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adm irredutibilidade de remuneração e dto de greve

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Direito Administrativo III – Estácio de Sá
Prof. Gladstone Felippo Santana
Aula 9
SERVIDORES PÚBLICOS – PARTE V
1. Irredutibilidade de vencimentos
Inicialmente a irredutibilidade era prevista apenas para magistrados, em
razão da garantia de desempenho imparcial e independente de sua
função específica. A CRFB/88 estendeu essa prerrogativa aos servidores
públicos em geral.
A irredutibilidade não é absoluta. Apenas protege o servidor das
chamadas reduções diretas de seus vencimentos. Não pode uma lei ou
ato administrativo reduzir a parcela dos vencimentos anteriormente
fixados para o cargo.
No que tange às chamadas reduções indiretas (quando não acompanha
os índices inflacionários ou em função da incidência de impostos), não
há que se falar em proteção dos vencimentos.
Outrossim, a irredutibilidade só alcança o vencimento básico do cargo e
eventuais parcelas já incorporadas por força de disposição legal. Ficam
excluídas as parcelas remuneratórias de caráter transitório tais como
gratificações ou adicionais devidos por força de circunstancias
específicas.
2. Vinculação e teto
A CRFB/88 é clara ao proibir a vinculação ou equiparação de
vencimentos para efeito da remuneração de pessoal no serviço público
(art. 37, XIII). A proibição visa evitar o “efeito cascata” de pagamentos:
uma vez aumentada a remuneração de uma certa classe de servidores,
outras classes vinculadas à ela também se beneficiariam, causando
prejuízo ao erário e aos próprios servidores.
Quanto ao teto remuneratório, a regra é a que consta no artigo 37, XI,
CRFB/88, com redação dada pela E.C. 41/2003. Admite-se o teto remuneratório geral e o especifico (este dependendo
da entidade federativa). Como teto geral para todos os Poderes de todos
os entes federativos, é fixado o subsidio mensal, em espécie, dos
Ministros do Supremo Tribunal Federal. Quanto ao teto especifico
(subteto), foi fixado para os Municípios o subsidio do Prefeito, e para os
Estados e Distrito Federal, foram previstos 3 subtetos: no Executivo:
subsidio mensal do Governador; no Legislativo: o subsidio mensal dos
Deputados Estaduais e Distritais; no Judiciário: o subsidio mensal dos
Desembargadores do Tribunal de Justiça local, aplicável também, o
limite aos membros do Ministério Publico, Procuradores e aos
Defensores Públicos.
A despeito da regra geral acima, a E.C. 47/2005 introduziu o parágrafo
12 ao artigo 37, CRFB/88. Os Estados e o Distrito Federal passaram a
ter a faculdade de fixarem um teto único local remuneratório. O que
será feito mediante emendas às Constituições Estaduais e Lei Orgânica
(no caso do Distrito Federal). O limite único a ser respeitado deverá
corresponder ao subsidio mensal dos Desembargadores do respectivo
Tribunal de Justiça, o qual se limita a 90,25% do subsídio mensal dos
Ministros do STF (o que respeita o teto remuneratório geral descrito
acima).
O que não se sujeita ao teto – remunerações de caráter indenizatório (é
o caso da ajuda de custo, auxílio-moradia, indenização de férias não
gozadas, entre outras). Só se inserem no limite constitucional as
parcelas de caráter remuneratório, percebidas cumulativamente ou não,
incluídas vantagens pessoais ou de qualquer natureza. Em suma:
somente aquelas que se configuram como rendimentos do servidor.
Inciso XII do artigo 37, CRFB/88 - diz o dispositivo que os vencimentos
dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser
superiores aos pagos pelo Poder Executivo. O texto deixa claro que o
teto remuneratório é atribuído aos cargos do Executivo. Entretanto, o
inciso XI do mesmo dispositivo legal aponta o teto genérico pertencente
a cargos do Judiciário, no caso o teto geral é o dos Ministros do STF.
Logo, os vencimentos do Judiciário poderão ser superiores ao do
Executivo. Percebe-se, portanto, certa incompatibilidade entre ambos os
incisos, carecendo o inciso XII de aplicabilidade efetiva.
Por fim, quanto às empresas publicas e sociedades de economia mista e
suas subsidiarias, a remuneração paga por elas, quando dotadas de
recursos próprios de pessoal, não está sujeita ao limite fixado para os
demais empregados. Caso contrário (§9º do art. 37), se sujeitará ao
teto.
3. Direito de Greve
O artigo 37, VII, CRFB/88 dispõe que o direito de greve do servidor
público seria exercido nos termos e nos limites definidos em lei
complementar (atualmente “lei específica”, em virtude de alteração
dada pela E.C. 19/98).
Trata-se de uma norma de eficácia limitada, desprovida de autoaplicabilidade.
Vale dizer, o direito subjetivo de greve somente surgirá
para o mundo jurídico, quando for editada a lei ordinária. Somente essa
lei fixará o contorno do direito e os meios através dos quais poderá ser
regularmente exercido pelos servidores.
Contudo, a STF teve a oportunidade de rever sua posição e admitir a
greve dos servidores valendo-se dos preceitos estabelecidos pela Lei
que regula a greve dos trabalhadores em geral.
Carvalho Filho e Di Pietro entendem que o direito de greve constitui uma
exceção dentro do funcionalismo publico. Isso porque, para os serviços
públicos, administrativos ou não, incide o principio da continuidade.
Desse modo, esse direito não poderá ter a mesma amplitude do idêntico
direito que é conferido aos empregados da iniciativa privada.
4. Associação Sindical
A Constituição Federal assegura aos servidores públicos o direito à livre
associação sindical (artigo 37, VI). O direito de adesão ao sindicato deve
ser exercido pelo servidor com absoluta liberdade; ou seja, não há
obrigatoriedade na filiação do servidor. Como se trata o dispositivo, de
norma de eficácia plena – não está condicionada à edição de lei – tão
logo criado um sindicato, o servidor poderá filiar-se.
Restou sumulado entendimento do STF no qual “fixação de vencimentos
dos servidores públicos não pode ser objeto de convenção coletiva”
(Verbete n. 679). Com isso, acordos coletivos e convenções são
institutos incompatíveis com o regime funcional do servidor publico
(necessidade de lei).
Questão da estabilidade sindical ao empregado eleito a cargo de direção
ou representação sindical, que trata o artigo 8º, VIII, CRFB/88 –
incompatível com o regime efetivo dos servidores. Nem mesmo os
ocupantes de cargos exclusivamente em comissão possuem
estabilidade, tendo em vista o disposto no art. 37, II.Qual a função dos sindicatos de servidores, afinal? reivindicações de
caráter social em favor dos trabalhadores.
Questão da competência sobre representação sindical entre sindicatos,
entre sindicatos e trabalhadores e entre sindicatos e empregadores –
Carvalho Filho entende que é a Justiça Trabalhista, em razão do
disposto no art. 114, III. Contudo, a meu ver, a Administração em um
dos pólos da avença transfere a competência para a Justiça Comum ou
Federal.
5. Direitos Sociais dos Servidores
Além dos direitos conferidos expressamente aos servidores públicos
(artigos 39 a 41) e no relativo à Administração Pública (artigos 37 e 38),
encontram-se, também, os direitos de natureza social. Estes podem ser
divididos em dois grupos: direitos sociais constitucionais e direitos
sociais legais.
Os primeiros são objeto de referencia do artigo 39, parágrafo 3º,
CRFB/88. Quando se quiser saber se algum direito conferido aos
trabalhadores em geral se aplica aos servidores públicos, basta
consultar o dispositivo citado, o qual faz remissão aos vários direitos
sociais elencados no artigo 7º, CRFB/88.
Os direitos sociais legais são os relacionados nos estatutos funcionais
dos entes da federação. É nas leis estatutárias que se encontram tais
direitos, como o direito à pensão, à licença, os auxílios pecuniários, à
assistência à saúde, etc.

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