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RESOLUÇÃO DAS QUESTÕES JURÍDICAS CONCURSO CEBRASPE 2018 DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL ME SIGA NO INSTAGRAM @CASTROTHOMAZINI Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 1 Considerando que determinado órgão público, visando aumentar sua eficiência na prestação de serviços, pretenda contratar empresa particular especializada para capacitar seus servidores, julgue os itens a seguir, com base nas disposições da legislação que regula a contratação de serviços na administração pública. (1) Se o serviço for de natureza singular e a empresa possuir notória especialização, a contratação poderá ocorrer por inexigibilidade de licitação. (2) Havendo os pressupostos fáticos e jurídicos para a realização de uma licitação, a administração pública poderá selecionar a empresa a ser contratada por meio de pregão eletrônico, desde que o serviço seja qualificado como comum, isto é, seja um serviço cujo padrão de desempenho e qualidade possa ser objetivamente definido pelo edital. (3) A empresa poderá ser contratada por dispensa de licitação se a capacitação custar entre R$ 18.000 e R$ 25.000. Julgue os seguintes itens, relativos ao controle da administração pública. (4) O exercício do controle judicial sobre os atos da administração pública abrange os exames de legalidade e de mérito desses atos, cabendo ao juiz anulá-los ou revogá- los. (5) A fiscalização contábil, orçamentária, operacional e patrimonial da administração pública federal sob os aspectos de legalidade, legitimidade e economicidade integra o controle externo exercido pelo Poder Legislativo Federal com o auxílio do TCU. Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 2 Em relação aos poderes administrativos, julgue os itens seguintes. (6) A demissão de servidor público configura sanção aplicada em decorrência do poder de polícia administrativa, uma vez que se caracteriza como atividade de controle repressiva e concreta com fundamento na supremacia do interesse público. (7) Embora possam exercer o poder de polícia fiscalizatório, as sociedades de economia mista não podem aplicar sanções pecuniárias. João, servidor público responsável pelo setor financeiro de uma autarquia federal, sem observar as formalidades legais necessárias, facilitou a incorporação, ao patrimônio particular de entidade privada sem fins lucrativos, de valores a ela repassados mediante a celebração de parceria. Nessa situação hipotética, conforme a legislação e a doutrina a respeito de improbidade administrativa e regime disciplinar do servidor público federal, (8) João poderá ser responsabilizado pela prática de ato de improbidade administrativa causador de prejuízo ao erário. (9) a pena disciplinar máxima a que João estará sujeito é a suspensão por noventa dias. (10) João poderá ser condenado, no âmbito judicial, ao ressarcimento integral do dano, à suspensão dos seus direitos políticos e ao pagamento de multa. (11) a responsabilidade de João é objetiva, independentemente da demonstração de culpa ou dolo. Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 3 No que se refere aos servidores públicos e aos atos administrativos, julgue os itens que se seguem. (12) Havendo compatibilidade de horários, é possível a acumulação remunerada do cargo de delegado de polícia federal com um cargo público de professor. (13) Situação hipotética: Um servidor público efetivo em exercício de cargo em comissão foi exonerado ad nutum em razão de supostamente ter cometido crime de peculato. Posteriormente, a administração reconheceu a inexistência da prática do ilícito, mas manteve a exoneração do servidor, por se tratar de ato administrativo discricionário. Assertiva: Nessa situação, o ato de exoneração é válido, pois a teoria dos motivos determinantes não se aplica a situações que configurem crime. Acerca da responsabilidade civil do Estado, julgue os itens a seguir. (14) A responsabilidade civil do Estado pela morte de detento sob sua custódia é objetiva, conforme a teoria do risco administrativo, em caso de inobservância do seu dever constitucional específico de proteção. (15) O Estado não será civilmente responsável pelos danos causados por seus agentes sempre que estes estiverem amparados por causa excludente de ilicitude penal. A possibilidade de um direito positivo supraestatal limitar o Poder Legislativo foi uma invenção do constitucionalismo do século XVIII, inspirado pela tese de Montesquieu de que apenas poderes moderados eram compatíveis com a liberdade. Mas como seria possível restringir o Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 4 poder soberano, tendo a sua autoridade sido entendida ao longo da modernidade justamente como um poder que não encontrava limites no direito positivo? Uma soberania limitada parecia uma contradição e, de fato, a exigência de poderes políticos limitados implicou redefinir o próprio conceito de soberania, que sofreu uma deflação. Alexandre Costa. O poder constituinte e o paradoxo da soberania limitada. In: Teoria & Sociedade. n.º 19, 2011, p. 201 (com adaptações). Considerando o texto precedente, julgue os itens a seguir, a respeito de Constituição, classificações das Constituições e poder constituinte. (16) A concepção de “soberania limitada”, citada no texto, implica a divisão da titularidade do poder constituinte entre o povo e a assembleia constituinte que o representa. (17) A ideia apresentada no texto reflete a Constituição como decisão política fundamental do soberano, o que configura o sentido sociológico de Constituição. (18) Do caráter supraestatal do constitucionalismo, referido no texto, extraem-se a formalidade e a rigidez das Constituições modernas. (19) A exigência de poderes políticos limitados após a manifestação do poder constituinte originário fundamenta tanto o sentido lógico-jurídico quanto o sentido jurídico-positivo da Constituição. (20) Entende-se como limitação material implícita aos poderes instituídos pelo poder constituinte originário o agravamento dos processos de reforma da Constituição. Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 5 A respeito dos direitos fundamentais e do controle de constitucionalidade, julgue os itens que se seguem. (21) Segundo o STF, é inconstitucional a definição de critérios, além da autodeclaração, como forma de identificação dos beneficiários da política de cotas nos concursos públicos. (22) Em relação aos estrangeiros, a norma constitucional que garante o acesso a cargos, empregos e funções públicas é de eficácia contida. (23) De acordo com o STF, é inconstitucional proibir que emissoras de rádio e TV difundam áudios ou vídeos que ridicularizem candidato ou partido político durante o período eleitoral. (24) Regulamento que disponha sobre o licenciamento ambiental de cemitérios tem caráter autônomo e abstrato, razão por que o STF admite ação direta de inconstitucionalidade contra esse tipo de norma. (25) Dada a concretude regulamentar de decreto do Poder Executivo que verse sobre a liberdade de reunião em manifestação pública, sua suspensão não pode ser pleiteada mediante ação direta de inconstitucionalidade. Acerca da disciplina constitucional da segurança pública, do Poder Judiciário, do MP e das atribuições da PF, julgue os seguintes itens. (26) Compete à justiça estadual o julgamento de crimes relativos à difusão ou aquisição, em determinado estado da Federação, de material pornográfico envolvendo crianças e adolescentes por meio da rede mundial de computadores.Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 6 (27) Segundo o STF, o MP não possui legitimidade para propor ação civil pública em matéria tributária em defesa de contribuintes. (28) É concorrente a competência da União e dos estados para legislar sobre a organização, os direitos e os deveres das polícias civis dos estados. (29) A vedação absoluta ao direito de greve dos integrantes das carreiras da segurança pública é compatível com o princípio da isonomia, segundo o STF. (30) A PF tem competência para apurar infrações penais que causem prejuízos aos interesses da União, ressalvadas aquelas que atinjam órgãos da administração pública indireta no âmbito federal. Diante da existência de normas gerais sobre determinado assunto, publicou-se oficialmente nova lei que estabelece disposições especiais acerca desse assunto. Nada ficou estabelecido acerca da data em que essa nova lei entraria em vigor nem do prazo de sua vigência. Seis meses depois da publicação oficial da nova lei, um juiz recebeu um processo em que as partes discutiam um contrato firmado anos antes. A partir dessa situação hipotética, julgue os itens a seguir, considerando o disposto na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. (31) A nova lei começou a vigorar no país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada e permanecerá em vigor até que outra lei a modifique ou a revogue. (32) O contrato é regido pelas normas em vigor à data de sua celebração, observados os efeitos futuros ocorridos após a vacatio legis da nova lei. Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 7 (33) O caso hipotético configura repristinação, devendo o julgador, por isso, diante de eventual conflito de normas, aplicar a lei mais nova e específica. Com base nas disposições da Lei de Improbidade Administrativa e na jurisprudência do STJ acerca dos aspectos processuais da ação civil pública de responsabilização por atos de improbidade, julgue os itens a seguir. (34) Constatado indício de ato ímprobo, fica autorizado o recebimento fundamentado da petição inicial, devendo prevalecer, no juízo preliminar, o princípio do in dubio pro societate e cabendo, contra a decisão que receber a petição inicial, o agravo de instrumento. (35) Embora não haja litisconsórcio passivo necessário entre o agente público e os terceiros beneficiados com o ato ímprobo, é inviável que a ação civil por improbidade seja proposta exclusivamente contra os particulares, sem concomitante presença do agente público no polo passivo da demanda. (36) Situação hipotética: Em uma ação de improbidade administrativa com pedido cumulado de ressarcimento ao erário, foi decretada a indisponibilidade de bens. Por ocasião da sentença, o juiz reconheceu a prescrição da pretensão de impor sanções decorrentes dos atos de improbidade. Assertiva: Nessa situação, a medida de indisponibilidade de bens deverá ser revogada. Julgue os itens seguintes, relativos a institutos complementares do direito empresarial, teoria geral dos títulos de crédito, responsabilidade dos Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 8 sócios, falência e recuperação empresarial. (37) Os livros comerciais, os títulos ao portador e os transmissíveis por endosso equiparam-se, para fins penais, a documento público, sendo a sua falsificação tipificada como crime. (38) O condenado por crime falimentar fica impedido de atuar como empresário individual ou mesmo de ser sócio em sociedade limitada, ainda que não exerça função de gerência ou de administração. (39) A sentença que decreta a falência ou concede a recuperação judicial é condição objetiva de punibilidade das infrações penais previstas na Lei de Recuperação de Empresas. Julgue os itens a seguir, relativos a atos internacionais, personalidade internacional, cortes internacionais e domínio público internacional. (40) A Convenção de Palermo, um instrumento internacional multilateral e solene, foi promulgada pelo Congresso Nacional brasileiro e ratificada, no âmbito interno, por decreto. (41) Os atos internacionais específicos que complementam a Convenção de Palermo incluem o Protocolo Adicional, relativo à prevenção, repressão e punição ao tráfico de pessoas, já incorporado ao direito brasileiro com eficácia de lei complementar, por tratar de direitos fundamentais. (42) Asilo político, cuja concessão independe de reciprocidade, é o acolhimento, pelo Estado, de estrangeiro perseguido em outros lugares — não necessariamente em seu próprio país — por dissidência política, entre outros motivos. Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 9 (43) Por não admitir extradição de brasileiros para que sejam julgados em corte internacional que admita pena de caráter perpétuo, o Brasil não manifestou adesão ao Tratado de Roma, que criou o Tribunal Penal Internacional. (44) A soberania de Estado costeiro sobre o seu mar territorial abrange não apenas as águas, mas também o leito do mar, seu subsolo e o espaço aéreo correspondente, devendo tal Estado, contudo, admitir o direito de passagem inocente de navios mercantes ou de guerra de qualquer outro Estado. (45) A ONU é um sujeito secundário de direito internacional interestatal criado exclusivamente por Estados mediante tratado internacional multilateral, excluída a sua participação como membro de qualquer organização de natureza privada. (46) O visto concedido por autoridade diplomática constitui mera expectativa de direito do estrangeiro, que pode, ainda assim, ser inadmitido no país. Por outro lado, se admitido o estrangeiro em seu território, o país passa a ter deveres em relação a ele, em maior ou menor grau, conforme a natureza do ingresso. Em cada um dos itens que se seguem, é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada com base na legislação de regência e na jurisprudência dos tribunais superiores a respeito de aplicação de pena, cominação de penas, regime de penas, medidas de segurança e livramento condicional. (52) Ronaldo, maior e capaz, e outras três pessoas, também maiores e capazes, furtaram um veículo que estava parado em um Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 10 estacionamento público. Depois de terem retirado pertences do veículo, o abandonaram perto do local do assalto. O grupo foi preso. Constatou-se que Ronaldo era réu primário, tinha bons antecedentes e que agira por coação dos outros elementos do grupo. Nessa situação, se a coação foi resistível, se houver confissão do crime e se as circunstâncias atenuantes preponderarem sobre as agravantes, a pena de Ronaldo poderá ser reduzida para abaixo do mínimo legal. (53) Valter, maior e capaz, foi preso preventivamente em uma das fases de uma operação policial. Ele já era réu em outras três ações penais e estava indiciado em mais dois outros IPs. Nessa situação, as ações penais em curso podem ser consideradas para eventual agravamento da pena-base referente ao crime que resultou na prisão preventiva de Valter, mas os IPs não podem ser considerados para essa mesma finalidade. (54) Flávio, maior e capaz, condenado a pena de doze anos pela prática de homicídio doloso qualificado, iniciou o cumprimento da pena em regime fechado. Durante a execução da pena, ele apresentou comportamento excelente e colaborativo, por isso, após o período mínimo para a progressão de regime, seu advogado requereu ao juiz a passagem de Flávio para o regime aberto. Nessa situação, o pedido não poderá ser atendido: a progressão do regime prisional de Fláviodeverá ser para o regime semiaberto. (55) Bruna, de vinte e quatro anos de idade, processada e julgada pela prática do crime de latrocínio, foi absolvida ao final do julgamento, por ter sido considerada inimputável, apesar de sua periculosidade. Nessa situação, mesmo tendo Bruna sido Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 11 absolvida, o juiz pode impor-lhe medida de segurança. (56) Caio, condenado a nove anos de prisão, cumpria a pena no regime fechado. Passado um ano do cumprimento da pena, ele cometeu falta grave. Nessa situação, serão interrompidas as contagens dos prazos tanto para a obtenção do livramento condicional quanto para a progressão de regime de cumprimento de pena, devendo ambas ser reiniciadas a partir da data do cometimento da falta grave. Em cada um dos itens seguintes, é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada com base na legislação de regência e na jurisprudência dos tribunais superiores a respeito de exclusão da culpabilidade, concurso de agentes, prescrição e crime contra o patrimônio. (57) Arnaldo, gerente de banco, estava dentro de seu veículo juntamente com familiares quando foi abordado por dois indivíduos fortemente armados, que ameaçaram os ocupantes do veículo e exigiram de Arnaldo o fornecimento de determinada senha para a realização de uma operação bancária, o que foi por ele prontamente atendido. Nessa situação, o uso da senha pelos indivíduos para eventual prática criminosa excluirá a culpabilidade de Arnaldo. (58) Clara, tendo descoberto uma traição amorosa de seu namorado, comentou com sua amiga Aline que tinha a intenção de matá-lo. Aline, então, começou a instigar Clara a consumar o pretendido. Nessa situação, se Clara cometer o crime, Aline poderá responder como partícipe do crime. Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 12 (59) Júnior, maior e capaz, foi processado e julgado pelo crime de estelionato. Tendo verificado que Júnior tinha sido condenado pelo mesmo crime havia dois anos, o juiz aumentou a pena em um terço. Nessa situação, o aumento da pena não influirá no prazo da prescrição da pretensão punitiva. (60) Severino, maior e capaz, subtraiu, mediante o emprego de arma de fogo, elevada quantia de dinheiro de uma senhora, quando ela saía de uma agência bancária. Um policial que presenciou o ocorrido deu voz de prisão a Severino, que, embora tenha tentado fugir, foi preso pelo policial após breve perseguição. Nessa situação, Severino responderá por tentativa de roubo, pois não teve a posse mansa e pacífica do valor roubado. Julgue os itens que se seguem, relativos a execução penal, desarmamento, abuso de autoridade e evasão de dívidas. (61) Preso provisório não pode ser submetido ao regime disciplinar diferenciado. (62) Eventual ato de delegado da PF de impedir advogado de assistir seu cliente em interrogatório configuraria crime de abuso de autoridade. (63) O registro de arma de fogo na PF, mesmo após prévia autorização do SINARM, não assegura ao seu proprietário o direito de portá-la. (64) Segundo entendimento do STF, a configuração do crime de evasão de divisas pressupõe a saída física de moeda nacional ou estrangeira do território nacional sem o conhecimento da Receita Federal do Brasil e do Banco Central do Brasil. Acerca de tráfico ilícito de entorpecentes, crimes contra o meio Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 13 ambiente, crime de discriminação e preconceito e crime contra o consumidor, julgue os próximos itens. (65) Aquele que adquirir, transportar e guardar cocaína para consumo próprio ficará sujeito às mesmas penas imputadas àquele que adquirir, transportar e guardar cocaína para fornecer a parentes e amigos, ainda que gratuitamente. (66) Pessoa jurídica que praticar crime contra o meio ambiente por decisão do seu órgão colegiado e no interesse da entidade poderá ser responsabilizada penalmente, embora não fique necessariamente sujeita às mesmas sanções aplicadas às pessoas físicas. (67) Constitui crime de preconceito racial a discriminação de alguém em decorrência de sua orientação sexual. (68) Importador ou prestador de serviço que promover propaganda com o objetivo de obter vantagem indevida com o produto fornecido ou o serviço prestado cometerá crime contra o consumidor. Em cada um dos itens que se seguem, é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada com relação a crime de tortura, crime hediondo, crime previdenciário e crime contra o idoso. (69) Cinco guardas municipais em serviço foram desacatados por dois menores. Após breve perseguição, um dos menores evadiu-se, mas o outro foi apreendido. Dois dos guardas conduziram o menor apreendido para um local isolado, imobilizaram-no, espancaram-no e ameaçaram-no, além de submetê-lo a choques elétricos. Os outros três guardas deram cobertura. Nessa situação, os cinco guardas Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 14 municipais responderão pelo crime de tortura, incorrendo todos nas mesmas penas. (70) Paula, proprietária de uma casa de prostituição, induziu e passou a explorar sexualmente duas garotas de quinze anos de idade. Nessa situação, o crime praticado por Paula é hediondo e, por isso, insuscetível de anistia, graça e indulto. (71) Atuando como procurador de sua tia Bernardete — senhora aposentada de sessenta e três anos de idade, que se encontrava em pleno gozo de suas faculdades mentais —, Arquimedes, para satisfazer suas necessidades pessoais, passou a se apropriar dos valores da aposentadoria da tia. Nessa situação, o ato praticado por Arquimedes não caracteriza crime de apropriação indébita previdenciária, tipificado pelo Código Penal, mas sim crime contra o idoso, tipificado pelo Estatuto do Idoso. Em cada um dos itens seguintes, é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada, a respeito de crime de tráfico ilícito de entorpecentes, crime contra a criança e adolescente e crimes licitatórios. (72) Em viagem pela Europa, Ronaldo, primário, de bons antecedentes e não integrante de organização criminosa, adquiriu quinze cápsulas do entorpecente LSD com o objetivo de obter lucro capaz de custear as despesas com a viagem. De volta ao Brasil, Ronaldo foi preso em flagrante quando tentava vender a droga. Nessa situação, caso seja condenado pelo crime tráfico de entorpecentes, Ronaldo poderá obter a redução da pena de um sexto a dois terços. (73) Valdo recebeu por email um vídeo gravado por seu amigo Lucas com pornografia envolvendo uma Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 15 adolescente e uma outra pessoa, maior de idade. Após assistir ao vídeo, Valdo arquivou as imagens no HD do seu computador. Nessa situação, a conduta de Lucas configurou crime de divulgação de vídeos com pornografia envolvendo adolescente, e a de Valdo foi atípica. (74) Alfredo foi acusado pelo MPF de cometer crime de fraude em licitação realizada por órgão federal. Após regular processamento da ação penal, o juiz reconheceu Alfredo como autor material da conduta. Nessa situação, além da pena privativa de liberdade, Alfredo estará sujeito, cumulativamente, à pena de multa, à proibição de contratar com o poder público, à suspensão temporária dos direitos políticos e à obrigação de ressarcir o erário pelos danos causados. Em cada um dos seguintes itens, é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada de acordo com o entendimento dos tribunais superiores acerca dasatribuições da PF na persecução criminal e da competência para o processamento e o julgamento de ação penal. (78) Uma investigação iniciada no âmbito da polícia judiciária de determinado estado da Federação buscava apurar crime de tortura praticado no interior de uma penitenciária estadual, com violação a direitos humanos. O crime ganhou repercussão internacional e, em razão disso, o IP foi encaminhado à apuração da PF. Nessa situação, a competência para processar e julgar o crime será deslocada para a justiça federal, já que, de regra, a atuação da PF produz tal efeito processual. (79) O prefeito de determinado município desviou, em proveito próprio, verba federal transferida e incorporada ao patrimônio municipal. Instaurado o competente IP, os Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 16 autos foram relatados e encaminhados, pela autoridade policial, à justiça estadual. Nessa situação, agiu corretamente a autoridade policial ao encaminhar os autos à justiça comum estadual, a quem compete o processamento e o julgamento de casos como o relatado. (80) Em fiscalização aeroportuária, apreendeu-se grande quantidade de produtos oriundos de país estrangeiro, cuja comercialização é proibida no território nacional. Apurou-se que a entrada, no Brasil, dos produtos contrabandeados ocorreu em local diverso do de sua apreensão. Nessa situação, a competência para o processamento e o julgamento da ação, definida territorialmente, será a do local de entrada dos produtos ilegais no país. Em cada um dos seguintes itens, é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada com relação à competência para requerer o arquivamento de autos de IP e às consequências da promoção desse tipo de arquivamento. (81) Relatado o IP, sob a tese de atipicidade penal do fato, o MP requereu o arquivamento dos autos, o que foi determinado pelo competente juízo, em acolhimento à tese do MP. Nessa situação, o arquivamento dos autos nos termos do requerimento do MP impede a reabertura das investigações pela autoridade policial. (82) Requerido pelo procurador- geral da República o arquivamento de IP, os autos foram encaminhados ao STF, órgão com competência originária para o processamento e o julgamento da matéria sob investigação, para as providências cabíveis. Nessa situação, o pedido do procurador-geral da República Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 17 não estará sujeito a controle jurisdicional, devendo ser atendido. Julgue os seguintes itens, a respeito de suspeição e impedimento no âmbito do processo penal. (83) As hipóteses que impedem o juiz de exercer a sua jurisdição em determinado processo estão vinculadas a fatos e circunstâncias objetivas e subjetivas ligados, em regra, ao próprio processo. (84) As hipóteses de suspeição do juiz se referem a fatos e circunstâncias de origem externa ao processo e que poderão influenciar na decisão do órgão julgador. (85) O fato de não ser cabível a oposição de exceção de suspeição à autoridade policial na presidência do IP faz, por consequência, que não sejam cabíveis as hipóteses de suspeição em investigação criminal. Acerca de prisão, de liberdade provisória e de fiança, julgue os próximos itens de acordo com o entendimento do STF e a atual sistemática do Código de Processo Penal. (86) Situação hipotética: Um cidadão foi preso em flagrante pela prática do crime de corrupção ativa. A autoridade policial, no prazo legal do IP, remeteu os autos ao competente juízo, quando foi decretada a prisão preventiva do indiciado. Assertiva: Nessa situação, estão preenchidos os requisitos legais para a concessão da fiança, razão por que ela poderá ser concedida como contracautela da prisão anteriormente decretada. (87) Situação hipotética: A polícia foi informada da possível ocorrência de crime em determinado local. Por determinação da autoridade policial, agentes se dirigiram ao local e Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 18 aguardaram o desenrolar da ação criminosa, a qual ensejou a prisão em flagrante dos autores do crime quando praticavam um roubo, que não chegou a ser consumado. Foi apurado, ainda, que se tratava de conduta oriunda de grupo organizado para a prática de crimes contra o patrimônio. Assertiva: Nessa situação, o flagrante foi lícito e configurou hipótese legal de ação controlada. (88) A inafiançabilidade nos casos de crimes hediondos não impede a concessão judicial de liberdade provisória, impedindo apenas a concessão de fiança como instrumento de obtenção dessa liberdade. Acerca de execução penal, de crimes de abuso de autoridade, de crimes contra a criança e o adolescente e de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, julgue os itens que se seguem. (89) O crime de estupro praticado contra criança ou adolescente é insuscetível de fiança. (90) Caberá recurso de apelação contra decisão do juízo da execução penal que indeferir pedido de livramento condicional ao apenado. (91) Delegado da PF não poderá instaurar, de ofício, IP para apurar crime de abuso de autoridade supostamente praticado por gestor público federal que age no exercício da função. (92) Em se tratando de crimes praticados por administrador ou gestor de pessoa jurídica de direito privado contra o Sistema Financeiro Nacional, a ação penal se processa mediante queixa oferecida pelo Banco Central do Brasil ou pela Comissão de Valores Mobiliários. Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 19 Com referência à interceptação de comunicação telefônica, ao crime de tráfico ilícito de entorpecentes, ao crime de lavagem de capitais e a crimes cibernéticos, julgue os seguintes itens. (93) A interceptação da comunicação telefônica poderá ser realizada de ofício pela autoridade policial desde que o IP tenha como objetivo investigar crime hediondo, organização criminosa ou tráfico ilícito de entorpecentes. (94) Segundo entendimento do STJ, o adolescente apreendido em flagrante de ato infracional análogo ao tráfico de entorpecentes não ficará necessariamente sujeito à imposição de medida socioeducativa de internação. (95) Situação hipotética: Álvaro, servidor público federal, foi, por cinco anos, presidente da comissão de licitações de determinado órgão público federal. Em diversas ocasiões, Álvaro recebeu valores e bens para favorecer empresas nos certames licitatórios, e os transferiu para o patrimônio de Flávio, seu irmão, que os utilizava nos negócios da empresa da família, com vistas a ocultar o ingresso desses recursos e a sua origem ilícita. Assertiva: Nessa situação, Álvaro e Flávio responderão pelo crime de lavagem de capitais, e será da justiça federal a competência para processar e julgar a ação penal. (96) Situação hipotética: Um hacker invadiu os computadores do SERPRO e transferiu valores do Ministério do Planejamento para o seu próprio nome. Assertiva: Nessa situação, o IP para apurar a autoria e a materialidade do crime de invasão de dispositivo informático só poderá ser instaurado após representação formalizada pelo Ministério do Planejamento ou pelo SERPRO. Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 20 Em cada um dos itens a seguir, é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada acerca de procedimentos dos juizados especiais criminais e de apuração de ato infracional. (97) Em fiscalização de rotina, policiais militares constataram que Rebeca conduzia em seu veículo dois papagaios capturados em floresta próxima, sem licença ou autorização de autoridadecompetente. Rebeca e os animais foram conduzidos à delegacia de polícia mais próxima. Nessa situação, o delegado deverá apreender os animais e, caso Rebeca se comprometa a comparecer, em dia e horário marcados, perante o juizado especial criminal, ele deverá lavrar termo circunstanciado da ocorrência e conceder liberdade a Rebeca, independentemente de fiança. (98) Um adolescente apreendido em flagrante de ato infracional análogo ao crime de roubo foi imediatamente conduzido a uma delegacia especializada. Nessa situação, a autoridade policial deverá lavrar o boletim de ocorrência circunstanciado, e, na presença dos pais ou do responsável, o adolescente, após assinar termo de compromisso e de responsabilidade, deverá ser imediatamente posto em liberdade. Em diligência com o objetivo de combater o tráfico internacional de entorpecentes, policiais federais localizaram uma plantação de maconha, onde encontraram equipamentos utilizados para embalar a droga. No local, foram apreendidos dinheiro e veículos e foram presas cinco pessoas que se encontravam na posse dos bens e cuidavam da plantação. Nessa situação hipotética, Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 21 (99) independentemente de autorização judicial, a autoridade policial deverá proceder de forma a garantir a imediata destruição da plantação — que poderá ser queimada —, devendo preservar apenas quantidade suficiente da droga para a realização de perícia. (100) havendo indícios suficientes da existência de outros bens adquiridos pelos indivíduos presos com os proventos decorrentes da comercialização da maconha, a autoridade policial deverá imediatamente apreender esses bens, ainda que eles estejam na posse de terceiros, devendo, ainda, determinar às autoridades supervisoras do Banco Central do Brasil o bloqueio de valores existentes em movimentações bancárias em nome desses indivíduos presos. Delegado da PF instaurou IP para apurar crime cometido contra órgão público federal. Diligências constataram sofisticado esquema de organização criminosa criada com a intenção de fraudar programa de responsabilidade desse ente público. Com base nessas informações e com relação à prática de crime por organização criminosa, julgue os itens seguintes. (101) Se algum dos indiciados no âmbito desse IP apresentar elementos que justifiquem a celebração de acordo de colaboração premiada, e se a situação permitir a concessão do benefício a esse indiciado, o próprio delegado que estiver à frente da investigação poderá celebrar diretamente o acordo, devendo submetê-lo à homologação judicial. Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 22 (102) A fim de dar celeridade às investigações e em face da gravidade da situação investigada, é possível a infiltração de agentes de polícia em tarefas da investigação, independentemente de prévia autorização judicial. Julgue os itens a seguir, relativos a modelos teóricos da criminologia. (103) Conforme a teoria ecológica, crime é um fenômeno natural e o criminoso é um delinquente nato possuidor de uma série de estigmas comportamentais potencializados pela desorganização social. (104) De acordo com a teoria da anomia, o crime se origina da impossibilidade social do indivíduo de atingir suas metas pessoais, o que o faz negar a norma imposta e criar suas próprias regras, conforme o seu próprio interesse. (105) Para a teoria da reação social, o delinquente é fruto de uma construção social, e a causa dos delitos é a própria lei; segundo essa teoria, o próprio sistema e sua reação às condutas desviantes, por meio do exercício de controle social, definem o que se entende por criminalidade. Roberto é empregado da empresa XYZ ME há trinta anos e pretende requerer ao INSS, em 1.º/10/2018, a concessão de aposentadoria por tempo de contribuição. Com referência a essa situação hipotética, julgue os itens a seguir. (106) Na situação descrita, o recolhimento mensal à seguridade social relativo ao empregado Roberto é composto pela parte arcada pelo empregado e pela parte arcada pelo empregador, sendo esta última correspondente a 20% do total das remunerações pagas, devidas Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 23 ou creditadas a Roberto durante o mês. (107) As informações fornecidas são suficientes para se concluir que Roberto tem direito ao percebimento de aposentadoria por tempo de contribuição, por haver cumprido integralmente os requisitos para o gozo do benefício. (108) O salário de contribuição de Roberto corresponde ao valor de sua remuneração, respeitados os limites mínimo e máximo desse salário. Um segurado da previdência social, filiado em 1.º/3/2010, sofreu acidente de trabalho em 1.º/4/2010. Em 1.º/5/2010, lhe foi concedido, pelo INSS, auxílio-doença, contabilizado desde a data do seu acidente até o dia 1.º/4/2011. Em 1.º/8/2018, o INSS revisou o ato administrativo de concessão desse benefício. Considerando essa situação hipotética, julgue os itens subsequentes. (109) Na revisão, o INSS não poderia anular o referido ato administrativo, salvo se tivesse comprovado má-fé, dada a ocorrência da decadência, uma vez que havia transcorrido mais de cinco anos desde a concessão do benefício. (110) Considere que o INSS, após a revisão do ato administrativo, tenha decidido pela sua anulação, sob o fundamento de que o segurado não haveria cumprido carência. Nessa situação, o fundamento utilizado pelo INSS não é procedente, pois o auxílio-doença independe de carência. Pedro é o responsável pelo adimplemento das contribuições previdenciárias de uma empresa de médio porte. Nos meses de janeiro a Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 24 junho de 2018, a empresa entregou a Pedro o numerário correspondente ao valor das contribuições previdenciárias de seus empregados, mas Pedro, com dolo, deixou de repassá-lo à previdência social. Pedro é primário e de bons antecedentes. Nessa situação hipotética, (111) Pedro praticou o crime de sonegação de contribuição previdenciária. (112) a punibilidade de Pedro será extinta se, antes do início da ação fiscal, ele declarar, confessar e efetuar o recolhimento das prestações previdenciárias, espontaneamente e na forma do regulamento do INSS. (113) caso o repasse das contribuições previdenciárias ocorra após o início da ação fiscal e antes do oferecimento da denúncia, o juiz poderá deixar de aplicar a pena ou aplicar apenas a multa. Acerca de crédito tributário, competência tributária e Sistema Tributário Nacional, julgue os próximos itens. (114) Depósito judicial do montante integral do crédito tributário é causa suspensiva de exigibilidade. (115) As isenções tributárias onerosas e concedidas por prazo certo geram direito adquirido à sua fruição pelo beneficiário, no prazo em que for estipulado, desde que ele cumpra as condições previstas na lei. (116) Os estados e os municípios estão imunes à instituição de contribuições sociais, pela União, sobre os seus serviços. Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 25 receitas arrecadadas R$ mil IPTU 14.000 cota-parte no fundo de participação dos municípios 5.000 taxas 2.000 aluguéis 2.000 tarifas e preços públicos 1.000 vendas de bens imóveis 1.000 despesas empenhadas R$ mil pessoal 15.000 despesas de custeio 3.000 juros e encargos da dívida 1.000 obras públicas 3.000 amortização da dívida 3.000 Considere que, ao final de 2017, um município brasileiro tenha apresentado as informações precedentes,relativas à execução orçamentária e financeira naquele exercício financeiro. Com referência a essas informações, julgue os itens que se seguem. (117) O total de despesas de capital foi de R$ 6.000.000. (118) O total de receitas originárias foi de R$ 8.000.000. A empresa XZY Ltda., contribuinte do ICMS, pagava mensalmente esse tributo a determinado estado da Federação, no dia 15 de cada mês. No dia 30/6/2017, esse estado editou ato normativo que alterava a data do pagamento do referido tributo para o dia 10 de cada mês, entrando tal ato em vigor no dia 1.º/7/2017. Sem saber da alteração, a empresa XZY Ltda. pagou o tributo no dia 15/7/2017, o que acarretou multa e juros de mora pelo pagamento com atraso. Nessa situação hipotética, Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 26 (119) a antecipação do prazo para o pagamento do ICMS só poderia ter sido feita por lei e somente poderia ter entrado em vigor no exercício financeiro seguinte. (120) a penalidade pecuniária aplicada à empresa XZY Ltda. Pelo pagamento do ICMS com atraso constitui uma obrigação acessória. Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 27 GABARITO (1) C (26) E (2) C (27) C (3) E (28) C (4) E (29) C (5) C (30) E (6) E (31) C (7) C (32) X (8) C (33) E (9) E (34) C (10) C (35) C (11) E (36) E (12) C (37) C (13) E (38) E (14) C (39) C (15) E (40) E (16) E (41) E (17) E (42) C (18) C (43) E (19) C (44) C (20) X (45) X (21) E (46) C (22) E (47) E (23) C (48) C (24) E (49) C (25) E (50) E (51) C (77) E (52) E (78) E (53) E (79) C (54) C (80) E (55) C (81) C (56) E (82) C (57) C (83) E (58) C (84) C (59) E (85) E (60) E (86) E (61) E (87) E (62) C (88) C (63) C (89) C (64) E (90) E (65) E (91) C (66) C (92) E (67) E (93) E (68) C (94) C (69) C (95) C (70) C (96) E (71) C (97) C (72) C (98) E (73) E (99) C (74) E (100) E (75) E (101) C (76) X (102) E Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 28 (103) E (112) C (104) C (113) C (105) C (114) C (106) C (115) C (107) E (116) E (108) C (117) C (109) E (118) E (110) C (119) E (111) E (120) E Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 29 JUSTIFICATIVA RESUMIDA (1) C – Art. 13, VI, §3º, e art. 25, II, ambos da Lei nº 8.666/93. (2) C – Art. 1º e parágrafo único, e art. 2º, §1º, ambos da Lei nº 10.520/2002. (3) E – O art. 24 da Lei nº 8.666/93 trata de rol taxativo de dispensa de licitação. Nos termos do art. 13, §1º, da Lei nº 8.666/93: “Ressalvados os casos de inexigibilidade de licitação, os contratos para a prestação de serviços técnicos profissionais especializados deverão, preferencialmente, ser celebrados mediante a realização de concurso, com estipulação prévia de prêmio ou remuneração.”. O art. 23, II, da lei de licitações não trata da modalidade concurso. Ainda que utilizado os valores mencionados no art. 24, II, da lei de licitações, a questão continuaria errada pelo valor de R$ 18.000,00 ser acima do permitido. (4) E – O Poder Judiciário não pode analisar o mérito administrativo dos atos discricionários (não pode realizar controle de mérito). Lembre- se dos requisitos do ato administrativo: COM-FI-FOR-M-Ob COMpetência, FInalidade, FORma = podem ser analisados pelo Poder Judiciário em qualquer ato administrativo; Motivo e Objeto = é o mérito administrativo (oportunidade e conveniência) e não pode ser analisado pelo Poder Judiciário. Contudo, o Poder Judiciário pode analisar a legalidade, legitimidade, proporcionalidade e razoabilidade do ato discricionário, MAS isso não se confunde com controle de mérito. Outra diferença é que no controle de mérito administrativo acontece a revogação do ato e o Poder Judiciário não pode revogar o ato administrativo, mas sim anular. Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 30 (5) C – Art. 70, caput, CF: “A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder”. Art. 71, caput, CF: “Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:”. (6) E – A demissão de servidor público é fundamentada no poder hierárquico e no poder disciplinar (nessa situação, o poder disciplinar decorre do poder hierárquico). É característica do poder hierárquico fiscalizar e aplicar sanções. Também incide o poder disciplinar quando a administração pune o servidor, em razão da existência de vínculo jurídico específico entre eles. (7) C – O examinador pretende saber se o poder de polícia, na fase de fiscalização, pode ser outorgado à uma entidade da administração pública indireta com personalidade jurídica de direito privado. O STJ entende possível que empresa pública e sociedade de economia mista (entidades da administração pública indireta com personalidade jurídica de direito privado) possam exercer, mediante outorga legal, poder de polícia referente aos atos de consentimento e fiscalização. Já os atos de legislação e de sanção não podem ser exercidos por essas entidades, visto que decorem do poder de império do Estado. Registra-se que o TJSP entendeu que a TRANSERP (sociedade de economia mista do Município de Ribeirão Preto/SP) tem autonomia para aplicar multa à motoristas infratores. Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 31 (8) C – Art. 10, I, da Lei nº 8429/92, na modalidade culposa. (9) E – O agente está sujeito ao regramento da Lei nº 8112/90, que prevê no art. 127 as modalidades de penalidade disciplinar. No inciso III do referido artigo é prevista a penalidade de demissão. Já o art. 132, IV e X, da Lei nº 8112/90, determina ser aplicável a penalidade de demissão a improbidade administrativa e a lesão aos cofres públicos. (10) C – Art. 12, II, da Lei nº 8429/92. Art. 37, §4º, CF. (11) E – Não há responsabilidade objetiva na lei de improbidade administrativa. Art. 5º e art. 10, caput, ambos da Lei nº 8429/92. É necessária a comprovação do elemento subjetivo dolo ou culpa. (12) C – Art. 37, XVI, CF, trata da possibilidade de acumulação de cargo público. Veja-se, ainda, trecho da ementa do julgado pelo STF (ARE 1016102): “5. A Constituição Federal declara expressamente a possibilidade de acumulação de um cargo técnico ou científico com um de professor. O cargo de Delegado da Polícia Federal é de natureza técnica, considerando que exige a formação em Direito. De fato, não havendo incompatibilidade de horários, nada impede que um Delegado da Polícia Federal possa lecionar, sendo inconstitucional qualquer restrição imposta nesse sentido.” (13) E – O art. 37, II, CF, trata dos servidores com “nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração” – ad nutum. Acontece que pela teoria dos motivos determinantes, a validade do ato administrativo (ainda que se trata de ato administrativo Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 32 discricionário) está vinculada ao motivo declarado para a prática de tal ato. No caso de exoneração ad nutum, o administradornão precisa motivar o ato, MAS se ainda assim esse administrador motivar o ato, a validade da exoneração está vinculada ao motivo declarado. Se o motivo declarado é inexistente ou inválido, o ato de exoneração ad nutum se torna inválido. (14) C – Sobre esse tema, ver postagem no meu Instagram @castrothomazini, na área de feeds, com o título: Para não errar mais na prova – Responsabilidade Civil do Estado. O Estado tem responsabilidade civil objetiva quando está na guarda de algo ou alguém. No caso de detento ou crianças de uma escola pública, o Estado tem responsabilidade civil objetiva. A modalidade da responsabilidade civil objetiva é a teoria do risco administrativo, sendo apenas necessário demonstrar fato ou ato administrativo, nexo causal e dano. Ou seja, não é preciso demonstrar o dolo ou a culpa. (15) E – Novamente, recomendo sobre esse tema ver postagem no meu Instagram @castrothomazini, na área de feeds, com o título: Para não errar mais na prova – Responsabilidade Civil do Estado. Art. 37, §6º, CF. As causas que rompem o nexo de causalidade da responsabilidade civil do Estado são 1) culpa exclusiva da vítima; 2) culpa exclusiva de terceiro; 3) caso fortuito ou força maior. Quando o agente público pratica o ato com causa excludente de antijuridicidade, em regra, o Estado não estará responsável civilmente. Acontece que em legitima defesa putativa ou estado de necessidade agressivo, a responsabilidade civil do Estado permanece. (16) E – Essa concepção de soberania limitada vem em Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 33 contraposição à ideia clássica de que o Poder Constituinte Originário é ilimitado (e ressalto, juridicamente ilimitado). Por essa concepção, a limitação da soberania não advém de uma – inexistente – divisão da titularidade do Poder Constituinte Originário (esse sempre foi e sempre será do povo), mas sim dos demais Estados e povos da comunidade internacional – fundando um constitucionalismo globalizado. Ou seja, não pode o Poder Constituinte Originário, sob o argumento de soberania, descumprir compromissos internacionais fundamentais (como a proteção dos direitos humanos) e violar a legítima expectativa da comunidade internacional (por exemplo, não financiar o terrorismo). (17) E – É a Constituição em sentido político, de Carl Schmitt, que afirma que a Constituição é uma decisão política fundamental tomada pelo titular do Poder Constituinte Originário. Lembro que, por essa concepção, o titular do poder constituinte, por uma vontade política fundamental, toma a decisão de produzir um documento (a Constituição) que disciplina a existência política de um Estado. Essa concepção admite, ainda, a distinção entre Constituição (são os dispositivos constantes no texto da Constituição e que tratam da organização do Estado, limitação dos poderes, a previsão de direitos e garantias – são as normas materialmente constitucionais) e leis constitucionais (são as normas formalmente constitucionais, são os dispositivos presentes no texto da Constituição, mas que não têm a mesma dignidade e relevância das normas materialmente constitucionais). Para finalizar a questão, a Constituição em sentido sociológico, de Ferdinand Lassalle, afirma que a Constituição é um fato social determinado pela soma dos fatores reais de poder Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 34 (as forças sociais que governam uma determinada sociedade). Pela concepção sociológica, a Constituição só seria realmente observada (só seria uma Constituição real) se os dispositivos do texto constitucional corresponder com a vontade da soma dos fatores reais de poder, caso contrário a Constituição seria uma mera folha de papel. (18) C – Efetivamente, para um texto de lei ser considerado uma Constituição é preciso prever normas que tratem da organização do Estado, da limitação dos Poderes, da definição de direitos e garantias fundamentais do indivíduo, do exercício e da transmissão do poder e, também, prever um rito formal e mais rigoroso para possibilitar sua legítima alteração. Sem essa rigidez constitucional, inexiste a ideia de hierarquia de normas (pirâmide de Kelsen) e controle de constitucionalidade. (19) C – Essa concepção de sentido lógico-jurídico e jurídico positivo advém da Constituição em sentido jurídico, de Hans Kelsen. Por essa concepção, a Constituição tem dois sentidos: o primeiro (lógico-jurídico), a Constituição é a norma fundamental hipotética – que é o Poder Constituinte Originário e que dá existência e validade à Constituição; o segundo (jurídico- positivo), a Constituição é texto das normas constitucionais (não importando se esses dispositivos são normas materialmente ou formalmente constitucionais) e que tem superioridade hierárquica às demais leis do ordenamento jurídico. (20) X – A questão foi anulada, mas vamos à análise. Veja o seguinte precedente: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIADE – PROCESSO DE REFORMA DA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL – NECESSÁRIA OBSERVÂNCIA Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 35 DOS REQUISITOS ESTABELECIDOS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL (ART. 60, §§ 1º A 5º) – IMPOSSIBILIDADE CONSTITUCIONAL DE O ESTADO- MEMBRO, EM DIVERGÊNCIA COM O MODELO INSCRITO NA LEI FUNDAMENTAL DA REPÚBLICA, CONDICIONAR A REFORMA DA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL À APROVAÇÃO DA RESPECTIVA PROPOSTA POR 4/5 (QUATRO QUINTOS) DA TOTALIDADE DOS MEMBROS INTEGRANTES DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA – EXIGÊNCIA QUE VIRTUALMENTE ESTERILIZA O EXERCÍCIO DA FUNÇÃO REFORMADORA PELO PODER LEGISLATIVO LOCAL – A QUESTÃO DA AUTONOMIA DOS ESTADOS-MEMBROS (CF, ART. 25) – SUBORDINAÇÃO JURÍDICA DO PODER CONSTITUINTE DECORRENTE ÁS LIMITAÇÕES QUE O ÓRGÃO INVESTIDO DE FUNÇÕES CONSTITUCIONAIS PRIMÁRIAS OU ORIGINÁRIAS ESTABELECEU NO TEXTO DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA: “É NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL QUE SE LOCALIZA A FONTE JURÍDICA DO PODER CONSTITUINTE DO ESTADO- MEMBRO” (RAUL MACHADO ORTA) – O SIGNIFICADO DA CONSTITUIÇÃO E OS ASPECTOS DE MULTIFUNCIONALIDADE QUE LHE SÃO INERENTES – PADRÃO NORMATIVOS QUE SE IMPÕEM À OBSERVÂNCIA DOS ESTADOS- MEMBROS EM TEMA DE REFORMA DE SUA PRÓPRIA CONSTITUIÇÃO – INCONSTITUCIONALIDADE CARACTERIZADA – AÇÃO DIRETA PROCEDENTE. (ADI 4867). Dessa decisão surgem duas importantes conclusões: 1) Pelo princípio da simetria, as Constituições Estaduais devem observar as normas de processo legislativo da Constituição Federal (é norma de reprodução obrigatória); 2) Fixar o quórum de aprovação de proposta de emenda à Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 36 Constituição em 4/5 é inconstitucional por “virtualmente esterilizar o exercício da função reformadora”. (21) E – Trecho da ementa da ADC 41 julgada pelo STF: “2. Ademais, a fim de garantir a efetividade da política em questão, também é constitucional a instituição de mecanismos para evitar fraudes pelos candidatos. É legítima a utilização, além da autodeclaração, de critérios subsidiários de heteroidentificação (e.g., a exigência de autodeclaração presencial perante a comissão do concurso), desde que respeitada a dignidade da pessoa humana e garantidos o contraditório e a ampla defesa”. Ou seja, o STF admite a definição de outros critérios (subsidiários), desde que respeitada a dignidade da pessoa humana e garantidos o contraditório e a ampla defesa. (22) E – O art. 37, I, CF (“os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei”). Na parte referente aos estrangeiros, é norma constitucional de eficácia limitadae aplicabilidade indireta, mediata e reduzida. Ou seja, a norma constitucional de eficácia limitada depende de uma futura norma infraconstitucional que complementa as formas de incidência da norma constitucional. Assim, o estrangeiro – por exemplo – tem direito à concorrer em cargos públicos (a CF conferiu esse direito), mas o exercício desse direito somente poderá ser efetivamente praticado quando uma lei futura definir quais requisitos e em que condições o estrangeiro pode assumir o cargo público. Enquanto não existir essa lei futura, a norma constitucional permanece com sua eficácia limitada. Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 37 (23) C – Trecho da ementa da ADI 4451 julgada pelo STF: “5. O direito fundamental à liberdade de expressão não se direciona somente a proteger as opiniões supostamente verdadeiras, admiráveis ou convencionais, mas também aquelas que são duvidosas, exageradas, condenáveis, satíricas, humorísticas, bem como as não compartilhadas pelas maiorias. Ressalte-se que, mesmo as declarações errôneas, estão sob a guarda dessa garantia constitucional”. Lembro que essa liberdade de manifestação não significa autorização para cometer crimes. Ou seja, é inconstitucional a censura prévia. Mas, se da liberdade de manifestação acontecer excessos, a pessoa ou veículo de imprensa serão responsabilizados. (24) E – ADI 3074, julgada pelo STF: “CONSTITUCIONAL. NATUREZA SECUNDÁRIA DE ATO NORMATIVO REGULAMENTAR. RESOLUÇÃO DO CONAMA. INADEQUAÇÃO DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE. PRECEDENTES. AGRAVO DESPROVIDO. 1. Não se admite a propositura de ação direta de inconstitucionalidade para impugnar Resolução do CONAMA, ato normativo regulamentar e não autônomo, de natureza secundária. O parâmetro de análise dessa espécie de ato é a lei regulamentada e não a Constituição”. O objeto de uma ADI é lei ou ato normativo federal ou estadual. Tanto a lei quanto o ato normativo necessitam de ter generalidade e abstração. Um regulamento que não decorra diretamente da Constituição é ato normativo secundário (ausência de caráter autônomo). O caso abordado pela questão trata de regulamento que não possui caráter autônomo (não é ato normativo primário), é ato meramente regulamentar, sendo que eventual ofensa à Constituição é Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 38 indireta ou reflexa. O caso se resolve pelo conflito de legalidade e não pelo controle de constitucionalidade. (25) E – ADI 1969, julgada pelo STF: “AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. DECRETO 20.098/99, DO DISTRITO FEDERAL. LIBERDADE DE REUNIÃO E DE MANIFESTAÇÃO PÚBLICA. LIMITAÇÕES. OFENSA AO ART. 5º, XVI, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. I. A liberdade de reunião e de associação para fins lícitos constitui uma das mais importantes conquistas da civilização, enquanto fundamento das modernas democracias políticas. II. A restrição ao direito de reunião estabelecida pelo Decreto distrital 20.098/99, a toda evidência, mostra-se inadequada, desnecessária e desproporcional quando confrontada com a vontade da Constituição (Wille zur Verfassung). III. Ação direta julgada procedente para declarar a inconstitucionalidade do Decreto distrital 20.098/99”. CUIDADO: A adequada resolução da questão exige, ainda, o conhecimento da Súmula/STF nº 642: “Não cabe ação direta de inconstitucionalidade de lei do Distrito Federal derivada da sua competência legislativa municipal”. Para facilitar a compreensão: O Distrito Federal soma as atribuições estaduais e municipais (lembro que existem exceções, por exemplo o Poder Judiciário e o MP no DF são órgãos da União. Já a Defensoria Pública é órgão distrital não vinculada ao Poder Executivo distrital). Ou seja, lei ou ato normativo distrital fundada em sua competência estadual pode ser objeto de controle de constitucionalidade no STF. Já a lei ou ato normativo distrital fundada em sua competência municipal NÃO pode ser objeto de controle de constitucionalidade no STF (seria ofensa à Súmula/STF nº 642). Na questão, o Governador do Distrito Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 39 Federal (Chefe do Poder Executivo distrital) utilizou de uma atribuição conferida pela Lei Orgânica Distrital (fundada na competência estadual) e pela Constituição Federal para editar um ato normativo. Referido ato normativo é considerado primário porque é fundamentado em atribuição dada pela Constituição Federal e pela Lei Orgânica Distrital (na parte de atribuições de uma constituição estadual) e não por lei ordinária ou complementar (aí seria ato normativo secundário – conflito de legalidade). Por isso que o referido Decreto Distrital possui generalidade, abstração e é autônomo (não mero ato regulamentar), podendo ser objeto de controle de constitucionalidade no STF. (26) E – A competência para processar e julgar o crime é da Justiça Federal. Art. 109, V, CF. Os crimes de difusão ou aquisição de material pornográfico envolvendo criança ou adolescente são previstos no art. 241, no art. 241-A e no art. 241-B, todos do ECA. O STF, no julgamento do RE 628624, fixou a tese de que (Informativo 805): “Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes consistentes em disponibilizar ou adquirir material pornográfico envolvendo criança ou adolescente [artigos 241, 241-A e 241-B da Lei 8.069/1990] quando praticados por meio da rede mundial de computadores”. (27) C – Trecho da ementa do ARE 694.294 RG, julgado pelo STF com repercussão geral: “ILEGITIMIDADE ATIVA "AD CAUSAM" DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA, EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA, DEDUZIR PRETENSÃO RELATIVA À MATÉRIA TRIBUTÁRIA. REAFIRMAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA DA CORTE. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA”. Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 40 (28) C – Art. 24, XVI, CF. (29) C – Trecho da ementa do ARE 654.432, julgado pelo STF: “1. A atividade policial é carreira de Estado imprescindível à manutenção da normalidade democrática, sendo impossível sua complementação ou substituição pela atividade privada. A carreira policial é o braço armado do Estado, responsável pela garantia da segurança interna, ordem pública e paz social. E o Estado não faz greve. O Estado em greve é anárquico. A Constituição Federal não permite. 2. Aparente colisão de direitos. Prevalência do interesse público e social na manutenção da segurança interna, da ordem pública e da paz social sobre o interesse individual de determinada categoria de servidores públicos. Impossibilidade absoluta do exercício do direito de greve às carreiras policiais”. Destaco, ainda, trecho da tese firmada em repercussão geral: “O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança pública”. Por essa tese firmada em repercussão geral, todas as carreiras da segurança pública (polícia civil, polícia federal, polícia rodoviária federal, polícia militar, polícias penais, corpo de bombeiros militar, polícia ferroviária federal e as guardas municipais) estão constitucionalmente impedidas de realizar greve. (30) E – Art. 109, IV, CF. (31) C – Art. 1º, caput, e art. 2, caput, ambos da Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro. Lembro que o mencionado art. 1º, caput, trata da chamada vacatio legis. (32) X – A questão foi anulada, mas vamos tentar analisar alguma coisa. Art. 2º, §§ 1º e 2º, e art. 6º, caput, e Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 41 §1º, todos da Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro: Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, alei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. § 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. O comando da questão não menciona se as partes estão discutindo judicialmente os efeitos de um contrato que foi (ou não) integralmente cumprido anteriormente à vigência da nova lei (se houve ato jurídico perfeito). A ausência dessa informação prejudica o prosseguimento da análise da questão. (33) E – Art. 2º, §§ 2º e 3º, da Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro: § 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. § 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. A questão mistura os institutos da derrogação com o da repristinação. No primeiro instituto, a lei especial não revoga a lei geral, mas sim derroga – ou seja, a lei geral continua tendo aplicabilidade para todas as situações gerais, salvo a situação específica prevista na lei especial. No segundo instituto, a nova lei revoga (retira do mundo jurídico) a lei antiga – caso a lei nova perca a vigência, a lei antiga não volta a valer Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 42 e ter aplicabilidade. CUIDADO, no caso de declaração de inconstitucionalidade da lei nova, a lei antiga volta a valer (já que a lei inconstitucional é nula e não produz efeitos no mundo jurídico, inclusive o de revogar a lei antiga). (34) C – Art. 17, §§ 7º, 8º, 10, todos da Lei nº 8429/92. Quanto ao princípio do in dubio pro societate no processamento do ato de improbidade administrativa, veja-se trecho da ementa do REsp nº 1192758, julgado pelo STJ: “2. A jurisprudência desta Corte tem asseverado que "é suficiente a demonstração de indícios razoáveis de prática de atos de improbidade e autoria, para que se determine o processamento da ação, em obediência ao princípio do in dubio pro societate, a fim de possibilitar o maior resguardo do interesse público" (REsp 1.197.406/MS, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 22/8/2013).” (35) C – Veja-se trecho da ementa do REsp nº 896.044, julgado pelo STJ: “5. Nas Ações de Improbidade, inexiste litisconsórcio necessário entre o agente público e os terceiros beneficiados com o ato ímprobo, por não estarem presentes nenhuma das hipóteses previstas no art. 47 do CPC (disposição legal ou relação jurídica unitária). Precedentes do STJ. (...) 8. Convém registrar que a recíproca não é verdadeira, tendo em vista que os particulares não podem ser responsabilizados com base na LIA sem que figure no polo passivo um agente público responsável pelo ato questionado, o que não impede, contudo, o eventual ajuizamento de Ação Civil Pública comum para obter o ressarcimento do Erário. Precedente do STJ.” (36) E – É pacífica a jurisprudência de que o ato de improbidade administrativa está sujeito à prescrição. Contudo, a condenação Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 43 de ressarcimento ao erário é imprescritível. Art. 37, §5º, CF. (37) C – Art. 297, §2º, CP. (38) E – Art. 181, inc. I, da Lei nº 11.101/05. Não há o impedimento para ser sócio, só não pode exercer a função de gerência. (39) C – Art. 180 da Lei nº 11.101/05. (40) E – A Convenção de Palermo trata da Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional. Referido documento internacional, após subscrito pelo Presidente da República (Chefe de Estado – responsável por representar internacionalmente o Brasil), deve ser aprovado pelo Congresso Nacional mediante um decreto legislativo. Após, o Presidente do Senado Federal faz a promulgação do texto e, ao final, encaminha para o Presidente da República que faz ratificação e expede um decreto de execução. Somente com o decreto de execução é que o documento internacional passa a ter sua observância interna (no país). (41) E – A internalização de um tratado ou convenção internacional não atribui o status de lei complementar. E outra o Protocolo Adicional à Convenção de Palermo que tratou do Tráfico Internacional de Pessoas tem cunho de direitos humanos, visto que trata de um tipo de escravidão. Nesse sentido, os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos internalizados pelo regramento do art. 5º, §3º, CF, terão status de norma constitucional. Agora, se esses tratados e convenções internacionais de direitos humanos forem internalizados sem o regramento do art. 5º, §3º, CF, terão status de norma supralegal (acima das leis Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 44 infraconstitucionais e abaixo das normas constitucionais). (42) C – O asilo político é mencionado no art. 27 da Lei nº 13.445/17. O Tratado de Direito Penal Internacional de Montevidéu declara que o asilo político é uma instituição humanitária e não está sujeita a reciprocidade. Pelo asilo político, um Estado acolhe um sujeito que é perseguido em seu país ou outros países, por razões de divergências sobre questões políticas. (43) E – Art. 5º, §4º, CF: “O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão”. O Decreto nº 4.388/02, internalizou o Estatuto de Roma que trata do Tribunal Penal Internacional. Ressalto que não se trata de extradição de brasileiro, MAS sim de entrega. (44) C – Art. 2º e art. 3º, ambos da Lei nº 8.617/93. (45) X – A questão foi anulada, mas vamos à sua análise. Os Estados são os sujeitos de direito internacional primários. Atualmente, é reconhecido que os indivíduos também são sujeitos de direito internacional. Classicamente, entende-se que a ONU e outras organizações internacionais são sujeitos secundários de direto internacional, já que derivam da vontade e do compromisso dos sujeitos primários de direito internacional. (46) C – O visto em passaporte – diplomático ou não – é mera expectativa de direito porque se trata de soberania do Estado aceitar ou não que o indivíduo ingresse em seu território. Contudo, aceito o ingresso do indivíduo, efetivamente o Estado passa a ter deveres com o estrangeiro, como os decorrentes da Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 45 Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas. (47) E – Súmula Vinculante nº 56: “A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese os parâmetros fixados no RE 641.320/RS”. (48) C – Trata do princípio da continuidade normativa típica: é quando uma lei que estabelece uma conduta como criminosa é alterada por nova lei, mas a nova lei continua a prever aquela conduta como crime. Para a existência da continuidade normativa típica não pode a lei antiga (que previa o crime) ser revogada e, passado um dia que seja, a nova lei novamente criminalizar a conduta. A nova lei deve manter a criminalização da conduta ao mesmo tempo em que revoga/altera a lei antiga. (49) C – Art. 70, caput, segunda parte, CP: “Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, prática dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior”. No concurso formal, o agente realiza uma única ação ou omissão que produz dois ou mais resultados. Na questão, 1) o agente praticou uma ação: ao envenenar o sistema de ventilação; 2) e produziu dois resultados: a morte de duas pessoas. Mas com desígnios autônomos: intenção de praticar ambos os delitos (lembro que devem Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 46 ser condutas dolosas – seja com dolo direito ou eventual). (50) E – Súmula/STJ 567: “Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto.” (51) C – Em razão do emprego da violência ou grave ameaça, não se aplica o instituto do arrependimento posterior (art. 16 CP): “Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços”. Também chamada de ponte de prata por Zaffaroni. (52) E – Súmula/STJ 231: “A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal”. Na questão, são circunstâncias atenuantes a confissão espontânea (art. 65, inc. III, alínea d, CP) e a coação moral resistível (art. 65, inc. III, alínea c, CP). Somente no reconhecimento de uma causa geral ou especial de redução de pena que a reprimenda poderia ser fixada abaixo do mínimo legal. (53) E – Súmula/STJ 444: “É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base”. Lembro que essa súmula impede a valoração negativa dos antecedentes criminais, da personalidade ou da conduta social. O motivo é simples: observância do princípio da não-culpabilidade. Imagine utilizar um IP ou ação penal em curso para agravar a pena de alguém e, posteriormente, esse sujeito é absolvido? Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 47 (54) C – Súmula/STJ 491: “É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional”. (55) C – Trata da chamada absolvição imprópria. O Magistrado absolve o sujeito, mas aplica medida de segurança. Art. 386, VI, CPP: Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça: VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência. A imputabilidade, considerando o critério tripartite de crime, está prevista na culpabilidade. (56) E – Súmula/STJ 441: “A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional.” CUIDADO: Com o Pacote Anticrime, foram realizadas algumas alterações legislativas. Art. 83, III, alínea b, CP: Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: III - comprovado: b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses. Sobre a análise da Súmula/STJ 441 e essa alteração legislativa indico um vídeo disponível no IGTV do meu Instagram @castrothomazini, que aborda toda a problemática. (57) C – Nesse caso, a vítima estava sob coação moral irresistível que, segundo o critério tripartite de crime, está dentro da culpabilidade como inexigibilidade de conduta diversa. Art. 22 CP: Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem. Lembro que a coação moral for resistível é circunstância atenuante (art. 65, III, c, CP). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art20 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art20 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art26 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art28%C2%A71 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art28%C2%A71 Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 48 (58) C – Para a participação (não é coautoria), o CP adota a teria da acessoriedade média/limitada, em que basta o autor do crime praticar um fato típico e ilícito (lembro que fato típico+ilícito = injusto penal), sem necessariamente estar presente a culpabilidade. Em síntese, o que diferencia o partícipe do coautor? O coautor também pratica a conduta núcleo (o verbo) do tipo penal – ressalto os casos de domínio do fato; Já o partícipe não pratica conduta núcleo do crime, somente presta auxílio ao autor de forma acessória, induzindo, instigando, incentivando (participação moral) o cometimento de crime ou facilitando materialmente a execução do crime (participação material). Na questão, quando a amiga instiga a autora do crime, ela passa a ser partícipe moral. (59) E – Art. 117, VI, CP. As situações previstas no art. 117, V e VI, CP, tratam de prescrição da pretensão executória (e não punitiva). (60) E – Súmula/STJ 582: “Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada”. Com a edição dessa súmula, o STJ adotou a teoria da amotio para a definição do momento consumativo dos delitos de roubo e furto. (61) E – Art. 52, caput, da Lei nº 7.210/84: “A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e, quando ocasionar subversão da ordem ou disciplina internas, sujeitará o preso provisório, Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 49 ou condenado, nacional ou estrangeiro, sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as seguintes características:” (62) C – Art. 15, parágrafo único, II, e art. 20, ambos da Lei nº 13.869/19. (63) C – Art. 5, caput, e §1º, da Lei nº 10.826/03. (64) E – Art. 22 da Lei nº 7.492/86 trata do crime de evasão de divisas. Trecho do julgamento da Ação Penal 470, julgada pelo STF: “A materialização do delito de evasão de divisas prescinde da saída física de moeda do território nacional”. (65) E – A primeira situação trata do crime de uso de drogas (art. 28 da Lei nº 11.343/06) e não há previsão de pena privativa de liberdade. A segunda situação trata do crime de tráfico privilegiado (art. 33, §3º, da Lei nº 11.343/06), com sanção de detenção de 06 meses a 01 ano. (66) C – Art. 3º, caput, da Lei nº 9.605/98. Já os arts. 21, 22 e 23 da mesma lei, estabelecem as sanções das pessoas jurídicas. (67) E – Nessa questão, lembro do julgamento a ADO 26 e do MI 4733, ambos pelo STF, que reconheceu a demora inconstitucional (inércia) em tratar adequadamente o crime de discriminação fundada na orientação sexual. O STF aplicou interpretação conforme à constituição para declarar que o racismo é gênero, sendo que a homofobia e a transfobia são espécies – racismo social. Assim, aplica-se a Lei de Combate ao Racismo (Lei nº 7716/89). Lembro que a aplicação desse concurso de Delegado da PF foi no ano de 2018 e as decisões do STF são do ano de 2019. Agente de Polícia Federal – 2018 – CEBRASPE 50 (68) C – Arts. 67 e 68, ambos do CDC.
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