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O DIREITO ADUANEIRO E A ADMINISTRAÇÃO ADUANEIRA

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DESCRIÇÃO
O Direito aduaneiro e a Administração aduaneira como importantes instrumentos da
Administração pública.
PROPÓSITO
Compreender, a partir de uma visão constitucional, o Direito aduaneiro e seus princípios mais
relevantes, bem como os instrumentos e a estrutura administrativa existentes para a
implementação do Direito aduaneiro e da Administração aduaneira.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o estudo do conteúdo proposto, é importante que tenha em mãos a
Constituição brasileira de 1988, o Decreto nº 6.759/2009, o Decreto-Lei nº 37/1966 e o Código
Tributário Nacional (CTN).
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Reconhecer as noções fundamentais do Direito aduaneiro
MÓDULO 2
Compreender os acordos comerciais internacionais e a legislação nacional
MÓDULO 3
Analisar o papel da Administração aduaneira
MÓDULO 1
 Reconhecer as noções fundamentais do Direito aduaneiro
INTRODUÇÃO: NOÇÕES FUNDAMENTAIS
DO DIREITO ADUANEIRO
As relações comerciais entre os países têm assumido proporções jamais vistas no mundo,
superando a época das grandes corporações marítimas, as descobertas de “novas” terras e o
mercantilismo. Isso se deve, naturalmente, não só ao aumento da população, mas,
principalmente, ao avanço da tecnologia e dos meios de transporte.
Vejamos uma breve contextualização a seguir:
A globalização da economia se tornou irreversível, atribuindo à abertura comercial papel
fundamental no posicionamento do Brasil no cenário político mundial. A eficiência e a
intensidade com que são utilizados, no processo produtivo, os fatores mão de obra, capital e
tecnologia determinam o grau de inserção do país no panorama econômico mundial.
Em sequência à Segunda Guerra Mundial, sobretudo nos países de menor nível de
desenvolvimento, pôde-se observar forte tendência ao processo de substituição de
importações pelo consumo de bens produzidos internamente. Mais que uma estratégia de
comércio exterior, a substituição de importações teve em vista o fortalecimento econômico do
país, mediante a redução da remessa de divisas para o exterior.
Isso ocorreu, notadamente, mediante a concessão de incentivos fiscais à produção industrial,
bem como a adoção de política restritiva de importações. A instituição de alíquotas do Imposto
de Importação elevadas e seletivas foi, basicamente, o instrumento preferencial dos
formuladores da política externa no país.
A estratégia, em geral, adotada consistiu em produzir bens de consumo de menor
complexidade tecnológica (inicialmente) para, com maior experiência e acúmulo de capitais
decorrente desse artifício, permitir-se a produção de bens de consumo durávéis ou de capital,
que possuem maior possibilidade de concorrência no mercado internacional.
Nos idos de 1950, 1960 e 1970, inúmeros países em vias de desenvolvimento, como Chile,
Índia, Gana, Peru, Brasil, México, Argentina, Equador, entre outros, foram exemplos
significativos de experiências voltadas para o desenvolvimento da indústria doméstica em
detrimento da aquisição de bens no exterior. Na foto, podemos ver uma fábrica em Sorocaba.
 COMENTÁRIO
É muito discutível, no entanto, entre os economistas, sobretudo entre os liberais, o acerto ou o
equívoco da política de substituição de importações. É importante verificar as condições
básicas com que conta cada país no momento em que se dá o impulso para o desenvolvimento
e o possível envolvimento desse país com economias de Estados aliados ou parceiros
econômicos e políticos.
Mecanismos de fomento à produção devem ser, em geral, acompanhados de providências
visando privilegiar aos agentes econômicos internos que se dedicam à industrialização com
vistas à exportação, como o controle do câmbio e dos instrumentos de controle administrativo
das importações e das exportações.
As normas estabelecidas pelo Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio (General
Agreement on Trade and Tariffs – GATT), administrado desde 1995 pela Organização Mundial
da Saúde (OMS), restringem a liberdade de manejo das alíquotas na importação pelos países,
ainda que justificadas pela necessidade de desenvolvimento. Isso coloca a política de
substituição de importações em confronto com o regramento internacional para o setor do
comércio exterior.
Todavia, é de se reconhecer que as limitações impostas por organismos internacionais
deixaram de ser empecilho para a adoção de políticas de comércio exterior mais condizentes
com o crescimento econômico e a satisfação das necessidades básicas da população, em que
pese a possibilidade de acesso ao Órgão de Solução de Controvérsias (OSC) da OMC.
Dada a expansão da tecnologia, associada à modernização dos meios de comunicação e de
transportes, não é mais possível, nos dias atuais, imaginar que um país possa viver isolado do
mundo externo. A interdependência em nível mundial é a regra, e os diversos organismos
atuando em várias áreas, seja comercial, econômica, diplomática, relacionada ao meio
ambiente etc., aproximam governos e países, e ditam, de maneira conjunta, os padrões de
convivência dos Estados nessa nova realidade.
A extinção do mundo socialista, no final da década de 1990, também contribuiu para essa
abertura econômica e comercial, provando que o desenvolvimento econômico olhado “para
dentro” não está ligado ao crescimento econômico do país ou ao incremento do bem-estar
social.
A competitividade externa estimula o aprimoramento dos meios de produção, a maior
capacitação da mão de obra, a utilização intensiva das fontes de riqueza e, tanto quanto
possível, da tecnologia, cada vez mais presente na vida dos povos e dos Estados.
É preciso estabelecer certa seletividade na aquisição de bens do exterior – sem, contudo,
beirar o limite do protecionismo descabido e não tolerado pelo GATT, tendente a se perpetuar
internamente, quando deveria, tão somente, servir para alavancar o crescimento.
 RESUMINDO
Nesse panorama, o uso da tributação como instrumento de gestão do comércio exterior ganha
relevo e, portanto, os impostos de importação e de exportação desempenham papel relevante
para se atingir tal política econômica.
PRINCÍPIOS QUE REGEM O DIREITO
ADUANEIRO
Primeiramente, há que se tecer considerações acerca da existência de um Direito aduaneiro.
Discute-se, na doutrina, a efetiva autonomia desse ramo do conhecimento. Deve-se
reconhecer que não apenas o volume das operações relativas ao intercâmbio comercial com o
exterior é suficiente para se elevar um conjunto de normas homogêneas e voltadas para um fim
comum ao patamar de uma disciplina ou, muito menos, ao status de Direito, ao lado de tantos
outros de complexidade reconhecida. 
Tampouco se deve levar em conta a profusão de normas legais e administrativas que regem a
matéria. Deve-se admitir que, em se tratando de atividade que envolve interesses de países
com variados níveis de desenvolvimento, não se poderia aceitar que um número reduzido
de normas se mostrasse suficiente ao disciplinamento dessas relações. 
É preciso considerar que o ingresso de uma mercadoria em determinado território aduaneiro
dos países envolve uma série de normas das mais variadas espécies – normas que versam
sobre tratamento tributário dado às mercadorias importadas, ou mesmo exportadas, de
natureza cambial, sobre transporte e seguro, de Direito internacional, entre outras. 
Contudo, há que se considerar, ainda, que toda essa prática é regida por institutos e princípios
típicos do comércio exterior externalizados pela Constituição Federal, seja o da liberdade de
comércio, sejam, pelo contrário, as exceções previstas na Carta Magna (como os princípios da
legalidade e da anterioridade, aqui falando-se tanto da anterioridade anual como da
nonagesimal). 
Ainda justificando a autonomia do Direito aduaneiro como disciplina, cabe lembrar o seu
relacionamento com outros ramos do Direito. Assim, relaciona-se com o Direito penal, na
medida em que, no caso de descumprimento de dispositivos legais, são aplicadas penalidades
aos infratores. 
Em duas hipótesesisso pode ocorrer com o importador ou exportador:
Quando descumprir exigência de cunho administrativo, como em casos de descumprimento de
obrigação acessória (a saber, a emissão de nota fiscal na venda de produtos importados), que
sujeita o infrator à multa de caráter educativo.
OU
Quando pratica o crime de descaminho ou contrabando, previsto no art. 334 do Código Penal.
Em ambos os casos, aplica-se a sanção, seja administrativa, seja de cunho criminal.
Outra modalidade de descumprimento da legislação diz respeito à interposição fraudulenta,
considerada dano ao erário, nas hipóteses de importação por conta e ordem de terceiro ou de
importação por encomenda, em que a penalidade imposta consiste na perda da mercadoria,
que, uma vez aplicada a pena de perdimento, terá uma das destinações previstas em lei.
A tipificação apontada está prevista no art. 23 do Decreto-Lei nº 1.455/79, com a redação dada
pela Lei nº 10.637/2002, in verbis:
ART. 23 – CONSIDERAM-SE DANO AO ERÁRIO AS
INFRAÇÕES RELATIVAS ÀS MERCADORIAS: 
 
(...) 
 
INC. V – ESTRANGEIRAS OU NACIONAIS, NA
IMPORTAÇÃO OU NA EXPORTAÇÃO, NA HIPÓTESE DE
OCULTAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO, DO REAL
VENDEDOR, COMPRADOR OU DE RESPONSÁVEL
PELA OPERAÇÃO, MEDIANTE FRAUDE OU
SIMULAÇÃO, INCLUSIVE A INTERPOSIÇÃO
FRAUDULENTA DE TERCEIROS (INCLUÍDO PELA LEI
Nº 10.637/02). 
 
§ 1º – PENA DE PERDIMENTO.
(DECRETO-LEI 1.455/79, art. 23)
 COMENTÁRIO
Neste ponto, convém recordar que o Direito aduaneiro guarda estreita relação com o Direito
financeiro, visto que, na apuração dos ilícitos aqui citados, faz-se necessária a análise das
transações financeiras das partes envolvidas nas operações investigadas – ou seja, o
importador, o exportador e os intervenientes no processo de compra e venda e de introdução
da mercadoria no território nacional.
O Direito aduaneiro também se relaciona com o Direito administrativo, visto que o controle
sobre o comércio exterior cabe a um órgão da Administração pública, a alfândega, não
importando a denominação que receba – seja alfândega, na maioria dos casos, ou Delegacia
da Receita Federal do Brasil (DRF), em outros.
Insta ressaltar, em complemento, que a administração e o controle em geral dos serviços
aduaneiros estão a cargo do Ministério da Economia, composto de diversas unidades, como a
Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil, as superintendências regionais da Receita
Federal do Brasil, entre outros, que, indiretamente, interferem de alguma maneira nas
atividades de comércio exterior, tais como a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN),
e, no plano do controle judicial, as procuradorias da República e o Poder Judiciário, em todas
as suas instâncias.
Acrescente-se que o Direito aduaneiro se relaciona com o Direito empresarial, uma vez que a
importação e a exportação constituem modalidades de compra e venda de mercadoria, sem
contar que a Constituição da República prevê, igualmente, a tributação sobre a importação de
serviços.
Com efeito, o Direito tributário, como um todo e, particularmente, o Direito aduaneiro, apesar de
disciplinas autônomas, sob o aspecto acadêmico, não gozam de autonomia em sua origem.
Ambos os ramos do Direito tributam práticas típicas de outros ramos. No caso do Direito
tributário, por exemplo, são tributados a propriedade, a posse e o domínio útil de bens imóveis,
a transmissão de bens, o produto da renda e da aplicação de valores mobiliários, e, ainda, a
compra e venda e a prestação de serviços (estes dois últimos também sujeitos à incidência dos
impostos sobre as importações e as exportações).
 COMENTÁRIO
É dispensável mencionar o estreito relacionamento com o Direito constitucional, considerando-
se que, em um regime democrático de Direito, a Constituição é o ápice da pirâmide que
comanda todos os chamados ramos do Direito.
Concluindo as razões pelas quais o Direito aduaneiro deve ser considerado um Direito
autônomo, vale transcrever as palavras de Renata Alcione de Faria Villela de Araujo, para
quem é:
(...) FORÇOSO RECONHECER A AUTONOMIA DESTE
RAMO, POR SUA ORIGEM CONSUETUDINÁRIA, SUA
TÉCNICA ESPECÍFICA E SEU ACELERADO
DINAMISMO, COM A NOTÓRIA INFLUÊNCIA DE
ATRIBUIÇÃO DE IMPORTÂNCIA DO FATOR
ECONÔMICO E A INFLUÊNCIA PREPONDERANTE DOS
TRATADOS.
(ARAUJO, 2017, p. 14)
Posto que o Direito aduaneiro se apresenta como ramo autônomo do Direito, é preciso abordar
alguns princípios que regem as relações provenientes das normas contidas na Constituição,
sejam expressos ou implícitos no Texto Maior.
Como norma fundante, os princípios são de observância obrigatória por todos os operadores
do Direito, como os servidores da Administração pública, magistrados e julgadores em sentido
lato e, por que não dizer, importadores e exportadores, a quem cabe identificar a norma
aplicável ao caso concreto, calcular os tributos a ser recolhidos e preencher modelos
informatizados ou não que respaldam a entrada e a saída de mercadorias do território
brasileiro.
A Constituição da República prevê uma gama de princípios, que deve ser seguida ao se
interpretar e aplicar as normas de Direito em geral. Alguns princípios são de cumprimento
obrigatório e obedecidos no contexto do Direito aduaneiro.
Abstraindo-se dos comentários sobre a imunidade – segundo a qual certas situações fáticas
estão resguardadas da incidência de impostos, conforme reza a Constituição da República, e
que alcançam também as atividades aduaneiras –, merece referência especial o princípio da
legalidade, diretamente ligado à certeza do Direito e à segurança jurídica.
Com base no princípio da legalidade, nenhum tributo pode ser exigido ou aumentado sem lei
que o estabeleça. Tendo em vista o caráter patrimonial que envolve a tributação, a cobrança de
tributo está, obrigatoriamente, vinculada à lei no sentido específico, ou seja, à lei
complementar, em certos casos, à lei ordinária ou à medida provisória, nos termos do disposto
no art. 62 da nossa Constituição.
E, como regra geral, a autoridade aduaneira só pode exigir do contribuinte tributo que esteja
previsto em lei. As trocas internacionais estão entre as mais antigas atividades que se
conhece. Desde os primeiros sinais de civilização, o intercâmbio de mercadorias tem sido
presente, o que coloca em risco a desregulamentação do comércio entre os países.
Todavia, os impostos de importação e de exportação estão excluídos da exigência de lei como
pressuposto para a sua incidência, tendo em vista as particularidades que envolvem os dois
tributos. Assim, a alteração da alíquota desses impostos pode ser feita por ato do Poder
Executivo, não necessariamente por decreto do chefe do Executivo. Diante disso, tal
modificação pode ser realizada pela Subsecretaria-Executiva da Câmara de Comércio Exterior
(Camex), órgão colegiado diretamente subordinado à Presidência da República.
A possibilidade de alteração da alíquota por ato do Executivo decorre do § 1º do art. 150 da
Constituição da República, que excepciona da vedação geral de exigência de tributo por ato
distinto da lei os impostos de importação e exportação. Contudo, não é demais frisar que o
princípio da legalidade é obedecido no que tange à previsão das infrações e dos delitos
cometidos no âmbito do comércio exterior e da aplicação das penas correspondentes.
Outro importante princípio constitucional diz respeito à anterioridade da lei, previsto no art. 150,
inc. III, alíneas b e c, a seguir transcrito:
ART. 150 – SEM PREJUÍZO DE OUTRAS GARANTIAS
ASSEGURADAS AO CONTRIBUINTE, É VEDADO À
UNIÃO, AOS ESTADOS, AO DISTRITO FEDERAL E AOS
MUNICÍPIOS: 
 
(...) 
 
III – COBRAR TRIBUTOS: 
 
(...) 
 
B) NO MESMO EXERCÍCIO FINANCEIRO EM QUE HAJA
SIDO PUBLICADA A LEI QUE OS INSTITUIU OU
AUMENTOU; 
C) ANTES DE DECORRIDOS NOVENTA DIAS DA DATA
EM QUE HAJA SIDO PUBLICADA A LEI QUE OS
INSTITUIU OU AUMENTOU, OBSERVADO O DISPOSTO
NA ALÍNEA B.
(CF 88, art. 150)
Segundo o dispositivo, há que se permitir ao contribuinte tempo suficiente para que se prepare
para a notícia de eventualaumento de tributo que incidirá sobre as atividades por ele
exercidas. Seja pessoa física, seja pessoa jurídica, esse princípio, também chamado de
princípio da não surpresa, assegura a certeza de que um planejamento fiscal não será afetado
imediatamente após a publicação da lei por uma carga fiscal maior que a prevista no início do
exercício.
A disposição tem por base o art. 153, que, em seu § 1º, excepciona dos efeitos desse princípio
os impostos incidentes sobre a importação e a exportação, além do Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI) e o Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros e sobre
Operações Relativas a Títulos e Valores Mobiliários (IOF).
Em face do descrito anteriormente, não oferece dificuldade alguma entender as razões pelas
quais os dois impostos de que se está tratando constituem exceções aos princípios da
legalidade e da anterioridade da lei, seja a referente ao exercício financeiro, seja a
nonagesimal.
OUTRO PRINCÍPIO QUE REGE O COMÉRCIO
INTERNACIONAL E, ESPECIALMENTE, O
DIREITO ADUANEIRO É O PRINCÍPIO DA LIVRE
CIRCULAÇÃO DE RIQUEZAS, PREVISTO NO
GATT.
Vale notar que o excesso de regulação e de controle sobre as trocas de mercadorias tem como
efeito nefasto a inibição do comércio, objetivo preliminarmente imposto pelas nações
signatárias do GATT em 1947. O controle aduaneiro deve limitar-se à inspeção sobre as
mercadorias que ingressam ou que deixam o território nacional, não podendo constituir entrave
à livre circulação de mercadorias.
 SAIBA MAIS
A título de ilustração, é útil recordar que a nossa Constituição proíbe expressamente a
utilização de tributos como modo de desestimular a livre circulação de bens e riquezas. Essa
vedação pode ser estendida às atividades de comércio exterior, visto que o GATT, firmado pelo
Brasil após a Segunda Guerra Mundial, tem por objetivo restringir o uso das tarifas aduaneiras,
limitando-se a um mínimo necessário como meio de preservar o mercado interno da
concorrência externa. 
 
Além disso, o acordo busca suprimir toda e qualquer barreira não tarifária – a saber, medidas
supostamente destinadas à preservação da saúde ou à proteção do meio ambiente – e, por
fim, não permitir que o uso da tarifa aduaneira sirva como pretexto para discriminar nações
integrantes da OMC, que atualmente totalizam mais de 150 em todo o mundo.
NORMAS QUE REGEM O DIREITO
ADUANEIRO
Tradicionalmente, o comércio entre os povos na Antiguidade, e mesmo em tempos mais
recentes, aboliu as regras escritas como modo de disciplinamento das trocas. Os interesses
dos comerciantes convergiam para o mesmo fim – manter em igualdade de condições, em uma
espécie de jogo do ganha-ganha, a lisura e a transparência em suas relações.
Vale lembrar as origens das relações de comércio regradas pela lex mercatoria, que, em certo
sentido, se assemelham à arbitragem dos dias atuais, que considera nas decisões prolatadas
em matéria de intercâmbio comercial muitos dos usos e costumes.
De acordo com Irineu Strenger:
(...) O COMÉRCIO INTERNACIONAL SEMPRE FOI
ATIVIDADE QUE SE DISTINGUIU POR SUAS PRÓPRIAS
EXIGÊNCIAS PECULIARES, E A SUA INDISCUTÍVEL
FONTE COSTUMEIRA É A EXPLICAÇÃO DESSA
INSTITUIÇÃO, QUE SE CONVENCIONOU,
ACERTADAMENTE, CHAMAR DE LEX MERCATORIA.
(STRENGER, 1996, p. 151)
Com a evolução dos costumes e a complexidade das relações comerciais do mundo moderno,
a lex mercatoria perdeu parte do seu sentido. Atualmente, o Direito é predominantemente
regulado pelas leis, que compreendem, em seu conteúdo, a norma jurídica. 
O termo “norma” reflete uma conduta que se ajusta a um padrão predeterminado. Em seu
sentido jurídico, a palavra encerra significado próprio, designando um comportamento
específico, moldado em leis ou em regulamentos. Seu descumprimento implica a imposição de
sanção igualmente prevista nos atos legais ou normativos.
Dessa breve descrição do termo, deduz-se que, numa relação jurídica encontram-se dois
sujeitos intermediados pela norma. De um lado, está o sujeito da ação, aquele que tem por
dever o cumprimento da disposição normativa; de outro, a autoridade aplicadora e
sancionadora do ato contrário à norma.
O conteúdo da norma é sempre um “fazer”, um “não fazer”, um “poder fazer” ou um “ter o
direito de não fazer”. Esses comandos, estabelecidos pelo Poder Legislativo e sancionados
pelo Poder Executivo, são pautados na conduta humana e variam no tempo e no espaço. Vale
lembrar que a mesma norma nem sempre vige com a mesma intensidade e legitimidade em
diferentes jurisdições e em tempos diversos.
Considerando a dimensão territorial do nosso país, é fácil concluir que uma lei federal, que
dispõe sobre matéria aduaneira, adquire diferentes conotações quando interpretada e aplicada
no Sul, no Norte ou em regiões interiores. Em todo o país, existem mais de quatrocentas
repartições que cuidam de comércio exterior, fiscalizando, investigando, julgando processos
etc.
Disso resulta a necessidade de cuidado maior nas atividades de interpretação e adaptação da
legislação aduaneira às peculiaridades do local onde será aplicada, sem, contudo, extrapolar
os limites da legalidade. Mormente se for levado em conta o fato de que o comércio
internacional se baseia em práticas seculares, o que levou especialistas a sistematizarem as
cláusulas de comércio mediante a criação dos Incoterms (International Commercial Terms).
Os Incoterms padronizam, em siglas, as responsabilidades do exportador e do importador no
que se refere aos riscos assumidos no transporte da mercadoria desde o estabelecimento do
industrial/exportador até o ponto de destino, seja o ponto de descarga, seja o estabelecimento
do industrial importador. Resumidamente, a responsabilidade apontada, segundo as cláusulas,
que vão do EXW (ex works) até o DDP (Delivery Duty Paid), denotam a menor
responsabilidade do exportador.
Na primeira hipótese, a responsabilidade do exportador é mínima, uma vez que a mercadoria é
“colocada” pelo exportador na porta do seu estabelecimento, à disposição do importador, que
assume os encargos internos devidos no país de exportação, as despesas com frete e seguro,
e os possíveis riscos de perda ou avaria durante o transporte.
Em complemento, ficam a seu cargo todos os custos e as despesas de capatazia, gravames
alfandegários e transporte doméstico até a chegada dos bens ao seu estabelecimento. Em
sentido inverso, segundo a cláusula DDP, a responsabilidade do exportador atinge o grau
máximo, uma vez que se torna responsável por despesas e custos aqui especificados.
Os Incoterms em vigor, aprovados pela Câmara de Comércio Internacional (International
Chamber of Commerce – ICC), sediada em Paris, que entraram em vigor no primeiro dia de
janeiro de 2020, preveem cláusulas intermediárias pelas quais são partilhadas as
responsabilidades entre exportador e importador pelos eventuais riscos a que se sujeitam as
mercadorias que são objeto do transporte internacional.
No ordenamento jurídico brasileiro, o Direito aduaneiro é regido pelas normas convencionais
aplicadas em outros ramos do Direito. Assim determina a Constituição da República no art.
150, inc. I, que dispõe sobre a obrigatoriedade de lei para o fim de criar ou extinguir tributos. O
mesmo ocorre no art. 96, do CTN, segundo o qual:
A EXPRESSÃO ‘LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA’
COMPREENDE AS LEIS, OS TRATADOS E AS
CONVENÇÕES INTERNACIONAIS, OS DECRETOS E AS
NORMAS COMPLEMENTARES QUE VERSEM, NO
TODO OU EM PARTE, SOBRE TRIBUTOS E RELAÇÕES
JURÍDICAS A ELES PERTINENTES.
(CTN, art. 96)
No plano legal, o Direito aduaneiro é regido pelo Decreto-Lei nº 37/1966, com as alterações
havidas ao longo dos mais de sessenta anos de vigência. Justificam-se as alterações em face
do dinamismo que caracteriza o comércio internacional, que demanda frequentes normas de
atualização e/ou adaptação às novas práticas desenvolvidas e à tecnologia utilizada.
O decreto-lei citado, que possui status de lei ordinária, é regulamentado pelo Decreto nº
6.759/2009 e complementadopor inúmeras instruções normativas, além das soluções de
consulta, que, apesar das denominações, constituem verdadeiras normas administrativas de
cumprimento obrigatório pelos contribuintes.
No plano internacional, o art. 98, do CTN, afirma que “os tratados e as convenções
internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela
que lhes sobrevenha”. Trata-se de tema altamente discutido, em que pesem algumas decisões
do Supremo Tribunal Federal (STF) no sentido de que, em matéria de Direito tributário, o
dispositivo deve ser interpretado literalmente. Ou seja, no Direito tributário há que se respeitar
a prevalência dos tratados internacionais sobre a legislação interna correlata.
A JURISDIÇÃO ADUANEIRA
Antes de abordar a jurisdição aduaneira, convém destacar o conceito de aduana ou, no melhor
português, de alfândega: de maneira geral, o termo alfândega é entendido como um órgão de
governo que controla, fiscaliza e arrecada tributos aduaneiros, quais sejam, os impostos sobre
a importação e a exportação, além de outros tributos, impostos, taxas e contribuições que
incidem sobre o comércio exterior.
As atividades aduaneiras estão intimamente relacionadas com o incentivo ao desenvolvimento
econômico, uma vez que compreendem, inclusive, a colaboração com outros órgãos da
Administração pública. Assim, por exemplo, armas e munições que entram no país a qualquer
título, por pessoa física ou jurídica, estão sujeitas ao controle do Ministério da Defesa,
responsável por informar se se trata ou não de bem de uso privativo das forças armadas.
Do mesmo modo, alimentos ou bebidas que ingressem no território nacional estão sujeitos à
inspeção do Ministério da Agricultura, assim como medicamentos e demais produtos
farmacêuticos são submetidos ao crivo do Ministério da Saúde, que autoriza ou não a sua
entrada, conforme regramentos específicos.
Todavia, as autoridades aduaneiras têm a prioridade no recebimento das mercadorias e
precedência sobre as demais autoridades, conforme dispõe o inc. XVIII, do art. 37, da
Constituição da República, a seguir transcrito:
ART. 37. A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E
INDIRETA DE QUALQUER DOS PODERES DA UNIÃO,
DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS
MUNICÍPIOS OBEDECERÁ AOS PRINCÍPIOS DE
LEGALIDADE, IMPESSOALIDADE, MORALIDADE,
PUBLICIDADE E EFICIÊNCIA E, TAMBÉM, AO
SEGUINTE: 
 
(...) 
 
XVIII – A ADMINISTRAÇÃO FAZENDÁRIA E SEUS
SERVIDORES FISCAIS TERÃO, DENTRO DE SUAS
ÁREAS DE COMPETÊNCIA E JURISDIÇÃO,
PRECEDÊNCIA SOBRE OS DEMAIS SETORES
ADMINISTRATIVOS, NA FORMA DA LEI;
(CF 88, art.37)
As alfândegas detêm importante missão no que tange ao controle de entrada e saída de
mercadorias de interesse dos sistemas de segurança nacional, sanitário, de preservação do
meio ambiente e de desenvolvimento da produção industrial. Neste último caso, as alfândegas
são responsáveis pela observação e aplicação dos mecanismos de defesa comercial, previstos
no GATT e impostos pelo país em decorrência de processo de apuração de práticas ilícitas no
comércio internacional, como as medidas antidumping, os direitos compensatórios de subsídio
e a salvaguarda.
O termo jurisdição não se confunde com área física, onde se exerce determinada atividade. No
sentido jurídico, consiste no poder exercido por uma autoridade dentro de determinada
extensão territorial. Observe-se que o espaço físico aqui mencionado tem por função apenas
delimitar espacialmente o exercício da autoridade pública.
Conforme disposto no art. 33 do Decreto-Lei nº 37/1966, a jurisdição dos serviços aduaneiros
se estende por todo o território aduaneiro, no qual são aplicadas as disposições da legislação
aduaneira vigente. Para fins de controle aduaneiro sobre as mercadorias que ingressam ou que
saem do país, o território aduaneiro coincide com o território nacional, neste compreendidos
toda a extensão territorial terrestre, o espaço aéreo correspondente e o mar territorial.
 COMENTÁRIO
Significa dizer que no Brasil, para fins aduaneiros, não existem áreas ou regiões não
alcançadas pela jurisdição aduaneira.
COMO FUNCIONA O CONTROLE
ADUANEIRO
No Brasil, o controle sobre o movimento de entrada e saída de mercadorias pelas fronteiras
marítimas, lacustres, fluviais, aéreas e terrestres é exercido por um órgão oficial chamado
alfândega.
O controle visa investigar a licitude das operações de importação e exportação, atestando o
acerto do cálculo dos tributos devidos ou reconhecendo a imunidade ou a concessão de
isenções. Além disso, as alfândegas atuam em colaboração com outros órgãos de controles
diversos, tais como o de saúde, de segurança etc. Após esse processo e desde que
constatada a legalidade dos procedimentos, a mercadoria é liberada para a importação ou para
destinar-se ao exterior.
A SEGUIR, SERÃO ANALISADOS ALGUNS
ASPECTOS QUE ENVOLVEM O CONTROLE
ADUANEIRO DE MERCADORIAS NO PAÍS.
AS TRÊS INSTÂNCIAS: TRIBUTÁRIA,
ADMINISTRATIVA E CAMBIAL
Dada a complexidade que envolve as operações de comércio exterior, no processamento de
importações e exportações, torna-se necessária a intervenção de órgãos distintos da Receita
Federal, como a Secretaria de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais (SECEX), que
autoriza a entrada ou a saída de mercadorias do território nacional, e o Banco Central (BC).
Assim, o controle do comércio exterior se estende, além do alfandegário, aos controles
administrativo e cambial.
A participação dos órgãos mencionados se dá através do Sistema Integrado de Comércio
Exterior (Siscomex), um processo eletrônico que faz a interligação da administração fazendária
com os operadores do comércio exterior – quais sejam, os importadores, os exportadores, os
despachantes aduaneiros, as comissárias de despacho, os transportadores, as instituições
financeiras, além de outros responsáveis pela anuência específica para a entrada ou saída de
determinados produtos.
O Siscomex integra as atividades de registro, acompanhamento e controle das operações de
comércio exterior, por meio de um fluxo único e informatizado, a fim de receber e processar os
dados relativos à entrada e à saída de mercadorias do país. O Siscomex emite apenas um
documento comprobatório para cada tipo de operação, ou seja, o comprovante de importação e
o comprovante de exportação.
 SAIBA MAIS
Criado, inicialmente, em 1994 para as exportações e em 1997 para as importações, o sistema
logrou reduzir mais de cem documentos em dois somente (já citados aqui). Outra grande
vantagem consiste na integração em um só sistema de todos os órgãos da Administração
pública responsáveis pela anuência para a entrada ou a saída de produtos sensíveis, como
medicamentos, produtos químicos, armas e munições, produtos alimentícios etc.
A obtenção do licenciamento de importação, através do Siscomex, constitui o primeiro passo
para o despacho aduaneiro de importação, assim como o licenciamento de exportação é o
primeiro passo para o despacho aduaneiro de exportação. Após a emissão desse documento,
o importador ― ou o exportador ― inicia o despacho propriamente dito, mediante o registro de
importação ou de exportação, se for o caso.
Para iniciar um processo de importação ou de exportação, o usuário do sistema deve
cadastrar-se previamente no Registro e Rastreamento da Atuação dos Intervenientes
Aduaneiros (Radar), sistema eletrônico administrado pela Secretaria Especial da Receita
Federal do Brasil que permite às empresas processarem suas importações e exportações.
Esse registro é obrigatório e fundamental para que os operadores no comércio exterior possam
iniciar procedimentos com vistas à entrada ou saída de bens do país. O sistema previne a
fraude mediante o controle prévio da regularidade do importador ou do exportador.
Para fins de habilitação no Radar, é necessário que o exportador ou o importador comprove,
mediante a apresentação de documentos, existência real para operar no mercado e
capacidade financeira compatível com os encargos de comprae venda no mercado externo.
 SAIBA MAIS
A Receita Federal disponibiliza em seu site o Manual de habilitação no Siscomex, cujo objetivo
é orientar os contribuintes que atuam na exportação e na importação. Pessoas jurídicas, assim
como pessoas físicas, terão que se habilitar previamente no Radar, ao pretender acessar o
Siscomex.
No vídeo a seguir, o professor Adilson Rodrigues fala sobre as instâncias de controle
aduaneiro:
TERRITÓRIO NACIONAL E TERRITÓRIO
ADUANEIRO
Para fins administrativos, o território aduaneiro se divide em zona primária e zona secundária.
Essa delimitação atende apenas a fins fiscais, ratificando o que foi afirmado no sentido de que
a autoridade aduaneira é exercida sobre todo o território nacional, ainda que se trate de
fiscalização de bens que transitaram pela zona primária desembaraçados pela autoridade
aduaneira.
A divisão do território aduaneiro em zonas primária e secundária tem fundamento jurisdicional e
organizacional:
ZONA PRIMÁRIA
Entende-se por zona primária o interior dos portos, dos aeroportos e os pontos de fronteira.
Caracteriza-se pelo fato de que, na zona primária, a mercadoria está sob custódia aduaneira
para garantia dos tributos eventualmente devidos à Fazenda, não estando sujeita, portanto, à
comprovação de seu ingresso ou de sua destinação legal para o exterior, o que se torna
obrigatório tão logo a mercadoria importada deixe a zona primária.
São ainda consideradas como zona primária, tão somente para fins de controle aduaneiro, as
áreas de livre comércio caracterizadas como zonas de processamento de exportação (ZPE)
destinadas à instalação de empresas voltadas para a produção de bens a serem
comercializados com o exterior.
ZONA SECUNDÁRIA
Diz respeito à parte restante do território nacional, incluindo-se aí as águas territoriais e o
espaço aéreo. O controle aduaneiro na zona primária é permanente, e nos recintos aduaneiros
de zona secundária, continuado. Isso quer dizer que na zona primária a fiscalização atua
durante as 24 horas do dia, demarcando um horário de atendimento tão somente para efeito de
ordenação administrativa.
Já nos recintos aduaneiros de zona secundária, tais como os entrepostos aduaneiros, assim
como os demais recintos alfandegados, a administração se faz presente nos momentos em
que é solicitada ou quando entende que se faz necessária.
A autoridade aduaneira pode, ainda, demarcar, na orla marítima ou na faixa de fronteira, onde
seja intenso o tráfego de pessoas, veículos ou mercadorias entrando ou saindo do território
nacional, as chamadas zonas de vigilância aduaneira, que, da mesma maneira, ficam sujeitas
às cautelas fiscais determinadas no ato oficial de demarcação.
Tanto na zona primária como na zona secundária, encontramos os chamados terminais e os
recintos aduaneiros. Por definição, recinto é um local, em geral fechado, destinado ao
recebimento, à armazenagem e, muitas vezes, até ao próprio despacho aduaneiro da
mercadoria sob controle das autoridades alfandegárias.
Quando o recinto não for totalmente fechado, como os armazéns, por exemplo, é necessário
que, demarcado, sirva de uso restrito à guarda de mercadorias, como os pátios reservados
para veículos em alguns portos do país. Em resumo:
 
Siwakorn1933/shutterstock
Na zona primária, são recintos aduaneiros os pátios, armazéns, terminais e outros locais
destinados à movimentação e ao depósito de mercadorias importadas ou a exportar, assim
como as dependências de lojas francas.

 
metamorworks/shutterstock
Na zona secundária, são recintos alfandegados os entrepostos, depósitos, terminais ou outras
unidades afins, como, ainda, as dependências destinadas ao depósito de remessas postais
internacionais. Terminal, em sentido alfandegário, é um gênero do qual são espécies as
estações aduaneiras e os terminais retroportuários.
O regulamento aduaneiro, aprovado pelo Decreto nº 6.759/2009, que estabelece a
administração das atividades aduaneiras, e a fiscalização, o controle e a tributação das
operações de comércio exterior, prevê, igualmente, a instalação de terminais aduaneiros,
chamados de estações aduaneiras, de fronteira e interior, e de terminais retroportuários
alfandegados.
Estação aduaneira é uma espécie de prolongamento da alfândega, uma vez que nela são
realizadas as operações de controle aduaneiro, inclusive a verificação e o desembaraço de
bens importados ou destinados à exportação, etapa final do despacho aduaneiro de
mercadorias.
A estação aduaneira de fronteira, por sua vez, é localizada em zona primária, sendo
administrada pela própria Secretaria Especial da Receita Federal ou por empresa habilitada
como permissionária. A Estação Aduaneira Interior (EADI), também conhecida como porto
seco, localiza-se na zona secundária, ao passo que o Terminal Retroportuário Alfandegado
(TRA) opera, na importação, com mercadorias embarcadas em unidades de carga, e, na
exportação, com mercadorias que nelas devam ser embarcadas, tais como os contêineres, os
reboques e os semirreboques. Excepcionalmente, pode o secretário especial da Receita
Federal autorizar o funcionamento de TRAs destinados a mercadorias a granel ou a cargas
especiais.
JURISDIÇÃO FISCAL
A palavra jurisdição possui diferentes significados. Em certo sentido, refere-se ao poder ou
direito de julgar. Esse conceito é privativo dos órgãos julgadores, que atuam tanto na esfera
administrativa quanto no Poder Judiciário. Assim, na via administrativa, os processos fiscais
são julgados pela própria administração tributária, em regra, por intermédio de dois níveis de
competência.
Nas alfândegas, o julgamento de processos compete ao chefe da repartição alfandegária, o
que tem gerado a reação de doutrinadores, tendo em vista a supressão da instância revisora.
Em outras palavras, e de maneira sucinta, o órgão julgador acaba sendo o mesmo órgão
autuante, podendo, à evidência, “viciar” o julgamento.
Em outro sentido, indica a competência de que dispõem certas autoridades para a expedição
de atos normativos, aliada à tomada de decisão em processos administrativos. Assim
compreendida, a palavra jurisdição se confunde com a área de atuação da autoridade,
entendida tanto no sentido territorial quanto no sentido de nível de poder, permitindo-se falar,
aqui, em alçada de jurisdição.
Em matéria de comércio exterior, deve-se considerar território aduaneiro o limite territorial onde
se exerce a autoridade aduaneira, isto é, a parte do território nacional onde o chefe da
repartição detém o controle sobre as atividades ali exercidas. Desde que haja interesse da
Fazenda Nacional, faz-se presente a autoridade aduaneira, não importando se para expedir os
atos administrativos, para fiscalizar as mercadorias importadas, as pessoas, os animais e os
veículos transportadores de mercadorias, pessoas e animais.
JURISDIÇÃO
O conceito de jurisdição, sob o conceito territorial, é reconhecido por todos os tratados
internacionais, visto que, apesar do alcance das normas previstas nos acordos, a
soberania do Estado é sempre respeitada. Pode-se dizer, em maneira simples, que o
Estado usa a sua soberania para a assinatura de tratados, embora perca parte dessa
soberania ao cumprir as disposições acordadas.
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 RESUMINDO
Todas as pessoas e os veículos que cruzem a fronteira aduaneira são objetos de inspeção,
visando à verificação da regularidade da entrada ou da saída do território. No caso de
mercadorias, o registro é feito através do Siscomex, sem prejuízo de sua apresentação às
autoridades fiscais sempre que solicitado, ainda que na zona secundária do território
aduaneiro. 
 
Como parte da competência atribuída por lei aos agentes do fisco alfandegário, serão
aplicadas as devidas sanções – multa ou até mesmo a apreensão da mercadoria ou do veículo,
acrescido, se for o caso, do início do procedimento com vistas à apuração de possível crime
praticado.
ALFÂNDEGA E INSTALAÇÕES
ALFANDEGÁRIAS
As alfândegas são órgãos estataisencarregados da fiscalização de mercadorias, pessoas e
veículos que entram ou saem do território aduaneiro. Assim, a fiscalização aduaneira se
estende por todo o território aduaneiro, que, como já se disse, se confunde com o território
nacional, nos termos do art. 33, do Decreto-Lei nº 37/1966.
NO CUMPRIMENTO DESSA TAREFA, OS
FUNCIONÁRIOS DAS REPARTIÇÕES
ALFANDEGÁRIAS CUMPREM AS LEIS E OS
REGULAMENTOS, ALÉM DAS NORMAS DE
SERVIÇO INTERNAS, DE CARÁTER
OBRIGATÓRIO.
De acordo com a estrutura do Ministério da Economia, as DRFs do Brasil exercem as funções
de alfândega em localidades em que não exista alfândega, normalmente localizadas junto aos
portos, aeroportos e pontos de fronteira terrestre, fluvial ou lacustre. Ressaltamos que a
legislação a ser cumprida nas delegacias não difere do conjunto de normas observado pelas
alfândegas.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. SOBRE O DIREITO ADUANEIRO, MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA.
A) Envolve normas de diversos ramos do Direito.
B) Integra o Direito tributário.
C) Integra o Direito financeiro.
D) Diz respeito apenas à Receita Federal.
2. SOBRE OS PRINCÍPIOS QUE REGEM O DIREITO ADUANEIRO,
ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA.
A) A legalidade tributária não encontra aplicação no Direito aduaneiro.
B) A modificação das alíquotas do imposto de importação pode ser considerada um dos
mecanismos de auxílio ao comércio exterior.
C) O Direito aduaneiro não se relaciona com o Direito empresarial.
D) O Direito aduaneiro não se relaciona com o Direito tributário.
GABARITO
1. Sobre o Direito aduaneiro, marque a alternativa correta.
A alternativa "A " está correta.
 
O Direito aduaneiro engloba normas de diferentes ramos, como o internacional e o tributário.
2. Sobre os princípios que regem o Direito aduaneiro, assinale a alternativa correta.
A alternativa "B " está correta.
 
A Constituição Federal autoriza a modificação de alíquotas de imposto de importação, inclusive
mesmo sem a anterioridade.
MÓDULO 2
 Compreender os acordos comerciais internacionais e a legislação nacional
BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO
MERCANTILISMO
O mercantilismo dominou o mundo desde o século XV até o fim do século XVIII. A forte
intervenção nas economias dos Estados, calcada na elevada tributação das importações, no
controle sobre o consumo no mercado interno, no acúmulo de capital e na manutenção da
balança comercial favorável, foi característica dominante dessa fase histórica e marcante das
idades moderna e contemporânea.
Contudo, com o surgimento das inovações tecnológicas a partir da Revolução Industrial, novos
conceitos e novas ideias foram adotados, de forma que as políticas de Estado relativas ao
comércio exterior precisaram ser repensadas. Nesse momento, nasce o liberalismo, que se
caracteriza pelo abandono da postura protecionista, e os Estados passam a intervir cada vez
menos na economia.
 ATENÇÃO
A mudança se tornou visível aos olhos a partir da ideia de livre mercado, no qual as tarifas
alfandegárias eram reduzidas e os Estados adotavam pactos mercantis e políticas de
reciprocidade de tratamento, visando ao aumento do lucro com base no crescimento das
exportações.
CONSEQUÊNCIAS DA INDUSTRIALIZAÇÃO
Em seguida, o mundo experimentou um forte processo de industrialização, que culminou na
Grande Depressão na década de 1930, vindo, a seguir, a Segunda Guerra Mundial e o caos
por ela deixado. É a partir desse momento que os Estados percebem a necessidade de criar
instituições de caráter internacional, com o fim de organizar e regular tanto a política quanto a
economia mundiais.
PREFERÊNCIAS COMERCIAIS
Com o fim de restabelecer a paz, reorganizar o comércio mundial e disciplinar a concorrência
entre os países, são criados a Organização das Nações Unidas (ONU) e o Acordo Geral sobre
Tarifas Aduaneiras e Comércio (GATT) como as primeiras estruturas regulatórias com força
legal e alcance internacional a fim de estabilizar a conjuntura política e econômica do mundo
em benefício de todos os países.
A CRIAÇÃO DESSES ORGANISMOS RESULTA
NA RENÚNCIA DE PARCELA DA SOBERANIA
DOS ESTADOS, QUE É TRANSFERIDA ÀS
ORGANIZAÇÕES MULTILATERAIS.
Para Gourion e Peyrard:
EXERCENDO UM PAPEL MAIS INOVADOR, POR VEZES
[AS CONVENÇÕES INTERNACIONAIS] TÊM POR FIM
SUBSTITUIR O CONTEÚDO DA LEGISLAÇÃO INTERNA
MEDIANTE A CRIAÇÃO DE NOVAS REGRAS DE
DIREITO. NA MAIORIA DAS VEZES, [AS
CONVENÇÕES] COMPLETAM A LEGISLAÇÃO
NACIONAL DOS PAÍSES, BUSCANDO A HARMONIA
ENTRE ELAS.
(GOURION; PEYRARD, 2001, p. 62)
Todavia, a substituição das legislações implica a predominância das regras internacionais, ou
melhor, a prevalência das regras vigorantes mais evoluídas nos países. Significa dizer que o
protecionismo das grandes potências acaba por neutralizar as concessões feitas pelos países
de menor desenvolvimento no seu empenho pela harmonização da legislação e do tratamento
tributário.
Por outro lado, o tratamento igualitário, dadas as desigualdades entre os países, resulta, ao
final, em tratamento desigual e em prejuízo dos mais fracos. Em vista disso e, como
reivindicação dos países menos desenvolvidos, foi criado pelo GATT o Sistema Geral de
Preferências (SGP). Isso aboliu, em parte, o princípio da nação mais favorecida, segundo o
qual qualquer benefício ou vantagem concedido a um país integrante da OMC deve ser
estendido automaticamente aos demais.
Atendendo ao SGP, os países industrializados concedem vantagens tarifárias, ou seja,
reduzem as alíquotas do imposto de importação ou estabelecem quota de entrada de produtos
oriundos dos países de menor desenvolvimento.
Essas preferências, no entanto, não são permanentes, nem têm caráter de obrigatoriedade. Ou
seja, a qualquer momento os países industrializados podem, simplesmente e sem anuência da
outra parte, abolir as concessões. Isso pode ocorrer por duas razões:
PRIMEIRA RAZÃO
A primeira razão é que, quando os países em desenvolvimento atingem patamar econômico
mais elevado, deixam de justificar a desvantagem em termos comerciais e competitivos com os
mais desenvolvidos, em geral quando o processo industrial se desenvolve, seja em razão de
maiores investimentos internos ou externos, seja pela descoberta e utilização de novas
tecnologias. 
 
Na expressão de Cunha (1995, p. 43), “tal retirada, lembre-se, é sempre possível através de
uma posição unilateral dos países concedentes, em virtude do caráter autônomo da concessão
das preferências”. 
 
Interessa destacar que a seleção dos países beneficiários, bem como os produtos que são
objeto das preferências, não são de iniciativa dos mais desenvolvidos. Pelo contrário, são os
países beneficiários que se apresentam para esse fim, indicando os produtos que serão
contemplados pelo sistema. De maneira geral, países beneficiários são os fornecedores de
matérias-primas e produtos agrícolas, bens de menor valor agregado, aos países com grau de
desenvolvimento maior. 
 
A retirada das preferências não constitui ato de deliberação isolada. Ou seja, em regra, os
países mais evoluídos, sob o ponto de vista da produção, observam a evolução do processo
industrial dos países menos desenvolvidos, uma vez que a competitividade daquele país
requer certo tempo para a sua consolidação no mercado mundial. Os países desenvolvidos,
assim, continuam protegendo, por algum tempo, os menos desenvolvidos.
SEGUNDA RAZÃO
A segunda razão é que as preferências também podem ser suprimidas por motivação política.
É evidente que, sendo concedidas por deliberação própria, nada impede que o país
concedente, em certas situações, resolva suprimir as preferências, seja de maneira abrupta,
seja como ameaça ou alerta contra possível “desalinhamento” político ou estratégico do país
beneficiado pela preferência diante de situações de interesse do país concedente. 
 
O GATT prevê, ainda, em seus diversos artigos, o tratamento especial e diferenciado para
países em desenvolvimento, como nos art. XXVIII-bis e na Parte IV do acordo. Já pelo art.
XXVIII-bis, os países desenvolvidossão recomendados a abrir mão da reciprocidade nas
negociações tarifárias, chamada de reciprocidade menos que total, enquanto a Parte IV lista
uma série de medidas mais favoráveis aos países em desenvolvimento que podem ser
implementadas pelos países desenvolvidos.
REGRAS DE ORIGEM
As regras de comprovação da origem dos bens importados visam certificar a legitimidade do
real direito à concessão de benefícios fiscais atribuídos a produtos originários de países com
os quais tenha sido firmado tratado de comércio.
Inicialmente, há que se distinguir procedência e origem. A primeira indica o país onde a
mercadoria é embarcada, e a segunda o país onde foi efetivamente produzida ou extraída
(tratando-se de produto agrícola).
Ocorre, vez por outra, que, por conveniência ou questões de logística, determinado bem deixa
o país onde foi produzido para embarque rumo a um terceiro.
 EXEMPLO
Em certos locais onde o bem é produzido para fins de exportação não há meio de transporte
adequado para a mercadoria: uma região do México, localizada às margens do golfo, não
dispõe de navios de grande calado, tendo em vista o calado reduzido no porto que serve à
região. O alho colhido é embarcado em navios de menor porte e conduzido para portos nos
Estados Unidos da América, sendo aí reembarcado em navio de grande porte e transportado a
outros países, inclusive para o Brasil. 
 
Nesse caso, México é o país de origem e os Estados Unidos, o de procedência. Somente um
acordo de redução de tarifa aduaneira assinado com o México ― e não com os Estados
Unidos ― pode ser alegado pelo importador para fins de gozo do eventual benefício fiscal.
No âmbito do Mercado Comum do Sul (Mercosul), é considerado produto originário de um dos
países-membros aquele que contiver, pelo menos, 50% de matérias-primas ou produtos
intermediários, quando se tratar de produto industrializado, ou quando a transformação do
produto mudar a sua forma final, de modo a demandar diferente classificação na Nomenclatura
Comum do Mercosul (NCM), base da Tarifa Externa Comum (TEC).
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO
(OMC)
As atividades de comércio exterior, logicamente, envolvem todos os países do mundo, sem
exceção. Mesmo aqueles de economia mais fechada, como os antigos integrantes da União
Soviética, participavam de transações com o exterior, tendo em vista o interesse comum em
colocar no mercado externo o excesso de produção, numa operação de mão e contramão,
característica do mercado internacional. 
Tendo em vista essa característica básica e a necessidade de padronização de procedimentos
adotados nas exportações e nas importações, foram criados, com o tempo, organismos
internacionais que congregam os países exportadores e importadores e que, ao mesmo tempo,
servem de foro para debates, discussões e criação de normas que regem o intercâmbio
comercial em âmbito mundial. 
Um desses organismos e, sem dúvida, um dos mais importantes, é a OMC, criada em 1º de
janeiro de 1995. Trata-se da instituição internacional que regula o comércio entre os seus
Estados-membros. A OMC tem por base preceitos estabelecidos na Carta de Havana, de 1947,
que propôs a formação da Organização Internacional do Comércio (OIC), o Banco Mundial e o
Fundo Monetário Internacional (FMI). Frustrando as expectativas dos operados do comércio
internacional, a OIC nunca chegou a ser constituída, vigendo em seu lugar o GATT, que deixou
de existir após a Rodada de Negociações do Uruguai.
São funções primordiais da OMC:
1 Gerenciar os acordos que compõem o sistema multilateral de comércio.
2 Servir de fórum para os acordos comerciais internacionais.
3
Supervisionar a adoção do que for ajustado entre os Estados-membros, fazendo
valer a implantação do convencionado.
4
Solucionar os conflitos gerados pela aplicação dos acordos sobre o comércio
internacional entre os membros da organização, a cargo do Órgão de Solução de
Controvérsias (OSC).
 Junto ao órgão – ao qual pode recorrer aquele que se sentir prejudicado em uma disputa
comercial ou em uma negociação, que identificar a inobservância de uma regra estabelecida
pela OMC ou, ainda, que pretenda formular consulta bilateral quanto à negociação – são
representados os países, não empresas ou setores econômicos, como em outros organismos
similares.
O conselho geral, órgão máximo de deliberação da organização, segue as decisões tomadas
na conferência ministerial, que se reúne a cada dois anos, sendo a encarregada da escolha do
diretor-geral, cujo mandato à frente do conselho tem duração de quatro anos.
A atuação da OMC é pautada por alguns conceitos baseados nos princípios do comércio e
busca solucionar possíveis rivalidades entre os Estados-membros. Tais regras visam ao
estabelecimento de um comércio internacional livre e transparente. Entre eles, pode ser citado
o princípio da não discriminação, previsto nos arts. I e II do acordo, no que diz respeito ao
intercâmbio comercial de bens, e nos arts. II e XVII, quando se tratar de serviços.
Os artigos citados estabelecem o princípio da nação mais favorecida (art. I) e o princípio do
tratamento nacional (art. III). Pelo primeiro, um país é obrigado a estender aos demais
membros qualquer vantagem ou privilégio concedido a um dos membros. Já o segundo impede
a diferenciação entre produtos nacionais e importados, uma vez que, devido à liberdade de
comércio, constante do preâmbulo do acordo, o tratamento tributário dispensado ao produto
nacional não pode ser mais favorável que aquele dispensado ao produto importado.
Outro importante princípio que rege a atuação da OMC é o princípio da previsibilidade.
Segundo esse princípio, os operadores do comércio exterior carecem do conhecimento prévio
das normas atinentes às trocas internacionais e ao acesso aos mercados, bem como aos
regulamentos internos sobre os procedimentos previstos para o funcionamento das alfândegas,
tanto no que se refere à exportação quanto à importação.
A fim de garantir essa previsibilidade, o pilar básico do princípio é a consolidação dos
compromissos tarifários relativos aos bens e das listas de ofertas em serviços. O GATT,
administrado pela OMC, disciplina outras áreas correlatas ao comércio – a propriedade
intelectual, os serviços, as barreiras técnicas, além de outras, que visam impedir o uso abusivo
dos países para restringir o comércio.
 ATENÇÃO
Vale destacar, ainda, que a OMC visa assegurar aos países-membros um comércio aberto e
justo, coibindo práticas comerciais desleais como o dumping e os subsídios, que distorcem as
condições de comércio no plano mundial. O GATT trata desses princípios nos arts. VI e XVI.
Esses mecanismos de proteção comercial, contudo, só puderam ser realmente implementados
após os acordos antidumping e de subsídios, que definiram com clareza essas práticas
desleais de comércio e as medidas repressivas, com o fim de reprimir o dano causado. 
 
O art. XI, do GATT, por sua vez, impede o uso de restrições quantitativas, por meio de
proibições ou pelo uso de quotas, como meio de proteção comercial. A única forma de
regulação do comércio, segundo o acordo, é a tarifa aduaneira, entendida como a alíquota do
imposto de importação incidente sobre as mercadorias importadas, considerado o único meio
verdadeiramente transparente. As quotas tarifárias só são admitidas se estiverem previstas nas
listas de compromissos dos países.
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DUMPING
Dumping é uma prática comercial de venda de produtos ou serviço por preço abaixo do
mercado no comércio internacional. O objetivo é eliminar os concorrentes existentes no
mercado interno para, posteriormente, adotar preços mais altos, diante da falta de
concorrência.
A OMC segue suas agendas de desenvolvimento, chamadas de rodadas, da mesma maneira
como ocorria antes de 1995. A primeira delas teve lugar em Doha, no Catar, em 2001, que,
contrariamente à expectativa dos Estados-membros, não foi concluída. Essa rodada de
negociações foi palco de propostas ambiciosasque visavam tornar a globalização um processo
menos excludente, na medida em que procuravam ajudar os países menos desenvolvidos
mediante a promoção de políticas autônomas de desenvolvimento, a fim de gerar renda e
desenvolvimento interno, reduzindo a dependência de recursos financeiros externos.
UM DOS MAIORES OBSTÁCULOS AO
ENCERRAMENTO EXITOSO DESSA RODADA
SÃO AS NEGOCIAÇÕES COM VISTAS À
EXCLUSÃO DE BARREIRAS E DE SUBSÍDIOS
AGRÍCOLAS IMPOSTOS PELOS PAÍSES MAIS
DESENVOLVIDOS.
Apesar da intenção manifestada pela OMC no sentido de tornar as regras de comércio mais
suaves para os países em desenvolvimento, os Estados-membros se mostram preocupados
com os efeitos que uma política liberalizante supostamente traria, como o aumento do
desemprego nos países que não se encontram em condições de manter a concorrência com os
países de maior poder e organização comercial e industrial.
As sucessivas crises econômicas que atormentam os países mais sensíveis à desestabilização
mundial ainda são uns dos principais entraves à liberdade do comércio internacional, dadas as
medidas protetivas das economias domésticas adotadas por esses países, seja mediante a
criação de benefícios fiscais dirigidos a determinados setores, seja impondo barreiras à
comercialização de produtos estrangeiros.
Um estudo mais recente, de iniciativa da OMC, vem ocorrendo a partir do Programa de
Trabalho sobre o Comércio Eletrônico. Um dos pontos importantes atingidos diz respeito aos
diversos acordos da OMC. Trata-se da aplicação de todos os direitos, obrigações e
compromissos específicos previstos para o comércio eletrônico, tendo em vista que os acordos
não fazem distinção entre a forma ou o meio pelo qual os bens são produzidos e entregues aos
adquirentes. Uma medida da maior importância para o desenvolvimento tecnológico em todo o
mundo consistiu na decisão de não impor direitos de importação aos produtos eletrônicos.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DAS ADUANAS
(OMA)
A Organização Mundial das Aduanas (OMA), que conta atualmente com mais de 170
membros, é uma instituição de caráter intergovernamental criada em 1952, data de entrada em
vigor da Convenção para a Criação de um Conselho de Cooperação Aduaneira, a quem
sucedeu. Contudo, só a partir de 1994, a organização, sediada em Bruxelas, na Bélgica,
passou a ser chamada oficialmente de OMA.
A modernização e a adaptação das administrações aduaneiras à nova sistemática de trabalho
e de interação entre as alfândegas de todo o mundo são os pilares da organização para este
século. Com esse propósito, e a fim de fortalecer e ir além dos programas e das práticas
existentes, os membros da OMA conceberam um processo destinado a reforçar a segurança e
a facilitação do comércio internacional.
Entre outros, constituem seus objetivos o incentivo à cooperação técnica entre as
administrações aduaneiras dos países participantes e a simplificação das normas
internacionais, visando à sua aplicação de forma harmônica pelos países que a integram.
Como resultado dos trabalhos da OMA, em 1988 foi criado o Sistema Harmonizado de
Designação e Codificação de Mercadorias, ou simplesmente Sistema Harmonizado (SH), uma
classificação tarifária composta de seis dígitos. O SH é utilizado como nomenclatura oficial das
mercadorias passíveis de comercialização, seja interna ou externa, das partes contratantes da
Convenção Internacional sobre o Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de
Mercadorias e para as estatísticas comerciais dos países.
 COMENTÁRIO
A NCM, que tem por base o SH, é utilizada para designar as mercadorias sujeitas à alíquota do
imposto de importação, sendo aos dígitos previstos originariamente, mais dois, acertados entre
os países que compõem o Mercosul.
DEFESA COMERCIAL
A competitividade no plano internacional por vezes ultrapassa os limites da transparência e da
lealdade, que deveriam, idealmente, prevalecer nas relações entre os países. A ânsia das
empresas em vender seus produtos para além de suas fronteiras, assim como o incentivo de
toda natureza dos governos com o objetivo de incrementar a produção e a venda de bens ao
exterior, sobretudo por estabelecimentos industriais, pode conduzir às chamadas práticas
desleais de comércio.
O dumping e os subsídios são práticas lesivas de comércio, que demandam medidas efetivas
dos países afetados, previstas em acordos específicos aprovados pela OMC.
DUMPING
O primeiro, que tem fundamento no art. VII do GATT, é entendido, segundo Pires (2001, p.
133), como a venda de produtos no mercado de determinado país “a preços inferiores aos
normalmente praticados em operações de mesmo nível e condições comerciais, de que os
concorrentes, prejudicados, reduzam a produção ou sejam excluídos do mercado, ou, ainda,
abandonem projeto de produção de bens similares”.
Para a maioria dos autores, assim como para a OMC, a prática lesiva ao comércio deve ser
compensada com medidas compensatórias chamadas de direitos antidumping, que se
destinam a compensar o dano ou a ameaça de dano causado à indústria instalada no país
importador, assim como o atraso na implementação de atividade produtiva projetada.
A aplicação de medidas compensatórias, contudo, não é obrigatória. O país prejudicado tem a
faculdade de avaliar a oportunidade política e a conveniência econômica da imposição dos
direitos. A não aplicação das medidas antidumping, ainda que apurada a prática danosa,
significa que a medida deve ser sopesada sob uma perspectiva ampla, de nível
macroeconômico. A finalidade da medida é a proteção da economia como um todo, não dos
produtores em particular.
Se a intenção de dolo não é suficiente para a imposição de direitos, tampouco o dolo, por si,
configura a prática do dumping. O que importa para a sua caracterização é o prejuízo efetivo
ou potencial sofrido pela indústria local do país importador. Convém deixar claro, porém, que,
embora isoladamente não seja elemento imprescindível à comprovação do dumping, o dolo
constitui sempre indício considerável, que deve ser levado em conta no processo.
O montante dos direitos antidumping é estabelecido com base em processo regular de
apuração, levado a efeito no país de importação, após o cotejo do preço da exportação com o
valor normal de venda do produto para fins de consumo no mercado interno do país
exportador.
A apuração tem em vista não só confirmar a prática do ato lesivo, como também determinar o
grau de retração dos negócios no mercado no país importador, identificar possíveis desvios nos
padrões de consumo e, ainda, constatar a mudança de rumo verificada na evolução da técnica
utilizada na industrialização do bem objeto de dumping.
O processo de apuração visa, ainda, estabelecer a correlação existente entre esses fatores e a
queda no volume de produção de bem similar ou do preço praticado no mercado interno do
país de importação (JESUS, 1992, p. 42), condição sine qua non para a confirmação da
ocorrência do dumping.
Segundo as regras do GATT, para mensurar o dano, deve-se considerar a margem de dumping
obtida após a comparação entre o preço de exportação e o valor normal da mercadoria vendida
no país exportador para fins de consumo interno.
Considera-se como valor normal o preço comparável de produto similar, em uma venda no
mercado interno do país de origem, em condições normais de venda em um mercado livre.
Conforme dispõe o art. 2.8 do acordo antidumping, “produto similar” deve ser entendido como o
produto idêntico, ou seja, igual em todos os seus aspectos ao produto objeto de exame. Na
falta de produto igual em todos os aspectos, complementa o acordo, o produto é similar quando
apresenta características que muito o aproximam do produto em questão.
 ATENÇÃO
As medidas antidumping visam neutralizar a prática danosa à economia do país, não podendo,
sob qualquer pretexto, restringir o comércio internacional. Sua finalidade é eliminar fatores que
obstaculizam o livre comércio entre as nações, expurgando as causas do dano ou daameaça
de dano, ou do retardamento da implantação de indústria nacional, razão pela qual o montante
dos direitos antidumping não pode exceder a margem de dumping.
SUBSÍDIO
Outra prática desleal de comércio, desta vez praticada pelos governos do país exportador,
consiste no subsídio, entendido como toda ajuda oficial de governo, com o fim de estimular a
produtividade de indústrias instaladas no país. O subsídio tem por objetivo promover o
desenvolvimento de setores estratégicos sob o ponto de vista econômico, ou de regiões mais
atrasadas, além de servir como instrumento de incentivo às exportações.
A concessão de subsídios e a adoção de medidas compensatórias há longo tempo vêm
preocupando as autoridades dos países envolvidos no comércio mundial. O Tariff Act, de 1789,
presumivelmente, foi a primeira lei de comércio a tratar do assunto.
O assunto mereceu a atenção dos países durante a Rodada do Uruguai do GATT, na qual foi
aprovado o Acordo sobre Subsídios e Medidas Compensatórias (ASMC), sucedâneo do Acordo
sobre Interpretação e Aplicação dos artigos VI, XVI e XXIII do GATT, conhecido como Código
de Subsídios de 1979, firmado com a conclusão da Rodada de Tóquio de negociações.
O art. 1º, do ASMC do GATT, de 1994, define subsídio como um “benefício que consiste em
contribuição financeira do governo, ou de organismo público a serviço do governo, que
implique transferência direta de recursos em benefício de atividades econômicas” (PIRES, p.
202).
Em termos gerais, portanto, pode-se dizer que subsídio é todo auxílio oficial, de ordem
financeira, cambial, comercial ou fiscal, concedido direta ou indiretamente ao industrial, assim
como ao exportador ou grupo de exportadores, estabelecidos em uma área geográfica, com o
fim de estimular a exportação de determinado produto.
O incentivo fiscal concedido para fins de instalação de indústrias ou de polos industriais em
regiões economicamente menos favorecidas, embora seja subsídio, não constitui violação aos
dispositivos do acordo, uma vez que visa estimular a produção, gerar empregos e aumentar a
renda nacional.
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SUBSÍDIO
Os subsídios são objeto de atenção especial por parte da OMC, tendo em vista as
distorções que provocam no comércio internacional, na medida em que alteram, assim
como o dumping, as relações de trocas.
 COMENTÁRIO
A imposição de direitos compensatórios, facultativa, assim como já visto para o caso de
dumping, é orientada por critérios de ordem econômica e política do país importador. Tendo em
vista a neutralidade da função que exercem, os direitos compensatórios, igualmente, não
podem superar, em valor, o montante dos subsídios concedidos.
No vídeo a seguir, o professor Adilson Rodrigues fala sobre os mecanismos de defesa
comercial:
ALFANDEGAMENTO E RECINTOS
ALFANDEGADOS
As mercadorias importadas ou exportadas transitam pelos portos, aeroportos e pontos de
fronteira, assim considerados todo e qualquer ponto de entrada e saída de mercadorias
provenientes do exterior ou a ele destinada. Para o funcionamento regular, esses recintos, de
zona primária, devem ser declarados alfandegados após a inspeção feita pela
Superintendência Regional da Receita Federal da região fiscal a que estiverem subordinados.
O alfandegamento é precedido da verificação pela autoridade aduaneira, bem como por outras
autoridades de Marinha e Aeronáutica, que se certificarão de que o local reúne condições
apropriadas para o fim a que se destina, e somente por eles poderá ser efetuada a entrada e a
saída de produtos importados ou exportados.
Nos portos, aeroportos e pontos de fronteiras alfandegados, poderão transitar ou estacionar
veículos em operação de carga ou descarga e, ainda, embarcar, desembarcar ou transitar
pessoas procedentes do exterior ou a ele destinados, exceto quando se tratar de mercadorias
conduzidas por linhas de transmissão ou por dutos ligados ao exterior.
Os recintos alfandegados poderão ser localizados na zona primária ou na zona secundária, e
neles poderá se dar, sempre sob o controle das autoridades aduaneiras, a movimentação, a
armazenagem e o despacho aduaneiro de mercadorias, ainda que sob regime aduaneiro
especial, o desembaraço de bagagem e a chegada de remessas postais internacionais.
 COMENTÁRIO
Vale lembrar que as lojas francas, que igualmente dependem do alfandegamento para
funcionar, são instalações de zona primária.
TIPOS DE ALFANDEGAMENTO
Alfandegar determinado recinto, seja de zona primária, seja de zona secundária, em sentido
jurídico, significa dotar o local de condições para a atracação e a movimentação de veículos, e
para a atuação dos órgãos de controle, não só sobre o comércio de importação e exportação,
mas também sobre o trânsito de pessoas.
Os portos, os aeroportos e os pontos de fronteira somente poderão ser alfandegados após
vistoria depois de atendidas as condições de instalação do órgão de fiscalização aduaneira e
de infraestrutura indispensável à segurança fiscal.
Resguardado o competente procedimento licitatório quando se tratar de permissão ou de
concessão de serviços públicos, o interessado no alfandegamento deverá:
Atestar a sua regularidade fiscal
Comprovar a disponibilidade de recursos humanos e materiais necessários aos serviços que ali
serão realizados
Firmar termo pelo qual assuma a condição de fiel depositário da mercadoria sob sua guarda
A área aduaneira, por sua complexidade de operações, ainda é dotada de silos ou tanques,
para armazenamento de produtos a granel. Estão localizados em áreas contíguas a porto
organizado ou instalações portuárias, cuja ligação se dá por tubulações, esteiras rolantes ou
similares, instaladas em caráter permanente, que também poderão ser alteradas para se
adequar à necessidade de controle e fiscalização pelas autoridades aduaneiras.
No que tange aos requisitos técnicos e operacionais imprescindíveis às operações de comércio
exterior, as áreas e os recintos alfandegados deverão manter locais separados para o
manuseio de mercadorias importadas e para as destinadas à exportação.
Por fim, os locais alfandegados deverão ser providos de todo mobiliário necessário, meios de
segurança, informatização, equipamentos, balanças, instrumentos e aparelhos de inspeção em
veículos de diversos tipos, edifícios frigorificados, se for o caso, cuidados especiais para
produtos perecíveis, químicos ou tóxicos, além de sistema de controle a distância das
atividades e da movimentação ali realizadas no exercício das operações.
Nos pontos de fronteira com outros países, só é permitido o tráfego de veículos matriculados
nas duas cidades. Poderão ser estabelecidas restrições à movimentação de cargas, pessoas e
veículos, a critério da autoridade regional da Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil,
em que está incluído o cadastramento das pessoas que regularmente cruzam a fronteira.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA A RESPEITO DO COMÉRCIO
EXTERIOR.
A) A OMC é a instituição internacional que regula o comércio entre os Estados-membros da
ONU.
B) A atuação da OMC é pautada por alguns conceitos baseados nos princípios do comércio e
busca solucionar possíveis rivalidades entre os Estados-membros da ONU.
C) A OMC e a OMA são associações civis sem fins lucrativos criadas nas esferas nacionais.
D) Entre os objetivos da OMA, constam o incentivo à cooperação técnica entre as
administrações aduaneiras dos países participantes e a simplificação das normas
internacionais, visando à sua aplicação de forma harmônica pelos países que a integram.
2. QUANTO AO ALFANDEGAMENTO, ASSINALE A ALTERNATIVA
CORRETA.
A) Alfandegar determinado recinto, em sentido econômico, significa dotar o local de condições
para a atracação e a movimentação de veículos e para a atuação dos órgãos de controle.
B) O alfandegamento dispensa procedimento licitatório.
C) Os locais alfandegados deverão ser providos de todo mobiliário necessário, meios de
segurança, informatização, equipamentos,balanças, instrumentos e aparelhos de inspeção em
veículos de diversos tipos, e edifícios frigorificados.
D) Não são obrigados ao alfandegamento prévio os recintos que servem aos regimes
aduaneiros especiais.
GABARITO
1. Assinale a alternativa correta a respeito do comércio exterior.
A alternativa "D " está correta.
 
Pode ser extraído esse objetivo à luz da Convenção para a Criação de um Conselho de
Cooperação Aduaneira.
2. Quanto ao alfandegamento, assinale a alternativa correta.
A alternativa "C " está correta.
 
Alternativa correta de acordo com o Decreto nº 6.579/2009.
MÓDULO 3
 Analisar o papel da Administração aduaneira
INTRODUÇÃO
Conforme disposto no Decreto nº 6.759/2009, a Administração aduaneira, exercida por
auditores fiscais da Receita Federal do Brasil, compreende a fiscalização e o controle sobre as
atividades de comércio exterior, tarefa considerada essencial à defesa dos interesses
fazendários nacionais.
O horário e os dias de funcionamento e de exercício de funções nas repartições aduaneiras,
assim como nos recintos alfandegados, serão fixados de acordo com as peculiaridades de
cada local.
Eventualmente, o importador, o exportador, o transportador ou, ainda, qualquer pessoa que
atue no comércio exterior poderá requerer o exercício da atividade aduaneira fora do
expediente normal, devendo ressarcir as despesas havidas com a realização desse trabalho,
que pode ser considerado como de caráter extraordinário.
Na hipótese de importação por conta e ordem, o importador, o exportador e o adquirente da
mercadoria têm a obrigação de manter em boa guarda e ordem, pelo prazo decadencial
estabelecido na legislação tributária, todos os documentos instrutivos das transações
realizadas. Essa exigência alcança, inclusive, a troca de correspondência entre importador e
exportador, os documentos de negociação e a fixação de preços, os relativos ao frete e ao
seguro, além de outros que a Receita Federal venha a tornar obrigatórios por meio de atos
administrativos.
O disposto no parágrafo anterior se estende ao despachante aduaneiro, ao transportador, ao
agente de carga, ao depositário e aos demais intervenientes em operações de comércio
exterior no que diz respeito aos documentos e registros relativos às transações em que
intervierem.
E, para finalizar, as pessoas físicas ou jurídicas exibirão aos auditores fiscais da Receita
Federal do Brasil, sempre que exigidos, as mercadorias, os livros fiscais e gerais, os
documentos mantidos em arquivos magnéticos ou assemelhados e todos os documentos, em
uso ou já arquivados, considerados necessários à fiscalização.
 SAIBA MAIS
Além disso, é franqueada à Receita Federal o acesso a seus depósitos, a qualquer outra
dependência, aos veículos, aos cofres e outros móveis, a qualquer hora do dia ou da noite
(neste caso, desde que à noite os estabelecimentos estejam funcionando).
FUNÇÕES DA ALFÂNDEGA
Desde tempos remotos, a atividade aduaneira está ligada ao desenvolvimento econômico.
Assim entendido, pode-se afirmar que o crescimento econômico dos países, que decorre do
aumento da produção agrícola, da pecuária, da atividade industrial e, consequentemente, da
intensificação do comércio e dos serviços, fez crescer o intercâmbio de bens entre países.
Alguns motivos podem ser apontados como determinantes para o crescimento da troca de
bens entre unidades produtoras e comerciais. Sem atentar para as inúmeras razões apontadas
por especialistas em comércio internacional, considere-se, basicamente, a colocação à venda
do excedente da produção.
É princípio geral e objetivo da economia a produção de bens tencionando o atendimento das
necessidades da população em que se instala o negócio. Todavia, é de se imaginar que alguns
fatores influenciem na quantidade de bens produzida, bem como no aperfeiçoamento dos
métodos utilizados. É inegável o avanço gerado pela Revolução Industrial, que incentivou a
busca por inovações tecnológicas e sua aplicação intensiva na produção. O que se chama de
excedente de produção consiste na quantidade de bens que supera as necessidades de
fornecimento e atendimento do mercado interno.
 ATENÇÃO
Cada país possui diferentes condições climáticas e de fatores de produção, tais como recursos
naturais, mão de obra qualificada ou não, conhecimentos técnicos, nível de poupança
adequado aos investimentos etc. Economistas costumam chamar esses fatores de custos
comparativos, reconhecidamente, por vezes, bastante diferenciados entre os países.
Evidentemente, há países dotados de maior quantidade desses fatores, outros de menos. De
todo modo, a especialização da produção implica maior quantidade de bens produzida a
preços mais baixos. Nesse sentido, maior vantagem terão os países se produzirem bens para
venda no mercado interno e, consequentemente, para exportação. Segundo Paul Samuelson:
O COMÉRCIO INTERNACIONAL MUTUAMENTE
PROVEITOSO MESMO QUANDO UM DOS PAÍSES
PODE PRODUZIR CADA MERCADORIA A CUSTOS
MAIS BAIXOS (EM TERMOS DE MÃO DE OBRA OU DE
TODOS OS RECURSOS) DO QUE O OUTRO.
(SAMUELSON, 1979, p. 710)
O incremento do comércio, naturalmente, requer o controle mais efetivo das fronteiras, função
primordial das alfândegas em todo o mundo. Historicamente, o papel das repartições
aduaneiras se resumia a arrecadar tributos, com os quais o país atendia a suas necessidades
de recursos. No Brasil não foi diferente. Até o império, o imposto de importação era o mais
importante tributo no país em termos de receita, chegando a alcançar mais de 70% de toda a
arrecadação federal no final do século XIX.
Nos dias atuais, o menos importante entre as funções da alfândega é garantir a arrecadação
de tributos. Muito mais significativas são as funções de:
1 Garantir a livre concorrência
2 Prevenir práticas desleais de comércio
3 Zelar pela saúde e pela segurança da população
4 Manter e conservar o patrimônio público e privado
5
Impedir a entrada ou a saída de animais ou vegetais de conservação ecológica
ou passíveis de extinção
6 Observar as regras de origem das mercadorias beneficiadas por reduções fiscais
7 Controlar o estrito cumprimento das obrigações tributárias
Esta última função, tipicamente aduaneira, não visa, tão somente, arrecadar tributos, mas,
também, reconhecer o direito às exonerações fiscais traduzidas pela imunidade, pela isenção
ou pela redução de tributos.
No exercício de todas essas funções, há que ser considerada a aproximação entre os países,
em face dos inúmeros acordos internacionais vigentes na atualidade. Os acordos comerciais,
em geral, estabelecem regras relativas a benefícios tributários. O objetivo é dinamizar as
trocas internacionais, com base na exclusão de toda e qualquer barreira possível, tanto
no plano tarifário como no não tarifário.
Não se pode negar, contudo, que, aparentemente, a autoridade aduaneira cumpre a sua
função no conjunto da Administração pública geral, exercendo o controle tributário sobre as
mercadorias que entram ou saem do território nacional. Entre as funções exercidas, incluem-
se:
1 A prevenção de fraudes consubstanciadas
2 A interposição fraudulenta de terceiros
3 O contrabando e o descaminho
4 A falsificação de documentos de importação ou de exportação
5 A ocultação dolosa de bens
6 Muitas outras normalmente praticadas no âmbito do comércio exterior
Neste ponto, é inegável o relevante papel do imposto de importação como ferramenta para a
implementação da política de comércio exterior fixada pelas autoridades do país. Por meio
desse imposto, o governo pode estimular ou desestimular o crescimento de determinados
setores da economia, bem como incentivar a produção nacional, atrair os investimentos
externos, prevenir a saída de divisas, preservar a saúde da população e o meio ambiente etc.
Trata-se, pois, da nítida função extrafiscal do Imposto de Importação e, em razão dessa
característica, o Texto Fundamental, em seu art. 153, § 1º, permite que a alteração de suas
alíquotas se dê por meio de

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