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GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES EDUCACIONAIS

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GESTÃO DE 
ORGANIZAÇÕES 
EDUCACIONAIS
Pablo Rodrigo Bes
Organizações públicas 
e o terceiro setor: 
marco regulatório
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identificar a fundamentação legal do marco regulatório do terceiro 
setor.
  Definir as principais mudanças trazidas pelo marco regulatório.
  Relacionar as organizações públicas com o terceiro setor na educação.
Introdução
Para que possa atender às mais variadas demandas sociais que se encon-
tram presentes em território nacional, a administração pública precisa 
estabelecer parcerias com organizações da sociedade civil que tenham 
como finalidade principal atender ao universo dessas demandas nas áreas 
da alimentação, da saúde, da educação, da cultura, do meio ambiente, 
da participação em políticas públicas, entre outras.
Neste capítulo, você vai conhecer as leis que fundamentam o marco 
regulatório do terceiro setor, bem como as mudanças trazidas na legis-
lação atual. Também vai aprender sobre como as organizações públicas 
se relacionam com o terceiro setor na área da educação.
Fundamentação legal do terceiro setor
Para começar os nossos estudos sobre o terceiro setor e as suas particularidades, 
é importante destacar que o Brasil apresentou uma evolução importante nessa 
área nas últimas décadas, deixando de focar as atividades das organizações 
desse setor somente nas áreas típicas relacionadas com a caridade, como a 
alimentação e a saúde. Assim, o leque de atuação foi ampliado para a busca 
da concretização de inúmeros outros direitos sociais previstos no art. 6º da 
Constituição Federal: “Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimen-
tação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência 
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, 
na forma desta Constituição” (BRASIL, 1988, documento on-line).
Vale ressaltar ainda que a atuação das organizações do terceiro setor vem 
a complementar as ações dos órgãos da administração pública, conceituada 
como primeiro setor, na busca pela promoção desses direitos sociais a todos os 
indivíduos que compõem a sociedade brasileira. Em outras palavras, busca-se 
pelo bem público da coletividade por meio da parceria entre o primeiro e o 
terceiro setor (o segundo setor é composto pelas empresas que têm finalidades 
lucrativas como objetivo da sua existência).
Os autores Salamon e Anheier (1996) definem que uma organização do 
terceiro setor deve apresentar cinco características específicas: 
1. devem ser organizadas;
2. devem ser privadas;
3. devem ser sem fins lucrativos;
4. devem ser autogovernáveis;
5. devem ser voluntariadas.
Nesse sentido, uma organização da sociedade civil que atue no terceiro 
setor deve apresentar-se de forma organizada, isto é, ter algum grau de insti-
tucionalização; ser privada, ou seja, separada da esfera pública do governo; 
não possuir distribuição de lucros; ser autônoma em suas ações de comando; 
e, por fim, apresentar algum grau de participação voluntária nas suas ações.
É importante destacar que as organizações do terceiro setor têm caracterís-
ticas próprias na sua organização, estrutura, fundamentação legal e nos seus 
objetivos. Ao referir-se ao setor, Cabral (2017) ainda acrescenta que a gestão 
dessas organizações que atuam nesse espaço público também é peculiar, pois 
elas lidam com a vida das pessoas e os seus valores sociais. Por essa razão, 
é necessário um modelo próprio de gestão. Ioschpe (2005, p. 27) define o 
terceiro setor da seguinte forma: 
O conjunto das organizações sem fins lucrativos, criadas e mantidas pela 
ênfase na participação voluntária, num âmbito não-governamental, dando 
continuidade às políticas tradicionais da caridade, da filantropia e do me-
cenato e expandindo o seu sentido para outros domínios, graças, sobretudo, 
à incorporação do conceito de cidadania e de suas múltiplas manifestações 
na sociedade civil. 
Organizações públicas e o terceiro setor: marco regulatório2
Como, em nosso País, o início das discussões sobre cidadania é relati-
vamente recente — posterior à Constituição Federal de 1988 —, a forma de 
entender a necessidade da participação de todos para o alcance de objetivos 
sociais e do apoio à gestão pública realizada pelo Estado ainda é um ponto 
frágil na cidadania social no Brasil. Porém, a partir da evolução do terceiro 
setor, houve grande progresso nessa área nas últimas décadas. Segundo o 
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (LOPEZ, 2018), existem 820.000 
organizações da sociedade civil (OSCs) com Cadastro Nacional de Pessoa 
Jurídica (CNPJ) atualizado, com base nos dados relativos a 2016. Destaca-se 
ainda a importância dessas organizações:
As organizações da sociedade civil (OSCs) no Brasil definem temas centrais 
em discussões na esfera pública e exercem atividades de interesse coletivo 
que ecoam os setores mais diversos da sociedade. Irradiar campanhas para 
enfrentara violência de gênero, ampliar a oferta de leitos no sistema nacional 
de saúde, propor metodologias de ensino alternativas em escolas, preservar a 
fauna e aflora das ameaças da intervenção humana são exemplos do amplo e 
diverso espectro de políticas sob alçada das OSCs e constituem parte essencial 
das capacidades de formular e implementar do próprio poder público. Mesmo 
o Estado equipado com os mais abrangentes e criativos quadros da burocracia, 
requer essa colaboração (LOPEZ, 2018, documento on-line).
Vale reforçar que o terceiro setor é composto pelas iniciativas privadas que 
não visam lucros, isto é, iniciativas dentro da esfera pública que não são feitas 
pelo Estado, e sim pelas pessoas, ao colocarem em prática a sua cidadania. 
Isso normalmente ocorre de forma voluntária e espontânea. Passe a observar 
a sua volta e vai perceber que existem muitas possibilidades de atuar como 
voluntário no seu bairro e na sua cidade, em diversas causas sociais que podem 
beneficiar a sociedade.
Há inúmeras organizações que fazem parte do terceiro setor, o que às vezes 
pode causar até mesmo confusão em relação à sua nomenclatura:
  Associação;
  Entidade;
  Utilidade pública;
  Organização Social (OS);
  Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP);
  Organização Não Governamental (ONG);
  Filantrópica;
  Cooperativas sociais;
3Organizações públicas e o terceiro setor: marco regulatório
  Instituição;
  Fundação;
  Organização religiosa;
  Institutos.
Essa grande quantidade de organizações que objetivam atender às de-
mandas sociais complementando a ação do Estado costumam ser regidas por 
leis específicas. Isso impulsionou a existência de um marco regulatório que 
normatize, estabeleça regras e proponha os instrumentos legais que serão 
utilizados para o estabelecimento das parcerias público-privadas entre o pri-
meiro e o terceiro setor. Assim, em 2014 e 2015 foram criadas as legislações, 
que ficaram conhecidas como o Marco Regulatório das Organizações da 
Sociedade Civil (MROSC). São as seguintes leis que fundamentam o terceiro 
setor na atualidade:
  Constituição Federal de 1988;
  Lei nº. 9.637, de 15 de maio de 1998;
  Lei nº. 9.790, de 23 de março de 1999;
  Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil);
  Lei nº. 12.101, de 27 de novembro de 2009;
  Lei nº. 13.019, de 31 de julho de 2014;
  Lei nº. 13.151, de 28 de julho de 2015;
  Lei nº. 13.204, de 14 de dezembro de 2015.
A Constituição Federal de 1988 traz, no seu corpo, alguns princípios que 
servirão de base para que o terceiro setor possa se estabelecer com maior 
importância no interior de nossa sociedade. Podemos citar, por exemplo, o art. 
1º do texto, que define como um dos fundamentos do Estado Democrático de 
Direito a cidadania (BRASIL, 1988). A cidadania não representa unicamente 
aquele que possui direitos políticos, mas a integração das pessoas com o Estado 
em todos os aspectos.
No art. 3º, ao expor os objetivos fundamentais da República Federativado 
Brasil, encontramos o seguinte texto: “I – construir uma sociedade livre, justa 
e solidária” (BRASIL, 1988, documento on-line). O princípio da solidariedade 
é o que costuma mover os membros da sociedade civil para que se articulem 
em organizações de natureza privada com o objetivo de realizar ações sociais 
e voluntárias que complementem a atuação do Estado.
O art. 5º da Constituição Federal, ao definir os direitos e deveres indi-
viduais e coletivos, estabelece como direito a plena liberdade de associação 
Organizações públicas e o terceiro setor: marco regulatório4
e a criação de associações. Há ainda na Constituição Federal o princípio da 
subsidiariedade, que estabelece como protagonistas em suas áreas de atuação 
as organizações não governamentais, respectivamente na área da saúde (art. 
199), na assistência social (art. 204), na cultura (art. 216), em relação à família, 
à criança e ao idoso (art. 227), e também para a área da educação:
Art. 213 Os recursos públicos serão destinados às escolas públicas, podendo 
ser dirigidos a escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas, defi-
nidas em lei, que: I — comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem seus 
excedentes financeiros em educação; II — assegurem a destinação de seu 
patrimônio a outra escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao 
Poder Público, no caso de encerramento de suas atividades (BRASIL, 1988, 
documento on-line, grifo nosso).
A Lei Federal nº. 9.637/1998 regula as Organizações Sociais, reforçando 
que estas deverão obedecer aos princípios constitucionais da administração 
pública: “Art. 7.º Na elaboração do contrato de gestão, devem ser observados 
os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, econo-
micidade [...]” (BRASIL, 1998, documento on-line).
A Lei Federal nº. 9.790/1999 é a que define e regulamenta as Organizações 
da Sociedade Civil de Interesse Público, citando em seu art. 4º a seguinte 
exigência: “[...] para qualificarem-se como Organizações da Sociedade Civil 
de Interesse Público, que as pessoas jurídicas interessadas sejam regidas por 
estatutos cujas normas expressamente disponham sobre: I – a observância dos 
princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, economi-
cidade e da eficiência” (BRASIL, 1999, documento on-line).
O Código Civil brasileiro (Lei nº. 10.406/2002) define quem são as pessoas 
jurídicas de direito privado:
Art. 44 São pessoas jurídicas de direito privado: 
I — as associações; 
II — as sociedades;
 III — as fundações.
 IV — as organizações religiosas; 
 V — os partidos políticos. 
 VI — as empresas individuais de responsabilidade limitada (BRASIL, 2002, 
documento on-line).
Perceba que o Código Civil enquadra como pessoas jurídicas de direito 
privado as associações, fundações e organizações religiosas, que, com o marco 
regulatório, passam a fazer parte significativa do terceiro setor.
5Organizações públicas e o terceiro setor: marco regulatório
A Lei nº. 12.101/2009 dispõe sobre a certificação das entidades beneficen-
tes da assistência social, definindo em seu art. 1º que “[...] certificação das 
entidades beneficentes de assistência social e a isenção de contribuições para 
a seguridade social serão concedidas às pessoas jurídicas de direito privado, 
sem fins lucrativos, reconhecidas como entidades beneficentes de assistência 
social com a finalidade de prestação de serviços nas áreas de assistência social, 
saúde ou educação [...]” (BRASIL, 2009, documento on-line).
A Lei nº. 13.019/2014 (BRASIL, 2014), alterada pela Lei nº. 13.151/2015, 
constitui na atualidade o chamado MROSC, sendo considerada extremamente 
importante para a atualização das formas como as relações entre a adminis-
tração pública e as organizações do terceiro setor ocorrem. Ela oportuniza 
maior agilidade e transparência nas modalidades de parcerias estabelecidas, 
conforme você verá no próximo tópico.
Da mesma forma, a Lei nº. 13.204/2015 (BRASIL, 2015), que alterou a 
Lei nº. 13.019/2014, trouxe uma importante contribuição ao regulamentar a 
possibilidade de remuneração dos dirigentes que exercem a gestão executiva 
das organizações do terceiro setor.
Como você pode perceber, é necessário que exista um marco regulatório 
para as ações entre o Estado e a sociedade civil organizada, com o intuito de 
estabelecer parcerias para o atendimento das inúmeras demandas sociais que 
fazem parte do cenário brasileiro atual. O MROSC fez com que pudessem ser 
revogadas inúmeras outras leis já antigas e que eram utilizadas para a gestão 
das organizações sociais, atualizando o Brasil na direção das demais nações 
mundiais que atuam fortemente no terceiro setor.
Para que uma organização social possa estabelecer as novas modalidades de con-
tratação propostas pelo MROSC com as esferas da administração pública, ela precisa 
atender, entre outros requisitos, aos seguintes tempos de existência em atividade: 
um ano de atividade para manter contrato com municípios, dois anos para firmar 
contrato com os estados e/ou o Distrito Federal, três anos de atividades no caso de 
contrato com a União. Busca-se, dessa forma, garantir a idoneidade e a eficiência das 
organizações contratadas pelo Poder Público (a, inciso V, art. 33, Lei nº. 13.204/2015) 
(BRASIL, 2015).
Organizações públicas e o terceiro setor: marco regulatório6
As principais mudanças decorrentes do marco 
regulatório das organizações da sociedade civil
As discussões em busca de uma regulamentação mais abrangente e que envolva 
todas as Organizações da Sociedade Civil no Brasil têm sido motivo de luta e 
movimentos por parte tanto dos representantes dessas OSCs quanto do próprio 
Governo Federal. O objetivo é tornar mais dinâmicas, transparentes e efi cazes 
as parcerias público-privadas estabelecidas para atender às questões sociais 
mais diversas. Esse movimento resultou na criação do MROSC, na forma das 
Leis nº. 13.019/2014 e 13.151/2015 (BRASIL, 2014; 2015). Ao analisar esse 
esforço das esferas pública e privada em torno da criação do Marco Regulatório, 
Mendonça e Falcão (2016, documento on-line) comentam:
Em 2011, foi criado um grupo de discussão sobre o marco regulatório das OSCs, 
envolvendo diversas entidades e redes dessas organizações, que se dispuseram 
em torno da Plataforma Marco Regulatório das OSCs (Plataforma OSCs, 
2011). O resultado dessa mobilização envolve muitas idas e vindas acerca de 
delicados pontos que vão culminar na aprovação da Lei 13.019, de maio de 
2014, e da Lei 13.240, de dezembro de 2015, modificando a norma anterior, 
então denominado pelos practioners de novo MROSC (Marco Regulatório 
das Organizações da Sociedade Civil). 
É importante destacar que o novo MROSC surgiu a partir da participação e 
da mobilização social de diversas entidades, o que legitima a sua elaboração de 
forma democrática. O MROSC trouxe algumas mudanças significativas para 
as parcerias realizadas entre a administração pública e as OSCs, incluindo no 
rol das organizações sociais que poderão estabelecer parcerias com a admi-
nistração pública as cooperativas e organizações religiosas que se dediquem 
a atividades de interesse público e de cunho social. 
Veja mais algumas mudanças trazidas pelo MROSC (BRASIL, 2014; 2015):
  formas de contratação;
  plano de trabalho;
  chamamento público;
  prestação de contas.
Uma importante mudança para a regulação das ações das OSCs junto ao 
Estado foi a extinção da política de convênios que era amplamente utilizada 
7Organizações públicas e o terceiro setor: marco regulatório
pelas organizações sociais para o estabelecimento de parcerias com a admi-
nistração pública. A política de convênios historicamente vinha apresentando 
problemas, em função de ter sido criada para estabelecer as relações entre entes 
públicos da federação e posteriormente ter sido estendida para as organizações 
sociais. Essas falhas fizeram com que os convênios se mostrassem frágeis 
e suscetíveis a “[...] uma série de problemas devido a falhas nalegislação e 
falta de fiscalização da administração pública” (MENDONÇA; FALCÃO, 
2016, documento on-line). Esses problemas envolvem, inclusive, escândalos 
de corrupção resultantes do repasse indevido do dinheiro público para alguns 
desses convênios. 
Entretanto, os Termos de Parceria estabelecidos com base na Lei nº. 
9.790/1999 entre o Poder Público e as organizações sociais que se qualifi-
caram como OSCIPs continuam valendo, mesmo após o Marco Regulatório 
(BRASIL, 1999). Com o novo MROSC, foram criadas outras três formas de 
contratação entre o Poder Público e as Organizações da Sociedade Civil: o 
Termo de Colaboração, o Termo de Fomento e o Acordo de Cooperação.
O Termo de Colaboração, segundo a Lei nº. 13.240/2015, art. 2º, inciso 
VII, é o “[...] instrumento por meio do qual são formalizadas as parcerias 
estabelecidas pela administração pública com organizações da sociedade civil 
para a consecução de finalidades de interesse público e recíproco propostas pela 
administração pública que envolvam a transferência de recursos financeiros” 
(BRASIL, 2015, documento on-line). Nesse Termo, as finalidades necessárias 
para que se desenvolvam as atividades das OSCs partem da administração 
pública, que busca parcerias para a execução de seus programas, projetos e 
políticas públicas.
O Termo de Fomento, segundo a Lei nº. 13.240/2015, art. 2º, inciso VIII, 
é definido como o “[...] instrumento por meio do qual são formalizadas as 
parcerias estabelecidas pela administração pública com organizações da 
sociedade civil para a consecução de finalidades de interesse público e re-
cíproco propostas pelas organizações da sociedade civil, que envolvam a 
transferência de recursos financeiros” (BRASIL, 2015, documento on-line). 
Aqui as propostas das ações — que objetivam atender a uma finalidade pública 
social — partem das OSCs, que buscam na administração pública os recursos 
de que necessitam para a implementação dos seus projetos.
O Acordo de Cooperação, por sua vez, de acordo com a Lei nº. 
13.240/2015, art. 2º, inciso VIII-A, é o “[...] instrumento por meio do qual 
são formalizadas as parcerias estabelecidas pela administração pública 
com organizações da sociedade civil para a consecução de finalidades de 
Organizações públicas e o terceiro setor: marco regulatório8
interesse público e recíproco que não envolvam a transferência de recursos 
financeiros” (BRASIL, 2015, documento on-line). Nesse tipo de parceria 
estabelecido entre as OSCs e o Poder Público, não existe o repasse de re-
cursos financeiros. Lembre-se de que muitas OSCs se mantêm por meio da 
participação da sociedade e de doações de empresas privadas, realizadas 
para o custeio das suas atividades. 
A Lei nº. 13.204/2015 simplificou muito o plano de trabalho a ser re-
alizado pelas OSCs com a finalidade de execução do objeto existente no 
instrumento contratual (Termo de Colaboração ou de Fomento) adotado entre 
as organizações e o Poder Público. Assim, o plano de trabalho resumiu-se à 
descrição da realidade, ao objeto da parceria, às metas a serem atingidas e os 
respectivos projetos a serem executados, à forma de execução a ser adotada, 
à previsão de receitas e despesas para a execução das atividades e projetos, e 
à definição de parâmetros que serão utilizados para mensurar o alcance das 
metas (BRASIL, 2015).
O chamamento público, segundo a Lei nº. 13.204/2015, é o “[...] proce-
dimento destinado a selecionar organização da sociedade civil para firmar 
parceria por meio de termo de colaboração ou de fomento” (BRASIL, 2015, 
documento on-line). A sua obrigatoriedade tornou o processo de busca por 
parcerias mais transparente, garantindo a publicidade das ações do Poder 
Público e a isonomia na participação de todas as OSCs interessadas. O chama-
mento público também foi simplificado. Devem constar nos editais públicos, 
divulgados com antecedência mínima de 30 dias, especificações relativas 
aos seguintes critérios: objetos, metas, custos e indicadores quantitativos e 
qualitativos de avaliação de resultados. Por meio dos editais públicos de chama-
mento, as OSCs podem perceber se as áreas nas quais o Poder Público precisa 
estabelecer parcerias se alinham com o tipo de trabalho que elas executam e, 
assim, participar do processo seletivo juntamente com outras organizações.
As doações de empresas privadas para as organizações sociais são realizadas dentro 
da lógica do Investimento Social Privado, que parte do princípio de que a empresa 
privada que realiza investimentos em ações de natureza social, além de consolidar o 
seu marketing, poderá se aproximar mais dos seus clientes e até mesmo prospectar 
novos no mercado.
9Organizações públicas e o terceiro setor: marco regulatório
A prestação de contas tornou-se mais ágil e facilitada, sendo realizada via 
plataforma eletrônica e por meio da análise dos documentos constantes no 
plano de trabalho e dos seguintes relatórios (acrescidos pela Lei nº. 13.204/2015, 
art. 66):
I — relatório de execução do objeto, elaborado pela organização da sociedade 
civil, contendo as atividades ou projetos desenvolvidos para o cumprimento 
do objeto e o comparativo de metas propostas com os resultados alcançados;
II — relatório de execução financeira do termo de colaboração ou do termo 
de fomento, com a descrição das despesas e receitas efetivamente realizadas 
e sua vinculação com a execução do objeto, na hipótese de descumprimento 
de metas e resultados estabelecidos no plano de trabalho (BRASIL, 2015, 
documento on-line).
Convém esclarecer que o MROSC dispensa o chamamento público no caso de atividades 
ou projetos voltados ou vinculados à Educação ou integrantes do Sistema Único de 
Saúde (SUS) ou do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), desde que executados 
por OSCs previamente credenciadas pelo órgão gestor da respectiva política.
Outra importante mudança ocasionada pelo Marco Regulatório diz respeito 
ao tempo de existência das OSCs para que possam estabelecer parcerias com 
os entes da federação. O MROSC alterou a Lei nº. 9.790/1999, passando a 
estabelecer que as organizações sociais devem ter no mínimo três anos de 
existência para que possam vir a qualificar-se como Organizações da Sociedade 
Civil de Interesse Público. 
O MROSC possibilitou ainda que os dirigentes de organizações sociais 
pudessem vir a receber remunerações pelo seu trabalho de condução executiva 
da organização, conforme regulamentado pela Lei nº. 13.151/2015. Também 
permitiu que organizações sociais estabelecidas há mais de cinco anos possam 
organizar-se em rede para atuar em território brasileiro, desde que comprovem 
a sua capacidade de coordenação de atividades.
Ao comentar sobre o grande avanço que o MROSC significa para as 
relações entre a administração pública e as organizações sociais, Barbosa 
(2015, documento on-line) enfatiza que “[...] antes tínhamos uma lei que 
engessava e exercia um processo policialesco em cima das entidades, com 
Organizações públicas e o terceiro setor: marco regulatório10
exigências de difícil alcance para entidades desse país, principalmente 
aquelas de pequenos municípios, inviabilizando assim as parcerias”. Em 
outras palavras, o Estado precisa que as organizações sociais realizem as 
suas atividades para que ele possa atender plenamente as mais diversas 
demandas sociais, e o que se presenciava historicamente era certa descon-
fiança e engessamento da administração pública — a partir de inúmeras 
exigências burocráticas, técnicas e documentais — que fazia com que muitas 
organizações sociais deixassem de atuar em parceria com o Poder Público. 
Santoro e Barbosa (2017), ao analisarem o MROSC e a sua influência para 
o trabalho de coordenação das atividades das organizações sociais realizado 
pelos gestores, afirmam ainda:
O Marco Regulatório do Terceiro setor no Brasil, trouxe uma inovação ao 
facilitar a captação de recursos públicos, desburocratizando o processo e tor-
nando mais fácil a fiscalização da aplicação da verba pública concedida.Mas 
inovou também, e principalmente, apresentando-se como dispositivo jurídico 
de vanguarda, alinhado com as melhores práticas de gestão por resultado, 
ao permitir a remuneração de dirigentes e gestores de OSCs, acenando para 
a sociedade que a profissionalização é necessária para que as Instituições 
continuem a prestar os relevantes serviços que prestam, uma vez que torna-
-se impossível a sua prestação pela esfera pública (SANTORO; BARBOSA, 
2017, documento on-line).
Como podemos perceber, a partir do MROSC, o Brasil avança conside-
ravelmente na flexibilização e no incentivo das atividades do terceiro setor. 
Dentro de uma racionalidade neoliberal que se expande internacionalmente, 
isso é essencial para que ele continue crescendo, desenvolvendo-se e fazendo 
a gestão das mazelas sociais que nos acometem.
Com o MROSC, as organizações religiosas que se destinam a trabalhar em atividades 
ou projetos de interesse público e de cunho social, distintas daquelas com finalidade 
exclusivamente religiosa, passam a ser consideradas como Organizações da Sociedade 
Civil, compondo o terceiro setor. Muitas dessas organizações religiosas atendem 
a inúmeros cidadãos por meio dos seus trabalhos nas áreas da saúde, drogadição, 
alimentação e educação, representando uma importante contribuição para as ações 
do Poder Público.
11Organizações públicas e o terceiro setor: marco regulatório
As organizações do terceiro setor e a sua 
atuação na área da educação
A relação do setor educacional público com o setor privado não é recente: 
nas questões de assessoramento técnico, pedagógico e fi nanceiro, elas vêm 
ocorrendo desde a década de 1960, a partir da imposição de organismos in-
ternacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial 
(BM) e a própria Organização das Nações Unidas (ONU), via UNICEF. Por 
isso, alguns autores atualmente procuram utilizar o termo “privatização” 
para referir-se a essa associação do Poder Público com as organizações 
privadas, uma vez que ela abrange também as que têm fi nalidade lucrativa. 
Como a nossa intenção é colocar maior ênfase nas organizações sociais, 
vamos continuar utilizando o termo “parceria”, diferenciando-o das parcerias 
público-privadas (PPP).
Vale lembrar que na Constituição Federal de 1988 temos, por um lado, 
a afirmação de que o acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito pú-
blico subjetivo (art. 208, VII, § 1º) e, por outro, que ele também poderá ser 
ofertado pela iniciativa privada (art. 209). Indo um pouco mais além na 
interpretação do texto constitucional referente à educação, você pode notar 
que é permitida a destinação de recursos públicos a escolas comunitárias, 
confessionais ou filantrópicas (art. 213), desde que estas cumpram com certas 
regras (BRASIL, 1988).
Parceria público-privada é o termo utilizado para as associações entre o Poder 
Público e organizações privadas com fins lucrativos, que não são o objeto principal 
do nosso estudo.
Ao analisar essa relação público-privada e a educação proposta na Cons-
tituição Federal de 1988, De La Plane, Caiado e Kassar (2016, documento 
on-line) comentam: “[...] afirma-se, assim, a ideia de que a educação é um 
direito da população e um dever do estado e, ao mesmo tempo é reconhecida 
como atividade privada, submetida, portanto, à lógica do mercado”. Pode-
mos entender que a educação no Brasil sempre esteve atrelada a parcerias 
com organizações do terceiro setor, que muitas vezes se encarregaram de 
Organizações públicas e o terceiro setor: marco regulatório12
assumi-la plenamente — como é o caso da educação infantil, da educação 
especial e de outras iniciativas de suporte e inserção de jovens estudantes 
no mercado de trabalho.
Nesse sentido, alguns setores educacionais historicamente têm sido aten-
didos por iniciativas de organizações sociais do terceiro setor, como é o caso 
da educação especial no Brasil. Um exemplo amplamente conhecido são as 
Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAEs), que foram criadas 
em 1954 e continuam oferecendo apoio aos familiares e potencializando as 
aprendizagens das crianças com deficiências. Ao referir-se à importância 
histórica das APAEs para a educação especial, Jannuzi e Caiado (2013, p. 55) 
ressaltam que “[...] no primeiro estatuto da Federação Nacional das APAES 
(1963) já constavam orientações para a realização de convênios e parcerias 
com os setores público e privado”. Isso significa que, além de se preocupar 
com os seus próprios objetivos de existência, a APAE ainda buscava orientar as 
demais organizações sociais em relação aos trâmites e caminhos para melhor 
conduzir as parcerias com a administração pública.
A política pública da educação inclusiva tornou obrigatórios o acesso e 
a inclusão dos alunos com quaisquer tipos de deficiência nas redes públicas 
de ensino do sistema educacional brasileiro. Isso fez com que, num primeiro 
momento, as atividades das APAEs estivessem ameaçadas; porém, De La 
Plane, Caiado e Kassar (2016, documento on-line) concluem:
Embora a política inclusiva esteja promovendo a matrícula da população 
alvo dessa modalidade educacional nas escolas regulares e classes comuns 
e esse atendimento esteja ocorrendo principalmente pelas escolas públicas, 
as instituições com atuação exclusiva na educação especial, que atendem 
majoritariamente aos alunos matriculados em escolas especiais, têm recebido 
recursos públicos de forma crescente. As transferências do governo federal, 
estados e municípios, por meio de programas, convênios e parcerias garantem 
verbas de capital e custeio às instituições, que se caracterizam como Orga-
nizações da Sociedade Civil.
Convém esclarecer que, embora a Lei de Diretrizes e Bases de 1961 já 
citasse que a “[...] educação dos excepcionais” deveria se enquadrar no sistema 
geral de educação (BRASIL, 1961, documento on-line), foi somente a partir da 
Constituição de 1988 — com o impulso da participação brasileira nas discus-
sões da Declaração de Salamanca, em 1994 — que o tema foi inserido de fato 
na LDB vigente: “Art. 58 . Entende-se por educação especial, para os efeitos 
desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na 
rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais” 
13Organizações públicas e o terceiro setor: marco regulatório
(BRASIL, 1996, documento on-line). Somente a partir daí os estudantes com 
deficiências começaram o seu processo de inclusão nas escolas regulares, que 
precisaram se adaptar em termos estruturais e de capacitação dos seus docentes 
para essa finalidade. Assim, essa modalidade de educação deixou de ter um 
cunho assistencial e passou a ter um caráter mais pedagógico.
A Declaração de Salamanca é o resultado da Conferência Mundial sobre Necessidades 
Educacionais Especiais, realizada entre 7 e 10 de junho de 1994, na cidade espanhola 
de Salamanca, com o apoio da Unesco. Esse evento tratou de princípios, políticas e 
práticas na área das necessidades educativas especiais. Durante a conferência, a questão 
central foi a inclusão de crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais 
especiais no sistema regular de ensino.
As atividades do terceiro setor no que se refere à educação brasileira podem 
ser analisadas, especificamente em relação à educação básica obrigatória (dos 
4 aos 17 anos), segundo Adrião (2018, p. 11), a partir da sua atuação em três 
grandes áreas:
  gestão;
  oferta;
  currículo.
A gestão da educação no Brasil realizada a partir de parcerias com OSCs 
pode ocorrer tanto no âmbito da gestão educacional dos sistemas de ensino 
quanto na própria gestão escolar. Ao referir-se aos processos de transferência da 
gestão escolar para organizações sem fins lucrativos, Adrião (2018, documento 
on-line) destaca a forte presença de três segmentos na gestão educacional: “[...] 
os filantropos de risco ou venture philanthropy, as corporações propriamente 
ditas e os braços sociais dessas corporações, organizados em fundações e 
institutos.Com menor presença localiza-se organizações da sociedade civil 
articuladas a movimentos sociais”.
Para visualizar melhor como ocorre a gestão da educação realizada por 
uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos no Brasil (a exemplo 
das charter schools norte-americanas), você pode conhecer o trabalho desen-
volvido pelo Instituto de Corresponsabilidade pela Educação (ICE). Trata-se 
Organizações públicas e o terceiro setor: marco regulatório14
de uma entidade social, sem fins econômicos e que atua em prol da melhoria 
da qualidade do ensino e da aprendizagem no ensino médio, em parceria com 
a Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco. Dessa forma, a gestão 
educacional em Pernambuco está sendo realizada por meio da parceria entre 
o ICE e o Programa de Desenvolvimento dos Centros de Ensino Experimental 
(PROCENTRO), criado pelo governo de Pernambuco para essa finalidade.
Visite o portal do ICE e veja com mais detalhes a abrangência do seu trabalho acessando 
o link a seguir.
https://goo.gl/pTqGTM
As charter schools são modelos de gestão escolar já implementados em muitos estados 
nos Estados Unidos. Trata-se da realização da gestão escolar das escolas públicas por 
organizações privadas, visando à melhoria da qualidade do ensino e dos índices de 
aprendizagem de tais escolas e sistemas educacionais.
A oferta da educação a partir de parcerias com as OSCs do terceiro setor 
é muito significativa, sobretudo na educação infantil. Observa-se que, em 
muitos municípios brasileiros estão sendo firmadas parcerias com escolas 
comunitárias, oriundas de associações ou fundações, ou ocorre a compra 
de vagas de escolas privadas de educação infantil por meio de contratos de 
prestação de serviços e de parcerias público-privadas, com o intuito de atender 
às demandas crescentes por vagas na educação infantil (creches e pré-escolas). 
Para que você tenha ideia de como essa oferta na educação infantil é comum, 
veja o exemplo da cidade de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. Esse 
município possui no seu sistema municipal de ensino atualmente 36 Escolas 
Municipais de Educação Infantil (EMEIs) e mais de 200 escolas de educação 
infantil comunitárias que trabalham em parceria para atender às demandas 
dessa primeira etapa da educação básica.
15Organizações públicas e o terceiro setor: marco regulatório
Além da oferta da educação infantil, há ainda escolas de organizações 
sociais que atuam em todas as áreas da educação básica e na educação su-
perior, com destaque para as fundações e os institutos criados por grandes 
corporações empresariais, como Fundação Bradesco, Fundação Educar, 
Fundação Lemann, Fundação Victor Civita, Instituto Gerdau, ou por ini-
ciativas filantrópicas, como Instituto Airton Senna, Instituto Paulo Freire, 
Associação Pestalozzi, entre outras. Outro bom exemplo de organização 
social que atua na área da educação, desde a educação infantil até a educação 
superior, é a Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC). Desde 
a sua fundação, em 1943, a instituição tem procurado atender a milhares 
de alunos pelos estados brasileiros, principalmente em municípios de maior 
vulnerabilidade social.
Para acompanhar detalhadamente a história da rede CNEC, acesse o link a seguir:
https://goo.gl/4B7sw7
Em relação ao currículo, Adrião (2018, documento on-line) afirma se 
tratar “[...] da transferência para o setor privado da definição do que ensinar, 
do como ensinar e do quando ensinar, além dos processos de verificação da 
aprendizagem, ou seja, da definição dos desenhos curriculares”. A política 
educacional curricular vigente — com a publicação da BNCC, cujo caráter é 
obrigatório a todo o sistema educacional do país — pode ter reduzido a força 
do setor privado; contudo, ainda pode materializar-se por meio dos chamados 
insumos curriculares, que visam a orientar e facilitar o trabalho pedagó-
gico em sala de aula. Podemos citar como exemplo os chamados “sistemas 
de ensino” comercializados pelos grupos Positivo, Abril Educação e COC. 
Isso também pode ser feito por meio das tecnologias educacionais, que: 
[...] consistem na oferta de livros, conteúdos digitais, acessos a plataformas e 
sistemas de informação para redes públicas e escolas privadas. Tais produtos 
e recursos extrapolam inclusive as relações professor aluno na medida em que 
se estendem a tarefas de casa, agendas comunicação entre escola e famílias, 
etc. (ADRIÃO, 2018, documento on-line).
Organizações públicas e o terceiro setor: marco regulatório16
Convém reforçar que, além das ações típicas coordenadas pelas organizações 
sociais e seus membros que você estudou neste capítulo, há ainda programas 
que chegam até as escolas e que podem ser realizados por qualquer pessoa da 
sociedade que deseje atuar de forma voluntária, doando o seu tempo e as suas 
habilidades para a causa da educação. Segundo Scheneumann e Rheinheimer 
(2013, p. 41), “[...] o serviço voluntário é a ação que não substitui o dever do Estado 
e nem conflita com o trabalho remunerado. A motivação para o voluntariado 
acontece pelo impulso emocional e pela convicção de fazer a diferença de todos 
os envolvidos”. Uma dessas iniciativas é o programa Amigos da Escola, criado 
pela Rede Globo, em 1999, que incentiva membros da comunidade a atuar 
junto às escolas por meio de ações combinadas com as Associações de Pais da 
Escola e/ou o Conselho Escolar. Essas ações envolvem, por exemplo, a pintura 
da escola, o cultivo de hortas, aulas de reforço escolar, entre outras que estejam 
em consonância com o projeto político pedagógico da instituição de ensino.
Outra esfera de atuação marcante das organizações do terceiro setor para 
a área da educação diz respeito à busca pela participação da sociedade na 
construção, implementação e no monitoramento de políticas públicas educa-
cionais que visam à melhoria da qualidade do ensino brasileiro. É o caso da 
organização da sociedade civil Todos Pela Educação, que atua desde 2006 e 
que teve participação ativa na elaboração do Plano Nacional de Educação atual. 
Conheça a história e a atuação da organização Todos Pela Educação acessando o 
link a seguir.
https://goo.gl/mFCQaL
Como você percebeu, existem inúmeras formas de participação do terceiro 
setor nos aspectos relacionados à educação no Brasil, seja por meio das ações 
coordenadas pelas OSCs nas suas parcerias com a administração pública dos 
sistemas de ensino, ou ainda atuando de forma individual e voluntária nessas 
instituições. Essas ações fazem com que a educação possa cumprir com as 
suas prerrogativas constitucionais, estendendo-se como um direito a todos e 
realizando-se com maior qualidade e eficiência.
17Organizações públicas e o terceiro setor: marco regulatório
Tire as suas próprias conclusões acessando o documento do MROSC na íntegra, a 
partir do link a seguir.
https://goo.gl/GNlhjr
A organização Parceiros Voluntários é uma organização não governamental que atua 
com assessoramento, trabalhando em rede, com o objetivo de fornecer capacitação 
para outras OSCs que já estão em funcionamento ou, ainda, instruindo grupos que 
queiram começar a tornar-se voluntários e exercer a sua cidadania social. Atualmente 
existem mais de 400.000 mil pessoas engajadas de forma voluntária com essa orga-
nização, que já capacitou mais de 19.000 lideranças comunitárias. 
ADRIÃO, T. Dimensões e formas da privatização da educação no Brasil: caracterização a 
partir de mapeamento de produções nacionais e internacionais. Currículo sem fronteiras, 
[s. l.], v. 18, nº. 1, p. 8–28, 2018. Disponível em: http://www.curriculosemfronteiras.org/
vol18iss1articles/adriao.pdf. Acesso em: 19 mar. 2019.
BARBOSA, E. Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil. Brasília: Gabinete 
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Nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 1961. Disponível em: https://www2.camara.leg.
br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-4024-20-dezembro-1961-353722-publicacaooriginal-1-pl.
html. Acesso em; 19 mar. 2019.
Organizações públicas e o terceiro setor: marco regulatório18
BRASIL. Lei nº. 9.637, de 15 de maio de 1998. Dispõe sobre a qualificação de entidades 
como organizações sociais, a criação do Programa Nacional de Publicização, a extinção 
dos órgãos e entidades que menciona e a absorção de suas atividades por organizações 
sociais, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, . 1998. Disponível em: 
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1998/lei-9637-15-maio-1998-372244-norma-
pl.html. Acesso em: 19 mar. 2019.
BRASIL. Lei nº. 9.790, de 23 de março de 1999. Lei da OSCIP; Lei das Organizações da 
Sociedade Civil de Interesse Público. Dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas 
de direito privado, sem fins lucrativos, como Organizações da Sociedade Civil de 
Interesse Público, institui e disciplina o Termo de Parceria, e dá outras providências. 
Diário Oficial da União, Brasília, 1999. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/
fed/lei/1999/lei-9790-23-marco-1999-349541-norma-pl.html. Acesso em: 19 mar. 2019.
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BRASIL. Lei nº. 12.202, de 27 de novembro de 2009. Dispõe sobre a certificação das entidades 
beneficentes de assistência social; regula os procedimentos de isenção de contribuições 
para a seguridade social; altera a Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993; revoga dispo-
sitivos das Leis nº. 8.212, de 24 de julho de 1991, nº. 9.429, de 26 de dezembro de 1996, 
nº. 9.732, de 11 de dezembro de 1998, nº. 10.684, de 30 de maio de 2003, e da Medida 
Provisória nº. 2.187–13, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. Diário Oficial 
da União, Brasília, 2009. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2009/
lei-12101-27-novembro-2009-594805-norma-pl.html. Acesso em: 19 mar. 2019.
BRASIL. Lei nº. 13.019, de 31 de julho de 2014. Estabelece o regime jurídico das parcerias 
entre a administração pública e as organizações da sociedade civil, em regime de 
mútua cooperação, para a consecução de finalidades de interesse público e recíproco, 
mediante a execução de atividades ou de projetos previamente estabelecidos em 
planos de trabalho inseridos em termos de colaboração, em termos de fomento ou em 
acordos de cooperação; define diretrizes para a política de fomento, de colaboração 
e de cooperação com organizações da sociedade civil; e altera as Leis nº. 8.429, de 2 
de junho de 1992, e nº. 9.790, de 23 de março de 1999. Diário Oficial da União, Brasília, 
2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/
L13019.htm. Acesso em: 19 mar. 2019.
19Organizações públicas e o terceiro setor: marco regulatório
BRASIL. Lei nº. 13.204, de 14 de dezembro de 2015. Altera a Lei nº. 13.019, de 31 de julho 
de 2014, “que estabelece o regime jurídico das parcerias voluntárias, envolvendo ou 
não transferências de recursos financeiros, entre a administração pública e as orga-
nizações da sociedade civil, em regime de mútua cooperação, para a consecução 
de finalidades de interesse público; define diretrizes para a política de fomento e de 
colaboração com organizações da sociedade civil; institui o termo de colaboração e 
o termo de fomento; e altera as Leis nº. 8.429, de 2 de junho de 1992, e nº. 9.790, de 23 
de março de 1999”; altera as Leis nº. 8.429, de 2 de junho de 1992, nº. 9.790, de 23 de 
março de 1999, nº. 9.249, de 26 de dezembro de 1995, nº. 9.532, de 10 de dezembro 
de 1997, nº. 12.101, de 27 de novembro de 2009, e nº. 8.666, de 21 de junho de 1993; 
e revoga a Lei nº. 91, de 28 de agosto de 1935. Diário Oficial da União, Brasília, 2015. 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13204.
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