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Desenvolvimento e comportamento motor

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Prévia do material em texto

Desenvolvimento e 
Comportamento Motor
Professora Mestra Juliana Montenegro Seron
Diretor Geral 
Gilmar de Oliveira
Diretor de Ensino e Pós-graduação
Daniel de Lima
Diretor Administrativo 
Eduardo Santini
Coordenador NEAD - Núcleo
de Educação a Distância
Jorge Van Dal
Coordenador do Núcleo de Pesquisa
Victor Biazon
Secretário Acadêmico
Tiago Pereira da Silva
Projeto Gráfico e Editoração
André Oliveira Vaz
Revisão Textual
Kauê Berto
Web Designer
Thiago Azenha
UNIFATECIE Unidade 1
Rua Getúlio Vargas, 333,
Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 2
Rua Candido Berthier
Fortes, 2177, Centro
Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 3
Rua Pernambuco, 1.169,
Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 4
BR-376 , km 102, 
Saída para Nova Londrina
Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
www.fatecie.edu.br
As imagens utilizadas neste 
livro foram obtidas a partir
do site ShutterStock
FICHA CATALOGRÁFICA
FACULDADE DE TECNOLOGIA E 
CIÊNCIAS DO NORTE DO PARANÁ. 
Núcleo de Educação a Distância;
SERON, Juliana Montenegro.
Desenvolvimento e Comportamento Motor.
Juliana Montenegro Seron.
Paranavaí - PR.: Fatecie, 2020. 131 p.
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária
Zineide Pereira dos Santos.
AUTORA
Professora Mestra Juliana Montenegro Seron
●	 Mestre em Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá;
●	 Licenciada em Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá;
●	 Professora de Pós-Graduação pelo Grupo Rhema de Educação;
●	 Professora de Educação Física do Ensino Médio – Colégio Axia;
●	 Docente	do	Curso	de	Design	Gráfico	pelo	UniFCV	–	Centro	Universitário	Cidade	
Verde;
●	 Gestora Educacional pelo Colégio Axia;
●	 Palestrante;
●	 Coaching Educacional;
●	 Coordenadora do curso de Educação Física na modalidade EAD pelo UniFCV 
– Centro Universitário Cidade Verde;
Experiência com formação de professores, atua com cursos de capacitação do-
cente e assessoria educacional. Trabalha com organização de eventos. Atua em cursos e 
palestras online.
 
Link do lattes: http://lattes.cnpq.br/3070192956405562
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Seja muito bem-vindo(a)!
Se você se interessou pelo tema que iremos trabalhar nessa disciplina, já estamos 
nos entendendo. Começamos o processo de aprendizagem que tem tudo para render bons 
frutos. Estamos iniciando nossa jornada rumo ao fantástico universo do desenvolvimento 
humano, e vamos juntos conhecer cada etapa e adquirir muito conhecimento sobre o as-
sunto. 
A partir de agora teremos um combinado que vai durar o tempo que estivermos 
aprendendo juntos sobre Desenvolvimento e Comportamento motor. Vamos nos enveredar 
pelos caminhos das aprendizagens motoras do ser humano, começando desde antes do 
nascimento, e só vamos parar lá na velhice. Na verdade, o movimento perpassa toda a vida 
humana, desde a concepção até a morte, e vamos explorar tudo isso de maneira intensa e, 
na medida do possível, leve.
●	 Na Unidade I vamos conhecer os conceitos básicos do desenvolvimento hu-
mano	e	compreender	o	desenvolvimento	motor	e	suas	especificidades.	Vamos	
conhecer modelos de desenvolvimento humano, bem como os aspectos que 
afetam as aprendizagens motoras. Para terminar a unidade iremos nos encan-
tar pela famosa ampulheta proposta por Gallahue e Ozmun num livro que é 
considerado a “bíblia” do desenvolvimento motor. Ficou curioso(a)? 
●	 Já na Unidade II começaremos a desvendar cada uma das etapas do desen-
volvimento motor. Na verdade, vamos começar desde antes do nascimento, 
conhecendo aspectos que o afetam e que podem ocorrer mesmo antes de nas-
cer. Incrível não?! Vamos conhecer como acontece o crescimento pré-natal e 
infantil	e	tratar	de	duas	etapas:	a	dos	movimentos	reflexos	e	a	dos	movimentos	
rudimentares.	Partindo	sempre	de	reflexões	e	questionamentos	pertinentes	e	
que te motivem a querer aprender mais. 
●	 Na sequência, na Unidade III, falaremos a respeito da infância, como uma fase 
essencial	de	aquisições	de	habilidades	motoras.	Tantas	aprendizagens	aconte-
cem neste período. Vamos explorar a fase das habilidades motoras fundamen-
tais, o próprio nome já nos diz o quão importante é essa etapa. Em seguida 
iremos conhecer aspectos da famigerada e tão maltratada adolescência, que, 
com todas as suas peculiaridades, é a fase das habilidades motoras especiali-
zadas e muito se tem para aprender sobre esse período.
●	 Em nossa Unidade IV	vamos	finalizar	o	conteúdo	dessa	disciplina	com	a	fase	
adulta e a velhice. Faremos um passeio pelo desenvolvimento humano, es-
pecificamente	 falando	 da	motricidade,	 dos	 25	 até	 os	 59	 anos,	 num	 primeiro	
momento, e depois a partir dos 60 anos. 
Estou, a partir de agora, intimando você a se apaixonar e aprender muito comigo 
sobre um dos temas mais importantes para quem trabalha com seres humanos. Posso 
garantir que seus esforços para aprender e estudar tudo o que esse material oferecer não 
serão em vão. Você sempre vai lembrar das aprendizagens que venha a adquirir nesta 
disciplina. 
Espero que você aproveite cada linha desta apostila e cada vídeo deste material, 
devorando o conhecimento que ele fornece. Que esta disciplina contribua para seu cres-
cimento	pessoal	e	profissional.	E	lembre-se:	sempre	que	sentir	necessidade	revisite	suas	
anotações	e	o	material	desta	aula.
Gratidão sempre e excelente percurso!
SUMÁRIO
UNIDADE I ...................................................................................................... 7
Plano de Conhecimento
UNIDADE II ................................................................................................... 42
Primeira Infância
UNIDADE III .................................................................................................. 72
Infância e Adolescência
UNIDADE IV ................................................................................................ 102
Idade Adulta e o seu Desenvolvimento
7
Plano de Estudo:
●	 Introdução e conceitos;
●	 Compreendendo o desenvolvimento motor;
●	 Modelos de desenvolvimento humano;
●	 Fatores que afetam o desenvolvimento motor;
●	 Explanação do modelo teórico do desenvolvimento motor.
Objetivos de Aprendizagem:
●	 Conceituar e contextualizar os principais termos utilizados que permeiam o 
desenvolvimento motor;
●	 Compreender o desenvolvimento motor a partir de diferentes referenciais teóricos;
●	 Conhecer os fatores que interferem no desenvolvimento motor típico considerando 
suas etapas.
UNIDADE I
Plano de Conhecimento
Professora Mestra Juliana Montenegro Seron
8UNIDADE I Plano de Conhecimento
INTRODUÇÃO
Olá, caro(a) aluno(a). Daremos início à primeira unidade da disciplina de Desenvol-
vimento e Comportamento Motor. 
Nesse momento serão trabalhados alguns conceitos básicos que envolvem os 
diversos assuntos relacionados ao desenvolvimento e ao comportamento motor, neces-
sários para que você possa estudar os próximos assuntos e aprender sobre aspectos do 
desenvolvimento	humano.	Para	que	você	se	torne	o	profissional	que	atue	de	maneira	eficaz	
é necessário conhecer cada uma das etapas do desenvolvimento e os diversos aspectos 
que fazem parte de cada uma delas.
Depois que conhecer alguns termos que iremos utilizar durante toda disciplina, 
você irá compreender o desenvolvimento motor, suas características e particularidades. Em 
seguida, aprenderá que existem diferentes modelos teóricos de desenvolvimento motor e, 
a partir de alguns referenciais teóricos selecionados, observará possibilidades de trabalho 
para	o	profissional	da	Educação	Física.	
Vale	lembrar	que	o	desenvolvimento	humano	não	é	linear	nem	tampouco	fixo,	ou	
seja,	 sofre	 a	 influência	 de	diversos	aspectos	 e	 pode	 ser	 diferente	 de	uma	pessoa	para	
outra,	 o	 que	 justifica	 a	 necessidade	 de	 que	 você	 conheça	 alguns	modelos	 teóricos	 de	
desenvolvimento motor, buscando autores que estudam o assunto em suas pesquisas. 
Diante disso, ao término da unidade você irá conhecer os aspectosque podem interferir 
no desenvolvimento humano. Costumeiramente usamos para designar desenvolvimento 
motor os termos típico – quando as aprendizagens motoras estão acontecendo conforme 
o esperado para determinada idade; e atípico	–	quando	algo	nas	ações	motoras	de	um	
ser humano não acontece de acordo com o esperado e este demonstra não estar desen-
volvendo as habilidades motoras de acordo com as tabelas de referência. Considerando o 
exposto,	finalizo	a	unidade	explicando	um	modelo	teórico	de	desenvolvimento	motor.
Espero	ter	instigado	sua	curiosidade.	A	partir	de	agora	te	convido	a	ficar	cada	vez	
mais intrigado e entendido do assunto.
Bons estudos!
9UNIDADE I Plano de Conhecimento
1 INTRODUÇÃO E CONCEITOS
Neste tópico inicial você irá conhecer termos que serão utilizados durante toda a 
disciplina. É fundamental que, sempre que necessário, esta unidade seja retomada. Se 
achar melhor, monte uma tabela ou mapa mental desses termos para tê-los sempre à mão. 
São conceitos que fazem parte dos estudos em desenvolvimento humano e que dialogam, 
ou	seja,	existe	uma	relação	entre	eles,	mas	cada	um	tem	aspectos	específicos,	que	preci-
sam ser conhecidos por você. Por isso recomendo que, ao estudar o tópico, vá montando 
anotações	e	recorra	a	elas	sempre	que	precisar.
1.1 Desenvolvimento, Maturação, Crescimento, Aprendizagem e outros Termos
Neste tópico você irá conhecer termos e conceitos que serão utilizados de maneira 
recorrente	na	disciplina	e	na	sua	atuação	como	profissional	da	Educação	Física.	Para	tanto,	
o embasamento teórico se deu em Gallahue e Ozmun (2013); Tani (2008); Fonseca (2008); 
Magill (2000) e Haywood e Getchell (2016).
O desenvolvimento é entendido como o conjunto de processos de natureza 
biológica	que	representa	as	 transformações	que	ocorrem	em	um	organismo	no	decorrer	
da vida. Em se tratando de desenvolvimento humano, tal processo está relacionado a 
aspectos	de	ordem	psíquica,	também	é	fruto	das	frequentes	relações	e	interações	sociais	
que constrói, estabelece e promove no decorrer de sua vida. Sendo assim, em nós, seres 
humanos, o desenvolvimento abrange diversos aspectos, sendo: sociológico, biológico e 
10UNIDADE I Plano de Conhecimento
psicológico.	Considerando	que	tais	dimensões	funcionam	de	maneira	interativa,	formando	
o ser humano de maneira integral, temos complexidade e individualidade no mesmo ser.
Ao tratarmos do desenvolvimento motor,	 falamos	do	conjunto	de	modificações	
no	 comportamento,	 nas	ações	motoras,	 de	acordo	 com	a	 idade.	Constitui	 um	processo	
complexo	de	alterações	que,	interligadas,	envolvem	aspectos	de	crescimento	maturação	de	
sistemas e aparelhos do corpo humano. O desenvolvimento motor tem início na concepção, 
se estende por toda a vida e termina ao morrer. 
Por crescimento entende-se	 o	 conjunto	 de	 modificações	 morfológicas	 do	 ser	
humano nos aspectos corporais, como composição e proporção dos segmentos, resulta 
da	mensuração	das	transformações	de	hipertrofia	–	aumento	de	massa	muscular	–	e	de	
hiperplasia – aumento do número de células em órgãos ou tecidos. O crescimento é um 
processo permeado por mudanças hormonais complexas, manifestado em períodos mais 
e menos intensos. Portanto, não é um percurso linear e acaba por ser assimétrico, com 
momentos de maior ou menor estabilidade.
Gallahue e Ozmun (2013, p. 30), na obra, considerada a “bíblia” do desenvolvimen-
to motor, de título Compreendendo o desenvolvimento motor, apresentam as seguintes 
concepções	(caro(a)	aluno(a),	recomendo	que	você	grave	este	nome,	será	uma	referência	
fundamental na sua área).
Os termos crescimento e desenvolvimento são usados com frequência 
como sinônimos, mas há diferença de ênfase. No seu sentido mais puro, o 
crescimento físico refere-se ao aumento do tamanho do corpo do indivíduo ou 
de suas partes durante a maturação. Em outras palavras, crescimento físico 
é o aumento na estrutura do corpo provocado pela multiplicação ou aumento 
das células. No entanto, o termo crescimento muitas vezes é usado para se 
referir à totalidade das mudanças físicas e, assim, torna-se mais inclusivo, 
assumindo o mesmo sentido de desenvolvimento. [...] o desenvolvimento, 
no seu sentido mais puro, refere-se a mudanças no nível de funcionamento 
do indivíduo ao longo do tempo. [...] embora o desenvolvimento seja visto 
mais como o surgimento e a ampliação da capacidade de funcionar em um 
nível elevado, temos de reconhecer que o conceito de desenvolvimento é 
muito mais amplo e que ele é um processo cuja duração se estende pela vida 
inteira.
A maturação é uma concepção estritamente biológica, expressa por um conjunto 
de	modificações	fisiológicas	determinadas	pelas	especificidades	genéticas.	Apesar	de	en-
contrar o seu sentido de forma mais ampla e até mesmo como sinônimo de desenvolvimen-
to, ou algumas vezes de aprendizagem, optamos por estabelecer maturação no patamar 
dos	processos	internos	que	geram	alterações	morfológicas	ou	do	que	tange	ao	potencial	
de aprendizagem e desenvolvimento do ser humano. Sobre maturação, Gallahue e Ozmun 
(2013, p. 30) apresentam que
11UNIDADE I Plano de Conhecimento
refere-se a mudanças qualitativas, que permitem a progressão até níveis 
mais elevados de funcionamento. Quando vista a partir de uma perspectiva 
biológica, a maturação é primordialmente inata; ou seja, é determinada ge-
neticamente	e	resistente	a	influências	externas	ou	ambientais.	A	maturação	é	
caracterizada	por	uma	ordem	de	progressão	fixa,	em	que	o	ritmo	pode	variar,	
mas a sequência de surgimento das características, em geral, não varia.
Ao	tratarmos	de	maturação	nos	referimos	aos	processos	específicos	que	ocorrem	
em sistemas, como nervoso, ósseo, entre outros. Mesmo que possamos olhar aspectos 
maturacionais de cada um desses sistemas, é fato que existem entre eles uma espécie de 
comunicação expressa num mecanismo de regulação em conjunto, o que faz com que o 
organismo funcione de maneira harmônica.
Segundo Haywood (2016, p. 21) 
Maturação denota o progresso em direção à maturidade física, ao estado 
de integração funcional ideal dos sistemas corporais de um indivíduo e à 
capacidade de reprodução. já o desenvolvimento continua o mesmo depois 
que	se	atinge	a	maturidade	física.	As	mudanças	fisiológicas	não	param	ao	
final	do	período	de	crescimento	físico:	elas	ocorrem	durante	toda	a	vida.
Aspectos maturacionais são essenciais para o desenvolvimento motor e interferem 
nas aprendizagens das pessoas, ou seja, caso uma criança, adolescente ou adulto não 
esteja com seus sistemas “maduros” para desenvolver determinada habilidade ou compe-
tência, e isso está intimamente relacionado com a idade, ela pode não ocorrer. 
O que quero dizer com isso, aluno(a)? Pense na aprendizagem do andar pela 
criança, que acontece por volta dos 12 meses de vida. Pois bem, se não há minimamente 
a maturação dos sistemas nervoso, ósseo e muscular, a criança vai conseguir aprender a 
andar?	Reflita	sobre	a	situação	por	alguns	instantes	antes	de	continuar	seus	estudos...
Mas vamos deixar claro que o desenvolvimento humano não depende exclusiva-
mente da maturação, apesar de existirem linhas teóricas que defendem tal premissa. Neste 
material vamos trabalhar com a ideia de que para que o desenvolvimento ocorra de maneira 
saudável é necessário um conjunto de aspectos, entre esses a aprendizagem. 
Aprendizagem	é	entendida	como	o	conjunto	de	adequações	e	ajustes	da	resposta	
a partir de uma vivência, que envolvem estruturas de tomada de decisão superiores. Consti-
tui-se em processos de mudanças comportamentais derivados de experiências construídas 
em aspectos sócio afetivos, emocionais, neurológicos, ambientais e relacionais.
Nesse sentido, a aprendizagem motora é o conjunto de processos motores e 
cognitivos	relacionados	às	ações	e	à	prática,	e	que	acabam	por	modificar	o	comportamento	
motor.	A	aprendizagem	motora	vai	estudar	o	desenvolvimento	de	aquisições	motoras	no	
decorrer da vida,quando, por exemplo, uma criança passa do não saber andar de bicicleta 
12UNIDADE I Plano de Conhecimento
para o conseguir realizar tal ação motora com destreza e segurança e de que maneira todo 
o processo acontece. Nesta perspectiva serão estudados os aspectos que interferem na 
aquisição	das	habilidades	motoras,	bem	como	os	mecanismos	que	atuam	nas	alterações	
do comportamento motor.
De acordo com Gallahue e Ozmun (2013, p. 32), “aprendizado motor portanto, é o 
aspecto do aprendizado em que o movimento desempenha a principal parte. O aprendizado 
motor é uma mudança relativamente permanente no comportamento motor, resultando da 
prática ou da experiência passada”.
Por controle motor entende-se os movimentos realizados e controlados, ou seja, 
os que são intencionais. Nesse caso são controlados voluntariamente pelo Sistema Nervoso 
Central e trabalham de maneira coordenada do sistema muscular e ósseo, numa relação 
entre sistema sensorial, meio ambiente e movimentos corporais. Para Gallahue e Ozmun 
(2013, p. 33) “é o aspecto do aprendizado e do desenvolvimento motor que lida com o 
estudo dos mecanismos neurais e físicos subjacentes ao movimento humano”.
O termo comportamento motor refere-se às	alterações	no	controle	e	no	desen-
volvimento motor e contempla aspectos de aprendizagem e dos processos maturativos 
relacionando a performance na realização dos movimentos corporais. Sendo assim, o 
comportamento motor estuda aprendizagem, controle e desenvolvimento motor. Estudando 
de que maneiras os movimentos são apreendidos,	bem	como	as	alterações	sofridas	no	
decorrer da vida em resposta aos fatores internos e externos. 
Por habilidade motora entende-se a execução de uma ação motora que tenha um 
objetivo	específico	e,	para	tal,	requer	a	realização	de	movimentos	voluntários	do	corpo	ou	
de membros, quais sejam: andar, correr, saltar, tocar um instrumento, entre outros. São os 
movimentos voluntários realizados pelo corpo para executar determinada tarefa. 
O termo movimento	diz	respeito	às	mudanças	que	observamos	nas	posições	dos	
segmentos corporais, que culminam de atos motores subjacentes. 
E para terminar nosso glossário de verbetes fundamentais da disciplina vamos 
falar de experiência, entendida como aspectos ambientais que possibilitam a alteração 
do desenvolvimento no decorrer do processo de aprendizagem. As vivências da criança 
podem	 interferir	no	 ritmo	dos	padrões	de	comportamento	motor	que	surgem.	Por	 isso	é	
essencial que o ambiente seja saudável e que os estímulos proporcionados às pessoas 
sejam coerentes com as etapas de desenvolvimento, respeitem os níveis maturacionais e 
os interesses de acordo com a faixa etária.
13UNIDADE I Plano de Conhecimento
Ao	iniciarmos	esta	unidade	fiz	uma	sugestão	que	retomo	agora,	se,	por	acaso,	você	
não fez. Agora que estudou diversos termos que serão utilizados no decorrer da disciplina, 
e	bem	provavelmente	durante	o	curso,	bem	como	em	sua	atuação	profissional,	monte	uma	
tabela ou mapa mental do que foi trabalhado. Sempre que precisar ou tiver dúvida em 
relação a um desses verbetes recorra às	suas	anotações.
14UNIDADE I Plano de Conhecimento
2 COMPREENDENDO O DESENVOLVIMENTO MOTOR
No	 presente	 tópico	 iremos	 tratar	 do	 desenvolvimento	 motor:	 noções	 básicas	 e	
conceituais, aspectos históricos, métodos de estudo do desenvolvimento – longitudinal, 
transversal e longitudinal misto. Neste momento buscamos um aporte teórico essencial 
para	construção	dos	saberes	da	disciplina	e	que	irão	contribuir	de	maneira	significativa	para	
as	próximas	unidades	e	para	a	sua	formação	profissional.
2.1 Noções Básicas e Conceituais
Antes de mais nada, pense por alguns instantes na importância dos movimentos 
para a vida das pessoas. Isso mesmo... Pense no cotidiano das pessoas e o quanto o 
movimento corporal é fundamental para realização das inúmeras tarefas que executamos. 
Na	verdade,	 tudo	o	que	 fazemos	depende	e	envolve	ações	motoras,	desde	mo-
vimentos involuntários, como as batidas do coração ou a respiração, até os intencionais, 
como caminhar, digitar e tantos outros que executamos o tempo todo.
Por isso entender a maneira como tais movimentos são realizados, compreender o 
controle motor e aspectos de coordenação, realização de movimentos e de desenvolvimen-
to é fundamental para entendermos a vida humana.
Ao conhecer o processo de desenvolvimento motor típico – quando se dá de ma-
neira saudável e de acordo com o esperado para a idade, sem intercorrências – somos 
capazes	de	proporcionar	estímulos	adequados	e	orientações	essenciais	para	que	o	ensi-
no-aprendizagem	ocorra	de	maneira	eficaz.	
15UNIDADE I Plano de Conhecimento
O	que	isso	quer	dizer	na	prática?	Quando	os	profissionais	da	Educação,	da	Educa-
ção Física e até mesmo pais e responsáveis compreendem aspectos do desenvolvimento, 
estão aptos a selecionar estratégias, técnicas e atividades condizentes com as necessi-
dades de desenvolvimento do aluno, o que os permite construir o planejamento de ensino 
pautado	em	referenciais	que	estudam	o	ser	humano	com	base	em	suas	especificidades,	
respeitando	cada	etapa	de	aprendizagem.	O	resultado	são	aulas	mais	significativas	para	
o grupo, mais relevantes e que realmente desenvolvem habilidades essenciais para deter-
minada faixa etária e promovem aprendizagens que serão importantes para os próximos 
conteúdos a serem aprendidos. 
Você pode estar se perguntando, mas e aquelas pessoas que têm desenvolvi-
mento atípico, como crianças com transtornos do neurodesenvolvimento: Autismo, TDAH, 
Deficiência	Intelectual;	ou	transtornos	específicos	de	aprendizagem:	Dislexia,	Disortografia,	
Disgrafia,	entre	outros?	De	que	serve	conhecer	aspectos	e	tabelas	de	referência	de	desen-
volvimento motor?
Pois	bem,	para	essas	pessoas,	entender	de	desenvolvimento	motor	pelos	profis-
sionais que os atendem fornece um suporte consistente que contribui na intervenção, no 
processo terapêutico e na prescrição da medicação. 
Compreender os processos de desenvolvimento humano é necessário em diversos 
contextos	da	sua	atuação	profissional,	quais	sejam:	escola,	treinamento	desportivo,	acade-
mia, clínica, entre outros. Leia com atenção o que Gallahue e Ozmun (2013, p. 21) dizem 
sobre o assunto
Sem	noções	 sólidas	 sobre	 os	 aspectos	 do	 desenvolvimento	 do	 comporta-
mento humano, podemos apenas intuir técnicas educativas e procedimento 
de	 intervenção	 apropriados.	As	 instruções	 com	 base	 no	 desenvolvimento	
envolvem experiências de aprendizado que são não apenas adequadas à 
idade, mas também apropriadas e divertidas em termos de desenvolvimento. 
O	 fornecimento	 de	 instruções	 é	 um	aspecto	 importante	 do	 processo	 ensi-
no-aprendizado.	As	 instruções,	 entretanto,	 não	 explicam	 o	 aprendizado;	 o	
desenvolvimento, sim.
E aí? Percebeu a importância de conhecer o desenvolvimento para intervir de 
maneira consistente e responsável? Sendo assim, podemos continuar nossos estudos...
Gostaria de esclarecer que para montagem deste material utilizei referenciais teó-
ricos	significativos	sobre	o	tema,	mas	que	não	se	configuram	como	verdades	absolutas,	
pode ser que em suas pesquisas e estudos posteriores você encontre outras perspectivas 
e diferentes abordagens e linhas teóricas. Permita-se o debate entre os diferentes olhares 
e possibilite o diálogo e não o enfrentamento das teorias. 
16UNIDADE I Plano de Conhecimento
Feitos os devidos esclarecimentos, vou apresentar um esquema construído por 
David Gallahue e Ozmun (vai aparecer muitas vezes por aqui...) que consiste numa visão 
transacional sobre as causas do desenvolvimento motor. Neste momento gostaria que 
você observasse a imagem e buscasse exemplos do cotidiano que explicitem cada um dos 
fatores. Faça a tentativa!
Figura 1 - Visão tradicional da relação causal no desenvolvimento motor
Fonte: Gallahue e Ozmun (2013, p. 22).
A Figura 1 mostra os diversos aspectos que atuam no desenvolvimento motordo 
ser humano e representam a maneira como estão interligados. Justamente por isso que o 
profissional	da	Educação	Física	deve	estar	atento	às	condições	para	o	desenvolvimento	
dos seus alunos, lembrando sempre que para que uma aprendizagem aconteça deve estar 
em	condições	favoráveis:	individuais,	ambientais	e	da	tarefa,	como	apresenta	a	figura.
Para vencer a relação dicotômica que existe entre os aspectos biológicos e os 
ambientais	a	fim	de	compreender	o	desenvolvimento	motor,	Manoel	(2008,	p.	34)	esclarece	
que
[...] o desenvolvimento motor, nos últimos anos, é visto como um processo 
que	envolve	a	emergência,	a	aquisição	e	o	aperfeiçoamento	de	funções	e	ha-
bilidades a partir de um script que vai sendo escrito ao longo da experiência. 
A extensão do script, a gramática sobre a qual ele opera, é predeterminada 
pela nossa natureza (biológica) humana.
17UNIDADE I Plano de Conhecimento
É fundamental estudarmos o desenvolvimento como um processo contínuo que 
começa ao nascer e se estende durante toda a vida, terminando com a morte. Por isso 
devemos estudar o desenvolvimento em todas as idades, pensando que ocorre no decorrer 
da	vida	e	que	as	aquisições	e	aprendizagens	são	progressivas	e	contínuas,	ou	seja,	elas	
acontecem do mais simples para o mais complexo e dependem de aprendizagens anterio-
res para que possam evoluir. 
Ficou confuso? 
Exemplifico	para	esclarecer...	Para	aprender	a	correr,	a	criança	deve	primeiro	andar,	
para	andar	deve	aprender	a	ficar	em	pé,	em	equilíbrio,	e	assim	sucessivamente.		De	acordo	
com Gallahue e Ozmun (2013, p. 23),
O	processo	de	desenvolvimento,	e,	de	modo	mais	específico,	o	processo	de	
desenvolvimento motor, deve nos fazer lembrar constantemente da indivi-
dualidade do aprendiz. Cada indivíduo tem um cronograma singular para a 
aquisição das capacidades de movimento e das habilidades de movimento. 
Embora	 o	 “relógio	 biológico”	 do	 indivíduo	 seja	 bem	específico,	 quando	 se	
trata da sequência de aquisição das habilidades de movimento (maturação), 
a taxa e a extensão do desenvolvimento são determinadas individualmente 
(experiência)	e	sofrem	drástica	influência	das	demandas	de	performance das 
tarefas.
Sobre o desenvolvimento motor Haywood (2016, p. 4-5) aponta que deriva de 
diversos	aspectos	e	os	aponta	ao	afirmar	que
Primeiro, é um processo contínuo de mudanças na capacidade funcional. 
pense na capacidade funcional como a capacidade de existir - viver, mover-
-se e trabalhar - no mundo real. Esse é um processo cumulativo, em que os 
organismos vivos estão sempre em desenvolvimento, mas a quantidade de 
mudanças pode ser mais ou menos observável ao longo da vida. Segundo, 
o desenvolvimento está relacionado à idade (apesar de não depender dela). 
À medida que a idade avança, o desenvolvimento ocorre. Todavia, ele pode 
ser mais rápido ou mais lento em diferentes períodos, e suas taxas podem 
diferir entre pessoas da mesma idade. Cada indivíduo não necessariamente 
avança em idade e desenvolvimento na mesma proporção. Além disso, o 
desenvolvimento não para em uma idade em particular, mas continua ao 
longo da vida. Terceiro, o desenvolvimento envolve mudanças sequenciais. 
Um passo leva ao passo seguinte, de maneira irreversível e ordenada. essa 
mudança	 é	 resultado	 de	 interações	 internas	 do	 indivíduo	 e	 de	 interações	
entre o sujeito e o ambiente. Todos os componentes de uma espécie passam 
por	padrões	previsíveis	de	desenvolvimento,	mas	o	resultado	é	sempre	um	
grupo de indivíduos únicos.
Ainda sobre desenvolvimento motor, temos um pesquisador da área da Educação 
Física, com uma abordagem inicialmente desenvolvimentista, Tani (2008, p. 317), que con-
sidera como ótimo o desenvolvimento motor que implica no
[...]	 aumento	 da	 diversificação	 e	 complexidade	 do	 comportamento	 motor.	
Entende-se	 por	 aumento	 de	 diversificação	 o	 aumento	 na	 quantidade	 de	
elementos do comportamento e por aumento de complexidade, o aumento 
de interação entre os elementos de comportamento.
18UNIDADE I Plano de Conhecimento
No próximo tópico iremos conhecer, de maneira sucinta, os principais aspectos 
históricos	que	permeiam	os	estudos	de	desenvolvimento	motor.	Tais	informações	irão	con-
tribuir	de	maneira	significativa	para	compreender	a	importância	de	estudar	o	tema	na	sua	
atuação	profissional.	O	desenvolvimento	motor	transversaliza	o	trabalho	do	profissional	de	
Educação Física, tendo em vista que o seu objeto de estudo é o corpo em movimento.
2.2 Aspectos Históricos
Os primeiros estudos que tematizam o desenvolvimento motor partiram do princípio 
da maturação e foram encabeçados por Arnold Gesell (1928) e Myrtle McGraw (1935). 
Os pesquisadores defendiam a ideia de que “o desenvolvimento é função de processos 
biológicos inatos, que resultam em uma sequência universal de aquisição das habilidades 
de movimento pelo bebê” (GALLAHUE; OZMUN, 2013, p. 23). Além disso, partiam do pres-
suposto	de	que	o	ambiente	 influencia	o	desenvolvimento,	mas	que	de	temporariamente,	
tendo em vista que os aspectos genéticos se sobrepunham aos fatores ambientais. 
No	final	do	século	XIX	aconteceram	alguns	estudos	sobre	a	aprendizagem	motora	
e, nesse momento, foram impulsionados pela Psicologia, com os pesquisadores Bryan e 
Harter (1897), ao tratar da aquisição de habilidades de manejo do código Morse. Posterior-
mente por Woodsworth (1899), com base na análise da relação entre precisão e velocidade 
nos movimentos das mãos. Franklin M. Henry (1964), a partir da psicologia experimental, 
considerado	um	dos	principais	pesquisadores	das	habilidades	motoras,	propõe	estudos	da	
coordenação	motora	ampla,	observando	ações	motoras	 realizadas	por	 todo	o	corpo	em	
situações	de	jogos	e	ginásios.	
Henry teve como discípulos nas décadas de 70 e 80 Dick Schmidt e Craig Wrisberg, 
haja	vista	que	Henry	influenciou	diretamente	as	áreas	da	Educação	Física	e	da	Cinesiologia	
– ciência que analisa os movimentos corporais.
Após a segunda guerra mundial surgiram novos estudos sobre o desenvolvimento 
motor, por pesquisadores da área da Educação Física que trabalharam com as potenciali-
dades da performance motora em crianças. Diferente de Gesell e McGraw, que trabalharam 
mais	com	bebês,	Espenschade,	Glassow	e	Rarick	(1981)	concentraram	suas	investigações	
em crianças em idade escolar.
Depois da década de 60, os estudos acerca do desenvolvimento motor foram am-
pliando.	Estudantes	e	pesquisadores	se	propuseram	a	investigar	a	aquisição	dos	padrões	
dos	movimentos	fundamentais	e	os	meios	subjacentes	para	tais	aquisições,	ou	seja,	quais	
aspectos interferem nas aprendizagens motoras.
19UNIDADE I Plano de Conhecimento
De acordo com Gallahue e Ozmun (2013, p. 24), 
Durante as décadas de 1980 e 1990, a ênfase do estudo do desenvolvi-
mento motor de novo mudou de forma drástica. Em vez de focar o produto 
do desenvolvimento, como nas abordagens normativas/descritivas das três 
décadas precedentes, os pesquisadores passaram a enfatizar outra vez a 
compreensão dos processos subjacentes envolvidos no desenvolvimento 
motor. Embora a importância fundamental da hereditariedade tivesse sido 
reconhecida,	agora	era	dada	uma	 importância	complementar	às	condições	
do	ambiente	do	aprendizado	e	às	exigências	específicas	da	tarefa	ou	ação	
motora.
Com o surgimento de novas perspectivas e outras possibilidades de entendimento 
do desenvolvimento motor, os olhares para as aprendizagens foram se expandindo. Isso 
aconteceu também pois o desenvolvimento infantil foi sendo mais estudado e as particu-
laridades da infância sendo analisadas e observadas com mais critérios. Durante muitos 
anos a criança era vista como um “adulto em miniatura” e bastava que ela fosse capaz 
de executar tarefas típicas da fase adulta para que a ela fossem dadas tarefas típicas da 
maturidade. 
Para ampliação das aprendizagens, no próximo tópico você irá conhecer alguns 
modelos de desenvolvimento humano a partir de diferentes referenciais teóricos,pes-
quisadores que se propuseram a estudar o fenômeno do desenvolvimento humano e, a 
partir disso, construíram teorias consistentes sobre o desenvolvimento do ser humano em 
perspectivas teóricas diversas.
20UNIDADE I Plano de Conhecimento
3 MODELOS DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
Neste tópico iremos conhecer algumas teorias que tratam do desenvolvimento 
humano em diferentes perspectivas. A proposta aqui é promover a ampliação de ideias 
sobre a maneira como acontece o desenvolvimento humano a partir de diferentes referen-
ciais teóricos. Vale esclarecer que foram selecionados alguns pesquisadores que podem 
contribuir para sua aprendizagem, o que não quer dizer que sejam os únicos. 
3.1 Piaget – Teoria do Desenvolvimento Cognitivo
Uma das teorias mais exploradas pela Educação, idealizada por Piaget, a Teoria do 
Desenvolvimento Cognitivo, está entre as mais conhecidas por pesquisadores do desen-
volvimento infantil. Piaget parte do desenvolvimento cognitivo para construir uma tabela de 
referenciais de aprendizagem, de acordo com a faixa etária da criança. Estuda a maneira 
como se aprende, do nascimento até os 11 anos, principalmente, e sugere organizar em 
estágios, que podem ser observados na Tabela 1. 
Distinguindo quatro períodos de desenvolvimento cognitivo, quais sejam: sensório-
-motor,	pré-operatório,	operatório	concreto	e	operatório	formal,	Piaget	afirma	que	o	sujeito	
constrói esquemas de assimilação mentais para interpretar a realidade.
21UNIDADE I Plano de Conhecimento
Tabela 1 - Desenvolvimento cognitivo por estágios - Jean Piaget
Fonte: Gallahue e Ozmun (2013, p. 58).
A aprendizagem humana acontece por meio da adaptação, complementada por 
processos conhecidos como acomodação e assimilação, como pode ser observado no 
esquema a seguir:
Figura 2 - Processos do desenvolvimento cognitivo de acordo com Piaget
Fonte: Gallahue e Ozmun (2013, p. 59).
22UNIDADE I Plano de Conhecimento
Nesta	perspectiva,	Piaget	(2011,	p.	89)	afirma	que	
Levando em conta, então, esta interação fundamental entre fatores internos 
e externos, toda conduta é uma assimilação do dado a esquemas anteriores 
(assimilação a esquemas hereditários em graus diversos de profundidade) e 
toda conduta é, ao mesmo tempo, acomodação destes esquemas a situação 
atual. Daí resulta que a teoria do desenvolvimento apela, necessariamente, 
para a noção de equilíbrio entre os fatores internos e externos ou, mais em 
geral, entre a assimilação e a acomodação.
3.2 Erik Erikson – Teoria Psicossocial
Conhecida como psicossocial, essa teoria apresenta fases-estágio para estudar o 
desenvolvimento humano. Embasado na experiência, Erikson defende que o desenvolvi-
mento	psicossocial	sofre	influência	de	aspectos	motores	e	da	educação	pelo	movimento	no	
decorrer da vida, sendo o movimento o componente fundamental na relação de reciprocidade 
nas	relações	parentais.	Para	o	autor,	o	contato	físico	e	as	experiências	corporais	oferecem	
suporte	para	o	estado	psíquico	de	confiança	ou	desconfiança	estabelecido	(GALLAHUE;	
OZMUN, 2013).
A Tabela 2 mostra os estágios e as características da teoria proposta por Erikson. 
Para	esse	momento	da	sua	formação,	caro(a)	aluno(a),	este	panorama	é	suficiente,	já	que	
a proposta aqui é apresentar teorias que possam dialogar com o desenvolvimento motor.
23UNIDADE I Plano de Conhecimento
Tabela 2 - Desenvolvimento psicossocial organizado em estágios - Erikson
Fonte: Gallahue e Ozmun (2013, p. 55).
24UNIDADE I Plano de Conhecimento
3.3 Arnold Gesell – Teoria da Maturação
Gesell aborda na teoria da maturação do desenvolvimento e do crescimento que 
o aspecto principal para o desenvolvimento dos aspectos físicos e motores do comporta-
mento humano é a maturação do sistema nervoso. Para o pesquisador, o desenvolvimento 
humano está pautado em adquirir uma gama de habilidades motoras rudimentares pelo 
bebê, e que essas capacidades atuam como indicadores fundamentais para o crescimento 
social e emocional do indivíduo. 
Gallahue e Ozmun (2013, p. 44) esclarecem que Gesell 
descreveu várias idades em que as crianças se encontram em períodos 
“nodais” ou então “fora de foco” em relação ao seu ambiente. O estágio 
nodal é um período de maturação, durante o qual a criança exibe elevado 
grau	de	domínio	em	situações	no	ambiente	imediato,	apresenta	equilíbrio	de	
comportamento e geralmente é agradável. Estar fora de fora é o contrário: a 
criança	exibe	um	baixo	grau	de	domínio	em	situações	no	ambiente	imediato,	
apresenta desequilíbrio ou problemas de comportamento e geralmente é 
desagradável.
Essa teoria atualmente não é largamente aceita, mas já serviu de base para orientar 
muitos estudos e pesquisas.
3.4 Freud – Teoria Psicanalítica 
A teoria psicanalítica proposta por Freud apresenta estágios e pode ser vista como 
um dos primeiros modelos do desenvolvimento humano, centrada na personalidade, trata 
de “estágios psicossexuais do desenvolvimento”, que 
[...]	refletem	várias	zonas	do	corpo	comas	quais	o	indivíduo	busca	satisfazer	
o id	(fonte	inconsciente	de	motivos,	desejos,	paixões	e	busca	de	prazer)	em	
determinados períodos etários gerais. O ego faz a mediação entre o com-
portamento de busca do prazer do id e o superego (senso comum, razão e 
consciência) (GALLAHUE; OZMUN, 2013, p. 43).
Freud organizou sua teoria nos seguintes estágios: oral, anal, fálico, latente e geni-
tal,	com	base	nos	locais	de	busca	de	prazer	do	ser	humano	e	afirma	que,	cada	estágio	está	
relacionado	com	as	sensações	físicas	e	com	as	atividades	motoras.	
3.5 Robert Havighurst – Teoria do Ambiente
Essa abordagem parte do princípio de que, ao realizar uma tarefa e obter sucesso, 
o	 indivíduo	 fica	 feliz,	 o	 que	garante	 êxito	 nas	 atividades	 posteriores.	Caso	a	 realização	
da tarefa não seja bem sucedida, o resultado será a infelicidade, desaprovação social e 
dificuldade.	De	acordo	com	Gallahue	e	Ozmun	(2013,	p.	62),	
Em cada nível do desenvolvimento, a criança encontra novas demandas 
sociais. Essas demandas, ou tarefas, surgem a partir de três fontes. Pri-
25UNIDADE I Plano de Conhecimento
meiro,	surgem	da	maturação	física.	Depois,	surgem	das	pressões	culturais	
da sociedade, como aprender a ler e a ser cidadão responsável. A terceira 
fonte de tarefas é o próprio indivíduo. As tarefas surgem da personalidade em 
maturação	e	dos	valores	e	das	aspirações	próprias	individuais.	
Para Havighurst, o professor tem papel fundamental nesse processo, pois pode 
planejar	de	maneira	adequada	o	processo	de	ensino,	“identificando	as	tarefas	adequadas	a	
determinado nível de desenvolvimento e tendo plena consciência de que o nível de pronti-
dão		da	criança	é	influenciado	por	fatores	biológicos,	culturais	e	pessoais”,	e	que	estes,	por	
sua vez funcionam de maneira integrada (GALLAHUE; OZMUN, 2013, p. 62)
Havighurst organizou as etapas do desenvolvimento da seguinte forma: fase do 
bebê e primeira infância – nascimento até 5 anos; segunda infância – 6 a 12 anos; adoles-
cência – 13 a 18 anos; adultez jovem – 19 a 29 anos; meia-idade – 30 a 60 anos e terceira 
idade – 60 anos em diante.
Segue uma tabela, trazida por Gallahue e Ozmun (2013), que apresenta os marcos 
do desenvolvimento a partir da teoria de Havighurst. Lembrando que as aprendizagens 
devem	ser	observadas	de	maneira	ampla	e	com	certa	flexibilidade,	haja	vista	que	o	ser	
humano	pode	apresentar	alterações,	considerando	que	o	que	temos	em	tabelas	de	refe-
rência	são	aproximações	convenientes	e	não	protocolos	rígidos	ou	enquadramentos	que	
determinam desenvolvimento humano.
Tabela 3 - Períodos do desenvolvimento de acordo com a teoria de Havighurst
Fonte: Gallahue e Ozmun (2013, p. 62-63).
26UNIDADE I Plano de Conhecimento
4 FATORES QUE AFETAM O DESENVOLVIMENTO MOTOR
Para	começo	de	conversa	reflita	sobre	as	seguintes	questões:
●	 Todas as pessoas têm as mesmas habilidades motoras desenvolvidas?
●	 Existem aprendizagens de movimento corporal que você consegue e outras 
pessoas queconhece não conseguem fazer?
●	 Todas	as	crianças	aprendem	as	ações	motoras	com	a	mesma	idade?
Pois bem, acredito que suas respostas para as perguntas foram negativas, tendo 
em	 vista	 que,	mesmo	 entre	 irmãos	 gêmeos	 univitelinos,	 as	 aquisições	 das	 habilidades	
motoras podem ser diferentes.
O que quero dizer com isso? Que apesar de existirem referências e tabelas para 
o desenvolvimento humano, e para o motor também, existem aspectos que interferem e 
influenciam	diretamente	na	aprendizagem	humana.	E	o	objetivo	deste	tópico	é	exatamente	
esse: mostrar para você quais fatores podem afetar o desenvolvimento das aprendizagens 
motoras.
Sabendo que existem os fatores individuais, que estão relacionados a cada ser hu-
mano particularmente, os fatores ambientais, que dizem respeito ao meio no qual a criança 
está inserida, e, por último, mas não menos importante, existem os aspectos relacionados 
às	tarefas	físicas,	como	questões	étnicas	e	culturais.	É	imprescindível	que	nós,	profissio-
27UNIDADE I Plano de Conhecimento
nais da Educação Física possamos conhecer cada um deles, para olhar o desenvolvimento 
motor e todas as variáveis que interferem na evolução saudável.
4.1 Fatores Individuais
Aqui tratamos dos aspectos genéticos e hereditários. Quando falamos de similari-
dades, entendemos que existe uma tendência de que o desenvolvimento humano aconteça 
de forma ordenada e previsível, porém existem aspectos biológicos que podem alterar tal 
ordem e previsibilidade. 
A direção do desenvolvimento é um desses aspectos individuais, está relacio-
nada à maturação neuromotora e à progressão cefalocaudal – controle da musculatura 
partindo da cabeça em direção aos pés – e proximodistal – controle da musculatura e dos 
movimentos, partindo do centro do corpo para as extremidades, em direção às partes mais 
distantes.
Assim como no desenvolvimento cefalocaudal, o conceito de proximodistal 
aplica-se tanto aos processos do crescimento como à aquisição das habili-
dades de movimento. Por exemplo, em relação ao crescimento, o tronco e a 
cintura escapular crescem antes dos braços e das pernas, que crescem antes 
dos dedos das mãos e dos pés. Na aquisição das habilidades, a criança mais 
nova é capaz de controlar os músculos do tronco e da cintura escapular antes 
dos punhos, das mãos e dos dedos. Esse princípio do desenvolvimento é 
usado com frequência nos primeiros anos de escola, quando são ensinados 
os	elementos	menos	refinados	da	escrita	antes	do	ensino	dos	movimentos	
mais	refinados	e	complexos	(GALLAHUE;	OZMUN,	2013,	p.	84-85).
Tais aspectos se desenvolvem durante toda a vida e na velhice acontece o caminho 
inverso,	ou	seja,	as	ações	motoras	que	os	membros	inferiores	e	superiores	realizam	tendem	
a	perder	a	destreza	e	eficácia.	Por	isso	é	necessário	que	as	pessoas	se	mantenham	ativas	
durante toda a vida e continuem fazendo atividades físicas na terceira idade, para que não 
percam a capacidade de mobilidade corporal adquirida, tendo em vista que isso acontece 
biologicamente.
Outro aspecto é a taxa de crescimento, que pode sofrer interferência quando a 
criança é acometida por uma doença grave que, momentaneamente, pode afetar o seu pa-
drão	de	crescimento.	Esse	fator	é	resistente	à	influência	externa,	ou	seja,	mesmo	que	haja	
alteração no crescimento no indivíduo, por doença ou prematuridade, a tendência é que a 
criança recupere os níveis de crescimento e alcance os colegas com idade aproximada a 
sua. Caso ocorra a permanência no atraso de crescimento essa diferença pode afetar o 
desenvolvimento	motor	de	maneira	significativa	e	o	efeito	disso	está	relacionado	ao	tempo	
de duração e da gravidade da carência, da idade em que tal fato ocorrer e do potencial de 
crescimento genético do indivíduo.
28UNIDADE I Plano de Conhecimento
O entrelaçamento recíproco é um aspecto do indivíduo que corresponde ao 
“entrelaçamento coordenado, progressivo e intrincado dos mecanismos neurais dos 
sistemas musculares opostos em uma relação de maturidade crescente” (GALLAHUE E 
OZMUN, 2013, p. 85). Está relacionado à capacidade de diferenciar e integrar mecanismos 
motores e sensoriais, aumentando de maneira complexa dois processos diferentes, chama-
dos de diferenciação e integração.
A	diferenciação	é	relativa	às	ações	motoras	amplas	que	vão	sendo	progressiva-
mente	refinadas	na	infância	e	adolescência.	Por	exemplo,	a	pega	de	um	objeto,	primeiro	
ela é feita com a mão toda de maneira mais global e, à medida que o movimento vai sendo 
diferenciado,	vai	refinando	até	que	a	pega	fica	como	pegamos	no	lápis	de	maneira	madura,	
por	volta	dos	7	anos.	O	controle	desses	movimentos	refinados	se	dá	a	partir	da	prática.
A integração acontece quando os músculos opostos e os sistemas sensoriais intera-
gem de maneira coordenada. A criança mais nova vai dos movimentos pouco coordenados 
e	imprecisos	para	ações	motoras	definidas,	maduras	e	orientadas.
Sobre os processos de diferenciação e integração Gallahue e Ozmun (2013, p. 86) 
esclarecem que
[...] tendem a reverter-se quando a idade avança. Conforme a pessoa en-
velhece e as capacidades de movimento começam a regredir, a interação 
coordenada	 dos	 mecanismos	 sensoriais	 e	 motores	 frequentemente	 fica	
inibida. O grau de regressão das capacidades do movimento coordenado não 
é	mera	função	da	idade,	mas	sofre	grande	influência	dos	níveis	de	atividade	
e da atitude.
Outro fator individual é a prontidão, que depende da junção de aspectos biológicos, 
ambientais e físicos, diz respeito a estar pronto para aprender determinada tarefa. Algumas 
variáveis interferem na capacidade de estar apto para aprender uma nova habilidade de 
movimento corporal, quais sejam, maturação psíquica e física, interação de maneira moti-
vada, aprendizado de pré-requisitos e ambiente rico em estímulos. O aspecto da prontidão 
sofre	influência	direta	do	professor,	ou	seja,	cabe	a	quem	ensina	observar	se	a	criança	está	
“madura” e já possui as aprendizagens necessárias para vivenciar um novo estímulo, que 
vai dar origem a uma nova habilidade. 
Os períodos de aprendizagem críticos e sensíveis estão relacionados à prontidão 
e aos momentos da vida nos quais os indivíduos estão mais suscetíveis a certos estímulos 
em relação a outros períodos. Por exemplo, a criança que não tem nutrição adequada ou 
carência de experiências motoras na primeira infância pode sofrer consequências negativas 
no desenvolvimento em uma idade mais avançada.
29UNIDADE I Plano de Conhecimento
Existem etapas sensíveis amplamente determinadas, durante os quais as pessoas 
estão	aptas	a	aprender	novas	tarefas	de	forma	mais	eficaz	e	efetiva.	Vale	destacar	que	o	
aprendizado acontece durante toda a vida, ou seja, é possível aprender novas habilidades 
motoras ou de outra natureza em qualquer momento da vida, mas existem períodos em que 
ocorre	a	aprendizagem	facilitada,	em	que	existem	condições	favoráveis	para	tal.
 O fator que trata das diferenças individuais está relacionado às singularidades 
que cada ser humano apresenta, ou seja, cada pessoa possui seu cronograma próprio de 
desenvolvimento,	que	deriva	da	hereditariedade	somada	à	influência	do	ambiente.	Mesmo	
que exista uma sequência para o desenvolvimento das características, o ritmo das aquisi-
ções	pode	variar.	
As habilidades filogenéticas são vistas na perspectiva da maturação, surgem de 
forma	automática	e	resistem	às	influências	externas,	são	
[...] as tarefas de manipulação rudimentares de alcançar, pegar e soltar 
objetos; tarefas de estabilidade para adquirir controle sobre a musculatura 
ampla do corpo; e as capacidades locomotoras fundamentais de caminhar, 
saltar	e	 correr	 são	exemplos	do	que	é	 considerado	habilidade	filogenética	
(GALLAHUE; OZMUN, 2013, p. 88). 
As habilidades ontogenéticas resultam de estímulos do ambiente e de oportunida-
des de aprendizagem. Exemplos como andar de bicicleta, nadar, não aparecem de maneira 
automática, mas devem ser aprendidosou vistos e experimentados para que possam ser 
aprendidos	pela	criança,	são	fortemente	influenciados	por	aspectos	culturais	e	ambientais.	
De acordo com Gallahue e Ozmun (2013, p. 88),
Embora haja uma tendência biológica para o desenvolvimento de determi-
nadas	 habilidades	 em	 função	 de	 processos	 filogenéticos,	 seria	 simplista	
pressupor que, sozinha, a maturação é responsável pelo desenvolvimento 
motor. A extensão ou domínio de qualquer habilidade de movimento voluntário 
depende, em parte, da ontogenia, ou seja, do ambiente. Em outras palavras, 
oportunidades	de	prática,	estímulo	e	instrução,	a	ecologia	ou	condições	do	
ambiente	contribuem	significativamente	para	o	desenvolvimento	das	habili-
dades de movimento ao longo da vida.
Apesar	de	existirem	fatores	individuais,	ficou	bastante	claro	que	o	papel	do	profes-
sor, dos estímulos e das vivências a serem oferecidas ao indivíduo constituem-se como 
essenciais na formação e no desenvolvimento das habilidades motoras. A aprendizagem 
depende de diversos aspectos, mas é imprescindível que seja oferecido à criança um am-
biente saudável e favorável para aquisição de habilidades e competências quando se trata 
de movimento humano.
30UNIDADE I Plano de Conhecimento
4.2 Fatores Ambientais
Quando falamos de fatores ambientais nos concentramos no comportamento das 
pessoas	que	convivem	com	as	crianças,	nas	relações	parentais	estabelecidas	e	na	maneira	
como tais relacionamentos afetam o desenvolvimento humano.
A premissa básica para entendermos esse aspecto é que as crianças aprendem 
e passam grande parte da infância agindo por imitação. Isso mesmo, as crianças imitam 
muitas	coisas	que	estão	ao	seu	redor.	O	que	justifica	muitas	vezes	os	pais	“não	saberem”	a	
origem	de	determinados	comportamentos,	gestos	ou	falas	de	seus	filhos.	O	fator	conhecido	
como laços	trata	da	interação	recíproca	que	se	estabelece	entre	mãe	e	filho,	pai	e	filho,	
entre	outras.	Esta	relação	mútua	pode	atuar	de	maneira	significativa	no	ritmo	e	na	extensão	
do desenvolvimento da criança. 
O aspecto conhecido como estimulação e privação diz respeito ao nível de ex-
periências a que o ser humano é submetido. O quanto o treinamento e a exposição a 
estímulos interferem no desenvolvimento de habilidades. Em contrapartida a carência e 
escassez de vivências pode “atrasar” tais aprendizagens. Apesar de existir um potencial 
biológico para que determinada habilidade seja desenvolvida, é fato que quando a criança 
é estimulada a experimentar diversas possibilidades de ação motora, o resultado é um 
repertório de habilidades e nível de destreza de acordo com o esperado para a idade ou até 
mesmo	avançado	se	comparado	com	uma	criança	da	mesma	idade	que	vive	em	condições	
ambientais desfavoráveis em se tratando de estímulos ambientais.
Tal aspecto é facilmente observado quando olhamos os intervalos escolares. Ve-
mos meninos e meninas da mesma idade, mas com níveis de habilidades motoras bastante 
diversificados.	
4.3 Fatores das Tarefas Físicas
Neste item precisamos olhar para aspectos como: etnia, classe social, gênero, 
formação étnica e cultural e, sem qualquer tipo de preconceito, olhar para tais fatores como 
passíveis	de	influenciar	o	crescimento	e	o	desenvolvimento	motor.	Vamos	exemplificar	de	
maneira simples: se pensarmos na coordenação motora óculo pedal, quem desenvolve 
mais facilmente? Meninos ou meninas? 
Pois	 bem,	 de	maneira	 geral,	 por	 questões	 culturais,	 os	meninos	 são	orientados	
para o futebol e suas habilidades muito precocemente, o que interfere na aquisição e apri-
moramento das habilidades. 
31UNIDADE I Plano de Conhecimento
Evidente	que	muitas	afirmativas	que	fazíamos	há	algum	tempo	já	não	podem	ser	
feitas	atualmente,	e	assim	as	coisas	vão	sendo	modificadas.	Mas,	como	profissionais	que	
lidam	diariamente	com	desenvolvimento	humano,	é	necessário	refletir	sobre	diversas	situa-
ções	que	fazem	parte	do	nosso	cotidiano	e	da	nossa	atuação	profissional.
A prematuridade é um aspecto bastante observado quando vamos tratar de de-
senvolvimento	humano,	mas	especificamente	das	aquisições	motoras.	O	nascimento	pre-
maturo	pode	acarretar	efeitos	a	longo	prazo	e	ocasionar	diferenças	nas	aquisições	motoras	
no decorrer da vida do indivíduo. Quando o bebê é submetido aos estímulos adequados e 
tem os atendimentos necessários, muitas vezes acaba progredindo de maneira satisfatória 
e acaba alcançando níveis de desenvolvimento de acordo com o esperado para a idade. 
Porém, se não houver um acompanhamento adequado e atendimento necessário, a criança 
pode ter seu desenvolvimento afetado.
O aspecto que se refere aos transtornos de alimentação	trata	de	situações	como	
obesidade, compulsão alimentar, anorexia/bulimia, e entre crianças, adolescentes e adultos 
podem afetar de maneira acentuada o crescimento e desenvolvimento motor. A obesidade 
e o sobrepeso aumentam o risco do aparecimento de doenças graves, como diabetes e 
hipertensão	e	estão	associadas	a	várias	situações	negativas	de	saúde,	como	colesterol	
elevado, problemas hormonais, entre outros. 
A compulsão alimentar é um transtorno no qual o indivíduo apresenta descontrole 
nos episódios de alimentação com intervalos e quantidades irregulares. A anorexia/bulimia 
é um transtorno psíquico que deriva da aversão à comida e na autoinanição, podendo 
resultar em atraso no desenvolvimento ou até mesmo levar à morte.
O nível de aptidão física de uma pessoa afeta no desenvolvimento motor, quando 
falamos	das	condições	de	força,	velocidade,	flexibilidade,	resistência,	entre	outras	capa-
cidades relacionadas ao condicionamento físico, estamos também falando do desenvolvi-
mento das habilidades motoras. Quanto mais treinamos e nos exercitamos, melhores são 
as nossas capacidades e consequentemente melhor será nosso condicionamento físico.
O aspecto que trata da biomecânica trata dos princípios mecânicos do movimento 
corporal, numa relação com estabilidade, locomoção e manipulação. O ser humano é capaz 
de movimentar-se de muitas formas, mas é importante conhecermos alguns movimentos 
básicos que dão suporte para que todos os outros movimentos sejam aprendidos e realiza-
dos. Entre eles podemos citar o equilíbrio corporal, que dá base para muitos movimentos 
que realizamos. Como podemos andar se não somos capazes de manter o corpo em equilí-
32UNIDADE I Plano de Conhecimento
brio, em bipedia? O equilíbrio corporal sofre a ação da gravidade sobre o corpo e a maneira 
como respondemos corporalmente a ela.
A	força	em	situações	como	aplicação	e	recepção	está	relacionada	à	capacidade	de	
contração	e	relaxamento	que	permite	executar	diversas	ações	motoras	e	serve	de	pré-re-
quisito para que o corpo realize e aprenda uma variedade de movimentos corporais cada 
vez mais complexos.
33UNIDADE I Plano de Conhecimento
5 O MODELO TEÓRICO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR
Metodologicamente, o desenvolvimento motor é categorizado de acordo com a idade 
cronológica, por meio da distribuição em grupos a partir das faixas etárias correspondentes. 
Nesse sentido, Gallahue e Ozmun (2013) destacam que não são protocolos fechados, mas 
sim escalas de tempo aproximadas que mostram os comportamentos observáveis durante 
um período da vida.
A vida humana tem como uma das características justamente passar por diversas 
transformações	no	seu	decorrer	e	por	diversas	etapas:	ovo,	embrião,	feto,	recém-nascido,	
criança, adolescente, adulto, idoso. Tais fases perpassadas pelo ser humano parte do 
conjunto	de	funções	básicas	peculiares	ao	processo	como	um	todo,	que	são	crescimento,	
desenvolvimento	 e	 maturação,	 incorporado	 às	 dimensões	 cognitiva,	 afetiva	 e	 social.	 É	
fundamental que possamos olhar o desenvolvimento humano de maneira holística, ou seja, 
como	um	todo,	no	qual	as	dimensões	cognitiva,	afetiva	e	motora	atuam	e	funcionam	de	
maneira	integrada,	para	que	possamos	contribuir	de	maneira	significativa	em	suas	apren-
dizagens. Os domínios do desenvolvimentohumano não atuam de maneira isolada ou 
independente,	mas	de	forma	interativa.	Vou	exemplificar...
Quando estamos emocionalmente desestabilizados nossa capacidade de aprendi-
zagem, ou seja, nossa cognição, acaba sendo afetada. A condição afetiva do ser humano 
interfere na cognitiva e nos movimentos corporais e assim por diante.
Já que mencionamos os domínios de desenvolvimento humano, vamos entender 
de maneira sucinta cada um deles:
Domínio motor:	caracteriza	as	estruturas	para	 identificar	os	movimentos	corpo-
rais humanos. Atualmente, usamos o termo Psicomotor para designar esse domínio, por 
entender	 que	mente	e	 corpo	 são	aspectos	 indissociáveis	 e	 se	 refletem	nas	habilidades	
motoras.	São	as	 transformações	progressivas	no	 comportamento	motor,	 que	ocorrem	a	
partir	 de	 condições	 ambientais,	 interagindo	 com	 ambientes	 favoráveis	 de	 aprendizado.	
Nesse	domínio	estão	as	ações	motoras	básicas	e	fundamentais,	como	andar,	correr,	saltar,	
pegar,	lançar	etc.	Além	dessas,	também	as	habilidades	esportivas,	laborais	e	específicas,	
como pilotar um avião. 
Domínio cognitivo: são as mudanças progressivas nas habilidades de pensamento, 
raciocínio e ação. É constituído de diversos processos mentais, tais como: atenção, 
concentração, memória, entre outros.
34UNIDADE I Plano de Conhecimento
Domínio afetivo: diz respeito à capacidade de interação e relacionamento que o 
ser humano aprende no decorrer da vida. As pessoas utilizam o movimento para se relacio-
narem com o mundo ao seu redor, com as pessoas, com os objetos, com a natureza. Esse 
domínio trata dos comportamentos sociais que são aprendidos quase em sua totalidade e 
podem ser melhorados. 
É de suma importância conhecer os domínios do desenvolvimento, tendo em vista 
que existe uma inter-relação entre eles. Nosso comportamento motor responde aos estímu-
los	decorrentes	das	demais	dimensões	do	desenvolvimento	humano.
Quando tratamos do desenvolvimento motor, buscamos referências que possam 
contribuir	para	entender	as	aquisições	e	aprendizagens	no	decorrer	da	vida,	do	nascimento	
até a velhice. Para nos ajudar no entendimento das aprendizagens motoras, irei apresentar 
a famosa “ampulheta” do desenvolvimento motor, proposta por Gallahue e Ozmun (2013), 
que mostra as etapas distribuídas por faixa etária.
A ideia é que você comece a se familiarizar com ela. Para tanto, gostaria que você 
observasse a imagem a seguir e pensasse por alguns instantes em crianças e adolescentes 
do seu convívio, se assim for possível, que estejam em cada uma das etapas.
Figura 3 - Fases e estágios do desenvolvimento motor
Fonte: Gallahue e Ozmun (2013, p. 69).
35UNIDADE I Plano de Conhecimento
Essa ampulheta apresenta as etapas do desenvolvimento motor, que, neste mo-
mento do material, serão brevemente apresentadas. Cada uma das etapas mostradas será 
devidamente tratada nas próximas unidades. Fique tranquilo(a), aluno(a), que ao término 
desta disciplina você irá conhecer todas as fases do desenvolvimento motor de maneira 
detalhada,	a	fim	de	que	tais	conhecimentos	possam	auxiliar	sua	prática.
Vale	 ressaltar	 que	 tal	 ampulheta	 sofreu	 algumas	 alterações,	 ao	 considerar	 que	
existem aspectos que interferem no desenvolvimento da motricidade, e ampliou o modelo 
para	o	que	será	apresentado	na	sequência.	Observe	com	atenção	quais	alterações	foram	
realizadas	e	tente,	como	num	jogo	das	diferenças,	detectar	tais	modificações.	A	nova	versão	
foi chamada “ampulheta triangulada”.
Figura 4 - Ampulheta triangulada proposta por Gallahue e Ozmun
Fonte: Gallahue e Ozmun (2013, p. 76).
36UNIDADE I Plano de Conhecimento
E	então?	Observou	 as	 inserções?	Veja	 o	 que	Gallahue	 e	Ozmun	 (2013,	 p.	 76)	
afirmam	sobre	a	figura
Preenchimento da ampulheta individual com “areia” (i.e., substância da vida). 
A ampulheta representa a visão descritiva (produto) do desenvolvimento. O 
triângulo invertido representa a visão explicativa (processo) do desenvolvi-
mento. Ambas são úteis à compreensão do desenvolvimento motor à medida 
que o indivíduo se adapta continuamente às mudanças na busca constante 
pela aquisição e manutenção do controle motor e da competência no movi-
mento.
Essa ampulheta fornece a visão descritiva de desenvolvimento humano, mostrando 
as fases típicas e os estágios de acordo com a faixa etária, do nascimento até a velhice. O 
triângulo	invertido	que	atravessa	a	figura	consiste	numa	orientação	visual	para	observar-
mos aspectos como hereditariedade, meio e a maneira como interferem na realização das 
tarefas de aquisição e desenvolvimento das habilidades motoras.
É fundamental estar atento(a) aos aspectos que interferem no desenvolvimento 
motor, como os autores colocam na imagem: hereditariedade e ambiente. Aspectos que 
podem ser herdados geneticamente e que fazem diferença na aquisição e desenvolvimento 
de aprendizagens motoras e aspectos ambientais como uma variável essencial na apren-
dizagem	das	ações	motoras	pelas	pessoas.	Na	segunda,	os	profissionais	que	passam	pela	
vida do indivíduo consistem em elementos fundamentais, ou seja, os estímulos recebidos 
pelas crianças serão decisivos no seu desenvolvimento saudável ou não. Esteja sempre 
atento(a)	para	a	escolha	das	atividades	e	intervenções	a	serem	realizadas	para	que	sejam	
coerentes com as necessidades, interesses e etapas de desenvolvimento do grupo que 
atende.
Como podemos observar na própria ampulheta o desenvolvimento motor está 
organizado	em	estágios:	reflexivo,	rudimentar,	fundamental	e	especializado.	Essas	etapas	
vão do nascimento até por volta de 12 anos de idade. A partir de 12 anos o ser humano 
vai especializando os movimentos que já aprendeu e vai aprimorando suas habilidades 
motoras aprendidas anteriormente. 
Sobre o assunto Gallahue e Ozmun (2013, p. 80) esclarecem que
A aquisição de competências no movimento é um processo extensivo, que 
começa	com	os	movimentos	 reflexos	 iniciais	do	 recém-nascido	e	continua	
por toda a vida. O processo pelo qual o indivíduo passa pelas fases dos 
movimentos	reflexo,	rudimentar	e	fundamental,	até	chegar,	finalmente,	a	fase	
das	habilidades	do	movimento	 especializado	e	 influenciado	por	 fatores	 da	
tarefa, do indivíduo e do ambiente. 
Para	esta	unidade	do	material	ficaremos	por	aqui.	Daqui	em	diante	iremos	conhecer	
cada etapa do desenvolvimento motor e suas particularidades.
37UNIDADE I Plano de Conhecimento
SAIBA MAIS
Vamos falar sobre Psicomotricidade?
Durante a unidade tratamos do Desenvolvimento Motor numa perspectiva essencial-
mente desenvolvimentista e foram apresentadas diversas perspectivas teóricas e a fun-
damentação	pautada	em	autores	que,	em	seus	estudos,	privilegiaram	as	ações	motoras	
como objeto de estudo. Neste momento trago uma ciência que tem por objetivo ampliar 
o olhar para a aprendizagem e para a realização dos movimentos corporais.
Diante	disso,	apresento	a	definição	de	Psicomotricidade	de	acordo	com	a	Associação	
Brasileira de Psicomotricidade (2019, on-line) e convido você a se encantar por essa 
área, que olha para os movimentos humanos de maneira mais abrangente e além da 
simples execução física deles.
“’Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado para uma concepção de movimen-
to organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja ação é 
resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização.’ (Associação Bra-
sileira de Psicomotricidade)
‘A	Psicomotricidade	baseia-se	em	uma	concepção	unificada	da	pessoa,	que	 inclui	as	
interações	cognitivas,	sensório	motoras	e	psíquicas	na	compreensão	das	capacidades	
de ser e de expressar-se, a partir do movimento, em um contexto psicossocial. Ela se 
constitui	por	um	conjunto	de	conhecimentos	psicológicos,	fisiológicos,	antropológicos	e	
relacionais que permitem, utilizando o corpo como mediador, abordar o ato motor hu-
mano com o intento de favorecer a integração deste sujeito consigo e com o mundo dos 
objetos e outros sujeitos.’(Costa, 2002)
‘Em	razão	de	seu	próprio	objeto	de	estudo,	isto	é,	o	indivíduo	humano	e	suas	relações	
com	o	corpo,	a	Psicomotricidade	é	uma	ciência	encruzilhada...	que	utiliza	as	aquisições	
de numerosas ciências constituídas (biologia, psicologia, psicanálise, sociologia, linguís-
tica...) Em sua prática empenha-se em deslocar a problemática cartesiana e reformular 
as	relações	entre	alma	e	corpo:	O	homem	é	seu	corpo	e	NÃO	-	O	homem	e	seu	corpo’.	
(Jean-Claude Coste, 1981)
A	psicomotricidade	pode	também	ser	definida	como	o	campo	transdisciplinar	que	estuda	
e	investiga	as	relações	e	as	influências	recíprocas	e	sistémicas	entre	o	psiquismo	e	a	
motricidade.
Baseada numa visão holística do ser humano, a psicomotricidade encara de forma inte-
grada	as	funções	cognitivas,	sócio-emocionais,	simbólicas,	psicolinguísticas	e	motoras,	
promovendo a capacidade de ser e agir num contexto psicossocial. A psicomotricidade 
possui as linhas de atuação educativa, reeducativa, terapêutica, relacional, aquática 
[...]”.
Fonte: Associação Brasileira de Psicomotricidade (2019).
38UNIDADE I Plano de Conhecimento
REFLITA
“Se uma pessoa não pode aprender da maneira que é ensinada, é melhor ensiná-la da 
maneira que pode aprender” (Marion Welchmann).
O desenvolvimento depende de história e contexto. Cada pessoa desenvolve-se dentro 
de	um	conjunto	específico	de	circunstâncias	ou	condições	definidas	por	tempo	e	lugar.	
Os	seres	humanos	influenciam	seu	contexto	histórico	e	social	e	são	influenciados	por	
eles. Eles não apenas respondem a seus ambientes físicos e sociais, mas também inte-
ragem com eles e os mudam (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006).
39UNIDADE I Plano de Conhecimento
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Então, caro(a) aluno(a), chegamos ao término desta unidade, que foi recheada 
de conhecimento. Repleta de conceitos, busquei apresentar a disciplina de maneira a es-
timular diversas curiosidades em você. É fundamental que neste momento você faça um 
balanço das aprendizagens adquiridas durante o percurso. Para isso irei retomar o que 
vimos: conceitos de aprendizagem, desenvolvimento, maturação e crescimento para que 
fosse estabelecido o primeiro contato com a disciplina, lembrando que esses termos serão 
largamente	utilizados	durante	sua	vida	acadêmica	e	em	sua	atuação	profissional.
Em seguida começamos a entender do que se trata esse tal desenvolvimento mo-
tor, suas características, sua relevância na vida do ser humano e porque é tão importante 
conhecer seus aspectos e suas particularidades.
Continuamos nossos estudos falando de diversas perspectivas teóricas que dialo-
gam com o desenvolvimento motor e contribuem para entender de que maneira acontece o 
desenvolvimento humano. E chegamos, então, na etapa de estudos que fomos investigar o 
que	pode	interferir	nas	aquisições	motoras	do	ser	humano,	que	aspectos	podem	prejudicar	
ou potencializar a aprendizagem dos movimentos pelas pessoas. Nesse momento vimos 
o	quanto	é	fundamental	o	papel	do	professor	e	a	escolha	das	intervenções	feitas	por	ele.
E,	por	fim,	mas	não	menos	importante,	conhecemos	a	famosa	ampulheta	proposta	
por Gallahue e Ozmun, que, acredite, vai povoar muito seus pensamentos no decorrer da 
disciplina	que	estamos	cursando	e	deste	curso.	Ela	nos	mostra,	de	maneira	figurada,	que	
existem etapas para as aprendizagens motoras, que elas funcionam de maneira hierárquica 
e organizam o desenvolvimento motor de forma esquemática.
Antes de convidar você a partir para a próxima unidade, gostaria de ressaltar a 
relevância	de	explorar	as	indicações	que	fiz	neste	material,	as	referências	que	sugiro	para	
complementar	seus	estudos	e	fazer	desta	disciplina	o	diferencial	na	sua	profissão.
Feita esta breve revisão podemos partir para as próximas unidades do nosso estu-
do. Preparado(a)?
40UNIDADE I Plano de Conhecimento
LEITURA COMPLEMENTAR
Caro(a) aluno(a),
Neste momento da unidade sugiro algumas leituras que podem contribuir para me-
lhorar seus estudos sobre o tema que estamos conhecendo. Sugiro que, mediante leitura dos 
textos	sugeridos,	você	faça	anotações	e	apontamentos	por	escrito	junto	com	os	materiais	
que utiliza na disciplina. Essas leituras podem fomentar uma série de aprendizagens novas 
e	instigar	possíveis	investigações	que	irão	fazer	de	você	o(a)	profissional	diferenciado(a)	
que o mercado busca na atualidade.
DESENVOLVIMENTO MOTOR: PASSADO, PRESENTE E FUTURO
http://www.luzimarteixeira.com.br/wp-content/uploads/2010/05/desenvolvimento-motor-
-presente-passado-e-futuro.pdf
AVALIAÇÃO	DO	DESENVOLVIMENTO	MOTOR	DE	CRIANÇAS	COM	DIFICULDADES	DE	
APRENDIZAGEM
http://www.scielo.br/pdf/rbcdh/v12n1/a06v12n1
DESENVOLVIMENTO HUMANO
https://www.academia.edu/22315624/Diane_E._Papalia_-_Desenvolvimento_Humano.
PDF
ACERCA	DA	RELAÇÃO	ENTRE	ENSINO,	APRENDIZAGEM	E	DESENVOLVIMENTO
https://www.redalyc.org/pdf/374/37415106.pdf
APRENDIZAGEM	E	DESENVOLVIMENTO:	O	PAPEL	DA	MEDIAÇÃO
http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/sem_pedagogica/jul_2009/apren-
dizagem_desenvolviemnto_sforni.pdf
41UNIDADE I Plano de Conhecimento
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO 
• Título: Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem
• Autor: Vitor da Fonseca
• Editora: Artmed
• Sinopse: Neste livro, Vitor da Fonseca apresenta um levanta-
mento das principais linhas de conceituação do desenvolvimento 
psicomotor,	conseguindo	superar	o	desafio	de	unificar	concepções	
de distintas disciplinas e de vários autores oriundos de diferentes 
culturas. O resultado é a mais completa e compreensível descrição 
do modo como funciona a psicomotricidade. 
FILME/VÍDEO
• Título: O enigma de Kaspar Hauser
• Ano: 1975
• Sinopse: Um	filme	alemão	ocidental	de	1974,	um	dos	mais	cele-
brados	do	diretor	Werner	Herzog.	O	trabalho,	cujo	título	significa,	
em tradução literal, “cada um por si e Deus contra todos” narra a 
história de Kaspar Hauser, uma criança abandonada envolta em 
mistério,	encontrada	na	Alemanha	Ocidental	do	século	XIX,	com	
alegadas	 ligações	à	 família	 real	de	Baden.	O	filme	 fez	parte	da	
competição para a Palma de Ouro no Festival de Cannes 1975, 
em que ganhou três prêmios.
O	filme	de	Werner	Herzog	é	baseado	no	livro	“Kasper	Hauser	oder	
die Trägheit des Herzens”, de Jakob Wassermann, publicado em 
1908, que, por sua vez, retrata o caso de um adolescente encarce-
rado	na	Alemanha	do	século	XIX	até	a	idade	de	16	anos,	quando	
teve seu primeiro contato verbal e social. Somente depois disso 
pôde ser observado algum desenvolvimento de Kaspar Hauser 
na linguagem e na socialização com outros indivíduos. 
Devido à aquisição tardia de uma língua materna, fora do período 
crítico da infância, Kasper Hauser nunca desenvolveu a com-
petência linguística de um falante nativo, principalmente no que 
concerne à sintaxe. Além disso, outras habilidades sociais foram 
seriamente prejudicadas, ainda que ele fosse capaz de aprendi-
zagem de disciplinas. Tal episódio demonstra a importância da 
linguagem no processo socializador de um indivíduo. 
• Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=Wplj0ITkwho
42
Plano de Estudo:
●	 Fase pré-natal e infantil;
●	 Reflexos	infantis	e	estereótipos	rítmicos;
●	 Habilidades motoras rudimentares;
●	 Percepção infantil.
Objetivos de Aprendizagem:
●	 Conceituar e contextualizar os aspectos que afetam no desenvolvimento motor e 
que acontecem na fase pré-natal;
●	 Compreender as características do crescimento infantil nas fases pré-natal e no 
período da infância no que tange o desenvolvimento motor;
●	 Entender as particularidades do desenvolvimento desde o período gestacional até 
a infância;
●	 Conhecer	as	etapas	de	desenvolvimento	motor	do	movimento	reflexo	e	do	
movimento rudimentar;
●	 Entender	a	percepção	infantil	e	de	que	maneira	são	desenvolvidas	as	percepções.
UNIDADE II
Primeira Infância
Professora Mestra Juliana Montenegro Seron
43UNIDADE II Primeira Infância
INTRODUÇÃO
Caro(a) estudante,
É com satisfação que dou início à nossa Unidade II desta disciplina. Durante 
nossos estudos vocêterá a oportunidade de compreender o começo do desenvolvimento 
infantil, quando pensamos numa perspectiva cronológica. Isso mesmo. Vamos começar 
esta caminhada estudando o desenvolvimento motor antes do ser humano ter nascido, 
na fase que chamamos de pré-natal, olhando para aspectos que acontecem durante a 
gestação, no que se refere ao crescimento e desenvolvimento. Com base nas teorias de 
desenvolvimento que já estudamos, estamos falamos da origem das aprendizagens e do 
comportamento motor.
Pensando em contribuir em	sua	formação	de	maneira	significativa,	iremos	explorar	
aspectos do desenvolvimento desde a fase pré-natal, por entender que nesse período 
acontecem	diversas	situações	que	devem	ser	aprendidas	e	que	interferem	na	vida	futura	e	
nas intercorrências ao longo do desenvolvimento.
Neste momento da disciplina nós iremos conhecer a base da ampulheta proposta 
por Gallahue e Ozmun (2013), que foi apresentada a você na primeira unidade, a dos 
movimentos	 reflexos,	 que	 são	 aqueles	 realizados	 pelo	 bebê,	 e	 a	 fase	 dos	movimentos	
rudimentares, ou seja, iremos explorar o desenvolvimento motor do nascimento até 2 anos 
de idade. 
Se buscarmos historicamente, durante muito tempo a infância não era vista com 
suas	particularidades	e	especificidades.	A	criança	era	vista	como	“adulto	em	miniatura”	e	
socialmente bastava que ela fosse capaz de realizar as tarefas típicas da vida adulta para 
que ela assumisse diversas responsabilidades, dando adeus à infância e tudo àquilo que 
uma criança precisa para se desenvolver como ser humano.
Hoje existem inúmeros estudos que apontam para o quanto esse período da vida 
é fundamental para as etapas futuras e o quanto existe uma base de aprendizagens que 
acontece na infância e que são aprendizagens essenciais e habilidades necessárias, que 
serão utilizadas em muitas outras demandas, como na alfabetização, por exemplo.
Vamos, então, conhecer as duas primeiras fases do desenvolvimento motor: movi-
mento	reflexo	e	movimento	rudimentar?
44UNIDADE II Primeira Infância
1 FASE PRÉ-NATAL E INFANTIL
Neste tópico iremos começar a explorar o desenvolvimento motor, partindo da 
etapa pré-natal, que corresponde aos 9 meses ou 40 semanas de gestação, que pode, 
por diversos fatores, durar mais ou menos tempo. Vamos apresentar aqui uma série de 
aspectos que podem acontecer nesse período e podem também ser controlados, e, por sua 
vez, impactam o desenvolvimento motor do bebê e no decorrer da vida. Em seguida iremos 
tratar da taxa de crescimento pré-natal e infantil, sabendo que em nenhum momento da 
vida o corpo humano cresce como desde a concepção até os dois anos aproximadamente. 
Pensando na velocidade de crescimento que acontece nesse período de que for-
mas o movimento se comporta? E as aprendizagens motoras?
Neste tópico iremos conhecer aspectos da gestação que interferem no desenvolvi-
mento,	ou	seja,	condições	de	antes	ou	durante	a	gravidez	que	aumentam	o	risco	da	criança	
ter intercorrência e consequências no seu desenvolvimento. Em seguida vamos entender 
como acontece o crescimento pré-natal e durante a infância.
1.1 Fatores Pré-Natais que Afetam o Desenvolvimento
Existem diversos fatores que afetam o desenvolvimento da criança e podem inclusi-
ve interferir futuramente no aprendizado de diversas habilidades e que acontecem durante 
a gestação. 
45UNIDADE II Primeira Infância
Os fatores nutricionais e químicos estão relacionados à alimentação da mãe 
durante o período da gravidez. Se tais aspectos irão realmente interferir no desenvolvi-
mento vai depender de algumas variáveis, tais como: “a condição do feto, o grau de abuso 
nutricional ou químico, a quantidade ou dosagem, o período da gravidez” (GALLAHUE; 
OZMUN, 2013, p. 100). O risco para o feto se dá quando existe um ou mais desses fatores 
apresentados.
Especificamente	 como	 aspecto	 nutricional	 temos	 a	 má	 nutrição	 pré-natal,	 que	
podem ter como resultado a má nutrição do feto, da placenta ou da mãe. A nutrição ma-
terna	adequada	significa	que	a	mulher	não	ingere	a	quantidade	necessária	de	nutrientes	
diariamente,	o	que	contribui	significativamente	para	a	saúde	geral	da	mãe	e	do	bebê	e,	em	
alguns	casos,	impede	deficiências	de	nascimento.	Existem	diversos	estudos	que	associam	
determinados nutrientes a menor incidência de doenças, como, por exemplo, a ingestão do 
ácido fólico e a redução de deformidades do tubo neural que ocasiona a mielomeningocele 
ou	espinha	bífida.
Um dos aspectos químicos que pode causar danos no desenvolvimento infantil é o 
uso de medicamentos e drogas pela mãe. Como a parede da placenta é “porosa”, é possível 
que substâncias a penetrem e atinjam o feto. Medicamentos comprados rotineiramente nas 
farmácias, sem necessidade de receita ou acompanhamento médico podem causar danos 
para o feto. Por isso o cuidado com a gestante e os medicamentos a serem usados durante 
a gravidez são necessários, principalmente em determinados períodos da gestação.
Você já deve ter lido algo ou ouvido falar em doenças que acometem o universo 
infantil e que podem ser associadas ao uso de determinados remédios. Muitas vezes são 
pesquisas	em	andamento	ou	especulações,	mas	existe	uma	relação	íntima	do	uso	de	me-
dicamentos com o desenvolvimento do bebê e o surgimento de doenças. Sempre que for 
considerada a possibilidade de que uma disfunção seja associada ao uso de medicamentos 
durante a gestação devem ser considerados os seguintes fatores: período da gravidez que 
foi	tomado,	dose,	tempo	que	tomou	o	remédio,	predisposições	genéticas	do	feto,	interação	
dos quatro aspectos.
A tabela a seguir mostra alguns exemplos de medicamentos que ocasionam efeitos 
na criança quando usados durante a gestação.
46UNIDADE II Primeira Infância
Tabela 1 - Efeitos de medicamentos usados durante a gestação que podem afetar o desenvolvimento
Fonte: Gallahue e Ozmun (2013, p. 111).
Por outro lado, existem aqueles medicamentos que são “necessários”, ou seja, 
que a mãe precisa tomar, pois estão em tratamento médico ou por mal-estar. Evidente que 
quando	existe	o	acompanhamento	médico	saudável,	o	profissional	vai	receitar	remédio	em	
último caso. Vários medicamentos, sem receita, apresentam potencial para prejudicar o 
desenvolvimento do feto. A tabela a seguir mostra algumas doenças que a mãe pode ter, 
qual medicação é administrada e quais seus possíveis efeitos.
Tabela 2 - Drogas usadas durante a gestação e seus possíveis efeitos no bebê
Fonte: Gallahue e Ozmun (2013, p. 112).
Por último vamos falar sobre o uso de drogas lícitas e ilícitas durante a gravidez. 
Você já ouviu falar sobre a Síndrome Alcoólica Fetal ou do Alcoolismo Fetal? Pois bem, 
está relacionada ao abuso de álcool durante a gestação e a maneira como tal hábito afeta 
o	desenvolvimento	do	feto.	Essa	síndrome,	além	de	causar	alterações	nas	características	
faciais, traz como consequências atrasos no desenvolvimento psicomotor. 
47UNIDADE II Primeira Infância
Sobre o uso de álcool e tabaco na gestação Gallahue e Ozmun (2013, p. 113) 
explicam que
Embora o álcool e o tabaco sejam considerados por muitos como drogas 
que alteram a mente ou o humor, nos falaremos elas em separado por causa 
da	 frequência	de	uso	e	para	amplificar	 os	potenciais	 perigos.	Foi	 relatado	
variavelmente que há mais de um milhão de mulheres alcoolistas em idade 
fértil. O feto é afetado duas vezes mais rápido do que a mãe pelo consumo 
de álcool e com o mesmo nível de concentração.
O uso de álcool e tabaco durante a gestação é muito mais comum do que imagi-
namos	e	pode	trazer	consequências	significativas	no	desenvolvimento	do	feto	e	para	as	
aquisições	psicomotoras	da	criança.
Não podemos esquecer do uso de drogas ilícitas, como maconha, cocaína, anfe-
taminas, entre outras. Só para você ter uma ideia, o uso de cocaína durante a gestação 
indica para os bebês risco de mortalidade, morbidade e distúrbios de desenvolvimento e de 
comportamento a longo

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