonte: Gallahue e Ozmun (2013, p. 22). A Figura 1 mostra os diversos aspectos que atuam no desenvolvimento motordo ser humano e representam a maneira como estão interligados. Justamente por isso que o profissional da Educação Física deve estar atento às condições para o desenvolvimento dos seus alunos, lembrando sempre que para que uma aprendizagem aconteça deve estar em condições favoráveis: individuais, ambientais e da tarefa, como apresenta a figura. Para vencer a relação dicotômica que existe entre os aspectos biológicos e os ambientais a fim de compreender o desenvolvimento motor, Manoel (2008, p. 34) esclarece que [...] o desenvolvimento motor, nos últimos anos, é visto como um processo que envolve a emergência, a aquisição e o aperfeiçoamento de funções e ha- bilidades a partir de um script que vai sendo escrito ao longo da experiência. A extensão do script, a gramática sobre a qual ele opera, é predeterminada pela nossa natureza (biológica) humana. 17UNIDADE I Plano de Conhecimento É fundamental estudarmos o desenvolvimento como um processo contínuo que começa ao nascer e se estende durante toda a vida, terminando com a morte. Por isso devemos estudar o desenvolvimento em todas as idades, pensando que ocorre no decorrer da vida e que as aquisições e aprendizagens são progressivas e contínuas, ou seja, elas acontecem do mais simples para o mais complexo e dependem de aprendizagens anterio- res para que possam evoluir. Ficou confuso? Exemplifico para esclarecer... Para aprender a correr, a criança deve primeiro andar, para andar deve aprender a ficar em pé, em equilíbrio, e assim sucessivamente. De acordo com Gallahue e Ozmun (2013, p. 23), O processo de desenvolvimento, e, de modo mais específico, o processo de desenvolvimento motor, deve nos fazer lembrar constantemente da indivi- dualidade do aprendiz. Cada indivíduo tem um cronograma singular para a aquisição das capacidades de movimento e das habilidades de movimento. Embora o “relógio biológico” do indivíduo seja bem específico, quando se trata da sequência de aquisição das habilidades de movimento (maturação), a taxa e a extensão do desenvolvimento são determinadas individualmente (experiência) e sofrem drástica influência das demandas de performance das tarefas. Sobre o desenvolvimento motor Haywood (2016, p. 4-5) aponta que deriva de diversos aspectos e os aponta ao afirmar que Primeiro, é um processo contínuo de mudanças na capacidade funcional. pense na capacidade funcional como a capacidade de existir - viver, mover- -se e trabalhar - no mundo real. Esse é um processo cumulativo, em que os organismos vivos estão sempre em desenvolvimento, mas a quantidade de mudanças pode ser mais ou menos observável ao longo da vida. Segundo, o desenvolvimento está relacionado à idade (apesar de não depender dela). À medida que a idade avança, o desenvolvimento ocorre. Todavia, ele pode ser mais rápido ou mais lento em diferentes períodos, e suas taxas podem diferir entre pessoas da mesma idade. Cada indivíduo não necessariamente avança em idade e desenvolvimento na mesma proporção. Além disso, o desenvolvimento não para em uma idade em particular, mas continua ao longo da vida. Terceiro, o desenvolvimento envolve mudanças sequenciais. Um passo leva ao passo seguinte, de maneira irreversível e ordenada. essa mudança é resultado de interações internas do indivíduo e de interações entre o sujeito e o ambiente. Todos os componentes de uma espécie passam por padrões previsíveis de desenvolvimento, mas o resultado é sempre um grupo de indivíduos únicos. Ainda sobre desenvolvimento motor, temos um pesquisador da área da Educação Física, com uma abordagem inicialmente desenvolvimentista, Tani (2008, p. 317), que con- sidera como ótimo o desenvolvimento motor que implica no [...] aumento da diversificação e complexidade do comportamento motor. Entende-se por aumento de diversificação o aumento na quantidade de elementos do comportamento e por aumento de complexidade, o aumento de interação entre os elementos de comportamento. 18UNIDADE I Plano de Conhecimento No próximo tópico iremos conhecer, de maneira sucinta, os principais aspectos históricos que permeiam os estudos de desenvolvimento motor. Tais informações irão con- tribuir de maneira significativa para compreender a importância de estudar o tema na sua atuação profissional. O desenvolvimento motor transversaliza o trabalho do profissional de Educação Física, tendo em vista que o seu objeto de estudo é o corpo em movimento. 2.2 Aspectos Históricos Os primeiros estudos que tematizam o desenvolvimento motor partiram do princípio da maturação e foram encabeçados por Arnold Gesell (1928) e Myrtle McGraw (1935). Os pesquisadores defendiam a ideia de que “o desenvolvimento é função de processos biológicos inatos, que resultam em uma sequência universal de aquisição das habilidades de movimento pelo bebê” (GALLAHUE; OZMUN, 2013, p. 23). Além disso, partiam do pres- suposto de que o ambiente influencia o desenvolvimento, mas que de temporariamente, tendo em vista que os aspectos genéticos se sobrepunham aos fatores ambientais. No final do século XIX aconteceram alguns estudos sobre a aprendizagem motora e, nesse momento, foram impulsionados pela Psicologia, com os pesquisadores Bryan e Harter (1897), ao tratar da aquisição de habilidades de manejo do código Morse. Posterior- mente por Woodsworth (1899), com base na análise da relação entre precisão e velocidade nos movimentos das mãos. Franklin M. Henry (1964), a partir da psicologia experimental, considerado um dos principais pesquisadores das habilidades motoras, propõe estudos da coordenação motora ampla, observando ações motoras realizadas por todo o corpo em situações de jogos e ginásios. Henry teve como discípulos nas décadas de 70 e 80 Dick Schmidt e Craig Wrisberg, haja vista que Henry influenciou diretamente as áreas da Educação Física e da Cinesiologia – ciência que analisa os movimentos corporais. Após a segunda guerra mundial surgiram novos estudos sobre o desenvolvimento motor, por pesquisadores da área da Educação Física que trabalharam com as potenciali- dades da performance motora em crianças. Diferente de Gesell e McGraw, que trabalharam mais com bebês, Espenschade, Glassow e Rarick (1981) concentraram suas investigações em crianças em idade escolar. Depois da década de 60, os estudos acerca do desenvolvimento motor foram am- pliando. Estudantes e pesquisadores se propuseram a investigar a aquisição dos padrões dos movimentos fundamentais e os meios subjacentes para tais aquisições, ou seja, quais aspectos interferem nas aprendizagens motoras. 19UNIDADE I Plano de Conhecimento De acordo com Gallahue e Ozmun (2013, p. 24), Durante as décadas de 1980 e 1990, a ênfase do estudo do desenvolvi- mento motor de novo mudou de forma drástica. Em vez de focar o produto do desenvolvimento, como nas abordagens normativas/descritivas das três décadas precedentes, os pesquisadores passaram a enfatizar outra vez a compreensão dos processos subjacentes envolvidos no desenvolvimento motor. Embora a importância fundamental da hereditariedade tivesse sido reconhecida, agora era dada uma importância complementar às condições do ambiente do aprendizado e às exigências específicas da tarefa ou ação motora. Com o surgimento de novas perspectivas e outras possibilidades de entendimento do desenvolvimento motor, os olhares para as aprendizagens foram se expandindo. Isso aconteceu também pois o desenvolvimento infantil foi sendo mais estudado e as particu- laridades da infância sendo analisadas e observadas com mais critérios. Durante muitos anos a criança era vista como um “adulto em miniatura” e bastava que ela fosse capaz de executar tarefas típicas da fase adulta para que a ela fossem dadas tarefas típicas da maturidade. Para ampliação das aprendizagens, no próximo tópico você irá conhecer alguns modelos de desenvolvimento humano a partir de diferentes referenciais teóricos,pes- quisadores que se propuseram a estudar o fenômeno do desenvolvimento humano e, a partir disso, construíram teorias consistentes sobre o desenvolvimento do ser humano em perspectivas teóricas diversas. 20UNIDADE I Plano de Conhecimento 3 MODELOS DE DESENVOLVIMENTO HUMANO Neste tópico iremos conhecer algumas teorias que tratam do desenvolvimento humano em diferentes perspectivas. A proposta aqui é promover a ampliação de ideias sobre a maneira como acontece o desenvolvimento humano a partir de diferentes referen- ciais teóricos. Vale esclarecer que foram selecionados alguns pesquisadores que podem contribuir para sua aprendizagem, o que não quer dizer que sejam os únicos. 3.1 Piaget – Teoria do Desenvolvimento Cognitivo Uma das teorias mais exploradas pela Educação, idealizada por Piaget, a Teoria do Desenvolvimento Cognitivo, está entre as mais conhecidas por pesquisadores do desen- volvimento infantil. Piaget parte do desenvolvimento cognitivo para construir uma tabela de referenciais de aprendizagem, de acordo com a faixa etária da criança. Estuda a maneira como se aprende, do nascimento até os 11 anos, principalmente, e sugere organizar em estágios, que podem ser observados na Tabela 1. Distinguindo quatro períodos de desenvolvimento cognitivo, quais sejam: sensório- -motor, pré-operatório, operatório concreto e operatório formal, Piaget afirma que o sujeito constrói esquemas de assimilação mentais para interpretar a realidade. 21UNIDADE I Plano de Conhecimento Tabela 1 - Desenvolvimento cognitivo por estágios - Jean Piaget Fonte: Gallahue e Ozmun (2013, p. 58). A aprendizagem humana acontece por meio da adaptação, complementada por processos conhecidos como acomodação e assimilação, como pode ser observado no esquema a seguir: Figura 2 - Processos do desenvolvimento cognitivo de acordo com Piaget Fonte: Gallahue e Ozmun (2013, p. 59). 22UNIDADE I Plano de Conhecimento Nesta perspectiva, Piaget (2011, p. 89) afirma que Levando em conta, então, esta interação fundamental entre fatores internos e externos, toda conduta é uma assimilação do dado a esquemas anteriores (assimilação a esquemas hereditários em graus diversos de profundidade) e toda conduta é, ao mesmo tempo, acomodação destes esquemas a situação atual. Daí resulta que a teoria do desenvolvimento apela, necessariamente, para a noção de equilíbrio entre os fatores internos e externos ou, mais em geral, entre a assimilação e a acomodação. 3.2 Erik Erikson – Teoria Psicossocial Conhecida como psicossocial, essa teoria apresenta fases-estágio para estudar o desenvolvimento humano. Embasado na experiência, Erikson defende que o desenvolvi- mento psicossocial sofre influência de aspectos motores e da educação pelo movimento no decorrer da vida, sendo o movimento o componente fundamental na relação de reciprocidade nas relações parentais. Para o autor, o contato físico e as experiências corporais oferecem suporte para o estado psíquico de confiança ou desconfiança estabelecido (GALLAHUE; OZMUN, 2013). A Tabela 2 mostra os estágios e as características da teoria proposta por Erikson. Para esse momento da sua formação, caro(a) aluno(a), este panorama é suficiente, já que a proposta aqui é apresentar teorias que possam dialogar com o desenvolvimento motor. 23UNIDADE I Plano de Conhecimento Tabela 2 - Desenvolvimento psicossocial organizado em estágios - Erikson Fonte: Gallahue e Ozmun (2013, p. 55). 24UNIDADE I Plano de Conhecimento 3.3 Arnold Gesell – Teoria da Maturação Gesell aborda na teoria da maturação do desenvolvimento e do crescimento que o aspecto principal para o desenvolvimento dos aspectos físicos e motores do comporta- mento humano é a maturação do sistema nervoso. Para o pesquisador, o desenvolvimento humano está pautado em adquirir uma gama de habilidades motoras rudimentares pelo bebê, e que essas capacidades atuam como indicadores fundamentais para o crescimento social e emocional do indivíduo. Gallahue e Ozmun (2013, p. 44) esclarecem que Gesell descreveu várias idades em que as crianças se encontram em períodos “nodais” ou então “fora de foco” em relação ao seu ambiente. O estágio nodal é um período de maturação, durante o qual a criança exibe elevado grau de domínio em situações no ambiente imediato, apresenta equilíbrio de comportamento e geralmente é agradável. Estar fora de fora é o contrário: a criança exibe um baixo grau de domínio em situações no ambiente imediato, apresenta desequilíbrio ou problemas de comportamento e geralmente é desagradável. Essa teoria atualmente não é largamente aceita, mas já serviu de base para orientar muitos estudos e pesquisas. 3.4 Freud – Teoria Psicanalítica A teoria psicanalítica proposta por Freud apresenta estágios e pode ser vista como um dos primeiros modelos do desenvolvimento humano, centrada na personalidade, trata de “estágios psicossexuais do desenvolvimento”, que [...] refletem várias zonas do corpo comas quais o indivíduo busca satisfazer o id (fonte inconsciente de motivos, desejos, paixões e busca de prazer) em determinados períodos etários gerais. O ego faz a mediação entre o com- portamento de busca do prazer do id e o superego (senso comum, razão e consciência) (GALLAHUE; OZMUN, 2013, p. 43). Freud organizou sua teoria nos seguintes estágios: oral, anal, fálico, latente e geni- tal, com base nos locais de busca de prazer do ser humano e afirma que, cada estágio está relacionado com as sensações físicas e com as atividades motoras. 3.5 Robert Havighurst – Teoria do Ambiente Essa abordagem parte do princípio de que, ao realizar uma tarefa e obter sucesso, o indivíduo fica feliz, o que garante êxito nas atividades posteriores. Caso a realização da tarefa não seja bem sucedida, o resultado será a infelicidade, desaprovação social e dificuldade. De acordo com Gallahue e Ozmun (2013, p. 62), Em cada nível do desenvolvimento, a criança encontra novas demandas sociais. Essas demandas, ou tarefas, surgem a partir de três fontes. Pri- 25UNIDADE I Plano de Conhecimento meiro, surgem da maturação física. Depois, surgem das pressões culturais da sociedade, como aprender a ler e a ser cidadão responsável. A terceira fonte de tarefas é o próprio indivíduo. As tarefas surgem da personalidade em maturação e dos valores e das aspirações próprias individuais. Para Havighurst, o professor tem papel fundamental nesse processo, pois pode planejar de maneira adequada o processo de ensino, “identificando as tarefas adequadas a determinado nível de desenvolvimento e tendo plena consciência de que o nível de pronti- dão da criança é influenciado por fatores biológicos, culturais e pessoais”, e que estes, por sua vez funcionam de maneira integrada (GALLAHUE; OZMUN, 2013, p. 62) Havighurst organizou as etapas do desenvolvimento da seguinte forma: fase do bebê e primeira infância – nascimento até 5 anos; segunda infância – 6 a 12 anos; adoles- cência – 13 a 18 anos; adultez jovem – 19 a 29 anos; meia-idade – 30 a 60 anos e terceira idade – 60 anos em diante. Segue uma tabela, trazida por Gallahue e Ozmun (2013), que apresenta os marcos do desenvolvimento a partir da teoria de Havighurst. Lembrando que as aprendizagens devem ser observadas de maneira ampla e com certa flexibilidade, haja vista que o ser humano pode apresentar alterações, considerando que o que temos em tabelas de refe- rência são aproximações convenientes e não protocolos rígidos ou enquadramentos que determinam desenvolvimento humano. Tabela 3 - Períodos do desenvolvimento de acordo com a teoria de Havighurst Fonte: Gallahue e Ozmun (2013, p. 62-63). 26UNIDADE I Plano de Conhecimento 4 FATORES QUE AFETAM O DESENVOLVIMENTO MOTOR Para começo de conversa reflita sobre as seguintes questões: ● Todas as pessoas têm as mesmas habilidades motoras desenvolvidas? ● Existem aprendizagens de movimento corporal que você consegue e outras pessoas queconhece não conseguem fazer? ● Todas as crianças aprendem as ações motoras com a mesma idade? Pois bem, acredito que suas respostas para as perguntas foram negativas, tendo em vista que, mesmo entre irmãos gêmeos univitelinos, as aquisições das habilidades motoras podem ser diferentes. O que quero dizer com isso? Que apesar de existirem referências e tabelas para o desenvolvimento humano, e para o motor também, existem aspectos que interferem e influenciam diretamente na aprendizagem humana. E o objetivo deste tópico é exatamente esse: mostrar para você quais fatores podem afetar o desenvolvimento das aprendizagens motoras. Sabendo que existem os fatores individuais, que estão relacionados a cada ser hu- mano particularmente, os fatores ambientais, que dizem respeito ao meio no qual a criança está inserida, e, por último, mas não menos importante, existem os aspectos relacionados às tarefas físicas, como questões étnicas e culturais. É imprescindível que nós, profissio- 27UNIDADE I Plano de Conhecimento nais da Educação Física possamos conhecer cada um deles, para olhar o desenvolvimento motor e todas as variáveis que interferem na evolução saudável. 4.1 Fatores Individuais Aqui tratamos dos aspectos genéticos e hereditários. Quando falamos de similari- dades, entendemos que existe uma tendência de que o desenvolvimento humano aconteça de forma ordenada e previsível, porém existem aspectos biológicos que podem alterar tal ordem e previsibilidade. A direção do desenvolvimento é um desses aspectos individuais, está relacio- nada à maturação neuromotora e à progressão cefalocaudal – controle da musculatura partindo da cabeça em direção aos pés – e proximodistal – controle da musculatura e dos movimentos, partindo do centro do corpo para as extremidades, em direção às partes mais distantes. Assim como no desenvolvimento cefalocaudal, o conceito de proximodistal aplica-se tanto aos processos do crescimento como à aquisição das habili- dades de movimento. Por exemplo, em relação ao crescimento, o tronco e a cintura escapular crescem antes dos braços e das pernas, que crescem antes dos dedos das mãos e dos pés. Na aquisição das habilidades, a criança mais nova é capaz de controlar os músculos do tronco e da cintura escapular antes dos punhos, das mãos e dos dedos. Esse princípio do desenvolvimento é usado com frequência nos primeiros anos de escola, quando são ensinados os elementos menos refinados da escrita antes do ensino dos movimentos mais refinados e complexos (GALLAHUE; OZMUN, 2013, p. 84-85). Tais aspectos se desenvolvem durante toda a vida e na velhice acontece o caminho inverso, ou seja, as ações motoras que os membros inferiores e superiores realizam tendem a perder a destreza e eficácia. Por isso é necessário que as pessoas se mantenham ativas durante toda a vida e continuem fazendo atividades físicas na terceira idade, para que não percam a capacidade de mobilidade corporal adquirida, tendo em vista que isso acontece biologicamente. Outro aspecto é a taxa de crescimento, que pode sofrer interferência quando a criança é acometida por uma doença grave que, momentaneamente, pode afetar o seu pa- drão de crescimento. Esse fator é resistente à influência externa, ou seja, mesmo que haja alteração no crescimento no indivíduo, por doença ou prematuridade, a tendência é que a criança recupere os níveis de crescimento e alcance os colegas com idade aproximada a sua. Caso ocorra a permanência no atraso de crescimento essa diferença pode afetar o desenvolvimento motor de maneira significativa e o efeito disso está relacionado ao tempo de duração e da gravidade da carência, da idade em que tal fato ocorrer e do potencial de crescimento genético do indivíduo. 28UNIDADE I Plano de Conhecimento O entrelaçamento recíproco é um aspecto do indivíduo que corresponde ao “entrelaçamento coordenado, progressivo e intrincado dos mecanismos neurais dos sistemas musculares opostos em uma relação de maturidade crescente” (GALLAHUE E OZMUN, 2013, p. 85). Está relacionado à capacidade de diferenciar e integrar mecanismos motores e sensoriais, aumentando de maneira complexa dois processos diferentes, chama- dos de diferenciação e integração. A diferenciação é relativa às ações motoras amplas que vão sendo progressiva- mente refinadas na infância e adolescência. Por exemplo, a pega de um objeto, primeiro ela é feita com a mão toda de maneira mais global e, à medida que o movimento vai sendo diferenciado, vai refinando até que a pega fica como pegamos no lápis de maneira madura, por volta dos 7 anos. O controle desses movimentos refinados se dá a partir da prática. A integração acontece quando os músculos opostos e os sistemas sensoriais intera- gem de maneira coordenada. A criança mais nova vai dos movimentos pouco coordenados e imprecisos para ações motoras definidas, maduras e orientadas. Sobre os processos de diferenciação e integração Gallahue e Ozmun (2013, p. 86) esclarecem que [...] tendem a reverter-se quando a idade avança. Conforme a pessoa en- velhece e as capacidades de movimento começam a regredir, a interação coordenada dos mecanismos sensoriais e motores frequentemente fica inibida. O grau de regressão das capacidades do movimento coordenado não é mera função da idade, mas sofre grande influência dos níveis de atividade e da atitude. Outro fator individual é a prontidão, que depende da junção de aspectos biológicos, ambientais e físicos, diz respeito a estar pronto para aprender determinada tarefa. Algumas variáveis interferem na capacidade de estar apto para aprender uma nova habilidade de movimento corporal, quais sejam, maturação psíquica e física, interação de maneira moti- vada, aprendizado de pré-requisitos e ambiente rico em estímulos. O aspecto da prontidão sofre influência direta do professor, ou seja, cabe a quem ensina observar se a criança está “madura” e já possui as aprendizagens necessárias para vivenciar um novo estímulo, que vai dar origem a uma nova habilidade. Os períodos de aprendizagem críticos e sensíveis estão relacionados à prontidão e aos momentos da vida nos quais os indivíduos estão mais suscetíveis a certos estímulos em relação a outros períodos. Por exemplo, a criança que não tem nutrição adequada ou carência de experiências motoras na primeira infância pode sofrer consequências negativas no desenvolvimento em uma idade mais avançada. 29UNIDADE I Plano de Conhecimento Existem etapas sensíveis amplamente determinadas, durante os quais as pessoas estão aptas a aprender novas tarefas de forma mais eficaz e efetiva. Vale destacar que o aprendizado acontece durante toda a vida, ou seja, é possível aprender novas habilidades motoras ou de outra natureza em qualquer momento da vida, mas existem períodos em que ocorre a aprendizagem facilitada, em que existem condições favoráveis para tal. O fator que trata das diferenças individuais está relacionado às singularidades que cada ser humano apresenta, ou seja, cada pessoa possui seu cronograma próprio de desenvolvimento, que deriva da hereditariedade somada à influência do ambiente. Mesmo que exista uma sequência para o desenvolvimento das características, o ritmo das aquisi- ções pode variar. As habilidades filogenéticas são vistas na perspectiva da maturação, surgem de forma automática e resistem às influências externas, são [...] as tarefas de manipulação rudimentares de alcançar, pegar e soltar objetos; tarefas de estabilidade para adquirir controle sobre a musculatura ampla do corpo; e as capacidades locomotoras fundamentais de caminhar, saltar e correr são exemplos do que é considerado habilidade filogenética (GALLAHUE; OZMUN, 2013, p. 88). As habilidades ontogenéticas resultam de estímulos do ambiente e de oportunida- des de aprendizagem. Exemplos como andar de bicicleta, nadar, não aparecem de maneira automática, mas devem ser aprendidosou vistos e experimentados para que possam ser aprendidos pela criança, são fortemente influenciados por aspectos culturais e ambientais. De acordo com Gallahue e Ozmun (2013, p. 88), Embora haja uma tendência biológica para o desenvolvimento de determi- nadas habilidades em função de processos filogenéticos, seria simplista pressupor que, sozinha, a maturação é responsável pelo desenvolvimento motor. A extensão ou domínio de qualquer habilidade de movimento voluntário depende, em parte, da ontogenia, ou seja, do ambiente. Em outras palavras, oportunidades de prática, estímulo e instrução, a ecologia ou condições do ambiente contribuem significativamente para o desenvolvimento das habili- dades de movimento ao longo da vida. Apesar de existirem fatores individuais, ficou bastante claro que o papel do profes- sor, dos estímulos e das vivências a serem oferecidas ao indivíduo constituem-se como essenciais na formação e no desenvolvimento das habilidades motoras. A aprendizagem depende de diversos aspectos, mas é imprescindível que seja oferecido à criança um am- biente saudável e favorável para aquisição de habilidades e competências quando se trata de movimento humano. 30UNIDADE I Plano de Conhecimento 4.2 Fatores Ambientais Quando falamos de fatores ambientais nos concentramos no comportamento das pessoas que convivem com as crianças, nas relações parentais estabelecidas e na maneira como tais relacionamentos afetam o desenvolvimento humano. A premissa básica para entendermos esse aspecto é que as crianças aprendem e passam grande parte da infância agindo por imitação. Isso mesmo, as crianças imitam muitas coisas que estão ao seu redor. O que justifica muitas vezes os pais “não saberem” a origem de determinados comportamentos, gestos ou falas de seus filhos. O fator conhecido como laços trata da interação recíproca que se estabelece entre mãe e filho, pai e filho, entre outras. Esta relação mútua pode atuar de maneira significativa no ritmo e na extensão do desenvolvimento da criança. O aspecto conhecido como estimulação e privação diz respeito ao nível de ex- periências a que o ser humano é submetido. O quanto o treinamento e a exposição a estímulos interferem no desenvolvimento de habilidades. Em contrapartida a carência e escassez de vivências pode “atrasar” tais aprendizagens. Apesar de existir um potencial biológico para que determinada habilidade seja desenvolvida, é fato que quando a criança é estimulada a experimentar diversas possibilidades de ação motora, o resultado é um repertório de habilidades e nível de destreza de acordo com o esperado para a idade ou até mesmo avançado se comparado com uma criança da mesma idade que vive em condições ambientais desfavoráveis em se tratando de estímulos ambientais. Tal aspecto é facilmente observado quando olhamos os intervalos escolares. Ve- mos meninos e meninas da mesma idade, mas com níveis de habilidades motoras bastante diversificados. 4.3 Fatores das Tarefas Físicas Neste item precisamos olhar para aspectos como: etnia, classe social, gênero, formação étnica e cultural e, sem qualquer tipo de preconceito, olhar para tais fatores como passíveis de influenciar o crescimento e o desenvolvimento motor. Vamos exemplificar de maneira simples: se pensarmos na coordenação motora óculo pedal, quem desenvolve mais facilmente? Meninos ou meninas? Pois bem, de maneira geral, por questões culturais, os meninos são orientados para o futebol e suas habilidades muito precocemente, o que interfere na aquisição e apri- moramento das habilidades. 31UNIDADE I Plano de Conhecimento Evidente que muitas afirmativas que fazíamos há algum tempo já não podem ser feitas atualmente, e assim as coisas vão sendo modificadas. Mas, como profissionais que lidam diariamente com desenvolvimento humano, é necessário refletir sobre diversas situa- ções que fazem parte do nosso cotidiano e da nossa atuação profissional. A prematuridade é um aspecto bastante observado quando vamos tratar de de- senvolvimento humano, mas especificamente das aquisições motoras. O nascimento pre- maturo pode acarretar efeitos a longo prazo e ocasionar diferenças nas aquisições motoras no decorrer da vida do indivíduo. Quando o bebê é submetido aos estímulos adequados e tem os atendimentos necessários, muitas vezes acaba progredindo de maneira satisfatória e acaba alcançando níveis de desenvolvimento de acordo com o esperado para a idade. Porém, se não houver um acompanhamento adequado e atendimento necessário, a criança pode ter seu desenvolvimento afetado. O aspecto que se refere aos transtornos de alimentação trata de situações como obesidade, compulsão alimentar, anorexia/bulimia, e entre crianças, adolescentes e adultos podem afetar de maneira acentuada o crescimento e desenvolvimento motor. A obesidade e o sobrepeso aumentam o risco do aparecimento de doenças graves, como diabetes e hipertensão e estão associadas a várias situações negativas de saúde, como colesterol elevado, problemas hormonais, entre outros. A compulsão alimentar é um transtorno no qual o indivíduo apresenta descontrole nos episódios de alimentação com intervalos e quantidades irregulares. A anorexia/bulimia é um transtorno psíquico que deriva da aversão à comida e na autoinanição, podendo resultar em atraso no desenvolvimento ou até mesmo levar à morte. O nível de aptidão física de uma pessoa afeta no desenvolvimento motor, quando falamos das condições de força, velocidade, flexibilidade, resistência, entre outras capa- cidades relacionadas ao condicionamento físico, estamos também falando do desenvolvi- mento das habilidades motoras. Quanto mais treinamos e nos exercitamos, melhores são as nossas capacidades e consequentemente melhor será nosso condicionamento físico. O aspecto que trata da biomecânica trata dos princípios mecânicos do movimento corporal, numa relação com estabilidade, locomoção e manipulação. O ser humano é capaz de movimentar-se de muitas formas, mas é importante conhecermos alguns movimentos básicos que dão suporte para que todos os outros movimentos sejam aprendidos e realiza- dos. Entre eles podemos citar o equilíbrio corporal, que dá base para muitos movimentos que realizamos. Como podemos andar se não somos capazes de manter o corpo em equilí- 32UNIDADE I Plano de Conhecimento brio, em bipedia? O equilíbrio corporal sofre a ação da gravidade sobre o corpo e a maneira como respondemos corporalmente a ela. A força em situações como aplicação e recepção está relacionada à capacidade de contração e relaxamento que permite executar diversas ações motoras e serve de pré-re- quisito para que o corpo realize e aprenda uma variedade de movimentos corporais cada vez mais complexos. 33UNIDADE I Plano de Conhecimento 5 O MODELO TEÓRICO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR Metodologicamente, o desenvolvimento motor é categorizado de acordo com a idade cronológica, por meio da distribuição em grupos a partir das faixas etárias correspondentes. Nesse sentido, Gallahue e Ozmun (2013) destacam que não são protocolos fechados, mas sim escalas de tempo aproximadas que mostram os comportamentos observáveis durante um período da vida. A vida humana tem como uma das características justamente passar por diversas transformações no seu decorrer e por diversas etapas: ovo, embrião, feto, recém-nascido, criança, adolescente, adulto, idoso. Tais fases perpassadas pelo ser humano parte do conjunto de funções básicas peculiares ao processo como um todo, que são crescimento, desenvolvimento e maturação, incorporado às dimensões cognitiva, afetiva e social. É fundamental que possamos olhar o desenvolvimento humano de maneira holística, ou seja, como um todo, no qual as dimensões cognitiva, afetiva e motora atuam e funcionam de maneira integrada, para que possamos contribuir de maneira significativa em suas apren- dizagens. Os domínios do desenvolvimentohumano não atuam de maneira isolada ou independente, mas de forma interativa. Vou exemplificar... Quando estamos emocionalmente desestabilizados nossa capacidade de aprendi- zagem, ou seja, nossa cognição, acaba sendo afetada. A condição afetiva do ser humano interfere na cognitiva e nos movimentos corporais e assim por diante. Já que mencionamos os domínios de desenvolvimento humano, vamos entender de maneira sucinta cada um deles: Domínio motor: caracteriza as estruturas para identificar os movimentos corpo- rais humanos. Atualmente, usamos o termo Psicomotor para designar esse domínio, por entender que mente e corpo são aspectos indissociáveis e se refletem nas habilidades motoras. São as transformações progressivas no comportamento motor, que ocorrem a partir de condições ambientais, interagindo com ambientes favoráveis de aprendizado. Nesse domínio estão as ações motoras básicas e fundamentais, como andar, correr, saltar, pegar, lançar etc. Além dessas, também as habilidades esportivas, laborais e específicas, como pilotar um avião. Domínio cognitivo: são as mudanças progressivas nas habilidades de pensamento, raciocínio e ação. É constituído de diversos processos mentais, tais como: atenção, concentração, memória, entre outros. 34UNIDADE I Plano de Conhecimento Domínio afetivo: diz respeito à capacidade de interação e relacionamento que o ser humano aprende no decorrer da vida. As pessoas utilizam o movimento para se relacio- narem com o mundo ao seu redor, com as pessoas, com os objetos, com a natureza. Esse domínio trata dos comportamentos sociais que são aprendidos quase em sua totalidade e podem ser melhorados. É de suma importância conhecer os domínios do desenvolvimento, tendo em vista que existe uma inter-relação entre eles. Nosso comportamento motor responde aos estímu- los decorrentes das demais dimensões do desenvolvimento humano. Quando tratamos do desenvolvimento motor, buscamos referências que possam contribuir para entender as aquisições e aprendizagens no decorrer da vida, do nascimento até a velhice. Para nos ajudar no entendimento das aprendizagens motoras, irei apresentar a famosa “ampulheta” do desenvolvimento motor, proposta por Gallahue e Ozmun (2013), que mostra as etapas distribuídas por faixa etária. A ideia é que você comece a se familiarizar com ela. Para tanto, gostaria que você observasse a imagem a seguir e pensasse por alguns instantes em crianças e adolescentes do seu convívio, se assim for possível, que estejam em cada uma das etapas. Figura 3 - Fases e estágios do desenvolvimento motor Fonte: Gallahue e Ozmun (2013, p. 69). 35UNIDADE I Plano de Conhecimento Essa ampulheta apresenta as etapas do desenvolvimento motor, que, neste mo- mento do material, serão brevemente apresentadas. Cada uma das etapas mostradas será devidamente tratada nas próximas unidades. Fique tranquilo(a), aluno(a), que ao término desta disciplina você irá conhecer todas as fases do desenvolvimento motor de maneira detalhada, a fim de que tais conhecimentos possam auxiliar sua prática. Vale ressaltar que tal ampulheta sofreu algumas alterações, ao considerar que existem aspectos que interferem no desenvolvimento da motricidade, e ampliou o modelo para o que será apresentado na sequência. Observe com atenção quais alterações foram realizadas e tente, como num jogo das diferenças, detectar tais modificações. A nova versão foi chamada “ampulheta triangulada”. Figura 4 - Ampulheta triangulada proposta por Gallahue e Ozmun Fonte: Gallahue e Ozmun (2013, p. 76). 36UNIDADE I Plano de Conhecimento E então? Observou as inserções? Veja o que Gallahue e Ozmun (2013, p. 76) afirmam sobre a figura Preenchimento da ampulheta individual com “areia” (i.e., substância da vida). A ampulheta representa a visão descritiva (produto) do desenvolvimento. O triângulo invertido representa a visão explicativa (processo) do desenvolvi- mento. Ambas são úteis à compreensão do desenvolvimento motor à medida que o indivíduo se adapta continuamente às mudanças na busca constante pela aquisição e manutenção do controle motor e da competência no movi- mento. Essa ampulheta fornece a visão descritiva de desenvolvimento humano, mostrando as fases típicas e os estágios de acordo com a faixa etária, do nascimento até a velhice. O triângulo invertido que atravessa a figura consiste numa orientação visual para observar- mos aspectos como hereditariedade, meio e a maneira como interferem na realização das tarefas de aquisição e desenvolvimento das habilidades motoras. É fundamental estar atento(a) aos aspectos que interferem no desenvolvimento motor, como os autores colocam na imagem: hereditariedade e ambiente. Aspectos que podem ser herdados geneticamente e que fazem diferença na aquisição e desenvolvimento de aprendizagens motoras e aspectos ambientais como uma variável essencial na apren- dizagem das ações motoras pelas pessoas. Na segunda, os profissionais que passam pela vida do indivíduo consistem em elementos fundamentais, ou seja, os estímulos recebidos pelas crianças serão decisivos no seu desenvolvimento saudável ou não. Esteja sempre atento(a) para a escolha das atividades e intervenções a serem realizadas para que sejam coerentes com as necessidades, interesses e etapas de desenvolvimento do grupo que atende. Como podemos observar na própria ampulheta o desenvolvimento motor está organizado em estágios: reflexivo, rudimentar, fundamental e especializado. Essas etapas vão do nascimento até por volta de 12 anos de idade. A partir de 12 anos o ser humano vai especializando os movimentos que já aprendeu e vai aprimorando suas habilidades motoras aprendidas anteriormente. Sobre o assunto Gallahue e Ozmun (2013, p. 80) esclarecem que A aquisição de competências no movimento é um processo extensivo, que começa com os movimentos reflexos iniciais do recém-nascido e continua por toda a vida. O processo pelo qual o indivíduo passa pelas fases dos movimentos reflexo, rudimentar e fundamental, até chegar, finalmente, a fase das habilidades do movimento especializado e influenciado por fatores da tarefa, do indivíduo e do ambiente. Para esta unidade do material ficaremos por aqui. Daqui em diante iremos conhecer cada etapa do desenvolvimento motor e suas particularidades. 37UNIDADE I Plano de Conhecimento SAIBA MAIS Vamos falar sobre Psicomotricidade? Durante a unidade tratamos do Desenvolvimento Motor numa perspectiva essencial- mente desenvolvimentista e foram apresentadas diversas perspectivas teóricas e a fun- damentação pautada em autores que, em seus estudos, privilegiaram as ações motoras como objeto de estudo. Neste momento trago uma ciência que tem por objetivo ampliar o olhar para a aprendizagem e para a realização dos movimentos corporais. Diante disso, apresento a definição de Psicomotricidade de acordo com a Associação Brasileira de Psicomotricidade (2019, on-line) e convido você a se encantar por essa área, que olha para os movimentos humanos de maneira mais abrangente e além da simples execução física deles. “’Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado para uma concepção de movimen- to organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização.’ (Associação Bra- sileira de Psicomotricidade) ‘A Psicomotricidade baseia-se em uma concepção unificada da pessoa, que inclui as interações cognitivas, sensório motoras e psíquicas na compreensão das capacidades de ser e de expressar-se, a partir do movimento, em um contexto psicossocial. Ela se constitui por um conjunto de conhecimentos psicológicos, fisiológicos, antropológicos e relacionais que permitem, utilizando o corpo como mediador, abordar o ato motor hu- mano com o intento de favorecer a integração deste sujeito consigo e com o mundo dos objetos e outros sujeitos.’(Costa, 2002) ‘Em razão de seu próprio objeto de estudo, isto é, o indivíduo humano e suas relações com o corpo, a Psicomotricidade é uma ciência encruzilhada... que utiliza as aquisições de numerosas ciências constituídas (biologia, psicologia, psicanálise, sociologia, linguís- tica...) Em sua prática empenha-se em deslocar a problemática cartesiana e reformular as relações entre alma e corpo: O homem é seu corpo e NÃO - O homem e seu corpo’. (Jean-Claude Coste, 1981) A psicomotricidade pode também ser definida como o campo transdisciplinar que estuda e investiga as relações e as influências recíprocas e sistémicas entre o psiquismo e a motricidade. Baseada numa visão holística do ser humano, a psicomotricidade encara de forma inte- grada as funções cognitivas, sócio-emocionais, simbólicas, psicolinguísticas e motoras, promovendo a capacidade de ser e agir num contexto psicossocial. A psicomotricidade possui as linhas de atuação educativa, reeducativa, terapêutica, relacional, aquática [...]”. Fonte: Associação Brasileira de Psicomotricidade (2019). 38UNIDADE I Plano de Conhecimento REFLITA “Se uma pessoa não pode aprender da maneira que é ensinada, é melhor ensiná-la da maneira que pode aprender” (Marion Welchmann). O desenvolvimento depende de história e contexto. Cada pessoa desenvolve-se dentro de um conjunto específico de circunstâncias ou condições definidas por tempo e lugar. Os seres humanos influenciam seu contexto histórico e social e são influenciados por eles. Eles não apenas respondem a seus ambientes físicos e sociais, mas também inte- ragem com eles e os mudam (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006). 39UNIDADE I Plano de Conhecimento CONSIDERAÇÕES FINAIS Então, caro(a) aluno(a), chegamos ao término desta unidade, que foi recheada de conhecimento. Repleta de conceitos, busquei apresentar a disciplina de maneira a es- timular diversas curiosidades em você. É fundamental que neste momento você faça um balanço das aprendizagens adquiridas durante o percurso. Para isso irei retomar o que vimos: conceitos de aprendizagem, desenvolvimento, maturação e crescimento para que fosse estabelecido o primeiro contato com a disciplina, lembrando que esses termos serão largamente utilizados durante sua vida acadêmica e em sua atuação profissional. Em seguida começamos a entender do que se trata esse tal desenvolvimento mo- tor, suas características, sua relevância na vida do ser humano e porque é tão importante conhecer seus aspectos e suas particularidades. Continuamos nossos estudos falando de diversas perspectivas teóricas que dialo- gam com o desenvolvimento motor e contribuem para entender de que maneira acontece o desenvolvimento humano. E chegamos, então, na etapa de estudos que fomos investigar o que pode interferir nas aquisições motoras do ser humano, que aspectos podem prejudicar ou potencializar a aprendizagem dos movimentos pelas pessoas. Nesse momento vimos o quanto é fundamental o papel do professor e a escolha das intervenções feitas por ele. E, por fim, mas não menos importante, conhecemos a famosa ampulheta proposta por Gallahue e Ozmun, que, acredite, vai povoar muito seus pensamentos no decorrer da disciplina que estamos cursando e deste curso. Ela nos mostra, de maneira figurada, que existem etapas para as aprendizagens motoras, que elas funcionam de maneira hierárquica e organizam o desenvolvimento motor de forma esquemática. Antes de convidar você a partir para a próxima unidade, gostaria de ressaltar a relevância de explorar as indicações que fiz neste material, as referências que sugiro para complementar seus estudos e fazer desta disciplina o diferencial na sua profissão. Feita esta breve revisão podemos partir para as próximas unidades do nosso estu- do. Preparado(a)? 40UNIDADE I Plano de Conhecimento LEITURA COMPLEMENTAR Caro(a) aluno(a), Neste momento da unidade sugiro algumas leituras que podem contribuir para me- lhorar seus estudos sobre o tema que estamos conhecendo. Sugiro que, mediante leitura dos textos sugeridos, você faça anotações e apontamentos por escrito junto com os materiais que utiliza na disciplina. Essas leituras podem fomentar uma série de aprendizagens novas e instigar possíveis investigações que irão fazer de você o(a) profissional diferenciado(a) que o mercado busca na atualidade. DESENVOLVIMENTO MOTOR: PASSADO, PRESENTE E FUTURO http://www.luzimarteixeira.com.br/wp-content/uploads/2010/05/desenvolvimento-motor- -presente-passado-e-futuro.pdf AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR DE CRIANÇAS COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM http://www.scielo.br/pdf/rbcdh/v12n1/a06v12n1 DESENVOLVIMENTO HUMANO https://www.academia.edu/22315624/Diane_E._Papalia_-_Desenvolvimento_Humano. PDF ACERCA DA RELAÇÃO ENTRE ENSINO, APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO https://www.redalyc.org/pdf/374/37415106.pdf APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO: O PAPEL DA MEDIAÇÃO http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/sem_pedagogica/jul_2009/apren- dizagem_desenvolviemnto_sforni.pdf 41UNIDADE I Plano de Conhecimento MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO • Título: Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem • Autor: Vitor da Fonseca • Editora: Artmed • Sinopse: Neste livro, Vitor da Fonseca apresenta um levanta- mento das principais linhas de conceituação do desenvolvimento psicomotor, conseguindo superar o desafio de unificar concepções de distintas disciplinas e de vários autores oriundos de diferentes culturas. O resultado é a mais completa e compreensível descrição do modo como funciona a psicomotricidade. FILME/VÍDEO • Título: O enigma de Kaspar Hauser • Ano: 1975 • Sinopse: Um filme alemão ocidental de 1974, um dos mais cele- brados do diretor Werner Herzog. O trabalho, cujo título significa, em tradução literal, “cada um por si e Deus contra todos” narra a história de Kaspar Hauser, uma criança abandonada envolta em mistério, encontrada na Alemanha Ocidental do século XIX, com alegadas ligações à família real de Baden. O filme fez parte da competição para a Palma de Ouro no Festival de Cannes 1975, em que ganhou três prêmios. O filme de Werner Herzog é baseado no livro “Kasper Hauser oder die Trägheit des Herzens”, de Jakob Wassermann, publicado em 1908, que, por sua vez, retrata o caso de um adolescente encarce- rado na Alemanha do século XIX até a idade de 16 anos, quando teve seu primeiro contato verbal e social. Somente depois disso pôde ser observado algum desenvolvimento de Kaspar Hauser na linguagem e na socialização com outros indivíduos. Devido à aquisição tardia de uma língua materna, fora do período crítico da infância, Kasper Hauser nunca desenvolveu a com- petência linguística de um falante nativo, principalmente no que concerne à sintaxe. Além disso, outras habilidades sociais foram seriamente prejudicadas, ainda que ele fosse capaz de aprendi- zagem de disciplinas. Tal episódio demonstra a importância da linguagem no processo socializador de um indivíduo. • Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=Wplj0ITkwho 42 Plano de Estudo: ● Fase pré-natal e infantil; ● Reflexos infantis e estereótipos rítmicos; ● Habilidades motoras rudimentares; ● Percepção infantil. Objetivos de Aprendizagem: ● Conceituar e contextualizar os aspectos que afetam no desenvolvimento motor e que acontecem na fase pré-natal; ● Compreender as características do crescimento infantil nas fases pré-natal e no período da infância no que tange o desenvolvimento motor; ● Entender as particularidades do desenvolvimento desde o período gestacional até a infância; ● Conhecer as etapas de desenvolvimento motor do movimento reflexo e do movimento rudimentar; ● Entender a percepção infantil e de que maneira são desenvolvidas as percepções. UNIDADE II Primeira Infância Professora Mestra Juliana Montenegro Seron 43UNIDADE II Primeira Infância INTRODUÇÃO Caro(a) estudante, É com satisfação que dou início à nossa Unidade II desta disciplina. Durante nossos estudos vocêterá a oportunidade de compreender o começo do desenvolvimento infantil, quando pensamos numa perspectiva cronológica. Isso mesmo. Vamos começar esta caminhada estudando o desenvolvimento motor antes do ser humano ter nascido, na fase que chamamos de pré-natal, olhando para aspectos que acontecem durante a gestação, no que se refere ao crescimento e desenvolvimento. Com base nas teorias de desenvolvimento que já estudamos, estamos falamos da origem das aprendizagens e do comportamento motor. Pensando em contribuir em sua formação de maneira significativa, iremos explorar aspectos do desenvolvimento desde a fase pré-natal, por entender que nesse período acontecem diversas situações que devem ser aprendidas e que interferem na vida futura e nas intercorrências ao longo do desenvolvimento. Neste momento da disciplina nós iremos conhecer a base da ampulheta proposta por Gallahue e Ozmun (2013), que foi apresentada a você na primeira unidade, a dos movimentos reflexos, que são aqueles realizados pelo bebê, e a fase dos movimentos rudimentares, ou seja, iremos explorar o desenvolvimento motor do nascimento até 2 anos de idade. Se buscarmos historicamente, durante muito tempo a infância não era vista com suas particularidades e especificidades. A criança era vista como “adulto em miniatura” e socialmente bastava que ela fosse capaz de realizar as tarefas típicas da vida adulta para que ela assumisse diversas responsabilidades, dando adeus à infância e tudo àquilo que uma criança precisa para se desenvolver como ser humano. Hoje existem inúmeros estudos que apontam para o quanto esse período da vida é fundamental para as etapas futuras e o quanto existe uma base de aprendizagens que acontece na infância e que são aprendizagens essenciais e habilidades necessárias, que serão utilizadas em muitas outras demandas, como na alfabetização, por exemplo. Vamos, então, conhecer as duas primeiras fases do desenvolvimento motor: movi- mento reflexo e movimento rudimentar? 44UNIDADE II Primeira Infância 1 FASE PRÉ-NATAL E INFANTIL Neste tópico iremos começar a explorar o desenvolvimento motor, partindo da etapa pré-natal, que corresponde aos 9 meses ou 40 semanas de gestação, que pode, por diversos fatores, durar mais ou menos tempo. Vamos apresentar aqui uma série de aspectos que podem acontecer nesse período e podem também ser controlados, e, por sua vez, impactam o desenvolvimento motor do bebê e no decorrer da vida. Em seguida iremos tratar da taxa de crescimento pré-natal e infantil, sabendo que em nenhum momento da vida o corpo humano cresce como desde a concepção até os dois anos aproximadamente. Pensando na velocidade de crescimento que acontece nesse período de que for- mas o movimento se comporta? E as aprendizagens motoras? Neste tópico iremos conhecer aspectos da gestação que interferem no desenvolvi- mento, ou seja, condições de antes ou durante a gravidez que aumentam o risco da criança ter intercorrência e consequências no seu desenvolvimento. Em seguida vamos entender como acontece o crescimento pré-natal e durante a infância. 1.1 Fatores Pré-Natais que Afetam o Desenvolvimento Existem diversos fatores que afetam o desenvolvimento da criança e podem inclusi- ve interferir futuramente no aprendizado de diversas habilidades e que acontecem durante a gestação. 45UNIDADE II Primeira Infância Os fatores nutricionais e químicos estão relacionados à alimentação da mãe durante o período da gravidez. Se tais aspectos irão realmente interferir no desenvolvi- mento vai depender de algumas variáveis, tais como: “a condição do feto, o grau de abuso nutricional ou químico, a quantidade ou dosagem, o período da gravidez” (GALLAHUE; OZMUN, 2013, p. 100). O risco para o feto se dá quando existe um ou mais desses fatores apresentados. Especificamente como aspecto nutricional temos a má nutrição pré-natal, que podem ter como resultado a má nutrição do feto, da placenta ou da mãe. A nutrição ma- terna adequada significa que a mulher não ingere a quantidade necessária de nutrientes diariamente, o que contribui significativamente para a saúde geral da mãe e do bebê e, em alguns casos, impede deficiências de nascimento. Existem diversos estudos que associam determinados nutrientes a menor incidência de doenças, como, por exemplo, a ingestão do ácido fólico e a redução de deformidades do tubo neural que ocasiona a mielomeningocele ou espinha bífida. Um dos aspectos químicos que pode causar danos no desenvolvimento infantil é o uso de medicamentos e drogas pela mãe. Como a parede da placenta é “porosa”, é possível que substâncias a penetrem e atinjam o feto. Medicamentos comprados rotineiramente nas farmácias, sem necessidade de receita ou acompanhamento médico podem causar danos para o feto. Por isso o cuidado com a gestante e os medicamentos a serem usados durante a gravidez são necessários, principalmente em determinados períodos da gestação. Você já deve ter lido algo ou ouvido falar em doenças que acometem o universo infantil e que podem ser associadas ao uso de determinados remédios. Muitas vezes são pesquisas em andamento ou especulações, mas existe uma relação íntima do uso de me- dicamentos com o desenvolvimento do bebê e o surgimento de doenças. Sempre que for considerada a possibilidade de que uma disfunção seja associada ao uso de medicamentos durante a gestação devem ser considerados os seguintes fatores: período da gravidez que foi tomado, dose, tempo que tomou o remédio, predisposições genéticas do feto, interação dos quatro aspectos. A tabela a seguir mostra alguns exemplos de medicamentos que ocasionam efeitos na criança quando usados durante a gestação. 46UNIDADE II Primeira Infância Tabela 1 - Efeitos de medicamentos usados durante a gestação que podem afetar o desenvolvimento Fonte: Gallahue e Ozmun (2013, p. 111). Por outro lado, existem aqueles medicamentos que são “necessários”, ou seja, que a mãe precisa tomar, pois estão em tratamento médico ou por mal-estar. Evidente que quando existe o acompanhamento médico saudável, o profissional vai receitar remédio em último caso. Vários medicamentos, sem receita, apresentam potencial para prejudicar o desenvolvimento do feto. A tabela a seguir mostra algumas doenças que a mãe pode ter, qual medicação é administrada e quais seus possíveis efeitos. Tabela 2 - Drogas usadas durante a gestação e seus possíveis efeitos no bebê Fonte: Gallahue e Ozmun (2013, p. 112). Por último vamos falar sobre o uso de drogas lícitas e ilícitas durante a gravidez. Você já ouviu falar sobre a Síndrome Alcoólica Fetal ou do Alcoolismo Fetal? Pois bem, está relacionada ao abuso de álcool durante a gestação e a maneira como tal hábito afeta o desenvolvimento do feto. Essa síndrome, além de causar alterações nas características faciais, traz como consequências atrasos no desenvolvimento psicomotor. 47UNIDADE II Primeira Infância Sobre o uso de álcool e tabaco na gestação Gallahue e Ozmun (2013, p. 113) explicam que Embora o álcool e o tabaco sejam considerados por muitos como drogas que alteram a mente ou o humor, nos falaremos elas em separado por causa da frequência de uso e para amplificar os potenciais perigos. Foi relatado variavelmente que há mais de um milhão de mulheres alcoolistas em idade fértil. O feto é afetado duas vezes mais rápido do que a mãe pelo consumo de álcool e com o mesmo nível de concentração. O uso de álcool e tabaco durante a gestação é muito mais comum do que imagi- namos e pode trazer consequências significativas no desenvolvimento do feto e para as aquisições psicomotoras da criança. Não podemos esquecer do uso de drogas ilícitas, como maconha, cocaína, anfe- taminas, entre outras. Só para você ter uma ideia, o uso de cocaína durante a gestação indica para os bebês risco de mortalidade, morbidade e distúrbios de desenvolvimento e de comportamento a longo
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