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Sumário PARTE 1 – A HISTÓRIA E O SEU ENSINO................................................................................................................3 PARTE 2 – HISTÓRIA GLOBAL..................................................................................................................................11 I – PRÉ-HISTÓRIA......................................................................................................................................................11 II – MESOPOTÂMIA..................................................................................................................................................19 III – EGITO ANTIGO..................................................................................................................................................27 IV – CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANAS.........................................................................................................38 V – GRÉCIA ANTIGA.................................................................................................................................................45 VI – ROMA ANTIGA..................................................................................................................................................55 VII – IDADE MÉDIA...................................................................................................................................................64 VIII – RENASCIMENTO............................................................................................................................................71 IX – REFORMA PROTESTANTE.............................................................................................................................75 X – EXPANSÕES MARÍTIMAS...............................................................................................................................78 XI – REVOLUÇÃO GLORIOSA...............................................................................................................................82 XII – INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS...........................................................................................84 XIII – REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS......................................................................................................................89 XIV – ILUMINISMO...................................................................................................................................................94 XV – REVOLUÇÃO FRANCESA..............................................................................................................................98 XVI – PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL...............................................................................................................105 XVII – REVOLUÇÃO RUSSA.................................................................................................................................115 XVIII – SEGUNDA GUERRA MUNDIAL............................................................................................................119 XIX – GUERRA FRIA................................................................................................................................................131 PARTE 3 – HISTÓRIA DO BRASIL...........................................................................................................................142 I – BRASIL PRÉ-COLONIAL E COLONIAL.......................................................................................................143 II – OS CICLOS ECONÔMICOS..........................................................................................................................144 III – BRASIL IMPÉRIO.............................................................................................................................................151 IV – BRASIL REPÚBLICA........................................................................................................................................162 PARTE 4 – ANÁLISE DE OBRAS...............................................................................................................................177 PARTE 5 – LEGISLAÇÃO DE HISTÓRIA.................................................................................................................182 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................................................................216 *A apostila foi criada pensando no novo modo de se enxergar a disciplina nos dias atuais. Nos últimos anos surgiu um movimento de irromper com paradigmas. Por vezes esse movimento cai no achismo, se apartando por demais dos métodos científicos. Traremos aqui no decorrer da apostila certos questionamentos não muito comuns nos meios acadêmicos, sem nos determos no modelo conteudista, além de fomentar o debate crítico. *As provas dos concursos estão vindo nesse sentido, perdendo um pouco da perspectiva crua de conteúdos e trazendo a emersão de um viés mais interpretativo dos mesmos. *Adotamos principalmente a ideia de criação de questões, pegando aquilo que aparece nos concursos e dando um maior teor de dificuldade e profundidade. Com isso te nivelaremos por cima, fazendo com que você esteja apto a fazer qualquer prova. *As questões foram pensadas de forma a trazer a maior quantidade de conteúdo e crítica no menor espaço possível. *Os destaques presentes na apostila, demarcados com negrito, são os principais pontos de cada um dos tópicos. É bastante importante se atentar a eles. PARTE 1 – A HISTÓRIA E O SEU ENSINO O QUE É A DISCIPLINA HISTÓRIA? A História é o estudo dos registros para entender não só esses mesmos, mas o agora. A principal função da História não é viver no passado, mas se apropriar no processo histórico para entender o agora. Tornar o passado contemporâneo é algo essencial. ETIMOLOGIA? História tem raiz no grego antigo , ἱστορία que significa pesquisa, conhecimento através investigação. NASCIMENTO DA HISTÓRIA? Seu nascimento é com os primeiros registros históricos, a escrita cuneiforme. Veremos isso de maneira mais aprofundada adiante. PRIMEIRO HISTORIADOR? Heródoto, pelo menos do que temos notícia e dentro do parâmetro de historiador propriamente dito, com intenções e métodos próprios do que chamamos de História (a disciplina). 3 de 219 A HISTÓRIA É SELETA? Em lato sensu qualquer escrita é fonte histórica, mesmo sendo o seu escritor um não historiador. Este pode ser visto como um escritor de uma perspectiva, de um recorte historiográfico, com seus interesses e sentimentos próprios. Mas um bom historiador se basear por métodos, por rigor, ter a capacidade de suscitar questionamentos, interrogar suas fontes e dela tentar extrair a mais perfeita verossimilhança. PRINCÍPIOS DA HISTÓRIA? Podemos falar em muitos outros, mas difícil não nos basearmos por uma arquitetônica dos seguintes elementos: significância; perspectivas; continuidade e mudança; causa e efeito; evidências; empatia e contestabilidade. ETERNO RETORNO? A História não é inerte, pois sempre volta a se repetir sob novas feições. A natureza humana, apesar de diversa, possui um teor arquétipo, sempre haverá o ditador e o revolucionário, mas também no revolucionário mal intencionado. Mas isso não nos põe na posição de se cansar dos personagens da história. Isso nos põe a prevê-los, a passar esse conhecimento, mas não se limitar a ele, a fazer do outro uma pessoa capaz de assumir a função de historiador para si e para os que o cerca. HISTÓRIAS? Também não é inerte o modo de se ensinar História. Cada vez mais nos afastamos daquele modelo de “osmose de conteúdos”, dai-me o alimento que eu o engulo. O processo de digestãoda história deve ser relevante, deve permear o ser humano que ali está, deve surtir o efeito de causar uma indigestão, um mal-estar. Mas também deve ser capaz de satisfazer, de trazer modelos, de reconfortar o mal-estar pela crítica. A RELUTÂNCIA DOS ALUNOS? Os docentes, por vezes, olham para a História como cansativa. Aquele amontoado de datas e de memorização os afasta. É necessário suscitar o debate, trazer os conteúdos de forma crítica e que faça sentido para a realidade dos alunos. E A PÓS-VERDADE? Estamos na turbulenta era da pós-verdade. A objetividade, a ciência e os fatos não tem peso algum diante do sentimento e das crenças. As pessoas relutam não com os argumentos ou fatos, mas com o fato desses irem contra seus sentimentos. Como lidar com isso, como fugir de um sofismo? Talvez trazer à tona o fato de que a não aceitação está não na coisa em si, mas no sentimento da pessoa, pode ser uma maneira. Por vezes o aluno ou quem quer que seja nem se deu conta disso. A paciência e o altruísmo são essenciais. Mas também o professor de História deve saber a hora de seguir em frente, há casos mais complexos e, por isso mesmo, há limites de atuação. Esse fenômeno da pós-verdade é muito novo, não que ele tenha surgido agora, mas com essa força de hoje talvez tenha existido só em poucos momentos da história. O ENSINO LINEAR? Ensinar os conteúdos de forma linear pode ser um problema? Não é um problema ensinar de forma linear, mas o ensino exclusivo de forma linear pode causar 4 de 219 problemas. Sempre seguir o passo a passo dos conteúdos como que uma escada, pode fazer os alunos não saibam dar passos mais largos, começar de um degrau sem pisar em todos os outros. O método linear de transmissão dos conteúdos cria um hábito e, esse hábito, torna o aluno dependente de todo um passado para entender um dado conteúdo. Por isso se faz necessário trazer partes isoladas da história. CONCEPÇÕES FORMAIS DE HISTÓRIA O modo de se fazer história mudou e muito ao longo dos anos. Vejamos os principais momentos de sua jornada. • História Narrativa: modo de se fazer história muito próximo do relato do senso comum, é o simples “contar história”. Nessa maneira de se narrar não há preocupação quanto a veracidade dos fatos expostos ou a metodologia condutora, nem mesmo com as causas e efeitos presentes na história narrada. • História Pragmática: há em jogo uma profunda preocupação com a didática que incorpora o narrar histórico. Essa atitude acaba por tentar corrigir os erros do passado, tem um teor de “história moralizante”. Heródoto, Cícero e Tucídides são os maiores nomes desse modo de se fazer História. • História Científica: esse modo de se fazer história está muito atrelado com o rigor científico, há aqui uma nítida preocupação com uma metodologia capaz de expor a verdade dos fatos. Mais do que isso, por vezes a História científica quer suscitar críticas, pensar a narrativa no âmbito do debate. A Revolução Francesa, a dialética (de Hegel e Marx) e até mesmo Auguste Comte (com sua concepção mais rigorosa) podem ser colocados nessa classificação • História dos Annales (Anais): outros elementos da vida humana são colocados como imprescindíveis na formação do trabalho historiográfico, como a psicologia, a arte, o cotidiano, etc. Há um afastamento da noção dos heróis nacionais que criam as bases de uma nação, os homens ilustres são colocados em xeque. Marc Blonch e Lucien Febvre iniciaram essa vertente em 1929. • Nova História: também chamada de História Total, tenta se afastar da ideia de que somente os documentos oficias prestam para a criação de uma História. Os elementos individuais e suas motivações podem ser bastante relevantes, ao que passo que as representações coletivas podem possuir deturbações. É preciso uma análise crítica por parte do historiador. CONCEPÇÕES FILOSÓFICAS DA HISTÓRIA • Concepção Providencialista: há uma determinação divina nos eventos. A História da Humanidade é uma criação divina, já traçada. Santo Agostinho, Jacques Bossuet e Césare Cantu são os principais expoentes dessa interpretação • Concepção Idealista: Hegel e sua Fenomenologia do Espírito são o paradigma dessa concepção. A mente gera os fatos históricos, nossa evolução está predestinada pela razão. 5 de 219 • Concepção Materialista: fez oposição ao idealismo hegeliano. O materialismo histórico de Marx e Engels são as bases desse pensamento. A História e seus eventos são determinados de forma imanente, material, através da crua mesma. • Concepção Cíclica: as feições do mundo são sempre novas e diferentes, mas seus processos são miméticos, tal qual o passado repetimos os mesmos padrões. A repetição da história do mundo é nosso fardo. Os próprios historiadores da Grécia Antiga já tinham essa concepção de realidade. • Concepção Psicológico-social: a mentalidade homogênea de sociedades é que determina os eventos históricos. Podemos muito bem ver que é essa psique social que reina os processos históricos, conduzindo-os, deliberando-os. Para analisar um dado momento e seus eventos possíveis basta olhar para a concepção social dominante, o estabelecimento de suas relações com a minoria e com as diversas nuances englobadas pela vida geral. A CRÍTICA HISTÓRICA • Crítica Objetiva: tem como objetivo simplesmente averiguar o valor do documento, se ele é original ou apenas uma cópia. • Crítica Subjetiva: essa crítica vai além, verificando o valor intrínseco. Aqui se quer saber se o dado documento possui veracidade nele mesmo. Ele pode ser muito bem um documento original, o verdadeiro (averiguado pela crítica objetiva), e seus conteúdos serem falsos. Geralmente esse tipo de validação é mais complexa, tendo como suporte outras ciências, como a Arqueologia, a Paleontologia, a Linguística, a Geografia, a Paleografia, etc. *Autores, como Libâneo, costumam dividir as tendências pedagógicas em dois grupos distintos: liberal e progressista. Estudaremos cada um deles. A ideia aqui é captar o sentido que cada tendência possui e saber derivar da marca central de cada uma: vários termos similares. Saber aplicar o conceito e, por assim dizer, ir descobrindo novos a partir daquele é uma maneira muito eficaz de estudar um conteúdo. Vejamos abaixo como se classificam as pedagogias liberal e progressista e cada uma de suas tendências: PEDAGOGIA LIBERAL PEDAGOGIA PROGRESSISTA TRADICIONAL LIBERTADORA RENOVADA LIBERTÁRIA RENOVADA-NÃO DIRETIVA CRÍTICO-SOCIAL DOS CONTEÚDOS TECNICISTA *A diferença mais marcante é que a Pedagogia Liberal tem um teor de preparo do indivíduo para desempenhar funções dentro da sociedade, sem ter em vista uma crítica do status quo vigorante numa dada sociedade. Por outro lado, a Pedagogia Progressista implementa justamente uma crítica ao sistema dominante, propondo o 6 de 219 QUESTÕES repensar das relações sociais de maneira crítica e que crie condições de emancipação. TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS LIBERAIS Tradicional: objetiva transmitir puramente conteúdos por meio de metodologias próximas a mera memorização, onde o professor detém o conhecimento. Renovada: aqui há uma maior consideração quanto as fases de desenvolvimento do aluno. O professor assume mais um papel de experimentador e criador de desafios. Os indivíduos são educados para se adequarem ao social. Renovada não-diretiva: conteúdos voltados ao interesse dos alunos por meio de atividades de expressão e interpessoalidade. A relação professor-alunopassa a ser nitidamente mais afetiva. Tecnicista: modelagem de alunos de acordo com os padrões tecnicistas. O professor assume uma relação de empresa, de mentor profissional do aluno. Assemelhasse ao modelo da Revolução Industrial. Os conteúdos são elaborados por especialistas. TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS PROGRESSISTAS Libertadora: a educação volta-se para a problematização da dimensão social através de conteúdos advindos do contexto cultural em que os alunos estão inseridos no seio da comunidade. A relação entre professor-aluno é horizontal. Aqui a tendência é uma educação dialogal, por grupos de discussões. Libertária: a escola torna-se um espaço democrático, onde a aprendizagem grupal vigora, aquela onde os próprios estudantes vão deliberar o que vai ser objeto de discussão (aprendizagem autogestionária). Crítico-social dos conteúdos: os conteúdos serão dados de acordo com o contexto dos alunos, de forma dialógica e crítica, a fim de preparar o aluno para as dicotomias e intempéries da vida. * O fator comum que existe entre as tendências libertadora e libertária é justamente o antiautoritarismo. 7 de 219 1. Quadrix – 2018 – SEE/DF – Professor de Educação Básica – História A história confere maior riqueza e relevância à difícil e complexa tarefa de compreensão do presente. 2. Quadrix – 2018 – SEE/DF – Professor de Educação Básica – História Na educação básica, a história é importante instrumento para entender os problemas sociais, para conferir significado aos acontecimentos do cotidiano e para exercer conscientemente a cidadania. 3. Quadrix – 2018 – SEE/DF – Professor de Educação Básica – História Um estudo de história inteligente e capaz de despertar o interesse do aluno implica a formulação de questões dirigidas ao passado a partir da realidade presente. 4. Quadrix – 2018 – SEE/DF – Professor de Educação Básica – História Pela especificidade da disciplina, a história não tem condições de interagir com outros campos do conhecimento, a exemplo da literatura, da filosofia ou da música. 5. Quadrix – 2018 – SEE/DF – Professor de Educação Básica – História Em tempos de nacionalismo exacerbado, a história ensinada na escola deve ater se ao‐ estudo da nacionalidade, eximindo se de abordar outros países e culturas do mundo‐ contemporâneo. 6. Quadrix – 2018 – SEE/DF – Professor de Educação Básica – História Compreender os fatos do passado, contextualizando os adequadamente, deve ser um dos‐ objetivos do ensino de história. 7. Quadrix – 2018 – SEE/DF – Professor de Educação Básica – História O ensino da história deverá se esforçar por levar o aluno a compreender a existência de um único ponto de vista relativo aos fatos ocorridos em tempos distantes. 8. Quadrix – 2018 – SEE/DF – Professor de Educação Básica – História Espera se do professor de história a capacidade de transmitir, de modo organizado, o que‐ se estudou ou as informações obtidas em relação ao passado. 9. Quadrix – 2018 – SEE/DF – Professor de Educação Básica – História No atual estágio de desenvolvimento da ciência histórica e graças ao aparato didático‐ pedagógico hoje existente, torna se inaceitável a exposição oral de conteúdos pelo‐ professor em sala de aula. 10. Quadrix – 2018 – SEE/DF – Professor de Educação Básica – História A assimilação dos conteúdos por parte dos alunos é bastante facilitada quando o professor faz constantes julgamentos de valor sobre personagens e fatos históricos. 11. Quadrix – 2018 – SEE/DF – Professor de Educação Básica – História Uma característica marcante da nova história, na esteira das inovações trazidas pela Escola dos Anais, foi o radical afastamento da história em relação às demais ciências humanas e sociais. 12. Quadrix – 2018 – SEE/DF – Professor de Educação Básica – História Eis uma síntese da historiografia contemporânea surgida com os Anais: novos objetos, novos problemas e novas abordagens, reconfigurando a maneira de se produzir o conhecimento histórico. 13. CESPE – 2017 – SEE/DF – Professor de Educação Básica – História 8 de 219 GABARITO Ante o avanço da historiografia e a necessidade de que a sala de aula não esteja à margem de um mundo em contínua transformação, o professor de História de todos os níveis de ensino precisa saber lidar criticamente com as mais diversas fontes. 14. CESPE – 2017 – SEE/DF – Professor de Educação Básica – História Diferentemente da perspectiva positivista do passado, que resumia as fontes históricas aos documentos escritos, nos dias atuais podem ser considerados fontes para a História, entre muitos outros elementos, a imprensa, as mídias digitais, os acervos de museus, além da linguagem e da oralidade presentes na própria sala de aula. 15. CESPE – 2017 – SEE/DF – Professor de Educação Básica – História O livro didático exerce importante papel no ensino de História na escola, especialmente quando oferece distintas formas de compreensão da multifacetada trajetória das sociedades no tempo. 16. CESPE – 2017 – SEE/DF – Professor de Educação Básica – História Os livros didáticos, por sua própria natureza, não se subordinam às leis do mercado, de modo que eles não contribuem na organização da relação entre o que é, o que pode ser e o que deveria ser apreendido em relação à disciplina. 1. C 2. C 3. C 4. E 5. E 6. C 7. E 8. C 9. E 10. E 11. E 12. E 13. C 14. C 15. C 9 de 219 GABARITO COMENTADO 16. E 1. A História aprofunda mais a própria questão do presente, abrindo novos caminhos de reflexão; além de dar destaque ao presente, ao colocá-lo como seu objeto de estudo. 2. Exatamente. Questão bem simples. Cidadania e conceitos análogos sempre serão um dos efeitos ou objetivos das disciplinas curriculares. Pois esses conceitos possuem uma ampla margem no âmbito educacional e são imprescindíveis para a dimensão educacional como um todo. 3. Lembre-se que a História é uma disciplina de múltiplas vias. Podemos tanto partir do passado para aprender sobre o presente, quanto o contrário. A História está longe, ainda mais nos dias atuais, de ser uma disciplina rígida, que vai apenas do passado ao presente/futuro. Podemos muito bem fazer o caminho inverso. Um tema atual pode despertar o interesse dos alunos e servir de fio condutor para a mesma questão lá atrás. A História tem disso: repetição. 4. Questão simples. Todas as disciplinas têm condições de interação com qualquer outra. No fundo, filosoficamente: não há nada que não possa ser relacionado. 5. Eximindo-se de abordar outros países? Não mesmo. É claro que estudar a própria nação brasileira é relevante, mas a História vai além disso. Não é à toa que temos a História Global, não é mesmo? Questão tranquila. 6. O contexto é importantíssimo em qualquer disciplina e não é diferente no ensino de História. 7. Um único ponto de vista? Jamais. A História, apesar de ser uma ciência que busca objetividade e, por isso mesmo, consenso, não se limita a ditar regras. Os documentos e eventos históricos sempre podem ser revistos e relacionados com outros, criando uma gama de interpretações. 8. Exato. 9. Essa questão foi objeto de polêmica por alguns, mas não cai nessa. Ela é super-simples. De fato, vemos que atualmente existe uma série de tendências pedagógicas que procuram se afastar de uma aula meramente expositiva. Mas isso não quer dizer que não seja possível uma aula expositiva ou momentos expositivos. 10. É possível uma aula que faça em dados momentos julgamentos de valor sobre personalidades,dependendo de como isso é feito, com que propósito e se há de fato 10 de 219 DEFINIÇÃO relevância. O que invalida a questão é o termo “constantes”. Esse tipo de atitude pode fazer é com que os alunos tenham uma visão negativa acerca do professor e, por consequência, assimilem menos. 11. A História dos Anais ou Annales não se afastou de outras áreas do saber, inclusive se aproximou de dimensões do conhecimento humano que por vezes são tidos como subalternos, a arte e o senso comum são exemplos disso. 12. De fato foi um novo modo de se olhar para a historiografia contemporânea, esta que possuía justamente novas dimensões: sejam problemas, objetos e metodologias. 13. O mundo muda e as fontes também. Hoje os meios digitais constituem o maior centro de informações e documentos. É necessário saber lidar com esse novo mundo, principalmente com o enxame das chamadas fake news (notícias falsas) e com a mentalidade da pós-verdade. 14. Exatamente. 15. O livro didático é um dos elementos principais da vida escolar. Um livro que expõe visões e interpretações promove o debate e a investigação. 16. Num mundo cuja lei é o capital globalizado, os livros didáticos não escapam dessa lógica, eles estão subordinados ao mercado. PARTE 2 – HISTÓRIA GLOBAL I – PRÉ-HISTÓRIA A primeira questão que deve ser posta é definirmos o que é pré-história. Bom, intuitivamente podemos dizer que é aquilo que vem antes da História. Ou seja, é mais fácil definirmos o que a História e consequentemente dizermos que o que vem antes dela é a Pré-História. Mas até que ponto? Pois a história do mundo que conhecemos é de uma 11 de 219 imensidão atordoante. A questão não é fácil de ser respondida. Poderíamos dizer que, cientificamente, a História do mundo começa com sua formação, explicada por uma série de teorias, umas mais reconhecidas do que outras. Isso se quisermos lidar de maneira mais direta e colocarmos nessa incógnita o nosso mundo mesmo. Mas alguém poderia dizer: bem, o mundo é um produto de outros eventos que o antecedem, e, de certa maneira, tais eventos, mesmo que indiretamente, fazem parte de nossa história. Como resolver essa questão? Os historiadores tendem a confluir para um marco. A História começa de fato quando o ser humano registra sua história, quando surge a escrita. Alguns poderiam dizer que os homens das cavernas já faziam sua linguagem, se comunicavam através das paredes das cavernas com suas mãos em negativo, por exemplo. Mas esse ato é muito mais próximo da arte, ou melhor ainda, dos rituais de caça. A linguagem mesma, através de uma escrita sistematizada surge bem depois, por volta de 3500 a. C, com os sumérios e sua escrita cuneiforme. Tudo bem, a escrita é o marco da História. Mas até onde vai a Pré-História? Se o surgimento da História se dá com a escrita humana, a humanidade também deve ser a medida da Pré-História. Quando voltamos ao passado vemos que a humanidade possui uma ancestralidade bem longínqua, nossa história mesmo não começa quando aprendemos a usar talheres e se portar à mesa, ela antecede isso, e muito. Os hominídeos são o marco da Pré-História. O que são os hominídeos? É um grupo que forma a família taxonômica dos grandes primatas, que inclui 4 gêneros: pan, gorilla, pongo e homo (gênero o qual pertencemos, que engloba várias outras espécies). De maneira geral, a História que costuma ser estudada se restringe mais a tudo aquilo que vem a partir da Pré-História. A biologia e a geografia são as disciplinas escolares que costumam focar mais nos eventos que ocorrerão antes da Pré-História. Pois este momento é bastante demarcado por dois aspectos: a evolução da fauna e flora e, as mudanças bruscas em termos geográficos e climáticos. A História escolar dá ênfase à dimensão humana escrita e seu período prévio, demarcado pela Pré-História. *Então temos: Pré-História: começa com o surgimento dos primeiros hominídeos há cerca de 5 milhões de anos atrás. História: a partir da escrita sistematizada dos sumérios (cuneiforme), em 3500 a. C. O foco de estudo da Pré-História no âmbito escolar costuma se conduzir por dois nortes. O primeiro diz respeito a divisão dos períodos que compõem esse momento de nossa história. A Pré-História compreende as Idades da Pedra (Período Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada; Período Mesolítico; Período Neolítico ou Idade da Pedra Polida) e dos Metais (Idade do Cobre; Idade do Bronze; Idade do Ferro). O segundo norte refere-se ao estudo do gênero homo (pertencente a família dos hominídeos), que engloba várias espécies, dentre as quais a nossa. É claro que essas perspectivas não devem ser vistas como estudos isolados, elas possuem uma estreita ligação entre si, já que determinadas 12 de 219 IDADE DA PEDRA espécies do gênero homo viveram em determinado período. O intuito dessa divisão é contribuir para a didática, apesar de que iremos estar sempre situando as conexões. PERÍODO PALEOLÍTICO OU IDADE DA PEDRA LASCADA (3 milhões~10 mil a. C) Houve a coexistência de vários grupos de hominídeos nesse período, como veremos mais adiante. Dessa maneira fica mais fácil classificarmos a alimentação deles de maneira individual. Mas podemos dizer que todos tinham um hábito de vida nômade, sem a fixação de residência certa, devido as diversas circunstâncias atenuantes que surgiam e a ausência de técnicas como a agricultura, por exemplo. Os hominídeos costumavam se alojar em cavernas ou, mais adiante, se abrigar em tendas bastante rudimentares. O nome desse período deriva justamente do fato de que os grupos de hominídeos usavam objetos lascados em pedras, favorecendo a caça. No final do Período Paleolítico houve uma revolução de teor incomensurável por parte de alguns hominídeos: o domínio do fogo. Os benefícios das técnicas do fogo vão desde o cozimento da carne (o que aumenta as calorias absorvidas e propiciando o aumento cerebral das espécies) até a proteção contra os animais selvagens e a escuridão noturna, além do aquecimento diante das condições climáticas extremas. PERÍODO MESOLÍTICO (13 mil~9 mil a. C) É um período que os estudiosos propuseram recentemente para arranjar de maneira mais fidedigna a Pré-História. Foi um momento de transição entre o Paleolítico e Neolítico, que favoreceu uma transição comportamental da nossa espécie. Devido glaciações persistentes e intensas, ocorridas principalmente na Eurásia, os grupos existentes tiveram de se acomodar mais em cavernas a fim de superarem as problemáticas do frio. Já aqueles grupos que não mudaram de mentalidade e persistiram na caça, foram extintos. Em decorrência provavelmente dessa reclusão forçada, certos grupos hominídeos começaram a desenvolver trabalhos em cerâmica e tecido. É importante notar que de 8 mil a. C~13 mil a. C em diante a única espécie de hominídeo que perdurou foi o homo sapiens, a espécie que proporcionou nossa subespécie homo sapiens sapiens. Tal tese é fortemente embasada por fosseis achados recentemente na Indonésia do homo erectus. PERÍODO NEOLÍTICO OU IDADE DA PEDRA POLIDA (10 mil~3 mil a. C) Esse período é comumente chamado de Revolução Neolítica, e isso não é à toa, aqui houve o desenvolvimento da agricultura. Essa grande guinada proporcionou a 13 de 219 IDADE DOS METAISO GÊNERO HOMO sedentarização dos grupos e a a domesticação de animais, contribuindo para a execução de certas tarefas. Protótipos de cidades começaram a eclodir nesse período também. Ou seja, o estabelecimento desses núcleos foi de uma significância absurda, tanto que no final do período começa uma outra revolução, por assim dizer, o uso de metais para a confecção de armas. Essa Idade já não se encaixa propriamente na Pré-História, pois como vimos esta vai até a sistematização da escrita. Assim, a Idade dos Metais apesar de dialogar com a Idade da Pedra, por ser de certa maneira a evolução de ferramentas desta, que antes eram feitas de pedra, se encaixa por datação na Antiguidade. Isto deriva do fato de que o uso de metais se inicia, em grande parte, na período pós-escrita. A Idade dos Metais é composta por: Idade do Cobre (4000 a. C~1400 a. C); Idade do Bronze (3100 a. C~300 a. C); Idade do Ferro (1300 a. C~900 a. C). As datas esbarram numa série de controvérsias. Isso ocorre principalmente em função da dificuldade das evidências e dos critérios de análises usados pelos pesquisadores. Fato é que a Idade do Cobre pode ter antecedido a sistematização da escrita, mas também se estende depois dela, é uma fase híbrida, por assim dizer. O domínio da forja desses metais foi de grande propulsão tecnológica, implicando uma gama de inovações que puderam ser postas em prática pelos grupos humanos. A falácia de que viemos dos macacos é algo comum de ser dito, mas isso não é verdade. Apesar de sermos pertencentes à ordem dos primatas, nos separamos dos macacos já há muitos milhões de anos. Estamos dentro da família dos hominídeos, que são os primatas grandes e sem caudas. Aliás, todos nós temos cóccix, vestígio anatômico do rabo (ferramenta que deixou de ser útil quando nossos ancestrais desceram das árvores da África), algumas pessoas o tem de maneira mais destacável. Temos vários órgãos vestigiais (cóccix, apêndice, dente de siso e pelos menos mais dez outras partes do nosso corpo), que junto de evidências como os fósseis, traçam muito bem nossa linhagem. Há diversas espécies e subespécies pertencentes ao gênero homo, ao qual pertencemos. Mas aqui iremos nos focar naqueles de maior relevância. Tal destaque deriva de diversos critérios, dentre os quais: mudanças significativas em relação aos outros integrantes do gênero, grande dispersão e perduração na história, e uma proximidade entre nós humanos. 14 de 219 AUSTRALOPITHECUS Essa espécie é uma das mais remotas de que se tem notícia, viveu entre 4,4 e 1,4 milhões de anos atrás. O nome em latim significa macaco do sul, devido ao primeiro fóssil ter sido achado na África do Sul. O representante mais famoso da espécie é Lucy, um fóssil muito bem preservado que foi achado na Etiópia. A sua proximidade com os humanos está muito atrelada ao bipedalismo (não é a primeira espécie a ter a postura ereta, o Orrorin tugenensis, uma espécie pré-australopiteca achada em 2001, já possuía esse traço há cerca de 6 milhões de anos atrás), apesar de em termos de estrutura e aparência corporal estar muito mais próximo aos grandes primatas. A significância da postura ereta foi altíssima para a nossa espécie, temos, por exemplo: uma maior estatura que intimidava outros animais; um olhar mais amplo para a natureza ao redor; além de um menor aquecimento corporal frente aos raios solares, já que há uma diminuição na superfície de contato; o livramento das mãos para carregar objetos, que antes eram usadas para suporte (aliás há indícios de que essa essa espécie usava certos objetos como ossos e pedras para lutas corporais); favorece os grupos a percorrerem grandes distâncias. Sua dieta era bem ampla, se alimentava de frutas, pequenos animais, sementes, insetos e raízes. HOMO HABILIS Essa espécie de hominídeo perdurou aproximadamente entre 2,4 e 1,5 milhões de anos atrás, habitando regiões da África subsariana, no sul do Saara. Veja que espécie já estava situada mais ao norte da África (é importante observarmos isso, pois essa “subida” pela África dentre as espécies acarretará em migrações posteriores para a Eurásia, como veremos maia adiante). O seu nome deriva do fato de sua habilidade com as pedras, de maneira rudimentar esse hominídeo já lascava a pedra a fim de ter mais facilidade na execução de certas tarefas, principalmente de caça. Essa espécie tinha uma dieta rica, muito parecida com a do australopithecus,, mas se alimentando também de animais de 15 de 219 maior porte, já que tinha uma maior habilidade com ferramentas. Uma das teses que nos liga a esses ancestrais tão distantes são a presença de órgãos vestigiais em nós. Era muito comum entre as várias espécies de hominídeos ter uma alimentação abundante em vegetais, como raízes, o que explica certas estruturas com pouquíssima ou nenhuma função que possuímos hoje, tal como o siso (o que favorecia a alimentação de carne crua e de raízes duras) e o apêndice (que ajudava na digestão de vegetais ricos em celulose). HOMO ERECTUS Essa espécie pode ter vivido entre 1,9 milhões a. C e 100 mil a. C (fontes recentes da Indonésia sugerem uma reformulação nas datas). Seu nome deriva de sua mais propriamente ereta ao andar, apesar de outras espécies mais rústicas terem também esse comportamento bípede. O homo erectus migrou da África para a Eurásia há cerca de 1,9 milhões de anos a. C, através do corredor Levantino (uma faixa relativamente estreita entre o noroeste do Mar Mediterrâneo e o sudeste dos desertos a sudeste que liga a África à Eurásia. Desse modo pode ter chegado a lugares como China, Índia, Cáucaso, Java e Eurásia. Alguns estudiosos afirmam que essa espécie possa ser nosso descendente direto, mas isso ainda gera muita discussão entre o corpo científico. É muito provável que tenha sido a primeira espécie do gênero a dominar o fogo. Alguns de seus fósseis foram achados próximos a fontes de água, acampamentos e espécies de camas rústicas, o que sugere um grande noção desse hominídeo. Apesar de haver estudiosos que dizem que a “preguiça” dessa espécie foi o fator decisivo para sua extinção. Pois apesar de dominar o fogo, não tinha a determinação de procurar fora das proximidades de seu habitat, por exemplo, pedras de qualidade, como fazia o homo sapiens e os neandertais. Sua alimentação era mais carnívora, a caça tinha uma proeminência nesses grupos, mas havia, claro, a suplementação/complementação (o que dependia muito das condições de caça) de vegetais. O homo erectus, vale lembrar, não descobriu o fogo já de início e, por isso mesmo, também deve ter tido inicialmente uma dieta mais rudimentar em razão das condições a que estava submetido. HOMO NEANDERTHALENSIS É uma subespécie do humano arcaico que perdurou entre 400 mil a. C e 28 mil a. C. Estava espalhado por diversas regiões, que atualmente são: Bélgica, Mediterrâneo, Ásia Central e atlântico europeu. Sua extinção deve ter ocorrido devido uma série de fatores, como: batalhas, doenças e mudanças climáticas (vale lembrar que os neandertais tiveram de aguentar o frio extremo da famosa Era do Gelo). Viviam mais em cavernas, fator confirmado pela grande quantidade de fósseis achados nesses locais. Eles tinham uma grande base para a sobrevivência tais como: confecção de roupas rudimentares, o controle do fogo, construção de armas, etc. Há várias provas que indicam até mesmo uma grande 16 de 219 QUESTÕES noção simbólica. Certas provas nos inclinam a acreditarque os neandertais tinham em certo ponto uma cultura canibal, onde se comia o cérebro das vítimas. Uma interpretação atual que se dá para esse ato de canibalismo é o da existência de uma noção de alma nessas comunidades, que, ao se apoderarem do inimigo, haveria uma transferência da força para si de forma mágica. Dentre esses povos é muito provável que houvesse uma fala provavelmente articulada e até mesmo a produção de música, teoria apoiada pelo descobrimento de uma flauta, apelidada mais tarde de flauta neandertal. O corpo era similar ao nosso, sendo mais robusto e de menor estatura. Vale dizer que os estudos genéticos demonstram que, como se esperava, não há qualquer pureza nos homens atuais. Ao contrário disso, pelo menos 4% de nosso DNA é de origem neandertal, nossos primos. Isso pode parecer irrelevante, mas quando nos lembramos do fato de que apenas 1% de nosso DNA nos separa dos grandes primatas, as coisas mudam de feição. E não é à toa que alguns pesquisadores costumam encaixar o homem neandertal na nossa espécie homo sapiens, usando a expressão homo sapiens neanderthalensis para designá-los. HOMO SAPIENS Surge há cerca de 300 mil anos a. C, tendo convivido com diversas outras espécies do gênero homo. Por volta do mesmo período Foi a única a ter sobrevivido, e isso se deve principalmente ao fato de inteligência diferenciada em relação as intempéries da natureza. O termo deriva do latim e significa o homem sábio/astuto. As evidências de cultura e do entendimento simbólico remetem a 40 mil a. C. A dentição era consideravelmente menor do que a de outras espécies, devido a alimentação menos fibrosa e ao domínio do fogo. O tamanho do cérebro era entre duas e três vezes maior do que quando comparado com outras espécies. Diversos pesquisadores defendem a ideia de que em comunidades como essas havia o cruzamento entre as espécies, o que implica que os genes do homo sapiens não são integralmente deles. Isso vai além dos neandertais, alguns asiáticos tem, por exemplo, entre 3% e 5% de DNA dos hominídeos de Denisova. 1. Não há indícios do cruzamento de espécies com o homo sapiens. 2. O neandertal foi extinto devido somente ao fator climático. 3. É de consenso geral que o homo erectus tenha sido o primeiro a dominar o fogo. 4. Um aluno que fale sermos descendentes dos macacos está correto em sua afirmação. 17 de 219 GABARITO GABARITO COMENTADO 5. A escrita cuneiforme surge com os sumérios, e consistia em escavações no barro feitas com um instrumento de cobre apelidado de cunha. 6. O homo habilis recebeu esse nome em função de sua habilidade de lascar pedras. 7. O Período Mesolítico é considerado uma fase de transição, onde um dos aspectos mais notáveis são as glaciações. 8. O australopithecus não era uma espécie bípede. 9. A datação da pré-história usa o critério da ancestralidade. 10. A História surge quando o ser humano decide criar a disciplina, o que remete ao historiador Heródoto. 1. E 2. E 3. E 4. E 5. C 6. C 7. C 8. E 9. C 10. E 1. Errado. Testes de genoma mostram que diversos povos possuem em seu DNA uma parcela de código genético de outras espécies do gênero homo. 18 de 219 HISTÓRIA 2. É mais provável que os neandertais tenham sido extintos por uma série de fatores, dos quais valem destaque: batalhas, doenças e mudanças climáticas. 3. É muito provável que sim, mas isso ainda é fonte de debate nos círculos acadêmicos de pesquisa. 4. Na realidade, apesar de possuirmos um parentesco com eles, inclusive já tendo um ancestral comum, nos separamos deles a muito tempo. 5. Exatamente. Seu surgimento data de 3500 a.C. 6. Lascando as pedras umas nas outras é que essa espécie criava instrumentos bastante favoráveis à caça e às atividades cotidianas. 7. Exatamente. Popularmente conhecido como a Era do Gelo. 8. Foi uma espécie bípede, encontrada principalmente na Etiópia. 9. A ancestralidade se identifica com o surgimento dos primeiros hominídeos. 10. Não, a História começa a partir da primeira escrita sistematizada da qual temos notícia, a escrita cuneiforme dos sumérios. II – MESOPOTÂMIA Reconstituição de Uruk feita pelo Instituto Arqueológico Alemão. O termo Mesopotâmia foi cunhado pelos gregos ao olharem para a região, que fica entre dois grandes rios, o Tigres e o Eufrates. Assim, notando essa característica geográfica, os gregos a chamaram de Mesopotâmia, que significa região entre rios/no meio de rios. Essa área demasiadamente amplo se estende ao que corresponde hoje ao Iraque, Kuwait, Síria e Turquia. A Mesopotâmia, apesar da imensidão que hoje costumamos atribuir a ela, nem sempre foi assim. Ela teve seu germe com uma série de pequenas comunidades 19 de 219 espalhadas ao longo do território. As pessoas da região viviam em pequenas casas circulares. Essa história remete ao Paleolítico, ratificada por evidências que apontam para aproximadamente 14 mil anos a.C. Cerca de 5 mil anos após esses primeiros assentamentos, começa um agrupamento em comunidades maiores e mais desenvolvidas, que faziam o uso da domesticação animal e da agricultura, ambas ainda em fase bastante inicial. Este período, como já vimos, designamos de Neolítico ou Revolução Neolítica (a agricultura e o consequente afastamento da vida nômade marcam o início desse período). Fato é que essa região não era formada unicamente de um povo, que compartilhava uma precisão generosa de cultura e língua. Na verdade haviam diversos povos que habitavam essa região, compartilhando certas estruturas sociais, mas que podem ser divididos entre si. Lá se situavam sumérios, assírios, amoritas, caldeus e acádios. É muito comum associarmos a Mesopotâmia como a região em que residiam os babilônios. Isto é verdade, mas apenas em parte, pois só dois povos representavam os babilônios, a dizer: amoritas e caldeus. Outro termo que geralmente aparece associado a essa região é Suméria ou povos sumérios. Esta é uma expressão antiga para designar aqueles que habitavam o sul da Mesopotâmia, lugar onde surgiu a primeira civilização. A força histórica da Mesopotâmia, que se fez ver em várias de suas façanhas e contribuições, a põe num patamar de grande relevância. Não é à toa que ela é considerada um dos berços da civilização, vários do elementos que moldaram a cultura ocidental tiveram seu germe ali. Foi lá na Baixa Mesopotâmia, região do centro e do sul, que se constituiu as primeiras civilizações por volta de 6 mil anos a. C. Cidades-estado como Ur, Uruk, Nippur e Larsa surgiram ali nessa região, principalmente devido ao grande abrigo natural que ali se dispunha. A região central e sul da Mesopotâmia era de grande fecundidade para o assentamento da vida humana, ali a terra e a água eram perfeitas. O solo era de uma fertilidade ímpar e a água era muito abundante, dois rios cercavam aquela região como já vimos, eram eles Eufrates e Tigres. Água e terra favorece e muito a agricultura, e esse fato fez das comunidades que se estabeleciam ali grandes agricultores. A sociedade girava em torno das plantações e das águas que ali se dispunham. Mas nem tudo eram flores. Apesar de a água ser um recurso generoso, apesar das secas, havia um problema central naquela região: as cheias e inundações. Isso favoreceu a mentalidade defensiva daqueles povos frentes as intempéries da natureza. E o cenário era ainda pior, pois diferentemente do rio Nilo, grande centro da vida egípcia, os rios Tigres e Eufrates não possuíam ciclos muito bemdefinidos de cheias. A imprevisibilidade das águas pedia bastante capacidade criativa dos povos que dele dependiam. Dessa maneira, já com o surgimento das primeiras cidades-estado, que datam de 3500 a C~3200a.C, já havia certas soluções em relação as águas. Contudo certos estudiosos afirmam que estruturas mais complexas do controle de águas só foram implementadas no período helenístico. Fato é que esses povos implementaram a construção de barragens, de canais de irrigação e de pequenos reservatórios, que conseguiam acabar com muitos dos 20 de 219 CONTRIBUIÇÕES/INVENÇÕES problemas ou, diante de algo fora da curva, diminuir os efeitos que as águas podiam suscitar. As comunidades que viviam na região mesopotâmica não possuíam uma unidade política. Na realidade, entre eles sempre se vigorou com mais força a existência de pequenos Estados, que tinham cidades como seu expoente político, formando aquilo que chamamos de cidades-Estados. O que se notava era uma autonomia bastante generosa entre essas cidades-Estado, apesar de ocasionalmente, devido a alianças ou guerras, emergirem Estados maiores. Contudo essas alianças eram temporárias e com o tempo se dissolviam. Vale lembrar que os chefes desses Estados concentravam o poder político- religioso, cuja origem era divina. Dessa maneira, pelo fato da Mesopotâmia ter sido uma região cuja fertilidade do solo, a abundância de água, o esplendor da cidade e do comércio serem tão atrativas, diversas invasões faziam parte de seu cenário histórico. Ao longo do tempo foi-se perdendo espaço para outros povos, que invadiam e atacavam seu território. Tanto é que quando Alexandre o Grande conquistou o Império Persa em 331 a.C, várias das grandes cidades da Mesopotâmia nem sequer existiam mais. E, após alguns, o Império Romano se apossou da região em 116 d.C, que depois foi integrada em 651 d.C pelos árabes muçulmanos. *Não vale a pena nos delongarmos na história da Mesopotâmia no que se refere aos diversos impérios que se estabelecerem no poder, pois apesar de interessante, esse conteúdo é por demais específico para provas de concurso. *A semana dos caldeus era dividida em sete dias, o que foi posteriormente adotado pelo Império Romano. *6000−5000 a.C: Invenção do arado. *5000 a.C: As primeiras aldeias se formam *3000 a.C: Criação das primeiras cidades 21 de 219 ECONOMIA E SOCIEDADE ESCRITA CUNEIFORME Surge a escrita e o sistema de numeração. A escrita sumeriana tem uma alta relevância, tanto que fizemos um tópico exclusivamente para tratar desse assunto. *A escrita cuneiforme, advinda dos sumérios, foi usada por diversos povos mais tarde, como os hebreus, persas e sírios; além de influenciar outras culturas. *A expressão cuneiforme deriva do instrumento utilizado para escavar os escritos: a cunha de bronze. *Os escritos achados tratavam bastante da contabilidade palaciana e do gerenciamento de seus itens. *É na Mesopotâmia que também surge um dos primeiros impulsos educacionais, predominantemente focado nos escribas e sacerdotes. A educação era, de maneira geral, baseada na memorização e na cópia. Devido as ótimas condições de plantio, derivadas da alta fertilidade do solo e da abundância de água, a agricultura acabou sendo a base da economia da Mesopotâmia. O cultivo era majoritariamente de trigo, cevada e árvores frutíferas era feito com a ajuda do arado semeador e de carros de roda. Carneiros, bois, patos, burros e gansos eram os animais de criação desses povos. 22 de 219 RELIGIÃO O comércio era bastante movimentado e tal serviço geralmente era designado a funcionários, que serviam a monarquia teocrática. Contudo a grande desigualdade e pobreza de matérias-primas favoreciam empreendimentos mercantis mais autônomos. As caravanas comerciais vendiam e compravam produtos como marfim, perfumes, tecidos, pedras preciosas, madeira, estanho, cobre, em países como a Índia, Líbano, Chipre, e no Cáucaso (tudo isso com o tempo foi sendo feito de maneira muito organizada, com a implementação de recibos, cartas de crédito, juros e corretagem). É interessante notar que na região sul da Mesopotâmia inexistia metais, mas estes foram encontrados em diversas das primeiras construções, que datam há mais de 2 mil anos a.C. Como explicar isso? Pesquisadores conseguiram demonstrar que o intercâmbio cultural era tamanho que, já nessa época, essas primeiras comunidades mantinham relações comerciais com a civilização do Vale do Indo e com a Índia. Na Mesopotâmia costumava imperar uma lógica de dominação das terras. Estas eram controladas pelo Estado e eram cedidas para os membros da comunidades, para que trabalhassem nelas. Entretanto o templo, como centro do Estado, recebia a produção alimentícia e a distribuía de acordo com a necessidade populacional. O excedente era armazenado e comercializado através de funcionários oficiais do governo. Existiam também propriedades particulares, mas mesmos essas estavam sujeitas a tributos, elas eram arrendadas. É bom se fazer notar o seguinte: como essas comunidades eram monarquias teocráticas, o controle da terra era muito facilmente justificado à população, se exercendo com muita força através do uso da fé, pois esse poder era divino. As terras eram administradas por grupos de sacerdotes, como essas terras eram divinas e os sacerdotes faziam justamente a ponto entre os dois mundos, a eles se incumbia a distribuição dessas terras aos camponeses. A religião exercia forte influência na vida cotidiana, muito do controle social era exercido através dela. A necessidade de se controlar as irregularidades dos rios era latente, e, muito incisivamente, a religião era usada como motor nessas comunidades para se impulsionar a construção de projetos. Seja através de punições, “emanadas do divino”, seja através de restrições. Tanto é que eram justamente os sacerdotes aqueles que dirigiam os trabalhos de construção, irrigação, plantação e vários outros (entre os sumerianos existia escravidão, mas em quantidades pequenas; no geral, os esforços de construção se deve mais a população local). Mas apesar dessa comunhão de esforços em nome das vozes divinas, os templos eram restritos aos sacerdotes. Os deuses emprestavam aos camponeses os animais, ferramentas, terras, etc. E estes ao trabalharem pagavam o empréstimo e, como bônus, acrescentavam oferendas, que eram recolhidas pelos sacerdotes. Com a alta necessidade 23 de 219 de se administrar as doações aos deuses e os bens dos templos, foi surgindo o sistema de contagem e a escrita cuneiforme. A funcionalidade social em suas diversas nuances, sua sobrevivência e avanços parecem dever muito a esse empurrão religioso. A religião parece ter sido crucial para essa civilização funcionar, e a sua familiaridade com o místico, clamou justamente pelo uso dessa dimensão na vida prática. Zigurate de Ur, local que servia de atos religiosos. Mas como quais eram as características do divino? Havia um panteão enorme de deuses, representados de maneira antropomórfica. Esse politeísmo era dividido muito nitidamente entre o bem e o mal, as índoles divinas eram bastante demarcadas. Forças da natureza, astros e o sobrenatural (demônios) também faziam parte da mitologia dos povos mesopotâmicos. Como em várias mitologias, como a grega,os deuses mais poderosos eram associados a figuras masculinas. As divindades eram representadas em terra pelo patesi, aquele que detinha o poder político-religioso. Cada cidade-Estado possuía o seu próprio deus-patrono, mas isso não impedia que vários deuses tivessem uma aceitabilidade quase que unânime dentre a população. A vida após a morte existia, em diversas formas, e, muitas delas eram retratadas de maneira bastante confusa. Enlil era o deus da terra, agricultura, tempestade e controlador do destino. A importância de se controlar as irregularidades dos rios Tigres e Eufrates era demasiadamente grande para a Mesopotâmia. Veja que existia até um deus que como atributos possuía exatamente tudo aquilo que estava no centro da vida desse povo: era necessário o cuidado com a terra e o controle da tempestuosidade das chuvas para que a agricultura seja frutífera, o destino deles estava em jogo. Outro ponto rico de ser analisado é a influência que a mitologia mesopotâmica pode ter incidido sobre a cristã. Ea era o criador e protetor da humanidade, esse deus aparece na Epopéia de Gilgamesh (obra de literatura “integral” mais antiga da humanidade). Ea fez os humanos a partir do barro, mas o deus Enil decidiu destruir a humanidade criando um dilúvio. Ea alerta os humanos de que eles deveriam criar uma arca para sobreviver a sua própria extinção, salvaguardando nela plantas e um casal de cada espécie animal. Se essa história parece familiar, deveria de fato, pois ela aparece na Bíblia. As influências não param por aí, há várias outras identificações com as as histórias do Éden, o jardim sagrado, a Torre de Babel, o aparecimento de uma cobra, etc. Fato é que a mitologia da mesopotâmica parece ter contribuído muito para mitologias póstumas como a cristã e a islâmica. O que contribuiu bastante para sua conservação foi o encontro de 24 de 219 LEIS QUESTÕES centenas de milhares de tábuas de argila com várias cópias da história, estando espalhadas pelos mais diversos cantos da Mesopotâmia e com datas que passam dos 2600 anos a.C (como a tradição oral antecede muitas das vezes os escritos mitológicos e os contos antigos, é muito provável que a Epopéia de Gilgamesh anteceda bastante esse período) . O fato dessas histórias terem sido escritas em tábuas de argila foi de extrema importância, uma vez que esse material tem uma ótima resistência ao tempo e às intempéries da natureza. Tábuas Tábuas de argila com escrita cuneiforme, relatando a Epopéia de Gilgamesh. A lei de talião , que do latim lex talio significa a lei do idêntico, aparece com o primeiro imperador babilônico Hamurabi, daí seu outro nome Código de Hamurabi. Apesar de não ser o primeiro registro escrito de um conjunto de leis (pois em 1952 foi descoberto o Código de Ur-Nammu, que é cerca de 400 anos mais antigo), segue sendo um dos mais famosos. E não é à toa, sua, digamos, praticidade chama a tenção: “olho por olho, dente por dente”, a punição deve ser equivalente ao crime. Esse conjunto de 282 leis legisla sobre várias dimensões da vida humana: herança, crimes, punições, família, adultério, comércio, propriedade, divisão da sociedade em classes, economia, etc. É curioso também notar que esse ordenamento jurídico invoca deuses da justiça no seu decorrer, que são os mesmos da adivinhação. Isto revela mais uma vez a importância da religião para esse povo. 1. A região da mesopotâmia está situada entre dois rios, Tigres e Nilo. 2. Podemos falar num só povo mesopotâmico, os sumérios, que eram aqueles que habitavam a região da Mesopotâmia 3. Os escritos sumérios achados tratavam em sua maioria das mitologias e de pesquisas arqueológicas. 4. Os sumérios eram monoteístas. 25 de 219 GABARITO GABARITO COMENTADO 5. Diferentemente da instabilidade do rio Nilo, os rios Tigres e Eufrates eram extremamente previsíveis, com ciclos bem definidos. 6. Os povos da Mesopotâmia acreditavam que as terras usadas nas produções agrícolas tinham origem divina, o que facilitou a justificativa das monarquias teocráticas. 7. Apesar de ter existido vários povos na Mesopotâmia, eles sempre viveram de forma unificada, sob um só comando. 8. A famosa escrita cuneiforme dos sumérios foi importada por diversos povos que viviam na região. 9. Na Epopéia de Gilgamesh encontramos vários elementos contidos também na mitologia cristã. 10. A Lei de Talião era a ideia de que aos deuses se incumbia o castigo divino, que viria de forma mais amena que o crime cometido, já que as divindades sumérias eram extremamente benevolentes. 1. E 2. E 3. E 4. E 5. E 6. C 7. E 8. C 9. C 10. E 1. A Mesopotâmia se situa entre os rios Tigres e Eufrates. Esse termo foi criado pelos gregos e significa “entre rios”. 2. A Mesopotâmia abrigava uma série de povos, podemos destacar vários: amoritas, caldeus, sumérios, hebreus, acádios e hititas. 3. Os registros encontrados da escrita cuneiforme eram em sua maioria sobre o gerenciamento dos itens palacianos. 4. Os sumérios tinham uma religião politeísta, antropomórfica e rica em entidades. 26 de 219 HISTÓRIA 5. Errado. A afirmação está ao contrário. O rio Nilo que era constante, já os rios da Mesopotâmia eram muito imprevisíveis. 6. Exatamente. Isso fazia parte da cultura desse povo e constituiu, além da sustentação de alguns no poder, uma maneira mais respeitosa/temerosa de se lidar com a terra, já que os abusos da mesma resultavam em castigos divinos. 7. De fato existiam diversos povos na Mesopotâmia, mas as alianças eram temporárias, muito em função de guerras e crescimentos econômicos. 8. Vários povos se apropriaram do modo de escrita suméria, mas fazendo dela uma maneira única, obviamente. Podemos destacar os sírios, persas e hebreus nessa empreitada. 9. Exatamente. Com os estudos ainda em andamento, já foram encontradas uma gama de similaridades, o que implica um grande campo de discussão no meio acadêmico. 10. A Lei de Talião tinha como máxima aplicar uma punição tão severa quanto seu crime e não mais amena. Além do mais, as entidades sumérias tinham diversas índoles e temperamentos. III – EGITO ANTIGO A Grande Pirâmide de Gizé ou Quéops, única das sete maravilhas do mundo antigo que perdurou no tempo. O Antigo Egito foi uma das civilizações mais longínquas da humanidade, perdurando por mais de 3 mil anos, entre aproximadamente 3100 anos a.C e 332 a.C (isso se contarmos só o período pós-unificação política dos povos que já estavam ali). Os egípcios sem situava no Norte da África, se estabelecendo em paralelo ao curso inferior do rio Nilo. Este foi um dos principais participes nessa longa duração, o Nilo era a mãe dessa terra. Os antigos egípcios se referiam ao seu local por vários nomes, estudando esses termos podemos ver a importância que os cursos das águas do Nilo tinham em suas vidas. A importância do Nilo era tanta que Quemete significava “terra negra” ou “terra fértil”, 27 de 219 SOCIEDADE era a palavra usada para se denominar os territórios que se situavam às margens do Nilo, referindo-se as terras negras trazidas pelo Nilo todos os anos. Ao se fazer referência as duas regiões do Antigo Egito (Alto e Baixo Egito), era usado o termo Taui. Dexerete ou “terra vermelha”, fazia alusão as regiões desérticas ao redor do Nilo, onde os egípcios costumavam enterraros mortos, além de procurar pedras/metais preciosos. É importante notar que o termo O Antigo Oriente Próximo ou Antigo Oriente é atual, muito usado pela academia para designar civilizações que antecederam as clássicas. Tais povos se concentraram na região que hoje chamamos de Oriente Médio, onde atualmente temos: Turquia, Síria, Iraque, Líbano, Israel, Irã e o Egito. Mesopotâmia e Antigo Egito são duas das civilizações mais importantes desse período. A civilização egípcia já tinha certas comunidades ribeirinhas nas proximidades do Nilo estabelecidas antes da unificação política do Egito, que ocorreu em meados de 3100 a.C, onde se formou o Alto e o Baixo Egito. A regularidade das cheias do Nilo, diferentemente do que ocorria com os rios Tigres e Eufrates na Mesopotâmia, favorecia demais a permanência de povos por ali. Após as cheias do Nilo, quando as águas voltavam ao leito normal, o solo ficava encoberto com limo, componente de suma importância, que conferia fertilidade ao solo. O cenário estava pronto para o desenvolvimento de diversos elementos de altíssima relevância e beleza para nós, como a matemática, pirâmides, canais de irrigação, múmias e escritas que despertam bastante interesse. *Vale notar que o rio Nilo corre do Alto Egito para o Baixo Egito, desaguando no Mar Mediterrâneo. O Antigo Egito tinha uma delimitação muito estrita e demarcada acerca da posição social dos indivíduos, podendo ser definido como uma sociedade de castas. O que isso quer dizer? Que a posição social de um indivíduo, seu prestígio e o que ele podia ser nessa vida, era determinado em seu nascimento, o que contava era a hereditariedade, a sua linhagem. Numa sociedade desse tipo a mobilidade social era quase nula, ou seja, a mudança de um patamar da sociedade para outro beirava o improvável. 28 de 219 victo Realce victo Realce victo Realce Egyptian Social Classes and Society" History on the Net © 2000-2021, Salem Media. April 25, 2021 <https://www.historyonthenet.com/the-egyptians-society>. Assim, a sociedade egípcia e suas castas podem ser muito bem representadas por essa pirâmide. É claro que apesar de bem definida, essa representação não é lei, de certa maneira e em certos períodos alguns grupos tiveram mais ou menos proeminência que outros. Outro ponto é que certos autores aglutinam ou dispersam certas camadas, pois consideram ou não certos critérios. Vejamos um pouco de cada uma das castas que constituíam o Antigo Egito: • No topo temos o Faraó, um verdadeiro deus em terra, a ponte entre os seres humanos e as divindades egípcias. • Abaixo do faraó temos uma figura pouco comentada nos livros de História, o Vizir, sendo mais alto funcionário do Antigo Egito, era uma espécie de supervisor do reino, geralmente pertencia à família de um faraó (esse cargo só foi criado na época do Império Médio). • Na terceira camada se situavam tanto a nobreza quanto os sacerdotes. Veremos mais tarde que os sacerdotes ganharam, bastante força em alguns períodos e de certa maneira fizeram frente ao domínio faraônico. Outros funcionários do governo, com exceção do Vizir, também estavam nessa camada. • Os escribas e os soldados ocupavam a quarta camada. Os escribas eram aqueles que dominavam a escrita, mais tarde falaremos sobre eles no tópico Arte. • Abaixo da quarta camada, mas acima dos artesãos havia os comerciantes. • Os artesãos se situavam acima dos camponeses por terem o trabalho de perdurar a arte egípcia e, como veremos mais tarde, esta era de extrema importância, muito ligada a religião. • Os camponeses produziam alimentos tanto para si quanto para o Estado, vivendo numa servidão coletiva. Os escravos eram prisioneiros de guerras, que trabalhavam, sobretudo, nas construções. Apesar de haverem escravos no Antigo Egito, eles não 29 de 219 ECONOMIA RELIGIÃO eram a base da economia egípcia, eram os camponeses que constituíam a maior parte da população. Como já vimos a regularidade e fertilidade das águas do Nilo era uma dádiva para o sociedade egípcia antiga. E, por isso mesmo, a agricultura foi a base econômica dessa civilização. O Nilo ainda é a mãe dessa civilização. Só para se ter uma ideia de sua importância: cerca de 95% dos egípcios ainda vivem a poucos quilômetros de suas margens, usando-o de transporte, irrigação e pesca. Mas e quanto as outras bases da economia? A domesticação de animais já tinha sua relevância também antes mesmo da unificação e se baseava, sobretudo, na criação de principalmente bovinos, além de ovinos, suínos, caprinos, patos e gansos. É importante notar que a relação que os egípcios tinham com os animais excedia a dimensão da sobrevivência, estes tinham um valor central na espiritualidade egípcia, não é à toa que muitos de seus deuses tinham uma aparência animalesca. Os animais estavam presentes em sua mitologia geral (criaturas, demônios, etc.), e até mesmo em ornamentos, figurando um alto poder simbólico. As facilidades e a grande capacidade dessa civilização fez extrapolassem a sobrevivência, conquistando espaço e acumulando riquezas. A busca por minérios também foi um motor da economia, tinha-se tanto ouro que seus excedentes eram vendidos. O esplendor era tanto que até mesmo a ponta da Pirâmide de Quéops era feita de ouro maciço, ouro este que mais tarde foi roubado por saqueadores de tumbas. Os antigos egípcios eram politeístas e como na Mesopotâmia, cada cidade possuía sua espécie de padroeiro. Apesar da diversidade de deuses ter sido forte, não foi regra, tivemos algumas exceções ao longo dos anos onde o monoteísmo foi instaurado. Podemos destacar Amenófis IV, este oficializou o monoteísmo a partir do culto do deus Aton (Amenófis IV visava com isso, sobretudo, enfraquecer o poder dos sacerdotes). O novo deus era Áton (o círculo solar). Aliás Amenófis IV mudou seu nome para Aquenáton, de tamanha importância que esse deus possuía para o período e para o cenário político da época. Como vimos anteriormente, os animais tinham um papel fundamental na vida dos antigos egípcios. Tal fato é visto, inclusive, na constituição do aspecto de seus deuses. Muitos deles tinham formas animalescas. Havia três formas básicas entre os deuses egípcios: zoomórfica (forma animal); antropomórfica (forma humana); antropozoomórfica (forma híbrida: humana e animal). Veja: 30 de 219 victo Realce ARTE Pode-se dizer que a religião era um dos pilares dessa sociedade, sua importância era tamanha que até mesmo as construções egípcias, as pirâmides, giravam em torno da esfera religiosa. As pirâmides eram túmulos, que teriam a função de morada do faraó até que este pudesse iniciar para sua vida eterna no além-mundo. Contudo as pirâmides não foram desde de sempre a construção usada para essas práticas funerárias, antes delas tivemos as mastabas (bancos de lama), pirâmide escalonada (a construção mais famosa desse tipo foi projetada pelo famoso arquiteto Imotepe) e só depois temos as pirâmides lisas (cujas as paredes externas eram, muitas das vezes, revestidas de certos materiais, como o cal). Posteriormente os corpos dos faraós e de suas famílias foram sendo enterrados no Vale dos Reis, local distante das pirâmides e escondido, para evitar roubos dos elementos valiosos que acompanhavam as tumbas. O design das pirâmides, a dificuldade de se construir algo desse porte nesse período, as suas posições geográficas e até mesmo suas relações com os astros, suscitaram ao longodos anos, principalmente nos dias atuais, um espírito por demais curioso e, por vezes, conspiratório. Fato é que essa crença na vida após a morte e nesse místico riquíssimo fomentou uma série de técnicas, dentre elas a conservação dos corpos, processo que chamamos de mumificação. Inicialmente essas práticas eram exclusivas do faraó, mas depois foram ganhando força em outras camadas da sociedade. Mas as pirâmides, claro, por sua magnitude, eram tumbas exclusivas dos faraós, quando muito de parte da corte real. As pinturas egípcias podem ser encaixadas em uma regra interessante. Temos dois tipos de pintura egípcia: aquelas que retratam a vida do cotidiano e as que representam as práticas funerárias. Ambas são muito simples de se distinguir. A primeira fala da vida 31 de 219 victo Realce comum, representando cenas da agricultura, do artesanato, dos afazeres gerais do dia a dia. Já a segunda tem como ponto de discussão as questões da imortalidade da alma e os rituais que com ela estão associados. A escrita egípcia possui uma beleza ímpar, tanto que foi ao longo dos anos, principalmente na cultura literária e cinematográfica, extremamente recordada. Entretanto costumamos associar a escrita egípcia unicamente aos hieroglifos e isto é um erro. Na realidade, houve uma simplificação da escrita no decorrer do tempo, ela ficou mais dinâmica e com uma estilização mais cursiva. Isso acompanhou bastante o dinamismo da economia e dos registros administrativos egípcios, elementos que exigiam celeridade. Dessa maneira, podemos falar em três tipos de escrita: hieróglifa (religiosa); hierática (administrativa); demótica (popular). Outro aspecto que demarca muito bem a arte egípcia diz respeito ao posicionamento dos corpos nas suas pinturas. As formas são representadas de maneira simples e seguem muito bem uma lei, a chamada lei da frontalidade. As pinturas egípcias não fogem da seguinte regra: tronco e olho de frente para o observador, enquanto que os pés e a cabeça são retratados de perfil. 32 de 219 victo Realce victo Realce PERÍODOS *A arte egípcia se exprimia até mesmo nos eixos políticos. Veja: Essa civilização teve cerca de 170 faraós, 30 dinastias (uma dinastia é uma série de reis ou soberanos advindos de uma mesma família, que se sucedem no trono) em quase 3 mil anos, considerando-se apenas o período pós-unificação. Como tratar dessa magnitude? Os estudiosos costumam dividir a História do Antigo Egito em períodos mais gerais, que explicitam muito do percurso dessa civilização, e é justamente isso que faremos aqui. Entretanto isso não implica deixarmos as personalidades mais marcantes de fora, elas serão bem situadas em momentos oportunos. PERÍODO PRÉ-DINÁSTICO (5500~3100 a.C.) • Época antes do estabelecimento das dinastias faraônicas, mais precisamente entre o Neolítico tardio e o começo da monarquia teocrática iniciada pelo faraó Menés • Estava ocorrendo um processo de desertificação no Egito • Momento em que as várias comunidades assentadas à beira do Nilo começaram a formar pequenas cidades-Estado ÉPOCA TINITA OU PERÍODO ARCAICO (3100~2686 a.C) • Começo das dinastias faraônicas, a partir da unificação do Alto e do Baixo Egito • O rei Menés funda Mênfis, capital do Egito pós-unificação • Muito da personalidade egípcia, expressa pela arte, arquitetura e religião, se molda nesse período IMPÉRIO ANTIGO (2686~2181 a.C.) • Se inicia com a 3ª dinastia de faraós 33 de 219 victo Realce victo Realce victo Realce victo Realce • O rei Djoser pede para Imotepe, arquiteto, Vizir (espécie de primeiro ministro do rei, já vimos acima) e sumo-sacerdote do deus-sol, para projetar um monumento funerário para ele. Esta é considerada a primeira pirâmide do Egito, a Pirâmide de Djoser. • Mais tarde, nesse mesmo período, se crê que Hemiunu tenha arquitetado uma das setes maravilhas do mundo antigo, a Pirâmide de Quéops (reinado entre 2551 a.C. a 2528 a.C). • Na terceira e quarta dinastias, o Egito teve sua era de ouro, com bastante paz e prosperidade • Após a morte de Pepi II (que reinou entre 2287 a.c. e 2187 a.C), faraó da sexta dinastia, o caos começou a reinar no Egito PRIMEIRO PERÍODO INTERMEDIÁRIO (2181~2055 a.C) • Várias sucessões desordenadas, guerras civis, caos, fome e invasões marcaram esse período • Emergem-se dois reinos diferentes • Antes desse período só os faraós e suas famílias poderiam passar pelo rito de mumificação; durante esse período essas práticas se expandem para os outros nobres e oficiais. IMPÉRIO MÉDIO (2055~1786 a.C) • As coisas se acalmam e o florescimento retorna, inclusive com a retomada da construção de pirâmides • Iti-Taui, uma nova capital é fundada • A rainha Sobekneferu, reinou durante mais de 3 anos, sendo a primeira rainha do Egito SEGUNDO PERÍODO INTERMEDIÁRIO (1786~1567 a.C) • Outro período de instabilidade, onde várias sucessões de reis falharam em centralizar o poder. O poder ficou muito dividido • Os hicsos, um povo semita asiático, aproveitou da instabilidade para tomar o controle. A 15ª dinastia foi conduzida por esse povo, que manteve muitas das tradições culturais egípcias. Houve um governo acirrado, pois os hicsos governaram simultaneamente com os tebanos, que dominavam regiões do sul do Egito. Estes últimos, devido insatisfações, principalmente pelas taxas cobradas pelos hicsos, entraram em guerra. Por fim, os hicsos acabaram sendo expulsos pelos tebanos. 34 de 219 victo Realce victo Realce victo Realce victo Realce victo Realce IMPÉRIO NOVO (1567-1085 a.C) • Sob o controle de Amósis I, primeiro rei da 18ª dinastia, unificou o Egito novamente • Amenófis IV (reinou entre 1379-1362) empreendeu uma das maiores revoluções no mundo egípcio, estabeleceu o monoteísmo, o culto único ao deus Atón (mudou seu próprio nome para Aquenatón e fundou uma nova capital de mesmo nome). Tal fato ocorreu principalmente em revelia ao poder desproporcional que os sacerdotes vinham conquistando • Na 19ª e 20ª dinastias, período conhecido como era de Ramsés, o Antigo Egito se recuperou das suas fraquezas e fomentou a construção de numerosos templos e cidades • Quase todos os faraós do Império Novo foram enterrados no Vale dos Reis, em função, primordialmente, dos saques que estavam ocorrendo já há algum tempo nas pirâmides • Tutancâmon, o “faraó menino”, tendo possivelmente reinado dos 10 aos 19 anos (1336 e 1327 a.C), teve sua tumba encontrada pelos arqueólogos quase que de maneira intacta. É um dos faraós mais famosos do Antigo Egito TERCEIRO PERÍODO INTERMEDIÁRIO (1085-664 a.C) • Período de grande desorganização, fomentando a insurgência de poderes locais • E estrangeiros da Líbia e da Núbia também conquistaram territórios e deixaram suas marcas no Eito Antigo • Período que, apesar de mais recente, teve uma documentação muito escassa ÉPOCA BAIXA/CONQUISTA DE ALEXANDRE O GRANDE (C.664-332 a.C.) • O Egito foi tomado pelo Império Persa após a Batalha de Pelúsio (525 a.C) • Dario (522~485 a.C), imperador persa, manteve tradições, construiu e restaurou templos (o que fazia parte de sua estratégia de dominação) • O tirano Xerxes gerou revoltas crescentes que culminaram com a explosão de rebeldes de 404 a.C. A partir daí se instaurou o último período em que o povo egípcio foi independente • Os persas novamente atacam o Egito,
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