Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
EPIDEMIOLOGIA E SAÚDE COLETIVA O suicídio é um fenômeno complexo que pode afetar indivíduos de diferentes origens, classes sociais, idades, orientações sexuais e identidades de gênero, perpassando com outra gama de fatores sociais, econômicos, culturais, políticos, psicológicos e até biológicos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que no mundo todo mais de 700 mil pessoas morrem por suicídio anualmente. No que se refere as taxas de suicídio o Brasil está num patamar com baixas taxas de suicídio - em torno de 6 suicídio para cada 100 mil habitantes por ano. Segundo o boletim epidemiológico de Ministério da Saúde (2019) as maiores taxas de suicídio foram registradas nas regiões Sul e Centro Oeste, sendo de 10,41 e 8,30 suicídios para cada 100 mil habitantes respectivamente, tal dado corrobora com Cassorla (2017) que descreve que a região Sul tinha maiores índices de suicídios, muito provavelmente motivados por fatores culturais frutos da maior quantidade de imigrantes provindos da Europa Central nessa região. O mesmo autor ainda analisa que as maiores taxas de suicídios se concentram entre pessoas mais velhas, contudo o número de suicídios entre jovens vem aumentando progressivamente. O boletim epidemiológico de 2019 confirma essa analise, destacando que todas as faixas etárias sofreram aumento na incidência de suicídio, e nas taxas de mortalidade de adolescentes houve um alta para 81% no período, passando de 606 óbitos por ano em 2010 para 1.022 por ano em 2019. A população que majoritariamente comete suicídio são homens que apresentam risco 3,8% maior que mulheres, e representam uma taxa de 10,72 suicídio para cada 100 mil habitantes e pessoas mais velhas, principalmente acima de 40 anos. No entanto, a população que tenta suicídio e não morre é predominantemente jovem e adultos entre 15 a 39 anos, representando 69,6% das lesões autoprovocadas. Essas informações mostram que o suicídio e a tentativa de suicídio ocorrem em populações com características distintas e, portanto, possuem motivações psicológicas e sociais diferentes (CASSORLA, 2017). Retomando os fatores de risco, como dito anteriormente, o suicídio é multifatorial, envolvendo aspectos sociais, culturais, econômicos, políticos, psicológicos e biológicos envolvendo experiências diversas desde o início da vida e características genéticas, sendo importante ressaltar que o comportamento suicida geralmente está atrelado a algum transtorno mental, sendo que o mais comum é a depressão unipolar ou bipolar, também podendo ser associados com o risco importante de abuso e dependência de substâncias psicoativas e a esquizofrenia (boletim epidemiológico 2019) “Devemos entender a autodestruição não apenas pelo corpo que se torna enfermo; é preciso adotar um olhar mais atento ao que é essencial para o humano a fim de realizarmos uma cuidadosa investigação dos diversos fatores envolvidos na ação de se destruir” É importante pontuar, ainda, que o suicídio e as autoagressões são eventos estigmatizados e subnotificados, porém os dados levantados pela pesquisa sobre mortalidade por suicídio e lesões autoprovocadas já oferecem uma ampla visão de como nossa sociedade está sendo afetada e de como futuramente irá avançando, sendo possível a reflexão sobre os fatores de risco e, por consequência, explorar meios para prevenir, intervir e amparar os sujeitos em sofrimento. A exemplo disso, discutir de forma responsável e embasada pode ser um efetivo fator de prevenção, podendo também contribuir para a ruptura dos estigmas que cercam esse tema. Ressalta-se a importância de expandir a rede assistencial em todos os níveis de atenção e complexidade para o atendimentos de crises e urgências, nesse sentido a Atenção Primária é um componente estratégico primordial para a prevenção do suicídio, cujo qual tem potencial para desenvolver estratégias e ações que proporcionem a identificação e intervenção precoce em casos de risco e situações de vulnerabilidade. Além disso, é necessário que seja realizado um acompanhamento e monitoramento de casos que venham ocorrer por meio da rede de atenção à saúde, com acolhimento adequado e com cuidado a longo prazo como na APS ou RAPS (boletim epidemiológico)
Compartilhar