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M A R I A N A S O A R E S Historia da Psicologia 1 “Psi” (Ψ), era a vigésima terceira letra do alfabeto grego. E no grego antigo a palavra psyque significava borboleta, que simbolizava o fôlego da vida, um sopro do vento, respiração e alma. E a alma ou espírito era concebida como a parte imaterial do ser humano e abarcava o pensamento, os sentimentos de amor e ódio, a irracionalidade, o desejo, a sensação e a percepção. Logia, vem de logos que significa estudo e discurso. 01. Questões acerca do homem, da inteligência humana, da percepção e da “alma”. Exemplos de teorias socráticos: ETIMOLOGIA A história da Psicologia mostra que ela não surge como ciência, mas, sim, ramo filosófico. Pelo menos até ter independência muitos anos depois. ORIGEM A PSICOLOGIA DOS FILÓSOFOS Os pré-socráticos preocupavam-se em definir a relação do homem com o mundo através da percepção, discutiam muito as questões sobre o funcionamento da natureza e dos elementos que a compõem e acerca do homem enquanto parte da natureza. Discutiam se o mundo existe porque o homem o vê ou se o homem vê um mundo que já existe. Havia uma oposição entre os idealistas (a ideia forma o mundo) e os materialistas (a matéria que forma o mundo já é dada para a percepção). Ideias Psicológicas na Filosofia Pré-Socrática Exemplo das teorias pré-socráticas: teoria dos humores Ideias Psicológicas na Filosofia Socrática Sócrates Foi com Sócrates (469-399 a.C.) que a Psicologia na Antiguidade ganhou consistência, ele foi considerado aquele que fez a filosofia descer do céu para a terra. Suas ideias foram transcritas por seus discípulos, sobretudo Platão, pois não deixou nada escrito. Sua principal questão era sobre o limite que separa o homem dos animais. Desta forma, postulava que a principal característica humana era a razão. A razão permitia ao homem sobrepor-se aos instintos, que seriam a base da irracionalidade. Ao definir a razão como peculiaridade do homem ou como essência humana, Sócrates abre um caminho que seria muito explorado pela Psicologia. As teorias da consciência são, de certa forma, frutos dessa primeira sistematização na Filosofia. Ademais, acreditava que o conhecimento que vem do meio é ilusório, e a melhor forma de se chegar ao conhecimento é através da introspecção. mel.nathalia@hotmail.com M A R I A N A S O A R E S Historia da Psicologia 2 Discípulo de Sócrates, Platão (427-347 a.C.), definiu que a cabeça, onde se encontrava a alma do homem, era onde se encontrava a razão, e o conhecimento seguro só poderia ser obtido por meio da razão. A medula seria, portanto, o elemento de ligação da alma com o corpo. Este elemento de ligação era necessário porque Platão concebia a alma separada do corpo. Quando alguém morria, a matéria (o corpo) desaparecia, mas a alma ficava livre para ocupar outro corpo. oposição ao pensamento filosófico em prol do pensamento religioso – com ênfase nas ideias cristãs católicas. E com os temas religiosos presentes na arte, na filosofia e na ciência. Nesse sentido, dois grandes filósofos representam esse período: Santo Agostinho (354-430) e São Tomás de Aquino (1225-1274). Platão Aristóteles Aristóteles (384-322 a.C) foi discípulo de Platão, mas se opôs ao pensamento de seu mestre, sobretudo acerca do conhecimento, foi um dos mais importantes pensadores da história da Filosofia. Sua contribuição foi inovadora ao postular que alma e corpo não podem ser dissociados. Para Aristóteles, a psyché seria o princípio ativo da vida. Esse filósofo chegou a estudar as diferenças entre a razão, a percepção e as sensações. Esse estudo está sistematizado no Da Anima, que pode ser considerado o primeiro tratado em Psicologia. Além disso, acreditava existirem duas formas de inteligência: passiva (tomada de consciência de formas) e ativa (abstração em função da percepção) 02. IDEIAS PSICOLOGICAS NA FILOSOFIA MEDIEVAL CRISTÃ Às vésperas da era cristã, surge um novo império que domina a Grécia, parte da Europa e do Oriente Médio: o Império Romano. Uma das principais características desse período é a Santo Agostinho, inspirado em Platão, também fazia uma cisão entre alma e corpo. Entretanto, para ele, a alma não era somente a sede da razão, mas a prova de uma manifestação de Deus no homem. A alma ainda era considerada o elemento mortal e o corpo é a matéria, fonte de todos os males. E, sendo a alma também a sede do pensamento, a Igreja passa a se preocupar também com sua compreensão. Santo Agostinho São Tomás de Aquino viveu num período que prenunciava a ruptura da Igreja Católica, o aparecimento do protestantismo — uma época que preparava a transição para o capitalismo, com a revolução francesa e a revolução industrial na Inglaterra. Integra o pensamento de Aristóteles ao cristianismo, em um momento em que a verdade da razão ameaça as verdades da fé. Buscou a distinção entre essência e existência, conforme Aristóteles. Ao introduzir o ponto de vista religioso, ao contrário de Aristóteles, afirma que somente Deus conseguiria reunir a essência e a existência, em igualdade. Portanto, a busca de perfeição pelo homem seria a busca de Deus. São Tomás de Aquino encontra argumentos racionais para justificar os dogmas da Igreja e continua garantindo-lhe o monopólio do estudo do psiquismo. Santo Agostinho mel.nathalia@hotmail.com M A R I A N A S O A R E S Historia da Psicologia 3 03. Nesse período ocorrem marcantes mudanças religiosas, políticas, econômicas, sociais e culturais, provocando outras formas de concepção da ciência e da razão, passando a se preocupar com elementos precisos e a experiência, contrapõem-se à fé. Transferindo as preocupações das relações Deus e homem, para as preocupações da natureza e homem. Pesquisas, experimentações e formulações marcam esse período, eram necessários métodos mais rigorosos, medidas, instrumentos de controle, todos buscando mais precisão no estudo do funcionamento da mente. Copérnico (1473-1543) causou uma revolução no conhecimento humano mostrando que o nosso planeta não é o centro do universo Galileu Galilei (1564-1642), físico, matemático, astrônomo e filósofo italiano, estudou a queda dos objetos em famosos ensaios na Torre de Pisa. Isaac Newton (1642-1727), físico e matemático, também estuda fenômenos da natureza, o movimento dos objetos tanto na Terra como nos celestiais René Descartes (1596-1650), merece maior atenção, visto que é considerado o pai da psicologia moderna. Foi o primeiro a fazer distinção nítida entre corpo e mente, questionamento que inquietava os filósofos desde a Antiguidade. Descartes propõe a separação entre mente (alma, espírito) e corpo, afirmando que o homem possui uma substância material e uma substância pensante, e que o corpo, desprovido do espírito, é apenas uma máquina. Outro aspecto importante do trabalho de Descartes é que a partir do dualismo e separação mente (alma e espírito) e corpo, propicia o estudo do corpo humano morto, dado que este deixa de ser sagrado, e dessa forma possibilita o avanço da Anatomia e da Fisiologia, que contribuirá em muito para o progresso da própria Psicologia. As alterações na forma de compreensão do homem e do funcionamento do Universo abrem espaço para novas indagações e formas de estudo, e a noção de verdade passa, necessariamente, a contar com o aval da ciência. E foi nesse período que surgem homens como Hegel, Darwin, Comte, ideais como mecanicistas, onde para compreensão do psiquismo humano buscou-se a compreensão dos mecanismos e funcionamentos da máquina de pensar do homem, seu cérebro. Assim, a Psicologia começa a trilhar os caminhos da Fisiologia, Neuroanatomia e Neurofisiologia, com uma ciência distinta da Filosofia. Outra contribuição muito importante nesses primórdios da Psicologia científica é a de Wilhelm Wundt (1832- 1926). Wundt, fisiólogo alemão na Universidade de Leipzig, fundou o primeiro laboratório para realizar experimentos na área de Psicofisiologia. Por esse fato e por sua extensa produção teórica na área, eleé considerado o pai da Psicologia moderna ou científica. Os experimentos de Wundt envolviam as sensações, percepções, sentimentos e emoções e se davam por meio do método de “introspecção”, método e termo criado por ele próprio. A PSICOLOGIA NO RENASCIMENTO 04. A PSICOLOGIA E A CIÊNCIA mel.nathalia@hotmail.com M A R I A N A S O A R E S Historia da Psicologia 4 Embora a Psicologia científica tenha nascido na Alemanha, foi nos Estados Unidos que ela encontrou um campo para um rápido crescimento. É ali que surgem as primeiras abordagens ou escolas em Psicologia, as quais deram origem às inúmeras teorias que existem atualmente. Essas abordagens são: o Funcionalismo, de William James (1842- 1910), o Estruturalismo, de Edward Titchner (1867-1927) e o Associacionismo, de Edward L. Thorndike (1874-1949). conteúdo complexo, a pessoa precisaria primeiro aprender as ideias mais simples, que estariam associadas àquele conteúdo. Os Associacionistas não aceitavam o método introspectivo e lançaram as bases da psicologia comportamentalista, utilizando para tanto pesquisas com animais. Edward L. Thorndike, representante do Associacionismo, formulou a Lei do Efeito, contribuindo para a primeira teoria de aprendizagem em Psicologia. De acordo com essa lei, todo comportamento de um organismo vivo (um homem, um pombo, um rato etc.) tende a se repetir, se nós recompensados (efeito). Por outro lado, o comportamento tenderá a não se repetir, se o organismo for castigado (efeito) após sua ocorrência. E, pela Lei do Efeito, o organismo irá associar essas situações com outras semelhantes. Na atualidade, às três principais escolas da psicologia não são mais o Estruturalismo, o Funcionalismo e o Associacionismo. Entretanto, essas escolas serviram como base para a formulação das três principais teorias dos dois últimos séculos: o Behaviorismo (ou Psicologia Experimental ou Psicologia Comportamental); a Psicanálise; e a Gestalt (ou Psicologia da Forma). Os Funcionalistas elegem a consciência como foco para análise e se interessam na funcionalidade da mente. Definiam a psicologia como uma ciência biológica, uma ciência interessada em analisar os processos mentais. Acreditavam que a mente é um acúmulo de funções e processos que conduzem a experiências práticas. A mente com isso, é analisada em função das interações com o ambiente e o estudo da vida psíquica é considerado a partir de sua adaptação ao meio. Funcionalismo O Estruturalismo está preocupado com a compreensão do mesmo fenômeno que o Funcionalismo: a consciência, mas diferente deles buscará a compreensão da consciência em seus aspectos estruturais, isto é, os estados elementares da consciência como estruturas do sistema nervoso central, onde tentavam entender “o que”, “como” e “por que” dos processos mentais. Indo na mesma direção que os Funcionalistas, essa abordagem manteve a descrição introspectiva, contudo mais ampla. Estruturalismo O termo associacionismo origina-se da concepção de que a aprendizagem se origina a partir da associação de ideias, partindo das mais simples às mais complexas. Assim, para aprender um Associacionismo mel.nathalia@hotmail.com M A R I A N A S O A R E S Historia da Psicologia 5 Na mitologia grega, a palavra “psique” significa algo mais que borboleta, alma ou mente. Psique é uma deusa, uma bela criatura com asas de borboleta que viveu um dos mais belos amores. Psique era uma princesa e tinha duas irmãs. Todas eram belas, mas Psique era a mais bonita. Sua beleza era tanta que pessoas de várias regiões iam admirá-la, e a comparavam com a deusa do amor Afrodite. Sua beleza era tanta que os rapazes tinham receio de se casarem com ela, enquanto suas irmãs todas encontraram maridos. Profundamente ofendida e enciumada, pela beleza de Psique, Afrodite enviou seu filho, Eros, para fazê-la apaixonar-se pelo homem mais feio e vil de toda a terra. Entretanto, ao ver sua beleza, Eros apaixonou-se profundamente. Seu pai suspeitando haver ofendido os deuses resolveu consultar o oráculo e perguntou-lhe como poderia arrumar um marido a Psique. Através desse oráculo, o próprio Eros ordenou ao rei que enviasse sua filha ao topo de uma solitária montanha, onde uma serpente iria buscá-la. Pisque então conformada foi para a montanha e lá foi tomada por um profundo sono, sendo então conduzida pela brisa gentil de Zéfiro a um lindo castelo. A noite quando foi se deitar, começou a tremer, pois imaginava que ali encontraria seu terrível marido. Mas, quando escutou sua voz maravilhosa se acalmou. Ele a fez prometer que nunca tentaria conhecer sua identidade. Psique então se entregou a seu amante misterioso todas as noites, mas sempre quando acordava ele já não estava mais lá. Psique se sentindo solitária e com a vontade de encontrar suas irmãs pediu a seu marido e logo foi consentido. Ao entrarem no castelo ficaram deslumbrantes e ao perguntarem do marido de Psique, ela contou que nunca o vira, então as irmãs começaram a encher a cabeça dela de que seu marido era uma criatura horrenda e repugnante. Seu esposo alertou-a que suas irmãs estavam tentando fazer com que ela quebrasse a promessa, e se assim ela fizesse, ela nunca mais o veria novamente. Além disso, ele contou-lhe que ela estava grávida e se ela conseguisse manter o segredo ele seria divino, porém se ela falasse, ele seria mortal. Assombrada com os comentários das irmãs, Psique escondeu uma faca e um lampião próximo a sua cama, decidida a conhecer a verdadeira identidade de seu esposo, então a noite aproximou-se do rosto dele com o lampião e observou o homem mais lindo de toda sua vida. Psiquê perturbada com a descoberta, cambaleou e sua mão chegou a tremer tanto que uma gota do óleo do lampião caiu justamente no ombro do marido que acordou. E, em um simples olhar e gesto, logo Eros desapareceu. Enlouquecida de amor e dor, Psiquê pôs-se a procurar Eros por toda parte. Afrodite, sua sogra, com inveja de tanta beleza de Psiquê havia tramado tudo. Não aceitava, pois, que seu belo filho, Eros, se apaixonasse por uma reles mortal. HISTÓRIA : PISIQUE E EROS mel.nathalia@hotmail.com https://amenteemaravilhosa.com.br/arquetipo-da-sombra/ M A R I A N A S O A R E S Historia da Psicologia 6 E, Psiquê em sua desvairada procura chegou ao palácio de Afrodite onde a deusa a prendeu e lhes fez passar por mil tormentos, obrigando-a a cumprir tantas tarefas difíceis que poderiam lhe causar a morte. Cumprindo todas com ajuda, na última tarefa ela precisava levar uma caixa e ela não poderia abrir. Tomada por sua curiosidade ela espiou dentro da caixa e foi tomada por um sono profundo. Eros, curado de sua ferida, voou ao socorro de Psique e conseguiu colocar o sono novamente na caixa e implorou aos Deuses que lhe concedesse imortalidade à esposa, para poder se casar conforme a tradição divina. Atendendo seu pedido, o grande deus do Olimpo ordenou que Hermes conduzisse a jovem à assembléia dos deuses e a ela foi oferecida uma taça de ambrosia Referências BOCK, A., FURTADO, O., & TEIXEIRA, M. (2001). Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 3a triagem. São Paulo: ed. Saraiva. FERNANDES, G. L. (2010). Unidade: Psicologia como Ciência: Evolução Histórica. Universidade Cruzeiro do Sul Campus Virtual. mel.nathalia@hotmail.com Na presença de Zeus, finalmente, Afrodite esqueceu sua ira e, finalmente, aceitou o casamento de seu amado filho Eros. Psique e Eros então se casaram e tiveram um filho chamado Voluptas (Prazer). O mito de Eros (o amor) e Psiquê (a alma) retrata a união entre o amor e a alma. Em grego "psiquê" significa tanto "borboleta" como "alma". Uma representação da imortalidade da alma, simbolizando também a alma humana provada por sofrimentos e aprovada, recebendo como prêmio o verdadeiro amor que é eterno.
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